8 DE MARÇO DE 2010 SEGUNDA-FEIRA WWW.DIARIOAVEIRO.PT
Porto de Aveiro - Instrumento de Investimento O ANO de 2010 que estamos a OPINIÃO viver vai assumir uma importante condição ao nível da vida I JOSÉ do Porto de Aveiro e por inerên- AGOSTINHO cia de condição física, social e RIBAU ESTEVES económica, do Município de I Presidente da Câmara Municipal de Ílhavo Ílhavo e da Região de Aveiro Esse facto reside na activação I Presidente do Conselho da 3.a fase da Via de Cintura Por- Executivo da Região de Aveiro tuária (basicamente localizada da Avenida dos Bacalhoeiros) e na Ligação Ferroviária do Linha do Norte ao Porto de Aveiro, nomeadamente ao seu Terminal Norte, entre outros factos relevantes. Estas novas infraestruturas que resultam de grandes investimentos da APA, da REFER, do Governo e da União Europeia, aos quais a Câmara Municipal de Ílhavo também deu o seu contributo, marcam o fim de um longo processo de grandes investimentos que dão condições ao Porto de Aveiro para seguir agora de forma bem preparada, à conquista de investimentos privados que rentabilizem o investimento público realizado. A experiência adquirida, a intensidade da vida e da actividade da Comunidade Portuária de Aveiro, as ligações às zonas próximas de Espanha, a potenciação das características únicas do Porto de Aveiro, o dinamismo económica da Região, são armas importantes que temos em mãos para realizarmos com sucesso a luta pelo crescimento e pelo desenvolvimento do nosso Porto. É no entanto igualmente importante que 2010 seja também o ano do início da obra de “Reconfiguração da Barra do Porto de Aveiro”, numa aposta em conquistar Navios de maior dimensão e novas tipologias de carga. Em 2010, o Polis da Ria de Aveiro vai levar ao terreno as suas primeiras obras e a Empresa Pascoal & Filhos vai colocar em operação a nova vida do Lugre Santa Maria Manuela, dimensões diferentes e igualmente importantes para o Porto, a Região de Aveiro e o Município de Ílhavo. O Município de Ílhavo e a Região de Aveiro acompanham em parceria activa o crescimento do seu Porto, sendo este um tempo, mais importante do que nunca, de mobilizar os investidores privados para procederem à criação de mais emprego e mais riqueza, rentabilizando o investimento público e os seus próprios investimentos. Sabemos todos e sentimos bem todos os dias que os tempos que vivemos em Portugal e no Mundo, não são de feição ao crescimento económico, mas também temos como seguro que “parar é morrer” e que a resposta que temos para dar é com mais investimento que crie e aproveite novas oportunidades de crescimento económico. É nesse trabalho que a Câmara Municipal de Ílhavo e a Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro vão estar todos os dias, em parceria com quem queira seguir em frente, e na certeza que com essa atitude estamos a acompanhar bem as Empresas e os Cidadãos do Município e da Região. Seguimos Juntos nesta viagem com a certeza que temos um porto seguro.
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Porto de Aveiro cai 13% na movimentação portuária 2009 não foi um ano fácil para o porto de Aveiro, já que em termos de movimentação portuária registou uma quebra de 13 por cento I A movimentação de cargas no porto de Aveiro sofreu, em 2009, uma quebra de 13,21 por cento, com mais de três milhões de toneladas de cargas movimentadas. A curva descendente é explicada por dois factores: crise e greve da estiva. José Luís Cacho, presidente da Administração do porto de Aveiro salientou, em entrevista (ver páginas 6, 8 e 10), que o primeiro trimestre de 2009 foi “catastrófico para o porto”, com quebras registadas na ordem dos 20/ 30 por cento e que foram motivadas, justifica, pela crise. Após o primeiro “embate”, o porto começou a reagir e a movimentação de cargas tendeu a normalizar-se. Julho foi, em 2009, registe-se o paradigma, “o melhor mês de sempre” do porto de Aveiro, o que, segundo José Luís Cacho, apontava “bons indicadores para o fecho do ano”. Contudo, em Agosto, o porto de Aveiro viu-se a braços com uma greve dos estivadores, cujo “fantasma” ainda perdura, uma vez que a questão ainda não foi solucionada e um novo cenário de greve ameaça o normal funcionamento do porto. Pese embora seja um assunto a ser resolvido entre sindicatos e entidades privadas a operar no porto de Aveiro, a greve condicionou o crescimento do porto em 2009. O presidente da APA diz que “se não tivesse sido o impacto da greve”, o porto estaria positivo em 2009, apesar da crise.
Três milhões de toneladas Em 2009, o porto de Aveiro movimentou cerca de três milhões de
PORTO DE AVEIRO registou perda de 13 por cento nas cargas movimentadas toneladas de cargas, envolvendo 848 navios. Os granéis sólidos foi o sector que mais cargas movimentou, com 1,4 milhões de toneladas, o que corresponde a um crescimento de 4,31 por cento face a 2008, a par dos granéis líquidos que registaram mais oito por cento de cargas (cerca de 679 mil toneladas em 2009, que comparam com as 629 mil toneladas em 2008). As quebras registaram-se nos restantes tipos de cargas, designadamente carga geral fraccionada (-38,7 por cento) e carga geral contentorizada (-71,57 por cento).l
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Porto de Aveiro factura 13 milhões de euros O porto de Aveiro obteve, em 2008, um volume de negócios superior a 13 milhões de euros e um resultado líquido de 221 mil euros Com base nos indicadores mais recentes, que se reportam ao exercício de 2008, o porto de Aveiro obteve um volume de negócios superior a 13 milhões de euros, o que representa um crescimento de 12,4 por cento face ao ano anterior. De facto, os números do relatório de contas evidenciam que, em 2008, a Administração do Porto de Aveiro obteve um volume de negócios de 13.052 mil euros, que comparam com os 11.583 mil euros em 2007. Uma evolução que, quanto à administração portuária, “decorre da variação positiva no resultado operacional”, que cresce 61,47 por cento.
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Porto de Aveiro era responsável por 120 trabalhadores, menos dois do que em 2007. Investimentos executados em 2008 De acordo com os dados do relatório de contas de 2008, “o montante de investimento executado ascendeu a 4,1 milhões de euros, sendo que 3,7 milhões de euros corresponderam à execução de investimentos estruturais e 0,4 milhões de euros à execução de investimentos funcionais”. Entre os principais projectos de investimento estruturais realizados em 2008 está a execução do processo de expropriações, no âmbito da terceira fase da Via de
EM 2008, A ADMINISTRAÇÃO DO PORTO DE AVEIRO OBTEVE UM VOLUME DE NEGÓCIOS DE 13.052 MIL EUROS, QUE COMPARAM COM OS 11.583 MIL EUROS EM 2007 Uma evolução que reflecte um aumento de 869 mil euros relativamente ao ano anterior e que “é o reflexo do crescimento dos proveitos operacionais em 14,82 por cento, que é mais significativo que o aumento dos custos operacionais, que foi de 6,99 por cento”. No que se refere aos resultados líquidos, a APA obteve, em 2008, 221 mil euros de lucros, que contrapõem com os 104 mil euros alcançados em 2007, o que corresponde a um crescimento de 112,5 por cento neste indicador. Em 2008, a Administração do
Cintura Portuária, que ascendeu a 2,9 milhões de euros. A execução da dragagem de estabilização do canal de navegação adjacente ao Terminal de Granéis Líquidos, Porto de Pesca do Largo e Estaleiros Navais, no montante de 0,9 milhões de euros foi outro dos investimentos executados. A APA conclui que “do custo de investimento realizado em 2008, 2.372 mil euros foi financiado por fundos PIDDAC, 690 mil euros por fundos comunitários e 1.041 mil euros por fundos da APA”.l
NÚMEROS
13.052 mil euros de volume de negócios
-510
mil euros de resultados operacionais
221
mil euros de resultado líquido
120
trabalhadores
4,1
milhões de euros de investimento executado em 2008
2,9
milhões de euros foram investidos no processo de expropriações
61,47% foi o crescimento do resultado operacional
APA releva um crescimento no volume de negócios em 2008
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Porto da Figueira da Foz fecha 2009 com resultados positivos No ano transacto, o Porto da Figueira da Foz alcançou o record em termos de arqueação bruta, para além de ter conseguido crescer em vários parâmetros I O Porto da Figueira da Foz registou, em 2009, um crescimento de 2,38 por cento no total de mercadorias movimentadas. De acordo com informação disponibilizada no site www.portodeaveiro.pt, trata-se de um crescimento assinalável, atendendo ao facto de se ter verificado em ano de plena crise internacional, com o consequente refluxo na movimentação de mercadorias a nível mundial. De destacar que 2009 foi o melhor ano de sempre em arqueação bruta, com um crescimento de 0,66 por cento em relação a 2008. O Porto da Figueira da Foz, agora sob a tutela da APFF (Administra-
ção do Porto da Figueira da Foz), registou um crescimento de 3,07 por cento nos Granéis Sólidos e de 4,96 por cento na Carga Geral. Relativamente às quantidades movimentadas, em 2009 registou-se um aumento de 42,17 por cento no vidro para reciclagem, passando a constituir 20,06 por cento do movimento total de mercadorias. Nas madeiras há a assinalar um acréscimo de 36,83 por cento (10,60 por cento do movimento total de mercadorias); a pasta química de madeira branqueada subiu 12,40 por cento em relação ao ano 2008, valendo agora 33,52 por cento do movimento total de mercadorias.
PORTO DA Figueira da Foz atingiu um crescimento de 2,38 por cento em 2009 Meta: 1,8 milhões de toneladas em 2015 Em 2015, o Porto da Figueira da Foz prevê movimentar 1,8 milhões de toneladas, fruto da requalificação
das infra-estruturas portuárias e acessibilidades marítimas. A expectativa foi divulgada pela secretária de Estado dos Transportes. “Acreditamos ser possível até 2015
passar dos cerca de milhão e duzentas mil toneladas por ano actuais para um milhão e oitocentas”, refere Ana Paula Vitorino. A divulgação das metas para
2015 foi feita pela governante, aquando da cerimónia de apresentação pública da nova administração do Porto da Figueira da Foz (APFF), em Fevereiro de 2009. Umdosinvestimentosnoporto, o prolongamento do molhe Norte, estimado em 13 milhões de euros, tinha, na altura, conclusão prevista para o presente mês. A reabilitação dos molhes Sul e de guiamento do porto ficou concluída no Verão de 2008, representando um investimento de cerca de 6,5 milhões de euros. A intervenção no Porto da Figueira inclui ainda um milhão de euros para obras de dragagem do canal navegável e para o prolongamento do terminal de granéis.l
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JOSÉ LUÍS CACHO PRESIDENTE DA ADMINISTRAÇÃO DO PORTO DE AVEIRO
“[Ligação ferroviária] É um projecto estratégico para o futuro do porto” Em entrevista ao Diário de Aveiro, José Luís Cacho assume que 2009 foi um ano difícil para o porto, que perdeu 13 por cento na movimentação de cargas e que a ligação ferroviária, que entra em funcionamento este mês, é estratégica para o futuro do porto A ligação ferroviária vai finalmente estar operacional em Março. É a expectativa. A obra ficou concluída dentro do prazo previsto para a sua conclusão – Dezembro de 2009. A informação que temos da Rerfer é que, nos meses de Janeiro e Fevereiro, ia fazer-se testes de carga (feitos pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil - LNEC), ensaios, fazer algumas afinações da própria obra para poder ser licenciada na entidade pública competente – o IMTT – para depois poder entrar em início de exploração. O início de exploração, como referi, está previsto para Março. É o que temos na nossa calendarização.
concretizar. É um projecto estratégico e fundamental para o futuro do porto.
É a concretização de um “sonho”? É a concretização de um processo que teve muitos volte-faces, difícil, mas que finalmente está completo. Naturalmente sinto-me satisfeito e contente por ter conseguido concretizar esta obra.
possam ser transferidas para o modo ferroviário.
Olhando para trás, quais foram os pontos críticos deste projecto? Teve vários volte-faces, desde a questão da SIMRia, às questões com a Câmara Municipal de Aveiro (na altura com o Dr. Alberto Souto), bem como as polémicas levantadas em torno deste processo, mas penso que, com algum espírito de luta, conseguiu-se
Quais são as expectativas agora para a sua fase de exploração? Dentro do modelo de viabilidade que temos definido, os estudos que temos feito e os contactos que temos com os carregadores e operadores, estimamos que cerca de 15 a 20 por cento das cargas que hoje se fazem no porto de Aveiro
“O OBJECTIVO É ATINGIR UM COMBOIO DIÁRIO NO PRIMEIRO ANO DE ACTIVIDADE”
Granéis sólidos? Granéis sólidos, carga geral, granéis líquidos. Estimamos que cerca de 600 mil toneladas, o que significa que as cargas de cerca de 30 mil camiões por ano que hoje circulam na A25 poderão vir a ser feitas via ligação ferroviária. É um impacto significativo e esperamos iniciar a fazer um comboio diário. O objectivo é atingir um comboio diário no primeiro ano e que chegando às 600 mil toneladas significa dois a três comboios por dia circulem no ramal. Para-
“O PROJECTO futuro do porto de Aveiro é passar a fazer carga contentorizada” lelamente, há todo um projecto de desenvolvimento de novas cargas para o porto de Aveiro, novas cargas essas no âmbito da carga geral, dos granéis sólidos e líquidos que virão da região espanhola de Castela e Leão. Com o alargamento do hinterland. Exacto e também novas cargas que hoje não fazemos no porto de Aveiro e que é o novo projecto futuro do porto de Aveiro que é passar o porto a fazer carga contentorizada. Quando acha que irão ter o primeiro comboio a passar?
Há alguma expectativa, estamos a falar com os operadores. Pôr uma infra-estrutura destas em exploração também não é fácil. É preciso recursos humanos, é preciso formação, depois é preciso que os comboios venham cá. Os operadores ferroviários estão atentos a esse processo, a CP Carga está já a preparar uma política comercial para explorar a linha a partir do porto de Aveiro. A Takargo também, da qual temos a informação de que há um conjunto de cargas que estão a pensar fazer aqui. A Takargo, hoje, já está a fazer cargas para o porto de Aveiro usando a plataforma de
Cacia. Há um conjunto de cargas em que estão a usar a plataforma e Cacia e que depois são transferidas pelo modo rodoviário para o porto de Aveiro, que, com o ramal a funcionar, deixam de parar em Cacia e vêm directamente para o porto de Aveiro. Por isso é que estimamos que, com o início da exploração, algumas cargas possam ser feitas logo no imediato, utilizando o ramal. Utilizar um comboio por dia parece pouco ou é um número razoável? Um comboio por dia significa 600 toneladas de carga.
Com este movimento vai aumentar exponencialmente a movimentação de carga no porto? O potencial do comboio é atrair cargas novas ao porto e, naturalmente, vai trazer algum impacto no número final do porto, porque torna-se sustentável e competitivo, porque os custos das cargas ferroviárias, das mercadorias, é muito mais baixo do que o custo rodoviário para distâncias superiores a 100 quilómetros. Portanto, há todo um conjunto de cargas que se façam para distâncias superiores a 100 quilómetros, que naturalmente hoje não vêm porque não é competitivo.
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As ligações com as empresas e demais entidades privadas para a exploração da linha ferroviária têm sido profícuas? Temos uma ligação muito forte com as empresas. Criámos a comunidade portuária e a nossa estratégia foi trazer as empresas que utilizam o porto para dentro da comunidade portuária. É uma estratégia importante, sentimos que é importante para a economia e para as empresas estarem perto da autoridade portuária e perto do porto.
São, que consigamos, atendendo ao potencial que tem todo o nosso hinterland e todas as empresas que estão à nossa volta, acredito que vai ter um grande desenvolvimento nos próximos anos. E a ligação com Espanha é essencial. É fundamental. Aliás, o potencial deste ramal estará na captação de novas cargas no hinterland espanhol. O investimento inicial previsto de 84 milhões de euros foi o realizado ou a obra sofreu algum conjunto de obras a mais que o encareceram? Qual o custo final da obra? Não tenho essa informação, mas do que é do meu conhecimento, dentro da obra, é que esta está dentro do estabelecido, quer em termos de custos quer em termos de data. A Refer está de parabéns pelo trabalho que desenvolveu. Esta é uma obra exemplar e felicito a Refer pelo trabalho que fez nesta obra.
E em relação, concretamente, à ligação ferroviária? Sei que tem havido contactos com carregadores e os próprios operadores ferroviários. Isso é um trabalho que tem sido desenvolvido pelos operadores ferroviários e pelas empresas de estiva e sei que eles estão atentos a essas novas oportunidades e já estão a trabalhar na perspectiva
O POTENCIAL DO COMBOIO É ATRAIR CARGAS NOVAS AO PORTO DE AVEIRO JOSÉ LUÍS CACHO espera lançar, este ano, o concurso para o concurso para o melhoramento da acessibilidade marítima de, rapidamente, tirarem potencial e acrescentar algum valor às suas empresas com a ligação ferroviária. Os objectivos definidos de aumentar consideravelmente a movimentação de cargas do porto de Aveiro são exequíveis? Os prognósticos de crescimento do porto são exequíveis. O porto, naturalmente, vai crescer independentemente da questão da crise, porque com o conjunto de infra-estruturas que temos vindo a fazer e com as novas cargas que estamos a captar para o porto, naturalmente, que vamos crescer. Naturalmente que se tal se verificasse num cenário de crescimento da economia, cresceríamos mais; num cenário de crise, vamos crescer menos, mas vamos crescer. Face ao actual momento económico, este investimento da ligação ferroviária foi concretizado em pleno contra-ciclo e estará operacional numa altura em que se aponta para um clima de retoma. É um sinal positivo? Dizem os bons gestores e economistas que os investimentos devem ser feitos em contra-ciclo. É uma oportunidade. Temos de ver nos momentos de contra-ciclo, oportunidades para fazer os investimentos certos e, se calhar, esses momentos de contra-ciclo são as oportunidades certas para os investimentos. O país vive
uma situação muito difícil e nós sentimos um pouco. Como sentimos a economia, sentimos as empresas, sentimos que as coisas não estão fáceis e que as dificuldades vão continuar por mais tempo do que esperamos. Estamos a acompanhar. Somos parceiros das empresas e todos juntos penso que estamos a procurar soluções para ultrapassar esta fase. Procuramos ajudar as empresas a criar soluções para ultrapassar as dificuldades e este é, se calhar, mais um meio que as pode ajudar, a reduzir custos nas empresas que é que as empresas precisam, é de reduzir custos, torná-
A par desta obra houve outras, nomeadamente a Via de Cintura Portuária. Já estão concluídas? A obra teve ali um pequeno problema, que teve a ver com um processo de terrenos, de expropriações, no fecho, junto à A25. De resto, a obra está dentro da calendarização prevista. Houve uns pequenos atrasos, que teve a ver com uns processos de requalificação urbana, na parte urbana da Avenida dos Bacalhoeiros. É uma obra difícil, que teve que compatibilizar um conjunto de interesses urbanos com os interesses portuários. Não foi uma obra fácil. Lembre-se que temos ali um corredor muito estreito, onde teve que passar o comboio, uma nova via em perfil de auto-estrada e um pequeno arruamento urbano para servir as
DENTRO DO MODELO DE VIABILIDADE DEFINIDO, ESTIMA-SE QUE CERCA DE 15 A 20% DAS CARGAS QUE HOJE SE FAZEM NO PORTO DE AVEIRO POSSAM SER TRANSFERIDAS PARA O MODO FERROVIÁRIO las mais competitivas e estamos disponíveis para as ajudar nesse processo. Quando é que a linha estará a funcionar em velocidade cruzeiro? A linha, a partir do momento em que entre em exploração, entra em velocidade cruzeiro. Acredito é que é um projecto que vai ter sempre uma curva crescente de crescimento. Essa velocidade cruzeiro estará associada ao próprio crescimento do porto. Mas as expectativas são elevadas?
casas que estão na Avenida dos Bacalhoeiros. É uma obra muito difícil, do ponto de vista da engenharia e tem ali uns pequenos atrasos, mas penso que no próximo mês [Março] estará concluída. Haverá um acto inaugural… Haverá, mas é algo que terá a ver directamente com a tutela e vamos ver se durante o mês de Março será possível efectivarmos a inauguração da obra. Contudo, a obra entra em operação em Março e a inauguração será uma questão de agenda e disponibilidade da tutela.
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“2009 foi um ano muito difícil para o porto de Aveiro” José Luís Cacho, presidente da APA, assumiu que “o primeiro trimestre [2009] foi catastrófico para o porto de Aveiro” Como correu o último ano em termos de movimentação de carga? 2009 foi um ano muito difícil para o porto de Aveiro. Não me lembro de um ano tão difícil para o porto de Aveiro quanto 2009, por vários motivos. Primeiro começou com a crise. O primeiro trimestre foi catastrófico para o porto e é um mau sinal, porque é o pulsar da nossa economia e nesse pulsar vimos as empresas exportadoras, com as cargas de exportação a cair drasticamente, bem como, naturalmente, as de importação. E os resultados do primeiro trimestre foram preocupantes. Lembro-me que chegámos ao primeiro trimestre e estávamos com decréscimo de cargas na ordem dos 20 a 30 por cento. Depois começámos a recuperar, ao longo do ano, e chegámos a Julho com o melhor mês de sempre do porto de Aveiro. O paradigma das coisas, Julho foi o melhor mês de sempre do porto de Aveiro, em termos de movimentação mensal, o que apontava bons indicadores para o fecho do ano. Mas, de repente, tivemos um problema grave que ainda não está resolvido, que foi a questão da greve da estiva. O porto esteve em greve durante o mês de Agosto, o que, naturalmente, teve um impacto muito negativo no porto e, em consequência disso, teve impactos não só nesse mês, mas que se repercutiram e se continuam a repercutir no movimento do porto. É um problema que, infelizmente para nós, não está resolvi-
do. Por tudo isto, foi um ano difícil. O porto deve perder este ano cerca de 13 por cento em relação ao ano passado, o que é um número significativo, mas acredito que se não tivesse sido o impacto da greve que estaríamos positivos, apesar do efeito da crise. É um problema que está a afectar o porto e que ainda não está resolvido, mas acredito que da parte do sindicato dos trabalhadores e da parte das empresas – é um problema que envolve as entidades privadas que operam no porto, não temos intervenção directa neste processo – estão a fazer um esforço no sentido de resolver a questão de uma forma definitiva. Acha que tal vai acontecer em breve? Espero que em 2010 este problema fique definitivamente resolvido para bem de todos, da economia, do porto, de todos. 2009 foi o ano também que arrancámos com a gestão do porto da Figueira da Foz. Foi um ano muito difícil para quem trabalha na APA. São os problemas estruturais de uma empresa que está a crescer e é uma situação normal, mas dura para quem cá está. Acredita que este ano essa curva descendente vai ser invertida? Não sei. Acredito que vamos recuperar em relação a 2009. Esta situação da estiva preocupa-me, porque o problema não está resolvido de uma forma sustentada e sem
isso é difícil fazer cenários. São factores que não controlamos. E ter um cenário de greve em 2010... Seria catastrófico para o porto. Espero que o sindicato e as empresas de estiva cheguem a um entendimento e que as coisas se resolvam de uma forma sustentada para bem de todos. 2009 foi o primeiro ano de actividade do porto da Figueira da Foz,gerido pelo porto de Aveiro. De acordo com dados disponibilizados no site, este porto bateu recordes de movimentação (+2,38 por cento). Sim, na Figueira as coisas correram de uma forma tranquila. Estamos a melhorar e a fazer grandes investimentos na Figueira. Estamos a melhorar os processos de movimentação, os equipamentos, estamos também a fazer grandes investimentos na melhoria da acessibilidade marítima, que era uma fragilidade muito grande daquele porto e as coisas estão a correr bem. O porto cresceu, dentro daquilo que estava nas nossas expectativas. Mesmo apesar da crise, a nossa expectativa era crescer já em 2009, o que aconteceu, batemos um recorde de movimentação na Figueira. Naturalmente estamos satisfeitos e penso que vai continuar a crescer. É um bom augúrio para o futuro? Vai continuar a crescer. Os nossos objectivos na Figueira são um milhão e oitocentas mil toneladas em 2015. Estamos a caminhar nesse sentido. Vamos ver se conseguimos atingir esse objectivo. Do ponto de vista de estrutura de gestão, este ano as coisas correram em linha com o que estava previsto no nosso modelo de viabilidade que estabelecemos para a Figueira.
Há projectos futuros para a Figueira? Há bons investimentos previstos. Estamos, em parceria coma Câmara da Figueira, a estudar a requalificaçãodetoda a frente ribeirinha,
estamos a procurar captar para a área portuária novos investimentos e novas empresas. Estamos a fazer o mesmo que aqui em Aveiro, naturalmente que numa escala diferente, mas estamos a trabalhar, potenciando ao máximo as nossas infra-estruturas. E quanto ao porto de Aveiro, acabaram-se os investimentos? Os investimentos nos portos nunca acabam. As infra-estruturas portuárias exigem permanentemente grandes investimentos. São cíclicos.Esteéumciclodeumnovo investimento, é um projecto de expansão e agora vamos fazer investimentos de reabilitação, de me-
lhorias.Opróximoinvestimentoa fazer é no desenvolvimento da Plataforma de Logística associada ao projecto de movimentação de contentores. Esses são os próximos investimentos que vamos fazer nos próximos dois/três anos, a par da acessibilidade marítima, que é uma obra que temos previsto para este ano e que contamos pô-la a concurso este ano. Estamos a trabalhar nisso para fechar todo este ciclo de investimentos do Plano de Expansão do porto de Aveiro. O que vai implicar esse projecto da acessibilidade marítima? Vai implicar o prolongamento do molhe Norte em cerca de 200 me-
tros. Já teve uma declaração do estudo de impacte ambiental favorável. Estamos a ultimar uns pequenos acertos com o Ministério do Ambiente, para articular o cumprimento e as obrigações relativamente à declaração de impacte ambiental para ver se conseguimos lançar rapidamente o concurso para executar a obra. Que estará pronto, segundo esse caderno?... Em 2011/2012. É uma obra que demorará cerca de ano e meio a concretizar e que vai ser importante para melhorar a segurança da navegabilidade e a estabilização da barra.
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N.º TOTAL DE HORAS TRABALHADAS
TRABALHADORES
ACIDENTES
844 049
1500
2
horas
numa média de 83 trabalhadores/mês
EMPRESAS
INVESTIMENTO
200
72,7
nas várias componentes da construção da Ligação Ferroviária ao Porto de Aveiro
milhões de euros repartido por três componentes: I Plataforma Multimodal de Cacia I Ramal do Porto de Aveiro I Sinalização, Telecomunicações, Convel e RádioSoloComboio (empreitadas comuns à Plataforma Multimodal de Cacia e ao Ramal do Porto de Aveiro).
COMPARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIA Fundo FEDER - Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional I Ramal de Ligação Ferroviária ao Porto de Aveiro 1ª e 2ª fases Valor Candidatura: 31.022.594 € Comparticipação: 65% I Terminal
Multimodal de Cacia
Valor Candidatura: 12.500.000,00 € Comparticipação: 65%
FONTE: REFER
com participação à Autoridade para as Condições do Trabalho, que resultaram em dois feridos sem gravidade.
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PLATAFORMA MULTIMODAL DE CACIA A Plataforma Multimodal de Cacia, inaugurada a 20 de Fevereiro de 2009, com oito linhas, das quais, três electrificadas, funciona como interface entre o Ramal Ferroviário de Ligação ao Porto de Aveiro e a Linha do Norte.
1.ª FASE A empreitada “Ligação Ferroviária ao Porto de Aveiro I entre o km 0,000 e o Viaduto de Acesso à Ponte da Gafanha” foi adjudicada à empresa SOMAGUE Engenharia S.A, em Setembro de 2007. Esta fase contemplou a construção da plataforma ferroviária até à Ponte da Gafanha (km 6,500), constituída essencialmente por viadutos e pontes em betão armado.
RAMAL DE LIGAÇÃO FERROVIÁRIA AO PORTO DE AVEIRO O Ramal de Ligação Ferroviária ao Porto de Aveiro tem uma extensão de 9 km, em via única não electrificada (carga máxima por eixo de 25 toneladas e velocidade de projecto de 60 km/h).
2.ª FASE Esta intervenção foi consignada à empresa Obrecol – Obras e Construções, SA em Fevereiro de 2008. Esta fase visou dar continuidade ao traçado da infra-estrutura ferroviária, desde o viaduto de acesso à Ponte da Gafanha (exclusive) até ao Porto de Aveiro e compreendeu os seguintes trabalhos: I Construção da plataforma de suporte da via- férrea entre o km 6,500 e o km 8,800 (entrada no Porto de Aveiro) para circulação de composição de mercadorias; I Construção das plataformas dos feixes ferroviários no interior do Porto de Aveiro, com o objectivo de servir os terminais específicos do sector comercial aí existente; I Construção de uma via de cintura portuária (rodoviária), com uma extensão aproximada de 3.710 metros.
3.ª FASE Esta última empreitada foi consignada ao consócio Ferrovias e Construções, SA / Somafel – Engenharia e Obras Ferroviárias, SA em Agosto de 2009.
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Ligação ferroviária é “um investimento prioritário” Dentro das Orientações Estratégicas para o Sector Ferroviário, o acesso por caminho-de-ferro ao Porto de Aveiro era fundamental, refere Pedro Cota Até à recente conclusão das obras, o Porto de Aveiro era a única das cinco principais infra-estruturas portuárias portuguesas que não estava ligada à rede ferroviária nacional. “Com a concretização desta ligação, a rede ferroviária nacional passará a servir as cinco principais unidades do sistema portuário nacional (Leixões, Aveiro, Lisboa, Setúbal e Sines)”, salienta Pedro Cota, director de construção da Refer. Finalizada dentro dos prazos estabelecidos, a obra da ligação ferroviária ao Porto de Aveiro implicou um custo total de 72,7 milhões de euros. Segundo Pedro Cota, a obra “visou ligar a Linha do Norte ao Porto deAveiro através da construção de uma plataforma ferroviária,emgrandepartedasuaextensão, por questões técnicas e ambientais, assente em obras de arte e viadutos de betão armado”.
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Nove quilómetros de via-férrea Nesse âmbito, foram instalados novequilómetrosdevia-férreaentre a saída do Terminal de Cacia e a entrada no Porto de Aveiro, bem como um feixe de cinco linhas dentro do Porto de Aveiro com cerca de seis quilómetros. Além disso, para repor as acessibilidades afectadas pela construção do ramal foram construídos 3,7 quilómetros de vias rodoviárias. Até ao fecho da edição deste suplemento, nem a Administração
Refer gere construção e modernização da ferrovia I A Refer – Rede Ferroviária Nacional, E. P. E., na tutela dos Ministérios das Finanças e das Obras Públicas, Transportes e Comunicações – Secretaria de Estado dos Transportes, foi criada em 1997, consistindo o seu principal objectivo na prestação do serviço público de gestão da infra-estrutura integrante da rede ferroviária nacional, incluindo a construção e modernização da referida infra-estrutura. Nos pressupostos da independência da gestão das empresas de Transporte Ferroviário, a Refer articulase com o Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres, com o Gabinete de Investigação e Segurança e de Acidentes Ferroviários e com os diferentes operadores de transporte de passageiros e de mercadorias.
LIGAÇÃO ferroviária ao Porto de Aveiro deverá ser inaugurada ainda este mês do Porto de Aveiro (APA), nem a Refer anunciaram a data da inauguração da ligação ferroviária, no
entanto, a gestora da Rede FerroviáriaNacionaladiantaqueoevento vai realiza-se ainda em Março,
sendo que o programa está a ser articulado com a APA. O funcionamento da nova via-férrea em velocidade de cruzeiro dependerá “da evolução da economia nacional e internacional”, considera Pedro Cota. Plataforma atlântica para os movimentos internacionais O responsável não tem dúvidas de que este é um projecto estratégico não só para a Refer e para o Porto de Aveiro, como também para o país, “que se pretende afirmar como uma plataforma atlântica para os movimentos internacionais no mercado ibérico e europeu”. Segundo o dirigente, a “ferrovia desempenha um papel central nesta prioridade do Governo, estando a Refer a promover ligações ferroviárias às plataformas logísticas da rede nacional, aos portos, aos aeroportos, às fronteiras e demais geradores/atractores
de carga, como forma de incrementar o transporte ferroviário de mercadorias”. Tal como referido por Pedro Cota, “trata-se de um investimento prioritário nos termos das Orientações Estratégicas para o Sector Ferroviário, aprovadas pelo Governo em 2006, e concebido numa perspectiva multimodal, que irá contribuir para o incremento do transporte ferroviário de mercadorias e para a expansão e melhoria da competitividade do Porto de Aveiro”. O director de construção da Refer realça a importância das novas acessibilidades para a economia regional e nacional, constituindo “a resposta a uma aspiração acalentada há muito pelos responsáveis portuários, autoridades locais e empresas da região”. “Aumento da intermodalidade” Para a Refer, o estabelecimento da
ligação por caminho-de-ferro ao Porto de Aveiro permite contribuir, “decisivamente, para a oferta de serviços de excelência de transporte e logística, através do aumento da intermodalidade”, refere Pedro Cota, destacando as vantagens ambientais do transporte ferroviário, em detrimento do tráfego rodoviário pesado. Por outro lado, o director de construção da Refer realça as oportunidadesdedesenvolvimentoque a nova linha de comboios poderá proporcionar, nomeadamente, pelofacto de criar “novas possibilidades de aproveitamento das economias de escala e de vizinhança, quer a nível nacional, quer a nível internacional, garantindo o escoamentotransversaldemercadorias deeparaEspanha,eparaoresto da Europa”. O responsável conta que apesar das dificuldades de percurso, o projecto, “pelos objectivos estratégicos que lhe estão subjacentes, nunca esteve em causa”. Ao longo do processo de construção, os pontos críticos da obra prenderam-se, sobretudo, com questões relacionadas com a estabilização do traçado, geometria da via, aspectos geológicos e geotécnicos, condicionantes ambientais e a proximidadedo interceptor da SIMRia. Outras obras em curso Para além de um significativo conjunto de obras de supressão de passagens de nível por todo o país, a Refer tem em curso um vasto programa de investimentos, entre os quais, a modernização da Linha do Norte, a remodelação do troço Caíde-Marco (Linha do Douro), a quadruplicação do troço Contumil-Ermesinde (Linha do Minho), a modernização dos troços Castelo Branco-Covilhã e Covilhã-Guarda (Linha da Beira Baixa), a modernização do troço Bombel e VidigalÉvora (Linha do Alentejo e de Évora), a remodelação da Estação de Setúbal, a construção das Variantes de Alcácer (Linha de Sul) e da Trofa (Linha do Minho), a quadruplicação do troço Barcarena-Cacém (Linha de Sintra), a modernização da Linha de Cascais e a construção do Sistema de Mobilidade do Metro do Mondego.l
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Ferrovia permitirá “redução de custo entre os 20 e os 30 por cento” Segundo Rocha Soares, “o Projecto Portugal Logístico assenta, essencialmente, no aumento da competitividade do sector portuário e do sector ferroviário”
EM TERMOS de eficácia ambiental, o transporte ferroviário tem uma vantagem de cinco para um “A já concluída ligação ferroviária permitirá desencravar o Porto deAveirodeumaimportânciahistórica regional, para uma dimensãonacionaleIbérica”,salientaRocha Soares, presidente do Conselho de Administração da CP Carga, um dos operadores da nova infra-estrutura portuária. Na média/longa distância continental, a ferrovia possibilitará, em fluxos de maior massificação logística, “uma redução de custo entre os 20 e os 30 por cento”, frisa Rocha Soares. A CP Carga SA considera imperativa, no seu plano estratégico, a sua presença nos fluxos operados nos portos nacionais com ligação ferroviária destes às principais zonas económicas e à matriz industrial da Península Ibérica. Com o redesenho das acessibilidades ao Porto de Aveiro, e tendo em conta as características deste e sua localização, a CP Carga está “particularmente empenhada, conjuntamente com a APA
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(Administração do Porto de Aveiro), com a qual tem já firmado um protocolo de cooperação, em desenvolver soluções logísticas especialmente dirigidas internamente à grande Lisboa e ao Sul do país e, sobretudo, a afirmação daquela infra-estrutura portuária
construção, matérias-primas e produtos da fileira florestal. As expectativas são feitas numa perspectiva conservadora e em resultado dos contactos que a CP Carga tem estabelecido com clientes directos e com potenciais parceiros. SegundoopresidentedoConse-
CONTUDO, O DESAFIO DO CRESCIMENTO, CONTINUA O RESPONSÁVEL, É “UMA RESPONSABILIDADE MULTI-DIRIGIDA AO CONJUNTO DOS INTERVENIENTES NAS SOLUÇÕES LOGÍSTICAS” como solução de entrada e saída de fluxos operados num eixo transversal Ibérico (Aveiro/Salamanca/Valadolid/Madrid) pela integraçãodotransporteferroviário”. Quatro a seis comboios por dia Para 2011, a CP Carga SA prevê um ritmo de actividade na ordem dos quatro a seis comboios por dia, em fluxos de logística mais massificada como contentores, materiais de
lho de Administração da CP Carga, “a evolução da actividade deverá situar-se entre cinco a dez por cento ao ano, nos primeiros cinco anos, e outro ritmo de crescimento será função do grau de competitividade do Porto de Aveiro e das soluções logísticas instrumentais a ele dirigidas”. Caso se confirmem os níveis de actividade esperados para 2011, a ligação ferroviária ao Porto de Aveiro representará para a CP
Carga SA ganhos em volume de negócio entre seis e nove por cento. Em termos de eficácia ambiental, na qual o transporte ferroviário tem uma vantagem de cinco para um, será gerada uma poupança entre os 10.500.000 euros e os 15.750.000 euros naquele ano, segundo indicadores considerados pela UIC (União Internacional dos Caminhos de Ferro). Capacidade inesgotável Rocha Soares considera a capacidade do Porto de Aveiro “tendencialmente inesgotável”, visto o layout ferroviário interno ser “um caso exemplar de modelação”. Contudo,odesafiodocrescimento,continua o responsável, é “uma responsabilidade multi-dirigida ao conjunto dos intervenientes nas soluções logísticas”, designadamente, a autoridade portuária, a Refer,osoperadoresferroviários,o regulador, os operadores portuários e os operadores logísticos. A cooperação será, desta forma,
uma palavra de ordem para que haja uma convergência de diferentes interesses, que segundo Rocha Soares, “será o instrumento essencial à implementação de soluções multimodais competitivas e que são imperativas do crescimento da actividade”. Nesse sentido, a CP Carga está “completamentedisponível”paraacooperação, sendo esta “um dos seus principais instrumentos estratégicos”, sublinha o responsável. Tal como refere Rocha Soares, “o Projecto Portugal Logístico assenta, essencialmente, no aumento da competitividade do sector portuário e do sector ferroviário, que é, simultaneamente, função da modernização das infra-estruturas e da implementação de soluções logísticas continentais, que, com base na multimodalidade marítimo-ferroviária, se traduz em ganhos económicos para os clientes de ambos, e por aí a afirmação de Portugal como país exportador de logística”.l
CP Carga opera no transporte de mercadorias I A CP Carga – Logística e Transportes Ferroviários de Mercadorias S.A., constituída em 13 de Julho de 2009 e tendo como accionista único a CP Comboios de Portugal E.P.E, desenvolve a sua actividade no transporte de mercadorias por via ferroviária, quer em Portugal, quer no estrangeiro. De acordo com informação presente no site http://www. cpcarga.pt, a CP Carga S.A. é líder no mercado nacional, assegurando as mais competitivas soluções de integração do transporte ferroviário nas mais variadas cadeias logísticas da Península Ibérica. A empresa tem como missão satisfazer as necessidades de transporte nacional e internacional de mercadorias dos seus clientes, fazendo-o com padrões de elevado desempenho, qualidade e segurança. A CP Carga desenvolve a sua actividade em torno de alguns valores fundamentais: segurança (baixa sinistralidade e aumento da segurança pessoal), qualidade (pontualidade, frequência e higiene), ambiente (meio de transporte pouco poluente), serviço (actividade orientada e direccionada para o cliente), profissionalismo (espírito de equipa e rigor), ética (verdade, honestidade e transparência) e iniciativa (inovação e dinamismo). Tal como referido em http://www.cpcarga.pt, cada comboio de mercadorias reduz, em média, a circulação de 20 camiões TIR de longo curso (carga máxima: 25 toneladas) nas estradas portuguesas (para um comboio-padrão de 500 Ton. Líq.), diminuindo as emissões de CO2 - porque utiliza energia eléctrica - o congestionamento, as probabilidades de ocorrência de acidentes e muitos outros custos ambientais.
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APA é parceira de cooperação entre portos europeus
ZONAS PORTUÁRIAS
PORTO DE PESCA COSTEIRA Este sector oferece um conjunto de infra-estruturas dedicadas à descarga, armazenagem e comercialização de pescado para os comerciantes locais. A lota e a fábrica de gelo encontram-se concessionadas à empresa Docapesca, Portos e Lotas, S.A.. O porto de Abrigo para a Pequena Pesca detém a capacidade para 136 embarcações, dispõe de 1 edifício de apoio e 72 armazéns de aprestos para os comerciantes locais de pescado. I
PORTO DE PESCA DO LARGO Este terminal serve os armadores de pesca do largo e as indústrias de processamento do pescado instaladas na Gafanha da Nazaré e detém 17 pontes-cais com fundos de aproximadamente -7 metros (Z.H.). Este sector inclui um Terminal Especializado de Descarga de Pescado com 160 metros de comprimento, totalmente equipado com as infra-estruturas necessárias ao funcionamento de uma unidade desta natureza. I
Portos europeus do Arco Atlântico unem-se com vista à promoção do transporte marítimo de curta distância entre as PME das respectivas zonas de influência A APA (Administração do Porto de Aveiro) e a AIDA (Associação IndustrialdoDistritodeAveiro)são as entidades portuguesas que integram o projecto Proposse – Promoção do Transporte Marítimo de Curta Distância –, projecto co-financiado com fundos Feder, no âmbito do Programa de CooperaçãoTransnacionaldoEspaçoAtlântico 2007-2013. Tal como referidono site www.portodeaveiro. pt, tratase de um projecto de cooperação entre portos europeus do Arco Atlântico, com vista à promoção do transporte marítimo de curta distância entre as PME fixadas nas suas zonas de influência. Com duração até ao final de 2010, o Proposse tem um custo de investimento de 2,1 milhões de euros, financiado em 65 por cento pelos fundos Feder.
ZALI - ZONA DE ACTIVIDADES LOGÍSTICAS E INDUSTRIAIS O Porto de Aveiro conta com uma área de 130 hectares servida com óptimos acessos terrestres (auto-estrada e linha férrea), situada entre o Terminal Ro-Ro e o Terminal de Granéis Sólidos onde se situa a área da ZALI - Zona de Actividades Logísticas e Industriais. A ZALI será uma plataforma logística portuária intermodal com a missão de facilitar a implantação de empresas operadoras do sector logístico e de empresas para as quais o factor de proximidade com o Porto pressuponha um valor acrescentado à sua cadeia logística. A plataforma dispõe de uma linha de cais de 1080 metros com um calado de 12 metros.
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Parceiros envolvidos no projecto Entre os parceiros envolvidos no
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projecto, encontra-se os portos de Gijón, Le Havre, Poole e Cork, a Câmara de Comércio de Oviedo, a Associação Industrial do Distrito de Aveiro e a Marine South East, Lta (entidade de investigação e de desenvolvimento inglesa na área do transporte marítimo). Em Dezembro passado realizou-se, no Porto de Aveiro, a terceira reunião de acompanhamento dos parceiros do Proposse, que teve como principal objectivo apre-
Principais objectivos do projecto Propose I Contribuir para um reforço da quota de mercado do Transporte Marítimo Curta Distância em sede das cadeias logísticas intra-europeias; I Contribuir para um reforço do porto de Aveiro no SSS/ AEM; I Contribuir para um aumento da competitividade das PME´s fixadas nas áreas de influência dos portos participantes; I Contribuir para um aumento da eficiência económica e ambiental do sistema de transportes e da competividade das PME´s fixadas nos áreas de influência dos portos participantes.
PLATAFORMA LOGÍSTICA PORTUÁRIA DE AVEIRO - PÓLO DE CACIA Inaugurado no passado dia 20 de Fevereiro de 2009, o Pólo de Cacia da Plataforma Logística Portuária de Aveiro situa-se a cerca de 9 quilómetros do Porto e inclui uma ligação directa à Linha do Norte (Porto - Lisboa). I
Tarefas a desenvolver no âmbito do projecto Identificação de serviços de SSS existentes; I Conhecimento dos fluxos de mercadorias das PME´s localizadas nos hinterlands dosportos participantes; I Análise das necessidades das PME´s quanto aos serviços logísticos complementares; I Concepção de serviços potências de SSS; I Promoção de aliança com operadores rodoviários e marítimos; I Desenvolvimento de campanhas de divulgação e publicitação das vantagens do transporte de SSS e resultados do projecto. I
sentar os resultados da actividade de Identificação dos Serviços de TransporteMarítimodeCurtaDistância, bem como os resultados preliminares de um questionário e entrevistas efectuadas às principais empresas dos hinterland dos portos participantes. Em Portugal esta acção foi desenvolvida pela Universidade de Aveiro, em parceria com a APA e a AIDA, tendo sido contactadas cerca de 100 empresas do tecido industrial da Região Centro de Portugal. Espaço Atlântico O Espaço Atlântico é um território de cooperação transnacional que inclui todo o território da Irlanda, as regiões atlânticas de Portugal, de Espanha, de França e do Reino Unido. O principal objectivo da cooperação é o arranque efectivo de novas linhas de transporte marítimo de curta distância (Short Sea Shipping – SSS) entre os países e respectivas regiões participantes. A motivação para o lançamento deste projecto provém da necessidade crescente de dar resposta ao aumento do congestionamento do tráfego rodoviário nas vias rodoviárias do norte da Europa, projectando outras alternativas de transporte, designadamente serviços de transporte marítimo de curta distância (serviços SSS). Com efeito, a implementação bem sucedida destes novos serviços pode traduzir-se na efectiva redução de custos,bemcomoareduçãodoimpactoambientalnegativodasoperações de transporte de mercadorias.l
TERMINAL NORTE Dispõe de um cais acostável de 900 metros de comprimento e 328 mil metros quadrados de terraplenos. A área de armazenagem a coberto é constituída por oito armazéns, sendo dois deles para recepção e armazenagem de cimento a granel, dispondo de uma unidade de ensacamento. Este terminal encontra-se vocacionado para a movimentação de carga geral e granéis sólidos tendo como principais mercadorias movimentadas o cimento, cereais, pasta de papel, perfilados metálicos, aglomerados de madeira e argilas. Contempla ainda um cais de serviços de 250 metros destinado a embarcações de apoio. I
TERMINAL ROLL ON ROLL OFF Este terminal consta de um cais com 450 metros de comprimento, fundos à cota de -12, 00 m (Z.H.), 138 mil metros quadrados de terraplenos devidamente infraestruturados, com áreas definidas para parqueamento e (des)embarque. I
TERMINAL DE GRANÉIS LÍQUIDOS Terminal especializado, destina-se exclusivamente ao tráfego de granéis líquidos. Constituído por três pontes-cais, as instalações desta zona portuária são presentemente exploradas por diversas entidades privadas dedicadas à movimentação e armazenagem de diversas mercadorias: cloreto de vinilo, combustíveis, anilinas, MDI, metanol e vinho. I
TERMINAL DE GRANÉIS SÓLIDOS Terminal dedicado à movimentação de granéis sólidos, tendo sido concebido para dar resposta a duas áreas especializadas: granéis agro-alimentares e não alimentares. Apresenta uma área de 150 000 m2 com um total de 750 metros de cais e fundos à cota -12 metros. Este terminal apresenta um elevado potencial de exploração para as indústrias ligadas ao sector alimentar, cerâmico e de construção. I
TERMINAL SUL A exploração comercial da operação neste terminal encontra-se concessionada em regime de serviço público, à empresa Socarpor - Sociedade de Cargas Portuárias (Aveiro), S.A.. Trata-se da instalação portuária mais próxima da cidade de Aveiro. Dispõe de um cais acostável com 400 metros de comprimento, fundos à cota de -7,00 metros (Z.H.) e cerca de 47 mil metros quadrados de terraplenos. A área de armazenagem a coberto é constituída por um telheiro e três armazéns, sendo dois deles para recepção e armazenagem de cimento a granel. Este terminal movimenta sobretudo cimento, pescado, cereais, sal, caulino, argilas, perfilados metálicos e pasta de papel. I
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Mini-repórteres fotografam 1.ª viagem oficial no caminho-de-ferro Administração do Porto de Aveiro deverá, em breve, promover exposição com as melhores fotografias tiradas sob a perspectiva dos mais novos Repórteres de palmo e meio testemunharam, em Janeiro passado, a primeira viagem oficial na linha ferroviária que liga a estrutura portuária de Aveiro à Plataforma Multimodal de Cacia. Para além do privilégio de realizarem a primeira viagem no novo meio de transporte de mercadorias do porto, aos mini-repórteres coube a “responsabilidade” de documentar o momento com fotografias que passarão a integrar o Arquivo Histórico-Documental da APA (Administração do Porto de Aveiro). Das fotos captadas, serão seleccionadas algumas dezenas para integrarem exposição em local a designar e, provavelmente, em data coincidente com a inauguração da ligação ferroviária. Este conjunto de fotos deverá, também, ficar disponível no site do Arquivo Histórico-Documental da APA e em outros suportes da Web. A possibilidade de publicação de um álbum em suporte de papel será também tida em conta pela APA. Associando-se ao simbolismo deste acto, o presidente do Conselho de Administração da APA, I
DAS FOTOS CAPTADAS, serão seleccionadas algumas dezenas para integrarem exposição José Luís Cacho, integrou o primeiro de três percursos, contando a segunda viagem com a presença de Rui Paiva, membro do Conselho de Administração do
Porto de Aveiro. Para além da captação de imagens, as crianças foram sensibilizadas para a arte de fotografar ensinando-se-lhes os princípios básicos de funcio-
namento das máquinas fotográficas digitais, alguns itens da história da fotografia e noções do tratamento/manipulação digital das imagens.
Uma acção de carácter lúdico, formativo e cultural A iniciativa “Mini-Repórteres” foi um evento de carácter lúdico/ formativo/cultural promovido pela
Administração do Porto de Aveiro ao longo de nove meses, que permitiu às crianças registar imagens ligadas à actividade portuária, tais como as obras da ligação ferroviária ao Porto de Aveiro, o trabalho na Navalria, entre outros. A actividade envolveu perto de trinta crianças e jovens, responsáveis por um espólio que ultrapassou os cinco milhares de fotografias. Destinada a crianças entre os 8 e os 16 anos, desenrolou-se em três sessões de campo, sempre aos sábados à tarde. A primeira sessão realizou-se a 9 de Maio de 2009; a segunda a 27 de Junho de 2009; a terceira no passado dia 23 de Janeiro. A acção “Mini-Repórteres”, que contou com o apoio da Refer, da Navalria, da Ferrovias e do Diário de Aveiro, teve a coordenação de Fausto Correia, fotógrafo com várias exposições no curriculum e especialista na área do tratamento digital de imagem. De registar ainda o apoio da Capitania do Porto de Aveiro, do Instituto de Socorros a Náufragos, da Ecoria e do Departamento de Pilotagem do Porto de Aveiro.l
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O Porto de Aveiro na encruzilhada de 2010… OPINIÃO ARMANDO TEIXEIRA CARNEIRO I
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Director do ISCIA
SE A BARRAdo Porto de Aveiro se começou a consolidar em 1808, aindanoscomeçosdoséculoXXse hesitava quanto à sua estabilidade e se pensava num grande porto de águas profundas, entre Leixões e Lisboa, localizado no prolongamento para sul do Cabo Mondego. Tal não aconteceu, mas felizmente que se conseguiram consolidar as barras de Aveiro e do Mondego. São hoje portos de menores capacidades mas fundamentais para o desenvolvimento económico da zona centro do País.
As Orientações Estratégicas para o Sector Marítimo-Portuário, documento elaborado pelo Governo em 2006, definiu, com vista a um reforço da sua competitividade, um novo enquadramento institucional para o mesmo que passava, nomeadamente, pela transformação dos portos secundários em unidades empre-
O CLUSTER PORTUÁRIO DO CENTRO É VITAL NA DINAMIZAÇÃO DA REGIÃO sarias, com autonomia de gestão, numa lógica articulada com os portos principais, retirando-os da área de administração directa do Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos. Foi neste con-
texto que, em Novembro de 2008, foram criadas as sociedades anónimas APVCAdministração do Porto de Viana do Castelo, S.A. e a APFF - Administração do Porto da Figueira da Foz, S.A., cujas únicas accionistas são respectivamente a APDL, S.A. e a APA, S.A.. O objectivo é o de que, os portos secundários ao serem complementados com os portos principais mais próxi-
mos constituam um cluster portuário, um na região centro, formado pelos portos de Aveiro e da Figueira da Foz e o outro, na região norte, formado pelos portos de Leixões e Viana do Castelo, visando, dentro da sua optimização operacional e financeira, o desenvolvimento das regiões que servem e onde se inserem.
que competir, usando o porto seco de Orense para se projectar a oeste, para a Europa. O nosso cluster portuário tem o seu eixo logístico, a partir da frente atlântica dos portos de Aveiro e da Figueira da Foz, via Viseu – Guarda – Salamanca – Valladolid, apoiando-se no porto seco de Salamanca, servindo a zona noroeste de Madrid e a Europa.
O cluster portuário da região Centro, integrando os portos de Aveiro e da Figueira da Foz, é vital como pólo dinamizador da Re-
São 2 eixos logísticos a preservar e a desenvolver, considerando-se que qualquer argumento de agregação é contra-natura já que
as ligações ferroviárias ibéricas de alta velocidade, esquecemos a necessidade vital para a nossa região, uma das mais empreendedoras do todo nacional, de uma ligação ferroviária moderna e de média velocidade ao hinterland do nosso poderoso vizinho, Castela-Leão. Esperamos que todos os actores institucionais aveirenses assumam, de facto e objectivamente, as suas responsabilidades neste confronto ainda subliminar mas perigoso para a expansão e desenvolvimento aveirense. Nós,
“PROCURAREMOS APOIAR, A PARTIR DAS ANÁLISES EXISTENTES, TANTO DO FORO GEOPOLÍTICO COMO DO ECONÓMICO-SOCIAL, OS PROJECTOS DESENVOLVIMENTISTAS AVEIRENSES QUE NÃO PRETENDEM SUBALTERNIZAR NENHUMA OUTRA REGIÃO MAS DESENVOLVER-SE A UM RITMO INDEPENDENTE DE INTERESSES TERCEIROS” gião Centro do País assim como para a Comunidade Autonómica de Castela-Leão que pretende ter a sua acessibilidade ao Atlântico totalmente independente de circulações logísticas através das Comunidades Autonómicas da Galiza e Astúrias. Relativamente cluster portuário do norte, verifica-se que a sua área de influência tendencialmente se expande para a Galiza, enquanto não se rasgam novas rodovias no alinhamento dos paralelos mas sem hipóteses ferroviárias directas, associandose aos vários portos da Galiza com quem, por outro lado, tem
cada um responde a zonas com perfis geopolíticos e económicos diferenciados. São, no entanto, visíveis uns, subliminares outros, os impedimentos e atrasos com que este plano se confronta, em manifesto prejuízo da estrutura portuária do Distrito de Aveiro, com o seu porto e nó de enlace ferroviário em Cacia, e complementado com o porto da Figueira da Foz no distrito de Coimbra. Nomeadamente com o atraso da definição final do eixo ferroviário em direcção a Salamanca. Enquanto se discute o “sexo dos anjos” com
na FEDRAVE – Fundação para o Estudo e Desenvolvimento da Região de Aveiro, procuraremos apoiar, a partir das análises existentes – tanto do foro geopolítico como do económico-social, os projectos desenvolvimentistas aveirenses que não pretendem subalternizar nenhuma outra região mas pretendem poder desenvolver-se a um ritmo e modo independente de interesses terceiros, sobretudo quando são manifestamente competitivos e escassamente complementares. Com a necessária autonomia para escolhermos os projectos de clara complementaridade.