Notimp 24.11.2024

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24 de Novembro de 2024

NOTIMP: 329 de 24/11/2024.

O Noticiário de Imprensa da Aeronáutica (NOTIMP) apresenta matérias de interesse do Comando da Aeronáutica, extraídas diretamente dos principais jornais e revistas publicados no país.

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Foguete que será lançado do RN levará cartas de estudantes ao espaço Operação Potiguar visa a reativação de lançamentos feitos pela Barreira do Inferno, na Grande Natal. Primeiro foguete será enviado no próximo dia 29.

Da Redação - Publicada em 23/11/2024 11:14

O foguete que será lançado na próxima sexta-feira (29) de Parnamirim, na Grande Natal, vai levar ao espaço cerca de mil cartas escritas por alunos de quatro cidades próximas do Centro de Lançamento Barreira do Inferno, da Força Aérea Brasileira (FAB).

As mensagens, que têm como tema central o futuro, voltarão à Terra depois de cruzar a atmosfera e carão depositadas no Oceano Atlântico, registrando os sonhos, os ideais e as aspirações dos jovens.

A ação que foi idealizada pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), da FAB, e coordenada pela Agência Espacial Brasileira (AEB), tem como ponto de partida o Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE). O documento sinaliza a importância de despertar o fascínio pelo espaço em crianças e adolescentes.

A iniciativa deu oportunidade aos alunos da rede pública de ensino de Natal, Parnamirim, São José de Mipibu e João Câmara de re etir sobre o que desejam para as próximas gerações.

As cartas foram inseridas no foguete durante uma cerimônia realizada no Centro Vocacional Tecnológico Espacial Augusto Severo, na última quinta-feira (21).

É interessante pensar que vou participar do lançamento de um foguete com algo que escrevi , comentou a estudante Rebeca Barbalho de Oliveira, 17 anos.

Já o jovem Lucas Felipe Cícero, 17 anos, destacou que a experiência será marcante. Estamos levando as nossas palavras ao espaço para que voltem a uma nova geração. Espero que, no futuro, o ser humano consiga encontrar paz. Acredito que, em 50 anos, vamos conseguir achar um meio de sobreviver e nos renovar , complementa.

A estudante Yasmin Felix Teixeira da Silva, 16 anos, aproveitou a iniciativa para aguçar o interesse acerca do espaço. Não pensava muito sobre espaço, ciência e tecnologia, por exemplo. A vinda para cá abriu a minha mente , diz.

Ela explica que, participando da ação, descobriu uma vontade de se tornar pro ssional da área aeroespacial.

O monitor do Centro Vocacional Danilo Lima, de 18 anos, percebeu essa inclinação há alguns meses e, hoje, sente orgulho por ajudar os professores a sensibilizar outros jovens. Antes, era apenas entretenimento. A partir do ingresso no CVT, passei a ensinar as crianças da rede pública sobre o setor espacial , complementa.

Centro Vocacional

Instalado em Parnamirim, o Centro Vocacional Tecnológico Espacial (CVT-E), da Agência Espacial Brasileira (AEB), oferece atividades para difundir o conhecimento cientí co. Foi implementado em parceria com a Barreira do Inferno e, além de estimular o aprendizado voltado para crianças e adolescentes, tem estrutura para capacitar pessoal técnico, facilitar a inserção social e quali car professores, universitários e outros pro ssionais nos temas relacionados às atividades espaciais.

Operação Potiguar

Ativada nesta semana, a Operação Potiguar é dividida em duas fases. Na primeira, será lançado um foguete de sondagem modelo VS30 para treinar a equipe do Centro e veri car equipamentos e processos envolvidos na atividade.

Já na segunda fase, prevista para o segundo semestre de 2025, outro foguete de mesmo modelo será lançado, com objetivo de quali car o sistema de recuperação da parte superior do veículo, conhecida como plataforma suborbital de microgravidade (PSM).

Com o término da operação, o Brasil deve conquistar maior autonomia em eventos de lançamento de veículos suborbitais, segundo a FAB.

Foguete brasileiro levará cartas de jovens ao

espaço

Iniciativa da FAB e AEB incentiva re exões sobre o futuro em alunos de escolas públicas através da atividade aeroespacial

Micael Rocha - Publicada em 23/11/2024 10:03

Para o lançamento do foguete suborbital VS30 V15 que está programado para o próximo dia 29 de novembro, a FAB promoveu uma ação que irá transportar cerca de mil cartas escritas por estudantes de quatro municípios da região.

As mensagens, que tratam do futuro, retornarão ao Oceano Atlântico após cruzarem a atmosfera.

A ação, promovida pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) e coordenada pela Agência Espacial Brasileira (AEB), faz parte do Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE). O projeto quer inspirar crianças e adolescentes a re etirem sobre o espaço e suas possibilidades, envolvendo alunos das cidades de Natal, Parnamirim, São José de Mipibu e João Câmara.

As cartas dos estudantes que serão enviadas foram inseridas no foguete em uma cerimônia especial no Centro Vocacional Tecnológico Espacial Augusto Severo.

Para os estudantes, a oportunidade é marcante, uma vez que a iniciativa representa um legado para as próximas gerações, desejando um futuro mais pací co, além de permitir a descoberta e interesse pela ciência e tecnologia aeroespacial, área que antes não considerava nos planos dos desses jovens.

Força Aérea já repatriou 2.500 brasileiros no Líbano

É a maior operação de repatriação e resgate de brasileiros e familiares de uma zona de con ito da história do país

Robson Bonin - Publicada em 23/11/2024 16:02

A Operação Raízes do Cedro, criada para repatriar brasileiros que moram no Líbano, chegou recentemente ao seu 12º voo.

A aeronave da FAB pousou na Base Aérea de São Paulo, em Guarulhos, nesta semana, com 204 passageiros resgatados da região de con ito no Oriente Médio, incluindo três crianças de colo. Também vieram quatro animais de estimação.

Desde o início da operação, em 5 de outubro, a Raízes do Cedro já retirou do Líbano 2.513 pessoas e 33 pets.

É a maior operação de repatriação e resgate de brasileiros e familiares de uma zona de con ito da história do país.

Museu Aeroespacial guarda coração de Alberto Santos Dumont

Marcelo Barros - Publicada em 23/11/2024 10:00

Em 24 de outubro de 1944, o Brasil prestou uma homenagem singular ao Pai da Aviação, Alberto Santos Dumont. Na ocasião, o oresidente da Panair do Brasil, Dr. Paulo Sampaio, entregou o coração do grande pioneiro ao Ministro da Aeronáutica, Dr. Salgado Filho, em um relicário de ouro adornado por Ícaro.

Atualmente, essa relíquia histórica está preservada no Museu Aeroespacial, no Campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro, como um símbolo eterno de sua contribuição para a aviação mundial.

O coração de Santos Dumont: um símbolo de sua relevância histórica

A entrega do coração de Alberto Santos Dumont em 1944 marcou um momento de reverência àquele que é considerado o Pai da Aviação. O relicário de ouro, erguido por uma gura de Ícaro símbolo da ambição humana de voar , re ete o pioneirismo de Dumont na superação dos limites da época.

Santos Dumont foi responsável por marcos que mudaram o rumo da história, como o primeiro voo controlado de uma aeronave, o 14-Bis, em 1906. Seu coração, preservado como relíquia, é mais que um tributo: é uma lembrança do gênio visionário que elevou o nome do Brasil ao cenário internacional e inspirou o avanço da aviação em todo o mundo.

A jornada do relicário: da AFA ao Museu Aeroespacial

Após a entrega formal ao Ministro da Aeronáutica, o coração de Santos Dumont foi exposto no Salão Nobre da Academia da Força Aérea Brasileira (AFA), onde representou um marco na consolidação da memória histórica do país.

Mais tarde, a relíquia foi transferida para o Museu Aeroespacial, conhecido como Musal, no Campo dos Afonsos, Rio de Janeiro. Esse local é considerado o maior museu aeronáutico da América Latina e guarda um acervo que resgata e preserva a história da aviação brasileira. Lá, o relicário encontra-se ao lado de peças que celebram outros momentos icônicos da história aeronáutica, reforçando a importância de Santos Dumont na formação da identidade nacional.

Santos Dumont: a inspiração para gerações de aviadores

O legado de Santos Dumont vai além de suas invenções. Sua visão revolucionária e sua dedicação ao avanço tecnológico continuam a inspirar gerações de aviadores e engenheiros aeronáuticos. A memória de Dumont é preservada não apenas como homenagem, mas como incentivo ao desenvolvimento contínuo da aeronáutica brasileira.

Seus feitos, como o voo do 14-Bis e a criação do Demoiselle, o primeiro avião leve da história, permanecem entre os maiores avanços tecnológicos do início do século XX. O relicário de seu coração, no Musal, não é apenas um tributo à sua genialidade, mas também um lembrete da responsabilidade de honrar sua memória por meio da inovação e do respeito à história da aviação.

Matérias não publicadas no Portal da Força Aérea Brasileira

Trégua no Líbano virá `tarde demais` mesmo se ocorrer antes da posse de Trump, diz secretário

da

Liga Árabe

À Folha Ahmed Aboul Gheit a rma que organização planeja pedir suspensão de Israel da Assembleia Geral da ONU

Patrícia Campos Mello - Publicada em 23/11/2024 14:25

Israel tem acelerando a negociação de um acordo de cessar-fogo na guerra no Líbano para agradar ao presidente eleito dos EUA, Donald Trump, segundo reportagem do jornal The Washington Post. Mas, para o secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Aboul Gheit, será "tarde demais", mesmo que se feche um acordo de paz antes da posse do republicano, em 20 de janeiro.

Em entrevista à Folha após participar do G20, o egípcio Gheit a rma que a Liga Árabe, que reúne 22 países, discute pressionar a comunidade internacional para que Israel seja suspenso da Assembleia Geral da ONU e para que a entidade invoque o capítulo 7 da Carta das Nações Unidas, que permite desde sanções econômicas até ação militar para deter agressões contra membros.

Os ataques de Israel no Líbano já mataram mais de 3.500 pessoas e, em Gaza, mais de 44 mil. As forças israelenses passaram a bombardear o território palestino após o grupo terrorista Hamas matar 1.195 israelenses, a maioria civis, e sequestrar 251 em 7 de outubro de 2023. No m de setembro deste ano, Israel fez uma invasão terrestre no Líbano e intensi cou bombardeios contra alvos da milícia Hezbollah, que apoia o Hamas e lança foguetes contra o norte de Israel.

Esta foi a primeira vez que a Liga Árabe foi convidada para uma reunião do G20. Entre seus membros há a Arábia Saudita (também parte do G20), Emirados Árabes, Qatar e Egito, além dos próprios Líbano e Palestina.

Na recente Cúpula Árabe e Islâmica, o sr. a rmou que o mundo não pode fechar os olhos para a violência de Israel. O que espera da comunidade internacional?

A comunidade internacional deveria impor um embargo na venda de armas a Israel. Também deveria advertir o país de que, a menos que aja de acordo com a legislação internacional, a Organização das Nações Unidas vai puni-lo ao suspender sua participação na Assembleia Geral. Por que não usar o capítulo 7 em relação a Israel? [trecho da Carta da ONU que autoriza uso de todos os meios necessários para impedir ameaça à paz, desde sanções até zona de exclusão aérea e força militar]. Todo mundo deve respeitar a legislação humanitária internacional. Se vigora a lei da selva, não deveríamos reclamar da decadência da civilização.

O sr. levantou este assunto na cúpula do G20 ou com o presidente Lula? Não, eu não tive a oportunidade, porque o presidente estava recebendo tantos líderes, não era possível. Mas as delegações de países árabes na ONU em Nova York estão traçando a estratégia de como implementar as decisões adotadas na Cúpula Árabe [uma delas é cobrar das Nações Unidas justamente o emprego do capítulo 7, para forçar Israel a aceitar um cessar-fogo em Gaza e a permitir a entrada de ajuda humanitária su ciente na região].

Na sua visão, como o Brasil deveria agir em relação à iniciativa dos países árabes?

O Brasil dá apoio total e tem um entendimento completo sobre a situação em Gaza e no Líbano. Brasil e África do Sul são alguns dos países do Sul que estão agindo em completa conformidade com as posições das nações árabes.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi um dos poucos líderes mundiais a se referir ao

con ito em Gaza como genocídio.

Sim, nós o agradecemos muito em reunião em fevereiro.

A declaração dos líderes do G20 deste ano fala, pela primeira vez, em solução de dois estados para Israel e Palestina e pede cessar-fogo em Gaza. Como o sr. vê isso?

São passos extremamente positivos, especialmente porque o presidente americano (Joe Biden), nas discussões, fez algumas ressalvas, mas não se opôs à linguagem. Isso mostra também que os EUA não querem desagradar os países do sul.

Donald Trump a rmou que levará paz para o Oriente Médio rapidamente. Mas as primeiras nomeações dele na diplomacia são abertamente pró-Israel. O sr. está otimista?

O tempo vai dizer. Não vamos nos precipitar. Precisamos ver como o governo dele vai agir.

O enviado dos EUA para o Oriente Médio, Amos Hochstein, esteve recentemente no Líbano e a rmou que está esperançoso sobre a possibilidade de um cessar-fogo. Mas, recentemente, o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu disse que as forças israelenses vão continuar a operar contra o Hezbollah mesmo se houver trégua. É possível ter acordo dessa maneira?

Eles vivem dizendo isso. Espero que haja um cessar-fogo antes da posse [de Trump] em 20 de janeiro. Mesmo assim, será tarde demais. Os americanos propuseram um plano de ação, mas os libaneses rejeitam que se mantenham ações militares após um cessar-fogo. Precisamos ver como os americanos vão lidar com os israelenses.

Raio-X | Ahmed Aboul Gheit, 82

Egípcio, formou-se em administração na Universidade Ain Shams. Político e diplomata, é secretário-geral da Liga Árabe desde 2016. Foi ministro das Relações Exteriores do Egito e representante do país na ONU.

Acusados em plano para matar Lula podem ter incorrido em crimes militares

Motim, organização violenta e conspiração estão entre as possíveis transgressões cometidas

Publicada em 23/11/2024 15:15

Os acusados de arquitetar um plano para matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice, Geraldo Alckmin (PSB), e o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), podem ter incorrido em diversos crimes militares, além das violações ao Código Penal.

Na última terça-feira (19), a PF prendeu quatro militares acusados de tramar os assassinatos: o general da reserva Mario Fernandes e os tenentes-coronéis Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Bezerra de Azevedo. Também foi preso um civil, o policial federal Wladimir Matos Soares. "Na tentativa de dar esse golpe Tabajara e acabar com o Estado democrático de Direito, eles percorreram diversos trechos do Código Penal Militar", diz Flávio Bierrenbach, que foi ministro do Superior Tribunal Militar (STM) entre 2000 e 2009.

Entre os possíveis crimes citados estão motim, incitamento, organização violenta, conspiração e utilização irregular de bens e meios da União. As penas para cada um variam de 2 a até 20 anos de prisão. Segundo Bierrenbach, "para os crimes ns [os assassinatos], cometeram vários crimes meios [os delitos militares]".

No caso dos crimes militares, seria preciso haver uma ação do Ministério Público Militar junto ao STM. Em caso de condenação a mais de dois anos, o militar perde a patente e o posto.

Ainda estamos aqui, com terrorismo militar e a direita tosca que golpeia o país

Gangue do Punhal Verde Amarelo era inepta, mas esse é o padrão de ataque à democracia

Publicada em 23/11/2024 16:06

O plano de golpe dos militares bolsonaristas foi "fanfarronada", disse o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), ex-vice de Jair Bolsonaro e general de Exército. Bravata, coisa de quem fantasia ter força. O plano "Punhal Verde Amarelo", de matar Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes seria "sem pé nem cabeça".

Mourão acertou, sem querer. Tosco é o termo benigno para descrever o grupo. Um general de Brigada, Mario Fernandes, alto funcionário do Planalto, era líder operacional do bando e de parte da malta do 8 de Janeiro. Perambulava na noite do palácio para imprimir um "plano infalível" de golpe, como gênio burocrata do mal de lme "D" (não tinha fax?). Coronéis e majores parecem semiletrados, de baixa quali cação pro ssional e moral, gente vulgar, boca-suja, violenta e paranoica.

Parece, portanto, o governo Bolsonaro. Tosco e daninho.

Recorde-se a reunião ministerial de 22 de abril de 2020 aquela em que Bolsonaro exige que se meta a mão na polícia e na espionagem, para livrar a própria cara e a da família. São os mesmos sinais de despreparo, de perturbação psicológica, ressentimentos doentios, alguns violentos; são os mesmos modos desclassi cados. Havia loucos ignaros. Por exemplo, Bolsonaro e parte de sua equipe econômica diziam que logo arrumariam R$ 1 trilhão, com o que as contas do governo e estabilidade estariam resolvidas.

Por falar em palhaçada grosseira e sinistra, houve Jânio Quadros (1961) e seu autogolpe frustrado. Houve o improviso, o cesarismo alucinado, o con sco e a roubança de Fernando Collor (1990-92), que deu calote na dívida pública, apoiado por empresários e liberais. A farsa tosca que termina em tragédia não é uma anomalia. É um padrão, um projeto recorrente.

A quadrilha do "Punhal Verde Amarelo" faz lembrar também do terrorismo militar dos anos 1950. Em fevereiro de 1956, dez dias depois da posse de Juscelino Kubistchek, o major Haroldo Veloso e o capitão José Lameirão, da FAB, roubaram um avião militar carregado de armas e tomaram cidades e vilas do sudoeste do Pará. Era a revolta de Jacareacanga. Esperavam provocar guerra civil e a derrubada de JK, que quase não tomara posse por causa da tentativa de golpe de UDN e militares, em 1955.

Pela "governabilidade", JK anistiou os golpistas ainda em março de 1956. Veloso voltaria ao terrorismo em 1959 (revolta de Aragarças). Vários deles participaram do terror e da tortura da ditadura de 1964. Era projeto antigo. Um golpe militar depusera Getúlio Vargas em 1954, mas GV revidou com o suicídio. O fracasso golpista cou entalado na garganta até 1964.

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, estava a caminho do generalato. No nal do governo das trevas, foi nomeado para comando de tropa importante _Lula teve de demitir o comandante do Exército a m evitar a armação. Cid havia sido o nó central do golpismo, além de falsário, mentiroso, muambeiro etc. Ele e colegas estudaram "intervenção militar" na escola de pósgraduação do Exército (artigo 142 da Constituição). Mais um tosco e golpista no centro do poder. O centrão e o direitão quase inteiro do Congresso se calam sobre o golpe, em parte ocupados com emendas, eleição de Câmara e Senado e porque querem evitar a discussão de 2026. Ou falam de "toscos". Serão cúmplices de um golpismo de longa história.

Clique aqui e assista ao vídeo: 50 anos do golpe militar

A Justiça precisa cuidar dos golpistas

O golpe teve o palácio, faltou o quartel

Da Redação - Publicada em 23/11/2024 23:00

Todo golpe fracassado é ridículo e todo golpe vitorioso é heroico. O de Jair Bolsonaro fracassou. Passados dois anos, o Brasil livrou-se das turbulências militares chacoalhadas a partir do Palácio do Planalto. Isso não é pouca coisa.

A Polícia Federal divulgou uma representação de 221 páginas, prendeu quatro pessoas, inclusive um general da reserva, e indiciou 37 cidadãos. Bolsonaro encabeça a lista onde estão quatro ex-ministros, três dos quais com altas patentes militares. A Justiça decidirá o que fazer com cada um deles. Sabendose como o Judiciário baixou o pano da Operação Lava Jato, é melhor economizar expectativas.

Pode-se olhar de duas maneiras para o golpe de Bolsonaro. Primeiro, por que fracassou. Depois, como ele tentou car de pé. Fracassou porque pretendia cancelar o resultado das urnas e, até por isso, não teve o apoio de comandantes militares relevantes. Na conta de um coronel palaciano, no dia 17 de dezembro de 2022, o placar no Alto Comando do Exército era o seguinte: "Cinco [generais] não querem, três querem muito e os outros [sete] zona de conforto. É isso. Infelizmente".

Quando militares se metem na política e vivandeiras civis se metem nos quartéis, brilham os generais falantes (quase sempre da reserva). Como os pro ssionais não falam, tornam-se invisíveis, mas decidem as paradas. O golpe de Bolsonaro tinha um núcleo golpista, essencialmente palaciano. Seus generais e coronéis comandavam os motoristas de seus carros o ciais. A eles juntaram-se milhares de vivandeiras acampados diante de quartéis.

Em julho de 2022, quando Bolsonaro levantava o fantasma de uma possível fraude na eleição de outubro, o comandante do Exército, general Freire Gomes, disse, numa reunião, que não tinha notícias de irregularidades. Dois dias depois do segundo turno, ao ser consultado sobre a minuta de um golpe subsequente à decretação do estado de defesa, ele condenou a ideia. Nas semanas seguintes, Bolsonaro acreditou que suas vivandeiras atropelariam os o ciais que pretendiam respeitar o resultado das urnas. Enganou-se.

No dia 6 de dezembro, o caminhoneiro Lucão, acampado na frente de um quartel, escreveu ao general Mário Fernandes: "O povo aqui em São Paulo começou a desistir já, cara. Já tem barraca sendo desmontada. Né? As pessoas têm trabalho, têm convívio social, o pessoal não tá mais aguentando não, cara. 35 dias nas ruas. Eu mesmo tô desmotivado (...) Esses três últimos dias tomando chuva direto lá, cara, voltando pra casa, porra. (....) Sapato encharcado, roupa encharcada".

O general Fernandes foi preso na quarta-feira e precisa de bons advogados. Ele estava na reserva do Exército e na ativa como palaciano. Era o secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência e foi um ativo articulador do golpe. Frequentava o acampamento de Brasília e, uma semana depois do segundo turno, imprimiu no palácio o plano "Punhal Verde-Amarelo", um manual para o levante. Previa a possibilidade de atentados contra Lula e Geraldo Alckmin, seu vice. Isso e mais um ataque ao ministro Alexandre de Moraes.

Todo golpe fracassado é ridículo

Cinco dias depois da impressão do "Punhal Verde-Amarelo", o major Rafael Martins, que servia no Batalhão de Operações Especiais, trocou mensagens com o tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro. Discutiram os recursos necessários para tocar o bonde e concluíram que seriam necessários R$ 100 mil. Não se sabe se algum dinheiro apareceu, nem de onde veio, mas no dia 7 de

dezembro, o major comprou um iPhone 12, pagou R$ 2.500 (em espécie) e colocou o aparelho em nome da mulher. Era um modelo caro. Seria usado para iludir a vigilância.

Nesses dias, Lula e o ministro Alexandre de Moraes eram campanados. No dia 9, uma equipe de seis militares começou a chegar a Brasília. Usavam codinomes e se comunicavam por celulares. Primeiro veio a Áustria (major Rodrigo Azevedo, preso na semana passada). Na noite de 12, a sede da Polícia Federal foi atacada. Visitando um acampamento, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, garantiu: "O Bolsonaro não vai decepcionar ninguém".

Às 20h do dia 15, o major Rafael, Austrália, Gana, Japão e Alemanha estavam a postos, no caminho de Alexandre de Moraes, para a Operação Copa 2022. Às 20h59 receberam ordens para abortar a ação. Como mostrou o repórter Ranier Bragon, não se sabe quem acionou a missão nem quem a abortou. Essa é uma das lacunas do relatório apresentado pela Polícia Federal.

É possível que as 800 páginas que acompanham os 37 indiciamentos esclareçam as dúvidas. Queriam envenenar Lula? Quem, como? As 221 páginas do relatório da Policia Federal mostram uma investigação minuciosa, mas à parte, a denúncia da intenção dos atentados e a profundidade do envolvimento do general da reserva Mário Fernandes, pouco acrescentam de substancial às conclusões da CPI Mista do Congresso e à parte já conhecida do acervo documental do ministro Alexandre de Moraes. De prático, o plano "Punhal Verde-Amarelo" do general Mário Fernandes resultou na compra de um iPhone pelo major Rafael.

Braga Netto nega tentativa de golpe e plano para assassinar Lula e diz ser leal a

Bolsonaro

General da reserva, que foi indiciado pela Polícia Federal por tentar romper com a ordem democrática, também rechaçou tese de que planejava golpe dentro do golpe com a eventual derrubada de Bolsonaro

Pedro Augusto Figueiredo - Publicada em 23/11/2024 14:08

O general da reserva e ex-ministro Walter Braga Netto disse neste sábado, 23, que nunca houve tratativas para se dar golpe de Estado no Brasil e negou a existência de um plano para assassinar autoridades. Segundo a Polícia Federal, o militar participou de um planejamento para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Braga Netto e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foram indiciados pela PF, com outas 35 pessoas, pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.

Nunca se tratou de golpe, e muito menos de plano de assassinar alguém , escreveu o militar na rede social X (antigo Twitter). Ele também publicou uma nota de seus advogados que faz menção a sua trajetória como comandante militar do Leste, chefe do Estado-Maior do Exército, interventor na Segurança Pública do Rio de Janeiro e ministro da Defesa e da Casa Civil no governo de Jair Bolsonaro.

Lembra, ainda que, durante o governo passado, foi um dos poucos, entre civis e militares, que manteve a lealdade ao presidente Bolsonaro até o nal do governo, em dezembro de 2022 e a mantém até os dias atuais, por crença nos mesmos valores e princípios inegociáveis , diz o texto.

Segundo a Polícia Federal, Braga Netto teve envolvimento direto com a ação de kids pretos , militares das Forças Especiais do Exército que planejaram assassinar Lula, Alckmin e Moraes em 2022. A missão,

que empregou até viaturas o ciais da Força, foi acertada em uma reunião na casa de Braga Netto, diz a PF. O grupo clandestino intitulou de Operação Copa 2022 o monitoramento do ministro do STF no dia 15 de dezembro daquele ano. Já o plano para matar Lula e Alckmin foi intitulada de Operação Punhal Verde Amarelo .

Segundo a PF, a reunião na casa de Braga Netto ocorreu no dia 12 de novembro. No encontro, o planejamento operacional para a atuação dos kids pretos foi apresentado e aprovado . A reunião contou com a participação do tenente-coronel Mauro Cesar Cid, do major Rafael de Oliveira e do tenente-coronel Ferreira Lima.

De acordo com o inquérito da Operação Contragolpe, de agrada na terça-feira, 19, Braga Netto era peça-chave no plano de golpe de Estado o general seria o coordenador-geral de um Gabinete Institucional de Gestão da Crise caso a ruptura democrática ocorresse.

Segundo a jornalista Andréia Sadi, da Globonews, a posição de comando de Braga Netto no gabinete institucional pós-golpe levou um investigador da Polícia Federal a suspeitar que o general poderia derrubar Bolsonaro e assumir o comando do futuro governo.

A hipótese foi rechaçada pela defesa do general. A defesa técnica do general Walter Souza Braga Netto repudia veementemente a criação de uma tese fantasiosa e absurda em parte da imprensa de que haveria um golpe dentre do golpe , a rmaram os advogados no texto publicado no X.

De acordo com os investigadores, a Operação Punhal Verde e Amarelo (eliminação de Lula e Alckmin) estava diretamente relacionada à Operação Copa 2022 (monitoramento e assassinato do ministro). O objetivo central do grupo era a elaboração de um detalhado planejamento que seria voltado ao sequestro ou homicídio do ministro Alexandre de Moraes e, ainda, dos candidatos eleitos Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo José Rodrigues Alckmin Filho .

Cronologicamente, as mensagens sobre a Operação Copa 2022 foram encontradas no celular do tenente-coronel Mauro Cid após os diálogos que indicam alterações feitas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro na minuta do golpe documento encontrado em um armário na residência do ex-ministro Anderson Torres (Justiça) após reunião entre o ex-chefe do Executivo e o general Estevam Cals Tehó lo este, segundo o inquérito da PF, teria sido o responsável pela mobilização dos kids pretos para a consumação do golpe.

Bolsonaro era comandante em chefe das Forças Armadas ou comandante de um golpe militar?

Investigações da PF comprovam em detalhes que o golpe não era de brincadeirinha e a lista de indicados con rma o quanto nomes e crimes estavam embolados

Publicada em 23/11/2024 20:00

O plano macabro de decretar Estado de Defesa, matar o presidente eleito, seu vice e o então presidente do TSE para deixar o caminho livre para uma ditadura de viés e comando militar no Brasil foi tão real que já previa personagens chaves para postos estratégicos no pós-golpe. Bolsonaristas certos nos lugares certos. Ou, melhor, pessoas erradas nos lugares errados.

Os generais de quatro estrelas Augusto Heleno e Walter Braga Netto, da reserva, que estavam no coração do governo de Jair Bolsonaro, seriam comandantes do Gabinete de Intervenção, que se colocaria acima dos Poderes e das autoridades da República para implantar o novo regime , mais ou menos nos moldes da comissão revolucionária de 1964.

O ministro da Justiça, policial federal Anderson Torres, foi nomeado secretário de Segurança do DF, órgão responsável pela proteção da capital da República, logo, da Praça dos Três Poderes e da Esplanada dos Ministérios. Depois de usar o ministério para monitorar votos lulistas e jogar a PRF contra eles, Torres mudou de cargo para fazer o que fez: facilitar a invasão do Planalto, Congresso e Supremo em 8 de janeiro.

Já o ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel da ativa Mauro Cid, pivô de todos os escândalos, processos e do próprio golpe, chegou a ser nomeado pelo então presidente para o Comando de Operações do Exército, tropa de elite próxima a Brasília para ser acionada e agir rapidamente.

Foi desse comando, vejam que coincidência , que criminosos de farda saíram no Dia D do golpe, 15 de dezembro de 2022, quando Bolsonaro assinaria o decreto de Estado de Defesa, para prender ou assassinar o ministro do STF e presidente do TSE Alexandre de Moraes, personagem-chave na resistência ao golpe. Por que Cid nesse comando? Tirem suas conclusões. E ele só foi desnomeado com a posse do general legalista Tomás Paiva no Comando do Exército, já no governo Lula.

Entre 37 indiciados pela PF por golpe, 25 são ou foram militares e três, policiais federais. Quem abre a lista, por ordem alfabética, é o capitão Aylton Barros, expulso do Exército, e quem fecha é o PF Wladimir Soares, in ltrado na segurança do presidente eleito para repassar a rotina, os trajetos e os horários de Lula para seus futuros assassinos.

No Exército, Barros é chamado de bandido . Na PF, Soares virou traidor , vagabundo . O plano considerava a hipótese de danos colaterais (vítimas não previstas) e o atual diretor geral da PF, Andrei Rodrigues, como chefe da segurança do presidente eleito, correria risco de morte se concretizado o ataque a Lula. Além de Torres e Soares, o terceiro PF da lista é Alexandre Ramagem, que dirigia a Abin, ou melhor, a Abin Paralela .

As investigações da PF comprovam em detalhes que o golpe não era de brincadeirinha e a lista de indicados con rma o quanto nomes e crimes estavam embolados: diamantes da Arábia Saudita, atestados falsos de vacina e, acima de tudo, o golpe. Governo ou organização criminosa? Bolsonaro era comandante em chefe das Forças Armadas, do Golpe ou de ambos?

Defender a Pátria é respeitar a Constituição

É perturbador o número de generais suspeitos de apoiar a trama golpista investigada pela PF. Isso mostra que a formação militar precisa deixar mais claro que respeito à lei não é opcional

Publicada em 24/11/2024 03:00

Ainda há muitas dúvidas a respeito do suposto golpe para manter Jair Bolsonaro no poder, mas uma coisa parece certa: se realmente houve, a conspiração provavelmente não prosperou porque a maioria dos chefes militares do País se manteve el à Constituição, em particular o Alto Comando do Exército. Caso seja con rmado que houve mesmo um complô que, conforme as investigações, incluía o assassinato do presidente eleito Lula da Silva, de seu vice, Geraldo Alckmin, e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes , é seguro a rmar que o Brasil escapou de ser tragado por uma das mais graves crises de uma história já bastante marcada por golpes e insurreições.

Pode-se especular quais teriam sido as motivações dos chefes militares legalistas, mas a rigor elas são irrelevantes. Seja pela convicção democrática de seus membros, seja por pragmatismo a nal, não havia, como não há, clima para um golpe militar no País , o fato é que os militares suspeitos de participar do tal complô foram a nal frustrados e o governo federal legitimado pelas urnas em 2022 aí está, acumulando erros e acertos até a prestação de contas no próximo ciclo eleitoral, como acontece em qualquer democracia constitucional.

Dito isso, não deixa de ser perturbadora a informação de que a Polícia Federal (PF) identi cou que a trama golpista contou com uma rede de apoio composta por ao menos 35 militares, entre os quais há nada menos que 10 generais e 16 coronéis do Exército, além de um almirante. Como se sabe, quatro o ciais das Forças Especiais do Exército, os chamados kids pretos , e um policial federal foram presos pela PF, por ordem de Moraes, pela gravíssima suspeita de terem planejado aquele triplo homicídio.

O simples fato de os nomes desses 35 militares terem sido citados no curso das investigações não signi ca, necessariamente, que todos tenham feito parte da suposta conspiração para impedir a posse de Lula da Silva. Não se pode descartar que alguns possam ter sido citados como bravata, a indicar um apoio à intentona que, na realidade, não houve. Há diligências em curso e só a denúncia que a Procuradoria-Geral da República decerto apresentará ao STF individualizará as condutas dos suspeitos, civis e militares, de tramar a permanência de Bolsonaro na Presidência a despeito da derrota eleitoral.

Mas, independentemente do transcurso jurídico do caso, é espantoso que tantos militares, e tão graduados, sejam suspeitos de conspirar contra a democracia reconquistada à custa de muita dor para os brasileiros em plena segunda década do século 21. Todos os coronéis e generais da ativa foram formados para o alto o cialato após a redemocratização do País. A esmagadora maioria deles já sob a égide da Constituição de 1988, que, a despeito da exegese picareta que muitos zeram do art. 142, de ne claramente o papel das Forças Armadas no regime democrático, principalmente a submissão do poder militar armado ao poder político civil. A sociedade sabe apenas super cialmente como se dá a formação dos militares, mas a luz dos fatos permite enxergar que algo não vai bem nessa formação quando dezenas de o ciais de alta patente da ativa e da reserva são citados como participantes de um plano de golpe de Estado.

Mais bem dito: o Brasil não pode car à mercê dos humores dos senhores membros do Alto Comando do Exército, que hoje, ao que tudo indica, são legalistas. Mas poderiam não ser, como vários de seus colegas de farda mencionados como envolvidos na trama golpista. Por isso, é importante enfatizar que o respeito à Constituição e ao Estado Democrático de Direito não é uma escolha e que as escolas militares devem ter o especial cuidado de incutir esses valores nos corações e mentes dos soldados desde o primeiro passo que eles dão em um quartel. Amar e servir à Pátria, a nal, é antes de tudo respeitar suas leis, em especial a maior de todas.

A Operação Contragolpe e outras antes dela, além das que estão por vir, devem levar as Forças Armadas, em particular o Exército, a um profundo reexame de uma mentalidade segundo a qual os militares seriam uma espécie de tutores da República. Nunca foram e jamais serão, ao menos não enquanto aqui vigorar uma democracia digna do nome.

MP do TCU pede suspensão de salários de Bolsonaro e outros 24 militares indiciados por golpe de Estado

O subprocurador-geral Lucas Furtado pediu, ainda, para suspender qualquer pagamento remuneratório aos outros indiciados que porventura recebam verba dos cofres públicos federais, incluindo do Fundo Partidário

Sarah Teó lo - Publicada em 23/11/2024 11:58

O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (MP-TCU) pediu a suspensão dos salários do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros 24 militares indiciados pela Polícia Federal nesta semana por golpe de Estado. No total, a PF indiciou 37 pessoas por tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado democrático de direito e organização criminosa.

O plano envolvia o assassinato do presidente Lula, do vice Geraldo Alckmin e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. De acordo com a PF, foi identi cada uma "organização criminosa que atuou de forma coordenada, em 2022, na tentativa de manutenção do então presidente da República no poder."

O subprocurador-geral Lucas Furtado pediu, ainda, para estender a mesma medida de suspensão de qualquer pagamento remuneratório aos outros indiciados que porventura recebam verba dos cofres públicos federais, incluindo do Fundo Partidário. O pedido engloba, por exemplo, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto. A situação concreta que temos diante e nossos olhos sobressai do escopo do razoável e beira ao absurdo pontuou Furtado.

Os salários dos militares em questão variam de R$ 10 mil a R$ 37,9 mil. O gasto anual chega a R$ 8,8 milhões. Para o subprocurador, esses militares, pagos com recursos públicos e que têm o dever funcional de defender o país, se organizaram "para atentar contra os valores democráticos". Furtado também pediu a indisponibilidade de bens dos 37 indiciados no montante total de R$ 56 milhões, valor estimado e cobrado em ações movidas ela Advocacia-Geral da União (AGU) em razão dos prejuízos causados nos atos golpistas de depredação da sede dos três Poderes em janeiro do ano passado. O dispêndio de recursos públicos com remunerações de agentes públicos indiciados por fatos tão graves mostra-se, à evidência, inteiramente incompatível com o princípio da moralidade administrativa pontuou.

Bolsonaro volta a atacar PF e Alexandre de Moraes ao comentar inquérito que apontou tentativa de golpe

Ex-presidente também chamou de `injustas` a prisão de quatro militares envolvidos na trama

Da Redação - Publicada em 23/11/2024 14:25

O ex-presidente Jair Bolsonaro comentou, neste sábado, o inquérito da Polícia Federal que apura uma tentativa de golpe após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, no qual foi indiciado.

Em uma live no per l do ex-ministro do Turismo de seu governo, Gilson Machado, o político ironizou as investigações, que chamou de "chifre em cabeça de cavalo" e a rmou que as prisões de militares esta semana foram injustas:

- Uma coisa absurda essa história do golpe. Vai dar golpe com um general da reserva e quatro o ciais superiores? Pelo amor de Deus. Quem estava coordenando isso? Cadê a tropa? Cadê as Forças Armadas? Não que botando chifre em cabeça de cavalo. (...) Golpe agora não se dá mais com tanque agora, se dá com táxi.

E parece que o sequestro não saiu porque não tinha táxi na hora. É uma piada essa PF do Alexandre de Moraes - a rmou Bolsonaro, que está em São Miguel dos Milagres (AL) a convite do ex-ministro e andou pelas ruas da cidade neste sábado.

O ex-gestor público criticou ainda as prisões dos quatro militares nesta terça-feira, que estavam envolvidos na trama. Na terça-feira, foram presos o general da reserva Mário Fernandes, e os tenentescoronéis Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira, Rodrigo Bezerra de Azevedo, integrantes dos Kids pretos membros das Forças Especiais. Além dos militares, o policial federal Wladimir Matos Soares também foi detido.

Bolsonaro e outras 36 pessoas, a maioria militares, foram indiciados pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado democrático de direito e organização criminosa. Na live, ele também criticou a prisão de quatro militares envolvidos na mesma trama.

Na terça-feira, foram presos o general da reserva Mário Fernandes, e os tenentes-coronéis Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira, Rodrigo Bezerra de Azevedo, integrantes dos Kids pretos membros das Forças Especiais.

Além dos militares, o policial federal Wladimir Matos Soares também foi detido - Esses que estão sendo presos injustamente agora, de forma preventiva Não encontra um só respaldo da lei que fala da preventiva para prender esses quatro o ciais -- disse o ex-presidente, que também tratou de outros temas na live, como a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, o jogo do Palmeiras contra o Atlético Goianiense e sua derrota nas urnas no Nordeste no último pleito.

Plano Golpista

Segundo investigação da PF, o plano de tomar o poder e manter Bolsonaro na presidência envolvia matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no m de 2022.

O documento com o planejamento dos assassinatos, batizado de "Punhal verde amarelo", foi impresso no Palácio do Planalto pelo então número 2 da Secretaria-Geral da Presidência, general Mário Fernandes, que foi preso e indiciado. A investigação aponta que, em 16 de dezembro de 2023, o militar fez seis cópias do arquivo, o que, para os investigadores, indica que seriam distribuídas em uma reunião.

Registros de entrada do Palácio da Alvorada do dia seguinte, 17 de dezembro, mostram que Mário Fernandes foi um dos visitantes da residência o cial da Presidência, onde Bolsonaro cou recluso após perder as eleições para o presidente Lula. No mesmo dia, o ex-assessor especial Filipe Martins, que, segundo a delação de Cid foi um dos mentores de uma minuta golpista, também esteve no local no mesmo dia.

Os militares presos na terça-feira são chamados de kids pretos , porque integravam as Forças Especiais do Exército. A investigação da PF indica que os kids pretos utilizaram conhecimento técnicomilitar para planejar, coordenar e executar ações ilícitas durante os meses de novembro e dezembro de 2022.

A defesa do ex-presidente tem dito que Bolsonaro jamais compactuou com qualquer movimento que visasse a desconstrução do Estado Democrático de Direito ou as instituições que o pavimentam". Na primeira manifestação após o indiciamento, Bolsonaro criticou Moraes em declaração ao portal Metrópoles.

Em entrevista ao GLOBO há duas semanas, ele disse que houve debates sobre a decretação de um estado de sítio no país, mas a rmou que não é crime discutir a Constituição

O que pode acontecer com bolsonaristas após trama para assassinar Lula vir à tona

Vasconcelo Quadros - Publicada em 23/11/2024 13:49

RESUMO

ISTOÉ detalha bastidores da mais louca e irresponsável tentativa de golpe jamais gestada no País, que incluiu plano de assassinato do presidente Lula, do vice Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes

Na quinta, 21, a PF indiciou 37 golpistas

Jair Bolsonaro, os generais Braga Netto e Augusto Heleno, Alexandre Ramagem (ex-Abin) e Valdemar Costa Neto (presidente do PL) estão entre eles

A Polícia Federal (PF) quebrou sigilos e jogou luzes sobre os horrores planejados pelo bolsonarismo. O que veio à tona com a Operação Contragolpe, de agrada na terça-feira 19, revela que generais e militares de con ança de Jair Bolsonaro, num misto de autoritarismo e loucura, planejaram e deram curso, entre novembro e dezembro de 2022 a um plano golpista macabro, uma trama diabólica que incluía os assassinatos do ministro Alexandre de Moraes, do STF, do presidente Lula e de seu vice, Geraldo Alckmin, com uso de armamento pesado, granadas, veneno e táticas de terrorismo.

Um projeto irresponsável, doidivanas, desajuizado, gestado para manter o expresidente e sua tropa no poder ao custo de mergulhar o País em um con ito ainda mais sangrento e violento do que o dos dias que culminaram com o golpe de Estado de 1964.

Na quinta 21, a PF nalizou o inquérito sobre os atos golpistas de 8 de janeiro e encaminhou o relatório, com 884 páginas, a Moraes, relator de todos os processos envolvendo Bolsonaro, e à PGR. As terríveis ações reveladas na terça, 19, foram incluídas no documento. O expresidente e vários aliados foram indiciados por tentativa de golpe, organização criminosa e abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Se desrespeitarem qualquer medida determinada pela Justiça ou tentarem di cultar obtenção de provas e o andamento dos processos, poderão ir para o xilindró antes mesmo do julgamento nal.

Moraes, então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), diplomou Lula e Alckmin, em 12 de dezembro de 2022, com certo atraso porque as sessões do STF se estenderam.

Nesse mesmo dia houve con itos em Brasília, incêndio de carros e ônibus, tentativa de invasão da sede da PF e marcha de extremistas rumo ao hotel onde Lula estava hospedado.

O assassinato de Lula, Alckmin e Moraes também estava marcado para o dia 12, mas os golpistas adiaram a trama, planejada às minúcias, para o dia 15, por causa da demora na cerimônia no TSE.

A ação teria como ponto de partida o arrebatamento do ministro do STF em sua casa ou num restaurante no Parque da Cidade, Zona Central de Brasília, seguida da publicação de um ato

autoritário em que Bolsonaro anularia a eleição, mandaria prender ou matar seus adversários e permaneceria no poder, gerindo o governo a partir da instalação de um gabinete de crise para controlar o País.

A autoridade responsável pelo plano seria o general Walter Braga Netto, ex-chefe da Casa Civil e excandidato a vice, em cuja casa, em Brasília, no dia 12 de novembro de 2022, os golpistas tramaram os crimes e deram início ao monitoramento das autoridades, num planejamento sem precedentes no longo histórico de quarteladas.

O braço direito de Braga Netto era o zero dois da Secretaria Geral da Presidência da República, o general de brigada Mário Fernandes, que coordenou o plano denominado de Punhal Verde Amarelo, através do qual um grupo de seis militares das Forças Especiais do Exército, os chamados Kids Pretos, prenderia e mataria Lula, Alckmin e Moraes. O documento foi impresso no Palácio do Planalto.

O plano foi abortado na data combinada, o 12 de dezembro, mas não abandonado. Como era o alvo prioritário para controlar todo o STF, Moraes foi monitorado até às vésperas da posse de Lula, uma semana antes dos ataques dos mesmos grupos aos prédios dos Três Poderes no 8 de janeiro, quando Bolsonaro, com medo da prisão, já havia fugido do País a bordo do avião presidencial.

O general Estevam Cals Theophilo, outro golpista quatro estrelas, comandante da força terrestre, só não ocupou Brasília porque o ex-presidente vacilou e, na última hora, não quis assinar o ato que promoveria a ruptura democrática e poderia desencadear tanto numa nova ditadura quanto uma guerra civil no País. Ele também foi indiciado.

Militares presos

Fernandes, três o ciais do Exército, o tenente-coronel Hélio Lima e os majores Rodrigo Azevedo e Rafael Martins de Oliveira foram presos em Brasília e Rio de Janeiro na terça 19. A PF precisou cortar na própria carne, engaiolando também o agente federal Wladimir Soares que, escalado para dar proteção a Lula no intervalo entre a eleição e posse, colaborou com os criminosos fornecendo detalhes sobre nomes, armamento e capacidade dos homens que faziam a segurança do então presidente eleito.

Outras hipóteses para a execução de Lula e de seu vice seriam por envenenamento, tiros de pistola ou explosão de granadas.

A PF a rma que o objetivo do grupo criminoso não era apenas neutralizar o ministro Alexandre de Moraes , mas também cassar a chapa presidencial vencedora para consumar o golpe, conforme consta do plano de Fernandes que a PF recuperou ao devassar o celular do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid.

Ele fez delação mas omitiu os detalhes escabrosos do plano e agora corre o risco de voltar para a cadeia. Peça chave na trama, Cid prestou um novo depoimento na terça-feira. Voltou a ser ouvido no dia seguinte, sob condução do próprio Moraes.

Na mira de fuzis

O conteúdo será analisado por Moraes, mas nele há a descrição detalhada sobre uma série de omissões que caracterizam seletividade nos relatos, entre elas todo o plano, recuperado em um aparelho usado pelo serviço secreto israelense, e o fato de o próprio ministro do STF ter cado sob mira de fuzis na sua casa em São Paulo, cujos detalhes deixaram seus lhos em choque esta semana.

Essas omissões são proibidas no contrato de delação e podem, sim, motivar anulação dos benefícios que Cid havia conquistado ao decidir colaborar e devolvê-lo à cadeia. O tenente coronel está em prisão domiciliar com tornozeleira.

No nal do mandato, Bolsonaro o promoveu a general e deu-lhe o comando dos Kids Pretos em Goiânia, mas Lula revogou as duas decisões ao assumir. Os dois são provas acabadas do ditado da máxima de que passarinho que decide voar com morcego acaba por amanhecer de cabeça para baixo.

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), lho do ex-presidente, tentou minimizar a gravidade do plano a rmando que pensar em matar alguém não é crime , como se o assassinato de autoridades da República não tenha partido de uma conspiração envolvendo várias pessoas organizadas numa trama bárbara. A resposta partiu do decano do STF, Gilmar Mendes. Foi plano de execução e não uma mera cogitação.

No delírio dos golpistas, a tomada de poder estava associada à elaboração de um arcabouço jurídico a ser executado com a participação do Superior Tribunal Militar (STM), citação rechaçada pelo presidente da Corte, brigadeiro Francisco Joseli Camelo. Alvo mais visado da República, Alexandre de Moraes foi alertado pela PF que o atentado a bomba na Praça dos Três Poderes, toscamente executado na quarta 13 pelo chaveiro catarinense Francisco Luiz, o Tio França, que se explodiu na rampa numa ação delirante contra o ministro, tem origem numa das franjas do extremismo insu ado pelos militares que cercavam Bolsonaro.

França esteve nos mesmos acampamentos montados em frente aos quartéis geridos, agora se sabe, pelo general Mário Fernandes, o grande elo entre os fanáticos e o Planalto. Conforme disse a ISTOÉ o psicanalista Sylvaim Levy, da Sociedade Brasiliense de Psicanálise, ao se explodir, ele só teve mais coragem do que os militares que o insu aram mas se alimentam da mesma loucura. Eles acreditam que estão certos e seguem o líder Bolsonaro. Não há racionalidade.

Fanáticos e perigosos

O documento enviado ao STF diz que a série de ações violentas executadas depois que Bolsonaro perdeu a eleição criou ambiente para o orescimento de um radicalismo que culminou nos atos do dia 08 de janeiro de 2023, mas que ainda se encontra em estado de latência em parcela da sociedade, exempli cada no atentado a bomba da quarta 13 em Brasília.

No relatório em que pede os indiciamentos, a PF a rma tratar-se de:

um grupo articulado, perigoso, e que justi ca a restrição de liberdade aos militares que radicalizaram os grupos da extremadireita como necessária para interromper a atuação de organização criminosa e o risco concreto de reiteração delitiva .

Em resumo: além dos radicais fardados, há muitos fanáticos perigosos soltos.

A escabrosidade da trama golpista não tem limites, mas aproxima Bolsonaro e os generais que o cercavam da tranca. O inquérito sobre a tentativa de golpe, a ser concluído ainda nesta semana pela promesa da PF, deverá de nir o futuro do ex-presidente, dos generais Augusto Heleno, Braga Netto e Estevam Theóphilo, do ex-comandante da Marinha, Almir Garnier, e de dezenas de o ciais que também conspiraram ou participaram diretamente das tratativas para o golpe.

A Operação Contragolpe mostra que, enquanto analisava a minuta do ato que respaldaria a aventura em cujo texto fez alterações para tentar, sem sucesso, atrair o ex-comandante do Exército, general Freire Gomes, o comandante da FAB, Carlos Almeida Batista Júnior e o Alto Comando das Forças Armadas , Bolsonaro era informado por Cid e o coronel Marcelo Câmara sobre o andamento do plano delegado por Braga Netto ao general Mário Fernandes.

Sinal verde

Numa troca de mensagens com Mauro Cid após sair de uma reunião com o então presidente, o general comemora um suposto sinal verde de Bolsonaro sobre o plano.

Fernandes diz que Bolsonaro aceitou nosso assessoramento , ou seja, o golpe. A PF sustenta que o ex-presidente alterou o texto da minuta golpista, articulou-se através de seus assessores com grupos do agro e reuniu-se com Theophilo, comandante do Comando Terrestre, seis dias antes do prazo estabelecido para prender Moraes.

As investigações mostram que os principais assessores palacianos, Cid e o coronel Marcelo Câmara, supostamente para informar Bolsonaro, acompanhavam todo o monitoramento feito pelos Kids Pretos. Nas mensagens recuperadas do celular de Mauro Cid, a PF cita um diálogo que Mário Fernandes diz ter tido com o ex-presidente no dia 9 de dezembro. Durante a conversa que tive com o presidente, ele citou que o dia 12, pela diplomação do vagabundo (referência chula a Lula), não seria uma restrição, que isso pode, que qualquer ação nossa, pode acontecer até 31 de dezembro e tudo.

Para a PF, a fala é mais uma das tantas evidências que devem constar no relatório nal e que colocam o ex-presidente no centro da trama operada por Braga Netto e Fernandes. Os federais buscam também detalhes sobre as visitas que Bolsonaro fez à sede do Comando de Operações Especiais, em Goiânia, ao qual os Forças Especiais estão vinculados.

Fontes ouvidas por ISTOÉ para reportagem publicada no nal de 2023 informaram que o ex-presidente fez várias visitas ao local em 2022, a última no início do segundo semestre.

Numa delas, foi ciceroneado pelo general Mário Fernandes, que se orgulha de ter sido Kid Preto. Ele ainda trabalha como assessor do deputado e general Eduardo Pazuello (PL-RJ), ex-ministro da Saúde, o desastrado gestor da pandemia.

Os golpistas estão caindo em desgraça. Numa busca à casa de Heleno, um dos investigados, em fevereiro, contou a ISTOÉ uma fonte da PF, os agentes encontraram um general apático, um tanto alheio à gravidade da trama em que se envolveu, mas perceberam que ele guardava um objeto na cueca. Era dinheiro, algo em torno de R$ 1 mil, que ele não precisaria esconder. O cerco ao grupo delirante que acreditava poder derrubar um governo eleito em plena democracia se fechou. O presidente do STF, Luiz Roberto Barroso a rmou que o Brasil esteve muito próximo do inimaginável .

As tratativas de arrecadar R$ 100 mil para monitorar Moraes começaram na casa de Braga Neto no fatídico 12 de novembro de 2022.

A partir do dia seguinte, o ministro passa a ser monitorado, prática que segue até as vésperas da posse do presidente Lula.

Na reunião estavam os tenentes-coronéis Mauro Cid e Ferreira Lima, além do major Rafael Martins de Oliveira, que seriam os responsáveis pela retaguarda das ações.

Dias depois se incorporariam outros Kids, cujas despesas teriam de ser bancadas.

Rafael detalharia esses gastos no documento Copa 2022.

A senha seria usada em toda a ação que poderia terminar no assassinato de Moraes por seis kids pretos, todos disfarçados, se comunicando por linhas telefônicas compradas em nome de pessoas que desconheciam a trama.

Vigiando Moraes

Os agentes se tratavam por codinomes relacionados a países (Alemanha, Áustria, Brasil, Argentina, Japão e Gana) participantes da Copa, usando técnica avançada de disfarce conhecida na linguagem

militar de inteligência como anonimização.

Os alvos eram tratados por apelido.

Moraes era professora , Lula e Alckmin, Jeca e Joca . Rafael Martins de Oliveira era o Japão , coordenador do monitoramento.

Os agentes chegaram a se posicionar nas imediações da residência do ministro, em Brasília, supostamente preparados para agir, quando então Áustria avisa que está perto da posição e pergunta se vai cancelar o jogo? , ouvindo do major, dois minutos depois, a ordem de abortar volta para o local de desembarque (ponto de encontro) .

O major Rodrigo Azevedo, que usava o codinome de Brasil, teria participado intensamente do monitoramento. A PF reconstituiu, inclusive, o trajeto usado pelos agentes, entre Brasília e Goiânia, base dos Kids, vinculados ao Batalhão de Ações e Comando (BAC). No dia escolhido para prender Moraes houve intensa movimentação, com o uso ilegal de automóveis que pertencem à frota das Forças Especiais. Ao que tudo indica, o destino dos golpistas agora, dentro das quatro linhas da Constituição , será o banco dos réus e a prisão.

O plano

O gesto de Bolsonaro deixando a cabeça cair depressivamente para o peito logo que o resultado da eleição de 2022 foi apurado marcou o que viria pela frente: seus assessores palacianos passaram a estimular nos instantes seguintes os acampamentos que reuniram milhares de apoiadores em frente aos quartéis. O que era área de segurança nacional virou, por mais de dois meses, o endereço de malucos que batiam continência a pneu, promoviam sessão mediúnica para atrair ETs e insistiam num golpe imaginário com o uso do artigo 142 da Constituição.

A diplomação de Lula

No dia 12 de dezembro, enquanto Lula e Alckmin eram diplomados, eclodiram os atos antidemocráticos, com a invasão do prédio da Polícia Federal na região central de Brasília. Os mesmos grupos atearam fogo em carros, ônibus e seguiram pela Esplanada em direção ao hotel onde Lula estava hospedado, mas não ousaram se aproximar. Nos dias seguintes a PF descobriu que os protestos seguiam a lógica de vandalismo que resultaria na derrubada de torres de transmissão de energia e na grave tentativa de explosão, por uma bomba caseira, de um caminhão carregado de querosene estacionado no Aeroporto Internacional de Brasília, um dos mais movimentados do país.

O dia D dos crimes

Dia 15 de dezembro era a data escolhida para prender ou matar o ministro Alexandre de Moraes, Lula e Alckmin, mas a ação acabou abortada. Novembro e Dezembro marcariam, no entanto, os preparativos intensos para o golpe através de ações clandestinas que seriam executadas por agentes do grupo de elite do Exército, os Kids Pretos.

Medo da prisão

Sem apoio e com medo de ser preso, Bolsonaro ngiu que não queria passar a faixa e fugiu para os Estados Unidos no dia 30 de dezembro, deixando uma legião de fanáticos órfã de seu líder, mas dispostos a insistir no golpe.

Dia da Infâmia

Dia 8 de janeiro, uma semana depois da posse de Lula, que a ex-presidente do STF, Rosa Weber, denominou de dia da infâmia , hordas de fanáticos tomaram de assalto os prédios do Judiciário, Congresso e Palácio do Planalto assustando o país pela ousadia tosca e tentar criar um caos que atraísse os militares para o golpe.

A ação

Em qualquer instituição armada do mundo, agentes das chamadas Forças Especiais levam uma vida invisível, são convocados para grandes missões em defesa do país e mantidos à distância das disputas políticas ou ideológicas. Eles passam a vida pro ssional inteira treinando todos os tipos de ação, seja na terra, no ar ou na água, e se especializam também em inteligência e táticas para eventuais ações complexas. Levam vida discreta e atuam em sigilo.

Na estranha era Bolsonaro, esses homens que integram a elite militar, conhecidos como Kids Pretos , foram convocados a deixar a caserna e, usando todo o aparato institucional e a formação bancada com dinheiro público, mergulharam na aventura por um golpe de Estado. Atenderam o chamamento de militares que assessoravam o ex-presidente, todos ligados ao general Mário Fernandes, sub de Braga Netto no Planalto, e ao ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, ambos ex-Kids Pretos.

DNA golpista continua

Militares formados nas forças especiais sempre foram suspeitos em ações violentas contra o regime democrático Terrorismo com atentados a bomba fazem parte do DNA da ultradireita militar, que sempre esteve associada ao fanatismo que trafega numa zona cinzenta , entre a lucidez e a demência, ambas as condições absorvidas pelas sutilezas da política.

O pioneiro do último período ditatorial foi Aladino Félix, conhecido como Sábado Dinotos , um místico carismático que, entre dezembro de 1967 e agosto de 1968, liderou um grupo formado por um general do Exército, Paulo Trajano da Silva, e 14 militares da antiga Força Pública de São Paulo (hoje PM), responsável por 17 atentados à bomba em órgãos públicos da capital, entre eles a que explodiu na sede do III Exército. Atribuídos à época pelos militares à esquerda armada, os atentados ajudaram a fomentar a instituição do famigerado AI-5, o golpe dentro do golpe, editado em dezembro de 1968 e que deu nos anos de chumbo.

Em 1980, na tentativa de alongar a ditadura, o mesmo extremismo promoveu atentados contra a OAB e, em 1981, colocaria uma bomba no Riocentro, que terminou num acidente de trabalho , vitimando seus autores, todos militares do Exército.

A fatal autoimolação do catarinense Francisco Luiz, o Tiü França que, não conseguindo chegar perto de seu alvo, o ministro Alexandre de Moraes, explodiu uma bomba contra a própria cabeça, conecta o passado com o presente na triste balada do bolsonarismo, que nasceu em 1987, quando o próprio ex-presidente pediu pra sair do Exército, encerrando o caso em que foi acusado no STM de planejar atentados à bomba no Rio de Janeiro.

O que se sabe sobre o novo míssil hipersônico Oreshnik que a Rússia usou pela 1ª vez contra a Ucrânia

Quando um míssil atingiu a cidade ucraniana de Dnipro na madrugada de 21 de novembro, inicialmente pouco se sabia, nem mesmo de que tipo de projétil se tratava

Publicada em 23/11/2024 16:01

Quando um míssil atingiu a cidade ucraniana de Dnipro na madrugada de 21 de novembro, inicialmente pouco se sabia, nem mesmo que tipo de projétil havia sido utilizado. Pavel Aksenov, especialista em temas militares do serviço de notícias russo da BBC, analisou as evidências em torno deste míssil e o que o presidente russo, Vladimir Putin, poderia estar tentando comunicar ao usá-lo contra a Ucrânia e o Ocidente.

Putin declarou que o ataque à cidade de Dnipro, no leste da Ucrânia, foi realizado com "um novo míssil convencional de alcance intermediário" com o codinome Oreshnik. Embora a Ucrânia negue essa informação e a rme que possivelmente se tratou de um míssil Kedr, há poucas chances de que tenha sido esse tipo de arma. O lançamento de um míssil balístico a tal distância não passaria despercebido, especialmente em uma região monitorada de perto por várias agências de inteligência. O míssil é claramente visível durante o voo, principalmente pela chama ardente que sai do motor do foguete, que pode ser captada por satélites e aviões de reconhecimento.

Os gases de escape dos mísseis, frequentemente observados durante testes ou exercícios, fornecem informações valiosas sobre as características de diferentes foguetes. Analistas podem deduzir ainda mais ao estudar os dados de lançamento de um novo míssil. Embora as agências de inteligência ocidentais não tenham publicado suas conclusões, é provável que tenham uma ideia bastante precisa sobre o tipo de míssil utilizado. Enquanto isso, especialistas e comentaristas em veículos de mídia e redes sociais elaboraram suas próprias teorias com base em outras evidências. A versão mais repetida é que a Rússia adaptou o míssil balístico intercontinental experimental (ICBM) Rubezh para ataques de alcance intermediário.

O que sabemos sobre o Oreshnik?

Em sua declaração, Putin a rmou que o míssil estava equipado com uma "carga útil hipersônica não nuclear" e que suas ogivas "atingiam alvos a uma velocidade de Mach 10, ou seja, de 2,5 a 3 km/s". A ausência de uma ogiva nuclear era evidente, embora sua velocidade hipersônica tenha sido questionada. Em seu relatório sobre mísseis balísticos nucleares, a organização não governamental Centro para o Controle de Armas e a Não Proliferação apresenta um número inferior: 3.200 km/h, cerca de 900 m/s. É muito difícil interceptar ogivas que viajam a essas velocidades. Este míssil possuía uma ogiva separável, o que gerou mais confusão entre os especialistas. Um vídeo gravado no momento do impacto em Dnipro mostra seis grupos de objetos caindo no solo, cada um contendo aproximadamente seis pontos brilhantes. Esse número é considerado bastante elevado para um míssil desse tipo. No entanto, não foram observadas explosões no solo, o que indica que os pontos brilhantes poderiam ser submunições cinéticas.

Essas submunições podem variar de tamanho e são, essencialmente, projéteis metálicos que tentam destruir o alvo utilizando a energia cinética liberada no impacto, que, devido à alta velocidade, pode ser signi cativa. Diversas fontes indicam que o míssil foi lançado a partir do campo de testes de Kapustin Yar, na região de Astracã, na Rússia. Nesse caso, o alcance do míssil nesse lançamento seria de entre 800 e 850 quilômetros. Vladimir Putin referiu-se ao Oreshnik como um míssil de alcance intermediário. O alcance desse tipo de míssil geralmente varia entre 1.000 e 5.500 quilômetros, embora esses sejam apenas números o ciais, e o míssil possa ser disparado a distâncias mais curtas.

Onde o míssil foi fabricado?

O mais provável é que o Oreshnik mencionado por Putin tenha sido desenvolvido pelo Instituto de Tecnologia Térmica de Moscou (MIT). Na Rússia, há duas entidades que desenvolvem mísseis balísticos dessa classe: o Centro de Foguetes Makeyev e o MIT. A primeira se concentra em mísseis de combustível líquido, que são pesados, lançados a partir de silos e têm um alcance muito longo. Por exemplo, o alcance o cial do míssil Sarmat é de até 18.000 quilômetros.

O Instituto de Tecnologia Térmica de Moscou se especializa na criação de mísseis menores com motores de combustível sólido que são lançados a partir de plataformas móveis. Esses mísseis são mais leves, possuem ogivas menores e voam distâncias mais curtas. Por exemplo, o míssil Yars tem um alcance de 12.000 km. É muito provável que um míssil como o que atingiu Dnipro seja obra do MIT.

Este centro já havia criado mísseis similares anteriormente, como o RSD-10 Pioneer, que esteve em serviço desde a década de 1970 até a entrada em vigor do Tratado sobre Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF, na sigla em inglês) em 1988. Naquela época, todos os mísseis e lançadores de alcance intermediário e mais curto da URSS e dos EUA foram destruídos, e ambas as partes concordaram em não produzir, testar ou implantar tais projéteis no futuro.

Quando o míssil foi criado?

O Tratado INF expirou em 2019, de modo que o desenvolvimento desse tipo de míssil pelo menos no que diz respeito à sua aplicação prática teria começado após essa data. Naquele momento, o ministro da Defesa, Serguéi Shoigú, anunciou que a Rússia pretendia criar um sistema de mísseis terrestres de alcance médio até 2020. Embora isso não tenha acontecido, o projeto continuou em andamento.

Um dos últimos desenvolvimentos do MIT é o RS-26 Rubezh, um míssil balístico intercontinental. Segundo informações não o ciais, seu alcance está entre 2.000 e 6.000 km, ultrapassando apenas os limites de alcance estabelecidos pelo INF. O MIT o desenvolveu mesmo antes de prescrever o tratado. Segundo a agência estatal TASS, o coronel-general Serguéi Karakáev, comandante das Forças de Mísseis Estratégicos da Rússia, revelou algumas características do míssil em 2013. "Se falarmos do míssil terrestre móvel Yars (em referência ao RS-26 Rubezh), o veículo de lançamento pesa mais de 120 toneladas. Neste míssil modernizado, alcançaremos 80 toneladas, tornando-o mais leve", declarou Karakáev.

Em outras palavras, a Rússia estava inicialmente desenvolvendo um míssil mais leve baseado no Yars, que ultrapassava os limites do INF em apenas 500 km. Como resultado, especialistas concordam que o Oreshnik mencionado por Putin é provavelmente um sistema de mísseis com um alcance de 800 km ou um desenvolvimento posterior desse sistema, projetado para um alcance ainda mais curto.

A importância do Tratado INF

O Tratado INF tinha como objetivo reduzir as tensões na Europa. A ideia da dissuasão nuclear funciona para mísseis balísticos intercontinentais, cujos lançamentos podem ser detectados por sistemas de alerta, permitindo tempo su ciente para responder com um contra-ataque. O mesmo se aplica aos

bombardeiros estratégicos. Mas isso não funciona se o tempo de voo de um míssil for medido em meros minutos.

Os mísseis de curto e médio alcance eram um dos fatores mais importantes que impediam uma dissuasão nuclear estratégica efetiva. Capazes de transportar ogivas nucleares, eram quase impossíveis de interceptar ou destruir, o que eliminava a possibilidade de um contra-ataque devido à falta de tempo su ciente. Além disso, as lançadoras móveis para esses mísseis eram extremamente difíceis de detectar e destruir em um ataque inicial. A presença de mísseis de curto e médio alcance próximos às fronteiras poderia gerar um con ito militar por representarem uma ameaça quase impossível de defender, potencialmente levando a um ataque nuclear preventivo.

Os avisos

O ataque a Dnipro marcou o primeiro uso em combate de um míssil desse tipo. Putin anunciou que a Rússia avisaria sobre o uso dessa classe de projéteis. "Trinta minutos antes do lançamento do míssil Oreshnik, a Rússia enviou aos Estados Unidos uma noti cação automática por meio do centro de redução de riscos nucleares", indicou o porta-voz do presidente Putin, Dmitri Peskov. No dia anterior ao lançamento do míssil, os Estados Unidos fecharam sua embaixada em Kyiv devido a "informações especí cas sobre um possível ataque aéreo de grande escala". As embaixadas da Espanha, Itália e Grécia também fecharam, enquanto as da França e da Alemanha permaneceram abertas, mas alertaram seus cidadãos para que permanecessem em alerta.

Nos canais ucranianos do Telegram, considerava-se a possibilidade de que a Rússia utilizasse o míssil Rubezh contra a Ucrânia, mesmo antes de seu lançamento. Em particular, especi cou-se que o foguete havia sido implantado no campo de testes de Kapustin Yar. De qualquer forma, a possibilidade de usar uma nova arma já havia sido anunciada anteriormente pelo presidente da Duma Estatal, Viacheslav Volodin. "Não se pode descartar o uso de novos sistemas de armas que a Federação Russa ainda não empregou no território ucraniano", comunicou ele em 18 de novembro.

A missão de Múcio

Ministro da Defesa deve não apenas fazer com que o poder militar se submeta ao poder civil, mas envolve mais pro ssionalismo, infraestrutura e e ciência das Forças

Publicada em 23/11/2024 05:58

José Tavares Bastos Rios não resistiu. Vigário da Paróquia de Dom Pedrito (RS), vilazinha na fronteira com o Uruguai, caiu em tentação quando conheceu aquela moça, meio menina, uma quase Nossa Senhorazinha, tímida e dona de uma sensualidade espontânea. O padre se apaixonou, misturou o sagrado com o profano e, de uma hora para outra, descobriu que ela trazia no ventre um lho seu.

Era dezembro de 1864, quando ele procurou o tenente Isidoro Paulo de Oliveira em busca de ajuda. Em 30 de junho de 1865, a moça seduzida pelo padre Zé Tavares deu à luz um menino batizado Isidoro, registrado como lho do tenente e sua mulher Lúcia Dias Lopes. Foi chamado Isidoro, como o

pai adotivo, herdando da mãe o Dias Lopes. O destino do menino criado no Pampa estava traçado: seria um revolucionário pro ssional.

Isidoro entrou para o Exército aos 18 anos. Apoiou o golpe militar que instituiu a República e foi servir no 13º Batalhão de Infantaria em Porto Alegre. Corajoso e destemido, ganhou a con ança dos seus comandantes e logo chegou a tenente. Lutou na Revolução Federalista de 1893 do lado dos rebeldes adversários de Júlio de Castilhos, governador do Rio Grande. Guerreou ao lado de Gumercindo Saraiva, líder dos maragatos, derrotado pelas forças legalistas e cuja cabeça foi oferecida a Castilhos numa caixa de chapéu. Saraiva foi enterrado decapitado em Santa Vitória do Palmar (RS) e sua cabeça nunca foi encontrada.

Dias Lopes é o o que liga inúmeras revoltas, tentativas de intervenção e intervenções militares desde o início da República, há 135 anos. Desde o golpe que derrubou a monarquia em 15 de novembro de 1889 até os dias atuais, o Brasil registra nada menos que 39 insurreições, reações, tentativas de golpe ou de intervenção praticadas por militares ou grupos paramilitares quase uma a cada 3 anos e meio, incluindo a suposta conspiração de militares do Exército que acaba de ser trazida à tona pelas investigações da Polícia Federal.

Não vou entrar no mérito destas investigações, mas me ater aos fatos por ela relacionados, estampados na mídia do Brasil e do exterior. A nal, ainda é cedo para apontar culpados ou inocentes, embora existam pistas indicando a existência de uma conspiração para tomada de poder com uso e abuso da violência. Se essas pistas permanecerão de pé ou não, o tempo dirá. A dúvida é se os acusados terão direito ao devido processo legal, uma vez que o juiz do caso estava entre os alvos da operação Contragolpe. E nada indica que ele deixará de julgá-los.

Olhando para trás, lá naquele distante nal do século 19, constatamos que o normal no Brasil sempre foi usar a força e as armas nas disputas pelo poder. Leia a lista dos 39 mais importantes golpes, revoltas ou tentativas de intervenção, bem-sucedidas ou não, de tomada de poder por militares ou paramilitares desde a Proclamação da República.

Até 1930, Dias Lopes participou de todas as revoltas e revoluções importantes ocorridas no país. Baixinho, cerca de 1,60 metro, magro e com uma incrível capacidade de liderança, foi chamado de Marechal da Revolução de 1924, quando liderou a revolta dos paulistas contra o então presidente Arthur Bernardes. As tropas éis a Bernardes bombardearam São Paulo sem piedade. Foi um banho de sangue.

Durante os 20 dias de combate, ruas da Mooca e do Centro tinham casas destruídas e corpos, alguns despedaçados, espalhados pelo chão. Parte da população conseguiu fugir, mas aqueles sem ter para onde ir acabaram sofrendo as piores consequências. São Paulo virou uma cidade sem lei, com saques, estupros e pilhagens de todo tipo.

O Marechal da Revolução fugiu e acabou se juntando à Coluna PrestesMiguel Costa, que percorreu o Brasil durante 3 anos até se embrenhar pelas matas da Bolívia. Mas, antes disso, ele se exilou na Argentina e depois em Paris. Morreu em 1949 cultuado como herói.

A intervenção militar, como mostra nosso histórico, é cultural, a lei do mais forte. Quando mais uma vez aparecem indícios de nova tentativa de intervenção, ca claro que alguma coisa de muito errado está acontecendo nas nossas instituições militares. E algo precisa mudar, seja em relação à doutrina das escolas militares, seja na forma como o poder civil se relaciona com as Forças Armadas. É no mínimo preocupante que nos últimos 135 anos o país tenha convivido com pelo menos 39 ações militares, sejam de que ideologia forem, uma média de 1 a cada 3 anos.

O general Ike Eisenhower governou os Estados Unidos de 1953 a 1961 e nunca misturou política com militarismo, não sucumbiu a tentações antidemocráticas. É uma distorção para qualquer regime que

queira ser chamado de democracia misturar armas com votos. Uma re exão que certamente deve estar sendo feita pelo ministro da Defesa José Múcio Monteiro, a quem Deus deu régua e compasso quando o assunto é conciliação.

Quando Fernando Henrique, lho de general, criou o Ministério da Defesa nos moldes do que havia de mais moderno nas democracias ocidentais, o fez para mostrar que o poder das urnas deveria estar acima do poder das armas. Mas ao longo dos anos foram poucos, como o próprio Múcio e seu antecessor Aldo Rebelo, os que melhor souberam entender o papel das nossas Forças de Defesa denominação mais correta do que Forças Armadas.

A conspiração descrita no relatório da Polícia Federal, mostra que a mentalidade da época de Isidoro Dias Lopes ainda encontra guarida em certos setores militares. De nitivamente, é algo que, se provado e comprovado, merece todo repúdio. Mas não pode parar por aí. Será preciso rever a formação dos novos quadros militares, construir uma doutrina que não pode ser nem de direita ou de esquerda, mas a favor do país.

A grande missão do ministro José Múcio não é a de apenas fazer com que o poder militar se submeta ao poder civil democraticamente eleito, como se dá em Estados Unidos, França, Japão, Inglaterra ou Canadá. Vai muito além e envolve mais pro ssionalismo, mais infraestrutura e mais e ciência. Militar ocioso é desperdício, para dizer o mínimo.

Revolucionários pro ssionais, seja Isidoro, Prestes ou os da conspiração do Punhal Verde Amarelo, lutaram e lutam contra inimigos internos, quando os verdadeiros inimigos agem de fora para dentro. É preciso mudar para não cair em tentação, não misturar a sagrada democracia com a profana ditadura, nem se deixar trair pelos instintos como ocorreu com Zé Tavares, vigário de Dom Pedrito, cujo lho jamais carregou seu nome.

Não acredito nesta historinha de golpe , diz Bolsonaro

Ex-presidente a rma a apoiadores que o ministro Moraes inventa narrativas e que Lula quer culpar militares

Patrícia Nadir - Publicada em 23/11/2024 14:09

O ex-presidente Jair Bolsonaro chamou o inquérito que apura um plano de golpe para mantê-lo no poder de historinha . Segundo ele, a investigação é uma narrativa inventada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) com a Polícia Federal (PF).

Não acredito nessa historinha de golpe. Golpe em que ninguém viu um soldado sequer na rua. Um tiro. Ninguém sendo preso. Alexandre de Moraes ca inventando narrativa com a Polícia Federal bastante criativa , disse em conversa com apoiadores em Alagoas neste sábado (23).

A PF indiciou Bolsonaro e mais 36 pessoas por supostamente tramar a morte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre Moraes. O relatório aponta crimes de abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.

O que eles estão fazendo agora com essa historinha de golpe. Iam sequestrar Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes para que? E depois envenenar? Vai plantar batata onde você bem entender. Pelo amor de deus. Deixa de perseguir as pessoas por interesse pessoal , declarou Bolsonaro.

Sobre o 8 de Janeiro, o ex-presidente a rmou que os investigados pelos atos são pobres coitados, inocentes, chefes de famílias, que não têm culpa de nada . Segundo ele, uma minoria invadiu e entrou na Câmara, Senado e Supremo.

Militares

Bolsonaro a rmou ainda que o pacote de corte de gastos do governo federal envolvendo o Ministério da Defesa é uma forma do governo Lula culpar as Forças Armadas pela suposta tentativa de golpe de Estado.

O governo está indo para cima dos militares para tirar mais dinheiro da previdência deles. No tocante aos projetos estratégicos, foram congelados. Eles querem culpar as forças armadas e a mim a tentativa de golpe, como se Lula fosse defensor da democracia , disse Bolsonaro.

A equipe econômica do governo Lula tem discutido medidas para conter as despesas para manter a viabilidade das regras scais e equilibrar as contas públicas.

Na proposta, o governo prevê alterações nos gastos com a aposentadoria dos militares. Ainda está em fase de ajustes a progressão de carreira dos militares, que ocorre em cadeia.

Homem de con ança e altos o ciais selam destino de Bolsonaro

Nunca o ditado nada está tão ruim que não possa piorar fez tanto sentido assim

Publicada em 23/11/2024 09:00

Marco Antônio Freire Gomes e Carlos de Almeida Baptista Júnior, respectivamente, ex-comandantes do Exército e da Força Aérea do governo Jair Bolsonaro, segundo informações constantes no relatório de indiciamento do ex-presidente e de mais 36 pessoas suspeitas dos crimes de Abolição Violenta do Estado Democrático de Direito, Golpe de Estado e Organização Criminosa, obtidas pelo jornal O Globo, apontaram que o ex-chefe do Executivo não apenas tinha pleno conhecimento dos planos e das tentativas golpistas, como ele próprio apresentou um documento prevendo a instauração de um Estado de defesa e também uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).

De acordo com as informações do jornal, segundo Freire, Bolsonaro lhe apresentou duas versões da chamada minuta do golpe , ao lado do então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, comunicando que deveria ser cumprido. Já Almeida Batista con rmou a declaração do colega militar e armou que também lhe foram submetidos os dois documentos, com a mesma instrução. Ambos, ainda, armaram que teriam avisado o presidente que, no caso de prosseguimento neste sentido, seria lhe dada voz de prisão . Bolsonaro teria procurado, também, o general Estevam Theophilo, líder do Comando das Operações Terrestres (Coter), também segundo a matéria e o relatório da PF.

Sempre pode piorar

Na quinta-feira, 21, a imprensa divulgou que o ex-ajudante de ordens e homem de inteira con ança de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cesar Lourena Cid, em novo depoimento ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, no âmbito de seu acordo de colaboração ( delação premiada ), a rmou que o ex-presidente pediu alterações nos documentos citados pelos militares, sendo, portanto, a terceira testemunha ocular da participação direta de Jair Bolsonaro nas tratativas de um possível golpe de Estado, conforme indiciamento da Polícia Federal, entregue à

procuradoria-geral da República, para análise e provável oferecimento de denúncia ao STF.

Além dos três militares acima, outro o cial de con ança do mito , o general da reserva Mário Fernandes, preso na Operação Contragolpe, de agrada pela Polícia Federal na terça-feira, 19, o exnúmero dois da secretaria-geral da Presidência da República que imprimiu no próprio Palácio do Planalto o plano Punhal Verde Amarelo que previa, dentre outros crimes, neutralizar Alexandre de Moraes e envenenar o presidente Lula -, poderá, a depender de sua oitiva, sacramentar de vez o destino de Jair Bolsonaro, que, tudo indica, será uma pesada pena de prisão, além, é claro, do aumento da já determinada inelegibilidade. Nunca o ditado, nada está tão ruim que não possa piorar , fez tanto sentido assim.

COLUNA:

Exército paga R$ 108 milhões a empresa para manutenção de Black Hawks

Contratação feita pelo Exército visa manutenção de 4 helicópteros em operação desde 1997; FAB pagou R$ 282 milhões à mesma empresa em maio

Paulo Cappelli / Petrônio Viana - Publicada em 24/11/2024 05:00

O Exército Brasileiro vai pagar 18,7 milhões de dólares, cerca de R$ 108 milhões, pela manutenção de quatro helicópteros de combate UH-60 Black Hawk, em operação desde 1997. A contratação foi feita sem licitação e inclui serviços em itens reparáveis e fornecimento de suprimentos.

A empresa contratada é a Lockheed Martin Global Inc., proprietária da Sikorsky Aircraft Corporation, fabricante do Black Hawk. No Brasil, esses helicópteros são usados pelas Forças Armadas em missões de transporte de carga, equipamentos e tropas, busca e salvamento em áreas isoladas, como nas chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul em maio e junho deste ano, e em missões humanitárias, como o atendimento a tribos indígenas na Amazônia.

Em contato com a coluna, o Exército a rmou que as quatro aeronaves estão em operação. O Centro de Comunicação Social do Exército informa que atualmente a frota de Black Hawks da Força é formada por quatro aeronaves, fabricadas em 1997. Todas estão em perfeitas condições de funcionamento , disse a corporação.

A contratação da empresa tem como objeto a prestação de serviços de manutenção de itens reparáveis e fornecimento de suprimentos para a frota de helicópteros UH-60 Black Hawk do Exército Brasileiro. Esses serviços englobam o reparo e a revisão geral de componentes do helicóptero e a aquisição de suprimentos de uso exclusivo para a frota.

O UH-60 Black Hawk pode transportar até 10,6 toneladas de carga, com autonomia de voo de 1.333 quilômetros. Em combate, pode ser equipado com lançadores de foguetes, câmeras de alta de nição e metralhadoras de grosso calibre.

Esta é a segunda contratação da Lockheed Martin para manutenção dos Black Hawks das Forças Armadas em 2024. Em maio, a Força Aérea Brasileira (FAB) pagou 55,3 milhões de dólares, cerca de R$ 282,8 milhões na época, por suporte logístico e fornecimento de materiais para sua frota de 16 UH-60L Black Hawk.

O contrato com a Lockheed Martin, que passou a vigorar em maio, substituirá o contrato anterior, que se encerra em dezembro. Leia abaixo a íntegra do comunicado da FAB: A Força Aérea Brasileira (FAB) informa que todas as aeronaves H-60L Black Hawk estão em plena atividade. Atualmente, a FAB mantém um contrato ativo com a Lockheed Martin Global, com vigência até dezembro de 2024. O contrato que passou a vigorar em maio de 2024, e tem término previsto para maio de 2028, substitui o atual e abrange diversos serviços, como manutenção e aquisição de peças para as aeronaves H-60L Black Hawk.

Governo vai mesmo cortar na carne? Veja benefícios de militares na mira do pacote

Viviane Monteiro - Publicada em 23/11/2024 07:00

O pacote de ajuste scal do ministro Fernando Haddad (Fazenda) vai atacar setores que sempre foram poupados. Entre as medidas previstas estão cortes na Previdência e pensão dos militares das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica). Mas também vai impor regras na correção do salário mínimo e redução de gastos de custeio em áreas sociais como Saúde e Educação, no esforço de garantir a sustentabilidade do arcabouço scal. A tesourada sobre históricos privilégios das Forças Armadas, defendida há anos por especialistas para o enxugamento das despesas da máquina pública, atende a um pedido do presidente Lula, que entrou em acordo com o ministro da Defesa José Múcio Monteiro Filho, após reuniões com Haddad.

Em meio à reunião do G-20, esta semana, no Rio de Janeiro, a equipe econômica e técnicos da Defesa se debruçaram, na terça-feira, 19, em Brasília, em busca de consenso nos cortes das despesas no mesmo dia em que a Polícia Federal de agrou a operação Contragolpe com a prisão de militares que planejaram, no m de 2022, o assassinato do presidente Lula, do vice Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes (SFT). A operação causou constragimento entre os militares, que agora também estão insatisfeitos com a redução de seus privilégios.

Tradicionalmente poupado graças ao forte lobby, os militares estão cedendo e, segundo a Defesa, vão contribuir com o pacote que, no total, deve cortar cerca de R$ 70 bilhões em dois anos, sendo R$ 30 bilhões em 2025 e R$ 40 bilhões em 2026. Quatro propostas consensuais entre os dois ministérios entraram no radar do pacote e elas devem ser anunciadas juntamente com o restante das medidas. Uma prevê criar um Fundo de Saúde com a contribuição de 3,5% da remuneração dos militares até janeiro de 2026. Outra institui idade mínima de 55 anos para o militar ter direito à chamada reserva remunerada , um tipo de aposentadoria que hoje não exige idade mínima. O tempo de serviço, de pelo menos 35 anos, é o critério adotado para obtenção desse benefício.

Morte cta

Outro ponto do acordo acaba com a chamada morte cta , que, na prática, signi ca morte ctícia aplicada a militares expulsos quando forem inaptos para o serviço, seja por crimes ou mau

comportamento. Mesmo assim, os respectivos familiares recebem os benefícios integrais como se o militar tivesse morrido, conforme a Lei de 3.765/1960, conhecida com a legislação das pensões dos militares. O consenso, para o ajuste scal, é que, nesse caso, a família do militar passe a ter o direito ao auxílio-reclusão.

Para especialistas e parlamentares, os cortes previstos nas despesas das Forças Armadas, que respondem por signi cativa fatia do bolo orçamentário da União, são alternativas viáveis para o enfrentamento de problemas do dé cit público e do crescimento da dívida brasileira. O dé cit previdenciário de um militar aposentado ou pensionista é de R$ 159 mil, 17 vezes maior do que o do INSS, reforça o economista Odilon Guedes, vice-presidente do Conselho Regional de Economia São Paulo (Corecon-SP). São 315 mil militares nessa situação. Representam um dé cit total de R$ 49,7 bilhões. Guedes lembra que o militar é o único servidor público que se aposenta com salário integral, diferentemente dos demais trabalhadores brasileiros.

Além de ajustes nas contas da Defesa, a área econômica cogita limitar o reajuste do salário mínimo a 2,5% acima da in ação, mudar os pisos da Saúde e Educação e contingenciar recursos da Ciência, áreas essenciais para o desenvolvimento. Ou seja, cortar a própria carne , conforme relatam economistas. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse que o pacote deve ser concluído na sexta-feira (22) e garantiu que não haverá cortes nos investimentos nas áreas de Saúde e Educação. Ele antecipou um bloqueio de R$ 5 bilhões no Orçamento de 2024 pela Junta de Execução Orçamentária. O corte cotidiano, se necessário e quando necessário, foi e sempre ocorrerá para manter as despesas dentro do limite da lei.

O diretor executivo para as Américas do EurasiaGroup, Christopher Garman, apoia o esforço e avalia que o governo hoje está mais convencido da necessidade do ajuste. Acredito que vem um pacote melhor do que o mercado está esperando. O combate a privilégios tributários também está no radar de Haddad que, reiteradamente, critica a renúncia scal para o setor empresarial que, muitas vezes, sem nada em troca .

As renúncias scais totais, de estados e governo federal, alcançaram 7,2% do PIB em 2023, aumento de cerca de cinco pontos percentuais nos últimos 15 anos, conforme relatório da FGV em parceria com o Tax Expenditures Lab e apoio da ONG Samambaia.org.

Um dos responsáveis pelo estudo, Manoel Pires, coordenador do Centro de Política Fiscal e Orçamento Público do IBRE-FGV, destaca a falta de transparência dessas renúncias, além da ausência de controle e de análises de impactos sociais e econômicos. O estudo revela que mais de 70% do total vigoram por tempo indeterminado. A expectativa é de que esse tema seja incluído também no pacote, minimizando o impacto social negativo sobre eventuais cortes.

TURISMO EM FOCO: Aeroporto de João Pessoa passa por operação de calibragem das luzes de aproximação da pista

Fábio Cardoso - Publicada em 23/11/2024 13:13

Um Embraer IU-50 FAB 3602 cou parte de manhã deste sábado (23) dando voltas entre Cabedelo e João Pessoa chamando a atenção e preocupação de muita gente. Ao contrário de ter sido algum incidente com a aeronave, esse voo fez parte de uma operação de calibragem das luzes de aproximação do Aeroporto Internacional Presidente Castro Pinto, na Região Metropolitana de João Pessoa.

Conforme um especialista consultado pelo TURISMO EM FOCO, a operação acontece normalmente para manutenção ou quando as luzes cam inoperantes, o que aconteceu na cabeceira 16 nestes últimos dias no Aeroporto Castro Pinto, por isso, a necessidade de ter sido realizada essa manutenção.

Esse trabalho é uma aferição e inspeção dos equipamentos de auxílio à navegação aérea do País, assegurando a operacionalidade da mesma, e providenciado pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e operadoras de aeródromos, no Castro Pinto, a Aena Brasil. O trabalho foi feito pelo GEIV (Grupo Especial de Inspeção em Voo).

Ele informou que o PAPI (Precision Approach Path Indicator, em português Indicador de Percurso de Aproximação de Precisão) é um sistema de ajudas visuais à navegação aérea. Constituído por aparelhos de iluminação com focos calibrados, instalados geralmente ao lado esquerdo da pista, podendo, entretanto, por motivos físicos, ser instalado do lado direito. Também é muito comum estar dos dois lados, que têm por objetivo informar os pilotos sobre a altitude correta, ou precisa, em que se encontra o avião, quando este faz a aproximação à pista, para aterrar.

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