PORTUGAL POST ANO XVI • Nº 196 • Novembro 2010 • Publicação mensal • 2.00 € Portugal Post Verlag, Burgholzstr. 43 • 44145 Dortmund • Tel.: 0231-83 90 289 • Telefax 0231- 8390351• E Mail: correio@free.de •www. portugalpost.de •K 25853 •ISSN 0340-3718
Entrevista com Ana Moura
Federação de Empresários tem nova direcção
«O fado é o meu caminho» Ana Moura está de regresso à Alemanha com um concerto na Philharmonie de Colónia . Vem apresentar o seu quarto álbum, «Leva-me aos Fados», numa casa com um público tradicionalmente exigente. Mas não há motivos para preocupações: a elevada qualidade do trabalho e da execução da artista e dos seus músicos já demonstraram ser garantia de sucesso mesmo em países onde o fado continua a ser considerado um género «exótico». A poucos dias do concerto de Colónia, o Portugal Post falou com Ana Moura sobre o novo álbum, o concerto e a emoção do fado. Página 19
Em cima da Esq.: Simeon Ries, presidente. Maria do Rosário de Pinho Bayer e Rogério Pires, vicepresidentes e Niels Peters, tesoureiro. Página 7
Eleições Candidatos presidenciais já têm mandatários na Alemanha Página 9
Arquitecto português que viveu em Munique entre 1746 e 1817 homenageado por Círculo de Amigos O Círculo de Amigos de Herigoyen festejou com individualidades da política, da cultura e da economia os duzentos anos da nomeação régia do arquitecto português Manuel José de Herigoyen (1746-1817) como Alto-Comissário das Obras Régias da Baviera. O simpósio comemorativo teve lugar no passado dia 29 de Outubro Königssaal do Palácio Montgelas, actualmente integrado no prestigiado Hotel Bayerischer Hof, em Munique com a presença do Secretário de Estado da cultura de Portugal. Página 3
Cultura O “Livro”, a nova obra de José Luís Peixoto, uma reflexão sobre a emigração Página 13
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PORTUGAL POST Nº 196 • Novembro 2010
PORTUGAL POST
Editorial Mário dos Santos
Agraciado com a medalha da Liberdade e Democracia da Assembleia da República Fundado em 1993 DIRECTOR: MÁRIO DOS SANTOS
CORRESPONDENTES ALFREDO CARDOSO: MÜNSTER ANTÓNIO HORTA: GELSENKIRCHEN JOÃO FERREIRA: SINGEN JORGE MARTINS RITA: ESTUGARDA JOSÉ PINTO NASCIMENTO: DÜSSELDORF KOTA NGINGAS: DORTMUND MANUEL ABRANTES: WEILHEIM -TECK MARIA DOS ANJOS SANTOS - HAMBURGO MICHAELA AZEVEDO FERREIRA: BONA ZULMIRA QUEIROZ: GROß-UMSTADT COLUNISTAS ANTÓNIO JUSTO: KASSEL CARLOS GONÇALVES: LISBOA DORA MOURINHO: ESSEN FERNANDA LEITÃO: TORONTO HELENA GOUVEIA: BONA JOSÉ EDUARDO: FRANKFURT JOSÉ VALGODE: LANGENFELD LAGOA DA SILVA: LISBOA LUIS BARREIRA, LUXEMBURGO MARCO BERTOLOSO: COLÓNIA MARIA DE LURDES APEL: BRAUNSCHWEIG PAULO PISCO: LISBOA RUI MENDES: AUGSBURG RUI PAZ: DÜSSELDORF TERESA COLAÇO: COLÓNIA ASSUNTOS SOCIAIS JOSÉ GOMES RODRIGUES: ASSISTENTE SOCIAL CONSULTÓRIO JURIDICO CATARINA TAVARES: ADVOGADA MICHAELA A. FERREIRA: ADVOGADA MIGUEL KRAG: ADVOGADO FOTÓGRAFOS: FERNANDO SOARES AGÊNCIAS: LUSA. DPA IMPRESSÃO: PORTUGAL POST VERLAG
Crise do associativismo - o eterno problema
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ais uma vez se volta a falar aqui da situação de agonia que o movimento associativo vive. Todos os meses recebemos notícias de fecho de associações, para tristeza de muitos, a passividade de outros e o desinteresse de uma boa percentagem da comunidade. Está bom de ver que o que está a ditar a morte lenta do associativismo luso aqui na Alemanha é a implacabilidade dos novos tempos, isto é, as transformações sociais e culturais que as associações não acompanham, reflectindo um atraso que se estende, em muitos casos, às próprias pessoas que as dirigem pouco sensíveis à sua formação e valorização social e cultural. É pena que as associações acabem pouco a pouco devido a muitos factores, uma das quais tem a ver com a própria transformação que se verifica no seio da comunidade. Não se pode dizer que estamos perante um processo inevitável. Há formas alterna-
REGISTO LEGAL: PORTUGAL POST JORNAL DA COMUNIDADE PORTUGUESA NA ALEMANHA ISSN 0340-3718 • K 25853 PROPRIEDADE PORTUGAL POST VERLAG REGISTO COMMERCIAL HRA 13654 OS TEXTOS PUBLICADOS NA RÚBRICA OPINIÃO SÃO DA EXCLUSIVA RESPONSABILIDADE DE QUEM OS ASSINA E NÃO VEICULAM QUALQUER POSIÇÃO DO JORNAL PORTUGAL POST
As associações fundadas por aqueles que hoje estão muito idosos e sem forças deveriam ter um papel de solidariedade social e de apoio à terceira-idade; de apoio ao ensino da língua e cultura portuguesas; de apoio às mães, à assistência social; e ter actividade culturais e recreativas onde o prazer do convívio e o fomento do conhecimento através de actividades lúdicas contribuísse para retirar à solidão muitos idosos e não idosos, etc.. O tempo da sueca, disto e daquilo sem interesse e do truque em transformar as instalações em casas de pasto com o fito de angariar receitas para as despesas já acabou. Esse truque tem, até, trazido bastantes mais problemas quando o fisco aparece com a factura. É sobre esta questão que abrimos nesta edição um debate em que alguns dirigentes são chamados a depor sobre alternativas à actual forma de associativismo. Esperamos que possamos contribuir para encontrar soluções que fortaleçam as associações, senão...
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tivas de evitar o colapso, uma delas é, por exemplo, transformar as associações em casas portuguesas com funções sociais e culturais bem diferentes daquelas que no passado moveram as colectividades. Dizemos ainda que é preciso transformar e unir, isto é, acabar com a dispersão, unir por regiões as associações que ainda existem e apetrecha-las de uma gestão moderna, condições que podem ditar o seu futuro. Associações tal como na maioria dos casos existem hoje tinham sentido no passado longínquo. Talvez até fizessem sentido em aldeias portuguesas onde se iria para jogar à sueca, ao dominó, beber uma “mini” e... nada mais. Mas estamos na Alemanha. As novas gerações de portugueses pensam moderno e “alemão” e a sociedade é hiper desenvolvida. Aquela ideia de que é necessário levar os jovens às associações para os atrair estáse a tornar falsa. Primeiro: os jovens não vão lá e, segundo, se vão lá produz-se um efeito contrário ao desejado, isto é, aquele mundo não é o deles.
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REDACÇÃO E COLABORADORES CRISTINA KRIPPAHL: BONA FRANCISCO ASSUNÇÃO: BERLIM FERNANDO A. RIBEIRO: ESTUGARDA JOAQUIM PEITO: HANNOVER LUÍSA COSTA HÖLZL: MUNIQUE
ENTREVISTA
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Comunidade lusa de Munique valoriza e aposta na cooperação cultural com a Baviera O Círculo dos Amigos do arquitecto Manuel José Herigoyen(1746/1817), o governo regional da Baviera e a Siemens AG uniram esforços e levaram a cabo um Simpósio em honra do célebre lusoalemão, de que ainda hoje se podem ver algumas „ obras „ nos jardins e imóveis de vulto da capital bávara. F.A.Ribeiro, em Munique
O governo português esteve representado por Elísio Summavielle, actual Secretário de Estado da Cultura, que comparou o brilho e a glória de Herigoyen com a aura europeia de hoje do pintor-residente, António Costa Pinheiro, que partilha o sol e a claridade algarvia do Sotavento e o forte cosmopolitismo de Munique no Inverno. Factor especial e decisivo foi o empenho concreto e detalhado realizado por Pedro Pires de Miranda, vice presidente da Siemens AG, que apadrinhou e cativou o evento com uma deliberada e dinâmica relação com o projecto da multinacional sobre „O Desenvolvimento Sustentável Urbano“ que está a lançar através dos Cinco Continentes.. Era esperada uma forte delegação portuguesa - com a ministra da Cultura à cabeça - que ficou retida pelas áleas espectaculares da discussão do Orçamento de Estado para 2011. Só o presidente do IPPAR e um representante da Ordem de Arquitectos portugueses acompanharam E. Summavielle no fim-de-semana de 29 e 30 do passado mês de Outubro. A Jornada cultural de Munique destacou o impacto positivo que os „líderes de opinião „ lusitanos têm granjeado ao longo dos anos junto da activa e multicultural Comunidade Portuguesa local. Construíram uma Liga dos Amigos do famoso arquitecto luso-alemão, onde, justamente, o conselho e a perspicácia do pintor Costa Pinheiro serviu de incentivo e grande e avisado conselho. A ideia germina há um quarto de século e só este ano se consumou na criação de uma entidade cultural com vida e personalidade. O consultor de empresa, José Rodrigues dos Reis, o arquitecto, Pedro Castro, e o empresário José Carlos Fonseca aglutinaram e concitaram todas as boas-vontades e polarizaram a Opinião Pública, mesmo a nível regional, o que não é despiciendo. Carlos Faria, um Leitor de Português da Universidade
Valorizar a comunidade lusa em Munique foi o motivo do simpósio. Foto: Marion Vogel
de Munique, associou-se também à iniciativa com um saber de quase duas perfeitas décadas de intercâmbio social e cultural de alto nível. O que sobressaiu muito do evento luso cultural de Munique foi a proximidade das autoridades regionais da Baviera e a simpatia e respeito que dispensam aos nossos compatriotas. A imagem de Portugal está muito valorizada pelo intercâmbio cultural e científico entre Portugal e a Baviera, caso único no concerto nacional na Europa Continental. As Universidades e os Centros de Pesquisa Científica de Munique bem como as grandes empresas Siemens e BMV à cabeça – recebem muitos estagiários e bolseiros portugueses todos os anos. O exemplo do grande arquitecto luso-alemão, Manuel José de Herigoyen, nunca se apagou. Tendo nascido em Lisboa, a 4 de Novembro de 1746, Herigoyen permaneceu alguns anos na Corte Portuguesa que o reinado de D. José I interrompeu para sempre, por causa da polémica política reformista muito forte do Marquês de Pombal. Segundo rezam os historiadores, o grande terramoto de Lisboa (1755) causou uma impressão decisiva neste jovem, educado no seio da corte: os anos seguintes, os de uma reconstrução maciça e mo-
derna da capital lusitana, contribuíram muito para desenvolver o seu talento precoce. Depois de uma curta estadia na terra dos avós paternos, Bayonne, foi estudar Arquitectura e Matemática para Paris. Completou os seus estudos em Viena, onde construiu os seus primeiros
edifícios e viveu como representante militar da Renânia-Palatinado na Inglaterra e na Holanda. Manuel d´Herigoyen foi nomeado em 1798 arquitecto da corte e encontrou em Aschaffenburg um campo de actividade que veio ao encontro das suas inclinações. Ainda nos anos da sua
residência em Mainz, Herigoyen levou a cabo a reconstrução do castelo de Johannisburg, que só veio a ser concluída na transição do século. Especial enlevo consagrou aos arranjos paisagísticos do parque e castelo na quase-ilha de Schönbusch, mesmo em frente de Aschaffenburg.
As armas da verdadeira cultura Um espectáculo só tem sentido através de uma Cultura, uma Civilização, uma aprendizagem. A. Saint-Exupéry.(In Terre des Hommes ) O acontecimento cultural de Munique - a homenagem ao arquitecto luso-alemão M.José Herigoyen-demonstra duas grandes verdades. Concretas, incontornáveis e positivas: A Cultura- livre-totalmente livre, multicultural e cosmopolita é um factor de intercâmbio e inteligência superior dos povos e Comunidades. A 29 e 30 de Outubro passados. a Comunidade lusa da capital da Baviera mostrou como andar para a frente. Com justo sentido e entreajuda. Com garra e brio: encheu o magnífico terrazo do Fórum da Siemens com a nata da sociedade alemã e lusitana residente. Todos se empenharam em realçar a ousadia, bravura e génio do Manuel José de Herigoyen. E todos celebraram e brindaram em honra de António Costa Pinheiro, o grande pintor português da Europa do séc.XXI, vivo, feroz e despreocupado que se passeava entre nós, a contar as suas fortes histórias de Paris, Lisboa, Porto e Munique. F.A.R.
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NACIONAL & COMUNIDADES
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Orçamento de Estado 2011:
Consulados:
Instituto Camões perde oito por cento da verba de 2010
Sindicato Trabalhadores Consulares anuncia adesão à greve geral de 24 de Novembro
O orçamento para o Instituto Camões sofre um corte de oito por cento em relação à estimativa da execução de 2010, passando de 44 para 40,5 milhões de euros. Esta redução é justificada, na proposta de Orçamento para 2011 entregue na Assembleia da República, como „medida de contenção da despesa pública no agrupamento económico afecto aos encargos com o pessoal“. A promoção da língua continua no centro da política do Instituto Camões, que aponta para um reforço da oferta de cursos no exterior e o incentivo a parcerias publico-privadas também neste campo. Esta é a principal linha de ação apontada na proposta de Orçamento, no capítulo referente à po-
lítica cultural externa a desenvolver pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros através do Instituto Camões. Como nos outros setores, a orientação é no sentido de racionalizar o investimento e potenciar os recursos disponíveis. As linhas gerais da política definida para o Instituto Camões vêm na sequência da política desenvolvida em 2010, nomeadamente com a estratégia da “intervenção por blocos regionais”. É proposto o reforço da articulação da diplomacia cultural com a diplomacia económica, “em linha com a crescente importância do peso das indústrias culturais na economia e do valor económico da língua portuguesa para a internacionalização do país”. A promoção da língua será feita através do ensino, quer na
tradicional rede nos níveis básico e secundário, a envolver as comunidades portuguesas, quer no reforço nas universidades e outras instituições, para responder à “crescente procura do português como língua internacional”. Esta entrada no mercado das línguas envolve a possibilidade da criação de centros de língua portuguesa em parcerias público-privadas, à semelhança do que foi recentemente criado em Milão. No domínio da cultura, o Orçamento mantém o objetivo de, até 2013, reforçar a presença portuguesa nas diferentes manifestações artísticas internacionais, através da criação e qualificação de uma rede de centros culturais. Esta ação deverá ser desenvolvida de uma forma concertada com outros departamentos do estado, e com entidades públicas ou privadas.
220 emigrantes futebolistas O diário “Correio da Manhã” (CM) revelou que há 220 jorgadores emigrantes espalhado pelas mais variadas equipas do mundo. Revela o diário lisboeta que os futebolistas portugueses não fogem à tradição nacional de rasgar fronteiras em busca de novas e melhores oportunidades. O dinheiro é a principal motivação – Cristiano Ronaldo ganha no Real Madrid, entre salários e prémios, 30 milhões de euros por ano, que fazem dele o terceiro futebolista mais bem pago do Globo. O CM descobre um futebolista luso no outro lado do Mundo, geograficamente e na conta financeira, também há um português: Publicidade
Nani,uma das estrelas do futebol mundial mos e da Lei Bosman, que permitiu a abertura de fronteiras. Muitos dos jogadores que andam pelo Chipre e outras Ligas de menor expressão aos olhos dos portugueses não tiveram mercado em Portugal. O antigo jogador internacional diz que o dinheiro nem sempre explica as mudanças radicais na vida dos atletas, e dá o seu caso. „Eu posso dizer que quando comecei a carreira ganhava pouco menos do
aceite de modo nenhum com a facilidade com que o Governo acha que este é o caminho único: tirar a quem trabalha”, acrescentou. Aquele dirigente sindical considerou ainda possível que os trabalhadores consulares venham a pronunciar-se de “forma mais dura”, porque, frisou: “aquilo a que estão a sujeitar-nos é ainda mais duro do que a situação geral dos nossos colegas na Administração Pública”. “Isto é perfeitamente insustentável. Não pode deixar de merecer uma resposta que será aquilo que os trabalhadores quiserem e que com certeza vai ser aderir, pelo menos, à greve geral”, assegurou.
Câmara luso-alemã promoveu missão comercial a Estugarda A Câmara luso-alemã trouxe empresários portugueses à Alemanha em Outubro para conhecerem algumas das últimas soluções de eficiência energética para a indústria. A Câmara de Comércio e Indústria Luso-Alemã realizou de 12 a 15 do passado mês de Outubro de Outubro uma missão comercial à Alemanha, para divulgar aos empresários portugueses algumas das mais recentes soluções para a eficiência energética na indústria. A missão visitou oito empresas alemãs na cidade de Estugarda. Entre os produtos em foco na visita dos empresários portugueses foram motores eléctricos, sistemas de produção de calor e frio e de compressão e ventilação, bombas, iluminação, entre ou-
Portugueses no Mundo:
chama-se Fangueiro, é extremo, destacou-se no V. Guimarães e no Gil Vicente e agora actua no Top Hanoi. Numa Liga portuguesa muito ‘estrangeirizada’, o mercado nacional está saturado, disse ao CM João Vieira Pinto, vice-presidente do Sindicato de Jogadores. „Há muitos jogadores que emigraram por não terem encontrado clubes para actuar em Portugal. É um reflexo da economia em que vive-
Sindicato Trabalhadores Consulares anuncia adesão à greve Os trabalhadores dos consulados e missões diplomáticas portuguesas vão aderir à greve geral convocada pelas duas centrais sindicais portugueses para o próximo dia 24 de novembro, disse fonte sindical. Jorge Veludo, secretário geral do Sindicato dos Trabalhadores Consulares e das Missões Diplomáticas (STCDE), salientou que em causa estão as promoções que deixaram de ser feitas a partir de 1999 e o congelamento, desde 2004, das progressões na carreira. “Isto é perfeitamente insustentável. É a política socialista que temos, mas que não pode ser
que quando a terminei, vinte anos depois, no Boavista“, afirmou o ex-internacional português e agora dirigente. Mas João Pinto também reconhece que há, por exemplo, diversos clubes na II Liga espanhola que pagam muito melhor do que equipas portuguesas da I Liga. Esta realidade do êxodo de futebolistas portugueses do nosso campeonato é lamentada por João Pinto. „Nada tenho contra os estrangeiros, até porque também há jogadores portugueses a actuar no estrangeiro. Mas é preciso cuidado“, disse o dirigente do sindicato, salientando a boa qualidade dos futebolistas portugueses. „Muitos dos que estão fora podiam estar a jogar em Portugal. O jogador português tem valor, mas este êxodo reflecte muito da conjuntura internacional. Há equipas inglesas sem jogadores ingleses, só para dar um exemplo“, disse João Vieira Pinto ao CM.
tros. A Câmara Luso-Alemã lembra que „a Alemanha constitui uma referência internacional pelo reduzido consumo energético da sua produção industrial“ e que „nos últimos trinta anos o país conseguiu baixar a energia utilizada para cada unidade produzida em cerca de 30%“. „Esta missão comercial permite aos empresários conhecerem as mais recentes soluções para reduzir os custos da factura energética e ganharem uma panorâmica geral sobre as oportunidades de poupança nas tecnologias transversais, além de terem a oportunidade de falarem com especialistas sobre a situação individual da sua empresa“, refere a mesma entidade, em comunicado.
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NOTÍCIAS
PORTUGAL POST Nº 196 • Novembro 2010
SCUT: Estrangeiros obrigados a carregar 100 euros de três em três meses, eventuais saldos não acumulam
Os veículos pesados de matrículas estrangeiras que optem pelo dispositivo temporário para circular nas antigas SCUT têm de pagar, pelo menos, 100 euros de três em três meses, já que eventuais saldos não transitam de um carregamento para o outro. “Um pesado estrangeiro tem de carregar 100 euros de 90 em 90 dias. O carregamento é válido apenas para esse prazo. No final de cada carregamento, perde automaticamente direito ao dinheiro que entretanto não tiver gasto”, explicou fonte dos CTT. Esta “novidade” apanhou desprevenidos alguns automobilistas
espanhóis, que estavam convencidos de que os saldos acumulariam. “É, realmente, impressionante. É roubar o mais que podem. Obrigam-nos a comprar este aparelho e obrigam-nos a gastar pelo menos 100 euros de três em três meses. Mas onde é que já se viu uma coisa destas?”, insurgia-se Carlos Padin, oriundo de Pontevedra, na Galiza. Os carregamentos para os pesados estrangeiros que optem pelo dispositivo temporário são de 100 euros de três em três meses, baixando o valor para metade no caso dos ligeiros. “É muito dinheiro, muito di-
nheiro”, desabafava Rui Marques, português há oito anos radicado na Galiza. Os dispositivos temporários para estrangeiros estavam a ser vendidos num posto de atendimento dos Correios montado “de emergência” na estação de serviço da A28 em Neiva, Viana do Castelo. Os estrangeiros podem ainda optar por um dispositivo da Via Verde, indicado para os utilizadores regulares. “Não sabíamos de nada, vínhamos cheios de dúvidas. Há uma enorme confusão e uma grande falta de informação”, queixou-se Carlos Padin.
PSD-Alemanha diz que Coordenação do Ensino em Berlim não tem meios para resolver as situações Publicidade
O Partido Social-Democrata (PSD) remeteu ao PP um comunicado em que manifesta preocupação sobre a situação do ensino de português na Alemanha e, como adianta, “tomou medidas para que sejam resolvidos, o mais rapidamente possível, as actuais situações de falta de professores e salas de aulas para os cursos de língua e cultura portuguesas”. O PSD diz que “com a passagem da responsabilidade do ensino de português no estrangeiro do Ministério da Educação para o Instituto Camões, sem ter sido dado a este os meios necessários para a resolução de muitos problemas e como não se acautelaram situações, com a substituição de coordenadores, fecho de secções de apoio ao ensino nos consulados etc. gerou-se uma acomulação de problemas que, no caso da Alemanha, a nova coordenadora, pessoa competente, não pode resolver com a brevidade que todos desejamos, pois sem meios não há resultados”. Sem poder “culpar quem não tem culpa”, o PSD remeteu o assunto para a Assembleia da República, ao cuidado do deputados do PSD pela Europa, Carlos Gonçal-
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Comunidades:
Lei eleitoral para Presidente da República vai ser alterada A Lei Eleitoral para o Presidente da República vai ser alterada e as mudanças deverão entrar em vigor já no escrutínio do próximo dia 23 de Janeiro, foi decidido na Assembleia da República. As mudanças mais significativas têm a ver com a redução de três para dois dias de votação dos eleitores residentes fora do território nacional e a fixação em 5000 eleitores do número mínimo para a criação de assembleias de voto, quando anteriormente aquele limite era de 1000 eleitores. Durante o debate realizado na Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, as bancadas parlamentares do PS, PSD e CDS-PP anteciparam que vão votar favoravelmente o texto no plenário, em data ainda a fixar, enquanto o PCP e o Bloco de Esquerda anunciaram que votarão contra. No final dos trabalhos, o deputado Paulo Pisco (PS) disse que as alterações aprovadas são “um incentivo à participação nas eleições para a Presidência da República”, que juntamente com as legislativas são escrutínios que, reconheceu, são marcados por “elevadíssima abstenção” Hugo Velosa (PSD), por seu lado, destacou a uniformização dos regimes eleitorais em que são chamados a participar os emigrantes portugueses. “Existiam vários regimes para os processos eleitorais para os portugueses residentes no estrangeiro e o processo para o Presidente da República seguia regras que já não condiziam com as outras. O objetivo do que aqui se fez, independentemente de haver agora um processo eleitoral ou não, é haver regimes iguais para
todas as eleições”, frisou. O deputado social-democrata rejeitou, por outro lado, as alegações dos deputados comunistas e do Bloco de Esquerda, defendendo que as alterações “não favorecem ninguém”. Nuno Magalhães (CDS-PP) saudou as alterações aprovadas, e sustentou que as mesmas “satisfazem o interesse que deve ser de todos e que é a promoção da participação eleitoral, nomeadamente de portugueses que são nossos concidadãos e que não residem no território nacional”. Em sentido contrário pronunciaram-se António Filipe (PCP) e Luís Fazenda (BE). “Não estamos em momento de alterar a Lei Eleitoral para o Presidente da República, e é essa a nossa objecção de fundo”, disse o deputado comunista. O facto das presidenciais estarem já marcadas e a legislação que vier a ser aprovada em votação fina global no plenário ser depois promulgada pelo atual chefe de Estado, merece as maiores reservas do PCP. “Estamos com eleições marcadas. Estamos precisamente a três meses de eleições, e esta legislação, a ser aprovada em votação final, vai ser promulgada pelo Presidente da República que já é candidato e tem eleições marcadas. Não é altura”, vincou. Luís Fazenda disse que apenas pode estar satisfeito pelo facto da maior parte dos emigrantes portugueses poder vir a votar nas presidenciais e, referindo-se ao PS e PSD, recordou que “há muito tempo que os partidos políticos que têm deputados eleitos pelos círculos da emigração poderiam ter suscitado a questão”. PP com Lusa
PALOP
Emigrantes enviam 109,1 milhões de euros para Portugal ”Coordenador do ensino em Berlim, Sílvia Melo, é competente”, diz PSD ves e, fora de Europa, José Cesário, “que já solicitaram ao Ministro dos Negócios Estrangeiros esclarecimentos sobre o que se está a passar”. “Não aceitamos que tantas crianças e jovens portugueses, uma grande mais valia para Portugal, não tenham aquilo a que têm direito, o ensino de português”, denuncia o partido de Pedro Passos Coelho.. “Estamos, pois, atentos ao problema, não deixaremos passar despercebido e lutaremos, em conjunto com os pais e encarregados de educação, pela resolução deste problema, que depois de alguns anos de normalidade voltou à confusão”, conclui o comunicado.
As transferências correntes com os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) tiveram, pela primeira vez, em 2009, um saldo positivo para Portugal de 67,1 milhões euros, sustentado pelas remessas de emigrantes portugueses em Angola, revelou esta segunda-feira o Banco de Portugal. No total, incluindo PALOP e Timor-Leste, o volume de remessas líquidas atingiu 67,1 milhões de euros, sendo que emigrantes portugueses enviaram para o país 109,1 milhões de euros, enquanto as remessas dos imigrantes foram de 42 milhões de euros. Este valor traduz uma subida de 130 por cento face a 2008, quando o volume de remessas líquidas tinha sido ainda negativo para Portugal em 6,4 milhões de
euros. A grande evolução deu-se nas remessas de emigrantes portugueses em Angola, que atingiram os 103,5 milhões de euros (70,9 milhões de euros em 2008), enquanto os imigrantes as remessas de imigrantes angolanos em Portugal foram de 12,3 milhões de euros (13,1 milhões de euros em 2008). Em 2005, o saldo foi negativo para Portugal em 35,4 milhões de euros, tendo vindo a melhorar desde então até atingir em 2009, pela primeira vez como referido, um saldo positivo. Os dados são do relatório sobre a evolução das economias dos PALOP e Timor-Leste, e relações comerciais e balanças de pagamentos de Portugal com estes países.
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Opinião António Justo Presidente alemão fala Texto claro no Parlamento Turco
Integração e liberdade religiosa um problema árabe O presidente alemão, em visita de cinco dias à Turquia, expressa dois temas que preocupam a Europa: o problema da integração de turcos e árabes e o problema da liberdade religiosa. Christian Wulff, ainda no primeiro dia de visita ao país amigo, fala texto claro. Perante o Parlamento turco em Ankara começou por louvar a produtividade dos primeiros trabalhadores imigrantes, passando depois a referir os problemas da integração dos descendentes turcos na sociedade alemã: “É importante que nomeemos os nossos problemas com clareza. A eles pertencem persistir na ajuda estatal, nas quotas de criminalidade, atitude macho, recusa de formação e de produtividade (trabalho e rendimento) ”. Com este discurso, o presidente mostra aquilo em que os turcos sobressaem na Alemanha. Enquanto a juventude turca na Turquia se revela activa e interessada na formação e produtividade, na Alemanha manifesta-se como recusadora da mesma dinâmica.
De notar que na Turquia a juventude não se pode encostar à providência do Estado. Além disso instruiu os parlamentares dizendo que “sem dúvida, o cristianismo faz parte da Turquia”. Apelou indirectamente para a importância da reciprocidade bilateral ao dizer que os mu-
çulmanos na Alemanha podiam “praticar a sua fé em ambientes dignos”, referindo-se às muitas mesquitas na Alemanha. Defende os mesmos Direitos para Cristãos. A Alemanha “espera que cristãos tenham em países islâmicos o mesmo direito de viver a sua fé em público, de formar nova geração
de teólogos e de construir igrejas”. De facto na Turquia, e pior ainda noutros países islâmicos, as administrações locais e o povo impedem a construção de igrejas e a restauração de igrejas antigas; o estado não permite a formação de padres na Turquia; e os cristãos são discriminados na sociedade e
na administração. São identificados através dum número característico para cristãos no bilhete de identidade, de modo a não poderem assumir postos representativos ou de confiança no aparelho do estado. A política de repressão dos cristãos conseguiu reduzir na região, nos últimos 100 anos, a população cristã de 25% para uma quota ridícula que não atinge já números inteiros na escala percentual ficando-se numa representação de pró mil! Revelador da dificuldade do diálogo com uma grande maioria da comunidade turca na Alemanha é o facto de o Presidente alemão ter de optar por falar na Turquia para poder ser ouvido pelos turcos na Alemanha. De momento a única maneira que os políticos têm de fazer chegar a sua mensagem à comunidade turca na Alemanha é falar a partir da Turquia. O facto de a Alemanha poder falar abertamente na Turquia revela não só um sinal da mentalidade franca e rectilínea alemã mas também um indício de que a Turquia se torna mais madura socialmente.
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COMUNDADES-ALEMANHA
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Federação de Empresários Portugueses na Alemanha elege nova direcção
Presidenciais
Candidato comunista às presidenciais visitou a Alemanha
Francisco Costa, à direita, em conversa com portugueses numa associação O candidato comunista à Presidência da República Francisco Lopes passou pela Alemanha para contactar os portugueses em encontros tidos em associações em Düsseldorf e Hilden. A deslocação, que aconteceu no passado dia 8 de Outubro, serviu
para um debate na Associação Portuguesa Sanjorgense (Düsseldorf) com representantes da Comunidade Portuguesa daquela região no qual participaram dirigentes associativos, membros de comissões de pais, conselheiros das comunidades e do conselho
consular, professores e outros membros destacados da comunidade portuguesa. Foram debatidos problemas que afectam a comunidade, com destaque para o agravamento da situação do ensino do português e a falta de apoio do Governo e do Estado português ao movimento associativo. À noite realizou um jantar no Centro Português de Hilden com a participação de dezenas de apoiantes onde Francisco Lopes, acompanhado de Rosa Rabiais, responsável pelo sector da emigração do PCP, explicou as razões da sua candidatura à Presidência da República no contexto da grave situação que se vive em Portugal. No início do jantar, o Candidato foi saudado por Luciano Caetano da Rosa em nome da Organização do PCP na Alemanha.
Mandatário de Manuel Alegre na Alemanha anuncia criação de comissão de apoio ao candidato Nelson Rodrigues, mandatário para a Alemanha do candidato presidencial Manuel Alegre (ver notícia na página 9), anunciou em nota enviada ao PP a criação de uma comissão de apoio “com individualidades civis, de norte a sul da Alemanha”, individualidades estas com reputação entre os portugueses na Alemanha. Nelson Rodrigues aponta as regiões de Estugarda e Hamburgo como áreas de onde vão surgir nomes para a composição da comissão. No comunicado enviado ao PP, Nelson Rodrigues recorda que aceitou ser mandatário porque, diz, defende os mesmos valores de Manuel Alegre: solidariedade social, a liberdade de pensamento e espírito crítico perante o poder
neoliberal e financeiro da actualidade”. Nelson Rodrigues adianta que “temos que fazer frente ao labirinto financeiro e impedir uma resignação política. A direita à volta de Cavaco Silva rebaixam-se a essas forças do mercado financeiro” “Manuel Alegre “é consequente e realista. Sem medos e com a coragem necessária. É um homem da palavra e com grandes valores”, adianta o mandatário Nelson Rodrigues recorda que o candidato Manuel Alegre dirigiu-se recentemente às comunidades dizendo que se candidata para levar a cabo o cumprimento do projecto que está inscrito na Constituição: “uma República moderna, com liberdades e garantias
individuais, com direitos sociais inseparáveis dos direitos políticos e que continue a assegurar os direitos dos portugueses que residem e trabalham no estrangeiro” Nelson Rodrigues, de 49 anos de idade, estudou Sociologia, Germânicas e jornalismo nas Universidades de Mainz e Münster, é filho de emigrantes e diz-se “membro da segunda geração”. Trabalha desde 1988 como assistente social da Cáritas para os portugueseses. Chefia também o Departamento de Migrações e de Integração das Cáritas de Rheine, na Vestefália. Foi ainda um dos impulsionadores da geminação entre as cidades de Rheine e Leiria. Desde 1987 ocupa diferentes lugares políticos na autarquia de Rheine e no Distrito de Steinfurt.
O fim do Lar dos portugueses de Ludwigsburg Mais uma associação portuguesa que fecha as suas portas à comunidade. Trata do Lar dos Portugueses em Ludwigsburg que põe um ponto final numa história com mais de 40 anos de uma das mais antigas e fortes casas portuguesas do estado de Baden- Württemberg. Esta associação até ao seu fecho albergou um rancho Folclórico com o mesmo nome e uma equipa de futebol (Águias de Ludwigsburg) que era até bastante conhecida a nivel futebolistico em Baden- Württemberg. Nos últimos anos esta casa portuguesa vinhase debatendo com os habituais problemas com que muitas associações se debatem. Problemas que, embora não sejam complicados, custam em muitos dos casos a resolverem por falta de recursos.
No entanto, o Lar dos Portugueses debatia-se com a falta de condições para acolher as pessoas durante o Inverno. A juntar a deficiências que tinham a ver com as instalações que era tudo menos
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acolhedor e simpático, existiam ainda problemas em suportar os elevados custos mensais de manutenção. De lamentar o algum desinteresse dos dirigentes desta colectividade ao não terem elaborado atempadamente uma equipa de trabalho que pudesse eventualmente ter encontrado uma solução para resolver alguns dos problemas existentes evitando assim o fecho desta colectividade. Igualmente, é também de lamentar que os cerca de 100 associados tivessem mostrado pouco interesse no campo do associativismo não sendo capazes de encontrar um grupo de futuros dirigentes capazes e interessados na continuação e preservação desta tradição. Jorge Rita, correspondente
Em cima da Esq.: Simeon Ries, presidente. Maria do Rosário de Pinho Bayer , Rogério Pires, vice-presidentes, e Niels Peters, tesoureiro. A Federação de Empresários Portugueses na Alemanha (Verband Portugiesischer Unternehmen in Deutschland e.V. - VPU), reuniu a sua assembleia-geral no passado dia 8 de Outubro para eleger os seus novos corpos gerentes. Reconduzido no cargo de Presidente da agremiação empresarial fundada em 1996 por Duarte Branco, Simeon Ries volta a dirigir os destinos da VPU desta vez acompanhado por novos vice-presidentes, tais como Rogério Pires, responsável na Alemanha pelo banco Santander Totta, e ainda pelos advogados Maria do Rosário de Pinho Bayer e Niels Peters, entre outros. A nova direcção da VPU, mandatada por um período de dois anos, chamou a si alguns dos objectivos a concretizar no seu mandato. O reforço de parcerias, concretamente com entidades nacionais, é uma das apostas da nova direcção O presidente Simeon Ries e os restantes membros da nova direcção manifestaram o desejo em continuar a empenhar-se na tarefa reforçar a sua base de sócios de modo a alargar a plataforma de contactos que tem vindo a ser proporcionada aos seus associados. Apenas assim se pode fazer jus ao papel de organização represen-
tante do empresariado. Para tal depositam especial confiança numa boa rede de parceiros, da qual fazem parte o conselho consultivo da VPU, como sejam, a AICEP Portugal Global, a Embaixada de Portugal em Berlim e a Embaixada da Alemanha em Lisboa, o grupo parlamentar luso-alemão e, ainda, as empresas portuguesas na Alemanha, bem como e as empresas alemãs em Portugal. A continuação da cooperação sobretudo com a União dos Empresários das PME de Portugal (UEMPE) e com outras federações empresariais na Alemanha, será, igualmente fomentada. Outro dos objectivos desta nova equipa é o desenvolvimento e a implementação de novos projectos a nível comunitário. Por último, o recém-eleito presidente da VPU convida todos os empresários portugueses na Alemanha a tornarem-se sócios da VPU. Simeon Ries diz que uma das vantagens em ser sócio da VPU é a possibilidade de acesso a uma vasta plataforma de contactos de empresas alemãs e portuguesas, sendo este um excelente meio de divulgação para estabelecer contactos comerciais e troca de experiências. Michaela Ferreira dos Santos
Constituição dos novos corpos gerentes da VPU Dr. Simeon Ries (Presidente), Frankfurt Maria do Rosário de Pinho Bayer (Vice-Presidente), Berlim Rogério Pires (Vice-Presidente), Colónia Niels Peters (Vice-Tesoureiro), Wuppertal Outros membros da Direcção: António Vasconcelos (Hamburgo), Augusto Ramos (Colónia),Dr. Carla Batuca-Branco (Bona), Michaela Ferreira dos Santos (Colónia), Nuno Mendoça (Munique), Paulo Amaral (Porto).
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COMUNIDADE - ALEMANHA
PORTUGAL POST Nº 196 • Novembro 2010
3 perguntas a .... Embaixador de Portugal em Berlim, José Caetano da Costa Pereira “As preocupações da comunidades estão bem presentes no meu espírito” PP -Durante estes quase quatro anos de missão neste país, que iniciativas tomou a Embaixada para ajudar a minorar as dificuldades que o movimento associativo dos portugueses atravessa? Visitou alguma vez uma associação de Portugueses para se inteirar pessoalmente dessa preocupação dos nossos compatriotas? Embaixador - A Embaixada e os Postos Consulares na Alemanha dedicam permanente atenção a todos os assuntos que dizem respeito à Comunidade portuguesa neste país e assim, naturalmente, também às questões atinentes ao associativismo. Constatamos que na Alemanha, como um pouco por toda a Europa, o movimento associativo, nos moldes tradicionais que conhecemos, tem enfraquecido. Diversos factores, entre os quais o geracional, bem como as diferentes perspectivas e novos interesses das camadas mais jovens, e o facto das nossas Comunidades estarem cada vez mais bem integradas nas sociedades que as acolhem, podem contribuir para este fenómeno. Esta situação tem sido acompanhada com atenção pela Embaixada e pelos Postos Consulares e também tem sido abordada
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Embaixador de Portugal em Berlim, José Caetano da Costa Pereira. Foto:PP
no âmbito das nossas reuniões periódicas com os Senhores Conselheiros para as Comunidades Portuguesas na Alemanha. É do conhecimento das Comunidades que existe a possibilidade de acesso a apoios nacionais, designadamente da Direcção-Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas do Ministério dos Negócios Estrangeiros, que visam incentivar iniciativas de associativismo, desde que preenchidos os requisitos necessários. Não posso deixar de felicitar os esforços desenvolvidos por algumas associações que prosseguem a sua acção com determinação, vitalidade e dinamismo e procuram ser criativas, com novas formas de promover o associativismo. Desde a minha chegada à Alemanha que, aqui em Berlim e nas minhas deslocações por este país, tenho contactado centenas de compatriotas, membros ou não de associações, que me dão conta da
realidade em que vivem e cujas preocupações estão bem presentes no meu espírito. PP- Os encontros que o Senhor tem tido com os membros do CCP (Conselho das Comunidades Portuguesas) têm servido exactamente para quê? Embaixador - Para mim e para os meus colegas na Embaixada e nos Postos Consulares, as reuniões com os membros do Conselho das Comunidades Portuguesas na Alemanha têm sido muito úteis e proveitosas. Elas permitem passar em revista e proceder à regular avaliação das diversas facetas da vida da Comunidade Portuguesa na Alemanha. Os assuntos são tratados com grande abertura, quer aqueles que são levantados pela nossa parte, quer os que são levantados pelos Senhores Conselheiros.
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Estou em crer que este sentimento é partilhado pelos Senhores Conselheiros das Comunidades Portuguesas na Alemanha, porque sempre me têm dado conta do seu interesse na realização destas reuniões. Desde a constituição do Conselho das Comunidades e da eleição dos representantes pela Alemanha já realizámos cinco reuniões, o que bem atesta a importância que atribuímos a este diálogo. PP – Já poderá comunicar aos portugueses se (e quando) haverá um Conselheiro Social nessa embaixada? E, já agora, não será a existência de um Conselheiro Social mais prioritária do que um Conselheiro Cultural? Embaixador - As áreas social e cultural, bem como política, económica, consular e de ensino, são todas importantes na acção externa do Estado Português na Alemanha, que, com o apoio das competentes entidades em Lisboa, a Embaixada e os postos Consulares procuram levar a cabo, respondendo às solicitações e desafios que nos são colocados. Como é do conhecimento geral, dispomos de técnicos na Embaixada para tratar dos assuntos sociais.
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Caros Leitores, O PORTUGAL POST exorta os seus leitores a sugeriram temas que digam respeito à comunidade lusa na Alemanha e que gostariam de ver tratados nas páginas do nosso jornal
Informação da Embaixada Equivalência das habilitações A Embaixada de Portugal em Berlim informa que, nos termos do nº 1 do artigo 6º do DL 227/2005, de 28 de Dezembro, a concessão de equivalência das habilitações de sistemas educativos estrangeiros ao sistema português de nível básico e secundário é da competência do estabelecimento de ensino português que se pretende frequentar. A Coordenação do Ensino Português e os Postos Consulares na Alemanha não possuem, portanto, competência para emitir declarações de equivalência de habilitações do sistema educativo alemão. A intervenção dos Postos Consulares na instrução do pedido de equivalência encontrase regulada no nº 2 do artigo 7º,
que dispõe que, “o requerimento é acompanhado dos documentos comprovativos das habilitações devidamente traduzidos, quando redigidos em língua estrangeira, e autenticados pela Embaixada ou Consulado de Portugal, ou pela Embaixada e Consulado do país estrangeiro em Portugal, ou com a apostilha para os países que aderiram à Convenção da Haia, de 5 de Outubro de 1961”. Tal significa que, no que respeita às atribuições dos Postos Consulares na Alemanha nesta matéria, apenas a autenticação dos documentos comprovativos de habilitações releva da sua competência. Dita autenticação não releva, portanto, das competências da Coordenação do Ensino Português.
Para esclarecimento da Comunidade Portuguesa na Baviera, informa-se de que se estão a processar, conforme previsto e nos termos do Regulamento Consular português, as permanências consulares em Munique. Dada a cessação de funções do anterior titular do Consulado Honorário em Munique, ocorrida em Abril findo, resultou necessário, até ao presente momento, recorrer à Missão Católica de Munique para a realização das referidas permanências. Contudo, a partir de agora e até à futura nomeação de um novo titular para aquele posto honorário, aquele serviço consular realizar-se-á na Technischen Rathaus, sita na Friedenstrasse 40, 81660 München. Assim, e até ao final de 2010, a próxima permanência terá lugar naquelas instalações, no dia 11 de Novembro, entre as 10h00 e as 16h00 (serão brevemente comunicadas as datas para 2011). O técnico de serviço social deste Consulado-Geral estará, por conseguinte, disponível para atendimento do público naquele local, quer para efeitos de apoio social, quer como emissário deste posto consular para o reconhecimento presencial de assinaturas e de procurações nas suas mais variadas formas. Recorda-se, ainda, que a instrução de pedidos de cartão de cidadão e de passaporte requer a deslocação dos respetivos impetrantes residentes no Bade-Vurtemberga e na Baviera ao Consulado-Geral em Estugarda. Manuel Gomes Samuel Cônsul-Geral de Portugal em Estugarda
Dixit
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Esclarecimento Com pedido de publicação
Palavras sempre actuais
“O português residente no estrangeiro é fundamental para a TAP, mais do que eu próprio imaginava” (...) O português residente no estrangeiro é uma das bases mais sólidas que nós temos e de cada vez que se estuda a possibilidade de uma nova ligação aérea, começamos sempre por avaliar a densidade da comunidade portuguesa aí residente. Toda a vez que pensamos em aumentar os serviços avalia-se sempre a possibilidade de adesão dos portugueses das comunidades. O residente no estrangeiro é um componente fundamental na operação da TAP, e, sinceramente é-o bastante mais do que eu próprio imaginava (...) In Extracto da entrevista concedida ao Emigrante/Mundo Português a 6 de Novembro de 2009
Centro Português de Brauschweig contemplado com subsídio O Diário da República publicou a listagem de subsídios atribuídos a associações pela DirecçãoGeral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas de Janeiro a Junho de 2010. Vista no pormenor, apenas uma colectividade lusa na Alemanha foi contemplada. Tratase, neste caso, do Centro Português de Braunschweig que recebeu € 3.200 para promover as comemorações do 30º aniversário. Noutro âmbito, o Diário da República, divulga que foram atribuídos € 2.250 para visita de estudo aos Cursos de Língua e Cultura Portuguesas de Neuss.
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PORTUGAL POST Nº 196 • Novembro 2010
Reunião entre embaixador, cônsules e um conselheiro
Eleições presidenciais
Muita parra e pouca uva
Candidatos presidenciais já têm mandatários na Alemanha
Aconteceu mais uma reunião em Berlim no seguimento daquelas que se tem vindo acontecer entre os membros do Conselho das Comunidades Portuguesas e o Embaixador de Portugal, o qual faz-se sempre acompanhar dos cônsules, da responsável pelo ensino e outros diplomatas. A última reunião aconteceu no passado dia 16 de Outubro com a presença de um conselheiro, no caso concreto do conselheiro não eleito Alfredo Cardoso, o embaixador, os cônsules, o Conselheiro Cultural... Tanto quanto o PP pôde apurar, a questão que mais tempo ocupou a reunião foi o ensino. Assim, a nova responsável pelo ensino informou quem quis ouvir que “80 % das aulas dos CLP estavam já em funcionamento”, havendo ainda “seis horários por preencher”, o que correspondia a cerca de 540 alunos sem aulas, situação esta na iminência de ser resolvida, segundo declarações ao PP da responsável pelo ensino. No que se refere ainda ao ensino, os responsáveis informaram o único conselheiro que a área de Estugarda era a mais afectada, isto é, “com cursos sem
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Manuel Ferreira, mandatário de Cavaco Silva, Luciano Caetano da Rosa, mandatário de Francisco Costa e Nelson Rodrigues, mandatário de Manuel Alegre. Fotos: PP
docentes”. A reunião também serviu para os cônsules informarem os presentes sobre as várias dificuldades no que diz respeito à inexistência de “docente de apoio” junto dos consulados, cabendo agora esta responsabilidade aos chefes de cada posto. Para além de informações actuais, o embaixador disse ao conselheiro Alfredo Cardoso que “a Comunidade de Berlim será enriquecida com dois hotéis portugueses Sana e Pestana, de grupos empresariais portugueses” . O conselheiro também ficou informado que “serão anunciadas oportunamente iniciativas dirigidas à comunidade”, sem se explicarem que tipo de iniciativas. O conselheiro Alfredo Cardoso chamou a atenção para a situação dramática em que vive o movimento associativo, dizendo que “se devia criar um novo pro-
cesso de apoio junto das colectividades, porque senão acabam por encerrar as suas portas. Isto porque não existem pessoas que queiram tomar conta dos destinos das mesmas. A nova geração não tem interesse em desenvolver as actividades, porque nunca integraram o processo de gestão das colectividades”. Alfredo Cardoso disse-nos que também informou as entidades presentes sobre o bom exemplo que o Centro Português em Essen representa “pelo enorme apoio que está a dar ao Projecto de Intercâmbio da Escola Portuguesa em Essen com outras escolas espalhadas pela Alemanha. Pessoalmente, fiz entregar um dossier sobre o mesmo projecto, ao embaixador e à Sra. cônsul. Esperamos que seja aprovado e que recebam algum apoio financeiro”, escreveu-nos Alfredo Cardoso. MS
GENTE NESTA EDIÇÃO MERECE DESTAQUE por muitas e variadas razões a professora Margarida de Lima. Uma delas, a principal, tem a ver com o seu empenho no Max-Planck-Gymnasium, escola onde lecciona português no âmbito de um projecto de ensino integrado para alunos luso-descendentes, alunos de países de expressão portuguesa, de famílias bilingues e também para todos os alunos interessados. Aconselha-se, pois, os pais que têm filhos em idade escolar a recolher informações sobre o projecto num Dia de Porta Aberta (ver caixa ao lado) em que os encarregados de educação e todos os interessados são convidados a ficar a saber mais sobre um projecto original de ensino da língua de Camões. Margarida de Lima, juntamente com os seus/suas colegas, tudo faz para atrair os alunos luso-descendentes e lusófonos a um projecto que deve merecer o apoio de toda a comunidade da região. Recorda-se ainda que, tal como Margarida de Lima nos informou, no Max-Planck o Português é desde há 30 anos uma disciplina de opção para alunos lusófonos a partir do 5°ano de escolaridade e desde há alguns anos língua estrangeira para alunos do secundário (Sekundarstufe II). A partir deste ano lectivo, será língua de opção no 8° ano.
Os candidatos às eleições presidências já escolheram os mandatários para a Alemanha. As eleições, que vão decorrer no dia 23 de Janeiro próximo, tem já candidatos : Fernando José de La Vieter Ribeiro Nobre, Defensor Moura, Francisco Lopes , Manuel Alegre e José Pinto Coelho, candidato conotado com a extrema direita, são os candidatos que já apresentaram oficialmente a sua candidatura. O actual Presidente, Cavaco Silva, também já anunciou a sua recandidatura ao Palácio de Belém. . Tanto quanto o PORTUGAL POST pôde apurar, a candidatura do prof. Cavaco Silva terá como mandatário Manuel Ferreira, director bancário e candidato pelo PSD às últimas eleições legislativas pelo circulo da Europa. Manuel Alegre, que concorre a estas eleições pela segunda vez, tem como seu representante junto
do eleitorado luso na Alemanha o sociólogo Nelson Rodrigues, exmembro do Conselho das Comunidades Portuguesas. Por sua vez, o candidato do PCP, Francisco Lopes, terá como mandatário o professor catedrático Luciano Caetano da Rosa. Quanto ao candidato Fernando Nobre, a sede da candidatura não respondeu ao nosso pedido. Quanto a quem tem possibilidades de vencer as eleições, as sondagens divulgadas pelos vários órgãos de comunicação social atribuem, regra geral, a vitória ao candidato apoiado pela direita portuguesa, PSD e CDS. Em seguida, surge Manuel Alegre com cerca de 30 %. Francisco Costa e Fernando Nobre seguem-se com percentagens que não chegam aos dois dígitos. Na edição de Dezembro, o PP vai debruçar-se sobre as eleições presidenciais. MS
Dia da Porta Aberta no Max-Planck-Gymnasium, Dortmund Como já é habitual, vai-se realizar também este ano um Dia da Porta Aberta para pais e alunos interessados no Max-Planck-Gymnasium, Ardeystr. 70-72, 44139 Dortmund ( junto ao estádio Signal-Iduna) sábado, dia 20 de Novembro, das 9 às 14 horas O Max-Planck-Gymnasium é o único Gymnasium em NRW que oferece Português como ensino integrado para alunos luso-descendentes, alunos de países de expressão portuguesa, de famílias bilingues e também para todos os alunos interessados. No Max-Planck, Português é - desde há 30 anos uma disciplina de opção para alunos lusófonos a partir do 5°ano de escolaridade - desde há alguns anos língua estrangeira para alunos do secundário (Sekundarstufe II) - a partir deste ano lectivo, língua de opção no 8° ano. Para os alunos lusodescendentes e lusófonos existe um projecto de apoio com longa tradição. Vimos por isso convidá-los a fazer, no Dia da Porta Aberta, uma visita à escola para ter a oportunidade de conversar com as professoras sobre o futuro escolar dos seus filhos e conhecer a escola. Cá os esperamos e… não hesitem em perguntar! Contacto: Professora Margarida de Lima, tel. 0231 730019
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OPINIÕES
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Na sequência do artigo que publicamos na passada edi- tas intervenções sobre, na sua perspectiva, caminhos ção sobre o projecto de fusão de associações na cidade para a resolução da crise que o movimento associativo de Hagen, pedimos a vários dirigentes associativos cur- atravessa.
Associativismo em debate Fernando Genro* Congresso associativo resolveria os problemas
Manuel Botelho* Não à criação de uma federação do folclore
É do conhecimento de toda a comunidade, pelo menos da comunidade que frequenta as associações, que o movimento associativo atravessa uma crise, ou, como alguns dizem, o associativismo está mal. Mas eu pergunto: Está mal ou em crise porquê? Os directores no activo, e futuros directores, terão conhecimentos de fundo para gerir uma colectividade? Há apoios das entidades competentes? Será que as pessoas que mais falam da crise fazem alguma coisa para a tentar ultrapassar? Todas estas questões merecem uma reflexão e uma análise e acho que é por aqui que se deve começar a combater este problema. A realização de um „Congresso do Associativismo“, que se houvesse meios financeiros de certeza já se teria organizado, seria uma possibilidade de reunir o maior número de directores associativos para analisar o problema e elaborar soluções e tomar medidas concretas. * Membro do Conselho das Comunidades Portuguesas e dirigente associativo, Düsseldorf
Realmente, a crise que o movimento associativo atravessa não é de agora e, se quisermos ser sinceros, já se regista de alguns anos a esta parte. Em minha opinião, é preciso que as Associações voltem em a serem a segunda casa onde se vai para praticar o associativismo e não sejam só meros restaurantes. Para que esta crise seja vencida é preciso estimular os jovens e as crianças a aderirem às actividades das associações, isto é, devem investir no futuro adaptando as suas práticas aos novos tempos. Um outro ponto que merece ser destacado aqui, é, sem dúvida, a anunciada criação de uma Federação de Folclore que, quanto a mim, que vem dividir o que há muito se queria unir: as associações . Esta dita Federação de folclore pode e deve ser integrada na FAPA (Federação das Associações Portuguesas na Alemanha), até porque somos poucos e não há espaço para as duas federações. A fórmula para este problema passa também pela maior união dado de todas as agremiações associativas para fazer jus ao ditado „ a união faz a força“ * Presidente do Etnográfico Solingen Membro do conselho de Integração da cidade de Solingen (ZUWI)
Maria do Céu Campos* É preciso aliciar os Jovens 1 - Os jovens devem ser motivados para assumirem as direcções das colectividades, tendo a ajuda dos mais velhos que poderão ser o „conselho da experiência“ mas nunca sabichões intolerantes; 2 -Um maior trabalho de colaboração com as entidades oficiais,portuguesas e alemãs,que poderão
subsidiar projectos que se apresentem,bem como um trabalho de colaboração com as Câmaras Municipais das cidades onde existam associações 3-Tem de haver um trabalho „relações públicas“ com outras colectividades e organizações, estrangeiras e alemãs, isto é,não se pode andar sózinho,esse tempo passou. * Dirigente associativa, Ravensburg
Comentário do Leitor Aonde iremos parar com este desandar? Qual vingança de Mefistófeles nestes duros tempos que correm: almoça-se já mais barato nos restaurantes – lusos ou nacionais do país anfitrião – do que nos para-legais sítios de comes-e-bes das ditas Associações. Que dizem zelar pelo bem-estar, harmonia e Cultura pátrias! Qual foi a partida que o destino nos(lhes)pregou? Como tudo isto é possível nas barbas equivocadas e senis da burocracia nacionalizarenta? Durante anos a fio, com a maré da reconstrução da Alemanha reunificada, despoletaram como cogumelos cetenas de pólos associativos, onde os legais e idealistas cotejavam com os arrivistas e caçadores de arcas encoiradas. Fizeram- se fortunas em pouco tempo.Houve novelas passionais e um surto de doenças ...hepáticas em desmesura.
Existiram donativos, tômbolas, bandas, farsas e muitas ilusões.Há quem se tenha tornado campeão de „ sueca „ de snooker e de comentários desportivos. Podia ter sido uma festa, mas não, quase que raia a tragédia, já. No mundo da Internet, paradoxalmente, a crise que nos arrasta desde 2008, transformou-nos em papelões das(in)conveniências, do deixa andar e do quanto pior... melhor. Só nos falta parar para pensar e sonhar com o regresso impossível da miragem de vender gato por lebre, que nos anima o coração,a carteira e o estômago. Sem emenda? Aoande iremos parar com este desandar? Victor Faro, Estugarda
Francisco Morganho* Não é com cursos de formação que se resolvem os problemas Os problemas com as associações não são só de agora, já se vêm arrastando há mais de 20 anos, sem que os membros directivos das mesmas se empenhem em debater a fundo esses problemas para tentar encontrar soluções rápidas e eficazes. Como cada vez há menos pessoas, estes problemas vão-se agravando ainda mais. Do meu ponto de vista não é só com cursos de formação como muitos já têm escrito no PORTUGAL POST que se combate a crise associativa. Se se frequentar um destes cursos e se abandonar a associação pouco depois sem se transmitir ao sucessor os conhecimentos necessários ficamos na mesma. É necessário não só cativar novos sócios portugueses como também alemães ou de outras nacionalidades. A condição essencial é ter gosto por este tipo de trabalho, ter bom poder de comunicação e apresentar actividades e programas culturais ou de convívio interessantes e diversificados. Os conselheiros da DGACCP deveriam visitar as associações (e não só as maiores!) mais assiduamente, pois o contacto informativo é necessário. Lembro aqui que as direcções das associações se devem também dirigir às autoridades das cidades locais (câmaras municipais, institutos da cultura, etc.) para conseguirem apoios financeiros para as suas actividades culturais. Deve-se dinamizar e fomentar a divulgação da cultura portuguesa junto das comunidades locais mas sobretudo há que dirigir e gerir uma associação com transparência, honestidade, com um diálogo construtivo e entusiasmo pelo trabalho associativo. * Dirigente associativo, Braunschweig
Vitor Lima* Tenho esperança no futuro São muitas as dificuldades que temos de ultrapassar no dia a dia das nossas Associações. Uma vez que as tarefas dos dirigentes, bem como os serviços prestados pelos sócios, são cada vez mais escassas entre a nossa comunidade. É enorme o dilema que se vive quando se aproxima o momento de eleger novas direcções e nos deparamos com a dificuldade em encontrar substitutos capazes e disponíveis para prosseguirem o trabalho realizado ao longo dos anos. A comunidade portuguesa, tem, a meu ver novas exigências, as quais não tinha nos anos 70 e 80 . Com o aparecimento de vários canais de tv em língua portuguesa, quer por satélite, quer via internet, e ainda as chamadas viagens de avião de baixo custo, leva-nos a estar mais próximos do nosso País. Acrescida ainda da rápida e fácil integração dos nossos jovens em actividades lúdicas e desportivas em clubes Alemães, para já não falar de como é frequente conversar com amigos e familiares do nosso sofá, através do ” Messenger ”ou outro meio virtual qualquer, o que nos leva a ter menos motivos para sair da nossa casa . As associações têm de se ajustar às novas realidades da sociedade actual. Sou dirigente Associativo numa associação em Weinheim com 12 Anos de vida e sou daqueles que acredita que é possível dar a volta a esta crise. Não posso deixar de apelar à comunidade Portuguesa para que faça da união a força, para não deixar morrer o movimento associativo na Alemanha. Um bem haja para todos os dirigentes e para todos os que trabalham para manter vivas todas estas colectividades. *Vice-presidente da Associação União Lusitana Rhein Neckar e. V.
COMUNIDADE
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José Gomes Rodrigues despede-se ao fim de 32 anos ao serviço dos portugueses
Conta-nos como foi No momento em que anuncia para 1 de Dezembro o início da sua reforma após 32 anos ao serviço da Cáritas, José Gomes Rodrigues tem que obrigatoriamente ser notícia neste (seu) jornal que não quer deixar de lembrar aquilo que foi a sua vida dedicada à comunidade na Alemanha.
1975 José Gomes Rodrigues 2010 José Gomes Rodrigues, Assistente Social da Cáritas, Neuss, é conhecido dos nossos leitores pela sua participação mensal no nosso jornal com uma coluna social, de muito interesse para a comunidade, diga-se. No momento em que anuncia para 1 de Dezembro o início da sua reforma após 32 anos ao serviço da instituição, José Gomes Rodrigues tem que obrigatoriamente ser notícia neste (seu) jornal que não quer deixar de lembrar aquilo que foi a sua vida dedicada à comunidade na Alemanha. Antes convém dizer que José Gomes Rodrigues (JGR) é uma personalidade que deve merecer respeito de todos pelo trabalho que desempenhou ao serviço da comunidade e do seu próximo. José Gomes Rodrigues tinha 28 anos de idade quando começou a trabalhar na Cáritas como assistente social. Mas, recorda, “tinha exercido a função de professor de língua e cultura portuguesas nas cidades de Mülheim/ Ruhr, Duisburg e Bochum”. Durante a sua
passagem nesta última cidade ele fundou a “escola portuguesa”. JGM Rodrigues revela ao PP que esta sua experiência “foi como um trampolim para o trabalho social”. Assim, iniciou o seu serviço na Cáritas no dia 2 de Janeiro de 1978, em Bad Kreuznach. “Morava então em Hattingen e viajei, no meu velho Fiat 127, para o meu novo local de trabalho numa madrugada de frio e de muita neve. A viagem foi uma aventura. Bad Kreuznach situa-se entre Mainz e Kaiserslautern. Foi aqui que iniciei a minha vida profissional. Era assistente social das diversas comunidades espalhadas pelas dioceses de Trier: Sinzig am Rhein, Merzig, Saarwelingen e Saarbrücken, entre muitos outros pequenos núcleos. Nos primeiros dois anos servi também as comunidades espanholas da cidade de Koblenz e arredores”, recorda. Desde o dia 1 de Abril de 1986 que JGR se encontra em Neuss, “onde permaneço até hoje e permanecerei se Deus quiser”. Agora, aos 60 anos de idade,
este português natural de Vila Nova do Campo, Viseu, não vai deixar o contacto com os portugueses, ajudando-os sempre que for possível. “Nunca poderei abandonar totalmente, pois quem trabalhou durante tanto tempo e, não apenas por interesse financeiro, mas também com prazer e até poderei dizer como vocação, não pode de forma alguma parar”, diz. No que diz respeito à sua situação no PORTUGAL POST, JGR continuará com a sua rubrica de informação social, o que é uma boa notícia para os leitores do PP Voltando um pouco para trás, JGR conta-nos que chegou à Alemanha, a Hattingen/Rhur, em Novembro de 1974. Veio de Roma onde tinha cursado alguns anos em teologia. Até essa altura tinha pertencido a uma congregação missionária, também presente em Portugal, chamada Missionários Combonianos. Mas, no Verão desse ano, JGR tinha experimento a vida na Alemanha, enquanto estudante, trabalhando numa fábrica de plástico em Hammertal, perto de Witten, Ruhr. Já nessa altura trabalhavam muitos portugueses nessa região, incluindo alguns seus familiares. Foi esta circunstância que o trouxe de novo à Alemanha, concretamente para o Ruhr Gebiet (Bacia do Ruhr) “com a esperança de encontrar algum trabalho para poder sobreviver e programar devidamente o meu futuro”. Confrontado com as restrições que a Alemanha impunha à entrada de emigrantes, JGR encontra no trabalho ilegal (aquilo que se chamava na altura trabalhar sem papéis), “uma forma de ganhar algum dinheiro para poder sobreviver. Transportar móveis, limpezas, etc., foram os meus trabalhos iniciais, mas sempre na ilegalidade”, conta o assistente social. Um dia dirigiu-se ao consulado em Düsseldorf e aí “convidaram-me para substituir, durante algumas horas semanais, uma professora de férias de maternidade em Dortmund, ”. Inicia então a sua actividade de professor de português. Passado um ano, JGR conseguiu um horário completo junto da direcção escolar de Duisburg, Mulheim e Bochum. JGR lembra que tinha cerca de 150 alunos até à 9 classe, em quatro escolas, onde leccionava semanalmente. “Foi duro ter-me de desdobrar intelectualmente e continuamente leccionando tantas crianças e em classes tão díspares e com um desenvolvimento intelectual muito diferente”, recorda. Esta experiência e o permanente contacto com as comunidades e a sua vocação de pes-
soa solidária, a juntar à amizade que nutria pela saudosa assistente social, Inês Mendes, concorreu como conselheiro social para a diocese de Trier, com êxito. Em 1981, JGR iniciou um curso piloto, paralelo ao trabalho, na Universidade católica da Renânia do Norte, tendo obtido o diploma de Assistente Social. JGM recorda que o seu trabalho na diocese de Trier “consistia na pura assistência aos portugueses de toda a diocese, nos diversos problemas do dia-a-dia”. Era este trabalho que o fazia percorrer grandes distâncias de uma comunidade para outra. A sua transferência para Neuss deveu-se ao desejo de se fixar numa cidade sem andar a percorrer muitos quilómetros de um lado para o outro. A sua fixação em Neuss levou a encontrar estabilidade numa cidade que o adoptou como cidadão de plenos direitos por ter requerido a nacionalidade alemã, sem renegar, porém, a portuguesa. A este propósito diz que é “um português de alma e alemão de coração.” Sobre as diferenças que JGR encontra entre a actualidade e os anos 70 e 80 no que diz respeito à emigração, “antes éramos trabalhadores convidados, vivíamos digamos com as malas à porta. O nosso trabalho social consistia em procurar aligeirar a estadia sempre provisória da comunidade portuguesa. Dar qualidade a esta permanência às diversas gerações que então viviam aqui. Era o puro assistencialismo. O comportamento da comunidade portuguesa era e creio que continua a ser exemplar”. A actualidade e os sonhos A entrada gradual de Portugal na Comunidade Europeia “veio dar à comunidade uma maior segurança e condições de adaptação. Hoje, os problemas são diferentes e muitos deles são comuns a outras comunidades, incluindo a alemã”, analisa. Com a mudança dos tempos e o evoluir da sociedade, JGR recorda que “a mudança politica de orientação do governo alemão, confessando publicamente uma realidade que sempre existiu: a Alemanha como pais de emigração, veio aumentar a atitude mais aberta e livre da nossa comunidade. Ao mesmo tempo veio dar um novo impulso ao nosso trabalho social e a mudar drasticamente o método de trabalho e de visão dos nossos serviços. A nossa clientela já não é somente a comunidade portugueses mas a pessoa humana independentemente da sua origem, incluindo até a população alemã”. Mas, e sobre a carências so-
ciais de hoje entre aqueles compatriotas que se encontram reformados, “com reformas muito magras e não só, que reduz no mínimo o poder de compra e tendo em consideração também a desejo de continuar a viver aqui junto dos filhos e dos netos que viram nascer, é necessário, da parte dos nossos governantes e da sociedade de acolhimento, medidas apropriadas para dar qualidade aos compatriotas nesta fase”, avisa JGR. . Durante o seu longo trajecto enquanto assistente social, JGR tem muitas recordações que lhe ficaram na memória. Sem poder falar de casos concretos devido ao sigilo que foi / é obrigado a ter enquanto assistente social, ele escolhe algumas recordações como, por exemplo, a grande manifestação festiva da comemoração dos 25 anos da presença portuguesa em Neuss em Abril de 1994. “Não quero deixar de mencionar a organização e realização de inúmeros fins-de-semana para famílias portuguesas. A organização e a manutenção durante tantos anos dum grupo muito activo de senhoras portuguesas, espanholas e brasileiras foi também um projecto que deu os seus frutos e continuam a dar em moldes diferentes”, lembra Findo este 32 anos de se ter colocado ao serviço dos portugueses através da sua missão social, o nosso interlocutor tem ainda alguns sonhos para concretizar, um deles seria uma viagem a países do chamado terceiro mundo “para dar ainda um pequeno contributo de promoção social e humana”, como ele diz. Para já, JGR tem uma viagem a Moçambique planeada onde permanecerá dois meses para se inteirar da situação das populações locais. Visitará também alguns projectos humanitários onde estão ex-colegas. “Aqui na cidade de Neuss tenho um sonho que o tempo não permitiu realizar. Costumo deambular pela cidade com a minha bicicleta pela mão. O sábado é para mim sagrado para esta digressão. Meto conversa com muitos transeuntes. Paro muitas vezes com pessoas já entradas na idade. Nos olhos de muitos deles leio as suas frustrações, as muitas insatisfações. Muitos já perderam a esperança de voltar ao seu meio onde vieram, para outros o aconchego da família já não existe. Com estas pessoas, sonho em formar um grupo multinacional e multicultural e organizar com eles actividades que os elevam e lhes dêem a dignidade que sempre mereceram e que lhes foi, por diversas circunstâncias negada”, conclui. MS
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ENTREVISTA
A Associação Luso-Hanseática (Portugiesisch-Hanseatische Gesellschaft e.V.), com sede em Hamburgo, é uma agremiação localmente conhecida por ter congregado esforços para que a cidade de Hamburgo atribuísse
PORTUGAL POST Nº 196 • Novembro 2010 o nome de uma rua à fadista Amália Rodrigues. Ainda recentemente aquela associação descerrou uma lápide no mesmo sítio alusiva aos 90 anos da famosa cantora de fado. Para além desta iniciativa, a As-
sociação Luso-haseática tem-se desdobrado em iniciativas de âmbito cultural em Hamburgo. O PORTUGAL POST pediu uma entrevista à presidente da associação, Antje Griem. De todas as perguntas enviadas
à presidente, por escrito, ficou uma por responder em que se perguntava concretamente que tipo de apoios a associação recebia das entidades portuguesas. Depois de uma insistência nossa para que esta pergunta fosse
respondida, a presidente da associação informou o jornal que “reserva o direito de não discutir assuntos de natureza monetária, quaisquer que eles sejam, em meios de comunicação social”.
Antje Griem , presidente da Portugiesisch-Hanseatische Gesellschaft e.V.
Achamos que não precisamos de fusões para fomentar as actividades portuguesas PP: Como funciona a estrutura da vossa associação, quantos sócios tem, qual a cota anual dos sócios e desde e há quanto existe? Antje Griem : A nossa associação foi fundada a 6 de agosto de 1996, numa reunião de quase 40 pessoas no Kulturhaus Eppendorf. Ao longo dos anos fomos crescendo em número de associados, atingindo hoje já os 320. A cota anual é de 50 Euros por pessoa, de 70 Euros por casal e de 25 Euros para membros que tenham o estatuto de estudante ou se encontrem desempregados. PP: Na lista dos vossos associados surgem, por exemplo, nomes de tradutores de escritores portugueses. É capaz de nos mencionar alguns nomes de sócios com protagonismo cultural? Antje Griem : Além das duas tradutoras altamente prestigiadas, a nossa ex-presidente Maralde Meyer-Minnemann (António Lobo Antunes, Inês Pedrosa, Paulo Coelho e outros) e Karin von Schweder-Schreiner (Lídia Jorge e vários autores brasileiros), ambas várias vezes galardoadas, há vários sócios que são activos na área do intercâmbio cultural lusoalemão. (Comecemos pelas senhoras!) É o caso da leitora de língua e literatura portuguesas da Universidade de Hamburgo, agora aposentada, Dr. Fátima Figueiredo Brauer, que se tem destacado devido a várias publicações científicas e Natália Dourado von Rahden, autora dos manuais de Português Vamos lá e Vamos ver (editora Hueber). A obra mais vasta sobre os répteis e anfíbios de Portugal é da autoria do nosso sócio Rudolf Malkmus. O ex-director do Museum für Hamburgische Geschichte, o Prof. Jörgen Bracker, grande especialista na história da (Störtebeker), publicou, em 2008, o romance histórico Die Reliquien von pirataria Lissabon, que tem como tema a ajuda prestada aos lisboetas pelos companheiros de Störtebeker, osVitalienbrüder, aquando do cerco de Lisboa pelos castelhanos. De momento, está a preparar um novo romance sobre outra figura alemã de importância para a história de Portugal, Henrique Alemão. Também em 2008, o nosso sócio Volker Gold, autor de dois livros sobre o Algarve, publicou
um estudo sobre outro militar alemão que ajudou os portugueses, o conde de Schomberg (Schomberg im Alentejo 1660-1668). Já em 1996, o nosso responsável pela pasta da cultura, Dr. Peter Koj viu a sua obra em prol da divulgação da língua e da cultura portuguesas no estrangeiro reconhecida pela atribuição do Prémio Fundação da Casa da Cultura de Língua Portuguesa. É chefe de redacção da revista bilingue Portugal-Post, órgão oficial da nossa associação, publicando também em outros órgãos e revistas (tranvía, ESA, Merian). Encontra-se também nas fileiras da nossa associação o porta-voz de Manuel Durão Barroso, Johannes Laitenberger, verdadeiro lusohanseático, pois nasceu em Hamburgo, crescendo na cidade hanseática e Lisboa. PP: Graças à vossa associação, Hamburgo tem hoje uma rua com o nome de Amália Rodrigues. Sendo esta uma iniciativa considerada meritória, que outras iniciativas de grande destaque concretizaram? Antje Griem: Como foi notícia também neste jornal, descerrámos, a 28 de Agosto passado, no mesmo sítio, uma placa comemorativa dos 90 anos que a grande fadista teria completado este ano. Em Abril de 1999, celebrámos os 25 anos da Revolução dos Cravos com uma grande exposição de murais revolucionários vindos sobretudo de Lisboa e um serão no Literaturhaus Hamburg, com poesia e canções de intervenção proferidas pela escritora Regina Correia e o ator Dietmar Mues.
tentamos colmatar esta lacuna organizando, no mesmo sítio, um ou dois concertos por ano com música portuguesa (fado, jazz).
Antja Griem: “Subsidiamos um lar de terceira idade e uma sopa dos pobres em Estremoz”. Foto: PHG Um ano antes, fizemos jus às estreitas relações que existem entre Hamburgo enquanto cidade portuária e Portugal, festejando os 500 anos da “descoberta” da via marítima para a Índia por Vasco da Gama (exposição Mais Malagueta no veleiro Rickmer Rickmers, ex-navio da escola da Marinha Portuguesa, e conferências sobre as descobertas lusas no Museu de Etnologia de Hamburgo). Quando, em 2007, foi inaugurado, na nova HafenCity, o Vasco-Da-Gama-Platz, a nossa associação foi também a grande responsável por um programa vasto e culturalmente adequado às celebrações (teatro, música, informações). O mesmo aconteceu no caso da exposição de pinturas de Amadeo Souza-Cardoso no BarlachHaus (12/2006 – 3/2007). Uma vez que já não se realizam Arraiais Culturais no Museu de Etnologia,
Detalhe da cerimónia do descerramento da lápide alusiva aos 90 anos da fadista Amália Rodrigues. Foto: cortesia PHG
PP: Em tempos a vossa associação promovia acções de caridade para com os portugueses em Portugal. Lembramo-nos, por exemplo, a recolha de roupa e outras ações. Isto quer dizer que as vossas acções vão para lá da cultura? Antje Griem :As nossas actividades continuam a ter uma abrangência mais alargada, que vai para além do âmbito cultural. Exemplos disso são alguns apoios a acções de caridade em Portugal (subsidiamos um lar de terceira idade e uma sopa dos pobres em Estremoz, tal como a obra do Padre Crespo no Bairro da Serafina em Lisboa). Para além disso, estamos sempre dispostos a contribuir com a nossa ajuda sempre que identificamos áreas nas quais podemos ser úteis. No âmbito da PHG Jovem, por exemplo, auxiliamos jovens portugueses recém-chegados a Hamburgo a lidar com problemas burocráticos. PP: Consideram-se uma importante frente da cultura lusa em Hamburgo? Antje Griem : Tentamos ser uma plataforma para o intercâmbio cultural entre as duas nações oferecendo aos portugueses radicados em Hamburgo, a possibilidade de se realizarem nos dois sentidos: integrarem-se na cultura que os rodeia sem prescindirem das suas raízes lusas. Essas nossas iniciativas são bem aceites, o que nos encoraja a continuar este trabalho, que fazemos sem fins lucrativos, por simples prazer e convicção. PP: Como é que acontece a vossa ligação à comunidade de emigrantes portugueses na cidade Antje Griem :Há excelentes ligações com a comunidade portuguesa. Por um lado, temos uma alta percentagem de portugueses na nossa própria associação, entre eles alguns que se associaram também a outras associações portuguesas de Hamburgo. Por outro, cooperamos com entidades e empresas portuguesas com sede em
Hamburgo. PP: Como são as vossas relações com os organismos oficiais portugueses: embaixada, Instituto Camões, consulado, etc? Antje Griem : Também com esses organismos existem excelentes relações. Há uma cooperação muito estreita com o Centro de Língua Portuguesa (Instituto Camões) na Universidade de Hamburgo, na pessoa da Dra. Madalena Simões (p. ex. organizámos juntos um festival de filmes portugueses a 20 de Junho passado). Do mesmo modo, todos os cônsules portugueses que, desde a nossa fundação, em 1996, estavam em exercício, apoiaram o nosso trabalho. Além disso, cooperamos estreitamente com o grupo Elbatejo (no passado denominado Grupo Dinamizador da Cultura Portuguesa), no qual há, além de representantes de vários grupos culturais e recreativos, do Instituo Camões e do Museu de Etnologia, vários sócios da nossa associação. PP: Sabendo da existência de uma outra entidade luso-alemã, a DPG (DeutschPortugiesische Gesellschaft e.V.), por que é que a vossa associação não procura alianças, parcerias ou mesmo a fusão com o objectivo de haver uma grande e forte associação-luso alemã? Antje Griem : Entre as nossas duas organizações existe uma partilha permanente no que se refere a temáticas diversas. Achamos que não precisamos de fusões para manter a amizade que nos une e fomentar as actividades portuguesas em Hamburgo. PP: Em vosso entender, que falta fazer na Alemanha para que a cultura lusa tenha a divulgação e o protagonismo de um país com uma cultura e identidade com quase mil anos? Antje Griem: Claro que se pode fazer muito mais para melhorar a divulgação da cultura portuguesa na Alemanha. Mas não nos compete menosprezar ou criticar os esforços já efectuados pelas entidades responsáveis. A nós compete-nos oferecer o nosso pequeno contributo a quem estiver interessado. MS
LIVROS
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O “Livro”, a nova obra de José Luís Peixoto, uma reflexão sobre a emigração José Luís Peixoto volta aos livros, três anos depois de “Cal”, com “Livro”, uma reflexão sobre a emigração, “uma questão chave na compreensão do que é a história de Portugal e a evolução do país, nos últimos 50 anos”.
“Pela primeira vez dentro dos romances que já escrevi, comecei pelo título. Fez parte da ideia inicial e esteve presente durante todo o tempo de escrita”, contou José Luís Peixoto. O autor não tem dúvidas sobre a particularidade da sua escolha: “Acabam por existir várias ideias na construção do romance que se dirigem para esse título, que sendo um título tão simples, acaba por ser inclusivamente original”. Uma delas prende-se com um livro que é nomeado logo na primeira frase do romance – “A mãe pousou o livro nas mãos do filho” – um livro que vai percorrendo toda a história, “que decorre desde os anos 50 até aos nossos dias e que passa, naturalmente, por momentos marcantes da história recente de Portugal”, com especial incidência na emigração. “Parecia-me que a emigração portuguesa para França, especificamente, mas a emigração portuguesa em geral, não tinha ainda sido tratada pela literatura portu-
guesa da forma como eu imaginava que merecia, tendo em conta a riqueza do tema”, justificou o prémio Saramago de 2001. O tema não é estranho a José Luís Peixoto: “Existe uma relação pessoal com esse tema, baseada no facto dos meus pais terem emigrado para França e de eu ter crescido com essa mitologia de ouvir falar do que era a emigração e do que tinha sido a experiência deles, sem que eu nunca a tivesse vivido”. “À medida que fui aprofundando o tema, pareceu-me que era uma questão chave na compreensão do que é a história de Portugal e a evolução do país, nos últimos 50 anos”, destacou. Para o autor de “Cemitério dos Pianos”, a emigração congrega em si dois aspectos antagónicos: o sonho e a realidade. “Em toda ela existe a ilusão, o sonho, um acreditar tão forte que faz deixar tudo, às vezes com grande sacrifício, e ir perseguir essa quimera”, afirmou José Luís
Peixoto, enumerando as dificuldades que se colocam no concreto – o pouco apoio, a ausência de direitos e o respeito – para explicar o confronto com a realidade. É desse confronto, sustenta, que nasce a escrita: “A escrita existe numa outra dimensão da realidade. É uma transmutação daquilo que na realidade são elementos concretos, que existem sobre uma série de regras e de lógicas que pertencem à própria realidade e que no texto existem sob a forma de palavras”. “Tem de existir um trabalho em que se transforma uma matéria noutra matéria – é quase alquímico. Esse trabalho envolve, necessariamente, toda a abstração e efabulação que existe no sonho, mas também não tem outro referente que não seja a realidade”, salientou o escritor. “Livro” está nas livrarias desde 24 de Setembro e pode também ser encomendado à Portugal Post Shop. Publicidade
José Luís Peixoto Título: Livro Capa mole - Preço: € 29,90
Novidad e Este livro elege como cenário a extraordinária saga da emigração portuguesa para França, contada através de uma galeria de personagens inesquecíveis e da escrita luminosa de José Luís Peixoto. Entre uma vila do interior de Portugal e Paris, entre a cultura popular e as mais altas referências da literatura universal, revelam-se os sinais de um passado que levou milhares de portugueses à procura de melhores condições e de um futuro com dupla nacionalidade. Avassalador e marcante, Livro expõe a poderosa magnitude do sonho e a crueza, irónica, terna ou grotesca, da realidade. Através de histórias de vida, encontros e despedidas, os leitores de Livro são conduzidos a um final desconcertante onde se ultrapassam fronteiras da literatura. Livro confirma José Luís Peixoto como um dos principais romancistas portugueses contemporâneos e, também, como um autor de crescente importância no panorama literário internacional.
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Dia de Cromos Comédia em Português
“Rir é o melhor remédio” Está a aproximar-se o dia em que iremos todos rir com o melhor da comédia há portuguesa, o convívio “Dia de Cromos” espera as mais frescas notícias de “Curral de Moinas”, a aldeia mais desenvolvida de Portugal, temos notícias do casal mais falado “ Tiburcio e Matumbina” entre outros. Para falar de algo que só mesmo eles podem divulgar fica o que se pode descobrir. “A dupla”
uma entrevista na Rádio Nova Era e mais tarde para fazer parte da equipe das manhãs com Pedro Alves. Nasce a dupla “Quim Roscas e Zeca Estacionancio”. Apenas um ano mais tarde, já eram os humoristas mais requisitados na noite do Porto e arredores. O salto para a televisão era esperado e rapidamente começaram a ser convidados para participarem em vários programas. Mas temos a outra parte que não deixa de ser interessante, falamos pois de Fernando Rocha
Conheceram-se em 2000. João Paulo realizava um espectáculo de stand up comedy num bar do Porto; Pedro Alves estava sentado no público fazendo questão de divulgar o fim das anedotas antes do tempo. João convida para Pedro tomar o seu lugar. E ele aceitou! Desta brincadeira surge o convite para
Dia de Cromos Comédia em Português Domingo 05.12.2010 Local: Stadthalle Neuss Locais de Pré-Venda e Reserva de bilhetes: www.ticketonline.com
Para si que tem dificuldades em aceder à internet Todas as Terças-Feiras e Sábados: 12H00 às 18H30 Na Cave Portuguesa / Erkratherstr. 206 / 40233 Düsseldorf Ou, para mais informações e locais de venda pode telefonar: Todos os dias das 12 Horas até às 16 Horas: 0157 / 73 78 42 69 • info@elegancia-events.net
Começou a ser conhecido depois de ganhar o concurso televisivo Ri-te, Ri-te da TVI, mas o seu talento de humorista ressentiu-se sobretudo após a venda do seu primeiro CD, intitulado Portugal a Rir, nessa altura editado pela Edisco. Grande parte do seu sucesso é devido
às suas anedotas que tratam de forma aberta assuntos como o sexo, as raças e etnias ou a biologia mais básica do ser humano. Tanto que no espaço de 6 anos, a Espacial editou cinco CDs e dois DVDs do artista. Fernando Rocha fez, também, parte de um programa humorístico transmitido pela SIC denominado de "Levanta-te E Ri", bem como parte de outro programa de stand-up comedy na Porto Canal de nome "Zumba Na B'jeka". Além de humorista, Fernando Rocha também tornou-se actor não só ao desempenhar o papel de um traficante de armas no filme de comédia Balas e Bolinhos 2 - O Regresso, mas também em papeis humorísticos nos programas da SIC - Os Malucos do Riso, Maré Alta, entre outros. Também tornou-se por duas vezes apresentador de televisão, na SIC, com o programa humorístico Ou Bai ou Rocha e o concurso A ganhar é que a gente se entende. Assim para completar, a Elegancia Events vem até vós para partilhar o evento “Dia dos Cromos “ porque ainda não são autocolantes no dia 05/12 em Stadthale Neuss a partir das 14:30. Reserve o seu lugar para poder chorar a rir em: www.ticketonline.com
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Montepio tem autorização do Banco de Portugal e do Instituto de Seguros de Portugal para avançar com a compra do Finibanco No ano em que completa 170 anos de actividade, o MONTEPIO tem autorização para adquirir o Finibanco do Banco de Portugal e do Instituto de Seguros de Portugal. Com Escritório de Representação na Alemanha, o MONTEPIO dá um passo importante para o reforço da sua posição no panorama da banca nacional. Tratando-se de uma notícia de interesse, o PP enviou algumas perguntas ao responsável na Alemanha, Luís de Freitas
PP- Como se explica este investimento do MONTEPIO Luis de Freitas: - A OPA, a concretizar, tem como origem a vontade de garantir crescimento, desenvolvimento, de criar valores para os associados e clientes. Paralelamente permite reforçar a presença do MONTEPIO no mercado financeiro nacional. PP- Operações desta dimensão exigem esforço financeiro. LF- O MONTEPIO suporta esta aquisição sem recorrer a crédito. PP- Normalmente as aquisições trazem despedimentos.
Luis de Freitas LF- A afirmação responsável
do Sr. Presidente, Dr. António Tomás Correia, é bem clara: “ Não faz sentido que uma instituição com a natureza do MONTEPIO, numa altura de crise social e de crescimento do desemprego, ponha em causa postos de trabalho”. Os postos de trabalho dos colaboradores do Finibanco serão garantidos. Repare, concluída a operação, a marca MONTEPIO absorve a rede de balcões Finibanco e contará com cerca de 505 agências em Portugal. O MONTEPIO estará em zonas do país onde até esta data não está presente e, o numero de balcões que coincidem é muito reduzido. Esses vão assumir outra função, como por expl. agências para PME. PP- O MONTEPIO tem crescido? LF- Efectivamente, a actividade comercial, a excelente relação com os nossos clientes e associados permitiu ao MONTEPIO aumentar a sua quota de mercado. Publicidade
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ALEMANHA
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Exposição em Berlim sobre Hitler e o apoio do povo alemão ao Holocausto e à guerra Abriu no passado dia 15 de Outubro, em Berlim, a exposição “Hitler e Os Alemães”, sobre as relações entre Hitler e o povo germânico e o apoio ao ditador para levar a cabo o genocídio dos judeus e a II Guerra Mundial.
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“Hitler soube aproveitar habilmente a divisão da sociedade, a crise depois da derrota da Alemanha na Primeira Guerra Mundial, para se apresentar como o salvador da pátria, e mobilizar os receios populares através de um discurso agressivo, anti-semita”, explicou Simone Erpel, um dos curadores da mostra no Museu de História Alemã. Na opinião da mesma historiadora, isso não basta, no entanto, para explicar porque tanta gente votou em Hitler, “que chegou também ao poder graças ao apoio das elites, sobretudo do exército”, que pretendiam afastar os democratas do poder, servindo-se de Hitler, “para mais tarde reporem um regime monárquico e autoritário”. Depois de Hitler se tornar chanceler, em 1933, “entende-se que tenha tido sucesso, porque impôs de novo, por exemplo, a Alemanha como grande potência face ao estrangeiro”, disse Simone Erpel. “Já é mais difícil de perceber, porém, como é que conseguiu manter-se no poder depois da derrota na Batalha de Estalinegrado, e quando a dimensão dos crimes nazis já era muito
clara”, adianta a especialista alemã. A exposição, em que se podem ver muitos objectos de culto dos nazis, como os uniformes, as cruzes suásticas, acompanhadas de filmes e fotos das gigantescas paradas militares, faz sempre o contraponto com os crimes cometidos pelo nacional socialismo. Para isso, os organizadores não hesitaram em recorrer a imagens do Holocausto, mas também à sátira, por exemplo, com passagens do filme “O Grande Ditador”, em que Charlie Chaplin ridiculariza
a figura de Hitler. Uma toalha alusiva aos Jogos Olímpicos de Berlim, em 1936, em plena Alemanha nazi, com a bandeira portuguesa estampada, entre as de todos os países participantes, recorda a tolerância com que o resto do
mundo encarou o nazismo, sobretudo antes de rebentar a II Guerra Mundial. Na exposição há também uma edição em Português do “Mein Kampf”, o livro que Hitler escreveu na cadeia, após ser detido por encabeçar um “Putsch” em Munique, nos anos vinte, e onde expõe a sua doutrina racista e anti-semita. A exposição promete ser um dos grandes acontecimentos político-culturais dos próximos meses, mas os organizadores não temem que se torne, simultaneamente, um chamariz para saudosistas neonazis.
“Não tenho receio de que a exposição se torne um local de peregrinação para a extrema direita, até porque estão aqui coisas que também se podem ver na internet, não é preciso vir ao museu”, explica Simone Erpel.
Se houver distúrbios, porém, a polícia estará de sobreaviso, garantiu a curadora do evento. Até 06 de Fevereiro, data de encerramento da exposição, que está dividida em sete secções, “O Mito do Fuehrer”, “Hitler e o Partido Nacional-Socialista” “Transição do Poder e Revolução Nacional”, “A Sociedade Alemã e Hitler”, “O Estado do Fuehrer”, “O Poder do Fuehrer e a Guerra de Extermínio”, a “A Sociedade Alemã na Guerra” e “Hitler sem Fim”, esperam-se dezenas de milhares de visitantes. FA
Proposta para proibir entrada de mais emigrantes turcos e árabes na Alemanha Políticos de vários quadrantes criticaram a proposta do governador da Baviera e presidente da CSU (democratas-cristãos, no governo) de proibir a entrada de novos imigrantes turcos e árabes na Alemanha. „Estou chocada com as afirmações do governador Horst Seehofer“, disse a delegada do governo federal para a integração dos imigrantes, Maria Boehmer, também democrata-cristã.
O presidente da Comunidade Turca na Alemanha, Kenan Kolat, foi mais longe, considerando as afirmações de Seehofer „difamatórias e inaceitáveis“. A líder dos Verdes, Cláudia Roth, acusou o político conservador de „populista de direita incendiário“. Em entrevista publicada, esta segunda-feira, no semanário Focus, Seehofer pronunciou-se contra a emigração „oriunda de círculos culturais estranhos“, alegando que os imigrantes turcos e árabes têm muito mais dificuldades de se integrarem na sociedade alemã do que os imigrantes originários de países europeus. Maria Boehmer acusou o chefe da CSU de „colocar sob suspeita geral pessoas de outros círculos culturais“. „É discriminatório e torpedeia os esforços para uma maior integração“, considerou. Ao matutino Berliner Zeitung, Kolat disse esperar que Seehofer apresente desculpas à comunidade turca pelas suas afirmações. Só o líder do grupo parlamentar da CSU, Hans-
Peter Friedrich, saiu em defesa do governador da Baviera, garantindo que Seehofer „não exprimiu uma opinião pessoal, e sim a opinião de todo o partido“. Para Friedrich, o chefe da CSU „tem toda razão, porque não se pode contestar que imigrantes oriundos de círculos culturais estranhos se integram muito pior do que imigrantes com a mesma base cultural do que os alemães“. O ministro dos Negócios Estrangeiros e chefe dos Liberais, Guido Westerwelle, também se pronunciou sobre o tema, em entrevista ao Frankfurter Allgemeine, e exigiu que os imigrantes aceitem o sistema de valores alemães. Simultaneamente, o chefe da diplomacia germânica advertiu contra tentativas de „explicar a discriminação de minorias com a origem cultural ou a identidade religiosa das pessoas“. Na Alemanha existem quase sete milhões de imigrantes, entre os quais cerca de quatro milhões de muçulmanos. Os turcos, com 2,7 milhões de imigrantes, são a maior comunidade estrangeira residente na Alemanha, onde vivem também perto de 115 mil portugueses. O presidente alemão, Christian Wulff, desencadeou recentemente um debate sobre a forma de lidar com a imigração de raiz muçulmana, ao afirmar, no discurso comemorativo dos 20 anos da reunificação alemã, que a religião muçulmana „também faz parte da Alemanha“, pesar de o cristianismo e o judaísmo serem as matrizes religiosas do país. Publicidade
O Grande Livro Receitas Bacalhau Capa dura Nº de Páginas: 176 Dimensões: 22,5 x 24 Preço: 35,00 € Conhecido por “fiel amigo”, o bacalhau tem uma tradição muito particular e original na gastronomia portuguesa. Neste livro, fique a conhecer as origens da pesca deste peixe, as suas principais características, a melhor forma de o arranjar e outros aspectos importantes, como a melhor forma de o escolher, conservar e amanhar. Deleite-se com as nossas receitas e experimente-as todas. Fique, ainda, a conhecer as tradições deste peixe noutros países do Mundo.
Cupão de encomenda na pág. 19
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Governo alemão quer acelerar reconhecimento de diplomas estrangeiros A ministra alemã da Educação, Annette Schavan quer atrair profissionais qualificados do exterior. „Face ao desenvolvimento demográfico na Alemanha, acho que não podemos manifestar a impressão de que ninguém mais deveria imigrar“, declarou a ministra, revidando declarações polémicas de políticos conservadores nesse sentido. A ministra do Trabalho, Ursula von der Leyen, também é da mesma opinião.
A nova lei para acelerar o reconhecimento de diplomas estrangeiros deverá entrar em vigor no início de 2011. No futuro, o trâmite de validação dos certificados deverá durar no máximo três meses. Com essa nova medida, Schavan espera que 300 mil pessoas de origem estrangeira já residentes na Alemanha tenham sua qualificação profissional reconhecida. Caso a qualificação dos candidatos não seja suficiente para o exercício da profissão, eles poderão se aperfeiçoar. Diversos modelos em debate Após o debate político sobre integração de estrangeiros na Alemanha ter se reacendido nas últimas semanas, o governo pretende tomar medidas concretas para redireccionar a política de imigração. Em meados de Novembro, o Governo vai avaliar uma concepção abrangente sobre imigração de profissionais qualificados. Em 18 de Novembro, as ministras Von der Leyen e Schavan, do Trabalho e da Educação, e os ministros da Economia, Rainer Brüderle, e do Interior, Thomas de Maizière, vão apresentar um plano para combater a falta de mão-de-obra qualificada na Alemanha. No entanto, no interior da coligação governamental ainda não há consenso sobre o novo modelo político de imigração e integração. O sistema de pontos sugerido pelo liberal Brüderle é controverso
entre os democrata-cristãos, sendo apoiado pela ministra da Educação e rejeitado pelo ministro do Interior. A proposta de Brüderle, que levaria três anos para ser implementada, inspira-se no modelo de imigração de países como o Canadá ou a Austrália, onde os estrangeiros interessados em imigrar recebem pontos por seu nível educacional; só quem atingir uma pontuação específica pode permanecer a longo prazo no país. Schavan defende a sugestão, acentuando que as qualificações profissionais e o conhecimento da língua alemã deveriam ser valorizados no processo de selecção de imigrantes a serem aceites no país. Aguns dirigentes do partido Os Verdes também favorecem esse modelo. Entre os democratas-cristãos há também outras ideias de como atrair mão-de-obra qualificada com mais eficiência. Uma das propostas é baixar de 66 mil para 40 mil euros o nível salarial mínimo anual exigido a um estrangeiro que queira imigrar para o país. Políticos social-cristãos, por sua vez, consideram desnecessário tentar obter no exterior os trabalhadores qualificados de que a Alemanha precisa. Em vez disso, eles exigem que os políticos tentem conter a evasão de mão-de-obra qualificada alemã para o exterior. Falta de mão-de-obra preju-
dica economia A agilização do reconhecimento dos diplomas estrangeiros representa um primeiro sinal aos imigrantes qualificados, muitas vezes obrigados a viver de empregos não qualificados. Actualmente, estrangeiros ou alemães que estudaram no exterior precisam esperar anos para ter seus certificados reconhecidos. Segundo o Ministério alemão da Economia, a escassez de mãode-obra qualificada custa ao país bilhões de euros por ano. Só em 2009, a falta de trabalhadores especializados ocasionou prejuízos de 15 bilhões de euros. No sector de tecnologia de informação, por exemplo, a escassez de especialistas qualificados aumentou 40% este ano, chegando a 28 mil empregos vagos. Segundo a associação alemã do sector, Bitcom, trata-se de um problema estrutural a ser sanado. Um estudo divulgado pela Bitcom mostrou que 1.500 empresas do sector de tecnologia de informação reclamam da falta de funcionários qualificados. Paralelamente, o governo alemão também pretende pressionar os estrangeiros avessos à integração. Berlim está a planear diversas alterações da legislação de estrangeiros, de direito de permanência no país e de imigração. . Uma delas, por exemplo, prevê que os departamentos sociais municipais sejam obrigados a notificar as autoridades de imigração, caso um estrangeiro tenha que receber sanções por rejeitar a participação nos cursos obrigatórios de integração. O Departamento Federal de Migração e Refugiados calcula que 10% a 20% dos imigrantes não frequentem os cursos obrigatórios. PP com agências
Parlamento aprova plano de austeridade, com cortes nos benefícios sociais e imposto sobre viagens aéreas O parlamento alemão aprovou os principais pontos de um plano de austeridade destinado a salvar dezenas de biliões de euros até 2014, cortando nos benefícios sociais e introduzindo um imposto sobre viagens aéreas. Segundo a agência de notícias AFP, a versão original deste plano de austeridade, anunciado no início de Junho e aprovado em Conselho de Ministros no mês seguinte, tem sido enfraquecida, principalmente no que diz respeito ao „imposto verde“ a ser pago por todas as empresas alemãs. Sobre esta questão, o governo alemão, que queria cortar nos subsídios concedidos a determinados sectores empresariais, curvou-se à indústria após esta ter levantado a possibilidade de centenas de milhares de despedimentos. O novo imposto sobre as viagens aéreas é destinado a empresas de transporte aéreo e incide sobre todos os voos da Alemanha. Compreendida entre 8 e 45 euros por bilhete em função da distância percorrida, a nova taxa deve gerar um bilião de euros por ano, sendo fortemente contestada por transportadoras e aeroportos. Já no que diz respeito ao plano de cortes nos benefícios sociais, o
plano de austeridade prevê a remoção do subsídio para desempregados de longa duração, bem como o corte no orçamento da agência de emprego alemã e a redução do subsídio atribuído aos pais que interrompam o trabalho para cuidar das crianças. O governo alemão vai ainda aumentar os impostos sobre o tabaco. Berlim anunciou uma receita de 80 milhões até 2014, apesar de a votação no parlamento não incidir sobre a totalidade deste valor, que permanece hipotético. O governo alemão inclui, por exemplo, dois mil milhões de euros de receita anual ao abrigo de um imposto sobre transacções financeiras, que aguarda o consenso internacional e especialmente da União Europeia. Berlim espera que estas medidas venham a corrigir as finanças públicas alemãs, abaladas pela crise, e permitir ao país respeitar o limite de dívida inscrito na Constituição que entrará em vigor em 2016. Com este plano de austeridade, o défice alemão deverá fixarse nos quatro por cento do Produto Interno Bruto (PIB), menos dois pontos percentuais do que os seis por cento propostos no início deste ano.
Alemanha 58% da população quer limitar liberdade religiosa dos muçulmanos Cerca de 58 por cento dos alemães são a favor da limitação da liberdade religiosa dos muçulmanos na Alemanha, segundo um estudo da Fundação Friedrich Ebert recentemente divulgado. No leste do país, território da antiga República Democrática Alemã (RDA) – as pessoas favoráveis a restringir as liberdades dos muçulmanos ascendem a 75 por cento. O estudo teve como objectivo determinar o potencial que podem ter as ideias de extrema direita na Alemanha e concluiu, considerando seis variáveis, que o cenário é preocupante. Assim, por exemplo, 34,7 por cento dos alemães acreditam que a maioria dos muçulmanos vai
para a Alemanha com o objectivo de abusar do sistema social e 23,6 é a favor da criação de um único partido que represente todo o país. As outras três áreas em que o estudo procurou encontrar indícios de um potencial de extrema direita - atitudes anti-semitas, defesa do darwinismo social e minimização dos crimes do nazismo – tiveram resultados menos inquietantes. As atitudes anti-semitas foram observadas em 8,4 por cento da população, as ideias procedentes do darwinismo social foram identificadas em 4,5 por cento e as atitudes que minimizam os horrores do nazismo foram identificadas em 4,1 dos entrevistados.
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LÍNGUA PORTUGUESA
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Quando se aprendia a soletrar
V-I-V-A-S-A-L-A-Z-AR Luísa Costa Hölzl
Em Portugal as gerações mais novas, criadas e mesmo já nascidas em tempos pós-coloniais, olharão para o famigerado império português cuja agonia terminou em 1974 como quem olha para o império romano ou para o persa, para épocas há muito enterradas e para sempre desaparecidas. Porém verificamos pelas datas que sobre o tempo imperial - e sobre o discurso imperial a ele ligado - ainda nem duas gerações passaram e que as elites políticas e económicas de Portugal, e também dos países lusófonos africanos, i. e. das antigas colónias, andaram na escola „no tempo da outra senhora“, no qual a letra S no livro da primeira classe se aprendia soletrando V-I-V-A-S-AL-A-Z-AR. Se para muitos a época significava „comer e calar“ (ou pior ainda: não comer e calar na mesma), havia quem tentasse através da palavra poética escrever contra a situação dum país que se imaginava centro do mundo, cego à sua real pequenez e insignificância no xadrez político internacional, embandeirando em arco com o seu „Portugal uno e indivisível de Minho a Timor, maior que os maiores“, como demonstrava aquele insólito mapa da Europa coberto com as manchas das „nossas províncias ultramarinas“. Uma das vozes foi Joaquim Namorado (1914 - 1986), licenciado em matemática e professor, ligado ao movimento literário neo-realista e que nos deixou uma pequena obra, das quais se destacam poemas, como o que aqui escolhi, da colectânea „Aviso à Navegação“ de
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1941: A ILHA DOS NAVIOS PERDIDOS Aqui é a ilha dos navios perdidos, dos navios abalroados, afundados nos naufrágios... Esta é a ilha perdida nos mapas, perdida no mar dos sargaços; este é o mar das Tormentas, das tormentas desta vida, onde há só tempestades e agoiros; o céu é esta noite negra sem limites onde não vive um astro, uma nuvem ou uma asa; a terra é esta, os cascos oscilantes dos mil navios perdidos: Naus da Índia, barcos piratas dos moiros, fragatas e caravelas, navios dos Corte-Reais onde jazem insepultos os heróis mais verdadeiros e os sonhos mais colossais. - Nos mastros desmantelados flutuam, rotos e desbotados, estandartes imperiais, e nos porões arrombados, nos cofres de segredos inúteis, dormem os tesoiros arrancados a todos os orientes. Não há grandeza que baste quando a desgraça é tamanha!...
De que ilha se trata? Vejamos como o poema no-la descreve: ela encontra-se aqui e agora onde o eu fala, não parece pois tratar-se duma ilha longínqua, os pronomes demonstrativos este/esta o dizem: esta é a ilha, este é o mar, esta noite, a terra é esta. À ilha aportaram barcos perdidos, abalroados, e mais adiante „naus da Índia“. A ilha encontra-se perdida, ela também, nos mapas e mar de sargaços e de tormentas(v.5/6). E a ilha vive num tempo nocturno: „noite negra sem limites/onde não vive um astro, uma nuvem ou uma asa“(v.10/11), um tempo sem luz, sem poder olhar um céu estrelado que lhe indique o rumo, sem projectos de futuro - nenhum „golpe de asa“. Parece ter aportado a esta ilha toda uma armada desfigurada, cujos mastros estão desmantelados, os estandartes imperiais flutuam desbotados e rotos, os porões foram arrombados e os heróis tornaram-se almas penadas que „jazem insepultos“(v.19). Será esta ilha o Portugal de 1941? Um ano antes o regime havia comemorado com grande pompa várias datas da história nacional: a fundação à volta de 1140, a restauração de 1640. O mundo estava em guerra e nós procurávamos engrandecer glórias passadas na Exposição do Mundo Português“, em Belém,
nosso lugar de memória par excellence, onde o Padrão dos Descobrimentos em conjunto com o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém constituem o ex-libris de Lisboa e a memória/saudade do império perdido. Se para Pessoa na „Ode marítima“ de Álvaro de Campos, o eu olha do cais para o rio, neste poema de Namorado já nem cais existe, a faixa de terra transformou-se em ilha, à deriva num mar „das tormentas desta vida,/onde há só tempestades e agoiros“(v.7/8). Aquilo a que chamamos - mesmo hoje e sempre em tom encomiástico - a gesta dos descobrimentos ou o esplendor de Portugal como se canta no hino todo esse heroísmo ou a memória dele, naturalmente levado ao exagero durante as comemorações de 1940, Namorado vai virá-lo do avesso. Ele apresenta-nos os barcos, símbolo das viagens e das descobertas, aqui partidos, perdidos, i.e. sem norte, sem direcção, e a a terra é feita de „cascos oscilantes“, como se o poeta quisesse demonstrar que tudo aquilo que o regime vendia como seguro e eterno, não era mais que um engodo, uma fraude. O poema denuncia a expansão como roubo e ganância („tesoiros arrancados/a todos os orientes“, v.28/29) e os estandartes entretanto, perderam a cor, perderam pois o sentido como mitos sem significado. O regime vai aguentar mais uns bons trinta anos, conjugando todos os esforços numa guerra colonial que estava de antemão perdida, pois é já nos anos 40 pela voz dos poetas e artistas que começará um tempo que já não é o dos barcos. Esta ilha não é uma ilha encantada, não faz parte das ilhas paradisíacas, não é um locus amoenus, nenhuma Ilha dos Amores. Namorado escreve aqui como mais tarde vários poetas como Manuel Alegre e ainda mais tarde romancistas como Lobo Antunes em „As Naus“ - uma antiepopeia. Se nos Lusíadas as caravelas singravam „os mares nunca antes navegados“, aqui temos barcos desmantelados, heróis-fantasmas, tesouros roubados que chegam sem honra nem glória a um país que se transformou em ilha, comunidade ilhada, isolada, obsoleta, parada no tempo. Por isso fica a conclusão final, num tom de infinita tristeza: „Não há grandeza que baste/quando a desgraça é tamanha.“ Em tal estado de penúria não há consolo que nos possa animar. O poema disso dá parte, dum tempo de „navios afundados“, quando discursos ocos de „sonhos colossais“ de nada já servem a uma realidade tormentosa. Realidade essa que, afinal, ainda não está tão longe assim.
Programa põe estudantes portugueses a orientar estrangeiros à chegada
Universidade de Coimbra Quando um estudante estrangeiro chega à Universidade de Coimbra (UC) tem à sua espera um colega português que o ajuda nos primeiros passos da vida académica. Lançado há um ano, este programa é já um grande sucesso. Para o sucesso ser total teria de haver um estudante português para cada colega estrangeiro dos programas de mobilidade, o que ainda não acontece, mas as suas dinamizadoras esperam que a mensagem “boca a boca” ajude ao objectivo. Inspirando-se em acções que existem noutros países, as responsáveis do Gabinete de Relações Internacionais da UC lançaram há um ano o “Programa Buddy”, que já envolveu 202 estudantes portugueses e outros tantos estrangeiros. Um inquérito lançado no final do ano para aferição do “Buddy” revelou que 95 por cento dos estrangeiros ficaram satisfeitos com a ajuda. Entre os portugueses, o grau de satisfação era de 93 por cento. Este ano são já mais de meio milhar os estudantes estrangeiros ajudados por colegas portugueses, um número que se espera que venha a aumentar no segundo semestre e por causa da crescente adesão dos portugueses. A primeira opção é escolher estudantes das mesmas faculdades e em função das competências linguísticas de cada um. Depois estabelecem contacto entre si antes da chegada a Coimbra, explicou Teresa Silva, uma das responsáveis pelo “Buddy”. Em Coimbra, o estudante português normalmente orienta o colega estrangeiro dentro da faculdade, mostra-lhe a cidade, apresenta-lhe amigos e ajuda-o a encontrar quarto. Depois ambos se mantêm em contacto para as necessidades que forem surgindo. Quando as culturas são muito distintas, nos primeiros contactos
surgem alguns bloqueios, que gradualmente se esbatem. Ruben Ribeiro esteve na Polónia no ano transacto num Programa Erasmus, onde teve uma “buddy”, e de regresso a Coimbra quis retribuir em duplicado. Coube-lhe orientar duas colegas na Faculdade de Economia, uma polaca e uma turca. Com a polaca Gosia ao fim de algumas palavras já estavam a brincar, mas com a turca as diferenças culturais evidenciaram-se. Orientou-a para um “hostel” onde pernoitaria antes de lhe arranjar quarto, mas ela recusou-se por estar lá um homem a dormir. A solução foi oferecer-lhe guarida na sua própria casa. “Agora sinto-me como em casa. Está fixe, mas no início foi muito difícil”, recorda Gosia Mozer, que chegou há um mês a Coimbra, e como ainda não iniciou as aulas de português recorre à língua inglesa e à “gestual” para comunicar e adquirir os bens de que necessita. “Olá, chamo-me Gosia, sou polaco. Muito Obrigado. Duas cervejas por favor”, responde perante o desafio para se expressar em língua portuguesa. Para Ana Teresa Ferreira, uma das co-responsáveis do Programa Buddy na UC, esta é também uma forma de “internacionalização em casa”, ao proporcionar-se a estudantes que não tem possibilidades de ir para o estrangeiro contactos com pessoas de outras línguas e de outras culturas. Este ano são esperados na UC cerca de 1300 estudantes em programas de mobilidade. Nem todos terão colegas portugueses a acolhê-los, mas é convicção que num futuro próximo isso acontecerá. No final fica a amizade. Ruben continua a comunicar com amigos na Polónia, e já voltou lá, e fez questão de se encontrar com a sua antiga “buddy”.
MÚSICA
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Entrevista com Ana Moura
«O fado é o meu caminho»
Ana Moura está de regresso à Alemanha com um concerto na Philharmonie de Colónia no dia 6 de Novembro.Vem apresentar o seu quarto álbum, «Leva-me aos Fados», numa casa com um público tradicionalmente exigente. Mas não há motivos para preocupações: a elevada qualidade do trabalho e da execução da artista e dos seus músicos já demonstraram ser garantia de sucesso mesmo em países onde o fado continua a ser considerado um género «exótico». A poucos dias do concerto de Colónia, o Portugal Post falou com Ana Moura sobre o novo álbum, o concerto e a emoção do fado. Cristina Krippahl
PP - Depois do sucesso de «Para Além da Saudade», o êxito de «Leva-me aos Fados» ainda constituiu surpresa? AM - Alguma, sim. Pouco tempo depois de ter saído, atingiu logo o galardão de platina. Foi uma surpresa, apesar das expectativas serem altas. PP - Como explica a nova popularidade do fado em Portugal, sobretudo entre as camadas mais jovens? AM - As casas de fado sempre estiveram cheias. Logo que eu comecei a cantar fado reparei que estava lá gente até mais nova do que eu. O fado sempre agradou a todas as gerações. Obviamente não em grande massa, mas apenas por não ter tido a exposição merecida. As pessoas não se podem identificar com aquilo que não conhecem. A partir do momento em que o fado começa a ter alguma exposição, por exemplo, com a Dulce Pontes, que recriou o fado à sua maneira, as pessoas já começaram a ter oportunidade de se identificar. E então surge também uma geração novíssima de intérpretes, poetas,
músicos. PP - Até que ponto ajudou o interesse de ícones do rock internacional como os Rolling Stones e o Prince no reconhecimento de Ana Moura? AM – Foi muito importante, sobretudo para a exposição de que falava agora. Público seguidor dos Rolling Stones ou do Prince, que nunca tinha ouvido fado, ou que nunca tinha ouvido o meu trabalho, de repente teve essa oportunidade. Muitas pessoas tiveram então a curiosidade de ir procurar o meu trabalho e isso levou-me a públicos completamente distintos. PP - O que significa para o desenvolvimento do seu trabalho a colaboração com artistas deste gabarito? AM – É importante na medida em que todas as experiências que nos enriquecem pessoalmente acabam por ter reflexo naquilo que fazemos. Foi o que eu senti. Mas também em termos pessoais foi muito importante conhece-los. E repercutiuse no meu trabalho de uma forma inconsciente.
PP - Pode contar-nos como «Levou» Mick Jagger «aos Fados»? AM – Eu participei no CD «The Stones Projects», onde vários artistas de origens diversas homenageiam os Stones. Cada um de nós tinha um deles a tocar consigo. Comigo tocou o Charlie Watts. Mas os restantes ouviram a gravação e quiseram ouvir-me numa tradicional casa de fados. E assim eu acabei por levar pela primeira vez o Mick Jagger a uma casa tradicional de fados em Lisboa. PP - Recentemente esteve na Alemanha para concertos com uma «big band» de jazz. Como foi essa experiência? AM – Cantar com uma big band e ser conduzida por um maestro foi, na realidade, totalmente diferente para mim. Foi uma experiência muito boa poder colaborar num projecto com excelentes músicos. Aliás, durante os concertos eu até me distraia a ouvir os solos de cada um daqueles músicos fenomenais. PP - É um trilho que irá continuar a explorar no futuro? AM – A experiência foi tão boa que tenho a esperança de a poder repetir para um público português. Tenho a intenção de convidar a big band para um concerto especial em Portugal. PP - Há a intenção de produzir um álbum a partir dos espectáculos? AM – Se correr bem, quem sabe?
PP - O conceito de fado tornou-se cada vez mais elástico. É correcto dizer que o fado se abriu ao mundo juntamente com Portugal a partir da Revolução dos Cravos? AM – Sim, acho que a partir do 25 de Abril, Portugal abriu-se mais ao mundo e talvez o fado possa ter recolhido mais ideias e novas linguagens de outras expressões musicais urbanas. Isso deve-se ao mundo global em que vivemos. Lisboa, por exemplo, hoje tem gente proveniente de outros continentes, e isso acaba por influenciar os nossos músicos e a forma como eles se manifestam musicalmente. PP - Até que ponto beneficiou o fado dessa abertura? AM – É importante frisar que o fado nunca foi uma música estanque, sempre sofreu de processos evolutivos. O que é essencial e sempre foi essencial no fado é o respeito pela tradição. Mas só a longo prazo é que poderemos dizer se foi benéfico ou não. PP – Como procede à escolha dos guitarristas? AM – No baixo sou acompanhada já há muitos anos pelos Filpe Larsen. E como neste momento uso duas guitarras portuguesas, toco com o Custódio Castelo e o José Manuel Neto ou o Bernardo Couto, por exemplo. Na guitarra acústica tenho o José Elmiro Nunes, que foi o primeiro que me acompanhou quase desde o início. Deixa-me muito feliz ter estes músicos a acompanharemme, porque são músicos excelente. Aliás, neste último disco eu queria gravar com duas guitarras
portuguesas e tenho feito isso nos concertos ao vivo. Juntei duas das melhores guitarras portuguesas de momento, que são o Custódio Castelo e o José Manuel Neto. Todos têm linguagens totalmente diferentes, e fico muito feliz por poder juntá-los e assistir a este diálogo durante os concertos. PP - O último trecho de «Leva-me aos Fados», como avisa o título, não é um fado normal. Ele aponta a sua vontade de ir por outros caminhos que não sejam os do fado? AM – O último trecho é da autoria de Amélia Muge e chamase «Não é um fado normal». Achou-se interessante convidar os Gaiteiros de Lisboa para participarem neste tema por ter este título, e por toda a atmosfera a que a linguagem da música nos induzia. Mas não é uma vontade minha de seguir por outros caminhos que não o fado. Não, o fado é o meu caminho. PP - É inegável que se sente na sua voz a identificação total com aquilo que canta. É técnica e aprendese, é emoção que não se aprende, ou ambos? AM – Tudo o que tem a ver com o fado tem a ver com a emoção, com aquilo que sentimos, o que nos força a ser muito honestos connosco próprios. O fado é sermos emotivos e estarmos ao comando das nossas emoções. Não existe qualquer tipo de preocupação estética. Acho que é tudo uma forma natural de nos deixarmos ser comandados por aquilo que nos vai na alma.
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CONSULTÓRIO Miguel Krag, Advogado Portugal Haus Büschstr.7 20354 Hamburgo Leopoldstr. 10 44147 Dortmund Telf.: 040 - 20 90 52 74
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Catarina Tavares Advogada em Portugal Rua Castilho, n.º 44, 7º 1250-071 Lisboa advogados@bpo.pt Telf.: + 351 21 370 00 00
O contrato de trabalho – por escrito? Voltamos, na edição de hoje do Portugal Post, a um tema do âmbito do direito do trabalho. Muitos dos nossos clientes não receberam do seu empregador um contrato de trabalho celebrado por escrito. À primeira vista, não há problema, dado que, ao contrário de uma rescisão do vínculo laboral ou de um contrato de despedimento voluntário, o contrato de trabalho não está obrigado a observar uma determinada forma. Portanto, o mesmo terá validade se for celebrado verbalmente, desde que se tenha chegado a um acordo sobre os pontos essenciais, tais como ordenado e trabalho a ser executado. Contudo, os problemas podem surgir muitas vezes quando ocorre qualquer desentendimento. Como não está escrito o que foi combi-
nado, há frequentemente conflitos sobre o conteúdo exacto do contrato, como por exemplo no que diz respeito à remuneração paga por hora. Visto que o que foi de facto ajustado terá de ser comprovado pela parte que faz a reivindicação, portanto quase sempre o trabalhador, este ficará em muito maus pratos se não houver a possibilidade de se recorrer a outros documentos (por exemplo folhas de ordenados), ou se não existirem testemunhas que possam corroborar as suas afirmações. Por estas razões, a chamada lei de comprovação obriga todos os empregadores da Alemanha a redigirem as condições essenciais de cada contrato de trabalho, a assinarem o que escreveram e a entregarem o manuscrito/o documento ao trabalhador. Desta forma, todos os trabalhadores ficarão a conhecer os regulamentos que regem o seu vínculo laboral. Assim, é um direito de todo o trabalhador exigir esta comprova-
ção do seu empregador, a fim de ficar ciente da totalidade do teor do seu contrato de trabalho, a não ser que este tenha sido desde logo celebrado por escrito. O mesmo deverá acontecer sempre que se alterem mais tarde quaisquer condições contratuais de importância. Deverá ser especialmente registado por escrito o seguinte: • nome e morada das partes contraentes •data de início do contrato • no caso de um contrato a termo, a duração planeada para a actividade •o local de trabalho; no caso de locais variados, a respectiva observação •uma descrição da actividade •o montante da remuneração, inclusive pagamentos extraordinários •horas de trabalho ajustadas •férias anuais •prazos de despedimento
•observações sobre os contratos colectivos de trabalho, os acordos de empresa ou de serviço válidos para este contrato. Como já acima referido, se o empregador não cumprir esta obrigação, o contrato de trabalho continuará a ter validade. Mas, em consequência do não cumprimento dos deveres de comprovação, o empregador ficará em dificuldades e passará a responder pelos eventuais danos que o trabalhador tenha sofrido, como por exemplo, os que tenham sido causados por o mesmo não ter observado um prazo improrrogável mencionado no contrato colectivo de trabalho devido a desconhecer que este rege o seu contrato laboral, ficando-lhe assim vedada a sua reivindicação apenas por tal facto. Além disso, uma falta de comprovação por parte do empregador poderá, em tribunal, ter consequências favoráveis para o
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José Gomes Rodrigues
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Os seus gastos com a saúde e formas de poupar Continuação da edição anterior
> Qual a comparticipação financeiras com a saúde > Isenção de comparticipação na aquisição de medicamentos
Isenção da comparticipação nos cuidados de saúde Há casos em que os pacientes estão isentos de diversos pagamentos suplementares na sua totalidade. Deste modo vamos ao encontro do nosso leitor. A presente alteração entrou em vigor em Janeiro de 2004. Ficam isentos parcialmente dos pagamentos acima mencionados, todos os que usufruem da ajuda social, da ajuda social ao desemprego ou que recebem da caixa social um complemento à reforma ou se as entradas económicas não ultrapassarem uma determinada quantia. As fontes de receitas domésticas a ter em conta, incluem, além do ordenado, rendimentos imobiliários, reformas ou récitas oriundas de juros de capital. A isenção não é automática, é sempre necessário, para que haja direito, um requerimento escrito. A isenção é geralmente parcial, passando depois a total, logo que a quantia estimada para os gastos, seja absorvida. Essa quantia considerada diminui, havendo no agregado alguém que sofra duma doença crónica. Mais adiante tentarei, através de exemplos, clarificar melhor o afirmado. Como se pode verificar esta isenção parcial? Clarificando com alguns exemplos práticos Caso 1: Um determinado agregado familiar é composto de 4 pessoas, o/a cabeça de casal, o cônjuge e dois filhos menores, em idade escolar. As entradas financeiras ilíquidas anuais são de 35.000 €. Desta quantia deduz-se 4.599 € para a esposa e duas vezes 7. 008 € (14. 016) para os filhos. A quantia sobre a qual recai os 2% ou 1% será a de 16.385 €. O agregado familiar só poderá gastar com a saúde a quantia limite de 327,70 € , havendo uma
doença crónica na família, a quantia que poderá despender com os gastos com a saúde será de 163, 85 € durante um ano. Como afirmámos, as crianças até os 18 anos de idade, estão isentas de qualquer pagamento. Caso 2: O senhor Manuel dos Anjos vive só e duma reforma anual de 8.400 € e é portador duma doença crónica, devidamente justificada pelo seu médico. Sendo assim, só poderá ter gastos com a saúde o valor de 84 € por ano. Caso 3: A família do Sr. Manuel João, após ter apresentado o pedido na sua caixa foi-lhe justificada os gastos com a saúde no total de 327, 70 € no presente ano. Acontece que a esposa teve de ser hospitalizada durante 20 dias úteis. Pelo seu internamento teve de pagar a quantia de 200 € (20 dias a 10€ ). Em Janeiro o marido teve de despender em consultas e em medicamentos 57,70 €. Deste modo tem ainda de despender 70,00 € do bolso para ficar isento na sua totalidade. Deverão guardar todas as facturas e ao gastarem essa quantia deverão apresentá-las à sua caixa para poderes estar isentes durante o resto do ano. Como se justificam as doenças crónicas? As doenças crónicas têm de ser verificadas e atestadas através dum formulário suplementar próprio à disposição das Caixas de saúde, pelo médico assistente. Tem de haver a necessidade de tratamento regular ou seja pelo menos uma vez por trimestre. Havendo sido contemplada com um grau de cuidados intensivos
não é necessário certificado medico confirmativo, já que é do conhecimento prévio das caixas de saúde.
serviços de saúde que ultrapassam os custos que a caixa prevê, gastos que não são previstos ou que são adquiridos sem necessidade de receita médica, como óculos e outros. Existe também a possibilidade de usarem um pequeno livro próprio, posto à disposição pelas caixas, onde todas as aquisições para a saúde são apontadas e carimbadas pelos que administram tais serviços.
Justificação dos gastos com a saúde perante a Caixa
Como e quando deverei apresentar esses justificativos?
Todas as facturas com a saúde devem ser bem guardas e juntas. Estas devem conter o nome do segurado, a data de compra, a quantia do suplemento pago, e o carimbo da farmácia ou de outro serviço médico ou medicamentoso. Os organismos que prestam os serviços de saúde são obrigados, por lei, a passar, gratuitamente, tais confirmativos, tanto os médicos como os tratamentos hospitalares passando pelas farmácias ou outros. Alguns gastos não são considerados para esta isenção, tais como: os medicamentos ou
Se já souber de antemão que a quantidade a pagar pelos medicamentos será mínima, poderá apresentar o requerimento à caixa antes do ano para o ano seguinte. As caixas aconselham a apresentação dos requerimentos até 30 de Outubro do ano anterior para o ano seguinte. Há duas possibilidades de justificar os gastos. Ou junta todas as facturas até à quantia a partir da qual ficará isento e apresenta-as à caixa, após alcançar o máximo de gastos. Esta passará então um cartão identificativo de isenção total para o resto do ano. Ou então, paga
directamente à caixa até essa quantia reconhecida e receberá então um cartão de isenção após o pagamento, estando isento da participação para o ano em questão. NOTA IMPORTANTE 1. Segundo a nossa experiência, há muitos compatriotas que estariam isentes de comparticipação de gastos com medicamentos e gastos similares. Não percam tempo, façam contas e averigúem se estão abrangidos por essa situação. Basta tantas vezes um internamento hospitalar ou o tratamento numas termas para chegarem a esses gastos. Se ultrapassarem, a caixa poderá remeter-lhe os gastos superiores a esse valor que lhe foi consignado. 2. Façam o respectivo requerimento com antecedência, apresentem confirmativos das entradas financeiras do agregado familiar e deixem que as caixas verifiquem a quantia máxima a que sois obrigados na vossa comparticipação financeira. Juntem devidamente, como afirmámos, as facturas dos gastos com a saúde e apresentem-nas na caixa quando ultrapassarem esse tope possível. Concluindo: para o ano 2011 as quantias a deduzir às entradas financeiras são maiores, o que provocará o engrossamento do número de segurados isentes de pagamento. Não será o leitor também um deles? Faça bem as suas contas! Publicidade
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22 Agenda Tome Nota
PORTUGAL POST Nº 196 • Novembro 2010
IMPORTANTE Às associações, clubes, bandas , etc.. As informações sobre os eventos a divulgar deverão dar entrada na nossa redacção até ao dia 15 de cada mês Tel.: 0231 - 83 90 289 Fax :0231-8390351 Email: correio@free.de
Citações do mês Respeita-te e outros te respeitarão Confúcio É melhor ir dormir sem jantar do que se levantar com dívidas Textos Judaicos
NOVEMBRO 2010 1.11.2011 – BONA. Concerto do Grupo OqueStrada. Local: Harmonie, Frongasse 28-30, 53121 Bonn . Início: 20h00 2.11.2011 – BERLIM. Concerto do Grupo OqueStrada. Local: Crystal, Columbiadamm 9-11, 10965 Berlin . Início: 20h00 6.11.2010 – ESSEN – Grande noite de fados com o grupo “Gerações”. Local: Haus Villa Rü, Giradetstr. 21 , 45131 Essen Info. 0173-2938194. Início: 20h00. Org. Centro Português de Essen. 6.11.2010 – LUDWIGSBURG – Concerto de Mariza. Local: Forum am Schlosspark, Stuttgarter Str. 33, 71638 Ludwigsburg . Início: 20h00 6.11.2010 - OSNABRÜCKXXIII convívio de „Transmontanos e Altodurienses“ que se realiza no Centro Português de Osnabrück. O convívio terá início pelas 17.00 horas com o tradicional lanche de produtos regionais, não faltaram bons vinhos durienses e pelas 20.00 horas será servido o jantar sempre
acompanhado com boa música portuguesa pelo „Grupo Musical Segura-te“ 6.11.2010 – COLÓNIA – Concerto de Ana Moura. Local: Kölner Philharmonie Bischofsgartenstr. 1 . 50667 Köln. Início: 20h00 7.11.2010 – LEVERKUSEN – Concerto de Mariza. Local: Forum am Schlosspark, Stuttgarter Str. 33, 71638 Ludwigsburg . Início: 18h00 7.11.2010 – LOHMAR -Noite de Fado com o grupo Geraçoes. Local: Villa Friedlinde ,Bachstr. 12 , Lohmar Info. 0173-2938194. Início: 18h00 10.11.10 – 19.1.11. 2o10 HAMBURGO - jeweils 18:00 Uhr Mittwochskino/Cinema às quartas: Ein Jahrzehnt in Kurzfilmen/Uma década em curtas Portug. Kurzfilme mit engl. Untertiteln der Agência da Curta Metragem, die dieses Jahr auf ihr zehnjähriges Bestehen zurückblickt. Ort: Centro de Língua Portuguesa (Instituto Camões), Philosophenturm, Raum 663 (6. Stock), Von-
Melle-Park 6. Der Eintritt ist frei. 10.11. País „Saudade“ 17.11. Na família 24.11. Dez anos de animação (7 Animationsfilme) 13.11.2010 – DORTMUND – Festa de São Martinho. Local: Centro Português de Dortmund (Missão Católica). Início: 19h00 13.11.2010 – HAMBURGO – Baile de São Martinho na Missao Católica, Danziger Str. 62. Há castanhas assadas e muito mais. Baile abrilhantado pela BANDA LUSITA. Início: 20h00 12.11.2010 - PADERBORN Convite da Paroquia St.Heinrich e Kuningunde para participar na sexta-feira dia 12.11.2010 numa noite de cultura para todos. A comunidade portuguesa de Paderborn e proximidades(Bad Driburg,G ütersloh,Werl,Nieheim,Minden etc.)vão estar presentes atraves de canticos portugueses. partir das 20.0o horas na Igreja de St.Heinrich und Kunigunde em Schloß Neuhaus-33104 Paderborn
20.11. 2010 - BREMEN Mísia, Lisboarium Konzert im Großen Saal der Glocke Bremen, Domsheide 6-8. Tel. 0421/33 66 99. 20:00 Uhr 20.11.2010 –PADERBORN – Conde noite de fado com a participação do grupo „Antologiado Fado”. Para mais informações podem ligar para 05254.9306843 Local:KULTURWERKSTATT-Bahnhofstr.64 em 33102 PB, a partir das 20h00 21.11.2010 – BREMEM –
Coincerto de Cármen Souza. (Fado, Morna, Latin- und Afro-Groove). Local: Bremen, Kulturzentrum Schlachthof, Findorffstr. 51. Início: 20h00 . 20.11.2010 – BERLIM – Concerto Trio Fado . Local: Passionskirche Marheinekeplatz 1 . 10961 Berlin. Início: 20h00 28.11.2010 – WiesbadenConcerto do grupo SINA NOSSA. Local: Thalhaus Nerotal 18 . 65193 Wiesbaden. Início: 17h00
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“A castanha é de quem a come e não de quem a apanha.”
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José Saramago Caím Preço: € 25.90 Se em O Evangelho Segundo Cristo José Saramago nos deu a sua visão do Novo Testamento, em Caim regressa aos primeiros livros da Bíblia. Num itinerário heterodoxo, percorre cidades decadentes e estábulos, palácios de tiranos e campos de batalha pela mão dos principais protagonistas do Antigo Testamento, imprimindo ao texto o humor refinado que caracteriza a sua obra. Caim revela o que há de moderno e surpreendente na prosa de Saramago: a capacidade de fazer nova uma história que se conhece do princípio ao fim. Um relato irónico e mordaz no qual o leitor assiste a uma guerra secular, e de certa forma, involuntária, entre o criador e a sua criatura.
«A transformação social. A contestação. Personagens em diálogos. As cruentas desigualdades sociais. Surgem as perguntas proibidas. Vai-se adquirindo consciência e espaço, para que tudo se levante do chão. Um livro composto por 34 capítulos. No 17.º está a tortura e a morte de Germano Santos Vidigal. Germano, o nome que significa irmão, o homem da lança. Apesar de vencido, o sacrifício da sua vida indica o caminho. "Já o encontraram. Levam-no dois guardas, para onde quer que nos voltemos não se vê outra coisa, levam-no da praça, à saída da porta do sector seis juntam-se mais dois, e agora parece mesmo de propósito, é tudo a subir, como se estivéssemos a ver uma fita sobre a vida de Cristo, lá em cima é o calvário, estes são os centuriões de bota rija e guerreiro suor, levam as lanças engatilhadas, está um calor de sufocar, alto..» (Diário de Notícias, 9 de Outubro de 1998)
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Este livro elege como cenário a extraordinária saga da emigração portuguesa para França, contada através de uma galeria de personagens inesquecíveis e da escrita luminosa de José Luís Peixoto. Entre uma vila do interior de Portugal e Paris, entre a cultura popular e as mais altas referências da literatura universal, revelam-se os sinais de um passado que levou milhares de portugueses à procura de melhores condições e de um futuro com dupla nacionalidade. Avassalador e marcante, Livro expõe a poderosa magnitude do sonho e a crueza, irónica, terna ou grotesca, da realidade. Através de histórias de vida, encontros e despedidas, os leitores de Livro são conduzidos a um final desconcertante onde se ultrapassam fronteiras da literatura. Livro confirma José Luís Peixoto como um dos principais romancistas portugueses contemporâneos e, também, como um autor de crescente importância no panorama literário internacional.
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VIDAS
PORTUGAL POST Nº 196 • Novembro 2010
Um encontro atroz ou coisas do destino ? Caros amigos do Portugal Post, Já há muito que vos ando para escrever para contar um pouco da minha história. Já tentei várias vezes mas as palavras ou não me saiam ou não as encontro certas para dizer aquilo que quero. Mesmo assim arrisco e se não achar o jeito peço-vos que dêem melhor forma ao que escrevo. Só vos peço para não divulgarem o meu nome. Tenho 49 anos de idade, nasci algures no Algarve e já por aqui ando há 19 anos. Vim para a Alemanha para ficar longe de um momento bastante desagradável que passei na minha vida. Graças a deus que depois de muitos anos passados e também devido à distância posso dizer que o que se passou comigo já não me causa grandes perturbações. Neste 19 anos em que aqui vivo, casei e tive filhos. Nunca contei à minha mulher o que eu agora quero vos contar e se vos conto é porque é uma história trágica e rara. Em pequeno os meus pais viviam bem. O meu pai tinha um pequeno supermercado e uma estação de gasolina e a minha mãe ficava em casa. Tínhamos quase tudo para não termos problemas materiais. O meu pai esfolava-se a trabalhar e a minha mãe ficava em casa. Éramos dois irmãos: eu e uma irmã mais nova. Tinha eu para aí uns nove ou dez anos quando um dia vi os meus pais a berrarem um com o outro. Desde esse dia que as coisas e o ambiente em casa eram muito pesados. Às vezes a minha mãe entregava-nos à nossa avó paterna e saía de manhã para chegar à
noite. Quando a minha mãe chegava havia discussão pela certa. O meu pai andava furioso. Fiquei sempre com a impressão que ele era mais fraco do que a minha mãe porque o ouvia chorar e a implorar mas nunca percebia os porquês. A minha mãe continua a fazer o que lhe apetecia. Saía e entrava de casa quando queria e só a víamos à noite antes de ir para a cama. Um dia, quando vim da escola, encontrei o meu pai a andar de uma lado para outro transtornado e com um ar meio esgazeado. Não era normal o meu pai estar àquela hora em casa. Ele pegou em mim e deixou-me em casa da minha avó, a mãe dele. Passados alguns dias a minha avó levou-me ao hospital e vi o meu pai deitado numa cama muito transtornado, mudo e de olhar vazio. Alguns dias mais tarde, já em casa, o meu pai disse-me que eu passaria a viver de ora em diante com a minha avó e que a minha mana tinha ido com a minha mãe para outro lado. Foi assim que a casa da minha avó passou a ser a minha casa. O meu pai nunca foi o mesmo e eu rara vezes o via até que um dia a minha avó disse-me a chorar que o meu pai tinha falecido. Só mais tarde vim a saber que a minha mãe tinha fugido com um homem estrangeiro e que tinha levado a minha irmã. O meu pai, desgostoso com a sua sina, suicidou-se por enforcamento. Os anos passaram e eu fui crescendo sempre com o estigma do destino dos meus mais. Na
Memória futura
terra quando falavam de mim eu era “o filho do enforcado” e toda a gente sabia da história que se tinha passado com a minha família. Muito anos mais tarde, tinha eu 27 anos, trabalhava eu num hotel em Vila Moura, conheci uma rapariga que estava acomodada nesse hotel a passar férias. Era uma portuguesa que vivia na Holanda. Quando ela um dia entrou no hotel vindo da praia o nosso olhar encontrou-se e ficámos presos a esse momento como se fosse uma eternidade, ou dito de outra maneira, houve ali qualquer coisa que fez faísca e que, pelo menos foi o que eu senti, algo que fez o efeito de parecer que nos levantamos do chão e ficámos mais leves, isto é, como quem pode voar. A rapariga não mais me saiu da cabeça. Todos os dias eu punha-me à cuca a ver se ela passava e, várias vezes a vi mas numa área que era interdita a trabalhadores de outras áreas do hotel. Comecei então, nas horas vagas, a rodear o hotel. Um dia quando tinha desistido de estar ali especado à sua espera, voltei-me para pegar na motorizada que tinha para ir para casa e dei de caras com ela. Creio que fiquei ali pregado ao chão e sem palavras diante dela e como não sabia que dizer, perguntei-lhe se nós nos conhecíamos de algum lado. E se isso perguntei é porque de facto sentia que tinha uma forte a impressão de a conhecer. Mas como isso acontece a quem se apaixona à primeira vista não dei importância a esse pormenor. Ficámos ali a dizer coisas assim sem sentido. Fiquei a saber
Nós queremos publicar aqui as fotografias que fazem viver as suas recordações das férias, na associação, no trabalho, com os amigos, no restaurante, nas festas, etc. O envio das fotos pode ser feito por e-mail ou por carta (com a garantia de restituirmos todas as fotos que recebermos)
2003 Parecendo que não, este é o mais dramático momento da vida associativa na Alemanha. Um grupo de sócios da extinta Associação Portuguesa em Hamburgo (APH) entrega ao então Cônsul-Geral de Portugal o espólio da APH devido à dissolução da associação por motivos de uma anquilosada gestão de alguns directores a quem se sacam responsabilidades pelo fim inglório da primeira associação portuguesa na Alemanha, Senão na Europa Foto: PP
que ela era portuguesa e que tinha nascido no Algarve e tinha emigrado com a sua família para a França e depois para a Holanda onde tinha estado casada. No dia seguinte encontramonos de novo mas desta vez com encontro marcado num bar diante da praia do Olhos de Água entre Albufeira a Quarteira. Fiquei então a saber que era mais nova do que eu e que se chamava Nini Kekiijkt (nome de casada) . Passamos dias naquilo, isto é, francamente apaixonados e, sempre que podíamos, não havia momento em que não estávamos juntos. Quando as suas férias acabaram despedimo-nos a muito custo e com muitas promessas, tantas que esta folha onde eu escrevo não chegaria para as enumerar. Telefonávamos tanto e tantas vezes que a conta do telefone disparou para valores quase insuportáveis. Neste entrementes, ela deslocava-se durante fins-de-semana ao Algarve e eu, às vezes, ia à Holanda. Nisto as coisas estavam já muito adiantadas, funcionávamos bem. Contou-me então um pouco da sua vida e disse-me que se chamava Virgínia (conhecida pelas amigas como Nini) e que vivera com a sua mãe e o padrasto na Holanda até que à morte por doença da sua mãe. Enquanto ela me contava aqui eu ia ficando apreensivo e assustado, pois a irmã que a minha mãe tinha levado para o estrangeiro também se chamava Virgínia. Eu nada disse, ficara sufocado ao pensar numa coisa que eu não queria acreditar, isto é, que ela pudesse ser a...minha irmã. Estava eu na Holanda quando
ela me disse aquilo. Nesse dia e nessa noite o meu comportamento face às suas palavras, às suas meiguices e à sua sedução alterou-se completamente. Assustava-me quando me passava pela cabeça uma situação que eu não queria acreditar, ou melhor, que estava a viver uma involuntária situação de incesto. Ela ficou tão admirada com a minha mudança de humor e de comportamento que fez com insistentemente me perguntasse porque é que eu estava assim. Eu respondia como podia e, argumentando que queria comprar tabaco, saí. Percorri as ruas durante duas ou três horas. Quando cheguei a casa ela estava quase a adormecer. Disse-lhe que não conseguia dormir e ia ver televisão. Enquanto ela dormia, rebusquei os seus documentos e fotografias e deparei com aquilo que eu não queria que fosse. Ela era a minha irmã que a minha mãe tinha levado quando fugiu do meu pai. Fiz no maior dos silêncios a mala e saí para a rua. Fiquei na estação de comboios, apanhei um que se dirigia para Paris e fui para Portugal. Lá mudei de cidade de residência e de telefone e tentei esquecer a situação em que o destino me tinha colocado. Leitor identificado Pedimos aos leitores que nos enviam correspondência para esta rubrica para não se alongarem muito nos textos que escrevem. A redacção reserva o direito de condensar e de trabalhar os textos. Obrigado.
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PASSAR O TEMPO
PORTUGAL POST Nº 196 • Novembro 2010
Por Maria Helena Martins
CARNEIRO Amor: O seu poder de atracção vai abalar muitos corações. Predisposição para namoriscar ou reavivar um amor, através do qual irá exprimir os seus sentimentos de uma forma muito sincera. Saúde: Prováveis dores de dentes. Poderá passar por uns dias de grande nervosismo sem que consiga definir muito bem a sua origem. Dinheiro: Será um bom período para fazer algumas alterações profundas na sua vida, no seu comportamento e nos seus objectivos profissionais. Não gaste o que tem e o que não tem. TOURO Amor: Encontra-se num período difícil, mas não desespere que é passageiro. No entanto, pode trazer muitos benefícios através das suas relações sociais e de amizade desde que tenha em conta tudo o que o rodeia. Saúde: Poderá ser tempo de começar uma nova vida. Corte com tudo aquilo que achar supérfluo ou inútil. Dinheiro: Boa altura para gastar e investir no que mais gosta, mas com cuidado. É um mês um pouco tenso a nível profissional, em que vai querer lutar pelos seus objectivos. GÉMEOS Amor: Viva fogosamente todos os momentos com o seu amor. Este período é caracterizado por muita alegria, contentamento, optimismo e força interior. Saúde: Previna-se contra os excessos. Dinheiro: Este campo da sua vida não lhe trará problemas. Pode aproveitar aquilo que tem vindo a aprender com os outros para fazer uma coisa diferente na sua vida, como por exemplo iniciar uma actividade por conta própria. CARANGUEJO Amor: Será um período muito bom de entreajuda e em que pode receber ou oferecer boas oportunidades a novas relações de amizade. Saúde: Nesta fase estará muito dinâmico e
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Como Cortar Trabalhos de Bruxaria
Previsões para Novembro de 2010 equilibrado, terá muita energia. Possíveis dores musculares. Dinheiro: Não imponha as suas ideias de uma forma agressiva e tenha em consideração a opinião dos outros. LEÃO Amor: Este período é um teste à forma como lida com as outras pessoas, em especial as que lhe estão mais próximas. Saúde: Procure não cometer excessos na alimentação. Durante este período lutará para alcançar os seus objectivos a nível de forma física e ajudará quem lhe está próximo a fazer o mesmo. Boa fase para iniciar uma dieta. Dinheiro: Situação financeira favorável. É uma boa ocasião para conhecer outras terras e outras gentes e aproveitar o que lhe ensinarem para aumentar as suas capacidades.
VIRGEM Amor: Tenha mais confiança em si e cuide da sua aparência. Este período pode trazerlhe alguns problemas nas relações com os vizinhos ou pessoas próximas. Saúde: Uma fase de tensão, insegurança e impaciência, com dificuldade em planificar a sua vida particular. Procure aliviar o stress que traz acumulado. Dinheiro: O seu dinamismo, a sua coragem e espírito de liderança vão ser postos à prova. Será um mês recheado de afazeres e acontecimentos. Não se esqueça das suas obrigações, e se tiver dívidas, pague-as antes de fazer novos investimentos. BALANÇA Amor: Poderão surgir mudanças no seu comportamento no que diz respeito às relações afectivas. Seja mais ousado neste campo da sua vida. Saúde: Este período é muito favorável, mas necessita de ter muita reflexão para evitar os excessos. A ansiedade não é benéfica para a sua saúde. Dinheiro: Seja mais equilibrado nos seus gastos. Não será um período fácil porque terá dificuldade em analisar as situações com clareza. ESCORPIÃO Amor: Será uma fase importante para rever o que não está bem na sua relação, compreendendo o que lhe falta e o que pode ser melhorado. Saúde: Poderá sofrer de dores de cabeça. Deixe que se operem calmamente as mudanças que vierem a ocorrer na sua vida. Dinheiro: Possibilidade de ganhar algum dinheiro extra. Em relação à sua situação profissional, logo no início do mês poderão existir alguns conflitos entre a sua vida familiar e a profissional.
SAGITÁRIO Amor: Durante este tempo deve controlar muito bem as suas reacções para com todas as outras pessoas, em geral e, muito particularmente, com as que lhe estão mais próximas. Procure ser sincero nas suas promessas se quer que a pessoa que tem a seu lado confie em si. Saúde: Liberte-se mais, e a sua saúde irá melhorar. É uma oportunidade para concluir as ideias que tem em curso. Este mês será um encontro consigo mesmo. Dinheiro: Desde que não gaste dinheiro em excesso, pode pôr os seus assuntos financeiros um pouco de parte, ocupando-se com outras áreas da sua vida. CAPRICÓRNIO Amor: Procure ser mais extrovertido, só tem a ganhar com isso. É uma boa fase para investir mais tempo na sua relação amorosa. Isto pode surpreender o seu par, mas certamente será uma excelente mudança. Saúde: Possíveis dores nas articulações. A rotina da sua saúde e a forma física são uma prioridade. Terá tempo para regularizar o seu horário. Dinheiro: Esta é uma óptima altura para tentar reduzir os seus gastos. Existirá muita acção na sua vida. Você pode decidir que a única forma de resolver um problema é assumindo outra responsabilidade; se assim for, poderá resolvê-lo fazendo simplesmente o seu trabalho. AQUÁRIO Amor: A sua relação tem vindo a arrefecer e você precisa de tomar uma atitude. Não exija tanto dos outros, dê mais de si próprio. Saúde: Não faça dietas demasiado rigorosas. Tenha a serenidade suficiente para deixar as coisas correrem, não se exalte nem proteste muito, pouco ou nada poderá fazer. Dinheiro: Invista neste momento em algo que planeia há muito. A sorte é-lhe favorável. Sentirá necessidade de se isolar para concluir o seu trabalho, mas poderão ocorrer mudanças. PEIXES Amor: Se não disser aquilo que sente verdadeiramente, ninguém o poderá adivinhar. Este mês vai fazer uma triagem às suas relações. Saúde: Cuidado com o excesso de açúcar no seu sangue, pois poderá ter tendência para diabetes. Este é um período algo tenso, como algo que o incomoda mas de uma forma que não sente de imediato. Dinheiro: Poderá sentir-se subjugado pela sobrecarga de trabalho. Para ultrapassar esta situação, estabeleça prioridades e reconheça os seus limites, respeitando-os. Este é um período em que pode fazer uma pequena extravagância financeira.
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Formato: 14x21cm Páginas: 152 Preço: 25,00 € Um ritual de magia negra posto em acção contra alguém pode prejudicar avítima e destruir a sua vida de forma brusca e surpreendente. Todas as áreasestão sujeitas a ficar afectadas. Tudo à sua volta parece ruir. E, mais graveainda, a vítima de magia negra não consegue encontrar forças para reagir. Neste livro de carácter prático, a autora apresenta rituais fáceis de executar quepermitem criar uma aura de protecção.
Aprenda a Proteger-se Contra a Inveja e Mau-Olhado Formato: 15,5 X 23 cm Paginas: 156 Preço: 19,90 € Nas alturas de maior fragilidade, há que criar uma protecção efectiva contra os possíveis efeitos das energias negativas. Neste livro damos-lhe conhecimento de mantigos amuletos, fórmulas, rituais práticos, orações e rezas especiais mpara que possa repelir esse encantamento maligno.
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Autor: Cristina Candeias A astróloga residente do programa "Praça da Alegria", de Jorge Gabriel, tornouse um fenómeno nacional, com as suas previsões em directo. Este é o seu primeiro livro. O livro que nos ensina a atravessar o deserto para encontrar o oásis e a felicidade plena. É necessário reflectir sobre quem fomos, o que somos e o que temos de vir a ser. Só depois de aceitarmos os nossos processos de mudança a vida se nos revelará.
Orações aos Anjos da Guarda Formato: 14 X 21 cm. Páginas: 144 Preço: 25,00 € Na primeira parte desta obra encontrará um vasto número de orações aos anjos da guarda, que certamente serão do seu inteiro agrado. Na segunda parte deliciar-se-á com a listagem completa dos 72 anjos protectores. Cada um destes anjos confere características particulares mao modo de ser e de amar dos seus protegidos.
Orações para Todos os Males Formato: 14x21cm Páginas: 90 Preço: 22,00 € Por razões de saúde, familiares, afectivas, materiais ou espirituais, todos mpassamos em algum momento por situações difíceis. Nesta obra encontrará uma centena de orações adequadas a cada caso. Orações para encontrar mcompanheiro/a, para conseguir casar-se com o seu namorado, pela paz da família, contra doenças, etc.
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Prova de Vinhos
PORTUGAL POST Nº 196 • Novembro 2010
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Vinhos: Taylor’s lança vinho do Porto com 155 anos A casa Taylor’s vai lançar em Dezembro perto de 1500 garrafas de um vinho do Porto pré-filoxérico com 155 anos, “notável não só pela sua raridade e importância histórica”, mas também por “estar em perfeitas condições”. O vinho chama-se Taylor’s Scion e “a admirável forma como enfrentou a passagem do tempo fazem da sua descoberta um marco na história do vinho”, destaca ainda a Taylor’s. “O Scion é um dos raros sobreviventes do período préfiloxérico, é
um monumento a uma era perdida. Vinhos como o Scion nunca mais serão feitos”, acrescenta. A filoxera foi uma praga que atacou as vinhas do Douro em 1870, devastando-as.Em 2008, David Guimaraens, enólogo da Taylor’s, provou este “extraordinário vinho” que repousava num armazém de uma distinta família do Douro, situado perto da Régua, no coração da Região Demarcada do Douro. O preço recomendado para o Taylor’s Scion é de 2500 euros por
garrafa.Com excepção de um casco, que se diz ter sido adquirido pelo antigo primeiro-ministro inglês Winston Churchill, o restante vinho foi “conservado como uma relíquia de família que o passava de geração em geração”. Em 2009, o único descendente directo da família morreu sem deixar filhos, tendo os seus herdeiros decidido vender o vinho. A Taylor’s adquiriu amostras dos dois cascos e constatou que “o vinho apresentava uma forma excepcional. Quinze décadas de envelhecimento
no casco tinham-no concentrado numa essência de complexidade mágica. Tornara-se uma essência sublime”, resume a própria companhia. A empresa conseguiu comprar este vinho graças “às boas relações que tem no Douro”, disse a relações públicas do grupo Fladgate Partnership, que detém a casa Taylor’se, Ana Margarida. O director-geral da Taylor’s, Adrian Bridge, adianta que reconheceu de imediato “a qualidade absolutamente notável deste vinho e a sua
importância histórica”, pelo que decidiu não o lotar, mas lançá-lo como “um vinho de coleção”. “No vinho, como em outros campos de actividade, é uma vantagem reconhecer o sucesso de outros, bem como o é alcançá-lo,” acrescentou. A Taylor’se não tem dúvidas: “Um vinho como este nunca mais será feito”.O termo Scion tem dois significados: o descendente ou herdeiro de uma família nobre e garfo de uma planta, especialmente utilizado para a enxertia. Publicidade
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