Fauna do pantanal capivara

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Corumbรก - MS

Fonte de Pesquisa:


Corumbá - MS Capivara A capivara (Hydrochoerus hydrochaeris), também chamada de carpincho e capincho, é uma espécie de mamífero e o maior roedor do mundo. Habita regiões úmidas da América do Sul. Na sua constituição física e em seus hábitos semiaquáticos, assemelha-se ao hipopótamo, porém é um parente próximo do porquinho-da-índia. O nome "capivara" procede do termo tupi kapi'wara, que significa "comedor de capim". Já "capincho" tem origem do castelhano platino capincho. No Rio Grande do Sul, é também conhecida por Capinga.

Capivara

Estado de conservação

Pouco preocupante (IUCN 3.1) Classificação científica

Reino:

Animalia

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Corumbá - MS Filo:

Chordata

Classe:

Mammalia

Ordem:

Rodentia

Família:

Caviidae

Género:

Hydrochoerus

Espécie:

H. hydrochaeris

Nome binomial Hydrochoerus hydrochaeris (Linnaeus, 1766) Distribuição geográfica

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Corumbá - MS Características As capivaras ficam predominantemente dentro d'água - as membranas natatórias que possuem entre os dedos auxiliam-nas a movimentarem-se com rapidez. As orelhas, olhos e nariz são alinhados, posicionados de forma similar aos do caimão. Dessa forma, elas não precisam deixar toda a cabeça à mostra ao nadar e ficam difíceis de avistar por seus numerosos predadores. É possível distinguir os machos por conta de uma glândula nasal que é homóloga à glândula pigmentária de muitos roedores.

Constituição e pelagem O corpo das capivaras é maciço e pesado, têm membros curtos que contrastam com o tronco robusto. Suas patas dianteiras apresentam quatro dedos e as traseiras três. Os dedos são distribuídos radialmente. São grossos, similares a cascos, unidos por pequenas membranas natatórias. A cauda é rudimentar. O corpo das capivaras atinge comprimento de 100 a 130 centímetros e altura de 50 a 60 centímetros, sendo as fêmeas um pouco maiores do que os machos. O peso médio dos machos é de 50 quilogramas e de 61 quilogramas para as fêmeas, porém o peso pode variar de 27 quilos a 80 quilos. O pêlo é longo e duro, por vezes tão fino que se pode ver a pele. Sua coloração varia de marrom avermelhado a cinza no dorso, enquanto o ventre é marrom amarelado. Alguns animais têm manchas pretas na cara, na parte de fora dos membros e no tronco. O comprimento dos pêlos fica entre 30 e 120 milímetros.

Cabeça e dentes As capivaras têm uma cabeça notoriamente larga e maciça. O focinho é, em comparação, com o de outros animais da família, maior e mais arrendondado, as narinas são pequenas e distantes uma da outra. Nos machos, o topo do focinho não tem pêlos e apresenta uma glândula odorífera saliente. As orelhas são pequenas e redondas, os olhos são laterais e também pequenos. Como em muitos animais semiaquáticos, os olhos, orelhas e narinas da capivara ficam localizados parte superior da cabeça, de modo que, quando elas precisam respirar ou ficar à espreita, quase não saem da água. O crânio da capivara assemelha-se fortemente ao do seu familiar porquinhoda-índia, exceto pelas medidas.

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Corumbá - MS A fórmula dentária da capivara é 1-0-1-3, o que significa que existem um dente incisivo, um pré-molar e três molares por hemi-arcada, totalizando 20 dentes. Os incisivos brancos possuem um sulco longitudinal e são, como em todos os roedores, dentes grandes e sem raiz. Atrás dos incisivos existe o espaço chamado diastema. Os dentes de trás por vezes também não têm raiz e são complexos e são separados por porções de cemento. O esmalte dentário tem formato de coração ou de listras. Como em outros roedores, os dentes incisivos e molares das capivaras crescem constantemente para compensar o desgaste contínuo.

Área de distribuição e habitat As capivaras distribuem-se em duas áreas. A menor área compreende o oeste do Panamá, o norte da Colômbia e o noroeste da Venezuela. A maior área abarca quase toda a América do Sul a oeste dos Andes, se estende do oeste da Venezuela e das Guianas até o Uruguai e nordeste da Argentina. Correspondente à divisão das áreas de distribuição geográfica, também se distinguem duas subespécies: a Hydrochoerus hydrochaeris isthmius habita a parte noroeste. Ela é um pouco menor que a Hydrochoerus hydrochaeris hydrochaeris, que povoa a maior parte da América do Sul a oeste dos Andes.

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Corumbá - MS Os habitats da capivara são variados, mas elas têm certas preferências em relação aos espaços onde vivem. Elas dependem da proximidade com o lagos, rios, áreas pantanosas ou manguezais. Também precisam de terra firme para dormir, preferencialmente com vegetação densa que sirva de abrigo. Preferem alimentar-se nas áreas de cerrado cobertas de gramíneas. Atingem as maiores densidades populacionais nas áreas mais extensas e úmidas da América do Sul como o Pantanal e a região dos Llanos, na bacia do rio Orinoco, no norte do continente. Geralmente vivem em planícies, mas ocorrem também em regiões de até 1300 metros acima do nível do mar. As capivaras são, em comparação com outras espécies sul-americanas, relativamente tolerantes à proximidade do ser humano e podem, até certo ponto, sobreviver em áreas que foram transformadas em plantações ou pastagens. Tornou-se famoso o caso da "capivara da lagoa", que viveu durante meses no entorno da Lagoa Rodrigo de Freitas na área urbana do Rio de Janeiro, assim como é notória a presença de capivaras em partes dos rios Tietê e Pinheiros, em plena São Paulo.

Modo de vida Atividades

Em caso de ameaça, escondem-se na água.

Capivaras são geralmente animais da penumbra. Passam a parte mais quente do dia em buracos de lama e brejos, voltando, à noite, para o mato. Não fazem tocas. Em áreas de interferência humana, passam a desenvolver hábitos noturnos. Quando em perigo, conseguem correr rápido, mas, sempre que possível, fogem pela água. São exímias nadadoras. Na água, se submergem quase inteiramente, ficando apenas com os olhos e o focinho para fora. Por vezes, se escondem em vegetações aquáticas de grande densidade. Mergulhando, conseguem cobrir grandes distâncias, mas as águas profundas lhes servem apenas para a fuga: a maior parte das suas atividades se dá em água rasa ou em terra.

Comportamento social Capivaras vivem em bandos, que podem compreender desde um casal com filhotes até um grupo maior, com vários espécimes adultos. O tamanho do grupo vai de seis a vinte animais. Ocasionalmente, pode-se encontrar também espécimes solitários, quase sempre adultos machos. O tamanho dos grupos e o modo de vida dependem da estação e do habitat. Na estação das chuvas, as capivaras se espalham por uma grande área; o tamanho do grupo, portanto, diminui. Nessa época, comem muito e criam reservas de gordura. Geralmente, a criação dos filhotes também acontece nesse período.

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Corumbá - MS Na estação seca, muitos espécimes se juntam ao redor de grandes rios e lagos, formando, assim, grupos maiores. Nessa época, a mortalidade é consideravelmente maior, já que crescem as ocorrências de fome e doenças, bem como mais espécimes são atacados por predadores devido à diminuição da vegetação protetora. Estudos venezuelanos apontam um número médio de 5,6 espécimes por grupo nos tempos chuvosos, e de 15,9 em março, o mês mais seco. Em períodos pronunciados de seca, podem-se formar bandos de até 100 animais reunidos ao redor da água restante. Tais aglomerações, contudo, são instáveis e de curta duração. Cada grupo familiar ou bando é liderado por um macho dominante, que frequentemente mantém sua posição por anos. Secundariamente, se encontram uma ou mais fêmeas com seus filhotes. Também podem fazer parte do grupo machos subordinados. De uma forma geral, a estruturação hierárquica é estável e se aplica a ambos os sexos. É estabelecida em brigas, por vezes agressivas. Um grupo habita um território de 80 a 200 hectares, porém se concentra numa área central de cerca de 10 hectares, que é defendida contra intrusos da mesma espécie. A marcação de território é feita por meio de glândulas odoríferas, localizadas nos machos acima do nariz e, em ambos os sexos, na região do ânus (glândulas anais). As capivaras se comunicam entre si com uma série de sons, entre eles um som semelhante ao ronronar, que indica submissão, um latido de alerta, um muxoxo de satisfação, bem como assovios estridentes e grunhidos.

Um grupo de cinco animais adultos acompanhados de quatro filhotes se alimentando de grama no campus Universidade de São Paulo, em São Paulo, no Brasil.

Alimentação A dieta das capivaras é composta principalmente por gramíneas que crescem na terra firme, e, ocasionalmente, por plantas aquáticas. Às vezes, atacam plantações e se alimentam de cana-deaçúcar, melancia e milho, por exemplo. É falsa a crença de que os peixes também fazem parte da sua alimentação. As capivaras apresentam, na construção de seu sistema digestivo, alguns ajustes à sua dieta, tais como um estômago alongado e um ceco aumentado em forma de saco. Como alguns outros roedores (o porquinho-da-índia ou os leporídeos, por exemplo), elas praticam a coprofagia, isto é, o consumo subsequente dos excrementos. O cecotrofo, um tipo de excremento macio e pegajoso, cujo conteúdo é fermentado com a ajuda de bactérias especiais, é reconsumido imediatamente após a excreção. Desse modo, elas podem aproveitar melhor a dieta rica em celulose, que é de difícil digestão. A excreta posterior à redigestão é oval e seca e não é reconsumida.

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Corumbá - MS Como os porquinhos-da-índia, as capivaras não conseguem produzir vitamina C e, portanto, precisam atender a tal demanda através da alimentação. Têm-se observado casos de escorbuto em espécimes criados em cativeiro, sujeitos a uma alimentação errônea.

Procriação O macho inicia o acasalamento seguindo a fêmea, primeiro sobre a terra, depois nadando na água. Segue-se então a cópula, na água rasa: o ato se conclui após entre seis a dez investidas rápidas. Esse processo pode ser repetido até 20 vezes dentro de um curto período, com o mesmo parceiro ou com outro. Embora o período de copulação possa se estender pelo ano inteiro, a maioria dos partos ocorre na temporada de chuvas (de Abril a Maio no norte da América do Sul, em Outubro no sul do continente). Normalmente a fêmea gesta uma ninhada por ano, sendo também possível duas, havendo condições climáticas favoráveis. A gestação chega a cerca de 110 dias no caso da subespécie do norte, e cerca de 150 na do sul. Capivaras são multíparas: a ninhada chega em média a quatro filhotes, Filhotes junto da mãe. mas pode variar de um a oito. As fêmeas têm dez tetas, que são dispostas em pares no ventre. Capivaras não fazem ninhos, e o parto pode se suceder em qualquer lugar de seu território. Os recémnascidos são muito precoces (nidífugos): ao nascer, pesam 1,5kg, já têm a pelagem completa e os dentes definitivos. Imediatamente após o parto os filhotes já podem ingerir grama, e com três a quatro meses de idade já estão totalmente desmamados. Indivíduos de ambos os sexos chegam à maturidade sexual com 15 a 18 meses. A expectativa de vida das capivaras em seu habitat natural é de oito a dez anos; indivíduos em cativeiro podem chegar a uma idade de mais de doze anos.

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Corumbá - MS Predadores naturais Os predadores naturais da capivara são principalmente felinos como o jaguar e a jaguatirica, além do cachorro-do-mato, de caimões e sucuris. Por vezes filhotes são presa de aves de rapina como a harpia e o carcará.

Uma sucuri engolindo uma capivara. Repesentação no Museu de História Natural Senckenberg, em Frankfurt

Relação com o ser humano Índios Quando a esquadra de Pedro Álvares Cabral chegou ao Brasil em 1500, os índios já caçavam capivaras, se alimentavam de sua carne, trabalhavam sua pele e usavam seus incisivos para fins decorativos. Elas também foram acolhidas na mitologia dos povos indígenas: segundo as crenças tradicionais dos Ianomâmis, para cada humano recém-nascido nasce um duplo em forma de capivara ou anta, com o qual compartilha sua força vital: se o animal é morto, morre também a pessoa correspondente.

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Corumbá - MS Exploração e caça Capivaras são caçadas por sua pele e carne. Em algumas regiões há caçadores profissionais, chamados de carpincheros que praticam a caça para fins comerciais. Frequentemente os animais também são abatidos para uso próprio. O couro de capivara é especialmente apreciado na Argentina, ele é marrom claro, pontilhado de pequenas manchas mais claras. Além de luvas, cintos e jaquetas de couro, também são feitas selas e rédeas do couro de capivara. Na porção meridional da América do Sul o óleo extraído da gordura subcutânea das capivaras é usado como remédio. A carne da capivara não é apreciada em todos os lugares, já que pode ter cheiro forte e provocar doenças de pele. É consumida principalmente na Venezuela, onde é seca e salgada e é Capivara no pampa boliviano. consumida preferencialmente em dias de jejum. A afirmação disseminada na América do Sul de que haveria um documento oficial da Igreja no qual a capivara, em função de sua forma de vida e sua pele coberta de pelos finos, seria classificada como peixe, pode ser considerada uma lenda, assim como outras histórias semelhantes que circulam em outras regiões do mundo sobre animais semiaquáticos, como o castor. O consumo de carne de capivara é bastante disseminado na América do Sul, nestes países a carne proveniente de criadouros é considerada um artigo de luxo e possui grande valor comercial ao ser vendida como carne exótica em restaurantes. Na Argentina e no Uruguai são fabricadas, principalmente, linguiças da carne de capivara. Outra razão para a caça são os danos causados pelas capivaras à agricultura. Particularmente nas plantações elas podem causar estragos consideráveis e em alguns lugares são consideradas uma praga. As capivaras também são perseguidas pelos proprietários de pastagens, especialmente durante a estação seca, já que são consideradas concorrentes ao alimento do gado.

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Corumbá - MS Desenvolvimento ameaças

populacional

e

Grande parte do habitat adequado para a capivara encontra-se em áreas intensivamente utilizadas para pastagem. A necessidade de proporcionar fontes de água próximas às pastagens para os animais dificulta a caça às capivaras. Além disso, o campo é mantido rasteiro pelo gado, o que levou, em algumas regiões, a um aumento na população de capivaras. Contagens realizadas em grandes fazendas de gado na região de Llanos revelaram uma densidade de 50 a 300 espécimes por quilômetro quadrado. Nas regiões ao longo do Rio Paraná no sul do Brasil e norte da Argentina, as capivaras são frequentemente capturadas e aprisionadas para criações em cativeiro ou para serem abatidas como carne de caça. Entretanto, no Brasil, esta prática tem de ser precedida de projeto e licenciada pelos órgãos de controle ambiental sob pena de configurar crime ambiental, já que a capivara é uma espécie protegida por lei. Existem estudos para sua criação em cativeiro visando à produção de carne como substituto à caça predatória, mas ainda há poucos resultados práticos nesse sentido. No geral, porém, as capivaras são comuns e amplamente disseminadas, e, portanto, não se encontram entre as espécies ameaçadas de extinção. Visão frontal de uma capivara.

Zoonose A capivara, assim como o cavalo, é um dos hospedeiros primários do carrapato-estrela (Amblyomma cajennense), o qual transmite a bactéria intracelular Rickettsia rickettsii, agente causador da zoonose Febre Maculosa Brasileira. As capivaras hospedeiras, ao serem infectadas por carrapatos vetores, apresentam bacteremia por até três semanas, podendo evoluir ao óbito ou à cura. Durante a bacteremia, as capivaras podem disseminar o agente para outros carrapatos que as estiverem parasitando, causando a amplificação da bactéria no ambiente. Os carrapatos podem se alimentar de qualquer hospedeiro acidental, inclusive o homem, transmitindo assim o agente infeccioso e causando a doença.

Sistemática A capivara é frequentemente considerada como o único representante existente da família dos roedores gigantes (Hydrochoeridae). Estudos genéticos indicam, porém, que o mocó é um parente mais próximo da capivara do que o porquinho-da-índia, e assim formam um grupo parafilético. Sistemáticas recentes

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Corumbá - MS como Wilson & Reeder (2005) classificam, por isso, a capivara e o porquinho-da-índia e os colocam juntamente com o mocó na subfamília Hydrochoerinae. Dentro do grupo dos roedores pertencem à superfamília Cavioidae, ao qual também pertencem as cutias (Dasyproctidae), as pacas (Cuniculidae) e as pacaranas (Dinomyidae). Antepassados fósseis da capivara, de diferentes gêneros, aparecem desde o Mioceno superior. As formas primitivas são agrupadas na subfamília das Cardiatheriinae, que, no entanto, é parafilética, já que os representantes mais jovens do grupo se desenvolveram a partir dela. A subfamília das Protohydrochoerinae aparece a partir do período Plioceno com um único gênero, o Chapalmatherium (também chamado de Protohydrochoerus). Os crânios desses animais eram duas vezes maiores do que os das capivaras de hoje, também seus membros eram significativamente maiores. A subfamília dos Hydrochoerinae, a qual também pertence a capivara, aparece desde o Plioceno superior. Todos os fósseis encontrados de roedores gigantes provêm do continente americano.As duas subespécies mencionadas acima, H. h. isthmius e H. h. hydrochaeris, são classificadas em algumas sistemáticas, como espécies separadas. O porquinho-da-índia é um próximo da capivara.

parente

Nomenclatura e etimologia O correto nome científico do gênero gerou, durante muito tempo, controvérsias entre aquele disseminado por Brisson 1762- Hydrochoerus - e o introduzido por Brünnich 1772 - Hydrochaeris. As duas denominações são derivadas das palavras gregas hydros (Água) e choiros (Porco). A denominação de Brisson foi rejeitada por muito tempo por não corresponder à nomenclatura binomial prescrita. A Comissão Internacional de Nomenclatura Zoológica (ICZN) declarou válida a denominação Hydrochoerus, devido ao longo uso, dessa forma Hydrochoerus hydrochaeris corresponde a denominação científica correta.

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Corumbá - MS

Corumbá – MS

FIM!!!

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