COLUNA
A Parte e o T odo
COM CAROLINA DE ASSIS
Chegamos ao final de 2020. Não
aferições em suas unidades, etc.
há uma alma no planeta que não
No fim, a marcação temporal em si
aguarde, cheia de esperança ou é um capítulo próprio na história receio, o nascer do sol que iniciará
da Astronomia.
um novo ciclo solar de 365 dias. E, ainda assim, dezembro nos Como muitos, cheguei até o
pareceu chegar como um piscar de
solstício me sentindo como em
olhos. Entender todos os fatores
alguma versão adaptada do conto
e conceitos pelos quais podemos
A Bela Adormecida: adormeci ao
regular a passagem do tempo não
chegar do Carnaval e um belo dia nos foi o bastante para significá-la acordei com o calendário sinalizando
psiquicamente. Conceituar a
o Natal.
passagem do tempo, então, não é o suficiente para percebê-la.
Como que vivendo um mesmo dia repetidas vezes, com poucas
Para percebê-la, nós precisamos
alterações a cada vez, o tempo de mudanças. Em uma analogia passou. E nós, amantes do céu,
a Platão, que anunciava o tempo
certamente
provar
como uma projeção móvel de
isso. Mesmo que o cotidiano não
alguma eternidade inalcançável, o
refletisse o avançar do ano, o céu
tempo, como categoria psíquica,
não deixou de nos informar que
precisa
os meses avançavam, alheios à
mudanças na realidade para ser
nossa percepção.
apreendido propriamente.
podemos
O tempo, afinal, é jurisprudência
Mas
intrinsecamente
que
mudanças
de
nos
astronômica. Com os calendários,
constituintes da nossa realidade
ciclos astronômicos e tudo o
poderiam ser mais poderosas do
mais. E isso mesmo depois do
que a sazonalidade dos ciclos
seu deslocamento para mecânicas
naturais? A resposta a esta pergunta
outras – os relógios atômicos, as está intrinsecamente relacionada
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