Nutrição
Primíparas com taxa de prenhez de multíparas? Estudo mostra que isso é possível, desde que elas sejam suplementadas. quada antes do parto da novilha. O professor explica que a fêmea que chega ao parto em boa condição pode até perder um pouco de peso depois do parto (o que é normal), mas volta ao cio e emprenha com muito mais facilidade. “A que tem ECC ruim perde peso e não emprenha, porque é muito mais difícil ganhar peso depois do parto do que antes”, explica Baruselli. Ele ressalta que não é por isso que se deve deixar a vaca em pastagens de má qualidade depois do parto. Corre-se o risco de se perder o que se ganhou antes. A estratégia está alinhada com a necessidade de se encurtar cada vez mais a entrada das fêmeas Nelore na reprodução, baixando dos atuais 24 meses (idade aceita como média em fazendas com algum grau de tecnologia) para 14-16 meses (já obtida em fazendas mais tecnificadas).
Melhorar o escore corporal antes do parto é uma das premissas para aumentar a taxa de prenhez em primíparas
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Rafaela Angelieri, da Fazenda Mater, quer 78% de prenhez nas primíparas na próxima estação de monta
Moacir José
om uma nutrição adequada, antes e depois do parto, as primíparas zebuínas podem retornar mais rapidamente ao cio e registrar taxa de prenhez semelhante à das multíparas. Quem garante é o professor Pietro Sampaio Baruselli, do Departamento de Reprodução Animal, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. Segundo ele, a tese foi demonstrada, por diversos estudos, em fazendas com manejo adequado de pasto e bom fornecimento de suplementação mineral, elementos fundamentais para garantir um escore de condição corporal (ECC) acima de 3 às primíparas dessa raça (veja gráfico na página ao lado). “Diferentemente do que ocorre com uma fêmea leiteira, a zebuína de corte tem uma exigência nutricional maior depois do parto, pois precisa amamentar a cria, continuar crescendo e voltar ao cio, para uma nova prenhez. Com pouca reserva energética, ela não consegue fazer isso”, explica o professor, informando que essa é a situação de 90% das fazendas do Brasil Central que lidam com gado Nelore. Nas propriedades que conseguem a combinação de rápido retorno ao cio e elevada taxa de prenhez nas primíparas, o escore corporal desejado é conseguido com uma nutrição ade-
70 DBO setembro 2020
Encurtar o ciclo Essa é a meta da Fazenda Mater, de Santa Rita do Pardo, região leste do Mato Grosso do Sul, que faz ciclo completo e detém um rebanho de 5.000 fêmeas Nelore. Desde a estação de monta de 2015/2016, ela vem aplicando protocolos de IATF em todas as matrizes (antes disso, a técnica era empregada apenas nas multíparas). Com isso, tem conseguido aumentar a taxa de prenhez das primíparas, de 66% na estação de monta de 2016/2017 para 76%, na de 2019/2020. Parte desse resultado, seguramente, vem do fornecimento de sal proteinado o ano todo (para todo o rebanho), além de suplemento protéico-energético antes do parto e suplemento protéico mineral no pós-parto. Outra parte, segundo a zootecnista Rafaela Maria Sutiro Angelieri, responsável pelo manejo do gado na Mater, pode ser creditada à ressincronização da IATF, iniciada em 2018/2019. “Nossa meta é conseguir 78% de taxa de prenhez nas primíparas na próxima estação de monta. A das multíparas, com apenas uma IATF [também com repasse de touro], deve ficar em 86%, um pouco a mais do que conseguimos na estação passada”, informa ela. Outra meta da fazenda, para 2021/2022, é eliminar a categoria de novilhas emprenhando aos 24 meses, que na última estação de monta ainda representou um contingente de 700 a 800 animais. A mesma quantidade já é representada por “precocinhas” emprenhadas aos 14 meses. Para estas últimas, a taxa de prenhez em 2019/2020, com três protocolos de IATF, foi de 70%. Até 2017, diz Rafaela, as novilhas prenhes aos 24 meses eram inseminadas após observação de cio. Somente