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Os benefícios das Terapias Não-Convencionais
Com processos específicos de diagnóstico e metodologias próprias, elas resgatam a saúde de forma natural.
Calcula-se que, actualmente, seja cerca de 100 milhões o número de europeus que buscam as medicinas alternativas às convencionais. Destes, 2 milhões são portugueses. A Organização Mundial de Saúde – OMS – defende que as medicinas alternativas devam ser regulamentadas e que existem vantagens no trabalho conjunto com a medicina convencional.
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Ainda segundo a OMS, a medicina tradicional reúne os conhecimentos e práticas com base em teorias, crenças e experiências ancestrais de determinadas culturas, que podem ou não ter comprovação científica, mas que podem contribuir de alguma forma para a prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças.
São práticas de saúde que não fazem parte da medicina convencional em determinados países e que não integram, completamente, os seus sistemas de saúde. Em Portugal já existe regulamentação para as denominadas 7 TNCs (Terapêuticas Não Convencionais), que são aquelas que “partem de uma base filosófica diferente da medicina convencional e aplicam processos específicos de diagnóstico e terapêuticas próprias” – Cfr. Lei nº 45/2003 de 22 de Agosto, art.3º - 1. Lei do enquadramento base das Terapêuticas Não Convencionais, e Lei 71/2013 de 2 de Setembro, que regulamenta a Lei 45/2003, relativamente ao exercício profissional das atividades de aplicação de terapêuticas não convencionais.
As 7 Terapêuticas Não Convencionais são a naturopatia, fitoterapia, acupuntura, osteopatia, quiroprática, homeopatia e a medicina tradicional chinesa.
Todas as portarias relativas às 7 TNCs já foram publicadas em D.R., excepto os Ciclos de Estudo da homeopatia e medicina tradicional chinesa, que se aguardam. Milhares de cédulas profissionais continuam a ser entregues.
Naturopatia
Palavra derivada do latim natura e do grego pathos. É o estudo da doença em função da Natureza. É uma medicina de profundidade.
A naturopata e fitoterapeuta Noémia Rodrigues, presidente da Associação Portuguesa de Naturopatia – APNA – e da Associação Portuguesa de Fitoterapia Clássica – APFC – explica que “para o naturopata, a doença é sempre geral, até porque, uma doença é sinónimo de entupimento. É necessário, e antes de mais, desintoxicar – a primeira cura obrigatória da naturopatia –, fazer cessar a fonte dos erros.
A naturopatia é preventiva. Trabalha para evitar o aparecimento do mal profundo, até porque defende que manter a saúde é melhor do que curar. O naturopata avalia e defende que todo o doente é uma pessoa sã que se ignora: tem a possibilidade da autocura, basta apenas mudar o seu comportamento e forma de vida.
Todo o doente possui uma parte sã, que, se for corretamente potenciada, vai curar o que está doente. O corpo, verdadeiramente, é o seu próprio médico (e o mais competente). O naturopata apenas cumpre este princípio. Se for necessário intervir, o naturopata fá-lo ‘sem prejudicar’ o que está são e sem introduzir medicamentos no organismo.”
Noémia Rodrigues ainda explica que “o naturopata trata segundo a força vital do organismo, para favorecer o processo curativo. Esta atitude assenta em seguir a natureza, ou melhor, a cura pelos semelhantes – a conhecida autocura. A ‘natureza comanda e o naturopata obedece’”.
Fitorerapia
Deriva do grego therapeia, o mesmo que tratamento e phyton, que significa vegetal. É a utilização de plantas no tratamento de doenças e recuperação da saúde. Trata-se de uma medicina milenar, a mais antiga da humanidade.
As plantas desde tempos imemoriais foram as companheiras mais próximas do homem. O homem pode viver sem animais, mas jamais pode viver sem plantas: são elas que, com a sua atividade, nos proporcionam o essencial oxigénio, por exemplo. As plantas são ainda a maior fonte de alimento, de combustível, vestuário e abrigo.
“O doente é o responsável pelo seu estado de saúde, pelo que tem de ter em atenção os sinais do seu corpo. Ao utilizarmos plantas como ‘remédios/suplementos’, para a manutenção da nossa saúde e alívio do sofrimento, indicamos de imediato que reconhecemos o nosso lugar e relação de reciprocidade na natureza”, esclarece Noémia Rodrigues.
Medicina Tradicional Chinesa
O terapeuta Márcio Franco, da Chinese Knowledge Center, explica que “desde há milhares de anos a medicina chinesa tem vindo a conquistar o mundo ocidental através das suas evidências e resultados positivos em diversas patologias.
Os diferentes ramos da medicina chinesa (acupuntura, fitoterapia, tuiná, dietoterapia e qi gong) podem ser ferramentas individuais ou coadjuvantes no tratamento do paciente tendo sempre em conta o conceito holístico, sendo este um dos grandes pilares do diagnóstico: relacionar todos os sinais e sintomas dentro do possível de forma a descobrir e tratar a raiz e não apenas os sintomas.”
A acupuntura é uma terapêutica que consiste em colocar agulhas em pontos especiais, de onde resultam efeitos benéficos para a saúde ou reacções de cura total ou parcial de algumas doenças.
Conforme explica o Dr. Daniel Matos, médico e acupuntor, há várias formas de acupuntura, conforme a origem ou os pontos em que se colocam as agulhas. “As mais conhecidas são a acupuntura chinesa e a acupuntura auricular de Nogier. Esta última nasceu de forma totalmente científica em França através dos estudos do Dr. Paul Nogier e a sua Escola.”
Portanto, a acupuntura tradicional chinesa é diferente, tem milhares de anos e faz parte da Medicina Tradicional Chinesa. Tem a seu favor a experiência milenar, transmitida por tradição. “A auriculoterapia chinesa é mais recente e não forma um sistema completo, sendo usada como complemento da acupuntura tradicional”, complementa Dr. Daniel Matos.
Osteopatia
De acordo com o terapeuta Milhais Reis, a osteopatia é um sistema médico único e ecléctico, baseado em amplos princípios que se manifestam na maneira de pensar e agir em relação à forma de atuar nas questões de saúde e doença. “O profundo conhecimento da anatomia, fisiologia e biomecânica do corpo leva a que o osteopata seja também um terapeuta holístico, tratando e prevenindo inúmeras patologias. As várias técnicas que tem ao seu dispor podem intervir sobre as áreas músculo-esqueléticas assim como utilizando para isso manipulações sacrocranianas, viscerais, dos tecidos moles e massagem, solucionam dores, posturas, lesões, tonturas, dificuldades respiratórias, deficiências circulatórias, stress e insónias havendo ainda uma multiplicidade de pertinentes aplicações terapêuticas”, esclarece o terapeuta.
Homeopatia
A homeopatia surge da proposta de Hipócrates (377-460 a.C.) e, mais tarde, Paracelso (1493-1541), de que as doenças com etiologia desconhecida devem ser tratadas com substâncias que produzem efeitos semelhantes no indivíduo saudável. Mais tarde, Samuel Christian Hahnemann (1755-1843) confirmou o que Hipócrates e Paracelso haviam proposto: Similia similibus curentur (os semelhantes curam-se pelos semelhantes).
De acordo com o homeopata e iridólogo José Maria Andrade, “este método terapêutico reveste-se de grande importância na complexa causa das doenças crónicas e degenerativas do mundo actual. Como dado sociológico, sabemos que a homeopatia é melhor aceite nos países com menos recursos económicos. No mundo ocidental são as classes sociais com mais alto nível cultural que recorrem à Homeopatia.”
Quiroprática
José Maria Andrade ainda afirma que “os medicamentos homeopáticos, nos Estados Unidos, são oficialmente reconhecidos pela F.D.A.”
É uma profissão de saúde que se ocupa de estudar o funcionamento da coluna vertebral e o seu efeito na comunicação entre o sistema nervoso central (cérebro e medula espinal) e o sistema nervoso periférico (nervos sensitivos, motores e mistos). O quiroprático Paulo Valente explica que a quiroprática recorre a uma metodologia única, visando a recuperação da actividade e da capacidade de resposta do sistema nervoso, através da restauração do tónus neurológico. “Sendo frequente analisar os resultados, primariamente, no funcionamento da coluna e das articulações, a quiroprática tornou-se o verdadeiro líder no tratamento, sem medicamentos, de síndromes de dor relacionados com a coluna. Todavia, a sua aplicação tem um impacto na saúde que vai muito para além da mera redução da dor.”
Ainda de acordo com Paulo Valente, “a quiroprática é segura e deve ser utilizada desde cedo para evitar problemas de saúde ao longo da vida. Por ser segura, à quiroprática recorrem todas as faixas etárias (adultos, adolescentes, idosos e até bebés). No caso dos recém-nascidos, os pais dos mesmos devem recorrer ao quiroprático logo depois do primeiro grande trauma físico dos bebés, o parto”, finaliza.
Como podemos ver, a cada dia as pessoas buscam meios para além dos “convencionais” para a recuperação da saúde ou mesmo prevenção. São métodos muitas vezes milenares, com incontáveis evidências de sua eficiência, a conquistar, cada vez mais, a confiança dos utentes e o reconhecimento médico e oficial.
Nas próximas edições, abordaremos com detalhes cada uma das 7 Terapêuticas Não Convencionais.