PORTUGAL POST ANO XIX • Nº 213 • Abril 2012 • Publicação mensal • 2.00 € Portugal Post Verlag, Burgholzstr. 43 • 44145 Dortmund • Tel.: 0231-83 90 289 • Telefax 0231- 8390351 • E Mail: correio@free.de • www. portugalpost.de • K 25853 •ISSN 0340-3718
Alunos no estrangeiro vão pagar propina de 120 euros
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Pág.4
Governo alemão quer impedir que outros europeus tenham acesso a sistema de prestações sociais Página 13
› Comunidades
› Portugal na ITB
www.portugalpost.de Petição contra o fecho do vice-consulado em Osnabrück apresentada numa audição no Parlamento
Deputados do PSD pela emigração estiveram ausentes Pág.5
Quanto vale a imagem de um país? Pág. 17 Publicidade
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PORTUGAL POST Nº 213 • Abril 2012
PORTUGAL POST
Editorial Mário dos Santos
Agraciado com a Medalha da Liberdade e Democracia da Assembleia da República Fundado em 1993 Director: Mário dos Santos Redação e Colaboradores Cristina Dangerfield-Vogt: Berlim Cristina Krippahl: Bona Joaquim Peito: Hanôver Luísa Costa Hölzl: Munique Correspondentes António Horta: Gelsenkirchen Elisabete Araújo: Euskirchen Fernando Roldão: Frankfurt/M João Ferreira: Singen Jorge Martins Rita: Estugarda Manuel Abrantes: Weilheim-Teck Maria dos Anjos Santos: Hamburgo Maria do Rosário Loures: Nuremberga Vitor Lima: Weinheim Colunistas António Justo: Kassel Carlos Gonçalves: Lisboa Helena Ferro de Gouveia: Bona José Eduardo: Frankfurt / M Lagoa da Silva: Lisboa Marco Bertoloso: Colónia Paulo Pisco: Lisboa Rui Paz: Dusseldórfia Teresa Soares: Nuremberga Tradução Barbara Böer-Alves Assuntos Sociais José Gomes Rodrigues Consultório Jurídico: Catarina Tavares, Advogada Michaela Azevedo dos Santos, Advogada Miguel Krag, Advogado Fotógrafos: Fernando Soares Publicidade Alfredo Cardoso
Delegação do Turismo de Portugal em Berlim pelas ruas da amargura
A
presença de Portugal na maior Feira Internacional de Turismo (ITB), que se realiza todos os anos em meados de Março, é o motivo desta nota que pretende chamar a atenção para uma situação inquietante naquilo que à divulgação do Portugal turístico na Alemanha diz respeito. Como revela um artigo da nossa correspondente na capital alemã, Cristina DangerfieldVogt, sobre a ITB, inserto na página 17 da presente edição do PP, Portugal encontra-se em 13º lugar dos países europeus preferidos dos alemães para passar as suas férias. Em 2011, apenas 740.377 alemães escolheram o nosso país para uma curta visita ou um período mais largo de férias. À frente de Portugal estão países como a Turquia, a Croácia, a Suíça, Dinamarca, sem falar, claro, da Espanha, Itália, Áustria, França, etc... Não nos parece – e não parecerá ao leitor – que alguns destes países sejam mais aliciantes
ou turisticamente mais bonitos do que o nosso. Portugal tem, como se sabe, um clima invejável, imensas praias, variedade de paisagens, cultura única, gastronomia reconhecida como sendo de qualidade, história, etc.. Isto para argumentar que Portugal merecia um investimento no mercado alemão de modo a atrair mais visitantes deste país. Todos conhecem a apetência dos alemães pelas viagens, pela sua curiosidade em descobrir novos países e culturas; pela importância que dão a destinos que oferecem sol e praia. Como todos conhecem o investimento e as acções que os países concorrentes de Portugal levam a cabo na Alemanha para atrair turistas para esses destinos. Houve tempos, se a memória não nos trai, que entravam anualmente cerca de um milhão de turistas alemães no “jardim à beira-mar plantado”. Bons tempos eram esses para o turismo! Eles eram aviões cheios, hotéis esgotados...etc.. Num momento em que a imagem de Portu-
gal na Alemanha não é das melhores devido à situação de país resgatado, com dívidas, injustamente mal afamado por mor de uma (falsa) impressão que uma boa parte dos alemães tem de Portugal e dos portugueses que, segundo essa má fama, não trabalham, gastam mal o que têm e o que não têm; em suma, uma imagem falsa que contribui para afastar turistas em vez de os atrair, o nosso país tem na delegação do Turismo de Portugal em Berlim apenas dois funcionários para trabalhar não apenas o mercado alemão, como ainda o austríaco, o polaco, o checo, etc.. Duas pessoas, dissemos bem. Duas pessoas para vender a imagem turística e trabalhar mercados fortíssimos em que a concorrência faz-se dura, rigorosa e profissional. Não se pode entregar o difícil trabalho que é a “venda” da imagem turística de um país apenas a duas pessoas que, para complicar ainda mais, não têm meios e dinheiro “ nem para mandar cantar um cego”. E não basta apenas ter engenho, arte e improvisação.
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Destaque
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Paulo Portas e José Cesário: a verdade da mentira! No passado dia 27 de Março em audição na Comissão dos Negócios Estrangeiros ao Secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, este, após questionado pelo deputado Paulo Pisco sobre as razões que levaram ao encerramento dos Vice-Consulados de Nantes e Osnabrück, afirmou que “Nós decidimos não encerrar nenhum ConsuladoGeral nem nenhum Consulado. Decidimos encerrar apenas Vice-Consulados. E de entre os
Vice-Consulados, escolhemos aqueles que tinham piores resultados. E aqueles que têm piores resultados para o Ministério dos Negócios Estrangeiros.” Face a estas afirmações parece ter surgido um “novo critério” que não foi anunciado por Paulo Portas a 16 de Novembro de 2011, aquando do anúncio do encerramento destes postos consulares. A saber, presença de comunidade portuguesa; evolução do comércio externo; atracção do investimento; importância dos postos a nível re-
gional e bilateral com Portugal; relação produtividade/custos. No entanto, se analisarmos o gráfico que se segue, baseado na resposta à pergunta n.º 1396/XII/1.ª da Secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade, podemos concluir que as afirmações do SECP não correspondem à realidade no que concerne às ditas receitas do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), despesa global, saldo despesa/receitas, entre outras. Assim, os Vice-Consulados de
Nantes, Clermont Ferrand, Frankfurt e Osnabrück NUNCA poderiam ter sido encerrados pois a sua produtividade é evidente e estes postos dão tudo menos prejuízo ao MNE. Gastam-se milhões desnecessariamente, como é evidente nos gráficos, e se as receitas do Estado também tivessem sido reveladas, ainda teria ficado mais claro que estes postos dão claramente lucro ao Estado Português. “Parece haver diferentes formas de “ler os números”: uns por
conveniência e outros por se faltar à verdade!”, disse-nos uma fonte do movimento contra o fecho do posto consular em Osnabrück. “Continua-se sem entender a leitura que este governo faz dos seus próprios dados quando os números falam por si e demonstram que a comunidade portuguesa residente nas áreas consulares de Nantes e Osnabrück está a ser prejudicada por um governo que faz o que entende usando argumentos que não existem!”, adiantou-nos a mesma fonte.
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Nacional & Comunidades
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Ensino:
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Alunos no estrangeiro vão pagar propina de 120 euros Os alunos que queiram ter aulas de português no estrangeiro no próximo ano lectivo vão ter que fazer uma pré-inscrição ‘online’, passando os que frequentem o ensino paralelo a pagar uma propina anual de 120 euros. „Vai haver uma pré-inscrição. Durante um período que começará em breve, as pessoas sabem que devem introduzir na base de dados, com a ajuda dos professores e dos consulados, os dados referentes aos alunos. Depois, a partir dessa base de dados, vamos identificar onde temos necessidades e fazer um cálculo do número de professores indispensáveis em cada local“, disse numa entrevista à agência Lusa o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas. Para José Cesário, esta medida pretende dotar o Governo da sua própria administração de um sistema que funcionou até agora
confiado às escolas locais. „Vai haver esta pré-inscrição, fazemos os cálculos necessários, renovamos as comissões de serviço que tivermos que renovar e depois há uma inscrição definitiva. Nessa inscrição definitiva, os pais dos alunos dos cursos que não forem integrados [nos sistemas de ensino dos países de acolhimento] vão pagar uma propina de 120 euros por ano. Como contrapartida recebem o manual escolar e têm acesso à certificação dos conhecimentos“, disse. O responsável pela emigração no Governo explicou que no ensino integrado existe „um grande investimento“ dos países de acolhimento e dos próprios pais, „abstendo-se“ o Governo de exigir esse pagamento. „Há realidades e realidades. Nos Estados Unidos, damos os manuais, mas não cobramos nenhuma propina porque os pais já
pagam integralmente o ensino. Realidades em que damos tudo, colocamos os professores e as coordenações mobilizam os meios de apoio ao ensino, 120 euros é praticamente o preço do livro“, sublinhou. Esta será uma das primeiras medidas a implementar no âmbito da reforma da rede de ensino de português no estrangeiro que está a ser estudada pelo secretário de Estado e que o Governo quer implementar antes do próximo ano lectivo. São medidas a aplicar sobretudo na Europa e na África do Sul, onde o Governo português assume os custos de uma rede que conta actualmente com cerca de 400 professores. Segundo o secretário de Estado das Comunidades, a actual rede de ensino de português no estrangeiro apresenta grandes desequilíbrios com locais onde os professores estão subaproveitados
e outros sem qualquer professor. „Mais de um quarto dos professores têm turmas de 10 alunos e menos. É o sinal evidente que me leva a concluir que não são precisos mais [do que os actuais cerca de 400 professores]“, disse. José Cesário, que tutela o ensino do português no estrangeiro através do Instituto Camões, admitiu que o novo desenho da rede pode implicar „algumas movimentações“ de professores, garantindo que a generalidade das comissões de serviço dos actuais cerca de 400 docentes será renovada. Ressalvou contudo que pode haver ajustamentos nos horários. „No caso de os horários sofrerem uma grande alteração, pode haver situações em que as comissões de serviço não sejam renovadas e esses lugares virem a concurso para serem afectos a outras zonas“, disse.
Segundo José Cesário
Novas permanências consulares deverão arrancar “massivamente” em meados de Abril O secretário de Estado das Comunidades apontou para meados de Abril o início „massivo“ das novas permanências consulares, adiantando que as máquinas para a recolha de dados já foram entregues ao Governo, mas precisam de „reajustamentos“ técnicos. José Cesário explicou que as 68 máquinas de recolha de dados biométricos encomendadas pelo Governo para realizar atendimento consular em locais não cobertos pela rede de consulados já foram entregues, mas os ensaios no terreno revelaram „alguns problemas técnicos que têm que ser resolvidos“. „Há questões que só quando [as máquinas] são colocadas no terreno é que se percebem. Foram feitos ensaios em Portugal e em Paris e [...] algumas máqui-
nas que nos foram entregues estão a sofrer reajustamentos“, disse, explicando que os ajustamentos estão relacionados com compatibilidade de ‘software’, teclados ou adaptação dos funcionários aos ecrãs tácteis. „Massivamente admito que em meados de Abril tenhamos [permanências consulares] em França e na Alemanha“, disse José Cesário, adiantando que numa primeira fase serão feitas em cerca de 50 postos consulares, cobrindo 200 cidades em todo o mundo. O Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) investiu 340 mil euros na aquisição de 68 equipamentos portáteis de recolha de dados biométricos necessários à emissão do cartão do cidadão, passaportes, vistos e outros documentos em pontos geográficos onde existam grandes
concentrações de portuguesas e, ao mesmo tempo, estejam distantes de um posto consular. Através das chamadas permanências consulares, os funcionários do MNE recolherão localmente os dados biométricos, embora a emissão dos documentos continue centralizada em Portugal. José Cesário lembrou que há décadas que consulados como os de Caracas (Venezuela), Paris (França) e Genebra (Suíça) fazem „com os meios que têm“ permanências consulares e que estas continuarão a ser feitas, agora com o apoio das referidas máquinas. Questionado sobre a opinião de especialistas em direito consular que entendem que a realização deste serviço fora do posto consular pode violar o direito internacional sobre a matéria, José
Cesário garantiu que a realização das permanências consulares depende sempre do acordo com o país em causa. „É evidente. Se um determinado país entender que dentro do seu espaço não pode haver permanências consulares é soberano, como pode determinar que não pode haver consulados, viceconsulados ou agências consulares. Qualquer estrutura consular para funcionar tem que ter o acordo do estado ou pelo menos não ter o obstáculo. É óbvio“, disse. Cesário garantiu que os estados estão informados do que Portugal quer fazer em matéria consular, adiantando que se algum estado „se manifestar no sentido de não serem feitas [as permanências consulares] não serão feitas“, concluiu.
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COMENTÁRIO
Comunidade
Especialista defende que actividade consular deve ser feita nos consulados A especialista em direito diplomático Margarida Salema considera que as presenças consulares que o Governo quer fazer fora da rede de consulados violam o direito internacional, admitindo contudo que possam fazer-se com consentimento dos estados de acolhimento.
Aspecto da audição do movimento “Osnabrück não Desiste” que decorreu na AR a 16 de Março passado.
Politica de Emigração não passa de utopia! Conhecemos muitos dos nossos assinarem a mesma, tenha mere- lugar de vice-presidente! deputados, em especial aqueles cido esta atenção por parte daqueIrrita-nos ver que dos 41 depuque têm responsabilidades nas po- les que foram eleitos. tados apenas 4 encontraram o calíticas dirigidas às comunidades As comunidades portuguesas, minho para a Assembleia da portuguesas, à diáspora, aos por- os portugueses da diáspora, os República. Os portugueses resitugueses residentes no estran- emigrantes, os portugueses que dentes na Europa elegem 2 depugeiro. residem no estrangeiro, elegem tados. Para quê? Se a memória não nos atrai- quatro deputados: dois pelo círEstavamos já “deprimidos” ao çoa, foi no passado dia 15 de culo da Europa e dois pelo círculo ver o desinteresse que existe por Março, pela primeira vez na his- Fora da Europa. Desses 4 deputa- parte daqueles que foram eleitos tória portuguesa, que representan- dos apenas o deputado Paulo para defender este terço da poputes das comunidades portuguesas Pisco (PS) encontrou o caminho lação portuguesa (os emigrantes), foram ouvidos na Assembleia da para a Assembleia da República, quando lemos que as secções do República na qualidade de autores além do deputado João Ramos PSD no estrangeiro querem que e subscritores da primeira petição (PCP) que, muito embora não os emigrantes tenham mais „peso que deu entrada na Assembleia da tenha sido eleito pelo portugueses institucional“ em Portugal, proRepública, subscrita pelas comu- da diáspora, assume a defesa dos pondo para isso um pacote de alnidades portuguesas, por terações legislativas que aqueles que vivem na diá- Se a memória não nos atraiçoa, foi no passado inclui o aumento do núspora, os emigrantes ou dia 15 de Março, pela primeira vez na história mero de deputados e o simplesmente os portu- portuguesa, que representantes das comunida- alargamento do voto às gueses que residem no des portuguesas foram ouvidos na Assembleia eleições autárquicas.” estrangeiro. Poupem a nossa pada República na qualidade de autores e subsEstamos a falar de 5 critores da primeira petição que deu entrada na ciência: dos 4 deputados milhões, um terço da po- Assembleia da República, subscrita pelas co- eleitos pela emigração 3 pulação portuguesa! são do PSD, os mesmos 3 munidades portuguesas Confessamos termos que não compareceram à ficado surpreendidos ao tomar interesses desses mesmos nacio- reunião convocada pela própria conhecimento que dos 41 deputa- nais. Do PSD nenhum dos três de- comissão parlamentar dos negódos que pertencem à comissão putados eleitos pelos portugueses cios estrangeiros e comunidades parlamentar dos negócios estran- residentes no estrangeiro achou portuguesas. geiros e das comunidades portu- por bem cumprir o seu dever. As comunidades portuguesas, guesas (20 do PSD, 14 do PS, 4 Entristece-nos ver que o depu- os portugueses da diáspora, os do CDS-PP, 2 do PCP e 1 do BE) tado Carlos Gonçalves (PSD), emigrantes ou os portugueses reapenas quatro encontraram o ca- eleito pelo círculo eleitoral da sidentes no estrangeiro sabem ler, minho da Assembleia da Repú- Europa, não tenha tido disponibi- sabem entender o que Vossas Exblica. lidade para ver o seu nome fazer celências fazem, se recusam a Foram eles o deputado Lino parte da história da emigração, fazer ou simplesmente ignoram… Ramos (CDS-PP), relator, e os de- pois muito embora esta governo Não basta viajar, semanas putados Paulo Pisco (PS), João apenas tenha encerrado postos antes de cada ato eleitoral, a todas Ramos (PCP) e Mónica Ferro consulares na Europa, ou seja, no as paróquias, com mil e uma pro(PSD). seu círculo eleitoral, o mesmo não messas! Já são poucos os que Estranhamos ver que um as- encontrou disponibilidade para acreditam na política e nos polítisunto que deu a volta ao mundo, participar na reunião convocada cos, exactamente por causa destes que fez mais de 5200 portugueses pela comissão dos negócios actos de total desrespeito e deprocurarem o seu bilhete de iden- estrangeiros e comunidades por- sprezo pelo eleitorado. tidade, subscreverem a petição e tuguesas, da qual ele até ocupa o
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„As funções consulares são vastíssimas e a pergunta é se essa actividade ou parte dessa actividade [consular] se pode efectuar em locais que não os postos consulares previstos na Convenção de Viena. Na minha opinião, não se tratando de uma actividade virtual, de pedidos dirigidos e satisfeitos pelos órgãos portugueses em Portugal pela Internet, a actividade consular não se pode ecfetuar fora das instalações consulares“, defendeu Margarida Salema, em entrevista à agência de notícias Lusa. O Governo português anunciou em Novembro o encerramento de vários serviços consulares na Europa, anunciando a realização de permanências consulares nestas e em outras regiões onde a rede consular não chega. Foram encomendadas 69 máquinas portáteis de recolha de dados a utilizar pelos funcionários, que segundo o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, se deslocarão periodicamente a associações, missões católicas e outros espaços para fazer atendimento consular. Margarida Salema, que há três anos criou um mestrado em direito diplomático e consular na Universidade de Lisboa, sustenta que o termo „permanência consular“ é propício a „equívocos“ por „apelar para à instalação de um posto consular“, considerando mais correcta a designação „presença consular“. A professora considera „interessante“ a ideia de fazer presenças consulares como forma de reduzir custos, sublinhando que a questão que se levanta é perceber se a realização dessas deslocações viola a Convenção de Viena sobre relações consulares. „Segundo a convenção de Viena de 1963, toda a actividade consular exercida pelo estado de envio, que implica cobrança de emolumentos, um conjunto de regalias, privilégios e imunidades que constituem um conjunto de excepções ao direito interno aplica-
das no estado receptor, não se compadece com a livre circulação dos funcionários para aplicarem o direito português numa associação recreativa ou numa missão religiosa que não dispõe de estatuto próprio de posto consular ou de secção consular numa missão diplomática“, considerou. Para Margarida Salema, apesar de o artigo 34 da Convenção de Viena assegurar a liberdade de deslocação e circulação dos membros dos postos consulares, tal destina-se sobretudo a permitir o exercício de funções e não à prática de actos próprios da função aos quais se aplica o direito português. A especialista admite porém que „dentro de uma certa flexibilidade que a convenção de Viena permite“ os Estados receptores aceitem as presenças consulares. Mas adverte que, no mínimo, „tem que haver consentimento e aprovação do Estado recetor“. „Isso implicaria contudo a negociação caso a caso com os diversos estados onde se pretende instituir essa figura. Poderá haver também tratados bilaterais que prevejam esta possibilidade“, ressalvou.
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Opinião Luciano Caetano da Rosa
Sem papas na língua: a luta é a nossa Primavera
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omeço por lembrar e saudar as centenas de milhar de trabalhadores que a 22.03.2012 saíram à rua em greve geral por todo o país para se manifestarem contra o terrorismo social do actual (des)governo, luta que foi um acto de coragem e de valentia, que foi um sucesso, no testemunho bem informado de Arménio Carlos. Desde já aviso todos os portugueses na Alemanha que chegou o tempo de grandes lutas sob pena de cairmos no abismo a que a política neo-liberal vai conduzindo o país. Avizinham-se meses de combates históricos pela liberdade, pela defesa da democracia, pela defesa do trabalho e do emprego com direitos, pela melhoria das condições de vida, pela defesa dos serviços públicos e das funções sociais do Estado. É preciso opormo-nos, dentro e fora do país, à política crimi-
nosa do actual governo, causador e responsável pelo imenso sofrimento dos trabalhadores portugueses. O país vai de mal a pior. Em 2011, 150.000 portugueses tiveram que abandonar a Pátria à procura de trabalho. E nos últimos cinco anos, terão deixado o país cerca de 500.000 compatriotas. A juntar ao milhão e 200 mil de desempregados no país, já podemos ficar com uma nítida imagem da hecatombe social. Esta tendência só se agravará com as políticas recessivas e com a falta de investimentos. Não se venha, todavia, com a desculpa da crise, de que isto está mau por todo o lado, de que nãosei-quê-não-sei-que-mais e outros argumentos fanhosos. As coisas vão de mal a pior, sim, mas é para quem trabalha e para quem quer trabalhar e não arranja emprego nem trabalho. Para as 20 empresas cotadas em bolsa, por exemplo, os lucros
atingiram os 20.628 milhões de Euros entre 2009 e meados de 2011. Para estas empresas, para os capitalistas e accionistas donos destas empresas, a crise não faz sentido. Para eles, a coisa está óptima. E têm no poder o seu governo, o governo que lhes reviu a legislação laboral a seu contento, o governo PSD/CDS (com a cumplicidade do PR e do PS) que rouba os trabalhadores, que corta nos salários, corta o 13. mês e o subsídio de Natal, o governo que congela pensões, aumenta impostos, condena trabalhadores e pensionistas, jovens e desempregados, à pobreza e à exclusão social. Sim, são estas políticas que levam o Banco de Portugal a predizer que os rendimentos dos trabalhadores e das famílias vão perder 11% do seu valor entre 2011 e 2013. Nesta cruzada de retrocesso social, cultural e civilizacional, o governo tenta aplicar uma lei laPUB
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Contra a destruição das estruturas diplomáticas que devem existir para apoiar e proteger os emigrantes e nacionais portugueses no estrangeiro, é necessário combater este governo da alta finança e não governo de Portugal. Contra a destruição do ensino do Português no estrangeiro (EPE), é mister exigir os nossos direitos constitucionais [(Artigo 74., alínea i) da Constituição da República Portuguesa] e dar força ao Colectivo para a Defesa do Português no Estrangeiro.
século XIX, com despedimentos de trabalhadores a bel-prazer dos patrões e redução das indemnizações, ataques à contratação colectiva substituída por contratos individuais, trabalho gratuito, redução dos dias de férias e dos feriados, bancos de horas (em que os trabalhadores trabalham mais e ganham menos), redução em 50% do valor do trabalho suplementar, eliminação do descanso, redução do subsídio de desemprego, enfim, fragilização da protecção social. Ora os trabalhadores, homens e mulheres, são seres humanos, não são objectos descartáveis e exigem respeito pela sua dignidade. E é do trabalho que tudo provém! Mas o governo de submissão aos bancos, aos banqueiros, à alta finança não pára de agredir os portugueses, todos os dias e a toda a hora, num autêntico pacto de agressão de que fazem parte as taxas moderadoras de 50 euros (num país em que milhões dispõem de pensões de pouco mais de 200 euros), consultas de 10 e 5 euros em hospitais e centros de saúde, IVA de 23% nos alimentos, electricidade 25% mais cara, telecomunicações , combustíveis, gás, transportes, rendas de casa, IMI, tudo mais caro, além de despejos mais fáceis. O povo português, com a sabedoria de mais de oito séculos de História, saberá, porém, arranjar
forças suficientes para de novo derrotar, com uma confiança inabalável, esta política criminosa e dar início a uma nova política de desenvolvimento económico, social e cultural num Portugal livre, soberano e independente. Contra a austeridade, o empobrecimento, o desemprego, a precariedade, é preciso isolar o governo e derrotar esta política. Contra a destruição das estruturas diplomáticas que devem existir para apoiar e proteger os emigrantes e nacionais portugueses no estrangeiro, é necessário combater este governo da alta finança e não governo de Portugal. Contra a destruição do ensino do Português no estrangeiro (EPE), é mister exigir os nossos direitos constitucionais [(Artigo 74., alínea i) da Constituição da República Portuguesa] e dar força ao Colectivo para a Defesa do Português no Estrangeiro. Segundo informação sindical do sector, o governo prepara-se para pôr os portugueses a pagar o ensino da língua aos seus filhos. Mesmo pagando, o governo não garante o mínimo de horas lectivas neste ensino se não houver o número mínimo de alunos. Com isso, haverá cada vez menos professores e é a própria destruição do EPE (ensino do Português no estrangeiro) que estará na ordem do dia. Contra a destruição das estruturas do Ensino, contra a destruição do Serviço Nacional de Saúde e dos serviços públicos, assim como da extinção de centenas de Freguesias que garantem muitos serviços de proximidade às populações e aos nossos velhotes, levantemos a nossa voz! À troika estrangeira (FMI, BCE,UE) da opressão, dizemos: fora de Portugal! Imaginem que para um „empréstimo“ de 78 mil milhões exigem de Portugal 30 mil milhões de juros, devendo Portugal então pagar 108 mil milhões de euros de volta (que grande negócio para este exploradores desavergonhados!). Com „amigos“ destes, não precisamos de inimigos! À troika interna colaboracionista, submissa e vendilhona (PSD, CDS, PS, com a cumplicidade do PR) dizemos: vão-se embora, o povo vencerá mais uma vez!
Comunidade
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ELEIÇÕES PARA O CCP
Com eleições previstas para o Conselho das Comunidades Portugueses (CCP)
Uma mulher às direitas
Candidatos novos e velhos querem um lugar no próximo CCP
Maria Campos está na politica “para servir”
Previstas que estão as eleições para o novo Conselho das Comunidade Portuguesas CCP), cuja nova lei será, ao que tudo indica, aprovada muito em breve, perfilam-se desde já os candidatos da Alemanha ao CCP. No ainda em vigor CCP, eleito em Abril de 2008, os conselheiros “alemães” a este órgão consultivo do Governo, são Alfredo Stoffel, Alfredo Cardoso, Fernando Genro, José Eduardo e Piedade Frias todos eleitos na mesma lista, à excepção de Alfredo Cardoso que foi nomeado conselheiro para as questões do associativismo pelo anterior Governo. Com uma actividade e iniciativas reduzidas ao possível, e com uma página na internet desactualizada, com informações datadas de 2005, altura em que estava em exercício o Conselho anterior a este, os actuais membros do CCP eleitos pela Alemanha terão por uma dias destes prestar contas aos eleitores que os elegeram, dizer o que fizerem em prol da comunidade. Durante o tempo em que os
actuais conselheiros estiveram em exercício, realce-se as reuniões em Lisboa, os encontros em Berlim para falar com o Embaixador e as tomadas de posição em casos pontuais, sem esquecer o encontro com o Presidente da República nos idos de 2009, em Osnabrück. Agora que este Conselho vai passar à história e com a eleição do novo às portas, há já indícios que nos indicam que novos e velhos rostos estão já com o pensamento em posicionar-se para a conquista de um lugar no CCP. Um deles é o ex-conselheiro Nelson Rodrigues que, contactado pelo PP, disse “não dizer que não” à sua participação numa lista. Na sua página do Facebook , este exmembro do movimento contra o encerramento do consulado em Osnabrück escreve, a propósito na eleição do novo conselho, que “precisamos de um CCP forte, de uma representação forte das Comunidades espalhadas no Mundo. Comunidades solidárias e firmes, capazes de se defenderem contra uma política restritiva e capaz de contribuir para modernizar Portugal”. “Vamos a este projecto!”, exclama Nelson Rodrigues. Sendo esta uma clara intenção
de apresentar a sua candidatura, falta saber para que lado tomba Nelson Rodrigues quando se candidatar, isto é, em que lista é que surgirá. Há quem diga que Nelson Rodrigues juntar-se-á a Alfredo Stoffel – actual conselheiro residente em Cuxhaven.
teração à Lei do CCP. Num modelo como o actual, possivelmente não me recandidatarei. Se as alterações se verificarem no sentido de a aproximar a nova Lei à antiga, aí sim, recandidato-me”, disse. Alfredo Cardoso em grande actividade
Alfredo Stoffel, sim ou não ? Sobre a possibilidade de se candidatar ao novo CCP, Alfredo Stoffel diz preferir esperar pela nova lei que regerá o CCP para tomar uma decisão em definitivo. Numa curta declaração ao PP, Stoffel diz textualmente: “sim candidatar-me-ei. Para isso teremos que esperar pela nova lei que rege o CCP ( espero que seja melhor que a actual e que devolva os conselheiros de novo às comunidades, nao fazendo deles unicamente os interlocutores do embaixador, cônsules-gerais e o secretário de estado ). Um dos outros actuais conselheiros que poderá vir a candidatar-se é Fernando Genro, de Hilden. Numa curta declaração ao PP, este conselheiro também quer ver ”como se vai desenrolar a al-
Por seu turno, outro dos conselheiros que poderá ter todas as condições para uma recandidatura e ser eleito é Alfredo Cardoso. Este tem, nos últimos tempos, emitido comunicados onde coloca questões bem pertinentes ao Governo. Recorde-se que no processo contra o encerramento do consulado, Alfredo Cardoso foi um elemento importante para o movimento, empenhando-se através de um contacto próximo com a comunidade para recolher várias centenas de assinaturas para a petição. Na próxima edição haverá mais notícias sobre listas e candidatos, bem como sobre a nova lei que regerá o novo CCP que está, neste momento, a ser elaborada. MS
Conselheiro Alfredo Cardoso acusa Governo de não cumprir o seu programa para as comunidades O conselheiro das comunidades da área de Osnabrück (Alemanha) acusou o Governo de não cumprir o seu programa no que respeita ao ensino de Português no estrangeiro, à ligação às comunidades e ao reconhecimento das suas organizações representativas. Em comunicado enviado à imprensa, Alfredo Cardoso refere que o executivo se comprometeu a „eleger o ensino do Português como âncora da política da diáspora“, mas despediu 49 professores a meio do ano lectivo, „deixando mais de cinco mil crianças sem aulas“ na França, na Suíça e em Espanha. Além disso, apesar de ter prometido „melhorar a ligação directa“ das comunidades ao Estado, encerrou quatro vice-con-
sulados e um escritório consular, „obrigando centenas de milhares de cidadãos portugueses a percorrer mais de 400 quilómetros até ao posto consular mais próximo“. Na opinião de Alfredo Cardoso, o executivo de Passos Coelho decidiu mesmo „fechar os postos consulares menos dispendiosos e mais produtivos“. O conselheiro na Alemanha
acusa ainda o Governo de „não ter feito nada“ para promover a constituição de uma rede de políticos de origem portuguesa no estrangeiro, outro dos pontos do seu programa para as comunidades. Quanto ao reconhecimento do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP) como órgão consultivo, consignado também no programa do executivo PSD/CDS, „o que fez foi ignorálo“, garante ainda Alfredo Cardoso. A comunidade portuguesa residente nos países da União Europeia „sente-se enganada por este Governo“, pois além de ter ludibriado mais de 5 milhões de portugueses ao proceder contrariamente ao anunciado no seu programa, ainda viola a Constituição da República Portuguesa para impor as suas políticas de ataque
aos direitos consagrados na mesma“, afirma ainda o conselheiro, citando depois várias passagens da Lei Fundamental para sustentar as suas acusações. Alfredo Cardoso refere ainda que uma petição com mais de cinco mil assinaturas apresentada na Assembleia da República pelo movimento „Osnabrück Não Desiste“, em princípios de janeiro contra o encerramento do viceconsulado nesta cidade alemã, „parece ter caído num saco sem fundo, pois passaram mais de cinco semanas sem qualquer reação por parte do relator“. O vice-consulado de Osnabrück, que servia perto de 23 mil utentes, numa área geográfica equivalente a dois terços de Portugal Continental, encerrou a 29 de Fevereiro, e as suas competências foram transferidas
Maria do Céu Campos foi, pela sexta vez, reeleita para a direcção do partido CDU de Ravensburg (Baden Würtenberg), localidade onde Céu Campos reside de 1975. Militante activa da CDU desde 1999, altura em que foi convidada para fazer parte das listas do partido para as autárquicas, esta portuguesa lembra que da direcção eleita do partido fazem parte 5 mulheres, a presidente,uma vice-presidente e três vogais. De sublinhar o facto de Céu Campos ser a úncia estrangeira naquele grémio. Sobre a escolha do partido CDU para militar, Maria do Céu Campos refere que a CDU “é o partido que mais me disse e diz. A minha opinião é tida em conta, digo o que penso e sou ouvida e ninguém me impõe opiniões nem decisões. É um partido que dá muito valor aos portugueses e ao seu trabalho no desenvolvimento da Alemanha”, diz com entusiasmo. “O meu interesse e a minha entrega ao mundo político-partidário creio que nasceu comigo, embora até aos meus vinte e dois anos isso fosse, quase impossível”, explica. Para Céu Campos a política “é servir e não servir-me dela para meu próprio interesse”. Esta nossa compatriota conta-nos também que é militante , do PSD desde Maio de 1974. “Nunca o escondi. Tenho muito orgulho no meu partido que tem na Assembleia da República três deputados, representantes da emigração, que são todos emigrantes. Fui candidata a deputada, pelo círculo da Europa,em 2009, pelo partido a que muito me orgulho de pertencer”, refere. No entanto, a actividade desta portuguesa não se remete apenas à vida politica. Conta-nos que foi dirigente associativa durante vários anos, começando a interessar-se pelo associativismo em 1985, “altura em era um tabu haver mulheres a fazer parte das direcções das associações”. Foi, diga-se, durante este tempo de entrega ao associativismo que Céu Campos granjeou o carinho e o respeito dos portugueses que frequentavam a associação lusa da qual fazia parte. MS
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Comunidades
PORTUGAL POST Nº 213 • Abril 2012
Opinião Novo Embaixador de Portugal em Berlim inicia a sua missão a 1 de Abril José Gomes Rofrigues
A Fapa e o Associativismo ›Agremiações à procura de novos caminhos
A
o longo da história da emigração foram surgindo organizações que procuraram e procuram ainda com afinco defender os interesses de diversa índole da comunidade Lusa em geral e dos seus associados das diversas organizações de Portugueses em particular. É um sintoma de grande solidariedade e de entreajuda salutar. A FAPA, (Federação das Associações Portuguesas na Alemanha) além de possuir uma história recente já tentou dar passos de gigante e alguns frutos em alguns sectores já se apalparam. Tanto a imprensa, partidos políticos, instituições e indivíduos que manifestam ser detentores duma certa responsabilidade, têm dado realce a esta recente iniciativa. Contudo, e apesar das boas intenções que conduzem a colectividade, não parece que o interesse destes tenha provocado as pretendidas aderências. Bem pelo contrário, parece que a maioria das associações parece teimar, de costas voltadas para este colectivo. Lamentam-se os seus dirigentes, com certo pesar e com uma determinada razão, a não aderência de muitas outras agremiações. A frustração é notória e as queixas manifestam-se através de comentários e de críticas que se vão pairando no ar. É uma reacção própria e até poderíamos dizer lógica, de quem quer estender a mão salvadora a quem está prestes a afogar-se, preferindo estes deixarem-se levar pelas águas turvas e frias do seu dia a dia. Parecem não manifestar temor pelo lento afogamento e o consequente prestes funeral. Parar, reflectir sobre a sua história algo conturbada desde o seu nascimento e perguntar-se pelas razões dessa quase ténue aderência, exige duma instituição modernidade, flexibilidade e muita modéstia. É um olhar atento além de si próprios, sem acusar seja quem seja e sem lançar lamentos ao vento. Esta atitude só é possível para quem coloca nos seus horizontes e com prioridade, os objectivas da instituição que deveria ser o serviço à comunidade, mesmo que para tal seja necessário passar-se à sombra. Poderão querer ausentar-se deste salutar processo elementos que, mas são bem poucos, usando os problemas dos outros ou da comunidade em si, tentam fazer deles um estandarte com colorido, desfraldando as bandeiras em prol duma certa ideologia partidária, seja ela qual for. Quem viu nascer esta criança que esbraceja para sair da adolescência e a querer tornar-se adulta, que dá pelo
nome de FAPA, como poderia ter um outro nome, e, quem seguiu de perto o seu desenvolvimento, desde o balbuciar das primeiras letras e agora numa atitude de querer crescer e de estabilizar-se, apetece dar-lhe a mão numa atitude de amizade e de confiança e balbuciar-lhe ao ouvido algumas palavras em segredo e baixinho: força, procura não nadar contra a corrente. Deixa-te enriquecer pela história, por vezes heróica das muitas associações e dos diversos grupos de interesse comunitário. O desenvolvimento histórico das Comunidades Portuguesas tem sido multifacetado e enche-nos de orgulho. Não foi só o Folclore a emprestar vida e cor às comunidades. Este não deve sentir-se como único embaixador da cultura lusa, nestas e noutras paragens, como se ouve às vezes. As Casas Portuguesas, Associações e Centros Culturais e Recreativos, um pouco espalhadas por toda a Alemanha, cheiram a suor e a sangue pelos muitos anos de luta, servindo também com sacrifício, constância e desinteressadamente a comunidade. Muitos dos seus fundadores e dirigentes já deixaram o mundo dos vivos. Segundo se constou e se a memória não me contradiz, a FAPA nasceu vocacionada para apoiar os ranchos folclóricos. Aos poucos foi notando que as suas braços poderiam abraçar também outras agremiações com os mais diversificados objectivos. Foram enveredados convites de aderência, tendo recebido, incompreensivelmente, para eles, reacções diversas dos mais diversos remetentes. Muitos se fizeram notar pelo silêncio, que não deixa de ser também uma resposta, a ter em conta e a respeitar devotamente. Não se coloca um comboio em andamento e só depois se procuram os passageiros para o rechear. Antes de mais é necessário sentar-se, pedir o conselho de forças experientes e duma certa neutralidade, respeito e legitimidade. Não faço distinções entre imprensa, missões cristãs, professores, assistentes sociais e consulados ou indivíduos. O serviço à comunidade e o desejo de crescimento harmónico de cada compatriota com as suas organizações parecem ser as linhas com que estes organismos também se cosem. As lamentações e a exteriorização do descontentamento pela não aderência, não só a nada levam, mas poderão até ter um efeito contrário. As frontes vão ficando mais inflexíveis e rígidas e, deste modo, o diálogo mais inacessível para todos. Os alicerces duma obra são o essencial para que esta cresça e se levante tornando-se
apetecível e admirada pela maioria. Apesar de todos os pesares e da curta história já fizeste sentir bem alto a vossa voz em defesa de alguns valores da comunidade. Levantaste a voz quando foi necessário defender o ensino da língua portuguesa. Exigistes subsídios do governo português para a qualificação de elementos de direcções de agremiações a vós associadas. Haveis editado boletins informativos de interesse geral, mas talvez distribuído somente aos que terão aderido ao vosso projecto. Esquecese facilmente que vivemos e labutamos aqui e que é a esta sociedade que devemos também exigir. Eles estendem-nos a mão, numa atitude solidária, mas preferimos levantar a voz de protesto em vez de aceitar a mão que se estende a querer cooperar. Não é o que fala mais alto que leva a razão. Que estes curtos retoques possam servir para encontrar meios também humanos e apropriados para que se dêem as mãos e, numa atitude solidária, se possam unir esforços reflectindo convenientemente. Elevar a voz na defesa de quem quer que seja ou de que ideal for, para que tenha o devido eco, tem que se estar cingido de legitimação o que não equivale, segundo a minha opaca opinião, a andar de mãos dadas com forças políticas cuja voz parece ecoar mais alto, mas padecendo desse dilema que é a falta de representatividade. Ter um comportamento democrático não é fácil, mas é possuir, além de outros ingredientes, uma profunda humildade, respeito devoto pela diversidade, por quem não comunga os meus ideais, aceitando-se e revendose na critica construtiva, são alguns dos parâmetros do verdadeiro democrata. Nada tem a ver, assim penso, pertencer ou não à esquerda ou à direita ou manter-se no centro, como muitos ainda definem as pessoas mesmo as mais comprometidas. O verdadeiro altruísmo, além de criar comunidade, expande felicidade e o bem-estar a quem o pratica e a quem dele beneficia. E há tanto compatriota nesse processo! reconheçamo-lo, pois este reconhecimento faz bem a todos e pode multiplicar o número de voluntários ao serviço abnegado da comunidade.! Não estarão a faltar, neste esforço humano, e social os valores milenários que sempre nos orientaram? O respeito integral pelo outro, a solidariedade universal, a liberdade responsável, o livre arbítrio, a caridade desinteressada, entre outros? Somos ou não uma sociedade que se espelha e mergulha nos valores cristãos? Cheirará a mofo ou a esturro? Deixo a resposta aos leitores.
Luís de Almeida Sampaio O novo chefe da Embaixada de Portugal em Berlim será Luís de Almeida Sampaio, sucedendo a José Caetano da Costa Pereira que, como os leitores do PP estão certamente recordados, se despediu da Comunidade lusa numa mensagem publicada na edição de Março passado. Luís de Almeida Sampaio, 57 anos, começará as suas funções à frente da principal missão diplomática portuguesa na Alemanha já no dia 1 de Abril. O novo Embaixador vem da Embaixada de Portugal em Belgrado onde esteve desde 2008 até ao ano em curso. Entre outras funções, Luís de Almeida Sampaio foi Embaixador na
Algéria, com uma passagem pela Embaixada de Portugal em Angola, Luanda. Natural do Porto, o novo Embaixador parte para um grande desafio que é, como se percebe, o cargo de Embaixador no mais importante país da Europa num momento em que a Alemanha quase que “dirige” os destinos de Portugal após ter sido resgatado devido às suas dificuldades económico-financeiras. Acresce ainda que a Alemanha é um parceiro vital para a economia portuguesa e tem uma comunidade de portugueses e luso-descendentes com quem o novo Embaixador deve também dialogar.
FESTIVAL DE FOLCLORE
“Âncora do Mar” organiza o 25º festival de folclore Um dos mais conhecidos e genuínos grupos de folclore da comunidade lusa na Alemanha, o “Âncora do Mar”, de Rheine, vai organizar o seu 25º festival de folclore. O festival, que já foi um dos mais aguerridos encontros de grupos em que se competiam, é agora de “Amizade”. Quem nos disse foi a presidente do grupo, Sara Alves, uma jovem de 21 anos que está a pegar neste grupo com longas tradições e projectá-lo para o futuro. Sara Alves informou o PP que, neste momento, o grupo é composto por cerca de cinquenta elementos – Músicos, dançarinos, tocadores, etc , representando três gerações de portugueses. O “Ancora do Mar” representa as
tradições de danças e cantares da zona das Cachinas e Vila do Conde. Ao logo dos seus 24 anos de existência, o grupo de Rheine foi uma “escola” para muitos pequenos que, ali, conheciam e aprendiam as tradições populares dos seus pais, conviviam e partilhavam com os outros aquilo que durante os anos aprendiam. Por isso, vale a pena dar uma saltada a Rheine no dia 14 deste mês. Nesse dia, o “Âncora do Mar” organiza o seu 25º festival em que participam vário grupos folclóricos vindos da Alemanha. O local do festival é na Kopernikushalle Rheine, Korpenkusstr. 61, 48429 Rheine. A entrada é livre. Depois da actuação dos grupos folclóricos, seguir-se-á um bailarico para pôr a forma física em dia.
Comunidades
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MUNIQUE
NOTÍCIAS DE WEINHEIM
Deputado Carlos Gonçalves
Missão Católica
Portugueses devem acautelar-se antes de partir porque a Europa já não é o „El Dorado“
O Missionário Victor Cecilio e a Comunidade de Weinheim
Durante uma deslocação à Alemanha, o deputado social-democrata Carlos Gonçalves disse que os países europeus deixaram de ser „o El Dorado“, considerando que o facto de o país estar mais atento à emigração pode favorecer o esclarecimento a quem quer sair de Portugal. „Há dois anos que a emigração portuguesa coincide com períodos de menor crescimento económico dos países que acolhem e, assim sendo, com algum aumento que possa ter existido aumentam também as possibilidades de problemas para as pessoas que emigram“, disse Carlos Gonçalves. O deputado lembrou que a emigração não é um fenómeno novo e que no passado recente houve anos em que as saídas ultrapassaram as 100 mil pessoas por ano. „É preciso atender a que alguns países na Europa já não são o El Dorado e as pessoas têm que ter uma precaução enorme quando decidem sair para o estrangeiro para trabalhar“, disse Carlos Gonçalves, destacando que o Governo está a trabalhar em programas de prevenção e em campanhas de
Nasceu em Manteigas, Distrito da Guarda e tem 44 anos. É Missionário de São João Baptista, uma Congregação de origem alemã, onde fez inclusive o seu noviçado. Foi ordenado em 1998 na paróquia de Nossa Senhora da Conceição, na Amadora e foi durante cerca de oito anos o responsavel do Seminário em Gouveia e um ano pároco de três paróquias na zona de Condeixa, Diocese de Coimbra. Depois, por intermédio de um antigo colega de seminário, o Diácomo Rui Mendes, responsavel pela comunidade portuguesa de Augsburg, aceita o convite e o desafio para vir trabalhar com os portugueses da região norte de Baden-Württemberg, Diocese de Freiburg e assim chega a Weinheim. Com a sua chegada a Weinheim no início de 2010 a comunidade tem aderido da melhor forma, marcando assídua presença nas missas. No final do ano de 2010 algumas senhoras tiveram a brilhande ideia de criar um grupo coral, que desde então alegra as ho-
Carlos Gonçalves informação para que as pessoas não saiam de Portugal „sem o mínimo de condições“. „Actualmente, há uma maior atenção da comunicação social à questão migratória, o que pode beneficiar a informação das pessoas. As pessoas ficam alerta para um conjunto situações que não são novas, são periódicas e regulares e não apenas na Europa, também fora da Europa“, disse. Para o deputado eleito pelo círculo da Europa, é preciso que os portugueses „tenham
consciência que a situação mundial e em particular na Europa não é favorável à procura fácil de emprego e, como tal, é preciso que as pessoas se acautelem antes de partir“. Carlos Gonçalves, recentemente, visitou as comunidades portuguesas em área consular de Estugarda, deu ainda conta da vontade dos portugueses residentes nas regiões de Olsbrucken e Munique de poderem contar com a cobertura das permanências consulares anunciadas pelo Governo.
GENTE O luso-descendente Antú Romero Nunes é um dos mais promissores encenadores da Alemanha, tendo sido eleito por uma revista de teatro como o “melhor jovem encenador do ano”. Antú Romero Lopes, 29 anos, filho de pai português e de mãe chilena, é encenador no Teatro Maxim Gorki, em Berlim. Nascido em Tübingen, em 1983, o jovem encenador começou a sua ligação ao teatro como encenador e actor no Theater Lindenhof. Tem uma passagem pelo Chile onde também trabalhou como assistente de realização. De volta à Alemanha, Romero Nunes encena no Freilichtspielen Schwäbisch Hall . Segundo o portal Wikipedia, Romero Nunes é o mais jovem encenador da história do famoso teatro berlinense Maxim Gorki.
mílias com belos cânticos e que a par da forma sempre profunda como o Pe. Victor comunica com os seus fieis , fazem a comunidade acorrer em bom número à igreja, sempre ao terceiro domingo de cada mês. Por iniciativa do Padre, foi criado em Dezembro de 2011 um conselho paroquial. Tratase de um grupo de pessoas com vontade e determinação em organizar eventos para a comunidade e também ajudar o Sr. João do Rosário, pois este presta serviço à comunidade católica de Weinheim e arredores hás já muitos anos, não só nas tarefas que desempenha antes e no decorrer da celebração da missa , como também vem sendo ao longo dos anos um elo de ligação entre a Missão Católica de Freiburg e a nossa comunidade. É de salientar aqui também a importância da Associação União Lusitana Rhein Neckar, por muitos conhecida por Centro Português de Weinheim, que, na minha opinião,
tem em muito contribuído para a união da comunidade local, pois além de ser um ponto de encontro, é também lá que o grupo coral faz os seus ensaios para que no dia da homilia se apresente bem afinado. É também o lugar onde o Conselho Paroquial reúne uma vez por mês e no qual divulga à comunidade, a par da sua página no facebook, as suas ideias , eventos, horários das missas etc. Toda esta harmonia faz também deste local um destino preferido de muitos fieis para depois da missa tomar o seu café e conversar com os amigos. O Conselho Paroquial de Weinheim aproveita para informar os leitores do PORTUGAL POST da região, que estamos a organizar para o próximo dia se 13 de Maio uma excursão de autocarro para a peregrinação da comunidade Católica do sul da Alemanha à Nossa Sa. de Fátima em Ottobeuren. Vítor Lima, Correspondente
Saudações à nova Direcção e restantes Orgãos Sociais da União Lusitana Rhein Neckar Também conhecida por Centro Português de Weinheim , esta jovem Associação Portuguesa caminha a passos largos para o seu 14º aniversário. No ínicío do ano foi com grande apreensão e espectativa por parte dos sócios, que decorreu substituição da Direção. Pois a larga maioria dos diretores que exerceram em 2011, tinha já declarado não ter intenção de continuar em funções este ano. Decisão que se compreende prefeitamente depois de um ano de trabalho e
dedicação a nossa Associação. Mas como a história muitas vezes repete-se. No caso da nossa comunidade e porque não somos muitas centenas de sócios, logicamente vamos repetindo mais vezes. Assim podemos contar este ano e quem sabe por mais.... com o nosso sócio e amigo Vasco Pereira para liderar uma equipa e os destinos da nossa Associação. Ele que já foi nosso Presidente em 2006 , volta assim a ser o Homem do Leme.... e leva consigo uma excelente equipa,
determinada a levar o barco a bom porto... prova disso foi já a excelente Festa de Carnaval que organizaram e ainda com poucos dias de trabalho como Direção. Como sócio e em nome de todos aqueles que apoiaram a eleição dos orgaõs Sociais desejo-lhes as maiores felicidades. O lema da Associação é a união e como a união faz a força, ficaremos cada vez mais fortes.... Sócio nr. 171 Vitor Lima, Correspondente PUB
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Comunidades
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PP DÁ A CONHECER MAIS UM PORTUGUÊS NA ALEMANHA
José Torres, uma história de vida com luta e sucessos O PORTUGAL POST sempre em viagem, na busca de informações sobre a comunidade portuguesa na Alemanha, das suas tradições e da sua cultura. Metemos os pés ao caminho e fomos até Groß-Umstadt. Conhecemos alguns e desta feita escolhemos o senhor José Torres. Combinámos o encontro e mais uma vez a “tradição”quebrou-se:chegámos ambos à hora acordada. Nem em tudo os portugueses conseguem manter as suas tradições. O estabelecimento comercial onde marcámos encontro situa-se na Georg-August-Zinn-Str. 42,em GrossUmstadt, propriedade deste simpático e conversador português. Para estarmos mais à vontade ,franqueou-nos as portas da sua residência, onde, após um café e dois dedos de conversa “of record” fomos directos ao que nos levou ali: conhecer mais um português na Alemanha. Há quanto tempo está o senhor José Torres na Alemanha? Cheguei à Alemanha em Agosto de 1971. O que o levou a vir para a Alemanha? J.T.:Meu pai era comerciante em Portugal, mas devido a uma doença grave da minha mãe, procurou no estrangeiro cura para essa doença. Nessa altura, quem não tinha dinheiro tinha dificuldade em se tratar. Meu pai hipotecou os bens que tinha para tentar salvar a minha mãe, que apesar de todos estes esforços, acabou por falecer. Para reaver todos os bens teria que pagar estes empréstimos, daí o ter emigrado para a Alemanha. Chamounos a todos para ao pé dele. Éramos cinco irmãos. Quando consegui pagar todos os compromissos voltou para Portugal para continuar no comércio. Perguntou se íamos com ele ou ficávamos. Eu fiquei. Comecei então a trabalhar. Laborei nalgumas firmas. Naquele tempo era fácil arranjar trabalho. Saíamos de um trabalho, tínhamos logo outro à espera. Entretanto, tirei um curso de cabeleireiro. A minha mulher era mestre cabeleireira também e chegámos a ter dois salões. Então, como chegou ao negócio que tem hoje? Este estabelecimento era da minha irmã. Duas razões me fizeram ficar com ele. A primeira foi o facto da minha irmã querer ir para Portugal. A segunda: deveu-se ao facto da minha esposa ter contraído um problema num braço e não estar a conseguir trabalhar. Passei os salões ao meu cunhado e mudei então de ramo. Assim fiquei com ele, apesar de
Como podemos classificar o seu estabelecimento? Supermercado com mercadoria portuguesa. E os clientes são portugueses ou almães? Temos de uns e de outros. Os alemães são excelentes clientes. Compram bem e gostam muito dos nossos produtos.
no calor do seu lar. Fez questão de frisar que foi nesta sua paixão pelo futebol, primeiro como praticante, mais tarde como dirigente, que conheceu muita gente, sobretudo alemães ,o que, como referiu ,lhe trouxe muitos benefícios. Questionámos o senhor José Torres sobre a sua forma de lidar com os alemães e como eles partilham a sua vida com esta comunidade. Foi rápida a sua resposta, dizendo-nos “que nesta área os alemães gostam muito dos portugueses e que as relações são execelentes. São trabalhadores e ordeiros”. Vamos à missa,vamos às festa e fomos bem acolhidos.Há muito respeito pelos portugueses.
“AQUI HÁ MUITO RESPEITO PELOS PORTUGUESES” MANTER TRADIÇÕES Até chegar aqui o senhor José Torres confidenciou-nos que fez um pouco de tudo: taxista, porteiro, motorista de limusines. Mas o casamento não era compatível com esta vida. Foi aí que as coisas mudaram,sentiu necessidade de acalmar. Diz que a sua integração na Alemanha foi relativamente fácil e que apesar de não ter ido à escola com a assiduidade que gostaria, devido à necessidade de trabalhar em prol da família, mesmo assim aprendeu a língua alemã para, como diz, ”não precisar de ninguém para ir a qualquer lado”. No meio desta azáfama toda ainda nos confessou, com muita satisfação, que teve tempo para jogar futebol no lugar de médio. Aproveitei para “o rasteirar”sem levar cartão amarelo e assim perguntei ao senhor José Torres, se essa colocação a médio seria tipo Rui Costa, ao que ele respondeu de imediato: ”Não, não! assim tipo João Moutinho”.Ficámos a saber então qual a sua tendência clubística. Aliás é uma característica e uma tradição dos portugueses: nunca esquecem o clube do seu coração. Mas diz que prefere ver os jogos
3ªTaça dos Campeões ( Sueca )
Equipa vencedora da edição 2011 j. Fonseca & F. Martins
José Torres enquanto falava ao PP na altura não gostar muito. Gostava mais do meu trabalho. Mas mesmo assim dava uma ajuda à minha irmã aos fins de semana, festas ou quando ela ia de férias.
A Associação União Lusitana Rhein Neckar organiza
Ao vender produtos portugueses ,a tradição culinária mantém-se. Assim estamos sempre perto das nossas raízes e hábitos alimentares, permitindo também aos alemães um contacto mais profundo com a nossa cozinha. Isso é bom para o país e para a sua divulgação, independentemente da vertente económica. O PP perguntou como é que fazem os portugueses que moram mais distante do seu estabelecimento para adquirirem, por exemplo, o fiel amigo. A resposta foi elucidadtiva: ”Juntam-se vários num meio de transporte e vêm às compras”. Acrescentou que é um exemplo a seguir noutras áreas. Apelou aos portugueses que se unam e se entreajudem, a fim de se tornarem uma comunidade mais coesa, mais solidária, mantendo mais vivas as tradições, sobretudo nos centros de convívio de portugueses. O senhor José Torres salientou também a importância que o PP pode ter nessa matéria. Escrevendo sobre os portugueses e estando mais perto deles. No meio da sua actividade profis-
sional e pessoal, José Torres dá o exemplo, arranjando ainda tempo para colaborar com o Clube Operário Português de Gross-Umstadt, onde é vice presidente. Já participou em várias direcções de outros centros portugueses como o de Babenhausen.. É importante, salienta o nosso entrevistado,”os portugueses esforçarem-se por manter estes centros a funcionar”, fazendo também um apelo à juventude “para que continue e se interesse por estas associações, não deixando morrer as tradições ou deixar cair por terra tantos anos de trabalho e suor”. O senhor José Torres fala com satisfação do seu esforço em prol dos centros em geral e do futebol em particular Nota-se nas suas palavras emoção e querer. Também uma pequenina tristeza se manifesta quando se fala dos seguidores do seu trabalho e do receio que ele tem que se possa perder. Desabafou um pouco ao dizer que muitas vezes se sentia cansado, pois tinha fins de semana que tinha de sacrificar a sua familia, o seu descanso para que as coisas funcionassem e que por vezes sentia falta de apoio na continuidade desta tarefa. O PP acrescenta que é graças a homens e mulheres como o senhor José Torres que a comunidade portuguesa está em alta na sociedade alemã. e de proximidade à comunidade portuguesa na Alemanha. . Agradecemos a disponibilidade do senhor José Torres, a simpatia e amablidade com que nos recebeu na sua própria residência. Português trabalhador, empresário de sucesso, futebolista. dirigente desportivo e associativo, é um exemplo a seguir. Foi assim que o Portugal Post deu a conhecer “Mais um português na Alemanha”. Fernando Roldão, Correspondente
A Associação União Lusitana Rhein Neckar, em Weinheim, irá realizar no próximo dia 29 de Abril de 2012, nas suas instalações, a terceira edição da Taça dos Campeões de sueca destinada a equipas que possam representar associações, casas portuguesas, instituições, empresas, Comissões de Pais ou mesmo núcleos de portugueses em representação de localidades da Alemanha que queiram visitar-nos e disputar uma magnífica taça com as nossas três equipas, melhores classificadas no campeonato de 2011 que se disputou na nossa Associação. Teremos muito gosto em receber os nossos compatriotas para disputar esta Taça, e lutar assim, ( com fair-play, claro) pelo título de equipa campeã das campeãs, sem esquecer o convívio entre portugueses. Na última edição estiveram presentes 16 equipas, 8 cidades e 4 associações mas esperemos que este ano, esses números sejam mais elevados. Para obter toda informação sobre este Torneio ( Taça dos Campeões de Sueca ) Pode contactar por email uniaolusitana@t-online.de
Entrevista
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José Rebelo Coelho, ex-Conselheiro Social na Embaixada de Portugal em Berlim
“Os serviços consulares e o ensino não são um problema dos portugueses do estrangeiro. São sim um problema do Estado” luções para superar as dificuldades do movimento associativo.
Uma grande parte dos leitores ainda se lembra de José Rebelo Coelho, Conselheiro Social na Embaixada de Portugal em Berlim de 2003 a 2005. Hoje, aposentado, Rebelo Coelho publicou recentemente um livro intitulado “A Pátria e outros Portugueses” dedicado às questões da emigração; desde os primeiros destinos emigratórios dos portugueses até aos nossos dias. No seu livro, Rebelo coelho traça também um quadro pormenorizado sobre as questões que importam às comunidades e a todos que se empenham em encontrar respostas para as preocupações dos portugueses residentes no estrangeiro. Rebelo Coelho, que foi também Cônsul de Portugal em Liège e Antuérpia e ainda Conselho Social nas Embaixada de Portugal na Bélgica e na Suíça, concede uma entrevista ao PP tendo como pano de fundo a publicação do seu livro O seu livro “A Pátria e os outros Portugueses” é um retrato bastante completo sobre as comunidades, a sua vivência e as suas preocupações. O que o levou a escrever este livro? Ao longo de trinta anos de actividade profissional junto dos portugueses do estrangeiro, sempre me impressionou a maneira como esses portugueses viviam – e muitos deles continuam a viver -, a sua relação afectiva com a sua Pátria de origem. Relação essa expressa, sob diversas formas, no seu quotidiano. É díficil encontrar no mundo um povo com um tão grande afecto ao País das suas origens, como aquele que têm os portugueses que tiveram de deixá-lo para ir encontrar no estrangeiro melhores condições de vida. Por outro lado, essa experiência profissional permitiu-me adquirir um melhor conhecimento da maneira como a Pátria, aqui entendida nas suas componentes, sociedade civil e Estado, trata os seus filhos que vivem no estrangeiro, designados na maior parte dos casos por “emigrantes”, e a que vieram acrescentar-se nas última décadas os conceitos de “lusodescendentes”, “comunidades portuguesas” e “diáspora”. Todas estas expressões subentendem muitas vezes a ideia de que se trata de “outros portugueses”. Daí o título do livro. É a análise desses dois aspectos, a relação afectiva dos portugueses do estrangeiro à sua Pátria e a forma como esta os trata, que constitui o essencial do livro.
Tem tido reacções à publicação do livro? Tenho recebido imensos testemunhos de apreço e comentários muito positivos sobre o livro. Também tenho recebido algumas opiniões divergentes, o que é natural. É óbvio que o conteúdo do livro, pela natureza das questões abordadas, nomeadamente no que toca às chamadas políticas para a emigração, pode não agradar a toda a gente. Assiste-se neste momento a uma debandada de portugueses para alguns países europeus que, em
tempos, receberam portugueses emigrantes. Acha que estamos a assistir a uma nova vaga de emigração? Acho que se exagera quando se fala de “vaga de emigração”. É evidente que o número de portugueses que chegam a certos países europeus é elevado. Mas, está longe de atingir os fluxos dos anos sessenta e inícios dos anos setenta do século passado. Há que não esquecer que os países europeus, na altura grandes importadores de mão-de-obra estrangeira, também são hoje, à excepção da Alemanha, confrontados com um desemprego em crescimento, se bem que em menor percentagem do que em Portugal. Neste contexto, que transformações se devem processar para melhor corresponder aos interesses e preocupações das Comunidades num mundo diferente do de há 40 ou mesmo 50 anos? Para os portugueses que hoje emigram para países europeus o processo emigratório é muito diferente do que era há 40 ou 50 anos atrás. Na altura, a maior parte teve de dar o “salto”, passando pela dramática experiência da clandestinidade. Hoje, e graças à livre circulação de pessoas, vêm em total legalidade. Além disso, em tanto que cidadãos comunitários, beneficiam de uma simplificação dos procedimentos administrativos e de certos apoios, nomeadamente no campo das prestações sociais, que os seus compatriotas de então não tiveram. Mas isso não significa que não haja dificuldades e problemas, que carecem da intervenção das autoridades portuguesas. Ouve-se por vezes dizer a responsáveis políticos, que a “emigração hoje é diferente, jã não partem com a mala de cartão”. Não é por partirem com um diploma universitário e com uma mochila ou com uma mala samsonite que muitas dessas pessoas não têm dificuldades quando chegam ao país de destino. As dificuldades relacionadas com o idioma, as diferenças culturais, para encontrar alojamento, escola para os filhos e, em muitos casos, emprego, são realidades bem presentes. Por outro lado, e contrariamente àquilo que se ouve com alguma
José Rebelo Coelho. Foto: PP frequência, a nova emigração não é apenas composta de jovens diplomados. Há também, e talvez seja a maioria, muitos ex-operários, ex- empregados e ex-trabalhadores por conta própria. Face a tudo isso, o Estado português deveria prestar uma maior atenção ao apoio social e jurídico, disponibilizando meios humanos e materiais em número suficiente. Infelizmente, esse não é o caso. Por exemplo, em vários postos consulares, caso da Secção Consular da Embaixada de Portugal em Berlim, os técnicos de serviço social que se aposentaram não têm sido substituídos, e noutros postos esses técnicos passaram a exercer outras funções. Serviços consulares, ensino e associativismo são os eternos problemas das comunidades. Acha que num futuro próximo o associativismo deixará de ser uma preocupação das Comunidades? Os serviços consulares e o ensino não são um problema dos portugueses do estrangeiro. São sim um problema do Estado português, na medida em que são obrigações decorrentes de preceitos constitucionais. Nesse contexto, os portugueses do estrangeiro estão no pleno direito de exigir-lhe: uma rede consular que lhes assegure a prestação de bons serviços e defenda eficientemente os seus direitos, e os cursos de língua portuguesa aos seus filhos, em tanto que língua materna, e não como língua estrangeira. Quanto ao associativismo, a sua situação diz essencialmente respeito aos portugueses do estrangeiro. O associativismo é um elemento importante da sua vivência. É talvez o elemento mais importante em tanto que factor de dinamismo, de aglutinação, de convivência colectiva e de
preservação dos laços culturais. Não obstante as dificuldades, que são reais, que vive o movimento associativo, não creio que a salvaguarda da sua continuidade deixe de ser uma preocupação para os portugueses que se interessam pela vida associativa e que participam nas suas actividades. Que saída para o associativismo? As soluções para os problemas do movimento associativo passam necessariamente pelos próprios associados. As diculdades que afectam muitas associações estão sobretudo ligadas à própria evolução da emigração. As associações criaram-se e desenvolveram-se com as primeiras gerações. As associações faziam parte do seu quotidiano. As gerações seguintes não têm as mesmas motivações nem o mesmo espírito de abnegação, salvo algumas excepções. Daí que as soluções terão de ser mais de natureza humana do que financeira. Aliás, de um modo geral, uma associação bem gerida não tem problemas financeiros. A questão coloca-se essencialmente a nível dos recursos humanos. Para isso, é necessário preparar atempadamente a alternância geracional. As associações que o fizeram conseguiram sobreviver. Quanto aos apoios financeiros oficiais, face ao grande universo que representa o movimento associativo no mundo e aos montantes das suas despesas de funcionamento, raramente conseguirão ir além de uma gota de água no oceano. Outra coisa poderiam ser os apoios em termos de formação de quadros associativos e de equipamentos. Acrescento que, no meu livro, onde dedico um capítulo ao papel das associações no contributo para a preservação dos vínculos à Pátria, exponho algumas ideias em relação aos apoios e às so-
A sua experiência enquanto Conselheiro Social na Embaixada em Berlim leva-o a ter uma sensibilidade apurada para as questões das Comunidades. Acha que é um erro os governos terem extinto o departamento social da embaixada e, consequentemente, não terem indicado ninguém para preencher o lugar de Conselheiro Social? Acho que em todas as Embaixadas portuguesas em países onde reside um elevado número de portugueses, como é o caso da Alemanha, deveria haver um conselheiro para as questões sociais. Não apenas para se ocupar dessas questões, mas também para promover e coordenar iniciativas que pudessem contribuir para a valorização dos portugueses nesses países, nomeadamente nas áreas da formação profissional, e que colaborasse, de forma activa, na dinâmica social, cultural e empresarial inerente à vivência desses portugueses.
Neste momento tem alguma actividade que o leve a estar informado e atento aos acontecimentos das comunidades? Desde sempre me interesso pelas questões ligadas às migrações internacionais, sobretudo no que respeita aos fluxos emigratórios e às políticas de integração nos diferentes países. Quanto à emigração portuguesa, continuo a seguir com interesse tudo o que lhes diz respeito. Os portugueses nos países em que vivem continuam, de um modo geral, a desfrutar de opiniões muito positivas das populações autóctones, sendo, por vezes, citados como exemplo de integração. Quanto àquilo a que é usual chamarse políticas para a emigração, desde meados da década dos anos noventa, e para além dos apoios pontuais, que têm tido como tema dominante as questões consulares, em prejuízo de outros aspectos que deveriam também merecer uma atenção particular, como sejam: a dinâmica cultural, a valorização sócio-profissional, o aproveitamento efectivo por Portugal das mais-valias que representam milhões de portugueses espalhados pelos cinco continentes nas áreas económica, profissional, empresarial, cultural e política. Quanto ao ensino da língua portuguesa aos filhos dos portugueses do estrangeiro, embora seja também um tema constante dessas políticas, infelizmente a sua evolução têm vindo a ser no sentido de reduzir o número de cursos oficiais e, ultimamente, a tendência é para dar a esse ensino um estatuto de língua estrangeira. Mário dos Santos
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Alemanha
PORTUGAL POST Nº 213 • Abril 2012
Alemão nega autoria de duplo homicídio de namorada angolana e da filha no Algarve O alemão acusado de duplo homicídio da namorada angolana e da filha de ambos, durante umas férias no Algarve, em Julho de 2010, negou hoje a autoria do crime, na abertura do julgamento, em Munique. „Isso não corresponde à verdade“, disse Gunnar Dorries, quando a promotora pública lia a queixacrime. Convidado a descrever-se a si mesmo, o arguido, de 44 anos, afirmou que é „uma pessoa natural, simpática e calma“, tentando deixar boa impressão na sala de audiências. O engenheiro alemão disse ainda que a sua relação com a vítima, Georgina Zito, de 30 anos, „era uma amizade, o que é mais do que uma relação“, alegando que tinha rompido a referida „amizade“ quando a sua namorada alemã se mudou de Inglaterra para Munique, a cidade onde ele já vivia. Gunnar tinha conhecido Georgina num concerto musical em Estugarda, em 2006, e pouco tempo depois a angolana ficou grávida de Alexandra, que o pai só conheceu nas férias de 2010 em Portugal.
Segundo o Ministério Público, o réu terá matado Georgina - com quem tinha mantido uma relação amorosa que não assumiu, por viver com outra mulher - e a filha de ambos, Alexandra, de 21 meses, durante as férias que passou com elas em Lagos. As polícias portuguesa e alemã apuraram posteriormente que o suspeito viajou para Portugal a 06 de Julho, na companhia de Georgina,
que residia em Estugarda, e da filha Alexandra, alojando-se com elas num hotel de Lagos. A 10 de Julho, Dorries, terá arrastado Georgina para a água na Praia do Canavial, onde a afogou, simulando um acidente, presenciado por algumas testemunhas portuguesas que tentaram interpelá-lo, mas que repeliu, desaparecendo em seguida com a pequena Alexandra nos braços.
Horas depois, chegou ao hotel já sem a filha, e a 13 de Julho viajou para Lisboa, num carro de aluguer, apanhando depois um avião para Munique. A 15 de Julho, um comando especial da polícia alemã deteve Dorries no seu apartamento na capital da Baviera, com base num mandado de captura europeu emitido pelas autoridades portuguesas. Desde então, o suspeito está em regime de prisão preventiva em Munique.Interrogado várias vezes pela polícia, Gunnar Dorries recusou-se sempre a revelar o paradeiro de Alexandra, e chegou mesmo a afirmar que a criança estava viva e que a tinha confiado a um casal de turistas no Algarve. Porém, os restos mortais da menina acabariam por ser encontrados por pescadores, em Março de 2011, na costa algarvia, perto de Sagres. Devido ao adiantado estado de decomposição do corpo, os investigadores não conseguiram apurar, no entanto, como a criança terá morrido. Dorries terá planeado assassinar
Georgina e a pequena Alexandra, que só conheceu em 2010, quando a mulher angolana lhe exigiu que assumisse a paternidade da criança, o que não estava disposto a fazer, por recear que a sua companheira alemã descobrisse tal relação e rompesse com ele. Para isso, viajou em segredo até Lagos, em Junho de 2010, preparando meticulosamente o crime, sustenta o Ministério Público de Munique. Segundo os autos de acusação, o engenheiro terá dito à sua companheira alemã que tinha de ir à Dinamarca em viagem de negócios, para encobrir as férias em Portugal. Portugal pediu, na altura, a extradição do suspeito, mas este recorreu para a justiça germânica, que lhe deu razão, sustentando que os meios de prova, as testemunhas e o pano de fundo do caso existem tanto na Alemanha como em Portugal. O Tribunal Regional de Munique agendou 14 audiências para o julgamento. A leitura da sentença está marcada para 16 de maio.
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Alemanha
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Governo quer impedir que outros europeus tenham acesso a sistema de prestações sociais O Governo alemão anunciou que resolveu vetar uma decisão judicial favorável à concessão do rendimento social de inserção a cidadãos de outros países da União Europeia, para impedir que haja imigração para os sistemas de prestações sociais. „Precisamos de imigrantes qualificados, que aqui trabalhem e descontem para a previdência social, mas a cultura de boas-vindas não significa um convite à imigração para os nossos sistemas sociais“, disse aos jornalistas, em Berlim, o porta-voz do Ministério do Trabalho e dos Assuntos Sociais, Jens Flosdorff. O mesmo responsável garantiu que a decisão do executivo „não teve nada a ver“ com o elevado desemprego em países como a Grécia, Espanha ou Portugal, e à possibilidade de os nacionais destes países da União Europeia beneficiarem do chamado Hartz IV, rendimento social de inserção
alemão, mas sim com a equiparação dos direitos dos cidadãos comunitários. A partir de 2010, cidadãos de alguns países da UE, mas também de outros Estados, como a Turquia, tinham direito ao Hartz IV, ao abrigo do Acordo Europeu de Protecção, assinado em 1953, após o Tribunal Federal Social
Alemão, em 2010, ter deferido um requerimento neste sentido de um cidadão francês. O mesmo não sucedia, por exemplo, com cidadãos da Áustria ou da Polónia, países que não são signatários do referido acordo. „Tínhamos de repor a igualdade de tratamento dos cidadãos europeus, antes que Bruxelas re-
solvesse intervir“, explicou Flosdorff. O porta-voz do Ministério do Trabalho garantiu que o veto do Governo não foi „uma medida de prevenção para evitar fluxos migratórios“ da Grécia, da Espanha ou de Portugal, a braços com elevadas taxas de desemprego, „mas sim motivado pela necessidade de harmonizar a lei“ e suprimir a desigualdade entre cidadãos da UE. O responsável sublinhou ainda que, na opinião do executivo germânico, os cidadãos da UE têm direito à liberdade de circulação e de procurar emprego em qualquer dos países-membros, „mas não de emigrar para os sistemas sociais de outro país“. Flosdorff lembrou ainda que a Agência Federal de Trabalho já considerou „residual“ o número de gregos, espanhóis ou portugueses que recorreram anteriormente ao Hartz IV, embora não haja estatísticas oficiais. Steffen Seibert, porta-voz da
chanceler Angela Merkel, corroborou as afirmações de Flosdorf, no habitual „briefing“ com os jornalistas. „É falso que haja nesta decisão uma mensagem política, tínhamos o dever de harmonizar a lei, queremos imigração qualificada e liberdade de circulação, mas temos de evitar que haja abusos dos sistemas sociais“, sublinhou Seibert. Os beneficiários do Hartz IV, que, ao contrário do subsídio de desemprego, não é limitado no tempo, têm direito a um subsídio mensal de inserção de 374 euros, acrescidos de subsídios ligeiramente inferiores para a mulher e filhos até aos 24 anos de idade, no caso de famílias. Além disso, recebem subsídio de renda de casa, para compra de mobiliário e vestuário, e outras prestações sociais, e estão isentos do pagamento de taxas moderadoras no sistema de saúde pública, por exemplo. PUB
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Leica Portugal é excepção em tempos de crise e distribui lucros pelos trabalhadores Em tempos de crise há empresas que marcam a diferença e a subsidiária portuguesa da Leica é um exemplo disso. A fabricante de máquinas fotográficas atribuiu aos trabalhadores um prémio monetário para compensar o corte do subsídio de Natal e a sua produtividade. „Em Novembro, como os trabalhadores tiveram de prescindir de parte do subsídio de Natal, a Leica optou por atribuir um prémio“, distribuindo lucros para colmatar esta perda salarial, diz o presidente da Leica, Carlos Mira, em declarações à agência de notícias Lusa. Este prémio visa incentivar os trabalhadores da unidade de Vila Nova de Famalicão, que são a chave do sucesso da empresa em Portugal. Isto porque se não fosse a qualidade do trabalho dos colaboradores provavelmente a empresa de origem alemã já não estaria em Portugal, adianta. „A Alemanha precisa de Portugal. Já houve tentativa de deslocalizar alguns produtos ou componentes. Fazemos aqui alguns produtos que são únicos no mundo“, confidencia.
Ao todo, trabalham na unidade famalicense 650 colaboradores. Nesta unidade, a Leica privilegia os anos de casa, porque produzir máquinas fotográficas desta marca exige „um parâmetro de qualidade elevado“, sublinha o responsável. „Temos um ‘know how’ de quase quarenta anos, mais de metade dos trabalhadores já estão quase há mais de 25 anos, e isso é um ‘know how’ quem nem a casa-mãe tem hoje em dia“, diz Carlos Mira, com orgulho. „Há uma mulher que está quase a fazer 40 anos na empresa“, acrescenta Carlos Mira, com um sorriso, enquanto apresenta as três secções da unidade de Vila Nova de Famalicão: mecânica, óptica e montagem. Do total de trabalhadores, 353 são mulheres e mais de 5% dos colaboradores têm formação superior. A Leica arrancou em Portugal em 1973, sessenta anos depois da primeira câmara Leica ter sido inventada, com cinco pessoas. Actualmente, a média de idades na fábrica é de 39 anos, o que para Carlos Mira demonstra que parte dos trabalhadores começou a trabalhar muito cedo na unidade que se estende
ao longo de 11.700 metros quadrados (área de produção), de um total de 21 mil metros quadrados. A empresa sempre teve uma postura discreta, tal como os seus responsáveis. Aliás, poucos sabem que o Banco Espírito Santo (BES) tem 8% da empresa portuguesa. O próprio administrador admite que são poucas as pessoas que sabem o que se realmente se produz na unidade. „Já me têm dito que se produzem aqui umas máquinas“, diz a sorrir, encolhendo os ombros. Também não há memória de qualquer visita solene à unidade. „Produzimos três tipos de máquinas fotográficas, digitais, também algumas analógicas, vários binóculos e medidores de distâncias, miras telescópicas“, explica. As secções da mecânica e óptica são as únicas que laboram em três turnos. Em comum, todas têm um departamento de qualidade que avalia ao detalhe a concepção de cada componente que ao longo do dia dará lugar a um produto acabado. Por exemplo, uma máquina fotográfica Leica é composta por 590
peças e diariamente são produzidas 80. „Uma máquina leva cinco horas a ser produzida“, enquanto em média um binóculo leva duas horas, diz. A fábrica portuguesa produz 90% da máquina fotográfica, estando a concepção final entregue à casa-mãe, na Alemanha. Apenas os binóculos compactos têm a indicação ‘made in Portugal’. „Todo o produto que é feito em Portugal é exportado para a casamãe“, explica. Depois, os produtos saem para a Europa, Ásia, Japão, EUA e mais recentemente para a Coreia do Sul e Tailândia. Depois de um „planeamento rigoroso“, a primeira parte do processo produtivo arranca na secção da mecânica. Aqui são produzidos componentes em alumínio, magnésio, latão e titânio. As peças são trabalhadas em tornos e fresadoras CNC com dimensões entre 2 e 300 milímetros, gravadas - cujo processo é minucioso -, seguindo-se o tratamento de superfície com anodização, cromagem e pintura. Já a secção óptica tem uma capa-
cidade instalada para produzir 3.000 lentes e 1.500 prismas diariamente. Aqui, as lentes levam um revestimento hidrofóbico, o que impede que as gotas de água turvem a imagem obtida através da lente. Esta é uma secção especial, uma vez que „não há nenhuma assim na Península Ibérica“, garante Carlos Mira. „Até os japoneses gostariam de conhecê-la“, diz Carlos Mira a sorrir. Aqui os segredos mantêm-se escondidos da concorrência. A produção de componentes ópticos com tolerâncias muito exigentes é um dos „pontos fortes“ que distingue a empresa de outras do sector. A sincronização entre as secções da mecânica e óptica é planeada ao detalhe, para não interromper a fluidez da produção, uma vez que tudo funciona quase ao cronómetro. O processo produtivo termina com a montagem. E porque a Leica é uma marca para apaixonados pela fotografia, a fábrica tem uma zona dedicada às máquinas analógicas. Isto porque, como explicou Carlos Mira, é preciso não descurar os coleccionadores das máquinas antigas. PUB
Tony Carreira na Alemanha Wernau, dia 19 de Maio 2012 Venda e reserva de bilhetes: Manuel Abrantes: 0174 - 6417146 Célia Nascimento: 0160 - 4432042 email. fbms.management@hotmail.com
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Feira Internacional de Berlim
África Lusófona na ITB
PORTUGAL POST Nº 213 • Abril 2012
TAP anuncia retoma de voos directos Berlim-Lisboa na ITB
Quantos turistas entraram no país em 2011? Ainda não temos dados para 2011, mas segundo as últimas estatísticas referentes ao ano de 2010, tivemos três milhões e quatrocentos mil turistas, destes – cerca de vinte e três mil e quinhentos foram alemães.” Informações sobre o país Moçambique é um país com muitas etnias e um ponto de cruzamento de várias culturas ao longo da sua história que deixaram a sua marca. Tem forte potencial de turismo balnear com a sua longa e variada costa. As suas praias rochosas no norte e arenosas com dunas de vegetação rasteira no sul atraem muitos investidores e turistas. O parque nacional da Gorongosa, que é o mais conhecido parque de safaris do país, é interessante pela sua fauna e flora e está presentemente a ser restaurado. O turismo de aventura engloba mergulho perto dos bancos de corais, escaladas nos montes, caminhadas pelo país, etc. O clima é tropical húmido com chuva entre Outubro e Abril e ainda uma estação seca. As temperaturas médias no Norte rondam os 26 graus e no Sul 20 graus.” No stand de Moçambique esteve também presente o director geral de operações do grupo Pestana para a África do Sul e Moçambique e a agência EventsMotz, uma parceria luso-moçambicana.
Cabo Verde
Quem são e como funciona o turismo em Cabo-Verde? Somos uma agência governamental e convidamos os hotéis, os operadores e as agências de viagens para o nosso stand. Temos 28m2 na ITB. Fazemos os contractos, a decoração, as marcações das reuniões, etc. Somos um instrumento de promoção do turismo. Anualmente, registamos 380 mil entradas de turistas para uma população de 500 mil habitantes. Outros 500 mil cabo-verdianos vivem emigrados no estrangeiro. O turismo é uma receita muito importante para nós, e apostamos no serviço e na qualificação dos recursos humanos. Turistas por ordem decrescente Inglaterra 1º lugar, Portugal, Itália, Alemanha, França, Bégica e outros Quais são os locais preferidos dos turistas? A maioria vai para o sol e praia na Boa Vista e no Sal. Os outros mercados, alemão e francês, procuram mais a aventura: trekking em Santo Antão, Santiago e Fogo, canoagem em Santo Antão, trekking e programas de habitação e agricultura familiar nas casas típicas das pessoas, com participação na vida rural, mas a maior parte vai para o trekking – caminhadas. Quanto custa um voo para Cabo Verde? Voo de Berlim com hotel para Boa Vista – cerca de 600 Euros, isto com a TACV, companhia de aviação de Cabo Verde, com partida de Frankfurt. Qual é a apetência por Cabo Verde aqui na ITB? Aferimos a apetência pelo nosso país na ITB através dos materiais que distribuímos, até agora só a profissionais, mas tem saído muito material. Têm passado por aqui não só os alemães, mas também polacos e croatas. Há muita procura e um aumento da apetência para um destino que há dez anos era desconhecido da Europa.
Que tipo de turismo há em Angola? Temos o business tourism (turismo empresarial) porque ainda nos faltam as infra-estruturas e o pessoal qualificado. Esperamos conseguir 4,6 milhões turistas até 2020.
Já têm ecoturismo? É muito limitado mas já temos o ecoturismo em Angola. Primeiro, temos que criar condições, em termos de formação de pessoal, segurança, saúde, etc. O turismo é um sector importante para o país e por isso Angola resolveu investir na imagem do país na ITB. Estiveram em outras feiras? É a vossa primeira vez aqui? Participámos em outras feiras turísticas, por exemplo em Espanha ,Lisboa, Durban e agora na ITB. Não é a 1ª vez que estamos na ITB. Voltámos em 2012 porque o mercado alemão nos interessa. Em Angola há muitos estrangeiros? Qual a importância do mercado alemão? Temos estrangeiros que vão para Angola mas não como turistas. O mercado alemão é importante porque os alemães são muito viajados. Tivemos muito contacto com os alemães do Leste em tempos idos. Eles viajam muito para a Namíbia e como o país fica a sul de Angola queríamos atraí-los para Angola. Qual a importância do turismo na economia angolana? O peso do turismo não é significante na economia angolana porque o turismo não é ainda prioridade, mas o governo angolano está a procurar diversificar a economia. Não estamos só agarrados ao petróleo porque sabemos que é um recurso esgotável, e o turismo é o nosso investimento. Uma das estratégias consiste em até 2020 alcançarmos os 4,6 milhões de turistas. Para isso, renovámos a nossa legislação do turismo e estamos a fazer uma reformulação do sector, investimos na formação de quadros e nos projectos âncoras do sector. As infra-estruturas já não são o grande problema, isso foi no passado. Que investidores predominam no sector? Temos como investidores o Grupo Vip – que são portugueses de origem indiana. Claro que os portugueses predominam devido ao factor histórico e à língua. Angola tem muitas riquezas naturais e é possível fazer-se todo o tipo de turismo no nosso país. Precisamos é de potencializar os nossos recursos no sector – concluiu.
São Tomé e Principe
Moçambique
Qual é o objectivo da vossa participação na ITB? A nossa participação na ITB, para além de promover as possibilidades turísticas de Moçambique, tem a intenção de trazer operadores e que esses operadores e agência de viagens e hotéis mantenham também contactos e negócios e parcerias com outros operadores. Para além de atingir esse grupo alvo, constituído pelos operadores daqui, também queremos cativar o consumidor final, que é o turista, já que pretendemos aumentar o número de turistas que visita o nosso país. É importante cativar investidores para Moçambique. São principalmente os operadores alemães que visitam esta mostra. Assim, esperamos, conseguir finalizar esse projecto, e com este investimento aumentar a capacidade de camas, formar pessoal, etc.
Angola
A África Lusófona esteve presente na Feira de Turismo de Berlim (ITB). Os seus representantes vieram a Berlim procurar investimentos e dar a conhecer as suas belezas naturais, procurando criar apetências pelos seus países aos visitantes empresariais e individuais que entre 7 e 11 de Março visitaram a maior feira de turismo do mundo. O PP esteve lá na pessoa da jornalista Cristina Cristina Dangerfield-Vogt que falou com os representantes na ITB de Angola, Moçambique, Cabo-Verde e São Tomé e Príncipe.
Como caracteriza o seu país? As características das ilhas são muito interessantes para o ecoturismo e há um grande interesse no mercado alemão por esse tipo de turismo. Tem havido um surto de turistas alemães para São Tomé. Queremos diversificar o turismo. Há uma grande apetência pelo país e temos como meta os 24 mil turistas até 2014, mas não queremos um turismo de massa. Estamos a apostar no turismo de qualidade. Uma percentagem significativa vem de Portugal. A Alemanha está entre o terceiro e o quarto lugar.
Qual a população das ilhas? A população de São Tomé e Príncipe é de 170 mil habitantes, com muita emigração em Portugal, Angola, Gabão, e também na Europa. Qual a principal fonte económica santomense? A agricultura, especialmente o cacau, é a principal fonte económica santomense. O turismo tem uma forte tendência para crescer. Temos principalmente o turismo balnear, embora o ecoturismo esteja a aumentar devido às características do país e por isso o objectivo é que o ecoturismo se sobreponha ao balnear. É um país seguro. Oferecemos: Observação de aves, fauna e flora, golfinhos e baleias. Actividades ligadas à apresentação, por exemplo das tartarugas, abundantes no país. Alvejamos alcançar um turismo natural. Oferecemos turismo cultural, ligado às comunidades de São Tomé, nas estruturas que herdámos do colonialismo, ou seja, as roças, onde continuam a habitar os trabalhadores que nelas re-
O director da TAP Alemanha e Áustria, Frank Zehle, anunciou no passado dia 8 de Março, no auditório do stand de Portugal na 42ª edição da Feira do Turismo de Berlim a retoma dos voos entre Berlim-Lisboa após um interregno de 12 anos. Os voos entre estas duas capitais, com preços desde 99 Euros, terão lugar cinco vezes por semana a partir de 5 de Junho, excluindo a quarta-feira e o sábado, com partidas de Berlim entre as 14.50h e as 15.30h, e de Lisboa entre as 9.45h e as 10.30h. Frank Zehle afirmou que a TAP “está optimista” e que vai esperar para ver como os novos voos se irão desenvolver no contexto do novo aeroporto de Berlim, mas que à semelhança de outros mercados, poderá haver brevemente voos diários. A apetência turística da capital, e também os seus eventos internacionais, terão impacto positivo nas estatísticas da empresa assim como os transbordos no aeroporto de Lisboa para outros destinos servidos pela companhia. A TAP transportou cerca de 10 milhões de passageiros em 2011, ou seja mais 7.5% do que no ano anterior. Segundo Zehle, em 2011 a TAP transportou cerca de meio milhão de passageiros entre Portugal e a Alemanha, ou seja mais 20%
do que no ano anterior, com uma ocupação média dos voos entre os 70 a 80 por cento. No passado mês de Fevereiro registou-se um aumento de 22 por cento no número de passageiros. “Este ano o mercado brasileiro que representa um quarto das vendas da TAP ultrapassará o português” – concluiu. Till Bunse, o responsável pelo Marketing e Relações Públicas do novo aeroporto de Berlin-Brandeburg, mencionou que este aeroporto entrará em funções no dia 3 de Junho e elogiou a corajosa iniciativa da TAP. A TAP foi recentemente galardoada com dois World Travel Awards, o Óscar da indústria de viagens, cuja cerimónia teve lugar no Qatar. Pela terceira vez foi considerada a companhia aérea com a melhor rede de voos para a América do Sul, e pela primeira vez foi distinguida como a empresa do ramo com as melhores ligações no continente africano. Com 13 destinos e 75 voos por semana em África, a TAP registou 2,5 vezes mais voos do que em 2001. O ano passado viajaram cerca de 617 mil passageiros com a TAP entre a África e Portugal. Cristina Dangerfield-Vogt na ITB, Berlim
sidiam. Através do aproveitamento das nossas casas e roças, incentivamos este tipo de turismo. Como é o clima? A temperatura média é de 25 a 30 graus. Temos duas estações, a das chuvas e a da gravada, que é uma estação mais seca. Vivemos num clima tropical onde se pode fazer turismo todo o ano. Porquê a ITB? Estiveram em outras feiras? A Alemanha é um dos nossos mercados prioritários atendendo às características do turismo santomense. Pretendemos ter uma presença frequente na ITB. Participámos sempre na feira de turismo de Lisboa, em França, etc. Os portugueses também precisam de visto para São Tomé? Sim, precisam. Estamos a desenvolver um site para os vistos electrónicos de forma a facilitar as entradas no país e a facilitar a solicitação dos vistos aos nossos serviços de emigração competentes ou através do operador local parceiro. Recentemente o governo reviu em baixa o valor dos vistos, e assim os custos são mais acessíveis. Há investidores portugueses em São Tomé e Príncipe? O grupo Pestana está presente nas ilhas e é, aliás, o principal grupo de hotéis presente em São Tomé. Vamos também ter investimentos sul-africanos na Ilha do Príncipe. Cristina Dangerfield-Vogt na ITB Berlim
Feira Internacional de Berlim
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Portugal na ITB Portugal na Feira do Turismo em Berlim
Quanto vale a imagem de um país?
A ITB é a maior feira do sector a nível mundial com 10 644 expositores de cerca de 180 países. Os primeiros dias foram de business to business, ou seja os expositores (empresas) foram visitados por operadores turísticos e outros agentes comerciais do ramo do turismo, estando a feira aberta ao público em geral apenas nos últimos dois dias. O parceiro oficial da ITB deste ano foi o Egipto que se destacou pela qualidade dos seus expositores e a dimensão do seu espaço e a respectiva decoração e, sobretudo, pelos vários espectáculos de dança do ventre
Números A Feira de Turismo de Berlim, ITB, que teve lugar entre 7 a 11 de Março, é a maior feira do sector do turismo a nível mundial. Atraiu este ano 170 mil visitantes, entre eles 130 mil representantes de empresas da área do turismo, e 11 700 expositores de 180 países. A organização da ITB afirma que este ano o volume de negócios ultrapassou os seis milhões de euros. Os hotéis de Berlim registaram uma elevada taxa de ocupação reflectida também nos preçários. No entanto, quando se chega de metro pela entrada sul, a feira está muito mal assinalada e vários visitantes, nacionais e estrangeiros, arrastando as malas de rodas percorriam a plataforma do SBahn (metro de superfície) algo desorientados. Com as indicações de berlinense locais, a desorientação deu lugar a filas ordenadas que foram ganhando determinação numa certa direcção. Ao fundo avistavam-se bandeiras variadas. Quando entrei no pavilhão da Europa, saltou-me a luminosidade grega ao caminho. Um stand espaçoso a perder de vista, reflectia e inflectia os meios investidos pelo estado grego na imagem e na representação do país. E de repente senti-me teleportada para a Grécia, e desfrutava de uma claridade luminosa ofuscante, ouvia músicas típicas e avistava mesmo uma praia com um panorama marítimo de sonho e chaise-longues convidativas. Aos operadores e aos potenciais investidores era imposta uma imagem de marketing muitíssimo atraente e bem pensada que os convidava a sentar-se e a apalavrar negócios que poderão vir a fazer tilintar moedas nos vazios cofres do país. Mas enquanto desfrutava desta opulência de azul-marinho e celeste e me deixava aquecer por aquela luminosidade branca de cal, procurava
com os olhos o stand luso, que tardava em se me apresentar. Num canto esquerdo do pavilhão, avistava-se o anúncio luminoso do Turismo de Portugal e o nosso espaço de exposição do país. Dois funcionários daquela entidade e uns auxiliares da embaixada asseguravam a informação e muito amavelmente me receberam e me responderam a algumas perguntas. Claro ficou que aqueles dois senhores do Turismo de Portugal, apesar dos parcos meios disponíveis, tanto a nível de pessoal como financeiros, obraram o milagre dos peixes (para quem conhece a parábola de Jesus à beira do lago da Galileia) e que o bom desempenho de Portugal na feira muito a eles se deveu. Passeei um pouco por aquela austera amostra dos nossos dotes patrióticos. As empresas estavam presentes através dos seus representantes, uma mesa e três cadeiras práticas ocupavam os pequenos espaços - esperavase os operadores. Naqueles primeiros três dias de B to B, business to business, em português negócios de empresa para empresa, os grossistas do comércio turístico passeavam pela feira para avaliar os produtos e compor os seus pacotes de oferta. As agências auferem uma comissão pela venda do pacote ao cliente final. Os dois últimos dias, de B to C, business to client, são importantes para dar a conhecer o nosso país ao grande público. No entanto, naqueles dias, muitos dos expositores já terão regressado a casa. A maioria destes visitantes vai buscar folhetos, e até mobílias e objectos decorativos que os expositores não levaram com eles. Enfim, o consumidor final andou por ali à procura de pechinchas e pechisbeques. Para além dos interessados em vender Portugal na Alemanha e em outros países, passavam outros visi-
tantes em trânsito, que aproveitavam para provar os nossos bons vinhos, chouriços, e sorrisos portugueses. Conhecendo bem a riqueza cultural, histórica, geográfica, gastronómica e potencial turístico do nosso país, é de lamentar que as instituições portuguesas, de que o Governo é o leme, não reconheçam a importância de investir significativa e empenhadamente na imagem do nosso país, nesta feira, que é a mais importante do sector no mundo. Foi com tristeza e desencorajamento que vi, mesmo ali ao lado, a falida Grécia impor-se e sobrepor-se aos lusos pela qualidade resultante do investimento institucional na imagem do país, no que foi uma aposta dos gregos muito bem pensada em termos de futuro e que irá criar, certamente, sinergias positivas para o sector naquele país em crise profunda. Importância da imagem de um país Um país em crise como a Grécia reconheceu-lhe a necessidade. Um país em revolução como o Egipto também. Esteve patente na mostra do nosso país a falta de vontade política em apostar forte na nossa imagem. Não foram os funcionários do Turismo de Portugal em Berlim que falharam, eles fizeram um bom trabalho, mas faltou-lhes nitidamente os meios para igualar a Grécia ou o Egipto. No stand da Palestina, Dr. Khouloud Daibes Abu Dayyeha, ministra do turismo e antiguidades da Autoridade Palestiniana, falava com os operadores, a imprensa, e até com o PORTUGAL POST, e dizia: “quando vier a Belém venha visitar-me!” e entregava-me o seu cartão-de-visita, oficial. E nós? Em que investimos? Cristina Dangerfield-Vogt, na ITB, Berlim .
Em 2011 Portugal era 13.º destino dos turistas alemães, com uma quota de mercado de 1,1 por cento, isto é, tinham entrado em Portugal cerca de 740.377 mil turistas alemães, mais 1,6% que em 2010. O Número de pernoitas de turistas alemães em Portugal em 2011 = 3.385.787 +3,3% que em 2010 Fonte: Turismo de Portugal
tradicional à dança masculina com paus, exposição de artes tradicionais e artefactos e muita música. Portugal partilhou o pavilhão 2/2 com a Grécia e a França, ocupando o stand 206 com cerca de 851 metros quadrados e 54 expositores comerciais para além dos expositores das 7 regiões do país. Segundo informação de alguns expositores na ITB, o preço por metro quadrado rondaria os 250 euros, conforme a sua localização, paredes de separação, decoração, etc. O Turismo de Portugal em Berlim, que representa Portugal no sector na Alemanha, Áustria, Suíça e República Checa, organizou o evento e alugou o espaço, que subalugou aos expositores. Entre estes se destaca o grupo Pestana, que no verão passado inaugurou um hotel no cen-
tro de Berlim, hotéis de boutique da Madeira, a TAP, que retomará os voos Berlim-Lisboa no dia 5 de Junho, a representação de Guimarães, a capital europeia da cultura 2012. A maioria dos expositores esteve presente com cerca de três metros quadrados com uma pequena mesa e três cadeiras e um poster decorativo. Fomos informados que os meios financeiros do Turismo de Portugal em Berlim são escassos e que há apenas dois funcionários em funções, e que a terceira funcionária estaria ausente com licença de parto. No stand de Portugal, destacouse a World Venture não só pelo investimento em mais espaço de apresentação do projecto, cerca de 20 metros quadrados, como também pela originalidade da oferta. Este projecto é constituído por treze organizações que em parceria propõe férias activas em Portugal que vão dos tours de bicicleta para todo o terreno, aos passeios pedestres, mergulho com garrafa na costa portuguesa e também canoagem. Este tipo de turismo atrai a faixa etária dos trinta aos cinquenta e engloba o turismo cultural, natural, artesanal, gastronomia e o ecoturismo propriamente dito. A Secretária de Estado, Cecília Meireles, esteve presente na feira no dia 8 de Março para a cerimónia de entrega de medalhas aos operadores alemães Dertour e Olimar pelos serviços prestados a Portugal na área do Turismo. Com o seu programa abrangente em todas as regiões do país, estes operadores contribuíram significativamente para o aumento das receitas turísticas no nosso país. De seguida, a Secretária de Estado aproveitou para visitar a feira acompanhada por António Moniz, Ministro Conselheiro da Embaixada de Portugal, e Frederico Costa, o Presidente do Turismo de Portugal, e o resto da comitiva de visita à capital. Houve momentos regionais com vinhos, licores, queijos, azeitonas, chouriços, bacalhau, azeite, pastéis de nata e bolo de mel durante a feira. O mercado alemão é importante para o turismo português, não só pelo poder económico dos alemães, mas também porque eles estão entre os povos que mais viajam. Segundo o jornal de Notícias, Portugal registou um aumento de 10% nas entradas de turistas em 2011. Os funcionários do Turismo de Portugal em Berlim afirmaram que os negócios correram bem e mostraram-se positivos quanto ao investimento português na ITB. Cristina Dangerfield-Vogt na ITB, Berlim
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Crónica Eduardo César
O meu primeiro dia na Alemanha 1. O meu primeiro dia na Alemanha foi frio. Já era noite quando o meu avião aterrou em Frankfurt-Hahn e as bermas da pista estavam cobertas de neve suja. Estávamos em finais de Fevereiro. Em Portugal não sucede nevar com tanta frequência nevar, menos ainda no Alentejo que me serviu de parteira e de berço. Resgatei a mochila que já se ia esfarrapando do tapete das bagagens e fui metê-la na bagageira do autocarro para Heidelberg, com medo de que os trambulhões com as outras mochilas lhe dessem o badagaio definitivo e houvesse roupa portuguesa espalhada por todo o lado. Depois, mal saí do autocarro, puseramme uma bicicleta nas mãos. Uma bicicleta? – exclamei com a cara enrugada, pelo frio e pelo espanto.Aqui toda a gente anda de bicicleta. Explicou-me a amiga que me recebia. Teve a sua piada, devo dizer. À noite, andar de bicicleta por ruas cheias de neve suja na berma das estradas fez-me sentir uma criança, perdida no país das maravilhas. Desde os meus 12 anos que não me agarrava ao guiador de uma bicicleta e comprovei que é realmente como dizem: nunca se esquece. Só que a mestria adquirida nesses tempos de infante reguila ensinara-me a descer rampas enlameadas, aos gritos com os meus amigos, a alta velocidade, a tentar domesticar o tremor do guiador e não me espetar contra alguma árvore. Não tenho carta de condução, devo explicar. Nunca tive paciência para o código ? o que me
serviu de certa consolação meses à neve, fosse o que fosse, sem Ele apontou para a tabuleta ao mais tarde, quando vim para cá medo às intempéries nem à furia cimo do pára-brisas, cobrou-me morar. Porque os cicliso bilhete e fechou-se tas não estão isentos de em copas. Já na festa, Mein erster Tag in Deutschland de multas por excesso num apartamento de de álcool. estudantes, uma WG, Quando mo contaram, estavam por todo o não consegui parar de lado! rir. Mais tarde aprendi a Bebiam cerveja, falalição. Certa noite, vam alto, riam e, para guiando aos zigue-zameu espanto, não gues em direcção a casa eram todos loiros e a cantar a viva voz, nem tinham todos convencido de ser um cara de pau. Eram Bono Vox ainda por aliás simpáticos e descobrir, dei de caras sentiam curiodade com a palma da mão por um tuga meio tíem riste do polícia que, mido e mal chegado indiferente à minha cara à Alemanha. de parvo, me passou Estou de visita. uma multa de 100 Muitos conheciam euros. Ter-me-ia tirado Portugal. Tinham esa carta de condução, tado no Algarve e em caso tivesse uma. Lisboa, e conheciam Mas enfim, chegava a Pessoa, Saramago e Heidelberg, tornava-me claro, o Figo e o Rui ciclista e fiz o que pude Costa. Já soava o para acompanhar a penome da estrela do dalada experiente da Manchester United, minha amiga. Tanto Cristiano Ronaldo. quanto sei, ninguém Então percebi a immorreu na estrada por portância do futebol. minha culpa, nem da Era tal e qual como minha mochila moridizia o Durão Barbunda que afinal aguenroso: encontram-se tara a malandrice com dois Chefes de Esas outras mochilas na tado e que seria deles O meu primeiro dia na Alemanha bagageira do autocarro. se não pudessem Duchado, jantado e mufalar de futebol endado de roupa, a minha amiga dos automóveis a fazer-nos, na quanto sorriem, posando para as levou-me à festa de aniversário minha opinião algo assustada, fotografias? de uma colega de trabalho e eu grandes razias! Depois, chegados Falámos dos jogos entre a Aleà festa, dei finalmente de caras manha e Portugal, do jogo em via passar autocarros e strassencom os alemães. que o árbitro nos lixou ao expulbahnen. Mas não podíamos ir naquilo? Já tinha, horas antes, pedido insar o Rui Costa até aos 3-0 com perguntei. Está a nevar! dicações em inglês no aeroporto, o Sérgio Conceição a martelar Pelos vistos não. A gente andava e também perguntara ao conduforte e feio. Falámos do Benfica, de bicicleta, direitos e de peito tor do autocarro se era mesmo do Porto, do FC Bayern Münpara a frente, ao sol, à chuva ou este o autocarro para Heidelberg. chen! aliás, foi uma noite inteira
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a falar de futebol! Conheci alemãs que queriam jogar futebol, outras que queriam ser repórteres desportivas, e eu fascinado com tudo aquilo. A cerveja alemã, devo dizer, ajuda muito a que nos sintamos fascinados… Mas afinal o futebol não é uma coisa de homens? pensava eu, meio a cambalear para a casa de banho. Ignorei o sinal a avisar que era preciso urinar sentado, homens e mulheres por igual, e encostei a testa à parede para que a sanita não fugisse. E aí sucedeu o espanto dos espantos: um poster de um amigo do meu pai! O meu pai tem um amigo que constrói guitarras e lá estava poster com o homem orgulhosamente rodeado de cavaquinhos e quejandos. O mundo é realmente pequeníssimo. Saímos da festa e voltávamos a casa de bicicleta por ruas completamente brancas de neve. Por causa da cerveja alemã, ainda mais convencido fiquei de estar no país das maravilhas. Depois, quando a roda da minha amiga escorregou na neve e ela se estatelou, não consegui parar de rir. 2. A propósito de encostar a cabeça à parede para que o urinol não fugisse, uma vez entrei num bar e pensei: estes alemães são mesmo inteligentes! Não é que as paredes da casa de banho, por cima do urinóis, tinham almofadas a pensar naqueles que entravam na casa de banho a cambalear? E mais: os urinóis tinham um alvo. Os homens, por algum imperativo da natureza, gostam sempre de acertar em qualquer coisa… PUB
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ma noite no Porto, hospitalidade carinhosa, no jardim uma laranjeira carregadinha, igual às muitíssimas que tinha admirado da janela do comboio. Por-
tugal, um jardim de laranjais, ali mesmo à beirinha dum mar revolto, por alturas de Espinho. À frente da casa onde pernoitei uma japoneira ou cameleira,
todo o Minho depois cheio de camélias, até há festas destas flores, li há pouco. Exuberância da natureza apesar da chuva escassa ou nula nesse inverno
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soalheiro. Pujança primaveril em contraste com a atmosfera de depressão, desilusão e mesmo desespero veiculada na imprensa.
Enamorei-me do Norte de Portugal Luísa Costa Hölzl No meio dum casario que parece não querer deixar espaço a paisagens, a natureza luta contra o betão e o emaranhado de viadutos e rotundas, e luta com certo brio: além das camélias, das laranjas, dos limões, naqueles primeiros dias de março as mimosas floresciam, e as magnólias, penduradas nos galhos nus, pareciam balões de papel. Uma viagem de estudo ao norte de Portugal, região para mim cheia de segredos, não tenho lá família, é tudo gente meio moura...Assim foram dias de encanto. Uma noite no Porto, hospitalidade carinhosa, no jardim uma laranjeira carregadinha, igual às muitíssimas que tinha admirado da janela do comboio. Portugal, um jardim de laranjais, ali mesmo à beirinha dum mar revolto, por alturas de Espinho. À frente da casa onde pernoitei uma japoneira ou cameleira, todo o Minho depois cheio de camélias, até há festas destas flores, li há pouco. Exuberância da natureza apesar da chuva escassa ou nula nesse inverno soalheiro. Pujança primaveril em contraste com a atmosfera de depressão, desilusão e mesmo desespero veiculada na imprensa. Um domingo no Porto, um grupo luso-brasileiro, com alemães à mistura, dança capoeira em frente à Casa da Música. Este espaço cultural lindíssimo mais os corredores lindos do metro surpreendem-nos a todos. Demasiado luxo, barafustam os alfacinhas, com uma pontinha de inveja. Mas este luxo faz bem aos habitantes que, nas ruas, continuam a encontrar muito lixo, casas degradadas, pobreza ali mesmo à vista, como a mulher, abaixo da Sé, a lavar a roupa da semana em alguidares de plástico, as peças secando ao sol, sobre muros caídos. À noite Guimarães, o centro que calcorreamos em pequenas passeatas. Capital da Cultura: merece, vão lá e vejam! Ao jantar o grupo abanca num pequeno espaço simpático, é tarde mas servem-nos com paciência e requinte, os alemães encantados com o vinho verde, os filetes de peixe, as suculentas postas de bacalhau. Uma jovem brasileira lá ia saboreando a sopa, caseira mesmo, feijão verde e cenoura aos cubinhos, ia comendo, calada, quase em transe. À sobremesa veio o pudim e à primeira colherada suspirou emocionada: sabe tudo como
em casa. A dela é em Osasco, município junto a São Paulo. O tema das nossas andanças era „Elos Portugal-Brasil“, por isso eu comentei aquele sentir-se ali em casa: mais elo do que isto não há. Museu da Emigração em Fafe: afinal, por esse país fora, existem lugares onde podemos refletir sobre as nossas vidas diaspóricas ou sobre aquelas dos nossos pais e avós. Há monumentos à emigração por demais espaventosos e lá muito de vez em quando, aqui e ali, comemorações, festas e discursos. Mas também centros de documentação e
museus e isso talvez nos salve duma imagem dúbia que sempre temos tido na sociedade portuguesa. Quem pega nas suas coisas e vai – com mala de porão ou sacola em burel ou mala de cartão ou mais modernamente com mala de rodinhas – vai para um qualquer desconhecido porque alguém ou alguma coisa o atraiu, promessas de vida melhor, sonhos de enriquecer – mas fundamentalmente porque a vida no torrão natal era só miséria e desgraça. Quem parte, foi e é bastas vezes visto de viés, num misto de admiração e de inveja. Este parte, aquele
parte e todos, todos se vão...essa a realidade das aldeias minhotas, transmontanas e beirãs, partidas que levam já séculos, para o Brasil durante todo o século XIX e primeiras décadas do século XX e para os Estados Unidos e África do Sul e Venezuela e Canadá e depois França e, a partir do contrato de 1964, também para a Alemanha em maior número. Em Fafe o museu dá notícia destas odisseias particulares, uma parte do espólio dedicada aos emigrantes „brasileiros“, outra aos „franceses“. A maioria do acervo relaciona-se com o retorno dos que
tiveram sucesso e quiseram voltar, enriquecidos, para enriquecer as suas terras. Veja-se Fafe com olhos de ver ou com uma boa guia como nós a tivémos. São os prédios de azulejos, as moradias apalaçadas, o parque de árvores exóticas, o teatro, um mimo em arte nova, e escolas, hospitais, lares. O brasileiro de torna-viagem tomava a iniciativa de melhorar a terra natal. E adquiria consideração, em parte também muitas censuras, porque o achariam vaidoso, com prosápias de novorico. Leia-se Camilo Castelo Branco que em muitas novelas não os poupa. O museu faz-lhes justiça! No circuito de visitas entrou também a casa de Camilo Castelo Branco em São Miguel de Ceide, onde ele viveu mais de trinta anos com o seu grande amor Ana Plácido. O guia ia explicando e declamava passagens inteiras de prosa camiliana. Em frente o centro de estudos camilianos, construção de Siza Vieira, para que se estude Camilo em ambiente de linhas claras, um convite à concentração. Em seguida visita ao Convento de São Martinho de Tibães, perto de Braga. O barroco bragantino da Igreja, as dimensões gigantescas da antiga sede dos Beneditinos em Portugal, centro das missões para todo o império, a infinidade dos espaços dentro e fora dos muros, os laranjais, os bosques, a tarde amena a cheirar a fruta, as laranjas apanhadas do chão, muito sumarentas – tudo convida a voltar, talvez no verão. Em Braga passámos o dia na Universidade, moderna e prática, a cantina apinhada. Muitos professores de germânicas são, eles também, de torna-viagem. Criados na Alemanha regressaram para ali fazer intercâmbio entre as duas culturas, ensinar alemão, entusiasmar outros a cruzar caminhos, a construir pontes de cultura, de palavras e de afetos. Fomos recebidos com abertura e amizade. Braga tem, além de profusão de igrejas, a secular pastelaria A Brasileira de decoração Arte Nova e a livraria Centésima Página, da qual já nem apetece sair. No meio dum casario que parece não querer deixar espaço a paisagens, a natureza luta contra o betão e o emaranhado de viadutos e rotundas, e luta com certo brio: além das camélias, das laranjas, dos limões, naqueles primeiros dias de março as mimosas floresciam, e as magnólias, penduradas nos galhos nus, pareciam balões de papel. Enamorei-me do norte.
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Sensibilização sobre as consequências da condução sob a influência de álcool Michaela Ferreira dos Santos, Advogada
O álcool é o principal factor de mortalidade entre os jovens europeus do sexo masculino, de acordo com uma pesquisa publicada pela Organização Mundial de Saúde que revela que morrem na Europa, todos os anos, mais de 55 mil indivíduos entre os 15 e os 29 anos devido a acidentes de viação, envenenamento, suicídio e homicídios associados ao álcool. Mais dados indicam que 1 171 000 pessoas morrem e dez milhões ficam feridas, anualmente, em acidentes de viação por todo o mundo. Consequências sobre a saúde à parte, a presença de álcool em excesso no sangue é um delito. Acima de um certo nível existe, mesmo, responsabilidade criminal. Taxas máximas de alcoolemia em outros países autorizadas nos países europeus: A taxa limite em
PORTUGAL é agora de 0,2 g/l (gramas por litro de sangue), uma vez que, o Conselho de Ministros aprovou um conjunto de alterações aos Códigos da Estrada e Penal com vista a agravar as sanções em casos de condução sob o efeito do álcool. De entre estas alterações, destacase a redução da taxa limite de alcoolemia de 0,5 g//l para 0,2 g/l, bem como o agravamento da moldura penal para a inibição de condução, que passou de um mês e um ano para três meses a três anos - sanções acessórias aplicadas a quem apresentar uma taxa de alcoolemia superior a 1,2 g/l. Quem viaja por países europeus deve estar a par dos limites de taxa de alcoolemia aplicada em cada um deles. Assim, os limites variam entre os 0,2 g/l (Portugal, Polónia, Suécia, Noruega), os 0,5 g/l na ALEMANHA, França, Grécia, Bulgária, Hungria, Roménia, e Rússia e os 0,8 g/l (Áustria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Grã-Bretanha, Itá-
volvido. Embora até os melhores e mais experientes possam ter as suas falhas, os jovens são os principais afectados, devido à sua falta de experiência na estrada e de maturidade enquanto condutores.
lia, Luxemburgo e Suíça). Nunca é demais frisar que o álcool está implicado num elevado número de acidentes de viação porque limita os reflexos dos condutores, a capacidade de visão e a capacidade de autocontrolo. Uma taxa de 0,5 g/l duplica o risco de acidente de viação e uma de 0,8
multiplica essa possibilidade por dez. Em todo o mundo, é a principal causa de dez por cento dos acidentes rodoviários sem gravidade, de 25 por cento dos acidentes que causam ferimentos no condutor e passageiro, 50 por cento das colisões fatais e 65 por cento dos acidentes em que apenas o condutor está en-
É importante sublinhar as multíplas consequências jurídicas no caso de condução sob a influência de álcool: * Multas pecuniárias por condução sob o efeito de álcool (Geldstrafe) * Pontos de penalidade na carta de condução (Punkte im Verkehrszentralregister) * Apreensão da carta de condução (Entziehung der Fahrerlaubnis) * Suspensão da carta de condução (Fahrverbot) * Prisao (Freiheitsstrafe) Contudo, o clássico slogan „se conduzir não beba“ continua a ser o melhor conselho! PUB
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PORTUGAL POST Nº 213 • Abril 2012
José Gomes Rodrigues
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• Direitos dos endividados • Protecção contra a execução • Processo para reposição duma acção no anterior estado • Como saldar as diversas divídas • Cartas abertas na mesa e veracidade total • Diversas propostas de solução • Falência privada – o último recurso? • Notas importantes DIREITOS DOS ENDIVIDADOS Como me comportar perante as dividas? Que possibilidades existem de as saldar, de sair desse emaranhado de teias? Para poder responder a estas e outras perguntas, que continuamente nos são colocadas, vamos tentar responder duma forma generalizada de forma que o nosso leitor possa ver mais claro e libertar-se mais facilmente dessa teia. Cada vez são mais frequentes as visitas de funcionários dos tribunais ao domicílio, exigindo pagamento de dividas contraídas e não saldadas. É o resultado da recessão económica, da precariedade do trabalho, assim como do congelamento e da redução dos ordenados. Apesar dos políticos apregoarem aos quatro ventos uma estabilidade financeira e uma sociedade de pleno emprego, tal não se nota no bolso da maioria dos trabalhadores. Neste quadro, infelizmente realista, cada vez mais as famílias e pessoas individuais vivem mergulhadas numa situação financeira difícil e incapazes de cumprir com os seus fundamentais compromissos. Dívidas e mais dívidas, créditos não saldados transformam-se em montanhas que parecem intransponíveis. A estas causas somam-se outras mais ligadas com a própria pessoas que, igualmente, levam à situação de endividamento. Divórcio, desavenças familiares, tentativa falhada de constituir a sua própria empresa, falta de experiência com créditos bancários e com o dinheiro em geral, problemas psíquicos, dependências diversas, sejam do jogo, do álcool ou de estupefacientes. O ter ficado como fiador de alguém e na impossibilidade do titular do empréstimo devolver as respectivas prestações, é outra circunstância que levam a um endividamento. Os gastos acessórios com a saúde, perante uma doença inesperada, as compras exageradas e desnecessárias, quase como de dependência se tratasse. São geralmente roupas, ou outros artigos que quase nem sequer irão necessitar. Este comportamento doentio tem a sua origem, além de outros sintomas intrínsecos à pessoa, como seja a falta de suficiente auto confiança, há outro factor social que é originado por uma constante e agressiva publicidade de produtos não essenciais à vida. Apesar de tudo, a lei permite soluções e meios para ultrapassar este impasse. A pessoa humana é mais importante e merece todo o apoio para retomar um novo rumo na sua vida. Vamos percorrer alguns dos direitos que assistem os devedores. Primeiramente expomos os cuidados a ter antes e quando o funcionário judicial nos toca
à porta a pedir contas. Depois, em caso das muitas dividas acumuladas, exploraremos a maneira como sair desse escuro túnel que parece intransponível, que são as dividas diversas. Antes que um credor exija em tribunal, ou por outros meios legais, o reembolso duma divida, geralmente este requer por escrito a exigência de pagamento em tribunal competente. Este procedimento é necessário para que não se deixe passar o prazo para o pagamento e para que esta divida seja devidamente reconhecida pelo mesmo tribunal, através da adjudicação dum título legal. O tribunal, num primeiro passo, contacta, por escrito, o devedor o qual tem um prazo de 15 dias, após ter recebido a comunicação, para contrariar a divida total ou parcial ou não, já que o papel desse tribunal é também averiguar se a divida está conforme as informações do requerente. Não vá ele exigir mais do que a divida real e que contradiga a realidade e o bom senso. Após ter sido averiguada e certificada a veracidade da divida e do seu valor, é então enviado ao devedor, por parte do tribunal, a exigência de pagamento. É a assim chamada, ordem judicial (Mahnbescheid) com o aviso de execução. É um tipo de julgamento à revelia. Contra este aviso tem-se ainda a possibilidade e sempre num prazo mínimo de quinze dias, de a contestar, mas esta contestação não impede a imediata execução. PROTECÇÃO CONTRA A EXECUÇÃO JUDICIAl Se a acção de execução vai contra a moral ou se constituir um duro golpe, pode o tribunal proibir a execução. É o caso dum possível despejo. Pode dar-se o caso do funcionário do tribunal, responsável pela execução do saldo da divida, penhore um objecto cujo valor ultrapasse a dívida. Geralmente o recheio da casa é pertença do próprio e pode ser também penhorado, mas existem confins a essa exigência. É o que pode acontecer se tiver câmaras de filmar ou outro objecto que estão a ser pagos em prestações. Podemos, neste caso, processar em tribunal a execução desta sentença. Há outras situações em que estes processos tem de ser travados a todo o custo e é quando se averigua que a divida teria sido já saldada anteriormente. PROCESSO PARA REPOSIÇÃO DUMA ACÇÃO NO ESTADO ANTERIOR É possível interpor uma acção em tribunal quando o devedor não interpôs qualquer acção contra a decisão do
tribunal, por não ter conhecimento directo da comunicação em virtude de estar ausente do seu domicilio por diversas razoes, incluído a doença. Neste caso ele não teve possibilidade de respeitar os prazos legais de se defender o que seria ilógico, ter de responder, às vezes injustamente, num processo em que se ficou impossibilitado de averiguar a sua rectidão. Poderia ter-se dado o caso que essa divida nem sequer tenha sido contraída ou até que tenha sido, entretanto, saldada. COMO SALDAR AS DIVERSAS DÍVIDAS A TANTOS CREDORES 1. Por mútuo acordo entre os intervenientes. Há indivíduos que chegam a perder a noção das dívidas que possuem perante tantos e diversos títulos: é a renda da casa que se atrasa, é o pagamento da água, da electricidade, dos seguros, do telefone, é a taxa de televisão entre tantas. São as companhias de seguros a pedirem insistentemente o que se lhes deve. Muitas vezes, para se ser simpático com algum “amigo”, representante de seguros ou de outros produtos, fecham-se contratos, a pagar a prestações, muitas vezes sem necessidade e sem se pensar no futuro ou nas sérias consequências dessa responsabilidade. Há muitos indivíduos que chegam a perderem o controle. O comportamento perante esta situação diverge de indivíduo para indivíduo. Há quem procura imediatamente travar esta situação, procurando uma rápida solução, deixando-se devidamente aconselhar por uma instituição vocacionada para casos de endividamento. Outros vão atrasando os diversos pagamentos, facilitando e não dando importância às insistências judiciais dos diversos credores. É essencialmente para estes que escrevemos este artigo. Haverá um momento em que se sentem apertados, entre a espada e a parede. Este momento vive-se geralmente quando se vêm prestes a perder a habitação, por parte do senhorio ou perante a eminência dum despejo judicial. Neste caso, são obrigados a recorrer aos competentes serviços sociais da câmara que, após terem realizado um estudo à situação financeira da família, as aconselham, ou até os obrigam, como condição de apoio, a dirigirem-se a um escritório especializado para os socorrer a sair desse impasse. São várias as instituições que se ocupam desta problemática. Desde a Caritas, à Diaconia ou a outras instituições públicas e privadas. É necessário marcar, antes de mais, uma consulta de aconselhamento.
Geralmente poderá ter de esperar semanas ou até meses, tal é a avalanche de pessoas nesta situação. Procure, entretanto, juntar toda a documentação sobre todas as dividas e os respectivos credores. 2. Cartas abertas na mesa e exigência de veracidade total Neste segundo encontro colocam-se todas as cartas em cima da mesa, ou seja, averigua-se a soma das diversas dívidas a todos os credores e a cada um em especial. As entradas financeiras de toda a família em questão são igualmente postas na balança. Após a devida procuração, passada à instituição, esta escreverá a todos os credores para que indiquem, com toda a nitidez, a quantia certa a saldar, indicando os juros de mora e outros gastos complementares, assim como as quantias já saldadas. Indica-se a vontade do cliente de encontrar uma solução conjunta, requerendo-se igualmente, para facilitar o reembolso, de renunciarem, no futuro, a possíveis custos extras. O cliente compromete-se a não se endividar mais. 3. Diversas propostas de solução Após a obtenção das diversas respostas, organiza-se um novo encontro no qual se estudará, em conjunto, a maneira mais realista de solucionar a litígio, sem deixar a família interveniente, cair em dificuldades financeiras. Pesa-se na balança as entradas financeiras e os gastos necessários para a manutenção do agregado familiar. Há duas possibilidades: combinar o pagamento gradual através de prestações realistas aos diversos devedores ou então pedir um crédito bancário, satisfazendo deste modo e duma vez a todos os pagamentos. Deste modo o banco passará a ser o único credor. Optando por esta última via, procura-se também contactar de novo os credores, propondo uma redução da dívida. A proposta é geralmente aceite, já que estes preferem receber duma vez, mesmo sendo a inferior a acordar, do que esperarem anos e anos. Sempre são gastos administrativos que são poupados. Mesmo que se encontre uma destas soluções, o compromisso da família perante a instituição e os credores deve ser respeitado devotamente. Esta deve empenhar-se a não contraírem, no futuro, enquanto estão a saldar as dívidas, mais dívidas, sem o aval e o conhecimento prévio daqueles. Os credores nunca poderão exigir sacrifícios que possam ameaçar o funcionamento regular do agregado familiar, exigindo o impossível. Devem manter-se no esfera do realismo. O agregado familiar tem direito a reservar
para o seu sustento e pagamento da renda uma determinada quantia que a lei permite e aconselha. Se o monte das dívidas parece ser intransponível
FALÊNCIA PRIVADA – O ÚLTIMO RECURSO? Tem acontecido que, nem em prestações ou mesmo através de credito bancário se possibilita a satisfação dos diversos devedores, ou porque se vive da ajuda social ao desemprego e que não se preveja a maneira de se alterar esta situação ou então se padece duma doença cuja convalescença possa ser de longa duração. Ninguém está livre duma infelicidade que, ao bater à nossa porta, poderá igualmente colocar-nos, dum momento para outro, neste impasse desagradável. Depois dum estudo minucioso das possibilidades financeiras e das diversas dívidas e, chegando-se à conclusão de que não existe alguma possibilidade de as saldar a curto e a longo prazo, a falência (leia-se insolvência) privada pode ser a única solução possível a ser considerada. A lei prevê, para estes casos, o cumprimento de algumas condições. Uma delas é, além da incapacidade financeira, é a impossibilidade de encontrar uma via de entendimento com os diversos credores. Não queremos e nem podemos alongar-nos mais na descrição deste procedimento, só queremos aqui e, em poucas linhas, dar a conhecer também esta possibilidade de sair deste impasse. É conveniente sempre, nestes casos em especial, pela importância e complexidade, recorrer a uma instituição qualificada. Outros pormenores deixamo-los aos conselheiros destas instituições. *NOTAS IMPORTANTES Não há dificuldades que sejam intransponíveis. Por isso, nunca perca a calma e a esperança. Esta é a última a morrer. Procure conservar sempre o sangue frio. Recorra a quem o possa ajudar convenientemente. Tenha sempre presente que você é mais importante do que o que poderá acontecer à sua volta. A sua dignidade é escrita com letra maiúscula e se é cristão, coloque a fé ao serviço da sua felicidade, pois essa tem um preço de Sangue e este, Divino, portanto impagável. Sempre em frente e deixe-se acompanhar com a Esperança, que é uma companheira insubstituível na vida e que é a última a morrer, se a deixamos viver.
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PORTUGAL POST Nº 213 • Abril 2012
Agenda Tome Nota
IMPORTANTE Às associações, clubes, bandas , etc.. As informações sobre os eventos a divulgar deverão dar entrada na nossa redacção até ao dia 15 de cada mês Tel.: 0231 - 83 90 289 Fax :0231-8390351 Email: correio@free.de
Endereços Úteis Embaixada de Portugal Zimmerstr.56 10117 Berlin
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Maria da Piedade Frias Telefone: 0711/8889895 piedadefrias@gmail.com Fernando Genro Telefone: 0151- 15775156 fernandogenro@hotmail.com
Alfredo Stoffel Telefone: 0170 24 60 130 Alfredo.Stoffel@gmx.de José Eduardo, Telefone: 06196 - 82049 jeduardo@gmx.de
"Um jornal é um instrumento incapaz de discernir entre uma queda de bicicleta e o colapso da civilizção. Bernard Shaw "Não foi o mundo que piorou, as coberturas jornalísticas é que melhoraram muito Gilbert Chesterton
Abril 2012 06.04. 2012 – BRAUNSCHWEIG Festa da Páscoa, inclui a festa da sardinha. Início: 12h00: Local: Centro Português na Karl-Hinze-Weg 70, 38104 Braunschweig. 8.04.2012 - MINDEM - Baile da Pascoa , Osterfest. Festa à portuguesa com bons petiscos. Ínicio: 20h30. Local: , Kulturhalle Neesen, Mittelfeld Straße 8
AICEP Portugal Zimmerstr.56 - 10117 Berlim Tel.: 030 254106-0
8.04.2012 – AUGSBURG – Festa e baile com música ao vivo. Ínicio: 20h00. Local Kath. Kirche St Thaddäus , Kobelweg 1, Tel.: 0821 449 32 880
Federação de Empresários Portugueses (VPU) Hanauer Landstraße 114-116 60314 Frankfurt Tel.: +49 (0)69 90 501 933 Fax: +49 (0)69 597 99 529
8.04.2012 – GROSS-UMSTADT – Festa com a actuação do grupo Bombocas. Íncio: 20h30. Local; Clube Operário Português, Georg-AugustZinn-Str
Federação das Associações Portuguesas na Alemanha (FAPA) www.fapa-online.de Postfach 10 01 05 D-42801 Remscheid
Tel. 0711/2273974 Conselho das Comunidades Portuguesas: Alfredo Cardoso, Telelefone: 0172- 53 520 47 AlfredoCardoso@web.de
Citações do mês
Grupo de Fados Gerações Actuações em qualquer parte da Alemanha e em todos os tipos de eventos
Contacto: 0173-2938194
FERNANDO ROLDÃO ORGANISTA / CANTOR BAILES - CASAMENTOS FESTAS - EVENTOS - KARAOKE ALEMANHA CONTACTOS 0151 451 724 90 eferrenator@gmail.com
8.04.2012 – OFFENBACH – Grande noite de Fados. Local: Casa Portuguesa, Waldstrasse 40 63065 Offenbach, T. 0176-288 257 71 14.04.2012 – OFFENBACH – Baile abrilhantado pelo músico e cantor Fernando Roldão. Local: Casa Portuguesa, Waldstrasse 40 63065 Offenbach, T. 0176-288 257 71 14-04.2012 – RHEINE – Festival de Folclore amigável. Local: Kopernikushalle Rheine, Korpenkusstr. 61, 48429 Rheine. A entrada é livre. Depois da actuação dos grupos folclóricos, seguir-se-á um baile 21.04. 2012 – BRAUNSCHWEIG O Centro Português volta a organizar uma noite cultural portuguesa com o grupo "SINA NOSSA" a partir das 19h00 no Kulturinstituto RotenSaal Schloss-Arcada Schlossplatz 1
Braunschweig. Com bebidas e especialidades portuguesas. Reservas de entradas Tel/Fax 0531/375613 ou 0531/508416 28.04.2012 – MAINZ - Festival do R.F.infantil de Mainz. Ínicio: 16h00.
Local: Carl-Zuckmayer-Halle, Mainz 29.04.2012 – WEINHEIM - III Edição da Taça dos Campeões da Sueca. Inscrições e pedido de informações email: uniaolusitana@t-online.de Com o apoio do banco MONTEPIO
Bolsas de Estudo para Estudantes Universitários- Ano 2011/12 Encontra-se aberto, até ao próximo dia 30 de Abril, o prazo de candidatura às Bolsas de Estudo para Estudantes Universitários portugueses que completaram o Ensino Secundário Liceal alemão em 2011 e ingressaram no Ensino Superior na Alemanha no ano lectivo 2011/12. Mais informações, consultar www.botschaftportugal.de/images/stories/Noticias/bolsas_2011_2012.pdf
Tabela de Emolumentos Consulares Acto consular Certificado de registo consular Passaporte Pass. para menores de 12 Pass para idade superior 65 Não apresenta passap. Anterior Titulo de viagem única Passaporte temporário Cartão de cidadão Intervenção de funcionário Paradeiro - sede posto Paradeiro - fora da sede Proc. casamento Cert. de nascimento Cert. negativa de registo cert. Fins militares ou Ssocial Atribuição nac. nascimento maior Perda nacionalidade Procuração Reconhecimento assinatura Tradução estrang - port. (por lauda) Tradução português - estrangeiro Fotocópia autenticada
Até 31.12.2011 6,50 € 70,00 € 50,00 € 60,00 € 30, 00 € 10,00 € 120,00 € 20,00 € 17,00 € 7,00 € 28,00 € 100,00 € 16,50 € 23,00 € 8,00 € 175,00 € 195,00 € 37,00 € 11,00 € 32,00 € 37,00 € 20,00 €
A partir do 01.01.2012 10,00 € 75,00 € 75,00 € 75,00 € 40,00 € 25,00 € 150,00 € 20,00 € 30,00 € 15,00 € 40,00 € 120,00 € 20,00 € 25,00 € 10,00 € 220,00 € 220,00 € 50,00 € 15,00 € 40,00 € 45,00 € 23,00 €
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Economia & Negócios
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19 anos ao Serviço da Comunidade LusoAlemã
Parabéns ao Portugal Post pelo bom serviço prestado à comunidade
Ao passar mais um ano, o 17º, de existência e publicação ininterrupta, o jornal PORTUGAL POST consolida ainda mais a sua missão de porta-voz da Comunidade portuguesa na Alemanha. Como um órgão de informação, que já conquistou um lugar no panorama da imprensa portuguesa da emigração, o PP é hoje um jornal que constitui um verdadeiro património da Comunidade lusa residente neste país. Plural, sério, crítico e atento, o PP já há muito que ganhou a confiança de todos, querendo estar cada vez mais ao serviço de toda a comunidade.
O Portugal Post, para quem que como eu se quer manter ao corrente de tudo o que à emigração portuguesa na Alemanha diz respeito, tornou-se leitura obrigatória. Tive o prazer de acompanhar a evolução do jornal desde que há 17 anos apareceu e com ele aprendi muitos dos conhecimentos que hoje tenho sobre a emigração portuguesa neste País. A isenção com que o jornal tem vindo a tratar de todos os assuntos da actualidade, sem nunca perder de vista a defesa dos interesses dos seus leitores bem como de todos os emigrantes em geral, merecem o nosso apreço e respeito. É por isso que não tenho dúvidas em recomendar a leitura do Portugal Post a todos aqueles que querem estar bem informados quer sobre os nossos problemas quer ainda sobre o que se passa no nosso País. Está de parabéns o Portugal Post pelo bom serviço prestado à comunidade. De parabéns estão também os leitores em geral e os assinantes em particular, por terem escolhido e assinado este jornal.
Ein unverzichtbares Medium “Seit 19 Jahren ist die Portugal Post für die über 100 000 in Deutschland lebenden Portugiesen ein unverzichtbares Medium, das aktiv das Gemeinschaftsgefühl fördert und als einzige Zeitschrift einen Überblick gibt über ihre Aktivitäten in den deutschen Städten. Dass die Portugal Post dabei der Hansestadt Hamburg mit ihren speziellen jahrhundertelang gewachsenen Beziehungen zu Portugal besonderes Augenmerk widmet, freut mich natürlich besonders. Uly Foerster, Chefredakteur Lufthansa Magazin, Hamburg”
José Eduardo Membro do Conselho das Comunidades Portuguesas
Um valioso contributo
O porta-voz da comunidade portuguesa na Alemanha
Desde há vários anos que sou um leitor assíduo do Portugal Post. Graças a este jornal, acompanho as actividades dos portugueses que vivem na Alemanha, aos quais o Portugal Post tem prestado um valioso contributo, e obtenho informações de interesse sobre a emigração portuguesa em geral. Disso estou grato ao Portugal Post e ao seu director, Sr. Mário dos Santos, a quem felicito pela competência revelada na gestão técnica e redatorial do Portugal Post. Face ao desinteresse dos órgãos de comunicação social em Portugal, salvo raríssimas excepções, pela vivência dos portugueses do estrangeiro, os órgãos de comunicação social de expressão portuguesa nos vários países são os únicos que dão a conhecer essa vivência. Daí que mereçam, não apenas da parte desses portugueses, mas também das autoridades portuguesas, a estima e o reconhecimento pelo seu trabalho, tanto mais que muitos deles só conseguem existir graças ao empenho e ao esforço dos respectivos directores e colaboradores. Parabéns a todos. José Rebelo Coelho, ex-Conselheiro Social na Embaixada de Portugal em Berlim
Desde há anos que acompanho a publicação do Portugal Post, que tem sido para mim uma importante fonte de informação. Considero muito importante haver um jornal como o Portugal Post na Alemanha principalmente por duas razoes: 1. Como somos uma comunidade bastante pequena e dispersa por várias partes da país em que vivemos o Portugal Post é um elo de comunicação e de troca de informação entre as várias comunidades; 2. uma vez que os hábitos de leitura dentro da comunidade variam muito, também entre as gerações, o Portugal Post é um contributo importante para manter o contacto com a língua portuguesa escrita, particularmente para os lusos-descendentes. Para concluir, o Portugal Post constitui uma plataforma e é o porta-voz da comunidade portuguesa na Alemanha.
Dora Mourinho, Socióloga
Trabalho sério e rigoroso
O Portugal Post presta um inestimável serviço à comunidade portuguesa na Alemanha
O Portugal Post cumpre 19 anos de publicação. Foi um tempo de sucesso, construído na base dum trabalho sério e rigoroso que lhe foi granjeando credibilidade e prestígio. A isenção e pluralismo na abordagem dos temas políticos, como instrumento de intervenção democrática, a apologia dos valores cívicos e a motivação e empenho em prol das aspirações e anseios das comunidades portuguesas, fizeram do Portugal Post um título de referência para a generalidade dos seus leitores, os portugueses residentes na Alemanha. Aí, sempre eles encontraram um amparo, uma palavra, o respaldo amigo e o conselho avisado para que ultrapassassem as dificuldades e constrangimentos que sempre afectam quem vive longe da sua terra. Ao jornal, aos seus leitores e, em especial, ao seu director, Mário dos Santos, os meus melhores votos de sucesso e longa vida.
A universalidade dessa relevante contribuição é reflectida em cada edição, que tem artigos escritos por autores representativos vindos de todas as partes da Alemanha. As opiniões divergentes sobre temas actuais e do interesse da comunidade, com certeza contribuem para o debate de ideias, divulgando e despertando ao mesmo tempo o espírito crítico dos leitores. Parabéns.
Michaela Azevedo Ferreira Advogada, Bonn
José Lello, deputado do PS e ex-Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas
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Glückwunsch Portugal hat unzählige Freunde in Deutschland: Viele haben schon Urlaub gemacht zwischen Minho und Algarve, dort gearbeitet oder studiert. Andere schätzen Pessoa oder Saramago, sind Fans von Mariza oder Madredeus, Figo oder Cristiano Ronaldo, lieben Pastéis de Nata oder Bacalhau. Noch wichtiger: viele Deutsche mögen Portugal, weil sie portugiesische Kollegen, Nachbarn oder Freunde haben, weil die Kinder mit Portugiesen zur Schule gehen oder weil der Espresso im nettesten Café oder Restaurant in der Nähe Bica heißt. All diese Menschen sollten eigentlich die "Portugal Post" lesen, um auf dem Laufenden zu bleiben und um die Portugiesen in Deutschland noch besser zu verstehen. Am schönsten wäre es aber, wenn die deutschen Freunde Portugals sich mehr mit eigenen Texten und Ideen an der Zeitung beteiligen würden. Dann könnten die nächsten siebzehn Jahre "Portugal Post" noch stärker im Zeichen von Dialog und Miteinander stehen.
DR. Marco Bertoloso Leiter der Abteilung Zentrale Nachrichten beim Deutschlandfunk
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Passar o Tempo
Amizades &
Afins SENHOR 59 anos a residor da Alemanha (NRW), livre, não fumador, deseja conhecer senhora entre os 49 e 59 anos idade para fins de amizade. Resposta a este jornal Refª 0103
CAVALHEIRO Viúvo, 70 anos, tipo jovem, estatura 1,65 cm, da zona norte de Portugal mas a residir na Alemanha (NRW), de bom humor e honesto, sem vicios, procura senhora livre e agradável entre os 65 e 70 anos de idade para construir harmoniosa parceria. Carta a este jornal se possível com foto. Refª 0104 Nota: Os anúncios para este espaço devem ser bem legíveis e dirigidos ao jornal devidamente identificados com nome, morada e telefone do/a anunciante. O custo para anunciar neste espaço é de 17,50. Aqueles que têm resposta ao jornal, o custo é de € 27,50. + Informações: 0231-8390289
poesias de amor e de outros sentires O amor é o amor O amor é o amor - e depois?! Vamos ficar os dois a imaginar, a imaginar?.. O meu peito contra o teu peito, cortando o mar, cortando o ar. Num leito há todo o espaço para amar! Na nossa carne estamos sem destino, sem medo, sem pudor, e trocamos - somos um? somos dois? espírito e calor! O amor é o amor - e depois?! Alexandre O´Neill
PORTUGAL POST Nº 213 • Abril 2012
Saúde e Bem estar
Receitas Culinárias
Impotência
Bacalhau com Tomates e Pimentos
A impotência masculina manifesta-se como a incapacidade de ter e manter uma erecção, bem como de ejaculação. As causas da impotência podem ser físicas e psicológicas. As de origem física se devem a: − Bloqueio das artérias que irrigam o pénis devido a aterosclerose (colesterol que obstrui as artérias e diabete, os quais detêm o fluxo correcto do sangue nos corpos cavernosos do pénis). A pressão do sangue dentro do pénis é que produz a erecção. − O stress, a ansiedade, as preocupações e a depressão fazem com que seja produzida uma forma de adrenalina que bloqueia a erecção do pénis. − Falta de uma nutrição adequada que contenha zinco suficiente, vitamina E e vitaminas para o sistema nervoso, como a B1, B5, B6 e B12. − A vitamina E e o zinco são indispensáveis para a produção do esperma. O zinco encontra-se em grande quantidade em alguns mariscos como as ostras. Tratamento: aspectos físicos: primeiro, confirmar com o médico que não existe nenhum impedimento orgânico real; segundo, a impotência e a frigidez são causadas muito frequentemente pela falta de nutrição adequada. Para sanar essa deficiência, recomenda‐se a ingestão de mel, pólen e ginseng, já que são poderosos afrodisíacos e energéticos. Esses produtos, além de conter uma série de hormonas que são necessários para os processos sexuais, são altamente energéticos. É muito importante também ingerir as vitaminas C e E e o zinco. A pro-
dução de sémen é fortemente influenciada por esses dois elementos indispensáveis para a produção de espermatozóides e o correcto funcionamento das glândulas sexuais, tanto no homem como na mulher. Descobriu‐se que o aminoácido Arginina ‐ que se encontra no Aloe Vera em 14 ppm ‐ ajuda muito a produção de espermatozóides. Também a tirosina, que é um aminoácido que se encontra no Aloé Vera, ajuda a combater o stress. Para mulheres, recomenda‐se adicionar à dieta azeite, abacate e nozes, já que esses elementos ajudarão a incrementar a lubrificação vaginal. Aspectos psicológicos ou mentais: Se o problema é grave e de origem mental, a consulta com um psicólogo pode ser de grande utilidade, já que pode se encontrar alguma situação traumática desde a infância ou da adolescência que esteja bloqueando a pessoa para que se desenvolva adequadamente nesse sentido. Além de ser conveniente ingerir as vitaminas B1, B5, B6 e 812, as quais se encontram em alta concentração no mel e no ginseng, pode‐se complementar acrescentando 5 mg de extracto de testosterona 2 vezes ao dia. Além de incrementar o apetite sexual, também irão melhorar a concentração mental e a imaginação da pessoa, tão necessária para todo o processo sexual. O exercício físico também incrementa a actividade sexual, já que faz com que o cérebro segregue substâncias como a dopamina (a qual causa euforia nos desportistas), além da hormona testosterona e outras hormonas da sexualidade. Fonte: Saúde e bem estar
2 postas de bacalhau previamente demolhadas 4 tomates maduros pimentos verdes 2 colheres (sopa) de azeite l cebola grande descascada 2 dentes de alho descascados 1,5 dl de leite de coco farinha q.b. sal e pimenta preta moída na altura Uma vez demolhado o bacalhau, seque-o muito bem. Limpe de pele e de espinhas e corte-o em lascas. pique a cebola e faça o mesmo ao dentes de alho. Mergulhe o tomate por breves segundos, em água fervente e depois, por agua fria. Tire-he a pele. Limpe-o de sementes e pique-o miudamente. Limpe o pimento de sementes e corte-os em tirinhas. Polvilhe as lascas de bacalhau com farinha e misture de modo a que elas fiquem bem enfarinhadas. O melhor é colocar uma colher (sopa) de farinha num saco de plástico transparente e juntar as lascas de bacalhau. Feche o saco e sacuda-o energicamente, Retire o excesso de farinha. Num tacho aqueça o azeite. Junte a cebola e o alho picados e deixe-os dourar. Acrescente as lascas de bacalhau e deixe-as fritar, mexendo com uma colher de pau. Adicione o tomate. Mexa e tempere de sal e de pimenta a seu gosto. Tenha em atenção o teor de sal do bacalhau, mesmo depois de demolhado Adicione as tirinhas de pimento verde. Deixe cozinhar por mais dois minutos. Regue com o leite de coco. Deixe levantar fervura. Tape o tacho e deixe estufar até que tudo esteja macio. Destape o tacho e deixe ferver por mais uns breves minutos. Rectifique temperos e decore a gosto.
Salada de Tomate Alentejana Ingredientes: 2 tomates grandes 150 gr de presunto 250 gr de pão caseiro Oregãos e sal q.b. Azeite e vinagre q.b. Receita: Lave, retire o pé e corte em cubos os tomates. Tempere com sal. Corte o presunto em tirinhas e o pão em cubos. Numa saladeira, misture o tomate, o presunto e o pão, temperando a gosto com azeite, vinagre e oregãos. Bom apetite
RIR — Meu caro senhor — diz o psiquiatra ao cliente —, o seu caso é simples: o senhor tem dupla personalidade. São cem euros pela consulta. — Aqui tem cinquenta, senhor doutor. O que falta, o outro que pague.
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Orações aos Anjos da Guarda Formato: 14 X 21 cm. Páginas: 144 Preço: 25,00 € Na primeira parte desta obra encontrará um vasto número de orações aos anjos da guarda, que certamente serão do seu inteiro agrado. Na segunda parte deliciar-se-á com a listagem completa dos 72 anjos protectores. Cada um destes anjos confere características particulares mao modo de ser e de amar dos seus protegidos.
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Vidas
PORTUGAL POST Nº 213 • Abril 2012
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História com final infeliz Caros senhores, Aqui vai a minha história na esperança de a ver publicada numa das próximas edições do nosso jornal. Apresentando-me, começo por dizer que tenho 42 anos e que ando aqui pela Alemanha desde os dois meses de idade, altura em que os meus pais decidiram partir de Portugal para a Alemanha no intuito de arranjar nova vida. Aqui cresci e aqui fui à escola, como aqui cresci e fiz a minha vida. Tinha eu 22 anos quando casei com o meu primeiro marido, um alemão. Aliás, até casar os meus poucos namorados foram todos alemães. Infelizmente, o meu casamento durou pouco tempo, cerca de cinco anos. Sem filhos, divorciei-me em paz e amizade com o meu marido. Depois do divórcio fiquei algum tempo sozinha. Foi então que conheci um namorado, este de nacionalidade grega. Não resultou. Como estava livre e sem encargos matrimoniais decidi fazer o “Abitur” numa escola que funcionava à noite. Depois do “Abitur” fui para a Universidade e passei por alguns cursos sem os completar, chegando à conclusão que os bancos da universidade não eram para mim. Arranjei um emprego num banco e continuei a minha vida. De namoros, na altura que comecei a trabalhar no banco tinha um – um alemão bonito e simpático mas muito ciumento. Deixei-o. Depois tive outro namorado que, este sim, foi uma coisa forte e decidimos abrigar os nossos trapos debaixo de um tecto. Com este homem senti uma paixão intensa, mas ainda não estávamos juntos ia para três anos ele declarou-se que tinha um amante. Sim, digo bem, ele tinha um homem amante e vivia uma relação dupla. Falei muito a sério com ele e disse que assim não dava. Eu não estava disposta a aceitar tal situação. Como ele era muito meigo, nada colérico e me respeitava muito enquanto pessoa, foi com mágoa que lhe disse para desfazermos a relação. Voltei à mesma vida do estar só. Valia-me o trabalho que me ocupava muito e os amigos que tinha arranjado no banco. Muitas vezes convidava-os a ir jantar a casa comer um “petisco” português que eu fazia depois de ter visto a minha mãe anos a fio a cozinhar todos os santos dias aqueles conhecidos pratos portugueses. Em suma, tinha trabalho e uma vida social normal e isto deixavame contente. Um dia, por um deste acasos
que não sabemos explicar, encontrei um rapaz com quem simpatizei muito e tinha aquilo que eu desejava num homem: alto, bem parecido, simpático e com bastante humor. Chama-se Harry e era um norte-americano que leccionava numa escola de línguas. Tivemos uma relação forte durante quase dois anos . Durante este tempo ele deslocou-se várias vezes ao seu país, sendo que, de todas as vezes, ele se tenha recusado a minha companhia. No final, depois de muitas peripécias ele pediu-me quase de joelhos desculpa e confessou-se casado, propondo-me uma relação de amante... Não quis acreditar no que ele me sugeria e dei-lhe literalmente um pontapé no rabo e pu-lo andar dizendo que eu não estava à venda nem para ele nem para ninguém. Decididamente, não tinha sorte no amor! Resolvida a não desistir de encontrar a minha alma gémea, continuei esperando que o amor um dia me viesse bater à porta ou que pudesse encontrá-lo ao virar da esquina... Os anos iam passando. Um dia encontrei no meu rosto as primeiras marcas dos anos e fiquei com medo de restar sozinha se não encontrasse ninguém para partilhar a vida. O meu orgulho era eu ser reconhecida no trabalho como uma boa profissional, tanto que subi várias vezes de posto e alcancei um lugar de dirigente no banco onde eu tra-
Os anos iam passando. Um dia encontrei no meu rosto as primeiras marcas dos anos e fiquei com medo de restar sozinha se não encontrasse ninguém para partilhar a vida. balhava. Isso contribuiu para um melhor conforto material. Mudei de casa para um sítio muito bonito; tinha quase tudo o que uma mulher normal pode ter – mas continuava só e isso magoava-me. A experiência ensinava-me que eu não deveria meter-me com alguém a todo o custo na esperança de sair alguma coisa. Dizia para comigo para ter paciência. Foi nesta fase da minha que conheci um português. Até então nunca tinha tido qualquer tipo de relação com portugueses; nem de amizade e muito menos amorosa. O português que eu conheci nessa altura encheu-me as medidas. Era tudo o que eu queria de um
homem e o facto de ser português era, por assim dizer, a construção de um sonho de quem, uma mulher nas circunstâncias em que eu estava, desejava realizar. Foi por acaso que o conheci num restaurante italiano onde eu costumava ir almoçar durante a semana. Ele lia o PORTUGAL POST (foi nessa ocasião que eu conheci o jornal). Como estava na mesa diante da minha, arranjei coragem e perguntei-lhe algo muito pateta. O facto de ter tomado a iniciativa para me meter com ele era a sua figura e a sua postura: um homem simples mas vestido com muito bom gosto, de boas maneiras e algo sonhador. Infelizmente, aquilo não resultou em nada porque dois dias depois, no mesmo restaurante ele surgiu com uma mulher ao lado e sem problemas senta-se na mesa onde estava e apresenta-me a sua mulher – muito simpática, diga-se. Ficamos a ser assim como conhecidos. E foi por isto que o meu coração desejou um português. Nunca tinha tido um e comecei a imaginar que poderia encontrar a química do amor num português. E pensava que, afinal, os portugueses não eram assim de deitar fora. Lembrei-me então que nunca tinha ido de férias a Portugal. Lembrei-me também que o meu destino deveria passar por Portugal. A verdade seja dita que nunca tive relações de espécie nenhuma com gente portuguesa. A minha ligação a Portugal chegava ao PORTUGAL POST e dali não passava. O meu sonho resumia-se ao encontrar um amor português. Fui duas ou três vez a Portugal. Gostei muito do país que nunca o imaginei tão lindo como era. Também gostava das pessoas. Como ia sozinha, alojava-me num hotel de Cascais e aí passava os meus tempos com algumas idas a Lisboa, cidade por quem eu me apaixonei. Mas, no que se refere a amores, nada!. Conheci algumas pessoas interessantes. Conheci homens gentis e muito dados à conquista de mulheres. Conheci mulheres portuguesas com quem eu me identifiquei bastante. Mas, amores, nada! Voltava para a Alemanha triste e resignada. Neste entrementes, tive mais um namorado alemão. Foi uma relação duradoira, quero dizer, demorou dois anos e depois se evaporou como todos os que tinham passado na minha vida. O meu sonho um encontrar um homem português estava bem vivo. Nele residia toda a esperança de eu finalmente pôr termo às relações que começavam com fim à vista.
Foi então que chegou esse dia! Não pude acreditar, mas tinha finalmente conquistado um homem português. Tudo aconteceu um dia em que decidi ir a um café português com uma amiga ver uma partida de futebol em que Portugal jogava no campeonato do mundo. Era um café completamente inundado de portugueses em que a acostumada confusão portuguesa reinava. Eram famílias que se reuniam às mesas, deixando os filhos por ali a brincar com outros; mulheres pintadas no rosto com as cores de Portugal e uma grande gritaria que parecia ser uma coisa absolutamente normal. Na mesa em que eu e a minha amiga estávamos, ao meu lado, estava assim um rapaz que aparentava aí uns trinta e muitos e que se distinguia de todos pela sua calma e pelo seu modo de estar ali como se estivesse num local sereno. Não falava muito. Dizia o que era necessário e não tinha nada de petulante e intrometido. Bebia a sua Super Bock e via o jogo por ver, parecendo não atribuir grande importância ao resultado. Começamos a falar assim muito naturalmente. Eu reparava nas suas mãos com as unhas bem tratadas e um pele morena que não era grosseira, mas sim “lavada” e bem tratada. Os seus olhos castanhos pareciam brilhar quando me olhava e isso tocou-me bastante. Em suma, fiquei apanhada pelo homem. No final, trocámos de número de telefone e acho que nós tínhamos a certeza que queríamos muito um novo encontro para melhor conhecermo-nos. E foi assim que sucedeu. Mar-
camos um encontro num sábado e no domingo seguinte sabíamos que estávamos apaixonados um pelo outro. Digo que esse foi o fim de semana mais lindo e intenso que tive enquanto mulher. Ficámos namorados. Passamos a encontrar-nos quase todos os dias. Depois começamos a pernoitar em casa de um e de outro. Conclusão: tinha encontrado o amor da minha e o sonho de ele ser português tinha-se concretizado. Decidimos viver juntos porque não podíamos estar muito tempo separados. Ele era um homem atencioso, amoroso, meigo e compreensivo. Pela primeira vez na vida de mulher desejei profundamente ser mãe e ter um filho dele Ao fim de dois anos de vivermos juntos, um dia cheguei a casa e, para meu espanto, encontrei-o na cama com um ar bastante abatido. Disse-me que se sentia mal e que nem sequer tinha apetite. No dia seguinte, depois de uma noite desgraçada, levei-o ao médico que, por sua vez, o mandou para o hospital. Lá, depois de algumas horas de exames e análises, disseram que ele tinha uma doença muito má. Uma semana depois faleceu e com ele morreu também o meu sonho de ser feliz. Leitora identificada
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