PORTUGAL POST ANO XIX • Nº 214 • Maio 2012 • Publicação mensal • 2.00 € Portugal Post Verlag, Burgholzstr. 43 • 44145 Dortmund • Tel.: 0231-83 90 289 • Telefax 0231- 8390351 • E Mail: correio@free.de • www. portugalpost.de • K 25853 •ISSN 0340-3718
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O Hotel Pestana Berlin Tiergarten é o primeiro 4 estrelas do grupo Pestana na Alemanha
Entrevista com o director geral do Hotel Pestana Berlin Tiergarten, Peter Berhörster Pág. 3
José Cesário: “Consulados têm falta de sensibilidade para problemas sociais” Pág.5
Entrevista exclusiva João Salaviza, o novo talento do cinema português premiado com um Urso de Ouro na Berlinale 2012, fala ao PP Págs.16 e 17
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PORTUGAL POST Nº 214 • Maio 2012
PORTUGAL POST
Editorial Mário dos Santos
Agraciado com a Medalha da Liberdade e Democracia da Assembleia da República Fundado em 1993 Director: Mário dos Santos Redação e Colaboradores Cristina Dangerfield-Vogt: Berlim Cristina Krippahl: Bona Joaquim Peito: Hanôver Luísa Costa Hölzl: Munique
A palavra dada uando o principal partido do actual Governo fez campanha eleitoral muitos de nós estávamos convencidos de que os seus responsáveis queriam honestamente cumprir aquilo que diziam. Cansados do Governo de então e da sua politica de austeridade para cumprir os conhecidos PECs, os portugueses confiavam nos “outros” que diziam exactamente o contrário daquilo que, após um ano de governação (PSD-CDS), vieram a fazer. Quando se vota num partido é suposto não querer que ele venha a governar contra as nossas aspirações. Confiando no que dizem, damos-lhe legitimidade através do voto para exercer o poder. Por seu turno, eles dão-nos a PALAVRA de que as coisas vão ser assim como eles nos dizem e prometem. Certamente que os eleitores que votaram nos partidos que constituem hoje Governo não pensavam que eles lhes iriam reduzir o número dos professores e dos cursos de Língua e Cultura
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Correspondentes António Horta: Gelsenkirchen Elisabete Araújo: Euskirchen Fernando Roldão: Frankfurt/M João Ferreira: Singen Jorge Martins Rita: Estugarda Manuel Abrantes: Weilheim-Teck Maria dos Anjos Santos: Hamburgo Maria do Rosário Loures: Nuremberga Vitor Lima: Weinheim Colunistas António Justo: Kassel Carlos Gonçalves: Lisboa Glória de Sousa: Bona Helena Ferro de Gouveia: Bona José Eduardo: Frankfurt / M Lagoa da Silva: Lisboa Luciano Caetano da Rosa: Berlim Marco Bertoloso: Colónia Paulo Pisco: Lisboa Rui Paz: Dusseldórfia Teresa Soares: Nuremberga
Portuguesas dos seus filhos, criar propina de 120 euros para alunos, isto para não falar de fecho de consulados, o aumento de emolumentos consulares, etc.. Diz o programa do Governo que quer “Eleger o ensino do português como âncora da política da diáspora”. Se assim é, como se pode promover políticas e medidas que violam o elementar princípio constitucional do direito ao ensino? Neste capítulo, o Governo não está a cumprir a lei e, também, a faltar à palavra dada! Aqui não se trata de ser de direita ou de esquerda. Constata-se tão só que o Governo viola ele mesmo a lei ao dificultar um direito estabelecido na Constituição da República com a introdução de uma propina que nos ocultou durante a campanha eleitoral. . A consequência disto é que muitos dos alunos vão deixar de frequentar os cursos. Até finais de Abril estavam apenas inscritos para os cursos no estrangeiro no próximo ano lectivo cerca 10 mil alunos, sendo que as inscrições fe-
cham já no dia 3 de Maio. Para se ter uma ideia, este ano frequentam o ensino de português no estrangeiro 56 mil alunos. Estão a ver a diferença? Neste contexto, é oportuno dizer à representação do PSD na Alemanha para vir a público dizer se é a favor ou contra a propina e os cortes no ensino; se é a favor ou contra o fecho dos consulados e nos diga ainda onde e como é que as prometidas permanências consulares vão funcionar e, já agora, os locais, se possível com endereço. A pergunta que se dirige ao PSD cá do sítio sobre as permanências consulares é: funcionarão onde? Será nas associações ? Nas Missões Católicas? Nas câmaras municipais? Na rua? Nos cafés? Nos...? E como aqui nesta nota se fala da palavra dada, recorde-se que as permanências iriam “arrancar massivamente” em meados de Abril como disse o Secretário de Estado José Cesário.
Tradução Barbara Böer-Alves
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Peter Berhörster, director geral do Hotel Pestana Berlin Tiergarten, ao PP
Queremos atrair os clientes individuais e os pequenos grupos O Pestana Berlin Tiergarten é o primeiro hotel do grupo Pestana na Alemanha. Um grupo com vinte e cinco hotéis na Europa, doze na América Latina e oito em África, isto sem incluir as pousadas em Portugal, o golfe e os casinos. Este “Império da Hotelaria” é uma história de sucesso portuguesa que começou na Madeira. Há dois anos e meio, o grupo Pestana expandiu para Londres, diversificando assim a sua actividade para o segmento do turismo urbano. Desde há um ano em Berlim, este hotel de “four stars superior” oferece excelência por um preço acessível num décor de bom gosto, leve e funcional mesmo no centro da capital alemã. O Pestana Berlin Tiergarten caracteriza-se ainda pela sua gastronomia e ambiente familiar. O PORTUGAL POST entrevistou Peter Berhörster, o director geral do hotel e do grupo Pestana na Alemanha.
Cristina Dangerfield-Vogt Em Berlim Qual é a história do grupo Pestana e do seu percurso até CEO do hotel na capital alemã? O grupo Pestana celebra quarenta anos no próximo ano. Vamos festejálos no Casino Park na Madeira, que foi o primeiro hotel do grupo, projectado pelo arquitecto brasileiro Oscar Niemeyer. O Sr. Pestana é um português sul-africano que vive na Madeira. A nossa sede é em Lisboa, no Pestana Palace. Fui lá visitá-lo. O Sr. Pestana é um homem simpático e muito perspicaz. Decidiu rapidamente que eu seria o Director Geral do Hotel Pestana em Berlim e fui eu que tive que pensar rapidamente se o queria ser. Dormi uma noite em Lisboa, o tempo estava bom e o vinho também. A decisão foi fácil. Trabalho há vinte e cinco anos em hotelaria. Acabados os meus estudos profissionais fiz três anos de estágio de hotel em administração doméstica, na cozinha e no sector técnico; fiz muito e de tudo e a certa altura especializei-me numa determinada direcção. Durante o curso, decidi não me especializar e fazer tudo: administração doméstica durante um ano, recepção um ano, e até passei vários dias na copa a lavar pratos. Assim entramos na pele do empregado. Depois passei para as vendas, e trabalhei para vários grupos de hotelaria. Desde há três anos que estou em Berlim. Actualmente, sou o director geral do Pestana Berlin Tiergarten e do grupo Pestana na Alemanha. O Sr. Pestana procurava alguém que conhecesse bem o mercado hoteleiro berlinense que é um mercado difícil. Em Berlim quase que há mais hotéis do que visitantes. São vinte e dois milhões de visitantes anualmente, incluindo turistas, congressistas, visitantes diários e outros que vêm principalmente no verão. Berlim é uma cidade muito acessível. Em Berlim é possível dormir num hotel de três estrelas por trinta euros. Mas a concorrência é enorme. Nos próximos vinte e quatro meses vamos ter mais trinta e nove hotéis em Berlim! Já
estão todos a ser construídos. Temos que angariar mais de oito milhões de turistas nos próximos sete anos, ou seja, precisamos de um milhão de turistas anualmente para mantermos a ocupação actual. Em Londres os hotéis são muito mais caros mas é uma cidade que regista cinquenta milhões de turistas anualmente. Certamente que o novo aeroporto Willy Brandt irá trazer mais turismo para a capital, assim como os voos directos BerlimLisboa da TAP. Somos optimistas e acreditamos que vamos alcançar os trinta milhões de turistas. Alguns berlinenses manifestam-se contra os turistas, mas o padeiro e o merceeiro, o pequeno comércio, sabem que estão dependentes deles. Porque é que o grupo Pestana escolheu Berlim para o seu primeiro hotel na Alemanha? A primeira vez que o grupo Pestana decidiu abrir um hotel urbano foi há dois anos e meio em Londres, perto da Chelsea Bridge. Com o hotel de Londres iniciou-se uma política virada para o segmento do turismo urbano. A localização em Berlim é muitíssimo boa. Estamos no centro de tudo: a sete minutos do KaDeWe (Kaufhaus des Westens), a uns passos do parque de Tiergarten, no centro do bairro das embaixadas, a quatro minutos a pé do Jardim Zoológico, numa zona meioresidencial e sossegada, e somos um produto de nicho de mercado porque com os nossos 142 quartos podemos oferecer um ambiente familiar. Também somos um produto de nicho de mercado porque oferecemos alguns pormenores diferentes dos outros hotéis. Por exemplo, todos os nossos quartos são adequados para alérgicos porque temos parquet de madeira de oliveira e até luz natural nas casas de banho que estão separadas dos quartos por uma janela com estore. Podemos portanto, e porque somos um hotel de pequena dimensão, oferecer serviços personalizados aos nossos clientes.
Em que é que o hotel Pestana se demarca especialmente dos outros hotéis? Na gastronomia muitos dos produtos alimentares são feitos por nós próprios. No topo do edifício temos duas colmeias e produzimos o nosso próprio mel. No nosso restaurante oferecemos uma ementa internacional com entradas portuguesas: pasteis de bacalhau e presunto português. Temos uma cozinheira portuguesa mas não fazemos cozinha típica portuguesa. Temos produtos frescos e por isso oferecemos seis pratos diferentes na nossa ementa que variamos semanalmente. O chefe cozinheiro vai todas as sexta-feiras ao mercado ver o que há. Neste momento temos os espargos, no inverno há uma variedade de couves. Compramos os produtos alimentares na região de Berlim, o que é interessante para os cozinheiros porque adaptam a ementa aos produtos da época. Para além disto, oferecemos business lunch por aproximadamente 7 ou 8 euros. É praticamente “a cantina” de muitas das embaixadas. Vêm muitos diplomatas, desde os embaixadores aos secretários, das embaixadas que não têm restaurante. Do ponto de vista gastronómico fazemos muitas coisas nós próprios, como por exemplo fumamos carnes, produzimos fiambres. Recebemos por exemplo, meio porco e fazemos os enchidos nós próprios. E também temos o “prato típico berlinenese” – a Curry Wurst, mas nós é que fazemos o molho. Temos também pratos vegetarianos. Somos muito flexíveis e atendemos aos pedidos especiais. A ressonância tem sido boa. Oferecem pacotes especiais e promoções de fim-de-semana, para famílias ou outros? Oferecemos pacotes especiais para as famílias. Por exemplo duas noites com champanhe ou um passeio de barco pelos lagos e canais de Berlim. Trabalhamos com a editora Coppenrath, com a Prinzessin Lilli Fee e Felix der Hase, e temos doze quartos para famílias com porta de comunicação. As roupas de cama, as toalhas, os candeeiros, os copos dos dentes nos quartos das crianças são da Lilli Fee. Durante o dia as crianças passeiam com os pais, à noite estão cansadas, vão dormir e os pais fecham a porta de comunicação e podem ver televisão ou sentar-se num terraço e descontrair com um vinho. Oferecemos três noites pelo preço de duas, por exemplo. Os pacotes mais procurados são de dormida com pequeno-almoço. Normalmente, oferecemos estes pacotes nos feriados, pontes, Natal, Páscoa, e épocas de férias em geral. Os pacotes especiais e as promoções podem ser consultados na nossa página.
Peter Berhörster, director geral do Hotel Pestana Berlin Tiergarten. Foto: Hotel Pestana Têm parcerias com operadores turísticos e outras entidades? Estamos em conversações com a embaixada portuguesa para os preparativos do 10 de Junho, que será celebrado no dia 5 Junho. Virá uma fadista portuguesa, creio que é a Cristina Branco, e um grupo musical português. A ideia é apresentar bem Portugal e suscitar o interesse pelo país às empresas alemãs convidadas para o evento. Temos contratos com operadores de vários países e, obviamente, também em Portugal, no mercado turístico. Contudo, os turistas portugueses em Berlim não chegam a um por cento do turismo total. A maioria dos turistas estrangeiros em Berlim são ingleses, com dez por cento, seguidos dos americanos. Porém sessenta por cento dos turistas em Berlim são alemães. Qual é o público alvo do hotel? Queremos atrair os clientes individuais e os pequenos grupos. Não estamos interessados no turismo de massas com turistas a sair dos autocarros frente ao hotel. Somos um barco leve na água, muito manobrável e flexível, que procura ir ao encontro dos desejos dos nossos clientes. Que balanço faz do Pestana Ber-
lin Tiergarten ao fim de um ano de actividade? Abrimos o hotel Pestana no dia 16 de Maio do ano passado. Estamos quase a celebrar um ano de actividade e estamos muito satisfeitos com os resultados que se situam acima das expectativas. Registámos uma taxa média de ocupação superior a setenta por cento. O pessoal do hotel é o mesmo desde o início e temos dois portugueses a trabalhar connosco, sendo o resto alemães. Pensamos também expandir-nos para Hamburgo e Munique. No hotel Pestana há rastos de Fernando Pessoa nas paredes. Estrofes do poeta na língua lusa, inglesa e alemã adornam algumas das paredes pelos corredores do hotel e convidam-nos a flanar sonhadores na crista das ondas desenhadas nos tapetes azuis. No lobby da entrada, a projecção óptica de um aquário com peixes coloridos que se afastam quando o pisamos, evoca” as ocidentais praias lusitanas e os mares nunca dantes navegados”. Números 142 quartos Salas de conferências e reuniões Preços por quarto individual desde 79 Euros
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Desempregados e famílias numerosas terão propina diferenciada no ensino de português no estrangeiro “Terão uma propina diferenciada, mais pequena”, disse José Cesário, após uma reunião em Lisboa com a direcção do Sindicato dos Professores nas Comunidades Lusíadas (SPCL). “Há várias questões que já tinham sido expostas por escrito pela direcção do sindicato, as quais nós já tínhamos dado uma resposta positiva. Foi o caso do alargamento do prazo para a inscrição dos alunos, foi o caso dos pais que se encontrem em condição de desemprego devidamente comprovado, e o caso dos agregados familiares que têm vários filhos”, disse José Cesário. Segundo Teresa Soares, do SPCL, para as famílias em situação de desemprego, a propina será de 20 euros por criança anualmente, para famílias com dois filhos, será cobrado 80 euros por criança, e agregados com mais de
dois filhos, será de 70 euros por aluno. Teresa Soares disse que essa medida de pagamento diferenciado vai somente amenizar a situação. A sindicalista indicou que os professores estão “muito preocupados” com a propina anual para os alunos do Ensino de Português no Estrangeiro (EPE), que foi fixada em 120 euros. “Os professores estão preocupados porque têm medo que esta (propina) faça reduzir o número de alunos, porque há pais que não estão dispostos a pagar”, sublinhou a responsável do SPCL. De acordo com a Teresa Soares, muitos cursos podem desaparecer e, assim, muito postos de trabalho para os professores deixarão de existir, até “50 por cento” actuais. “O senhor secretário (José Cesário) diz que não, que vão permanecer os 400 professores que
temos na Europa. Acho difícil de acreditar nisso porque depende muito da maneira como funcionam os cursos nos diferentes países”, acrescentou. Os professores temem que os cursos com poucos alunos desapareçam, permanecendo apenas as classes em grandes cidades. Sobre o prolongamento da pré-inscrição dos alunos de português no estrangeiro para o próximo ano lectivo, pedido pelo SPCL, Teresa Soares disse que tem “a certeza que será concedido”, depois da reunião de com José Cesário, mas ainda não há datas específicas. Até agora o prazo para a préinscrição era de 30 de Março a 20 de Abril. “Está a ser difícil contactar os pais (devido às ferias de Páscoa), explicar todo processo e, no fim das contas, nós é que vamos ter de fazer as inscrições, porque os pais
não têm internet ou não estão acostumados a preencher documentos na internet e acabam por nos pedir para fazê-lo. Mais uma sobrecarga para os professores e, para fazê-lo, temos que ter tempo”, sublinhou Teresa Soares. Os alunos da generalidade dos cursos integrados nos sistemas de ensino dos países de acolhimento estão isentos do pagamento da propina anual, mas caso pretendam aceder à prova de certificação pagarão uma propina específica. Teresa Soares indicou que é uma “injustiça” essa isenção em relação aos alunos do ensino paralelo, que têm de pagar os 120 euros anuais. Segundo a sindicalista, ficou hoje estabelecido que haverá “negociações, proximamente, para a alteração do regime jurídico dos professores do ensino do português no estrangeiro”.
Nova vaga de emigrantes longe dos gabinetes municipais de apoio A nova vaga de emigração está a passar ao lado dos quase 100 gabinetes municipais de apoio ao emigrante, que uma década depois de terem começado a ser criados registam pouca procura, atendendo sobretudo reformados regressados a Portugal. Os gabinetes municipais de apoio ao emigrante começaram a ser instalados em 2002 para colmatar a extinção de oito das nove delegações regionais da DireçãoGeral dos Assuntos Consulares e Comunidades Portuguesas (DGACCP). Criados através de protocolos entre o Governo e as câmaras municipais, os serviços têm como destinatários emigrantes, exemigrantes e futuros emigrantes, contudo testemunhos recolhidos pela agência Lusa junto destes serviços revelam que são procurados sobretudo por emigrantes regressados para tratar de reformas. Criado em 2003, nos primeiros anos, o GAE de Murtosa era procurado por emigrantes que durante as férias „aproveitavam para resolver situações pendentes“, disse à agência Lusa a responsável Rosa Coimbra. „Esta situação já não se verifica. Os emigrantes que vêm cá anualmente é para fazerem a declaração de impostos americana.
São três pessoas“, acrescentou. Em Arganil, a média de atendimentos tem sido de cinco por mês, ao longo dos últimos nove anos e sobretudo de pessoas que pedem ajuda em questões relacionadas com as reformas. Carmo Jorge, do GAE de Arganil, não regista a procura do serviço por parte de potenciais emigrantes, adiantando que, quem quer sair, opta por recorrer ao centro de emprego para obter informações. O mesmo acontece em Ribeira de Pena, onde o GAE, que funciona há cerca de cinco anos, nunca recebeu qualquer pedido de informação sobre condições de trabalho no estrangeiro. Em Pinhel, Foz Côa, Esposende, Figueira de Castelo Rodrigo, Mangualde, Vila Nova de Cerveira, Barcelos, Vila Nova de Paiva, Vila Nova de Cerveira, Espinho, Mealhada, Moimenta da Beira, Sabugal ou Tarouca a resposta repete-se. A rede de gabinetes, iniciada no primeiro mandato do atual secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, e continuada pelos executivos socialistas, conta com 92 distribuídos pelo país, à exceção do Alentejo e da região de Lisboa e Vale do Tejo. Faro, um dos primeiros gabi-
netes a ser criado, em 2002, atendeu no ano passado nove utentes através de email. Números mais expressivos apresenta o GAE de Vila do Conde, que, em 2011, atendeu 524 emigrantes e regista „um aumento significativo na procura de informações relativas à emigração“, conforme disse à Lusa Elsa Ferreira. Também na Póvoa do Varzim e em Valpaços se assiste a um ligeiro aumento do número de pedidos de informação de pessoas que querem emigrar, embora estes continuem a ser uma minoria dos 619 atendimentos realizados em 2011. Por seu lado, Lucília Cardoso, do GAE Valpaços, que no ano passado fez 1.916 atendimentos, não tem dúvidas de que as pessoas continuam a emigrar „às cegas“. „Ou então, não têm informação sobre a existência destes gabinetes“, acrescentou. Os responsáveis sublinham por isso a „necessidade de divulgar“ os gabinetes, considerando que poderão ter „um importante papel“ no aconselhamento aos novos emigrantes. „Poderíamos ter um papel mais preventivo destas situações [exploração de mão-de-obra], desde que passássemos por um
processo de formação sobre procedimentos, conselhos úteis/alertas em matéria laboral, que nos permitisse aconselhar os potenciais emigrantes“, considerou João António, da Mealhada. Para os responsáveis do GAE do Sabugal, a funcionar desde 2004 e que faz em média 800 atendimentos/ano, estes serviços poderiam promover uma „maior articulação“ entre empregadores e potenciais empregados e também com „as comunidades portuguesas que poderiam exercer um papel de rede de acolhimento ainda mais sustentada“. O secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, admitiu em declarações à Lusa, que os serviços possam a estar a ser subaproveitados na informação e aconselhamento aos 150 mil portugueses que o governo estima terem deixado o país. Garantiu que os gabinetes estão preparados para informar sobre os passos a seguir num processo de emigração, mas sublinhou que a sua ação depende da dinâmica de cada município. Ainda assim, Cesário admitiu que ainda este ano tenha que promover um encontro alargado com os técnicos dos gabinetes para os sensibilizar para estas questões. Com Lusa
FLASH Diplomas PSD e PS que põe fim à "discriminação" dos emigrantes na iniciativa legislativa aprovados por unanimidade O Assembleia da República aprovou hoje por unanimidade os projetos de lei do PSD e do PS que pretendem pôr fim à "discriminação" existente em relação à iniciativa legislativa dos emigrantes. A Lei n.º 17/2003, de 4 de junho, sobre a Iniciativa Legislativa de Cidadãos, prevê que 35 mil cidadãos possam apresentar no parlamento iniciativas legislativas, mas os emigrantes só podem apresentar iniciativas legislativas sobre assuntos que lhes digam diretamente respeito. Os diplomas do PSD e do PSD, que alteram a lei sobre iniciativas legislativas dos cidadãos e que foram agora aprovadas na generalidade por todos os grupos parlamentares, eliminam essa diferenciação em função do lugar onde os cidadãos residem PUB
José Cesário
Consulados têm falta de sensibilidade para problemas sociais O secretário de Estado das Comunidades admitiu que há pouca sensibilidade nos consulados portugueses para as dificuldades em que vivem os emigrantes e defendeu que os técnicos têm de sair dos postos e ir ao encontro das comunidades. „Por vezes não há a sensibilidade para ir à procura dos problemas, para haver uma pro-actividade e sair dos postos“, disse José Cesário, que falava num encontro promovido pela Obra Católica Portuguesa das Migrações (OCPM) e pela Caritas Portuguesa. O secretário de Estado recordou que „há muita gente que tem vergonha de assumir a sua situação. „Conheço pessoas que vivem em dificuldades na Venezuela, mas encontrei-os na igreja, porque não vão ao consulado“, recordou. „É por isso que insisto que os técnicos saiam dos consulados. As pessoas vão ao consulado para tratar de problemas administrativos, mas não dos problemas sociais“, sublinhou.
José Cesário
É para abordar essa dificuldade que o governo pretende que as permanências consulares tenham uma vertente social, em que um jurista ou um técnico de apoio social do consulado se desloca às comunidades ou às associações para prestar apoio. Exemplificou que existem duas juristas e dois técnicos no consulado de Paris, um jurista no Luxemburgo e vários técnicos de apoio social na Alemanha e na Suíça. Perante mais de uma dezena de representantes das missões católicas e da caritas em
vários países da Europa, José Cesário defendeu também a necessidade de articular esforços entre as embaixadas e consulados e as instituições no terreno, nomeadamente as da Igreja. „Temos uma rede de missões católicas com tradição de trabalho nestes casos. Na Alemanha, na Suíça, no Reino Unido, em França várias igrejas vão acompanhando estes casos. O que temos é de identificar os casos mais urgentes, em que seja necessária uma intervenção. Já nos disponibilizámos para apoiar esses casos. Vamos mobilizar alguns meios. Já estamos a mobilizá-los“, disse. Questionado no final da conferência, o governante disse não poder quantificar os apoios a dar às missões da Igreja, afirmando que dependerão das necessidades: „temos valores diversos, provenientes de várias fontes, que serão canalizados de acordo com as necessidades“. Mas sublinhou que a parceria com a OCPM, que disse esperar concretizar „em breve“, é importante. “Porque sei que os meios
que circulam através das missões vão mesmo para o destinatário final“. Outra aposta do governo é a realização de uma campanha, que arranca já no mês de Maio com o apoio de figuras públicas que não especificou, para informar os candidatos à emigração. O objectivo, explicou, é „evitar que as pessoas caiam o conto do vigário“ e emigrem sem quaisquer garantias. Entre 100 e 200 mil panfletos informativos serão distribuídos através da rede de gabinetes de apoio ao emigrante, existente nas autarquias por todo o país, bem como das paróquias e das juntas de freguesia. Casos de portugueses em carência extrema na Europa, principalmente na Suíça, denunciados pelas missões católicas alertaram nos primeiros meses deste ano para os problemas que enfrentam os novos emigrantes e levaram a Igreja a suscitar a discussão sobre estratégias de resposta à nova vaga de emigrantes, que o Governo estima se cifre em 120 mil a 150 mil saídas anuais.
Funcionários consulares acusam Governo de descurar proteção social dos emigrantes O sindicato dos funcionários consulares acusou o Governo de descurar a protecção social dos emigrantes, centrando a actividade nos serviços administrativos, e rejeitou críticas de que os consulados são insensíveis às dificuldades dos portugueses no estrangeiro. „Há um descurar das tarefas de protecção social. Os serviços consulares são o parente pobre do Ministério dos Negócios Estrangeiros e dentro dos serviços consulares o parente pobre é precisamente a protecção consular porque é a mais difícil”, disse à agência Lusa o secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores dos Consulados e Missões Diplomáticas (STCDE). “Trata-se muitas vezes de uma intervenção em situações de conflito ou de carência a que é preciso
prover e a primeira resposta que os consulados têm tendência a dar é responder a quem vai aos serviços consulares comprar papéis, fazer o cartão do cidadão ou o passaporte“, acrescentou. Jorge Veludo garantiu que nos consulados „falta quase tudo o que não seja o mero [funcionário] administrativo“, adiantando que mesmo os poucos funcionários administrativos que vão sendo admitidos o são „em regime de precariedade“. O sindicalista adiantou que há um “desvio permanente” dos trabalhadores da área social para serviços administrativos e rejeitou a ideia defendida na pelo secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, de que nos consulados há falta de sensibilidade para as dificuldades dos emigrantes. „Os serviços têm as condições para reagir e para apoiar que são organizadas, financiadas e ordenadas pelo Governo. Não faz muito sentido vir atirar para cima
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dos trabalhadores o ónus da falta de apoios“, retorquiu Jorge Veludo. „A nossa capacidade de intervenção em sede de protecção consular depende da atitude da hierarquia, dos meios postos à disposição e do nosso estatuto perante as autoridades locais“, acrescentou. O sindicalista sublinhou que na maioria dos consulados não há técnicos de serviço social que possam acorrer aos casos de emergência e que na Venezuela, país apontado pelo secretário de Estado como uma das zonas onde os funcionários deviam ir mais ao encontro dos emigrantes, „há anos que não há um único técnico de serviço social“. „Nós não somos voluntários em regime de autogestão. Estamos integrados em organismo do Estado sujeitos a uma hierarquia e a uma política de intervenção. Quando é preciso ir a algum lado, é preciso que haja determinação
da hierarquia e autorização de Lisboa porque isso tem custos e isso não é feito“, disse. O sindicalista acusou o Governo de querer dar mais apoio com menos funcionários consulares e adiantou que „não é possível fazer omeletas sem ovos“. „Efectivamente, a emigração tem vindo a aumentar (…) e a nossa capacidade de resposta para acorrer a um aumento de situações é diminuta. Já que da situação em Portugal decorre um incremento da emigração, há que prover os postos com meios para darem a resposta adequada em termos humanos, financeiros e materiais e em termos de política de decisão“, disse. Jorge Veludo estimou ainda que dos cerca de 1.600 trabalhadores do quadro externo do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) apenas metade estão em serviços consulares, estando os restantes nas chancelarias e residências das embaixadas.
Mais de 2.400 portugueses presos no estrangeiro, 103 na Alemanha O número de cidadãos portugueses presos no estrangeiro é de 2.481, indica o Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) de 2011, que revela a existência de 509 portugueses em prisões francesas. Segundo o relatório, o Reino Unido aparece em segundo lugar da lista, com 358 cidadãos portugueses nas suas cadeias, seguido da Espanha, com 316. Os Estados Unidos, com 268 reclusos portugueses, o Brasil, com 242, e a Alemanha, com 103, são os restantes países com maior expressão na tabela que consta do RASI, hoje analisado pelo Conselho Superior de Segurança Interna O relatório refere também que entre 1997 e 2011 foram deportados 1.245 portugueses dos Estados Unidos, 126 dos quais em 2011, o que constitui um recorde. A segunda maior cifra datava de 1999, com 119 deportados. Em 2010 haviam sido deportados 81 portugueses dos Estados Unidos e no ano anterior 92, tendo o número mais baixo sido em 1997 (47). Quanto aos cidadãos nacionais expulsos do Canadá, outro dos países com políticas severas neste domínio, em 2011 foram expulsos 29 portugueses, contra 21 em 2010, 22 em 2009 e 13 em 2008. O ano mais negro em matéria de expulsão de portugueses do Canadá foi o de 2007, com 46 cidadãos nacionais obrigados a deixar aquele país. PUB
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Opinião Paulo Pisco*
Maus tratos ao ensino de Português Ensino do Português no Estrangeiro (EPE) é um dos poucos benefícios verdadeiramente substanciais que o Estado proporciona aos portugueses residentes fora do país. Por se tratar de ensino, deveria ser uma política pública sempre em constante aperfeiçoamento, no sentido de proporcionar aos jovens uma formação pessoal e profissional que simultaneamente promovesse a ligação a Portugal e proporcionasse valorização pessoal e oportunidades de emprego. Infelizmente, nunca como durante a vigência do atual Governo do PSD/CDS-PP o Ensino de Português sofreu tantos maus tratos e foi tão grande a incerteza quanto ao seu futuro. Seria sempre uma das principais obrigações do Governo proporcionar um ensino cada vez melhor e tão universal quanto possível aos jovens portugueses residentes no estrangeiro. Mas a verdade é que os golpes têm-se
O
sucedido. Do ano letivo de 2010/2011 para 2012 o EPE perdeu 122 professores, existindo desde Janeiro passado apenas 400 professores, ou seja, o número mais baixo de professores desde há décadas. Além disso, o Governo tomou uma decisão surpreendente e inaceitável ao despedir 49 professores depois de terem iniciado o ano letivo, deixando alguns milhares de alunos sem aulas e muitos professores sem emprego. Se foi pelos custos, foi uma ideia infeliz, porque pouco poupou por causa das indeminizações que teve de pagar. Mais valia, por isso, que tivesse mantido os professores até final do ano letivo. E também não vale desculpar-se dizendo que tomou aquela decisão por causa da situação financeira ou da herança do passado, pois se tivesse realmente consideração pelo ensino do Português, então teria colocado as verbas necessárias no Orçamento de Estado para 2012.
Como um mal nunca vem só, o Governo também decidiu passar a cobrar uma propina anual de 120 euros, o que poderá dissuadir muitos pais de inscreverem os filhos, sobretudo se tiverem vários. Mas também é uma questão de princípio. Se o Estado pouco mais dá às nossas Comunidades do que palmadinhas nas costas e louvores de circunstância pelo 10 de Junho e na altura do Natal, deveria pelo menos considerar o investimento no ensino uma prioridade estratégica.
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Do ano letivo de 2010/2011 para 2012 o EPE perdeu 122 professores, existindo desde Janeiro passado apenas 400 professores, ou seja, o número mais baixo de professores desde há décadas.
Mas há ainda outros fatores, sobretudo podermos estar perante uma violação da Constituição da República. Desde logo, por desta forma se estar a criar uma situação de flagrante desigualdade, uma vez que o ensino básico e secundário em Portugal é gratuito. E depois porque a Constituição diz que cabe ao Estado “estabelecer progressivamente a gratuitidade de todos os graus de ensino”, quando o Governo está a fazer uma ação no sentido contrário, pois pretende que o ensino passe a ser pago. Mas também porque a Constituição estabelece em vários artigos e alíneas que o Estado deve assegurar a promoção e a difusão internacional da Língua portuguesa e que ninguém deve ser prejudicado no acesso ao ensino em função do território de origem nem no seu direito de igualdade de oportunidades de acesso e êxito escolar, aspetos que aquela decisão do Governo vem contra-
riar. Por aqui se comprova que, não só o Governo está a passar os custos de funcionamento das políticas públicas para os cidadãos, como tudo indica que o Secretário de Estado das Comunidades está a aplicar a sua ideia de que o ensino do Português no estrangeiro deve ser mais privado do que público, a exemplo do que existe em países como os Estados Unidos e o Canadá, em que o ensino é pago pelos pais e pelas comunidades locais. Só que isto é um rude golpe na relação entre os portugueses residentes no estrangeiro e Portugal e o oposto daquilo que o Governo prometeu durante a campanha eleitoral e no seu programa de Governo. Logo, politicamente inaceitável. * Deputado do PS eleito pelas Comunidades. Este artigo foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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Comunidade
PORTUGAL POST Nº 214 • Maio 2012
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ENSINO E PROPINAS
Emigrantes na Alemanha contra propina de 120 euros apelam ao não pagamento A Federação das Associações Portuguesas na Alemanha (FAPA) criticou a decisão governamental de impor uma propina de 120 euros para os alunos de português, subscrevendo o apelo ao boicote do pagamento lançado por organizações portuguesas em França. „Existe um apelo da França para que os pais inscrevam as crianças, mas para não pagarem a propina. Somos favoráveis a que os pais inscrevam as crianças para justificar a necessidade de professores (…) e apoiamos o apelo feito pelo Colectivo para a Defesa do Ensino em França“, disse Vítor Estradas. O presidente da FAPA ressalvou que estão em estudo outras formas de contestação à medida que terão ainda de ser debatidas com as comissões de pais e com a comunidade. O Governo determinou que os alunos que pretendam frequentar aulas de português no ensino paralelo no estrangeiro no próximo ano lectivo têm que fazer uma pré-inscrição online, passando a pagar uma propina anual de 120
euros, medidas que estão a ser contestadas por sindicatos, pais, professores e representantes das comunidades, que temem que a medida dite o fim do Ensino de Português no Estrangeiro (EPE). A pré-inscrição decorreu até 27 de Abril e os pais desempregados (20 euros por aluno), com dois filhos inscritos (80 euros por aluno) e com três ou mais filhos inscritos (75 euros por aluno) beneficiam de reduções na propina. Vítor Estradas contestou a pagamento da propina e lembrou que a Constituição Portuguesa garante aos filhos dos emigrantes o direito ao ensino.
O responsável da FAPA mostrou-se preocupado com a falta de informação dos pais relativamente às novas regras de inscrição. „A inscrição online foi divulgada pelo consulado através de circulares enviadas às associações, mas não quer dizer que todas as famílias com crianças no ensino frequentem associações ou tenham acesso à Internet onde essas informações são divulgadas. Vai haver de certeza pessoas que nem vão ter conhecimento dessa nova maneira de inscrever as crianças“, disse. O presidente da FAPA consi-
derou que o novo sistema foi implantado „de um dia para o outro“, não dando tempo aos pais para se prepararem para a mudança, adiantando que a FAPA está a contactar os pais, apelando a que inscrevam os filhos. Vítor Estradas considera que a actual política de EPE „está contra as comunidades“ e admite que com o desconhecimento dos pais o reduzido número de pré-inscrições possa vir a servir de pretexto para retirada de professores do estrangeiro. Em carta aberta ao ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, ao secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, e à presidente do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, Ana Paula Laborinho, a FAPA considera a aplicação da propina “um atentado ao ensino” cujo objectivo „só pode ser acabar com o EPE“. Adiantando que não foi dada aos representantes das comunidades a possibilidade de se poderem pronunciar sobre a medida, a FAPA apela ao diálogo para que seja possível encontrar „uma solução satisfatória“ para o futuro do ensino no estrangeiro.
Movimento de defesa do ensino do Português na Alemanha contesta nova propina O Movimento para a Defesa do Ensino de Português na Alemanha (MDEPA) considerou „ilegal e inconstitucional“ o projecto do Governo de introduzir uma propina de 120 euros anuais para os luso-descendentes no estrangeiro. „A propina de 120 euros, se for efectivada, distorcerá de forma altamente negativa o quadro do Ensino de Português no Estrangeiro (EPE)“, afirma o MDEPA, em comunicado enviado à agência Lusa. „Uns pais irão tirar os seus filhos desse ensino e outros pagar a propina sem a garantia de que os seus filhos continuem a usufruir desse ensino, por falta do número mínimo de inscrições exigido“,
alerta-se ainda no documento. Segundo o MDEPA, que agrupa dirigentes associativos, conselheiros da comunidade e professores, nomeadamente, e foi criado em finais de 2011, havendo menos inscrições, haverá menos cursos do EPE a funcionar, o que levará à supressão de cursos e de vagas para professores. Na opinião dos mesmos activistas da comunidade na Alemanha o próprio processo de inscrição „não revela a transparência desejável, sendo aplicado em áreas escolares diferentes, com prazos muitas vezes não adequados às realidades de cada região, não levando assim em conta os interesses das famílias, dos alunos e da própria rede escolar“. No comunicado exorta-se ainda o Ministério dos Negócios Estrangeiros e o Camões – Instituto da Cooperação e da Língua,
que passou a ter a tutela do EPE, a criar condições para a estabilidade deste sistema de ensino, e renunciar à introdução da propina. A concluir, o MDEPA apela aos encarregados de educação para manterem os seus filhos no EPE, contestando, simultaneamente, o pagamento da nova propina. O Governo determinou que os alunos que pretendam frequentar aulas de português no ensino paralelo no estrangeiro no próximo ano lectivo têm que fazer uma pré-inscrição online, passando a pagar uma propina anual de 120 anos, medidas que estão a ser contestadas por sindicatos, pais, professores e representantes das comunidades, que temem que a medida dite o fim do EPE. O secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, tem defendido que os 120 euros anuais
não são excessivos, já que cobrem o manual escolar, que em alguns países representa metade desse valor, e a certificação no final dos cursos, que não existia até agora, permitindo ainda apostar na formação de professores. PUB
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Embaixador de Portugal reune-se com portugueses em Dusseldorf e Estugarda
O Embaixador de Portugal e o Presidente alemão durante a apresentação de credenciais Foto: Cortesia Embaixada
Foi com honra militares que o presidente alemão Joachim Gauck recebeu o novo Embaixador de Porugal em Berlim, Luís de Almeida Sampaio, aquando da apresentação de credenciais que teve lugar no Schloss Bellevue no dia 13 do passado mês de Abril. Tal como o PORTUGAL POST noticiou na passada edição, o novo Embaixador de Portugal iniciou a o seu exercício de funções no início de Abril vindo substituir o seu antecessor José Caetano da Costa Pereira. De destacar o encontro que o novo Embaixador de Portugal teve com a Cônsul-Geral de Portugal em Düsseldorf, Maria Manuel Durão, que convidou para o encontro representantes ligados a organizações da comunidade, a saber: Vitor Estradas, FAPA, Fernando Genro, CCP, Rogério Pires, vice-presidente da Federação de Empresários Portugueses na Alemanha, bem como duas professoras: Margarida Richmann e Beatriz Medeiros Silva. Depois de Dusseldorf, o Embaixador seguiu para Estugarda onde, ainda no mesmo dia, esteve reunido com o Conselho Consultivo junto do consulado local para passar apresentações e passar em revista alguns dos assuntos que à comunidade dizem respeito. Na última edição, no texto intitulado “novo Embaixador de Portugal em Berlim inicia a sua missão a 1 de Abril”, inserto na página 8, atribui-se uma idade errada ao principal chefe da mais alta missão diplomática na Alemanha. De facto, Luís de Almeida Sampaio não tem 57 anos de idade, como, por lapso escrevemos, mas sim 54 anos.
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Comunidades
PORTUGAL POST Nº 214 • Maio 2012
Opinião Alfredo Cardoso*
Essen festeja o Dia da Língua Portuguesa A Volkshochule (VHS) de Essen em parceria com o Consulado Geral de Portugal em Düsseldorf e com o Centro Português de Essen vai promover os seguintes eventos a decorreram na VHS de Essen: NOITE DE FADOS – VERDES ANOS O Grupo de Fados e Guitarradas de Coimbra „Verdes Anos“ foi constituído em 1996 nos corredores da Associação Académica de Coimbra. Este edifício acolheu os ensaios dos seus membros fundadores e foi no seu seio que cantores e instrumentistas desenvolveram a sua técnica e gosto pelo fado. O grupo atingiu a formação atual em 1998 e desde então multiplicaram-se as actuações no país e no estrangeiro. “Verdes Anos” dá a conhecer ao público o Fado de Coimbra, um tipo de fado, com uma tradição de 200 anos, intimamente ligado às fortes tradições académicas da Universidade de Coimbra, sendo cantado exclusivamente por homens. Durante as suas actuações, tanto os fadistas como os guitarristas vestem uma capa preta que simboliza o traje académico. Para além de temas originais, não deixam cair no esquecimento os nomes sonantes do Fado de Coimbra como Artur Paredes, Carlos Paredes, Edmundo Bettencourt, Luiz Goes e Zeca Afonso. É de notar que em Novembro do ano passado, o Fado foi elevado à categoria de Património Oral e Imaterial da Humanidade pela UNESCO. O Centro Português de Essen acrescentará a esta noite um sabor luso ao vender algumas especialidades portuguesas antes do concerto e durante o intervalo.
José Cesário, um Secretário de Estado, mas não das Comunidades Portuguesas…
N Data: 2ª feira, 7 de Maio às 20h00 Entrada: 10 € adultos; 5€ crianças/estudantes Local: salão da VHS Reserva de bilhetes: 0201-88 43100 EXPOSIÇÃO As Viagens Portuguesas e o Encontro das Civilizações é o título de uma exposição, constituída por 30 painéis, organizada pela Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses. A exposição cobre o arco temporal mediado entre os séculos XV e XVI e incide sobre a trajectória dos navegadores portugueses entre a Costa de África e o Extremo Oriente. Trata-se de uma abordagem expositiva cuja narrativa se ocupa do contributo dos portugueses para que uma maior parcela de toda a terra fosse conhecida pelos europeus, bem como da sua ação na ampliação dos relacionamentos entre populações de todos os continentes. Data: até 12 de Maio
“Bambocas” em Groß-Umstadt
Entrada: gratuita Local: Foyer do 2º piso da VHS PORTUGUÊS – VENHA APRENDER PORTUGUÊS!! Sabia que a Língua Portuguesa pertence à grande família das línguas românicas e que é falada por mais de 200 milhões de pessoas? Para além de ser a língua oficial de Portugal é também a do Brasil, de Angola, de Moçambique, da Guiné-Bissau, de Cabo Verde, de São Tomé e Príncipe, de Macau e de Timor Leste. Porque não desafiar os seus amigos que não falam português a participar num curso relâmpago da VHS de Essen? Depois poderiam decidir se gostariam de frequentar um curso anual a partir de Setembro e garantir já o seu lugar. Data: sábado, 12 de Maio das 10h00 às 17h00 Preço: 24 € Local: VHS de Essen Professora: Catarina Lourenço Inscrições: www.vhs-essen.de
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O PORTUGAL POST esteve presente no dia 8 de Abril em mais uma festa portuguesa no Clube Operário Português de Gross Umstadt. Baile com a banda B.V.S foi o aperitivo para a actuação da banda feminina Bombocas. Perto de três centenas de portugueses estiveram presentes no magnífico salão animando o serão. Estivemos à conversa com a Paula e a Rita que nos confidenciaram estar em estúdio a preparar
mais um novo trabalho discográfico. Diversos espectáculos marcados nas comunidades espalhadas pelo mundo, Canada,Estados Unidos da América e em Portugal, percorrendo o país de lés-a-lés. Numa mensagem final apelaram a todos os portugueses para que continuem a apoiar a música e os artistas portugueses, mantendo bem viva a língua e as nossas tradições, agradecendo ao PP a sua presença. FR
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uma altura em que se está a assistir a um surto de emigração, a comunidade portuguesa residente na Alemanha foi gravemente prejudicada com o regresso do Dr. José Cesário à Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas. A reestruturação consular do Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas (SECP) não reestruturou, mas destruiu o que a Comunidade Portuguesa construiu nas últimas 5 décadas! Já no ano de 2003 o Dr. José Cesário tentou encerrar o Consulado em Osnabrück. Agora, após o seu regresso à Secretaria de Estado, decidiu encerrar de vez o posto mais produtivo e que de melhor reputação gozava junto da Comunidade Portuguesa e das instituições locais. Como se esse ato violento e mesquinho não fosse o suficiente, ainda encerrou o Vice-Consulado de Portugal em Frankfurt, cidade alemã que tem o maior número de Consulados na Alemanha. Que o encerramento da representação consular em Frankfurt foi um erro grosseiro, para mais quando vivemos a maior crise económico-financeira, já todos nós nos apercebemos, especialmente os milhares de portugueses que agora têm de recorrer ao Consulado em Estugarda. O encerramento do Vice-Consulado de Portugal em Osnabrück não foi apenas mais um erro grosseiro, mas sim um desastre! O Estado Português não economizou rigorosamente nada com este encerramento, mas desprezou e abandonou por completo os portugueses residentes na segunda maior área consular entre os 5 postos consulares que existiam na Alemanha. A decisão do Sr. SECP deixou milhares de portugueses a muitas centenas de quilómetros dos postos consulares de Hamburgo e Düsseldorf, que o digam os muitos idosos e todos os outros sem possibilidades financeiras para se deslocarem centenas de quilómetros. O mesmo se passa com os milhares de portugueses que residem na antiga área do ViceConsulado de Portugal em Frankfurt, os quais não têm possibilidades de se deslocar ao Consulado em Estugarda, posto que já antes de albergar a área de Frankfurt tinha grandes dificuldades em servir os portugueses ali residentes. Além das dificuldades causadas e do abandono total causado pelo Sr. SECP, as consequências do encerramento do Vice-Consulado de Portugal em Osnabrück já são bem visíveis: o Centro Português de Osnabrück, por muitos considerados a melhor coletividade portuguesa na Alemanha, encontra-se há mais de três meses sem direção e desde há 3 semanas completamente encerrado.
Refiro-me talvez ao melhor Centro Português, não desfazendo os outros Centros, que muitos políticos, desde deputados ao Presidente da República, já visitaram! Esta coletividade era reconhecida e apreciada pelos mesmos. Refiro-me a uma coletividade que é propriedade dos sócios, cujo valor imobiliário ultrapassa um milhão de euros. Vive-se numa tristeza para mais quando o Centro Português de Osnabrück perfez 40 anos de existência, precisamente a 25 de Abril, data solene que esta coletividade costumava festejar de forma expressiva, mas que este ano não foi possível, não se sabendo se alguma vez voltará a abrir. Mas também o recém-chegado pároco abandonou recentemente Osnabrück, quando estava previsto ficar por alguns anos. Numa das cidades mais portuguesas, geminada com Vila Real em Trás-os-Montes, o desaparecimento do Vice-Consulado em Osnabrück já causou grandes estragos. Onde está o Senhor Secretário de Estado? Onde estão as suas permanências consulares, aquelas mesmas que ele anunciou para janeiro, fevereiro, março e mais tarde para abril? O Vice-Consulado de Portugal em Osnabrück não era apenas um posto consular para emissão de documentos, mas era o mais importante elo de ligação entre as mais diversas agremiações portuguesas e as diversas instituições locais. A presença do Vice-Cônsul, uma palavra de reconhecimento, um apoio pontual, mantinha a Comunidade Portuguesa residente nesta área unida! Com o desaparecimento do Vice Consulado em Osnabrück nada é o que era… ao ponto de os portugueses terem deixado de acreditar no seu país e até neles próprios! Chegou um ato errado deste Secretário de Estado para destruir o que milhares de portugueses construíram durante quase cinco décadas. *Conselheiro das Comunidades Portuguesas (CCP) Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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25º FESTIVAL DE FOLCLOR EM RHEINE
Rancho Folclórico “Âncora do Mar” festejou e encantou No sábado, dia 14 de Abril, celebrouse o 25º Festival de Folclore organizado pelo rancho Folclórico “Âncora do Mar”. O Âncora do Mar, fundado por Avelino Barbosa, revelou-se como um dos mais coloridos e disputados encontros de grupos folclóricos onde se competia, cujo primeiro lugar era tido como o mais merecedor no mundo folclórico na Alemanha e em alguns países vizinhos, por estes também participarem nesses concursos. Com a sucessão de Avelino Barbosa o Rancho Folclórico “Âncora do Mar” transformou os seus festivais, que se metamorfosearam em celebrações de “amizade”, como nos explicou Sara Alves, a jovem Presidente de 21 anos. Com efeito, para corroborar a sua qualidade amigável, a Presidente Sara Alves e seus colegas de direcção não cobraram entradas para o 25º Festival de Folclore. Nessa ocasião concorreram mais 7 grupos, a saber: o RF Coração do Minho (Hagen), RF Arco Iris (Osnabrück), RF Flores de Portugal (Krefeld), RF Retalhos de Portugal (Harburg), RF Rosa dos Ventos (Arnsberg), RF As Lavradeiras (Gütersloh) e o RF Tradições Portuguesas (Harburg). À boa maneira portuguesa, o festival começou com algum atraso, atraso esse que o Vice-Presidente da CM de Rheine comentou no seu espirituoso discurso. Registou-se também a presença de mais um convidado de honra: Manuel Silva, o último titular do Vice-Consulado de Portugal em
Osnabrück, acompanhado da mulher e dos dois filhos. Por a cidade de Rheine ter passado para a área de jurisdição do Consulado em Düsseldorf o PORTUGAL POST perguntou a Manuel Silva o motivo da sua presença, o qual explicou estar ali a título particular, como convidado da Presidente do Rancho Folclórico “Âncora do Mar”. Acrescentou que a sua relação de proximidade e amizade com a comunidade portuguesa não nascera no dia que em assumira a chefia do ViceConsulado em Osnabrück, logo não morrera no dia em que cessou funções como titular daquela representação consular. “Quando me dirigi à Comunidade Portuguesa, pela última vez na qualidade de titular do posto consular em Osnabrück, salientei bem tratarse duma despedida como Vice-Cônsul, nunca do abandono da defesa dos interesses da Comunidade Portuguesa e do apoio às suas iniciativas. Como fui convidado pela Senhora Presidente aqui estou, com todo gosto, e muita honra junto das Portuguesas e dos Portugueses que tive o privilégio de servir durante muitos anos. O respeito e a amizade, cimentados por um reconhecimento mútuo não carecem de títulos oficiais, dependem apenas dos laços criados por uma convivência harmoniosa e pelos esforços sinceros em melhorar o bem-estar das pessoas”, disse Manuel Silva. O 25º Festival de Folclore correu
O ex-Vice-Cônsul em Osnabrück, Manuel da Silva, também mostrou os seus dotes de „folclorista“
como era esperado, e se no início o salão não estava tão repleto como era desejado pelos organizadores, essa situação melhorou com o decorrer do mesmo. Os espectadores puderam apreciar como uma simpática jovem do RF Coração do Minho convidou Manuel Silva a dançar com ela no palco, um convite que o ex-Vice-Cônsul nunca recusou. A noite foi enriquecida pelo
grupo musical “Beto e amigos” vindo de Frankfurt. Num salão que entretanto se encheu de portugueses, na sua maioria jovens; assim se passou uma noite cheia de portugalidade, pródiga de amizade e de boa disposição. Ficam nos registo do PORTUGAL POST os parabéns à direcção do “Âncora do Mar” e à sua jovem presidente por acreditar nas suas capacidades e continuarem a defendê-
las. Recorde-se que o “Âncora do Mar” tem um novo sitio na internet (www.ancoradomar.de) para divulgação das suas actividades. Os visitantes poderão consultar, por exemplo, uma extensa reportagem fotográfica do último festival. Os admiradores do grupo podem ainda seguir as suas actividades no facebook (www.facebook.com/ancoradomar)
GENTE TAP Alemanha Portugal tem novo Director Carlos Lourenço é o novo director da companhia aérea TAP Portugal para a Alemanha e Áustria. O novo responsável pela TAP vem substituir Frank Zehl que dirigiu a companhia portuguesa de Março 2010 a Março de 2012. Carlos Lourenço é um quadro com muitos anos na companhia e antes de ser nomeado Director para a Alemanha e Áustria estava colocado em Londres como Director da companhia
Pedro Macedo Leão é o novo Diretor do Centro de Negócios em Berlim da AICEP Pedro Macedo Leão nasceu no Porto, onde se licenciou em Engenharia Mecânica, e é desde o dia 1 de Abril o novo Diretor do Centro de Negócios em Berlim da AICEP - Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal. É especialista em comércio internacional, promoção turística e angariação de grandes projetos de investimento estrangeiro. Sempre mostrou grande interesse pela aprendizagem de línguas e culturas estrangeiras o que lhe possibilita hoje exprimir-se em vários idiomas diferentes. Começou a sua carreira profissional em 1990 como Diretor Fabril da unidade industrial em Portugal do grupo alemão Tehalit GmbH. Em 1999 foi convidado para integrar a equipa do escritório da Aicep em Düsseldorf, apoiando as exportações das empresas portuguesas para a Alemanha. Em 2003 foi transferido para Frankfurt am Main e foi responsável pela promoção da oferta turística de Portugal no mercado alemão. Em 2007 foi convidado para dirigir o Centro de Negócios da AICEP em Estocolmo, na Suécia.
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PP DÁ A CONHECER MAIS UM PORTUGUÊS NA ALEMANHA
ÚTIL
Jorge Ribeiro - caminho percorrido de Águeda a Offenbach valeu a pena
A Nova Lei sobre as Equivalências Profissionais na Alemanha
O PORTUGAL POST nas suas viagens em busca de portugueses na Alemanha e das suas histórias entrou num restaurante português para matar a saudade de uma refeição tradicional e aproveitou para conhecer mais um lusitano, o senhor Jorge Ribeiro. Amável, Jorge Ribeiro aceitou conversar connosco e dar-se a conhecer aos leitores do PP. Contou-nos que começou a trabalhar aos 12 anos num café em Aveiro, cidade onde esteve cerca de 12 anos. Natural do centro do país, concretamente de Águeda, em Agosto de 1998 resolveu vir passar umas férias em casa de familiares radicados na Alemanha. Nesse período aproveitou para trabalhar e como nos disse “gostei do trabalho e gostei daquilo que me pagaram”. A sua vida iria mudar. Regressou a Portugal para se despedir da firma. Estabelecendo as diferenças que encontrou entre Portugal e a Alemanha, o nosso interlocutor referiu que “o trabalho aqui é mais rigoroso e trabalha-se mais. Em Portugal para almoçar tínhamos uma hora ou mais. Comíamos bem e bebíamos mais álcool. Cá é diferente. Temos 10 minutos de manhã e 30 ao almoço. O emigrante que vem para a Alemanha e que queira fazer a vida que faz lá, não tem hipótese”. Como acontece com quase todos os emigrantes, Jorge Ribeiro também teve problemas com a adaptação à língua germânica e que ainda hoje lhe
dificulta um pouco a sua vida. Resolve este problema com a ajuda de amigos Na firma onde trabalhou 5 anos, o encarregado era português e isso facilitou-lhe a vida. Confessa que o que sabe da língua alemã “dá para desenrascar e comprar tudo sozinho”, mas “para tratar de assuntos oficiais, bancos, finanças,etc., tenho que recorrer a ajuda”. Como nos disse, trabalhou numa firma de limpezas antes de se dedicar à restauração, que foi sempre a sua actividade. Essa empresa fechou e esteve um ano no fundo de desemprego.
Foi a estrada de Águeda para Offenbach que o trouxe a este restaurante português situado na Waldstrasse 40, e que explora sozinho desde os finais de 2006. Já era um estabelecimento similar e que encerrou devido ao facto dos donos terem ido embora. Ao iniciar esta nova etapa da sua vida, Jorge Ribeiro pensou em criar um espaço português, que fosse o mais parecido com o do seu país. “Um português no meu restaurante sente-se em casa, não só pela comida, mas também,pela animação e ambiente”. Confidencia ainda as
especialidades da casa que fazem as delícias dos seus cliente: “leitão à Bairrada, chanfana, vitela à Lafões ou o bacalhau, a escolha é variada”, refere. “Os alemães gostam muito destes pratos, pois vão a Portugal passar férias e já os conhecem”. Em termos de clientela Jorge Ribeiro adiantou que alguns espanhóis e italianos também procuram o seu espaço. Os alemães são excelentes clientes e dividem o espaço em perfeita comunhão, havendo até alguns que fazem “os pedidos em português, com sotaque, claro”. Jorge Ribeiro tem a preocupação de manter as tradições, apostando na música e músicos portugueses para animar os serões do restaurante. Saborear a gastronomia portuguesa e passar um serão dançante são boas razões para visitar este português e o seu restaurante em Offenbach.. A conversa estava na recta final e o PP pediu-lhe para enviar uma mensagem para aqueles compatriotas que pensem em rumar terras germânicas. “ Os que pretenderem vir para a Alemanha devem fazê-lo com trabalho assegurado. Quase todos os dias chegam aqui portugueses a pedir trabalho. E o conselho que dou é mesmo não virem assim à “papo-seco”. E assim demos a conhecer mais um português na Alemanha. Quem será o próximo? Fernando Roldão Correspondente em Frankfurt
Duisburg festeja a língua e cultura portuguesas A câmara de Duisburg, através da sua VHS, (Escola Superior Especializada de Adultos) tem sempre mantido uma janela bem aberta para temas que incluam e fortaleçam o multiculturalismo. A nossa língua, que une as mais diversas culturas espalhadas pelo universo, te, já há anos, merecido aqui um espaço muito especial. Apesar da comunidade portuguesa ter sido, já há alguns anos, dizimada pelo abandono desta bacia do Ruhr das grandes industrias ligadas ao ferro, ao aço e ao carvão, as intervenções culturais lusófonas, tomaram um outro rumo, fazendo-se ouvir noutros palcos ganhando assim outros atentos interessados. Quem entra no gabinete da Dr. Claudia Kleinert, a responsável na academia por este pelouro cultural, sente bem perto a importância da Língua de Camões no mundo. José Saramago com uma frase muito sua, serve de orientação e
de decoração numa das paredes do seu gabinete. Língua Portuguesa – Um oceano de Culturas é o tema duma serie de actividades e acções a realizar no mês de Maio. Pretende render uma homenagem a cada artista que servindose da língua de Camões, conseguiram unir um único berço para as tantas e diversas culturas do universo. A iniciativa pretende ser uma viagem a este mundo cultural. Laura Rodrigues Nöhles, professora de português na VHS, Ângela Nunes Pereira, Doutora em Antropologia de Educação e investigadora linguística, e Maria Manuel Durão, Cônsul Geral de Portugal em Dusseldorf, serão os anfitriões e co-responsáveis destes eventos. A participação do Instituto Camões é outra peça muito importante neste quadro bem definido. A programação esta assim definida:
Sábado, 5 de Maio das 18:00 às 21:30 horas Abertura solene da exposição “Língua Portuguesa – Um oceano de Culturas ” com a presença da Senhora Consul Geral de Portugal em Düsseldorf. A abertura será adornada com o grupo de fados de Coimbra “Verdes Anos”. A entrada é livre e não faltarão as especialidades do costume e as bebidas refrescantes. Sexta-feira, 25 de Maio das 19:00 às 21:30 horas Sina Nossa canta e encanta Concerto de Fado com o grupo musical “Sina Nossa” de Dortmund, Sina Nossa. A preço da entrada será de 10€. * Sexta-feira, 01 de Junho , das 19:00 às 21:30 horas Encerramento e viagem através do mundo da música Apresentação e atuação do cantor brasileiro Marcelo da Paz e uma palestra subordinado ao tema “O Homem do Leme” sobre a música portuguesa no século 20 com Alexandre Martins Todas as iniciativas terão lugar numa das salas da VHS, numa das ruas mais centrais de Duisburg, bem perto da Estação Central (HBF) de caminhos de ferro, na Königstr. 47. Aproveitamos para apelar aos elementos da Comunidade lusa de todas as gerações e que vivam nas imediações de Duisburg que apareçam e participem destes eventos e que passem a palavra a outros falantes de Português. Vale a pena! Para o próximo semestre já estão agendadas outras iniciativas que a seu tempo informaremos. José Gomes Reodrigues, Correspondente
No dia 1 de Abril do corrente entrou em vigor a nova lei sobre o reconhecimento de habilitações estrangeiras que pretende facilitar o processo de equivalências. As disposições do novo diploma abrangem os cursos profissionais e universitários. Assim, quem tiver obtido diplomas profissionais no estrangeiro, poderá submetê-los para apreciação com o fim de equivalência aos diplomas profissionais alemães. A nova lei permitiria colmatar défices a nível da oferta de mão-de-obra qualificada no país. Segundo um estudo da Prognos AG , prevê-se para 2030 um défice de 460 mil trabalhadores qualificados em Berlim. A Senadora do Trabalho nesta cidade, Dilek Kolat (SPD), espera que a nova lei sobre o reconhecimento de habilitações estrangeiras venha facilitar a procura de emprego pelos nacionais de outros países na Alemanha. A Câmara dos Operários e Artesãos (Handwerkskammer) de Berlim considera que esta lei é um passo positivo porque faltam trabalhadores qualificados nesta cidade, uma situação que é necessário resolver. Faltam, especialmente, electricistas, padeiros, pasteleiros e carniceiros/cortadores. Quem tiver concluído um curso nesta área no estrangeiro poderá pedir a respectiva equivalência junto desta câmara. De acordo com esta associação, no mês de Março, mesmo antes da aprovação da lei, já haviam recebido trinta pedidos da Itália, Grécia e Espanha. Um quarto destes foi de cabeleireiros, mecânicos e outros. A cidade de Berlim está a organizar uma rede com pontos de aconselhamento. A primeira reunião com os requerentes será gratuita. O processo de requerimento na Câmara dos Operários e Artesãos tem um custo aproximado de 100 a 600 Euros. Em Berlim vivem vários estrangeiros com diplomas profissionais ainda não reconhecidos e que, por esta razão, trabalham como taxistas ou em bares, lavam pratos, vendem flores, etc. A nova lei não só irá resolver a sua situação, possibilitando a sua reintegração profissional, como veiculará os trabalhadores qualificados de que as empresas na capital tanto carecem. Para mais informações vide: w w w. a n e r k e n n u n g - i n deutschland.de Cristina Dangerfield-Vogt
Entrevista
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Alfredo Stoffel, membro do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP)
“Os membros do Governo ignoram os nossos conselhos” Alfredo Stoffel, 52 anos, é, como muitos leitores o sabem, membro do Conselho das Comunidades Portuguesa eleito em Abril de 2008. É também o porta-voz dos membros eleitos pela Alemanha. A entrevista que nos concede foi por nós solicitada com o intuito de se fazer um balanço, ainda que geral, do exercício do CCP-Alemanha dos últimos dos quatro anos. Passados quase quatro anos da eleição dos membros do CCP que palavras pode utilizar para dizer se valeu ou não a pena? Sem dúvida que valeu a pena. Vê-se como o „sistema“ funciona; aprende-se que na política há duas formas de interpretar situações quando um partido está no governo e quando está na oposição. Felizmente ou infelizmente (conforme a maneira como se queira analisar!) assistimos a uma mudança de governo, num período de crise muito grave. Aprendemos a lidar com os discursos de circunstância dos nossos deputados e com a forma (muito) subtil como os nossos governantes vão dando as informações. Não há uma lógica linear no comportamento político; os conselheiros do CCP discutem com os membros do governo os problemas com que as comunidades se debatem. Só que os governantes, em geral nas questões fundamentais, ignoram os nossos conselhos. E que vantagens para a comunidade? Ou melhor: acha que a comunidade sente na prática o resultado do vosso trabalho? Considerando que os governos não têm (e não fazem!) uma política consistente para a diáspora, os problemas com que as comunidades portuguesas se debatem talvez fossem muito maiores. Os conselheiros, nas reuniões periódicas que têm com os representantes diplomáticos (Embaixador, Cônsules - Gerais, Técnicos Administrativos, etc.) falam muito abertamente dos problemas; temos conhecimento que são elaborados telegramas para o MNE, as respostas às nossas questões é que se fazem esperar... Se a comunidade sente na prática o resultado do nosso trabalho? Acho que não! Dentro dos
parâmetros que a Lei 66 - A / 2007 nos confere, fazemos mais um trabalho de persistência e informação junto das autoridades do que um trabalho de base junto das comunidades. Tentamos corrigir erros ou exercer influência para minorar esses erros; e este trabalho a comunidade não o vê de imediato. Nós cumprimos a nossa missão, os governos é que não querem seriamente resolver os problemas das comunidades. Que problemas foram resolvidos por interferência do CCP? Eu colocaria a questão de outra forma, mas deixe-me dizer que contestamos muitas das medidas que os governos têm tomado. Nós falamos com elementos e organizações das comunidades e depois discutimos os assuntos em Berlim ou Lisboa. Nestes encontros tentamos sensibilizar ao máximo os deputados de todos os partidos com responsabilidades na emigração, tentamos sensibilizar os deputados eleitos pelos dois círculos eleitorais e por fim discutir abertamente com os responsáveis pela tutela na procura de soluções. Diga-me: quais são, neste momento, as principais preocupações dos portugueses aqui residentes? Há temas que tocam mais a comunidade que outros, por exemplo: *) o problema do EPE com a agravante de o IC levantar uma propina de 120 Euros. *) o encerramento dos ViceConsulados em Frankfurt e Osnabrück *) a situação de reforma de muitos compatriotas e os problemas sociais daí provenientes *) a nova onda de emigração E de que forma é que fazem chegar essas questões aos
Alfredo Stoffel
responsáveis governamentais? Através das reuniões periódicas com os representantes diplomáticos (Embaixador e Cônsules - Gerais), ou através de perguntas feitas directamente aos responsáveis por determinados pelouros. Como é que exercem a vosso trabalho e que meios têm para o concretizar? O CCP levou uma grande machadada na sua capacidade de acção com a última lei ( lei 66-A / 2007) aprovada pela maioria absoluta do Partido Socialista. Os conselheiros foram reduzidos de 100 para 63 ( mais 10 designados pelo responsável da tutela ). Os Conselhos Regionais e de País foram eliminados e retiradas as possibilidades financeiras de exercermos o nosso trabalho junto das comunidades e entre os conselheiros de cada país, Para um país tão vasto como a Alemanha isso criou-nos uma situação muito difícil, impedindo reuniões e encontros regulares nas associações portuguesas. Considerando portanto que o CCP não tem um orçamento para o trabalho com a comunidade, só estão previstos encontros periódicos com os titulares das missões diplomáticas e dos postos consulares (encontros semestrais ) e com os conselheiros e adidos do MNE nas Embaixadas de Portugal (encontros trimestrais ); estas viagens são reembolsadas. Todas as despesas fora do quadro legal da lei 66-A / 2007 são
suportadas por cada um dos conselheiros. Resumindo: como e com que meios exercemos o nosso trabalho? Com uma grande dose de boa vontade e com a consciência de que estamos a fazer um trabalho muito válido para a comunidade.
O SECP apresentou em Fevereiro, ao CP - CCP, um documento para discussão onde entre outros temas se falou da revisão da lei do Conselho das Comunidades Portuguesas. Sei que este tema está a ser discutido dentro do CCP e das respectivas Comissões Permanentes.Mais informações não tenho.
Estão a acompanhar as transformações na comunidade? Perguntando de outra forma: acha que a comunidade tem os mesmos problemas de há 5 ou 10 anos? Alguns problemas são crónicos (exp. Ensino e Associativismo), outros são mais recentes e têm a ver com a primeira e segunda geração de emigrantes e que agora estão em situação de reforma.
Em que moldes funcionará? O SECP apresentou um conjunto de ideias, algumas com muita validade e nessa base deve sair uma lei mais virada para o trabalho de base. Está a ser discutido a (re)criação do Conselho Regional e do Conselho de País, assim como a transferência da tutela para a Assembleia da República. O Conselho será o órgão consultivo e representativo das comunidades para questões da emigração. Segundo o caderno apresentado pelo SECP, o Conselho pronunciar-se-á sobre questões colocadas pelo Governo ( da República e Regional ) e pelos deputados; algo novo será o direito dos conselheiros de poderem formular perguntas por escrito ao Governo. Sem querer lêr na bola de cristal, não vejo que este processo esteja concluído antes do fim do Verão.
Estão na posse de elementos que indicam a chegada de mais portugueses a este pais devido à crise em Portugal? Sabemos que há uma nova onda de emigração para a Alemanha; muitos portugueses vêm para casa de familiares e têm assim algum apoio; outros procuram emprego nas grandes cidades como Berlim ou Hamburgo. Não tenho no entanto dados concretos, não podendo neste momento dizer quantos emigrantes vieram nos últimos doze meses para a Alemanha. Já tem informações de que haverá em breve eleições para este órgão?
Vai promover uma lista para voltar a candidatar-se? Depende do conteúdo da lei que for aprovada; nos moldes da lei 66-A / 2007 por certo que não! Mário dos Santos
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Alemanha
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Crónica Por Glória de Sousa*
Cá dentro mas fora
J
á passou mais de um ano, mas é assim que ainda me sinto: dentro, mas fora, da Alemanha. Cheguei cá, quase por acaso, ou porque as teias do destino assim o teceram sem esperarem permissão. Na verdade, desconhecia que chegaria à Alemanha menos de um mês antes de cá ter posto os pés; e nem sequer imaginava que o provisório estágio seria afinal o princípio de mais uma história de emigração. O primeiro meio ano voou e eu viajei nas suas asas, empoleirada no entusiasmo da experiência única de trabalhar, pela primeira vez, fora do meu chão português e na descoberta das terras germânicas que se estendiam diante dos meus olhos. Acho que talvez por isso fiz, sem querer, “orelhas moucas” à palavra repetida aos ouvidos de quem chega, integração. Não que a recusasse, pelo contrário. Mas para quê envolver-me demasiado se, afinal, “amanhã” já me vou embora?! - pensava. Pensava mal. Pois acabaria por ficar sem data
de regresso e dei por mim perdida, várias vezes, nos primeiros tempos. E mesmo hoje nem sei bem onde estou. Cheguei cá sem chave para decifrar o complexo código que é a língua alemã. E por isso, senti-me que nem peixe fora de água a tentar dar sentido aos avisos anunciados na plataforma do comboio, a descobrir nas prateleiras o champô para cabelos com caracóis ou esforçando-me para captar o valor da conta a pagar no supermercado sem ter de recorrer desesperadamente os olhos para o ecrãzito da caixa. Assim, aprender alemão tornouse uma necessidade. E com um curso intensivo, estava lançada a primeira pedra. Mas, verdade seja dita, a obra da minha integração por cá é empreitada demorada e aventuro que será que nem a da Sagrada Família. O que não quer dizer que seja pessoa de me esquivar a esse ou a outros trabalhos, pelo contrário, arregaço prontamente as mangas! Mas esta língua alemã tem umas matérias-primas
muito peculiares. As declinações e as infinitas excepções atrasam-me a obra. E há ainda outros atritos, reconheço. Longe do meu país, o português continua, todavia, a ser a minha língua para o trabalho e para o tempo fora dele. A maioria senão mesmo todos os amigos de cá fizeram um percurso semelhante, saíram do país (de língua portuguesa) para trabalhar na Alemanha, pelo que as raízes nesta terra são pouco profundas. E assim, o alemão continua a passo de caracol e o meu projecto de integração ainda mal saiu do papel. Já o mapa da Alemanha desdobrei-o desde cedo, com a ânsia de querer ver, cheirar e apalpar as cores, os cheiros, a História e, de norte ao sul, visitei já muitos lugares do país. Mas o que vi é ainda pouco para poder conhecer que traços tem o rosto deste povo. E quando chego a Portugal muitos me perguntam já afirmando: “os alemães são frios, não são? Esses perguntadores de estereótipos, que mui-
tas vezes nem sequer conhecem o país que me acolhe, julgam mais depressa que eu um povo que ainda descubro. Emudeço, incapaz de corroborar a imagem conotada aos germânicos ou de a contrariar. E balanço cá dentro: realmente, reconheço que nem sempre são simpáticos quando preciso de tratar de burocracias (mas em Portugal também há uns sorrisos amarelos neste tipo de serviços); por outro lado, se fossem os alemães assim tão sisudos porque iriam comemorar calorosamente o Carnaval de Colónia ou aquecer o espírito frio de Dezembro com o “glühwein”?! Incapaz ainda de traçar o perfil do país, das pessoas e da sua cultura, sinto-me além de uma estrangeira uma estranha. Estou cá dentro, mas fora. Olho para o lado para saber se mais há quem padeça do mesmo mal. E percebo que muitos mais jovens povoam comigo este mundo “in-out Germany”. Sendo este um país de imigrantes, tanto mais atractivo numa
altura em que noutros se vivem em dificuldades, muitos jovens com qualificações vêm para cá tentar a sua sorte. E como estudaram, o inglês, o francês ou o espanhol pulam a barreira da língua. Assim formam também eles os seus próprios círculos multiculturais, onde a secção cultural alemã ocupa, muitas vezes, não mais que o “hall” de entrada. Não é desprezo parece que é antes o caminho mais fácil. Por isso é frequente conhecer pessoas que estão cá, há mais anos que eu e articulam ainda menos alemão do que o que consigo. E arrisco ainda que em muitos casos a integração na cultura do país é ainda um atrapalhado esboço. Por isso, dizer que se vive na Alemanha não é mais do que, muitas vezes entre jovens estranhos e estrangeiros, uma mera referência geográfica, porque da Alemanha pouco se sente. * Jornalista da DW e cronista do PP a partir da presente edição PUB
Alemanha
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Crónica Por Cristina Krippahl
Mentira, claro
N
o passado dia 25 de Abril, na comemoração daquela que passou a ser uma data folclórica para a classe política portuguesa, o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, pediu a “todos os portugueses” que corrijam a falta de informação e a desinformação que existem no estrangeiro sobre Portugal. Lancei imediatamente mãos à obra para repor a “verdade dos factos” - como os jornalistas portugueses de hoje gostam muito de dizer. Na Alemanha, onde vivo e tenho acesso imediato a todas as mentiras horrorosas sobre o meu país espalhadas diariamente pela imprensa germânica, o primeiro artigo que me caiu em mãos foi publicado pelo Hamburger Abendzeitung no dia 21 de Abril. É da autoria de Stephan Brünjes e tem o título “Rally das portagens em Portugal”. Trata-se de uma reportagem que relata, num registo inevitavelmente irónico, as peripécias no Algarve deste jornalista, que
teve a péssima ideia de querer ser honesto e pagar as portagens que devia por utilizar a auto-estrada numa viatura de aluguer. O artigo pode ser encontrado Online e eu recomendaria a leitura ao Sr. Presidente, pois ilustra bem que a imagem por vezes negativa que os estrangeiros têm de Portugal não resulta de ignorância ou da mentira, mas, pelo contrário, da experiência própria. Outro artigo que me chamou a atenção foi publicado Online na Ärzte Zeitung.de no dia 11de Abril. O jornal alerta para uma editora de nome United Directorios Lda com sede em Lisboa, cuja especialidade é oferecer registos “gratuitos” num directório da profissão. Com lendária chico-esperteza lusa, os médicos que caem na ratoeira comprometem-se, sem sequer se dar conta, a pagar mais de mil euros pelo “serviço gratuito”, pois para perceber o fraseado artístico é preciso ter a competência de um jurista, adianta a publicação. Uma prática que não reflecte muito
positivamente sobre os portugueses, convenhamos. Mas como convencer os responsáveis por esta publicação alemã a retractarem-se, se até têm exemplos de médicos alemães que caíram na esparrela? Num registo menos anedótico dei uma vista de olhos aos artigos que no último ano e meio foram consagrados à situação económica e financeira de Portugal. O que sobressai é o profundo conhecimento de causa com que fala a maioria das publicações ditas sérias ou de refe-
“Agora, a grande parte da imprensa e dos especialistas independentes na Alemanha conta com um novo pacote de resgate para Portugal o mais tardar em Setembro, provavelmente acompanhado por uma reconversão da dívida a exemplo do que se passou na Grécia.
rência. O que chama a atenção, é a grande simpatia com que a imprensa trata o país co-responsável pela miséria da crise de dividas que abala a Europa. E o que espanta é que já muito cedo jornalistas e economistas mostraram-se convictos da inevitabilidade de Portugal pedir um pacote de resgate à União Europeia, quando isso ainda era absolutamente negado por jornalistas e economistas portugueses (dos políticos nem falo). Agora, a grande parte da imprensa e dos especialistas independentes na Alemanha conta com um novo pacote de resgate para Portugal o mais tardar em Setembro, provavelmente acompanhado por uma reconversão da dívida a exemplo do que se passou na Grécia. Ninguém na Alemanha acreditou nunca que Portugal estivesse em condições de regressar aos mercados financeiros em 2013, algo que só muito recentemente o próprio primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, admitiu publicamente. E os jornais alemães alerta-
ram também sempre – e fazem-no com cada vez maior urgência – para o enorme perigo que representa uma pura política de austeridade sem medidas de fomento conjuntural. Acontece que eu acho que eles têm razão. Conclusão, tenho grandes dificuldades em cumprir a sugestão do Presidente Cavaco Silva e sair em cruzada em prol da verdade e da honra pátria. Não sei onde estão os moinhos de vento contra os quais ele quer que eu me lance. Embora me ocorra um bom conselho para o jornalista alemão apanhado na teia das inanidades burocráticas do nosso país quando tentou pagar as portagens que devia: em vez de desistir de futuras viagens a Portugal, faça como os seus conterrâneos, Rolf Kraus-Freiberg e Franz Sigl de Lauberg, que, há poucos dias, rumaram a Lisboa ... de bicicleta. Estou curiosa por ouvir o relato do civismo dos automobilistas portugueses feito pelos dois aventureiros. Que será todo ele mentira, claro. PUB
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Opinião Luciano Caetano da Rosa
Um governo subversivo, sem a legitimidade de Abril
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irijo-me mais uma vez às Comunidades portuguesas na Alemanha em vésperas de mais uma comemoração da gloriosa data histórica do 25 de Abril, a Revolução dos Cravos de boa memória, que vive no pensamento e mora no coração de milhões de portugueses amantes da paz, do progresso, da democracia e da liberdade. Foi graças ao 25 de Abril que Portugal saiu do triste e vil isolamento em que se encontrava no contexto das nações, foi graças a essa Revolução que o povo readquiriu a liberdade e se abriram as portas às maiores conquistas democráticas, antes jamais alcançadas em quase nove séculos de História. Qual farol mundial por uns instantes históricos, a vitória de Abril sobre o fascismo deu brado e iluminou com brilho intenso o noticiário dos países, atraiu a juventude do mundo aos comícios em Lisboa e às cooperativas da Reforma Agrária, influenciando a Europa e a política mundial, pondo o imperialismo de sobrea-
viso. As mulheres portuguesas, por exemplo, adquiriram mais direitos nesses escassos anos de dinâmica revolucionária do que nos muitos séculos de História. O povo quando quer e se decide é mais forte do que todos os arsenais. E de novo o povo terá que vencer, pois, a situação actual é cada vez mais grave, mais drástica, mais cruel, mais insustentável para quem trabalha ou quem quer trabalhar. O governo actual do protectorado em que Portugal se transformou devido às políticas de direita, antipatrióticas e de catástrofe nacional, é um governo subversivo, sem a legitimidade de Abril, um governo submisso aos ditames de estrangeiros e da burguesia nacional que terá, forçosa e necessariamente, de ser derrubado. Mais cedo ou mais tarde, mas mais cedo do que tarde. O ataque aos direitos dos portugueses, o pacto de agressão prosseguindo em larga escala em todas as frentes, tudo isso faz com que digamos Basta! Também aqui na Alemanha, as Comunidades se
vêem a braços com novo imposto, com a famigerada propina de 120 euros para que as crianças portuguesas possam frequentar o Ensino do Português no Estrangeiro (EPE). Ora, o EPE deve ser gratuito e universal! O Ensino do Português no Estrangeiro está constitucional-
mente garantido. É ilegal querer fazer pagar 120 euros pela inscrição de cada criança no EPE. Por consequência, as Comunidades têm de se mobilizar contra mais este imposto não declarado como
tal. A propina é inconstitucional, anti-constitucional, o que queiram chamar-lhe, e, como tal, é ilegal porque contraria a lei máxima do País, a lei de todas as leis, a lei a que todo o ordenamento jurídico se deve subordinar, a Constituição da República Portuguesa. Um governo que desrespeita a Constituição deve ser demitido pelo Presidente da República. Com a Constituição não se brinca. Um governo que propõe medidas inconstitucionais, como a propina de inscrição no EPE de 120 euros, torna-se ele próprio ilegal, um governo fora da lei, um governo antidemocrático que esgotou a confiança que o eleitorado lhe concedera nas urnas. Há, contudo, ainda as instituições europeias a que se pode e deve recorrer. Este processo deve ser desencadeado, após estudo criterioso, por exemplo, através de Queixa às instituições competentes. A propina é discriminatória, penaliza as famílias, causa sérias dificuldades a este subsistema de ensino, ataca a nossa identidade, a
nossa língua e a nossa cultura. As Comissões de Pais, o CCP, os democratas, as famílias, os professores, o Movimento para a Defesa do Ensino do Português na Alemanha, todos unidos devem fazer valer os seus direitos inalienáveis. Há, de certeza, princípios que estão a ser espezinhados (tratamento de igualdade, etc) tanto à luz da legislação portuguesa como à luz dos tratados europeus em vigor. Temos de provar a breve trecho que a propina está a infringir tratados europeus e, por essa via, conduzir o governo à derrota. A luta é a nossa Primavera. Se não lutarmos, já perdemos, pois, mesmo lutando a vitória não é fácil. Por isso, o apelo às Comunidades para lutarem por esta bandeira do ensino às crianças e jovens portugueses é absolutamente inadiável numa altura em que voltamos a comemorar Abril. Os valores de Abril e a democracia evoluída nos campos social, económico, político, cultural e ambiental estão na ordem do dia. Isto vai, amigos, com confiança e com luta, vai!!! PUB
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Imigração
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Alemanha regista subida do número de imigrantes Governo alemão divulga crescimento de 2,6% da população estrangeira no país em 2011 – o maior dos últimos 15 anos. Conjuntura económica favorável e ofertas de emprego são apontadas como causas para imigração elevada. De acordo com dados divulgados pelo Departamento Federal de Estatística da Alemanha, cerca de 6,93 milhões de pessoas com cidadania exclusivamente estrangeira viviam na Alemanha no final de 2011 – 177.300 mais do que no ano anterior. O crescimento de 2,6% foi o maior dos últimos 15 anos. A maior parte dos imigrantes, 88%, vêm dos Estados-membros da União Europeia (UE), especialmente do Leste. „Os números elevados devem-se, naturalmente, à liberdade de circulação que entrou em vigor para os novos Estados da UE no ano passado“, diz Ilona Riesen, do Instituto da Economia Alemã em Colónia (IW). Com excepção da Roménia e da Bulgária, a liberdade de circular vale para todos os parceiros da Alemanha na UE. É particularmente evidente o aumento de cidadãos da Polónia e da Hungria.
Mesmo que as estatísticas não indiquem os motivos da vinda de estrangeiros para a Alemanha , a ligação entre imigração e oportunidades de trabalho é uma explicação considerada bastante plausível por pesquisadores. Chama-se a atenção o facto de haver na Alemanha mais pessoas provenientes dos Estados da UE em crise do que em anos anteriores, mas talvez não sejam tantos quanto se esperava dada a gravidade da situação económica de alguns países. „O meu palpite é que, mesmo que ecluda uma crise, as pessoas não empacotam imediatamente as suas coisas e vão para outro país“,
considera uma especialista em assuntos de imigração. A mesma especialista destaca as barreiras linguísticas para a emigração para a Alemanha. Nos países em crise Espanha, Portugal e Grécia, por exemplo, o ensino de alemão não ocupa uma posição de destaque nas escolas. Marion Rang, especialista em mercado de trabalho da Agência Federal do Trabalho, diz que a instituição está de olho nos países do euro em crise. „É exactamente ali que está a mão de obra que pode ser útil para a Alemanha. Na Espanha há muitos engenheiros desempregados, e nós estamos à procura de
engenheiros aqui“, diz. Também na Grécia e em Portugal, a Agência tenta recrutar candidatos adequados para empresas alemãs, como foi o caso da cidade de Schwäbiusch-Hall. Conhecimentos linguísticos também são uma questão-chave nesse caso. „Na Alemanha, a maioria das vagas está na empresas de médio porte, e tais empresas querem poder conversar em alemão com seus funcionários“, afirma Rang. Segundo a especialista, não é possível detectar na Alemanha uma invasão maciça de pessoas em busca de emprego vindas dos países em crise. Percebe-se, porém, um grande interesse pelo país, a partir do maior número de alunos nos Institutos Goethe locais, por exemplo. Razões familiares fazem, muitas vezes, com que as pessoas hesitem em emigrar. Rang menciona também mais um problema: as expectativas dos trabalhadores estrangeiros. „Todos querem ir para Berlim, Hamburgo ou Munique, ou seja, as cidades grandes e interessantes“, diz. Mas, segundo a especialista, quando descobrem que há mais vagas nas áreas rurais do estado de Baden-Württemberg ou do
leste alemão, ficam decepcionados. Esse não é, porém, um obstáculo intransponível para quem deseja realmente imigrar para a Alemanha, afirma Rang. Ao contrário dos cidadãos da UE, imigrantes de países que não pertençam ao bloco precisam de um visto de trabalho. Nesse sentido, houve uma evolução significativa nos últimos cinco anos, aponta Riesen a partir das recentes estatísticas. O número de estrangeiros com um visto de residência por tempo indeterminado aumentou expressivamente. „Esse visto implica o direito de permanência por tempo indeterminado na Alemanha. E esse é um aspecto importante na relação com países não europeus, pois, se alguém tem permissão de morar na Alemanha por tempo indeterminado e trabalhar sem restrições, as chances de uma melhor integração são muito maiores“, diz Riesen. No que diz respeito aos portugueses que escolhem a Alemanha para trabalhar, fugindo à crise que assola Portugal, não é possível ainda dizer qual o número de portugueses que vieram para este país desde que Portugal foi resgatado pelo FMI, UE e BE. DW com PORTUGAL POST PUB
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Entrevista
PORTUGAL POST Nº 214 • Maio 2012
João Salaviza, o novo talento do cinema português premiado com um Urso de Ouro na Berlinale 2012
Eu não estava mesmo nada à espera de ganhar o prémio João Salaviza é o jovem e talentoso cineasta português que foi premiado pela sua curtametragem “Rafa” com o Urso de Ouro na Berlinale 2012. Já é longo o seu palmarés de participações e prémios recebidos em prestigiados festivais de cinema. Salaviza extrai temas da realidade que constrói em filmes observacionais. A curta, Rafa, estreia em Lisboa no dia 10 de Maio e as rodagens da primeira longametragem do realizador começam neste Outono Entrevista de Cristina Dangerfield-Vogt Lisboa-Berlim João Salaviza, vamos começar a nossa conversa pelo fim. Já concluiu o guião para a sua primeira longa-metragem? Escrevo sempre várias versões do guião e sinto que ele nunca está fechado. É no encontro da matéria com o real, que é o que me interessa verdadeiramente, mais do que às coisas que escrevo sozinho, que o filme acaba sempre por se redefinir. Na verdade, já escrevi três versões do guião: uma deles é a versão que tem sido submetida para apoios. Mas, neste momento, continuo a trabalhar essas versões anteriores. O guião é uma coisa que, no meu caso, está sempre em construção. Vai filmar a sua primeira longametragem em película? Como vai resolver os problemas extraordinários relacionados com essa escolha? Está a ser cada vez mais difícil até porque a Kodak anunciou a falência e a Fuji já anunciou que nos próximos anos vai descontinuar a produção de película. Neste momento elas são as únicas produtoras de película. Portanto, é uma coisa que tenho de resolver rapidamente, mas idealmente queria continuar a filmar em película. Pelo menos a minha longa, queria ainda conseguir filmar em 16 ou 35 mm. Que laboratório usa em Portugal? A Tóbis está a despedir pessoal... A Tóbis está parada. O outro laboratório, Light Film, que também funcionava deixou de ter a parte de revelação de película. Já no Rafa fiz toda a pós-produção de imagem em Paris. Neste momento, as pessoas em
Portugal que continuam a filmar em película têm feito a revelação da película em Madrid, que é o laboratório mais perto de Lisboa – a uns 700 km daqui - não é muito prático! Pareceme ser quase um acto de resistência continuar a filmar desta forma.
crever o filme, às vezes parece-me pobre. O Rafa é um miúdo que atravessa a ponte e que vem a Lisboa à procura da mãe. Não há nada de muito sofisticado nesta ideia. Mas talvez seja mesmo esse um dos objectivos do seu filme - con-
rece demasiado grande para aquela estrutura tão precária e tão simples. Às vezes penso que os meus filmes têm como referência visual essas casas. Elas têm uma estrutura que é muito frágil, que comporta coisas mais pesadas que nem sempre é a história.
longa-metragem. É a primeira vez nos últimos tempos que se apresenta uma curta antes de uma longa no circuito comercial. É uma coisa pouco habitual em Portugal, não é? É - acontece talvez duas vezes por ano! E, neste caso, a escolha da longa
No fundo é um bocado como a história dos CDs e LPs em vinyl porque dão um som mais autêntico! Sim. E, principalmente, o que eu lamento não é o fim da película, mas é o fim da alternativa, da opção de poder filmar de uma forma ou de outra. É como dizer aos pintores que já não podem pintar a óleo porque deixou de ser viável pintar a óleo. Portanto, na prática, é uma ferramenta a menos de que o artista dispõe. Mas em relação a essas discussões entre a película e o digital, acho que a luta não é uma coisa contra a outra mas uma coisa alternativa à outra, em cada filme faz sentido usar um meio ou outro. No meu caso, apesar de os meus filmes terem uma base, os alicerces dos meus filmes assentam muito na realidade e em coisas concretas, mas a película permite-me ter alguma distância e não tornar os filmes numa coisa hiper-realista, digamos assim. O vídeo digital, neste momento, está tão desenvolvido que nós vemos mais coisas do que o olho humano vê. E parece-me que há muitos filmes que acabam por ter um look quase científico, estilo National Geographic, que não me interessa nada. Acho que a película permite essa distância e essa quase poesia da imagem. Quer falar do tema do seu novo filme? É um filme muito simples, é sobre uma família em Lisboa, no momento presente, da classe média, mas ainda é um bocadinho cedo! A relação das personagens com a cidade vai ser muito importante no filme. Vai andar à volta dos mesmos temas: da forma como um indivíduo existe dentro de uma coisa mais abrangente e mais opressora que é a sociedade, enfim, como inscrevemos a nossa história nesta coisa mais abrangente. Mas vai ser outra vez um filme muito simples com uma narrativa muito pequena. João Salaviza, nem Rafa nem Arena são filmes simples para o espectador! Mas são filmes que eu consigo contar linearmente, em duas linhas isso também me agrada. Agora já convivo com isso de uma forma mais confortável mas, inicialmente, lembro-me de quando me perguntavam em festivais: “então o que é que é o teu filme?” - sentia-me um bocadinho desconfortável porque não tinha muito para dizer. Dizia “é um filme sobre um rapaz que vai à procura de outro por causa de vinte euros”. É óbvio que filmava outras coisas que não essas, mas aquilo que eu consigo dizer por palavras quando tento des-
tar uma história que é aparentemente simples e em que as suas imagens nos revelam outros níveis de narração! Claro, eu gosto que os planos não tenham um carácter meramente informativo, que não sejam apenas vasos que nos acrescentam informação para a história avançar. Gosto que em cada cena e em cada plano o filme e as próprias personagens quase que possam ser o objectivo principal, que elas possam existir com autonomia e independência narrativas nesse fio que é muito ténue. Penso naquelas construções sobre a água na Ásia, onde por vezes há uma casa que às vezes pa-
Já conseguiu os apoios necessários para o seu novo filme? Tive o apoio do Instituto de Cinema em Portugal. Também da coprodutora do Rafa. Estou à procura de financiamentos alternativos, de fundos europeus, co-produção da França, da Alemanha e no próprio Brasil e em Portugal. Também estou à procura de alternativas que possam complementar o apoio do Instituto de Cinema. O seu filme “Rafa” teve ante-estreia no IndieLisboa deste ano e estreia nos cinemas da UCI em 10 de Maio, e isto antes de uma
foi particularmente feliz. Tem uma coisa que joga a nosso favor que é a longa ser de uma hora, uma longa bastante curta, ou seja, a duração da sessão vai ser razoável. E por outro lado, é interessante ver um possível diálogo entre eles. Ambos os filmes têm uma personagem juvenil como protagonista e há um lado muito observacional tanto no meu filme como no Nana de Valérie de Massadian. Portanto acho interessante encontrarse ligações entre os filmes quando se escolhe esta forma de mostrar os filmes. Aliás, acho mais interessante este compromisso de uma longa com uma curta do que os festivais de cur-
Entrevista
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João Salaviza
Os espectadores em Portugal estão a voltar a querer ver filmes portugueses tas em que se mostram 6, 7 curtas todas de seguida. Penso que todos os filmes acabam por sair um pouco prejudicados. Alguns festivais têm 10 curtas e 10 longas e eu acho este formato mais interessante. E é também mais atraente para o
realizador e como montador. Ele foi montador nos últimos quatro filmes do Paulo Rocha. Ele chegou a ter uma mesa de montagem à antiga em casa. Lembro-me de quando ia dormir ficar a ouvir a repetição das takes, mas até uma certa idade nunca pensei que seriamente iria fazer cinema – queria ser
produções francesas, que eram rodadas em Portugal, em papéis secundários. Vivi sempre muito familiarizado com o meio do cinema em si. Se calhar por isso é que nunca me fascinou muito. Nunca foi muito forte porque a coisa estava muito próxima. Aconteceu simplesmente. Foto: Salaviza
“O cinema tem essa importância histórica. Esquecemos muitas vezes que talvez a única forma de arte que nasceu depois do renascimento é o cinema, possivelmente, é a arte da idade moderna, do período pós-industrialização, e parte da nossa história está a ser escrita por imagens e sons”
espectador e permanece mais facilmente na memória! Acho que sim. E é mais digno para os filmes. Quando é que o João Salaviza descobriu que queria fazer cinema. Quando é que soube que queria filmar, captar em filme a realidade? Não há assim um momento específico. Hoje, quando começo a olhar para trás, é como se tivesse sido empurrado para fazer filmes, sem me ter apercebido disso e sem ter tido consciência desse processo. O meu pai também trabalha em cinema como
jogador de futebol, ou jornalista, queria ser uma data de coisas que depois não fui. Nunca levei muito a sério essa possibilidade, só depois de entrar para a escola de cinema, e entrar em contacto com outras pessoas e começar a ver outro tipo de cinema é que comecei a perceber que, quase sem tomar muito a consciência disso, estava a ser levado para aquilo que eu queria fazer. Mas pronto, a história não é assim muito interessante. Foi um processo muito gradual. Quando era miúdo entrei em muitos filmes como actor: num filme de Jorge Silva Melo, num outro do Manuel Veloso. Nos anos noventa entrei nalgumas co-
Como se sentiu quando ganhou o Urso de Ouro da Berlinale? Eu não estava mesmo nada à espera e não é por falsa modéstia. Havia 27 filmes. Achei que o Rafa era bastante diferente da maior parte dos outros, portanto era um bocadinho “a carta fora do baralho” naquela programação. E, por outro lado, ninguém me informou, não tive nenhuma dica e, normalmente, nos festivais quando não nos dizem que nós ganhamos, pelo menos sugerem-nos que pode ser que qualquer coisa aconteça. E, de facto, fui para a cerimónia completamente despreparado. Quando me disseram que tinha o prémio, pronto – a
pessoa nem tem tempo de pensar, nem sentir, é tudo muito imediato. Mas eu lido com isso de uma forma um bocadinho distante, apesar de tudo. Tenho a perfeita consciência que os prémios são uma coisa sobre a qual eu não tenho qualquer controle, portanto as minhas angústias são mais com a feitura do filme do que com os prémios. Claro que é óptimo por razões simbólicas e tenho consciência que me pode ajudar sempre no projecto seguinte que o anterior tenha tido reconhecimento. Portanto, esse lado prático claro que é importante. Mas por outro lado eu tenho consciência de que isto é tudo muito subjectivo. Não é como na maratona em que o primeiro a chegar - ganha sempre. Não há nada a fazer, são os filmes, são pontos de vista, ideias sobre o mundo que se materializam na forma de um filme e, portanto, não há uma coisa melhor que outra. Também me permite lidar com algumas outras situações, como por exemplo, o filme que fiz entre Arena e o Rafa, que foi o Cerro Negro, que é uma das coisas que eu fiz que eu mais gosto e que, por algum mistério, não é um filme que tenha sido muito visto, nem circulou muito. Houve bastantes festivais que não quiseram exibir o filme e, portanto, isto também me ajuda a não deprimir quando isso acontece porque sei que estamos no plano do subjectivo. Tenho que fazer os filmes da forma que acredito em primeiro lugar e o resto são os deuses que decidem, escapa-me... Qual foi a ressonância do prémio em Portugal? As pessoas conhecem as curtas? As pessoas conhecem mais a existência da pessoa que foi premiada do que o filme em si. Ou seja, algo que muito acontece é imensa gente dar-me os parabéns, pessoas que não vão ao cinema nem se interessam especialmente pelo cinema. “Estãome a felicitar porquê, se vocês não viram o filme. Imaginem que não gostam do filme – então não me dêem os parabéns!”. Há muito gente que tem mostrado interesse em ver o filme. Acho que o momento em que houve um certo distanciamento entre o filme português e o público está a começar a alterar-se porque as pessoas estão a perceber que não é na televisão que vão encontrar algo nem filmes em que se sintam representadas. Penso que o cinema português está num momento de grande atenção à realidade, no momento que é o tempo presente, e há muitos realizadores a filmarem. Por exemplo, o filme do Miguel Gomes, que é um filme de época, em parte, tem uma certa portugalidade que os espectadores de cinema em Portugal estão a voltar a querer ver nos filmes portugueses. Não havia muitos espaços nem nas salas nem na televisão para mostrar os filmes portugueses Pensa que este seu último pré-
mio se irá reflectir ao nível dos apoios institucionais ao cinema português? Será que o governo, através das suas instituições, vai reconhecer a importância do cinema para a imagem do nosso país? Não era preciso este prémio para perceber a importância do cinema português. Já havia realizadores a filmar ou a tentar filmar antes deste prémio. O cinema tem essa importância histórica. Esquecemos muitas vezes que talvez a única forma de arte que nasceu depois do renascimento é o cinema, possivelmente, é a arte da idade moderna, do período pós-industrialização, e parte da nossa história está a ser escrita por imagens e sons. E o cinema sempre teve este carácter de conseguir produzir com bastante independência da igreja, dos poderes políticos e dos poderes económicos e, portanto, em Portugal as coisas de que se têm falado - deixar de se fazer cinema, deixar de dar apoio estatal aos filmes, são coisas muito perigosas e perversas. O governo português vai ter inteligência e sensibilidade para perceber que parar o cinema de um país é como aceitar que o próprio país parou! Estamos todos com esperança que haja finalmente um governo que perceba a importância de ter um cinema que seja visto pelas pessoas em Portugal mas também lá fora. Aliás tenho a certeza que, mesmo do ponto de vista dos números e dinheiros, há uma percentagem muito pequena de empresas portuguesas que são exportadoras, já as produtoras de cinema serão quase todas elas empresas exportadoras. As minhas curtas foram todas exibidas e vendidas no estrangeiro. O filme de Miguel Gomes acabou de ser vendido para mais de 17 ou 18 países, portanto, há de facto uma recepção tremenda e um desejo por parte das pessoas em Portugal, e também lá fora, para ver o cinema português, para ver o que andamos a fazer, a pensar e a reflectir neste país no canto da Europa – portanto, eu acho que isto não pode parar! Voltemos a falar da sua primeira longa-metragem. Sempre vai começar a filmar no verão? Em princípio, um pouco mais tarde. Estou em reescrita, portanto só depois do verão. Estamos também a tentar aumentar os financiamentos. Percebemos que iria ser complicado arrancar já para a rodagem. Já está pensar o filme que se lhe seguirá? Não. Faço um filme de cada vez! Não tenho guiões na gaveta, nem filmes por filmar porque um filme levame sempre ao outro. Então existem ligações entre eles? Há coisas que se repetem, outras que desaparecem e voltam a aparecer. Portanto, estou só a centrar-me neste filme agora.
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Alemanha
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Günter Grass persona non grata em Israel ›Indignação contra Indignação – à volta do Poema “O que tem de ser dito” António Justo Alguns dias antes da Pessach (festa judaica), a “inocência” de Günter Grass, inicia, com a sua prosa poética, uma campanha sobre uma região que só conhece o calvário. O nobel da literatura emprega a sua tinta em papel sem mata-borrão, num assunto de trincheiras, todo ele constituído de preconceito e agressão. O Governo de Israel reagiu drasticamente à poesia provocante de Grass declarando-o como pessoa indesejada; negando-lhe assim a possibilidade de entrar em Israel. A argumentação oficial para justificar tal acto parte do pressuposto que Grass tenciona com a poesia “atiçar o fogo do ódio sobre o Estado e o Povo de Israel”. “O que tem de ser dito” (Was gesagt werden muss), texto controverso de Grass, publicado por todo o lado, afirma que “O poder nuclear de Israel é uma ameaça à já frágil paz mundial”; Grass refere ainda: „estou cansado da hipocrisia do Ocidente”. Critica também o facto de a Alemanha fornecer submarinos a Israel. O publicista Henrich M. Broder reagiu afirmando que Günter Grass “sempre teve um problema com judeus” afirmando mesmo que Grass é um “protótipo do anti-semita intelectual “ que quer cobrar culpa e sentimentos de vergonha com a História. O autor Ralph Giordano atesta o versar de Grass como um “ataque à existência de Israel”. Grass afronta Israel ao colocar a teocracia fascista iraniana ao mesmo nível da sociedade israelita. Emprega, no texto, a expressão nazi que pretendia “extinguir” os judeus pondo essa palavra na intenção dos judeus perante o Irão como se os judeus preten-
dessem realizar um “holocausto”. Israel considera o Irão como o maior perigo para a sua existência devido às suas agressões verbais oficiais e ao seu apoio ao terrorismo. Israel encontra-se entre a espada e a parede: entre a superioridade das forças armadas convencionais dos povos maometanos circundantes e a própria superioridade atómica. Especulações sobre uma possível intervenção de Israel contra as instalações atómicas iranianas são vistas criticamente quer por israelitas quer pelo estrangeiro. Pelo contrário o Irão quer ver Israel irradiado do mapa, como testemunham políticos iranianos quando dizem, entre outras frases: “Em nove minutos extinguiremos Israel do mapa, o mais tardar em 2014”. O Irão apoia várias organizações radicais islâmicas palestinianas bem como a organização paramilitar Hizbollah constituída por fundamentalistas islâmicos xiitas no Líbano que se darão por satisfeitos quando virem os judeus no mar. No conflito israelo-árabe domina o cinismo de posicionamentos antagónicos e a inocência de adeptos partidários. Parece que nos encontramos numa situação louca, em que reina a contradição, onde tudo fala e tem razão.
Este berro de Grass obsta ao tédio da normalidade adaptada. Neste tempo de conformismo em que os intelectuais perderam a soberania da intervenção e interpretação no discurso público, a intervenção de Grass até parece oportuna pelo menos para uma facção e porque dá satisfação a uns e a outros dá a oportunidade de falar dela. Grass goza da graça do estado de não precisar de trazer a tesoura na cabeça, podendo dizer sem filtro o que pensa sem correr o perigo que os Media percam o interesse nele e que o seu grande público o abandone. De lamentar é que não haja intelectuais de outras cores a pisar o risco do oportuno. Para lá dos devotos e dos adversários de Grass o importante seria uma reflexão a-perspectiva sobre o conflito entre israelitas e a liga árabe. Que uns vejam a realidade com o olho direito e outros com o esquerdo é normal. O que não é normal é que um homem como Grass que vestiu a farda nazi não se preocupe em ver o mundo com os dois olhos abertos. Günter Grass, prémio nobel da literatura em 1999, agora com 84 anos, já viu milhões dos seus livros publicados, sendo um intelectual reputado. Numa classificação dos intelectuais mais destacados, a revista alemã “Cícero” em 2007 colocava o papa Bento
XVI em primeiro lugar, o escritor Martin Walser em segundo e Günter Grass em terceiro. Grass, sempre sobressaiu pela sua intervenção pública, destacandose na crítica ao regime da antiga DDR (Alemanha Oriental), à guerra do Iraque e no apoio ao Partido Social Democrata (SPD) alemão. O facto de Günter Grass se ter inscrito como freiwillige aos 15 anos nas Waffen-SS e ter sido convocado aos 17 anos (1944) para a 10. Divisão-SS de Blindados “Frundsberg” não deve ser abusado para o difamar. São etiquetas que querem fixar o indivíduo a uma fase da vida como se a pessoa não fosse processo sujeito à mudança. À tomada de posição histérica de Grass segue-se a histeria dos que o atributam de anti-semita. Grass alimenta a maquinaria da indignação servindo-se dos Meios de Comunicação. Assiste-se a um protesto obediente, como sempre em torno da forma sem chegar ao conteúdo, em torno de grupos de interesse mas sempre à margem das pessoas concretas que vivem em Israel e na “Palestina”. Muitos procuram no jogo do poder a sua sorte. Estes dias não têm sido favoráveis a Grass nem à causa israelo-palestiniana. “Quem semeia ventos colhe tempestades”, confirma o ditado português. “O que tem de ser dito” encobre o por dizer! O aplauso a favor ou contra vem sempre do canto errado. O conflito israelo-árabe é demasiado complicado para se poder sair dele sem se sujar as mãos e a mente. O calor da discussão desencadeada por Grass pode tornar-se num sinal de como um Norte de África a ferver varrerá com a inocência duma Europa futura.
eBay cancela leilão de carro que pertenceu a Angela Merkel Angela Merkel O anúncio foi removido depois que os administradores do site viram que a maioria das ofertas eram pura brincadeira. O Golf de 1990 já tinha lances de 130 mil euros. O anúncio do possivelmente primeiro carro ocidental da chancelar federal alemã, Angela Merkel, que seria leiloado pelo eBay, foi removido do site. „Nós tiramos o anúncio pois vimos que as ofertas não eram verdadeiras, e sim diversão“, disse a portavoz do eBay, Leonie Bechtoldt. O leilão foi interrompido poucos minutos antes de seu encerramento. Os lances pelo automóvel chegaram a quase 130 mil euros. O carro teria pertencido à chanceler alemã entre 1990 a 1995. Um ano após a queda do Muro, com 36 anos, Merkel acabara de ingressar no partido da União Democrata Cristã e era vice-
porta-voz do último primeiro-ministro da então Alemanha Oriental. Merkel tinha nascido na Alemanha Ocidental mudou-se ainda criança para a Oriental, acompanhando o pai, um pastor luterano.
„Nós telefonamos para os proponentes e vimos que eles não tinham interesse real em adquirir o carro“, disse Bechtoldt. O vendedor berlinense quer voltar a anunciar o carro mas irá impor restrições para que as
brincadeiras não voltem a se repetir. Segundo o site Spiegel Online, o vendedor adquiriu o carro há cerca de um ano, depois de um acidente que deixou o automóvel danificado. Ele reformou o veículo, o fotografou diante da sede de governo e o colocou à venda no eBay. O lance mínimo para o Golf Branco, modelo 1990 e com 190 mil quilómetros rodados era 10 mil euros. „O histórico Golf da doutora Angela Merkel, nossa chanceler federal“, dizia o anúncio no site eBay. Como prova, o vendedor tem uma foto do certificado de matrícula do automóvel. Esta não é a primeira vez que um carro que pertencia a uma celebridade é vendido na internet na Alemanha. Em 2005, o Golf do papa Bento 16 foi adquirido por um casino online por 189 mil euros.
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19 anos ao Serviço da Comunidade LusoAlemã Ao passar mais um ano, o 19º, de existência e publicação ininterrupta, o jornal PORTUGAL POST consolida ainda mais a sua missão de porta-voz da Comunidade portuguesa na Alemanha. Como um órgão de informação, que já conquistou um lugar no panorama da imprensa portuguesa da emigração, o PP é hoje um jornal que constitui um verdadeiro património da Comunidade lusa residente neste país. Plural, sério, crítico e atento, o PP já há muito que ganhou a confiança de todos, querendo estar cada vez mais ao serviço de toda a comunidade.
Felicitações Na Alemanha, onde existe uma numerosa comunidade portuguesa, aí radicada há décadas, a necessidade de publicações como o «Portugal Post» faz-se sentir de forma particularmente intensa. Mesmo nos dias das novas tecnologias de informação, jornais ou publicações deste tipo são, muitas vezes, o principal, se não o único, elo de ligação com o País natal. Aos responsáveis pelo «Portugal Post» e, em particular, aos seus leitores, quero deixar uma mensagem de muito apreço, em nome de Portugal. Presidente da República Portuguesa, Prof. Aníbal Cavaco Silva.
Ein unverzichtbares Medium “Seit 19 Jahren ist die Portugal Post für die über 100 000 in Deutschland lebenden Portugiesen ein unverzichtbares Medium, das aktiv das Gemeinschaftsgefühl fördert und als einzige Zeitschrift einen Überblick gibt über ihre Aktivitäten in den deutschen Städten. Dass die Portugal Post dabei der Hansestadt Hamburg mit ihren speziellen jahrhundertelang gewachsenen Beziehungen zu Portugal besonderes Augenmerk widmet, freut mich natürlich besonders. Uly Foerster, Chefredakteur Lufthansa Magazin, Hamburg”
(Excerto de mensagem dirigida aos Portugueses através do PORTUGAL POST aquando da visita do PR em Março 2009)
Um papel fundamental O PORTUGAL POST desempenha um papel fundamental na divulgação de tudo quanto respeita a Portugal, à sua História, Cultura, Língua Portuguesa e à sua projecção no Mundo, junto da Comunidade Portuguesa e Luso-descendente aqui residente – e, particular sobre os assuntos que mais directamente lhe respeitam, às sua ansiedades e expectativas. Dr. José Caetano da Costa Pereira, ex-Embaixador de Portugal em Berlim
Um valioso contributo Desde há vários anos que sou um leitor assíduo do Portugal Post. Graças a este jornal, acompanho as actividades dos portugueses que vivem na Alemanha, aos quais o Portugal Post tem prestado um valioso contributo, e obtenho informações de interesse sobre a emigração portuguesa em geral. Disso estou grato ao Portugal Post e ao seu director, Sr. Mário dos Santos, a quem felicito pela competência revelada na gestão técnica e redatorial do Portugal Post. Face ao desinteresse dos órgãos de comunicação social em Portugal, salvo raríssimas excepções, pela vivência dos portugueses do estrangeiro, os órgãos de comunicação social de expressão portuguesa nos vários países são os únicos que dão a conhecer essa vivência. Daí que mereçam, não apenas da parte desses portugueses, mas também das autoridades portuguesas, a estima e o reconhecimento pelo seu trabalho, tanto mais que muitos deles só conseguem existir graças ao empenho e ao esforço dos respectivos directores e colaboradores. Parabéns a todos. Dr. José Rebelo Coelho, ex-Conselheiro Social na Embaixada de Portugal em Berlim
Glückwünsche zum 19. geburtstag Portugal hat unzählige Freunde in Deutschland: Viele haben schon Urlaub gemacht zwischen Minho und Algarve, dort gearbeitet oder studiert. Andere schätzen Pessoa oder Saramago, sind Fans von Mariza oder Madredeus, Figo oder Cristiano Ronaldo, lieben Pastéis de Nata oder Bacalhau. Noch wichtiger: viele Deutsche mögen Portugal, weil sie portugiesische Kollegen, Nachbarn oder Freunde haben, weil die Kinder mit Portugiesen zur Schule gehen oder weil der Espresso im nettesten Café oder Restaurant in der Nähe Bica heißt. All diese Menschen sollten eigentlich die "Portugal Post" lesen, um auf dem Laufenden zu bleiben und um die Portugiesen in Deutschland noch besser zu verstehen. Am schönsten wäre es aber, wenn die deutschen Freunde Portugals sich mehr mit eigenen Texten und Ideen an der Zeitung beteiligen würden. Dann könnten die nächsten siebzehn Jahre "Portugal Post" noch stärker im Zeichen von Dialog und Miteinander stehen. Dr. Marco Bertoloso Leiter der Abteilung Zentrale Nachrichten beim Deutschlandfunk
Trabalho sério e rigoroso O Portugal Post cumpre 19 anos de publicação. Foi um tempo de sucesso, construído na base dum trabalho sério e rigoroso que lhe foi granjeando credibilidade e prestígio. A isenção e pluralismo na abordagem dos temas políticos, como instrumento de intervenção democrática, a apologia dos valores cívicos e a motivação e empenho em prol das aspirações e anseios das comunidades portuguesas, fizeram do Portugal Post um título de referência para a generalidade dos seus leitores, os portugueses residentes na Alemanha. Aí, sempre eles encontraram um amparo, uma palavra, o respaldo amigo e o conselho avisado para que ultrapassassem as dificuldades e constrangimentos que sempre afectam quem vive longe da sua terra. Ao jornal, aos seus leitores e, em especial, ao seu director, Mário dos Santos, os meus melhores votos de sucesso e longa vida.
Eng. José Lello, deputado do PS e ex-Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas
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Uma grande responsabilidade Ao longo destes 19 anos, o Portugal Post tem desempenhado no seio da comunidade portuguesa um papel importante. Apesar de todas as limitações e deficiências, a existência de um órgão de informação em língua portuguesa com notícias de uma comunidade tão dispersa, como é o caso da comunidade portuguesa na Alemanha, é em princípio um bem para a comunidade. Mas esta situação também lhe confere uma grande responsabilidade. O Portugal Post poderá valorizar ainda mais a sua função junto da comunidade se apoiar de uma forma construtiva a componente mais dinâmica do movimento associativo português na Alemanha, a FAPA e se abrir mais as suas páginas aos sectores de esquerda que lutam por soluções mais justas e democráticas para a comunidade portuguesa na Alemanha. Rui Paz, Professor de música e ex -membro do Conselho das Comunidades Portuguesas
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Consultório Miguel Krag, Advogado Portugal Haus Büschstr.7 20354 Hamburgo Leopoldstr. 10 44147 Dortmund Telf.: 040 - 20 90 52 74
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O consultório jurídico tem a colaboração permanente dos advogados Catarina Tavares, Lisboa, Michaela Ferreira dos Santos, Bona e Miguel Krag, Hamburgo
Michaela Ferreira dos Santos, Advogada Theodor-Heuss-Ring 23, 50668 Köln 0221 - 95 14 73 0
O regime de férias na Alemanha Miguel Krag, Advogado
Após as férias da Páscoa, temos sido consultados por muitos dos nossos constituintes no que diz respeito aos direitos que lhes cabem relativamente ao período de férias. Passamos assim a apresentar um apanhado dos princípios estabelecidos pela lei sobre este assunto: Todos os trabalhadores, inclusive em regime de part-time, ou trabalhando a tempo reduzido, ou com contrato a prazo, ou prestando um serviço auxiliar, ou trabalhando apenas durante as férias, ou em regime de emprego secundário, etc., têm direito a férias pagas em cada ano civil, nomeadamente, no caso de uma semana de 6 dias de trabalho, a um mínimo de 24 dias de férias e, no caso de uma semana de 5 dias de trabalho, a 20 dias de
férias, no mínimo. Como acontece frequentemente, estes períodos de férias poderão ser prolongados através de contratos colectivos ou de ajustes contratuais individuais, mas nunca poderão ser reduzidos. As pessoas com deficiências graves têm direito a 5 dias suplementares; para os jovens, são prescritos por lei mais dias de férias. As férias serão estipuladas pela entidade patronal, devendo esta seguir critérios justos, ou seja, tomar em consideração os desejos do trabalhador, a não ser que persistam interesses prementes da empresa, tais como férias colectivas, que não permitam ir ao encontro de tais desejos. As férias deverão ser concedidas por um período contínuo, isto é, não é permitido que o trabalhador apenas tire alguns dias de férias de vez em quando. Mas cuidado! Não decida ir de férias sem autorização, mesmo que ache que o seu patrão lhas recuse injustamente. Em caso de urgência, po-
derá recorrer ao tribunal demandando uma providência cautelar. De contrário, poderá ser despedido. No caso de adoecer durante as férias, os dias que forem comprovados por atestado médico não serão descontados das suas férias anuais. Mas poderá dar-se o caso de persistir a obrigação de se comunicar logo a doença à entidade patronal, a fim de não ser efectuado tal desconto. Não é permitido, porém, prolongar-se automaticamente as férias com os dias em que se esteve doente. Terá de se apresentar ao trabalho no final do período de férias, sendo assim que os dias em que tirará as férias a que ainda tem direito, serão novamente estipulados pela entidade patronal. Em geral, as férias terão de ser concedidas e gozadas no decurso do ano civil. Só poderão ser passadas para o ano seguinte se existirem razões de peso relativamente
à empresa ou à pessoa do trabalhador. Um exemplo será, este não poder ir de férias por estarem muitos colegas doentes, precisamente num dos últimos meses do ano em que tencionava tirar as mesmas. As férias terão, porém, de ser concedidas e gozadas, o mais tardar, até 31 de Março do ano seguintes; de contrário, caducarão. Nos contratos colectivos de trabalho, persiste em parte um período de prolongamento mais longo. Mas durante o mesmo, a entidade patronal não poderá recusar os desejos expressos pelos trabalhadores relativamente ao seu período de férias, alegando interesses da empresa. Os trabalhadores terão contudo de exigir realmente as suas férias pois, caso contrário, perderão direito às mesmas. Durante o período de férias, não é permitido que o trabalhador exerça qualquer actividade remunerada que seja contrária à finalidade das mesmas. Serão assim
proibidas todas as actividades que sejam efectuadas para se ganhar dinheiro e através das quais seja predominantemente exigido o esforço laboral. Se o seu empregador verificar que exerce tal actividade, o mesmo não será obrigado a remunerar as suas “férias”. São porém permitidas as chamadas actividades de compensação, assim como as actividades efectuadas por obséquio, tais como ajudar a uma mudança de habitação sem receber dinheiro. São permitidas também actividades secundárias que o trabalhador teria igualmente exercido sem estar de férias (segundo emprego). Por razões de protecção ao trabalhador, as férias terão de ser efectivamente concedidas, isto é, não se poderá renunciar às mesmas e receber a respectiva remuneração. Apenas no caso de despedimento, serão pagas as férias que já não possam ser concedidas na sua totalidade ou em parte. PUB
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PORTUGAL POST Nº 214 • Maio 2012
José Gomes Rodrigues rodrigues@live.de
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Seguro de doença familiar ( Familienversicherung) • Cálculo dos rendimentos mensais • Particularidades no referente à idade dos filhos •Trabalhar por conta própria e a reforma Ex.mos senhores do Portugal Post Há já alguns meses tenho notado que o método de perguntas e respostas que haveis usado no passado para o devido esclarecimento social nesta página, não tem sido usado ultimamente. Podeis ter a certeza que essa maneira de esclarecimento resultava muito atraente. Sendo eu assinante das primeiras horas e um assíduo leitor nota a diferença. Aquela técnica fazia com que a informação fosse mais atractiva. Será que os pedidos de esclarecimento chegados à redacção do Jornal não tenham sido suficientes? Desculpe esta minha achega. Faço aqui um apelo aos leitores para que continuem a fazer chegar à redacção, ou à pessoa directamente ligada a este sector, as suas perguntas e as suas dúvidas. Já agora, permitam que me esclareçam do seguinte: o meu filho esta à procura dum lugar de aprendizagem profissional numa empresa. A Minha filha, um pouco mais velha, irá iniciar estudos universitários após ter concluído uma formação profissional. Como é com a segurança social ou melhor dito com a assistência médica actualmente e no futuro, pois já que são maiores de idade. Leitor devidamente identificado Caríssimo compatriota, permita em primeiro lugar tecer algumas considerações sobre o que afirmou na abertura da sua carta. A sua achega, que agradecemos, é muito interessante e demonstra o seu interesse por este meio de comunicação social e pela temática social em particular. Obrigado pela sua fidelidade. Os leitores têm continuado, como sempre, a fazer-nos chegar as suas dúvidas. Temos procurado e, na medida das nossas possibilidades, elucidá-los directamente, seja por telefone ou usando a forma escrita. Nestas últimas edições do jornal, escolhemos a forma temática para que a informação pudesse ter sido mais abrangente e o mais completa possível. É conveniente, às vezes, conforme a temática, variar de técnicas e de métodos para não se cair numa certa monotonia que poderá não ser tão fluída.
Feitas as devidas anotações, vamos à sua questão. Continuamos a apelar, como anteriormente, que nos contactem, sempre que achem conveniente e necessário. Nós estamos mensalmente nesta página para isso!
mensais; • Que não trabalhe por conta própria; • Que não possuam rendimentos mensais que ultrapassem os 375 € ou que, mesmo trabalhando o ordenado não ultrapasse os 400 €.
Seguro de doença familiar (Familienversicherung)
Cálculo dos rendimentos mensais
A problemática que nos coloca é a do seguro de doença familiar, que só a cabeça de família paga as devidas quotizações mensais à respectiva caixa de doenças. Esta quotização é descontada automaticamente do ordenado auferido, da caixa de desemprego ou da ajuda social ao Desemprego. Os restantes familiares que estão a seu cargo ficarão, através dele, abrangidos pela segurança na doença (Krankenversicherung) e pelo seguro de cuidados intensivos (Pflegeversicherung) sem qualquer quotização complementar. Esta filiação familiar só se efectua quando se preenchem determinados requisitos, que veremos mais adiante. Lamentamos não poder elucidá-lo no seu caso concreto, já que não nos facilitou a data de nascimento dos seus filhos. Mas, pela resposta abrangente que daremos, poderá tirar as conclusões necessárias para si.
• O ordenado incluído os prémios, seja de produção, de natal ou de férias. • Rendimentos obtidos por um trabalho complementar por conta própria. • Recursos financeiros oriundos da renda de imóveis. • Juros de capital. • As diversas reformas, mesmo as oriundas do estrangeiro. • Dinheiro de alimentos sujeitos a tributação. •Tanto os gastos inerentes e necessários ao exercício profissional, somas livres de impostos derivados do Subsídio de poupança, ou subsídio parental, ou os valores para cuidar das crianças, entre outros.
A quem se dirige o seguro de doença familiar? • Esposa ou parceiro legal; • Filhos legítimos, adoptivos ou legitimados; • Netos, desde que os próprios pais estejam igualmente segurados pelos pais; • Enteados ou netos para cuja sobrevivência são estes responsáveis. Que requisitos são exigidos? • Que os familiares tenham residência na Alemanha; • Que não possuam filiação em outra caixa de doenças; • Que não estejam isentes do seguro obrigatório de doença, como acontece com os funcionários do Estado, exceptuando os que exercem uma ocupação de ordenado reduzido, ou seja abaixo dos 400€
Particularidade no seguro de doença dos familiares Durante o tempo de protecção de maternidade ou licença parental, estas pessoas só poderão estar sujeitos ao seguro de doença, se anteriormente tenham estado segurados obrigatoriamente numa das muitas caixas de doenças, ou de cuidados médicos intensivos. Particularidades no referente à idade dos filhos Os filhos estão segurados obrigatoriamente até à data em que completarem os 18 anos de idade. Poderão também usufruir do seguro familiar de doenças havendo uma das seguintes condições: • Até terem completado os 23 anos de idade, desde que não tenham uma ocupação devidamente remunerada ou um trabalho por conta própria. • Até aos 25 anos de idade, desde que se encontre em formação escolar ou profissional, ou a prestar um serviço social voluntário ou
uma acção solidária no estrangeiro ao abrigo da lei alemã apropriada. Tudo isto desde que não aufiram um ordenado normal por esse trabalho ou acção. • É possível permanecerem também segurados depois dessa data, desde que a formação profissional ou a acção de solidariedade voluntária tenha sido interrompida ou adiada. Neste caso o tempo de seguro é prolongado além do tempo de serviço. Esta particularidade é válida também para os que, em vez de fazerem o serviço militar, se obrigam a um serviço social. Para beneficiar deste tempo complementar é necessário apresentar comprovativos escritos desta situação. • Para os filhos que sejam portadores duma deficiência física, mental ou emocional e que não tenham possibilidade de angariar os meios suficientes para a própria sobrevivência, permanece a assistência médica gratuita por parta do mesmo seguro familiar de doença. É condição fundamental que a deficiência tenha iniciado enquanto já beneficiava deste tipo de segurança e que esta deficiência não esteja limitada pelo tempo. Espero que esta intervenção tenha servido para retirar as suas dúvidas e as de muitos leitores. Se a sua filha ultrapassar os 25 anos de idade, deverá segurar-se privadamente como estudante, numa das caixas de saúde e de doença. O estudante beneficia duma tarifa especial. Permita expressar-lhe a si e à sua família, em especial aos seus filhos, os nossos melhores desejos e que possam singrar na vida profissional usando os melhores apetrechos duma óptima formação. Aproveitem o máximo possível. A felicidade está na luta pela conquista de objectivos concretos. Esta luta que continua pela vida fora! Um abraço!
Trabalhar por conta própria e a reforma Ministra quer acabar com a pobreza programada O combate à pobreza tem sido
um dos esforços da Ministra Federal do Trabalho, Ursula Von der Leyen. Esta pobreza tem alastrado um pouco por todas as camadas sociais, incidindo nas já mais desfavorecidas e sensíveis. Os trabalhadores por conta própria não estão geralmente abrangidos pela obrigatoriedade de quotização para a reforma o que poderá provocar e aumentar consideravelmente, num futuro próximo, esta situação de pobreza neste grupo de pessoas. A lei a preparar e a ser votada e aceite, entrará provavelmente em vigor em 2013. Esta prevê a obrigatoriedade de se prevenir financeiramente para o futuro dos que escolheram trabalhar por conta própria Os empresários, antes de abrirem os seus negócios, terão de comprovar, por escrito, antes que lhes seja dada a devida autorização, que tenham fechado contratos de poupança, em forma de seguros de vida ou outra modalidade, assim como o investimento de poupança mais apropriado para eles, o assim chamado lei de Rürüp. Se não comprovarem este esforço obrigatório, então terão de descontar para o seguro geral de reformas (LVA), comum a todo o trabalhador por conta doutrem O ministério da tutela prevê algumas excepções e um longo período de adaptação. Poderão ficar abrangidos por esta lei, a ser aprovada, todos os menores de 30 anos e que queiram organizar a sua empresa privada. Para os que tiverem mais de 30 e menos de 50 anos, as regras serão mais facilitadas. Os maiores de 50 anos não serão abrangidos por esta alteração. Os que tiverem rendimentos inferiores a 400 € mensais não serão também abrangidos por esta nova legislação. Segundo dados da imprensa somam já em 10% da população os que escolheram este tipo de ocupação laboral independente. Estas pessoas devem procurar obter, no futuro, com estas poupanças uma reforma complementar que ultrapasse a segurança básica que, traduzida em valores actuais, soma o mínimo de 700 € mensais.
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PORTUGAL POST Nº 214 • Maio 2012
Citações do mês
Agenda Tome Nota
"Quando escrito em chinês a palavra crise compõe-se de dois caracteres: um representa perigo e o outro representa oportunidade." John Kennedy Hoje que tanto se fala em crise, quem não vê que, por toda a Europa, uma crise financeira está minando as nacionalidades? É disso que há-de vir a dissolução. Quando os meios faltarem e um dia se perderem as fortunas nacionais, o regime estabelecido cairá para deixar o campo livre ao novo mundo económico. Eça de Queirós
Endereços Úteis Embaixada de Portugal Zimmerstr.56 10117 Berlin
Tel: 030 - 590063500 Telefone de emergência (fora do horário normal de expediente):
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Alfredo Stoffel Telefone: 0170 24 60 130 Alfredo.Stoffel@gmx.de José Eduardo, Telefone: 06196 - 82049 jeduardo@gmx.de Maria da Piedade Frias Telefone: 0711/8889895 piedadefrias@gmail.com
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Fernando Genro Telefone: 0151- 15775156 fernandogenro@hotmail.com
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Tel. 0711/2273974 Conselho das Comunidades Portuguesas: Alfredo Cardoso, Telelefone: 0172- 53 520 47 AlfredoCardoso@web.de
Federação de Empresários Portugueses (VPU) Hanauer Landstraße 114-116 60314 Frankfurt Tel.: +49 (0)69 90 501 933 Fax: +49 (0)69 597 99 529 Federação das Associações Portuguesas na Alemanha (FAPA) www.fapa-online.de Postfach 10 01 05 D-42801 Remscheid
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Dezembro 2011 3.05.2012 - BERLIM- O compositor português, Amílcar VasquesDias, apresenta "Amar um cão processo de criação musical" na Biblioteca da Embaixada de Portugal em Berlim. Um evento organizado por Luísa Coelho do Instituto Camões em colaboração com a Embaixada. Início: 15h00 04.05.2012 – HAMBURGO Inauguração da Exposição “Composições, Pintura de Erdmute Blach a partir de música de Amílcar Vasques Dias”, nas instalações deste Consulado-Geral de Portugal em Hamburgo, Büschstrasse 7, 20354 Hamburg, exposição que decorrerá de 07.05.2012 até 07.07.2012. 5.05.2012 - BRAUNSCHWEIG O Centro Português comemora o seu 32° aniversário no restaurante "RODIZIO-BASIL" Gastwerke, Mittelweg 7, Braunschweig a partir das 18h30 com um jantar convívio com os seus associados e amigos a seguir teremos um baile com o conjunto "SEGURA-TE" . Reservas: Tel/Fax. 0531/375613 ou 0531/378416.
critora e tradutora) e a sua obra de literatura infantil na "Livraria". Início: 19h00 12 e 13.05.2012 – WERL – 40º Peregrinação presidida pelo Bispo do Funchal D.Teodoro de Faria. Sábado, dia 12: 20h00 - Vigília e procissão de velas Domingo, dia 13: 10:00 h - Acolhimento e preparação do andor. 11h00. Oração Mariana com terço. 11h00-12h00: Possibilidade de confissões :14h30 Procissão 12.05.2012 – OFFENBACH – Música ao vivo Grupo Nova Geração. Local: Waldstr.40, 63065 Offenbach 17.05.2012 – WIESBADEN- Eleição da Miss Portugal Deutschland. Organização de Marias Corações Portugal de Mainz. Às16.00 H no Park Café em Wiesbaden
07.05.2012 e 12.05.2012 -HAMBURGO - “Semana Europeia” (Europawoche), que terá lugar na Europapassage in Hamburg – Ballindamm 40, 20095 Hamburg, evento que decorre sob égide do Senado desta Cidade-Estado e com o apoio da União Europeia.
19.05.2012 -MAINZ- Marias Corações de Portugal organizam na UDP Mainz, Mombacher Str.36-55122 Mainz com seguinte programa: Das 16h00 às 18h00 - Eleição das Misses e Príncipes (4-11 anos) 19h30 - Jantar de empresários e actuação do Grupo de Dança Generation e com presença de: José Cesário, Secretário de Estado das Comunidades, e do CônsulGeral de Estugarda, Manuel Samuel 21h30 H . Baile com a banda Segura-te
8.05.2012 -BERLIM - Luísa Coelho do Instituto Camões apresenta Carla Maia Almeida (jornalista, es-
19.05.2012 – CUXHAVEN - Procissão da Nª Sª de Fátima, organizada pela Comunidade Portuguesa
local, onde participará o CônsulGeral de Portugal em Hamburgo, o qual também será recebido pelo Burgomestre de Cuxhaven. 26.05.2012 – OFFENBACH Karaoke na Casa Portuguesa em Offenbach.Local: Waldstr.40, 63065 Offenbach. Início:21h30 27.05.2012 – BRAUNSCHEIGFesta da Rua "Straßenfest" no jardim do Centro Português,na Karl-Hinze- Weg 70 38104 Braunschweig. 10/11 de Maio de 2012 - Universidade de Heidelberg/Alemanha – Colóquio Aspectos da Lusofonia: POLÍTICAS LINGUÍSTICAS NO MUNDO LUSÓFONO No dia 10 e 11 de Maio de 2012 será realizado pela segunda vez na Universidade de Heidelberg na Alemanha, Seminário de Tradução e Interpretação, o Colóquio anual Aspectos da Lusofonia com o título POLÍTICAS LINGUÍSTICAS NO MUNDO LUSÓFONO. Este Colóquio foi organizado pelo Departamento Luso-Brasileiro do Seminário de Tradução e Interpretação e pelo Seminário de Românicas da mesma universidade sob a égide do Instituto Camões e com o apoio do IAZ (Iberoamerika-Zentrum), do IILP (Instituto Internacional da Língua Portuguesa), da TAP (Transportes Aéreos Portugueses) e da LVG Heidelberg e estará aberto a todas as pessoas interessadas na Lusofonia.
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poesias de amor e de outros sentires Duvida da luz dos astros, De que o sol tenha calor, Duvida até da verdade, Mas confia em meu amor. William Shakespeare
PORTUGAL POST Nº 214 • Maio 2012
Saúde e Bem estar
Receitas Culinárias
A acidez estomacal
Coelho à Caçador
A acidez estomacal é o excesso de sucos digestivos no estômago, entre os quais se encontra o ácido clorídrico. Esses sucos podem refluir, subindo ao esófago, ocasionando as chamadas azias que provocam a sensação de ardência no esófago. Manifesta - se como sensação de acidez e dor de estômago. Em algumas ocasiões esse ácido sobe ao esófago e pode produzir um forte mal estar (azia). Quando isto é frequente, podese apresentar retenção de líquidos, tendência a artrite reumatóide, dor de cabeça, sensibilidade dos dentes ao vinagre e a frutas ácidas. Evitar: nervosismo, stress, angústia, café, chá preto, farinhas e açúcares refinados, chocolates, refresco, pimenta, álcool, carnes vermelhas e aspirinas. A acidez apresenta-se mais frequentemente quando existem problemas nos rins e no fígado.
isto ajudará a que os sucos gástricos subam com facilidade para o esófago e para a garganta. Se for se recostar, mantenha a cabeça em posição elevada. É recomendável não se deitar antes de duas horas e meia após as refeições. 4. Eliminar os produtos que produzem acidez: bebidas com cafeína, como café, o chá preto, os refrescos de cola. Além desses, o “chili”, a pimenta, cacau, os empadões de farinha, as carnes vermelhas e as massas. Assim como o cigarro, refrescos gasosos, já que estes expandem o estômago a abrem o esfíncter (válvula que conecta o estômago com o esófago). 5. Eliminar os alimentos fritos e gordurosos. 6. Elimine o stress e o nervosismo de sua vida, já que esse é um dos principais causadores da acidez, da gastrite e da úlcera.
TRATAMENTO: 1. Não comer demasiadamente e mastigar a refeição lentamente, 2. Ingerir uma boa dose de gel puro de Aloé Vera. Esse produto neutraliza a acidez e regula o pH. A alfafa em forma de suco, ou em tabletes, pode ajudar devido a seu poder altamente alcalino. O gengibre também é um elemento de grande ajuda para absorver a acidez estomacal. 3. Inclua em suas refeições alimentos alcalinos como a tâmara, o milho tostado, mamão papaia e a maçã cozida. Não se deite depois de comer, já que
Nota muito importante: Antes de qualquer alimento, coma primeiro as frutas e os sucos 30 minutos antes das refeições, porque se fizer o contrário, os alimentos poderão não ser digeridos rapidamente e se fermentarão ocasionando problemas digestivos e de acidez. O descuido com a acidez pode ocasionar úlcera estomacal. ATENÇÃO: Quando sentir forte acidez, enjoos, vertigens, vómitos com sangue, dor desde o peito até o pescoço e os braços, consulte o seu médico imediatamente. Fonte: Saúde e bem estar
DICA Antes de lavar as camisas, aplique shampo nos colarinhos. O shampo tira a gordura e facilita a lavagem.
RIR À Espera da Gripe João visita o amigo António, que há quase um mês não vai à oficina: — Venho da parte do chefe, perguntar-te o que é que tens para passar tantos dias na cama. — Olha, João: diz ao chefe que até agora não tive nada, mas estou à espera da gripe.
Ingredientes: 1 coelho Vinho tinto 2 cebolas 1 alho Sal e pimenta Cravinho 1 folha de louro Farinha 2 colh. sopa de margarina 4 colh. sopa de azeite 2 tomates Receita: Tempere as costeletas com sal e pimenta. Frite-as com 3 colheres de sopa de margarina e óleo, até dourarem uniformemente. Ferva à parte o vinho branco, o vinagre, a cebola picada, o estragão, a pimenta, o louro, o tomilho e o sal. Deixe ferver até reduzir para cerca de 2 colheres de sopa. Coe e junte-lhe as gemas desfeitas numa colher de sopa de água. Cozinhe em banho-maria, mexendo sempre, até começar a engrossar. Acrescente, aos poucos, a restante margarina e aromatize com estragão, pimenta e sumo de limão. Junte o molho às costeletas, ainda na frigideira onde as fritou. Bom apetite
Salada de Polvo Ingredientes: 1,2 kg de polvo congelado 2 cebolas 4 dl de azeite 1 cabeça de alho 4 dentes de alho Batatas Sal e pimenta q.b. Facultativo: Vinagre Receita: Coza o polvo na panela de pressão durante cerca de 15 minutos, juntamente com a cabeça de alhos, à qual foram retiradas as peles brancas. Escorra o polvo, deixe arrefecer e grelhe sobre brasas. Corte em bocados, disponha numa saladeira e regue com azeite, as cebolas descascadas e cortadas em rodelas fininhas e os dentes de alho descascados e picados. Acompanhe com batatas cozidas e, se gostar, regue com vinagre. Bom apetite
Números em Síntese
260
Quando um bebé nasce tem 260 ossos, mas ao longo do seu percurso de vida ficará com 206 ossos Publicidade
Orações para Todos os Males Formato: 14x21cm Páginas: 90 Preço: 22,00 € Por razões de saúde, familiares, afectivas, materiais ou espirituais, todos mpassamos em algum momento por situações difíceis. Nesta obra encontrará uma centena de orações adequadas a cada caso. Orações para encontrar mcompanheiro/a, para conseguir casar-se com o seu namorado, pela paz da família, contra doenças, etc.
Aprenda a Viver Sem Stress Formato: 15,5 X 23 cm. Páginas: 100 Preço: 20,99 Quanto mais tempo da sua vida é que está disposto a desperdiçar? Quanto mais tempo da sua vida está disposto a continuar a sofrer? Quanto da sua vida está disposto a finalmente reivindicar hoje? Quanto mais tempo vai deixar que os outros mandem nas suas escolhas? E, se reivindicar a sua vida, acha que fica a dever alguma coisa aos outros? Quando você cede ao stress, você não está ser você mesmo. Quando você cede ao stress, você passa ao lado da vida, da sua vida. Você vive em permanente sobrevivência. E quem sobrevive, sofre. E quem sofre, vive em stress. . "Aprenda a Viver Sem Stress" é um livro que o ajuda a reencontrar-se.
Orações aos Anjos da Guarda Formato: 14 X 21 cm. Páginas: 144 Preço: 25,00 € Na primeira parte desta obra encontrará um vasto número de orações aos anjos da guarda, que certamente serão do seu inteiro agrado. Na segunda parte deliciar-se-á com a listagem completa dos 72 anjos protectores. Cada um destes anjos confere características particulares mao modo de ser e de amar dos seus protegidos.
Cupão de encomenda na Página 23
Vidas
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Afinal ele era ela Prezados senhores, Em primeiro, os meus agradecimentos pelo envio do nosso jornal. É de facto uma boa companhia. Pena que só o tenha descoberto recentemente. Escrevo-vos porque tenho lido as histórias de vida que o jornal publica todos os meses. São coisas reais e tocantes. Lindas e às vezes duras. Mas gosto muito. Foi inspirada em algumas que eu pensei escrever um caso que se passou comigo. Peço-vos apenas que me assegurem o anonimato. Tenho conta no Facebook vai para dois anos. Ao principio não me agradava muito a ideia de estar nesta rede porque sempre prezei a minha vida e não a queria à mostra de ninguém. Uma amiga incentivou-me argumentando que lá estava todo o mundo e que era muito giro. Enfim, lá decidi e abri conta, arranjei uma foto mais ou menos engraçada, coloquei-a e adicionei duas ou três pessoas conhecidas. Passado para aí um mês tinha já cento e tal amigos. Como sabem aqueles que estão no Facebook, há pessoas que escarrapacham lá a sua vida e colocam fotos de tudo quanto fazem. Sinceramente, eu disso não gosto. Já é muito que eu ponha lá a minha foto. Antes de continuar, quero dizer que eu estou divorciada e que vivo sozinha há quase dez anos. Tenho uma filha que já está casada e tem a sua própria vida. Não escondo que eu às vezes me sinto só e que gostaria de ter um companheiro, coisa que ainda não consegui encontrar porque também não quero assim um homem às três pancadas. Nisso sou muito, mas muito exigente. O meu ex-marido era uma pessoa de bons princípios, saudável e bem parecido. Infelizmente o nosso casamento não resultou devido à sua capacidade em atrair mulheres. Mas isto não é para aqui chamado. Digo isto só para explicar que não quero qualquer um que me apareça. Tem de ter bons requisitos e ser saudável, com bons modos, elegante e que esteja bem na vida e que seja livre, naturalmente. Entretanto o Facebook , contrariamente ao que eu queria, tornouse num vício para mim. Ao princípio, ligava a internet aí duas ou três vezes por semana e ficava lá entre cinco a dez minutos. Aborrecia-me e desligava. Depois ligava, abria o Facebook e alguns minutos depois saía para, passados minutos voltar a entrar e por aí fora. Chegou um tempo em que chegava a casa e abria o Facebook para ver se tinha alguma mensa-
gem, Isto porque entretanto alguém botou e escada e começou a perguntar-me coisas com modos muitos delicados e com respeito através do chat. Ao princípio a minha reacção foi de não responder. Se respondia eram frases muito curtas sem manifestar algum interesse por aquilo que o tal alguém escrevia. Até que por um acto inconsciente comecei a escrever-lhe e a responder-lhe. No início eram coisas assim muito normais. Depois eram coisas que tinham a ver com a nossa idade, o que fazíamos, se éramos casados, etc.. Devo dizer que nunca na vida tive contactos assim e muito menos via internet. Sempre preferi olhar as pessoas nos olhos, saber com quem falava e também saber se gostava do interlocutor. A nossa troca de palavras era já intensa. Começámo-nos a tratar por tu e quando ligávamos a internet já dizíamos um ao outro o que durante o dia fizemos e coisas assim. Como essa pessoa não tinha foto no seu perfil, pedi-lhe apara colocar uma foto para eu ver com quem falava. E pôs. Era uma foto de um senhor muito interessante. Com cabelo grisalho e bem cuidado, aparentando menos idade do que aquela que me tinha dito. E contava-me mais: que estava aqui na Alemanha há 22 anos, era engenheiro e que trabalhava numa firma internacionalmente conhecida. Em suma, chegámos a uma altura em que não passávamos um sem o outro. Estávamos sempre no chat do Facebook a tagarelar até que começávamos a falar de quase
tudo e às vezes até das nossas necessidades e dos nossos desejos íntimos. O que eu achava estranho era a sua relutância em trocar de número de telefone ou até mesmo marcar um encontro num café ou coisa assim. Afinal, não morávamos assim tão distantes um do outro. Ele dizia-me que morava perto de Düsseldorf. Em suma, também não queria insistir muito e achava que a haver conquista ela tinha de partir da parte dele. Como todas as mulheres, também eu gostava de ser conquistada e isso tinha de ser de sua iniciativa. Continuávamos assim a falar todos os dias até altas horas. Já não podíamos viver sem aquela ligação que, no fundo, era mais virtual que real. Chegávamos a concluir que o destino nos tinha colocado no caminho um do outro e que as nossas vidas se encontraram porque existia entre nós algo muito mais do que um simples conhecimento. Por isso, eu tinha a necessidade de saber como ele era; de conhecer e ouvir a sua voz; de ter nas minhas as suas mãos, de o conhecer, em suma. Mas ele encontrava sempre uma explicação para evitar esse encontro e isso eu sentia. Comecei a desconfiar de que ele não me dizia a verdade sobre a sua situação pessoal e que seria casado. Pensava também que ele não seria aquele da fotografia e que teria receio de mostrar a sua verdadeira imagem. Enfim, desconfiava de tudo e de mais alguma coisa, tanto que lhe perguntei claramente o porquê daquele receio e que, afinal, me poderia dizer tudo, a verdade, porque
não tínhamos nenhum compromisso nem tínhamos nenhumas obrigações Respondia-me que ainda não tinha chegado o momento para o encontro e que eu tivesse paciência, coisa que já não tinha muita. Nem sequer falar ao telefone? Perguntava-lhe eu. Um dia. Escrevia-me ele. Mas aceitei. Aceitei e disse-lhe que se tivéssemos de nos ver a vida nos colocaria à frente um do outro. E nisto continuávamos neste falar através do Facebook. Agora, e talvez porque tinha de ser assim, já falávamos de coisas muito íntimas. No principio achei-me inibida. Mas a sua forma de escrever, que não tinha nada de homem, libertava-me e eu falava com ele, mas sempre colocando limites na conversa. Entretanto surgiram os feriados de Natal e tivemos algum tempo sem nos falar. Como eu tinha ido a Portugal, fiquei sem acesso à internet e nesse tempo senti imenso a falta das conversas que tínhamos no chat. Estava quase que viciada naquilo e ralhava comigo por eu não ter sequer o seu número de telefone para lhe falar. Passou assim a época natalícia. Voltei para a Alemanha e voltei à mesma rotina do antes. Quando chegava do trabalho ia logo direita ao computador, ligava o Facebook a ver se ele lá estava, o que acontecia quase sempre. E ficávamos a falar sem ter a noção do tempo e quando dávamos por ela já se fazia noite muito tarde. Um dia, depois de pensar naquela situação e de chegar à conclusão que não podia andar
naquela vida do Facebook, perdendo tempo ao ponto de deixar coisas importantes da minha vida para trás, disse-lhe que se ele quisesse podíamos ter um contacto normal também por telefone e, que gostaria de, finalmente, saber quem ele era. A resposta foi o silêncio. Dias mais tarde deixou-me uma mensagem no Facebook em que dizia que naquele mesmo dia iria contar-me tudo sobre ele. “Ele” que, afinal e para meu grande espanto, era uma ela. Era uma mulher que se confessou muito atraída pela minha fotografia e que tinha vergonha de se declarar quase apaixonada por mim, porque era casada e nunca, mas nunca, se lhe tinha passado pela cabeça que sentisse uma atracção tão grande por outra mulher. Pediu-me perdão por tudo. Também por não me ter dito a verdade, mas que tinha vergonha e não se sentia bem. Mesmo assim, dizia ela, continuava sempre comigo na sua cabeça e exclamava: “devo estar doida para fazer uma declaração de amor a outra mulher, mas a verdade é que eu sinto isso”. Fiquei estupefacta e muito pensativa e, para minha admiração, senti uma ternura grande e um enorme vontade em a conhecer. Leitora Identificada Pedimos aos leitores que nos enviam correspondência para esta rubrica para não se alongarem muito nos textos que escrevem. Reservamos o direito de condensar e de trabalhar os textos que nos enviam. Obrigado. PUB
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PORTUGAL POSTNº 214 • Maio 2012
O nosso jornal oferece poster da Selecção aos leitores
O PORTUGAL POST distribui nesta edição um poster da selecção nacional de futebol a pensar na participação da selecção das quinas no campeonato europeu de futebol a realizar em Junho na Polónia e Ucrânia. O objectivo desta iniciativa é, está bom de ver, contribuir para o apoio a Cristiano Ronaldo e companhia na campanha do Euro 2012. O poster é uma oferta aos nossos leitores e tem o apoio e patrocínio da TAP Portugal, a quem queremos agradecer. PUB
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