2 DOMINGO - ABERTURA

Page 1

● E D I TO R : C l á u d i o A r r e g u y ● E - M A I L : e s p o r t e s . e m @ u a i . c o m . b r ● T E L E F O N E : ( 3 1 ) 3 2 6 3 - 5 2 6 3

WWW.SUPERESPORTES.COM.BR VITÓRIA HOJE VALE CLASSIFICAÇÃO Se vencer o Tupi no Independência, o Atlético chega a seu 11º triunfo seguido e se garante nas semifinais do Mineiro PÁGINA 3

D OM I N G O, 3 1 D E M A R Ç O D E 2 0 1 3

REPORTAGEM

RODRIGO CLEMENTE/EM/D.A PRESS

ESPECIAL

RUMO À PRIMEIRA MORTE ‘‘O jogador de futebol morre duas vezes. A primeira, quando para de jogar’’ ■ Paulo Roberto Falcão

RENAN DAMASCENO

D

e repente, não há mais gritos da torcida, as crianças não lhe pedem autógrafo nas ruas, o dono do restaurante não mais o recebe de braços abertos. As arrancadas ficam escassas, as dores aumentam e o tempo no departamento médico supera o dos minutos em campo. A idade se torna um marcador implacável e a aposentadoria, impossível de ser driblada. A bola que consagra pode se tornar também o cadafalso. "O jogador de futebol morre duas vezes. A primeira, quando para de jogar." A frase do exjogador e técnico Paulo Roberto Falcão sintetiza a realidade dos atletas que passam dos 30 anos e estão perto de pendurar as chuteiras. "Acaba de um dia para o outro. É complicado pensar nisso", diz o atacante Fábio Júnior, de 35. "É triste, porque eu amo jogar futebol", confessa Marcelinho Paraíba, de 37, armador do Boa. "Sonhei durante

muito tempo que estava no vestiário, fazendo uma jogada ou batendo pênalti...", comenta o técnico do Cruzeiro, Marcelo Oliveira, que se aposentou aos 30, em 1985. Autor da afirmação que se tornou quase um preceito do futebol, Falcão acredita que muitos jogadores vivem um personagem – e como tal creem que a vida de holofotes vai ser eterna. "O futebol tem muita gente envolvida. Amigos, mídia, assédio, exposição... É preciso saber que isso não é para sempre. Para evitar o impacto, ele precisa ter convivência com pessoas de fora desse mundo, se preocupar com a postura longe dos gramados, fazer sempre uma autoanálise", destaca o treinador, que frequentou psicanalista por 17 anos para conviver melhor com o sucesso. "Desde o começo sabia que tudo teria um fim. Aprendi a não ser escravo do que a vida de jogador me proporcionava", justifica.

A partir de hoje, o Estado de Minas apresenta a série de reportagens “Rumo à primeira morte”, com depoimentos exclusivos de jogadores que estão no limiar da aposentadoria. Como eles encaram o fim de carreira e se preparam para quando os holofotes se apagarem. Alguns jogam por amor, outros por necessidade. Longe dos altos salários, atletas que fizeram a vida em times do interior recorrem aos livros, a concursos públicos e aos pequenos empreendimentos. Jogadores de sucesso internacional, por sua vez, buscam reconstruir a carreira, driblando a desconfiança e tomando fôlego para disputar vaga com os mais novos. Embora trilhem caminhos diferentes, o destino apresenta a mesma interrogação: qual a melhor hora de parar? LEIA MAIS NAS PÁGINAS 4 E 5


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.