PORTUGAL POST ANO XVIII • Nº 209 • Dezembro 2011 • Publicação mensal • 2.00 € Portugal Post Verlag, Burgholzstr. 43 • 44145 Dortmund • Tel.: 0231-83 90 289 • Telefax 0231- 8390351• E Mail: correio@free.de •www. portugalpost.de •K 25853 •ISSN 0340-3718
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Foto: PP Arquivo
Osnabrück: a história pode repetir-se
Comunidade da área consular de Osnabrück vê-se de novo confrontada com a notícia do encerramento do consulado. pág. 7 Foto: Aspecto da manifestação que mobilizou milhares de pessoas contra o encerramento do consulado em Osnabrück em 2003
› Entrevista
Deputado Paulo “José Cesário está a ser o coveiro das Pisco ao PP: políticas para as comunidades” Pág.10 › Neonazis
Terrorismo neonazi preocupa a Alemanha Pág. 19 Num país perto de si Pág.18
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PORTUGAL POST Nº 209 • Dezembro 2011
PORTUGAL POST
NOTA
Agraciado com a Medalha da Liberdade e Democracia da Assembleia da República Fundado em 1993 Director: Mário dos Santos Redação e Colaboradores Cristina Krippahl: Bona Francisco Assunção: Berlim Joaquim Peito: Hanôver Luísa Costa Hölzl: Munique Correspondentes António Horta: Gelsenkirchen Cristina Dangerfield-Vogt: Berlim Elisabete Araújo: Euskirchen João Ferreira: Singen Jorge Martins Rita: Estugarda Manuel Abrantes: Weilheim-Teck Maria dos Anjos Santos: Hamburgo Maria do Céu: Mogúncia Maria do Rosário Loures: Nuremberga Colunistas António Justo: Kassel Carlos Gonçalves: Lisboa Helena Araújo: Berlim Helena Ferro de Gouveia: Bona José Eduardo: Frankfurt / M Lagoa da Silva: Lisboa Marco Bertoloso: Colónia Paulo Pisco: Lisboa Rui Paz: Dusseldórfia Teresa Soares: Nuremberga
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Comunidades
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Portugueses em Berlim:
Uma plataforma de comunicação e de apoio Desde o verão de 2011, que existe uma nova plataforma de comunicação no Google e no Facebook, chamada «Portugueses em Berlim». Este grupo tem como objectivo dar apoio e fornecer informação variada aos novos portugueses que chegam à capital, bem como organizar eventos que reúnam todos os portugueses residentes em Berlim. Este apoio, com carácter voluntário, é facultado tanto por portugueses que vivem na cidade há algum tempo, como por outros que cá vivem há poucos anos. Planeiam também criar uma bolsa de emprego e uma bolsa de horas, com vista a uma troca de serviços não-remunerados. Nos últimos anos, tem-se registado uma acentuada imigração portuguesa para a Alemanha de jovens entre os 25 e os 35 anos, a chamada «geração à rasca». Apesar de serem titulares de uma colecção de graus académicos, muitos deles tinham empregos precários em Portugal.
Na actual situação de crise económica que se vivencia em Portugal, as perspectivas profissionais daqueles jovens poderão ser continuar a trabalhar a recibos verdes até à reforma. Estamos perante um novo fenómeno de imigração. Estes jovens urbanos e super-habilitados que, em geral, não falam a língua alemã, chegam à Alemanha com expectativas e antecedentes radicalmente diferentes da imigração tradicional dos anos 60. Não obstante estas características que os distinguem daquela outra geração, à semelhança do movimento migratório anterior em direcção à Europa mais desenvolvida, a motivação continua a estar ligada à precariedade dos empregos em Portugal e à baixa remuneração dos mesmos, que obrigam estes jovens a sair do seu país à procura de relações laborais menos fugazes. Ainda à semelhança dos anteriores imigrantes que se organizaram em associações,
também os novos imigrantes económicos portugueses (os artistas que vêm com bolsas de estudo ou outras para a capital, escapando a uma crise que não dá tréguas à arte, outros deslocados para a Alemanha pelas empresas ou pelo Estado português, ou por circunstâncias meramente pessoais, ou ainda outros que caem fora destas classificações), todos tão diversos, procuram um equivalente moderno das associações das comunidades portuguesas e que são hoje em dia as plataformas de comunicação na internet. A plataforma «Portugueses em Berlim» é o ponto de partida para este movimento associativo. Com um núcleo de membros muito empenhados, este grupo já organizou encontros em bares e restaurantes da capital e criou uma rede de apoios aos seus membros e a todos os que os contactam, funcionando de forma célere ao nível da informação. Esta jovem iniciativa ca-
racteriza-se pela sua criatividade e dedicação dos seus membros. Contudo, está para ver se o fenómeno é duradouro e se, apesar dos seus denominadores comuns, a expansão do grupo não irá criar tensões ao nível da tolerância, diversidade dos interesse e opiniões dos seus membros. O primeiro evento do grupo teve lugar no dia 11 de Novembro no Hotel Pestana. Luísa Coelho, Leitora do Instituto Camões na Universidade de Humboldt e na Freie Universität de Berlim, apresentou numa palestra a história do vinho em Portugal e o vinho na nossa História, com a projecção de documentos da época. Em seguida, o Professor Hoepner da Universidade de Humboldt apresentou o seu novo dicionário de Fauna e Flora, em Português-LatimAlemão. Estiveram presentes cerca de 70 pessoas. O grupo estreou-se bem, mas o primeiro «grande» teste à sua capacidade de organização vai
ser a Festa de Natal, no dia 4 de Dezembro, na Werkstatt der Kulturen, em Berlim. Esta festa pretende reunir todos os portugueses residentes em Berlim. Vai ser uma festa de Natal muito especial que contará com um programa excelente e diversificado, incluindo o conhecido músico Carlos Bica, Madalena de Faria e o «Trio Fado», entre outros. Pena é, que não venham Os Deolinda com «Parva que Sou» porque reflectiriam fielmente a geração à rasca que foge do nosso país em crise, gerando o Novo Êxodo Português. A participação na festa de Natal será gratuita e haverá comes e bebes a preços simbólicos. A Caixa Geral de Depósitos e a Spanische Quelle GmbH são os grandes patrocinadores deste evento, cujas receitas serão canalizadas para fins sociais a definir.
Cristina Dangerfield-Vogt Correspondente em Berlim PUB
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Nacional & Comunidades
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Reestruturação da rede de ensino poderá levar à eliminação de mais cursos nas comunidades O Ministério dos Negócios Estrangeiros admitiu que há “várias centenas de alunos” no estrangeiro sem aulas de português e que a reestruturação da rede de ensino, em preparação, poderá levar a cortes de mais cursos. „Confirma-se que várias centenas de alunos estão a ser atingidos por medidas de natureza orçamental que nos estão a impedir de substituir professores, obrigandonos igualmente a suprimir alguns horários“, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), Miguel Guedes, em resposta escrita à Agência Lusa. Os sindicatos de professores de português no estrangeiro adiantaram recentemente que o Governo decidiu mandar regressar às escolas de origem em Portugal 50 professores deslocados no estrangeiro e estimam que esta medida deixe 5 mil alunos sem
aulas até ao fim do ano. Confrontado com estes dados, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, disse, no parlamento, que há substituições que não foram renovadas por falta de dinheiro, sem quantificar o número de alunos afectados. Na resposta escrita à Lusa, o porta-voz do MNE explicou que na origem desta situação estão além de „factores de natureza económica“, o „deficiente planeamento“ do actual ano lectivo que, segundo Miguel Guedes, „não teve em consideração o impacto dos gastos do primeiro semestre de 2011 no ano lectivo de 2012/2013“. O responsável do MNE adiantou que a rede de cursos será reestruturada e que a „fase de transição para o novo modelo“, que o MNE está a preparar, „será condicionada por dificuldades que naturalmente atingirão alguns alunos em vários países“. „A rede de cursos deverá ser
completamente reestruturada, passando a apoiar-se de forma mais clara as experiências de ensino integrado e as instituições que estejam a desenvolver projectos pedagógicos inovadores e que sirvam comunidades com dimensão significativa. Desta forma, poderão vir a ser eliminados horários em locais em que se verifique menor envolvimento das comunidades na vida escolar“, referiu. A reforma do ensino passará assim, segundo o MNE, pelo incentivo à integração do ensino nos sistemas educativos dos países de acolhimento das maiores comunidades, pelo estabelecimento de parcerias com associações e escolas privadas, pela criação de mecanismos de certificação e pelo desenvolvimento do ensino blearning (sistema misto de ensino presencial e à distância). O Governo propõe-se ainda iniciar „novas acções de apoio directo“ ao ensino promovido em es-
colas privadas, associativas e públicas em países não cobertos pela actual rede como os Estados Unidos, o Canadá, a Austrália e a Venezuela. „A eliminação progressiva da diferença de tratamento entre as comunidades de alguns países da Europa e as de fora da Europa será um aspecto marcante“, sublinhou Miguel Guedes. Segundo o porta-voz do MNE, „este será um momento decisivo para o movimento associativo e os políticos de origem portuguesa assumirem, articuladamente com o Governo, a prioridade da educação, juntando esforços e recursos de forma a melhor servir as crianças e jovens interessados na aprendizagem da língua“. Os cortes previstos no ensino de Português no estrangeiro já motivaram críticas do Sindicato dos Professores no Estrangeiro (SPE) e do Sindicato dos Professores das Comunidades Lusíadas (Ver pág. 6) .
FLASH Manifestação em Osnabrück A comunidade portuguesa da área consular de Osnabrück vai protestar, no próximo dia 04 de dezembro, nas ruas desta cidade alemã da Baixa-Saxónia, contra o encerramento do viceconsulado local, decidido pelo Governo, foi hoje anunciado. Local do encontro: Centro Portugûes de Osnabrücx, Bünderstr. 6. Tel.: 0176-78340184
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Conselho Permanente das Comunidades Portuguesas contra encerramento de consulados O presidente do Conselho Permanente das Comunidades Portuguesas, Fernando Gomes, afirmou que a decisão do Governo de encerrar embaixadas „até se compreende“, mas defendeu que o caso dos vice-consulados „é completamente diferente“. Para Fernando Gomes, a decisão por parte do Governo de encerrar sete embaixadas, anunciada no Parlamento, pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, „até parece ser justificada“, por se tratarem de países com „menor expressão de emigração ou de presença de comunidades portuguesas. Mas, „a nível dos vice-consulados, a situação é completamente diferente“, advogou.
Frankfurt, Lille ou ClermontFerrand são cidades que „têm um peso de comunidade bastante grande“, argumentou Fernando Gomes, ao realçar que no caso dos vice-consulados „há uma aproximação muito mais directa junto das comunidades“. „Penso que isso não faz sentido“, disse, ao referir que as informações que detém em relação ao caso de Frankfurt, por exemplo, são as de que „funciona com pouca gente“, o que representa „custos irrisórios“, e que „tem prestado um serviço para dezenas de milhares de pessoas“. Para o conselheiro é possível „cortar noutras vertentes“, até porque „a diplomacia muitas vezes
cobra-se de uma forma indirecta. Não é pelo investimento e lucro imediato porque, se for assim, estamos feitos“, apontou, indicando que então „não vale a pena investir na cultura“ porque não se tiram lucros imediatos, mas antes „dividendos a longo prazo“. As embaixadas portuguesas que vão ser desactivadas são Andorra, Bósnia-Herzegovina, Estónia, Letónia, Lituânia, Malta e Quénia, sendo que a jurisdição do vice-consulado de Frankfurt passará para Estugarda, Osnabruck para Dusseldorf, a de ClermontFerrand (França) para Lyon e a de Nantes para Paris. Já o escritório consular de Lille será transferido para Paris.
„Nunca é agradável fechar as coisas sem consultar as comunidades locais“, disse Fernando Gomes. „Gostaríamos que o Governo também democraticamente respeitasse as opiniões“, que „nos deixasse ter um papel democrático, porque até agora não temos tido“, acrescentou o responsável. „O Governo decide, tem a faca e o queijo na mão e, naturalmente, chega a uma altura em que a comunidade também só se aproxima do país se quiser, mas penso que não é com política de costas voltadas que se leva a bom termo uma correspondência democrática“, disse. „É um mau princípio“, rematou.
Ministério da Solidariedade e Segurança Social garante que há verbas para apoios sociais a portugueses no estrangeiro O Ministério da Solidariedade e Segurança Social (MSSS) garantiu que a verba para apoios a idosos nas comunidades portuguesas „está inscrita e contemplada“ no Orçamento do Estado para 2012 (OE2012), „na componente de acção social“. O Ministério da Segurança Social reagiu desta forma a uma questão dirigida à tutela pelo deputado socialista Paulo
Pisco, que disse poderem estar em causa apoios sociais criados em 2000. A questão foi submetida no parlamento com o objetivo de saber se existem verbas para apoios sociais a idosos e carenciados nas comunidades portuguesas radicadas no estrangeiro „dada a sua ausência no Orçamento de Estado 2012 (OE2012)“. Citada pela agência Lusa, fonte oficial do MSSS garantiu
que a verba está inscrita, „embora não se encontre discriminada, tal como aconteceu nos anteriores orçamentos“. „A questão colocada reflecte um alarmismo resultante do desconhecimento do deputado socialista, mas foi devidamente acautelada por este executivo, no próximo OE“, acrescentou a mesma fonte da tutela. Segundo o deputado Paulo Pisco, eleito pelo círculo da
Europa, entre 2005 e 2010, as verbas têm oscilado entre os quatro e os sete milhões de euros anuais. Paulo Pisco referiu não ter encontrado as verbas no OE2012, nem nas Grandes Opções do Plano. Uma situação “surpreendente” e “preocupante”, segundo o parlamentar, “já que é em tempos de crise que a necessidade de recurso a esses apoios sociais aumenta”.
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Mário Soares avisa que democracia “pode vir a ser posta em causa”
Paulo Portas encerra sete embaixadas e ainda quatro vice-consulados e um escritório consular
O ex-Presidente e líder histórico do PS Mário Soares admite que Portugal nunca viveu “uma crise tão grave como a atual” e alerta que a democracia “pode vir a ser posta em causa”. Este aviso é deixado no livro “Um político assume-se”, uma “espécie de autobiografia política e ideológica”, e não memórias, como faz questão de assinalar no prefácio o fundador do PS e presidente da República durante dez anos (1986-1996). “Estou extremamente preocupado quanto ao futuro do meu país, onde desejo morrer”, escreve Mário Soares, 86 anos, no último dos 15 capítulos que compõem o livro, intitulado “E Agora?”. Nunca como antes, escreve, o país viveu “uma crise tão grave”, nem estiveram tão em causa as “conquistas sociais” da Revolução dos Cravos: “O Serviço Nacional de Saúde, as pensões sociais, a dignidade do trabalho, a tendencial gratuitidade do ensino”. “Tudo isto pode estar em jogo de perder-se, mas também é a própria democracia que pode vir a ser posta em causa, dadas as exigências dos mercados especulativos e desregulados e a dependência que deles tem a comunicação social”, alerta. Mário Soares, um dos fundadores do regime democrático no pós-25 de abril de 1974, questiona a fraqueza dos líderes europeus
Portugal vai encerrar sete embaixadas, quatro vice-consulados e um escritório consular, estando prevista a abertura «muito proximamente» de uma representação diplomática no Qatar, anunciou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, no parlamento. Esta reforma vai permitir poupar 12 milhões de euros em 2012, afirmou. As embaixadas portuguesas que vão ser desativadas são Andorra, Bósnia-Herzegovina, Estónia, Letónia, Lituânia, Malta e Quénia, disse Portas na apresentação do Orçamento do Estado 2012 para o ministério que tutela nas comissões de Orçamento e Finanças, Negócios Estrangeiros e Assuntos Europeus. Paulo Portas acrescentou que a jurisdição do vice-consulado de Frankfurt (Alemanha) vai passar para Estugarda, Osnabruck para Dusseldorf, a de Clairmont-Ferrand (França) passa para Lyon e Nantes para Paris. O escritório consular de Lille passará para Paris, disse. O embaixador de Portugal em
perante a crise económica e financeira, para a qual, lembra, veio a avisar nos últimos anos e que já levou três países a pediram ajuda externa: Grécia, Irlanda e Portugal. “Europeísta convicto”, Soares admite que Portugal, desde a adesão à então CEE, “habituou-se a viver acima dos seus recursos”.
Portugal está a ser “a terceira vítima da ganância dos mercados especulativos e da audácia criminosa das agências de rating”. A crise, escreve ainda Soares, “só pode agravar-se” quando se chega “a uma situação tão estranha”, em que “os mercados comandam os Estados ditos soberanos – em vez de ser o contrário”.
Feliz Natal
PCP quer reforçar ensino de Português no estrangeiro com cinco milhões de Euros O PCP quer reforçar em cinco milhões de euros as verbas a transferir para o Instituto Camões no Orçamento de Estado de 2012, para manter o ensino do português no estrangeiro num nível equivalente ao do último ano letivo. O deputado João Ramos explicou à agência Lusa que o PCP apresentou duas propostas de alteração ao projeto de Orçamento de Estado na área das comunidades: um relativo ao Instituto Camões, outro para compensar os trabalhadores externos do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) afetados pela desvalorização do euro. Esta última proposta prevê um reforço de 500 mil euros nas verbas para despesas com pessoal porque „há situações dramáticas em diversos países do
mundo onde, por implicações das taxas cambiais, os trabalhadores enfrentam dificuldades económicas“, disse o deputado. Recordando o caso da Suíça, onde os funcionários consulares fizeram em outubro uma greve de cinco semanas, queixandose da redução no salário devido à desvalorização do euro e aos cortes aplicados nas remunerações na função pública, João Ramos esclareceu que há outros países com o mesmo problema, nomeadamente a Austrália. Segundo o deputado, „há funcionários que ganham menos do que os salários mínimos para os respetivos setores“ nos países em que se encontram. „É importante reforçar financeiramente“ as verbas para pagamento de pessoal para que se encontrem
„mecanismos de compensar esses trabalhadores“, de forma a que „as estruturas de apoio aos portugueses no estrangeiro sejam sólidas“, afirmou o parlamentar. Quanto ao Ensino do Português no Estrangeiro (EPE), o PCP defende um reforço de cinco milhões de euros, num setor que tem sido „alvo de um violento ataque“, diz João Ramos. Lembrou que se prevê o despedimento de 50 professores, o que afeta alunos que começaram o ensino do Português este ano letivo e vão suspendê-lo a meio. „É inconcebível e é incoerente“ com a política do MNE: „Afirma-se que a língua e as comunidades são instrumentos importantes para a internacionalização da economia portuguesa e o que se faz é precisamente
França assumirá também a representação do país junto da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), tal como acontecerá na Áustria, onde o embaixador em Viena terá a seu cargo a representação junto da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE). Esta medida vai possibilitar a abertura de novas embaixadas em países ou regiões onde Portugal precisa de estar representado, como a Ásia e América Latina, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros. A comunidade portuguesa em Andorra tem agendada para sábado uma concentração de protesto contra o fecho da embaixada, a segunda depois de, em meados de Outubro, o embaixador de Portugal no Principado, Mário Damas Nunes, ter dito que a missão diplomática fechará portas até final do ano. Em Andorra vivem cerca de 13 mil portugueses, o que representa quase 16 por cento da população do Principado.
o contrário“. O objetivo do PCP é „atingir valores próximos dos do passado ano letivo“ e tentar „travar a degradação que se acentuou este ano“. Recordando que até 2009, quando o EPE surgia discriminado no Orçamento de Estado, as verbas para este setor eram de 30 a 35 milhões de euros, João Ramos estimou que neste momento rondem os 25 ou 30 milhões e considerou que cinco milhões de reforço „é um valor suficiente, pelo menos para tentar estancar o problema”. O deputado lembrou ainda que, só em 2010, as remessas dos portugueses espalhados pelo mundo atingiram os 2.400 milhões de euros, pelo que o que é gasto no ensino „é irrisório“.
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Maria Teresa Duarte Soares* ”DESPRESENTES” de Natal para as Comunidades 5.000 alunos e 50 professores discriminados
E
ste ano, os principais responsáveis do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Secretaria de Estado das Comunidades e Instituto Camões decidiram contemplar as comunidades portuguesas com um conjunto de “despresentes” que parecem mais ter em vista o afastamento dos portugueses no estrangeiro do seu país de origem do que a politicamente tão apregoada ligação e cooperação nesta época de crise económica. Não existe crise económica, por maior que ela seja, que possa servir de pretexto para terminar, muito possivelmente de modo definitivo, com os dois elos mais importantes de qualquer cidadão no estrangeiro ao seu país : a representação diplomática e o ensino da língua de origem. Com o encerramento de consulados em vários países, grande parte dos cidadãos portugueses deixarão de ter disponibilidade seja para registar os filhos, seja para exercer o seu direito de voto. Isto significa que cada vez se afastarão mais , por via das circunstâncias, do seu país. Com a imposição de regresso, até
fim de Dezembro do presente ano, de 50 professores às suas escolas em Portugal, o que significa cerca de 5.000 alunos sem aulas de Português, reforça-se o processo de destruição sistemática da rede de Ensino de Português no Estrangeiro(EPE), já iniciado em Junho com o corte de cerca de 80 lugares nos países da Europa. Estão previstos muitos mais e mais graves cortes no fim do presente ano lectivo, pois o Instituto Camões mencionou já a possibilidade de extinguir ainda mais de cem horários. A Alemanha tem, no momento, apenas 54 professores de Língua e Cultura Portuguesa em exercício. A partir de Janeiro, serão apenas 49 ou 50 e todos esses alunos ficarão sem aulas até ao fim do presente ano. Muitos deles, dada a prevista nova reestruturação da rede de ensino, não as voltarão a ter. A alternativa, orgulhosamente apresentada pelo Dr. José Cesário e pela Presidente do Instituto Camões, será o ensino à distância através da Internet. Ensino à distância para alunos do 1° ao 6° ano de escolaridade? Existe algum professor competente e
consciente que possa defender esta ideia? O professor, e especialmente o professor de português no estrangeiro não é um mero transmissor de conhecimentos. Transmite também aos seus alunos o interesse e o gosto pela aquisição de competências, as suas próprias vivências e a sua própria experiência. Enfim, cria um importantíssimo laço afetivo que um frio ecrã de computador nunca poderá substituir. O que é realmente de admirar é que o IC nem sequer fala da possibilidade de aulas à distância para os leitorados nas universidades, sendo porém aí que o sistema teria mais possibilidades de êxito, dado que os alunos já são adultos e os grupos muito reduzidos, pois é raro um leitor ter mais de 10 estudantes por grupo. Encontramo-nos de novo face ao tratamento preferencial que o ICA tem persistido em dar aos leitores, cortando poucos lugares e concedendo subsídios que recusa aos professores, embora estejam previstos na lei para as duas categorias? Teremos de chegar, face à situa-
ção presente, à conclusão de que o ICA considera os cursos de ensino básico e secundário como “não rentáveis” , não valendo por isso a pena continuá-los? Além disso, o regresso imposto aos já mencionados 50 professores tem caráter fortemente discriminatório, pois os docentes que, mesmo tendo escola de origem, lecionem no sistema integrado ou estejam ligados a projetos continuarão em funções. Os leitores e coordenadores que também têm escola em Portugal continuarão em funções, não sendo sequer mencionada a possibilidade de regresso dos mesmos. Portanto, aberta discriminação. Os professores que têm a “sorte” de estar no regime integrado, e os seus alunos, continuam as aulas. Os professores que têm o “azar” de trabalhar no regime paralelo - aulas à tarde- vão ter de se despedir da família logo após as festas natalícias e regressar às suas escolas, enquanto os seus alunos ficarão sem aulas. Mais desumana ainda esta medida se se levar em conta que os professores em causa são aqueles que se en-
contram há mais anos no EPE, e que, com o seu trabalho e a sua dedicação, contribuiram para a construção do sistema que está agora a ser, aos poucos, aniquilado. Com o regresso dos 50 professores “condenados” haverá países mais e menos atingidos. No Luxemburgo, onde a maioria do ensino é intregrado, não haverá redução visível. A Suíça, onde não existe praticamente ensino integrado, perderá cerca de 20 professores, o que corresponde a mais de 2.000 alunos sem aulas. Na Alemanha, pelo menos 5 professores terão também de programar o seu regresso. Na França, cerca de 10 professores e os alunos correspondentes. É caso para dizer que, com “amigos “ destes, que nos oferecem tais “despresentes”, não precisamos realmente de inimigos.
*Professora de EPE Secretária- Geral do Sindicato dos Professores nas Comunidades Lusíadas
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Comunidades
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Governo decide encerrar também vice-consulado em Osnabück › Conselheiros do CCP e PS protestam contra o encerramento do vice-consulado em Osnabrück Os Conselheiros da Alemanha do CCP insurgem-se contra o encerramento do vice-consulado em Osnabrück. Numa nota enviada ao PORTUGAL POST, os conselheiros Piedade Frias, Fernando Genro, Alfredo Cardoso, José Eduardo, Alfredo Stoffel dizem que a “ pretexto da redução da dívida externa e do deficit, o MNE e o SEC querem dar o golpe de morte ao viceconsulado de Osnabrück”. Lembrando que o vice-consulado abrange uma área geográfica com cerca de 60000 km? , os membros do CCP chamam a atenção para o facto do posto consular “dar apoio a uma comunidade que ronda os 25000 portugueses”. O CCP pergunta ao Ministro dos Negócios Estrangeiros “se o encerramento agora previsto é apenas a continuação da novela de 2003 ou se tem unicamente a ver com faltas (ou erros!) nas informações que lhe são proporcionadas pelos seus colaboradores mais próximos”.
Por fim, os membros conselheiros da Alemanha do CCP apelam também à comunidade portuguesa para que se mobilize contra as medidas em curso e exorta o movimento associativo, à FAPA e às comissões de pais nas escolas a organizarem ”protestos e exijam a intervenção dos restantes orgãos de soberania no sentido de impedir a concretização destas medidas anti-patrióticas que enfraquecem gravemente os elos de ligação das comunidades portuguesas ao nosso país e desprestigiam Portugal e os portugueses”. Também as secções do Partido Socialista em Münster e Estugarda mostram-se indignados com o anúncio do encerramento do vice-consulado em Osnabrück e condenam “veementemente” a decisão do Governo de maioria PSD/CDS-PP de encerrar os viceconsulados de Frankfurt e de Osnabrück. “Em termos de produtividade, o vice-consulado em Osnabrück, pratica muito mais actos que o
Consulado Geral de Hamburgo, apenas com três funcionários. Hamburgo serve uma Comunidade mais pequena na Alemanha com sete funcionários. Não se compreendem, por isso, os critérios usados pelo Governo para tomar esta decisão dramática para milhares de portugueses na Alemanha”, lembra o PS. “Entendemos que o Sr. Ministro Paulo Portas, pela mão do PSD e do seu Secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, estão a cumprir a sua atitude de perseguição ao consulado de Osnabruck, pois já em 2003 o pretendeu encerrar, submetendo os portugueses ao vexame de propor às autoridades locais que, se quisessem o posto aberto, pagassem para isso, o que é uma vergonha para Portugal”, diz o comunicado do PS assinado por Alfredo Cardoso e Francisco Costa coordenadores da secções de Münster e Estugarda. O PS desafia ainda o Ministro Paulo Portas e o Secretário das
Cerca de 500 portugueses protestam em Frankfurt contra encerramento de vice-consulado Cerca de 500 portugueses manifestaram-se em Frankfurt contra o encerramento do vice-consulado, considerando esta decisão do Governo lesiva dos interesses da comunidade lusa naquela metrópole alemã e de Portugal. “Se quiserem poupar, não poupem num serviço médio como o vice-consulado, poupem uns patamares mais acima“, disse à o porta-voz do conselho consultivo junto daquela representação diplomática, António Justo, resumindo o seu discurso aos manifestantes, diante das instalações consulares, na Zeppelinallee. „Se reduzissem a metade o subsídio de representação de sete mil euros e o subsídio de renda de casa de três mil euros de apenas dois cônsules gerais, já poderiam cobrir inteiramente as despesas do vice-consulado de Frankfurt e não se perderia qualidade de serviço“, acrescentou o responsável. O representante do conselho das comunidades portuguesas na Alemanha, Alfredo Cardoso, numa breve intervenção, manifestou depois a solidariedade deste órgão eleito pelos luso-descendentes e prometeu transmitir as reivindicações dos manifestantes à estrutura mundial do conselho e às autoridades portuguesas. A manifestação, que saiu da Praça da Ópera em direção ao vice-consulado, percorrendo cerca de três quilómetros, foi também apoiada, nomeadamente, pela Fe-
Aspecto da manifestação em Frankfurt. Foto: António Justo deração das Associações Portuguesas na Alemanha (FAPA), que aprovou em assembleia geral uma moção a apelar ao Governo para rever a sua decisão. O desfile iniciou-se ao som da canção „Sou Português, Sou Diferente“, de Pedro Barroso, e no comício diante do vice-consulado foram declamados poemas de Fernando Pessoa, e tocadas músicas de outros autores portugueses.
Um abaixo-assinado contra o fecho do vice-consulado, a entregar em breve ao Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, foi entretanto subscrito por cerca de 3.500 portugueses, e entregue , simbolicamente, a uma funcionária que estava no posto diplomático do vice-consulado. O encerramento da representação diplomática em Frankfurt obrigará mais de 20 mil utentes ali
inscritos oficialmente a recorrer ao consulado de Estugarda a cerca 200 quilómetros de distância, sublinharam os organizadores do protesto. O vice-consulado de Frankfurt serve três Estados federados na Alemanha, Hessen, Renânia-Palatinado e Sarre, com uma área que corresponde a metade da superfície de Portugal continental. FA.
Comunidades Josá Cesário a anunciar “o mais rápido possível” quais as alternativas que vão apresentar aos portugueses destas áreas consulares e se os consulados de Estugarda e de Dusseldorf vão ser reforçados com pessoal, uma vez que os vice-consulados em 2012 deixam de funcionar. Por fim, o PS manifesta solidariedade com os movimentos que protestam contra o encerramento dos seus postos consulares .
Manifestação a 04 de dezembro A comunidade portuguesa da área consular de Osnabrück vai protestar, no próximo dia 04 de dezembro, nas ruas desta cidade alemã da Baixa-Saxónia, contra o encerramento do vice-consulado local, decidido pelo Governo. Representantes da comunidade formaram, entretanto, um movimento intitulado "Osnabrück Não Desiste", e em reunião realizada no centro português local, decidiram avançar com o protesto, lê-se num comunicado. Na reunião participaram, nomeadamente, os conselheiros das comunidades da Alemanha Alfredo Stoffel e Alfredo Cardoso, além de vários dirigentes associativos da área consular, que abrange cerca de 23 mil portugueses e luso-descendentes, e se espalha por uma superfície de 61 mil quilómetros, o equivalente a dois terços de Portugal continental. No comunicado, o grupo sublinha que o vice-consulado de Osnabrück tem despesas de funcionamento anuais de 42 mil euros, “muito inferiores à receita que os portugueses pagam pelos atos consulares" efetuados no posto, que foram mais de seis mil, no ano passado. Assim, Osnabrück, com um vice-cônsul e três funcionários, tem o maior rácio de atos consulares de todos os postos na Alemanha, 2.039 atos por funcionário, e este foi um dos critérios apontados pelo ministro dos Negócios Estrangeiros para avaliar os consulados, lembram os subscritores. Os representantes da comunidade lembram também que, a seguir ao consulado-geral de Estugarda, o posto de Osnabrück é o que tem o maior número de utentes em toda a Alemanha, suplantando as representações do Estado português em Frankfurt, Dusseldorf, Hamburgo e Berlim. O grupo contra o encerramento do vice-consulado adverte igualmente que, se as autoridades portuguesas abdicarem do posto de Osnabrück, as autarquias alemãs da área poderão, por sua vez, deixar de financiar o ensino da língua portuguesa.
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Ronda pelas Comunidades
PORTUGAL POST Nº 209 • Dezembro 2011
Gross Umstadt uma presença viva de Portugal Situação geográfica Cidade de média dimensão, Gross Umstadt situa-se a sul do estado de Hessen, já nos confins dum pulmão verdejante, o Odenwald. A zona confina também com os grandes rios Main e Reno. Foi nesta zona que se implantaram, já nos fins dos anos 60 e inícios da década de 70, alguns fulcros de compatriotas laboriosos. Sempre foram bem acolhidos palas populações locais Nesta zona existem algumas cidades onde os portugueses sentiram um ótimo acolhimento como em Babenhausen, Breuberg, Höchst im Hodenwald, Dieburg entre outras. As grandes metrópoles como Darmstadt, Mainz, Frankfurt e Wiesbaden constituem, para muitos compatriotas, centros das atividades profissionais. Gross Umstadt é denominada o dormitório destas metrópoles. Em meados dos anos setenta e, após uma reforma territorial, foram aglutinados a esta cidade vários núcleos populacionais menores e vizinhos.
Rasgos históricos Quem entra pela primeira vez na cidade verifica estar perante uma historia que se perde para lá da idade media, senão da Idade da Pedra. Tanto a construção das casas, os monumentos, e mesmo o chão que se pisa, dão voz a esta história riquíssima e antiga. Já os romanos encontraram pouso neste espaço geográfico, tendo-a ocupada a partir do ano 125 DC. Os vestígios destes tempos e do passado mais recente estão ainda bem patentes. Estes se referem ao tempo em que na parte direita do rio Reno foi formada a província da Germânia superior, com a capital administrativa em Dieburg. No local onde foi construída a actual “Stadtkirche” foram encontradas marcas desse tempo remoto. É a Villa Rústica. Após a romanização, outros povos ocuparam a região tais como os germanos e Francos, entre outros, tal era a atratividade deste território. Umstadt era, nestes remotos tempos, constituída apenas pelo mercado central com a Igreja e o palácio dos duques. A origem etimológica de Umstadt vem, como consta em documentos da época, da palavra Autmundisstadt, lugar de Edmund. Outros, para valorizarem a sua romanização, fazem derivar o nome da palavra latina, Ad Montes ou seja, que se situa entre os montes. O nome atual de Gross Umstadt foi-lhe atribuído muito depois. A cidade já pertenceu, nos tempos remotos, ao convento de
Fulda. Este endividou-se de tal forma que se viu obrigado a entregá-la como penhora do pagamento das dívidas. A construção do caminho de ferro entre Hanau-MichelstadtEberbach, passando por Gross Umstadt, atraiu a indústria para esta região o que levou ao aumento populacional de toda a zona. A cidade sofreu então um enorme crescimento tendo atingido 22.500 habitantes. A comunidade lusa, a maior de todos os estrangeiros, ultrapassa os 10% do total da população.
Recursos financeiros Viajando dentro da cidade e olhando os seus pequenos montes ao redor, vê-se que a vinha ocupa um papel preponderante e já foi fundamental na economia da cidade, tendo ainda hoje um peso notório no contrabalanço da sua economia. Não é por nada que ela é apelidada ainda hoje de “Odenwälder Weininsel” (a Ilha do vinho de Odenwald). Além de outras fábricas, a Resopal foi uma fábrica que, em tempos, empregava alguns milhares de operários, formando os portugueses já então uma grande fatia. Hoje, com as novas reestruturações, labutam simplesmente uns 500 trabalhadores. E uma fabrica do ramo da madeira. Muitos dos compatriotas que se juntaram à comunidade nos últimos anos empregam-se, em geral, na construção civil. A flexibilidade é umas das condições exigidas neste oficio, sendo obrigados a suportar quotidianamente algumas dezenas de quilómetros As mulheres, além de trabalharem nos serviços, são operárias.
A presença lusa é uma riqueza cultural Com a industrialização agressiva, a emigração portuguesa iniciou nos anos 60/61 o seu percurso, rumo a esta ilha verde, inicialmente munidos somente de passaporte de turista, pelas dificuldades políticas do então regime político. Mais tarde, com os acordos intergovernamentais de migração, iniciou-se uma vinda mais densa. Os primeiros compatriotas procuravam atrair vizinhos e familiares das zonas do Vale do Ave. Hoje possuímos uma comunidade bem coesa e com uma cultura bastante uniforme. Quem entra na cidade, apercebe-se facilmente da presença portuguesa. Ela é visível de diferentes modos e formam mais de 10% da população total, constituindo o maior grupo de estrangeiros na cidade. É uma população integrada e que participa
Aspecto da fachada da sede do Clube Operário Português. ativamente nos eventos da cidade sendo considerada uma mais-valia para a cidade. É o próprio presidente da Câmara que o afirma e sem rodeios. Há momentos em que o forasteiro ignora totalmente as distâncias e se sente como em Portugal. Há lojas portuguesas, restaurantes e até cervejarias. Os adeptos do futebol nacional encontram aqui um espaço onde podem falar a mesma linguagem desportiva – é a Casa do Benfica, a do Porto e a do Sporting. Lá estão os seus emblemas bem visíveis a convidar o transeunte. São verdadeiras casas de repasto e onde os amigos se encontram e conversam sobre futebol, conversa acompanhada de um bom vinho e de saborosos petiscos. Desde os primórdios da emigração, a Missão Católica quase sempre esteve presente. No inicio dependia diretamente da Missão de Darmstadt. Foi um pedaço da Igreja portuguesa que esteve e continua presente. Não deixa de ser uma oferta e uma chamada a viver a fé na língua mãe continuando na sua catequização e a formação de adultos afim de adequar a fé herdada pelos antecessores, para os tempos mais conturbados de hoje. A escola, segundo informações, foi e é uma instituição que os compatriotas sempre souberam zelar para que cumprisse os seus objetivos. A Caritas também esteve presente nos tempos em que a necessidade dos serviços dirigidos aos nacionais era premente. Hoje, este serviço alterou-se procurando adequar-se às necessidades globais, de acordo também com os reduzidos recursos financeiros disponíveis.
Os “Arautos” - uma presença cultural e solidária “Os arautos” é um grupo que, desde a sua fundação, colocou a cultura ao serviço dos mais desfavorecidos. Organizam festas, sa-
raus musicais simplesmente com o intuito de subsidiar projetos solidários. Neste serviço ultrapassaram já a fronteira nacional e até geográfica a que a nossa história nos tinha habituado. Numa das suas ações ajudaram uma casa de abandonados em Berlin, não deixando de fora outras ações em prol dos países africanos de língua portuguesa. Os nossos parabéns e permitam que expressemos o nosso orgulho pela vossa atitude global e humana. Assisti a um sarau deste tipo no congresso anual da Associação Luso alemã no ano passado, que teve lugar no COP, vocês encantaram com as vossas tão sonantes vozes e um programa multifacetado. Continuem a ser arautos nesta sociedade que tanto necessita destes gestos solidários. Não desanimem.
“Vive Portugal” – O Clube Operário Português Quem entra na cidade pela parte norte, antes da linha do comboio e ao olhar à sua direita, o forasteiro topa com um edifício que atrai pela sua arquitetura simples mas atraente. A bandeira Portuguesa e a Alemã costumam defraudar juntas. “Vive Portugal”. É um lema colocado à entrada da casa sendo um convite a entrar e, por alguns momentos, sentir-se em Portugal, a alguns milhares quilómetros de distância. É o Clube Operário Português (COP). Esta casa portuguesa já ganhou um nome de relevo na cidade. É o lugar de encontro entre alemães e portugueses. É, para muitos, um pedaço de Portugal onde se alimentam as saudades com um bom prato e um bom vinho. È o terreiro onde a comunidade faz festa e se encontra. Tanto do bar, o restaurante, o salão de festas, as salas das reuniões e da televisão oferecem ótimas condições para todos, desde crianças, passando aos mais adultos à terceira idade. O jardim e a varanda exterior dnao a possibilidade de
dar asas, nos dias de mais calor, a uma conversa amena regada com um bom refresco ou uma (nossa) cerveja. O forasteiro fica admirado pelo grande parque privativo que a casa possui. Houve quem dissesse que esta associação seria das maiores e mais bem equipadas, não só da Alemanha, mas até da Europa. Não acreditei, mas depois de a ter visitado, tenho simplesmente a certeza. O COP foi fundado por três dezenas de compatriotas já em 1969, na Curtigasse. Em 1974 abriu a sua sede com uma maior amplitude na Obergasse. No dia 27 de Setembro de 1997 inauguraram-se as atuais instalações, fruto do esforço de todos os seus sócios e não só. O então Secretário de Estada das Comunidades, José Lello, esteve presente nesse ato. Com toda a solenidade foi entregue uma medalha de honra como sendo esta associação exemplar para toda a Europa pelas múltiplas atividades culturais e pela integração ativa que tem desempenhado na sociedade. Apesar do número de sócios oscilarem entre os 280 e os 300 necessitaria de muitos mais . O futebol, o Folclore e a Pesca Desportiva são algumas das atividades que atualmente estão de vento em popa. O PP aproveita para felicitar todos os sócios na pessoa do seu incansável presidente, o Sr. Castro e o seus colaboradores mais diretos e desejar-lhes a continuação desse trabalho benéfico e exemplar. Que os esforços sejam corroborados por todos, independentemente das divisões que possa haver. Vale a pena! Vale a pena passar por Gross Umstadt, parar e admirar, não só a cidade e os seus monumentos, mas deixar-se também embalar pela hospitalidade e simpatia da presença Portuguesa. Viver Portugal! Entrar no COP é sentir-se em casa. Entre e certifique-se você mesmo. Jose Gomes Rodrigues, correspondente do Portugal Post
Comunidades
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Inauguração da Biblioteca da Embaixada de Portugal em Berlim O Embaixador de Portugal na Alemadirectores de jornais no sentido de de língua portuguesa na Embaixada, nha, José Caetano da Costa Pereira, estes disponibilizarem jornais diários sem prejuízo dos cursos de nível acainaugurou a Biblioteca da Embaixada e semanários portugueses para condémico existentes nas universidades de Portugal em Berlim no passado dia sulta na biblioteca. Referiu que as de Berlim. 31 de Outubro. Estiveram presentes, obras já se encontram catalogadas e a Agradeceu muito especial, e pesentre outros, a Embaixatriz, o antigo biblioteca informatizada. soalmente, a Hans Bodo Bertram, anEmbaixador da Alemanha em PortuSegundo o Embaixador, este estigo embaixador alemão em Lisboa, gal, Hans-Bodo Bertram, a Reque doou parte da sua biblioteca presentante da Caixa Geral dos privada à Biblioteca da EmbaiDepósitos, Giselle Ataídexada, e que, durante a cerimóLampe, o Presidente da Deutsnia, entregou ao Embaixador che-Portugiesische Gesellschaft, português os três volumes de Harald Heinke, o Professor Baruma das primeiras edições da roso da Universidade do Minho, História da Cultura em Portugal a Directora do Centro de Línda autoria de José António Saguas da Freie Universität, e alraiva. guns representantes e docentes A Biblioteca estará aberta do Departamento de Línguas da ao público uma vez por semana, Universidade Humboldt e FU, visto não haver funcionários entre outros. disponíveis para o seu funcioO Embaixador referiu que o namento diário. local da biblioteca tinha sido anDe seguida, houve lugar a teriormente utilizado como uma um amável buffet de bolos e a espécie de «armazém» e que um Porto d’ Honra. «era filha de vários esforços». No âmbito da inauguração Com carácter diverso e «dísda Biblioteca da Embaixada de par», o seu espólio abrange Portugal, foram também efecáreas como a da Literatura, Histuados dois workshops suborditória, Cultura e Turismo. Elonados ao tema «Escrever de giou também a boa vontade e a acordo com o Novo Acordo não colaboração de todos os que O Embaixador de Portugal em Berlim, José Cae- custa nada, ou muito pouco: das contribuíram para tornar o pro- tano da Costa Pereira (à direita), acompanhado do novas regras ortográficas e sua jecto da biblioteca realidade. antigo Embaixador da Alemanha em Portugal, aplicação» orientados pelo ProMencionou ser necessário arran- Hans-Bodo Bertram. Foto: C.D.-Vogt /PP fessor Henrique Barroso da jar alguém com conhecimentos Universidade do Minho e com na matéria para continuar a organizapaço será versátil e multifuncional, o apoio da Alexander von Humboldtção da biblioteca, o que faria sentido podendo vir a albergar workshops, seStiftung. Cristina Dangerfield-Vogt numa biblioteca deste género em Berminários e outras iniciativas. Correspondente em Berlim lim. Disse ainda pretender contactar Sugeriu ainda a criação de cursos
NOTA DA ADMINISTRAÇÃO DO PORTUGAL POST AOS NOSSOS LEITORES ASSINANTES
A partir de Janeiro de 2012, o preço de assinatura anual do PORTUGAL POST vai sofrer um ligeiro aumento. Em vez dos actuais € 20,45, os leitores passarão a pagar € 22,450 pelo preço de assinatura. Neste preço está já incluída a taxa do IVA (MWSt 7%). Recordamos que desde a fundação do jornal (em 1993) o jornal nunca aumentou o preço de assinatura, isto apesar de ao longo destes anos todos terem-se registado significativos aumentos de produção e de envio, sendo o último dos quais o aumento que o DEUTSCHE POST nos impôs.. Ao fim e ao cabo, os leitores assinantes pagam apenas os custos de envio do jornal para sua casa. Pedimos, pois, a compreensão dos nossos leitores assinantes por procedermos a este primeiro aumento que fazemos nestes quase 19 anos de existência. Portugal Post Verlag A administração Rectificação, Na nota em que davamos conta deste aumento escrevemos, por lapso, na edição anterior duas vezes € 22,45. Isto, é, onde se lia Em vez dos actuais € 22,45, dever-se-ia ler Em vez dos actuais € 20,45. Pedimos desculpas aos nossos leitores pelo erro e agradecemos àqueles que nos chamaram a atenção do erro.
RESTAURANTE O FAROL
Guia-o até Borghorst Uma boa notícia para quem vive em Steinfurt-Borghorst (ou nos seus arredores e até mesmo na cidade de Münster e por aí) é o restaurante português O FAROL, um local para se estar com os amigos, conviver ou festejar qualquer evento particular. Gerido pela simpática Carla Pereira, O FAROL é um restaurante familiar, onde o cliente é atendido como se é em restaurantes que primam pelo esmero. Com uma ementa variada, O FAROL prima também pela cozinha tradicional portuguesa, em que se destacam os famosos pratos Rojões à Minhota, Frango no Churrasco, Arroz de Marisco, Pescada no Forno e ainda o saboroso Cozido à Portuguesa (por encomenda), Cabrito Assado e Leitão à Bairrada (por encomenda). Por isso, se está a pensar em reunir os amigos e a família para uma festa de Natal não se esqueça que O FAROL reúne todas as condições para ter um dia bem passado à mesa no seu restaurante de Steinfurt-Borghorst. Münster str. 60 Tel.: 02552- 702630
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Fala o Leitor Pais escrevem à presidente do Instituto Camões Curso de Lìngua e Cultura Portuguesa de Renningen Abaixo assinado
Sra. Presidente do Instituto Camões Dra. Ana Paula Laborinho Instituto Camões Rua Rodrigues Sampaio 113 Lisboa C/c Coordenação do Ensino em Berlim Exmos Senhores, Dra. Ana Paula Laborinho A Comissão de Pais e todos os encarregados de educação de Renningen, pertencente à área Consular de Estugarda,vêm manisfestar a sua discordância em relação à redução de horário de 2 para apenas 1 dia por semana, ou seja de 10 para 5 horas semanais. Os 45 alunos de Renningen, de todos oa niveis de escloraridade do 1 ano até ao 10 ano vão ser muito prejudicados, porque além de passarem a ter apenas metade do tempo de aulas irá ser também muito mais difícil de conseguir elaborar um horário para todos os alunos que seja compatível com os horários da escola alemã, pois muitos alunos também têm aulas à tarde.Em consequência alguns alunos terão que deixar de frequentar as aulas. Do ponto de vista dos encarregados de educação esta redução de horário não é aceitável pois prejudica a qualidade de ensino e terá influência negativa no futuro dos nossos filhos no que respeita aos conlhecimentos da língua e cultura do seu país. Com os melhores cumprimentos
Os encarregados de educação dos alunos de Renningen
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Entrevista
PORTUGAL POST Nº 209 • Dezembro 2011
Paulo Pisco, deputado do PS pelo Círculo Eleitoral da Europa
“José Cesário está a ser o coveiro das políticas para as comunidades ” Num momento de austeridade imposta , também a comunidade lusa na Alemanha está a sentir na pele os cortes anunciados pelo Governo, como por exemplo, o fecho de postos consulares e a redução do número de horas e de professores dos cursos de Língua e Cultura Portuguesa. Neste contexto, o PORTUGAL POST quis ouvir o deputado do PS eleito pelo círculo eleitoral da Europa, Paulo Pisco, sobre estas questões que marcam a actualidade. Em seu entender, quais as áreas ou medidas tomadas pelo actual Governo que mais o desiludiram? A minha desilusão com este Governo é profunda. Apesar do Governo e dos deputados da maioria estarem sempre a querer culpar o anterior Governo pela actual situação, é hoje absolutamente claro para todos que a crise é geral e devia ter merecido o sentido da responsabilidade do PSD e dos restantes partidos da oposição aquando da discussão e votação do PEC IV. É a partir da rejeição do PEC IV que se acelerou a degradação da situação económica e financeira que obrigou ao pedido de intervenção externa. Desde então, os partidos da maioria PSD/CDS-PP, que diziam que não queriam mais sacrifícios para os portugueses, estão a impor os sacrifícios mais duros de que há memória e a desmantelar a dimensão social do Estado. Estamos a assistir a um empobrecimento geral do país, à perda de direitos e conquistas e a perder relevância externa. O roubo dos subsídios de férias e de Natal, num país com os salários baixos como o nosso, é inqualificável. Por outro lado, estamos a assistir pela primeira vez a uma destruição das políticas públicas para as Comunidades Portuguesas, em flagrante traição a tudo o que o PSD prometeu durante a campanha eleitoral. Estamos a assistir a uma razia nos três principais pilares das políticas para as Comunidades: a nível dos consulados, com o encerramento de sete postos e o emagrecimento do quadro de pessoal, dois deles na Alemanha; a nível do Ensino do Português no Estrangeiro, com a eliminação de dezenas de lugares de professores, e a nível das políticas sociais, com uma redução das verbas do ASIC e do ASEC, que passaram de um média de
cerca de 6 milhões de euros anuais para menos de 4 milhões. Enquanto deputado da oposição, como avalia o encerramento dos viceconsulados em Frankfurt e Osnabrück? Considero um insulto às nossas comunidades e uma prova da enorme insensibilidade e irresponsabilidade deste Governo. Esses dois postos prestam um serviço inestimável a dezenas de milhar de portugueses que residem nas respectivas áreas consulares e que, ainda por cima, estão em regiões de grande dinamismo económico, que bem podiam ser melhor aproveitados para a diplomacia económica que está a obcecar tanto o ministro Paulo Portas. O Estado Português quase não vai poupar nada e os prejuízos para as nossas comunidades são imensos, bem como para a nossa imagem junto das autoridades alemãs. Acho que o Ministro Portas e o Secretário de Estado José Cesário não avaliaram bem os prejuízos que essa decisão poderá trazer para as nossas comunidades, particularmente a nível do ensino nas áreas consulares em que ele é pago pelo Estado alemão. Em muitas áreas consulares há Comissões de Pais desesperadas pela redução dos horários dos cursos. Já indagou o Governo sobre esta preocupação da comunidade na Alemanha? Já e por várias vezes e de várias formas. Interpelei o Governo para que não fizesse regressar a Portugal 50 professores até final do ano e para que não desinvestisse num domínio tão crucial como é o ensino do Português no Estrangeiro. Na discussão do orçamento voltei a pedir ao ministro Paulo Portas para não desinvestir nesta área. É inqualificável o que o Governo está a fazer. Efectivamente, está a destruir o Ensino do Português no Estrangeiro e, com isso, a destruir um importante vínculo de ligação das nossas comunidades a Portugal. Tanto quanto sabemos, há a ideia em avançar com o ensino à distância através da Internet para alunos do 1° ao 6° ano de escolaridade. Será esta uma forma de acabar com o ensino do Português no estrangeiro? O que lhe apraz dizer? Espero, sinceramente, que o Governo não vá por esse caminho e preserve o Ensino do Português no Estrangeiro. Espero que lute
pela sua dignificação e valorização. Caberá ao Governo demonstrar que não está a destruir o Ensino de Português no Estrangeiro. A verdade é que o ensino à distância não é tão apelativo. Até porque este Governo da maioria PSD/CDS-PP devia ter aprendido com as lições da Escola Virtual que o anterior Governo tentou implementar e que, não obstante os esforços, o número de alunos nunca foi muito elevado. Esta forma de ensino não me parece tão motivadora como o ensino presencial, com os professores diante dos alunos para poderem dialogar e tirar dúvidas. Poderá ser mais cómodo, mas será muito menos eficaz. Como avalia o exercício do actual Secretário de Estado das Comunidades? Como já disse na Assembleia da República na discussão do orçamento para o Ministério dos Negócios Estrangeiros com o Ministro Paulo Portas, acho que o actual Secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, está a ser o coveiro das políticas para as comunidades, o que é absolutamente surpreendente, pois ele tinha o dever de defender os Portugueses residentes no exterior porque foi eleito por eles e não está a fazer nada. E os três deputados do PSD eleitos pelas comunidades estão a assistir passivamente ao funeral. Compreendo até que se sintam muito incomodados, porque prometeram tanta coisa e agora estão a fazer o oposto, estão a atraiçoar todos os que acreditaram nas promessas do PSD. E passam o tempo a atirar-nos areia para os olhos, como com a ideia peregrina das máquinas que serão usadas nas permanências consulares, como se isso substituísse as estruturas físicas onde os portugueses podem ir no momento em que precisam e quando podem. Essas máquinas seriam de grande valia, isso sim, com a actual estrutura dos postos consulares, e não com menos. Sem volta a dar, a grave crise que o país atravessa pode justificar as medidas do Governo. Isto é: se o país atravessa uma grave crise e os portugueses têm de suportar cortes que lhes dificultam a vida porque não há-de o Governo também fazer chegar a austeridade às comunidades? Por várias razões. Por um lado e desde logo, porque eu não concebo que o Ministério dos Negócios Estrangeiros que é o que tem
Paulo Pisco, deputado do Partido Socialista menos orçamento de todos seja o que leva um corte maior, da ordem dos 10,6 por cento, que é o equivalente a 40 milhões de euros. Depois, porque quando houve a campanha eleitoral já havia crise. Esta crise económica e financeira desenvolveu-se de forma avassaladora depois de 2008. E, portanto, se o PSD não tinha condições para cumprir, pura e simplesmente era honesto e não prometia. Finalmente, porque o PSD e os restantes partidos da oposição têm também uma grande responsabilidade no estado actual do país, porque ao recusarem o PEC IV por egoísmo partidário e sede de poder no caso do PSD e do CDS, criaram as condições para uma aceleração da crise económica e financeira do nosso país e para um alastramento do contágio a outros países da Europa, como estamos agora a assistir em relação à Itália e a França, que já estão na mira dos especuladores financeiros. Acha que o país está em condições de suportar custos com cursos e professores, serviços consulares e despesas com
pessoal; diplomatas; apoios às associações, etc.? Tem esse dever. Tem essa obrigação. Tem a obrigação de respeitar quem está fora do país e precisa de um sinal de reconhecimento de quem nos Governa. Em política é tudo uma questão de prioridades. E as nossas comunidades, os cinco milhões de portugueses que estão espalhados pelo mundo, constituem um imenso potencial que o país precisa de envolver na resolução dos problemas e no nosso desenvolvimento colectivo. Todos os portugueses que residem fora no nosso país querem ter orgulho em Portugal, mas também querem um sinal de reconhecimento por tudo o que fazem e pela sua história de vida. Mas se o Governo os despreza, se lhes tira tudo, então o vínculo de ligação perde-se. Os portugueses das comunidades deram ao PSD uma vitória bastante expressiva. Acho que neste momento têm razões de sobra para se sentirem enganados e traídos. Por Mário dos Santos
Comunidade luso-alemã
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Berlim
A Deutsche Portugiesische Gesellschaft (DPG) quer chamar a si mais portugueses Cristina Dangerfield-Vogt Correspondente em Berlim
A Assembleia Geral Anual da Deutsche Portugiesische Gesellschaft (DPG) teve lugar entre 21 e 23 de Outubro, no Hotel Alexander Plaza, em Berlim. Estiveram presentes Madalena Fischer, Conselheira da Embaixada de Portugal, Harald Heinke, Presidente Nacional da Associação, Daniela Kreidler-Pleus, a sua Vice-presidente, Giselle Ataíde-Lempe, Representante da Caixa Geral de Depósitos na Alemanha, o Professor José Encarnação da Technische Universität de Darmstadt, Richard Blumenthal, redactor do Portugal Report, e ainda os vicepresidentes e os representantes da Associação dos vários Estados Federados da Alemanha, além de outros convidados. A sessão foi conduzida pelo Presidente e pela Vice-Presidente da DPG. Um dos pontos altos da tarde foi a presença de Benjamin Seikel, o director da C-Films (Alemanha), a produtora do filme Nachtzug nach Lissabon (Comboio Nocturno para Lisboa), baseado no livro homólogo de Pascal Mercier (pseudónimo de Peter Bieri) que já vendeu 2,5 milhões de livros, dois 2 milhões dos quais, na Alemanha, e foi traduzido em 15 línguas. O realizador do filme é Bille August, um prestigiado realizador dinamarquês com vários filmes premiados no seu palmarés, entre eles, A Casa dos Espíritos. O produtor mencionou as dificuldades em adaptar esta obra literária de carácter filosófico ao cinema, afirmando que, exactamente por essa razão, as filmagens começaram há seis anos e ainda não estão concluídas, tendo sido entretanto «mudados três actores». «A adaptação de uma obra literária ao cinema é sempre difícil e não pode ser feita integralmente. O filme afasta-se em alguns pontos do livro, mas o espírito da obra está bem transposto para o cinema, através do recurso técnico ao flash-black, que aumenta de intensidade à medida que se desenrola a acção do filme!», afirmou. Com um elenco de peso, o filme conta com actores como Jeremy Irons, o protagonista, Vanessa
Redgrave e Bruno Ganz, entre outros. As filmagens ainda estão a decorrer e o próprio guião é um processo de aprendizagem e coordenação constantes com o autor. «A música do filme terá alguma influência portuguesa, mas não será necessariamente música portuguesa, nem contará com a presença de intérpretes portugueses» – revelou o produtor. O filme é uma co-produção europeia, decorrendo oitenta por cento das filmagens em Portugal. «Queremos apresentar o filme nos Festivais de Cinema de Berlim e de Cannes» – disse Benjamin Seikel, que apresentou aos participantes um curto trailer do filme. Logo a seguir, falou a Conselheira da Embaixada de Portugal, que elogiou o trabalho desempenhado pela DPG e reafirmou o apoio da Embaixada a esta associação, embora tenha deixado bem explícito que a situação de crise financeira vivida em Portugal afecta todos os órgãos administrativos portugueses, não poupando as representações diplomáticas.
UMA ASSEMBLEIA PARA (TAMBÉM) DEBATER PROBLEMAS
Harald Heinke, Presidente da DPG. Foto: C.D.-Vogt/PP
Harald Heinke deu início à Assembleia Geral da DPG e seguiu a agenda anunciada. De realçar, a inauguração da Biblioteca da DPG, nos escritórios de advocacia de Daniela Kreidler-Pleus em Ludwisburg, que aproveitou a oportunidade para agradecer a todos aqueles que contribuíram com livros para o espólio da biblioteca. O tema recorrente nesta Assembleia Geral Anual foi a falta de apoios financeiros para as actividades da DPG, além de uma manifesta tristeza pela falta de reconhecimento traduzida em escassos apoios financeiros para o trabalho desenvolvido voluntariamente pelos seus membros em prol da cultura portuguesa. Mais ainda, a Associação depara-se com um problema mais grave. A média etária dos seus membros ronda os «sessenta e muitos anos» – afirmou Harald Heinke. «Apesar de alguns jovens terem aderido recentemente à DPG, são mais aque-
les que nos deixam ou ficam impossibilitados de contribuir activamente para a Associação por motivos relacionados com a idade e a doença» – constatou Heinke. O Professor Siepmann proferiu uma opinião algo diferente, retorquindo que «tem de se pôr fim ao derrotismo etário e ver as vantagens da idade, como a experiência e os conhecimentos adquiridos durante uma vida longa». Não obstante, os presentes tiveram o prazer de ouvir o jovem representante da Associação por Hamburgo e Schleswig-Holstein, um jovem músico, Jan-Taken de Vries, que, apesar dos seus muitos compromissos profissionais, se dedica ao trabalho da DPG nas horas vagas. De Vries aproveitou para falar das redes sociais como um potencial apoio publicitário para a DPG, afirmando que a sua experiência tem sido positiva. Contudo, referiu que, em Hamburgo, existem muitas pequenas associações por-
tuguesas e seria difícil criar apetência pela associação naquele meio dividido. Registou-se nesta Assembleia, uma certa divisão de opiniões entre os participantes em matéria das redes sociais, embora a internet, em geral, parecesse ter uma aceitação pacífica. Foram esboçadas algumas sugestões para ultrapassar a falta de consenso nesta matéria, mas o assunto ficou suspenso, não tendo sido tomada qualquer decisão nesse sentido. PROFESSOR JOSÉ ENCARNAÇÃO, UMA FIGURA ÍMPAR DA COMUNIDADE LUSA O Professor José Encarnação, figura proeminente a nível mundial na área de computação gráfica e em 2006 foi homenageado com a Grã-Cruz de Mérito Federal Alemã pelos serviços prestados à investigação informática alemã, foi o primeiro a propor an-
PORTUGAL POST Estamos presentes em mais de 300 postos de venda em cerca de 200 cidades. O portavoz da Comunidade Portuguesa Há 18
anos, todos os meses consigo
gariar portugueses para a DPG, mencionando a necessidade de lhes criar apetência pela Associação. «Os membros da DPG são alemães que vivem em Portugal e alemães com interesses em Portugal, porém faltam os portugueses que vivem na Alemanha» - afirmou o emérito Professor. Disse ainda que a revolução árabe só foi possível com as redes sociais e declarou ser inequivocamente a favor da internet para a DPG. «Esta associação só se abrirá ao público através de um portal que a torne conhecida» - concluiu. Harald Heinke aproveitou para lembrar que «a DPG já se encontra na internet e é fácil de encontrar através do motor de busca da Google». Nesta Assembleia, foram ainda apresentados os resumos das actividades de algumas das representações da DPG, ponto que foi abreviado por falta de tempo. Posteriormente, foram apresentados os relatórios financeiros anuais e, para terminar, foi anunciado que a Assembleia Geral de 2012 da DGP reunirá de 19 a 21 de Outubro em Leipzig. A Deutsche Portugiesische Gesellschaft foi fundada em 1964 como uma associação não política, apartidária e sem fins lucrativos. O elemento unificador dos seus sócios é o grande amor por Portugal, pela cultura portuguesa e, em geral, por tudo o que é português, e a enorme vontade de realizar e concretizar esses sentimentos pelo nosso país em acções de divulgação da cultura portuguesa e de ajuda ao nosso país através da projecção de uma boa imagem de Portugal e da criação de apetências pelo nosso país na Alemanha. Todas as representações da DPG nos estados federados alemães dependem do trabalho voluntário dos seus membros e dos eventuais apoios financeiros obtidos por estes. A situação de crise financeira vivida em Portugal dificulta gravemente a angariação de fundos vindos de Portugal. À noite, realizou-se um jantar de confraternização na Brauhaus Lemke, onde os vários participantes tiveram oportunidade de trocar impressões num ambiente descontraído enquanto desfrutaram da boa gastronomia alemã.
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Crónica Por Helena Ferro de Gouveia
Notas soltas de felicidade uando o Mário dos Santos me desafiou a escrever uma crónica para o Portugal Post de Dezembro pensei no mais óbvio: escrever sobre o Natal. Adoro o Natal. O perfume da canela e do cravinho. As rabanadas quentinhas, os sonhos e bolinhos de abóbora da minha mãe. As bolachas feitas pelas miúdas. Gosto de ver a casa cheia de brilhos. A árvore enfeitada e a neve lá fora. Os cartões manuscritos de quem não se rendeu ao email. E os presépios. Os meus presépios, cada um com a sua história. Depois revi as ideias. Reflecti : o que torna o Natal tão especial mim? Para além da minha fé, o que faz desta época a mais bela do ano são as minhas filhas. E os momentos únicos que elas me dão. Fragmentos de felicidade.
Q
A diplomata e a chefe dos índios Desde que ela nasceu que a casa se encheu de riso e suavidade. Ria com gargalhadas claras como a água, tão contagiantes que dela
diziam ser um raio de sol. À sua roda no Kindergarten os meninos e as meninas sentiam-se bem. Era princesa entre piratas. Em casa, trepava as escadas da cama como se fossem degraus de uma fortaleza de brincar e punhase a cantar. Tinha uma voz luminosa, como se a “água ou o vidro se rissem”. Num instante os legos transformavam-se numa orquestra. Adorava a música e adormecia embalada por canções antigas. Quando brincava às profissões dizia querer ser luthier. Depois piloto ou professora. Coleccionava pedras de todas as cores e feitios que escondia atrás dos cortinados. Olhava para vida cheia de curiosidade, respirando o seu perfume. “Mami, há tantas coisas que eu não sei. Leva-me a vê-las”. Lembro-me dela aos cinco anos a desenhar, tranquilamente, em conferências de imprensa, quando falhava a baby-sitter. Conhecia pelo nome políticos e presidentes e adorava o jogo das capitais. Queria devorar o mundo. Ao vê-la com os meus sapatos pretos de saltos desmedidos, deime que conta que cresceu. Já viaja sozinha, fala com a mãe em inglês
no Facebook. O violino, companheiro predilecto da meninez, passa demasiado tempo no estojo. Mas, ainda hoje, no equinócio entre a infância e a adolescência, a Joana é uma diplomata. Às vezes. A Matilde chegou à vida muito apressada e nunca mais parou. Sempre com um ar travesso de quem tem que explorar grutas misteriosas, tesouros debaixo da cama, e não pode perder tempo com os trabalhos de casa.De caixas de sapatos constrói galáxias cheias de reflexos de mil cores. Embalagens de ovos são crocodilos. É a minha ourives, faz-me colares e pulseiras. E colagens. E desenhos, muitos desenhos. As suas mãos quase nunca têm cor definida cobertas que estão de restos de tinta ou de terra. Nas pernas um mapa das traquinices: nódoas negras, umas mais azuis, outras já amareladas. A bicicleta ou os patins são uma espécie de extensão natural das pernas.Gosta de livros de detectives e aventuras. De um abraço apertado e nada de muitos beijinhos. Queria ter como animal de estimação uma minhoca e viver numa pirâmide. É uma sedutora de um metro
de altura, olhos grandes muito escuros e fina inteligência. Conseguiu entrar no cofre-forte que são hoje em dia os cockpits, começar uma sessão de cinema, que o homem do lixo a deixasse carregar nos botões todos do camião e e e… .É a chefe índia, a Pipi meias-altas da escola. Tem um ar tão feliz. Nos dias de calmaria, sala é uma espécie de Nações Unidas, a diplomata e a chefe dos índios sentam-se no sofá agarradinhas e riem por tudo e por nada. Se há apenas uma definição de felicidade então que seja esta.
A magia da infância A Matilde adora Playmobil. Estábulos da Playmobil, ambulâncias da Playmobil, barcos de piratas da Playmobil, pirâmides egípcias da Playmobil. Enfim, um “Playmobil Welt”, como ela chama à metade do quarto tomada de assalto pelas figurinhas alemãs, concorrentes da Lego. Mal chegam os dias descorados, curtos, e gélidos, é vê-la, sentada no chão, de olhos cintilantes. Encenando brincadeiras onde é
dramaturga, actriz e público. Concilia vozes e silêncios. Rege e harmoniza. Faz reinar entre as personagens-figurinhas-de plástico um vínculo secreto e invisível que dá expressão à sua fantasia. E me prende a mim, que fico a espreitar pela frincha da porta, seduzida pelas suas histórias e personagens. Agora que a casa se converteu no país do Natal, e mãe se metamorfoseou num duende apressado, claro que o “Adventskalender” – o calendário que ajuda na contagem decrescente até à noite em o menino Deus nasceu – só podia ser da Playmobil. O calendário consiste numa caixa com 24 compartimentos (de 1 a 24 de Dezembro) nos quais se encontra um bonequinho ou afins da Playmobil. Novos habitantes do “Playmobil Welt” . Hoje foi dia de abrir a primeira janelinha… “as coisas extraordinárias e as coisas fantásticas também são verdadeiras. Porque há um país que é a noite e um país que é o dia”. Eis a magia da infância, que quando é feliz nos dá algo essencial que resiste ao tempo. PUB
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Transportes • Mudanças • Para toda a Europa
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Jorge Fernandes (à esq.) e um dos seus mais próximos colaboradores, Daniel Funke.
A nossa especialidade: mudanças e montagens
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Comunidades
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Heilbronn
Inquérito judicial contra polícia após morte de cidadão português durante detenção As autoridades alemãs abriram um inquérito contra um polícia devido à morte de um português durante a sua detenção, em Heilbronn (Baden-Wuerttemberg), disse à Lusa um porta-voz do Ministério Público local. „Sempre que há um óbito no âmbito de uma acção policial temos de actuar e, após as investigações iniciais, decidimos abrir um inquérito contra um agente da polícia, de 26 anos, por suspeita de homicídio involuntário e ofensas corporais no exercício do cargo“, disse Harald Lustig, do gabinete de imprensa do Ministério Público de Heil-
bronn. O emigrante de 51 anos, natural de Alcobaça, a viver há cerca de oito anos na Alemanha, envolveu-se em confrontos com os dois agentes da polícia chamados para o deter pelo proprietário de um ciber-café, por alegadamente se recusar a pagar uma bebida que tinha consumido. O caso ocorreu no dia 7 de Novembro e, antes da chegada da polícia, o cidadão português terá agredido o dono do estabelecimento, por este se ter recusado a devolver-lhe o telemóvel com que tinha ficado, como penhor da dívida, segundo um relato da
imprensa local. Um cliente que tentou ajudar a polícia durante a detenção terá também sido agredido pelo português, segundo a mesma fonte. Já depois de terem imobilizado e algemado o suspeito, que tinham colocado de barriga para baixo, os dois agentes da polícia verificaram que este tinham deixado de respirar. Foi então chamada uma ambulância, que lhe prestou os primeiros socorros ainda no local, mas o cidadão português acabaria por falecer, dois dias depois, nos cuidados intensivos do hospital para
onde o levaram. O relatório preliminar da autópsia já entregue ao ministério público de Heilbronn indica que a causa da morte poderá ter sido uma paragem respiratória durante a detenção.No entanto, serão necessários mais exames para a medicina legal tentar apurar com mais exatidão o que pode ter acontecido, segundo a justiça alemã. A polícia judiciária federal está também a examinar a gravação de vídeo do estabelecimento, a pedido do Ministério Público, adiantou o respetivo porta-voz. Além disso, foram entre-
tanto interrogadas várias testemunhas, e a polícia pediu a outras pessoas que tenham presenciado a cena, ou conheçam a vítima, para se apresentarem às autoridades e prestarem depoimentos. „Estamos ainda em fase muito inicial das investigações, e só depois de as termos concluído decidiremos se será deduzida acusação contra o agente da polícia ou não“, explicou o porta-voz do Ministério Público de Heilbronn. O corpo de José Faustino Bento foi ser trasladado para Alcobaça, onde tem vários irmãos, disse uma fonte consular.
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Natal
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Crónica Luísa Costa Hölzl
Festejar o Natal em tempo de crise
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ema recorrente da época natalícia é o consumismo exacerbado, impulsionado pela publicidade e mantido pelo hábito de dar e oferecer presentes que, tendo começado num meio burguês no século XIX, se disseminou por todas as camadas sociais com possibilidades financeiras de entrarem na roda-viva das lembrancinhas. Recordo-me como gente do campo ou sem eira nem beira chegavam até às vilas alentejanas para cantar às portas as janeiras, canto esse recompensado por dádivas mais ou menos generosas, conforme as casas e as sobras de cada um. Não eram belos tempos não, eram tempos de desgraça. E também faz parte da minha memória o meu avô regressar da sua mercearia dia 24 de dezembro, para jantar, e relatar quem por lá havia aparecido, uma família a comprar um naco de linguiça que, segundo ele, seria a única carne que comiam todo o ano. Repito: eram tempos desgraçados. Se a Alemanha este dezembro apresenta bons resultados económicos apesar de endividada ela também até ao pescoço, isso se
deve ao alto consumo interno. Pelos vistos os alemães não se assustam com as notícias, regozijam-se talvez com as desgraças alheias e toca a comprar, comprar
e comprar e assim ajudar a superar a crise! Aos portugueses nem isso lhes vale. Sim, que nós adoramos consumir, basta lembrar os nossos
centros comerciais a abarrotar de gente, de semana e ao domingo, as lojas de roupa, as boutiques, por esse Portugal fora, as lojecas de pechisbeques desde os cãezinhos de louça às caixinhas de prata, mais os stands de automóveis, e as feiras e as caixas multibanco, que foram surgindo do nada, em cada esquina uma. Só que este ano, como será? Como consumir e com quê? Quem levanta dinheiro se ele lá não está? Quem quer roupa nova quando a do ano passado ainda faz a moda – que rota, estragada, nem a de há 10 anos...E porque comprar mais uma panelinha e mais uma forminha e mais um pratinho quando nada se partiu? E as lojas fecham porque não podem pagar o aluguer, não se livram do stock empatado, a vida mesmo parece estar empatada, todo o país empatado. E cada um olha por si e, se a crise toca a todos, aos que pouco tinham e que tinham entretanto aprendido muito europeiamente a gastar, toca muito mais. E nós daqui, que fazer? Já não estamos no tempo das remessas, no entanto algum lá chegará. Escutamos as queixas e depois?
Temos muita peninha, coitadinhos deles, ou encolhemos os ombros, como a formiga da fábula, que tivessem trabalhado melhor, com mais afinco, amealhado mais, „ai cantaram, pois dancem agora“. Se tudo fosse tão simples como na fábula... Numa revista alemã sobre novas energias fizeram um inquérito a alguns jovens de vários lugares do planeta sobre o que pensam do futuro. Todos eles dizem aceitar desafios, querem viver com paixão e, cheios de entusiasmo, mudar o mundo. Falam das suas preocupações, desemprego, poluição, injustiças. Um rapaz japonês termina o seu depoimento afirmando que a chave para uma melhor sociedade é inovação e modéstia. Lembro a casa dos meus avós, que não era nem miserável, nem pobre, nem sequer remediada, mas era certamente modesta, porque à parte uns cantarinhos em cobre nenhum objeto havia que não tivesse função, que não fosse de facto necessário. Falar hoje alguém, com 21 anos, de modéstia é certamente um passo para a inovação! PUB
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Rodrigues Portugal Import Remscheid
25 anos A importar e a distribuir produtos alimentares portugueses Contar a vida e a existência da empresa portuguesa de importação e distribuição de produtos portugueses Rodrigues Portugal Import é fazer a história de um dos grandes empreendedores nesta área que é o Senhor Manuel Rodrigues. No dia 1 de Dezembro de 1986, há 25 anos, portanto, o Sr. Manuel Rodrigues cria a empresa que hoje dirige com êxito. Antes, porém, ele já tinha uma experiência acumulada em outras firmas de distribuição na altura no mercado, experiência essa que já tinha trazido de Portugal de onde saiu em 1969 para se radicar neste país onde criou família e edificou a sua empresa. Hoje, aos 67 anos de idade, o Sr. Manuel Rodrigues olha os 25 anos passados com orgulho daquilo que empreendeu e escreve o seu nome na afirmação de muito produtos alimentares portugueses no mercado alemão. Grossista e retalhista, a empresa Rodrigues Portugal Import, com sede em Remscheid (NRW), distribui para toda a Alemanha e for-
nece para a restauranção, para venda a retalho, associações lusas, etc.. O seis colaboradores e os dois camiões trabalham dia após dia para que os produtos da Rodrigues Portugal Import cheguem aos quatro cantos da Alemanha a tempo e horas. São 400 os produtos e marcas que os 1200 metros quadrados do armazém esperam vez para chegar ao cliente. Desde as mais diversas marcas de café (Delta, Sical, Bondi), passando pelo peixe congelado da marca Gelpinhos, Gambas e marisco diverso; bacalhau da Noruega, sem esquecer as melhores marcas de vinhos nacionais, tais como os da Quinta da Aveleda com os seus Verdes e Rozés; os tintos como o Quinta Castelinho, Quinta das Arcas, Vercoop, etc.. Em suma, uma vastíssima gama de produtos esperando por si também na loja de venda ao público. A Rodrigues Portugal Import aproveita este momento para fazer votos de um Bom Natal e um Feliz 2012 a todos os nossos clientes, amigos e comunidades. Aproveito esta oportunidade para agradecer a todos os meus clientes e amigos toda a dedicação que me deram.
Rodrigues Portugal Import Königstr. 17 42853 Remscheid Tel (0 21 91) 8 29 28 Fax (0 21 91) 8 43 64
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Por Cristina Krippahl
Dummheit über alles Manual do cronista português A crise da dívida encheu as páginas dos jornais portugueses de opiniões sobre a Alemanha e os alemães. Não de factos - isso seria talvez pedir demais - mas de juízos, teimas e convicções baseados em … juízos, teimas e convicções. I. Não seja demasiado original na escolha dos títulos para evitar destoar do resto. Títulos originais são como ideias originais: indesejáveis. E dão trabalho. Um título muito popular é “Deutschland über alles”. Uma breve alusão ao passado longínquo de um país que já não existe, como não existe, aliás, essa estrofe num dos hinos mais pacíficos e líricos da Europa: o alemão. Foi abolida em 1952, para não ferir susceptibilidades europeias. Mas o verso não tinha nada a ver com expansionismo, conquista, fascismo ou nazismo. Datava de meados do século XIX e expressava a aspiração a uma Alemanha unida como nação, que então ainda não existia. É mais ou menos como escrever um editorial sobre Portugal contemporâneo e intitula-lo “Cá vamos, cantando e rindo, levados, levados sim”. Embora, agora que penso nisso, talvez esse até fosse um título bastante certeiro. Sobretudo a parte do “levados”. II. Adiante. Resolvido o dilema do título, o resto é fácil, desde que não se perca de vista o objectivo da crónica portuguesa: escrever muitas palavras (serão pagas ao metro?) para não dizer nada. Pelo menos de substancial. O que ser quer é a Opinião. No caso da Alemanha, não há que enganar. Basta repetir ad nauseam que a Alemanha é a culpada de tudo: da dívida portuguesa, do corte dos salários, do aumento dos impostos, da queda do Governo, e
da queda do cabelo do escriba. III. Prove o seu desprezo por ninharias como profissionalismo e faça um esforço para escrever incorrectamente todos os nomes próprios alemães. O grande exemplo a seguir é a de um conhecido semanário português, que, com perseverança e dedicação, escreveu Khol em vez de Kohl ao longo dos 16 anos que homem passou na chancelaria. IV. Não caia no erro de tentar argumentar. Até pode ser que certas posições da Alemanha sejam passíveis de crítica. Por exemplo, a recusa de alargar as competências do Banco Central Europeu. Não enverede por aí, isso é muito complicado. Primeiro, teria que explicar o quanto a Alemanha já cedeu neste particular. O que, para além de exigir conhecimentos, é contraproducente. Depois, haveria que traçar, pelo menos em linhas largas, a motivação de Berlim, que inclui a memória colectiva da inflação mortífera do entre-guerras. Inflação esta que levou a uma situação de desespero tal, que até um psicopata de nome Hitler se pôde arvorar em salvador. Os alemães juraram “nunca mais” e estão convencidos que estabilidade monetária é a solução. Evite pormenores deste género porque para os expor é preciso – horribile dictu – conhecer a História da Europa. V. Para a motivação da Ale-
Uma breve análise das elucubrações em questão permitiu-nos compor este pequeno manual para a arte de bem opinar nas publicações lusas. Esperamos que possa ser útil a futuras gerações de jornalistas portugueses.
manha existem explicações muito mais acessíveis: os alemães são todos nazis e estão a aproveitar a crise dos outros para pôr em prática o velho plano de conquistar o mundo. No caso de Portugal, o
“
No caso da Alemanha, não há que enganar. Basta repetir ad nauseam que a Alemanha é a culpada de tudo: da dívida portuguesa, do corte dos salários, do aumento dos impostos, da queda do Governo, e da queda do cabelo do escriba.
mundinho. Nos filmes americanos, esta parte vem sempre acompanhada pelo riso malévolo de um general nazi de botas de cano alto e monóculo, bradando: “Tomorrrow zee vorrrld”. É mais ou menos o nível a que deve aspirar na sua crónica (e se conseguir incluir o termo “Panzer”, será instantaneamente cooptado pela elite dos opinadores). Esta teoria cai sempre bem. Não explica porque é que os alemães apoiaram as forças democráticas em Portugal com injecções financeiras maciças antes e depois do 25 de Abril ou impuseram, contra a resistência da França, a entrada de Portugal
na CEE, em 1986, e por aí diante. Mas, lá está, não tínhamos dito que os factos não são para aqui chamados? VI. Também deve ficar por explicar pelo comentador porque é que a chanceler alemã está farta de arriscar a coligação governamental, e – tendo em conta a resistência na população - as próximas eleições, para levar avante planos de resgate cada vez mais volumosos. Para sorte do cronista, quase nenhum meio de comunicação português tem correspondentes na Alemanha que possam transmitir uma visão realista deste país, que, por acaso, é o mais importante na União Europeia. Até a televisão estatal RTP acredita que o cidadão português não precisa saber o que faz a Alemanha correr. Para o jornalismo português, o mundo acontece entre Chelas e Odivelas. VII. Quanto aos numerosos países no norte da Europa que pressionam a Alemanha para ser ainda mais rigorosa e menos flexível nas assistências prestadas ... estamos conversados: na visão do comentador português, puramente não existem. Nem mesmo se aperceberam da queda do governo eslovaco devido à resistência cerrada às ajudas num país que penou verdadeiramente para cumprir os critérios de acesso ao euro. E que, tal como a Áustria, a Holanda e muitos outros, não percebe porque é que agora tem que
pagar a conta daqueles que viveram acima das suas posses. A chanceler Merkel tem, portanto, mais essa tarefa: convencer estes países da necessidade de manter o sul na zona do euro. Não que isso tenha a menor importância para o editorial tipo luso, claro. E pode estragar o lindo cliché da Alemanha como país poderoso mas isolado na Europa, que insiste em sabotar os arranjinhos. VIII. E se Angela Merkel fizer um discurso qualquer que não pode ser ignorado, mas que destoa das convicções dos cronistas, como: “A União Europeia é vital para a Alemanha”? É fácil, comenta-se doutamente: “Finalmente Berlim está a acordar e a dizer as verdades aos alemães”. Finalmente? Vivo neste país há 30 anos, e não me lembro de um único discurso de um chanceler sobre a Europa que não repetisse até à exaustão este truísmo. Ups, mais um facto, peço desculpa, esqueça. IX. Porém, se não obstante destas dicas fundamentais o seu editor não gostar da sua crónica, não desespere. Há sempre uma boa solução: sirva-se online das opiniões dos cronistas do New York Times, do El País e do Le Monde. Se não falar nenhuma língua estrangeira, vá roubar ideias aos blogs nacionais, Tudo sem citar as fontes, claro. Acredite, o método tem feito carreiras jornalísticas fulgurantes em Portugal. PUB
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Num país perto de si Há cerca de 10 anos, quando iam proibir a NPD, descobriram que havia demasiados agentes dos Serviços de Informação nas chefias desse partido, o que tornava impossível distinguir o que era NPD e o que era Estado Helena Araújo A Alemanha é neste momento um país em estado de choque, debatendo-se com o - segundo dizem maior escândalo do pós-guerra. Muito resumidamente: há cerca de 10 anos, quando iam proibir a NPD, descobriram que havia demasiados agentes dos Serviços de Informação nas chefias desse partido, o que tornava impossível distinguir o que era NPD e o que era Estado. Um escândalo, uma vergonha, um fiasco brutal. O processo voltou ao ponto inicial, a NPD continuou sob observação. Simultaneamente, começou uma estranha série de assassínios de proprietários de restaurantes de Döner. A polícia tratou de investigar "em todas as direcções": falouse logo em ajustes de contas entre máfias turcas, mas não se avançou muito na pista da violência de extrema-direita. Há dias descobriuse que esses assassínios eram obra de um grupo de neonazis, tal como as bombas em prédios com muitos estrangeiros, o atentado num cemitério judaico e os assaltos violentos a bancos. O que transtorna a Alemanha é não entender como foi possível ter tantos agentes dos SI dentro da NPD e nenhum deles informar sobre aquilo a que o Spiegel já chamou a "Braune Armee Fraktion". A pergunta do momento é: "seremos cegos do olho direito?", e a pergunta que imediatamente se segue: "porque é que isto está a acontecer com tanta força no território da antiga RDA?" Em Dezembro de 2007, quando morávamos ainda em Weimar, comecei a fazer uma lista sobre a presença dos neonazis na minha vida (incidentes que se tinham passado comigo ou com pessoas que eu conhecia). Pelo motivo habitual ("eu não dou vazão!") a lista ficou esquecida. Até esta semana, quando se soube que, bem perto de Weimar, neonazis tentaram fazer um atentado bombista numa casa onde moravam portugueses, e me dei conta que aquela sensação de insegurança era muito mais que justificada: há de facto uma rede de extrema-direita organizada e disposta a tudo, e o seu epicentro situa-se, ao que parece, muito perto da região onde eu vivi.
Retomo essa lista, acrescento alguns incidentes mais recentes e outros lidos em jornais. I. No verão de 2006, a directora do centro de refugiados de Weimar organizou um campo de férias para animar os miúdos. Mais difícil que arranjar o dinheiro, foi convencer as mães a largar os filhos durante uma semana. Na terra de ninguém que é o tempo de espera por uma decisão sobre o seu futuro, as pessoas acabam por se agarrar à única certeza do momento: os membros da família. Foi uma semana óptima, numa casa no meio da floresta, com imensas caminhadas, visitas a museus infantis, jogos. Na viagem de regresso vinham felizes. Até que um bando de rapazolas entrou no comboio, reparou naquele grupo de miúdos e começou a insultar ("kanake", "bananas castanhas"). Quando um deles resolveu abrir o saco de uma das crianças e espalhar o conteúdo, um dos alemães presentes naquela carruagem disse "agora chega!" e tirou-lhe o saco. Caíram-lhe todos em cima, levou uma tareia de ir parar ao hospital. Por sorte o comboio parou na estação seguinte, onde a Polícia já estava à espera. Os miúdos, esses, precisam agora de ter luz no quarto para adormecer, e não vão esquecer facilmente o terror daquele momento. II. Neuruppin, sábado de manhã. Uma cidade ao norte de Berlim, rodeada de floresta e lagos, linda, e uma manhã deslumbrante de sol. Pela rua principal passa um bando de neonazis. Serão uns dez, o som assustador das suas palavras de ordem enche a rua. Não percebo a letra, mas fico aterrorizada com a música. Eles que não saibam que sou estrangeira! Uma senhora de meia-idade passa de bicicleta, olha para mim como quem pede desculpa. "E não se pode fazer nada...", diz ela. Eles vão numa direcção, eu procuro outra. Passo por um café e vejo o seu dono: tem pele escura. Sorriolhe, enquanto penso: "é preciso muita coragem - ou então muito desespero - para teres aqui um
café, homem!" - e procuro refúgio no meu hotel. III. Em Weimar surgiu uma iniciativa de cidadãos para promover debates e exposições sobre o problema da extrema-direita. Passado algum tempo, corria na internet uma lista com o nome de todos os participantes, morada, número de telefone e outros dados pessoais. Uma lista do tipo "procura-se, vivo ou morto". IV. Depois do jantar, levo dois cientistas coreanos ao hotel deles. Atravessamos a cidade a pé, o passeio do costume: o parque sonhado por Goethe, o palácio com a sua ala construída por Goethe, a biblioteca Anna-Amalia organizada por Goethe, a escola de artes para o povo onde Goethe chegou a morar, o café-bar Piano, o hotel. Um dos coreanos quer levar-me de volta a casa, porque não gostou do ambiente no café e não acha bem que eu passe por lá sozinha àquela hora. Digo-lhe com um sorriso como quem pede desculpa que eu, com a minha cara de mulher, corro menos riscos na noite de Weimar que ele com os seus olhos amendoados. V. Em frente aos edifícios de plattenbau onde estão alojados os refugiados residentes em Weimar, o director regional da Caritas explicou: deste lado são os blocos dos refugiados, e daquele lado são os blocos dos estudantes. "Os estudantes são gente tolerante...", comenta um dos presentes. "É mais o contrário: os refugiados são tolerantes", corrige o director. VI. Um professor de uma turma de secundário conta-me que basta ter um neonazi na sua sala para o ambiente ficar insuportável, e ser praticamente impossível dar as aulas. No jornal leio que um professor de História deu o III Reich em duas aulas, porque se sentia intimidado pelos alunos neonazis naquela turma. Num parlamento de um Estado da antiga Alemanha de Leste os deputados lamentamse que perdem imenso tempo de plenário a explicar aos deputados
da NPD o que está fundamentalmente errado nas suas exigências. Estes divertem-se imenso com as sessões: sabem muito bem que estão a torpedear a Democracia no seu próprio coração.
terra deles... - A terra deles?! Os judeus chegaram à Europa antes dos cristãos - aliás, o cristianismo entrou na Europa pelas comunidades judaicas.
VII. Durante o mundial de futebol na Alemanha as praças encheramse de ecrãs para ver os jogos. Também a praça em frente ao teatro de Weimar (o de Goethe, o da estreia do Lohengrin, o da República de Weimar) está cheia de gente alegre. Passam neonazis, avançam a direito pelo meio das pessoas, no rosto e na postura corporal uma expressão de arrogância e agressividade latente - dois ou três bastam para uma sombra cair sobre toda a praça. Penso nos dementors do Harry Potter, esses que ao passar pelas pessoas lhes sorvem a alegria.
XI. No Ku'damm passam duzentos neonazis a gritar palavras de ordem. Vozes como um trovão. Vejo-os da porta da minha casa - a tremer, lívida, aterrorizada.
VIII. Estou a almoçar num pequeno restaurante vietnamita, com o meu filho de seis anos. Um rapaz entra com ar decidido, dirige-se ao dono, um homem já de certa idade, e dá-lhe uma ordem: "troca-me esta nota por moedas!" Quero dizer-lhe que não é assim que se fala com pessoas mais velhas, mas encho-me de medo: e se ele vê pelo meu sotaque que não sou alemã, e se ele me dá uma tareia? IX. Antes de atravessar num semáforo vermelho, olho em volta: para ver se vêm carros, e se há neonazis por perto. Primeira estratégia de sobrevivência: não dar nas vistas. X. A avó de uma amiga minha contou-me que, quando era pequena, os pais costumavam comprar nas lojas dos judeus. Que eram gente séria, vendiam produtos de boa qualidade e nunca enganavam os clientes. Depois começou a falar da nova sinagoga em Munique, e que é demasiado grande, e que bem podiam ter feito uma coisa mais discreta... - Mas os cristãos também fazem igrejas enormes..., disse eu. - Pois então, os judeus que vão fazer sinagogas grandes para a
XII. Na escola primária, em Weimar, dois miúdos pegam-se. - Idiota!, grita o filho de vietnamitas. - Fiji-man!, grita o filho de alemães. XIII. Dos jornais: numa festa de solestício de Verão, numa aldeia perto da fronteira com a Polónia, um grupo de rapazes começou a atirar livros para a fogueira. Outros participantes na festa descobriram horrorizados que estavam a queimar o Diário de Anne Frank, e chamaram a Polícia. "Anne Frank? Que Anne Frank?", perguntou o polícia na esquadra, e não se mexeu da cadeira. XIV. Dos jornais: Konstantin Wecker ia dar um concerto numa escola em Halberstadt (Sachsen-Anhalt), mas foi impedido pela NPD. Argumentos: - trata-se de um cantor político, e se se permite política (de esquerda) na escola, então também serão obrigados a aceitar que a NPD organize nas escolas sessões para discutir temas nacionalistas; - se o deixarem actuar, a NPD também vai ter uma participação activa no concerto. O concerto foi transferido para outra cidade, em Thüringen. Também em Halberstadt, um cabaretista ia apresentar o seu espectáculo ("Hitler Kebab", organizado em conjunto com a Câmara Municipal e uma união sindical) numa sala da Câmara. Por pressão da NPD, a sessão passou de pública a privada. (Blogue da autora: http://conversa2.blogspot.com/
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Xenofobia: Terrorismo extremista assola o país O trio terrorista neonazi que estará implicado no caso dos homicídios de nove imigrantes e uma agente policial
Cristina Dangerfield-Vogt Correspondente em Berlim “Ataques de Terroristas Cristãos Neonazis deixam Governo Espantado e os Cidadãos Chocados!” Poder-se-ia começar assim o artigo, à semelhança dos artigos sobre os extremistas muçulmanos. Mas comecemos de outra maneira: “Terroristas Neonazis Alemães assassinam Cidadãos Alemães de Origem Turca e Grega”. Porém, não foram estes os cabeçalhos escolhidos pelos Tablóides alemães que preferiram outros títulos: “Homicídios Döner” ou “Os neonazis Serialkillers” ou “As vítimas – Os auxiliares escondidos” – coitados, não sabiam o que faziam! Não houve um único cabeçalho de jornal que resumisse os factos, como por exemplo “Terroristas Cristãos Neonazis assassinam Cidadãos do país sem serem descobertos ao longo de dez anos”! Aceito que é demasiado longo. Então sugiro um daqueles cabeçalhos sensacionalistas: “Terroristas Cristãos Neonazis Matam os Nossos Cidadãos”. Ou então “Terroristas da Leikultur alemã matam Imigrantes”. Leitkultur, o que é isto? É a fusão das culturas díspares dos vários povos que passaram pela Alemanha ao longo dos séculos e que alguns insistem em declarar “puramente” alemã. A cultura “mainstream” do país à qual temos de aderir incondicionalmente sob pena de sermos acusados de falta de integração. No entanto, estas distinções desviamnos da análise da realidade que vivenciamos e que é: o terrorismo seja qual for a sua proveniência é – CRIMINOSO e não dá tréguas. O terrorismo seja ele cristão, judeu ou muçulmano não é coadunável com nenhuma das três religiões abraâmicas e muito menos com a ordem jurídica em que vivemos. O crime de homicídio e os crimes contra a integridade das pessoas são tipificados e punidos pelo código penal, independentemente da religião dos seus executantes. O homicídio constitui violação de um direito fundamental ancorado nº 2 (2) da Constituição Alemã – “a vida humana é inviolável, a integridade física é inviolável”. O denominador comum do terrorismo neonazi é uma INTOLERÂNCIA xenófoba extremista e que quebra o pacto social
implícito das sociedades democratas. Os actos terroristas dos neonazis violam a Constituição e o Código Penal Alemães. E AS VÍTIMAS? As notícias dos últimos dias têm-se concentrado nos executantes de actos terroristas. O governo e os políticos alemães reagiram “espantados”. Como foi possível assassinar nove estrangeiros sem nunca se ter descoberto os assassinos? Oito Alemães de origem turca e um Alemão de origem grega foram assassinados. Suponho que o Grego fosse cristão ortodoxo. Um compatriota nosso afirmava há uns dias: “mas ainda não houve ataques a portugueses”! Não? – Pergunto. Como se distingue um português dos outros estrangeiros? A religião e a origem estão ASSINALADAS na testa? Os terroristas neonazis perguntam primeiro a origem da vítima? Para a ideologia terrorista neonazi todos os não arianos são alvos “legítimos” da luta neonazi contra a invasão do país pelos estrangeiros. Sejamos imigrantes económicos ou culturais, sejamos pretos, brancos ou amarelos, sejamos cristãos, judeus ou muçulmanos ou outros. Na realidade, os terroristas neonazis alemães não perdem tempo com detalhes desinteressantes. Para eles, um estrangeiro, um esquerdista, um deficiente, um homossexual, ou, em geral, quem se lhes opuser é como areia na máquina do projecto ariano, uma “coisa” mal-vinda que perturba a engrenagem, e todos nós, estrangeiros de todo o mundo, e os outros, podemos vir a ser vítimas dos desvarios racistas e xenófobos – da Intolerância. REACÇÕES DAS COMUNIDADES JUDAICA E MUÇULMANA Segundo Kenan Kolat, Presidente da Comunidade Turca, os governantes e os Media poucas palavras perderam com as vítimas e as suas famílias nos artigos dos últimos dias. Até a própria classificação destes crimes como “os homicídios dos Döner” (fastfood turco), e que os Media sugeriram no início tratar-se de ajustes de contas entre turcos, é humilhante e insultuosa porque não só trivializa como retira gravidade aos crimes e torna difuso o seu carácter. Kenan Kolat diz numa entrevista ao jornal Berliner Zeitung:
“O Zentralrat dos Judeus mostrou-se desde o início solidário connosco e é nosso parceiro. Mas ainda não recebemos palavras de solidariedade nem das Igrejas nem dos Sindicatos”. Solingen, Moelln, Colónia, Hoyerswerda e Rostock – são nomes de lugares que nos lembram um conjunto de atentados xenófobos mortais. Obviamente, existe uma agenda terrorista cujos alvos são os estrangeiros que vivem na Alemanha. Ainda não estão alarmados? Segundo os Media alemães, os vídeos deixados pelo grupo deixam pressupor a existência de uma rede terrorista díspar e espalhada geograficamente por todo o país, actuando a partir de células independentes, guiadas e unidas por uma ideologia xenófoba – militante e terrorista. A QUESTÃO DAS NO-GO AREAS Em 2006, antes do Mundial de Futebol que teve lugar na Alemanha, foi sugerido classificar certos bairros e regiões como nogo areas para evitar incidentes racistas que estragassem a festa. Até agora a maioria dos alemães tem rejeitado esta sugestão e os estrangeiros residentes parecem desinteressados. Não obstante, os terroristas da extrema-direita alemã estão a tentar gerar factos irreversíveis: Primeiro, criar zonas livres de estrangeiros e, mais tarde, uma Alemanha livre de estrangeiros. A Alemanha é um país sem passado colonial, no sentido estrito, que se recusa a aceitar que é um país de imigração desde o início da década de 60. A própria palavra que descreve os imigrantes das décadas de 60 e 70, Gastarbeiter, é sintomática desta atitude fechada relativamente aos estrangeiros. Muitos alemães gostariam que, os imigrantes que os ajudaram a reconstruir a Alemanha, e que com o seu trabalho contribuíram para o desenvolvimento económico do país, partissem e regressassem aos seus países de origem, porque, afinal, foram apenas “convidados”! Enquanto noutros países europeus, os filhos e os netos da primeira geração de imigrantes são desde o nascimento cidadãos do país anfitrião, e muitas vezes titulares de dupla nacionalidade, na Alemanha isso só é permitido aos cidadãos da União Europeia. Aliás,
a nacionalidade alemã é concedida sob condição do abandono da nacionalidade de origem; subjacente está a falta de aceitação de um facto universal dos movimentos migratórios – com o passar do tempo, os imigrantes absorvem a cultura local na sua cultura de origem criando uma cultura de fusão nova. Esta recusa de conferir aos imigrantes a nacionalidade alemã resulta na prática num desequilíbrio entre as obrigações e os deveres do estrangeiro residente. O cidadão estrangeiro residente não tem direito de voto nas eleições parlamentares alemãs nem dos estados federados, e isto apesar de ter obrigações fiscais iguais às dos cidadãos alemães. Esta injustiça, não só aliena o estrangeiro da sociedade alemã como sinaliza aos extremistas da direita, e àqueles que silenciosamente os apoiam, que os estrangeiros são mal-vindos neste país. DA XENOFOBIA AOS ACTOS DE AGRESSÃO Mas passemos aos factos: Em Outubro de 1999, “rufiões” destruíram 103 sepulturas no Cemitério Judeu de Weissensee. Um cemitério fundado em 1880 e considerado o maior e o mais bonito do seu género na Europa. Personalidades marcantes da sociedade alemã estão sepultadas neste cemitério: o fundador dos Armazéns Hertie - Hermann Tietz, o jornalista Theodor Wolf e o escritor Stefan Heym, entre outros. Charlotte Knobloch, presidente do Zentralrat dos Judeus, na altura, chamou a atenção para a data dos ataques e que foi - o dia da Shoa, o Dia do Holocausto. Em 25 de Março de 1994, quatro neonazis atiraram cocktails Molotov à Sinagoga de Lübeck. Estes são apenas alguns exemplos de uma série de actos terroristas contra os Judeus na Alemanha. Aiman Mazyek, do Zentralrat dos Muçulmanos, afirmou que se registaram vinte 20 ataques a mesquitas durante o ano corrente. Para além dos vários ataques à comunidade judaica e à muçulmana em toda a Alemanha, os neonazis também agridem os grupos esquerdistas. No próximo dia 21 de Novembro, lembrar-se-á o homicídio do jovem esquerdista, Sílvio Meier, que foi esfaqueado mortalmente por neonazis na estação de metro de Samariterstrasse, em Berlim, em 1992.
O QUE FAZER? O terrorismo neonazi tem de ser combatido com a mesma vontade política e a eficiência utilizada contra os terroristas do Baader-Meinhoff e os islamitas. Mas o Leitmotiv do nosso espanto deveria ser: Como foi possível que terroristas assassinassem à queima-roupa, passassem à clandestinidade e não fossem descobertos durante dez anos? E, mais chocante ainda – como foi possível acreditar comodamente que os homicídios foram resultado de rixas e ajustes de contas mafiosos? Esta atitude mostra bem como o país avalia os seus estrangeiros! Numa sociedade em que, segundo um estudo completado em 2008, um em quatro alemães defende pontos de vista xenófobos, os seus cidadãos têm de mostrar inequivocamente de que ladoquerem estar. „Das Land, das die Fremden nicht beschützt, geht bald unter“ (Goethe) “O país que não protege os estranhos (estrangeiros) afundarse-á brevemente” Esta frase de Goethe assume contemporaneidade à luz das previsões do crescimento percentual da população idosa na Alemanha. Brevemente, o país terá de recorrer a uma nova vaga de imigração de Gastarbeiter e de técnicos qualificados estrangeiros para sustentar as reformas da sua população. Mas quem quererá vir trabalhar para um país de língua difícil e que não oferece segurança aos seus estrangeiros?
Experiência pessoal: Berlim-Mitte, 1996, „Scheiss Ausländerin, geh in dein Land zurück “ foram as palavras que me foram dirigidas por dois homens alemães quando levava o meu filho de 1 ano e meio para o infantário. Eu e uma testemunha alemã chamámos a polícia. Os agentes da polícia portaram-se insultuosamente (antigos agentes do Leste). Para além da queixa por “insulto” na via pública, apresentei ainda queixa com vista a processo disciplinar interno contra os polícias envolvidos junto do Ausländer Beauftragte de Berlim. Infelizmente, não foi a última vez que fui insultada.
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Michaela Azevedo dos Santos, Advogada Theodor-Heuss-Ring 23, 50668 Köln 0221 - 95 14 73 0
O que é carjacking? Michaela Azevedo dos Santos Advogada
O termo tem origem na língua inglesa e significa o roubo de veículo em trânsito ou tomada de veículo pelo uso da força. O número de casos de roubos por CARJACKING tem vindo a aumentar todos os anos, tanto em Portugal como na Alemanha. Nos últimos três meses a nossa sociedade de advogados tratou de diversos casos de roubos de automóveis de alta gama (Porsche, BMW, Mercedes, Audi) ocoridos na zona de Colónia e Düsseldorf. O carjacking é levado a cabo maioritariamente na via pública, a estacionar ou a sair do estacionamento. A vítima é abordada tanto dentro como fora do carro. No entanto, surgem também, em menor escala, casos de bloqueio do veículo com outras viaturas, situações de paragem em semá-
foro e simulação de colisão. Previna! Ao aproximar-se do veículo, deve ser prestada a máxima atenção a tudo o que o rodeia. Se forem observadas pessoas ou viaturas suspeitas, não deve dirigir-se para a mesma mas sim para um local seguro e, de imediato, ligar para a polícia local. Os suspeitos não devem ser confrontados a não ser pelas autoridades policiais; Para estacionar o veículo deve observar-se o referido no ponto anterior, tentando ainda, sempre que possível, evitar estacionar em locais com fraca iluminação; Sempre que possível, deve ser evitado demonstrar a intenção de entrar ou sair do veículo, não devendo ser exibidas as chaves ou o controlo remoto do mesmo; Deve sempre conduzir com as portas fechadas e os vidros da viatura subidos; Preste atenção aos veículos que suspeite que o estejam
a seguir. Se suspeitar que está a ser seguido, dirija o seu carro para uma zona segura, de preferência para um local com muito movimento, para junto de uma esquadra de polícia; Procure sempre conduzir mantendo uma distância segura entre o carro que segue à sua frente. Isto darlhe-á espaço para uma fuga de emergência, além de lhe permitir uma melhor visibilidade. Se for abordado por um ou mais indivíduos estranhos e suspeitos procure fugir com a viatura e utilize os sinais sonoros para atrair atenções. Em algumas das situações os suspeitos de carjacking podem dar um pequeno toque na sua viatura (simulação de colisão). Caso isto aconteça, e não se sinta seguro no local onde se encontra, não sai da viatura para inspeccionar os danos. „procure, caso a colisão seja mínima, sair de imediato do local, ligue as luzes de emergência da sua via-
tura („piscas“) e conduza de modo seguro até uma estação de combustível ou até uma esquadra de polícia ou outro local onde se sinta em segurança. Podem haver situações em que os suspeitos lhe fazem sinais alertando-o para um qualquer falso problema na sua viatura (pneus, portas, etc.). Nestes casos, procure certificar-se se o problema realmente existe num local onde se sinta seguro. Se for vítima de carjacking não resista. Logo que possível , e em segurança, procure auxílio. Procure, na medida do possível, memorizar todas as características fisionómicas dos suspeitos, tipo de roupa que vestem, meios utilizados, pronúncias, sotaques, viaturas em que seguiam, etc. Em caso de CARJACKING ou HOMEJACKING - Assaltos a casas com os proprietários lá dentro - faça valer os seus direitos …
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José Gomes Rodrigues
PONTUALIDADE NO PAGAMENTO DA RENDA DE CASA Amigos e compatriotas do Portugal Post Há uns meses recebi uma carta do senhorio avisando-me que a renda estava a ser paga com atraso consecutivo, o que poderia ter consequências negativas para a continuação do contrato de arrendamento. Na semana passada, por impossível que possa parecer, recebemos uma carta em que o senhorio rescendia o contrato de arrendamento do apartamento por esse mesmo motivo. Caso não abandonasse o apartamento até essa data, ver-se-ia obrigado a recorrer ao tribunal para declarar o despejo do apartamento. Acontece que recebo o meu ordenado só no dia 15 de cada mês e o abono de família do nosso filho chega somente no fim do mês. Que poderei fazer? Obrigado desde já pela vossa prontidão em nos ajudar. Leitor devidamente identificado Caríssimo compatriota Lamentamos ter de comunicar-lhe que, nesta situação, a razão jurídica está ao lado do seu senhorio. Geralmente, os contratos de arrendamento prevêem o pagamento da renda até ao terceiro dia útil do mês em curso. Pela sua descrição, esta cláusula não tem sido cumprida durante alguns meses e devidamente. Claro que o senhorio deveria tê-lo admoestado convenientemente, avisando-o, com a devida antecedência, dos riscos que esse comportamento poderia comportar. Mesmo assim ele não é obrigado a fazê-lo. Compreendemos também e desde logo a sua preocupação. Não seria possível, perguntamos nós, precaver para que a sua conta no banco tivesse o correspondente saldo positivo nessa data? Por incompreensível que possa parecer, os tribunais tem dado razão, neste ponto, aos senhorios. O tribunal nacional (Bundesgerichtshof) emanou uma decisão ainda no ano passado dando-lhes mais uma vez a razão. Veja, se tiver possibilidade, a decisão com o seguinte número: (AZ. VIII ZR 91/10). Procure falar com o senhorio, e quanto antes, para pedir um pouco de compreensão e prometalhe que no futuro tal situação não se repetirá, evitando mais dissabores. Afinal eles também são pessoas e possuem um coração que bem amaciado poderá estar aberto para o seu pedido! Recorde-se que poderá ter di-
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› Pontualidade no pagamento da renda de casa › Rescisão do contrato de arrendamento por falecimento › Precauções a ter ao arrendar um apartamento novo reito à ajuda da renda de casa por parte da cidade, se a sua situação financeira o permitir e se estão satisfeitas as condições necessárias previstas. Estas já há tempos foram expostas no nosso e seu jornal. Mantenha-se calmo e verá que este impasse se resolverá, mas depende de si simplesmente.
A devolução da caução, com os juros acumulados durante os anos, deve ser feita desde que as cláusulas emanadas do contrato de arrendamento tenham sido devidamente cumpridas. Neste caso pertencem os gastos com a possível renovação do apartamento ou a incompleta renovação do mesmo, o pagamento dos devidos
agrada e por muitas razões. Eu mesmo estou na disposição de o renovar ao meu gosto. Queria colocar, com a ajuda dos meus amigos, laminados em todo o chão, excepto na cozinha e na casa de banho, como é óbvio. Neste caso, quem deverá então retirar o chão antigo que é de PVC? Será que o senhorio poderá compartilhar
RESCISÃO DO CONTRATO DE ARRENDAMENTO POR FALECIMENTO Caríssimos A minha mãe faleceu a 31.08.2011. Não sabemos se nós, os filhos e herdeiros, temos de fazer obras antes de entregar o apartamento. Procuramos por todos os cantos da casa, mas em vão, o contrato de arrendamento. Que podemos fazer? Sabemos que a minha mãe tinha pagado uma caução ao senhorio, como se desenvolve a devolução da caução? O objecto foi arrendado já em 01.05.1995 Leitora devidamente identificada Estimada leitora Sem o devido conhecimento do contrato de arrendamento, não podemos responder, cabalmente, à questão que nos coloca. A experiência, contudo, temnos ensinado que é ao inquilino, no vosso caso aos descendentes ou herdeiros, que cabe a responsabilidade de entregar a casa como a encontrou, como terá ficado estipulado por escrito no contrato de arrendamento. Sobre a responsabilidade de como entregar o apartamento, se renovado ou não, houveram no passado recente algumas decisões que consideram anuladas algumas cláusulas rígidas que vigoravam anteriormente. Era o caso em que obrigava o inquilino a renovar, com prazos fixos, as diversas dependências da casa, ou seja, cada 3, 4 ou 5 anos, conforme a dependência em questão. Muitas vezes, ao entregarem as chaves, era-lhes exigido uma renovação total, mesmo que não se comprovasse a sua necessidade.
condomínios, a falta de pagamento das facturas da água, da electricidade, do aquecimento e outros incumprimentos emanados no contrato de arrendamento. Como vocês não possuem o correspondente contrato, aconselhamos a entrar em contacto com o senhorio para que este lhe facilite uma cópia do mesmo e assim procurarem cumprir com as devidas cláusulas. Esperamos tê-los elucidado convenientemente e permitam o nosso agradecimento pela confiança depositada e aceitem os nossos pêsames pelo falecimento do vosso ente familiar.
nos custos de renovação? O apartamento faz parte dum prédio que ainda não está completamente reconstruído, como afirmei. A entrada do apartamento e as respectivas escadas ainda não estão totalmente acabadas o que provoca alguma dificuldade na passagem. Posso reduzir, por este motivo, a renda, ou procurar com o senhoria abater a renda mensal? Leitor devidamente identificado
HABITAR UM APARTAMENTO E CUIDADOS A PRECAUÇÕES
Caríssimo compatriota Obrigado pela confiança depositada nos nossos serviços, mas o problema que nos coloca inclui três temas que procuramos minuciosamente e, dentro do possível, responder-lhe:
Amigos do Portugal Post, Tenho intenção de, no inicio do próximo ano, tomar de arrendamento um apartamento com melhores condições para a família. Já tenho um em vista que está a ser reconstruído e que nos
1. Estado actual do apartamento Antes de fazer alguma obra no apartamento deve fotografar o mesmo de forma a comprovar o estado dele em caso de o abandonar mais tarde. Ao mesmo tempo
deve antes de se mudar para ele com a sua família, de documentar, por escrito, as deficiências notadas. Não esqueça de o assinar e dar uma cópia ao senhorio procurando também que este os assine. O estado do apartamento, ao habitá-lo não está prescrito em qualquer lei. O mais importante é que o objecto a habitar esteja de acordo com as normas gerais de segurança e não atente contra a saúde pública, previsível na lei. Não existe qualquer cláusula que obrigue o senhorio a retirar o chão ou a colocar um novo e moderno ao seu gosto. A não ser que haja um acordo entre os dois contraentes. Claro que tem vantagens financeiras quando o próprio inquilino renova a casa, já que o contrato de arrendamento pode, inicialmente, ser mais adequado e até mais reduzido. Além disso, o inquilino ao fazê-lo procura ir ao encontro do seu gosto e dos seus familiares. A longo prazo e pensando em benefícios financeiros, este procedimento, trará vantagens financeiras. 2. Investimento do inquilino no apartamento A participação do senhorio nestas estas obras de renovação não é obrigatória, mas não deixa de ser uma questão de entrarem em acordo sobre o assunto. Tenha, contudo, cuidado, pois no caso do compatriota rescindir, um dia, o contrato de arrendamento, o senhor poderá ser obrigado a retirar tudo o que não se pode mover, como balcões, paredes falsas ou paredes divisórias por si construídas, a não ser que tenha havido um correspondente acordo mútuo entre os dois. 3. Redução da renda Considerando a totalidade do estado do apartamento, e notando-se fortes anomalias de construção e que estas sejam verificadas no inicio, deve o inquilino avisar o senhorio, logo no inicio, e exigir por escrito, indicando um prazo razoável para a reposição da normalidade. Se o senhorio o não fizer, sendo obrigado por lei a fazê-lo, pode o inquilino reduzir a renda pagar. Se o inquilino já tinha conhecimento dessas anomalias, antes de o habitar e de assinar o contrato, a lei não lhe permite essa possibilidade. Por estas e outras razões o compatriota deve munir-se sempre de documentação credível do estado do apartamento antes de o habitar. Só nos resta desejar-lhe muitas felicidades e muitas horas de alegrias e felicidades nesta nova habitação.
22 Agenda Tome Nota
PORTUGAL POST Nº 209 • Dezembro 2011
IMPORTANTE Às associações, clubes, bandas , etc.. As informações sobre os eventos a divulgar deverão dar entrada na nossa redacção até ao dia 15 de cada mês Tel.: 0231 - 83 90 289 Fax :0231-8390351 Email: correio@free.de
NOTA DA ADMINISTRAÇÃO DO PORTUGAL POST
AOS NOSSOS LEITORES ASSINANTES A partir de Janeiro de 2012, o preço de assinatura anual do PORTUGAL POST vai sofrer um ligeiro aumento. Em vez dos actuais € 20,45, os leitores passarão a pagar € 22,45 pelo preço de assinatura. Neste preço está já incluída a taxa do IVA (MWSt 7%). Recordamos que desde a fundação do jornal (em 1993) o jornal nunca aumentou o preço de assinatura, isto apesar de ao longo destes anos todos terem-se registado significativos aumentos de produção e de envio, sendo o último dos quais o aumento que o DEUTSCHE POST nos impôs. Ao fim e ao cabo, os leitores assinantes pagam apenas os custos de envio do jornal para sua casa. Pedimos, pois, a compreensão dos nossos leitores assinantes por procedermos a este primeiro aumento que fazemos nestes quase 19 anos de existência. Portugal Post Verlag A administração Rectificação, Na nota em que davamos conta deste aumento escrevemos, por lapso, na edição anterior duas vezes € 22,45. Isto, é, onde se lia Em vez dos actuais € 22,45, dever-se-ia ler Em vez dos actuais € 20,45. Pedimos desculpas aos nossos leitores pelo erro e agradecemos àqueles que nos chamaram a atenção do erro.
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"Dar o exemplo não é a melhor maneira de influenciar os outros - é a única." Schweitzer , Albert "O bom exemplo constitui o melhor e mais eficaz sistema de educar os filhos. Textos Judaicos
DEZEMBRO 2011 4.12.2012 – OSNABRÜCK – Protesto contra o encerramento do vice-consulado em Osnabrück. Local do encontro: Centro Portugûes de Osnabrücx, Bünderstr. 6. Info: Tel.: 0176-78340184 4.12.2011- BERLIM – Festa de Natal na Werkstatt der Kulturen, na Wissmannstraße 32, 12049 Berlim, no domingo, 4 de dezembro, entre as 15 e as 23 horas. Entrada gratuita 6.12.2011 – HAMBURGO – Sessão informativa na Rudolf-Roß-
Grundschule (Deutsch-Portugiesisch bilingual) Kurze Str. 30, 20355 Hamburg. Tel. 42 88 43 – Início: 19h00 10.12.2011 – HILDEN- Festa de Natal da União portuguesa de Hilden.Actuação do Conjunto BANDA LUSITANA a partir das 20h00 Local: Bürgertreff, Lortzingstrasse 1, 40724 Hiden Entrada Livre 31.12.2011 – MINDEN - Baile de Passagem de Ano do CP de Minden
Local: Kulturhalle, Mittelfeldstr 8, 32457 Neesen com BANDA LUSITANA a partir das 21:30 horas Para o Buffet é preciso uma reserva Info / reserva Sr. Gonçalves 0172/ 2793779 ou www.bandalusitana.de 31.12.2011 – BRAUNSCHWEIG – Festa de passagem de ano no Centro Português em Braunschweig. Mais infomacöes pelos telefones 0531/375613 ou 0531/508416
Dia da Porta Aberta no Max-Planck-Gymnasium, Dortmund Como já é habitual, vai-se realizar também este ano um Dia da Porta Aberta para pais e alunos interessados no Max-PlanckGymnasium, Ar (junto ao estádio Signal-Iduna) sábado, dia 3 de Dezembro, das 9.30 às 13 horas O Max-Planck-Gymnasium é o único Gymnasium em NRW que oferece Português como ensino integrado para alunos luso-descendentes, alunos de países de expressão portuguesa, de famílias bilingues e também para todos os alunos interessados. No Max-Planck, Português édesde há 30 anos uma disciplina de opção para alunos lusófonos a partir do 5°ano de escolaridadedesde há alguns anos língua estrangeira para alunos do secundário (Sekundarstufe II) - desde
há 2 anos língua de opção no 8° ano.Para os alunos lusodescendentes e lusófonos existe um projecto de apoio com longa tradição. Vimos por isso convidá-los a fazer, no Dia da Porta Aberta, uma visita à escola para ter a oportuni-
dade de conversar com as professoras sobre o futuro escolar dos seus filhos e conhecer a escola. Cá os esperamos e… não hesitem em perguntar! Contacto: Margarida de Lima, tel. 0231 730019 PUB
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Os Portugueses Autor: Barry Hatton Preço: € 29,00 Barry Hatton vive em Portugal há quase 25 anos. Correspondente da Associated Press em Portugal, o jornalista britânico revela no livro Os Portugueses aquilo que somos enquanto país e enquanto povo. Pelo menos aos olhos dos estrangeiros. No livro "Os Portugueses", Hatton relembra os principais momentos históricos que marcaram a nação, desde o período áureo dos Descobrimentos aos anos governados por Oliveira Salazar, sem esquecer a pela peculiar relação com Espanha, e termina com uma análise sobre a modernidade. «A minha intenção é lançar algumas luzes sobre este enigmático canto da Europa, descrever as idiossincrasias que tornam único este adorável e, por vezes, exasperante país e procurar explicações, fazendo o levantamento do caminho histórico que levou os portugueses até onde estão hoje.», avança o autor na nota prévia da obra. Paralelamente, a construção da identidade de Portugal enquanto povo e os vários estereótipos que (ainda) reinam além fronteiras são abordados e apresentados através de episódios vividos pelo autor ou por pessoas que lhe são próximas. De leitura obrigatória para todos quantos desconhecem a verdadeira alma lusa, portugueses ou não, "Os Portugueses" é uma obra obrigatória, escrita de forma apaixonada por um dos correspondentes mais antigos da imprensa internacional no nosso país.
José Rodrigues dos Santos O último segredo - Preço: € 39,80 NOVO Uma paleógrafa é brutalmente assassinada na Biblioteca Vaticana quando consultava um dos mais antigos manuscritos da Bíblia, o Codex Vaticanus. A polícia italiana convoca o célebre historiador e criptanalista português, Tomás Noronha, e mostra-lhe uma estranha mensagem deixada pelo assassino ao lado do cadáver. A inspectora encarregada do caso é Valentina Ferro, uma beldade italiana que convence Tomás a ajudala no inquérito. Mas a sucessão de homicídios semelhantes noutros pontos do globo leva os dois investigadores a suspeitarem de que as vítimas estariam envolvidas em algo que as transcendia. Na busca da solução para os crimes, Tomás e Valentina põem-se no trilho dos enigmas da Bíblia, uma demanda que os conduzirá à Terra Santa e os colocará diante do último segredo do Novo Testamento. A verdadeira identidade de Cristo. Baseando-se em informações históricas genuínas, José Rodrigues dos Santos confirma-se nesta obra excepcional como o grande mestre do mistério. Mais do que um notável romance, O Último Segredo desvenda-nos a chave do mais desconcertante enigma das Escrituras.
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TRAVESSIA DE VERÃO Truman Capote PREÇO: 11.50 Obra póstuma e inédita, Travessia de Verão é um primeiro romance precoce e seguro que mostra o sentido implacável da narração de um dos maiores escritores do século XX. Os seus fraseados imaculados, a sua crua ironia e a sua visão das subtilezas das diferenças de classe anunciam os futuros triunfos de Capote.
CONTA-ME COMO FOI 1(ª série, Parte 2) A melhor série de televisão portuguesa de todos os tempos!
4 DVDs Preço: € 69 CONTA-ME COMO FOI. A ficção acompanha o quotidiano de uma família portuguesa de classe média, os Lopes, que habitam um andar de um bairro social na Lisboa do final dos anos 60. Vivem como a maioria da sociedade portuguesa com limitações financeiras, que ainda assim permitem a aventura de comprar uma televisão. Um ”novo elemento da família” que vai ocupar lugar de destaque na casa dos Lopes. É a voz adulta de Carlos, o filho mais novo, com 8 anos em 1968, que narra a história.
1ª série, parte 1 também disponível pelo mesmo preço
Miguel Torga Bichos Preço: € 11.50 «Querido leitor: São horas de te receber no portaló da minha pequena Arca de Noé. Tens sido de uma constância tão espontânea e tão pura a visitá-la, que é preciso que me liberte do medo de parecer ufano da obra, e venha delicadamente cumprimentar-me uma vez ao menos. Não se pagam gentilezas com descortesias, e eu sou instintivamente grato e correcto (…)»
FAX 0231 - 8390351 correio@free.de
CONTOS POPULARES PORTUGUESES Preço: € 12,00 Contos Populares Portugueses são contos de todos os tempos e de todas as idades. Uma obra que nos devolve o imaginário e o maravilhoso da nossa cultura popular, e de que faz parte, entre outras, «História da Carochinha», «A Formiga e a Neve», «O Coelhinho Branco», «A Raposa e o Lobo», «O Compadre Lobo e a Comadre Raposa» e «Os Dois Irmãos».
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Passar o Tempo
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Encomenda de Livros
CONSULTÓRIO ASTROLÓGICO E-mail: mariahelena@mariahelena.tv TELEFONE: 00 351 21 318 25 91
Como Cortar Trabalhos de Bruxaria Formato: 14x21cm Páginas: 152 Preço: 25,00 € Um ritual de magia negra posto em acção contra alguém pode prejudicar avítima e destruir a sua vida de forma brusca e surpreendente. Todas as áreasestão sujeitas a ficar afectadas. Tudo à sua volta parece ruir. E, mais graveainda, a vítima de magia negra não consegue encontrar forças para reagir. Neste livro de carácter prático, a autora apresenta rituais fáceis de executar quepermitem criar uma aura de protecção.
Aprenda a Proteger-se Contra a Inveja e Mau-Olhado Formato: 15,5 X 23 cm Paginas: 156 Preço: 19,90 € Nas alturas de maior fragilidade, há que criar uma protecção efectiva contra os possíveis efeitos das energias negativas. Neste livro damos-lhe conhecimento de mantigos amuletos, fórmulas, rituais práticos, orações e rezas especiais mpara que possa repelir esse encantamento maligno.
Grande Livro de Orações Formato: 14x21cm Páginas: 340 Preço: 25.99 É uma extensa antologia com centenas de orações a saantos, anjos, arcanjos e toda a corte celestial. Nestas páginas encontra uma mensagem de esperança, um motivo para acreditar que a fé existe e que nos rodeia em todos os momentos da nossa vida. É o companheiro ideal, pois as suas orações têm o poder de transmitir ao espírito a energia que restaura a alegria de viver e a confiança no amor, na paz e na esperanaa para o futuro.
Aprenda a Viver Sem Stress Formato: 15,5 X 23 cm. Páginas: 100 Preço: 20,99 Quanto mais tempo da sua vida é que está disposto a desperdiçar? Quanto mais tempo da sua vida está disposto a continuar a sofrer? Quanto da sua vida está disposto a finalmente reivindicar hoje? Quanto mais tempo vai deixar que os outros mandem nas suas escolhas? E, se reivindicar a sua vida, acha que fica a dever alguma coisa aos outros? Quando você cede ao stress, você não está ser você mesmo. Quando você cede ao stress, você passa ao lado da vida, da sua vida. Você vive em permanente sobrevivência. E quem sobrevive, sofre. E quem sofre, vive em stress. . "Aprenda a Viver Sem Stress" é um livro que o ajuda a reencontrar-se.
Previsões Dezembro 2011
Por Maria Helena Martins
CARNEIRO Amor: Procure dar mais atenção aos seus verdadeiros amigos. Saúde: Tenha confiança em si mesmo, valorize-se mais e cuide do seu corpo. Dinheiro: Cuidado, não alimente intrigas no local de trabalho. TOURO Amor: Partilhe essa boa disposição que o invade com quem o rodeia. Saúde: dê maior atenção aos seus rins, beba mais água diariamente. Dinheiro: É possível que venha a obter aquela promoção que tanto esperava. GÉMEOS Amor: Os momentos de romantismo estão favorecidos. Invista mais no seu relacionamento. Saúde: Estará em plena forma. Aproveite para se dedicar a um novo hobby. Dinheiro: Cuidado com as dívidas. Esteja mais atento às suas contas. CARANGUEJO Amor: Encontra-se num período menos favorável, mas não desespere que é passageiro. Saúde: A sua auto-estima anda um pouco em baixo, anime-se e cultive os pensamentos positivos. Dinheiro: Boa altura para investir naquilo de que mais gosta, mas com cuidado que a vida está difícil. LEÃO
Amor: A sua relação poderá passar por um período menos positivo em que deve manter a calma, pois tudo se resolverá pelo melhor. Saúde: Deve tentar libertar-se dos hábitos que só prejudicam a sua saúde. Dinheiro: O equilíbrio financeiro estará presente na sua vida neste momento. VIRGEM Amor: Não desiluda um amigo que gosta muito de si. Saúde: Tendência para dores musculares. Faça uma sessão de massagens. Dinheiro: Boa altura para comprar casa ou para mudar de ocupação. BALANÇA Amor: A sua sensualidade natural irá apimentar a sua relação de uma forma surpreendente. Saúde: Descanse as horas necessárias para se poder sentir bem física e psicologicamente. Dinheiro: Cuidado com os gastos supérfluos que faz ao agir por impulso, sem parar para pensar. ESCORPIÃO Amor: Aproveite bem todos os momentos que tem para estar com a sua cara-metade. Saúde: Poderá sentir alguma fadiga física. Dinheiro: Conserve bem todos os seus bens materiais. Zele pelo que é seu. SAGITÁRIO Amor: estará cheio de confiança em si próprio e ela ajudá-lo-á a alargar a sua rede
social. No entanto, não se deixe influenciar por terceiros, poderá sair prejudicado. Saúde: Tenha um maior cuidado com os seus ouvidos. Estará mais sensível a infecções. Dinheiro: evite precipitar-se, pense bem antes de investir as suas economias. CAPRICÓRNIO Amor: Alguém para quem você é muito importante darlhe-á um bom conselho. Saúde: Cuidado com o aumento de peso, faça exercício físico com regularidade. Dinheiro: Efectuará bons negócios, mas não assine nada sem pensar duas vezes. AQUÁRIO Amor: evite ser possessivo ou ciumento. Respeite o espaço do seu par. Saúde: melhore o seu descanso diário dormindo mais horas, para poder ter um maior rendimento sem cansar tanto o seu corpo. Dinheiro: tenha mais cuidado, não gaste o seu dinheiro em coisas de que afinal nem precisa. PEIXES Amor: Não dê tanta atenção a quem não merece. Rodeie-se apenas das pessoas que o compreendem e que gostam realmente de si. Saúde: Cuide da sua imagem. Inicie uma dieta. Dinheiro: embora deva empenhar-se, evite o desgaste excessivo na sua actividade laboral, pois será recompensado na devida altura. Acredite mais em si.
Orações para Todos os Males Formato: 14x21cm Páginas: 90 Preço: 22,00 € Por razões de saúde, familiares, afectivas, materiais ou espirituais, todos mpassamos em algum momento por situações difíceis. Nesta obra encontrará uma centena de orações adequadas a cada caso. Orações para encontrar mcompanheiro/a, para conseguir casar-se com o seu namorado, pela paz da família, contra doenças, etc.
Cupão de Encomenda a: PORTUGAL POST SHOP na Pág.23
Amigos Encarcerados O capelão de uma prisão passa nas celas, um pouco antes do Natal, para distribuir aos detidos as gulodices de circunstância. Um deles, recentemente encarcerado, parece tão afectado pela sua sorte que o capelão lhe propõe: — Quer que escreva a alguns dos seus amigos, pedindo-lhes que venham vêlo? Isso levantar-lhe-ia a moral. — Não vale a pena — resmunga ele —. Os compinchas já estão todos aqui. Taxa de Juro Um pobre vai pedir dinheiro emprestado a um rico: — Quanto leva o senhor de juro? — Levo nove por cento! — Isso é um abuso! Se o senhor não teme a justiça dos homens, devia temer a justiça de Deus, que tudo vê e julga. — Ora, visto lá de cima o nove parece um seis...
Vidas
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Andar a correr atrás da vida e do amor Exmo Senhor Director, Gosto muito de ler o que as pessoas contam quando escrevem sobre as suas histórias aí no jornal. Às vezes são coisas tristes que acontecem a quem anda por cá ao cimo da terra, outras são coisas curiosas que acontecem a quase todos nós, algumas são mais curiosas do que outras. Quando lemos o que o vosso/nosso jornal publica apetece-nos escrever também coisas que se passam connosco, o que não é o meu caso. Ainda não fui vitima de qualquer enredo que interessa às pessoas. A minha vida é assim tão simples e por ser assim tão simples fico de boca aberta quando leio coisas pouco normais que acontecem aos outros. Mas o que me traz aqui tem a ver com aconteceu a uma vizinha minha. Nós as duas recebemos o jornal. De vez em quando encontramo-nos num café e falamos das histórias que o jornal traz. Ela tem uma história para contar só que disse-me que não a saberia escrever e pediu-me para que a escrevesse por ela Ela mora sozinha desde quando se divorciou vai para 10 anos. Neste momento encontrase com 57 anos e tem uma aparência bem tratada. Gosta também de se vestir bem, tanto que quando se olha para ela temos a impressão de uma senhora elegante e bem posta na vida, o que não é verdade pois ela tem uma reforma por invalidez, o que não é para aqui chamado. A par disso ela está muito bem. A única queixa que ela constantemente faz tem a ver com o facto de viver sozinha e invejame por isso, já que eu estou bem casada e tenho uma vida familiar muito boa e estável. Por ela estar sozinha, quando sai a qualquer lado tenta legitimamente fazer com que arranje alguma relação quanto mais não seja para a conversa, sair e conviver. Estar todo o dia em casa não é para ela que diz dar em douda com toda a sua solidão. Filhos ela não tem. Familiares aqui na Alemanha também não. Amigos, nem por isso, temme apenas a mim e a uma ou outra relação dos tempos de casada. Os festejos do Natal e da Páscoa passa-os em nossa casa. Também às vezes, aos domingos e feriados, vem a nossa casa almoçar. Quando nos encontramos são raras as vezes que ela está em baixo, chora pela sua situação so-
litária e ainda por cima o que a incomoda mais é não poder trabalhar devido à sua invalidez. Também tem muita pena por eu não a poder acompanhar com mais liberdade devido à minha condição de casada. Uma das coisas de que ela gosta muito é ir ao baile e diz-me que muito lhe custa ir sozinha. Da última vez que foi conheceu um senhor que lhe pareceu simpático e muito adaptada a ela. Conheceram-se no baile de Sábado à noite e marcaram encontro para o outro dia num café do parque perto do Zoo. Ela apostou muito naquele conhecimento. Era um homem atraente, bem parecido e muito simpático. Este acaso na sua vida fez dela uma mulher mais alegre. Já falava de si e de dele como uma coisa muito boa na sua vida. Só que tinha um senão. E esse senão pesava-lhe muito na consciência. O tal senhor um dia disse-lhe que era casado. Disse-lhe aquilo com franqueza e pôs nas mãos dela o continuar ou o cortar com aqueles encontros. Disse ela que, para além dos encontro e do braço dado a passear, mais não havia. Ela sentiase feliz quando o encontrava e quando ele colocou aquela decisão nas suas mãos ficou que não sabia que fazer. Ela não lhe deu logo uma resposta, o que para ele foi o mesmo que um consentimento. Mas isto deixou-a muito triste. Não queria pensar que poderia ser a causa uma traição e, no pior dos casos, de um adultério. Continuava a encontrar-se
com ele aos fins de semana para beber um café e nada mais. Mas este nada mais parecia não ser uma coisa que ele tivesse de acordo e ela sentia que ele queria mais do que isso. Nos passeios pelo jardim ele já lhe passava o braço pela cintura e ela sentia-se bem, mas logo vinhalhe à ideia o facto do homem ser casado e que tinha a mulher em casa. E ela pensava nas mentiras que ele dizia à mulher quando lhe dizia que ia sair. Uma dia, ou melhor, um sábado à noite bateram à sua porta eram por aí uma 10 horas. Quando ela, alarmada (pois nunca recebia visitas a essa hora) abriu a porta e deu de caras com ele o coração agitou-se-lhe no peito e ficou ali como pregada ao chão sem saber que fazer. A sua primeira reacção foi de um grande contentamento, quase de felicidade e por isso não teve coragem de lhe dizer que não, que não o podia atender a uma hora daquelas. Lá ficou até altas horas da manhã. E foi maravilhoso, disse ela. Há muitos anos que não tinha passado assim um serão. Para glorificar, ele tinha trazido espumante e um grande ramo de rosas perfumadas. Depois dele sair, ela não sabia se deveria estar feliz, pois vinhalhe à ideia o facto dele ser casado e estar a trair a mulher. Porque aquela situação lhe era muito desconfortável, decidiu cortar relações com ele para valer os seus princípios. Muito lhe custou esta sua decisão mas foi uma decisão que a levou até ao fim.
De modos que voltou a estar só, a pensar só, a agir só, a jantar só, a passear só, a ir para a cama só. Não demorou muito que tinha arranjado outro conhecimento no baile. Nessa vez eu estava presente, eu e o meu marido, a quem eu lhe tinha pedido para irmos, acompanharmos a nossa amiga e darmos também um pezinho de dança. O homem que ela tinha conhecido também não era nada de se pôr fora. Era mais novo do que ela e muito falador e melhor dançarino. Também se armava muito em cavalheiro, tanto que no dia em que eles se conheceram ele pediu-me para uma dança. O meu marido nada disse, mas eu senti que ele não esteve lá muito de acordo. Então, nos dias, semanas e meses ela não se cansava em falar dele. Ele que se dizia solteiro e engenheiro numa firma muito conhecida. Enfim, a minha amiga já parecia outra mulher. Como ele dizia que morava numa cidade que distava aí uns 70 quilómetros eles encontravam-se quase todos os fins de semana. Às vezes não havia sexta-feira que ele não ficasse na casa da minha amiga até ao dia seguinte. Eram dias muito felizes para a minha amiga. E para maior felicidade, houve um período em que os dois foram passar uma semana a Palma de Maiorca Uma felicidade. Disse-me ela. Se antes a minha amiga se vestia e se apresentava bem, ela depois de conhecer esse homem passou a tornar-se numa pessoa
esplêndida. Parecia que ela andava sem tocar no chão e a sua figura parecia envolta de um halo de luz. Era uma paixão que ela vivia com um homem livre, culto, belo e, ao que parecia, viril. Eu dizialhe que ela merecia e merecia mesmo pois o seu casamento não tinha sido um pêra doce. Vivia ela esta relação ia para quase um ano até que um dia recebeu um telefonema de de uma senhora que lhe pediu muito um encontro porque tinha um caso particular para lhe falar. Intrigada, a minha amiga acedeu ao convite pensando que se tratava de algum caso familiar ou que tivesse a ver com a família do seu ex marido. Mas não, o que sucedeu é que no encontro a minha amiga foi confrontada com a mulher daquele que ela julgava ser o homem da sua vida. Ela, a mulher, veio por bem e por bem disse-lhe que lhe pedia para que ela o deixasse por consideração aos filhos e a ela, mulher, que por amor aos filhos não queria deixar o marido mesmo sabendo que a traía. M. Marques Colónia
Pedimos aos leitores que nos enviam correspondência para esta rubrica para não se alongarem muito nos textos que escrevem. A redacção reserva o direito de condensar e de trabalhar os textos que nos enviam. Obrigado. PUB
ESCREVA-NOS e conte-nos a história da sua vida Sabemos que há mulheres e homens que desejam comunicar as suas aventuras ou até mesmo histórias sobre a sua vida ou que querem relatar experiências e contar casos de que foram testemunhas ou os principais protagonistas. Todos, uns mais que outros, temos uma história para contar, como por exemplo, como cá chegamos; a nossa dificuldade em compreender a língua; os sonhos que acalentamos para aguentar estar num país tão diferente; o choque cultural, o primeiro dia de trabalho e, porque não, as dificuldades por que passamos. Nós queremos contar a sua vida, o bom e o mau. Escreva-nos como sabe e pode e a sua história poderá ser um valioso testemunho da nossa presença neste país. Não se esqueça de nos enviar as fotografias que deseja ver publicadas. Morada: PORTUGALPOST Burgholzstr.43 • 44145 Dortmund • Fax: (0231) 83 90 351 • E mail: correio@free.de
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Amizades & Afins CAVALHEIRO Viúvo, 70 anos, 1,65 m, boa aparência, sem vícios, amorável e honesto, a residir na Alemanha (NRW) mas só. Com casa e carro. Deseja corresponder-se com senhora de preferência entre os 63 e 69 anos de idade, livre e sincera para fins de amizade. Carta a este jornal Refª 0112 SENHOR A viver na Alemanha, 58 anos, deseja contactar senhora até aos 58 anos idade para fins de amizade. Resposta a este Jornal com a refª 0212
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Adico Lda, representada na feira Brau Beviale em Nuremberga
Alemanha:
A Brau Beviale 2011 (ver caixa), realizada entre os dias 9 e 11 do passado mês de Novembro contou com a presença da firma Adico Lda, com sede em AVANCA. Criada no ano 1920 por Adelino Dias Costa, a Adico Lda Iniciou-se na construção de camas de ferro para os hospitais. Nos anos 30 orientou a sua produção para o mobiliário hospitalar, paralelamente dedicou-se à criação de mesas e cadeiras para as esplanadas. Assim nasceu a cadeira de ferro portuguesa inspirada no estilo BauHaus. Hoje continua dedicada ao mobiliário hospitalar, desenvolveu a criação de
A Alemanha alcançou no terceiro trimestre de 2011 o maior nível de emprego desde a reunificação do país, em 1990, com um total de 41,2 milhões de trabalhadores registados, anunciou o instituto de estatística alemão (Destatis). Os técnicos do Destatis sublinharam o aumento de 495.000 trabalhadores, ou
mobiliário, não só para as esplanadas, como criou uma linha para interiores no ramo hoteleiro e no ramo escolar. O Stand da firma expôs o seu mobiliário para exteriores, não esquecendo a nossa bem conhecida cadeira portuguesa.
Segundo seu o director, Miguel Rodrigues, o a representação da empresa na Feira foi muito bem visitada. A Adico teve uma procura de países como a Geórgia, França, Itália, Espanha e Alemanha. Maria do Rosário Loures
A BRAU Beviale é uma das Feiras Comerciais Europeias mais importantes para a produção e a comercialização de cerveja e de bebidas leves. A indústria reúne-se anualmente assegurando uma feira que apresenta uma enorme gama de matérias-primas para bebidas, tecnologias, logística e comercialização. BRAU-Beviale mostra matérias-primas para a malta, cerveja e produção de bebidas sem álcool; água mineral, bebidas leves; sucos e néctares de fruta; bebidas misturadas, acessórios; sistemas e máquinas de venda (dispenser), equipamento de limpeza, equipamento de laboratório, administração de energia, reciclagem e proteção do meio- ambiente, etc.
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Alcançado maior nível de emprego desde a reunificação 1,2 por cento, em relação ao mesmo trimestre do ano anterior. Os maiores aumentos do emprego foram registados nos setores dos serviços empresariais (3,6 por cento), comércio, transportes e hotelaria (1,5 por cento), construção (1,4 por cento) e agricultura e pescas (1,3 por cento).
Feliz Natal
PORTUGAL POST
Economia & Negócios
PORTUGAL POST Nº 209 • Dezembro 2011
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Operação de 31 voos “charter” entre Dusseldorf e Beja deverá decorrer entre Abril e Novembro de 2012
A operação de 31 voos „charter“ semanais prevista para 2012 entre os aeroportos de Dusseldorf e Beja, para transportar turistas da Alemanha para o Alentejo, deverá realizar-se entre Abril e Novembro do próximo ano, revelou um responsável do projecto. A operação, que deverá ser efectuada pelo operador turístico alemão Olimar, através de um avião fretado de 86 lugares, deverá realizar-se entre 15 de Abril e 18 de Novembro de 2012, precisou o presidente da Agência Regional de Promoção Turística do Alentejo (ARPTA), Vítor Silva. A Olimar „está disposta“ a fretar o avião e a comercializar parte dos 86 lugares de cada voo da operação, que envolve a ANA - Aeroportos de Portugal, a ARPTA e o Grupo Vila Vita, disse. Segundo o responsável,
50 dos 86 lugares disponíveis em cada voo serão ocupados por funcionários do Grupo Vila Vita e os restantes 36 por turistas alemães que comprarem as viagens, que deverão ser comercializadas pela Olimar. A ARPTA está a negociar com o Olimar „a partilha dos riscos“ dos lugares que não forem comercializados do lote de 36 de cada voo, disse Vítor Silva, referindo que está „convencido“ que as entidades vão „chegar a acordo“. Se haver acordo, explicou, a ARPTA, para „captar turistas“, terá que investir mais na promoção do Alentejo na região alemã da Renânia do Norte - Vestefália, de onde virão os voos e que é „uma das mais ricas“ da Alemanha e onde a marca Alentejo „nunca entrou muito bem“. Será uma campanha financiada por fundos comu-
nitários e com o objectivo de promover a marca Alentejo na Alemanha e permitir a operação de voos „charter“ entre Dusseldorf e Beja, disse. A campanha será feita com base num contrato semelhante aos já assinados entre a ARPTA e o operador turístico britânico Sunvil para as campanhas de promoção do Alentejo no Reino Unido deste ano e de 2012. A campanha deste ano permitiu a realização de uma operação de voos „charter“ semanais entre Londres e Beja, que se realizou entre Maio e Outubro. Segundo Vítor Silva, „em princípio“, a ARPTA não terá que lançar um concurso público internacional para escolher o operador turístico para promover a operação, já que os valores envolvidos estão „dentro dos limites“ que permitem adjudicação directa.