Ponte Velha - Dezembro 2013

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RESENDE e ITATIAIA - DEZEMBRO DE 2013 Nº 212 . ANO 18 - JORNAL MENSAL Distribuição gratuita

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Três pratos de trigo para três tigres tristes

Morte e vida severina

Na Noite de Natal

Auto de Natal Pernambucano, 1965

O Anjo:

— O meu nome é Severino, como não tenho outro de pia. Como há muitos Severinos, que é santo de romaria, deram então de me chamar Severino de Maria; como há muitos Severinos com mães chamadas Maria, fiquei sendo o da Maria do finado Zacarias. Mas isso ainda diz pouco: há muitos na freguesia, por causa de um coronel que se chamou Zacarias e que foi o mais antigo senhor desta sesmaria. [...] — E não há melhor resposta que o espetáculo da vida: vê-la desfiar seu fio, que também se chama vida, ver a fábrica que ela mesma, teimosamente, se fabrica, vê-la brotar como há pouco em nova vida explodida; mesmo quando é assim pequena a explosão, como a ocorrida; mesmo quando é uma explosão como a de há pouco, franzina; mesmo quando é a explosão de uma vida severina.

— Alegrai-vos, filhos meus, por mim. Aqui estou para vos proteger. Vim do céu para junto de vós, a ajudar-vos sempre. Iluminando esta aldeia, junto de vós estou. Não me afastarei daqui. De custodiar a aldeia encarregou-me Nosso Senhor. Eu também venho, neste dia, trazer os três reis e a estrela erguida, do meninozinho Jesus colocando-os ao lado. Pe. José de Anchieta, Auto “Na noite de Natal”, 1534. Originalmente escrito em tupi.

Após a festa de Cristo Rei, que abre o Ciclo de Natal, os povos cristãos festejam a Festa de Santa Luzia - protetora da vista -, em procissões com velas como na Escandinávia, ou biscoitos de polvilho no interior do Brasil.

Samico, “Luzia entre feras”, 1968. Xilogravura 33 X 53 cm

Samico, “O Retorno”, 1995 Detalhe

“Juvenal e o dragão - I” 1970 (à direita)

Esta edição vem com o encarte da Revista

E todos participaram e não perceberam o caos que se estabeleceu, e passaram a consumir o estabelecido, criando produtos e medos, acabando assim com a troca e os subsídios humanos. (Paulo Mauá)

João Cabral de Mello Neto (1920-1999)


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1) PREVISÕES PARA O PRÓXIMO TRIÊNIO O Ponte Velha pediu ao Nhô Encosto, famoso vidente de Arimateia/MG, que fizesse umas previsões para Resende. Encosto convidou dois companheiros: Pai R. Giuseppe, de Barra Brava/ RJ e Vovô Claude Landrace, de Silveiras/SP. Passaram um final de semana, no Penedo, reunidos com Professor Silva e Cabo Euclides. Estamos publicando apenas as previsões que obtiveram consenso entre os três ocultistas:

-O próximo Prefeito de Resende deverá ser, de novo, um médico; Em 2014, o Vasco deverá ser vice-campeão da Segundona e retornará para a série A, em 2015; -No dia 1º de abril de 2014, um importante partido da base aliada do Rechuan entregará todos os cargos no governo, e manterá candidatura própria a Deputado Estadual; -Resende deverá ter, pela primeira vez, uma Vice-Prefeita; -Um candidato e uma candidata de Resende deverão ser eleitos Deputados Estaduais; -A Passarela do Tom será inaugurada antes do Carnaval; -Um importante político de Resende deverá ser condenado em uma ação de improbidade administrativa, e ficará inelegível; -O Camerlengo poderá deixar a área de Fazenda e assumir uma Super-Secretaria de Governo, controlando todas as demais, a fim de manter, rigorosamente, todas as contas dentro dos limites da LRF; -O substituto do Camerlengo deverá ser escolhido entre os atuais Secretários com peso superior a 100 kg; -Um conceituado médico, ex-Vereador em Resende, deverá assumir um importante cargo no Governo;

POLITICÁLYA

Foto de Márcia Foletto

3) O PRESENTE DE NATAL DO SECRETÁRIO MICHELZINHO - Em 2001, Michelzinho era Secretário de Indústria e Comércio, lá na Cidade do Sóco, onde havia feito um bom trabalho. O Prefeito Ednardo o deslocou para a Secretaria de Agricultura, com recursos e carta branca para arrumar as estradas rurais. Profundo conhecedor desse tipo de trabalho e de nossas estradas, Dr. Michel logo mostrou serviço. Na Boca do Leão, alargou a estrada e drenou os lugares mais críticos, além de ensaibrar todo o trecho. Quando passou com a reforma defronte o Sítio do Juscelino Getúlio, este ficou tão feliz que queria lhe dar uma bezerra. Michel recusou, explicando que tinha apenas feito a sua obrigação, e que, como servidor público, não podia aceitar presentes. Passados uns dias, o Professor Silva estava na Venda do Ulisses, na Boca do Leão, conversando com o proprietário, seu amigo, quando chegou o Juscelino Getúlio, compadre do Ulisses, elogiando muito a estrada e, chateado, por o Dr. Michelzinho não ter aceitado a bezerra, de presente. Professor Silva e Ulisses logo viram uma oportunidade de aprontar das suas. O Professor logo foi falando: -- “Pois é, seu Juscelino, nestes casos o Sr. tem que dar um presentinho simples. Alguma coisa que não pareça indevido

a um servidor público aceitar. Talvez uma leitoinha, agora no Natal” ... O vendeiro Ulisses foi rematando: -- “É, compadre Juscelino, o Professor tá certo. Melhor o senhor levar uma leitoinha, mas é bom levar viva. Assim, o Dr. Michelzinho vê que o bicho tá sadio, e mata no dia em que for comer”. -- “Mas compadre Ulisses, disse o Juscelino, é capaz do Tininho leiteiro não deixar eu levar a leitoa viva”. -- “Não tem problema não, compadre Juscelino. Eu levo você no meu fusca”! Professor Silva informou que o melhor era levar em uma segunda feira, de manhã, dia certo para encontrar o Michelzinho, na reunião de secretários. Faltando umas três semanas para o Natal, o Prefeito estava fazendo um balanço das realizações do governo no ano 2001 e as perspectivas do ano seguinte, quando entra o Juscelino Getúlio, interrompendo a reunião, em alto e bom som: --“ Bom dia, Dr. Dinardo, foi bão encontrar o sinhô aqui, tamém. Agora o sinhô deu uma dentro, botando o Dr. Michézinho prá cuidar da roça. Ele entende do negócio e conhece as estradas ... Eu tô aqui trazendo um presentinho prá ele. E vou logo falano que num é prô Secretáro, não. É prô meu amigo Dr. Miché”. Enquanto falava, Juscelino Getúlio localizou o Dr. Michel, no meio de tantos secretários ... -- “Óia ele ali, o danado... Ô Miché, truxe aqui um leitãozinho procê comê no Natal. Ocê não pode fazer desfeita, hoje não. Além do mais, eu descobri

Cabo Euclides & Professor Silva

que nóis é parente, longe, longe... Nós é primo, meio distante. Agora que eu vô gostá mais ainda d’ocê. Nós é mineiro do zóio pelado e do cú riscado”! Foi tirando o leitão de dentro do saco, agarrado por uma perna, e falando para o seu novo parente: -- “Óia, cumé que o bicho tá sadio, primo ! Toma, segura ele, procê ver”! Diante da risadaria e do cheiro desprendido da embalagem do leitão, não restou alternativa ao Dr. Ednardo, a não ser encerrar a reunião. Outro espetáculo foi o Dr. Michelzinho atravessando o pátio da Prefeitura, carregando aquele perfumado leitão, gritando dentro de um saco (o leitão), e convencendo seu novo parente a doar o leitão para uma instituição de caridade. Coisas do Natal!

Foto de Marie Ange Bordas

4) PROFESSOR JOÃO PEDRO, NO PSB - O jornalista João Pedro Dias Vieira, Professor da UERJ, no Rio de Janeiro, ingressou no PSB de Resende. O pai de João Pedro (José Maria Gouvêa Vieira, autor do livro “ O Capital Estrangeiro no Desenvolvimento do Brasil”) foi amigo do Vice-Presidente Nacional do PSB, Dr. Roberto Amaral, com quem João Pedro mantém fraternos laços. Além de Mestre em Ciência da Informação, João Pedro é formado em Ciências Estatísticas e pós-graduado em Economia. Foi

Redator de Economia, no Jornal do Brasil, de 1980 a 1983. Assessor de Imprensa do então candidato a Deputado Federal, Francisco Dornelles, em 1984. Diretor do Gabinete do Presidente do TRE-RJ, em 1998 e 1999, quando foi implantada a urna eletrônica no Estado do Rio de Janeiro. Atualmente é Tesoureiro do Sindicato Rural de Resende. Como se vê, o PSB conquistou um importantíssimo quadro. E mais importante, ainda, do que as qualificações técnicas do Professor João Pedro, são suas qualificações morais e seu excelente humor. 5) PARABÉNS PARA NOSSA LABORIOSA GUARDA MUNICIPAL - Sob o comando do Subtenente Wilton, nossa Guarda Municipal vem atuando, com presteza, em três pontos apontados pelo Ponte Velha: 1) sua Ouvidoria - telefone 181 - está atendendo com urbanidade e rapidez; 2) o Parque das Águas está sendo policiado; 3) os espertinhos que usam, indevidamente, as vagas destinadas aos carros de deficientes estão sendo multados. 6) VICE-GOVERNADOR PEZÃO ESTEVE EM RESENDE - Nosso competente Vice-Governador esteve em Resende, sábado, dia 07/12/13, para assinar importante convênio (Somando Forças) com a Prefeitura de Resende, destinado a execução de várias obras. Presentes os Ex-Prefeitos de: Resende - Noel de Carvalho; Porto Real - Jorge Serfiotis; Barra Mansa - José Renato, e Quatis Alfredinho. Rechuan estava todo feliz com o importante convênio e com os seus convidados. Descontraído, brincou com o novo apelido (impublicável) do simpático e eficiente Alfredinho. Bebê Jonhson acompanhava tudo ... de binóculos.

Tel: 24. 3354-4757

2) BIOGRAFIA NÃO AUTORIZADA DO SECRETÁRIO DR. MIGUEL DIAS PARALIZADA Até que se decida a necessidade de autorização das biografias, o Professor Silva não escreverá sobre o Secretário Miguelzinho, a pedido do advogado deste.

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Dezembro de 2013 - O Ponte Velha - 3

Natal e paisagem

Não existe lugar tão bonito quanto Resende e Itatiaia. Se promovessem uma espécie de concurso de misses de paisagens nossa região sairia com a faixa e dizendo que seu livro de cabeceira é o Pequeno Príncipe. Aqui o vale do Paraíba se estreita e a gente vê ao mesmo tempo as suaves curvas do rio e as sempre inéditas parcerias da Mantiqueira com as nuvens – quando o dia amanhece imaculado, percebemos a profundidade do monumento, a infinidade de perfis sobrepostos que vão se encadeando por Minas Gerais adentro. Foi essa beleza gratuita, essa Graça do céu, que selou o destino do Jorge. Aos resendenses mais recentes, chegados com o desvairado boom automotivo das últimas décadas, cabe explicar que o Jorge era um pseudomendigo que até a década de 80 do século passado morou ali para os lados da Santa Casa, numa casa abandonada de um terreno baldio. Pseudomendigo porque o Jorge não pedia dinheiro; vivia de fazer pequenos serviços de entrega, depósitos bancários e compras para a vizinhança. Andava sempre de banho tomado, embora vestido com um saco de aniagem ao invés de camisa. Barba imensa, olhos claros, pés descalços. Não falava quase nada, mas sorria pra gente. Era o mais cristão dos resendenses, um despossuído indiscutível. Pois bem: reza a lenda que o Jorge era filho de uma família rica do Alto dos Passos. Da varanda de sua casa descortinava toda a beleza da Mantiqueira - e esse posicionamento da casa foi-lhe fatal, aguçando sua vocação contemplativa. Desde menino deu para passar os dias na varanda, olhando para a serra. Tinham que lhe levar o almoço lá. Não conseguiram que frequentasse o colégio. Tentaram algumas

aulas particulares na varanda, mas ele não tirava os olhos da serra. (A única vez que interagiu numa dessas aulas foi quando um professor de matemática, ao lhe propor uma equação, disse “suponhamos que A é igual a B”, ao que o Jorge retrucou “porque não dizemos então só A?”). Até para levá-lo ao médico a família tinha que aproveitar um dia muito nublado, com a Mantiqueira completamente encoberta. E, assim, chegando à idade adulta ele foi sabiamente dilapidando a fortuna da família.

A Pedra Selada. Foto tirada de uma janela da fazenda Monte Alegre - 2013

Sabiamente, sim, pois estamos no Natal e lembramos que Jesus pregou nos despossuirmos; mandou que olhássemos os lírios do campo, que não tinham roupa e eram esplendores de beleza, de alegria. Jesus era poeta, a paisagem era fundamental na sua doutrina, era o milagre criado por seu Pai. Então, à medida que a paisagem acaba, fica difícil ser cristão; donde ser cristão em Resende está complicado: reparem no batalhão de prédios em construção, colados uns aos outros, que descem beirando a linha férrea a

partir do Hotel Montese. De alguns lugares em Campos Elíseos não se vê mais a Pedra Selada. A fazenda do Castelo é um pingo de poesia sufocado entre esse paredão de edifícios e aquele complexo norte-americano de hipermercado, shopping, hambúrgueres, postos de gasolina e anéis rodoviários. (O George Godoy ainda tem, na fazenda do Castelo, um pequeno curral onde pela manhã ordenha duas ou três vacas, procurando não levantar a vista para o entorno; seus olhos vão das tetas ao balde, do balde ao cocho, do cocho aos capins da beira da cerca, e assim, embora obrigado a viver um tanto cabisbaixo, ele vai mantendo sua fé). Não foi à toa que construímos aquela passarela no meio do cartão postal de Resende, que é a ponte velha e a igreja da Matriz. Ela é uma réplica em ponto menor de uma que existe em São Paulo, num desses anéis rodoviários. Mais que uma passarela, é um monumento, uma marca, uma bandeira fincada na conquista de uma terra, o estabelecimento definitivo do “desenvolvimento” e da “modernidade”, a vitória, em Nossa Senhora do Campo Alegre da Paraíba Nova, do novo Império planetário, que segundo aquele pensador japonês está determinando o fim da história, a inutilidade do pensamento, a esterilização da autoconstrução humana. Em outros tempos o Império foi romano. E resta à política ser apenas um negócio; e ao impulso idealista da juventude, aquela máxima do Bandido da Luz Vermelha – “quando a gente não pode fazer nada, a gente avacalha”. A passarela-monumento simboliza que nos tornamos uma espécie de cidade de São Paulo da terceira divisão, com a camisa listrada de verde abacate, laranja, amarelo e vermelho.

Gustavo Praça

E por que não enfeitar a passarela para o Natal, como uma árvore estilizada, que atrairia visitas de toda a região? Poderíamos construir prédios-garagens para caberem os carros dos visitantes. Bom para empreiteiros, bom para políticos. E sempre se pode dizer que se está criando empregos.

Dourado,oreidoParahyba

PS: Apesar de não contar mais com a presença de nosso querido Rodrigo, a biblioteca da Agropecuária Penedo, no Formigueiro, está cada vez melhor, com novas estantes e muito bons livros. Não tem nem que fazer ficha; é pegar o livro e devolver quando puder, mas sem demorar demais. VENDO linda casa no Alto Penedo

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4 - O Ponte Velha - Dezembro de 2013

História em foco: As trajetórias de dois irmãos resendenses Transcorria o governo do Marquês do Lavradio, sob o consulado de Pombal, e o contexto era o da guerra contra a Espanha (17631776) devido à Colônia do Sacramento. Disputava-se o território do atual Rio Grande do Sul. Sob Lavradio, iniciaram-se os plantios do anil e do café no então Campo Alegre da Paraíba Nova.

Um paralelo entre os irmãos resendenses, Dr. Antônio e Cel. Fabiano Pereira Barretto.

Planta do Forte de Santa Tecla, construído em taipa pelos castelhanos e índios Charruas em 1774

Claudio Moreira Bento

de 8 anos a Fabiano que faleceu em Resende em 1874, com 72. Antônio foi desembargador e membro do Supremo Tribunal de Justiça. No campo político foi deputado provincial pelo Partido Liberal em 3 legislaturas de 1835/1839 e suplente na 4ª legislatura de 1842/1843, além de Presidente das províncias do Rio de Janeiro e da Bahia.

O primeiro Tabelião de Resende em 1801, foi o gaúcho de Triunfo, Miguel Pedroso Barreto, filho de um dos heróis conquistadores do Forte de Santa Tecla, próximo de Bagé, em 1776. Miguel Pedroso foi também um dos pioneiros do Ciclo do Café no Brasil iniciado aqui em Resende. Ele teve dois filhos que se criaram: Antônio Pereira Barreto Pedroso, nascido acidentalmente em Pouso Alto-MG, em 2 julho de1799 e Fabiano Pereira Barreto, nascido em Resende, em 11 fevereiro de1801, 7 meses antes da instalação da vila e município de Resende. O irmão José que nasceu depois não se criou. Antônio e Fabiano se criaram em Resende onde passaram a infância e adolescência. Antônio foi estudar Direito em Coimbra. Fabiano se casou com cerca de 23 anos e foi trabalhar com a produção e comércio de café, sendo mais tarde proprietário da fazenda Monte Alegre e o maior comerciante de café, exportando cerca de 900 toneladas por ano. No campo profissional Antônio seguiu a carreira jurídica, tendo servido em 1824 em Florianópolis atual como Juiz de Fora e Auditor Militar das tropas da ilha de Santa Catarina, ao retornar formado em Coimbra e depois vivido em Resende como Ouvidor. Em 1828 foi desembargador da Relação na Bahia com exercício na Casa da Suplicação. A partir de 1833 ficou pertencendo à Relação do Rio de Janeiro. Foi aposentado em 13 de abril de 1857. Ao final da vida, voltou a residir em Resende, tendo porém falecido em Vassouras aos 82 anos, sobrevivendo cerca

Miguel Peroso Barretto estava em Pouso Alto para contratar casamento com uma filha do lugar, Francisca Pereira Leite da Conceição. O que faz de Miguel, cunhado do fundador de Campo Bello (hoje Itatiaia), Antônio Pereira Leite.

Presidente do Supremo Conselho do grau 33 do Grande Oriente do Brasil. Fabiano por serviços militares prestados ao Império na mobilização de 250 Voluntários da Pátria resendenses para a Guerra do Paraguai (1865) e na Questão Christie (1863) com a Inglaterra, foi agraciado com as medalhas de Comendador da Ordem da Rosa e da Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo . Era tido como homem cordial, espirito conciliador, dotado de grande senso de justiça. Era escolhido em Resende pelas partes para arbitrar questões complexas. (Cf. www.resenet.com.br/users/ ahimtb). O Dr Antônio foi nomeado Presidente da Bahia, em 7 novembro de 1837, decorridos 10 dias do início de movimento armado motivado pela presença ali do líder farrapo Bento Gonçalves da Silva no Forte do Mar, de onde fugira espetacularmente para reassumir em Piratini a presidência da República Rio Grandense. Sob a liderança do Dr Antônio, foi estabelecido o sitio marítimo e terrestre de Salvador pelo Exército e Marinha. E Salvador resistia! Ninguém entrava e saía e o Presidente Barreto Pedroso comandava a reação de Cachoeira, no Recôncavo. Antes de deixar Resende para seguir para a Bahia, o Dr. Antônio vendeu suas terras em Rialto atual, entre o rio Bananal e a Estrada do Cafundó, em Barra Mansa.

No campo político, Fabiano foi deputado provincial em 5 legislaturas pelo Partido Conservador e presidente da Câmara de Resende por 5 legislaturas. Recorde até hoje! Dominou o cenário político e econômico e social e militar de Resende no Império. Fabiano casou-se com sua prima, Como presidente da Bahia, Francisca de Salles Leite Barretto, em 1837, Antônio combateu e com quem teve dez filhos, entre os venceu a Revolta da Sabinada. quais, Luis Pereira Barretto. Como presidente da Câmara de Resende e comandante da GuarQuanto a descendentes, o Dr. da Nacional da região, Fabiano Antônio teve duas filhas Cândida fechou a fronteira Rio de Janeiro, e Antonina. Esta mãe do ilustre São Paulo impedindo a ligação resendense poeta e jornalista e dos revolucionários fluminenses e advogado formado em Direito na paulistas. Com guardas nacionais resendenses, ajudou Caxias a pacificar a Revolução Liberal de Cardoso 1842 em Minas Gerais ao atuar Construção em Queluz ( Conselheiro Lafayete atual ). Fazemos sua obra Como honrarias recebidas, do piso à cobertura Antônio foi agraciado com as medalhas de Comendador da Antônio e Walter Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo e a de Oficial da Ordem tels: 9905 7453 ou 9918 4877 Imperial do Cruzeiro, além de

Luiz Norton Barretto Murat

Faculdade de São Paulo, o Dr Luiz Barreto de Murat que foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras inaugurando a cadeira n º 1 que tem por patrono Adelino Monteiro. Portanto um resendense imortal. Em 1894 Murat tomou parte na Revolta na Armada tendo embarcado nos navios revoltosos. Por isto foi processado, julgado e absolvido em 1895 em Curitiba.

Penas perdidas Perguntas porque meus versos Choram, em vez de sorrir... É que eles são universos Que estão quase a se extinguir. Tristes deles, minha filha, Tristes deles, minha irmã, Raro é aquele que brilha, Quando desponta a manhã. São pequeninos fragmentos, Pedaços da minha cruz, Errando ao sabor dos ventos, Como planetas sem luz. As lágrimas que vieram Umedecer este chão, Num coração estiveram Que já foi meu coração. (...) Poesias escolhidas, 1917

Luís Murat na ABL Luís Murat (L. Norton Barreto M.), jornalista, poeta, filósofo e político, nasceu em Resende*, RJ, em 4 de maio de 1861, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 3 de julho de 1929. Foi batizado na capela de São José da Cacaria, em Piraí. Era filho do Dr. Tomás Norton Murat e de Dona Antônia Barretto Murat. Após concluir os estudos básicos no Imperial Colégio de Pedro II, segue para São Paulo e matricula-se no Curso de Ciências Jurídicas e Sociais da Faculdade de Direito, bacharelando-se em 17 de março de 1886. Sua estreia literária deu-se em São Paulo, em 1879, no “Ensaio Literário”. Mudando-se para o Rio de Janeiro, abraçou o jornalismo, e seus artigos captavam as atenções gerais. Publicou seu primeiro livro de poesias, Quatro poemas, em 1885. Fundou o jornal Vida Moderna (10 jul. 1886 a 25 jun. 1887) com Artur Azevedo, no qual colaboravam Araripe Júnior, Xisto Bahia, Coelho Neto, Alcindo Guanabara, Guimarães Passos, Raul Pompéia e outros. Depois colaborou na Cidade do Rio, de José do Patrocínio, em A Rua, com Olavo Bilac e Raul Pompéia, e em outros jornais cariocas. Escrevia também sob o pseudônimo Franklin. Jornalista combativo, empenhou-se a fundo nas campanhas da Abolição e pelo advento da República. Em janeiro de 1890, publicou o poema dramático “A Última Noite de Tiradentes”, em folhetim, na Gazeta de Notícias. Nesse ano, foi eleito deputado pelo Estado do Rio e atravessou várias legislaturas. Foi secretário geral do governo fluminense e escrivão vitalício da provedoria da então Capital Federal. Autor de poesia romântica, liga-se acidentalmente à geração parnasiana, permanecendo meio difuso e pouco claro em suas manifestações como poeta. Sofreu influências dos românticos Victor Hugo e Théophile Gautier, que se evidenciam na tendência para as imagens fulgurantes e para a exaltação verbal, e dos poetas nórdicos, ao expressar certas notas profundas, obscuridades e uma atmosfera de espiritualismo. Era um poeta culto e investigador, e fez a poesia sem parecer preocupado em filiar-se a uma escola. (Com Academia Brasileira de Letras) *O site da ABL dá seu nascimento em Itaguaí.

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Dezembro de 2013 - O Ponte Velha - 5

Os autos de Natal procuram seu palco entre o Vale e a Mantiqueira Marcos Cotrim

Gilvan José de Meira Lins Samico (1928-2013) - foto ao lado - era um dos mais importantes gravuristas do Brasil. Nasceu no Recife mas residia e trabalhava em Olinda. Foi influenciado por Aluisio Magalhães, Francisco Brennand e Oswaldo Goeldi. No início da década de 60, encontrou Ariano Suassuna, que o aconselhou a “mergulhar” no mundo do cordel, dos gravadores populares, onde encontrou seu traço definitivo.

Samico, “Rumores de guerra em tempos de paz” (2001), Detalhe de xilogravura 92x50,5 cm.

1) Nossa herança ibérica foi bastante tocada pela religiosidade medieval, na música, teatro, literatura... em tudo, sacralizava-se a vida. Afinal, “a graça supõe a natureza”, dizia um ilustre defensor da tese, Santo Tomás de Aquino. Conhecidos desde o século XIII, os Autos de Natal refletiam o que o historiador Johan Huizinga chamou de incorporação da arte à vida. São prolongamento dos “Mistérios” medievais, dramatizações de passagens da Bíblia com finalidade pedagógica e gosto popular, representados nas igrejas e nas Cortes. O maravilhoso se une à sátira política e de costumes, dando-lhes acento moralizante que seriam as “lições do Menino Jesus”. Famosos são os autos de Gil Vicente, e do beato José de Anchieta. 2) O Brasil interiorano – e a região Vale do Paraíba/Mantiqueira de modo próprio – guarda elementos desta mentalidade no direito costumeiro, linguajar tradicional e modo religioso de enxergar a vida, com seu universo simbólico que remete ao imaginário medieval ibérico. Hoje mais evidente na cultura do Nordeste, sua expressão contemporânea é a Arte Armorial Brasileira, “que tem como traço comum principal a ligação com o espírito mágico dos “folhetos” do Romanceiro Popular do Nordeste (Literatura de Cordel), com a Música de viola, rabeca ou pífano que acompanha

seus “cantares”, e com a xilogravura que ilustra suas capas, assim como com o espírito e a forma das artes e espetáculos populares com esse mesmo Romanceiro relacionados”, afirma Ariano Suassuna. 3) A natureza não dá saltos. Nenhum processo humano, pessoal ou público, suporta queima de etapas. A educação é um desses processos, regidos pela arte e não pela ciência, ao longo de gerações, o que faz das famílias seus principais atores, incentivadores e financiadores, pagando impostos e o dízimo diário da atenção, cuidado, disciplina. Escolarizamos os filhos, mas educamos as famílias. As metas mais ambiciosas só se atingirão se pudermos recuperar este papel das famílias. O Estado é, no máximo, um coadjuvante que será tão justo quanto melhor desempenhar sua função subsidiária neste campo delicadíssimo do bem comum. A aplicação de 10% do PIB, ou a criação de uma nova classe de consumidores vorazes é e será ineficaz. A arte de educar precisa ser libertada das cadeias da tecnologia que hoje pautam o pensamento pedagógico. Não deve acabar em Pisa. A inserção do estudante no mercado não pode ser a missão principal das escolas. Esta abordagem produtivista e pragmática é excludente por si mesma, e forma na sociedade uma imagem apequenada do professor, uma representação social proletarizada.

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Educação Infantil no Colégio de Aplicação A aprendizagem através da experimentação O Colégio de Aplicação, mantido pela Associação Educacional Dom Bosco, oferece a partir de 2014 as três classes de Educação Infantil: Jardim I, Jardim II e Jardim III, para alunos de 3 a 5 anos de idade, com turmas no turno da manhã e da tarde. A orientadora do Aplicação, Ana Alice Simon Esteves, explica que a linha pedagógica adotada pelo Colégio é baseada na teoria do educador francês Celestin Freinet, que prega a valorização da aprendizagem através da observação da natureza, da experimentação e da prática. “Procuramos valorizar a iniciativa e a curiosidade da criança, trabalhando os conteúdos através Outro diferencial do Colégio de Aplicação é o espa- da experimentação e da ço físico amplo e arborizado, contando, inclusive, manipulação, de forma com uma horta, além dos recursos pedagógicos lúdica, tendo em vista variados, como brinquedoteca, laboratório de indesenvolver no aluno o formática e de biologia. A orientadora pedagógica raciocínio lógico, a criatidestaca, ainda, o nível de capacitação dos professo- vidade, a autonomia, e o res: “Todos são graduados e a maioria pós-gradua- espírito crítico e reflexivo”. da”, finaliza Ana Alice.

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6 - O Ponte Velha - Dezembro de 2013

Todo poder emana do povo

Eliel Queirós

Eu estava lá quando o Sobral Pinto abriu, com esta frase, o comício pelas diretas, já. Tem gente que ainda não acredita, mas estamos caminhando neste sentido. O caminho é longo, cheio de percalços, mas já foi muito pior. O nosso maior problema somos nós mesmos, que ainda não aprendemos a exercer nossos direitos e deveres. Se o poder emana do povo, o povo tem que fazer a sua parte, que é participar do dia a dia do seu município. A vida acontece no município. Se mudarmos o município, mudamos o país. Nunca tivemos tantos recursos à nossa disposição para Washington, 1922. Acervo da Biblioteca do Congresso exercermos a nossa cidadania. Leis que dão direito ao cidadão de participar da vida Até hoje a maioria das cidades foi pensada apenas do da sua cidade não faltam. Tecnologia para esmiuçar as ponto de vista da engenharia e obras, sem levar em conta contas públicas, solicitar informações, propor novas leis os conceitos da sustentabilidade. Exemplo disso são os e fiscalizar o poder público existem em profusão. O que elevados construídos a um metro da janela de um edifício, falta, ainda, é mais participação popular, mais cobrança, como vemos em muitas cidades no Brasil. Hoje, esses mais compromisso com o bem público. mesmos elevados, que garantiram votos para os prefeitos O cidadão briga com outro por causa de uma diferença que os construíram, estão sendo demolidos. de R$ 7,00 na conta do restaurante. Armas e mortes são A Lei de Acesso a Informação, o Estatuto da Cidade, comuns nessas discussões. Agimos assim para defentambém uma lei federal, o Plano Diretor a Lei Orgânica dermos interesses pessoais, mas somos omissos quando dos Municípios são exemplos de instrumentos que estimuse trata do dinheiro público. Dinheiro público é da nossa lam a participação popular ou controle social. Esses dispoconta, como diz o slogan do Comitê Pela Transparência e sitivos, operados através das redes sociais, são poderosas Controle Social de Resende (ComSocial). ferramentas para hackear e definir o modelo de cidade que Quem melhor retrata o perfil do brasileiro é o Antroqueremos. pólogo Roberto DaMatta: por mais que o ato de reclamar Na nossa região vemos um processo avassalador de seja essencial à democracia, no Brasil, quem reclama não construções de montadoras de veículos. Isso é bom, ou é bem aceito pela sociedade. A gente sempre associa a é ruim? Tem sustentabilidade social, ambiental e econôreclamação a uma irritação. O reclamão é indesejável, mica? Por quanto tempo este modelo irá sobreviver? Ele criador de casos. E no Brasil, os incomodados é que se atende os interesses da maioria, ou de uma minoria de mudem. No Brasil somos ensinados desde criança a não cidadãos? Quais são os impactos presente e futuro deste reclamar, ao contrário de outros países, onde reclamar é modelo? Tudo isso seria muito mais fácil de responder se direito é dever ao mesmo tempo. este modelo de gestão participativa estivesse em vigor. Segundo estudos apresentados pelo Museu GuggeInfelizmente, ainda não está. Só vamos descobrir se acernhein, expostos na Exposição “Cidade Participativa”, publitamos ou erramos quando as consequências estiverem cado pelo jornal O Globo, na cidade do futuro quem fará a presentes no nosso cotidiano. Muitas, mesmo antes da diferença é a própria população que promoverá mudanças consolidação deste processo, já estão sendo sentidas na e exigirá cada vez mais novos canais para interferir diretanossa vida, principalmente as mais desagradáveis. mente nas decisões. Neste modelo, a cidade será hackeada pelos cidadãos. A cidade do Rio de Janeiro já caminha Eliel de Assis Queiroz/Presidente do ComSocial Resende. neste sentido.

Itatiaia em pauta 1- Foi lançada, no último dia 3/12, a pedra fundamental da Avenida Industrial. A via recebeu o nome de “Alda Bernardes”, e irá ligar a pista de acesso a Itatiaia às margens do Paraíba, onde se implantará uma verdadeira vila logística. Passando por trás da fábrica da Xerox, uma das primeiras empresas que alavancaram a emancipação do município - a enorme arrecadação de ISS que proporcionava foi crucial em 1989 -, a avenida atravessa a região que já foi chamada de Barranco Alto no Campo de Dona Silvéria (topônimo do século XVIII), terras que posteriormente pertenceram a José Mendes Bernardes e seu filho, Gil Bernardes, ambos ex-prefeitos de Resende. 2- A obra de reforma do posto de saúde da Vila Flórida, foi entregue aos moradores pelo Prefeito Luis Carlos Ypê, dia 22/11. A unidade atende a cerca de 320 famílias e sua reforma contou com parceria com o Ministério da Saúde. A equipe é formada por dois técnicos de enfermagem, um dentista, um auxiliar de consultório dentário, um médico clínico geral, um enfermeira, um fisioterapeuta, recepcionista, auxiliar de serviços gerais e três agentes comunitários de saúde. 3- O NEQ (Núcleo de Emprego e Qualificação) em parceria com a Prefeitura de Resende, está com inscrições abertas para o processo seletivo do “Projovem Trabalhador” para 2014. O projeto oferecerá cursos gratuitos de qualificação profissional a jovens entre 18 e 29 anos nas áreas de Administração, Alimentação, Construção e reparo, Serviços Domiciliares, Turismo e Hospitalidade, e Metal-Mecânica. Os interessados devem fazer a inscrição no NEQ, na Avenida dos Expedicionários, nº 301, no Centro, de segunda à sexta-feira, das 9h às 17h.

Rei das Trutas (Direção Irineu N. Coelho)

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Instituto Campo Bello

Estudar o passado não traz nostalgia. Traz um profundo senso de identidade e admiração pela tradição que nos abriga e a terra aquepertencemos.Semconheceropasssadoviveríamosmutilados.

A Fazenda Monte Alegre é um marco histórico de proporções incalculáveis. Nela, a família Pereira Barretto fez os experimentos que produziram o tipo de Café “Bourbon”, levado ao “Oeste Paulista” em 1876, lá encontrando a situação econômica e agronômica favorável para expandir-se. Esta edição de Sesmaria quer inaugurar um ciclo de ações em torno deste marco, tão importante para a Região das Agulhas Negras, trazendo à cena esse fragmento de uma história que não pode e não deve ser esquecida. Com este fim, fomos entrevistar Dona Esmeralda Traça Gonçalves, atual proprietária, que ora se empenha numa reforma de grande vulto das edificações. Suas ideias e projetos parecem convergir para a concretização de um dos ideais dos historiadores resendenses - a criação de um monumento/ memorial, a ser inaugurado em 2016, quando se completam 140 anos da Caravana Pereira Barretto. Lançamos aqui a sugestão. Poderia ser um obelisco, uma placa ou mesmo um ponto de memória, que avisasse ao passante em que lugar da História ele se encontra. Na verdade, viajamos pelo tempo também... Entre os historiadores que abonariam tal iniciativa, certamente teríamos Maria Celina Whately, autora de referência quando se trata de café em Resende, e José Eduardo Bruno que escreveu monografia sobre a Caravana, que interessa divulgar, e vai em parte transcrita a seguir. A Caravana é objeto de interesse de história social, política e econômica. Uma das entradas no tema seria pela história dos intelectuais, tendo os Pereira Barretto como personagens de proa. O resendense Dr. Luiz Pereira Barreto, seu idealizador e promotor em 1876, mobilizou empreendedores valeparaibanos para ocupar o “Oeste paulista”, agravando com a fuga de capitais, a decadência do Vale. Resende sofreu particularmente, por razões que ainda devem ser estudadas. O foco econômico talvez não seja o principal, uma vez que uma pecuária de alto nível se implantou desde a década de 1880, com Henrique Ireneu de Souza e José Mendes Bernardes, além dos criadores mineiros. Se nossa região teve representantes de relevo no quadro político estadual e nacional, é bem possível que o pesquisador deva procurar nesse campo as razões das “vacas magras” de ressaca do café. Na verdade, a Caravana levou também os conhecidos vícios políticos, aumentando a polarização entre os grupos de poder de São Paulo e Minas Gerais, frente aos do Rio de Janeiro com distinta visão política, de alcance mais nacional. Como queria o “ruralismo” da Sociedade Nacional de Agricultura, buscavam os fluminenses uma política de Estado para o setor da “indústria pastoril”, que seria uma defesa contra o predomínio das oligarquias que dominavam os estados federados.

História e Memória da Região das Agulhas Negras

Fazenda Monte Alegre - Reprodução da Revista A Granja (Set/1931) - Arquivo Digital de Fernando Lemos

Assim foram os governos do Rio de Janeiro com Alberto Torres (1897-1900), e Quintino Bocaiúva (1900-1903), que no município de Resende tinham o respaldo de Oliveira Botelho, Alfredo Whately e Eduardo Cotrim. A ascensão de Nilo Peçanha (1903-1906), sucedido por Botelho (1906 e 1910-1914) ao governo do estado, bem como a criação do Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio (1909) por Peçanha quando presidente da República (1906-1909), significou a adoção de uma política de fomento da agropecuária: fornecimento de sementes melhoradas; auxílio à importação de animais de raça; instituição de ensino agrícola e premiação do produtor rural por mérito, do que resultaram exposições e conferências. Uma plataforma afinada com o ideário da Sociedade Nacional de Agricultura, fundada em 1897. O ruralismo foi expressão social de republicanos históricos, que viam no progresso do campo a via privilegiada de afirmação nacional. A essa doutrina desenvolvimentista, nossa região deveu sua relevância no cenário em que a Caravana foi um marco épico. A ela devemos empreendimentos de grande

vulto como a Centros Pastoris do Brasil, em Itatiaia (Nhangapi), a Empreza Agro-Pecuária de Rezende em Campo Bello (Itatiaia), e a Usina de Laticínios Fortes & Godoy, da qual nasceria a Cooperativa nos anos 1940. O positivismo ilustrado de Pereira Barretto foi depois sufocado pelo positivismo político-religioso de Julio de Castilhos, matriz do “industrialismo” sob GetúlioVargas, a advogar um Estado centralizado, ditatorial e tecnocrático, que combateu o ruralismo até deformá-lo como agrobusines. A história da Cooperativa de Leite está para ser escrita. Sua importância no desenvolvimento de Resende - na consolidação de uma sociedade com poucos desníveis sociais por exemplo - equipara-se à da Aman, da qual foi coetânea por gloriosos cinquenta anos. Comparativamente, pode-se observar o que foi o artifício de Volta Redonda, e os impactos que a construção do Funil e da duplicação da Rodovia Presidente Dutra trouxeram. Enfim, um vasto campo de estudos a se explorar. Marcos Cotrim icampobello.itatiaia@ig.com.br


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A Caravana Pereira Barreto - Um épico valeparaibano José Eduardo de Oliveira Bruno

A‘Caravana’ou‘Expedição Conquistadora’, conformemencionaRubem Cioneem seu livro:‘AHistóriadeRibeirãoPreto’,foi quemfez atransmutaçãodacafeiculturavaleparaibana(commarcantehegemoniafluminense)devidoaoseudeclínioeexaustãodesuasterras,paracriaçãodeumnovociclocafeeiroemnossopaís,no‘Oeste’paulista.Aregiãode Ribeirão Preto era chamada de“Oeste”porque referiam-se a ela, a partir da Capital Federal. É importante não olvidar que o café noVale do Paraíba Fluminense foi quem sustentoueconomicamenteoImpério.NoaugedacafeiculturanoValedoParaíba(1860),aproduçãocafeeirafluminensealcançava78%daproduçãonacional.Ovalepaulistarepresentava 12%, e Minas Gerais mais o restante do país, 10%. Posteriormente, a partir da ida do café para o“Oeste paulista”, São Paulo passou a ter uma produção avassaladora, que foi o início do grande desenvolvimento paulista. Quem percebeu a oportunidade e liderou o processo foi o médico resendense, filósofo, Dr. Luiz Pereira Barretto. Em 1876, Luiz Pereira Barretto pressentiu que o café no Vale do Paraíba estava com os seus dias contados, devido a exaustão das terras, pois o café era tratado quase como riqueza extrativa, cobrava caro o desleixo empírico com que era cultivado. Começou publicar uma série de artigos na imprensa de São Paulo sobre a “terra roxa” do “Oeste” paulista que com sua fertilidade maravilhosa seria o novo campo de ação da cafeicultura brasileira. Considerado o primeiro agrônomo do Brasil, ele escreveu uma série de artigos sobre as causas do declínio da cultura do café em terras fluminenses – na sua opinião, principalmente pela falta de adubação – e sobre as vantagens da “terra roxa” , publicados no jornal “A Província de S. Paulo”, nos dias 2, 3, 5, 6, 7, 8 e 10 de dezembro de 1876, que,sem sombra de dúvidas, podemos afirmar, que foi de fato, a Certidão de Nascimento de Ribeirão Preto. Os textos duros,porém realistas com sua terra natal fluminense (“não se precisa ser profeta para avançar, sem receio de errar, que os seus dias estão contados e que o mais sombrio prospecto de futuro já ameaça e a domina efetivamente”) e generosos com a “terra roxa” (“...Não é possível deixar de ao menos assinalar a espessura da camada do terreno roxo. É esta espessura que torna as terras do Oeste sem rivais no mundo e que distância a perder de vista a sua lavoura da do resto do império”). Foi o começo do êxodo por parte dos cafeicultores do Vale do Paraíba, sobretudo de Resende, pois ecoava a voz do ilustre patrício como grande era o prestígio junto a sua originária grei. Verdadeira expedição conquistadora se desloca de Resende em direção ao“Oeste”paulista em busca de um novo campo de ação. Inicialmente, são os “Barrettos”, homens de recursos, ativos, sertanistas e inteligentes que lançaram diversas lavouras naquela região, disseminando princípios racionais de agricultura num meio até então considerado inóspito. Introduziram o café Bourbon que se espalhou vertiginosamente por todo o “Oeste”paulista, desta forma trazendo a riqueza e a prosperidade que tomariam conta da economia da região e fariam Ribeirão Preto se tornar o novo “Eldorado do Café”. Ribeirão Preto no início do século tinha sua população constituída de 2/3 de fluminenses, sendo Resende o ponto em que a migração se revelou em maior amplitude. “Vamos para São Simão que os cafés daqui não dão” - era a crítica manifestada numa marchinha de Carnaval em Resende na década de 70 do século XIX, que refletia a decadência da produção cafeeira fluminense como um todo, especialmente a resendense, pelo cansaço das terras e principalmente pela falta de mão-de-obra escrava, conseqüência da proibição do tráfico de escravos (1850) e das leis do Ventre Livre (1875) e dos Sexagenários (1880).

Luiz Pereira Barretto Luiz Pereira Barretto

Rota da Caravana Pereira Barretto (1876). Composição sobre Mapa Google/2013

Assim, em janeiro de 1876, o coronel José Pereira Barretto, irmão de Luiz, seu filho Fabiano, o‘Bizinho’, seu sobrinho Antônio de Paula Barreto Ramos e seus irmãos Miguel Pedroso Barretto e Francisco Pereira Barretto, saíram em expedição para conhecer as terras do então, “Oeste” paulista. Da Estrada de Ferro Pedro II, hoje Central do Brasil, seguindo até Cachoeira Paulista, ponto então terminal dessa via férrea. Ali chegados, em janeiro de1876, acompanhados de escravos pagens, transportando enormes cargueiros, que haviam partido antes pela estrada de rodagem, margeando a várzea do Paraíba, prosseguiram até Jacareí,onde os aguardava o Dr.Luiz Pereira Barretto, pronto para acompanhá-los às plagas tão faladas do “Oeste paulista”. Depois de uma demora de alguns dias em Jacareí, para descanso das fadigas que lhes trouxera a grande caminhada ao longo do Vale do Paraíba, os ilustres Barrettos, seguros no feliz êxito da aventura a que iam entregar-se, puseram-se de novo a caminho do “Oeste paulista”,através da expedição que integravam, depois conhecida como a : “Caravana Pereira Barretto”. Partindo de Jacareí, os Barrettos passaram por Camanducaia e Ouro Fino, em Minas Gerais e Espírito Santo do Pinhal, já na província de São Paulo. Depois chegaram a Casa Branca. A partir

daí, foram guiados pelo coronel Hipólito de Carvalho, que conheceram naquela cidade. O entusiasmo para com as terras paulistas era tão notório que o Dr.Luiz disse ao guia Hipólito, enquanto descansavam num hotel: “Estamos maravilhados... São Paulo dentro de poucos anos será o maior empório cafeeiro do mundo. Para isso, só lhe faltam fáceis meios de transporte. Felizmente o paulista é inteligente e empreendedor e, em breve, fará com que estradas de ferro rasguem todos os seus sertões. Assim, a imigração virá!”. De Casa Branca, os Pereira Barretto chegaram à Fazenda Cravinhos, de 800 alqueires,que foi comprada de Antônio Caetano por Luiz Pereira Barreto, por 36:000$000 (trinta e seis mil contos de réis), algo entre R$ 300 mil e R$ 400 mil atualmente (em torno de 150 ou 200 mil dólares). Nesse período, embora existissem outras propriedades na região, inicia-se a formação da cidade de Cravinhos. O local onde hoje se encontra a cidade foi a Fazenda Cantagallo, de 80 alqueires, também comprada por Luiz Pereira Barreto, de Domingos Borges, ao valor de 600$000 (seiscentos mil réis). Com a compra da ‘Cravinhos’ (hoje pertencente ao empresário Luís Biagi), os Barrettos retornaram a Resende, para prepararem a mudança definitiva para a região de Ribeirão Preto naquele mesmo


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ano, em novembro 1876. Voltaram com as famílias completas, equipamentos agrícolas e cerca de 60 escravos para iniciar o plantio do café. E o café não era mais o Typica, o comum nacional, mas o Bourbon,trazido por Luiz Barretto da Fazenda Monte Alegre, na Vargem Grande, em Resende, onde ele, com seus conhecimentos agronômicos, fizera multiplicar sementes trazidas da Europa.

Resende, berço do café

Derrubaram, ceifaram e queimaram matas virgens. Foi um ceifar sem piedade, naquele “oceano” verde. Derrubadas as matas, vieram as queimadas gigantescas, cobrindo toda a terra de cinzas, para que estas, qual novo Fênix, surgisse a grande lavoura cafeeira, que foi durante muito tempo, o esteio daquela região. Ao fim de três anos,os Barrettos possuiam as mais famosas lavouras da região do excelente café Bourbon, com as sementes trazidas da Fazenda Monte Alegre na Vargem Grande em Resende-RJ. A geada de 1870, parecia uma advertência contra a tentativa do aproveitamento do “Oeste” paulista para a lavoura cafeeira em grandes extensões... Qual nada – sentenciava confiante, certo do bom êxito, o Dr.Luiz Pereira Barretto aos irmãos. – “Não tenhamos medo; plantemos café aos milhões, que a sua defesa contra a geada é uma simples questão de enxada...A imigração européia ai está às portas...”. - Perfeitamente, Lulu – replicou o seu irmão Miguel. – “Não devemos ter medo do futuro... Ribeirão Preto é uma terra abençoada...! Deus o fez e perdeu a receita...!” Os Barrettos não esmoreceram, plantaram o cafezal na região, em sua maioria, o excelente ’Bourbon’, garantidor da primazia cafeeira paulista,das sementes trazidas cuidadosamente de Resende, como ‘pepitas de ouro’,quando da mudança deles para a região das terras roxas “encaracoladas”, também vulgarmente conhecidas por “sangue de tatú”. O café Bourbon O café ‘Bourbon’, nasceu por experiência de fecundação por hibridação do café Libéria com o café Comum, realizada pelo Dr. Luiz Pereira Barretto, na Fazenda Monte Alegre, na Vargem Grande em Resende. O seu irmão Francisco Pereira Barretto, encontrando-se no Rio de Janeiro, na residência de um amigo, conheceu o comandante de um navio cargueiro, que trouxera da África, embalagens de bambú com mudas de café Libéria, que tinha uma qualidade diferente do café vulgarmente conhecido no Brasil,que era o denominado como café Comum. Comprou várias mudas por um alto preço na ocasião e levou para Resende, plantando-as na horta da Fazenda Monte Alegre e algum tempo depois, principiam a nascer ao redor das mudas do Libéria,umas quarenta ‘orelhas-de-onça’,denominação dada ao café quando nasce. Desenvolvendo-se as ‘orelhas-de-onça’, observaram os Barrettos,uma diferença entre elas e as plantas do “Libéria”, bem como, com o café “Comum”. Tempos depois, foram as plantinhas separa-

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Cândido Portinari, Café. 1935

das e cuida-dosamente transplantadas para covas definitivas. Na primeira floração do “Libéria”, Dr. Luiz Pereira Barretto verificou tratar-se de café inferior,selvagem,pois era exagerado o tamanho das flores. Perdida essa florada,na segunda resolveu o grande cientista provocar a fecundação artificial das flores do Libéria” com as do café resultante das sementes nascidas nas embalagens e com as do café Comum. Portanto, feita a delicada operação,assinalou as flores fecundadas e algumas dessas flores vingaram, e os frutos,quando maduros, foram colhidos, plantados e convenientemente tratados. Contudo, vingaram cinco pés , apenas. Eram plantas lindas, com as características de excelente qualidade, e completamente diferentes do Libéria e dos demais. Com o produto desses cinco pés,ao cabo de quatro anos, os Barrettos iniciaram a plantação de regular cafezal de Bourbon, nome com que foi batizado pelo Dr. Luiz Pereira Barretto, o novo café obtido, apesar de aconselhado por amigos, para que lhe fosse dado a denominação de café “Barretto”.A preferência foi por se lembrar o Dr. Barretto, ter conhecido nas estufas da Universidade de Bruxelas, uma qualidade de café muito semelhante aquele, conhecido pelo nome de “Bourbon”. Daí a história da famosa variedade conhecida pelo nome de café “Bourbon”que se destacou pela grande produção de seus arbustos de 2 a 3 mts. de altura, de forma mais ou menos cilíndrica com folhas verde-claras e quando maduras ficam verde escuras, elípticas, levemente coriáceas, com lâmina e margem mais ondulada do que a variação typica. Em 1876, quando de sua mudança para Cravinhos, no “Oeste” paulista, os Barrettos levaram nos cargueiros transportadores da bagagem, cuidadosamente, como pepitas de ouro, sementes do ‘bourbon’ resendense,daquele cafezal abençoado,resultante da feliz fecundação feita pelo sábio Dr. Luiz Barretto, as quais foram plantadas na Fazenda Cravinhos. Bibliografia: “Reminiscências de Resende, Estado do Rio, às plagas paulistas de São Simão,Batatais, Altinópolis e Ribeirão Preto” de RenatoJardim (José Olympio-São Paulo/1946) “O Ribeirão Preto, Histórico e para História” (Prof. Plinio Travassos dos Santos, Ribeirão Preto - 1938) “Família Pereira Barretto” - Notas Genealógicas (Itamar Bopp/São Paulo-1983) “Notícias Históricas e Estatísticas do Município de Resende, desde a fundação” de João de Azevedo Carneiro Maia (Typographia da Gazeta de Notícias – RJ/1891) “O Café em Resende no século XIX” de Maria Celina Whately (José Olympio Editora, Rio de Janeiro / 1987)

Resende foi a região pioneira da grande cultura do cafeeira em nosso país. Foi o primeiro pedaço de terra brasileira onde o café encontrou acolhida com os elementos que foram propícios para o seu desenvolvimento. Todas as memórias confiáveis, que tratam da propagação do café na Província do Rio de Janeiro, são uniformes em atribuí-la a pouco depois de 1770, isto é, logo que a espécie já cultivada nesse tempo nas terras do convento dos padres Barbadinhos e na chácara do holandês Hoopman, na rua São Cristóvão no Rio de Janeiro. Este forneceu as sementes que se propagaram pelo interior da província. Foi dali que os padres Couto e João Lopes, receberam as plantas que foram distribuídas no caminho de Resende pelo primeiro, e através do distrito de São Gonçalo seguindo em direção ao noroeste fluminense, pelo segundo, conforme mencionou João de Azevedo Carneiro Maia em seu livro referencial sobre a história de Resende:“Notícias Históricas e Estatísticas do Município de Resende, desde a fundação”, de 1891.

Coffea Arabica. Aquarela científica de Claudia Lambert

Por outro lado é sabido que neste mesmo tempo, muito se esforçara o Marquês do Lavradio, então Vice-Rei do Brasil, no empenho de disseminar a cultura do café, desta forma distribuindo grande quantidade de sementes pelos distritos de São João Marcos (atual Rio Claro) e do Campo Alegre (atual Resende), apelando a um poderoso incentivo empregado, que era isentar do serviço nas milícias a todo o lavrador que provasse ter plantado certa quantidade de pés de café. Conclui-se do exposto que feita a sementeira em 1775, antes de 1785 já deviam existir alguns cafezais em efetiva produção. Consta que os primeiros cafezais de Resende se formaram em torno da sede da freguesia, e nos sítios próximos, de onde foram sendo transportadas muitas mudas para os municípios vizinhos (fluminenses e paulistas).


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Um laudo desconcertante Raymundo Rodrigues (INEPAC / SEC-RJ, 2009)

Passando pela lateral da Academia Militar das Agulhas Negras – AMAN, no bairro Paraíso, em Resende, percorrem-se cerca de 10 km pela rodovia RJ-161, sentido Bagagem e, antes da ponte que transpõe o rio Pirapetinga, entra-se à esquerda e segue-se mais 2km em estrada de terra, no sentido Capelinha, em área de várzea de onde é possível avistar a Fazenda Monte Alegre. A fazenda está localizada no entorno da Área de Proteção Ambiental da Serra da Mantiqueira – criada por decreto federal em 1985 e regulamentada pelo município de Resende no ano de 2001 – fazendo parte da microbacia do rio Pirapetinga, formada pelos rios Roncador, Santo Antônio, Riacho Monte Alegre, Rio da Pedra Preta e outros, bacia essa que passa pela Capelinha e tributa suas águas no Rio Paraíba do Sul. Ao transpassar o córrego Monte Alegre é possível vislumbrar o conjunto arquitetônico da fazenda, destacandose, no topo de pequena elevação, a primeira de uma série de morros e montes, que mais adiante dão forma aos contrafortes da serra da Mantiqueira, rumo à Pedra Selada e Bagagem. Ao entrar pelo portão, depara-se com diversas construções como algumas casas e uma escola, além de infraestrutura indicando que a fazenda estava produtiva até há pouco tempo, como é possível comparar atravésde foto antiga. Todo o conjunto está inserido num ambiente que, apesar de abandonado, apresenta rica e variada vegetação com frutíferas, árvores nativas e exóticas. Continuando o percurso chega-se à base de um muro de arrimo e, através de escada, tem-se acesso a um platô e nele observa-se um agradável terraço que antecede a casa-sede da fazenda.[...] A perda parcial e ou total das coberturas ocorreu com outras construções do conjunto e também na casa-sede,gerando deterioração generalizada que vêm colaborando com o desencadeamento de colapsos de elementos que compõe a construção, como portas, janelas, forros, pisos e paredes estruturais que estão se degradando pela ação das chuvas. O clima de abandono é completo, reforçado pelo acesso de animais às dependências das construções, pernoitando e se abrigando das intempéries. [...]

Carta IBGE - Resende

A atual estrada RJ-161 é a via que segue aproximadamente um dos primitivos caminhos de penetração dos que desceram da Alagoa e Ayuruoca ao Campo Alegre da Paraíba Nova na década de 1720. Dá acesso às antigas freguesias de Santo Antônio da Vargem Grande e São Vicente Ferrer (Fumaça), onde se concentraram os Puris na aldeia de São Luiz Beltrão (1788). A estrada entra em Minas Gerais cortando o Rio Preto na Ponte do Souza, povoado da Bagagem, podendo-se ir à Cachoeira da Fumaça e Jacuba. Em MInas, leva a Liberdade, Carvalhos e Aiuruoca.

Novo alento na Monte Alegre

Dona Esmeralda posa ao lado de parede de adobe remanescente da primitiva sede da fazenda Monte Alegre

“Fazendo a vida voltar ao lugar”. Esta frase sintetiza o sentimento da nova proprietária da fazenda Monte Alegre, Dona Esmeralda Traça Gonçalves. A famosa fazenda dos Pereira Barretto deve tornar-se um dos pontos mais atrativos do turismo rural regional, se depender dos projetos da sua nova dona. Seguindo as várzeas do Pirapetinga, os turistas - “principalmente as famílias” - poderão encontrar lazer, repouso e cultura, com vistas para a Pedra Selada. A nova casa surge, literalmente, dos escombros. Há três anos com a família do empresário Eduardo Gonçalves, a fazenda prossegue em sua atividade pecuária. Mas a movimentação das obras revela os planos mais ousados de Esmeralda: “Meu marido disse que sou louca porque eu quero colocar esta casa em pé”. De fato, sobraram três paredes sobre o formidável alicerce, e são muitas as marcas do descaso em face à memória do lugar, que a oportuna reforma promete ajudar a resgatar. O resto de uma das paredes originais (foto) deve ser preservado, dando-nos lições sobre técnicas de construção e a paciência dos antigos construtores. “Viver no presente”, conjugando surpreendentemente o dia de hoje com o passado glorioso, diz esta filha da Beira Alta, que nasceu em Freixedas, concelho de Pinhel, Portugal e veio para o Brasil com doze anos. Para a sorte da comunidade resendense, é mulher a quem “os detalhes estéticos realizam” - confessa, enquanto fala de sua criação de búfalos, ampliação do lago, dos prêmios que seu filho Marcelo ganhou com uma novilha Gir e da afanosa função de “tocadora de obra” que comanda a faina de dezenas de operários diariamente. “São, a cada dia, mais raros e mais caros”, conclui, antes de se despedir e seguir para a Babilônia, já restaurada.

Tudo indica que os Pereira Barreto adquiriram a fazenda do Monte Alegre, por volta de 1849, através do casal patriarca da família, Fabiano Pereira Barreto e Francisca de Salles Barreto. Em 1856, Monte Alegre contava uma área de meia sesmaria de meia légua em quadra, ou seja, 112,5 alqueires geométricos de terras. Somados aos sítios anexos, completava a área total de 300 alqueires. [...] Comendador Pereira Barreto faleceu em 1877, na fase decadente da cultura do café, em Resende, quando a maioria de seus filhos já havia migrado para o “Oeste” paulista seguindo a marcha do café. Sua viúva viveria ainda algum tempo, e seu filho, Rodrigo Pereira Barretto, permaneceria na fazenda até o início da década de 1880. Em 1885, Monte Alegre consta como propriedade de “herdeiros de Joaquim Alves de Toledo”. Ao longo do século XIX a fazenda Monte Alegre foi considerada a maior produtora de café do município deResende, e nesta posição permaneceu até o fim do século. Em 1885 realizou-se em Resende a Exposição Regional que contou com a participação de 66 expositores resendenses, com produção entre 100 a dez mil arrobas de café. Destes 66 expositores, dois apenas possuíam a média de 10 mil arrobas para exportação. Um deles eram os proprietários da Fazenda Monte Alegre (Maria Celina Whately, O Café em Resende, 2003.p.122). Na década de 1920 a fazenda pertencia ao empresário do setor de laticínios Abílio Marcondes Godoy, fundador da Usina Godoy & Fortes, em 1923. No final da década de 1920, Monte Alegre teve novo proprietário, o Dr. Nestor Rodrigues Contreiras. Dentista pela Universidade de Quebec e Engenheiro Técnico Agrícola por faculdade de Paris, Dr. Contreiras desempenhou destacado papel na Revolução de 30 em Resende.

Organizou uma Coluna Revolucionária com seus empregados, em grande parte gaúchos, e dirigiu-se para Minas, onde a Revolução eclodiu forte. Após sua partida para Minas, sua fazenda do Monte Alegre foi saqueada por aventureiros oportunistas que, acompanharam a diligência policial, inclusive o seu cofre particular. No retorno a Resende, a Coluna possuía um efetivo de 7 oficiais e 350 homens, entre eles soldados da Polícia Militar de Minas. Contreiras requisitou a prisão do Delegado Macedo Costa, que mandara invadir sua fazenda. A Coluna Contreiras deixou Resende depois de dois meses de ocupação. Em 1934, Contreiras fundou na cidade o Partido Integralista. [Ele que mandou construir-se a] Capela Santa Teresinha na fazenda. Essa Capela resultaria na mudança do nome de fazenda do Monte Alegre para o atual de “Santa Teresinha do Monte Alegre”.

Ribeirão Preto, Jornal A Cidade (20/10/2006) - Fazenda Monte Alegre Sucumbiu - Se a fazenda Jandaia, fundada pelos Pereira Barreto, tem chance de sobreviver ao avanço da cultura de cana, a mítica fazenda Monte Alegre, de Resende (RJ), de onde partiram os Pereira Barreto, está literalmente acabada. Ponto de origem do café Bourbon que trouxe riqueza e fama a Ribeirão Preto, a fazenda Monte Alegre teve 70 de seus 89 alqueires arrendados para um criador de gado nelore. Após a morte de Justino Barbetta, em 2004, a família, proprietária da área por quase 40 anos, retirou os móveis centenários da casa-grande e arrendou a maior parte das terras. A casa onde nasceram Luiz e Candido Pereira Barreto (fundador da Jandaia) serve de abrigo a bois e vacas. A Cidade constatou a destruição da histórica fazenda em abril deste ano. Posteriormente, um incêndio no mato que se alastrava em meio aos prédios pôs fim a qualquer esperança de restauração.


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(continuação da pág. 6)

Giampietro Fabris - Uma experiência em meio aos pobres de Resende Giampietro Fabris é sacerdote católico, licenciado do ministério. Pedro, como é chamado, é uma testemunha qualificada dos últimos 33 anos de história local. Professor de filosofia no Colégio Santa Ângela, conversou com o Ponte sobre sua caminhada e visão político-religiosa dos tempos atuais. PV- Quem é Giampietro Fabris? Pergunta difícil! Prender em palavras uma pessoa... complicado! Poderia dizer simplesmente “SOU EU!” Mas poderia dizer: “sou uma ideia, melhor um “sonho” de Deus que tento realizar da melhor maneira!” Se se trata de falar de qualidades... aí é difícil dizer. PV- Onde nasceu? Faz muito tempo? Como é a experiência de viver o Evangelho como pai de família? Nasci em Dueville (Vicenza) na região Vêneto da ITALIA, 65 anos atrás. É uma “outra” vocação e muiiito desafiadora: no meu caso, mais de testemunho de valores do que de palavras. Sobre a “experiência”, é bom! Viver o amor, dom de Deus, numa família pequena, atentos a não ceder à tentação de fechar-se num “egoísmo familiar”, mas abertos ao serviço na Igreja, na profissão e na sociedade. PV- Entre a Itália e a Eternidade, qual é o lugar do Brasil em sua jornada? É o “lugar” (com as pessoas naturalmente) onde a Providência de Deus me chamou a trabalhar pelo Reino. Substituiu a Àfrica que era o meu sonho de criança. PV- Os italianos se parecem bastante com os brasileiros, dizem... Quando dizemos “os italianos” estamos fazendo uma generalização: os italianos do sul se parecem com os brasileiros mais do que os do norte; são mais extrovertidos... PV- O que é a Vila Vicentina? Para mim? Um período da minha vida extraordinário em que pude tentar promover uma pastoral que sonhava: uma comunidade cristã encarnada na história e sobretudo caminhando com os últimos da sociedade. Uma Igreja inspirada no Concílio Vaticano II, na Lumen Gentium e na Gaudium et Spes (“as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje...”). Um período em que “senti o cheiro das ovelhas” como diz o Papa Francisco. PV- O “pobre” pode virar objeto de marketing? Político, social, religioso etc. perdendo sua dimensão evangélica de sinal profético? Parece-me que os exemplos estão aí diante dos nossos olhos. O próprio Judas (discípulo de Jesus) censurou a pecadora em nome dos pobres, mas na realidade o que lhe interessava era o dinheiro. A palavra “pobre” pode ser distorcida, reduzida, amansada. Os ricos fazem muitas distinções a respeito da palavra... os “pobres” sabem o que é ser pobre e quem é pobre. PV- Ser professor é muito duro? Acho uma “vocação” muito bonita! Mas estas palavras me soam muito românticas. A realidade é “dura”. Os momentos de desânimo não são raros... mas tb as “satisfações” existem e “pesam” mais que o resto.Tem gente (muitos) que dizem que a garotada de “hoje”...não quer nada... que isso e aquilo... Me vem à mente S. Agostinho que foi professor em Cartago e cansou... dizendo que esta garotada não queria nada, e foi embora para outra carrei-

ra. Eu acho que “os tempos” sempre foram difíceis, desafiadores ... hoje temos os desafios de “hoje”. No meu serviço como professor me inspiro na parábola do semeador: eu sou chamado a semear... acreditando que algumas sementes pegarão e darão fruto. PV- Como vê os caminhos da Igreja com o Papa Francisco? São os caminhos do Cristo (“Eu sou o caminho...”) os caminhos do Vaticano II: uma Igreja serva, mãe terna e misericordiosa, samaritana, que dá esperança e revela a beleza da vida (antes da feiúra do pecado). Os caminhos da encarnação, do caminhar com os homens concretos para que descubram o sentido desse caminhar e sintam que não estão sozinhos... Muita esperança, otimismo, alegria... Papa Francisco

PV- Qual é o lugar da Cruz neste horizonte? A cruz é conseqüência do “pecado”, da existência do “mal”, da luta para fazer reinar o BEM. Existe também o sofrimento (cruz) conseqüência da fragilidade da criação e do ser criaturas. O mal deve ser combatido, também o mal físico; mas existem situações, devidas à fragilidade do estado de criaturas, que devem ser “suportadas”, aceitas e vividas com a força que Deus com certeza vai doar. PV- O primeiro documento do Papa fala de alegria e de recuperação de valores que o “mundo” obscureceu. Já leu algo? Qual é seu juízo? Só li alguns trechos (jornalísticos). Mas me parece que é uma denúncia forte do sistema socioeconômico neoliberal. Uma clara tomada de posição a favor da vida das pessoas antes da vida das “economias”, me dá a sensação de uma valorização da “teologia da libertação” (livre de ideologias... sempre que isso seja possível...). Uma acentuação da “misericórdia” antes de mais nada dentro da própria Igreja (descasados... recasados... haverá uma mudança da disciplina...?) Um redimensionamento do “papado” , avanço no “poder” (palavra feia!!) dos Bispos e das Conferencias episcopais... mais consideração com as mulheres... Tantas coisas almejadas há muito tempo e, com todo respeito, “travadas” por João Paulo II e Bento XVI. PV- Os desafios recorrentes da institucionalização de um carisma...? Como vivenciar a “liberdade dos filhos de Deus” entre os extremos do formalismo, canonicismo de um lado, e a gnose espiritualista de outro? Assumir a dimensão histórica da nossa vida e da vida da Igreja. É como uma semente que vai crescendo ou um rio que ao logo do seu percurso acaba “carregando” também sujeira. Ser “fieis” não é fácil, exige discernimento e sabedoria: não perder de vista o ponto de partida e de chegada; de onde viemos e para onde vamos (ou deveríamos ir). “Eu sou o caminho” disse Jesus. “Ecclesia semper reformanda” (a Igreja precisa sempre de ser reformada). PV- O modo como a Igreja se desdobra na história sempre foi diferente da dinâmica de multiplicação de confissões da Reforma... O sentido dela, para mim, é o que está na Gaudium et spes (43): Ainda que a Igreja, pela virtude do Espírito Santo, se tenha mantido esposa fiel do Senhor e nunca tenha deixado de ser um sinal de salvação no mundo, no entanto, ela não ignora que entre os seus membros, clérigos ou leigos, não faltaram, no decurso de tantos séculos, alguns que foram infiéis ao Espírito de Deus. E também nos nossos dias, a Igreja não deixa de ver quanta distância separa a mensagem por ela proclamada e a humana fraqueza daqueles a quem foi confiado o Evangelho. Seja qual for

o juízo da história acerca destas deficiências, devemos delas ter consciência e combatê-las com vigor, para que não sejam obstáculo à difusão, do Evangelho. PV- A ideia de tradição, ao lado da sagrada Escritura e do Magistério são os pilares da fé católica. A tradição está viva? Antes de mais nada, tradição é com T : Tradição. Esta sem dúvida está viva. As “tradições” (históricas) podem morrer ... e morrem. Tradição vem do latim “trádere” (transmitir) o que me foi transmitido está “vivo” em mim: sou o que sou a partir do que recebi! O Espírito continua mantendo “viva” a mensagem. Às vezes as “tradições” podem encarnar a Tradição, às vezes podem “encobri-la” abafá-la. O verbo “tradere” significa também entregar (Judas entregou - tradi (italiano) Jesus. PV- O Concílio faz 50 anos. Quais seus frutos e descaminhos? Os frutos são muitos (apesar do cansaço que se respira e das involuções ): na liturgia, no uso da Bíblia. Na valorização das realidades terrestres, na atitude de diálogo,na simpatia para a humanidade, no serviço, na atenção aos pobres (que aliás nunca faltou na história da Igreja). Claro que houve “entusiasmo demais”. Tem gente que acha que uma “descoberta” é uma nova criação... Na realidade, no caso da Igreja, “descoberta” é “re-descoberta” (aqui entra a Tradição!!!)... é um rio que corre... pode “desaparecer”, mas continua correndo e “re-aparece. Quando a gente é fascinada por algo tende a “absolutizar” esquecendo ou destruindo outros aspectos... Acho que no fundo, um certo “entusiasmo” acabou favorecendo algumas “bobagens”... Um “iconoclasmo”, falta de senso histórico... progressividade, respeito de “tradições”, erros de perspectivas, acentuações sem equilíbrio. PV- As “aberturas” do Concílio não vieram chancelar um processo de dessacralização que vem do Humanismo, recebe o aval do racionalismo iluminista e chega a nossos dias dissolvido numa cultura relativista, indiviDom Waldyr dualista e hedonista? O cristianismo, ao valorizar as realidades do mundo, sem dúvida foi influenciado pela cultura “moderna”, mas ceder aos aspectos que vc aponta não é “cristão”. O Papa Bento XVI alertou muitas vezes contra esse perigo que é grande. Mas não é certamente o espírito da abertura conciliar. Por outro lado, não podemos lutar contra esse perigo caindo num fundamentalismo. Mais uma vez: Diálogo aberto e Fidelidade aos valores não negociáveis, fidelidade à Tradição (com T maiúsculo). PV- Qual foi a colaboração de Dom Waldyr Calheiros, falecido a 30 de novembro, ao discernimento das diretrizes do Concílio? Foi muito grande! Nele eu vi encarnado o Espirito do Concílio: na sua eclesiologia, na abertura ao mundo (sem cair nos perigos que vc apontou antes), no serviço a todos e sobretudo aos mais necessitados e abandonados. Teve gente que não o entendeu, mas acho que foi porque nunca o conheceram (só conheceram) uma “imagem” produzida. Ele estava “com urgência” de pôr em prática, de andar e guiar o seu “povo” nos caminhos que o Espírito apontou no Concílio. Acho que sofreu bastante ao ver a “lentidão” da caminhada e as “involuções” (às vezes cheguei a comentar isso com ele). Mas tinha também a sabedoria de compreender que “caminhar” com um “rebanho” (no bom sentido) não é fácil.


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Uma Exortação Oportuna

Morreu Dom Waldyr

Morreu, na manhã do dia 30 de novembro último, Dom Waldyr Calheiros Novaes, bispo emérito da Diocese de Barra do Piraí-Volta Redonda, aos 90 anos. Dom Waldyr morreu por falência múltipla dos órgãos. Ele estava internado com infecção pulmonar no CTI de um hospital particular de Volta Redonda desde meados de novembro. O bispo emérito era alagoano de Murici, onde nasceu em 29 de julho de 1923. Foi ordenado em 1948 e empossado em 1966 como bispo da diocese de Barra do Piraí-Volta Redonda, em substituição a Dom Agnello Rossi, posto que ocupou até 2000. A vida de Dom Waldyr foi de constante envolvimento com as causas sociais, participação que se acentuou durante o período da Ditadura Militar, em especial na defesa do trabalhador. Nos 34 anos à frente da diocese, participou de atos públicos contra a violência e condenou a impunidade e a tortura. A luta por justiça e igualdade lhe rendeu homenagens de grupos ligados à defesa dos direitos humanos. Dom Waldyr ficou, até a morte, com título de bispo emérito da diocese. (Com Globo.com)

O Papa Francisco lançou um projeto de “conversão do papado” em que propõe a “descentralização” da Igreja e apresenta o plano da maior reforma feita no Vaticano em pelo menos meio século. No primeiro documento de seu próprio punho, o papa Francisco explica em mais de 200 páginas seu projeto para o futuro da Igreja: a “Exortação Apostólica Evangelii Gaudium . Em seu texto, Francisco apela à Igreja a “recuperar a frescor original do Evangelho”, mas encontrando “novas formas” e “métodos criativos”. Explica: “Precisamos de uma conversão pastoral e missionária, que não pode deixar as coisas como elas são.” O recado é claro: promover uma “saudável descentralização” na Igreja. A descentralização apontaria até mesmo para a abertura de espaços para diferentes formas de praticar o catolicismo. “O cristianismo não dispõe de um único modelo cultural e o rosto da Igreja é multiforme”, escreveu. “Não podemos esperar que todos os povos, para expressar a fé cristã, tenham de imitar as modalidades adotadas pelos povos europeus num determinado momento da história”. Bergoglio insiste que prefere “uma igreja ferida e suja por ter saído às estradas, em vez de uma igreja preocupada em ser o centro e que acaba prisioneira num emaranhado de obsessões e procedimentos”. Para tanto, explica, “precisamos de igrejas com as portas abertas” para evitar que aqueles que estão em busca de Deus encontrem “a frieza de uma porta fechada”. “Nem mesmo as portas dos Sacramentos se deveriam fechar por qualquer motivo”, escreveu, exemplificando: “A Eucaristia não é um prêmio para os perfeitos, mas um generoso remédio e um alimento para os fracos.” Condena a falta de “inserção real do Evangelho” nas necessidades das

Bazar Tradicional de Natal em Mauá A X edição do Bazar de Natal do Centro Cultural de Visconde de Mauá foi inaugurada dia 3 de dezembro, com a participação especial do Coral do Visconde Com essa atividade, deu-se início às comemorações dos dez anos do Centro Cultural Visconde de Mauá. O X Bazar de Natal do CCVM ficará aberto todos os dias, das 9 às 19h, de 03 a 23 de dezembro de 2013, com significativa exposição da produção artesanal local! Mais um êxito da Márcia Patrocínio e equipe.

Celebração na Matriz da Conceição de Resende, após o incêncio de 1945

Aconteceu no Clube Finlandês

populações. “Esta é uma tremenda corrupção com a aparência de bem. Deus nos livre de uma igreja mundana sob cortinas espirituais ou pastorais.” Francisco deixa clara a posição da Igreja contrária ao aborto. “Entre os fracos que a Igreja quer cuidar estão as crianças em gestação, que são as mais indefesas e inocentes de todas, às quais hoje se quer negar a dignidade humana”, escreveu. “Não se deve esperar que a Igreja mude a sua posição sobre essa questão. Não é progressista fingir resolver os problemas eliminando uma vida humana”, declarou. Denuncia: “O atual sistema econômico é injusto pela raiz”, acrescentando: “Esta economia mata porque prevalece a lei do mais forte”. “Os excluídos não são explorados, mas lixo, sobras”. “Vivemos uma nova tirania invisível, por vezes virtual, de um mercado divinizado onde reinam a especulação financeira, corrupção ramificada, evasão fiscal egoísta”.

Todos os anos, na primeira quinzena de dezembro, o Clube celebra a tradição do “Pequeno Natal”, o Pikkujoulu. Os festejos são coordenados por Dona Anneli Turunen. Ponto alto é a coreografia das crianças vestidas de duendes, ensaiada por Dona Anneli, e o riisipuuro que é servido, um arroz doce com frutas em calda. HYVÄÄ JOULUA isto é, FELIZ NATAL


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Enveredados no caminho da paz e da justiça entre os homens O século XX talvez possa ser lembrado como um dos mais violentos períodos da história. Nesse mesmo cenário, por contraste, alguns homens se tornaram líderes notáveis de grandes contingentes humanos em muitas batalhas por justiça e se destacaram exatamente por escolher como arma a não-violência. Isso evidencia o propósito de vencer o mal com o bem, de oferecer ao adversário o respeito de que ele não é capaz e pelo qual se luta. Os nomes de Mahatma Gandhi, Martin Luther King e Nelson Mandela estarão sempre unidos por este testemunho. Agora despedimo-nos de Mandela. Sua luz inspiradora, sua força de caráter, sua perseverança e, acima tudo, a firmeza dos seus ideais, fundamentados no amor ao seu povo, no meio de um mundo aflito pelas desigualdades sociais e pelos

Nelson Mandela (1918-2013)

ódios arraigados ao longo de gerações, são uma luz que brilha para todos. Essa luz nos ensina que, como diria o grande Mahatma Gandhi: “Não há caminho para a paz, a paz é o caminho”. A escolha da não-violência e da resistência pacífica implica um estado de alma em que vence no combate não aquele que tem mais força ou que tem mais recursos, e sim aquele que sabe se imolar, consciente

Instituto Campo Bello lança livro em Itatiaia Dia 14 /12 último, o Instituto Campo Bello, em Itatiaia, comemorou o centenário de publicação do livro “A Fazenda Moderna”, de Eduardo Cotrim, com o lançamento de uma coletânea de testemunhos sobre a obra e a crônica de sua confecção em 1913. O livro (foto) foi durante muitas décadas a principal referência do criador de gado no Brasil. Seu autor foi um dos fundadores da Sociedade Nacional de Agricultura em 1897, e participou da elaboração de políticas públicas para o setor na República Velha. Presidiu a Câmara de Resende de 1901/04.

de que não luta por interesses mesquinhos e sim por ideais mais nobres, tais como o amor fraterno e a justiça entre os homens, enfrentando com coragem todos os perigos que isto implica, pelos quais os dois primeiros chegaram a morrer e o nosso Mandiba a ficar 27 anos na prisão. As palavras do Papa Francisco na sua mensagem de condolências à família de Mandela rezam para que “o exemplo do líder sul-africano inspire as novas gerações”. Assim, somos convidados a acreditar num mundo melhor, onde não será o ódio ou o revanchismo dilacerante que abrirão as estradas da paz e do progresso, mas sim o comprometimento com o bem da humanidade inteira sem nunca perder de vista o bem sobrenatural de cada homem que é o nosso próximo.

“Que 2014 venha despretensioso e substancial, feito um livro da Martha de Carvalho Rocha”. Ô maiada, O que a gente vai desejar pro leitor em 2014? Socego não dá... Sabe o que o Joel Pereira disse?

William Antonio Sanchez Hernandez

A AEDB na comunidade O trabalho da Associação Educacional Dom Bosco se estende para fora dos muros que cercam seu campus. Seguindo a orientação e o exemplo de seu fundador, o Prof. Antonio Esteves, a AEDB desenvolve, permanentemente, ações de apoio à comunidade. A Santa Casa de Resende, o Asilo Nicolino Gulhot, a Escola Sagrado Coração, a Prefeitura de Resende estão entre as instituições apoiadas pela AEDB. Atualmente está em fase de implantação um projeto de assistência à Vila Vicentina, em parceria com a Conferência Vicentina de São Maurício, integrada por cadetes da AMAN.

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Merece destaque, também, o projeto Educação Inclusiva: Oportunidade para todos, em parceria com a Secretaria de Educação de Resende, envolvendo os alunos de Pedagogia e de Letras, para atender crianças com dificuldade de aprendizagem matriculadas na rede municipal de ensino. Todos esses projetos são realizados com o envolvimento dos alunos da Faculdade, que são continuamente estimulados a participar de ações comunitárias de cunho social e/ou ambiental. Assim, a AEDB procura formar profissionais que, antes de tudo, sejam cidadãos comprometidos e capazes de transformar a realidade que os cerca.


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A Mentira com responsabilidade - XI Inspirado na perimetral do Rio, ufólogo propõe implosão de Esplanada dos Ministérios Com a recente implosão de um trecho do Elevado da Perimetral, no Rio de Janeiro, objetivando a revitalização da zona portuária da cidade, novas ideias arquitetônicas começam a surgir no panorama nacional. Uma dessas ideias é a do ufólogo Uraniano Bronca, que propõe a implosão da Esplanada dos Ministérios e de outros prédios públicos de Brasília. Bronca diz que, após muitos estudos, abduções e contatos imediatos de terceiro e quarto graus, pode afirmar ser a Esplanada um ponto energético muito forte e ideal para a construção de uma pista de pouso de discos voadores. Diversas sociedades místicas do Distrito Federal estão apoiando a ideia, e alguns chegam a propor a implosão também do Palácio do Planalto e do Congresso Nacional. O argumento é que teria mais espaço para o pouso dos veículos extraterrestres. A empresa Fábio Bruno Construções, responsável pela demolição no Rio, já ofereceu apoio para os estudos que deverão ser feitos no caso de as implosões vierem realmente a ocorrer. Mas Bronca acredita que, diferentemente do processo da perimetral, o gasto financeiro com dinamite seria muito alto, e diz que o lançamento de uma bomba atômica na cidade poderia baratear os custos. Segundo ele, se o Brasil oferecer a área como espaço para testes nucleares de algum país em condições, como a Índia ou Coreia do Norte, o custo ficaria próximo a zero. Seria uma grande economia para os cofres públicos, e o dinheiro economizado poderia ser usado na construção de excelentes pistas de pouso de naves extraterrestres.

Depois dos beagles, vem aí uma pesquisa com cobras em Brasília Após o caso dos cães da raça beagle, em que o Instituto Royal teve cerca de 170 animais levados por ativistas, na cidade de São Roque, a questão da proteção aos animais causou nova polêmica essa semana, quando o Instituto Butantan anunciou uma pesquisa com cerca de 600 cobras (de espécies em risco de extinção) em Brasília, mais especificamente no Congresso Nacional. A pesquisa deverá constituir-se em soltar as cobras nos corredores dos prédios e avaliar a reação delas em espaço urbano. A preocupação de uma das mais conceituadas entidades protetoras dos animais no Brasil, a ONG Urutu Amiga, é que possa ocorrer uma mortandade das pobres cobras, envenenadas com o sangue dos parlamentares. Para evitar que isso ocorra, a ONG exigiu que, antes dos testes, as cobras sejam imunizadas contra o vírus SBBV (Super Bad Blood Virus, na sigla em inglês), causador da doença latrosangueruindose crônica, presente na maioria dos congressistas brasileiros. De acordo com o diretor da ONG, Paulo Coral, uma institui-

ção respeitada como o Butantan deveria evitar o risco de perder esses exemplares raros de serpentes, com um trabalho que não promete resultados assim tão imprescindíveis para a pesquisa científica do país. Entrevistado pelo Ponte, um dos deputados voluntários para a pesquisa, Afano Telmanei, disse estar empolgado para iniciar as atividades propostas pelo Instituto, e que não tem medo de cobras, afirmando que a convivência com elas é uma constante entre seus amigos de partido. Resta saber se o Congresso não será implodido antes.

Dilma, Obama e Putin: a mais perigosa trilogia amorosa dos últimos tempos Após diversas tentativas frustradas de dar uns amassos na presidente brasileira, Obama resolveu abrir o jogo e publicar os e-mails românticos entre Dilma Rousseff e Vladimir Putin (presidente da Rússia). Conhecido pelos colegas desde os tempos de Harvard como “Domador de Dragões”, Obama não suporta o afair entre o grande amor de sua vida e seu principal inimigo político. Para descontar sua raiva pelo amor não correspondido, o presidente americano resolveu aceitar as recomendações de seu terapeuta de dar início a uma nova guerra e matar algumas pessoas em um país qualquer do Oriente Médio. O país escolhido foi a Síria, e milhares de pessoas inocentes poderão morrer numa outra inútil ação militar que certamente renderá muitos lucros ao mercado negro de armas. Putin, que teve

Krishna Simpson um encontro secreto com Dilma em seu apartamento duplex dos arredores de São Petersburgo, na semana do encontro do G20, não apoia a nova guerra, ao menos publicamente. Mas alguns entrevistados pelo enviado especial do Ponte à cidade russa, inclusive o catador de rua que teria separado para reciclagem meia dúzia de caixas de Viagra encontradas no lixo do prédio do famigerado apartamento, disseram que na verdade o país esconde poderosos armamentos em pontos estratégicos do país, e de difícil acesso, e que muito dinheiro vai circular, sim, com a venda clandestina de armamentos e aparatos tecnológicos aos sírios e outras nações envolvidas. Para piorar a situação, o ex-agente da CIA, Edward Snowden, exilado na Rússia desde agosto deste ano, e que revelou detalhes do programa de vigilância dos Estados Unidos, teria recebido um e-mail pessoal de Dilma, e-mail esse captado pela inteligência americana e prontamente mostrado para Obama, em que ela o teria convidado para vir ao Brasil dar uma conferência sobre espionagem política. Snowden teria aceitado o convite, embora alguns cientistas políticos acreditem que esta ação de Dilma seja uma represália aos esforços de Obama em querer levá-la para conhecer a salinha VIP romântica da Casa Branca. José Botelho Pinto, doutor em relações internacionais e colaborador do Ponte, foi mais além, e especulou que a presidente, que, segundo ele, adora uma carne nova, é que quer levar o jovem para conhecer uma salinha semelhante no Palácio do Planalto.

Sobre a Rua General José Pessoa

Existe uma rua no bairro Paraíso Castelo Branco - com o nome oficial de ‘Rua General José Pessôa’, e que continua com a sua denominação INTACTA. Existia uma OUTRA rua conhecida como Rua General José Pessoa (segundo se lê na lei com a mudança de denominação), já no Bairro Comercial, situada entre a avenida Marechal Castelo Branco e a rua Isaac David Halpern. E foi essa que teve seu nome alterado para ‘Rua Valdemir de Almeida Viana’. Informo que, além daquela rua do bairro Paraíso com o nome de ‘General José Pessôa’, há a ‘Praça Marechal José Pessôa’, perto dos Correios e onde fica o antigo Fórum de Resende. Espero ter colaborado para a compreensão da questão. Celso Dutra Ouvidor Geral da Prefeitura de Resende (Com Claudio Moreira Bento)

Expediente Jornalista responsável: Gustavo Praça de Carvalho

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Dezembro de 2013 - O Ponte Velha - 11

Há 40 anos, a fundação do IEV

Resendenses premiados O Instituto de Estudos Valeparaibanos (IEV) realizou sessão solene de comemoração dos 40 anos da Instituição e entrega dos Prêmios Culturais do ano de 2013. A cerimônia ocorreu no dia 30 de novembro de 2013, às 17 horas, no Salão de Júri do Centro Universitário Salesiano, UNISAL, na Rua Dom Bosco, 284 – Centro –Lorena. O IEV tem por fim promover atividades voltadas para investigar, estudar e despertar o interesse pela região; valorizar o passado e presente do Vale do Paraíba por meio de sua história, cultura e perspectivas de desenvolvimento, juntamente com a permanente defesa do patrimônio cultural e ambiental.

Na cerimônia, o Prof. Julio Cesar Fidelis Soares, vice-presidente da Academia Resendense de História, e a historiadora Maria Celina Whately foram agraciados com a Medalha do Mérito do IEV por relevantes serviços prestados ao instituto e à História e Cultura do Vale.

“Aos trinta dias do mês de junho do anos de hum mil novecentos e setenta e três, na sede do Museu “Frei Galvão”, à Praça Conselheiro Rodrigues Alves, número quarenta e oito, às vinte hora, reuniram-se professores, historiadores, pesquisadores e sociólogos, com a finalidade de fundarem o Instituto de Estudos Valeparaibanos, ntidade cultural, em nível superior, sem finalidade de lucro, e com sede e foro judiciário nesta cidade de Guaratinguetá, Estado de São Paulo. Em seguida foram lidos e aprovados os Estatutos do Instituto de Estudos Valeparaibanos, sendo eleita por aclamação a primeira diretoria e Conselho Administrativo para o triênio 1973-1976, assim constituídos: Diretor: Professor José Luiz Pasin; Vice-Diretor: Professor Francisco Sodero Toledo; Secretário: Professora Thereza Regina de Camargo Maia;Tesoureiro: Professora Catarina Aparecida Vieira Vilela. Conselho Administrativo: Professora Maria de Lourdes Borges Ribeiro, Doutor

Esta invocação é uma Prece Mundial Expressa verdades essenciais. Não pertence a nenhuma religião, seita ou grupo em especial. Pertence a toda humanidade como forma de ajudar a trazer a Luz Amor e a Boa Vontade para a Terra. Deve ser usada frequentemente de maneira altruísta, atitude dedicada, amor puro e pensamento concentrado.

Fundação do IEV, 1973

José Carlos Ferreira Maia, Professora Mariza de Souza Menezes, Professor Benedito Carlos Marcondes Coelho, Professora Terezinha Paiva de Faria, Doutor F. A. Lacaz Netto, Professora Wania Aparecida Nogueira, Professor Paulo Pereira dos Reis e Doutor Francisco de Assis Barbosa. [...] Nada mais havendo a tratar, foi encerrrada a reunião de fundação do Instituto de Estudos Valeparaibanos, da qual, para constar, foi lavrada a presente Ata de Fundação. Etc. etc. etc.”

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A Grande Invocação Desde o ponto de Luz na Mente de Deus, que aflua Luz às mentes dos homens. Que a Luz desça à Terra. Desde o ponto de Amor no Coração de Deus, que aflua Amor aos corações dos homens. Que aquele que vem volte à Terra. Desde o Centro, onde a Vontade de Deus é conhecida, que o propósito guie as pequenas vontades dos homens. O propósito que os Mestres conhecem e a que servem. Desde o centro a que chamamos raça humana, que se cumpra o plano de Amor e Luz. E que se feche a porta onde mora o mal. Que a Luz, o Amor e o Poder restabeleçam o Plano Divino na Terra. Unidade de Serviço para Educação Integral Av. Nova Resende, 320 – sala 204 CEP: 27542-130 – Resende RJ – Brasil Tels(0xx24) 3351 1850 / 3354 6065

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12 - O Ponte Velha - Dezembro de 2013

Então é natal... Quando a gente menos espera já chegou o natal. Deve ser a tal da Ressonância Schuman. Não se sabe o que é, nunca vi nem comi eu só ouço falar? Então vai no Google porque se eu fosse explicar, tinha que ter um jornal inteiro. Natal, tempo de confraternização, de alegria, de felicidade. Pera aí... essa é Natal, no Rio Grande do Norte. Natal, nascimento de Jesus, é época de poluição sonora, ruas cheias, carros engarrafados, locutor em porta de loja, amigo oculto, festa de empresa. Jesus? Quem? Nunca vi nem comi, eu só ouço falar. Todo ano eu vou nos Correios e escolho uma cartinha que as crianças mandam para Papai Noel e eu compro um presente. Esse ano uma coisa me chamou atenção: enquanto as meninas pedem bonecas que falam, barbies, bicicletas e até tablets, os meninos TODOS pedem um boneco chamado Mac Stell. E claro, nunca vi nem comi eu só ouço falar. O tal do boneco lembra o Falcon da Estrela. Quem tem mais de 40 lembra dele, mas não é um boneco. É uma série deles, um

Fala, Zé Leon!

Zé Leon

com máscara, um sem máscara, um com colete, um sem colete, e por aí vai. E as mães que convençam seus filhos a ficarem com apenas um. Não satisfeita, a Sadia inventou agora a “ceia da árvore”. Quer dizer, mais um dia pra vender perú, chester... Jesus? Nunca vi nem comi eu só ouço falar. Em resumo, você pensa assim: to sem fazer nada, vou dar uma entradinha no face. E quando vê, já é natal na Líder Magazine. A importância do inglês na nossa vida Todo mundo sabe que saber inglês é útil, para trabalhar, pra viajar, pra ver filmes, ouvir música. Agora descobri que também é fundamental pra gente ficar cheiroso. Fui comprar um desodorante para mim e outro para minha mulher, e as opções são várias: para ela tem women powder, ative emotion, happy, nutritive, cotoon, extra fresh. Se fosse pra comprar maquiagem seria make up kit urban. Esfoliante é peeling, dermaquilante é pure. Níve é lotion express e Dove é summer tone. E para os homens? Aí eu endoidei de vez:

vaga, mas não paga para estacionar. Ok, você venceu, prefeitura. Mas então, tem que melhorar as condições do transporte público para incentivar as pessoas a deixarem seus carros em casa. Eu sou um que ando de ônibus sempre, mas tô sempre refém dos horários e de dar a sorte de pegar um ônibus mais novo, ainda mais morando em Engenheiro Passos. Baba do quiabo

Nílton Santos (1925-2013)

Men care, silver protect, bio for man, protection non stop, dry cool, dry powerdry impact, extreme ice e todos sem exceção são invisible. Acho que vou voltar a usar Minâncora. Estacionamento rotativo A prefeitura de Resende está instalando o sistema de estacionamento rotativo em Campos Elíseos. É bom, é civilizado, resendense detesta pagar estacionamento, mesmo custando dois reais (na rodoviária do Rio, a primeira meia hora é R$ 9,00), roda três quarteirões atrás de

Em duas semanas tomando água do quiabo (você corta dois quiabos no sentido longitudinal e deixa num copo com água à noite e bebe em jejum de manhã) e minha glicose caiu de 126 para 89. Quer dizer, o planeta tem 9 bilhões de pessoas, se 30% disso tiver a glicose alta, imagina 3 bilhões de pessoas comprando remédios? Não vai ser a indústria farmacêutica que vai dizer que quiabo abaixa açúcar do sangue. Cantinho do Botafogo

Eu amo o Botafogo E esse amor não traio E nem adianta chamá-lo De cavalo paraguaio. Nota: Os editores não se responsabilizam pelas opiniões emitidas por este colunista!

JG Contábil Ltda. CRC-RJ 004984/0

Rua Luiz Pistarini, n.º 30, sala 327 A, Campos Elíseos – Resende-RJ. Tel: (24) 3354-4646

Dr. Maurício Diogo

Reciclagem democrática

E tome presente de Natal! Eu adoro aprender, é algo muito valioso, o aprendizado. O mais incrível é que pode vir das fontes mais improváveis. A lição panamenha, por exemplo, mostrou como funciona a remessa de lucros, a sonegação e o retorno eleitoral via caixa dois. É incrível a inventividade de nossos empresários quando infiltrados no seio (tetas) do poder. É como um curso superior de “locupletismo”. Se fosse uma profissão regulamentada e de nível superior teríamos muitos doutores “Honóris Causa”.

Vamos trazer agora a lição para Resende, vejamos o presente de Natal que o governo municipal anunciou neste final de ano. A contratação da empresa Eurosul para a reforma da Secretaria Municipal de Fazenda, no valor superior ao R$ 1.200.000,00 ( isso mesmo, você não leu errado, um milhão e duzentos mil reais. Nota de empenho 2783/2013). O gasto se justifica pelo programa de modernização das administrações públicas, cujo objetivo é aumentar a eficiência do gasto público. Realmente é espantosa a eficiência, parece um incinerador. Voltando à lição panamenha, de quem será a EUROSUL? Quem serão seus sócios? Quem detém a procuração de plenos poderes para assinar pela empresa? Quem serão os verdadeiros beneficiários. Então, toda a lição tem um dever de casa. Otanes Sólon Fica a dica.

Joel Pereira Advogado - OAB.RJ - 141147

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