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VIDADEPLANETARISTA
COM C í P t g Irala
O trabalho de um planetarista pode até ter diferenças de acordo com a atuação de cada planetário, mas tem muitas semelhanças também.
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Qual de nós nunca abriu aquele sorriso ao receber um elogio no final de uma sessão? Ou teve que pedir mais de uma vez para aquele visitante não mexer no celular durante a sessão?
Ainda, aqueles que trabalham com o planetário móvel: carregar o planetário. Ser planetarista vai além de operar o equipamento, cada um de nós já passou por aquela situação em que pensou: “isso é o que a Globo não mostra da minha #vidadeplanetarista!”
Era 2015 e eu estava no planetário a pouco menos de um ano; surgiu uma agenda para atender a cidade de Itaqui que fica a 500 km de distância de Bagé em um domingo quente no mês de março.
Pensamos, por que não? Lá fomos, eu e o Guilherme, o motorista e o equipamento do planetário móvel, apertados e empolgados dentro de um carro popular para passar o dia fazendo sessões na cidade.
Começamos a fazer as sessões no período da tarde, nunca passei tanto calor na minha vida, o povo estava muito feliz com a nossa presença. Vieram muitas famílias, muitas crianças e autoridades da cidade.
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E o Pedro, motorista, que nunca tinha entrado no planetário, entrou pela primeira vez.
Finalizamos o trabalho por volta das 22 horas, ganhamos da comissão organizadora uma caixinha de doce cada um e, como não tinha nada aberto essa hora para jantar, pegamos a estrada rumo a Bagé. Já era 2 horas da manhã, quando a freada brusca do carro me acordou.
O que houve perguntei, o Guilherme que estava acordado respondeu: bateu em alguma coisa. O Pedro desceu, olhou e disse: acho que está tudo em ordem, podemos
Foto da autora
podemos seguir. Mas não estava. Andamos uns 50 metros e o painel começou a mostrar um superaquecimento.
A batida que ocorreu em algo na estrada acabou furando o tanque de arrefecimento do carro e não podíamos seguir viagem pois tinha o risco de fundir o motor. Paramos no meio da estrada, eu e o Guilherme sem sinal de celular e o Pedro tentando contato com o responsável pelos transportes que não atendia.
Estávamos todos cansados e sem saber o que fazer, resolvemos sair do carro para esticar as pernas e contemplamos o céu estrelado da beira da estrada.
Foi então que o Pedro depois de uma hora conseguiu contato com o pessoal dos transportes e que iam mandar os carros para nos buscar.
Ficamos felizes e começamos a conversar, foi aí que o Pedro olhou para o céu e disse: olha, acho que aquele ali é o Cruzeiro do Sul que vocês mostraram na sessão hoje. O Guilherme respondeu: é sim!
E foi então que o Pedro indagou: na sessão também dizia, se seguir pela cruz maior do cruzeiro em direção ao outro lado do céu, encontramos a constelação do Leão. “Acho que lá é o Leão!!! acho que lá é o Leão!!” apontou o Pedro e nós ficamos muito contentes!
Por volta das 5 horas da manhã chegou o “resgate”, cheguei em Bagé às 6 horas e, quase sem dormir, às 9h já estava na Universidade, montando o Planetário porque tinha sessão agendada. ▣
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O planetário inflável em viagem pelo interior do Rio Grande do Sul. Foto de Guilherme F. Marraghello.