RESENDE E ITATIAIA - AGOSTO DE 2014 Nº 220 . ANO 20 - JORNAL MENSAL DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
“Ó Cidadela, minha morada, prometo salvar-te dos projetos de areia, e hei de bordar-te de clarins para tocarem na guerra contra os bárbaros”.
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Antoine de Saint-Exupéry (“Cidadela”, II)
Parahyba, rio de fibra. Sem pressa, o rio escorre. Sem graça, o rio morre.
Quando eu morrer, não soltem meu Cavalo nas pedras do meu Pasto incendiado: fustiguem-lhe seu Dorso alardeado, com a Espora de ouro, até matá-lo. Um dos meus filhos deve cavalgá-lo numa Sela de couro esverdeado, que arraste pelo Chão pedroso e pardo chapas de Cobre, sinos e badalos.
Assim, com o Raio e o cobre percutido, tropel de cascos, sangue do Castanho, talvez se finja o som de Ouro fundido que, em vão – Sangue insensato e vagabundo — tentei forjar, no meu Cantar estranho, à tez da minha Fera e ao Sol do Mundo! Ariano Suassuna (1927-2014)
2 - O Ponte Velha - Agosto de 2014
POLITICÁLYA
6) A IMPOPULAR OBRA DA GENERAL AFONSECA - Há muito tempo não víamos uma obra ser tão impopular entre os locais. Se fizermos uma enquete entre os moradores e comerciantes da General Afonseca, certamente teremos um descontentamento próximo de cem por cento. Talvez o Zerodoze vote a favor, para não pegar mal para o Governo. Além do mais, estão acabando com uma via alternativa, tornando obrigatório o uso de apenas um lado da General Afonseca. Não atrapalhava em nada as duas mãos da Avenida. Pelo contrário, funcionava como via alternativa à Cel. Mendes. Antes que nos perguntem o que entendemos de Engenharia de Trânsito, vamos logo falando que nos formamos na mesma faculdade do Superintendente de Trânsito de Resende. Essa prepotência de enfiar uma obra goela abaixo dos munícipes não combina com o Governo Rechuan. Nosso Prefeito é um homem educado, ponderado e com sensibilidade social. Está na hora de mandar ouvir os moradores e comerciantes da General Afonseca ...
1) O PENSAMENTO DO MÊS - Valeu a pena? Tudo vale a pena se a alma não é pequena (Fernando Pessoa). 2) CANDIDATOS A DEPUTADO FEDERAL - Em nossa microrregião, temos entre os candidatos: o Sargento De Paula, pelo PRB; o Vereador Pedra, pelo PDT; Silvio de Carvalho, pelo PR; a Professora Hevelyne Machado de Siqueira, pelo PSB, e Alexandre Serfiotis, pelo PSD. Luiz Fernando Pedra está no quinto mandato de vereador e foi o candidato a Deputado Federal mais votado em Resende, nas últimas eleições, ocasião em que alcançou aqui 12.198 votos. Silvio de Carvalho foi Vereador em Resende, de 1997 a 2000 e Prefeito de 2005 a 2008. Alexandre Serfiotis foi o segundo mais votado em Resende, na eleição de 2010, com 9.771 votos. A disputa promete ser eletrizante. O Sargento Carlos César de Paula, além de suas qualidades intrínsecas, certamente desfrutará do prestígio eleitoral do Senador Crivela, candidato a Governador do PRB; Pedra tem uma extensa folha de serviços prestados à população de Resende e concorre pela base aliada do Rechuan, o que poderá levar à informal dobradinha com a Dra. Ana Paula Rechuan. Silvinho foi um atuante Vereador e um Prefeito que deixou sua marca, tem um coordenador de campanha chamado Noel de Carvalho, além de um sólido vínculo com o Deputado Garotinho, posicionado à frente de todas as pesquisas como candidato a Governador do Estado do Rio. A Hevelyne Siqueira é uma conhecida professora, neta da saudosa Vereadora Emília de Moraes Machado, a Dona Miloca, de quem Hevelyne parece ter herdado a consciência social e a capacidade de trabalho. Alexandre Serfiotis é um requisitado médico na região, e escora-se em seu carisma e no excelente resultado nas últimas eleições, quando obteve 48.006 votos, no total. 3) DEPUTADOS FEDERAIS QUE FIZERAM POR RESENDE - Repetimos matéria do mês passado, para incluir o candidato Deley entre os que fizeram por Resende. O Deley também apresentou emenda parlamentar de R$ 500.000,00 para reforma do CRAS. Dentre os eleitos, os mais votados em Resende, na última eleição (2010) foram:
Nós costumamos falar mal dos deputados paraquedistas, aqueles que só aparecem por aqui na época da eleição. Angariam votos aqui, tudo na base da conversa fiada, e depois nada fazem para nossa cidade. Por outro lado, temos que enaltecer aqueles que obtendo votos em Resende, nos dão reciprocidade, apresentando emendas orçamentárias com direcionamento de recursos para a nossa cidade. Foi o caso do deputado Jair Bolsonaro (PP), que, dentre outras coisas, apresentou uma emenda conseguindo R$ 800 mil em equipamentos para a Santa Casa. O deputado Washington Reis (PMDB) conseguiu R$ 3 milhões e o Deputado Fernando Jordão (PMDB) conseguiu outros R$ 3 milhões, totalizando R$ 6 milhões em emendas beneficiando o Hospital de Emergência de Resende. O Deputado Leonardo Picciani (PMDB) apresentou emenda parlamentar destinando R$ 500 mil para a construção do CRAS. O Deputado Delley apresentou emenda destinando R$ 500 mil para o CRAS. Parabéns a estes Deputados que demonstraram merecer os votos obtidos aqui em Resende, e sucesso em suas novas empreitadas eleitorais. Também merecem destaque dois candidatos que, embora não obtendo expressiva votação em Resende, trabalharam pela nossa cidade: o Deputado Hugo Leal e a Deputada Andréa Zito, os quais alcançaram 305 e 172 votos em Resende,
Cabo Euclides e Professor Silva
Fernando Pessoa
respectivamente. Ainda que não tenham obtido uma votação expressiva, também destinaram emendas parlamentares para Resende. Hugo Leal destinou R$ 500.000,00 para o Festival Cultural e R$ 600.000,00 para a Reforma da Estação do Trenzinho. Andréa Zito aprovou R$ 341.783,00 para Pavimentação e Drenagem no Bairro Elite. 4) A OBRA DA AVENIDA GUSTAVO JARDIM - Ao que tudo indica, a obra da Avenida Gustavo Jardim ficará muito boa. Segundo os engenheiros e técnicos responsáveis pela obra, os alagamentos que ocorriam nos dias de fortes chuvas não se repetirão. Além de novas tubulações, foram colocadas grades de retenção de águas pluviais provenientes da Praça Oliveira Botelho e da Rua Cunha Ferreira. O canteiro central será retirado. Resumindo, a Avenida ganhará um novo visual e sua infra-estrutura colocará um fim aos inconvenientes alagamentos que ali aconteciam. Os transtornos sofridos pelos comerciantes certamente serão recompensados com os benefícios introduzidos pelas obras. 5) E AS FAIXAS DE PEDESTRES NA AVENIDA CORONEL MENDES, HEIM? - Infelizmente, o pessoal do Trânsito de Resende se encastelou na arrogância, na incompetência e na indiferença com a vida das pessoas. O trecho de 300m compreendido entre o Grupo Oliveira Botelho e a Padaria Luso Brasileira continua sem faixas de travessia de pedestres. Pior ainda: as antigas faixas foram apenas parcialmente cobertas por uma demão de tinta, deixando dúvida se continuam ou não em vigor. Não entendemos como o Rechuan ainda está mantendo esse time do trânsito. Parece que o Zerotrês também perdeu o controle sobre esses caras que vivem fazendo gol contra. Política, Zerotrês, se faz com um olho no santo e outro no andor. A opinião pública deve sempre ser levada em conta!
7) CANDIDATOS A DEPUTADO ESTADUAL - Depois de nossa matéria anterior, registramos mais dois candidatos a Deputado Estadual, a Arquiteta Sheila Cruz e o Médico Dr. Irani. Registramos, também, a retirada da candidatura de Noel de Carvalho, que assim preferiu para dedicar-se à candidatura de seu filho, Silvinho, a Deputado Federal. Desse modo, temos os seguintes candidatos: Dra. Ana Paula (PMDB), além de seus próprios atributos, tem o apoio da base do atual maior líder político do sul fluminense, o Dr. Rechuan, além de um forte candidato a Governador - Luiz Fernando Pezão; Dr. Julianelli tem seus serviços prestados, sua boa imagem pública e seu partido (PSOL) também tem um provável puxador de votos, o Deputado Marcelo Freixo; Professor Rogério Coutinho, conta com sua sólida formação moral e intelectual, com a militância do PT e com seu forte candidato a Governador, o Senador Lindberg; Pastor Eleon, militar e evangélico, muito bem referido, certamente irá usufruir do prestígio eleitoral do candidato a Governador do PR, o Deputado Federal Garotinho. Dois novos candidatos enriquecem a disputa: Sheila Cruz, conceituada arquiteta, é antiga militante do PSB, onde, como Presidente da Secretaria da Mulher, deixou sua contribuição partidária. Dr. Irani (PROS), consagrado médico, foi eleito vereador (ainda pelo PSB) nas últimas eleições, com 1.190 votos. Além de contar com seus próprios predicados, tem em sua esposa, Sheila Irani, uma grande parceira política. 8) A CASSAÇÃO DO MANDATO DE RECHUAN - um jornal cultural e mensal, como o nosso, não pode ter a pretensão de dar furos de reportagem.Temos que nos contentar com notícias requentadas, ou, até mesmo, correr o risco de dar uma notícia já ultrapassada. Entre escrever a matéria e a sua publicação, a coisa já pode ter mudado. Estamos torcendo para que o Prefeito Rechuan consiga uma liminar que lhe permita concluir o mandato, embora os especialistas da área considerem muito difícil que isto aconteça. De qualquer sorte, Rechuan deixará sua marca em Resende, pois se revelou, ao longo do tempo, um excelente político, reunindo as qualidades dos maiores políticos que já tivemos: ao Aarão Soares da Rocha, assemelha-se no “peito” para tocar obras, mesmo aquelas que, em princípio, incomodam os eleitores; tem a capacidade de articulação, a simpatia e a educação do Noel de Carvalho; o gosto pelo contato direto com o eleitor do Noel de Oliveira, e aprendeu a política científica do Eduardo Mehoas, tanto que manteve os Ricardos - gênios do marketing político. Então, onde foi que o Rechuan errou e continua errando? Na pressa de realizar, não analisou as coisas preventivamente, especialmente no aspecto jurídico. Ainda hoje mantém elementos em postos chaves, os quais por arrojo ou falta de conhecimento, acham que podem gerir a coisa pública como o fazem em seus negócios particulares. Qualquer Manual de Direito Administrativo, digno de ostentar este nome, ensina que: “Na Administração Privada, o agente pode fazer tudo o que a lei não proíbe; na Administração Pública, o agente pode fazer apenas o que a lei expressamente permite”. Enquanto o Rechuan não fizer um exame preventivo de suas ações e mantiver gestores com esse perfil “arrojado/desinformado”, estará correndo o risco de terminar sua brilhante carreira política como terminou a do Eduardo Meohas.
Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo. Fernando Pessoa, Tabacaria
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SEMPRE FACILITANDO A SUA VIDA
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Expediente Jornalista responsável: Gustavo Praça de Carvalho Reg. 12 . 923
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Agosto de 2014 - O Ponte Velha -
O Rosto de César As cidades são grandes latifúndios, grandes plantações de monocultura política (de commodities, como diz a língua do colonizador) e, de tempos em tempos, passam sobre elas alguns aviões pulverizando herbicida mental. Então, da noite para o dia, tal como numa chuva ácida ou numa densa fuligem industrial, as ruas ficam coalhadas de cartazes com rostos de expressão padronizada, principalmente nos muros e portões das casas dos bairros mais pobres. Não há nos olhares nenhuma angústia, nenhuma alegria genuína, nenhuma tristeza profunda, nenhuma apreensão com o rumo em que vamos, nada de muito humano. Predominam as camisas azuis, cor que, provavelmente, a ciência do marketing promoveu à neutralidade ideal. A grande maioria das pessoas dos cartazes não têm ligação orgânica com a cidade e a região. Apenas possuem – ou articulam – as fortunas necessárias às campanhas. Vão, quem sabe, arranjar uma verba federal para a cidade a troco de votarem alguma coisa com o governo. Uma verba para quê? Ficaremos sabendo depois, quando também seremos informados de que foi feito o melhor para nós, de acordo com a última palavra em tecnocracia. Tudo científico, tudo com estatísticas comprobatórias. Apenas, em geral, nada sensato. Mas os herbicidas jogados dos aviões, tanto nas lavouras vegetais quanto nas humanas, só confirmam, como um selo, o tipo de produção que já está determinado pelo gigantismo. O gigantismo - que acumula capital, terra, gente amontoada nas
Gustavo Praça
Menino e seu cachorro observam um caminhão de uma obra do PAC em Santo Antônio do Rio Grande, MG, na serra da Mantiqueira.
cidades e poder – é a pedra de toque. No ritmo da música que ele toca, “direita” e “esquerda” dançam de rosto colado, e nós ficamos cada vez mais longe de uma vida que o senso comum considera feliz; ficamos todos sentindo o cheiro ruim que exala dos fundos dos supermercados quando se abrem, ainda que rapidamente, as portas das câmeras frigoríficas, que é o mesmo cheiro ruim dos caminhões que cruzam irracionalmente o país-continente levando arroz do sul para o norte ou coisa que o valha, que
é o mesmo cheiro ruim dos rostos que não nos representam e que colamos nos muros de nossas casas. É por isso que a ideia de esquerda nos aparece hoje como a ideia de decrescer, de ser pequeno. Não mais “tomar” o poder no sentido de passar a operar a grande máquina (o que só resulta em reproduzí-la) mas sim de fazer política própria nas brechas do sistema gigante, de agir mais pela intuição do que por argumentos tecnocráticos, de perceber o sentido de ações que não vão render
muito dinheiro mas trarão mais plenitude e alegria, de empreender negócios do tamanho de nossa convivência saudável com o próximo, de procurar, como for possível, comida com menos veneno, de tentar, como for possível, educar os filhos mais do jeito que se acha que deve ser do que do jeito que o sistema programa. Essas ações nas brechas, essa organização própria da sociedade, vem acontecendo cada vez mais e parece uma reação natural do organismo contra algo que lhe tira a riqueza e a vitalidade. E essas muitas ações atômicas vão lentamente trazendo a representação política institucional para mais perto do senso comum, vão melhorando as caras dos cartazes, até dispensar os cartazes. Como diz o poeta Drummond: “as coisas vão melhorar/ são tão fortes as coisas”. Por sinal, a ação do Jesus histórico se dava à margem das moedas com o rosto de César. O reino dele não era daquele mundo que tinha o rosto de César na moeda, era o reino do grupo de amigos, da solidariedade e do amor, que ele devia acreditar que um
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dia converteria todo o sistema imperial de poder por conta da força e da beleza dos seres humanos bem realizados. A política institucional tem que se aproximar da sociedade orgânica para não perder completamente o seu sentido. E vamos terminar com um slogan para a TV: “ê ê ê ê, eu sou um brasileiro e mando um beijo pra você; e se você achar melhor, deixe a urna para lá”. PS- Um bom exemplo da nossa fraca representação democrática está acontecendo no Alto Penedo. Há mais de 20 anos, com pressão da comunidade, a Prefeitura desapropriou um terreno e fez um campo de futebol onde já jogaram algumas gerações. Eu estive na inauguração, quando Jair Alexandre colocou até uma placa de bronze. Pois bem: nunca se pagou a indenização à proprietária, considerando provavelmente que ela havia sido esmagada pela máquina do Estado. Agora, um camarada com disposição para briga comprou o terreno da antiga proprietária, comprou a encrenca, e cercou o campinho com arame farpado. A comunidade, revoltada, já arrancou a cerca. Alguém em represália quebrou as balizas, e assim a irresponsabilidade política vai criando uma guerra.
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Fechem as torneiras: a crise chegou
ITATIAIA em Pauta
Até então, ela estava lá em São Paulo e não era “problema nosso”. Hoje ela está vindo em nossa direção e não vai demorar muito todos os municípios do Vale do Paraíba serão afetados. Catastrofismo, profecia? Não, os fatos estão aí para quem quiser ver. No Jornal Hoje, da TV Globo, de 30/07/14, uma matéria sobre as consequências da crise de abastecimento de água já mostra os reflexos sobre o Rio Paraíba do Sul, nossa única fonte de abastecimento hoje existente. Na maioria das casas existe aquela caixa d’água de mil litros, suficiente para uma família de quatro pessoas. Se a família cresce, ou se há uma ameaça de falta de abastecimento, colocamos mais uma caixa como reserva. O Rio Paraíba é atualmente a nossa única caixa d’água. O consumo das cidades às margens desse rio só cresce, sem qualquer planejamento. São indústrias, agropecuária, empreendimentos imobiliários, concessionárias de serviços de água, tudo retirando água do rio. Ao contrário das nossas residências, não dá para termos mais um Rio Paraíba de reserva. Enquanto isso a vazão do rio vem diminuindo ano após ano, por vários motivos. Além do aumento do consumo das cidades, temos que considerar os maus tratos que o Rio Paraíba vem sofrendo pela ação irresponsável de prefeituras, empresas públicas e privadas e do próprio cidadão que joga lixo e esgoto no rio. Desmatar margens de rio é crime e imbecilidade ao mesmo tempo. O Rio Paraíba quase não tem mais as margens protegidas. Resultado: mais terra e lama (sedimentos) dentro do rio causando assoreamento (elevação do fundo) outro fator de degradação e causador de tragédias decorrentes de enchentes. Somente de esgoto doméstico são lançados um bilhão de litros por dia, segundo a Agência Nacional da Água (ANA). Prefeituras, que deveriam fiscalizar os atos nocivos ao meio ambiente, lançam seus esgotos no rio. A de Resende, por exemplo, em frente ao seu Centro Administrativo, joga o seu esgoto ali mesmo, é só passar e sentir o cheiro. A prefeitura tem dinheiro para “embelezar” a fachada da sua sede com caquinhos, elevando o custo das obras, mas não tem dinheiro para tratar o seu esgoto. A Prefeitura de Resende, em cumplicidade com a de Volta Redonda, há cerca de três anos, lançou milhares de litros de chorume de origem industrial dentro do Rio Paraíba usando como camuflagem uma estação de tratamento de esgoto doméstico que estava desativada e não era para tratamento de chorume. Se isso tivesse ocorrido em um país mais sério, os dois prefeitos, o Rechuan e o Neto, já estariam na cadeia. O julgamento deste caso será realizado em 11 de setembro próximo, data da destruição das duas torres gêmeas em Nova York. Quem sabe essas duas “torres” da nossa administração municipal, ambos cassados, não caiam também em caráter definitivo. Motivo para isso não falta: atentar contra um rio que abastece três estados é atentar contra a vida. Os técnicos chamam isso que está acontecendo com o Rio Paraíba de “stress hídrico”. Esse stress é decorrente da falta de gestão. Prefeitos são pessoas que só funcionam com farol baixo. Eles (existem exceções) só enxergam um palmo na frente do nariz. Projetos estratégicos, como os que envolvem abastecimento de água, que são de longa duração e ultrapassam o tempo dos seus mandatos, mesmo com reeleição, não são levados a sério. Prefeitos (há exceções) estão preocupados com as próximas eleições. O de Resende, por exemplo, está tentando eleger a sua sucessora. Ele precisa de alguém bem próximo na ALERJ para ajuda-lo a se defender do rio de processos (sem trocadilho) que está inundando a sua vida pública e privada.
Programa de microcrédito para pequenas empresas
Eliel de Assis Queirós
Presidente do Comitê pela Transparência e Controle Social de Resende.
Rei das Trutas (Direção Irineu N. Coelho)
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Durante o evento, Prefeitura informou sobre as mudanças na Lei Geral do Município, que trará benefícios aos pequenos empreendedores. Empreendedores e moradores participaram na tarde do dia 6/8 de um evento de apresentação da Lei Geral do Município, da Sala do Empreendedor e do Programa de Microcrédito da AgeRio (Agência Estadual de Fomento). No evento, na Câmara Municipal, foi lançado o Programa de Microcrédito da AgeRio, que apresentou os mecanismos de financiamento voltados para desenvolvimento regional aos pequenos empresários de Itatiaia e o trabalho que será realizado para operacionalização do programa. A finalidade da Lei Geral, que já se encontra na Câmara Municipal para aprovação, é desburocratizar o processo de legalização de empresas, promover o incentivo à participação das micro e pequenas empresas nas licitações municipais, fortalecer a atuação do agente de desenvolvimento local e estimular a formalização de microempreendedores individuais. Segundo o prefeito Luis Carlos Ypê, a iniciativa visa dar mais oportunidade de negócios para os moradores de Itatiaia. “Estamos vivendo um momento especial e queremos criar oportunidades e dar chance para as pessoas trabalharem. Trouxemos as grandes empresas, geramos emprego, mas também desejamos criar oportunidade para os pequenos empreendedores da nossa cidade. É muito importante que os micro e pequenos empresários estejam legalizados, com todas as licenças em dia, etc, para que possam participar de licitações”, afirmou. (Com PMI)
VIVA ITATIAIA - Voz nova nas redes sociais Além do “Ação Itatiaia” (www.facebook. com/groups/acaoitatiaia/), a cidade agora tem outra rede social, o Viva Itatiaia. O Movimento diz ter por objetivo fomentar o Desenvolvimento Sustentável da cidade de Itatiaia. O Viva Itatiaia faz parte da Rede Social Brasileira por Cidades Justas e Sustentáveis. Confira: https://sites.google.com/site/vivaitatiaia/ vivaitatiaia@hotmail.com Capela do Senhor dos Passos
Instituto Campo Bello inaugura seu centro cultural O Instituto Campo Bello, entidade voltada aos estudos sobre história e memória da Região das Agulhas Negras, inaugura seu centro cultural - o Estalagem -, no dia 6 de setembro. O novo espaço cultural tem sua sede numa antiga estalagem, construída à margem da Estrada do Picú, principal via de acesso a Minas Gerais, aberta nos idos de 1817. O prédio foi todo reformado, mantendo características da época e adaptado para a nova função. Deverá abrigar um auditório, sala de eventos e um ponto de memória da pecuária, com arquivo para o pesquisador e um café.
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Agosto de 2014 - O Ponte Velha -
Império dos sentidos
Alfred Eisenstaedt. LIFE, 1945
Embora um velho (principalmente para minha neta), não sou um moralista. Compreendo que o poder tem mais vícios que virtudes. Desde as orgias no império romano às festas povoadas do prostitutas de luxo nas mansões do lago sul, pouca coisa mudou. Afinal a perversão, assim como a solidariedade, são valores que nos diferenciam dos animais. Para melhor ou pior. Divagações ao largo, quero contar um fato ocorrido com um colega meu que recentemente flagrou sua esposa tendo um caso com um amigo “das circunstâncias”. Ouvi a história e tirei minhas conclusões.
Obviamente nas relações nascidas no poder não existem amigos, tolos são aqueles que acreditam nisso. Sejam os poderosos ou o séquito. Mas o caso em si demonstra uma ausência total de princípios morais, o que para um homem publico, deveria ser um impedimento. A permissividade que para alguns caracteriza a vida pública, sem dúvida não respeita a privada nem as relações por ela estabelecidas. No caso específico, pelo que foi relatado, não foi uma questão sentimentos. Em que protagonistas, arrebatados por uma paixão devastadora, cometessem ao ato. Ou então um deslize, uma bebedeira, onde a libido falando mais alto fez com que fizessem “tal loucura”. O que acontece entre dois adultos, só a eles pertence. A questão porém extrapola o aceitável quando, por luxúria, usando sua influência e poder, o canalha usa de todo tipo de subterfúgio para conseguir saciar seu apetite. Cerca, arma, premedita. Passa por cima de todos os valores: da amizade, do companheirismo, da família. Esse tipo de calhorda, em um primeiro momento é considerado um garanhão, seguido de comentários do tipo (e com a devida “finesse”): “É isso aí!
Gustavo, acabo de ler no seu jornal a carta que escreveu para sua filha, e choro... Um choro manso, limpo, modesto. O mais puro e inocente choro! O choro do tempo que tudo era mais digno e mais sóbrio. Na carta você agradece à sua filha o presente que ela lhe ofereceu – máquina de lavar e de secar roupas – dizendo que gostaria mais, se ela trocasse tal sugestão, por um varalzinho daqueles que se deslocam, para que nos dias de chuva, pudesse ser colocado dentro de casa. Que lhe caía bem o velho tanque! Agora, recebendo no pedaço quebrado, uma avenca orgulhosa do seu verdor. Além disso, escreve a ela que você tem prazer em lavar as roupas com as mãos, o que é gostoso, salutar, dando-lhe, de quebra, a oportunidade de ver suas unhas crescidas, ao contrário do tempo que trabalhava na redação de um jornal da cidade grande. E que por conta da ansiedade, você as roía. Menciona, também, suas idas eventuais a “lan house” e, a volta da escrita com papel, lápis e borracha. Pergunto ao Senhor, de onde vem esta ordem, esta benção, presenteando algumas pessoas da nossa família? Desde os nossos mais remotos ancestrais? Este estar atento à miudeza? Aos semitons? Nós, então, na contramão da vida! Nós, que nãos seguimos as setas indicando o caminho
Comigo é assim mermô: Deu mole eu passo na Vara!” Ou então “Mulher de amigo meu é homem... só boto no c... “. Mas até mesmo os machos (aqueles de caráter, obviamente...) sabem que o sujeito que faz este tipo de coisa é um grande filho da puta. Esse meu colega ainda procurou a esposa do devasso. Ela lhe disse simplesmente para que ele entrasse na fila, como ele havia muitos. Agora pergunto: Quem apóia este tipo de depravação? Otanes Solon
Carta a Gustavo Martha Carvalho
Tania, “As lavadeiras”
chamado de ideal, a ser cumprido. Aquele que serve melhor às ilusões do que à realidade. Pegamos foi um atalho pressentido, levando-nos em cortejos do mistério, à busca da transcendência. Eu encontro-me no meio, ou quase, desta trilha sagrada, mas o meu interior, faz tempo, retornou aos velhos tanques das antigas casas, onde eu e minha família moramos mundo afora. Enquanto lavava roupa, eu alargava o sentido da existência, o sentimento do efêmero. Tal qual, agora, quando escrevo. Entretanto não consegui, ainda, chegar até o lápis e a borracha. Trabalho a mão e em cadernos – adoro cadernos –, mas perseguida pela caneta.
Aqui, do meu antigo vale, do meu brejo, recolhida na concha da minha alma, eu viajo! Viajo escrevendo a mim mesma, e sem sair do lugar. Reencontro pessoas, mato saudades e festejo. Eu, então florida, chegando de viajem na estação ferroviária do “Admirável Mundo Novo”, que passou disparado, à frente da previsão do Huxley, e também do George Orwell. Eu, perplexa perante o vazio camuflado pelo excesso! Você se lembra, Gustavo, que no tempo da Tapejara, eu tinha uma casinha de barro e sapé, onde depenava galinha e no fogão de lenha, em panelas de ferro, preparava refeições servidas em baciazinhas de alumínio? Lavando os panos de prato, e de mão, com sabão de
barra, na bica de taquara? Que também, eu e meu irmão fizemos e cuidávamos de um galinheiro, uma bela horta, e uma pequena roça de feijão e milho? Tudo na enxada, deixando-nos calos, do que nos orgulhávamos? Isto, Gustavo, pode ter sido uma forma de celebrar a vida... Era minha farra honesta... O meu baile escolhido. O sócio do meu pai no hotel permitiu que eu lavasse sua roupa. No tanque velho, eu abria a trouxa, colocava as peças de molho, para quarar, esfregar com força e leveza, e finalmente enxaguar e pendurar no varal. Eu tinha 13 anos. Não deixava faltar o anil para os tecidos brancos, e nem a goma feita com maisena, para algumas peças raras. Depois passá-las com ferro a carvão, soprar a brasa até vê-la ardendo, levando-me a perambular a esmo... Ah, tempo ditoso! Gustavo, voltar ao tanque, ao lápis, caderno e borracha, pode até ser considerado retrocesso. Um retrocesso que geme e que leva ao delírio... Que pode estar tanto na franja quanto no âmago da realidade, e a distância entre uma coisa e outra, igual – quem sabe – à que no santuário, separa a imagem do devoto. De qualquer forma, a vida breve vem nos permitindo cumprir a nossa natural propensão. Sou grata! Amor e admiração da Martha
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6 - O Ponte Velha - Agosto de 2014
Ariano Suassuna - Um cabra apocalíptico muito além das esquerdas
A perda de Ariano Suassuna representa para o Brasil o enfraquecimento da corrente de pensadores que tem procurado estabelecer uma espécie de genealogia da alma brasileira. Da música à literatura, passando pela sociologia, história, antropologia e - por que não? - filosofia, tal linhagem vem de Gândavo, Anchieta e Vieira, recebe o tributo dos mestres mulatos do Barroco mineiro, deságua em Alencar e Machado, torna-se perplexa com Farias Brito, Silvio Romero e Euclides da Cunha, revolucionária com Eduardo Prado, Villa Lobos e Monteiro Lobato, melancólica com Paulo Prado e Ernesto Nazareth, erudita na pena de Gilberto Freyre e Sérgio Buarque. Uma “seleção brasileira”, cujas notas místicas ficaram a cargo de gente do naipe de Jackson de Figueiredo, Alceu Amoroso Lima e Gustavo Corção, nos permite aproximar Ariano de Nelson Rodrigues e Guimarães Rosa. Mas o que é que torna esta seleção uma realidade combativa e eloquente? Creio que é o apelo ancestral do mistério, que convoca o bandeirante ao Sertão, nosso “mar português”... Atavismo? Acho que não; este conceito tacanho inventado pelo positivismo não pode compreender a amplitude de ideias e sentimentos que entretecem as utopias do Quinto Império, o realismo de uma Cristandade entranhada de tópicos medievais e a macunaímica zombaria do modernoso. Ariano foi um de nossos mestres do humor, aquele limiar entre o sofrimento de estar exilado e a esperança que nos defende do ceticismo. O texto de Ubiratan Brasil (O Estado de São Paulo, 23/7/2014), nos proporciona uma competente abordagem da obra desse cangaceiro cultural. (MCB) O autor foi exemplo de resistência na defesa da genuína cultura nacional A imortalidade parecia não bastar para Ariano Suassuna, também interessado na onipresença – membro da Academia Brasileira de Letras desde 1990, que lhe garantia a simbólica perenidade, o escritor paraibano cruzava o Brasil com suas famosas aulas espetáculos, encontros disputadíssimos em que ele relembrava fatos, comentava sobre a atualidade, discorria sobre literatura. Na verdade, Suassuna está fundamentalmente enraizado na cultura brasileira, defendendo-a com clamor, mas também com rigor, separando o joio do trigo. “Um país que tem Os Sertões pode ser dominado politicamente, pode ser aviltado, mas estará sempre a salvo”, disse, certa vez, reafirmando a defesa de uma causa que lhe garantiu acusações de xenofobia, especialmente quando investia contra o que considerava lixo cultural imposto por nações como os EUA. Ele dava de ombros: “Sou velho mas tenho muita energia. Quem quiser duelar comigo, que venha preparado”. Homem obstinado – não media esforços para traduzir em palavras e imagens a grandeza de seu universo tão particular, de onde saíram personagens e tramas fantásticas – em todas as acepções da palavra. Ariano Vilar Suassuna nasceu em João Pessoa, na Paraíba, em 16 de junho de 1927. Com 3 anos, seu pai, João Suassuna, foi assassinado por motivos políticos, no Rio, e a família foi
obrigada a se mudar para o interior do Ceará. Lá, Ariano fez seus primeiros estudos e assistiu pela primeira vez a uma peça de mamulengos e a um desafio de viola, cujo caráter de “improvisação” seria uma das marcas registradas também da sua produção teatral. Na literatura, estreou em 1947, com Uma Mulher Vestida de Sol, mas foi com Auto da Compadecida (1955) que se tornou nacionalmente conhecido. A peça nasceu da fusão de três folhetos de cordel: O Enterro do Cachorro, O Cavalo Que Defecava Dinheiro e O Castigo da Soberba. Conta com 16 personagens e exibe conexões com o teatro medieval, especialmente com Calderón de La Barca. Tal mescla se tornou uma de suas principais características. A sátira social marca O Casamento Suspeitoso, de 1957, a menos rural das peças de Suassuna, não apenas pelo tema como pela estrutura. Com O Santo e a Porca, também do mesmo ano, Suassuna criou personagens
pertencentes às famílias constituídas e a temática em ambas é centrada no interesse pelo dinheiro associado ao matrimônio. Na verdade, os personagens retomam a tradição do teatro popular, “a dupla circense que o povo, com seu instinto certeiro, batizou admiravelmente de o Palhaço e o Besta”, como disse ele, certa vez. Outros elementos típicos da cultura brasileira que ali aparecem são o bumba meu boi e a propaganda popular nordestina. Suassuna ainda evocava os empregados espertos e independentes de Molière e da Commedia dell’Arte. A mistura de elementos aparentemente tão díspares confere um tom singular à obra, pois Suassuna exibe uma sociedade voltada para o esnobismo e a difamação – assim, a simpatia do público é naturalmente dirigida aos que se opõem a essa sociedade ou dela são excluídos. “Meu teatro procura se aproximar da parte do mundo que me foi dada”, disse. “Um mundo de sol e de poeira, como o que conheci em minha infância, com atores ambulantes ou bonecos de mamulengo representando gente comum e, às vezes, representando atores, com cangaceiros, santos, poderosos, assassinos, ladrões, palhaços, prostitutas, juízes, avarentos, luxuriosos, medíocres, homens e mulheres de bem – enfim, um mundo de que não estejam ausentes – senão no teatro, que não é disso, mas na poesia ou na novela – nem mesmo os seres da vida mais humilde, as pastagens, o gado, as pedras, todo esse conjunto de que o sertão está povoado.” Ariano também foi o idealizador do Movimento Armorial, que tem como objetivo criar uma arte erudita com os elementos da cultura popular do Nordeste brasileiro. Tal movimento procura orientar para esse fim todas as formas de expressões artísticas: música, dança, literatura, artes plásticas, teatro, cinema, arquitetura, entre outras. Dos seus textos narrativos, o mais marcante foi O Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta, publicado em 1971. Inspirado em um episódio ocorrido no século 19, no interior de Pernambuco, o livro acompanha Quaderna, personagem que é preso na cidade de Taperoá por subversão. Ele faz a própria defesa diante do corregedor e, para tanto, relata a história de sua família, escrita na prisão. Declara-se descendente de legítimos reis brasileiros, castanhos e “cabras” da Pedra do Reino – sem relação com os “imperadores estrangeiros e falsificados da Casa de Bragança” – e conta o seu envolvimento com as lutas e as desavenças políticas, literárias e filosóficas no seu reino. Um “romance-memorial-poema-folhetim”, como definiu Carlos Drummond de Andrade, o livro é considerado um monumento literário à cultura caboclo-sertaneja nordestina, marcada pelas tradições do mundo ibérico.
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Agosto de 2014 - O Ponte Velha -
A FILOSOFIA DO PENETRAL
Há muito tempo que eu desejava me instruir sobre aquela profunda Filosofia clementina, para me ajudar em meus logogrifos. Por isso, avancei: - Clemente, esse nome de “penetral” é uma beleza! É bonito, difícil, esquisito, e, só por ele, a gente vê logo como sua Filosofia é profunda e importante! O que é que quer dizer “penetral”, hein? Clemente, às vezes, deixava escapar “vulgaridades e plebeísmos” quando falava, segundo sublinhava Samuel. Naquele dia, indagado assim, respondeu: - Olhe, Quaderna, o “penetral” é de lascar! Ou você tem “a intuição do penetral” ou não tem intuição de nada! Basta que eu lhe diga que “o penetral” é “a união do faraute com o insólito regalo”, motivo pelo qual abarca o faraute, a quadra do deferido, o trebelho da justa, o rodopelo, o torvo torvelim e a subjunção da relápsia! - Danou-se! - exclamei, entusiasmado. - O penetral é tudo isso, Clemente? -Tudo isso e muito mais, Quaderna, porque o penetral é o “único-amplo”! Você sabe como é que “a centúria dos íncolas primeiros”, isto é, os homens, sai da “desconhecença” para a “sabença”? - Sei não, Clemente! - confessei, envergonhado. - Bem, então, para ir conhecendo logo o processo gavínico de conhecimento penetrálico, feche os olhos! - Fechei! - disse eu, obedecendo. - Agora, pense no mundo, no mundo que nos cerca! - O mundo, o mundo... Pronto, pensei! - Em que é que você está pensando? - Estou pensando numa estrada, numas pedras, num bode, num pé de catingueira, numa Onça, numa mulher nua, num pé de coroa-de-frade, no vento, na poeira, no cheiro do cumaru e num jumento trepando uma jumenta! - Basta, pode abrir os olhos! Agora me diga uma coisa: o que é isto que você pensou? - É o mundo! - É não, é somente uma parte dele! É “a quadra do deferido”, aquilo que foi deferido a você, como “íncola”! É “o insólito regalo”! É “o côisico”, dividido em duas partes: a “confraria da incessância” e “a força da malacacheta”, representada, aí no que você pensou, pelas pedras. Agora pergunto: tudo isso pertence ou não pertence ao penetral? - Não sei não, Clemente, mas pela cara que você esta fazendo, parece que pertence. - Claro que pertence, Quaderna! Tudo pertence ao penetral! Tudo se inclui no penetral! Entretanto, para completar “o túdico” você, na sua enumeração do mundo, deixou de se referir a um elemento fundamental, a um elemento que estava presente e que você omitiu! Que elemento foi esse, Quaderna? - Sei não, Clemente! - Foi você mesmo, “o faraute”! O Faraute não, o Quaderna! - disse eu logo, cioso da minha identidade.
O Movimento Armorial foi organizado oficialmente na década de 1970. Ariano Suassuna partiu da ideia de buscar formas de intervir no que chamava de “cultura brasileira”, encarada por ele como uma espécie de patrimônio nacional, preservado no povo. Segundo Suassuna o movimento tinha como objetivo, “criar uma arte erudita brasileira a partir das raízes populares da nossa cultura, e de combater, assim, o processo de vulgarização cultural ao qual ainda hoje nos encontramos submetidos”.
“Isso eu não sei... Só sei que foi assim”
Ariano Vilar Suassuna nasceu na Cidade da Paraíba, atual João Pessoa, no dia 16 de junho de 1927. Com a Revolução de 1930, seu pai João Suassuna foi assassinado por motivos políticos no Rio de Janeiro, e a família mudou-se para Taperoá, onde Ariano fez seus primeiros estudos. A partir de 1942 passou a viver no Recife, onde ingressou na Faculdade de Direito. Em 1947, escreveu sua primeira peça, Uma Mulher Vestida de Sol. Ficou mais conhecido pelo Auto da Compadecida (1955), peça que o projetou em todo o país e que seria considerada, em 1962, por Sábato Magaldi “O texto mais popular do moderno teatro brasileiro”. Em 1956, abandonou a advocacia para tornar-se professor de Estética na Universidade Federal de Pernambuco. Em 1959, participou da fundação do Teatro Popular do Nordeste. No início dos anos 60, interrompeu sua bem-sucedida carreira de dramaturgo para dedicar-se às aulas de Estética na UFPE. Ali, em 1976, defende a tese de livre-docência A Onça Castanha e a Ilha Brasil: Uma Reflexão sobre a Cultura Brasileira. Ariano morreu em 23 de julho de 2014.
(Wikipedia sem edição pelo Palácio do Planalto)
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- O Quaderna é um faraute! - insistiu Clemente. Como aquilo podia ser alguma safadeza, reagi: - Epa, Clemente, vá pra lá com suas molecagens! Faraute o quê? Faraute uma porra! Faraute é você! Não é besta não? - Espere, não se afobe não, homem! Faraute não é insulto nenhum! Eu sou um faraute, você é um faraute, todo homem é um faraute! - Bem, se é assim, está certo, vá lá! E o que é um faraute, Clemente? - Ora, Quaderna, você, leitor assíduo daquele Dicionário Prático Ilustrado que herdou de seu Pai, perguntar isso? Vá lá, no seu querido livro de figuras, que encontra! “Faraute” significa “intérprete, língua, medianeiro”! O curioso é que “a quadra do deferido” e o “rodopelo” pertencem ao penetral, mas o faraute, seja “nauta-arremessado” ou “tapuia-errante”, também pertence! Não é formidável ? É daí que se origina “o horrífico desmaio”, o “tonteio da mente abrasada”! Inda agora, quando pensou no mundo, você não sentiu uma vertigem não? - Acho que não, Clemente! - Sentiu, sentiu! É porque você não se lembra! Quer ver uma coisa? Feche os olhos de novo! Isto! Agora, cruze as mãos atrás da nuca! Muito bem! Pense de novo naquele trecho do insólito regalo em que pensou há pouco! Está pensando? - Estou! - Agora, me diga: você não está sentindo uma espécie de tontura não? Eu, que sou impressionável demais, comecei a oscilar, sentindo uma tonteira danada, na cabeça. Pedi permissão a Clemente para abrir os olhos, porque já estava a ponto de cair da sela. O Filósofo, triunfante, concedeu: - Abra, abra os olhos! Como é? Sentiu ou não sentiu a vertigem? Sabe o que é isso? É a “oura da folia”, início da “sabença”, da “conhecença”! A oura causa o “horrífico desmaio”. Este, leva ao “abismo da dúvida”, também conhecido como “a boca hiante do contempto”. O abismo comunica ao faraute a existência do “pacto” e da “ruptura”. A ruptura conduz à “balda do labéu”. E é então que o nauta-arremessado e tapuia-errante torna-se único-faraute. Isto é, o faraute é, ao mesmo tempo, faraute do insólito-regalo, faraute do rodopelo e faraute do faraute! Está vendo? O que é que você acha do penetral, Quaderna? - Acho de uma profundeza de lascar, Clemente! Para ser franco, entendi pouca coisa, mas já basta para me mostrar que sua Filosofia é foda! Mas o que é, mesmo, penetral? - Vá de novo ao “pai-dos-burros”! “Penetral” é “a parte mais recôndita e interior de um objeto”. Mas, na minha Filosofia, essa noção é ampliada, porque além de abranger a quadra do deferido e o rodopelo, o penetral abrange também o faraute, através da subjunção da relápsia! (Romance d’A Pedra do Reino, 1971.)
“A Arte Armorial Brasileira é aquela que tem como traço comum principal a ligação com o espírito mágico dos “folhetos” do Romanceiro Popular do Nordeste (Literatura de Cordel), com a música de viola, rabeca ou pífano que acompanha seus ´cantares´, e com a Xilogravura que ilustra suas capas, assim como com o espírito e a forma das Artes e espetáculos populares com esse mesmo Romanceiro relacionados.” (AS)
8 - O Ponte Velha - Agosto de 2014
Festa de São Benedito Capela de São Benedito em 1948
Órgãos da imprensa e redes sociais têm noticiado que a tradicional festa de São Benedito - que se diz ser “centenária” -, em Engenheiro Passos, não ocorrerá este ano. Argumenta-se que não está havendo entendimento entre o representante da Prefeitura e a “comunidade religiosa” em torno da data, que tem sido em setembro, distante do dia em que o santo é celebrado, 5 de outubro. Ouvido pelo Ponte Velha, o pároco Jan Franciok disse querer apenas restituir à festa seu espírito religioso. Acrescentou que os festejos entraram há décadas na agenda cultural do município, desvirtuando-se a comemoração do padroeiro, com a administração da superintendência de eventos, cobrança de aluguel aos barraqueiros que vêm de cidades próximas fazer seus negócios, sem compromisso com a comunidade, tocando música insuportavelmente alta durante quatro noites, e atraindo muita gente à procura de diversão com baixo nível, que afasta as famílias.
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Voto Obrigatório Paulo Mauá
Em todas as épocas houve tempo de afinos e desafinos, mas sempre ecoou o grito popular afinado com a sabedoria universal, rogando em todas as línguas e tons por um mundo melhor. Mas melhor agora, porque o futuro... O que é o futuro?, a não ser a palavra chave para eleger futuros mandatários com suas promessas para depois de eleitos, que depois de empossados e cobrados dirão: “já estão nos projetos futuros porque agora tratamos do presente” - e começam a votar leis que os impeçam de terem futuros problemas.
Ô maiada, as turma tá tudo falano de morte nesta edição... Será medo de onça, de saci ou da Marina?
Huummmmm O homem é ser para a morte, morte e vida severina.
AEDB inaugura exposição de artista multimídia No Corredor Cultural da Associação Educacional Dom Bosco – AEDB, aconteceu a inauguração da exposição “Cotidiano”, com telas de autoria do artista multimídia e publicitário, Anderson de Souza. A exposição é uma atividade cultural extracurricular, estendida à comunidade, como parte das comemorações do 50º aniversário da AEDB. A mostra das telas de Anderson ficará aberta ao público até o dia 19 de setembro O horário de visitação é de 2ª a 6ª feira, das 8,30h às 12,30h e das 18h às 22 horas. E aos sábados, de 8,30h às 12,30h. Natural de Barra do Piraí e residindo em Volta Redonda, Anderson de Souza tem formação na área de comunicação e, atualmente, cursa Artes Visuais e Multimeios na Unicamp. Suas maiores influências artísticas são a pop art e o movimento de arte de rua. Em seu trabalho artístico, ele aborda as experiências limites onde o caos externo da cidade e o caos interno das pessoas mesclam-se. “Meu objeto de pesquisa é a relação entre o humano e o urbano”, sintetiza o artista. Anderson já realizou inúmeras exposições individuais e participou de coletivas em cidades da região e também no Rio de Janeiro e em Niterói. Em 2013, foi premiado no 1º Salão de Artes Visuais do Centro de Cultura França Alemanha, em Niterói.
Agosto de 2014 - O Ponte Velha -
Não queremos mais o veneno na mesa nem no campo brasileiro alimentos consumidos no Brasil e ocupa menos de 25% das terras. Ou seja, o agronegócio, que ocupa cerca de 75% das terras brasileiras, contamina o meio ambiente e não nos alimenta.
Lila Almendra
“Só me ficaram com metade do carregamento, dizem que passou a haver menos compradores para o barro, que apareceram à venda umas louças de plástico a imitar e que é isso que os clientes preferem, Não é nada que não devêssemos esperar, mais tarde ou mais cedo teria de suceder, o barro racha-se, esboicela-se, parte-se ao menor golpe, ao passo que o plástico resiste a tudo e não se queixa. A diferença está em que o barro é como as pessoas, precisa que o tratem bem (...)” José Saramago
No sábado 9 de agosto assistimos ao filme “O Veneno está na Mesa 2” no Centro Cultural da Associação Arcanjo Gabriel, em Penedo. Realizado por Silvio Tendler em parceria com a Fiocruz, o filme apresenta alternativas de produção agrícola baseadas na agroecologia e na agrofloresta, em busca de opções que fujam das injustiças inerentes ao agronegócio, cujo alimento carrega veneno e sementes transgênicas capazes de contaminar o produtor e o consumidor e gerar diversas doenças para o homem e para a terra. A conversa depois da sessão foi leve e profunda como a prática zen, um diálogo travado pelos habitantes da região, herdeiros tanto do movimento da contracultura – que aqui chegou muito antes das indústrias automobilísticas – quanto de saberes ancestrais de uma cultura tradicional das montanhas, como bem ressaltou o Rodrigo Rodrigues. Nossas indagações iam no sentido de buscar caminhos para uma soberania alimentar agroecológica, que, como diz uma das entrevistadas, é o caráter de produção que não porta em si injustiças sociais, de gênero, nem a exploração ou contaminação do homem do campo. As conseqüências do uso de agrotóxicos ¬– sem adentrar no mérito das sementes transgênicas – são desastrosas: os trabalhadores rurais são os primeiros a sofrerem os efeitos dos venenos com que lidam diariamente nas lavouras, sintomas que vão desde distúrbios nervosos e depressão a intoxicação aguda e cancêr. Esses produtos, encara-
Flagrante do evento
dos como a solução para as pragas da lavoura, matam tudo com o que se deparam, e exatamente por isso afetam tudo o que é vivo: animais, plantas, água, ar e terra são contaminados nas áreas de pulverização dos agrotóxicos. Ao notar como sofrem os trabalhadores rurais e suas famílias ao estarem diariamente em contato com veneno e recorrentemente se depararem com o câncer e outras manifestações de intoxicação eu me lembrei dos africanos contaminados com o ebola e dos palestinos refugiados em seu próprio território; exemplos de indivíduos desvalorizados pela civilização, cuja penúria parece não ser suficiente para que haja mobilização capaz de alterar o curso de sua trajetória. Me parece que já é hora de não aceitarmos um Brasil rural causador de sofrimento e mortes em nome do lucro de grandes empresas. Luis Felipe Cesar nos lembrou que a Universidade Rural tem uma fazendinha agroecológica modelo em Seropédica, que reproduz uma unidade de produção familiar, e que pode
ser visitada. Aí está demonstrada a viabilidade da produção em menor escala, que incorpora lógicas de solidariedade e cooperação, diferentes da lógica das commodities para exportação oriundas dos latifúndios monocultores. Esses latifúndios são em geral mecanizados, adquirem máquinas que valem milhões enquanto os trabalhadores vão gradualmente sendo expulsos do campo, sem espaço para sua produção familiar, gradativamente esmagados pelas imensas propriedades. É importante atentarmos ao fato de que o uso de venenos na produção alimentícia segue a lógica virtual dos grandes mercados, que busca a elevação do valor de suas ações, o que acaba pressionando o valor dos alimentos consumidos pelas famílias no mercado interno. Alan Tygel salientou que a fome no mundo se deve mais aos trâmites do mercado financeiro do que à escassez de alimentos. Nesse caso, a soja ou milho exportados viram ração ou produtos beneficiados que não colaboram na alimentação das pessoas. A agricultura familiar produz cerca de 70% dos
“O agronegócio se assenta no conceito de produtividade, que consiste em extrair o máximo da terra em um ciclo de produção. Essa é a diferença para a agricultura camponesa porque o camponês extrai o máximo da terra, mas não em um ciclo porque sabe que ao fim de uma colheita a terra, assim como nós, precisa repousar. Isso é absolutamente incompatível com lógica de produtividade capitalista, que quer máximo lucro em um ciclo de produção. Por isso, a monocultura capitalista precisa dos agrotóxicos.” Boaventura de Sousa Santos
Já suspeitávamos que os saberes dos povos tradicionais valem muito mais do que a revolução verde nos fez crer, e hoje cada vez mais notamos que uma propriedade pode ser gerida de modo que exista diversidade e qualidade. Por isso, no lugar da ocupação da terra pelo latifúndio da monocultura, defendemos que ela seja ocupada por uma unidade agroecológica, modo de cultivo que compreende a terra como um ser vivo e que produz alimentos dentro da lógica de cuidar da terra e de toda a unidade agricola num só movimento; homens, animais e plantas crescem e evoluem em harmonia, sem venenos e sem injustiças e explorações.
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Para quem busca soluções agroecológicas de produção, existem inúmeras alternativas acessíveis e sustentáveis: são biofertilizantes, produção agroflorestal, adubagem orgânica, compostos biodinâmicos, consorciação de plantas amigas, que crescem próximas e se ajudam, etc (citados aqui vulgarmente por uma leiga, e podem ser melhor detalhados por especialistas hortelãos). Ao fim de nossa conversa, saímos com a vontade de consumir alimentos orgânicos e agroecológicos, além de incentivar uma produção justa em nossa região. Marcados pela instalação de indústrias automobilísticas e até fábricas de agrotóxicos, como a Novartis, não nos esquecemos de nossa tradição rural. Os saberes e práticas da roça nos orgulham e incentivam a seguir na luta pela manutenção e renovação da produção agrícola em harmonia com a terra e demais seres vivos. “Não adianta pensar que a luta de classes não é importante porque já vimos que o colonialismo, o sexismo e o capitalismo andam junto, portanto, não faz sentido lutar pelo meio ambiente se não se luta pelas comunidades quilombolas, pelos territórios dos indígenas, pelos povos de rua, pela seguranças dos travestis, contra os massacres de homossexuais.” Boaventura de Sousa Santos
10 - O Ponte Velha - Agosto de 2014
Do improvável ao possível
A estrela na Curva da Morte
Luis Felipe Cesar
A morte, nosso destino físico certo, ainda assim é sempre inesperada e desconcertante. E muito mais nos desconcerta quando acontece entre um minuto e outro do cotidiano. Fica uma sensação de mundo suspenso, vontade de parar tudo e desfrutar do simples presente de ser e estar onde estamos. A morte comove e ultimamente não faltam tragédias. Gente famosa, massacres no Oriente Médio, ebola na África, aviões pulverizados e os muitos anônimos de cada dia, de longe e de perto. A sensação é de aleatório puro, imprevisível. No caso do candidato Eduardo Campos é inevitável pensar numa causalidade substituindo a casualidade; na luta transparente e intensa de coleta de assinaturas para formação do Partido Rede Sustentabilidade; na inesperada avaliação de que faltariam “assinaturas válidas” para registrar o novo partido; na obstinação surpreendente de Marina em se manter, mesmo sendo coadjuvante, na disputa política; no acidente imprevisto que retira de forma trágica Eduardo Campos do cenário e coloca Marina Silva, mais uma vez, no coração de uma disputa presidencial, porém agora com mais chances do que nunca.
Sempre achei que as melhores histórias são escritas pela própria vida real. Quem seria capaz de conceber tal enredo, que a partir da tragédia faz nascer uma nova e potente candidata a presidente? O passado nos pressiona com suas surpresas. É impossível mudar o que passou, mas a nós cabe forjar o futuro inspirados pela transformação do improvável no possível. Nem mais parece morte e sim ressurreição.
Há uma estrela na Curva da Morte, uma estrelinha apenas, um ponto de luz. Poucos sabem disso, além de mim; os outros só veem trevas. Seu brilho solitário não é capaz de rivalizar com as sombras das cruzes que, ao cair da tarde, se espreguiçam no asfalto. Nem sempre teve a Curva esse nome; antes, pelo que me consta, não possuía nome algum. Era um trecho de estrada como outro qualquer, numa época em que asfalto era luxo e o trânsito, mínimo. Ademais, havia outras curvas perigosas ao longo do percurso. Mas nenhuma delas teve competência para construir sua fama. A exceção foi a Curva da Morte. A estrada ligava inúmeras fazendas entre si e todas ao município. Aqui e ali, alguns raros povoados interrompiam a monotonia do sertão. Da primeira tragédia ninguém se esquece. Foi nos idos do cinquenta e oito, ano em que a estiagem assolou a região. Uma família inteira de retirantes – o pai, a mãe e a avó, dois moleques e a pequena, ainda de colo – jamais chegaria ao seu destino. Na altura da Curva, o caminhão de Maciel Ferraz perdeu os freios, inexplicavelmente. Jurou o motorista (mas quase ninguém lhe deu crédito) que os transeuntes ignoraram a sua buzina, nem sequer ameaçaram se esquivar da morte, esperaram resignados pelo lance fatal...
Rosel Ulisses Vasconcelos
Na década seguinte, seria o próprio Maciel a vítima. Dizem alguns que dormiu ao volante, o que é o mais provável. Seja como for, a condução sobrou na Curva. Deram com o pau-de-arara de rodas para o alto, quinze metros ribanceira abaixo. A carroçaria, por sorte, ia desocupada, o que não chegou a servir de consolo para a família do morto. Igualmente triste foi o caso de Núbia Mariano, a “viúva-virgem”, como para sempre ficou conhecida. Ao retornar da festa nupcial, em fazenda de propriedade de seu pai, perdeu o esposo na Curva da Morte. Um frondoso juazeiro que margeia a estrada traz ainda no tronco a marca da batida. Mariano não se refez jamais. Vive só, trancafiada em seus pensamentos, mergulhada em luto permanente. Cruz após cruz, a fama de lugar amaldiçoado foi se cristalizando. Com a modernidade vieram o asfalto e a sinalização, mas também o trânsito se intensificou e outros acidentes sucederam.
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A Curva tornou-se um mito nas redondezas. É fato certo – e isso posso atestar – que os mais supersticiosos a evitam a todo custo, mesmo que o desvio implique em considerável aumento do percurso. E aqueles que por lá passam não o fazem sem antes se benzerem. Mas, há vinte e cinco anos, algo bem diferente ocorreu na Curva da Morte. Um certo Sr. Lúcio, estabelecido há algum tempo em fazenda de nome Viradouro, escapou por um triz de se acidentar no local. A manobra, porém, foi suficiente para danificar-lhe a caminhonete. Seria o fato um simples contratempo se não estivesse sua esposa no derradeiro mês de gestação. Em verdade, os dois se dirigiam justamente à maternidade do município. E eis que ali mesmo, naquela beira de estrada, um menino robusto viu o dia pela primeira vez. Sendo o primeiro filho do casal, recebeu o nome do pai, como manda a tradição nestas paragens. Não faço ideia de quantas tragédias tem a Curva em sua conta, já que somente as maiores costumam ser lembradas. Decerto outras mais ocorrerão, fomentando a crendice popular. Mas eu sei que há ali uma estrela, uma estrelinha apenas, um ponto de luz. Os outros só veem trevas, só veem as sombras de um punhado de cruzes, que todas as tardes se espreguiçam no asfalto da Curva da Morte.
Junho de 2014 - O Ponte Velha -
Patrimônio histórico: o tempo das artes e as artes do tempo 1) O Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro (IHGRJ), por meio de seu dinâmico presidente, Dr. Paulo Knauss, resolveu coordenar as atividades de institutos e academias congêneres, pelo que vim a saber que somos 13. Dia 14 do corrente mês ele promoveu o II Colóquio de Institutos Históricos Municipais do Estado do Rio de Janeiro, com o tema Cidade, Memória e Patrimônio Cultural, reunindo painel de apresentação de estudos sobre os municípios fluminenses, realizado por representantes de instituições fluminenses, incluindo as Academias Municipais de História, como a de Resende e ade Itatiaia. Dos discursos, sobraram-me duas conclusões: nosso patrimônio histórico está desaparecendo rapidamente perante a indiferença dos próprios cidadãos que têm pressa de trazer o “progresso” às suas regiões; os institutos e academias que procuram zelar pela herança cultural estão abandonados à própria sorte, e sua existência mesma é, provavelmente, um sintoma de que os laços com o passado, as fundações e as referências simbólicas das cidades já são insignificantes. 2) Liga-se muito o dano do progresso às injustiças contra minorias e, sinceramente, não vejo bem por quê. Costuma-se recorer à leitura dos frankfurtianos, que reúnem Marx e Freud para mandar a conta da “repressão sexual” e da pobreza à burguesia. Não vejo aí argumento convincente para vitimizar as minorias e gravar os bem sucedidos com o pejo de “opressores”. Para mim, é cada vez mais claro que o pecado de nosso tempo é o tempo de nosso pecado. O tempo da arte esquecido pela insanidade tecnológica, que cria massas de consumidores e rebanhos de funcionários.
Marcos Cotrim
A massificação procura baixar a qualidade artística para a altura do gosto médio. Em arte, o gosto médio é mais prejudicial do que o mau gosto... Nunca vi um gênio com gosto médio. Arte pra mim não é produto de mercado. Podem me chamar de romântico. Arte pra mim é missão, vocação e festa. Ariano Suassuna
Solidariedade depende de pertencimento, que depende de identidade, que depende de memória. Mas a memória não se extermina com a violação do patrimônio; já se diluiu na confusão entre seus artistas e seus marketeiros. Quando as representações coletivas da beleza e da verdade se enfraquecem, perde-se a memória, e delegam-se os ritos de pertencimento, as festas e o patrimônio aos gestores de políticas públicas culturais. (Disse “públicas”?) Tradições viram folclore, aventuras saborosas se tornam roteiros turísticos, encontros genuínos acabam em agendas estereotipadas. 3) Costumo falar aos meus alunos de Biologia que não entendo como se pode estudar a vida... matando. Ora, com a História é precisamente o contrário: estuda-se a morte chamando à vida os que se foram. Às vezes, o que de fato deixou de ser, mas não deixou de mandar saudações prenhes de significado. Assim, quem se entretém com a História anda na verdade cortejando a Retórica, a arte de encantar. Quem conta a história bem contada institui autoridades, referências de identidade que se prendem aos patrimônios e aos matrimônios, obras de arte que o desinteressado amor à terra preserva. Preserva a vida que corre pelo sangue, a vida que corre pela água. Patrimônio se refere aos bens dos mortos que permitem sucessão de vida. Matrimônio indica os bens dos vivos que se hão de educar celebrando os mortos. Em ambos, o tempo de celebrar e desfrutar juntos gera a festa, que, no fundo é o que merece ser narrado. Assim as cidades se mantêm vivas, sem minorias e sem maiorias, graças aos artistas.
Esta invocação é uma Prece Mundial Expressa verdades essenciais. Não pertence a nenhuma religião, seita ou grupo em especial. Pertence a toda humanidade como forma de ajudar a trazer a Luz Amor e a Boa Vontade para a Terra. Deve ser usada frequentemente de maneira altruísta, atitude dedicada, amor puro e pensamento concentrado.
A Grande Invocação Desde o ponto de Luz na Mente de Deus, que aflua Luz às mentes dos homens. Que a Luz desça à Terra. Desde o ponto de Amor no Coração de Deus, que aflua Amor aos corações dos homens. Que aquele que vem volte à Terra. Desde o Centro, onde a Vontade de Deus é conhecida, que o propósito guie as pequenas vontades dos homens. O propósito que os Mestres conhecem e a que servem. Desde o centro a que chamamos raça humana, que se cumpra o plano de Amor e Luz. E que se feche a porta onde mora o mal. Que a Luz, o Amor e o Poder restabeleçam o Plano Divino na Terra. Unidade de Serviço para Educação Integral Av. Nova Resende, 320 – sala 204 CEP: 27542-130 – Resende RJ – Brasil Tels(0xx24) 3351 1850 / 3354 6065
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Seu carro agradece e seu paladar também
12 - O Ponte Velha - Agosto de 2014
Fala, Zé Leon: Não vamos desistir do Brasil
Zé Leon
Não sei quando está saindo a edição de agosto do Ponte Velha. Aliás, nunca sabemos quando o bravo Ponte irá circular, então, com certeza, tudo o que escrever sobre a morte do Eduardo Campos já terá sido lido pelos meus poucos, mas fiéis leitores. Mas vamos lá. A morte de Eduardo Campos, que comoveu o País, e sua substituição por Marina Silva na disputa presidencial, provocaram uma reunião informal da cúpula do PT, mostrando temor pela candidatura da ex-ministra. A avaliação inicial do PT aponta Marina como a principal beneficiária do legado de Campos, o que levaria risco real de derrota para Dilma. Lulistas do PT avaliaram que a comoção pela morte de Eduardo Campos colocaria Marina em condições até de vencer a eleição presidencial. A morte do ex-governador Eduardo Campos cria um novo cenário para a eleição de 2014. Candidata a vice, Marina Silva tornou-se a principal herdeira e liderança do PSB e substituta natural de Campos na disputa pela Presidência. Membros da coligação já avaliam as opções para a nova chapa. Tragédias em campanha favorecem substitutos. Em 1982, na Bahia, Clériston Andrade morreu em desastre aéreo dias antes da eleição. Escolhido por ACM, o desconhecido João Durval foi eleito governador. Desastres aéreos já
vitimaram outros políticos brasileiros, como os paulistas Ulysses Guimarães e Severo Gomes, ambos em outubro de 1992, e o pernambucano Marcos Freire, em setembro de 1987. A candidatura de Marina Silva (PSB) pode tornar irrelevante a pretendida criação do partido Rede. É mais provável que os “verdes”, com Marina à frente, herdem o comando da sigla de Eduardo Campos. A morte chocante de Eduardo Campos joga um grau de imprevisibilidade ainda maior numa eleição já particularmente imprevisível desde junho de 2013. Campos era jovem, promissor, de uma família política e uma opção criativa à polaridade de 20 anos entre PSDB e PT. Sua morte trágica, na reta final da campanha à Presidência, no mesmo mês
Joel Pereira
Advogado - OAB.RJ - 141147 joelpereiraadvogado@joelpereira.adv.br Av. Ten. Cel. Adalberto Mendes, 21/201 CEP: 27520-300 - Resende - RJ Fones: (24) 3360.3156 / 3354.6379
da morte de Getúlio e JK e no mesmo dia da morte do avô Miguel Arraes –13 de agosto– atinge uma dramaticidade especial num país emotivo e religioso como o Brasil. Sem Campos, o caminho natural é que a candidata seja Marina Silva, que conquistou cerca de 20% dos votos em 2010, deixou uma legião de seguidores e sabe falar, olho no olho, com o eleitorado evangélico. Confirmada, será uma guinada e tanto na chapa do PSB. Campos era pragmático, pró mercado, pró agronegócio. Marina é menos flexível e enfrenta resistência no mercado e, especialmente, entre ruralistas. Mas pode e tem tudo para crescer muito. Campos patinava em 8% e 9% de intenções de voto, mas tinha certeza de que iria deslanchar com o início da propaganda na TV e no rádio, dia 19. Essa expectativa se transfere agora para Marina, que poderá, enfim, somar o seu capital ao potencial dele. Assim, seria decisiva para evitar a vitória de Dilma no primeiro turno. O problema é o quanto ela poderá crescer. Só o suficiente para garantir o segundo turno? Ou a ponto de ameaçar o tucano Aécio Neves? Hoje, quando escrevo, dia 18 de agosto, Marina está com 21%, segundo o Datafolha, já passando o Aécio Neves, e Dilma está com 36%. A eleição fica ainda mais embolada e ainda mais imprevisível, mas a melhor
aposta ainda é a de mais um round, não necessariamente o último, no pugilato entre petistas e tucanos. Com Marina correndo por fora e empurrada pela enorme comoção com a morte de Campos. Diante da perplexidade e da tristeza, o mais importante é destacar o homem, o marido, o pai Eduardo Campos. Mas é impossível não dizer que a tragédia, mais uma em agosto, roubou do Brasil um político de grande futuro, para o qual o céu era o limite. 1965-2014 - Eduardo Campos era idealista, agradável, grande contador de histórias, e até se divertia fazendo política, embora a levasse a sério. Fará falta. ************************ E a cassação do nosso nobre alcaide virou a piada da vez.. Como Luis Carlos Ypê e Antônio Neto, também cassados, vai continuar governando em céu de brigadeiro, graças a uma liminar do TSE. Quando o mérito será julgado? Talvez em 2018, 19,20, 21. Vida que segue. Como diria o nosso querido Toninho Capitão: quem viver verá.
******************************** Cantinho de Porto Real: Nem só de italianos vive a fama de Porto Real. Lá tem um japonês conhecido como seu Bóia. Ele foi um grande empresário no Japão e quando descobriu que estava virando um obeso doente, largou tudo e voltou para o Brasil. Construiu no seu sítio em Porto Real um projeto de agricultura orgânica impressionante. Se Pero Vaz de Caminha, vivo fosse, escreveria de novo ao rei de Portugal: “É, majestade, nessa terra, em se plantando tudo dá”.
Casa Sarquis
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Caro Zé Leon, o Ponte só sai quando os colaboradores entregam suas matérias. E eles são meio contemplativos... Ou quando nossa mula - que leva o arquivo até a gráfica - não anda estropiada. Veja na foto, quanto sonho a coitadinha da Zê Mola tem que transportar... Seu, Tonho Tropeiro, diagra-amador