2° Informativo Unesc

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O SEU TEMPO, A NOSSA UNIVERSIDADE.

700

DIAS

O NOVO A GENTE FAZ JUNTOS

A nossa universidade.

PESQUISAS MOSTRAM NOVOS TRATAMENTOS CONTRA A DEPRESSÃO


Su Má Rio 8

Unesc apresenta seu novo projeto de Ensino a Distância

12

Pesquisadora da Unesc é reconhecida pela Sociedade Internacional de Esquizofrenia dos Estados Unidos

14

Reconhecimento e emoção: ex-reitor

21

Unesc realiza projeto de extensão com

22

Um olhar diferente: egresso ajuda defi-

25

Portas abertas para milhões de

26

Fitoterapia: Grupo de pesquisa e extensão

27

Fazendas urbanas inovam com projetos social-

29

Apaixonado por superar limites

31

Centro de Memórias e documentação:

Antônio Milioli Filho se despede na Unesc

foco na comunicação do autista

ciente visual a se comunicar por aplicativo

oportunidades

contribui com a saúde Sul Catarinense

mente responsáveis e ambientalmente corretos

cuidado e valorização da história

2 | Jornal Unesc

16

18

Inovação tecnológica e empresarial é foco na Itec.in da Unesc

Pesquisas mostram novos tratamentos contra a depressão

23 Convênio entre Unesc e Funasa faz de Santa Catarina destaque nacional


Mensagem da Reitoria O ritmo do dia a dia na Universidade segue cada vez mais agitado. No campus, a informação, os estudos e os trabalhos pulsam e, em um piscar de olhos, nos deparamos quase ao fim do primeiro semestre. Embora com o tempo passando cada vez mais depressa, os cinco meses vividos até aqui em nada foram em vão. Cada dia foi investido com qualidade. Os avanços da Unesc galgam passos tão acelerados como os do tempo e as conquistas celebradas e preparadas para 2019 são dignas da nossa grande universidade. Entre os principais objetivos traçados e já nos trilhos para ser alcançado está a ampliação do SEAD (Setor de Educação a Distância) da Instituição. O novo formato para o Ensino a Distância entrará em prática ainda em agosto de 2019 e os novos alunos Unesc já estão realizando suas inscrições ao longo deste mês de maio. Essa será mais uma oportunidade de

a Instituição transformar vidas. Isso porque o foco da nova modalidade será trazer para os cursos alunos que não poderiam estar no campus cursando o modo presencial. Uma nova porta então se abre para centenas de cidadãos da região Sul que poderão se qualificar com a expertise de uma grande Universidade Comunitária, em uma plataforma especialmente preparada para lhes oferecer uma navegação tranquila e intuitiva, com o diferencial de contar com materiais preparados por professores mestres e doutores da Unesc, os mesmos que serão seus tutores dispostos a auxiliálos para o melhor aprendizado online. A Unesc abraça esse projeto com força, com apoio de diversos setores envolvidos em prol da entrega de um produto que tenha a cara e a qualidade necessárias ao nome da Unesc. A mudança desafiadora foi colocada em prática após ampla

pesquisa realizada por toda a equipe gestora. Foram meses de avaliações de diversas possibilidades, até a definição da implantação de um projeto próprio, em método, materiais e professores, como caminho mais seguro a ser trilhado, garantindo à comunidade a credibilidade da Universidade Comunitária que faz parte do desenvolvimento do Sul. O fôlego necessário para o novo tempo que se inicia é fruto também das profundas mudanças de rota realizadas desde o início da nova gestão. Desta forma, com dezenas de análises que inspiram otimismo, a perspectiva é de extrema positividade e traz o conforto da certeza de que o futuro é cada vez mais promissor para esta instituição cinquentenária. Um trabalho feio a muitas mãos em prol dos verdadeiros donos da Unesc, a comunidade.

Informativo Unesc | 3


700

DIAS

O NOVO A GENTE FAZ JUNTOS

A nossa universidade.

GESTÃO POR EXCELÊNCIA ACADÊMICA, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE INSTITUCIONAL

O Informativo Unesc é uma publicação da Universidade do Extremo Sul Catarinense. Avenida Universitária 1105, Criciúma, SC | CEP 88806-000 | www.unesc.com.br | imprensa@unesc.net | Tiragem: 1000 exemplares. Universidade do Extremo Sul Catarinense – Unesc | Reitora: Luciane Bisognin Ceretta | Vice-Reitor: Daniel Ribeiro Preve Pró-Reitora Acadêmica: Indianara Reynaud Toreti | Pró-Reitor de Planejamento e Desenvolvimento Institucional: Thiago Rocha Fabris Diretor de Pesquisa e Pós-Graduação: Oscar Rubem Klegues Montedo | Diretor de Ensino de Graduação: Marcelo Feldhaus Diretora de Extensão, Cultura e Ações Comunitárias: Fernanda Guglielmi Faustini Sônego | Chefe de Gabinete: Gisele Silveira Coelho Lopes Gerente de Inovação: Evânio Ramos Nicoleit | Gerente do Escritório de Negócios: Henrique Vargas Gerência de Atendimento ao Estudante: Valdemira Santina Dagostin. Editora: Ana Sofia Schuster | Reportagens: Ana Sofia Schuster, Mayara Cardoso, Milena Nandi, Vitor Netto, Leonardo Ferreira Projeto Gráfico e Editoração Eletrônica: Sabrina Anacleto | Capa: Agência Cacto | Fotografia: Guilherme Hahn e arquivo AICOM - Assessoria de Imprensa Comunicação e Marketing da Unesc. Produção: Emanuela Damaceno Justino | Revisão: Erika Hespanhol. Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores.

4 | Informativo Unesc


Em 700 dias gestão promove a mudança no cenário econômico da Universidade Dados contábeis da Unesc mostram mudança na rota e melhoria significativa nas perspectivas econômicas da Instituição

A

Mayara Cardoso

o chegar aos 700 dias de inten-

sível chegar a um superávit. Se somar-

Zanoni Elias, e aprovados por unanimi-

so trabalho à frente da Unesc a

mos a esse número a nossa redução do

dade.

gestão da Instituição volta seus

endividamento bancário, que foi de R$

olhares a tudo o que já foi realizado ao

5 milhões nesse período, temos um re-

destaques apresentados nos balanços

longo dos meses, em especial ao avan-

sultado muito expressivo. São números

esteve a melhora do EBITDA, indicador

ço conquistado no que diz respeito à

extremamente positivos e que foram

utilizado para avaliar empresas de capi-

sustentabilidade econômica da Univer-

aprovados por unanimidade em todos

tal aberto e que apresenta a realidade

sidade. Os dados contábeis da institu-

os conselhos”, destaca Luciane.

financeira da Insitituição, que subiu de

Ainda

entre

os

pontos

de

ição podem ser encontrados no Portal

O Relatório Anual de Atividades de

da Transparência da Unesc e já foram

2018 e a Apreciação das Demonstrações

Para a reitora, os números

amplamente divulgados entre alunos,

Contábeis de 2018 da Universidade

demonstram a melhora na eficiência

professores, colaboradores e comuni-

foram apresentados no mês de Abril

contábil da Universidade. “Esses dados

dade externa.

aos três conselhos que acompanham

apresentam as importantes ações que

Entre os destaques apontados

de perto a gestão da Instituição, o Con-

a gestão da Universidade tem realizado

pela reitora Luciane Bisognin Ceretta,

su (Conselho Universitário), o Conselho

para a sustentabilidade econômica. To-

está o gráfico que mostra o avanço dos

Curador e o CSA (Conselho Superior de

das essas ações permitiram que a Uni-

balanços de 2017, quando as contas

Administração). Liderados pela reitora

versidade se reposicionasse e que se

foram fechadas com o déficit orçamen-

nas reuniões ordinárias, os dados foram

confirme como uma referência para a

tário para 2018, ano em que já foi pos-

apresentados pelo diretor financeiro,

região”, coloca a Luciane.

6,5% para 13,5%.

Informativo Unesc | 5


6 | Informativo Unesc


POLO CRICIÚMA

Campus Unesc Avenida Universitária 1105 - Tel.(48) 3431 - 2674

POLO ARARANGUÁ

FVA - Faculdade do Vale do Araranguá Av. Getúlio Vargas, 415 - Tel.(48) 3527 - 0130


Unesc apresenta seu novo projeto de Ensino a Distância Milena Nandi

A

Unesc, com 50 anos de história, utiliza toda a sua expertise para levar à comunidade regional um novo projeto EAD (Ensino a Distância) para cursos de graduação, pós, de curta duração e corporativos. Unesc Virtual traz material didático, professores e metodologia pedagógica desenvolvida pela própria Instituição. Tudo pensado a partir da necessidade do mercado e para oferecer ao estudante toda a qualidade que a maior Instituição de Ensino Superior da região no trabalho desenvolvido em ensino, pesquisa e extensão. A Unesc Virtual foi apresentada oficialmente para a região de Criciúma em um evento que marcou a inauguração do novo espaço do Sead (Setor de Ensino a Distância), com ampliação tanto da estrutura física, com sala para tutoria, assessoria pedagógica e para os professores, quanto de equipe. Segundo a reitora da Unesc, Luciane Bisognin Ceretta, o objetivo é oferecer uma forma diferenciada de Ensino a Distância. “Depois de muito estudo, chegamos a uma proposta qualificada e diferenciada. Queremos trazer algo com a expertise da Unesc, mas com os diferenciais que o EaDoferece, sem perder a excelência”. Luciane afirma que o projeto já nasce com a perspectiva de crescimento. “Já prevemos a possibilidade de ampliação

8 | Informativo Unesc

dos cursos oferecidos, tanto na graduação, pós, cursos de curta duração, quanto nas oportunidades de parcerias corporativas”, afirma. O projeto Unesc Virtual irá trabalhar inicialmente com dois polos. A sede, na própria Universidade, e outro na FVA (Faculdade do Vale do Araranguá) – o lançamento oficial do projeto em Araranguá ocorre em maio. O coordenador de Ensino e Pesquisa da FVA, Robson Pacheco, considera a parceria com a Universidade positiva. “Sabendo de todo o potencial que a Unesc tem, sentimos uma confiança e uma certeza de que não vai dar certo no futuro, mas, sim, já deu certo agora. Nosso intuito é fazer com que Araranguá continue a se tornar um polo educacional”, salienta. A diretora geral da FVA, Inaly Lechieri Jones Oliveira, caracteriza o momento como uma “nova era”, na qual parcerias entre instituições de ensino com o objetivo de oferecer um EaD de qualidade são essenciais. “Nosso objetivo é o de formar profissionais qualificados e que atuem como agentes de transformação do contexto social. Juntamente com a Unesc alcançaremos um desenvolvimento integral do ser, aprimorando suas habilidades e as competências necessárias para a renovação do mercado de trabalho”. As aulas iniciam em agosto de

2019 e a partir de maio já é possível que os interessados façam um pré-cadastro. Análise de cenários foi importante para formatação do Unesc Virtual O pró-reitor de Planejamento e Desenvolvimento Institucional da Unesc, Thiago Fabris, conta que a formatação do projeto foi realizada a partir de um estudo sobre o comportamento do setor educacional, incluindo a modalidade presencial e à distância. “Nesses estudos analisamos possíveis parcerias da Unesc com outras instituições e/ou fundos específicos para a educação. Depois de todas essas análises, decidimos desenvolver o projeto com estrutura própria. Queremos oferecer um projeto diferenciado, com a marca de qualidade e credibilidade Unesc”. Fabris explica que a estratégia do EaD Unesc está voltada ao Sul do Estado considerando o mercado, incluindo os setores produtivo e público. “Vamos fortalecer primeiro o projeto em nível regional para depois expandilo. Estamos trabalhando com a solidificação da marca do Norte do Rio Grande do Sul, a partir de Torres, até Palhoça e São José, em Santa Catarina”.


Aprendizado leva em consideração Aprendizado leva em consideração a realidade regional A pró-reitora Acadêmica da Universidade, Indianara Reynaud Toreti, explica que o projeto tem como princípio metodológico, a problematização. “Os currículos apresentam questões norteadoras baseadas na realidade regional como um estímulo ao processo ensino-aprendizagem, bem como a integração dos nossos acadêmicos à realidade da região Sul. Este é um diferencial importante do projeto pedagógico do Unesc Virtual: somos uma Universidade Comunitária com forte vínculo regional. A Unesc conhece a realidade da nossa região”, ressalta. Outro diferencial importante apontado por Indianara é a participação ativa dos professores mestres e doutores da Unesc, tanto na produção de materiais quando no acompanhamento dos alunos, seja no ambiente virtual, seja nos encontros presenciais. Os estudantes ainda terão tutores, que são prof issionais que desenvolvem atividades administrativas, de acompanhamento da f requência do aluno e do comportamento dele no

ambiente virtual de aprendizagem. A partir disso, os professores responsáveis pelas disciplinas podem planejar melhor as atividades acadêmicas a serem desenvolvidas. “O projeto pretende que o aluno possa desenvolver a autoaprendizagem, por meio de questões norteadoras e encontros presenciais que consigam fazer a articulação das diferentes disciplinas. Já temos o primeiro curso de graduação a distância, Gestão Comercial, que foi avaliado pelo MEC e recebeu nota 5 (conceito máximo). Possuímos uma trajetória em EaD e estamos agora reposicionando o projeto e adequando com articulação regional forte”, comenta. A duração dos cursos segue as diretrizes curriculares nacionais, e todo o projeto da Unesc Virtual tem a aprovação do MEC (Ministério da Educação). O curso será dividido em dois módulos por semestre. Cada módulo com três disciplinas, duração de nove semanas e três encontros presenciais. “Neste formato de EaD, o aluno tem a possibilidade de vivenciar o campus. Ele poderá participar de atividades de ensino, pesquisa e extensão, e vivenciar o campus de maneira presencial ou virtual”, comenta Indianara, salientando que a escolha do outro polo da Unesc Virtual, na FVA, foi realizada após uma

VOCÊ TEM ÓTIMOS MOTIVOS PARA ESTUDAR NO EaD DA UNESC 1

Educação a distância planejada e organizada por uma equipe multidisciplinar da UNESC com experiência em ensino, pesquisa e extensão;

5

2

Professores com a experiência no mercado de trabalho;

6

3

Professores tutores com formação na área de conhecimento do curso;

7

4

Material didático, recursos multimídias com metodologias especialmente preparadas para desenvolver e potencializar seus conhecimentos;

Ambiente Virtual dinâmico e interativo;

Sistema de monitoria com profissionais qualificados para o acompanhamento dos acadêmicos.

Conteúdos atualizados imprescindíveis para o seu crescimento profissional;

Informativo Unesc | 9


Pós-Graduação Especialização em Direito Processual Civil na Atualidade;

Especialização em Direitos Humanos da Criança e do Adolescente e Políticas Públicas;

Especialização em Docência Universitária;

Especialização em Gestão de Marketing;

Especialização em Gestão dos SuasSistema Único de Assistência Social;

Especialização em Gestão em Saúde;

Especialização em Gestão Empresarial;

Especialização em Gestão Escolar e Coordenação Pedagógica;

Especialização em Gestão Estratégica de Pessoas.

Graduação Gestão de Recursos Humanos Ciências Contábeis

Processos Gerenciais Administração

Extensão Segurança do Trabalho

Gestão Financeira Pessoal e Familiar

Cooperativismo

Para mais informações acesse:

10 | Informativo Unesc


Informativo Unesc | 11


Pesquisadora da Unesc é reconhecida pela Sociedade Internacional de Esquizofrenia dos Estados Unidos Evento contou com a presença de personalidades que são referência no assunto Leonardo Ferreira

E

m Orlando, nos Estados Unidos, a pesquisadora da Unesc, Alexandra Zugno, foi prestigiada com o prêmio Global Schizophrenia Award. A entrega foi realizada durante o ICOSR (International Congress on Schizophrenia Research - Congresso Internacional de Esquizofrenia), promovido pela Sociedade Internacional de Esquizofrenia dos Estados Unidos na última semana. “É um evento que reúne grandes nomes em pesquisa, a nível mundial. São personalidades que estampam seus nomes em livros, artigos e obras que se tornam referências, e aqui estamos, compartilhando momentos e trocando experiências”, conta a pesquisadora. A notícia da vitória foi recebida com alegria e emoção na Universidade, tamanha a relevância da conquista no universo acadêmico. De acordo com a pesquisadora, o resultado trouxe satisfação pelo reconhecimento ao bom trabalho realizado pelo grupo. “Acredito que temos uma pesquisa muito boa sendo realizada dentro da Unesc, por um grupo empenhado e forte. Esse trabalho vencedor é um reflexo disso. Foi uma surpresa muito positiva a resposta de que fui a vencedora”, comenta.

Atuação premiada O reconhecimento recebido nos Estados Unidos é fruto de uma vasta experiência na área, parte desenvolvida no Laboratório de Psiquiatria Translacional da Universidade desde 2008, com 23 orientações de mestrado, oito doutorados e 60 artigos publicados. Atualmente, os trabalhos desenvolvidos pela pesquisadora têm foco no comportamento e na neuroquímica em modelos animais de esquizofrenia. O estudo tem o objetivo de identificar riscos associados ao desenvolvimento do transtorno e sugerir possíveis intervenções. “A busca é por melhorar o tratamento e levar qualidade de vida aos indivíduos”, conta a pesquisadora. Uma de suas pesquisas, voltada à Esquizofrenia, é realizada com ratos em período de gestação e uma exposição ao estresse, com coleta de dados e informações relevantes da prole. “Obtivemos resultados positivos. O trabalho tem sido construído de forma translacional, fazendo relação entre animais e humanos, e comprovando a possibilidade de possíveis variações no futuro indivíduo”, explica Alexandra.

A pesquisadora possui em seu currículo graduação em Farmácia, habilitação em Análises Clínicas, graduação em Bioquímica, mestrado em Ciências Biológicas: Bioquímica e doutorado em Ciências Biológicas: Bioquímica, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Sobre a Sociedade Internacional A Sociedade Internacional de Pesquisa em Esquizofrenia, idealizadora do encontro e da premiação, foi fundada em 2005 com o objetivo de reunir cientistas de todo o mundo para discutir sobre os últimos avanços na pesquisa biológica e psicossocial sobre o distúrbio. O grupo dedica-se a facilitar a colaboração internacional para descobrir as causas e os melhores tratamentos para a esquizofrenia e os distúrbios relacionados. Parte da missão da Sociedade é promover programas educacionais sobre as últimas descobertas em pesquisas sobre esquizofrenia, disseminá-las de maneira eficaz em todo o mundo e agilizar a publicação de novas pesquisas.

Foto: Divulgação

“A busca é por melhorar o tratamento e levar qualidade de vida aos indivíduos.” Alexandra Zugno

12 | Informativo Unesc


Eventos Unesc

Save the date

Seminário de Educação, conhecimento e Processos Educativos

21, 22 e 23 de Maio

XV Simpósio de Pesquisa em Ciências da Saúde

30 e 31 de Maio

Pré-lançamento da X Semana de Ciência e Tecnologia

14 de Junho

Congresso Sul Catarinense de Administração e Comércio Exterior

18 e 19 de Junho

X Semana de Ciência e Tecnologia

21 a 25 de Outubro

Informativo Unesc | 13


Reconhecimento e emoção: ex-reitor Antônio Milioli Filho se despede na Unesc Mayara Cardoso

O

Auditório Ruy Hülse, na Unesc,

to para caminhar, mas neste momento

Em nome da nossa gestão só podemos

foi preparado nos detalhes

só podemos dizer que todos nós temos

dizer muito obrigada, assim como pude

com carinho e respeito, no dia

muito orgulho da pessoa que ele foi e

dizer ao longo de sua vida e em seu

19 de abril, para receber o evento que

da trajetória que construiu. Ele, que ini-

último dia. A comunidade Unesc o ama

seria o mais triste de sua história até

ciou seu caminho ainda na Fucri, tinha

muito e sua presença estará sempre em

então: a despedida do ex-reitor Antônio

essa instituição como razão de viver e

nosso coração. Toninho, nosso mestre,

Milioli Filho, uma das principais figuras

deixou seu legado aqui”, destacou.

teu legado estará sempre conosco”, sa-

da história da Universidade. Antônio

lientou.

morreu no fim da tarde da Sexta-feira

Edson Rodrigues, grande amigo de

Santa vítima de um câncer e foi ve-

Antônio, a principal lição deixada pelo

da Universidade de 2001 a 2009, além de,

lado no local que foi palco de grande

companheiro de jornada na Unesc é a

por dois mandatos anteriores, ter atu-

parte da sua vida, o campus. A despe-

de lealdade. “Eu tive a oportunidade de

ado como vice-reitor. Teve também um

dida contou com uma sessão solene do

conversar muito com ele e agradecer

trabalho fundamental na construção da

Consu (Conselho Universitário), além

pelo amigo legal que era, com retidão

Instituição e no que ela se transformou

de uma celebração religiosa, ambas,

e caráter reconhecidos não só por ami-

nesses 50 anos. Ele é filho de Antônio

no Auditório Ruy Hülse, seguidas do sep-

gos, mas também por adversários em

Milioli e Simone Pereira Milioli. Casou-se

ultamento no final do dia 20 de abril no

campanha, o que mostra ainda mais

com Vanilda Ronchi Milioli, com quem

Cemitério Municipal de Criciúma. Ao

sua verdade. Ele foi generoso até em

teve duas filhas: Danielle Milioli e Karine

receber a triste notícia, a Unesc decre-

seus últimos tempos, quando se dispôs

Milioli (in memorian).

tou Luto Oficial de cinco dias.

a participar de uma pesquisa científica

O legado deixado por Toninho,

que não mais poderia lhe salvar, mas

como é carinhosamente conhecido por

que poderia ajudar outras pessoas a

todos, ficou evidente nas conversas de

receberem o que ele não pôde. Essa é

dezenas de amigos, familiares e cole-

uma das lições que devemos levar”, evi-

Unesc iniciou em 1971 na então Fucri

gas que passaram para o último adeus

denciou.

(Fundação Educacional de Criciúma),

e para as condolências aos familiares.

A gratidão da Instituição por

quando ingressou na Faciecri (Faculdade

Para o irmão de Antônio, Gilberto Mioli,

toda dedicação de Antônio em prol do

de Ciências e Educação), e formou-se em

foi uma grande honra ter tido Antônio

seu crescimento e sustento, conforme

1975. Seus trabalhos de liderança frente

em sua família e ter dividido sua con-

a reitora Luciane Bisognin Ceretta,

à Instituição começaram ainda em 1973,

vivência por tantos anos com os colegas

é imensurável e será eterna. “Se te-

quando ainda muito jovem foi presidente

e amigos que fez dentro da Universi-

mos hoje uma Universidade sólida, se

do DCE (Diretório Central de Estudantes).

dade. “Nós sentimos muito essa perda,

temos a base pautada na sustentabi-

pois, com 69 anos, ele tinha ainda mui-

lidade, é porque aprendemos com ele.

14 | Informativo Unesc

De acordo com o ex-reitor

Antônio ocupou o cargo de reitor

História construída na Unesc

A trajetória de Antônio Milioli na


Logo após concluir a gradu-

Programas que visavam fomen-

ciou um novo modelo de estrutura

ação, começou a trabalhar na Insti-

tar a pesquisa e a produção estiveram

administrativa e educacional. Este

tuição, foi professor dos cursos de

fortemente ligados à gestão de Toninho.

processo foi chamado de Reforma

Administração,

Contábeis,

Em 2004, foi implantado o PPGE (Pro-

Acadêmico-Administrativa.

Pedagogia, Engenharia de Agrimen-

grama de Pós-Graduação em Educação)

grande marca de sua gestão foi a

sura, Matemática e Biologia, lecionan-

com duas linhas de pesquisa: “Edu-

implantação

do as disciplinas de Física, Matemática

cação e produção do conhecimento nos

Acadêmicas). No mesmo ano, foi criada

e Estatística.

processos pedagógicos” e “Educação,

a CPAE (Coordenadoria de Políticas de

Toninho foi eleito em pleito di-

linguagem e memória”. Outros progra-

Atenção ao Estudante).

reto como diretor presidente da Fucri

mas como o PIC (Programa de Iniciação

para o mandato de 1985 e 1986. Após

Científica) e o Pibic (Programa de Bol-

cia de Desenvolvimento, Inovação e

participar da redemocratização da

sas de Iniciação Científica) também es-

Transferência de Tecnologia) foi im-

Instituição, em 1993 junto a Edson

tiveram presentes em sua gestão.

plantada. Um organismo institucional

Rodrigues, seu grande parceiro, as-

Em 2006 a Unesc ganhou, por

ligado à Pro-Reitoria de Pós-Graduação,

sumiu o cargo de vice-reitor da Unesc,

meio do curso de Farmácia, em parce-

Pesquisa e Extensão, que atua como

continuando na gestão consecutiva até

ria com a Cruz Vermelha e a Secretar-

um dos agentes na relação da universi-

2001.

ia Municipal de Saúde de Criciúma, a

dade com a comunidade, visando o de-

Já em 2001, Toninho foi eleito

Farmácia Solidária. No mesmo ano, re-

senvolvimento regional.

reitor da Universidade, sendo reeleito

cebeu pela primeira vez um grupo de

na gestão subsequente (2005), ficando

estrangeiros em seu campus, passando

reitor, ele foi além do campus e pre-

no cargo até 2009. Ao longo de todos

a destacar-se no cenário internacional

sidiu a Acafe (Associação Catarinese

os anos que passou dentro do Campus,

até hoje.

das Fundações Educacionais) na gestão

acompanhou a evolução e os desafios

2006-2008.

Ciências

Já em 2007, a Instituição ini-

das

Uma

UNAs (Unidades

Ainda em 2007, a ADITT (Agên-

Em paralelo à atuação como

Fotos: Arquivo Unesc

pelos quais a instituição passou. Gestão para servir de exemplo

O ex-reitor teve passagem mar-

cante e seu trabalho foi fundamental para a construção do que a Unesc se tornou. Antônio esteve à frente do processo que consolidou a Instituição, desde a estrutura física, tecnológica e científica, corpo docente qualificado, cursos de pós-graduação, até parcerias internacionais. Alguns importantes prédios foram inaugurados durante suas gestões, como o Bloco S, o Bloco XXI-C, o Bloco do Estudante, o Bloco R, o Bloco Q, o Ginásio de Esportes José Antônio Carrilho, as Clínicas Integradas da Saúde e o Bloco T, além de todas as outras conquistas alcançadas enquanto atuou ativamente como vice-reitor.

Em 1997, a Universidade com-

portava 12 cursos existentes. Até 2008, durante a gestão de Milioli, a Unesc já oferecia 32 cursos à comunidade. Ainda sob seu comando em 2004 foi implantado o Setor de Estágios, com o objetivo de dedicar-se à inclusão de seus acadêmicos no exercício de seus cursos, aliando a teoria e a prática.

Corpo do ex-reitor foi velado no Auditório Ruy Hülse como forma de homenagem da Instituição que foi por anos sua razão de viver.

Informativo Unesc | 15


Inovação tecnológica e empresarial é foco na Itec.in da Unesc

Fagner Santos

A

lcançar o sucesso empresarial é tarefa complexa. Burocracia, comportamento e expansão do mercado, logística, incertezas nos cenários econômicos, riscos e, principalmente, gestão eficaz dos investimentos são desafios para as empresas. Quando envolvem tecnologia e inovação, as dificuldades são ainda mais desafiadoras. Isto porque a empresa deve encontrar um modelo de negócios escalável para um ambiente de extrema incerteza. Em um cenário em que grande parte das empresas sucumbem na fase inicial de sua atuação, a Incubadora Tecnológica de Ideias e Negócios (Itec. in) do Parque Científico e Tecnológico da Unesc (Iparque) incentiva a criação e apoia empreendimentos inovadores que contribuam para a diversificação da matriz econômica e para a geração de emprego e renda da região oferecendo infraestrutura adequada e programas de orientação e capacitação para a gestão dos empreendimentos inovadores. “É uma incubadora de empre-

16 | Informativo Unesc

sas de base tecnológica, com espaços, recursos tecnológicos e organizacionais compartilhados em um ambiente favorável para conexões e suporte”, detalha o professor da Unesc, Evânio Nicoleit, Gerente da Agência de Inovação da Unesc e responsável pela Itec.in. Instalada no Iparque em 2013, a Incubadora tem como missão estimular a criação e o desenvolvimento de empresas que ofereçam produtos ou serviços tecnologicamente inovadores, disponibilizando um ambiente com condições efetivas para abrigar ideias inovadoras e transformá-las em empreendimentos de sucesso. “O foco é apoiar e consolidar empreendimentos inovadores que estão nascendo e incentivar a produção de conhecimento”, explica o professor.

e Wi-fi), além de uma sala ampliada para reuniões preparada com equipamentos multimídia. “As dimensões das salas podem ser de acordo com as necessidades que a empresa requer para o seu negócio”, coloca o responsável pela Itec.in. A Incubadora oferece também diversos serviços, dentre os quais: segurança, recepção, secretaria, restaurante, estacionamento, limpeza dos espaços de uso comum, energia elétrica e água. Além do espaço físico A Itec.in também oferece apoio contábil, jurídico, de gestão financeira, de custo, comercialização, exportação e ainda, no desenvolvimento do negócio. Registro de propriedade intelectual, li-

Estrutura própria para empreender

cenciamento de produtos, elaboração de projetos para captação de recursos,

Estão disponíveis 16 salas privativas, mobiliadas e com equipamentos de Tecnologia de Informação e Comunicação, Telefonia e Internet (cabeada

ponte com eventos e feiras ligadas à área de atuação da empresa, entre outros também fazem parte da Incubadora.


Confira as oportunidades e vantagens para as empresas incubadas: Programa de apoio e acompanhamento das empresas incubadas (startups) nos seus Planos de Negócios, Planejamento Estratégico e Planos de Ação;

Acompanhamento e divulgação de Editais para projetos com possibilida de captação de recursos junto às agências de fomento

Apoio técnico para apresentação de projetos a investidores em particular e ao ecossistema de inovação em geral;

Apoio às empresas incubadas na gestão (financeira, custos, marketing, planejamento, administração geral, produção, operação) de seus negócios;

Apoio na identificação de pesquisadores e desenvolvedores que possam colaborar no aprimoramento tecnológico dos produtos, processos e serviços;

Interação com o hub de conexões da universidade para acesso às informações científicas e serviços tecnológicos, incluindo a biblioteca universitária;

Promoção de capacitações e consultorias;

Apoio para participação em feiras e eventos pertinentes à área de atuação da incubada;

Promoção de cooperação e parcerias entre as incubadas.

A Gerência da Agência de Inovação da Unesc é quem acompanha os empresários. “Capacitação para a gestão do próprio negócio é uma das principais ferramentas para fomentar a implantação de novas empresas e ideias inovadoras”, ressalta Nicoleit. Como Incubar sua ideia (startup) na Itec.in?

Diversas empresas já passaram

no da universidade o acesso à mentoria

pela incubadora, ampliando seu poten-

para o apoio técnico no planejamento

cial de sucesso. “Aqui a ideia estará em

e desenvolvimento de novos negócios”,

constante aprimoramento e movimen-

explica Nicoleit. O Mentoring funciona

to em um ambiente integrado com

desde a concepção de ideias inovado-

excelentes oportunidades, conexões e

ras até a pré-incubação, conectando os

parcerias a fim de que se consolide no

empreendedores com mentores para o

mercado”, coloca Cristiane.

aprimoramento dos projetos.

Para iniciar esta caminhada na

Os acadêmicos da Unesc tam-

Itec.in é necessário ter uma ideia cria-

bém participam na incubadora. “Eles

Para participar, empreendedores devem atender aos editais para seleção de propostas inovadoras para o programa de Incubação. “É importante lembrar que são selecionados empreendimentos que apresentem ideias, projetos, produtos, processos e protótipos baseados em tecnologia e inovação”, comenta a assistente administrativa da Itec.in, Cristiane Matias Vargas. “Após estas etapas, o empreendedor estará apto a incubar sua empresa”, completa. O período máximo de permanência é de até quatro anos, com possibilidade de prorrogação por mais um ano.

tiva e inovadora em mente e vontade

participam como integrantes dos pro-

de empreender. “Tanto pessoas físi-

gramas, tais como o Núcleo de Em-

cas quanto pessoas jurídicas podem

preendedorismo e o próprio Men-

participar: estudantes, pesquisadores,

toring”, coloca o professor. Também

empreendedores, empresas em consti-

podem participar como autores de

tuição, empresas que desejam desen-

ideias para pré-incubação e incu-

volver projetos, produtos e serviços ino-

bação, e na interação entre as empre-

vadores, entre outros”, elenca Nicoleit.

sas e os laboratórios de pesquisa da

Acelerando sua ideia inovadora

oportunizar ao público interno e exter-

Unesc. “Acompanham experimentos, Da mentoria ao sucesso

ensaios e testes para o desenvolvimento e aprimoramento tecnológico

A Unesc oferece também o Pro-

de produtos, processos e serviços ba-

grama Mentoring. “Esta é uma atividade

seados em tecnologia inovadora”, f i-

de extensão do Núcleo de Empreende-

naliza Nicoleit.

dorismo da Unesc que tem por objetivo

Informativo Unesc | 17


Pesquisas mostram novos tratamentos contra a depressão Em entrevista, o professor e pesquisador da Unesc, João Luciano de Quevedo, fala sobre a depressão e o que há de novo nas pesquisas e tratamentos relacionados a esta doença Ana Sofia Schuster

O Médico Psiquiatra, pesquisador e membro do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Unesc, João Luciano de Quevedo, é atualmente uma das maiores autoridades mundiais sobre depressão. Atualmente é Professor do Departamento de Psiquiatria e Ciencias do Comportamento da McGovern Medical School, The University of Texas Health Science Center at Houston (UTHealth), Houston, TX, USA. La atua como Vice Chair for Faculty Development and Outreach, Diretor do Translational Psychiatry Program e do TreatmentResistant Mood Disorders Program. É ainda professor titular de Psiquiatria e coordenador do Laboratório de Neurociências da Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC), Nesta entrevista Doutor João Luciano de Quevedo fala sobre depressão, tratamentos e pesquisas que hoje norteiam o tratamento desta doença que atinge índices preocupantes em todo o mundo.

18 | Informativo Unesc

Quais os índices de prevalência desta doença? A depressão é uma doença muito prevalente, que atinge em média 10% da população e afeta aproximadamente 16%/17% das mulheres, em média 7 a 8% dos homens. De todas essas pessoas que fazem tratamento para a depressão, quando tratado pela primeira vez, o paciente tem a chance de 50% de responder o tratamento. E conforme vai se tentando outros tratamentos nos pacientes que não responderam ao primeiro, as chances de melhora vão diminuindo, afunilando e selecionando o número de pacientes resistentes ao tratamento. Onde que estão as maiores novidades? As maiores novidades estão no início do tratamento, que é a escolha do antidepressivo, nas primeiras tentativas. A novidade disso é a aplicação em uma nova área de conhecimento na psiquiatria, chamado farmacogenética, um estudo genético individualizado, para

identificar como o paciente específico metaboliza ou responde aos medicamentos antidepressivos. Trata-se de uma área em franco desenvolvimento. E para os pacientes resistentes ao tratamento? Na outra ponta, que é para os pacientes resistentes ao tratamento, aqueles que já tentaram vários tratamentos sem respostas, que inclusive não responderam a eletroconvulsoterapia, o tratamento mais eficaz que existe para a depressão Do que se trata? A eletroconvulsoterapia é um tratamento que existe há oitenta anos, ou seja, é bem antigo, que evoluiu muito ao longo dos anos, mas que nós tivemos alguns desserviços ao longo da história. Apesar da eletroconvulsoterapia ser bastante eficaz, quando se tem a oportunidade de usar. Algumas pessoas não respondem ao tratamento. Essas pessoas são chamadas de super resistentes ao tratamento.


E como ele age? Ele causa uma convulsão para tratar a depressão. A única doença que comprovadamente a eletroconvulsoterapia trata com excelência é a depressão. Antes do eletrochoque, esta convulsão era induzida quimicamente. A cânfora, que causava convulsões ou através de um procedimento que chamava coma insulínico, através da aplicação da insulina, baixando a glicemia violentamente e o paciente tinha a convulsão espontânea. Aqueles que sobreviviam, melhoraram. Era um processo muito rude. Então, ao longo desses 80 anos, as coisas evoluíram muito. Hoje a eletroconvulsoterapia é feita sob anestesia, as maquinas são muito mais modernas, a gente faz unipolar ao invés de bipolar. Isso causa muito menos problemas de memória do que causava no passado. Mas mesmo assim, há pacientes tem que não melhoram, são os pacientes superesistentes. Paciente que fizeram tudo possível e continuam tendo depressão. Quais os caminhos neste caso? Para esses pacientes existem estudos em andamento com implantação de eletrodos dentro do cérebro. Através

Vocês têm realizado esse procedimento? Onde eu trabalho, nos EUA, já fizemos 11 cirurgias. O objetivo é fazermos mais 9 cirurgias. Temos observado resultados muito interessantes. Casos de pacientes que estiveram em depressão ao longo de toda a vida e, a partir desse tratamento de estimulação cerebral profunda, tiveram melhoras. Mas isso não substitui o tratamento que ela faziam, apenas é um adicional que pode modificar a vida das pessoas. Então essa é a fronteira estamos explorando.

nos textos dos gregos e em outros textos. Depressão é uma condição patológica humana que faz parte de ser gente. Entretanto, acredito que hoje, além de fazer o diagnóstico mais fácil e as pessoas terem menos preconceito de procurar ajuda e de se expor. Mas, provavelmente o jeito que vivemos hoje é diferente do jeito que se vivia há 100 anos atrás. Com certeza é muito mais estressante e muito mais complexo. Então, eu acredito que, provavelmente, do ponto de vista estatístico, devemos ter mais casos hoje do que tínhamos no passado. Tem a ver com a forma pela qual vivemos, mas ela sempre existiu. É como obesidade. Você concorda que tem mais que há 100 anos atrás? Ela sempre existiu, mas em especial nos últimos 30 anos, os hábitos alimentares mudaram, tem mais sedentarismo. A vida mudou, mas não se criaram doenças novas, elas só se tornaram mais frequentes, mais comuns.

Doutor, esse índice de depressão, na verdade sempre esteve presente ou hoje se vê um diagnóstico mais preciso? Depressão existe desde que o mundo é mundo. Isso está nos textos bíblicos,

E por que por outro lado ela é muito mais tratável? Hoje temos muito mais recursos. Há 50, 60 anos atrás tínha no máximo três antidepressivos. Hoje devemos ter em média mais de cinquenta. (continua)

de neurocirurgia esses eletrodos são ligados a um estimulador que é implantado embaixo da pele na área da clavícula. Esses estimuladores são ligados aos eletrodos, através de um fio sob pele, que fica constantemente estimulando determinadas áreas do cérebro, que são as áreas que acreditamos ser as causadoras da depressão.

Doutor João Luciano de Quevedo em palestra na Unesc. Foto: Arquivos Unesc

Informativo Unesc | 19


A pessoa se submeter a um tratamento terapêutico para a depressão hoje? Não é um sintoma de derrota ou de estar no fundo do poço, é uma questão de começo né? Não. A depressão é uma doença como alguma outra qualquer. É tão doença quanto as outras. Por que as pessoas demoram tanto para admitir? Porque elas acham que é normal estar triste eventualmente, mas por tempo e intensidade razoável, proporcional ao que aconteceu. Então ok, a morte de um parente é razoável que se fique triste por um tempo razoável e em uma intensidade proporcional àquele evento. Mas, por exemplo, uma pessoa que está triste seis meses depois da perda do ente queri“Depressão existe do, isso não é mais luto, desde que o mundo isso é paé mundo. Isso está tológico.

nos textos bíblicos, nos textos dos gregos e em outros textos. Depressão é uma condição patológica humana que faz parte de ser gente. Entretanto, acredito que hoje, além de fazer o diagnóstico mais fácil e as pessoas terem menos preconceito de procurar ajuda e de se expor.”

E a pessoa que começa a usar uma medicação? É uma medicação contínua ou tem um tempo para a cura? Na verdade o que se cura em m edicina? A apendicite né? Você vai lá, faz a cirurgia, tira a apêndice e está curado. Infecção urinária. Diabete não tem cura, hipertensão alta não tem cura, reumatismo não tem cura. Asma, às vezes na transição de adolescente pra adulto ela desaparece, mas não em todos os casos. Então a depressão é como outra doença qualquer. Vai ter fases de remissão, onde ela vai desaparecer e tu vais poder ficar sem medicação. Mas ela pode voltar por diversos fatores da tua vida. Então, uma vez que o paciente desenvolve, ela faz parte dele. Com relação a esses quadros estarem acontecendo cada vez mais cedo,

20 | Informativo Unesc

como podemos estar atentos a isso? Acreditamos que a depressão na criança e no adolescente sempre existiu, mas provavelmente ela existiu em uma proporção menor do que se tem hoje. Há que se pesar o seguinte: que na criança, os sintomas são diferentes do que são no adulto. Eu não esperaria uma criança com tristeza e sim com irritabilidade, ansiedade, com alterações de comportamento, mais inespecíficas e aí, investigando, podemos chegar a conclusão que é um quadro depressivo. Não necessariamente só a depressão. Pode ser outra coisa. Mas, no caso, não são sintomas facilmente identificáveis quanto eles são no adulto. Voltando um pouquinho para a nossa universidade, hoje a Unesc tem muitos estudos nessa área. O que o senhor destacaria? Acho que no campo da depressão, são duas coisas temos feito bem: uma é identificar fatores de risco na fase bem precoce da vida, entender como isso causa a depressão, o que a chamamos de estresse neonatal que envolve abandono. Estamos tentando entender essas coisas. Agora estamos começando a investir nessas pesquisas para entender porque a resistência ao tratamento se desenvolve, o que há de diferente em quem responde ao tratamento e naqueles que não respondem. Um volume de quantos artigos, quantos cientistas mais ou menos estão envolvidos nesse projeto? Nos nossos laboratórios estudamos diferentes tipos de doenças, mas no time da depressão, entre mestrandos, pesquisadores e doutorandos, alunos de iniciação cientifica, no mínimo vinte pessoas E são muitas publicações? Nessa área, aproximadamente 10 a 12 artigos por ano. Inclusive a Unesc é uma das únicas no estado que estão fazendo esses estudos, nós e a UFSC. Em relação aos pacientes que têm essa resistência à doença, hoje quais são os projetos e por onde a medicina está avançando? Quem responde ao tratamento já está bem atendido. Tudo que se faz em pesquisa na medicina é para atender necessidades que ainda não se foram resolvidas. Ninguém vai reinventar um

antibiótico. Se revê o que o paciente precisa, que no caso é de tratamentos melhores e remédios melhores. Inclusive, os antidepressivos que temos hoje são muito melhores. O desafio é tentar ser cada vez melhor. Com relação a essas pesquisas para o futuro, o que se pensa? Pra onde esta caminhando? Uma necessidade que temos na área de depressão é que demora fazer efeito. Precisamos de um tratamento com menos efeitos colaterais e menos riscos de recaídas. Precisamos de cura. Então tem muita coisa para fazer. E estamos falando da segunda doença que mais incapacita no mundo. Ela pode aumentar? Eu acredito que ela está chegando em um platô, mas ela já se posicionou como a segunda mais incapacitante. E com relação a atendimento para as pessoas, como o senhor vê hoje a estrutura já que é uma doença que evidencia grande, ela tem a tendência até de crescimento. Como a saúde está preparada para atender isso? Depende se estamos falando do público ou do privado. Acho que na esfera privada o Brasil trabalha tão bem quanto qualquer outro lugar do mundo. No setor público, no modelo de saúde que temos, especialmente aqui no Brasil, temos problemas de acesso ao tratamento. Então aqueles mais necessitados, estão em maior risco de ter sequelas da depressão. Com relação ao tratamento ainda, sobre internação, como funciona? Existem três tipos de internação psiquiátrica: a internação voluntaria, a involuntária e a judicial. Na internação voluntaria o médico propõe ao paciente que ele seja internado e o paciente aceita porque acha que é bom para si. O problema maior está na internação involuntária, porque quando o paciente está doente, isso inclui casos de depressão mais graves, ele perde a capacidade de julgamento do quão gravemente doente está e do risco que tem para a vida dele. Então, toda vez que um paciente tiver risco de suicídio, independente da vontade dele ou não, ele deve ser involuntariamente internado.


Unesc realiza projeto de extensão com foco na comunicação do autista Ação é realizada semanalmente e tem a participação de acadêmicos de Ciência da Computação, Artes Visuais e Pedagogia Vitor Netto

Para a professora, a TA (Tecnologia Assistiva) estimula a comunicação dos portadores. “Acreditamos que contribuem para proporcionar ou potencializar habilidades de comunicação e interação, um dos maiores desafios para a educação de indivíduos com autismo, promovendo inclusão social e digital”, explica a professora. O projeto conta com a participação de acadêmicos dos cursos de Ciência da Computação, Pedagogia e Artes Visuais da Unesc. Atualmente a atividade é realizada semanalmente nas terças-feiras na AMA, com quatro alunos, sempre acompanhada de profissionais da instituição. Primeiros contatos Conforme a coordenadora, o primeiro contato é tocante. “Primeiro os alunos têm que se habituar com a nossa presença, alguns não aceitam no primeiro contato, mas com o tempo observamos que podemos ir além da sala de aula, além dos conteúdos abordados pelos alunos”, respalda. Segundo a acadêmica de Pedagogia, Thaiane Kalenca da Rocha Pimentel, o momento de conhecer os alunos e o transtorno é impactante. “A partir do projeto, nós acabamos vivendo

a AMA, vivendo o autismo. É diferente quando temos uma visão externa do que está acontecendo e estar aqui dentro, vendo a situação e convivendo com a rotina deles, é outra realidade”, explica. “É desaf iador e gratif icante quando conseguimos usar um aplicativo para fugir do padrão das formas de comunicação e conseguimos chamar a atenção deles, conseguimos uma porta mais ampla para o contato”, completa o acadêmico de Ciência da Computação Luciano Roza de Melo. Resultados a curto e a longo prazo Apesar de o projeto estar em atividade a pouco menos de um ano, os resultados já aparecem. Um exemplo é um aluno que recentemente, após clicar diversas vezes no personagem que representava ir ao banheiro, conseguiu verbalizar a ação. “Ele ficou clicando no boneco e o tablet emitia a palavra ‘xixi’, então depois de apertar repetidas vezes, ele falou ‘xixi’, pegou na mão da professora e foi em direção a porta, sinalizando que queria ir ao banheiro”, conta Leila. Conforme ela, a atitude do aluno deixou todos os participantes emocionados. “Aquilo estimulou ele a falar e apresentou que já estamos colhendo resultados”, apresenta.

Foto: Vitor Netto

S

egundo dados de 2017 da OMS (Organização Mundial da Saúde), o autismo afeta uma a cada 160 crianças e, tendo em vista o grande número de famílias que lidam com o transtorno, a Unesc realiza, desde 2017, o projeto de extensão ‘‘Tecnologias Assistivas e Móveis, na inclusão social e digital do autista’’. A atividade é realizada em parceria com a AMA-REC/SC (Associação de Pais e Amigos dos Autistas da Região Carbonífera de Santa Catarina), de Criciúma. O projeto tem como objetivo propiciar suporte técnico e pedagógico para o uso de tecnologias assistivas e móveis na inclusão social e digital do autista. De acordo com a professora e coordenadora do projeto, Leila Laís Gonçalves, o intuito das atividades é desenvolver e ampliar a comunicação dos portadores do transtorno. “Muitas vezes o autista tem dificuldade na verbalização, porém existem várias formas de comunicação possíveis, sendo uma delas a tecnologia assistiva”, explica a professora. A ação busca a possibilidade de interação dos autistas por meio de aplicativos que estimulam a comunicação dos alunos da AMA. Por meio de figuras e efeitos sonoros do programa no tablet, os alunos aprendem novas formas de se comunicar com as pessoas a sua volta. Conforme a coordenadora, o projeto iniciou com o estímulo de estudar tecnologias e entender o transtorno. Após isso, iniciou-se um estudo e busca por aplicativos e ferramentas que poderiam colaborar para a realização do projeto. A etapa atual da ação está voltada para o uso da plataforma Livox, um aplicativo de comunicação alternativa e aumentativa, que permite que as pessoas com doenças e/ou deficiências que prejudicam a fala se comuniquem e aprendam através de um tablet.

Informativo Unesc | 21


Um olhar diferente: egresso ajuda deficiente visual a se comunicar por aplicativo Milena Nandi

O

Foto: Milena Nandi

egresso do curso de Engenharia Química da Unesc, Kelvin Goularte dos Santos, teve um olhar diferente ao próximo. Percebendo a possibilidade de auxiliar a aposentada Nadir Luctemberg Mota, que perdeu a visão há 43 anos, a se comunicar de uma maneira diferente, buscou alternativas para ensiná-la a utilizar o smartphone e o aplicativo de mensagem. O resultado desta iniciativa foi uma relação de amizade e aprendizado mútuo. E uma Nadir que conversa diariamente com a família e com os amigos pelo WhatsApp. No mês que iria completar 21 anos, Nadir perdeu a visão em decorrência de um descolamento de retina e um glaucoma. Na época estava casada há três anos e tinha um f ilho de um ano e oito meses. “Quando perdi a visão o meu mundo desabou. Foi muito dif ícil. Cuidava da casa e de meus f ilhos sem a ajuda de estranhos. Meu marido faleceu poucos

anos depois de eu ter ficado cega. Ele encaminhou os primeiros áudios. “Eu me apoiou e me incentivou a ser in- nunca tinha mexido em um aparelho dependente e a não ter medo de fazer como esse, mas com bastante calma o nada”, comenta Nadir. “Fui aprenden- Kelvin me ensinou. Mesmo que eu dedo aos poucos, mas as coisas ainda não more para conseguir fazer o que quero, eu não desisto”, afirma são pensadas para facilitar a vida das pessoas “A gente fica muito Nadir Kelvin já conhecom deficiência”. preso à rotina e cia Nadir e pensou em Nadir hoje mora sair um pouco dela fazer algo para facilitar a sozinha e conta que para ajudar outra comunicação dela com teve ao longo da vida a a família. “Comecei a compreensão e a ajuda pessoa é bem pesquisar algum produdos seus três filhos. Ela gratificante”. to específico ou função se diverte cuidando de Kelvin Goularte no celular que pudesse um dos seus cinco netos dos Santos ajudar pessoas como a – e atualmente, converdona Nadir. Descobri a sando pelo WhatsApp também. “Todo dia aprendo algo novo função do talkback (um software leitor e sei que tenho que estar preparada de telas de celular), estudei, aprendi a usar e depois passei para ela”. para aprender sempre mais”. O engenheiro químico passou Por ter essa sede de aprendizado, ela aceitou a proposta do egresso as lições de como desbloquear o celular de Engenharia Química da Unesc para e os comandos que Nadir deveria usar participar de aulas para utilizar o smart- e ela treinava e mandava áudio de suas phone. E surpreendeu a todos quando dificuldades pelo WhatsApp para Kelvin auxiliá-la. “Eu conheço a tecnologia, mas a dona Nadir nunca havia usado um celular como esse. Ela tem muita vontade de aprender, eu só impulsionei o potencial dela. Me imaginei na pele dela para poder ensinar. Fechava os olhos, mexia no celular e ia percebendo a dificuldade que ela teria”, conta Kelvin. “A gente fica muito preso à rotina e sair um pouco dela para ajudar outra pessoa é bem gratificante”.

A relação de Kelvin e Nadir é feita de ensino e aprendizado mútuo

22 | Informativo Unesc


Convênio entre Unesc e Funasa faz de Santa Catarina destaque nacional Prefeitura de Santo Amaro da Imperatriz recebeu of icialmente, o documento do Plano Municipal de Saneamento Básico elaborado através do convênio Milena Nandi e Mayara Cardoso

S

primeiro

de extrema necessidade como a Coleta

e

Estado da Federação com 100%

Seletiva e outras licitações que tinham

Galatto,

dos municípios com população

essa questão pendente, a reitora da

Municipais

inferior a 50 mil habitantes a ter PMSB

Unesc,

são

(Plano

Saneamento

destacou sua satisfação em mais uma

os eixos do saneamento: sistema de

Básico) elaborados. A conquista veio

vez ver na prática o trabalho qualificado

abastecimento de água e esgotamento

por meio de convênio assinado em 2013

da equipe se transformar em resultados

sanitário; manejo de águas pluviais e

entre a Unesc e a Funasa (Fundação

incríveis. “Estamos muito orgulhosos

drenagem urbana; e limpeza urbana e

Nacional de Saúde), que beneficiou 14

de termos feito parte desta conquista

manejo dos resíduos sólidos.

municípios que passaram a contar com

do município e terminado o trabalho

um planejamento de metas e ações

em tempo hábil, o que é uma das

assessoria

no horizonte de 20 anos. A prefeitura

nossas principais premissas. Contem

municipais para que, em conjunto

de Santo Amaro da Imperatriz recebeu

sempre conosco para novas parcerias

com os técnicos do Iparque, venham

de forma oficial, no dia 22 de abril,

que possam trazer benefícios para a

contribuir na elaboração dos planos.

o documento do PMSB, finalizando

cidade”, salientou.

Nos PMSBs são definidos objetivos e

anta

as

Catarina

Municipal

entregas

é

de

de

todas

o

as

Estiveram

na

Bisognin

Ceretta,

da

explica de

que

os

Sérgio Planos

Saneamento

documentos

“Nós

Unesc,

Básico

norteadores

capacitamos técnica

e

às

para

damos equipes

estabelecidos programas e metas num

cidades

contempladas no convênio.

Luciane

Tecnológico)

horizonte para até 20 anos. Há as metas

Ação primordial

emergenciais e as de curto prazo, que

Universidade

para receber em mãos o documento o

Segundo a OMS (Organização

são de até oito anos, bem como as

prefeito Edésio Justen acompanhado

Mundial de Saúde), o investimento em

metas de médio (até 12 anos) e longo

de sua equipe, que não se furtou a

saneamento pode reduzir os custos

prazo (até 20 anos). Dentro do plano

agradecer por diversas vezes o empenho

com saúde, melhorar a qualidade

vão as metas a serem cumpridas e o

de vida da população,

custo estimado para estas, onde auxilia

além de colaborar com

o município na captação de recursos

a preservação ambiental,

para colocar em prática as ações e

reduzindo

posteriormente cumprir as metas”,

da equipe da Unesc em prol da finalização do Plano ainda antes do

prazo

previsto.

“Estamos muito felizes e

satisfeitos

serviço

com

o

oferecido.

Ocorreu tudo certo e só temos a agradecer. Nunca esqueçam de Santo

Amaro,

pois

não esqueceremos da Unesc”, destacou.

Ao ouvir sobre a

“Estamos muito orgulhosos de termos feito parte desta conquista do município e terminado o trabalho em tempo hábil, o que é uma das nossas principais premissas.” Luciane Bisognin Ceretta

dos

a

poluição

cursos

d´água

explica Galatto.

originários da distribuição

inadequada dos esgotos

Funasa,

e

até 2015 os municípios de Araquari,

resíduos

sólidos.

A partir do edital lançado pela os

planos

Nesse sentido, os PMSB

Balneário

tornam-se

primordiais

Garuva,

Governador

para a qualidade de vida

Imaruí,

Macieira,

da população.

Saltinho,

O

Sangão,

Campo

Alegre,

Celso

Ramos,

Pescaria Santa

Brava,

Cecília

e

de

Vargem Bonita. Após a conclusão

ambientais

dos PMSBs dos 12 municípios, foram

coordenador

projetos

Rincão,

contemplaram

de

feitos termos aditivos de prazo para a

para a cidade, que com o documento

Pesquisas Ambientais e Tecnológicas)

elaboração também dos municípios de

em mãos poderá encaminhar questões

e

Maravilha e Santo Amaro da Imperatriz.

importância do Plano

do

do

Iparque

Ipat

(Instituto

(Parque

Científico

Informativo Unesc | 23


Assessoramento Uma equipe formada por 25 profissionais, incluindo engenheiros civis, químicos, ambientais e agrimensores, geólogo, geógrafo, arquiteto, biólogos, economista, advogado, estatístico, assistente social, secretária executiva e desenhistas, todos ligados à Universidade, atuou no projeto. Galatto explica que os profissionais se dividiram em três frentes, compreendendo as regiões Sul, Norte e Oeste de Santa Catarina. As equipes então fizeram levantamentos de campo identificando diferentes situações, como disposição de resíduos sólidos, lançamento de esgoto sanitário, estação de tratamento de água e redes de distribuição de água de abastecimento, bem como a malha de drenagem pluvial e aspectos sociais. “Cada município foi

compartimentado em unidade territorial de análise e planejamento denominada de Utap (Unidade Territorial de Análise e Planejamento) - urbana e rural. Em cada unidade foram realizadas, no mínimo, três audiências públicas para propiciar a participação, o debate comunitário e as lideranças das comunidades relacionadas aos problemas na prestação de serviços de abastecimento de água e tratamento de esgoto, por exemplo, para o município. Ao final, é realizada uma conferência para a apresentação do plano”, explica o coordenador de projetos ambientais do Ipat. Após o plano ser aprovado pela comissão técnica do município, pela população por meio da participação comunitária e pela Funasa, este segue à Câmara Municipal de Vereadores para aprovação, constituindo em lei municipal.

“O município recebe o Plano visando orientar no planejamento em relação à gestão de saneamento ambiental por 20 anos, independente da gestão pública. A cada quatro anos, conforme estabelece a legislação federal (Lei n° 11.445/2007) é necessária uma revisão do plano, para validar o cumprimento das metas e planejar o que precisará ser feito. A Câmara de Vereadores e a própria comunidade são quem fiscalizam o cumprimento das metas pelo poder municipal. O Ministério Público também está envolvido neste processo”, comenta.

Prefeitura de Santo Amaro da Imperatriz recebeu oficialmente o documento do Plano Municipal de Saneamento Básico elaborado através do convênio.

Foto: Mayara Cardoso

24 24 || Informativo Informativo Unesc Unesc


Portas abertas para milhões de oportunidades Cheios de sonhos e expectativas, idosos iniciam curso gratuito de informática na Unesc Mayara Cardoso

O

lhares atentos, sorrisos e muita expectativa. Assim são as aulas do curso “Informática para a Melhor Idade” da Unesc. As atividades da turma mais recente a integrar o Projeto de Extensão da Universidade, que envolve os cursos de Ciência da Computação e Jogos Digitais, iniciaram em setembro de 2018, com encerramento em abril de 2019. O objetivo da ação, já tradicional na Instituição, é capacitar os participantes sobre lições para o uso de computadores, celulares e demais aparelhos eletrônicos e as principais redes sociais. Muito mais do que técnicas básicas, os alunos aprenderam com as acadêmicas da 8ª fase do curso de Ciência da Computação, Natália Souza e Ana Cleusia, uma nova forma de se comunicar e de se inserir na realidade em que estão vivendo. As consequências desse aprendizado vão além do domínio das ferramentas, se refletindo principalmente na qualidade de vida de cada um. Os motivos para procurar um curso de informática são variados e mostram claramente a importância que o aprendizado significa para os alunos e suas famílias. Alguns gostariam de conseguir entrar na internet sem

precisar da ajuda dos filhos, outros querem utilizar ferramentas eletrônicas nas atividades do trabalho, como acessar emails com mais facilidade e fazer pedidos de compras por catálogo. O desejo de conversar mais e fazer chamadas de vídeos com filhos e netos também está entre os mais citados, além da vontade de fazer postagens, trocar mensagens nas redes sociais, acessar boletos, entre tantas outras coisas. Desejos tão simples quanto distantes dos participantes até a acolhida no curso. No total, conforme a professora coordenadora do projeto, Merisandra Côrtes de Mattos Garcia, o último grupo contou com 44 alunos divididos em duas turmas. “Eles tiveram aulas duas vezes por semana, sendo sempre das 14h30 às 17h. O conteúdo é sempre iniciado no nível mais básico possível e respeita o ritmo da turma, além de trazer temáticas de interesse deles”, comentou. O projeto, que existe desde 2013, já formou mais de 250 pessoas. Para Merisandra, que também é uma das idealizadoras da ação, as aulas já mudaram a realidade de muitos alunos e essa é uma forma de a Universidade retribuir na prática para a comunidade.

“Temos exemplos claros do quanto isso significa em aprendizado, em melhora na vida social dos alunos, além, é claro, da questão cognitiva por estar em processo de aprendizado. Para nós é muito bom tê-los aqui”, completou. Ação de cidadania O casal Idezuite da Silva Nascimento, de 64 anos, e Nilton Luchtemberg, de 82 anos, iniciou junto o desafio de dominar a tecnologia. A oportunidade, conforme Idezuite, foi aproveitada ao máximo. “Estamos muito felizes pela recepção na Unesc e por termos conseguido esta vaga. Ele tinha mais interesse em aprender a mexer no celular e eu em saber usar o notebook para conversar com meu filho que mora no exterior”, destacou. Outro integrante da turma, o aposentado Vilson Bonfante, de 64 anos, também estava ansioso para ser chamado à Unesc. Em 2018 ele ouviu no rádio uma entrevista sobre o curso e logo foi tentar se inscrever. “Na época não tinha mais vaga. Fiquei aborrecido porque queria muito aprender, mas deixei meu nome e consegui. Eu cheguei dizendo que não sabia nada e as meninas logo falaram que então estava no lugar certo para aprender. Só posso agradecer por isso”, disse sorridente para todo o grupo. Funcionária da Unesc há dez anos no setor de Apoio Logístico, Deolinda Oliveira, de 57 anos, não esconde a animação pelo aprendizado. Durante o período ela estendeu sua permanência dentro da Universidade para aprender mais sobre informática. “Sempre quis participar e agora deu certo com meus horários e compromissos. Estou muito feliz e mal posso esperar para colocar em prática o que aprendi sobre celular e notebook”, comentou.

Foto: Mayara Cardoso

25 | Jornal Unesc


Fitoterapia: Grupo de pesquisa e extensão contribui com a saúde Sul Catarinense Iniciativa já gerou resultados positivos nas Unidades Básicas de Saúde Siderópolis Leonardo Ferreira

O

projeto de extensão Quinta do

resgatando essa cultura e facilitando o

tegração do projeto em regiões do Sul

Chá, desenvolvido na Unesc

acesso a um tratamento de qualidade”,

Catarinense já mostraram resultados

pelo Gepaf (Grupo de Extensão

afirma.

promissores. A pesquisa foi realizada

e Pesquisa em Assistência Farmacêu-

Angela explica que um aspecto

recentemente em Siderópolis, com

tica), está contribuindo para a inserção

importante em relação à implantação

participação das acadêmicas Mariana

de plantas medicinais na atenção bási-

da Fitoterapia no SUS é atender as nor-

Fraga Costa e Rafaela Ferreira Rocha,

ca do Sul Catarinense e possibilitando o

mas do Ministério da Saúde e da Anvisa

do curso de Farmácia. Durante as ativi-

acesso da comunidade à novas opções

e a correta identificação botânica. Para

dades, profissionais das cinco UBS do

de tratamento terapêutico e de saúde.

realizar a identificação botânica correta,

município, agentes comunitárias de

Desenvolvido desde 2014, a iniciativa

o grupo conta com o apoio da equipe

saúde, enfermeiras, técnicas de enfer-

ocorreu em formato de pesquisas e

do Herbário da Unesc. “É importante

magem, dentistas, auxiliares de den-

em 2018 gerou resultados positivos nas

no caso das hortas de plantas medici-

tistas e médicos contribuíram com res-

UBS (Unidades Básicas de Saúde) Sid-

nais no SUS, chamadas de Farmácia

postas sobre o tema e sobre a situação

erópolis, gerando procura de outras ci-

Viva, o apoio técnico de um membro

atual da saúde na região.

dades do Sul de Santa Catarina.

atuante da área, como um engenheiro

Após a coleta de dados, o Grupo

A ideia, segundo a coordena-

agrônomo, técnico agrícola ou profis-

de Pesquisa e Extensão desenvolveu

dora adjunta do curso de farmácia e

sional com expertise na Fitoterapia Ba-

um plano de ação para ser implantado

líder do Gepaf, Angela Rossato, é pro-

seada em Evidências, para elaboração

no município. Juntamente com a pre-

mover diálogos entre professores pes-

dos materiais de apoio aos profissionais

feitura, será selecionada uma Unidade

quisadores,

de saúde”, esclarece.

Básica Piloto, que contará com uma

professores

extensionis-

horta para o plantio e cultivo das plan-

tas, profissionais da área de saúde e comunidade, esclarecendo dúvidas e

Pesquisa e prática em nome da saúde

tas medicinais. A professora salienta

atendendo as recomendações da Fi-

O projeto, desenvolvido em for-

que o município está muito engajado

toterapia como uma das Práticas In-

ma de extensão, traz a temática “Troca

em viabilizar o projeto. Estão envolvi-

tegrativas do SUS (Sistema Único de

de saberes sobre Plantas Medicinais na

dos no projeto a Secretaria de Saúde e

Saúde). “A realização destes encon-

Atenção Primária à Saúde” e tem em

a Secretaria do Meio Ambiente do Mu-

tros está aproximando as pessoas ao

seu início uma pesquisa de diagnósti-

nicípio.

acesso de recursos terapêuticos me-

co. Segundo a coordenadora do proje-

Durante o projeto, os colabora-

dicinais. Assim, também podemos ter

to, a necessidade de abordar o assunto

dores da saúde de Siderópolis passarão

a certeza de que a planta medicinal

se fez presente após um estudo reali-

por capacitações sobre o assunto,

está sendo usada corretamente e foi

zado no Sul Catarinense, envolvendo

ministradas pelo Gepaf da Universi-

manuseada e recomendada de forma

672 pessoas. Os dados apontaram que

dade. O case, realizado em Siderópo-

segura”, esclarece.

81% dos entrevistados são favoráveis à

lis, pode ser implantado em outras ci-

Segundo a professora, a inicia-

aplicação da Fitoterapia no SUS e 90%

dades de Santa Catarina, a exemplo do

tiva também busca resgatar conheci-

afirmou curiosidade em receber infor-

Município de Urussanga que iniciará o

mentos presentes na cultura local e

mações sobre as plantas medicinais. Já

projeto agora em maio.

atender

demanda

a relação entre os agentes de saúde e

Segundo

popular sobre tratamentos em saúde.

a Fitoterapia apontam números ainda

dora do projeto, as experiências, inicia-

“Até à industrialização dos medica-

mais fortes, com 100% de aprovação à

das em setembro de 2018, podem dar

mentos, o conhecimento sobre plantas

inclusão da alternativa no município.

origem a um livro. A iniciativa é vincu-

uma

recorrente

estava presente como alternativa mais acessível de tratamento. Agora, com a realização destes encontros, estamos

26 | Informativo Unesc

Angela,

coordena-

lada à Diretoria de Extensão, Cultura e Case positivo Os moldes aprovados para a in-

Ações Comunitárias da Universidade.


Fazendas urbanas inovam com projetos socialmente responsáveis e ambientalmente corretos Empresa, que tem como sócio um egresso da Unesc, tem foco no desenvolvimento de hortas e fazendas urbanas em espaços corporativos Mayara Cardoso e Vitor Netto

R

eduzir a desigualdade econômi-

senvolver uma produção sustentável

social, o que torna o processo ainda

ca e social brasileira e oferecer

de alimentos. “Já no momento que se

mais sustentável. “A cada horta que

oportunidades de trabalho à

instala essa horta nós agregamos toda

construímos, uma parte do nosso lucro

pessoas em situação de vulnerabili-

uma cadeia de valor local. Para a con-

é revertido para a construção de uma

dade social. Estes são alguns dos prin-

strução da fazenda, nós compramos de

horta social, em comunidade definida

cipais objetivos da Plant – Fazendas Ur-

famílias de agricultores locais, mudas

com o parceiro corporativo, garantin-

banas, empresa fundada pelo egresso

orgânicas, por exemplo, e o material

do assim que cada vez mais pessoas

do curso de Engenharia Ambiental da

para criação das hortas nós compramos

tenham acesso à alimentação sau-

Unesc, Jeison Cechella da Silva.

de cooperativas de material reciclável.

dável de qualidade e gratuita”, com-

Por meio do desenvolvimento

A manutenção dos espaços f ica a

pleta.

de hortas e fazendas urbanas em es-

cargo de mulheres em situação de vul-

paços corporativos até então subutili-

nerabilidade social, que nós treinamos,

zados, a Plant oferece um serviço que

capacitamos e contratamos para que

vai muito além do cultivo de plantas,

se tornem as jardineiras responsáveis”,

O projeto da Plant iniciou em 2014,

tendo reflexo em questões ambientais

explica Jeison.

quando uma das sócias fundadoras da

e sociais das comunidades nas quais

Com a produção orgânica, o processo

empresa, Lê Andrade, trabalhava na

se insere. O projeto, que atualmente

absorve resíduos transformados em

formação comunitária na Bahia e no

está ativo em São Paulo, realiza ações

adubo após processo de composta-

Piauí, no polígono das secas, onde ini-

de plantio, replantio e colheita de ali-

gem, evitando assim a destinação in-

ciou seus conhecimentos do valor das

mentos nos grandes centros e em

correta e a contaminação do meio

hortas e do processo de autonomia ali-

áreas carentes. O intuito é de levar a

ambiente. Para cada horta urbana

mentar e geração de renda.

agricultura para dentro das cidades ao

construída é feita uma replicação, com

usar espaços corporativos ociosos e de-

doação de outra para um local de risco

O início da grande ideia

Informativo Unesc | 27


‘‘A Unesc é um centro que tem muitas oportunidades para quem quer ir além.’’ Jeison Cechella da Silva

O “empurrãozinho” da Unesc Costumeiramente

envolvido

em projetos sociais e paralelamente ligado às questões ambientais, Jeison se realizou ao unir os dois focos em um mesmo projeto. Conforme o jovem, a passagem pela Unesc e o incentivo a alçar voos mais altos foram essenciais para que sua carreira como empreendedor tomassem os rumos

aprendizado dentro da sala de aula, a graduação também se faz pelas oportunidades que encontramos fora delas. A Unesc é um centro que tem muitas oportunidades para quem quer ir além. A minha participação em todos esses movimentos foi graças a Universidade, que deu a base para a minha jornada empreendedora”, salientou.

que se seguiram. “Muito mais do que o

Fotos: Divulgação/Plant

Ao retornar para São Paulo, a sócia trabalhou novamente em um projeto de cunho social, atuando sob a perspectiva das enchentes e a violência e, após um tempo atuando neste cenário, acabou retornando a trabalhar com hortas. No início de 2017, a fundadora participou do “The Big Hackathon”, competição em que representantes do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), avaliaram quais projetos melhor atendiam os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), da Agenda 2030. Dos 17 objetivos proposto pelo PNUD, o projeto da Plant, que na época ainda não levava exatamente esse nome, atendia a 14ª, ficando em primeiro lugar na competição, que chancelaria o projeto pela ONU (Organização das Nações Unidas). Já na metade do segundo semestre de 2017, a Plant recebeu um reforço significativo e dois novos sócios passaram ajudar a semear a iniciativa pelo Brasil: Jean Roversi e o egresso do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária da Unesc, Jeison Cechella. Com o time reforçado, no final de 2017 a empresa recebeu mais um reconhecimento da ONU, sendo considerada o melhor negócio de Impacto Ambiental entre os negócios de empreendedorismo social.

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Apaixonado por superar limites Nícolas Fonseca Coelho teve uma das pernas amputadas aos dois anos, porém não deixou que nada o abalasse dali para frente

Foto: Guilherme Hahn

Mayara Cardoso

A

situação que levou o menino Nícolas Fonseca Coelho a conhecer a Unesc e mais especificamente o setor de Fisioterapia das Clínicas Integradas há oito anos não foi um motivo feliz. Sua família precisou contar com os serviços da Universidade após o garoto, ainda com pouco mais de dois anos, ter uma perna amputada em decorrência de um atropelamento. O início dessa trajetória pode não ter sido alegre como um conto de fadas, no entanto, o resultado de tudo isso é muito feliz, uma história que realmente vale a pena ser contada. Simpático e sempre de bem com a vida, Nícolas começou a cativar alunos e professores da Universidade logo nos seus primeiros atendimentos. Anos se passaram e semanalmente ele, acompanhado sempre do pai ou da mãe, não faltou se quer uma sessão de fisioterapia, atividade que encara até hoje com bom humor e dedicação em prol do seu fortalecimento. Entre um exercício e outro, foi por meio da fisioterapia que a família

recebeu a sugestão de incentivá-lo a fazer aulas de natação, já que o serviço era oferecido na piscina do Complexo Esportivo em um projeto com a Judecri (Associação dos deficientes físicos de Criciúma) e poderia lhe trazer reflexos positivos para a saúde. “Logo que fizemos a proposta para o Nícolas, ele como sempre, topou encarar o desafio”, garante a mãe, Alessandra Borges. Enquanto a família se preocupava com a adaptação ou alguma dificuldade por parte do menino, ele se divertia nas aulas e logo aprendeu a nadar. Percebendo a aptidão e, principalmente, o esforço do garoto o professor da turma resolveu lhe propor a ir além: iniciar um treinamento especial para competições. “Mais uma vez ele nem pensou duas vezes. Já disse que queria, ficou animadíssimo e passou a treinar ainda mais”, acrescenta Alessandra. Por conta do fim do projeto, Nícolas acabou dando uma pausa na atividade, o que não durou muito graças à aparição de uma médica que conheceu na Universidade. Ela fez alguns conta-

tos e logo viabilizou a participação do garoto nas aulas gratuitas oferecidas aos sábados no Colégio Marista com a presença de ninguém menos que o nadador campeão Leonardo Schilling. “Ela disse que a questão financeira não podia ser o empecilho para deixá-lo sem treinar. Depois de ficar sabendo que ele tinha parado com as aulas de natação, em aproximadamente dois dias me ligou dizendo que tinha conseguido uma parceria e que o Nícolas só precisaria estar no colégio no horário marcado”, lembra a mãe. A notícia foi recebida com festa pelo pequeno nadador, que logo no primeiro contato caiu na piscina e começou a treinar como nunca. Como que uma brincadeira do destino, uma feliz coincidência ou uma providência divina, como cada um preferir acreditar, o mesmo professor que havia incentivado Nícolas nas piscinas da Unesc agora atuava no projeto social no qual ele havia retomado as atividades. A partir daí a história não teve e nem terá interrupções, só surpresas positivas.

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Decidido a vencer Para Jaderson, o professor que Sem medo, sem vergonha e acompanhou sua chegada na Unesc com energia de sobra para nadar, Níco- e voltou a treiná-lo após a volta para as las passou a treinar duas vezes por se- piscinas, a alegria e o orgulho já exismana e logo a rotina de trabalhos na tiam muito antes da conquista do pópiscina passou a ser diária. Perceben- dio, mas o momento da vitória coroou do a aptidão do garoto, o professor todo o merecimento do menino. “É um Jaderson Daniel Leandro entrou em turbilhão de emoções. Uma alegria que contato direto com uma das referên- não dá para explicar. Tenho a satisfação cias em arbitragem no estado para so- diária de acompanha-lo e perceber sua licitar que o autorizasse força de vontade para se a competir com crianças manter no mesmo nível “Tenho certeza sem deficiência, já que dos outros atletas e sude que ele vai competições voltadas perar suas dificuldades. estar em uma à paratletas englobam É muito gratificante pasapenas nadadores de ao Paralimpíada em sar ensinamentos para menos 13 anos. “O intuito quem quer receber de 2028 ou 2032” era possibilitar algo legal verdade”, destaca. Leonardo Schiling para ele, fazer algo que A coordenadora fosse bom para a sua do curso de Fisioteranadador saúde. Queríamos que pia da Unesc, Ariete ele se motivasse a superar seus próprios Inês Minatto, acompanhou a história limites e ele fez isso todos os dias, mas de Nícolas desde seus primeiros dias não imaginávamos que chegaria tão na Unesc. Ao ver a batalha superada longe. Foi um processo muito emocio- em cada uma das etapas e aquilo que nante”, descreve Alessandra. continua sendo vencido a cada cirur De lá para cá Nícolas já par- gia, a professora garante que ele é um ticipou de cinco competições, belis- exemplo. “Hoje consideramos que ele é cando a medalha de bronze em uma um dos nossos ‘pacientes superação’ e delas e garantindo uma medalha de que está a cada dia nos surpreendendo ouro na prova de 100 metros costas com suas vitórias dentro das piscinas”, na etapa Estadual Mirim e Petiz. A comenta. vitória, para ele, significou uma grande realização. “Eu nem acreditava. Naquele Aos olhos do ídolo dia tinha visto o tempo dos outros nadadores e pensei que poderia mesmo “Nós aprendemos a ensiná-lo”. ganhar, mas na hora eu parecia nem Assim resume o nadador Leonardo entender o que estava acontecendo, Schiling sobre os primeiros contatos até que minha mãe me chamou para com Nícolas. De acordo com Leonarir para o pódio dizendo que eu tinha do, ao chegar nas piscinas do Colégio ganhado”, lembra o atleta. Marista, o garoto precisou se readaptar

com a natação e buscar novamente o equilíbrio de seu corpo para a atividade, já que havia tido uma pausa nos treinamentos. “Assim ele foi evoluindo e nesse ano despontou de vez com a medalha na categoria tradicional, o que surpreendeu a todos”, destaca. De acordo com o nadador profissional, entre as maiores virtudes do pequeno amigo está a tranquilidade. “Ele não deixa nada o afetar. Está sempre sorridente, feliz. Isso é difícil de encontrar entre os atletas, pois geralmente ficamos ansiosos com competições. Ele é o oposto. Não liga para isso e sempre nada bem”, completa. Os desejos e perspectivas de Schilling para o futuro de Nícolas não são nada pequenos. “Tenho certeza de que ele vai estar em uma Paralimpíada em 2028 ou 2032”, afirma convicto. Para Nícolas, o futuro ainda é uma interrogação, porém ele tem na ponta da língua a resposta para o que deseja para sua adolescência e vida adulta. “Quero continuar sendo nadador”, diz orgulhoso. O que já é possível perceber é que o pequeno atleta já está no caminho certo. Enquanto treina e espera que o tempo passe, trazendo mais desafios e conquistas, Nícolas segue com um sorriso no rosto, sendo aluno exemplar na natação e na escola e não perdendo a oportunidade de ser feliz todos os dias, desde a hora que acorda para ir de bicicleta com os amigos para o colégio até a hora de dormir novamente e se preparar para os desafios da manhã seguinte.

Campeão

Foto: Mayara Cardoso

Desde o acidente que resultou na amputação, Nícolas é atendido no setor de Fisioterapia das Clínicas Integradas da Unesc e foi na Universidade que descobriu a paixão pela natação.

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Centro de Memórias e documentação: cuidado e valorização da história Centro de Memória e Documentação da Universidade é responsável por armazenar e manter preservados memórias não só da Instituição, mas de toda a região e até do país

N

ão dá para descrever o Cedoc (Centro de Memória e Documentação) da Unesc sem dizer que é um lugar que guarda e preserva verdadeiros tesouros. O espaço armazena incontáveis documentos em diversos formatos, capazes de contar infinitas histórias daquilo que já passou. Seu acervo oferece material para pesquisas que para sempre alimentarão a curiosidade e o interesse pelas mais profundas raízes da região, daqueles que já se foram e, daqui há algum tempo, daquilo que se vive na atualidade, já como passado. Apesar de contar com vasto material histórico, engana-se quem pensa que tudo isso fica intocado. Toda essa riqueza passa por uso de estudantes e pesquisadores dispostos a multiplicar o conhecimento ali guardado. Criado em 2000, o Cedoc conta atualmente com um Centro de Documentação e Pesquisa, um Laboratório de Conservação e Restauração, um Laboratório de Memória e Patrimônio e um Laboratório de Som e Imagem. Cada setor é responsável por meticuloso trabalho que, conforme o coordenador do Centro, Paulo Sérgio Osório, se completa. “As funções da equipe, que conta com três funcionários e dois estagiários, vai desde a recuperação de imagens, fitas, livros e documentos até a organização e a apresentação de palestras, oficinas ou minicursos sobre história, memória, patrimônio cultural e conservação de acervos, serviços prestados também para a comunidade externa. Entre os principais tesouros guardados entre os arquivos deslizantes

Mayara Cardoso

do Centro de Memória e Documentação estão algumas coleções de uma empresa chamada Bortoluzzi, ativa aproximadamente no ano de 1900 em Nova Veneza. De acordo com o coordenador do Cedoc, o acervo documental produzido pela empresa é extremamente importante para a história de toda a região. “São papéis que trazem não só questões do trabalho em si que na época consistia no comércio debanha processada, vendida até para fora do país, mas também relatos sobre família e as relações de trabalho naquele período”, comenta Paulo. Ao receberem um contato questionando sobre o interesse em tais documentos, de acordo com o historiador, a equipe foi até o galpão onde a empresa era sediada e recolheu tudo com cuidado, embora os papéis estivessem em estado de sujeira, desorganização e até molhados, devido as condições do espaço. “Após a separação, organização e todo o tratamento ao acervo, já tivemos diversos pesquisadores que buscaram informações nesses documentos e dois Trabalhos de Conclusão de Curso produzidos exclusivamente com o material, tamanha sua riqueza”, completa. Outra coleção que chama a atenção e é considerada especial entre o acervo é a doação realizada há quase 20 anos pelo Fórum da Comarca de Criciúma, que demonstrou interesse em repassar documentos de processos da Vara da Fazenda abertos entre as décadas de 40 a 70. “São muitos processos por acidentes de trabalho em minas, olarias, cerâmicas e empresas de vestuário. No

meio disso tudo são encontrados laudos, depoimentos, jornais, perícias, cartas, fotos e nelas até registros por exemplo de plantas. Olha só quanto detalhe”, destaca o coordenador. Estar diariamente entre esses verdadeiros tesouros, para a assistente de restauração documental do Cedoc, Lisiane Acordi Rocha, é apaixonante. “Comecei meu trabalho como estagiária e logo me encantei com esse universo. Com tanta informação interessante entre essas caixas e documentos, minha vontade é ficar aqui dentro horas e horas só lendo e descobrindo coisas novas”, confessa. Base para dissertação de mestrado Para o mestre em história, Bruno Mandelli, o Cedoc é fundamental para a história não só da região, mas de todo o país. “É o local que guarda uma rica história sobre o carvão e mineradores, por exemplo. São registros de pessoas que passaram a vida trabalhando em prol do carvão”, comenta. Atualmente, cursando um doutorado no Rio Grande do Sul, o pesquisador pôde perceber a diferença no acesso a documentos históricos. “Está sendo bem mais difícil encontrar documentos para a pesquisa. Em Criciúma foi bem mais acessível, pelo interesse da equipe da Universidade e por ter muito material reunido em um só lugar. É algo valioso e que certamente voltaria a usufruir ”, salienta ainda. A dissertação de mestrado de Bruno teve como tema os acidentes de trabalho em Criciúma na década de 40.

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