AEROVISAO Nº260

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Sob a coordenação do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (1º GCC), a FAB coordenou mais de 300 voos diários na operação de resgate às vítimas em Brumadinho (MG)


ARTE: SubdivisĂŁo de Publicidade e Propaganda / CECOMSAER


Prepare seu plano de voo

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Ministro da Defesa

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50 anos integrando

eNTreVIsTA

Após mais de quatro décadas no Exército Brasileiro, o General Fernando Azevedo e Silva assume o Ministério da Defesa

INTeGrAÇÃo

Unidades da FAB completam meio século de atividades e acumulam serviços prestados ao Brasil Acervo CECOMSAER

Sargento Alexandre DEFESA Cabo Andre Feitosa /Manfrim Agência/ Força Aérea

edição nº 260 Ano 46 Abril / Maio / Junho - 2019

EXPEDIENTE Chefe do CeCoMsAer: Brigadeiro do Ar Paulo César Andari Publicação oficial da Força Aérea Brasileira, a revista Aerovisão é produzida pela Agência Força Aérea, do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (CECOMSAER).

Chefe da Divisão de Comunicação Integrada: Coronel Aviador André Luís Ferreira Grandis Chefe da subdivisão de Produção e Divulgação: Major Aviador Mário César Ferreira Alle

Esplanada dos Ministérios, Bloco M, 7º Andar CEP: 70045-900 - Brasília - DF

Tiragem: 18 mil exemplares. Período: Abril / Maio / Junho 2019 - Ano 46 Contato: redacao@fab.mil.br

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edição: Tenente Jornalista Felipe Bueno de Andrade (MTB 5913/PE) Diagramação: Suboficial SDE Cláudio Bomfim Ramos

Estão autorizadas transcrições integrais ou parciais das matérias, desde que mencionada a fonte. Distribuição Gratuita Acesse a edição eletrônica: www.fab.mil.br/publicacao/listagemAerovisao Impressão: Gráfica Pallotti ArtLaser.


Acervo CECOMSAER

Veja a edição digital

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Um herói em nossas asas

Há 30 anos, o piloto Ayrton Senna voava a bordo do Mirage III do Esquadrão Jaguar (1º GDA), em Anápolis (GO). Confira como foi o dia do ídolo nacional nas asas da FAB

FUTUro

Projetos estratégicos da FAB

Confira os projetos mais recentes da Força Aérea para seguir Controlando, Defendendo e Integrando os 22 milhões de quilômetros quadrados sob sua responsabilidade

Capitão Marcus Costa / IPEV

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HIsTÓrIA

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Ao realizar campanha de reabastecimento em voo do H-36 Caracal, a Força Aérea amplia capacidade de emprego

reesTrUTUrAÇÃo

Ala 8

Conheça a importância dessa organização militar da FAB sediada em Manaus (AM)

Marcos Antônio Parreiras

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oPerACIoNAl

Asas Rotativas

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Aos Leitores UM VOO ENTRE PASSADO E FUTURO

Boa leitura! Brigadeiro do Ar Paulo César Andari Chefe do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica

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Nossa capa: Esta edição resgata a memória da visita do herói nacional Ayrton Senna ao Esquadrão

Jaguar (1º GDA) em 1989. Na foto, ele é preparado para a decolagem no Mirage III pelo então Capitão Aviador Antonio Carlos Moretti Bermudez, atual Comandante da Aeronáutica

Sd Wilhan Campos / Agência Força Aérea

Iniciando um novo ciclo, os nossos trabalhos voltam a se intensificar em busca de uma Força Aérea Brasileira (FAB) cada vez mais atual e moderna para cumprir sua missão institucional. Cumprimentando e agradecendo ao Brigadeiro do Ar Antonio Ramirez Lorenzo, assumo agora a Chefia do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica, e é um prazer apresentar esta nova edição da Revista Aerovisão. Em entrevista à nossa publicação, o Ministro da Defesa, General de Exército Fernando Azevedo e Silva, falou sobre o trabalho a ser desenvolvido pela pasta, destacando a interoperabilidade entre as Forças Armadas, o papel da FAB e, claro, a prestação de serviços à população do nosso país. Nesta edição, em alusão à participação da FAB na Feira Internacional de Defesa e Segurança (LAAD Defence & Security) 2019, evento mais importante do setor na América Latina, a revista traz uma matéria sobre os principais projetos desenvolvidos pela nossa instituição de olho no futuro: os aviões F-39 Gripen e KC-390 e o Programa Estratégico de Sistemas Espaciais, dentre outros. A Aerovisão também reverencia o passado e nossos heróis com uma matéria sobre a participação da Aviação de Caça da FAB na campanha brasileira na Itália durante a Segunda Guerra Mundial - o Brasil foi o único país da América Latina a enviar esquadrões ao teatro de operações. E falando em heróis, também é tempo de relembrar um episódio envolvendo um ídolo nacional: há 30 anos, Ayrton Senna voava a bordo de um de nossos Mirage III. Destacamos, ainda, que uma importante parte da Força Aérea celebra 50 anos de operações: em 1969, era assinado o decreto de ativação de importantes órgãos da FAB: COMPREP, DCTA, COMGEP, DIRAD, entre outras organizações, e da maioria dos Esquadrões de Transporte Aéreos (ETA). Ao longo da história, os ETA se tornaram um elemento fundamental de integração do território nacional. Convidamos você, leitor, a embarcar conosco nesta edição da nossa revista e conferir tudo sobre esses e outros temas a respeito da atuação da FAB a favor do Brasil.


Palavras do Comandante NOSSOS VALORES Liderar uma instituição tão importante quanto a Força Aérea Brasileira (FAB) é uma enorme responsabilidade. Ela confia a todos nós a importante missão de Controlar, Defender e Integrar 22 milhões de quilômetros quadrados. Este ano completamos 78 anos de criação, e somos mais de 70 mil homens e mulheres que têm o desafio diário de manter a instituição em perfeitas condições para um voo seguro rumo ao futuro. Assim, o Comando da Aeronáutica elaborou a Diretriz de Comando para o período de 2019 a 2022, de maneira a nortear a elaboração de todos os demais planos, diretrizes e instruções das Organizações da FAB. Ela busca orientar nosso efetivo em relação a diversos temas e garantir o pleno funcionamento das unidades da Força Aérea para que esta esteja permanentemente pronta e disponível para cumprir sua missão constitucional: “Manter a soberania do espaço aéreo e integrar o território nacional, com vistas à defesa da pátria”. Além de aplicar as melhores práticas de Governança, investir no planejamento e na formulação de boas políticas de gestão dos recursos, orientar as ações em prol da atividade-fim e buscar paulatinamente o aprimoramento operacional e gerencial, é preciso ter em mente aquilo que deve ser o maior norteador de nossas carreiras: nossos valores. Valores pessoais como disciplina, hierarquia, integridade moral, comprometimento, coragem, lealdade, dentre tantos outros, permanecem como manifestações essenciais do militar e centro balizador de todas as suas condutas dentro e fora da instituição. Se o objetivo de cada Organização que compõe a FAB é o desenvolvimento e o aperfeiçoamento de nossa Forca Aérea, tal meta depende da devoção de cada militar aos valores da nossa instituição. Cada brasileiro pode ter a certeza que isso é o que tem em mente cada integrante da Força Aérea - empenhar o máximo de seu potencial, baseado em valores sólidos, de modo a proporcionar ao país a instituição que ele merece. Esse é o pressuposto básico para que nossa instituição seja bem-sucedida em sua missão constitucional: o Brasil pode contar com a postura profissional, coesa e comprometida de cada militar da Força Aérea Brasileira.

Tenente-Brigadeiro do Ar Antonio Carlos Moretti Bermudez Comandante da Aeronáutica

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eNTreVIsTA

“A NOSSA FORÇA AÉREA É PILAR IMPRESCINDÍVEL NA PROJEÇÃO DAS FORÇAS ARMADAS BRASILEIRAS” Após integrar as fileiras do Exército Brasileiro por mais de quatro décadas e atingir o posto mais alto da carreira de oficial, o General de Exército Fernando Azevedo e Silva assumiu a pasta do Ministério da Defesa em janeiro de 2019. Em entrevista, ele falou sobre presente e futuro das Forças Armadas e a interoperabilidade entre Marinha, Exército e Aeronáutica Qual a percepção que V.exa. tem da Força Aérea Brasileira como um todo? A Força Aérea Brasileira tem a responsabilidade de defender nosso espaço aéreo, o território brasileiro, suas fronteiras e respeitar os acordos internacionais estabelecidos além delas. Com isso, controla o nosso tráfego aéreo, cumpre missões de busca e salvamento, transporte, patrulha, atua em diferentes ações. Tem um papel imprescindível no transporte de órgãos, pessoas, suprimentos, materiais, que garantem a integração nacional e o atendimento da população. A Estratégia Nacional de Defesa (END) estabelece diretrizes para a adequada preparação e capacitação das Forças Armadas, de modo que possam cumprir sua missão constitucional. Para isso, é preciso uma apropriada estrutura de defesa, apta a tratar com desafios no âmbito interno e externo. Minha percepção é que, mantendo

seu poder dissuasório, a Força Aérea Brasileira está em constante aperfeiçoamento tecnológico e de pessoal. No contexto mundial, ao desenvolver tecnologias próprias ou efetuar aquisições de novos equipamentos, a Força Aérea amplia a capacidade de operar nos mais diversos cenários, seja com o caça supersônico multiemprego F-39 Gripen, que será utilizado em ações de defesa aérea, ataque e reconhecimento; ou com o KC390, cargueiro nacional multimissão, que também atuará no apoio e segurança às outras Forças, proporcionando uma singular mobilidade logística, característica de extrema importância dentro das Operações Conjuntas. O avanço das possibilidades operacionais da Força Aérea promove a maior inserção internacional do Brasil no contexto de defesa, garantindo a participação em operações que apoiam a nossa política externa, como Operações de Paz e de Ajuda Humanitária. Apta a ações de pronta-resposta, a nossa

A RECEBER FOTOS E TEXTOS DA DEFESA

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Sargento Alexandre Manfrim / DEFESA

Entre outros temas, o Ministro da Defesa comentou a importância da chegada dos novos vetores da Força Aérea Brasileira: F-39 Gripen e KC-390


Força Aérea é pilar imprescindível na projeção das Força Armadas brasileiras. Interoperabilidade, sua importância dentro do Ministério da Defesa e como aprimorarmos? A interoperabilidade tem sido uma característica marcante entre as Forças Armadas brasileiras. A integração e complementação de capacidades entre Marinha, Exército e Aeronáutica, juntos com a prontidão e a mobilização, são importantes para que o Ministério da Defesa e as Forças alcancem pleno êxito em suas missões. Para atingir esse êxito, o Ministério tem aprimorado esse viés com a realização de exercícios e operações conjuntas (participação das três Forças). Além disso, emprega o mesmo conceito nas operações combinadas (com participação de mais de um país) e interagências (participação de outros órgãos federais). Essas atividades geram troca de conhecimentos, integração de planejamentos, utilização de meios complementares, numa execução coordenada que busca os melhores resultados para enfrentar diversos cenários. No cenário internacional, o senhor acredita que devemos participar de exercícios operacionais com outros países? Neste contexto, há operações conjuntas previstas para 2019? Acredito que os exercícios internacionais representam uma oportunidade de observar a doutrina aplicada por outros países em cenários, muitas vezes, semelhantes aos encontrados pelas nossas Forças Armadas. Isso contribui para o aproveitamento de novos ensinamentos, o que é fundamental para a evolução de qualquer Força Armada e para as relações entre os países. Hoje, não cabe mais o isolamento entre as nações, que, na conjuntura atual, enfrentam novos desafios em nível global. Os exercícios internacionais permitem a troca de experiências, o intercâmbio de conhecimento, o aperfeiçoamento

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Cabo André Feitosa / Agência Força Aérea

Em janeiro de 2019, o Ministro da Defesa visitou a sede do Comando da Aeronáutica em Brasília (DF)

de procedimentos e o estreitamento dos laços de amizade e a confiança entre os países, além do importante preparo para atuar de forma coordenada na solução de problemas comuns. Todos os anos temos exercícios programados em intercâmbio e cooperação com nações amigas. Posso citar que, ainda em março, de 25 a 29, ocorre o primeiro Exercício Binacional entre os Estados-Maiores Conjuntos do Brasil e da Argentina, denominado “Integração”. Militares da Marinha, do Exército e da Aeronáutica cooperam entre si em situações de catástrofes. O Exercício será realizado no formato rede de computadores (“Table Top”), em Buenos Aires, e simulará o apoio das Forças Armadas do Brasil aos irmãos argentinos em uma situação de inundação da região norte daquele país. Temos, ainda, previsto para este ano, o Exercício Panamax, existente desde 2003, sob a coordenação do U.S. Southern Command (SOUTHCOM), para o planejamento e execução de atividades operacionais. É um exercício importante, com a participação de 31 países, para o treinamento de operações militares no Canal do Panamá, com o objetivo enfrentar ameaças de qualquer natureza e assegurar o livre fluxo de comércio na região e no mundo inteiro. E em setembro, teremos a realização do Exercício Felino, em Angola, com a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), para o preparo de um Estado-Maior Conjunto Combinado para atuar em Operações de Paz ou de Ajuda Humanitária, sob a égide da ONU. Cumprindo um ciclo bianual, onde o primeiro ano é executado em rede de computadores, em 2019, segundo ano, teremos tropas no terreno. As Forças Armadas têm tido importante papel no combate a atividades ilícitas e proteção das fronteiras do país; qual a visão que o Ministério possui sobre essa integração das Forças e interagências? Como aperfeiçoar? Aerovisão

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É grande a integração que temos com as agências governamentais para a proteção de nossas fronteiras, é a garantia da presença do Estado na Faixa de Fronteira, conforme estabelecido no Programa de Proteção Integrada de Fronteiras (PPIF). O Foco das ações realizadas nas operações Ágata, coordenada pela Defesa, é combater os crimes transfronteiriços e ambientais. O conhecimento da atuação e peculiaridades do emprego de cada Força, bem como de cada uma das agências envolvidas, têm permitido melhorar essa integração a cada nova edição da operação. E o resultado é a maior efetividade contra esses delitos. Durante o ano de 2018 foram realizadas, ao todo, 461 operações com cerca de 270.000 inspeções, vistorias

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o Ministério da Defesa também tem participado de operações de auxílio a governos estaduais e prefeituras, como socorro às vítimas de desastres e

Cabo Andre Feitosa / Agência Força Aérea

Ao assumir a pasta, um dos primeiros compromissos do General Fernando Azevedo e Silva foi uma reunião com o Alto-Comando da FAB

“Durante o ano de 2018 foram realizadas, ao todo, 461 operações com cerca de 270.000 inspeções, vistorias e revistas de veículos e pessoas, além de 5.900 patrulhas terrestres, navais e aéreas”

e revistas de veículos e pessoas, além de 5.900 patrulhas terrestres, navais e aéreas. Para 2019, o objetivo é atingir o número de 130 operações a cada trimestre, de modo que, ao final do ano, tenhamos 520 operações integradas com as agências. Além da parte operacional, os planejamentos da Ágata funcionam como um adestramento interagências, pois antes de cada operação é preparado um plano de emprego, no qual militares das Forças Armadas e integrantes das agências governamentais elaboram e treinam as ações que serão executadas.

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Garantia da lei e da ordem. o senhor acredita que tais atividades têm contribuído para uma projeção das FFAA junto à sociedade brasileira? Tanto o socorro às vítimas de desastres, em apoio à Defesa Civil, como as ações de Garantia da Lei e da Ordem pelas Forças Armadas são previstos pela Constituição Federal e por Leis Complementares (artigo 142 da Constituição Federal e Lei Complementar nº 97/1999). Essas ações colocam as Forças Armadas comprometidas diretamente na resolução de problemas que afetam à população brasileira. Nestes últimos anos, podemos lembrar de várias delas, como a Operação Rio de Janeiro, as atividades das tropas em apoio à segurança e à Intervenção Federal no estado; a Operação São Cristóvão, nas necessidades decorrentes da greve

Cabo Andre Feitosa / Agência Força Aérea

Ministro em reunião com o Comandante da Aeronáutica, Tenent eBrigadeiro Bermudez

“A demonstração do esforço e solidariedade por parte dos nossos militares com a população brasileira e em ajuda humanitária possibilitam que a população veja nas Forças Armadas uma instituição de Estado, perene e necessária”

dos caminhoneiros; recentemente, a Operação Tranca Forte, para garantir a segurança no perímetro dos presídios; e a cooperação com os órgãos estaduais na tragédia de Brumadinho. E não podemos deixar de lembrar da Operação Acolhida, que em Boa Vista e Pacaraima, atua no controle e acolhimento dos imigrantes venezuelanos. As Forças Armadas, nessas diversas situações, contribuem para o restabelecimento da normalidade social, para incolumidade de pessoas e patrimônio, para a proteção de infraestruturas críticas, para maior eficiência da atuação de órgãos federais em segurança, em busca e salvamento, resgate ou acolhimento. Dessa forma, acredito que essas atividades podem elevar a imagem das instituições, o que inclui as Forças Armadas. A demonstração do esforço e solidariedade por parte dos nossos Aerovisão

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Além disso, quais as grandes demandas do Ministério, numa abordagem prospectiva? As grandes demandas do Ministério são aquelas que fazem parte da nossa missão como órgão político, que é “preparar as Forças Armadas, mantendo-as em permanente estado de prontidão para serem empregadas na defesa da Pátria, na garantia dos poderes constitucionais, na garantia da lei e da ordem; no cumprimento das atribuições subsidiárias; e em apoio à política externa; a fim de contribuir com o esforço nacional de defesa”. Continuaremos atuando na garantia desse preparo, na ampliação de programas sociais, de atendimento à população, de consolidação de projetos de defesa, no desenvolvimento de tecnologias, no incentivo à indústria de defesa, no apoio aos órgãos federais. De modo que nossas prioridades são a reestruturação da carreira e racionalização de estruturas. Qual o papel do Ministério da Defesa para uma maior integração entre a nossa Base Industrial de Defesa e os Centros de Pesquisa, Ciência e Tecnologia das Forças? Nesse contexto, ainda existem muitos desafios, entre eles a manutenção dos investimentos e a previsão orçamentária. É uma constante a busca pelo aumento da capacidade operacional desejada às Forças Armadas e o suporte industrial necessário para mantê-la. Por isso, a continuidade dos projetos estratégicos de defesa e das Forças são prioridade. O Ministério da Defesa realiza ações junto às Forças para o desenvolvimento de produtos de defesa, a transferência de tecnologias e a capacitação de pro-

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fissionais brasileiros, e tem promovido esforços para a previsibilidade do orçamento seja garantido, para assim manter as capacidades militares e o fortalecimento da Base Industrial de Defesa (BID).

“A importância da conclusão do projeto [KC-390] está no destaque que o Brasil terá entre os fabricantes de equipamentos de defesa no mundo, além da ampliação de exportações com a maior aeronave já produzida no Brasil”

em breve, a Força Aérea Brasileira deve receber o KC-390. Qual a importância da conclusão desse projeto para as Forças Armadas e para o Brasil? O KC-390, aeronave de transporte militar e reabastecimento em voo, substituirá os Hércules C-130. A importância da conclusão do projeto está no destaque que o Brasil terá entre os fabricantes de equipamentos de defesa no mundo, além da ampliação de exportações com a maior aeronave já produzida no Brasil. A possibilidade de operar em pistas

não pavimentadas em qualquer local do planeta, como a Antártida, a Amazônia e o Pantanal vai permitir ao Brasil, por meio da Força Aérea, prover mobilidade estratégica às Forças Armadas. o país também tem tido progresso na área espacial. o que se pode esperar desse avanço nos próximos anos? A vertente da Defesa na área espacial tem tido avanços significativos. Um deles é o SGDC, Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas, cuja Banda X, de uso exclusivo militar, vem sendo operada com sucesso. Foi criada uma infraestrutura de suporte de solo, representada pelo Centro de Operações Espaciais Principal e Secundário - COPE-P e COPE-S, respectivamente. O COPE-P fica situado em Brasília e o COPE-S no Rio de Janeiro. E esses centros são conquistas importantes, uma vez que possibilitam o controle independente pela Defesa do “Payload” em Banda X e do posicionamento do SGDC em órbita geoestacionária. O Satélite permite uma capacidade ampliada de comunicações e provê autonomia no suporte a diversas operações de interesse da Defesa. Posso citar: vigilância de fronteira, Garantia da Lei e da Ordem e nas missões de paz no exterior. Outro avanço é o Veículo Lançador de Microssatélites (VLM), resultado de uma iniciativa conjunta entre o Comando da Aeronáutica, a Agência Espacial Brasileira e a Agência Espacial da Alemanha (DLR). O desenvolvimento do VLM tem alcançado marcas expressivas, estando prestes a ser realizado o “tiro em banco” dos motores S50 (primeiro e segundo estágios do VLM), contratados à empresa AVIBRAS S/A, em São José dos Campos. Esse teste é uma etapa decisiva no desenvolvimento do VLM e será realizado em instalações do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA). Temos ainda o Projeto Carponis. Trata-se de uma constelação de micros-

Arquivo pessoal

militares com a população brasileira e em ajuda humanitária possibilitam que a população veja nas Forças Armadas uma instituição de Estado, perene e necessária, em permanente preparo e prontidão.


“Tivemos, em 2018, a aprovação do PESE, documento que estabelece diretrizes básicas para o desenvolvimento de diversos sistemas e para a conquista de tecnologias complexas de interesse para a Defesa Nacional”

de interesse para o Programa Espacial Brasileiro (PEB), de onde podemos destacar: a nova governança para o PEB, o Acordo de Salvaguardas Tecnológicas com os Estados Unidos da América, a recomposição do quadro de pessoal das carreiras de Ciência e Tecnologia, a definição de projetos mobilizadores. E não menos importante, tivemos, em 2018, a aprovação do Programa Estratégico de Sistemas Espaciais (PESE), documento que estabelece diretrizes básicas para o desenvolvimento de diversos sistemas, como os apresentados anteriormente, e para a conquista de tecnologias complexas de interesse para a Defesa Nacional.

Cabo André Feitosa / Agência Força Aérea

satélites com capacidade de observação da Terra. O Projeto abrange duas etapas principais: a aquisição do primeiro satélite (Carponis 1) no mercado internacional com transferência de tecnologia para a nossa base industrial; e o satélite Carponis 2, a ser fabricado no Brasil. É relevante mencionar também as atividades do Comitê de Desenvolvimento do Programa Espacial Brasileiro (CDPEB), o qual foi criado no âmbito do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República e conta com expressiva participação do Ministério da Defesa em diversos Grupos Técnicos ativados. O objetivo do Comitê é propor soluções para temas

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SEGURANÇA

PARECE, MAS NÃO É BRINQUEDO Utilização de Aeronaves Remotamente Pilotadas é cada vez mais diversificada no Brasil. No entanto, para ser piloto desse vetor é necessário seguir normas estabelecidas por órgãos de controle federais Tenente Jornalista JONATHAN JAIME

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o Estado de Sergipe, a Polícia Militar os emprega em ações de inteligência e policiamento. Nas lavouras do Mato Grosso do Sul, eles proporcionam maior eficiência na gestão, custos e produtividade agrícolas. Nos parques da cidade de São Paulo, são usados para filmagens e até na prática esportiva. A utilização de drones tem ganhado as mais diversas finalidades e integra uma nova realidade do cenário da aviação brasileira. Hoje é possível encontrar pilotos e suas estações remotas nos setores de infraestrutura, mídia, telecomunicação, agricultura, segurança e mineração. Na mesma medida em que crescem as oportunidades de aplicação desses vetores, aumenta também a necessidade de fiscalização e atualização de normas e regras.

Ocorrências e avistamentos de drones próximos a aeródromos em todo o Brasil são um alerta para a necessidade de operadores do equipamento seguirem normas de segurança

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Luiz Perez / Ascom DECEA

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Luiz Perez / Ascom DECEA

As operações civis dessas aeronaves são regulamentadas pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) da Força Aérea Brasileira (FAB), pela Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL) e pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), que já contabiliza mais de 50 mil Aeronaves Remotamente Pilotadas (RPAs, na sigla em inglês, ou ARPs em português) cadastradas. A operação de drones deve priorizar a segurança, mitigando os riscos para aeronaves tripuladas e para as pessoas, animais e propriedades no solo. Mas o desrespeito a essa premissa tem sido observado, por exemplo, nos registros

Luiz Perez / Ascom DECEA

“É preciso lembrar que, exatamente por atitudes como essas, diversos países baniram drones de seu espaço aéreo. Nós não queremos que isso aconteça no Brasil˜, alerta o Coronel Vargas, do DECEA

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do DECEA que tratam de operações não autorizadas em regiões próximas de aeródromos. Conforme números reportados ao órgão por pilotos e controladores de tráfego aéreo, a incidência de drones em áreas de aproximação para pouso é crescente: foram 11 avistamentos em 2016; 15 em 2017; e, no ano passado, 18 Aeronaves Remotamente Pilotadas cruzaram a rota de voo de tripulações. Em um dos casos recentes, ocorrido em janeiro deste ano, o sistema de controle de tráfego aéreo de São Paulo (SP) foi notificado do avistamento de uma ARP nas proximidades do Aeroporto de Congonhas. Após a confirmação, as aproximações para pouso foram suspensas por 20 minutos. No final de 2018, outro registro semelhante interrompeu o funcionamento do mesmo aeroporto por 47 minutos. De acordo com a legislação vigente, drones recreativos não podem sobrevoar áreas em um raio de dois quilômetros de


Luiz Perez / Ascom DECEA

Para drones recreativos, distância mínima para aeródromos é de dois quilômetros; em zonas de aproximação e decolagem, o limite sobe para nove quilômetros

Uma página do DECEA na internet (www.decea.gov.br/ drone) reúne a legislação e informações necessárias para que pilotos de RPAs possam fazer voos seguros e dentro das normas. O endereço ainda possui um canal para que o usuário faça a solicitação para acessar o espaço aéreo. um aeródromo, excluindo as zonas de aproximação e de decolagem, nas quais a distância a ser obedecida é de nove quilômetros. As operações não recreativas podem ser autorizadas, mediante coordenação e autorização para o voo. (confira mais informações no infográfico das páginas 20 e 21). Aqueles que descumprem a legislação podem responder ao previsto no Código Penal Brasileiro, Lei Nº 2848 (Artigo 132 - Expor a vida de outrem a perigo direto e iminente; Artigo 261 Expor a perigo uma aeronave; e Artigo 261 - Praticar ato tendente a impedir ou dificultar a navegação aérea), e na Lei das Contravenções Penais, que aborda a prática da aviação fora da zona em que a lei os permita. No início de fevereiro, em meio às buscas pelas vítimas da tragédia de Brumadinho (MG), quando uma barragem de rejeitos de minério se rompeu, duas pessoas foram presas operando

“Todos os voluntários que atenderam ao solicitado receberam as orientações necessárias e um trabalho coordenado foi realizado, o que facilitou bastante algumas operações”Coronel Vargas

drones na chamada zona quente. Os pilotos, que colocaram em risco as dezenas de helicópteros que participavam da operação, foram detectados por um equipamento usado pelo DECEA que permitiu determinar a posição do aparelho e do operador. À época, o órgão estabeleceu uma área de restrição ao voo de drone, chamada de No Fly Zone (NFZ), nas imediações da área afetada. O DECEA, por meio de ampla divulgação, solicitou que aqueles que lá estivessem se dirigissem ao Centro de Controle para serem cadastrados e receberem as orientações necessárias para uma ação coordenada e segura. “Todos os voluntários que atenderam ao solicitado receberam as orientações necessárias e um trabalho coordenado foi realizado, o que facilitou bastante algumas operações”, relembra o Chefe da Divisão de Coordenação e Controle do DECEA, Coronel Aviador Jorge Humberto Vargas Rainho. Aerovisão

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50 ANOS DE INTEGRAÇÃO Em 2019, diversas unidades da Força Aérea Brasileira (FAB) completam 50 anos. A Aerovisão destaca as memórias de algumas dessas organizações e a atuação dos Esquadrões de Transporte Aéreo (ETA), que são fundamentais para a integração dos 22 milhões de quilômetros sob a responsabilidade da FAB TeNeNTe JorNAlIsTA rAQUel AlVes e TeNeNTe JorNAlIsTA AlINe FUZIsAKI

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Acervo CECOMSAER

Importante vetor de integração do país, o C-95 Bandeirante tem ligação com um Grande Comando da FAB que completa 50 anos em 2019: seu desenvolvimento foi nos primórdios do Departamento de Ciência e Tecnologia da Aeronáutica (DCTA)

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Inicialmente utilizada para missões de patrulha marítima durante a Segunda Guerra, o C-10A Catalina foi operado pelo 1º ETA, sendo fundament al em missões de apoio no Norte do Brasil

Ativado em 20 de maio de 1969, o então chamado Comando Geral do Ar (COMGAR), atualmente Comando de Preparo (COMPREP), foi um dos grandes comandos que passou pelo processo de Reestruturação da FAB. A readequação das Organizações Militares promoveu o incremento da eficiência administrativa e maior racionalidade da estrutura organizacional, com as unidades voltadas prioritariamente às suas atividades-fim. Nessa linha, as atribuições e tarefas que eram praticadas no COMGAR e nas quatro Forças Aéreas (FAe), foram unificadas com a ativação do Comando de Preparo para a organização, o adestramento, a avaliação operacional e a geração de doutrina, bem

Ao lado, C-95 Bandeirante do 2º ETA, atualmente sediado na Ala 10, em Natal (RN)

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e atitudes necessários aos combatentes, fixar os padrões de eficiência, avaliar o desempenho das Alas e fazer a gestão da informação e do conhecimento operacional de suas unidades, além de coordenar a formulação da doutrina aeroespacial, a partir dos cenários e das capacidades estratégicas definidos pelo Estado-Maior da Aeronáutica. Sargento Johnson Barros / Agência Força Aérea

Acervo CECOMSAER

como a integração desse treinamento com as demais Forças Armadas brasileiras e estrangeiras, como aconteceu recentemente na Cruzex 2018. A Organização Militar tornouse responsável pelas atividades permanentes de preparo das Alas atualmente existem 12 em todo o país, sediadas nas seguintes localidades: A n á p o l i s , B e l é m , B o a Vi s t a , Brasília, Campo Grande, Canoas, Galeão, Manaus, Natal, Santa Cruz, Santa Maria e Porto Velho. As Bases Aéreas de Fortaleza, Salvador, Santos, Florianópolis e Afonsos, que são Bases de Desdobramento sem esquadrões aéreos permanentemente sediados, estão subordinadas diretamente à Secretaria de Economia, Finanças e Administração da Aeronáutica (SEFA), a Base Aérea de São Paulo está subordinada ao Comando-Geral de Apoio (COMGAP). Essa nova estrutura organizacional está focada em planejar o desenvolvimento de habilidades, conhecimentos

O atual DCTA teve como missão desenvolver uma aeronave nacional: o Bandeirante. Acima, o Marechal do Ar Casimiro Montenegro Filho discute o projeto em 1968

Três outras importantes organizações da Força Aérea Brasileira também completam 50 anos em 2019: o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), localizado em São José dos Campos (SP), o Comando Geral do Pessoal (COMGEP), em Brasília (DF), e a Diretoria de Administração da Aeronáutica (DIRAD), no Rio de Janeiro (RJ), antiga Diretoria de Intendência (DIRINT). A inovação e o aprimoramento nortearam essas Organizações preparando-as para o futuro. O DCTA na promoção do desenvolvimento científico e tecnológico; o COMGEP em gerenciar e controlar as atividades relacionadas ao pessoal civil e militar; e a DIRAD, que além de cuidar das atividades relacionadas à Intendência e ao Serviço Social, passou a centralizar também o gerenciamento contábil, técnico, econômico, financeiro, orçamentário e logístico de campanha de todas as unidades administrativas da atual estrutura do Comando da Aeronáutica. Aerovisão

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Os Esquadrões de Transporte Aéreo (ETA), unidades subordinadas ao COMPREP, também comemoram cinquenta anos atuando de norte ao sul e de leste a oeste do Brasil. As aeronaves destes esquadrões proporcionam a integração do País em diferentes missões, levando cidadania à população em regiões de difícil acesso, como ajuda humanitária, ações cívico-sociais, transporte de pessoas, suprimentos, órgãos e urnas eleitorais, evacuações aeromédicas e construção de pistas. As exceções do cinquentenário se aplicam ao 4º ETA, desativado em 2018 durante o processo de Reestruturação e também ao 7º ETA, criado em 1983. Conheça a história de militares que passaram pelos ETA e sentem orgulho das missões que participaram.

que, para a gente, pensávamos ser mais uma, mas para aquelas pessoas que estão sendo beneficiadas, às vezes, é a única opção, a única esperança”

À direita, o 1º ETA em apoio a comunidades isoladas; abaixo, C-95 Bandeirante do Esquadrão Pioneiro prestes a decolar Cabo Silva Lopes / Agência Força Aérea

Esquadrão Tracajá (1º ETA) “Fiz muitas missões nas asas do Esquadrão Tracajá. A que mais me marcou aconteceu em 2003, quando estávamos em manobra na cidade de Macapá (AP) e fomos acionados para fazer o translado

“Fazíamos missões

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de vítimas de São Luis (MA) até São José dos Campos (SP). Depois de voarmos durante a noite e a madrugada, chegamos às 5h10 e os familiares já estavam próximos, aguardando emocionados seus entes queridos. Eu me emocionei muito com a recepção. O sentimento que fica é de missão cumprida.” - Sargento Marlos Auderi Silva Bispo, 17 anos de serviços prestados ao 1º ETA

Sargento Bruno Batista / Agência Força Aérea

esquadrão Pastor (2º eTA) “Para os próximos cinquenta anos almejo ver o Esquadrão Pastor cada vez mais atuante em sua missão. Que continue preparado para as atividades operacionais e atualizado com as novas tecnologias para cumprir a missão de transporte no pronto emprego da Força Aérea. Sua participação é de fundamental importância para a Região Nordeste do Brasil, além de contribuir com as atividades da Força Aérea Brasileira e com as outras Forças Armadas”. - Tenente Aviador Rômolo Ernest Chaves Júnior, há três meses no 2º ETA. esquadrão Pioneiro (3º eTA) “Minhas melhores lembranças são das Reuniões da Aviação de Transporte (RAT). Lembro que estávamos em Manaus (AM), em 2003, e o 3º ETA estava competindo na categoria manutenção. Era um voo de navegação, em que fazíamos vários procedimentos. Fomos vice-campeões na manutenção, foi muito emocionante, um momento marcante para mim. Mas também tivemos outros momentos importantes em outras RAT, em que fomos campeões na categoria de navegação. Era muito bom ver todos os esquadrões juntos, competindo e confraternizando. Era uma coesão entre esquadrões da Aviação de Transporte, quando havia oportunidade para a exposição de procedimentos e ensinamentos relativos à manutenção e navegação.” - Suboficial Luciano Ferreira Lima, há 24 anos no 3º ETA. C-97 Brasília, do Esquadrão Carajá, desativado em 2018, agora atua pelo Pioneiro Aerovisão

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Acima, U-35A Learjet do Guará sobrevoando Brasília; ao lado, antigo C-98 Caravan do Cobra em solo; e modelo recente de C-98A do Pégaso na parte superior direita.

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Sargento Johnson Barros / Agência Força Aérea

Sargento Johnson Barros / Agência Força Aérea

esquadrão Pégaso (5º eTA) “Iniciei minha carreira no Esquadrão em 1979. Comecei como soldado e trabalhava no rancho. Após a conclusão do curso de comissário no 5º ETA, no mesmo ano, eu passei a viajar muito. Conheci muitos lugares que nunca imaginei que existiam e tive contato com diversas culturas, mas minhas

Acervo CECOMSAER

O Sargento Almeida foi o desenvolvedor do DART. Em seis meses, o militar realizou a concepção, o desenvolvimento e a entrega do dispositivo

“Quando somos acionados, temos a capacidade de oferecer uma pronta resposta. Existe muita dedicação por parte dos mecânicos e dos pilotos e existe muita interação entre todos, como se fosse uma família”

melhores lembranças são das missões que realizamos levando assistência médica aos que necessitam. Servi mais de vinte anos no 5º ETA por pura paixão pelo meu trabalho e por voar. Foram missões incontáveis, muitas horas em voo, mas com a certeza que cumpri minha missão com louvor. Que os próximos cinquenta anos sejam cheios de oportunidades e que o Esquadrão continue cumprindo sua missão.” - Suboficial da Reserva Jorge Dias, 26 anos de serviços prestados ao 5º ETA. esquadrão Guará (6º eTA) “Desde quando me formei no Curso de Formação de Sargentos, em 1978, fui designado para servir no 6º ETA. Foram 36 anos dedicados àquela unidade. Quando me apresentei, foi uma satisfação imensa, pois desde criança meu sonho era pertencer às Forças Armadas. Então, com 17 anos, sem nenhuma experiência, com a ajuda dos meus superiores, fui cumprindo o meu serviço como todo carinho e afinco e tive a oportunidade de participar de várias missões pelo país e no exterior. Hoje, eu só tenho a agradecer a todos do Guará por fazerem parte da minha segunda família.” - Suboficial da Reserva Jarbas de Jesus Rosa, 36 anos de serviços prestados ao 6º ETA. Aerovisão

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HISTÓRIA

UM HERÓI EM NOSSAS ASAS Era uma quarta-feira, 29 de março de 1989. Amanhecia dentro das instalações do Esquadrão Jaguar (1º GDA), localizado na então Base Aérea de Anápolis, atualmente Ala 2. Mas não era apenas um dia normal. Dois Mirage III do esquadrão estavam em voo para interceptar e conduzir a aeronave PT-ASN que entrava nos radares de Brasília. A bordo, o então campeão mundial da Fórmula 1, Ayrton Senna. Há 30 anos, o piloto conheceu as instalações da unidade, embarcou a bordo do Mirage III e inspirou a todos os brasileiros em uma data lembrada com carinho até hoje Tenente Jornalista FELIPE BUENO

Ao lado, Ayrton Senna sendo preparado para a decolagem no Mirage III pelo então Capitão Aviador Antonio Carlos Moretti Bermudez, atual Comandante da Aeronáutica; na ocasião Senna também usou o capacete do hoje Tenente-Brigadeiro

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O então Tenente-Coronel Cortes (na foto, à direita de Senna) era Comandante do 1º GDA e voou o Mirage III com o automobilista

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yrton Senna havia sido campeão mundial pela primeira vez em 1988. Ele estava no início da temporada de 1989 da Fórmula 1, protagonizada pelo seu duelo com Alain Prost dentro e fora das pistas. Até o precoce fim de sua carreira na categoria, ainda conquistaria mais dois mundiais (1990 e 1991) e obteria números impressionantes, que fazem com que muitos especialistas o considerem o melhor piloto que já passou pela categoria. Naquela época, o brasileiro tornava cada corrida mais emocionante e prendia a atenção da torcida nas manhãs de domingo. Ao desembarcar em Anápolis (GO), Senna foi recebido por militares da Base Aérea, do 1º GDA e do Centro de

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Comunicação Social da Aeronáutica (CECOMSAER), que havia organizado a visita. Na sede do Esquadrão Jaguar, Senna cedeu entrevistas à imprensa, foi equipado para o voo e recebeu o briefing para embarcar no Mirage III. O comandante do voo seria o Tenente-Coronel Alberto de Paiva Cortes, que havia recém-assumido o Comando do 1º GDA. “Nós queríamos demonstrar a capacidade do Mirage III, realizar algumas manobras e romper a barreira do som; Senna queria, acima de tudo, sentir a velocidade da aeronave supersônica, porque ele queria sentir a diferença entre pilotar um caça e pilotar um carro de Fórmula 1”, disse o agora Coronel da reserva, quando perguntado do episódio.

No briefing, Senna foi sincero com o Comandante: queria sentir a velocidade do Mirage III. O automobilista já pilotava os aviões de sua família e estivera a bordo do F-5 do 1º Grupo de Aviação de Caça (1º GAVCA), em 1987. A altitude inibe a sensação da velocidade e, portanto, a pedido de Senna, a aeronave deveria voar o mais próximo possível do solo. Então, as manobras a serem realizadas foram definidas, o campeão passou pelo simulador, foi instruído acerca dos procedimentos de ejeção e recebeu os equipamentos de voo: traje anti-gravidade e capacete, auxiliado pelo então Capitão Aviador Antonio Carlos Moretti Bermudez, atual Comandante da Aeronáutica. De lá, eles embarcaram no Mirage III biposto, matrícula FAB 4904.


Acervo CECOMSAER

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Acervo CECOMSAER

Acervo CECOMSAER

Nas imagens, Senna troca lembranças com os militares e cede uma entrevista coletiva aos profissionais da imprensa; abaixo, ele recebe, em 1987, a Medalha Mérito Santos-Dumont no então Ministério da Aeronáutica, em Brasília (DF)

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Após deixar o solo, era hora das manobras: aos 36 mil pés (quase 11 km), o Tenente-Coronel Cortes acelerou até romper a barreira do som e atingiu a velocidade de Mach 1.4, correspondente a 1.728 km/h. Em um rasante, o Mirage III chegou a Mach 0.95 (1.173 km/h) mesmo em comunicação com a equipe em solo, a velocidade surpreendeu os fotógrafos e cinegrafistas que tentavam registrar o voo. Ao contrário da maioria dos que não estão acostumados com a força G, o automobilista não demonstrava enjoo ou abatimento - falava bastante e mostrava empolgação com a experiência, inclusive recebendo o controle da aeronave, orientado pelo Comandante do Esquadrão. Foram feitas duas passagens sobre a Base Aérea e algumas manobras com o caça da Força Aérea. Ao aterrissar, uma tradição do Esquadrão Jaguar caiu como uma luva para o campeão: ao invés de “batizar” o piloto com um banho de água, a celebração de praxe do 1º GDA era abrir uma garrafa de espumante, ato tão repetido por Senna nas comemora-

“Ele nos deu uma injeção de ânimo e nós a ele. Esse sentimento de querer um Brasil melhor, de gostar das coisas corretas, bem feitas, feitas com o coração para o Brasil. Acho que todos que estivemos com ele lá sentimos isso, ele passou

ções no pódio da Fórmula 1. Senna ainda permaneceu com o esquadrão após o voo: trocou lembranças e recebeu um certificado do voo supersônico, fazendo questão de levar consigo a tarjeta do macacão personalizada com seu nome e o brevê da FAB. Ele almoçou na Base e, mais à vontade, conversou com os militares. De acordo com o relato do agora Coronel da Reserva Cortes após décadas do voo, “uma personalidade muito agradável, humilde e muito patriota”. Hoje, o Mirage III matrícula FAB 4904 utilizado em 1989 está exposto para visitação no Museu Aeroespacial (MUSAL), unidade vinculada ao Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica (INCAER), localizada no Campo dos Afonsos, Rio de Janeiro (RJ). Na fuselagem do supersônico, estão eternizados os nomes dos tripulantes e a data daquele voo. Acervo MUSAL

Além do Mirage III (acima), Senna voou a bordo do F-5 do 1º Grupo de Aviação de Caça. Ele também pilotava as aeronaves que pertenciam à sua família

um legado para nós.”

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Os Esquadrões Escorpião, Grifo e Flecha formam o Terceiro Grupo de Aviação e operam os A-29 Super Tucano, sendo responsáveis pela vigilância e pelo patrulhamento aéreo da região Amazônica e da fronteira oeste do Brasil

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FUTUro

DE OLHO NO FUTURO

Foram cerca de oito meses desde os preparativos até a participação da Força Aérea Brasileira (FAB) na 12ª edição da LAAD Defence & Security (Feira Internacional de Defesa e Segurança). O evento reúne fabricantes e fornecedores de tecnologias, equipamentos e serviços para as Forças Armadas, forças auxiliares, além de gestores de segurança de grandes corporações, concessionárias de serviços e infraestrutura. É uma oportunidade da FAB apresentar seus projetos estratégicos ao público. A edição de 2019, realizada entre 2 e 5 de abril, ocorre no Pavilhão de Exposições do Riocentro, no Rio de Janeiro (RJ). TeNeNTe JorNAlIsTA CArlos BAlBINo

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Sargento Bruno Batista / Agência Força Aérea

Amostra do Motor L75, que utilizará o par propelente oxigênio líquido e etanol, e será capaz de gerar 75 kN de empuxo no vácuo

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cada dois anos, o maior e mais importante evento de defesa e segurança da América Latina conta com o apoio institucional do Ministério da Defesa. A organização prevê ações coordenadas pelos Comandos da Marinha do Brasil, do Exército Brasileiro e da Aeronáutica - este por intermédio do seu Estado-Maior (EMAER). “Esse é um momento de extrema valia para o Comando da Aeronáutica, que aproveita o conjunto de possibilidades, ofertado a cada biênio, para fazer a divulgação das atividades desenvolvidas pela instituição a um seleto público de experts, aficionados por assuntos relacionados à defesa e também para os cidadãos brasileiros que visitam a feira”, destaca o representante do EMAER responsável por coordenar a participação da FAB na LAAD 2019, Coronel Aviador Helcio José Jasiocha Soares. A LAAD 2019 inclui uma programação voltada não só para projeção da imagem do Brasil e das instituições de defesa nacional no exterior, mas também para o estímulo à inserção de empresas da Base Industrial de Defesa (BID) no contexto internacional dos fabricantes e fornecedores de tecnologia, equipamentos e serviços para as Forças Armadas, polícias, forças especiais e empresas de segurança corporativa. Dentro deste contexto, a Força Aérea apresenta no evento seus projetos estratégicos: o cargueiro KC390; a aeronave de caça multimissão F-39 Gripen; e o Programa Estratégico de Sistemas Espaciais (PESE), além de outros projetos de interesse do Brasil no setor aeroespacial. Segundo o Coronel Soares, o compartilhamento de informações e a troca de conhecimento favorecem a celebração de novos contatos com exeAerovisão Abr/Mai/Jun/2019

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FAB na lAAD 2019 Detalhes sobre cada projeto da FAB podem ser conferidos na feira. Maquetes, mesas interativas e dados técnicos ilustram as inúmeras atividades desenvolvidas em prol da defesa aeroespacial. “É uma oportunidade importante porque é a maior feira de defesa da América Latina onde a FAB tem chance de expor seus projetos estratégicos, os seus produtos e reafirmar a importância que é dada à evolução tecnológica. Aqui, a Força Aérea mostra o que tem de melhor e se atualiza no contexto tecnológico mundial”, conclui o Coordenador-Geral das Ações de Comunicação Social, Tenente-Coronel Denys Martins De Oliveira. Dos 14 projetos estratégicos apre-

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“A recepção e os contatos bilaterais que são estabelecidos com as Delegações Oficiais das Forças Aéreas presentes na LAAD propiciam oportunidades diversas para o estabelecimento de intercâmbios, visitas técnicas e acordos de cooperação nos setores de logística, operacional, ensino e desenvolvimento conjunto científicotecnológico”

Força Aérea Brasileira exibe seus projetos estratégicos no Pavilhão de Exposições do Riocentro, no Rio de Janeiro (RJ)

Sargento Bruno Batista / Agência Força Aérea

cutivos de empresas ligadas aos setores de logística e ciência e tecnologia. “A recepção e os contatos bilaterais que são estabelecidos com as delegações oficiais das Forças Aéreas presentes na LAAD propiciam oportunidades diversas para o estabelecimento de intercâmbios, visitas técnicas e acordos de cooperação nos setores de logística, operacional, ensino e desenvolvimento conjunto científico-tecnológico. No tocante às empresas, surgem também possibilidades que extrapolam o conhecimento da tecnologia existente ou a simples aquisição de materiais e equipamentos, principalmente no campo do desenvolvimento conjunto com os setores de ciência e tecnologia da Aeronáutica”, afirma. Entre os convidados para a LAAD 2019 estão autoridades brasileiras e estrangeiras de diversos setores: ministros, representantes da área de defesa, militares, autoridades de forças auxiliares, adidos militares, executivos da indústria de defesa e segurança e de agências governamentais, além de profissionais de imprensa. Neste ano, cerca de 38 mil visitantes devem passar pela feira, onde também é realizado o 9° Simpósio Internacional de Logística Militar.

Para auxiliar o público a entender melhor cada projeto, a FAB conta com painéis interativos, maquetes e protótipos em seu espaço na LAAD


Tenente Heitor Nascimento / Agência Força Aérea

sentados pela FAB na LAAD 2019, doze são do Departamento de Ciência e Tecnologia da Aeronáutica (DCTA), um do Comando de Preparo (COMPREP) e um do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA). São eles: PITER-N – O projeto, com foco no desenvolvimento de tecnologia, visa à extração automática de informações a partir de grande quantidade de imagens e dados no menor tempo possível. O objetivo é o processamento de dados em tempo real.

Tenente Heitor Nascimento / Agência Força Aérea

INERCIAL A FIBRA ÓPTICA (IFO) – Tem por objetivo o desenvolvimento de uma Unidade de Medição Inercial (UMI) a Fibra Óptica (IFO) na FAB, como componente estratégico e de soberania nacional, com aplicação em sistemas bélicos. ERISA-D – Foi idealizado a fim de estabelecer um sistema para prover conhecimento e meios de prevenção, mitigação, proteção e controle necessários para garantir segurança de uma operação e do efetivo de setores ou unidades operacionais da FAB que atuem em cenários sujeitos aos efeitos danosos de radiações ionizantes. CALIBRAÇÃO DE SENSORES – Prevê a Calibração de Sensores Imageadores Orbitais e Aerotransportados para o Comando da Aeronáutica (COMAER), tendo em vista a implantação do Sistema Carponis, do Programa Estratégico de Sistemas Espaciais (PESE).

DCTA apresenta o Turborreator de 5000 N (TR5000), um projeto de desenvolvimento de um turbojato nacional Aerovisão

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L75 é projetado para estágios superiores de Veículos Lançadores de Satélites

AMBIeNTe De sIMUlAÇÃo AÉreA (AsA) – O objetivo é o desenvolvimento de um ambiente de simulação de cenário aeroespacial para identificar, descrever, modelar e avaliar capacidades operacionais e missões na Força Aérea.

“É uma oportunidade importante porque é a maior feira de defesa da

MoTor l75 – Um Motor Foguete a Propelente Líquido para estágios superiores de Veículos Lançadores de Satélites; utilizará o par propelente oxigênio líquido e etanol, pressurizados por turbobomba e será capaz de gerar 75 kN de empuxo no vácuo.

América Latina onde a FAB

TUrBorreATor De 5000N (Tr5000) – Um projeto de desenvolvimento de um turbojato nacional com empuxo nominal de 5000N que também

evolução tecnológica”

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tem chance de expor seus projetos estratégicos, os seus produtos e reafirmar a importância que é dada à

visa ampliar a infraestrutura de ensaios de desenvolvimento de motores tipo turbina a gás do DCTA. VlM-1/Vs50 – O projeto VLM-1 tem como foco o desenvolvimento de um foguete destinado ao lançamento de cargas úteis especiais ou microssatélites (até 150kg) em órbitas equatoriais e polares ou de reentrada, com três estágios a propelente sólido na sua configuração básica: dois estágios com o motor S50, com cerca de 10 toneladas de propelente, e um estágio orbitalizador, com o motor S44. IFF MoDo 4 NACIoNAl (IFFM4Br) – Sistemas IFF (Identify Friend or Foe) identificam plataformas (aeronaves e embarcações) no combate, dando


Sargento Bruno Batista / Agência Força Aérea

Sargento Bruno Batista / Agência Força Aérea Sargento Bruno Batista / Agência Força Aérea

Sargento Bruno Batista / Agência Força Aérea

Ao lado, maquete do SGDC-1, lançado em 2017; abaixo, o cargueiro multimissão KC-390, apresentado na edição de 2017 da LAAD

suporte às regras de engajamento para permitir o emprego seguro de mísseis além do alcance visual (BVR, do inglês Beyond Visual Range) e evitar o fratricídio. O projeto IFF Modo 4 Nacional visa desenvolver e qualificar os principais componentes do Sistema, dentre eles o criptocomputador nacional, dotado de algoritmos criptográficos de Estado. O intuito é capacitar a FAB para realizar classificação segura e autônoma de plataformas. PROGRAMA ESTRATÉGICO DE SISTEMAS ESPACIAIS (PESE) – Aprovado pelo Ministério da Defesa em 30 de julho de 2018 em atendimento ao preconizado na Estratégia de Defesa Nacional, o PESE é gerenciado pela Comissão de Coordenação e Implantação de Sistemas Espaciais (CCISE) e disponibiliza produtos duais (civil e militar) a serem utilizados de forma integrada em benefício de toda a sociedade brasileira. Tem capacidade para o fornecimento de serviços de comunicações, observação da Terra, mapeamento de informações e monitoramento do espaço. Além do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC-1), lançado em 2017, a partir de 2021 outros satélites devem entrar em operação como a constelação Carponis (sensoriamento remoto óptico), SGDC2, ATTICORA (comunicações táticas), e LESSONIA (sensoriamento remoto radar). O PESE também contempla o segmento de acesso ao espaço por meio de veículos lançadores (VLM e Família Áquila) e das instalações do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA). GRIPEN (F-X2) – O projeto F-X2 tem por finalidade adquirir 36 aeronaves multiemprego para substituir, em Aerovisão

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Sargento Bruno Batista / Agência Força Aérea

Já certificado pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), o KC-390 está agora em fase de certificação militar, realizando campanhas de testes nas diversas missões que a aeronave é capaz de exercer curto prazo, os aviões MIRAGE 2000, desativados em 2013, e, em longo prazo, os F-5M e A1M. A finalidade é modernizar e padronizar a frota, com vistas ao cumprimento da missão constitucional da FAB, possibilitando o desenvolvimento da indústria de defesa nacional com foco na transferência de tecnologias. O Gripen será uma aeronave de múltiplo emprego que terá capacidade para cumprir uma variada gama de ações do Poder Militar Aeroespacial, de modo a garantir a exploração da informação, o controle do ar, a projeção estratégica de Poder Aeroespacial, a interdição do campo de batalha e, ainda, a sustentação em combate. AeroNAVe MUlTIMIssÃo NACIoNAl (KC-390) – Maior aeronave militar já produzida no Brasil, o KC-390 é um projeto estratégico composto por sistemas embarcados de última geração. Alia a emissão de requisitos e de

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pacotes de “offset”, de forma a impulsionar diversos setores da Base Industrial de Defesa (BID). Com capacidade para operar em diversos cenários, da Floresta Amazônica às pistas de pouso da Antártida, o KC-390 poderá ser empregado em uma série de missões, envolvendo transporte logístico e reabastecimento em voo. A aeronave tem condições de acomodar equipamentos de grandes dimensões, como armamentos, aeronaves semidesmontadas e até blindados, com capacidade máxima de 23 toneladas.

ProCesso De PlANeJAMeNTo Do PrePAro oPerACIoNAl (PPl-Po) – Trata-se de uma metodologia, desenvolvida em 2018 pelo COMPREP, que permite sistematizar o processo de planejamento institucional. Possibilita o encadeamento lógico-racional de todas as fases que compõem um processo de planejamento. Sua utilização visa assegurar a análise completa da situação, a programação detalhada do preparo operacional e o acompanhamento sistemático das ações projetadas.

TWr reMoTA – Idealizada para otimizar recursos técnicos e operacionais existentes por meio da implantação de Serviços de Tráfego Aéreo Remotos em aeródromos regionais. A previsão é de que entre em operação para certificação ainda em 2019, no Aeródromo de Santa Cruz (R-TWR SC), atendendo ao preconizado na Diretriz da Força Aérea 100.

Para explicar cada detalhe dos 14 projetos, o Comando da Aeronáutica montou uma estrutura de 250 metros quadrados em seu estande principal na LAAD 2019. Além dele, outros 198 metros quadrados são destinados à realização de reuniões institucionais e uma área externa de 2.520 metros quadrados para a exposição do Módulo de Alimentação a Pontos Remotos (MAPRE) e do veículo suborbital (VSB-30).


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ROTORES SEM LIMITES Campanha inédita no Brasil coloca a Força Aérea entre as poucas do mundo que são capazes de realizar o Reabastecimento em Voo (REVO) de helicópteros. Utilizando um H-36 Caracal e um reabastecedor KC-130H Hércules, a primeira campanha aconteceu com sucesso e, agora, os pilotos e engenheiros de prova preparam-se para os próximos passos. As asas rotativas dão um salto de operacionalidade: sem a limitação do combustível, aumentam as capacidades de emprego dos helicópteros da FAB TeNeNTe JorNAlIsTA GABrIellI DAlA VeCHIA

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Capitão Marcus Costa / IPEV

Primeira campanha teve como reabastecedor o KC-130H Hércules, mas a nova aeronave KC-390 também será habilitada para realizar o REVO no H-36 Caracal

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Primeira campanha bem-sucedida foi realizada em dezembro de 2018 na Ala 11, localizada no Rio de Janeiro (RJ)

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m dezembro de 2015, uma tripulação do Esquadrão Falcão (1º/8º GAV) – à época ainda sediado em Belém (PA), hoje em Natal (RN) – foi até à pequena cidade de Itajubá (MG), onde fica a única fábrica de helicópteros do Brasil, para receber o primeiro H-36 Caracal na versão operacional. Hoje, a Força Aérea Brasileira (FAB) possui em sua frota quatro aeronaves desse tipo, distribuídas entre o Falcão e o Esquadrão Puma (3º/8º GAV), sediado na Ala 12, no Rio de Janeiro (RJ). Uma das características distintas em relação à configuração básica, que pode até passar despercebida ao olhar do leigo, mas que faz toda diferença à opera-

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“Será possível chegar mais longe num menor tempo. Este pode ser o diferencial, por exemplo, para salvar mais vidas”

cionalidade: o probe de abastecimento em voo. Esse diferencial que está, agora, sendo testado, irá colocar o Brasil em um seleto grupo de países que possui as equipagens necessárias e domina a técnica do REVO de helicópteros. “Será possível chegar mais longe em menor tempo. Este pode ser o diferencial, por exemplo, para salvar mais vidas”, explica o Major Aviador Bruno Roque Teixeira. Além de piloto de ensaio, ele é responsável pelo planejamento da campanha de testes para certificação do REVO, cuja primeira etapa foi concluída com sucesso. Antes de ser utilizado operacionalmente, uma série de estudos, testes, ensaios em voo


Cabo André Feitosa / Agência Força Aérea

Capitão Marcus Costa / IPEV

Capitão Marcus Costa / IPEV

O Brasil será um dos poucos países apt os a realizar o processo de reabastecimento em voo de aeronaves de asas rotativas, ao lado de forças armadas de nações como Estados Unidos, Israel e França

e preparação dos militares precisa ser executada. Isso porque se trata de uma atividade complexa, inédita no Brasil e consideravelmente restrita também no contexto mundial. Segundo a Airbus Helicopters, fabricante do modelo H225M, operado pelas Forças Armadas brasileiras, há poucas nações no mundo que realizam REVO com helicópteros, dentre elas os Estados Unidos, Israel e França. A capacidade também se limita a poucos modelos de aeronaves: além do Caracal, apenas o AS332 L2 Super Puma e alguns helicópteros norte-americanos permitem essa potencialidade. A campanha para certificação do sistema de REVO do helicóptero foi dividida em duas fases, segundo o gerente técnico do projeto, Major Aviador Leonardo de Carvalho Mota, do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA). A primeira, que aconteceu em dezembro do ano passado, envolveu o KC-130H Hércules atuando como tanker para realização da chamada conexão a seco – ou seja, sem transferência de combustível, mas com a realização de todos os procedimentos para tal. “Na segunda fase, que está prevista para ocorrer em junho de 2019, irá acontecer propriamente o reabastecimento em voo. A missão foi Aerovisão

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dividida em duas fases respeitando a doutrina de ensaios em voo de aproximação gradual, ou seja, executamos os pontos mais simples ou mais conservadores, analisamos os dados e, havendo segurança, continuamos o planejado, executando os pontos de ensaios mais complexos”, afirma. Embora os resultados estejam sendo visualizados só agora, o planejamento da campanha envolveu outras etapas complexas, como a modificação do sistema de reabastecimento em voo do KC-130H para operar com helicópteros, um intercâmbio de pilotos e engenheiros na United States Air Force (USAF) e treinamentos de REVO em simulador. Não à toa, o planejamento da campanha de REVO do helicóptero durou em torno de dois anos: as fotos revelam um pouco da dimensão da complexidade da operação, que difere do REVO de uma aeronave de caça em diversos aspectos, como a velocidade das aeronaves durante o procedimento. “No briefing, combinamos um ponto de encontro entre as aeronaves tanker [KC-130] e receiver [H-36 Caracal]. Tão logo o Hércules entra em contato visual com o helicóptero, ultrapassa-o, reduz a velocidade e estende a mangueira. O helicóptero é que vai manobrar para conectar o probe de reabastecimento na drogue [cesta] da mangueira do reabastecedor. Para isso, o piloto do helicóptero utiliza referências visuais no tanker para identificar quais são os limites de aproximação entre as aeronaves. No Hércules também ficam dois observadores nas janelas laterais, monitorando a operação do helicóptero, informando tudo ao piloto do reabastecedor”, detalha o Major Aviador Alexandre Cantaluppi Silvestre de Freitas, piloto de prova do Instituto de Pesquisas e Ensaios em Voo (IPEV). Com os dados obtidos na campanha de ensaios, entra em cena outro importante ator: o Instituto de Coordenação e Fomento Industrial (IFI). É essa organi-

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Primeira campanha não teve troca efetiva de combustível, o que está previsto para acontecer em junho


Capitão Marcus Costa / IPEV

“Na segunda fase, que está prevista para ocorrer em junho de 2019, acontecerá propriamente o reabastecimento em voo. A missão foi dividida em duas fases respeitando a doutrina de ensaios em voo de aproximação gradual, ou seja, executamos os pontos mais simples ou mais conservadores, analisamos os dados e, havendo segurança, continuamos o planejado, executando os pontos de en-

Sargento Johnson Barros / Agência Força Aérea

saios mais complexos”

Ao contar com reabastecimento em voo, o H-36 Caracal tem melhora em seu desempenho em missões de busca e salvamento, por exemplo

zação da Força Aérea Brasileira que irá chancelar, com a certificação, o sistema de REVO do H-36 Caracal. Ou seja, atestar que a aeronave poderá realizar a operação em segurança sob determinadas condições de voo relacionadas à velocidade, à altitude, ao peso e ao campo gravitacional. É mandatório que um sistema esteja certificado para que possa ser utilizado operacionalmente. Portanto, somente após essas etapas as tripulações que operam o H-36 Caracal poderão implementar mais esse upgrade à doutrina e utilizá-lo em prol da população brasileira. reVo: alcance e rapidez na Dimensão 22 A questão da autonomia é um ponto importante para a Aviação de Asas Rotativas, especialmente pelo fato de que a Força Aérea Brasileira é responsável pela realização de ações de Busca e Salvamento em uma área de 22 milhões de quilômetros quadrados – a chamada Dimensão 22. A soma corresponde praticamente a três vezes a extensão territorial do país. Segundo o Comandante do Esquadrão Puma (3º/8º GAV), Tenente-Coronel Aviador Ivaldeci Hipólito de Medeiros Neto, o helicóptero, em sua versão operacional, tem autonomia de 5h, devido aos tanques de cabine, enquanto, na versão básica, o número cai para 3h50. “É possível instalar tanques internos para longas distâncias, se for o caso, mas perdemos espaço interno e disponibilidade de peso”, afirma. O alcance da aeronave, voando a uma velocidade de 260 km/h, é de pouco mais de mil quilômetros. Com o REVO do H-36 Caracal, o combustível deixa de ser uma preocupação em ações que porventura aconteçam, por exemplo, em alto-mar, como foi o caso do resgate das vítimas do voo AF447, em 2009, que caiu no Oceano Atlântico a cerca de 400 milhas (aproximadamente 700 km) de Fernando de Noronha. Aerovisão

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oPerACIoNAl

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Coronel Marcos Antônio Parreiras

ALA 8: OPERACIONALIDADE EM PROL DA AMAZÔNIA Organização militar é protagonista na defesa e integração da região amazônica brasileira, unindo quatro unidades aéreas, um grupo de logística e um grupo de segurança e defesa TeNeNTe JorNAlIsTA loreNA MolTer

Os F5-EM do Esquadrão Pacau são responsáveis pela defesa aérea da região amazônica do Brasil

U

ma das organizações militares da Força Aérea Brasileira (FAB) que mais cumpre missões operacionais na Amazônia, a Ala 8 tem relevante papel na região. Sediada em Manaus (AM) e reunindo em sua sede equipagens das Aviações de Asas Rotativas, de Caça e de Transporte, bem como um grupo logístico e outro de segurança e defesa, essa organização militar oferece as condições necessárias para trabalhar em prol da defesa e da integração e apoiar as missões de controle do espaço aéreo da região através do Quarto Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA IV). O Comandante da Ala 8, Brigadeiro do Ar Mauricio Carvalho Sampaio, explica a impotância da organização para o país. “A Ala 8 tem por suas características regionais uma grande importância na proteção do Cone Norte. Nós mantemos ativada aqui, durante 24 horas, todos os dias do ano, nossa defesa aérea. Temos uma aeronave de caça F5-EM de alerta em coordenação com o Comando de Operações Aeroespaciais [COMAE]. Então, qualquer acionamento, independente do horário do dia, será cumprido dentro dos prazos estabelecidos e dos tempos de reação ao alerta. Possuímos também aeronaves H-60 Black Hawk, do Esquadrão Harpia [7º/8º GAV], os C-105 Amazonas, do Esquadrão Arara [1º/9º GAV], as aeronaves C-97 Brasília e C-98 Caravan, do Esquadrão Cobra [7° ETA], que são de suma importância para todo esse apoio, não só regional como de todo Brasil. Então, a qualquer dia, se formos acionados pelo COMAE, estamos prontos para responder”, explica. Criada em 2 de fevereiro de 2017, a partir da Portaria de criação das Alas e Núcleos de Alas n° 1617/GC3, de 8 de dezembro de 2016, por meio do

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“Falando especificamente da Amazônia, nós temos uma grande necessidade de manter as aeronaves em condições de voo para atender também outras Forças Armadas principalmente o Exército pela capilaridade de seus pelotões de fronteira -, mas também à população brasileira”

condições climáticas, o Comando da Aeronáutica posicionou estrategicamente unidades operacionais na Ala 8. Ao todo, são quatro esquadrões aéreos e dois grupos. Além deles, a Guarnição de Aeronáutica de Manaus contempla outras organizações: o Quarto Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA IV), o Serviço de Recrutamento e Preparo de Pessoal da Aeronáutica de Manaus (SEREP-MN), o Hospital de Aeronáutica de Manaus (HAMN), o Grupamento de Apoio de Manaus (GAP-MN), a Prefeitura de Aeronáutica de Manaus (PAMN), o Segundo Grupo de Defesa Antiaérea (2° GDAAE), o Sétimo Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA 7), o Destacamento de Apoio à Comissão de Aeroportos da Região Amazônica em Manaus (DACO-MN) e o Destacamento de Infraestrutura de Manaus (DTINFRA-MN).

A versatilidade do H-60 Black Hawk é um trunfo do Esquadrão Harpia para atuar em localidades remotas da área amazônica

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Decreto n° 9.077, de 08 de junho de 2017, a Ala 8 adaptou-se às características da região e atua como suporte à população, harmonizando as relações entre as características regionais e o bem-estar dos moradores. “Falando especificamente da Amazônia, nós temos uma grande necessidade de manter as aeronaves em condições de voo para atender também outras Forças Armadas - principalmente o Exército pela capilaridade de seus pelotões de fronteira -, mas também à população brasileira que tem uma grande demanda, tendo em vista que em alguns locais da Amazônia não existem estradas de acesso, apenas rios. Entretanto, a sazonalidade dos rios, por vezes, impede, inclusive, a navegação. Então, o meio mais seguro, além de ser o mais rápido, é o meio aéreo”, relata o Brigadeiro Sampaio. Devido às peculiaridades encontradas, as grandes distâncias e as


Acervo Ala 8

Acervo Ala 8 Acervo Ala 8

Em sentido horário, a partir da imagem superior esquerda: caças F5-EM do Esquadrão Pacau em alerta para decolagem a qualquer momento; piloto do Esquadrão Arara utilizando NVG; e militares do Arara realizando procedimento de evacuação aeromédica

Pacau Carregando em sua história o título de “A Sorbonne da Caça”, o Esquadrão Pacau (1°/4° GAV) cumpre ações de defesa aérea, escolta e varredura, contribuindo para o preparo dos esquadrões subordinados ao COMPREP. Primeira unidade de caça de alta performance a operar na Amazônia, o esquadrão atua durante 24 horas, todos os dias do ano, na defesa do espaço aéreo brasileiro. Prestes a completar 72 anos, o Pacau foi criado na cidade de Fortaleza (CE) e transferido para Natal (RN) em 2002. Em 2010, iniciou suas atividades na Amazônia. Hoje, com mais de 250 mil horas de voo, dedica-se às emprego ar-ar, realizando missões de defesa. Harpia A bordo dos helicópteros H-60 Black Hawk, o Esquadrão Harpia (7°/8° GAV) é um importante elemento de integra-

ção da FAB na Amazônia. O esquadrão está há 32 anos em operação e suas aeronaves versáteis possuem características que contribuem para o transporte de urnas eletrônicas e vacinas, atuação no resgate de aeronaves acidentadas e no apoio a órgãos públicos e forças especiais. O esquadrão também realiza evacuações aeromédicas, missões de defesa, bem como se mantém alerta dentro do sistema brasileiro de busca e salvamento, entre outras missões. Suas tripulações são capacitadas com Night Vision Goggles (NVG) - equipamentos de visão noturna. Cobra Conhecidos como Anjos da Amazônia, em função das missões humanitárias que realizam, os militares do Esquadrão Cobra (7° ETA) operam há 35 anos na região Norte do Brasil. A Organização emprega os vetores C-97 Brasília e C-98 Caravan. Suas missões

englobam evacuações aeromédicas, transporte aéreo logístico, apoio aos pelotões de fronteira, entre outras. Arara O Esquadrão Arara (1°/9° GAV) foi a primeira unidade da FAB a ser instalada em Manaus. Empregando as modernas aeronaves C-105 Amazonas, realiza missões na Amazônia há 49 anos, o esquadrão de transporte participa de voos do Programa de Apoio à Amazônia (PAA), transporte aéreo logístico, evacuações aeromédicas, infiltração e exfiltração de tropas, lançamento de paraquedistas, entre outras atividades. Também é capacitado para voos utilizando Night Vision Goggles (NVG). Grupo logístico da Ala 8 O grupo realiza a manutenção das aeronaves das unidades sediadas na Amazônia. O Grupo Logístico da Ala 8 (GLOG 8) coordena os trabalhos do Aerovisão

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Correio Aéreo Nacional em Manaus e possui dois terminais táticos logísticos para transporte de carga que dão suporte ao PAA: um em São Gabriel da Cachoeira (a 850 km da capital) e outro em Tabatinga (a 1.110 km de Manaus). No último ano, foram movimentados 795.895 kg de carga e mais de 10 mil passageiros. Ainda, o GLOG 8 executa as atividades de apoio logístico do Sistema de Material Aeronáutico em Manaus e administra o simulador de voo da aeronave C-105 Amazonas. O equipamento é classificado na categoria D, ou seja, é capaz de reproduzir 100% do voo real, e recebe tripulações dos Esquadrões Arara, Onça (1°/15° GAV) e Pelicano (2°/10° GAV), além de equipes de outros países. Outra importante estrutura sob sua tutela é o aeroporto militar de Ponta

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Além da capital do Amazonas, o GLOG 8 atua em postos avançados no ambiente da selva amazônica: dois terminais táticos logísticos estão situados nas regiões de São Gabriel da Cachoeira e Tabatinga

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“Os Pelotões de Fronteira do Exército em toda Amazônia dependem dos aviões que partem do aeroporto de Ponta Pelada. Basicamente, esses aviões levam toda a estrutura para que os Pelotões possam subsistir”


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GSD-MN é responsável pelo gerenciamento de atividades que visam à proteção e segurança dos esquadrões e unidades da FAB sediados em Manaus

Acervo Ala 8

Pelada (AM). Inaugurado na década de 1950, é um ponto de integração da Região Norte com as demais porções do país, também garantindo a presença da FAB no interior da Amazônia. “Os Pelotões de Fronteira do Exército em toda a Amazônia são apoiados pelos aviões que partem do aeroporto de Ponta Pelada. Basicamente, esses aviões levam a estrutura para que os Pelotões possam subsistir na fronteira. A importância do aeroporto nasce exatamente por aí, e ainda é o ponto de chegada dos aviões que nos abastecem vindos do Sudeste, onde estão os Parques de Manutenção, por exemplo. Todo material que a Ala 8 precisa para manutenção dos aviões também passa por esse aeroporto. Lembro também dos destacamentos. Temos dois, que são bases desdobradas no interior da Amazônia”, diz o Comandante do GLOG, Coronel Especialista em Aviões Eduardo Vieira de Carvalho. Grupo de segurança e Defesa de Manaus O Grupo de Segurança e Defesa de Manaus (GSD-MN) tem por finalidade realizar, em pronta-resposta, ações de Força Aérea para a proteção de Esquadrões Aéreos e de Aeronáutica na capital amazonense, de pessoal e de pontos sensíveis de interesse do Comando da Aeronáutica. Atua no emprego de tropas terrestres em toda a região. Seus militares participam de missões relevantes que têm reflexo em âmbito nacional, podendo-se destacar as eleições no Amazonas a cada dois anos e operações de Garantia da Lei e da Ordem. Aerovisão

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Helicóptero H-36 Caracal do Esquadrão Puma (3º/8º GAV) participa de operação de resgate às vítimas do desastre ambiental ocorrido em Brumadinho (MG)


ARTE: SubdivisĂŁo de Publicidade e Propaganda


MEMÓRIA FAB

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O 1º Grupo de Aviação de Caça se mostrou indispensável em diversos episódios na Itália durante a Segunda Guerra Mundial.Em um intervalo de três anos, o Brasil fundou uma Força Aérea, investiu em formação, infraestrutura e enviou um esquadrão de caça para um teatro de operações extracontinental.

Sargento Johnson Barros / Agência Força Aérea

SENTA A PÚA! TeNeNTe JorNAlIsTA FelIPe BUeNo

O Republic P-47 Thunderbolt foi o maior e mais pesado caça na história a ser equipado por um único motor de combustão interna. Foi um dos principais vetores da Força Aérea dos Estados Unidos durante a Segunda Guerra, sendo utilizado também por outros países aliados, incluindo o Brasil

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Segunda Guerra Mundial já acontecia na Europa quando o Presidente Getúlio Vargas sancionou, em 20 de janeiro de 1941, o decreto-lei nº 2.961, criando o Ministério da Aeronáutica. Joaquim Salgado Filho, designado primeiro Ministro da pasta, buscava, primeiramente, estruturar o setor aéreo no Brasil, aprimorando sistemas de controle do espaço aéreo e fundando aeródromos. Ainda em 1941, foi criada a Diretoria de Rotas com o objetivo de promover o desenvolvimento da infraestrutura e da segurança da navegação aérea. No entanto, ainda em seus primeiros passos - fundando escolas e aeródromos - a Força Aérea

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Brasileira (FAB) foi obrigada a ingressar em um teatro de operações extracontinental. Nele, a Aviação de Caça brasileira teve seu batismo de fogo – e papel fundamental no cumprimento de missões em solo italiano. Até então, o Brasil adotava uma posição neutra em relação aos embates relacionados à Segunda Guerra. A Declaração do Panamá estabelecia, desde 1939, uma zona de segurança de 300 milhas onde os países americanos se comprometiam a manter a neutralidade – incluindo o litoral do Brasil. Mas tudo mudou quando navios brasileiros começaram a ser atacados durante o episódio que ficou conhecido como a Batalha do

Atlântico Sul. Em 28 de janeiro de 1942, o Brasil rompeu as relações diplomáticas com os países do Eixo, marcando o apoio aos Aliados. Mais tarde foi a vez da Aviação de Caça da FAB entrar no conflito: desta vez, em território italiano, junto aos aliados. A declaração de guerra do Brasil aos países do Eixo, em 22 de agosto de 1942, determinou uma mobilização geral. Em 18 de dezembro de 1943, foi criado o Primeiro Grupo de Aviação de Caça (1º GAVCA) e, em 20 de julho de 1944, a Primeira Esquadrilha de Ligação e Observação (1a ELO). Para comandar as unidades aéreas na Itália, foram designados, respectivamente, o Major Aviador Nero


Acervo CECOMSAER Acervo CECOMSAER

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Acima, um alvo atingido pelo esquadrão brasileiro, que atuou no território italiano junto a esquadrões da Força Aérea dos Estados Unidos como unidade de caça-bombardeiro em missões de reconhecimento e interdição; à direita, a partir de cima, bandeira do Brasil em solo italiano, militares posando à frente do P-47 e, por fim, aeronave utilizada pelo Tenente Canário danificada

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No centro da bolacha do Esquadrão, o avestruz era uma brincadeira entre seus integrantes: eles precisavam se adaptar a alimentos incomuns por conta das dificuldades da guerra, comendo de tudo como um avestruz

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Moura e o Capitão Aviador João Affonso Fabrício Belloc. Ambos chegaram à Europa em outubro de 1944. Assim, em três anos, o Brasil fundou uma Força Aérea, investiu em formação, infraestrutura e aumento do efetivo e, enfim, desembarcou em um cenário de guerra real. O 1º GAVCA saiu do Brasil com 350 homens, incluindo 43 pilotos, e chegou a Livorno integrando o 350th Fighter Group da Força Aérea Americana. Antes disso, o grupo aliado havia realizado a Operação Torch, no Norte da África, e seguiu até a Itália. Além do 1º GAVCA, eram três esquadrões, todos norte-americanos: 345th, 346th e 347th Fighter Squadron.

Para eles, o 1º GAVCA, equipado com os P-47 Thunderbolt, era conhecido como “1st Brazilian Fighter Squadron (1st BFS)”, com o código “Jambock”. A partir de sua base, em Tarquínia, na Costa Oeste da Itália, o 1º GAVCA passou a planejar suas próprias operações em 11 de novembro. O Brasil ainda enviou uma equipe de médicos e enfermeiros à Itália, atuando junto ao Esquadrão e no US 12th General Hospital, em Livorno. O símbolo do Grupo foi idealizado a bordo do navio a caminho da Itália. Dos elementos: a moldura auriverde simboliza o Brasil; o céu vermelho, a guerra; o avestruz, o piloto de caça brasileiro, que


Acervo CECOMSAER

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Após 44 decolagens em 11 missões, o dia 22 de abril de 1945 ficou marcado como o Dia da Aviação de Caça

precisou se adaptar a diferentes alimentos em suas missões; o escudo azul com o Cruzeiro do Sul é o símbolo das Forças Armadas do Brasil; e a arma empunhada pelo avestruz, o poder de fogo do P-47. “Senta a Púa!” é o grito de guerra do 1º GAVCA. Já o Hino da Aviação de Caça foi composto após uma missão bem sucedida na quarta-feira de cinzas de 1945 – o “Carnaval em Veneza”. Durante a Guerra, o 1º GAVCA operou como unidade independente, e as missões em fevereiro de 1945, quando os caças da FAB atacaram o inimigo em Monte Castelo, contribuíram para a vitória dos combatentes da Força

Expedicionária Brasileira (FEB). Nos Estados Unidos, os brasileiros haviam sido treinados para operações de caça, mas a Luftwaffe (Força Aérea Alemã) executava poucas missões na região. Logo, o esquadrão atuou como unidade de caça-bombardeiro, em missões de reconhecimento armado e interdição, em suporte às forças terrestres aliadas. O clímax da atuação da Força Aérea Brasileira foi em 22 de abril de 1945, quando uma grande ofensiva dos Jambocks contabilizou 44 decolagens em 11 missões em um único dia. O dia amanheceu nublado. As três esquadrilhas (verde, azul e vermelha) do Grupo levantaram voo a partir das 8h30 com o objetivo de atacar estruturas e veículos próximos a San Benedetto. Uma delas decolou pouco depois em direção ao sul de Mantua, para uma missão de reconhecimento armado - mais de 80 veículos foram destruídos, além de fortes, tanques e balsas. Ao fim do dia, o Grupo

acumulou 44 missões individuais e destruiu mais de 100 alvos. 22 de abril de 1945 foi o dia com o maior número de missões de combate despachadas, sendo celebrado até hoje como o Dia da Aviação de Caça. Dois P-47 foram avariados e um abatido e seu piloto capturado pelas forças alemãs. Além do 1º GAVCA, a 1ª ELO apoiou a Artilharia Divisionária (AD) da FEB, realizando missões de observação, ligação, reconhecimento e regulagem de tiro. A 1ª ELO realizou 684 missões em quase 200 dias de operações. Quatro décadas depois, em 1986, os feitos do 1º GAVCA na Itália foram novamente reconhecidos. O Grupo recebeu do Embaixador dos Estados Unidos no Brasil e do Secretário da Força Aérea Americana, a Presidential Unit Citation, comenda concedida pelo governo norte-americano. Além do 1º GAVCA, só duas unidades estrangeiras foram agraciadas com a medalha – ambas da Força Aérea Australiana. Aerovisão

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Voo MeNTAl

Instituto Ayrton Senna

Os artigos publicados nesta coluna são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam necessariamente a opinião do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica

PATRIOTISMO, UM GRANDE LEGADO DE AYRTON SENNA Por Bianca senna, Diretoria de branding do Instituto Ayrton senna

A

o lado da Copa do Mundo de futebol e das Olimpíadas, a F1 é o evento esportivo mais importante do mundo, com audiência anual de 1 bilhão de pessoas em centenas de países. E o Brasil pode se orgulhar de ter nesta competição global o melhor atleta de todos os tempos: Ayrton Senna. Seus expressivos números ajudam a explicar o status de mito do esporte: foram três títulos mundiais, 41 vitórias, 65 poles e 80 pódios entre 1984 e 1994. Estes números dizem muito sobre Ayrton, mas era seu gesto após cada conquista que revelava um de seus maiores legados: o de dividir a vitória com seus torcedores e sua Pátria, o Brasil. Desde as primeiras competições de kart, seu orgulho em carregar as cores nacionais era evidente – inclusive virou sua marca registrada com o icônico capacete amarelo com detalhes em verde e azul. O patriotismo de Ayrton ficou ainda mais evidenciado em 1986, quando venceu o GP dos EUA, em Detroit. Na véspera, o Brasil havia sido eliminado pela França na Copa do Mundo, e Ayrton resgatou a alegria e o orgulho ferido após a derrota no esporte sinônimo de paixão nacional para os brasileiros. Depois daquela corrida, o gesto se tornou marca registrada. O piloto sempre carregava a bandeira nacional, levando consigo no topo do pódio para mostrar

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ao mundo todo que aquela vitória não era só dele – era de todo Brasil. Não por acaso, as narrações célebres de suas conquistas incluíram seu amado País em seu sobrenome: “Ayrton Senna do Brasil”. Apesar do amor incondicional pela Pátria, ele sabia que a nação passava por um momento difícil naqueles tempos, com dificuldades na economia, política, desigualdades sociais… Mas havia sim o Brasil que dava muito certo e era questão de honra para Ayrton

O piloto sempre carregava a bandeira nacional, levando consigo no topo do pódio para mostrar ao mundo todo que aquela vitória não era só dele – era de todo Brasil. Não por acaso, as narrações célebres de suas conquistas incluíram seu amado País em seu sobrenome: “Ayrton Senna do Brasil”

mostrar isso nas pistas da F1. Senna foi o responsável por alguns dos momentos mais mágicos da principal categoria do automobilismo mundial. Sua supremacia era evidenciada em três situações onde o desafio à velocidade é ainda mais intenso: na chuva, na execução de voltas perfeitas nas poles e nos circuitos de rua – em Mônaco, o brasileiro é até hoje o recordista de vitórias. Além disso, brilhou em outros palcos tradicionais da F1, como Inglaterra, Itália e Japão, onde conquistou seus três títulos. E foi justamente após a conquista do primeiro mundial que veio uma outra grande recordação para Ayrton: o voo que fez no caça da FAB, eternizada depois em um capacete que até hoje é guardado com muito carinho pela família Senna. Após realizar seu sonho de voar e romper a barreira do som no Mirage III, Ayrton mostrava que, definitivamente, velocidade sempre foi seu combustível. Para a torcida, a sensação era que, com Senna na corrida, tudo podia acontecer. E, já que suas conquistas também eram nossas, hoje sua maior vitória é um legado que completa 25 anos em 2019: a busca por uma educação melhor para o Brasil por meio do Instituto Ayrton Senna. Seguimos sua missão em fazer de nossa bandeira verde e amarela um exemplo de garra, determinação e superação em todo o mundo.




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