PORTUGAL POST ANO XVIII • Nº 202 • Junho 2011 • Publicação mensal • 2.00 € Portugal Post Verlag, Burgholzstr. 43 • 44145 Dortmund • Tel.: 0231-83 90 289 • Telefax 0231- 8390351• E Mail: correio@free.de •www. portugalpost.de •K 25853 •ISSN 0340-3718
Entrevista com o deputado Paulo Pisco (PS)
Energia do futuro
“A irresponsabilidade dos partidos da oposição vai custar à Alemanha 15 mil milhões de euros” “Os partidos da oposição criaram um problema sério aos portugueses, à nossa imagem e credibilidade externa e até ao projecto europeu. Todos viram certamente na Alemanha a forma como a chanceler Merkel responsabilizou directamente o PSD por esta crise. E não é caso para menos. A irresponsabilidade dos partidos da oposição vai custar à Alemanha, que terá de participar no resgate financeiro, algo como 15 mil milhões de euros. Isto é imperdoável. Mas também estou convencido que Portugal saberá ultrapassar os seus problemas, como sempre o soube fazer ao longo da sua história já com 900 anos. Fazemos parte de uma nação antiga, forte e orgulhosa. E eu tenho muito orgulho no meu país e na capacidade dos portugueses para, nos momentos difíceis, se juntarem para ultrapassar os problemas”. Página 7
Será que alguma vez Portugal se verá livre da “Crise”? Pág. 3
Nelson Rodrigues
O sol e o vento são os melhores combustíveis que temos. Criam postos de trabalho, fomentam riqueza e não poluem a natureza como outros geradores de energia. Página 17
Artur Amorim
Nelson Rodrigues, Partido Socialista e Artur Amorim, do Partido Social Democrata, candidatam-se ao parlamento nas próximas eleições Pág. 9
Bar Cod
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PORTUGAL POST Nº 202 • Maio 2011
PORTUGAL POST
Editorial Mário dos Santos
Agraciado com a medalha da Liberdade e Democracia da Assembleia da República Fundado em 1993 DIRECTOR: MÁRIO DOS SANTOS
CORRESPONDENTES ALFREDO CARDOSO: MÜNSTER ANTÓNIO HORTA: GELSENKIRCHEN JOÃO FERREIRA: SINGEN JORGE MARTINS RITA: ESTUGARDA JOSÉ PINTO NASCIMENTO: DÜSSELDORF KOTA NGINGAS: DORTMUND MANUEL ABRANTES: WEILHEIM -TECK MARIA DOS ANJOS SANTOS - HAMBURGO MICHAELA AZEVEDO FERREIRA: BONA ZULMIRA QUEIROZ: GROß-UMSTADT COLUNISTAS ANTÓNIO JUSTO: KASSEL CARLOS GONÇALVES: LISBOA DORA MOURINHO: ESSEN FERNANDA LEITÃO: TORONTO HELENA GOUVEIA: BONA JOSÉ EDUARDO: FRANKFURT JOSÉ VALGODE: LANGENFELD LAGOA DA SILVA: LISBOA LUIS BARREIRA, LUXEMBURGO MARCO BERTOLOSO: COLÓNIA MARIA DE LURDES APEL: BRAUNSCHWEIG PAULO PISCO: LISBOA RUI MENDES: AUGSBURG RUI PAZ: DÜSSELDORF TERESA COLAÇO: COLÓNIA ASSUNTOS SOCIAIS JOSÉ GOMES RODRIGUES: ASSISTENTE SOCIAL CONSULTÓRIO JURIDICO CATARINA TAVARES: ADVOGADA MICHAELA A. FERREIRA: ADVOGADA MIGUEL KRAG: ADVOGADO FOTÓGRAFOS: FERNANDO SOARES AGÊNCIAS: LUSA. DPA IMPRESSÃO: PORTUGAL POST VERLAG REDACÇÃO, ASSINATURAS E PUBLICIDADE BURGHOLZSTR.43 - D - 44145 DORTMUND TEL.: (0231) 83 90 289 FAX: (0231) 83 90 351 WWW.PORTUGALPOST.DE E MAIL: CORREIO @ FREE.DE
A crise que nos atirou para as eleições oltamos a ter eleições após dois anos de termos eleito um parlamento e , por consequência, um Governo. Pergunta-se se estas eleições não seriam desnecessárias se os partidos da oposição, com mais responsabilidades para o assim denominado PSD, não agissem de forma responsável. Sabemos que o que fez cair o Governo foi a não aprovação do chamado PEC (Programa de Estabilidade e Crescimento) no parlamento por todos os partidos da oposição com o argumento muito duvidoso da sua dureza, sabendo eles que a reprovação do dito programa fazia aterrar em Portugal o FMI e afins a impor medidas muito mais gravosas, como, aliás, veio a acontecer. O maior partido da oposição, o PSD, é o primeiro responsável pela grave situação política que o país atravessa. E o PS, queremos dizer, o primeiro ministro José Sócrates, é o responsável por não ter percebido que a sua governação sem maioria parla-
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mentar correria sempre o risco de cair, quanto mais não fosse pela apetência do PSD pelo poder após vários anos na oposição. Diz-se até que o próprio líder Pedro Passos Coelho foi pressionado por dirigentes do seu partido a provocar eleições por estarem convencidos que as ganhariam devido à baixa popularidade do Governo. Se assim é, isto é, se pensam ganhar as eleições só porque o Governo não tem a popularidade de outrora, pode acontecer como àquele caçador que dá o tiro no pé por ter má pontaria. Segundo as indicações que vão surgindo na imprensa em Portugal, o PSD está bem longe de uma vitória eleitoral. Se este partido não ganhar as eleições terá de explicar muito bem explicado por que razão provocou eleições arrastando Portugal para uma situação de grave crise política a acrescentar à crise financeira. Se assim for, também ter-se-á que pedir responsabilidades a Cavaco Silva por ter de-
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mitido o Governo e convocar eleições quando podia muito bem não aceitar a demissão de José Sócrates e forçar um governo de abrangência parlamentar. Provocado por esta situação, Portugal tem agora tudo: crise financeira, medidas de austeridade impostas por instituições estranhas ao país, soberania perdida, crise económica, crise política e, pior de tudo, tem de passar pela vergonha de ser um país que não se sabe governar e que não encontra uma identidade e um rumo para a sua economia. É neste contexto que vamos votar. Muitos dos eleitores, irritados com a situação, não saberão a quem dar o voto porque estão descontentes com o Governo e desconfiados do PSD e das trapalhadas do seu líder. Mas isto não implica que não votemos. A clarificação política do país é muito importante neste momento em que Portugal precisa de uma vez por todas deixar de ser o parente mais pobre da Europa.
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REDACÇÃO E COLABORADORES CRISTINA KRIPPAHL: BONA FRANCISCO ASSUNÇÃO: BERLIM FERNANDO A. RIBEIRO: ESTUGARDA JOAQUIM PEITO: HANNOVER LUÍSA COSTA HÖLZL: MUNIQUE
Destaque
PORTUGAL POST Nº 202 • Maio 2011
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Portugal e as crises.
Será que alguma vez Portugal se verá livre da “Crise”? Nunca se ouviu falar tanto de Portugal no estrangeiro como agora, exceto quando Portugal foi notícia no mundo aquando da Revolução de Abril de 1974. E já lá vão 37 anos. E como estamos no mês de Abril, e em vez de escrever de novo sobre a revolução dos Cravos, o meu pensamento foi espontâneo perante a azáfama a que assistimos diariamente de escrever, desta vez sobre crises. Joaquim Peito
Depois de ouvir, ler, falar e comentar centenas de vezes, em artigos, noticiários, em conversas de café, a palavra “crise”, decidi-me a fazer uma breve reflexão sobre crises. Nos últimos dias, semanas ou mesmo meses, todos nós falamos de crise, obviamente, a crise em Portugal. Os jornais nacionais e internacionais estão cheios de notícias sobre a crise que Portugal atravessa atualmente. Nunca se ouviu falar tanto de Portugal no estrangeiro como agora, exceto quando Portugal foi notícia no mundo aquando da Revolução de Abril de 1974. E já lá vão 37 anos. E como estamos no mês de Abril, e em vez de escrever de novo sobre a revolução dos Cravos, o meu pensamento foi espontâneo perante a azáfama a que assistimos diariamente de escrever, desta vez sobre crises. “Crise? Qual crise?” Crise económica? Os centros comerciais, espalhados por todo o nosso país real de norte a sul, como de costume, estão bem movimentados, as pessoas passeiam com os saquinhos das compras, a telefonarem aos amigos nos seus IPhones, como se fosse véspera de Natal. Sabemos bem, que os centros comerciais são uma colmeia de consumo, onde as pessoas são abelhas, as lojas favos e os saldos mel. Portugal dos saldos ou Portugal em saldo? Eis a questão! Nada do que se vê indica que os tempos são difíceis ou faz suspeitar minimamente a aproximação de tempos ainda mais difíceis e complicados, por muitos apregoadados. Nestas autênticas catedrais de consumo, como também nas catedrais do futebol, parece que ninguém quer ouvir ou levar a sério politicos, analistas e comentadores públicos dos mais variados quadrantes que, quase em uníssono, antevêm, a brevíssimo prazo, grandes dificuldades para pagar as contas familiares. O crescente aumento de desemprego, reduções de ordenados, aumento de impostos, tudo mais caro desde os alimentos, combustíveis aos medicamentos. Já nem sabemos se é mais útil comprar o pão de cada dia para matar a fome ou se devemos comprar o remédio santo para nos salvarmos da depressão (não a económica, mas a mental). É a crise financeira a arrastar a economia do país, que segundo dizem uns, vem de fora para dentro (da poderosa chanceler Angela e do
baixinho napoleão Sarkozy), enquanto outros não se conformam e apontam o dedo à cumplicidade, negligente ou interesseira, dos primeiros. Crise! Crise! E mais Crise! A palavra continua a bailar à minha frente, a cantar na minha voz rouca, a provocar-me a cada minuto que passa e a fazer-me lembrar de onde vem esta palavra interessantíssima. Vocês sabem que a origem é grega? Exatamente, “Crise” vem do grego “Krisis” que significa aproximadamente “momento decisivo” ou “momento perigoso”. Já estão a ver o filme! Lembrem-se da expressão idiomática portuguesa “estou grego”. Um bom exemplo deste dito popular, foi quando perdemos a final do campeonato europeu em plena praça pública, no chamado “estádio da (sem) luz” frente aos gregos comandados por
(PREC), os saneamentos, a vinda dos retornados, o fraco investimento económico, as greves, etc. Tudo isso não foi crise? Valha-nos Deus! Somos um verdadeiro país plantado no cu da Europa, onde as pessoas realmente ou fazem de conta, que têm francamente a memória curta. Oh! Portugueses! Assim, nunca nos salvaremos da “crise”. Sim, a crise económica, a crise social, a crise de crescimento, afirmação da personalidade, o conflito de gerações e agora a crise política (o país à deriva) está instalada em Portugal. E bem instalada e não há sinais de qualquer alívio a curto prazo. Ninguém espera uma melhoria efetiva antes de dois ou três anos. Al-
e s i r c m le
a g u t r o P
um alemão de nome “Kaiser” Otto. O Benfica começou a dar “bom exemplo” de poupança ao cortar a LUZ quando os portistas festejavam a vitória no campeonato nacional. “Crise”, quer dizer, em outras palavras, uma situação qualquer que não se deseja, que perturba e que se quer resolvida o mais rápido possível. É isso, no fundo, uma situação de “crise”. Este (pequeno) mas grande palavrão entrou à desfilada, e bem forte no vocabulário atual dos portugueses e está a ser usado a torto e feio, até à exautação, por todas as pessoas, dos mais novos aos mais velhos, dos mais pobres aos mais ricos, ainda que por vezes quem a usa não saiba exatamente o que ela implica. Tomem nota meus senhores! “Todas as crises são de crescimento”. È assim que temos de pensar pela positiva e não dizer constantemente um para o outro: “Nunca se viu uma crise assim!”. “Nunca se viu?” Mas como é que “nunca se viu?”. Sempre vivemos em crise! A nossa história está cheia de crises. Realmente somos pessoas de fraca e curta memória. Ainda nem há trinta anos esteve o FMI em Portugal a estudar (salvar) a crise. E nos tempos do 25 de Abril, no periodo pós revolucionário
muito mal, antes do choque do petróleo, da crise económica mundial, a falência bancária, etc. A verdade é que a “nossa” crise é em geral muito superior à dos outros parceiros europeus, caso da Grécia, Irlanda e para breve a da Espanha e depois a seguir a da Itália. E a seguir…. Ninguém sabe ao certo, Ainda é segredo dos economistas internacionais. Quer isto dizer que somos (nós e mais ninguém) os principais culpados. E basta de discussões pragmáticas e demagógicas. Desperdiçámos anos, recursos e oportunidades. Perdemos com a ditadura e a
gumas das causas desta situação vieram claramente de fora. É esta a opinião do Xico esperto. O mal vem sempre dos outros, não de nós próprios. É a nossa eterna forma de pôr as culpas ao vizinho. E desta vez, não é a nossa vizinha Espanha, a culpada! Somos nós os culpados! Crise, a começar pelos custos dos petróleos e da energia em geral, contra cujos aumentos nem sequer a Europa soube tomar providência a tempo. Mas Portugal já estava mal,
guerra. Perdemos com a revolução e a contra revolução. Perdemos também com três décadas de facilidade e demagogia. Temos que aprender e perceber que não podemos constantemente estar à espera que alguém nos venha em Socorro salvar a nação. Não há mais soluções fáceis e que, de for a não virá mão redentora. Só de nós próprios virá qualquer remédio. E isto não significa orgulho, nem raça. Muito menos talento ou história. Significa tão simplesmente estudo, persistência, qualidade e organização. E, sobretudo, trabalho, muito trabalho, porque sem o “pilim” não se morre mas também não se vive. Não traz felicidade mas ajuda a ser-se feliz. Como historiador de formação, lembrei-me de algumas memórias aprendidas e outras ensinadas. Ora vejamos algumas crises históricas! A escassez de alimentos em Portugal, causada quase sempre pela guerra, pela doença, pela má governação ou por condições climatéricas anormais, como a que ocorreu no reinado de D. Dinis e que serviu de mote ao famoso “milagre das rosas” da rainha Isabel (depois santa), que, como conta a lenda, transformou em rosas o pão que distribuía aos famintos para não desagradar a seu marido. Hoje é o Banco Alimentar Contra a Fome que faz milagres. A crise de 1383 – 1385, por exemplo, certamente a primeira grande crise nacional após a consolidação do território, quando doidivanas do rei D. Fernando
Nos últimos dias, semanas ou mesmo meses, todos nós falamos de crise, obviamente, a crise em Portugal. Os jornais nacionais e internacionais estão cheios de notícias sobre a crise que Portugal atravessa atualmente. Nunca se ouviu falar tanto de Portugal no estrangeiro como agora, exceto quando Portugal foi notícia no mundo aquando da Revolução de Abril de 1974.
deixou o trono sem successor à mercê do rei D. João I de Castela. Se não fosse a grande determinação do Mestre de Aviz e de D. Nuno Álvares Pereira, o novo Santo português, agora estávamos todos a falar castelhano. Há vozes por aí à solta, dizendo que teria sido melhor para todos nós. A coisa não foi fácil. Já então havia muitas pessoas divididas, aliás como agora. Mesmo entre os que eram contra o rei de Castela, nas cortes de Coimbra, reunidas em 1385, uns eram a favor do Mestre e os outros defendiam o direito ao trono dos filhos elegitímos de D. Pedro e D. Inês. Ao fim de mais um mês de discussão, sem resultados, foi preciso D. Nuno Álvares Pereira ameaçar partir aquilo tudo à espadeirada para que se tomasse uma resolução. Para grandes males, grandes remédios! Que grande homem , que grande cavaleiro, que grande santo! Um verdadeiro mata castelhanos! Outra crise. As invasões francesas entre 1898 e 1810. O domínio ingles que se lhe seguiu, com Beresford a mandar enforcar Gomes Freire e os restantes “mártires da pátria”. Crise com a revolução liberal de 1820, que deu ao país a primeira Constituição e marcou o início do fim da monarquia. Crise com a reação de D. Miguel, filho de D. João VI, dando início a uma luta pelo poder em 1823 que levou o país para a guerra civil. À Guerra seguiu-se uma enorme instabilidade política, económica e social, com os poderosos a retalharem entre si os despojos do absolutismo enquanto o povo vivia na fome e na ignorância, à mercê do banditismo de grupos armadas para quem a Guerra não acabara. Crise a partir de 1846 com a revolta da Maria da Fonte e a Patuleia. Nova crise com o ultimatum inglês de 1890 e a depressão económica da década de 90. E para não variar, mais uma crise com o regicídio de 1908 e a implantação da República em 1910. E depois, o tumulto constante dos vários governos republicanos, o Sidonismo e o brutal assassinato do seu mentor, a participação na Primeira Guerrra Mundial, o golpe de 28 de Maio de 1926 e o Estado Novo, a Guerra nas colónias, os soldados mortos, as famílias destroçadas, a emigração…crises, crises e mais crises! Se continuasse, em breve chegaria à atualidade e novamente ao convívio da crise. Será que alguma vez Portugal se verá livre da “Crise”?
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Nacional & Comunidades
PORTUGAL POST Nº 202 • Maio 2011
Crise:
Eleições
A captação das poupanças e investimentos dos emigrantes, voto misto, combinando os métodos por correspondência e presencial, e consulados „de nova geração“ são prioridades incluídas no manifesto eleitoral do PSD para a área das comunidades portuguesas. „É prioritário o desenvolvimento de mecanismos de captação de poupanças e investimentos dos portugueses residentes no estrangeiro, restaurando instrumentos de poupança (...) e criando outros que vão ao encontro deste mercado“, refere o manifesto, acrescentando que o potencial dos emigrantes, nomeadamente dos empresários, tem sido „claramente desaproveitado no esforço de recuperação da economia portuguesa“. A extinção das contas poupança-emigrante, o „anunciado e sistematicamente adiado“ programa NETINVEST e a forma como têm sido „ignoradas“ as câmaras de comércio e as associações empresariais no estrangeiro são, para o PSD, exemplos desse „desaproveitamento“. Os sociais-democratas consideram ainda prioritária a elaboração „dos estudos indispensáveis à alteração do sistema de voto dos portugueses no estrangeiro“ e defendem a „adopção do sistema de voto electrónico ou de um método misto entre o voto por correspon-
Foto: Lusa
PSD aposta na captação de poupanças e investimentos dos emigrantes
O líder do PSD, Pedro Passos Coelho.
dência e o voto presencial“, com o objectivo de combater a abstenção. O PSD defende que as comunidades portuguesas devem ser „prioridade absoluta da política externa“, defendendo a reestruturação política do Ministério dos Negócios Estrangeiros com vista a esse fim. Neste contexto, segundo o manifesto, a reforma da rede consular deverá adoptar „modelos organizacionais“ que envolvam movimento associativo, iniciativa privada e organismos públicos de representação externa. „Impõe-se dar início ao processo de criação dos „Espaços Por-
tugal“, enquanto consulados de nova geração, capazes de concentrar e coordenar efectivamente as mais diferentes vertentes da acção externa“, refere o texto, avançando a possibilidade de nestes espaços instalar empresas ou associações empresariais e culturais. A reforma do ensino do Português no estrangeiro merece também a atenção dos sociais-democratas, que querem dar continuidade à transferência da tutela deste sector para o Instituto Camões e apostar no alargamento da rede de ensino aos países fora da Europa. Mobilizar os jovens luso-descendentes como garante da rela-
ção com a diáspora, aumentar a participação dos emigrantes na política nacional, aprovando o voto nas eleições autárquicas, e alargar a nacionalidade portuguesa aos netos de cidadãos nacionais „por mero efeito de vontade“ são outras apostas do PSD para a área da emigração. O manifesto considera que Portugal necessita de „maior afirmação internacional“ para melhor defender os interesses políticos, culturais e económicos e sustenta que „é preferível estar de mãos dadas com os milhões de compatriotas (...) por todo o mundo do que permanecer de costas voltadas“.
Ajuda externa
Portugal pode contar com emigrantes neste momento crítico”, diz deputado Carlos Gonçalves O deputado do PSD Carlos Gonçalves afirmou que “Portugal pode contar com as comunidades emigrantes neste momento crítico”. O deputado lembrou que “as comunidades emigrantes foram decisivas em momentos críticos da história democrática portuguesa. Foram as remessas que nos momentos de mais aflição foram essenciais para o país”. Carlos Gonçalves lamentou também que “alguns analistas, mais tarde, quando Portugal viveu com algum desafogo, tenham dito que as remessas dos emigrantes já não eram tão importantes. Caiu mal”. O deputado salientou que “os emigrantes têm todos uma história de superação de dificuldades individualmente, fazendo coisas extraordinárias. Agora temos que fazer um esforço de conjunto que tem que in-
cluir as comunidades”. Carlos Gonçalves lamentou que se tenha chegado a uma situação em que “Portugal está em todas as manchetes no estrangeiro por razões que não caem bem junto das comunidades”. O social democrata referiu que, “ao longo dos últimos anos, as comunidades portuguesas já tinham dado sinais claros de que o país não ia no bom caminho e foram várias as reacções ao êxodo migratório”. Houve anos “em que foram mais de cem mil portugueses a sair, incluindo portugueses com formação, algo que não acontecia nos anos 60”, sublinhou o deputado do PSD. “Outra preocupação das comunidades é o endividamento e particularmente o endividamento das famílias. Eles trabalham noutros países e sabem que as coisas
não se passam desta forma e não compreendiam como era possível o país sobreviver”, afirmou Carlos Gonçalves. “Faltou uma política de atracção de investimento e poupanças. A única medida que José Sócrates tomou nesta matéria foi (decidir) o fim da Conta Poupança Emigrante, uma medida simbólica”, acusa o deputado social democrata. Carlos Gonçalves afirmou que “as remessas financeiras dos emigrantes continuam a ser importantes, embora tenham diminuído, até registarem um ligeiro aumento com a nova emigração”. O deputado conclui que “os emigrantes já acreditaram em Portugal noutros momentos difíceis” e têm “uma ligação sentimental” que pode ser mais forte do que as desconfianças afirmadas pelos mercados.
Emigrantes preocupados, lamentam que Portugal desperdice potencial das comunidades Os emigrantes estão preocupados com a situação política e económica de Portugal, cujos efeitos dizem estar a alastrar à diáspora, e lamentam que o país continue a desprezar o seu potencial como promotores das exportações portuguesas. „Os governos não se interessaram em dinamizar o relacionamento entre o país e as comunidades. Só agora é que se fala seriamente em desenvolver as exportações“, disse Manuel Beja. O conselheiro na Suíça falava à Lusa à margem da sessão de abertura do plenário do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP). Para João Pacheco, dos Estados Unidos, Portugal „deve prestar mais atenção aos cinco milhões que vivem na diáspora“ e que continuam a enviar divisas para Portugal. José Miranda de Melo, do Brasil, diz que Portugal „vive um momento grave“ e que emigrantes e luso-descendentes devem ser mobilizados para servir de elo entre Portugal e os países de acolhimento, apontando como exemplo o Brasil. „Se o país encarar o Brasil como um mercado importante [o aumento das exportações] poderá ser feito mais rapidamente, mas se houver o mesmo marasmo as coisas poderão continuar muito lentamente e o tempo é pouco para que possamos não perder esse momento bom que o Brasil atravessa“, sustentou. No mesmo sentido, Joaquim Rodrigues, de Angola, vê com „muita apreensão“ a situação portuguesa e acredita que os emigrantes podem dar um grande contributo para a solução dos problemas.O conselheiro lamenta em particular que as missões empresariais ao estrangeiro „ignorem os empresários portugueses no terreno“ que poderiam atuar como facilitadores de contactos. A situação política também preocupa os emigrantes, que apelam ao entendimento entre as várias forças políticas com vista à estabilidade. „O que é preciso é um Governo que traga estabilidade e garanta confiança“, referiu. Para Manuel Beja, os acontecimentos mais recentes estão a passar uma imagem negativa de Portugal na Suíça, onde a comunidade está „muito pessimista e cética“ quando ao futuro.Para o conselheiro, a solução passa por „um governo de salvação nacional“.Por seu lado, José Miranda de Melo disse que os governos de salvação nacional são para os tempos de guerra e defende que o que é preciso é um „governo de salvação económica“.
Nacional & Comunidades
PORTUGAL POST Nº 202 • Maio 2011
PS quer campanha de informação junto dos emigrantes para evitar confusões sobre forma de voto O deputado socialista Paulo Pisco alertou para o risco de os portugueses no estrangeiro confundirem a forma de voto nas eleições legislativas, defendendo a necessidade de uma ampla campanha de informação e esclarecimento junto dos emigrantes. „Nas últimas eleições legislativas muitos portugueses receberam o voto por correio e depois dirigiram-se aos consulados no fim-desemana para o entregar“, disse Paulo Pisco à agência Lusa, adiantado que isso decorre „da confusão que existe em alguns eleitores“ por votarem uma vezes por correspondência e outras presencialmente. Os emigrantes votam por correspondência para as eleições legislativas e presencialmente para as europeias, presidenciais e eleição do Conselho das Comunida-
des, órgão de consulta do governo em questões de emigração. Paulo Pisco, que se recandidata como cabeça de lista do PS pelo círculo da Europa, receia que a proximidade com as eleições presidenciais de Janeiro possa levar os eleitores a pensar que a forma de votação nas legislativas de 5 de Junho é também presencial. “O fato de ter havido há tão pouco tempo eleições presidenciais pode induzir as pessoas em erro“, considerou.??O deputado defende que para evitar que isso aconteça „é necessária uma campanha de informação eficaz“ e que esclareça que nestas eleições legislativas se vota por correspondência. Paulo Pisco defende que, no âmbito da referida campanha,
haja uma informação „tão massiva quando possível“ através de todos os meios de comunicação social, nomeadamente através das emissões internacionais das televisões, mas também através dos consulados. Paulo Pisco considera que é „preciso uma consciência mais aguda da necessidade desta informação“ e, nesse sentido, questionou os ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Administração Interna, sobre este assunto através de um requerimento. O deputado quer saber que meios serão utilizados para informar os portugueses residentes no estrangeiro sobre a forma de votar nas eleições legislativas de 5 de Junho e quais as acções informativas previstas para os consulados.
Segundo Paulo Pisco, deputado pela emigração
Portugal deve olhar com outros olhos para portugueses no estrangeiro O deputado do PS pela Emigração Paulo Pisco defendeu no congresso do PS que Portugal deve olhar com outros olhos para os portugueses no estrangeiro e eliminar o preconceito de ter emigrantes espalhados pelo mundo. “O objectivo principal da minha moção é que possa haver uma forma diferente de encarar e de se relacionar com as nossas comunidades. E, através desta consciencialização, eliminar preconceitos, eliminar distanciamentos e fazer com que haja uma relação mais normal da nossa sociedade”, disse o deputado. Na moção “Vasto Portugal”, que o socialista apresentou no congresso do PS. Paulo Pisco enumerou vários pontos que considera que devem ser melhorados em prol dos portugueses no estrangeiro.
“Quero fazer uma chamada de atenção para a nossa sociedade e para as instituições da rede pública portuguesa relativamente à forma como vêm e como se relacionam com as nossas comunidades”, afirmou. Para Paulo Pisco, “a diplomacia portuguesa podia dar também um contributo muito importante para que as comunidades pudessem ter um papel muito mais visível, permitindo uma relação de maior proximidade” entre ambas. Também a administração pública podia ter “uma atitude muito mais informada e muito mais competente no seu relacionamento com os portugueses quando eles venhem a Portugal”. “Considero que existe algum distanciamento e, em alguns casos, até algum preconceito (com os emigrantes), por isso, defendo
que a própria designação de emigrante devia ser banida do nosso vocabulário”, realçou. Paulo Pisco lançou ainda algumas críticas à RTP e à RTPi por considerar que “não desempenham a missão de serviço público que deveriam relativamente às comunidades”. “Defendo uma reforma em profundidade do conceito de emissão dirigida às comunidades”, acrescentou. O deputado aborda ainda a importância dos portugueses no estrangeiro para a promoção e divulgação da língua portuguesa e para a internacionalização da economia. O socialista defendeu também que sejam tomadas medidas para uma maior participação cívica dos emigrantes e sugere um possível aumento dos deputados pelos círculos da Emigração.
Guimarães 2012:
Capital Europeia da Cultura vai ter embaixadores locais, nacionais e entre as comunidades emigrantes
A Capital Europeia da Cultura Guimarães (CEC) 2012 vai ter embaixadores de âmbito local, nacional e nas comunidades de emigrantes, incluídos numa estratégia de divulgação que visa “levar ‘Guimarães 2012’ o mais além possível e até todos”. Fonte da Guimarães 2012 revelou que a Capital Europeia da Cultura vai ter “grupos de embaixadores com a missão de contribuírem à escala das suas relações para a revelação da Guimarães 2012”. Os embaixadores, que serão dados a conhecer na cerimónia de apresentação do programa da CEC Guimarães 2012, no do-
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Atribuído por revista alemã
Enóloga portuguesa vence Óscar do Vinho A enóloga Filipa Pato, venceu o Óscar do Vinho pela melhor produtora do ano, uma distinção atribuída pela prestigiada publicação gourmet alemã „Feinschmecker“, tornando-se na primeira e mais nova mulher portuguesa a receber esta distinção. Produtora de vinhos da região das Beiras, Filipa Pato, com 36 anos e dez anos de experiência na área, foi a melhor das seis enólogas nomeadas para o título, por ser a que „mais impressionou pela excelência e pelo carácter inovador dos seus
vinhos“, refere uma nota divulgada pela revista alemã. „Este ano, pela primeira vez, fomos nomeadas seis mulheres e havia uma candidata muito forte que faz um vinho de grande referência em Itália e por isso nunca pensei que fosse ganhar. É um reconhecimento muito importante para o nosso protejo na Bairrada mas também para Portugal“, disse Filipa Pato em entrevista à agência Lusa. A sua jovialidade não a intimida, bem como o facto de ser mulher, já que as nomea-
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ções para os Óscares do Vinho deste ano mostram bem que as mulheres estão a dominar cada vez mais as adegas. „Isso mostra a abertura do sector do vinho para as mulheres e não é por acaso que este é um dos sectores mais evoluídos de Portugal. Todo este equilíbrio entre homem e mulher é fundamental para um vinho equilibrado“, sustentou. Filha do enólogo Luís Pato, Filipa cresceu a brincar nas vinhas, nos campos e lagares, cujo cheiro característico ainda hoje recorda com nostalgia.
mingo, estão divididos em quatro grupos, de “acção local, regional e nas comunidades de emigrantes”. O primeiro grupo, de âmbito local, “ é constituído por uma criança por cada uma das escolas das freguesias do concelho de Guimarães”, explicou a mesma fonte. O segundo grupo, “já de projecção nacional, integra uma personalidade de cinco das regiões de Portugal continental: Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Algarve e Alentejo e ainda embaixadores das regiões autónomas da Madeira e Açores”, enumerou. Com a intenção de “fazer a Guimarães 2012 chegar além fronteiras, o terceiro grupo de embaixadores engloba “personalidades das comunidades portuguesas, escolhidas pelos membros de cada comunidade e das cidades com quem Guimarães tem relações de germinação e de cooperação”. Entre os embaixadores da Guimarães 2012 vão, também, constar “personalidades da região de Guimarães que tenham projecção fora das fronteiras do concelho, projecção nacional”. Com a criação destes grupos de embaixadores, segundo fonte contactada pela Lusa, a organização da Guimarães 2012 pretende ”promover o compromisso de vários níveis da sociedade local e tornar a CEC numa iniciativa de âmbito nacional, com projecção além fronteiras”.
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Crónica
PORTUGAL POST Nº 202 • Maio 2011
Por Cristina Krippahl
A reconversão inevitável da dívida portuguesa
D
epois de prolongar inutilmente o sofrimento do país por vários meses, o Governo de Lisboa rendeu-se finalmente à evidência e pediu ajuda à União Europeia (EU) e ao Fundo Monetário Internacional (FMI) para garantir o financiamento do país. Mais uma vez, o expediente político impediu que a decisão fosse tomada a a tempo e horas para evitar que o empréstimo viesse com as piores condições possíveis. Algo que, obviamente, não preocupa muito nem os «boys» que lá estão, nem os «boys» que virão, todos com salários, benesses e belas reformas garantidas e cientes de que a conta vai ser paga pelos «papalvos» do costume. A questão premente que se coloca, é se a UE e o FMI estão realmente preocupados em ajudar a população portuguesa, ou se o objectivo é apenas garantir que os bancos credores – muitos dos quais alemães – não percam o dinheiro que investiram em países como Portugal e a Grécia, mesmo
muito depois de estes conhecerem os riscos elevados que corriam. A experiência não é encorajadora: sob o pretexto de uma possível derrocada do sistema financeiro mundial no caso de uma bancarrota, os banqueiros aprenderam que podem fazer o que quiserem, porque os lucros são para eles e os custos para o contribuinte. Partindo, porém, do cenário mais positivo - o de uma vontade política de «dar a volta» a um país à beira da falência, e garantir um futuro às suas gerações mais jovens, que não esteja limitado à opção da emigração - a UE e o FMI vão ter que fazer algo para além de contribuir para que dívida portuguesa cresça ainda mais nos próximos anos. Se os políticos portugueses, receosos de tomar medidas que lhes possam custar eleições, não se decidirem pelas reformas estruturais cruciais no país, então as instituições que têm «a faca e o queijo na mão» deverão aumentar marcadamente a pressão sobre Lisboa. Em vez de mais autoestradas – inacreditavelmente, Portugal é o pais com
maior densidade de autoestradas na Europa - TGVs, aeroportos e outros elefantes brancos de que o país não necessita e a cujo luxo não se pode dar, Bruxelas e Washington terão que obrigar o Governo a investir no ensino, na formação, na pesquisa e na inovação industrial; a eliminar as estruturas de dependência empresarial do Estado, um defeito português que nem sequer o 25 de Abril conseguiu remediar; a acabar com a burocracia excessiva e a reformar rapidamente a justiça, dois verdadeiros entraves a qualquer progresso económico e social do país. Para começar. Mas, acima de tudo, a UE, o
FMI e Portugal têm que compreender que se impõe uma reconversão imediata da dívida portuguesa. Não é acumulando dívidas que o país vai avançar. Pelo contrário, a próxima crise é-lhe mais que certa. Claro que vai haver resistências em Lisboa: a reconversão da dívida é considerada desprestigiante para um país do «primeiro mundo», que Portugal cada vez é menos. Os políticos no poder vão, mais uma vez, ter medo de perder eleições. Mais grave é que, neste particular, podem contar com o apoio dos estados ricos da União Europeia, nada interessados em reconversões. Isto porque parte da conta teria que ser paga pela banca dos seus países, que se veria obrigada a renunciar à amortização de uma percentagem por definir dos créditos. Mas, para os portugueses, a reconversão é incontornável. Porque só assim será possível recomeçar a partir do zero, e dar uma oportunidade às gerações vindouras de fazerem tudo aquilo que as precedentes não souberam ou quiseram fazer.
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Entrevista
PORTUGAL POST Nº 202 • Maio 2011
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Entrevista a Paulo Pisco, deputado e recandidato do PS pelo Círculo da Europa
A irresponsabilidade dos partidos da oposição em Portugal vai custar à Alemanha 15 mil milhões de euros No seguimento da entrevista que fizemos ao o deputado Carlos Gonçalves, do PSD, cabe-nos agora entrevistar Paulo Pisco que se recandidata às eleições antecipadas a realizar no dia 5 de Junho próximo. Estas entrevistas com os dois únicos deputados pelo círculo eleitoral da Europa contribuirão para um esclarecimento junto dos eleitores.
PP: Há a intenção de reforçar o número de militantes neste país atraindo mais simpatizantes às suas fileiras? P.Pisco: Claro. Os novos militantes são vitais para a dinamização do PS na Alemanha. Felizmente, as duas secções que atrás referi têm tido essa capacidade. Os novos militantes, com as suas ideias e vontade, são muito importantes para dar força e visibilidade à acção do Partido Socialista, que é um partido que se constitui precisamente na Alemanha e é um partido fundador da nossa democracia. E quanto mais visibilidade tiverem as secções através da realização de iniciativas em prol dos portugueses na Alemanha, maior é a sua capacidade de atracção de novos militantes. Gostávamos de ter muitos mais militantes e outras secções em outras regiões da Alemanha. PP: Depois de escolhida a lista de candidatos do PS às próximas eleições legislativas de 5 de Junho, o que pode dizer sobre os candidatos? P.Pisco: Eu sinto uma grande honra por ter sido escolhido pelo engenheiro José Sócrates para encabeçar a lista do PS pelo círculo da Europa e por ter sido confirmado pelas secções do PS na Europa que me deram a sua confiança para representar os portugueses no estrangeiro. A lista do PS pelo Círculo da Europa é sólida e com candidatos competentes e que conhecem bem os problemas e as expectativas dos portugueses na Europa. Em segundo lugar na lista está Lurdes Rodrigues, que há muito tempo se dedica à vida política e cívica da nossa comunidade em França. O terceiro lugar da lista é ocupado por Nelson Rodrigues, da região de Münster/Osnabruck. O Nelson Rodrigues é bem conhecido dos portugueses na Alemanha, pela sua integridade, pela sua dedicação à comunidade e pelo seu trabalho social
Foto: PP
PORTUGAL POST: Como está organizado o Partido Socialista da Alemanha? Paulo Pisco: O PS no estrangeiro está organizado em secções. Na Alemanha tem duas secções muito activas, uma na região de Münster e outra na de Estugarda. Há uma terceira em recomposição, na área de Düsseldorf. Temos também um grupo importante de militantes na região de Hamburgo, mas sem que haja uma secção constituída.
Paulo Pisco, candidato a deputado do PS
na Cáritas. É um candidato de grande valor e já com grande experiência na representação política. Por fim, temos igualmente um candidato de grande valor que vive na Suíça, o Carlos Ferreira, que é um sindicalista que conhece bem os problemas dos portugueses, a quem tem ajudado muito na resolução dos seus problemas laborais e sociais. PP: No âmbito do actual processo eleitoral, que iniciativas está o PS a programar junto dos portugueses no exterior e, concretamente, na Alemanha? P.Pisco: O PS fará campanha em vários países da Europa com a minha presença, com a presença dos outros candidatos e com as iniciativas que as secções e os militantes do PS nos diversos países decidirem realizar ou para as quais forem/formos convidados. Relativamente à Alemanha, tenho previsto fazer duas deslocações. Uma para várias iniciativas na região de Osnabruck e outra na região de Estugarda. Além disso, o candidato do PS pela Alemanha, o Nelson Rodrigues terá um conjunto de acções próprias, participando em iniciativas da comunidade e concertando-se com as secções do PS na Alemanha. PP: Certamente que as linhas gerais ou mesmo o programa eleitoral do partido já deve apontar as políticas para as comunidades… P.Pisco: Não sabemos ainda com o que poderemos contar relativamente aos futuros orçamentos de Estado, que vão condicionar as políticas públicas de uma maneira geral. De qualquer modo, é fundamental preservar e aprofundar, logo à partida, três domínios: o ensino do português no estrangeiro, tornando as aprendizagens mais sólidas e mais úteis do ponto de vista pessoal e profissional; A modernização dos serviços consulares, que, como se sabe, melhoraram enormemente a sua eficácia no atendimento através da adopção de novos programas que permitem que determinados documentos possam ser obtidos no
próprio momento; e as políticas sociais, designadamente o ASIC e o ASEC, que são programas para idosos carenciados e excluídos e nos quais o Estado português tem gasto cerca de 7 milhões de euros anualmente. E depois há um conjunto de áreas em que eu gostaria de ver a sua implementação: entre elas destacaria as políticas públicas para a área da economia, com o envolvimento dos empresários portugueses no exterior no esforço de investimento em Portugal e de internacionalização da economia portuguesa. A reforma em profundidade da RTP-Internacional, para ir mais ao encontro das expectativas dos portugueses residentes no exterior; uma participação dos jovens portugueses das comunidades em programas que existem em Portugal, como no domínio das artes, da economia, formação e outros. Gostaria também que as nossas estruturas diplomáticas fossem muito mais activas no reconhecimento e valorização dos portugueses que se destacam no mundo empresarial, nas artes, no desporto ou noutros domínios. O PS considera igualmente fundamental que se dê uma maior atenção aos direitos dos mais idosos, designadamente dando-lhes mais informação em matéria de reformas. PP: Num momento muito complicado em que Portugal está confrontado com medidas que irão custar muito ao país, muitos portugueses residentes no exterior interrogam-se se não teria sido possível evitar esta situação que muita envergonha quem aqui vive e que nos coloca de novo numa situação nada prestigiante? P.Pisco: Esta crise, que foi irresponsavelmente aberta pelos partidos da oposição, poderia ter sido evitada. Desde o inicio que o Primeiro-Ministro José Sócrates apelava ao bom senso dos partidos, que manifestava toda a abertura para negociar o Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) para que Portugal pudesse cumprir os seus compromissos com os seus parceiros europeus. Confesso aqui a minha revolta e a minha indi-
gnação pelo que aconteceu no Parlamento, em que os partidos da oposição obrigaram a que o PEC lá fosse discutido e votado única e exclusivamente para o chumbar. Diziam que não queriam mais sacrifícios para os portugueses. Ignoraram totalmente que a actual crise não é só portuguesa, mas também europeia e mundial. E hoje todos sabemos que os sacrifícios agora serão a duplicar ou a triplicar, porque a consequência directa foi a degradação da confiança em Portugal, o aumento em flecha dos juros da dívida, o que obrigou à intervenção do FMI. Isto é indigno da nossa democracia. Os partidos da oposição criaram um problema sério aos portugueses, à nossa imagem e credibilidade externa e até ao projecto europeu. Todos viram certamente na Alemanha a forma como a chanceler Merkel responsabilizou directamente o PSD por esta crise. E não é caso para menos. A irresponsabilidade dos partidos da oposição vai custar à Alemanha, que terá de participar no resgate financeiro, algo como 15 mil milhões de euros. Isto é imperdoável. Mas também estou convencido que Portugal saberá ultrapassar os seus problemas, como sempre o soube fazer ao longo da sua história já com 900 anos. Fazemos parte de uma nação antiga, forte e orgulhosa. E eu tenho muito orgulho no meu país e na capacidade dos portugueses para, nos momentos difíceis, se juntarem para ultrapassar os problemas. PP: Como, em seu entender, podem os portugueses residentes no exterior contribuir para ajudar Portugal a enfrentar esta complicada situação? P.Pisco: Nunca deixando de acreditar e de defender Portugal. Continuando a fazer os seus depósitos nos bancos portugueses, investindo no país. Preferindo visitar o país para fazer férias em vez de outros. Comprando produtos portugueses. Dando força aos seus compatriotas. Manifestando a sua solidariedade relativamente às freguesias e concelhos de onde são originários, ajudando obras de natureza social ou outras. Quando se quer ajudar encontram-se sempre muitas formas. PP: Como avalia o trabalho nestes últimos dois anos do ainda Secretário de Estado das Comunidades? P.Pisco: Avalio de forma positiva. Considero que o Dr. António Braga fez coisas muito importantes e que ficam como a uma viragem nas políticas para as Comunidades. Desde logo, temos de considerar que foi com o Dr. António Braga que se operou a mudança do ensino do Português no Estrangeiro do Ministério da Educação para o Ministério dos Negócios Estrangeiros, ficando sob a alçada do Instituto Camões, sob a tutela da Secretaria de Estado das Comunidades.
Há décadas que se tentava fazer esta mudança, muito importante no ponto de vista da afirmação da Língua e da Cultura portuguesa. Foi este Governo que o conseguiu. Mais uma vez, seguindo uma linha de tradição modernizadora, operou-se uma reforma e modernização dos serviços consulares sem precedentes, de que é exemplo a possibilidade de alguns documentos que antes demoravam meses poderem agora ser obtidos no próprio dia. E depois temos os documentos ultra-modernos que são o passaporte electrónico e o cartão do cidadão. Foram criados os alicerces das primeiras políticas públicas na área da economia, com a criação do NETINVEST, que está integralmente pronto para ser aplicado, e do envolvimento das comunidades portugueses nas orientações de internacionalização da economia através da acção do AICEP. Mesmo que ainda não estejam plenamente implementadas, os alicerces estão lançados. E que dizer da criação, de elevadíssima importância do Observatório da Emigração que, pela primeira vez, permite obter dados sobre quantos somos no estrangeiro, onde estamos e quais as nossas expectativas. O Gabinete de Emergência Consular, por exemplo, acudiu a alguns milhares de portugueses que se viram apanhados em situações difíceis, seja por causa de conflitos ou catástrofes naturais. Foram também assinados inúmeros acordos bilaterais nos domínios da Língua portuguesa, da segurança ou de âmbito social, que muitas vezes não têm visibilidade, mas são de grande importância para os portugueses residentes no exterior. E as iniciativas LUSAVOX e Gala dos Talentos, que premeia os mais talentosos nas comunidades em vários domínios? E este enumerar podia ir mais longe. Por isso, só posso ter uma avaliação positiva da acção da Secretaria de Estado das Comunidades e do Dr. António Braga PP: Por último, a situação com que Portugal se confronta vai contribuir para cortes em todos os ministérios. Acha que esta situação terá repercussões nas políticas para as comunidades? P.Pisco: Tudo indica que os próximos orçamentos serão de austeridade. Recordo que no último Orçamento de Estado o Ministério dos Negócios Estrangeiros já teve um corte de oito por cento no seu orçamento e que teve repercussões em alguns projectos no âmbito das comunidades, embora sem afectar as acções de uma forma genérica, mas causando, é certo, algumas perturbações. Acho que é cedo para dizer, mas a situação não é fácil. Uma coisa é certa: esta crise era totalmente evitável. Se os partidos da oposição tivessem tido uma atitude responsável, nem sequer estava agora a responder a este inquérito. Mário dos Santos
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Comunidade
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Banco Montepio leva jovens estudantes a Portugal Uma grande e louvável iniciativa do banco Montepio dirigida a jovens universitários luso-descendentes com idades entre os 18 e 25 anos e que frequentam, pelo menos, o segundo ano de um curso universitário. Trata-se de um curso de Verão a realizar em Lisboa entre os dias 9 e 16 de Julho próximo com o intuito de valorizar os conhecimentos dos jovens nas áreas da cultura portuguesa, música, sociologia, comunicação e
Comunidade promove festejos em honra de N. Sra. de Fátima
história de Arte. Todos os jovens que reúnem as condições estabelecidas podem viajar até Portugal para participar no curso. Informações sobre candidaturas podem ser pedidas ao Escritório de Representação do Montepio, Schäfergasse 17, 60313 Frankfurt/M, Telefone: 069 913 947 16 / 17, ou consultando o seguinte Site www.montepio.0rg. Boa sorte!
O líder do Centro Português de Backnang, colectividade inserta na grande coroa de Estugarda, não nos esconde a verdade. Mas acredita no trabalho bem feito que tem erguidocom os associados e restante direcção
compete-nos ajudar a que Portugal saia desta crise. E, por pouco que seja, podemos fazê-lo. Podemos, por exemplo, aqui consumir e comprar produtos nacionais, como sejam produtos alimentares e todos aqueles Made in Portugal; podemos ir mais vezes, conforme a nossa carteira, a Portugal passar férias, podemos aliciar os nossos amigos, vizinhos e colegas de trabalho a irem a Portugal fazer férias e a comprarem os nossos produtos; podemos, em suma, talvez aumentar o envio das nossa remessas para Portugal, etc.. Esta é uma forma de ajudar o nosso pais a recuperar da crise, contribuído para para o reforço da nossa economia. Será um gesto patriótico já que nada mais podemos fazer.
Mainz e Wiesbaden
Foto PP
Ajudar Portugal numa hora difícil para todos nós Portugal está a viver uma das suas mais sentidas crises de sempre ao ponto de entregar a condução das contas do país a entidades estrangeiras como condição para um aval a um empréstimo que salve o país da falência. Não será exagero nenhum que a situação que Portugal vive nos toca a nós emigrantes que nos sentimos até um pouco envergonhados quando a imprensa internacional, como seja o caso da alemã, fala como fala de Portugal. Vergonha com pouco de raiva à mistura, não contra a imprensa mas sim contra a forma de como Portugal iniciou o caminho para chegar a esta situação de miséria. Não é nosso propósito estar aqui a atribuir culpas a este e àquele. A nós aqui
Maio é habitualmente o mês dos eventos religiosos tendo como referencia as aparições de Fátima. De todas as iniciativas, talvez seja a de Peregrinação a Werl em Honra de Nossa Senhora de Fátima aquela que mais atrai os crentes. Promovida desde há 39 anos, este ano a Peregrinação a Werl, que será realizada a 7 de Maio, é presidida pelo Bispo D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva. Convém também lembrar que este ano celebram-se no Santuário de Werl 350 anos de Peregrinações Marianas a àquele Santuário, com relevantes festejos religiosos que se estendem de Abril a Outubro.
Teatro ajuda a promover a língua junto dos jovens
Euskirchen celebra aparições de Maio
Uma boa notícia tem a ver com a iniciativa cultural realizada no dia 9 de Abril passado na Missão Católica Portuguesa de Wiesbaden com uma representação do grupo de teatro “Quasilusos”, de Freiburg, a que assistiram jovens alunos residentes nas cidades de Wiesbaden, Mainz e Groß Umstadt. Foi graças à Dra. Elisa Tavares, docente de língua portuguesa na Universidade de Freiburg, com a colaboração das professoras de Português Isabel Lima e Carla Moita, que esta iniciativa se concretizou. As organizadoras disserem ao PP que o teatro pode
Também em Euskirchen, a comunidade lusa local dá seguimento à tradi-
também ser uma forma de comunicação e um veículo de ensino da lingua portuguesa. “Acreditamos que é um espaço em que os alunos estão em contacto com diferentes formas de expressão . O ensino dentro e fora da sala de aulas não é suficiente no desenvolvimento das competências dos mesmos. Através do teatro como de outras expressões de arte os alunos desinibem-se tornam-se mais auto-confiantes e aumentam a auto estima”, corroboraram as organizadoras Maria do Céu
O difícil dia a dia do Centro Português de Backnang
ção realizando um dia dedicado à Nossa Senhora de Fátima, desta vez com procissão realizada no próximo dia 7 de Maio na Igreja de ST. Martin, pelas 15h00 Deste evento consta ainda uma parte recreativa organizada por uma comissão de festas em Euskirchen-Palmersheim, no Dorfgemeinschaftshaus Palmersheim – Krebsgasse 38 / Ecke Rodderbach, pelas 18h00 Além de petiscos portugueses tradicionais, grelhados, sardinha assada, feijoada e caldo verde, assim como cerveja e vinho português, a noite será acompanhada por grupos de dança da zona, como os PALM BEACH GIRLS, o Rancho de Bonn/Lohmar e o grupo musical “SEGURATE”. Como convidados estarão presentes dois representantes da Câmara de Euskirchen e a CônsulGeral de Portugal em Dusseldorf. Publicidade
O Grande Livro Receitas Bacalhau Capa dura Nº de Páginas: 176 Preço: 35,00 € Conhecido por “fiel amigo”, o bacalhau tem uma tradição muito particular e original na gastronomia portuguesa. Neste livro, fique a conhecer as origens da pesca deste peixe, as suas principais características, a melhor forma de o arranjar e outros aspectos importantes, como a melhor forma de o escolher, conservar e amanhar. Deleite-se com as nossas receitas e experimente-as todas. Fique, ainda, a conhecer as tradições deste peixe noutros países do Mundo. Cupão de encomenda na página 19
Backnang é um oásis de Paz e Cultura nos arredores da capital da MercedesBenz. Milhares de portugueses fixaram-se no Concelho, desde os anos 70, atraídos pela indústria de Cerâmica industrial muito forte nessa época. Foi perante esse élan e combatividade, a fibra arreigada dos portugueses, que surgiu em 1983 o Centro Português. Cresceu e instalou-se numa fábrica desactivada bem no centro do histórico burgo. Joaquim Magalhães, presidente da direcção, há dois mandatos, confiounos a sua estratégia e a sua experiência. Nota-se uma vontade de vencer, mas as dificuldades são mais que muitas. Mas escolheram o lado bom das coisas: independência clara e frontal dos três órgãos da direcção e lutam todos os dias para vencer. “Se não fossem as pessoas que nos visitam e que vêm de longe...“, apontou-
nos Joaquim Alberto Magalhães. Que nos focou o número de mais de uma centena de associados inscritos e pagantes- e o calendário de iniciativas que lançam para manter viva a chama do Centro. Investiram muito no arranjo das salas da antiga unidade fabril. Isso soma dezenas de milhares de Euros, a que se junta mão-de-obra e material diversificado gratuito oferecido pelos associados. “Muita gente sai. Ou vai saindo. A Juventude não quer entrar para nada. Vamos sofrendo „, reflecte. Deram largos à imaginação e criaram um Rancho Folclórico e uma equipe de Futebol de Salão. Fazem imensos Torneios: Cartas, Setas, Bilhar. Alugam salas e podem confeccionar Ementas para Aniversários e Baptizados. Organizam as Marchas de S. João e dedicam mesmo muito empenho à celebração da Passagem do Ano. A deste ano contou com mais de 400 pessoas, disse-nos. “Estou eu, aqui. E mais meia dúzia. Passamos mesmo sacrifícios. Mais um par de anos, é capaz...Isto está muito ruim“, sublinhou, a não esconder um realismo muito vivo e activo. F.A.R.
Jovens contemplados com Bolsa de Estudo De acordo com nota enviada pela Embaixada de Portugal, publica-se lista de estudantes contemplados com Bolsas de Estudo 2010/11 1) Patrick Manuel Teubner Gomes - Nota de Abitur 1,2. Linguística. Europeia de Direito. Universidade de Colónia. Bolsa “Direcção-Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas”. 2) Tiago Schmidt-Riese Nunes - Nota de Abitur 1,4. Psicologia. Universidade de Mannheim. Bolsa “Direcção-Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas”. 3)Jan Tomás de Pinho Bayer - Nota de Abitur 1,4. Matemática. Universidade Livre de Berlim. Bolsa “Direcção-Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas”. 4) Patrícia Almeida Machado - Nota de Abitur 1,8. Biologia. Universidade de Aachen. Bolsa “Direcção-Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas”. 5) Sabrina Rodrigues Soares - Nota de Abitur 1,9. Gestão de Empresas. Universidade de Münster. Bolsa “Direcção-Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas”. 6) Fábio Oliveira da Silva - Nota de Abitur 2,1. Engenharia Mecânica. Universidade KIT de Karlsruhe. Bolsa “Caixa Geral de Depósitos”.
Comunidade
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Os partidos e os candidatos Com a realização das eleições antecipadas para o parlamento português marcadas para o dia 5 de Junho, os partidos começam a fazer campanha e a divulgarem os seus candidatos pela emigração. A Alemanha conta com cerca de 10.200 eleitores recenseados, sendo que nas anteriores eleições , realizadas em Setembro de 2009, votaram cerca de 3254 eleitores. O partido que arrecadou mais votos foi o PS, o qual tinha à frente da sua lista Paulo Pisco que volta a liderar a lista do Partido pelo Círculo da Europa. Partidos Socialista
Nelson Rodrigues, Candidato do Partido Socialista Nestas eleições, o PS apresenta na lista pelo Círculo Eleitoral da Europa uma conhecida personalidade da comunidade da Alemanha: o assistente social Nelson Rodrigues, ex-membro do Conselho das Comunidades Portuguesas e líder do movimento contra o encerramento do consulado em Osnabrück.
Muitos consideram este elemento como sendo um trunfo do PS na lista de candidatos. Deste modo, a lista do PS é constituída por Paulo Pisco, Lurdes Rodrigues, França, Nelson Rodrigues, Osnabrück, e Carlos Ferreira, Suíça. Sobre a sua candidatura, Nelson Rodrigues disse ao nosso jornal que se candidata porque sonha “com um Portugal moderno, que acabe com o compadrio e onde haja igualdade de direitos, com uma justiça diferente, justa, e que continue a manter o direito à saúde e à formação”. “Desejo dar” – diz ainda o candidato - “o meu modesto contributo a Portugal. Ando na política desde jovem, já ocupei diversas funções. Fui membro activo na fundação da Federação Regional da FAFA na área consular de Osnabrück, geri o movimento contra o encerramento do Consulado em Osnabrück e vencemos. O meu lema é “quem luta pode ganhar, quem não luta, já perdeu!”. Sempre soube estar ao lado daqueles que mais precisam de nós. Profissionalmente sou sociólogo e assistente social. Trabalho na gerência das Cáritas de Rheine. Tenho o perfil político para saber defender devidamente os interesses daqueles que me elejam”, argumentou Nelson Rodrigues ao PORTUGAL POST. Partido Social Democrata
”É com orgulho que aceitei o convite que me foi dirigido pela actual liderança do PSD. A minha principal missão reside na defesa dos legítimos interesses da Comunidade Portuguesa residente na Alemanha”, disse Artur Amorim ao PP. O candidato aponta ainda algumas medidas pelas quais se baterá, como sendo, por exemplo, “a mobilização dos jovens lusodescendentes, o aumento da participação cívica e política das nossas Comunidades, desenvolver mecanismos de captação de poup-
Eleições 5 de Junho anças e investimentos dos Portugueses residentes no estrangeiro, o incentivar estratégias de organização empresarial no seio das nossas Comunidades numa óptica de aproximação ao tecido industrial e comercial nacional, o apoio aos portugueses em situações economicamente mais difíceis e mais fragilizados socialmente”, etc...? Convém lembrar que este candidato, que está em segundo lugar na lista pode ter via verde para o parlamento caso o PSD ganhe as eleições e Carlos Gonçalves seja indigitado Secretario de Estado. São os seguintes membros que o PSD apresenta pela Círculo da Europa: Carlos Gonçalves, residente em Paris.Artur Amorim, residente em Estugarda. Sharolta Lazlo, residente em Genebra e Custódio Portásio, residente no Luxemburgo. Coligação Democrática Unitária
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Artur Amorim, Candidato do Partido Social Democrata Também o PSD, que nas eleições de 2009 arrecadou 916 votos na Alemanha, volta a apresentar Carlos Gonçalves como cabeça de lista. Ex-Secretário de Estado das Comunidades durante o curto governo de Santana Lopes, Carlos Gonçalves foi, antes de assumir as funções de deputado, funcionário consular em França e é tido como um grande conhecedor das questões da emigração. No que se refere aos candidatos, também o PSD integra um membro da Alemanha na sua lista pela Europa. Trata-se de Artur Amorim, promotor bancário, residente em Ludwigsburg e ainda presidente do PSD Alemanha.
Conceição Belo, Candidata da Coligacão Democrática Unitária A CDU (coligação PCP – Verdes), que conseguiu nas últimas eleições 159 votos, não apresenta ninguém pela Alemanha. No entanto, o mandatário da lista pela pelo Círculo Eleitoral da Europa é um residente na Alemanha. Trata-
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PCP comemora 90 anos de existência em Düsseldor
se do professor universitário Lu-
O Voto é por correspondência. Não é necessário deslocar-se ao consulado da sua área ciano Caetano da Rosa, o qual, em declarações ao nosso jornal, apela a todos os eleitores para votarem na CDU e nos seus candidatos, “por outra politica, uma politica de esquerda que tire Portugal da fossa a que o PS, o PSD e o CDS, com a ajuda do PR, conduziram o País”. O mandatário da CDU diz respeitar as opções dos eleitores sem qualquer despeito ou rancor ao elegerem outros candidatos, “mas pergunto-me que benefícios ti-
Só votará se estiver devidamente recenseado no consulado da sua área veram até hoje ao elegeram candidatos do PS e do PSD pela emigração. O país está como está, após 35 anos de política de direita praticado pelo PS, pelo PSD e pelo CDS-PP e, na actualidade, ajudados pelo PR. Ora, do que o nosso País precisa é de uma ruptura com a actual política, e uma política patriótica e de esquerda” O candidatos da CDU pelo circulo eleitoral da Europa são: Encarnação de Melo Galvão, residente na Suíça , Raul Fernando Gonçalves Lopes, residente em França. , Maria Vitória Palma Brito, residente na,Bélgica, António Ribeiro Antunes, residente no Luxemburgo. A título de Informação, os restantes partidos com assento parlamentar conseguiram nas últimas eleições a seguinte votação: CDS 156 votos e Bloco de Esquerda 169 votos
A organização do PCP na área consular de Dusseldorf comemorou no Sábado, dia 16 de Abril, os 90 anos da fundação do Partido Comunista Português com um jantar na Associação Portuguesa de Neuss. Durante várias horas muitos membros e amigos do PCP, convidados, como por exemplo, membros do Conselho das Comunidades Portuguesas, professores, dirigentes associativos, membros de comissões de pais, conviveram e puderam assistir a imagens das lutas em que o PCP está e esteve inserido que se “desenvolvem cada vez mais para travar a ofensiva dos sucessivos governos contra os direitos dos trabalhadores, das comunidades e do povo português, e contra a economia e a soberania nacionais”, diz a nota do partido enviada ao PP. Foram igualmente apresentadas reportagens e documentação alusivas à participação da organização do PCP da Alemanha na Festa do Avante!. No início foi feita uma intervenção pelo professor Luciano da Rosa, membro do Organismo de Direcção da Alemanha, focando a história do PCP e o seu papel na luta pela liberdade, a democracia e o socialismo em Portugal e fazendo um apelo à participação na campanha eleitoral e ao reforço da CDU “para se conseguir uma mudança política patriótica e de esquerda no nosso país.”, acrescenta a nota. O jantar-festa culminou com a actuação do Rancho Português de Neuss composto por mais de 20 membros. A encerrar todos os presentes cantaram a Grândola Vila Morena, o Hino nacional e o Avante Camarada! Também no dia 6 de Março a organização de Hamburgo do PCP já tinha celebrado os 90 anos do Partido com um jantar em que participaram membros e amigos do PCP.
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Comunidades
É preciso encontrar uma solução para esta crise
Maria do Rosário Loures Nürnberg Nós os emigrantes temos muito mais consciência nacional e de Estado do que os nossos parlamentares. Como sabemos as remessas dos emigrantes continua a ser a segunda maior fonte de divisas logo a seguir ao turismo. Neste momento mais do que nunca há que ajudar Portugal continuando a enviar para lá as nossas poupanças, comprar produtos portugueses e investir de todas as formas no nosso país. Portugal está falido e todos dão a culpabilidade ao actual governo. Não devemos esquecer, que quase todos os países europeus, começando pela Alemanha, estão altamente endividados. A razão porque Portugal entrou neste misere estado não tem a ver com o nome do primeiroministro, que o governa e
do partido a que pertence, há que procurar a razão muito mais além, como, por exemplo, a situação da politica económica internacional; a transferência de empresas de Portugal para outros países onde o custo da mão de obra é inferior, que enfraqueceu ainda mais a produção nacional, a concorrência com o alargamento da Europa. Também não devemos esquecer a reforma de velhice a pagar por direito, a pessoas que nunca contribuíram durante toda a sua vida de trabalho para qualquer fundo estatal. Mas para mim o motor que nos levou tão rapidamente a este estado foram as chamadas agências de ratings/notação, que forçaram o país a pedir ajuda elevando os seus custos de financiamento para níveis insustentáveis. E, a quando da inviabilização do PEC IV, os juros atingiram o seu auge empurrando-nos para este abismo. De forma alguma as eleições vão contribuir para melhorar a situação em que o país se encontra, há que unir todas as forças sociais e políticas. Uma coligação entre o PS e o PSD deveria ter sido a solução e não mais este arrombamento a um cofre que está vazio.
Apontar o dedo, criticar e insultar, no entanto, não nos levará muito longe
Angela Nunes Essen É tudo muito complexo. Tem havido má gestão de recursos internacionais, nacionais e pessoais. Por outro lado, há incompatibilidade entre metas da EU e programas de desenvolvimento local, e há interesses em jogo que não privilegiam as nossas particularidades. Apontar o dedo, criticar e insultar, no entanto, não nos levará muito longe. Há, sim, que tomar consciência da gravidade da situação, não repetir erros e olhar em frente. As eleições são incontornáveis mas nada resolverão se não forem acompanhadas de uma radical mudança de ética por
parte da classe política, que está desacreditada e precisa de se reabilitar, agindo com transparência, competência, responsabilidade, e reunindo esforços em vez de os dispersar. Mas todos temos uma parte a fazer como cidadãos atuantes nas nossas cidades, trabalhos, escolas, associações. Há que sair do comodismo e superar esta amarga sensação de impotência através da participação social e política, promovendo união e valorizando o esforço de cada um. Para além disso, como “representantes” de Portugal além fronteiras, uma das coisas a fazer no meio desta avalanche de más notícias seria divulgar o que temos de bom e único nos ofícios, artes, literatura, cultura, ciência, etc. Dentro e fora do país há muitos portugueses de valor e a fazer coisas interessantes e inovadoras. Há que conhecê-los e darlhes visibilidade. Só teremos a ganhar!
PORTUGAL POST Nº 202 • Maio 2011
Não podemos “assobiar para o Lado”
Mário dos Céu Campos Ravensburg 1- Neste momento, em que vivemos uma grave crise, devemos ser os maiores e melhores embaixadores do nosso país, onde quer que nos encontremos. Promover o país e os nossos produtos, comprar aquilo que é português e, quem puder, investir no país que é o seu - mesmo que estejamos há muitos anos fora dele -, são outras medidas que deveríamos adoptar. Depois, e mais do que tudo, não nos abstermos de votar quando se realizam eleições. 2 - Quem tem responsabilidades pela situação que o
país vive é quem esteve à frente dos seus destinos nos últimos anos, pois não percebeu que estava a meter-se num buraco de onde não sairia facilmente, apesar de tentar fazer-nos crer o contrário. Ninguém pode viver com aquilo que não tem e acima das suas possibilidades e não pode andar, eternamente, a pagar créditos com créditos; além do mais, nunca devia ter escondido a verdadeira situação do país. 3 - As eleições irão servir para clarificar a situação e encontrar uma maioria credível e com força para actuar, sendo certo que, quem as ganhar, não vai ter tarefa fácil: vai ser necessário ter muita coragem para promover as mudanças que se impõem. Os partidos políticos têm que unir-se se quiserem ter credibilidade perante o povo, numa hora tão grave; e o povo vai ter que fazer a sua parte, votando em massa e não abstendo-se. Só com união será possível andar em frente e não a ‘assobiar para o lado’.
Portugal emOpiniões crise Há que participar nas eleições vezam, em Portugal (e em Bruxelas). O país não chegou de um dia para o outro ao estado em que está, nem chegou lá por acaso.
Teo Mesquita Frankfurt 1. Os emigrantes portugueses, podem fazer o que todos os portugueses podem fazer: dizer *não *a esta política que desde há anos, sucessivos governos, dos partidos que nele se re-
2. A responsabilidade é da política seguida e, respondendo já à terceira pergunta: se das eleições resultar numa mudança de política, terão servido paraprocurar encontrar soluções que viabilizem o país. Mas não se delas resultar simplesmente mais um governo, „mais do mesmo“. Para já há que votar, assumiressa responsabilidade, é no mínimo o que cada um pode fazer.
Partidos alemães apoiam reestruturação da dívida portuguesa Representantes dos principais partidos germânicos manifestaram-se a favor de uma reestruturação da dívida dos países em dificuldades. „Se queremos ter uma solução para o problema dos países insolventes“, como é o caso da Grécia, Irlanda e Portugal, „então vamos ter que ter uma reestruturação da dívida destes países, e os detentores das suas obrigações terão que suportar parte das perdas“, afirmou aos jornalistas Ralph Brinkhaus, membro do comité de Finanças do Parlamento alemão por parte da CDU, o partido da chanceler Angela Merkel. A mesma opinião é partilhada por Lothar Binding, deputado alemão pelo partido social-democrata na oposição e membro do comité parlamentar para o orçamento, para quem „todos os participantes na crise - incluindo os que emprestaram dinheiro aos países insolventes - tem que assumir as responsabilidades pelo que fez“. Notando que „é difícil“ explicar aos contribuintes germânicos porque é que têm que contribuir para os resgates de outros países da União Europeia, ambos os parlamentares defenderam a necessidade da criação de „uma base comum de valores“ relativos à governação económica dos países, que seria depois usada na Europa como um guia que regulasse o modo como os governos deverão reger as suas Finanças, de modo a terminar com a corrupção e erros de julgamento que têm marcado a governação dos países mais afectados pela crise. „Mas temos que proceder com cautela. Temos uma espécie de ‘nave espacial’ chamada Bruxelas, mas que perdeu o contacto com as pessoas na rua de todos os países europeus. Por isso é necessário explicar correctamente à população o que está em jogo“, acrescentou Brinkhaus. Já Binding sublinhou que, embora o fim ou uma eventual divisão do euro em duas zonas esteja completamente fora de questão para todos os grandes partidos alemães, „é necessária uma maior convergência entre todos os países da zona euro“, sendo o facto do IRC irlandês ser dos mais baixos da Europa um obstáculo a este aumento de cooperação, advogando um aumento por parte de Dublin da sua taxa de imposto sobre as empresas. Relativamente ao facto dos detentores de obrigações poderem vir a sofrer perdas com uma possível reestruturação da dívida dos países com problemas financeiros, este responsável precisou que esta redução „não significa que percam todo o investimento, apenas uma parte. O que queremos evitar é que o fardo do resgate dos países recaia sempre sobre os mais pobres“. O parlamentar social-democrata explicou ainda que a principal preocupação da liderança alemã não é a perda de competitividade do país para outros estados europeus, mas sim para as grandes economias emergentes. „Os nossos alvos são a Índia, a China e os outros países emergentes. Se perdermos competitividade, são eles que vão ficar com a nossa quota de mercado. No caso de uma firma alemã perder um contrato, ele não irá para uma outra companhia europeia, mas sim uma empresa da China, ou da Índia“, precisou.
Literatura
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Bloqueio das tropas alemãs a Leninegrado impediu primeira edição em verso dos Lusíadas em língua russa O bloqueio imposto pelas tropas alemãs à cidade soviética de Leninegrado, que começou em 1941 e se prolongou por 872 dias, impediu a publicação da primeira edição em verso dos Lusíadas, obra épica de Luís de Camões, em russo .A tradução, realizada pelo filólogo russo Mikhail Travtchetov, estava praticamente acabada e pronta a ser editada pela “Lenizdat”, mas o cerco nazi não só impediu a sua publicação, como roubou a vida ao seu tradutor. Mikhail Travtchetov nasceu em São Petersburgo, em 1889, dedicando grande parte da sua vida ao ensino de Literatura nas escolas soviéticas e à tradução para russo de autores estrangeiros como Pierre Jean de Béranger, Lope de Vega, Calderon de la Barca, Lord Byron e Camões. Em 1940, Travtchetov ter-
minou a principal obra da sua vida: a tradução de português para russo dos Lusíadas de Camões. O redator dessa edição, professor Alexandre Smirnov, considerou-a “um acontecimento na literatura traduzida para russo”. O texto da tradução foi entregue na tipografia na Primavera de 1941, mas a invasão da União Soviética pelas hordas hitlerianas adiou a sua publicação. Andrei Rodosski, professor de língua e literatura portuguesas da Universidade de São Petersburgo (antiga Leninegrado), citando as palavras da irmã do tradutor, escreve que “o manuscrito que fora entregue à Editora Lenizdat desapareceu durante o bloqueio”. Porém, conservaram-se os cadernos com os rascunhos da tradução, que atualmente fazem parte do espólio da Bi-
blioteca Nacional da Rússia, em São Petersburgo. Alguns dos fragmentos da tradução foram publicados na obra “Literatura Estrangeira. Época do Renascimento”, com edições em 1959 e 1976. Não obstante ter sido publicada em russo uma tradução integral do poema épico camoniano em 1988, o professor Rodosski defende que a versão poética de Travtchetov não deve ser esquecida e merece ser impressa, pois possui grandes qualidades. Depois de analisar as virtudes e defeitos da tradução de Travtchetov, Rodosski conclui: “as qualidades da tradução são bastante grandes e resta apenas lamentar que ela não tenha sido publicada até agora”. É também de salientar que a Travtchetov traduziu outras obras do poeta português, nomeadamente os seus sonetos. O destino do próprio tra-
dutor russo foi tão dramático como o da sua obra. Tendo-se recusado a abandonar Leninegrado, tal como fizeram o grande compositor soviético Dmitri Chostakovitch e numerosos outros intelectuais, ficou livre do serviço militar por questões de saúde, mas inscreveu-se como bombeiro no Serviço de Defesa Anti-Aérea e Anti-Química da União Soviética. Entre outras tarefas, os membros desse serviço deviam, nos telhados da cidade, vigiar a queda de bombas incendiárias lançadas pela aviação alemã, a fim de as recolher rapidamente e impedir incêndios de edifícios. Em 1942, a revista norte-americana publica, na capa de um dos seus números, o retrato de Chostakovitch com o capacete de bombeiro. Mikhail Travtchetov faleceu em Dezembro de 1941, quando regressava de um turno de vigilância noturna. José Milhazes, Agência Lusa Publicidade
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Cultura Lusófona
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Munique Associação „Lusofonia e.V. apoia projetos culturais, festas e festivais
Ao pegarmos em jornais ou revistas, ao correr os olhos por folhetos das câmaras ou sítios na Net, tanto aqui como em Portugal ou no Brasil, deparamos com uma multiplicidade de eventos culturais, como espetáculos de música e teatro, de dança, encontros de literatura e debates, numa multiplicidade de formatos para a grande diversidade de idades e gostos, de exigência e de indiferença que caracterizam o dia-a-dia, especialmente em Verifica-se numa cidade como Munique uma permanente movida de projetos culturais inovadores, de projeção global e trazendo a uma cidade alemã uma diversidade de línguas e vivências culturais que o público, com poder de compra, interessado e exigente, recebe com interesse crescente. As muito clássicas salas de espetáculo enchem sem dificuldade e mesmo os espaços alternativos - antigas lojas transformadas em cafés, fábricas desactivadas, casernas militares agora ateliês - albergam um público curioso. Mesmo assim, é necessária bastante coragem para um grupinho restrito de artistas dizerem: vamos levar um festival de artes integradas até à Alemanha. Artistas paulistanos, gente nova, com poucas posses mas cheios de ideias e ideais, resolveram organizar pela terceira vez uma semana cultural em janeiro último em que integraram dança contemporânea / performance com música/percussão e com literatura. Tiveram para isso o apoio da associação „Lusofonia e.V.“
e do pelouro da cultura da cidade de Munique. O festival PLUSbrasil agiu numa linha conceptual de encontro com o Outro. Este festival englobou três oficinas, uma de dança, duas de percussão, três peças, inéditas na Alemanha, de dança, um debate sobre „Exclusão como norma“ e, para finalizar, uma tarde de „Offene Jam“, em clima de festa e de palco aberto para todos, onde se reencontraram os artistas, os participantes das oficinas mostraram os resultados do seu trabalho e vários outros artistas participaram na e com a música. O encontro com o Outro processa-se, por um lado, num intercâmbio de ensinar e aprender, pois ambas as partes ensinam e aprendem, por outro naquele momento comunicativo em que o artista em solo ou os artistas em grupos de dois ou mais, através da sua arte, interagem com o público. A dança contemporânea, essa arte performativa de mostrar a materialidade do corpo, exige do espetador uma abertura ao diferente e, do seu cérebro, que este apague os estereóti-
pos, que se abra completamente ao Outro, não tentando encontrar sentidos, mas deixando que estes cheguem sem esforço. Estas peças pediam inocência (a inocência dum olhar infantil que nada sabe) e depois reflexão sobre as próprias emoções de quem olha e escuta. Podem estas peças responder a perguntas que nos assolam? Talvez, mas mais do que isso elas põem-nos questões que nunca nos haviam passado pela cabeça que, de repente, nos acometem: alguém que vai criando ritmos nos seus instrumentos, rodando à volta deles como quem bate a massa do pão, outro corpo que se contorce, se deita, cai, levanta, vira e roda contra esses mesmos ritmos, alusões a um passado de dependências, de mando e de pau-mandado ou também reminiscência duma musicalidade vinda do outro lado do mar e que não naufragou pois tomou corpo nos próprios corpos martirizados que, por sua vez, gerações mais tarde, através da criação artística se concretizam diante dos nossos olhos. Duos e solos criaram dramaturgias incisivas, em que os corpos se aproximavam e afas-
tavam em jogo de espelho, num silêncio opressivo ou com música quebrada pelo quebrar de rimas de pratos. O corpo esgotando pouco a pouco a energia do quebrar ia-se fazendo ao palco semeado de cacos, em movimentos cada vez mais calmos, mas acometidos de tristeza. Que sentido faz trazer a Munique artistas de fora, neste caso brasileiros? Este tipo de trocas interculturais uma das linhas de força do conceito é o intercâmbio com artistas daqui - significam sempre enriquecimento para os participantes das oficinas que, se calhar, pela primeira vez ficaram a saber que, para além de samba, existem muitos outros ritmos brasileiros. Depois, os próprios participantes acabam por conhecer outros curiosos pelos mesmos temas, criando assim núcleos de interesse e novos públicos. Neste caso concreto de arte da megacidade São Paulo, a apresentação fora dos „exotismos“ samba/carnaval/futebol chama a atenção para a criatividade infinda da arte brasileira e para os seus modos de agir com o Outro. A mudança do espaço será para o artista sempre uma mais-valia que o fará re-
gressar porventura com mais ideias. Festivais - pela etimologia: festas estivais, de verão - marcam posição contra a globalização exclusiva da economia, pois trazem desse mundo global produtos culturais nascidos localmente mas aptos a serem visualizados neste nosso mundo contemporâneo, sem fronteiras económicas, mas limitado muitas vezes pelos preconceitos que cabe à arte trazer à tona e refletir. Para quem aqui vive apelo à abertura de espírito e à curiosidade. Contra o nosso dia-a-dia regido por trabalho, ganhar dinheiro e gastá-lo, será talvez um filme, uma peça de teatro no meio dum parque, uma performance na „Fußgängerzone“ momentos de reconhecimento. Reconhecer que existe muitíssimo para além da economia e de tudo aquilo que nos dá dores de cabeça. E poderemos verificar que ali um poema, acolá uma canção nos abanam a letargia, nos fazem um pouco melhores e com vontade de nos juntarmos a outros para mudar o mundo. E essa vontade já é meio caminho andado... Luísa Costa Hölzl Publicidade
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Sociedade
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Conversas entre soldados nazistas revelam lógica secreta da guerra uando, em 2001, o historiador alemão Sönke Neitzel se deparou com uma pilha de documentos no Arquivo Nacional Britânico, mal pôde acreditar no que via. Ele acabara de encontrar transcrições de conversas entre soldados alemães mantidos como prisioneiros durante a Segunda Guerra, registadas secretamente. Eram diálogos íntimos entre camaradas, ignorando que um terceiro tudo escutava e anotava minuciosamente. As forças britânicas e norte-americanas, que mantinham os prisioneiros alemães, tinham a esperança que as conversas pudessem fornecer informações militares importantes. Mas pouco se descobriu sobre arsenais secretos. O que as transcrições revelam, na maior parte, é o quotidiano dos homens na guerra, como eles lutavam, matavam e morriam. „Para mim, jogar bombas se tornou uma necessidade“, lê-se numa passagem. „Dá mesmo um arrepio na espinha, é uma sensação óptima. Tão bom fuzilar alguém.“ Sönke Neitzel e o psicanalista Harald Welzer ficaram tão fascinados com as 150 mil páginas de transcrições que decidiram estudar esse
estranho material. Os resultados de suas observações foram publicados no livro Soldaten – Protokolle vom Kämpfen, Töten und Sterben (Soldados: Atas de sobre lutar, matar e morrer). „Tomamos o cuidado de evitar julgamentos. Não queríamos apenas mostrar as coisas terríveis que os soldados fizeram“, comenta Neitzel. Em vez disso, eles queriam entender os pensamentos desses soldados, e como eles foram levados a praticar esses actos terríveis. Ainda assim, os dois pesquisadores não deixaram de se emocionar com alguns dos relatos. Em algumas passagens, depararam-se com histórias sobre como os soldados discutiam entre si sobre o gosto pelo assassinato, ou sobre a quantidade de mulheres que haviam estuprado. Raramente, algum dos participantes das conversas expressava qualquer objecção ou criticava esse ato de se vangloriar. „De certo modo, eram conversas mais ou menos normais entre dois colegas“, diz Welzer. A única diferença é que o seu trabalho era a guerra. Quando Neitzel contou a Welzer sobre as transcrições, logo ficou-lhe claro quão raros e valiosos eram aqueles documentos. Embora historiadores
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tenham frequentemente a oportunidade de estudar memórias de guerra ou as cartas que os soldados enviavam à família, estas têm valor limitado, observa Welzer. „Quando alguém escreve uma carta para a mãe, certamente não comenta quantas mulheres estuprou.“ Essas transcrições, por sua vez, são uma sensação para o mundo académico. „Não temos material comparável nem mesmo de guerras contemporâneas, como a do Afeganistão. Por um lado, conversas desse tipo provavelmente não estão a ser registadas, por outro, mesmo que estivessem, não teríamos acesso a elas.“ O livro lançado pelos estudiosos examina assuntos relacionados à mentalidade dos soldados envolvidos no combate diário e como eles viam a guerra. Um dos aspectos surpreendentes para os autores foi o fato de as atitudes dos soldados não variarem muito segundo a idade, histórico pessoal ou hierarquia militar. A dupla está convencida de que as conversas francas entre os combatentes alemães da Segunda Guerra também permitem penetrar na mentalidade de soldados envolvidos em outros conflitos. Uma constatação perturbadora é que a própria lógica da
guerra é o que os transforma em seres humanos brutais. „No primeiro dia, pareceu terrível. Mas aí eu disse para mim mesmo: Que se lixe, ordem é ordem’. No segundo e terceiro dias, pensei ‘tanto faz, de qualquer jeito’. No quarto, comecei a gostar“, diz uma passagem dos arquivos. Para Sönke Neitzel, „lutar numa guerra é como um ofício especializado, e quanto melhor os soldados dominarem essas aptidões, maiores são suas possibilidades de sobrevivência e de sucesso. E eles se definem por esse sucesso“. Quanto a isso, observa Neitzel, não há muita variação de uma guerra para a outra. „No fim das contas, um franco-atirador da Wehrmacht na Segunda Guerra e um da Bundeswehr no Afeganistão estão fazendo o mesmo trabalho. A arma e uniforme são diferentes hoje, mas o trabalho é o mesmo, é atirar para matar, é exactamente a mesma coisa.“ O historiador está convencido que, nessas situações, a ideologia não entra na cabeça dos soldados: os da Wehrmacht não ponderavam sobre a ideologia dos nazistas, os da Bundeswehr hoje provavelmente não reflectem por um só momento sobre a Constituição alemã.
Uma guerra igual à outra Segundo Neitzel e Welzer, sem dúvida havia nazistas convictos entre os soldados alemães da Segunda Guerra, e essas convicções lhes diziam que matar judeus era a coisa certa a fazerem. Esses, no entanto, constituíam uma minoria. Os pesquisadores também argumentam que os actos de violência cometidos sob o regime nazista não foram mais brutais do que os cometidos em outras situações. Eles crêem que uma ideologia como o nazismo não é o factor mais importante que leva a atrocidades, mas sim um sistema de valores militares que transforma homens em assassinos. Harald Welzer considera fútil o clamor público em relação aos crimes de guerra, pois a lógica da guerra tende a gerar crimes. „Em qualquer guerra moderna, acontecem exactamente as mesmas coisas que esses soldados alemães da Segunda Guerra discutiam. A única maneira de se erradicar isso seria acabar com a guerra inteiramente e substituí-la por uma outra maneira de os países resolverem suas diferenças, sem recorrer ao assassinato“, finaliza o psicanalista. Autora: Nadine Wojcik Cortesia DW Publicidade
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Histórias da História
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D. Nuno Álvares Pereira. O Santo Condestável Joaquim Peito
dolatrado como herói por muitos, identificado com o espírito do patrotismo, vencedor dos castelhanos em numerosas batalhas, sendo as mais conhecidas as da Batalha de Aljubarrota e da Batalha dos Atoleiros, onde usou a técnica do quadrado, durante as guerras de finais do século XIV e início do XV. Militar brilhante, sem ele Portugal poderia hoje não existir. A vitória na batalha de Aljubarrota foi o seu momento de glória. Um homem corajoso e obstinado, que não perdeu uma única batalha. Tinha uma dilatada resistência de soldado e para meter medo ao inimigo, bastava pronunciar o seu nome. Figura tão popular que poucos portugueses desconhecerão o seu nome, Nuno Álvares Pereira (1360 – 1431), Condestável do exército português (generalíssimo), cargo que hoje equivale ao de Ministro da Defesa por decisão de D. João I e méritos próprios, conseguiu também ser venerado como santo por uma multidão de crentes, ao longo de mais de meio milénio.
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Com mais de meio século de atraso, mais precisamente 580 anos, como a voz do povo diz: “mais vale tarde do que nunca”, realizou-se em Roma/Vaticano no dia 26 de Abril de 2009 a eternamente aguardada canonização deste herói nacional. Era uma vez… Mas quem foi na verdade Nuno Álvares Pereira? Foi um homem com várias facetas: general intrépido, frei humilde, soldado corajoso e homem frágil, sempre próximo dos outros. Por nascimento, pertencia a uma grande família. Nascido em 1360, em Cernache do Bonjardim (Sertã), segundo uns, ou da Flor da Rosa (Crato), segundo outros, era neto de um arcebispo de Braga e filho de um prior da Ordem do Hospital chamado Álvaro Pereira, que teve mais de 32 (trinta e dois!) filhos (obviamente de diversas mulheres) e de D. Iria Gonçalves de Carvalhal, dama da Infanta Dona Beatriz (filha de D. Fernando). Famílias tão numerosas eram frequentes nesse tempo em que as mortes prematuras eram também abundantes. E o pequeno Nuno cresceu na atmosfera dolorosa da recente peste negra, que ceifara em 1348 quase um terço da população europeia. Criado entre gente poderosa, a sua educação foi feita segundo os ideais da cavala-
ria medieval e onde ganhou gosto pela leitura, sobretudo pelos livros de cavalaria « onde a pureza era a virtude que tornara invencíveis os heróis da Távola Redonda » e assim desejou para si « que a sua alma e corpo se conservassem imaculados ». Sonhou e confessou à sua mãe que iria ser um cavaleiro do Santo Graal, que o iria demandar, conquistar e depor no altar da pátria lusitana. Aos 13 anos foi apresentado na corte, onde logo se fizeram notar as suas qualidades e o seu génio militar, e tornou-se escudeiro da bela rainha D. Leonor Teles, esposa do rei do “Formoso” e “Leviano” D. Fernando. Aos 16 anos, por imposição do pai e apesar da sua resistência, casou com a jovem minhota D. Leonor Alvim, senhora de grandes terras, de quem teve três filhos, entre eles D. Beatriz, que veio a casar com o príncipe D. Afonso, filho de D. João I, e que viria a ser o 1.o duque de Bragança. Porém, logo que enviuvou, recusou os bons ofícios do rei, que queria arranjar-lhe outro casamento. E não há notícia de que tenha deixado bastardos. Isto, na época, era o que se pode chamar raro. A crise de 1383 - 1385 Com a morte de D. Fernando, em 1383, a sucessão do trono ficaria entregue à sua filha D. Beatriz, mulher de D. João I de Castela e estando em causa a independência nacional, gera-se a revolta popular e todo um processo de luta contra as pretensões castelhanas em que Nuno Álvares Pereira vai ter um papel preponderante. A independência de Portugal estava em perigo. Por esta altura, Nuno Álvares Pereira já era um experiente e determinado chefe com grandes qualidades de estratega militar Nuno Álvares Pereira, foi um dos primeiros nobres a apoiar as pretensões portuguesas de D. João, mestre de Avis (filho ilegítimo de D. Pedro I de Portugal, mas não da linda Inês de Castro, como por vezes se vê erradamente) à Coroa e tornou-se na espada de D. João. Praticamente, toda a sua família estava no campo inimigo, pelo lado castalhano; só um dos seus irmãos, Fernando, ficou a seu lado. E não faltaram os apelos familiares para que mudasse de tenção. Porém, como se sabe, não o fez. Ligou-se a uma causa a que ainda não podere-
mos talvez chamar nacional, mas que era certamente o que de mais próximo havia. Deu a sua fidelidade ao Mestre de Avis, a uma revolução de futuro muito incerto e forças inicialmente muito débeis. Isto confirmou a capacidade de o jovem Nuno “ter ideias próprias”. Como exímio cavaleiro, sabia que metade dos erros da vida advém do facto de se travar o cavalo durante o salto. Metaforicamente, ele deixou o cavalo saltar. Segue-se depois um período de lutas constantes entre os partidários de Castela e os defensores da independência de Portugal. A sua primeira grande vitória dá-se na Batalha dos Atoleiros, em Abril de 1384. Apesar da inferioridade numérica, as tropas portuguesas conseguiram debandar o adversário, utilizando, pela primeira vez em território luso, a táctica do quadrado. A sua senda vitoriosa continuou por Tomar, Santarém e Lisboa, que se encontrava cercada. Passado algum tempo, o soberano de Castela desistiu do cerco e deu ordem para a retirada das tropas. Em 1385, realizaram-se as Cortes de Coimbra. O Mestre de Avis foi aclamado rei de Portugal, tornando-se D. João I. No dia seguinte à coroação, sua majestade nomeia Nuno Álvares Pereira Condestável do reino - o cargo militar mais importante da nação. Tornou-se um homem muito poderoso. “Era, sem dúvida, a figura número dois do país”. Um verdadeiro ministro da defesa. D. João I e Nuno Álvares Pereira tornamse personagens inseparáveis. A amizade entre os dois ficou na nossa História, como um exemplo de sentimentos fortes e de lealdade. “As duas figuras iluminavam-se mutuamente”. Uma vez terminadas as Cortes de Coimbra, era necessário subjugar localidades que permaneciam hostis ao rei. Esta tarefa coube ao condestável. Durante este período, Castela foi organizando de novo as suas tropas para nova invasão. O Castigador de Castelhanos A luta contra os opositores de D. João I continua e dá-se a batalha decisiva de Aljubarrota, em 14 de Agosto de 1385. Apesar da desigualdade de forças entre os dois exércitos “como é que pouco mais de 5 mil portugueses, com alguns ingleses, conseguiram vencer 30 mil castelhanos?” A resposta é simples: Nuno Álvares Pereira dominava, como ninguém, o campo de batalha. A sua estratégia foi ardilosa. O condestável dispôs as suas forças em três alas, com uma reserva na retaguarda, comandada por D. João I. A cavalaria castelhana avançou para o centro das forças portuguesas. Com grande coesão, as linhas lusas fecharamse sobre si mesmas, constituindo um quadrado. A retaguarda inimiga ficou cortada. D. João avan-
çou imediatamente com os seus homens. Perplexos, os castelhanos começaram a recuar. O pânico alastrou-se por todo o campo inimigo. Tendo perdido toda a esperança numa vitória, o rei de Castela fugiu. A partir desta data, o inimigo reduziu as suas operações militares a escaramuças na fronteira. A vitória triunfal em Aljubarrota marcou o fim definitivo da instabilidade política e a consolidação da independência nacional. Em Outubro de 1385, em Valverde, alcança nova vitória sobre os castelhanos, e continua a participar nos sucessivos confrontos, cada vez mais raros, que entretanto se verificaram, até que, em 1411, Castela reconheceu finalmente a independência de Portugal. Entretanto, Nuno Álvares Pereira ficou viúvo em 1388. No ano seguinte, deu início à construção do Convento do Carmo. Depois de ter dedicado uma vida inteira ao serviço do reino, o condestável decidiu abandonar o mundo terreno depois de ter integrado a armada de 200 navios da expedição a Ceuta em 1415, tendo sido a primeira conquista da época dos descobrimentos marítimos, entendida como acto da reconquista cristã e o ato de gesta missionária. Foi a última batalha do Condestável e o início da sua second life. Com 55 anos e riquissímo, distribuiu largos bens pelos seus netos e pela Ordem do Carmo e professou votos em 15 de Agosto de 1423, no convento do Carmo, que ajudara a construir, tomando o nome de frei Nuno de Santa Maria, onde passa os últimos anos da sua vida, entregue à penitência, meditação, renúncia e servindo os pobres. Veio a falecer no dia 1 de Abril de 1431, numa cela austera do mosteiro que tinha mandado construir. O rei D. João I estava à sua cabeceira. Setenta e um anos de vida, portanto. Santo? Já em vida era conhecido como o Santo Condestável e com o decorrer do tempo, o povo começou a prestar culto à sua figura, atribuindo-lhe inúmeros milagres. Havia quem dissesse que até ressuscitara mortos!!!. Ficaram assim criadas as condições para que o nome de santo se associasse ao de condestável. Foi beatificado em 1918 curiosamente por um Papa também de nome Bento – Bento XV. A 26 de Abril de 2009 realizou-se a canonização e desta vez por outro Bento – Bento XVI. Nuno Álvares Pereira foi uma figura maior da nossa história. Um homem corajoso, caridoso e humilde que “marcou de maneira muito prematura a ideia de nação”. Nuno Álvares Pereira consolidou o país a que hoje chamamos Portugal.
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Geschichten aus der Geschichte
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Dom Nuno Álvares Pereira – Feldherr und Heiliger Joaquim Peito Von vielen als Held hoch verehrt, geprägt durch seine Liebe zum Vaterland, war Nuno Álvares Pereira Sieger über Kastiliens Heer in vielen Schlachten, von denen die bekanntesten die von Atoleiros und Aljubarrota sind. In diesen Kriegen zu Ende des XIV. und Anfang des XV. Jahrhunderts wandte er die Technik des Vierecks an. Er war ein brillianter militärischer Kopf, ohne den es Portugal möglicherweise heute gar nicht gäbe. Der Sieg in der Schlacht von Aljubarrota war der Höhepunkt des Ruhms dieses mutigen und hartnäckigen Mannes, der nicht eine einzige Schlacht verlor. Als Soldat war er von so ausdauernder Widerstandskraft, dass sein bloßer Name genügte, um den Feind in Angst zu versetzen. Nuno Álvares Pereira (1360 – 1431), Oberbefehlshaber des portugiesischen Heeres, ist eine so bekannte Gestalt, dass wohl wenige Portugiesen seinen Namen nicht gehört haben; das Amt, das heute dem des Verteidigungsministers entspricht, hatte er durch Entscheidung des Königs Dom João I. und eigene Verdienste erhalten; aber auch als Heiliger wurde er von vielen Gläubigen mehr als ein halbes Jahrtausend lang verehrt. Mit mehr als einem halben Jahrtausend, genauer gesagt mit 580 Jahren Verspätung, wurde Nuno Álvares Pereira am 26. April 2009 im Vatikan in Rom, wie jahrhundertelang erwartet, heiliggesprochen. Wie sagt doch Volkes Stimme?: „Besser spät als nie!“ Es war einmal... Wer aber war Nuno Álvares Pereira wirklich? Er war ein Mann mit verschiedenen Seiten: ein unerschrockener General, bescheidener Ordensbruder, mutiger Soldat und doch ein mitfühlender Mann, der anderen stets zur Seite stand. Aufgrund seiner Geburt gehörte er einer großen Familie an. Geboren 1360, die einen sagen in Cernache do Bonjardim (heute Kreis Sertã), andere wieder in Flor da Rosa (heute Kreis Crato), war er Enkel des Erzbischofs von Braga und Sohn eines Priors des Spitalordens namens Álvaro Pereira, der mehr als 32 (ja, zweiunddreißig!) Kinder hatte (natürlich von verschiedenen Frauen); seine Mutter war Dona Iria Gonçalves de Carvalhal, eine Hofdame der Infantin Dona Beatriz (Tochter des Königs D. Fernando). So zahlreiche Familien gab es seinerzeit oft, denn auch der frühe Tod von Menschen war nur allzu häufig. Der kleine Nuno wuchs nach der soeben überstandenen Schwarzen Pest, die 1348 fast ein Drittel der europäischen Bevölkerung hinweg gerafft hatte, in einer Zeit voll Jammer und
Elend heran. Aufgewachsen im Dunstkreis von Mächtigen, richtete sich seine Erziehung an den Idealen der mittelalterlichen Ritterschaft aus; dabei fand er Geschmack am Lesen, vor allem an Ritterbüchern, „in denen Reinheit die Tugend war, die die Ritter der Tafelrunde unbesiegbar gemacht hatte“ und er wünschte sich für sich selbst, „seine Seele und sein Leib möchten unbefleckt bleiben“. Er träumte davon und gestand seiner Mutter, er wolle Ritter des Heiligen Grals werden, er würde ihn fordern, erobern und ihn auf dem Altar des lusitanischen Vaterlandes niederlegen. Mit 13 Jahren wurde er bei Hofe vorgestellt, wo sich alsbald seine Fähigkeiten und sein militärisches Genie zeigten, sodass er Knappe der schönen Königin Dona Leonor Teles, der Gemahlin des Königs D. Fernando, des „Schönen“ und „Leichtsinnigen“, wurde. Mit 16 Jahren heiratete er trotz seines Widerstandes auf ein Machtwort des Vaters hin die junge Dona Leonor Alvim aus dem Minho, die große Ländereien besaß; von ihr hatte er drei Kinder, darunter Dona Beatriz, die später Prinz D. Afonso heiraten würde, den Sohn von König D. João I., der erster Herzog von Bragança werden sollte. Indessen lehnte er, nachdem er verwitwet war, die wohlwollenden Dienste des Königs ab, der für ihn eine neue Heirat arrangieren wollte. Es ist nicht bekannt, dass er uneheliche Kinder gehabt hätte. Und das ist etwas, was man in jenen Zeiten als selten bezeichnen kann. Die Krisenzeit von 1383 - 1385 Mit dem Tod von König D. Fernando im Jahre 1383 sollte die Thronfolge auf seine Tochter, Dona Beatriz, die Gemahlin Don Juans I. von Kastilien, übergehen; da damit die Unabhängigkeit Portugals auf dem Spiele stand, erhob sich das Volk und es begannen langwierige Kämpfe gegen die kastilischen Ansprüche, bei denen Nuno Álvares Pereira eine führende Rolle zufallen sollte. Die Unabhängigkeit Portugals war also in Gefahr. Nuno Álvares Pereira war bereits ein erfahrener und entschlossener Heerführer und ein großer Militärstratege. Er war einer der ersten Adligen, die die portugiesischen An-
sprüche von D. João, dem Großmeister des Ordens von Avis (unehelicher Sohn von König D. Pedro I. von Portugal, aber nicht Sohn der schönen Inês de Castro, wie manchmal irrtümlich berichtet wird), auf die Krone unterstützten; er wurde zu D. Joãos Schwert. Seine gesamte Familie
stand auf der Seite des Feindes, der Kastiliens, nur einer seiner Brüder, Fernando, blieb an seiner Seite. Die Familie drängte ihn wiederholt, sein Absicht zu ändern. Doch wie bekannt, tat er dies nicht. Er verschrieb sich einer Sache, die wir vielleicht noch nicht als national bezeichnen können, die aber sicher dem sehr nahe kam. Er hielt dem Großmeister von Avis, einer Revolution mit ungewisser Zukunft und anfänglich sehr schwachen Streitkräften, die Treue. Das bestärkte die Fähigkeit des jungen Nuno zu „eigenem Denken“. Als bewährter Reiter wusste er, dass die Hälfte der Fehler im Leben daher rührt, dass das Pferd im Sprung gezügelt wird. Er jedoch ließ, bildlich gesprochen, das Pferd springen. Es folgte dann eine Zeit ständiger Kämpfe zwischen den Parteigängern Kastiliens und den Verfechtern der Unabhängigkeit Portugals. Seinen ersten großen Sieg errang er im April 1384 in der Schlacht von Atoleiros. Trotz zahlenmäßiger Unterlegenheit konnten die portugiesischen Truppen den Gegner in die Flucht schlagen und nutzten dabei – zum ersten Mal auf lusitanischem Boden – die Taktik des Vierecks. Der Feldherr setzte seinen siegreichen Weg über Tomar und Santarém bis Lissabon fort, das gerade belagert war. Nach einiger Zeit gab der Herrscher von Kastilien die Belagerung auf und ordnete den Rückzug der Truppen an. 1385 traten in Coimbra die
Cortes (die Versammlung der Stände) zusammen. Der Großmeister von Avis wurde als D. João I. zum König von Portugal ausgerufen. Am Tag nach der Krönung ernannte Seine Majestät Nuno Álvares Pereira zum Oberbefehlshaber des Reiches und übergab ihm damit das wichtigste militärische Amt der Nation. Er wurde ein sehr mächtiger Mann. “Er war, zweifelsohne, die Nummer zwei im Land“, ein wahrer Verteidigungsminister. D. João I. und Nuno Álvares Pereira wurden unzertrennlich. Die Freundschaft der beiden wurde in unserer Geschichte zum Sinnbild für starkes Gefühl und Loyalität. “Beide Männer inspirierten sich gegenseitig”. Nachdem die Versammlung der Cortes in Coimbra zu Ende war, mussten einige Ortschaften unterworfen werden, die dem König noch feindlich gesinnt waren. Das war die Aufgabe des Feldherrn. Inzwischen schickte sich Kastilien an, seine Truppen für eine neue Invasion zu sammeln. Der Bezwinger Kastiliens Der Kampf gegen die Feinde D. Joãos I. dauerte an bis zur entscheidenden Schlacht von Aljubarrota am 14. August 1385. Trotz der ungleichen Heeresstärken ist die Frage: „Wie war es möglich, dass wenig mehr als fünftausend Mann Portugiesen, dazu einige Engländer, dreißigtausend Kastilier besiegen konnten“? Die Antwort ist einfach: Nuno Álvares Pereira beherrschte wie kein anderer das Schlachtfeld. List war seine Strategie. Der Feldherr stellte seine Truppen in drei Flügeln auf und ließ eine Reserve in der Nachhut, die von D. João I. befehligt wurde. Die kastilische Reiterei rückte gegen die Mitte der portugiesischen Streitkräfte vor. In enger Formation schlossen sich die portugiesischen Linien zu einem Quadrat. Die feindliche Nachhut war abgeschnitten. Sofort rückte D. João mit seinen Mannen nach. Völlig überrascht begannen die Kastilier zurückzuweichen. Panik ergriff das gesamte feindliche Lager. Nachdem alle Siegeshoffnung verloren war, ergriff der König von Kastilien die Flucht. Von diesem Tag an beschränkte der Feind seine militärischen Operationen auf
Grenzscharmützel. Der triumphale Sieg von Aljubarrota setzte einen Schlusspunkt unter die politische Instabilität des Landes und festigte seine Unabhängigkeit. Im Oktober 1385 errang der Feldherr in Valverde erneut einen Sieg über die Kastilier und beteiligte sich weiter an den immer selteneren Zusammenstößen, bis Kastilien 1411 schließlich die Unabhängigkeit Portugals anerkannte. Inzwischen war Nuno Álvares Pereira 1388 Witwer geworden. Im darauffolgenden Jahr begann er mit dem Bau des Karmeliterklosters „Convento do Carmo“. Nachdem er sich sein Leben lang dem Dienste am Reich gewidment hatte, beschloss der Feldherr, sich von der Welt zurückzuziehen, nachdem er 1415 eine Flotte von 200 Schiffen für das Unternehmen Ceuta zusammengestellt hatte; die Eroberung von Ceuta läutete die Zeit der maritimen Entdeckungen ein und wurde als Akt christlicher Rückeroberung und missionarische Heldentat verstanden. Es war die letzte Schlacht des Feldherrn und der Beginn seines neuen Lebens. Mit 55 Jahren enorm reich geworden, verteilte er ein großes Vermögen an seine Enkel und den Karmeliterorden und legte am 15. August 1423 im Karmelkloster, das er miterbaut hatte, die Gelübde ab, nahm den Namen Bruder Nuno de Santa Maria an und verbrachte dort die letzten Jahre seines Lebens in Buße, Meditation, Verzicht und Dienst an den Armen. In einer kargen Zelle des Klosters, das er hatte erbauen lassen, starb er am 1. April 1431, während König D. João I. am Kopfende des Bettes stand. Nuno Álvares Pereira war einundsiebzig Jahre alt. Ein Heiliger? Schon zu Lebzeiten war er als der Heilige Feldherr bekannt und im Laufe der Zeit begann das Volk ihn zu verehren und schrieb ihm unzählige Wunder zu. Ja, man sagte sogar, er habe Tote erweckt!!! So waren die Voraussetzungen gegeben, dass sich der Name Heiliger dem des Feldherrn zugesellte. Im Jahre 1918 wurde er seliggesprochen, merkwürdigerweise von einem Papst Benedikt – Benedikt XV. Am 26. April 2009 fand seine Heiligsprechung statt, wieder durch einen Benedikt – Benedikt XVI. Nuno Álvares Pereira war eine der großen Gestalten unserer Geschichte. Ein mutiger, barmherziger und bescheidener Mann, der „sehr früh den Gedanken der Nation prägte“. Nuno Álvares Pereira festigte und sicherte das Land, das wir heute Portugal nennen. (Übersetzt aus dem Portugiesischen von Barbara Böer Alves)
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O consultório jurídico tem a colaboração permanente dos advogados Catarina Tavares, Lisboa, Michaela Azevedo dos Santos, Bona, Miguel Krag, Hamburgo
Catarina Tavares Advogada em Portugal Rua Castilho, n.º 44, 7º 1250-071 Lisboa advogados@bpo.pt Telf.: + 351 21 370 00 00
Bolor, aquecimentos deficientes, barulho incomodativo Direitos do inquilino no caso de carências da habitação alugada Miguel Krag
olor no quarto ou barulho causado por obras na casa do vizinho são factores que poderão provocar uma diminuição extrema da qualidade de vida. Por esta razão, o inquilino que se encontre em situações semelhantes, goza da protecção do direito alemão. Assim, e relativamente ao senhorio, o inquilino poderá basear-se nos direitos que a lei lhe assegura em tais casos. As reivindicações relativas a deficiências que se verifiquem em casas alugadas são, na Alemanha, geralmente coroadas de êxito, dado que o senhorio está obrigado por lei a alugar ao inquilino uma habitação em estado conforme com a regra e sem quaisquer defeitos. Entre as deficiências que a lei
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classifica de não serem insignificantes, e para além das que já mencionámos acima, na prática, os defeitos que são frequentemente objecto de processos judiciais são os seguintes: janelas e portas mal vedadas, instalações sanitárias inutilizáveis, uma concentração de substâncias nocivas à saúde, etc. No caso de existir uma deficiência no objecto alugado, não terá importância o facto de se saber se o senhorio é o causador da mesma, ou se foram circunstâncias externas que levaram a tal carência. Assim, o senhorio será responsável tanto pelas consequências de uma má instalação de canos de água, como por prejuízos causados pelo mau tempo. Exceptuam-se naturalmente os casos em que o dano foi provocado pelo comportamento do inquilino. Nesta situação, este não poderá fazer quaisquer exigências
ao senhorio. Muito pelo contrário. Entre outros direitos, caberá ao senhorio o de exigir que o inquilino repare os danos que provocou. Ao verificar qualquer deficiência na casa que alugou, o inquilino poderá exigir em primeiro lugar que a mesma seja reparada. Para tal, deverá dar ao senhorio um prazo adequado (por escrito). Se o senhorio não cumprir o prazo, o inquilino poderá mandar arranjar o dano e exigir em seguida que o senhorio lhe pague as despesas de tal reparação. Em vez de mandar reparar o dano, e enquanto a deficiência não for removida pelo senhorio, o inquilino poderá ainda reduzir o montante da renda ou não a pagar na totalidade. O montante de tal redução da renda depende de cada caso. Quanto maiores forem os impedimentos na utilização da casa alu-
gada, tanto mais poderá o inquilino descontar da renda. Para se estipular o grau de impedimentos terá de se tomar em conta muitos factores diversos. Por isso, não existem quaisquer valores gerais relativos à redução da renda. Para orientação, existem tabelas para deficiências verificadas em habitações alugadas. Mas, no final de contas, a avaliação depende do que é usual ser pronunciado nas sentenças dos tribunais locais. Será assim conveniente que o inquilino se informe sobre as mesmas. Se descontar renda demais, correrá o risco de o senhorio poder rescindir o contrato de aluguer. No caso de um processo judicial, o inquilino terá de provar se o defeito existia à data afirmada por ele. Assim, será conveniente fotografar-se o dano, colocando-se um jornal diário com a data bem visível ao lado da deficiência em
causa. Desta forma, e se necessário, poder-se-á comprovar em que período o dano persistiu. Para além dos direitos a remoção da deficiência e a redução da renda, o inquilino poderá ter eventualmente direito a ser indemnizado por prejuízos que tenha sofrido em consequência do defeito em causa. Sob determinadas condições, será mesmo possível proceder-se à rescisão do contrato de aluguer. Conselho Logo que der conta de qualquer deficiência na casa alugada, ficará obrigado por lei a informar o senhorio. Faça-o por escrito e, de preferência, na presença de testemunhas. Mais tarde, se quiser reduzir a renda, só o poderá fazer se tiver efectuado este aviso ao seu senhorio. Além disso, se o não informar, correrá o perigo de ficar obrigado a reembolsá-lo pelo prejuízo.
Rechtsanwalt/ Advogado Victor Leitão Nunes Consultas em português 40210 Du ̈ sseldorf Immermannstr. 27 Ra.Nunes@web.de Tel.: 0211 / 38 83 68 6 Fax: 0211 / 38 83 68 7
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Energia
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Democratizar a Economia através da Microprodução eléctrica
Microprodução de Energia Fotovoltaica na Alemanha – Um Exemplo de Futuro antecipado
A Alemanha, país de fracos recursos em matérias-primas, tem que viver da tecnologia. Para poder manter o bemestar do povo, antecipa-se ao futuro. A sua vantagem, em relação a outros povos, estará no facto de ter de andar, tecnologicamente, um passo à frente deles. Tomou a sério a defesa do ambiente, o que a levou a ser pioneira nas tecnologias fotovoltaicas, hoje já bastante vulgarizadas no mundo. António Justo Na Alemanha todo o consumidor de energia paga mais 3,53 Cêntimos/KWh (líquido) por cada KWh. Esse dinheiro é destinado a subvencionar os produtores de energias limpas. Aqui há concorrência livre entre as grandes produtoras de energia. Assim eu, que até ao princípio do ano pagava numa companhia 23,32 Cênt/KWh (bruto) passei a pagar, numa outra, 15,8 Cênt/KWh até um consumo de 3.600 KWh no ano.
Na altura em que as instalações fotovoltaicas eram (30%) mais caras que hoje, o Estado alemão garantia até 51 Cêntimos por KWh às microproduções. Nos últimos 20 anos a tecnologia embarateceu e por isso já se não justifica tão alta subvenção. A promoção da microprodução de energia eólica e fotovoltaica é da competência regional (das câmaras municipais). Assim, há diversos modelos de bonificação da energia que as microprodutoras entregam às companhias de electricidade. Os preços são garantidos por 25 anos das instalações feitas nos telhados das casas. Segundo um dos modelos válidos a partir de 1.01.2011, as instalações fotovoltaicas com uma capacidade até uma produção de 3,5 Gigawatt/p recebem 28,74 Cêntimos por Kwh até 30 kWp, recebem 27,33 Cênt. por Kwh a partir de 30kWp, 25,86 Cênt. a partir de 100kWp e 21,56 Cênt. a partir de 1 MWp. No caso do microprodutor se registar como empresário normal, terá de pagar 19% de imposto sobre a venda da energia. Tem porém o direito de fazer valer na declaração de impostos, durante
20 anos, cinco por cento do custo da aquisição líquida (se optar por uma dívida de IVA) dedutível. Segundo dizem técnicos, cada ano de vida duma instalação corresponde a 0,2% a menos na produção. O assunto é muito complicado, dependendo o lucro do investimento de muitos factores, entre eles o brilho do sol, financiamento, condições técnicas, seguros, juros sobre o capital investido, impostos. Portugal produz muita energia limpa, sendo exemplar neste sentido. O problema está em ter desperdiçado as suas potencialidades ao apostar quase exclusivamente em projectos megalómanos e ao apoiar as grandes empresas em desfavor das pequenas e dos cidadaos. Esquece que a riqueza nacional em países estáveis vem das pequenas e médias empresas (“De grão a grão enche a galinha o papo!”). Uma microprodução fotovoltaica, em cada telhado de Portugal, poderia ser uma aposta de investimento importantíssimo de cada Governo. Naturalmente parto do princípio que o que rende na Alemanha, onde há pouco sol, mais renderá num país soalheiro! Trata-se aqui de se pensar numa
nova orientação política que ajude o cidadão e as famílias a tornarem-se empresários. Uma tal política pressupõe a bonificação de tais projectos compensada por uma sobrecarga das grandes empresas ou pela generalidade, como no caso da RFA . O sistema de concessão de registo e certificação da autoridade competente portuguesa não é transparente e pode favorecer uma atitude mafiosa na adjudicação. Além disto leva as empresas a prometer aos clientes o que não podem garantir por estarem dependentes duma burocracia emperrada dum Estado ineficiente. Há 10 anos pretendia investir na microprodução de energia fotovoltaica em Portugal. Então totalmente impossível! Actualmente, segundo me foi referido, há a possibilidade de um dia em cada mês através da Internet se solicitar a concessão de registo de microprodução fotovoltaica. Como é quase impossível ser-se atendido, um empreiteiro, encarrega sistematicamente, 40 pessoas de, no primeiro minuto de abertura do concurso, se registarem como candidatos. Facto é que em três meses de tentativas apenas uma vez, uma
pessoa conseguiu entrar no sistema. O empreiteiro continua mês por mês, com as 40 pessoas, a tentar mas os resultados continuam a ser os mesmos. Tudo muito bonito no papel! As regiões do Sul da Europa podiam vender imensa quantidade de energia. Uma política fomentadora da microprodução, além de criar mais capacidade de investimento e formação de pequenas empresas noutros sectores, realizaria um grande passo no sentido de democratizar a economia nacional. Além disso concorria para a estabilidade social e política tornando-nos independentes dos países árabes e da energia atómica. O sol brilha democraticamente para todo o cidadão. É hora de nos pormos todos a trabalhar a sério para o país e para a uma democratização para todos! Também as centrais eólicas aproveitam de todos os ventos, venham eles das direitas ou das esquerdas. O sol e o vento são os melhores combustíveis que temos. Criam postos de trabalho, fomentam riqueza e não poluem a natureza como outros geradores de energia.
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PORTUGAL POST Nº 202 • Maio 2011 Às associações, clubes, bandas , etc.. As informações sobre os eventos a divulgar deverão dar entrada na nossa redacção até ao dia 15 de cada mês Tel.: 0231 - 83 90 289 Fax :0231-8390351 Email: correio@free.de
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Alfredo Stoffel Telefone: 0170 24 60 130 Alfredo.Stoffel@gmx.de José Eduardo, Telefone: 06196 - 82049 jeduardo@gmx.de Maria da Piedade Frias Telefone: 0711/8889895 piedadefrias@gmail.com
Tel: 040/3553484
Fernando Genro Telefone: 0151- 15775156 fernandogenro@hotmail.com
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Vice-Consulado de Portugal em Frankfurt Zeppelinalle 15 60325- Frankfurt
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Citações do mês
IMPORTANTE
Grupo de Fados Gerações Actuações em qualquer parte da Alemanha e em todos os tipos de eventos
Contacto: 0173-2938194
Eu creio que um dos princípios essenciais da sabedoria é o de se abster das ameaças verbais ou insultos. Maquiavel , Niccolo As mulheres bonitas não têm que ter ciúmes dos seus maridos. Estão demasiado ocupadas com os ciúmes que têm dos maridos de outras mulheres. Wilde , Oscar
MAIO 2011 5.05.2011 – HAMBRURG – Exposição de fotografias sobre Portugal. Local: Restaurante Aquário, Rambachstr. 4
14.05.2011 – CALW- Festa do 25 aniversário do Rancho Cultural Português de Calw e. V. Local: Gemeinndehalle Calw.
7.05.2011 – HAMBURGO – Festa do 15º aniversário do grupo folclórico Retalhos de Portugal. Local: Farnhornstieg 10, Hamburg-Stellingen. A Partir das 16h00.
21.05.2011 – DORTMUND Festa do 40º aniversário do Rancho Folclórico St. António. Local: D i e t r i c h - K e u n i n g Haus.Leopoldstr. 50-58. 44147 Dortmund. Início: 16h00
7 /8 .05. 2011 – WERL – Celebrações em honra de Nossa Senhora de Fátima. Domingo dia 8 Perocissão.
27.05. 2011 – HAMBURGO – Concerto de Maria João & Mário Laginha . Info: Karsten Jahnke (Tel. 040 / 41 47 88-35)
7.05.2011 – EUSKIRCHEN. – Celebrações em honra de Nossa Senhora de Fátima. Local: Igreja de ST. Martin, pelas 15h00 Deste evento consta ainda uma parte recreativa organizada por uma comissão de festas em Euskirchen-Palmersheim, no Dorfgemeinschaftshaus Palmersheim – Krebsgasse 38 / Ecke Rodderbach, pelas 18h00
28.05. 2011 – HAMBURGO – Concerto de Maria João & Mário Laginha . Info: Karsten Jahnke (Tel. 040 / 41 47 88-35) 28.05.2011 - ESTUGARDA - ta do 39° Aniversário da Associação Recreativa Velhas Glórias Portuguesas de Stuttgart e.V. Comemoração nas amplas instalações da sede: Hauptstätter. Str 122
Animação musical a cargo do DuoMusical, 2. 28.05.2011 – MÜNCHEN - Fado mit der Tuna "Azeituna" (Universidade do Minho) und der Gruppe "Fado Sul". In Portugal hat jede Universität mindestens eine „Tuna“, eine musikalische Studentenverbindung. Die meist männlichen Fadistas besingen das Studentenleben sowie die romantische Liebe in Serenaden, um die Damenwelt zu umwerben. Azeituna ist bohemisch, lebenslustig und freut sich schon auf ihr erstes Gastspiel in München. Fado Sul – Das Trio durchschreitet die gesamte emotionale Bandbreite des Fado von der sprichwörtlichen „saudade“, der sehnsüchtigen Wehmut, über tiefempfundenen Schmerz bis hin zu ekstatischer Freude. Info: Telefon +49 (0)89 448 22 74 Breisacherstrasse 22 81667 München
Comunidade PORTUGAL POST SHOP - Livros Ler português
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A CASA DA RÚSSIA John le Carré Preço: 13,50 Publicado em 1989, apresenta os meandos de espionagem e contra-espionagem entre o Ocidente e a antiga União Soviética. John le Carré arrasta-nos, uma vez mais, para o seu mundo secreto e faz dele o nosso. Em Moscovo, Leninegrado, Londres e Lisboa, numa ilha da costa do Maine que pertence à CIA, e no coração do próprio Barley Blair, Carré desenvolve não apenas uma história de espionagem, mas uma alegoria do amor individual confrontado com atitudes colectivas de beligerância. TRAVESSIA DE VERÃO Truman Capote PREÇO: 11.50 Obra póstuma e inédita, Travessia de Verão é um primeiro romance precoce e seguro que mostra o sentido implacável da narração de um dos maiores escritores do século XX. Os seus fraseados imaculados, a sua crua ironia e a sua visão das subtilezas das diferenças de classe anunciam os futuros triunfos de Capote. Digno de um lugar em qualquer estante de um leitor de Capote, este é, em todos os sentidos, um tesouro perdido e reencontrado.
AVENTURAS DE SHERLOCK HOLMES Preço: 11.50 Aventuras de Sherlock Holmes é uma colectânea de 12 contos de aventuras publicada em 1892. Os contos foram originalmente publicados na revista Strand Magazine, nos anos de 1891 e 1892.
CONTOS POPULARES PORTUGUESES Preço: 11.50 Contos Populares Portugueses são contos de todos os tempos e de todas as idades. Uma obra que nos devolve o imaginário e o maravilhoso da nossa cultura popular, e de que faz parte, entre outras, «História da Carochinha», «A Formiga e a Neve», «O Coelhinho Branco», «A Raposa e o Lobo», «O Compadre Lobo e a Comadre Raposa» e «Os Dois Irmãos».
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NOTA Nos preços já estão incluídos os custos de portes correio e IVA PORTUGAL POST SHOP Tel.: 0231 - 83 90 289
Miguel Torga Bichos Preço: € 11.50 «Querido leitor: São horas de te receber no portaló da minha pequena Arca de Noé. Tens sido de uma constância tão espontânea e tão pura a visitá-la, que é preciso que me liberte do medo de parecer ufano da obra, e venha delicadamente cumprimentar-me uma vez ao menos. Não se pagam gentilezas com descortesias, e eu sou instintivamente grato e correcto (…)» Manuel Alegre Preço: € 11,50 As memórias de infância. Os cheiros, as vozes, as emoções de um tempo em que o tempo não tem fim e o significado está presente nas mais pequenas coisas. Todas elas ficam sempre, como marcas na alma, princípios que norteiam a vida. A nostalgia dos lugares mágicos da infância. De Alma, vila encantada onde convive tradição e subversão, melancolia e audácia, crendices, ideologia e futebol... Pela voz audaciosa de quem não receia dar-se a conhecer, chegam-nos ecos de um Portugal dividido entre a República e a Monarquia, um país que era, á época, o mundo de uma criança expectante e atenta. De Alma, partiu toda a sua vida.
Eça de Queirós A CIDADE E AS SERRAS Preço: 11.50 A Cidade e as Serras Eça de Queiros O romance foi publicado em 1899 (um ano antes da morte de Eça) na Revista Moderna, e saiu em livro em 1901. Pertence à última fase do escritor, quando Eça se afasta do realismo e deixa a crítica dura que fazia à sociedade portuguesa da época.
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Música Camané - Do amor e dos dias, Deolinda - Dois selos e um carimbo, Mariza - Fado Tradicional,
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PORTUGAL POST Nº 202 • Maio 2011
O meu amigo, a sua noiva e a empregada de mesa de um café Se os senhores aceitarem, vou contar aqui a história de uma amigo meu que eu acho muito interessante e até comovedora. Não vou, como se calcula, divulgar o seu nome, ou melhor, o nome que utilizarei é fictício. Assim, passarei aqui a tratá-lo por Luís. Devo dizer que ele não sabe que conto partes da sua história aqui no PORTUGAL POST. Para ser sincero, também não sei por onde é que ele anda neste momento. Fomos sempre bons amigos. Posso dizer até que eu era quase o seu único amigo íntimo, a quem ele contava tudo sem esconder algo com o receio de se sentir melindrado. O Luís era (é) uma pessoa bastante inteligente. Filho de pais pobres que ainda vivem em Trás-os-Montes, cedo decidiu-se por emigrar para a Alemanha, vindo viver com uns tios que cá estavam. O Luís foi crescendo aqui. Os seus tios nunca compreenderam porque é que ele não se dava com os restantes portugueses que viviam na cidade onde ele também vivia. A sua inclinação era mais para estar só e as suas companhias eram mais alemãs com quem ele, de resto, se dava bem. Visitando a escola, o Luís era muito bom aluno e foi subindo por aí até se doutorar em física na cidade de Heidelberg. Todos, incluindo a sua família, diziam que o seu futuro iria ser grande e muito prometedor. Um pormenor de aparência do Luís é que ele era tido como um rapaz muito interessante e considerado pelas mulheres por ser muito bonito, mulheres que, diga-se, quase faziam fila para atrair as suas atenções. No entanto, ele não dava assim muita importância a isso. Ele era (é) uma rapaz sossegado, deixando transparecer uma tranquilidade contagiante. Alto, cerca de 1.88 m. Olhos verdes claros e feições do rosto muito agradáveis e que inspirava simpatia ao mais dos cépticos. De tudo, o mais contagiante é o seu sorriso franco e sereno. E é pena que eu não consiga nem tenha capacidade para descrever quanto seu seu sorriso ara atrativo. Ninguém fica indiferente. Quando andava na Universidade, ele tinha encontrado uma rapariga alemã com quem namorava. Também ela muito bonita e filha de família abastada com raízes em Augsburg. Os dois namoraram muito tempo, tendo inclusive marcado data de anúncio do noivado. Contou-me ele que os pais dela punham muitos reticências ao seu noivado devido à condição de família humilde e de “Gastarbeiter”
de onde ele provinha. No entanto, a rapariga não o largava e insistia que ele é que a levaria ao altar. Por brincadeira, eu dizia ao Luís que ele tinha o futuro assegurado. Como resposta ele encolhia os ombros num gesto pouco normal e mesmo desinteressado. Conheci também a sua noiva. Impressionou-me a sua beleza e o modo elegantíssimo como se portava. Da primeira vez que a vi ela apareceu com um vestido de ombros de seda preta baço com um decote bastante sóbrio. À volta do pescoço trazia um colar de pérolas que supus verdadeiras e que contrastava com a sua pela e o seu vestido. Os dois eram um par ideal. Ela, como já o disse, amava-o muito, quase cegamente. Por sua vez, ele também retribuía o seu amor de uma maneira cândida que muito me surpreendia. No círculo de amizades dela, que era gente da alta e se reunia em clubes de ténis e de golfe, o Luís era visto com inveja não apenas por ser noivo de uma mulher tão bonita e rica como pela sua maneira de estar muito tranquila e sempre com um sorriso nos lábios, isto para alem da sua figura e da sua beleza. Uma das coisas que sobressaía (sobressai) nele era o sua maneira simples mas com bom gosto com que se vestia. Diga-se também que qualquer trapo no seu corpo lhe ficava sempre bem. Era muito invejado pelos seus amigos porque diziam que ele podia ter as mulheres que muito bem entendesse. Mas ele não atrabuia muito interesse a isso. Durante algum tempo perdi os noivos de vista. Eu, por circunstâncias da vida, tive de mudar de emprego e tive que me sujeitar a uma vida mais recatada. Apesar de eu ser um dos melhores amigos do Luís, também não podia entrar no círculo de amizades da sua noiva. Para ser justo, o Luís não dava muita importância a essa gente. Se não fosse pela noiva estou certo que ele evitaria aquele ambiente. Depois de não os ver durante muito tempo, um belo dia recebi um telefona da noiva de Luís para me convidar para ir tomar café a sua casa. Pensei que o convite tinha sido por iniciativa dele e que, de alguma maneira, queriam que eu continuasse a pertencer às suas relações, muito embora de forma limitada. No dia combinado lá fui e fiquei impressionado pela forma luxuosa da casa da rapariga, casa é como quem diz. Era uma residência grande com um enorme e bem tratado jardim. Entrei e fui guiado por uma criada para o belo e agradável terraço da casa. Achei muito
estranho que Luís não viesse ao meu encontro. A criada lá me indicou uma cadeira e perguntoume se queria tomar alguma coisa. Pouquíssimos minutos depois ela chegou ao terraço e, mais uma vez, pude ver como ela era bonita e sempre elegantemente vestida. Deu-me um beijo e iniciou a conversa com coisas assim muito formais; se eu ia frequentemente a Portugal e se o meu trabalho corria bem... Etc.. Contou-me que tinha pena de nunca ter ido a Portugal conhecer o país e a família do Luís. Pensei para mim como é que ela reagiria às condições de vida lá na aldeia onde os pais do Luís viviam. Pensei, por questões que a mim não diziam respeito, não lhe perguntar se o Luís não lhe falava da família e de Portugal. De repente, o seu rosto alterou-se e a sua expressão tornou-se triste com algumas lágrimas que lhe corriam pelos cantos dos olhos. Mas então, que se passa?, perguntei eu. E contou-me que o Luís era a sua fonte de vida, que o amava muito, mas que nos últimos tempos não compreendia certas atitudes dele, tendo até por duas vezes adiado a data do casamento. Nos últimos tempos – contava-me ela -, o Luís tinha atitudes que ela não conhecia. Não, não era bruto nem tinha maus defeitos. Dizia simplesmente que não queria viver naquela casa por que dizia que não era dele e tinha-se mudado para um humilde apartamento na outra parte da cidade. Claro que ele a visitava quase todos os dias mas, sempre que os dois saíam, não queria utilizar os carros dela e preferia o seu Opel Corsa. Enfim, contou-me que o Luís estava a dar-lhe entender que não queria a forma pomposa nem o ambiente em que a sua família e amizades frequentavam. „Acho-o tão estranho que às vezes pergunto a mim própria se ele realmente me quer”, disse. Percebi que a sua intenção era tirar nabos da púcara e tentar saber se o Luís me falava dela e da relação deles. Antecipei-me e disse que tudo me surpreendia porque pensava e tinha a certeza que ele a queria muito. Também me deu a entender que eu deveria convencer o Luís a não repudiar o ambiente social dela e dos seus. O tempo passou. Um dia o Luís visitou-me. Saímos e durante o passeio entramos num café para beber qualquer coisa. Nesse dia não tive a coragem de lhe perguntar como iam as coisas com a sua rapariga nem sequer lhe disse que ela me tinha convidado a ir a sua casa. Ele também nada me disse se sabia ou não
da minha conversa com ela. Nesse café serviu-nos uma rapariga a quem eu não dei o mínimo de atenção mas que reparei que o Luís de vez em quando virava o seu olhar na sua direcção. Não dei grande importância ao assunto. A mulher, que aparentava uns trinta e tais, era aquilo que se podia dizer uma mulher absolutamente normal e, até para o meu gosto, bastante feia. Era alta, tinha o cabelo cor de areia e quase não tinha seios. Era magra, muito magra, e tinha olhos encovados. Estranhamente, o Luís quando acabava de beber uma água lá encomendava outra. E se não era uma água era um café. Sempre que ela nos servia, o Luís lhe sorria com os seu olhar doce e brilhante que, se sabia, podia derreter qualquer mulher. Estava que não sabia que pensar da forma como aquela mulher podia chamar a sua atenção ao ponto de quase não dar pela minha presença. O seu olhar e a sua atenção era para aquela mulher que nada, mas mesmo nada, tinha de atractivo. Ficamos ali naquele café durante cerca de duas horas. Quando lhe pedi para continuarmos o caminho, disse-me, para meu espanto, que não lhe levasse a mal, mas que ficaria por ali por que queria ainda tomar mais qualquer coisa. Como sabia como ele era, deixei-o dizendo que lhe telefona-
ria mais tarde. Desde esse dia, estive quase um ano sem o ver. Quando telefonava, não me atendia. Mas sabia que ele era assim: aparecia e desaparecia e não o fazia por mal. Também não me sentia muito à vontade para telefonar à sua noiva. Um dia recebi um email dele convidando-me para ir almoçar a sua casa. Estranhei o facto da morada não ser aquela que eu conhecia. Lá fui e com espanto vi que quem me abria a porta era a tal rapariga empregada do café que continuava a ser desinteressante e feia e que quase nunca sorria. Sentindo que era eu, o Luís veio-me dar um abraço que se sentia de amizade profunda. Ele mantinha o seu sorriso contagiante e o seu olhar único. Depois de me cumprimentar dirigiu-se á rapariga, abraçou-a, beijou-a e disse-me: António, apresento-te a Petra, minha mulher. António Afonso
Pedimos aos leitores que nos enviam correspondência para esta rubrica para não se alongarem muito nos textos que escrevem. A redacção reserva o direito de condensar e de trabalhar os textos que nos enviam. Obrigado. Publicidade
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PORTUGAL POST Nº 202 • Maio 2011
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CONSULTÓRIO ASTROLÓGICO E-mail: mariahelena@mariahelena.tv TELEFONE: 00 351 21 318 25 91
Previsões para Maio de 2011
Por Maria Helena Martins
CARNEIRO Amor: Não viva obcecado com a ideia de perder a pessoa que tem ao seu lado, aproveite antes todos os momentos que tem para estar com ela. Saúde: Não se desleixe e cuide de si. Dinheiro: As suas economias estão instáveis, tenha algum cuidado. TOURO Amor: Seja mais atrevido e ousado nesta área da sua vida. Saúde: O excesso de ansiedade não é favorável para a sua saúde. Dinheiro: Seja mais equilibrado nos seus gastos. GÉMEOS Amor: Cuidado com os falsos amigos! Cuide melhor do seu amor. Seja o seu melhor amigo! Saúde: Tendência para dores nas pernas. Dinheiro: Pode agora comprar aquele objecto de que tanto gosta. CARANGUEJO Amor: Se der ouvidos a terceiros, poderá sair prejudicado. Uma personalidade forte sabe ser suave e leve como uma pena! Saúde: Cuidado com os seus ouvidos. Dinheiro: Não se precipite e pense bem antes de investir as suas economias. LEÃO Amor: Poderá ter de enfrentar
uma zanga familiar, mas não fique preocupado, pois tudo se resolverá. Aceite os erros dos outros. Saúde: Cuidado com o sistema nervoso. Mantenha a serenidade. Dinheiro: Não se deixe abater por uma maré menos positiva nesta área da sua vida, pois nem tudo está perdido!
SAGITÁRIO Amor: Liberte-se do passado pois o presente tem muitas coisas boas para lhe oferecer. Você merece ser feliz! Saúde: Procure fazer uma vida mais saudável. Dinheiro: Cuidado com os gastos supérfluos.
VIRGEM Amor: Se está só, prepare-se, pois é provável que a seta do Cupido invada o seu coração. Que a luz da sua alma ilumine todos os que você ama! Saúde: Cuidado com o uso excessivo de ar condicionado. Dinheiro: Seja prudente nos seus investimentos.
CAPRICÓRNIO Amor: Não tenha receio de dizer a verdade por mais que isso lhe custe. Que a determinação e a Luz estejam sempre consigo! Saúde: Cuide dos seus pés. Dinheiro: Poderá planear uma viagem ao estrangeiro, pois as suas economias já lho permitem.
BALANÇA Amor: Deverá expressar o quanto ama a pessoa que tem a seu lado. Saúde: Deve cuidar melhor da sua mente e do seu espírito, alimente-a com pensamentos positivos! Dinheiro: Não deixe que os outros tomem decisões ou falem por si, imponha o respeito no seu local de trabalho. ESCORPIÃO Amor: Irá viver momentos escaldantes com a pessoa que ama. Que tudo o que é belo seja atraído para junto de si! Saúde: Não coma demasiados doces. Dinheiro: Não gaste além das suas possibilidades.
AQUÁRIO Amor: Organize um jantar para juntar os seus amigos. Tome a iniciativa, é você que cria as oportunidades! Saúde: A rotina poderá levá-lo a estados depressivos. Saiba evitálos. Dinheiro: Não se precipite nos gastos. PEIXES Amor: Procure dar atenção às suas verdadeiras amizades. Viva a sua vida para que o seu exemplo possa servir de modelo aos outros! Saúde: Tenha mais confiança e dê mais valor a si próprio. Dinheiro: Cuidado com as intrigas no seu local de trabalho.
o ã ç i 2ª ed Directório Empresarial Luso-Alemão Das Portugiesische-Deutsche Branchenbuch Centenas de empresas luso-alemãs. Um meio de contactos disponível para todos -particulares e empresas
Indispensável! O Fato Novo Diz um político, num comício: — Eu, sim! Eu sou um político incorrupto! Por estes bolsos, nunca passou dinheiro desonesto! Alguém da assistência: — Ena, comprou um fato novo! Até que a Morte nos Separe Depois de 50 anos de casamento, o velhote morre e vai para o Céu. Passados uns meses, a velhota também morre e também vai ter ao Céu. Mal chega lá, encontra o velhote e diz-lhe enquanto corre para o abraçar: - Meu amor! Meu querido! - Ei, ei, ei! Chega para lá! O acordo foi «até que a morte nos separe!». A Sua Esposa não me Agrada Nada Uma senhora muito feia está gravemente doente e o marido chama o médico. — A sua esposa não me agrada nada — diz o médico. — Nem a mim, tão-pouco — responde o marido. Pergunta Comprometedora Um rapaz está noivo há três anos. — Não achas que já é tempo de casarmos? — pergunta à noiva. — Acho que sim. Mas quem nos quererá?
Um directório que fazia falta à Comunidade Luso-Alemã Encomenda de exemplares e pedido de informações Tel.: 0231 - 83 90 289 ou por fax: 0231: 83 90 289
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PORTUGAL POST Nº 202 • Maio 2011
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PORTUGAL POST 18 ANOS AO SERVIÇO DA COMUNIDADE PORTUGUESA NA ALEMANHA
Portugal Post é um vector de promoção e difusão da nossa Língua e Cultura É-me grato prestar homenagem ao “Portugal Post” na data em que completa 18 anos de existência. Sendo o único jornal português publicado na Alemanha, as suas responsabilidades são duplamente relevantes. Em primeiro lugar, ao prestar aos leitores – sobretudo à Comunidade Portuguesa residente neste país – uma informação abrangente, tão completa quanto possível e actualizada sobre as matérias que mais lhes interessam. E em segundo lugar, como reflexo de que a Comunidade Portuguesa na Alemanha está activa e tem uma palavra a dizer. O “Portugal Post”, pelo trabalho que ao longo destes anos tem levado a cabo, constitui também um factor de aglutinação da Comunidade Portuguesa na Alemanha e um vector de promoção e difusão da nossa Língua e Cultura. Estou certo que continuará a dar um contributo importante para o reforço do sentimento de Portugalidade dos nossos Compatriotas. Quero assim felicitar o “Portugal Post” e desejar-lhe uma longa vida e muitos sucessos, com uma crescente expansão e uma cada vez maior qualidade ao serviço da Comunidade Portuguesa. José Caetano da Costa Pereira Embaixador de Portugal na Alemanha
Ein unverzichtbares Medium “Seit 18Jahren ist die Portugal Post für die über 100 000 in Deutschland lebenden Portugiesen ein unverzichtbares Medium, das aktiv das Gemeinschaftsgefühl fördert und als einzige Zeitschrift einen Überblick gibt über ihre Aktivitäten in den deutschen Städten. Dass die Portugal Post dabei der Hansestadt Hamburg mit ihren speziellen jahrhundertelang gewachsenen Beziehungen zu Portugal besonderes Augenmerk widmet, freut mich natürlich besonders. Die Portugal Post ist aber auch für all jene, die sich, wie zum Beispiel die Portugiesisch-Hanseatische Gesellschaft, für die Vertiefung der Beziehungen beider Länder einsetzen, eine gute Informationsquelle. Uly Foerster, Chefredakteur Lufthansa Magazin, Hamburg”
Devemos estar informados Na qualidade de Presidente da Federação de Empresários Portugueses na Alemanha (VPU) venho por este meio agradecer ao PP pelo valioso trabalho prestado ao longo destes anos. Tanto para a VPU como para os inúmeros empresários portugueses na Alemanha o Jornal é um parceiro de enorme valor, mostrando e reforçando a presença empresarial neste país." Dr. Simeon Ries. Presidente da VPU Federação de Empresários Portugueses na Alemanha
Trabalho sério e rigoroso O Portugal Post cumpre 18 anos de publicação. Foi um tempo de sucesso, construído na base dum trabalho sério e rigoroso que lhe foi granjeando credibilidade e prestígio. A isenção e pluralismo na abordagem dos temas políticos, como instrumento de intervenção democrática, a apologia dos valores cívicos e a motivação e empenho em prol das aspirações e anseios das comunidades portuguesas, fizeram do Portugal Post um título de referência para a generalidade dos seus leitores, os portugueses residentes na Alemanha. Aí, sempre eles encontraram um amparo, uma palavra, o respaldo amigo e o conselho avisado para que ultrapassassem as dificuldades e constrangimentos que sempre afectam quem vive longe da sua terra. Ao jornal, aos seus leitores e, em especial, ao seu director, Mário dos Santos, os meus melhores votos de sucesso e longa vida. José Lello, deputado do PS e ex-Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas
Um espaço privilegiado de encontro da comunidade portuguesa na Alemanha Os 18 anos de existência do Portugal Post provam que as comunidades portuguesas locais da Alemanha necessitam de iniciativas que, sem ignorar as diversidades regionais e os interesses locais, sejam capazes de as projectar para uma dimensão mais larga, criando pontos de afirmação comum e linhas de actuação coordenada. Ao longo destas quase duas décadas, o Portugal Post tornou-se o espaço privilegiado de encontro da comunidade portuguesa na Alemanha, próximo das realidades locais, mas sem perder de vista o todo nacional e internacional. E entre os artigos de qualidade jornalística variada, os comentários por vezes de qualidade surpreendente, as cartas de leitor tão autênticas, o programa cultural das associações, os anúncios das pequenas empresas „lusófonas“, descobre-se a comunidade portuguesa real, viva e heterogénea, materializada naquelas folhas de papel. O Max-Planck-Gymnasium de Dortmund encontrou no Portugal Post um espaço sempre aberto às questões da educação e do ensino e a boa vontade de um director bem consciente da importância das políticas educativas. O nosso agradecimento profundo e os nossos parabéns ao Mário dos Santos, o principal suporte deste projecto. Margarida de Lima, Professora Max-Planck-Gymnasium
Junte-se a nós Preencha o boletim de assinatura Veja na página 3 O porta-voz da comunidade portuguesa na Alemanha Desde há anos que acompanho a publicação do Portugal Post, que tem sido para mim uma importante fonte de informação. Considero muito importante haver um jornal como o Portugal Post na Alemanha principalmente por duas razoes: 1. Como somos uma comunidade bastante pequena e dispersa por várias partes da país em que vivemos o Portugal Post é um elo de comunicação e de troca de informação entre as várias comunidades; 2. uma vez que os hábitos de leitura dentro da comunidade variam muito, também entre as gerações, o Portugal Post é um contributo importante para manter o contacto com a língua portuguesa escrita, particularmente para os lusos-descendentes. Para concluir, o Portugal Post constitui uma plataforma e é o porta-voz da comunidade portuguesa na Alemanha. Dora Mourinho, Socióloga
O Portugal Post presta um inestimável serviço à comunidade portuguesa na Alemanha A universalidade dessa relevante contribuição é reflectida em cada edição, que tem artigos escritos por autores representativos vindos de todas as partes da Alemanha. As opiniões divergentes sobre temas actuais e do interesse da comunidade, com certeza contribuem para o debate de ideias, divulgando e despertando ao mesmo tempo o espírito crítico dos leitores. Parabéns. Michaela Azevedo Ferreira Advogada, Bonn
Glückwunsch Portugal hat unzählige Freunde in Deutschland: Viele haben schon Urlaub gemacht zwischen Minho und Algarve, dort gearbeitet oder studiert. Andere schätzen Pessoa oder Saramago, sind Fans von Mariza oder Madredeus, Figo oder Cristiano Ronaldo, lieben Pastéis de Nata oder Bacalhau. Noch wichtiger: viele Deutsche mögen Portugal, weil sie portugiesische Kollegen, Nachbarn oder Freunde haben, weil die Kinder mit Portugiesen zur Schule gehen oder weil der Espresso im nettesten Café oder Restaurant in der Nähe Bica heißt. All diese Menschen sollten eigentlich die "Portugal Post" lesen, um auf dem Laufenden zu bleiben und um die Portugiesen in Deutschland noch besser zu verstehen. Am schönsten wäre es aber, wenn die deutschen Freunde Portugals sich mehr mit eigenen Texten und Ideen an der Zeitung beteiligen würden. Dann könnten die nächsten siebzehn Jahre "Portugal Post" noch stärker im Zeichen von Dialog und Miteinander stehen. Dr. Marco Bertoloso Leiter der Abteilung Zentrale Nachrichten beim Deutschlandfunk