Portugal Post Novembro 2012

Page 1

PORTUGAL POST ANO XIX • Nº 220 • Novembro 2012 • Publicação mensal • 2.00 € Portugal Post Verlag, Burgholzstr. 43 • 44145 Dortmund • Tel.: 0231-83 90 289 • Telefax 0231- 8390351 • E Mail: correio@free.de • www. portugalpost.de • K 25853 •ISSN 0340-3718

Entrevista Exclusiva

Pub

Helmut Elfenkämper, Embaixador da Alemanha em Lisboa

“Sei que em Portugal muitas pessoas não gostam do termo “bom aluno” // Págs. 4 e 5

“Fado? Que horror!” Hoje, Ivo Guedes ri-se desta sua exclamação, quando, há muitos anos, foi desafiado a tocar guitarra portuguesa para o conjunto de fado “Gerações”, fundado por portugueses na Alemanha. Tal como a grande maioria dos jovens, era o rock que o inspirava. Em casa, revirava os olhos e fechava a porta do quarto quando a mãe, grande amadora de fado, punha o gira-discos a tocar. // Pág. 7

Governo nomeia Simeon Ries Cônsul Honorário de Portugal em Frankfurt // Pág. 8

www.portugalpost.de Publicidade

Portugal Post - Burgholzstr 43 - 44145 Do PVST Deutsche Post AG - Entgelt bezahlt K25853


2

PORTUGAL POST Nº 220 • Novembro 2012

PORTUGAL POST

Editorial Mário dos Santos

Agraciado com a Medalha da Liberdade e Democracia da Assembleia da República Fundado em 1993 Director: Mário dos Santos

Correspondentes António Horta: Gelsenkirchen Elisabete Araújo: Euskirchen Fernando Roldão: Frankfurt/M João Ferreira: Singen Jorge Martins Rita: Estugarda Manuel Abrantes: Weilheim-Teck Maria do Rosário Loures: Nuremberga Vitor Lima: Weinheim Colunistas António Justo: Kassel Carlos Gonçalves: Lisboa Glória de Sousa: Bona Helena Ferro de Gouveia: Bona Joaquim Nunes: Offenbach José Eduardo: Frankfurt / M Luciano Caetano da Rosa: Berlim Luísa Coelho: Berlim Marco Bertoloso:  Colónia Paulo Pisco: Lisboa Rui Paz: Dusseldórfia Salvador M. Riccardo: Teresa Soares: Nuremberga Tradução: Barbara Böer-Alves Assuntos Sociais: José Gomes Rodrigues Consultório Jurídico: Catarina Tavares, Advogada Michaela Azevedo dos Santos, Advogada Miguel Krag, Advogado Fotógrafos: Fernando Soares Publicidade: Fernando Roldão (Sul) Impressão: Portugal Post Verlag Redacção, Assinaturas Publicidade Burgholzstr. 43 • 44145 Dortmund Tel.: (0231) 83 90 289 • Fax: (0231) 83 90 351 www.portugalpost.de EMail: portugalpost@free.de www.facebook.com/portugalpostverlag Registo Legal: Portugal Post Verlag ISSN 0340-3718 PVS K 25853 Propriedade: Portugal Post Verlag Registo Comercial: HRA 13654

PORTUGAL POST

Os textos publicados na rubrica Opinião são da exclusiva responsabilidade de quem os assina e não veiculam qualquer posição do jornal PORTUGAL POST

Publicidade é um investimento e não uma despesa. Divulgue a sua empresa no seu jornal. Fale connosco! 0231 - 83 90 289

O nosso homem em Frankfurt

A

notícia sobre a nomeação de um Cônsul-Honorário para Frankfurt apanhou de surpresa toda a comunidade daquela região. Após a luta pela manutenção do viceconsulado, os portugueses daquela ex-área consular não estavam à espera que o Governo se inclinasse para uma solução, digamos, “honorária”. Um dos argumentos da comissão contra o encerramento do vice-consulado tinha a ver com o facto de Frankfurt ser um centro económico e sede do BCE. Por isso – e por outras coisas-, Portugal deveria de ter uma representação diplomática. A esta exigência o Governo responde com a nomeação de um Cônsul-Honorário para “calar as bocas do mundo”. Sabe-se que as nomeações de cônsules honorários têm, geralmente, uma função: aproveitar o prestígio social e económico de quem é nomeado na tentativa de levar negócio para o país. Esta intenção tem muito mais significado numa momento em que Portugal precisa de investimento estrangeiro como “pão para a boca”. Falta saber se a escolha do novo Cônsul – Honorário em Frankfurt é a figura indi-

cada para o fazer. Numa volta pelas pessoas mais influentes da área para saber a opinião sobre a figura escolhida, a primeira reacção não foi, de todo, efusiva. Mas seria injusto fazer, à partida, um julgamento negativo. Simeon Ries, o nomeado, foi até há pouco tempo presidente da Federação de Empresários Portugueses na Alemanha (vulgo VPU). O conhecimento que tem de Portugal (até fala bem português) e também sobre uma parte da comunidade pode permitir que Simeon Ries venha a ser uma mais valia para os interesses de Portugal na região. Mas só o futuro o dirá. Pelos vistos, não será apenas Frankfurt a ter um Cônsul-Honorário. Haverá pelo menos mais duas nomeações de cônsules honorários: Osnabrück e Munique. Estas nomeações, ou o anúncio sobre a intenção do Governo nomear cônsules honorários para aquelas cidades, poderá ter sido um tema discutido na última reunião realizada no final do mês passado entre o Embaixador de Portugal, os cônsules e alguns conselheiros do CCP. Depois disto, falta saber como vai reagir a comunidade à solução encontrada para substituir o encerramento dos postos consulares.

S

ão muitos as portuguesas e portugueses residentes na Alemanha que merecem o elogio por mor da sua actividade profissional ou benévola e que nós, enquanto jornal da Comunidade, devemos divulgar não apenas porque se trata de gente que deve constituir exemplo para outros. Não é a primeira vez que o PORTUGAL POST nomeia e elege personalidades de destaque na vida da comunidade lusa na Alemanha. Quem nos acompanha há muitos anos sabe disso. A última vez que o fizemos foi em 2004 numa sessão pública organizada em Berlim pela ocasião dos 40 anos de presença portuguesa na Alemanha. Passados, portanto, 6 anos, o PORTUGAL POST volta a nomear uma lista de personalidades mais influentes entre a comunidade lusa na Alemanha. Daí o apelo que fazemos a todos aqueles que nos queiram sugerir nomes de pessoas que por este ou aquele motivo devem constar de uma primeira selecção. As suges tões enviadas devem ser acompanhadas de uma curta biografia ou das razões pelas quais o proposto deve ser seleccionado. A lista com os nomeados será divulgada na edição do PP de Dezembro deste ano.

Receba o seu jornal em casa por apenas 22,45€ / Ano Meios de pagamento disponíveis Por transferência bancária ou, se preferir, pode pagar por débito na sua conta bancária

Preencha de forma legível, recorte e envie este cupão para: PORTUGAL POST- Assinaturas Burgholzstr. 43 - 44145 Dortmund

Sim, quero assinar o PORTUGAL POST Widerruf Mir ist bekannt, dass ich diese Bestellung ohne Begründung innerhalb von 14 Tagen schriftlich bei der Portugal Post - Aboabteilung, Burgholzstr. 43 - 44145 Dortmund widerrufen kann. Zur Fristwahrung genügt die rechtzeitige Absendung. Das Abo verlängert sich um den angegebenen Zahlungzeitraum zum gültigen Bezugspreis, wenn es nicht drei Wochen vor Ablauf schriftlich gekündigt wird.

Se é assinante, avise-nos se mudou ou vai mudar de endereço Fax: 0231 - 83 90 351 Tel.: 0231 - 83 90 289 correio@free.de

Nome Morada Cód. Postal Telef.

Cidade Data/ Assinatura

Data Nasc.: Se preferir, pode pagar a sua assinatura através de débito na sua conta. Meio de pagamento não obrigatório

ICH ERMÄCHTIGE DIE FÄLLIGEN BETRÄGE VON DEM U.G. KONTO ABZUBUCHEN. Bankverbindung Kontonummer: Bankleitzahl: Datum: Unterschrift

#

Redação e Colaboradores Cristina Dangerfield-Vogt: Berlim Cristina Krippahl: Bona Joaquim Peito: Hanôver Luísa Costa Hölzl: Munique


A abrir

PORTUGAL POST Nº 220 • Novembro 2012

3

Os benefícios da privatização da RTP Cristina Krippahl

De acordo com a edição de Outubro do PP, o secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, defende que a RTP Internacional tem uma “programação lamentável”. Não sou, decerto, eu, quem vai contrariar a análise que o Sr. Cesário faz aos conteúdos da RTPI. Os responsáveis daquele canal vivem na certeza de que os portugueses espalhados pelo mundo fora são mentecaptos. Porque a explicação alternativa, e longe de mim defender tamanha heresia, é que o problema reside mais nas capacidades intelectuais e profissionais de quem tem poder de decisão na RTP.

Mas para uma avaliação aprofundada daquilo que a televisão pública acha que nós, portugueses no exterior devemos gramar, teria que recorrer a um vocabulário indigno deste jornal. E como a falta de nível da RTPI, não constitui novidade para quase ninguém, passo à frente, pois o que me espanta mesmo é o Sr. Cesário. Para que nos entendamos: o Sr. Cesário, deputado socialdemocrata eleito pelo círculo Fora da Europa, ex-Coordenador do Secretariado das Comunidades Portuguesas do PSD, secretário de Estado

das Comunidades no Governo de Durão Barroso e agora novamente detentor do posto, é alguém que há já muitos anos exerce cargos teoricamente vocacionados para a representação e defesa dos interesses dos emigrantes portugueses. Mas só agora, neste fatídico ano de 2012, o Sr. Cesário reparou que o canal da televisão do Estado dirigido ao seus eleitores serve, acima de tudo, para lhes insultar a inteligência. Mas, como diz o provérbio, mais vale tarde do que nunca. Finalmente acordado para a realidade mediática do nosso país à beira-mar plantado, o defensor dos nossos interesses – pensava eu – iria dar um murro na mesa, lembrar à RTP o seu encargo institucional de informar e não insultar, e exigir conteúdos e uma prestação de serviços em conformidade com a Lei e o Contrato de Concessão do Serviço Público de Televisão. Em vez disso, o que faz o Sr. Cesário? Afirma com profunda convicção que este triste estado das coisas só pode ser resolvido com a privatização “total ou parcial da televisão pública”. Sortudos portugueses no estrangeiro: deixaríamos de ter que aturar a televisão pública com telenovelas, portugais nos corações, informação disfarçada de futebol e futebol disfarçado de in-

formação, televendas e “jogos” pensados para expor toda a tristeza que é o sistema de educação português. Para depois passarmos a gramar o mesmo, mas da televisão privada. Enfim, pelo menos passaria a ser um procedimento legal: os privados são comerciais e não têm a obrigação de prestar o serviço público que a lei impõe – sem grande eficácia, convenhamos – à RTP.

Mas só agora, neste fatídico ano de 2012, o Sr. Cesário reparou que o canal da televisão do Estado dirigido ao seus eleitores serve, acima de tudo, para lhes insultar a inteligência.

Note-se que para o secretário de Estado, o problema pode ser a RTPI, mas a solução, a seu ver, passa por privatizar toda a televisão pública. O que levanta a eterna questão: quem beneficia com a privatização da RTP? Não é, obviamente, o cidadão. Esse perde um serviço público – pelo menos potencial - e não poupa praticamente nada. Os portugueses pagam um

total anual de 140 milhões de euros em taxas de televisão, ou seja, uma média de 15 euros por ano. Soma irrisória e que seria excessivamente bem empregue numa televisão pública digna do seu nome. O Governo injecta outros 70 milhões de euros por ano na RTP. Também a poupança deste valor não contribuiria grandemente para fechar o famoso buraco orçamental. Para além de que, correctamente aplicado, este dinheiro poderia ser uma aposta no esclarecimento e na informação, valores que têm uma repercussão positiva tangível no desenvolvimento de qualquer país. Além de que, pasme-se, o plano actualmente em debate prevê manter a taxa da televisão. Ou seja, os contribuintes passariam a pagar uma taxa aos meios de comunicação social privados, que já devem estar a esfregar as mãos de contentes com tanta boa-vontade dos governantes. Se não são os contribuintes, teles-pectadores e eleitores que ganham com uma privatização, quem será? As televisões privadas, evidentemente, que não só arrecadam mais uns milhões à custa do contribuinte, como perdem um concorrente importante. E como é que os consórcios aos quais pertencem estas televisões agradecem taman-

hos favores de quem defende com comprovado empenho os seus interesses? Evidentemente, distribuindo cargos simpáticos – vulgo “tachos” - nas respectivas e numerosas comissões de administração e supervisão, quando as vicissitudes da Democracia obrigam a um render da guarda política. Também os governantes têm que pensar no futuro, tanto mais que a carreira de muitos faz com que não estejam habilitados para um emprego a sério. Ganha também o Governo. Como chamou recentemente a atenção Giacomo Mazzone, director de relações institucionais da União Europeia de Radiodifusão (EBU), da qual a televisão pública portuguesa é membro: “Por vezes, a informação da RTP é mais independente do que agrada ao Governo”. A EBU, que representa as televisões e rádios públicas da Europa, protestou, de imediato, contra os planos de privatização em Portugal. Numa carta enviada ao Primeiro Ministro, Pedro Passos Coelho, a organização sublinha que entregar aos interesses comerciais a gestão de um recurso nacional tão valioso “não tem precedente no mundo inteiro”. Foi na imprensa internacional que li sobre esta reacção indignada. Não a encontrei em nenhum meio de comunicação social português. PUB


4

Entrevista Exclusiva

PORTUGAL POSTNº 220 • Novembro 2012

Entrevista // Helmut Elfenkämper, Embaixador da Alemanha em Lisboa

“Sei que em Portugal muitas pessoas não gostam do termo “bom aluno” blemas e têm de ser discutidas e negociadas eventuais adaptações. Mas isso é sempre objecto das conversações com a missão da troika e em todos os trimestres se tem constatado que o programa tem estado a funcionar, o que voltou a ser o caso aquando da última visita da troika no fim de Agosto. É neste sentido que devemos interpretar o que disse o ministro da economia alemão. Sei que em Portugal muitas pessoas não gostam do termo “bom aluno”, mas os resultados até agora alcançados por Portugal, por exemplo, nos mercados financeiros internacionais em que os compromissos têm claramente sido honrados, confirmam que a avaliação tem sido correcta.

A Alemanha tem representação diplomática em Portugal desde 1871. Foi nesta data, e após várias tentativas, que Bismarck uniu os vários estados alemães, fundando assim o Império Alemão, cujos princípios fundamentais foram estabelecidos pela primeira constituição nacional. Esta nação jovem e antiga, simultaneamente, foi crescendo em influência internacional, passou por períodos muito conturbados ao longo da sua história e é, actualmente, um dos países mais poderosos da União Europeia, tanto política como economicamente. A Alemanha assumiu-se como o salvador e o fiador dos países do sul que atravessam crises económico-financeiras gravíssimas. Porém, e apesar da sua boa vontade, logrou alcançar o lugar de bode expiatório em parte da opinião pública portuguesa, num país em que o consenso social está à prova. Foi neste contexto que o Portugal Post foi entrevistar o Senhor Embaixador Elfenkämper em Lisboa..

Foto: Helmut Elfenkämper. Cortesia Embaixada da Alemanha

Como é ser Embaixador da Alemanha em Portugal no actual contexto? Helmut Elfenkämper: Ser embaixador em Portugal é, e sempre foi, um prazer, apesar de todo o trabalho e das dificuldades existentes. É a segunda vez que estou em Portugal, onde já estivera nos anos noventa, e regressei em 2009 com muito gosto. Penso que é necessário esclarecer o público que tem reagido criticamente sobre o que aqui se tem passado e sobre o que se relaciona especificamente com a Alemanha. Queremos que todos os membros da União Europeia incluídos na zona Euro nela continuem e é com este fim que trabalhamos; só com um trabalho em uníssono podemos ser bemsucedidos. O programa de consolidação implementado desde o início de 2011 resulta de reflexões conjuntas com o antigo governo do Primeiro-Ministro Sócrates, com alguns membros dos dois partidos que se encontram actual-

mente no governo e com os peritos das três organizações internacionais que constituem a troika. Nestas circunstâncias é completamente falso dizer que este programa foi imposto de fora para dentro. Muitas das receitas que aqui se aplicam resultam de análises autocríticas de peritos portugueses e do trabalho conjunto com a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional sobre o que correu mal na economia deste país, o que tem de ser corrigido, quais as fraquezas estruturais e os pontos fortes. O contributo concreto da Alemanha é apoiar Portugal na economia real, isto é, no caso das empresas com capacidade de exportação, contribuir para que a sua proporção na economia portuguesa cresça e que este crescimento se reflicta proporcionalmente no crescimento das exportações de Portugal para a Alemanha - que, aliás, em 2011

foi na ordem dos 16 %. A Alemanha é o segundo maior parceiro económico de Portugal e o facto de a economia portuguesa não “encolher” tem a ver com esta situação. Contudo, as exportações da Alemanha para Portugal diminuíram, especialmente no que concerne aos artigos de consumo e aos bens de investimento. Este ano, muito provavelmente, alcançaremos um balanço comercial quase equilibrado entre os dois países, o que não acontecia há várias décadas. Por ocasião da cerimónia de inauguração do Portugal Road Show, que teve lugar no Ministério da Economia em Berlim no passado mês de Setembro, o Dr. Rösler afirmou na conferência de imprensa conjunta com o Dr. Álvaro dos Santos Pereira que Portugal é um aluno exemplar. Porém, os portugueses estão zangados e vêem os seus fi-

lhos sem perspectivas futuras. Insisto em perguntar se será que estamos mesmo no caminho correcto? Embora o Senhor Embaixador já tenha respondido a esta pergunta acima. H.E.: Posso completar, dizendo que, num programa deste tipo, é possível que se sinta que não há luz no fundo do túnel, mas devemos ver o que já foi bem sucedido – e que neste momento encontra pouco eco - isto é, que o comércio externo melhorou para Portugal. Há, naturalmente, os factos negativos que temos de constatar, como um aumento do desemprego superior ao que estava previsto e uma consolidação orçamental através da contenção da despesa, que ainda não atingiu os seus objectivos, e que, por isso, está a ser feita ao nível da receita. Estamos sempre em contacto com Portugal nestas questões. Mas nesta área não há receitas patenteadas. Por isso, surgem pro-

Os portugueses na Alemanha, ou os luso-alemães, vêem a questão de forma algo diferenciada dos seus congéneres em Portugal e reflectem sobre a melhor forma de ajudar o país. Eles são os imigrantes (e os seu filhos) de meados dos anos sessenta e início dos anos setenta que deixaram Portugal por motivos de ordem económica ou outros. Na sua opinião, como podem os portugueses na Alemanha ajudar Portugal? E em que difere esta imigração antiga da actual? H.E.: Primeiro, gostaria de dizer que a sociedade portuguesa se caracteriza por um grande sentimento de pertença à família e de ajuda directa aos familiares. Lembro-me bem da imigração dos anos sessenta e setenta, porque no lugar em que vivi quando era jovem trabalhavam muitos portugueses no sector dos têxteis, um sector que desapareceu. Durante as férias escolares trabalhei com portugueses nas máquinas das fábricas para melhorar a minha mesada. Hoje a estrutura da imigração é diferente porque estamos perante pessoas muito qualificadas. Sei que em Portugal há muitas vezes a preocupação de que estes jovens bem qualificados poderão não voltar, mas eu não tenho a certeza que venha a ser assim. Queremos que os jovens procurem oportunidades onde as há, embora a Alemanha não seja um alvo migratório como os paí-


Entrevista Exclusiva

PORTUGAL POST Nº 220 • Novembro 2012

5

Entrevista // Helmut Elfenkämper, Embaixador da Alemanha em Lisboa

“Como parceiros alemães, tentamos política - e economicamente contribuir para que Portugal seja bem - sucedido ses lusófonos, especialmente Angola e também o Brasil. Em segundo lugar, penso que – aliás, conforme o Presidente da República Cavaco Silva afirmou no seu discurso de 5 de Outubro - estes jovens prosseguem a sua qualificação no estrangeiro, que são um bom potencial para o país e que uma parte deles regressará quando as condições internas o permitirem. Nas empresas em Portugal há muito pessoal luso-alemão, tais como engenheiros, que agora são gestores empresariais, e que conhecem bem as culturas portuguesa e alemã. Como é que as empresas portuguesas podem atrair os alemães? Como se pode criar interesse pelos produtos portugueses no mercado alemão? H.E.: Este é o interesse que partilho com o meu colega Almeida Sampaio em Berlim e em que trabalhamos juntos. Existe potencial em vários sectores em Portugal, que tem de ser divulgado na Alemanha. Junto do público alemão em geral não há uma imagem do Portugal contemporâneo moderno no que diz respeito a infra-estruturas, transportes e comunicações. Portugal é um país moderno - por vezes mais moderno do que a Alemanha - e tem empresas que são internacionalmente competitivas em muitas áreas. Posso mencionar as energias renováveis, o desenvolvimento de Portugal nas fibras têxteis de alta tecnologia, as empresas de software competitivas, e na química há vários progressos a registar. Infelizmente, as estruturas industriais portuguesas são pequenas e muitas empresas não estão habituadas a trabalhar sozin-

has internacionalmente. Em conjunto com a Embaixada de Portugal, a AICEP e as câmaras de comércio e indústria, criámos o programa Portugal Plus - Road Show, com o fim de aproximar empresas e estabelecer parcerias. Com a delegação do ministro Rösler, que visitou Portugal em Maio, vieram representantes de várias associações alemãs de compradores de materiais e logística, interessadas, por exemplo, na aquisição de partes e acessórios de máquinas e produtos para a indústria automóvel.

apoia os portugueses que querem imigrar para a Alemanha? Existe um programa especial? H.E.: Muitas destas pessoas tomam iniciativas pessoais, talvez se dirijam às câmaras do comércio e indústria, por vezes obtêm informações da fonte na Alemanha, ou através de família que lá viva. Um elemento importante é a aprendizagem da língua alemã e aqui temos o Goethe Institut, que é nosso vizinho, que regista um acentuado aumento de inscrições, especialmente de jovens que querem aprender alemão. Só no semestre do inverno 2012-2013 registou-se um aumento de inscrições de quase 30%, o que mostra um incremento no interesse pela língua alemã em Portugal, e, aliás, também em Espanha.

uma certa crítica aos alemães na comunicação social. A nossa meta enquanto embaixada é explicar quais são os nossos objectivos e procurar contribuir para o debate, esclarecendo o papel da Alemanha. Nós, como parceiros alemães, tentamos política - e economicamente contribuir para que Portugal seja bem - sucedido, mas, no fundo, é de Portugal que depende o resultado final.

Como vê o futuro para Portugal? Há perigo de Portugal sair da zona do Euro? Será que Portugal, a Espanha e a Do seu ponto de vista, como Grécia acabarão numa espése pode apresentar Portugal cie de zona de periferia do como um país interessante Euro? para a angariação de investiH.E.: Penso que já disse que o mentos e de investidores na nosso objectivo é que a zona Euro Alemanha? se mantenha com os parceiros que H.E.: Isto leva-me, acabou de nomear, ou por exemplo, para o seja, com os actuais partema do turismo. Portuceiros, e se consolide de gal sempre foi um país forma a prosseguirmos Portugal é um país moderno - por com o nosso projecto ecoatraente para os alemães do ponto de vista vezes mais moderno do que a Ale- nómico. No início penturístico. É um país em manha - e tem empresas que são in- sou-se na necessidade de que muitos alemães um conceito abrangente e ternacionalmente competitivas em que numa cimeira o protêm a sua segunda residência. E penso que blema ficaria resolvido, muitas áreas. este aspecto se manmas, como a Chanceler terá. Para além disto, dever-se-á sempre mencionou, não foi este o Nos últimos tempos o con- caso. O que vivemos neste moprocurar atrair mais alemães que senso social parece estar a ser mento, esta crise, a sua intensipassem aqui uma boa parte do ano posto em causa em Portugal. dade e a sua duração é mais ou que aqui se queiram fixar, o Como embaixador sente um comparável a uma corrida de maque se insere nos objectivos do aumento da animosidade ratona do que a um “sprint”. Em governo português. Em geral, os contra os alemães ou os por- Portugal há bons atletas de maraalemães têm simpatia por Portutugueses prosseguem na sua tona, e como disse, esta maratona gal e não penso que isto seja afectado pelas discussões sobre a habitual forma suave? não chegou ao fim. Também não crise da zona Euro. Creio que PorH.E.: Pessoalmente não me posso dizer se chegámos ao quilótugal poderá continuar nesta linha. posso queixar. É um país com um metro 21 ou 32, estamos algures É também um país cuja história, contacto agradável entre as pes- no percurso. Ninguém afirmou literatura e cultura continuam a soas. Tem havido um crescendo que os problemas se resolveriam ser interessantes para os alemães. de protestos sociais e políticos. rapidamente. Naturalmente, conEsperamos que estes protestos siderando os encargos que as pesComo é que a Embaixada continuem pacíficos em geral. Há soas estão a suportar, temos que

ter atenção, para que os cidadãos não fiquem pelo caminho. Por isso, actuamos como fiadores, em conjunto com os outros parceiros do Euro, através dos fundos de resgate europeus. Serão tempos de crise, talvez, tempos de reflexão e de mudança? H.E.: Sem dúvida! Aliás, foi isso que afirmei no início da nossa conversa. Portugal e os portugueses têm que repensar questões de fundo e encontrar novas soluções. A continuação de um sistema económico baseado no crédito, em que foi gasto mais dinheiro do que aquele que foi gerado, não é possível nem sustentável. E, por último, lembro que o Goethe Institut completa este ano 50 anos de presença em Portugal. Portugal e a Alemanha são países de cultura europeia, algo diferentes, porém, com acentuados interesses mútuos. Estes interesses estão patentes nos cadernos culturais dos jornais portugueses. Como vem de Berlim, lembro que, nos últimos vinte anos, depois da reunificação, Berlim se tornou uma cidade especialmente atraente do ponto de vista cultural, também para os jovens. Estamos sem dúvida no bom caminho. Termino dizendo aos portugueses que vivem na Alemanha, e que vivem a actualidade portuguesa numa perspectiva dupla, que aqui em Lisboa estamos cientes dos problemas que Portugal atravessa, mas estamos absolutamente optimistas que a situação irá melhorar e que nós podemos dar um bom contributo neste processo. Cristina Dangerfield-Vogt, em Lisboa, PUB

À venda

DIRECTÓRIO EMPRESARIAL LUSO-ALEMÃO 2ª edição

Directório com centenas de empresas luso-alemãs. Um meio de contactos disponível para todos particulares e empresas

Encomenda de exemplares e pedido de informações Tel.: 0231 - 83 90 289 ou pot fax: 0231: 83 90 289 portugalpost@free.de Burgholzstr.43 44145 dortmund Preço: € 7,50 + portes (particulares) € 12,50 + portes (empresas)


6

PORTUGAL POST Nº 220 • Novembro 2012

Opinião Carlos Gonçalves*

Confiança no país, confiança nos portugueses os últimos anos fomos ouvindo uma frase que marcou todos aqueles que, apesar de residirem no estrangeiro, são igualmente portugueses e que ao longo de décadas deram um contributo decisivo para o seu país e para a sua imagem no exterior. Essa frase era a seguinte: “Portugal já não precisa dos emigrantes”. Esta frase dita por distintos responsáveis do país interiorizou-se em diversos sectores da sociedade portuguesa que acreditavam que Portugal era um país de sucesso estando longe de perceber, como infelizmente hoje sabemos, que na verdade o país caminhava para a bancarrota. Esta forma de pensar um país que pode viver sem as suas comunidades radicadas no estrangeiro ficou ainda mais clara quando se tomaram medi-

N

das que levaram estes portugueses a concluir que mais valia investir nos países que os acolheram pois o seu Portugal, aparentemente, já não necessitava do apoio da sua diáspora. Uma das medidas que sustentaram esta forma redutora de ver Portugal foi o fim da conta poupança emigrante. A esta associaram-se outras decisões que contribuíram para diminuir ou quebrar os laços das comunidades com Portugal como por exemplo o fim do porte pago para a imprensa regional ou a suspensão de todas as iniciativas de incentivo à participação política ou à organização dos portugueses residentes no estrangeiro. Assim, compreendo que deve ter sido com alguma surpresa e incómodo que alguns viram, no momento difícil que o país atravessa, as remes-

sas dos tais “desnecessários” emigrantes, a aumentarem de forma muito significativa. Este aumento de remessas pode ser explicado, em parte, pela solidariedade histórica das nossas comunidades para com Portugal e pelo crescimento dos fluxos migratórios. Todavia, acredito que o que realmente mudou foi a atitude dos agentes económicos. Com efeito, depois de anos a viver acima das suas possibilidades o país acorda à beira do precipício e volta-se de novo para o chamado “mercado da saudade”. Não vou repetir o que já escrevi anteriormente nesta publicação mas considero ser necessário ver as comunidades como uma oportunidade para a nossa economia, para exportação dos nossos produtos, para a internacionalização das nossas PMES e para

o incremento do turismo. É fundamental que se entenda este sector como o prolongamento natural do país e exige-se que este princípio seja interiorizado por todos aqueles que têm a responsabilidade da promoção externa de Portugal. É de salientar que o Governo actual rompeu com um passado em que as comunidades portuguesas tinham apenas um papel de observador sobre a situação do país procurando devolver aos portugueses residentes no estrangeiro um papel activo e de articulação com os interesses do país. Com efeito, de há muito que não se viam os principais responsáveis políticos da área da política externa ou da economia junto das comunidades procurando sensibilizar este universo, estimado em 5 milhões de pessoas, para um interesse comum... Portugal.

Um bom exemplo do que se pode fazer nesta área foi recentemente realizado pelos empresários das comunidades portuguesas que levaram a efeito o seu 1º Salão do Imobiliário Português no Estrangeiro, uma iniciativa pioneira e que aponta o caminho a seguir. Uma iniciativa cujo sucesso demonstra de forma inequívoca – mesmo se tal realidade custa a alguns - a capacidade das nossas gentes da emigração e a aposta que fazem no seu país. E agora pergunto. Qual a razão dessa aposta ? Porque confiam no seu país, porque confiam nos portugueses.

* Deputado do PSD pelas Comunidades

Crónica Por Joaquim Nunes

S. Martinho: castanhas, vinho… e uma lição de solidariedade

S

e eu pudesse, oferecia a todos os responsáveis pela política dos povos nestes tempos de crise um livrinho com a história de S. Martinho. S. Martinho? Isso mesmo, esse santo que deu o nome às festas populares que têm lugar por estes dias de Novembro, e que entre nós são caracterizadas pelos magustos, pelo sabor da castanha assada, pela alegria de um copo de bom vinho. Toda a gente conhece a lenda da capa de S. Martinho. Soldado romano, pertencente a boas famílias, cavaleiro equipado a preceito, Martinho entrava na cidade quando se deparou com a pessoa de um mendigo, miserável, sem pão e sem roupa. Martinho parou, não para dar a esmola do costume - essa esmola que tranquiliza a consciência de quem dá mas não resolve realmente os problemas de quem não tem desce do seu cavalo, e faz um gesto altamente simbólico: divide a sua capa com o mendigo. Dividiu, é de supor que ficou cada um com me-

tade. E a metade chegava para agasalhar. A capa chegou para os dois. Pouco tempo depois, Martinho abandonou a carreira militar para se dedicar à causa dos pobres. Os pobres agradeceram, proclamando-o “santo”. Se pudéssemos oferecer ou lembrar esta história aos responsáveis das políticas e das economias dos povos…. oferecê-la aos responsáveis do Fundo Monetário Internacional, aos senhores do Banco Central Europeu, aos grandes administradores dos bancos e outras instituições financeiras que são realmente os poderosos do nosso tempo … Quem sabe se eles não se punham a reflectir sobre o que significam ou podem significar hoje, a diferentes níveis, palavras como “partilha” e “solidariedade”?! Porque me parece que é isso que mais falta faz no mundo em que vivemos. A começar cá bem por baixo, por mim e por ti, pelo cidadão comum. Quem é que hoje se pergunta a si mesmo: o que é que eu posso fazer por um mundo mais

justo, mais solidário, mais igual? Nos finais dos anos 60, pela Europa fora, e entre nós, a seguir ao 25 de Abril, ainda havia algum idealismo a levantar estas questões de fundo sobre o social, mesmo se as respostas nem sempre convenciam. Mas hoje?! Quem é que fala de solidariedade?! Em plena crise, protestam com razão os trabalhadores e empresários a sentir-se “sugados” por uma política que não tem mais fantasia para resolver os problemas financeiros do país que não seja a de aumentar os impostos, esquecendo-se que os cidadãos não podem ser reduzidos a contribuintes sem rosto, as pessoas são mais que um NIF (número de identificação fiscal). E a política – o ordenamento de uma sociedade ou de um país - não pode reduzir-se às suas finanças. Mas também as finanças e todos os seus mecanismos, como o fisco, os impostos, salários, pensões, subsídios etc. têm que ser pensadas a partir de critérios de justiça e de solidariedade. Se nem sempre se pode dar ao

pobre a capa de que ele está a precisar, que pelo menos não se lhe tire ainda a camisa que tem sobre a pele, resguardo da sua dignidade. Em plena crise, chegam-nos dados a atestar que a distância entre os muito ricos e os muito pobres continua a aumentar. Em Portugal, como na Grécia, como na Alemanha, como nos Estados Unidos, uma pequena percentagem da população (alguns falam de 1%) detém quase toda a riqueza de um país e a grande maioria dessa população cada vez tem menos. Aumentam simultaneamente a grande riqueza e a grande pobreza. Os países e os estados estão endividados até ao insuportável, mas os ricos e os seus gestores continuam a apostar no lucro máximo, como objectivo indiscutível para os seus investimentos e especulações. Quer dizer, a riqueza existe, apenas está mal distribuída. O mercado não se regula a si mesmo. O mecanismo do dinheiro que gera dinheiro é o mesmo que produz a dívida e a miséria. Há que repensar a sociedade e os sistemas políticos a partir de outros prin-

cípios. E um deles é a justiça solidária. Mas também há sinais de esperança, mesmo se mais raros: impressiona-me a atitude de um grupo de milionários alemães que têm vindo a público dizer que gostariam de pagar mais impostos, porque sabem que a riqueza tem uma responsabilidade social. Impressioname a quantidade de voluntários que se empenham em iniciativas de solidariedade tipo “Banco Alimentar contra a Fome” (Portugal) ou “Die Tafel” (Alemanha) e muitas ,muitas outras, a nível mais local mas um pouco por todo o lado. Aí vêm as festas de S. Martinho nas comunidades, centros e associações na emigração. Atrevo-me a propor aqui que façamos delas celebrações de solidariedade. E, se com elas se pode juntar algum dinheiro, que ele seja partilhado com aqueles que, vítimas da “crise”, já hoje vivem de pé graças à solidariedade. Que a nossa partilha seja verdadeiramente solidária, à maneira de S. Martinho.


Comunidades

PORTUGAL POST Nº 220 • Novembro 2012

7

“Fado? Que horror!” Hoje, Ivo Guedes ri-se desta sua exclamação, quando, há muitos anos, foi desafiado a tocar guitarra portuguesa para o conjunto de fado “Gerações”, fundado por portugueses na Alemanha. Tal como a grande maioria dos jovens, era o rock que o inspirava. Em casa, revirava os olhos e fechava a porta do quarto quando a mãe, grande amadora de fado, punha o gira-discos a tocar.

Ivo Guedes. Foto particular

Cristina Krippahl

vo tinha onze anos quando chegou a Dortmund com a família. Uma idade em que já não é fácil largar ao amigos, escola e todo o ambiente familiar da sua cidade natal, o Porto. O guitarrista reconhece que teve algumas dificuldades em adaptar-se, sobretudo por estranhar a língua. A sua história podia ter acabado mal: sem escola, sem profissão e sem rumo, como não raras vezes acontece em circunstâncias semelhantes. Mas, tal como mais tarde, quando o desafiaram para tocar

I

uma música que, pensava, também lhe era estranha e desconhecida, Ivo Guedes decidiu-se a conquistar todas as dificuldades, terminando a escola e aprendendo a profissão de técnico de calefacção. À pergunta, até que ponto a música serviu de amparo e constante para superar os obstáculos na vida, Ivo não responde directamente. Há coisas de foro demasiado pessoal que este jovem de 32 anos, só à primeira vista extrovertido, não partilha com qualquer um. Mas a resposta fica dada ainda assim, quando conta que começou a tocar órgão electrónico aos 15 anos, num processo autodidacta moroso e inventado por

ele: “Numerava as teclas e identificava os sons por ouvido, acabando por aprender as melodias pelos números”. Em Unna formava-se, entretanto, a banda Conquistadores, precursora dos Sina Nossa, hoje talvez o grupo português de maior sucesso na Alemanha. Ivo Guedes foi convidado a participar. No dia em que os Conquistadores se viram sem guitarrista, agarrou a oportunidade e na guitarra eléctrica, paixão antiga despertada por músicos como Slash, do conjunto de hard rock Guns N’Roses. Dali à guitarra acústica foi um passo relativamente pequeno, diz. Embora, nessa altura, o fado ainda

não tivesse papel relevante na sua vida: “Comecei por uma brincadeira”, diz o Ivo, contando o episódio Gerações, um conjunto que ele mesmo acabou por manter durante anos e até hoje, à medida que foram entrando e saindo outros membros. “Ocorreu-me que talvez tocar fado fosse diferente de ouvi-lo”, diz agora, quando a guitarra portuguesa se tornou já parte integrante da sua vida. Embora começasse por acompanhar fadistas com uma viola, o instrumento que então possuía. A vez da guitarra portuguesa só chegou, quando recebeu uma de oferta do fundador do conjunto, Ciro da Silva. Mais uma vez, Ivo Guedes aceitou o desafio e partiu à descoberta de um mundo desconhecido. Os seus professores de guitarra portuguesa foram programas de fado na RTP, gravações e CDs. O autodidacta mantém que, dadas as suas influências alemãs e por causa da distância de Portugal, o fado que sai da sua guitarra tem um som diferente daquele que se toca em Lisboa. Quando lhe perguntam pelas suas composições, é com modéstia característica que responde, e minimiza o seu contributo para bandas como o Sina Nossa. Apenas para ser imediatamente contrariado por um outro elemento desse conjunto, Armindo Ribeiro, que realça trechos da autoria do guitarrista, como “Naufrágio” e “Amor perdido”. Armindo Ribeiro, que não poupa elogios à musicalidade e criatividade de Ivo Guedes, não tem dúvida: “É um bom profissional e com a ambição de evoluir sempre”. A aprendizagem autónoma, que se estendeu à composição, foi talvez um factor determinante para a grande versatilidade que caracteriza a execução. O que permite a Ivo Guedes tocar em inúmeros conjuntos de orientação diversa e faz dele um acompanhante muito solicitado por artistas de várias proveniências e géneros. Uma média de dez noites de espectáculos por mês, para além das gravações, fala por si. De “horror”, o fado passou a estar entranhado na sua música e na sua vida. Serviu-lhe de inspiração a renascença e reformulação do género em Portugal pelas novas gerações de fadistas. Para

Ivo Guedes, o fado é um processo de permanente descoberta e aperfeiçoamento. Por isso, acha, ainda tem muito para aprender. Mas com o que já sabe, conseguiu ganhar o respeito de artistas como Telmo Pires: “O Ivo tem tudo o que caracteriza um excelente músico. Tudo o que faz é sempre feito pela música, é ela que está em primeiro lugar. O Ivo traz música no coração e fado na alma.“ É este empenho profundo mas sem alarido que lhe tem valido numerosos convites para gravações e espectáculos na Alemanha e nos países vizinhos. Aliás, se alguma queixa sai da boca do guitarrista, é que se “faz muito mais pela música na França e na Holanda, do que na Alemanha”, onde só uma minoria se interessa por algo tão exótico como música portuguesa. Mas Ivo Guedes não desanima. O passo para a profissionalização completa já esteve mais longe, embora admita que largar o emprego para viver só da música implique renunciar a um certo nível de vida a que se habituou. Mas é um passo que hoje lhe parece inevitável, se quiser continuar a desenvolver a sua arte. Para já, continuará a divulgá-la na Alemanha. Em Novembro acompanhará Ana Laíns, durante a digressão da fadista portuguesa neste país. Mais uma vez com modéstia, Ivo conta que conheceu Ana Laíns no Luxemburgo. Entenderam-se bem e ela terá apreciado as suas qualidades germânicas como “pontualidade e sentido de responsabilidade”. Talvez essas qualidades tenham jogado um papel no convite para a digressão. Mas não terão sido decerto a única razão. Para citar o músico Armindo Ribeiro, que trabalha com Ivo Guedes há mais de uma dúzia de anos: “Deve ser o melhor guitarrista desta segunda geração emigrante, pelo menos que eu conheça, na Alemanha”.

Concertos Ana Laíns: Nov. 16 Passionskirche Berlin, Berlin, de - 20h00 Nov. 17 Paderborn, - 21h00 Nov. 18 Harmonie Bonn - 20h00


8 Comunidade “Os Lusitanos de Paderborn” organizam a 20ª Noite de Fado

Berlim: Festival Berlinda promove cultura lusófona

No próximo dia 17 de Novembro terá lugar a 20ª Noite de Fados organizada pelo “Os Lusitanos de Paderborn e. V.”! Todos os amantes do fado, assim como os muitos fadistas que passaram pelo palco desta coletividade, consideram Paderborn como uma localidade muito especial, onde a qualidade do fado é, sem menor dúvida, do melhor que tem aparecido na Alemanha. O motor desta coletividade tem sido Artur Domingues, membro dos “Lusitanos de Paderborn”, o qual nunca desistiu de trazer a Paderborn dos melhores fadistas, como p. ex. António Pinto Basto e muitos outros com grande renome. Segundo o Portugal Post teve conhecimento “Os Lusitanos de Paderborn e. V.” convidaram várias personalidades, entre eles dois convidados de honra: Heinz Pauls, Presidente da Câmara Municipal de Paderborn, e Manuel Silva, o exVice-Cônsul de Portugal em Osnabrück, o qual agora desempenha funções no Consulado-Geral de Portugal em Hamburgo.

Berlim estar ser o pano de fundo para o “Festival Berlinda” que quer divulgar a cultura lusófona na capital alemã, entre os dias 17 de Outubro passado até ao 17 de deste mês. A iniciativa está a ser organizada pela revista cultural online com o mesmo nome, Berlinda. Os seus organizadores contam trazer à Alemanha, durante um mês, inúmeros artistas de países de língua portuguesa, promovendo diversas actividades culturais. Em declarações à Lusa, a fundadora da revista, a portuguesa Inês Thomas de Almeida, revelou que “a adesão ao festival está a superar todas as expectativas”. Ainda refere que esta iniciativa pretende “que o público alemão tome

Apesar da cidade de Paderborn não se encontrar localizada na área consular do Consulado em Hamburgo, ”Os Lusitanos de Paderborn” decidiram ter entre, na qualidade de convidado de honra, Manuel Silva, pois Artur Domingues afirma que “o Senhor Manuel Silva foi e será sempre um amigo da comunidade portuguesa de Paderborn e é para nós uma grande honra contar com a sua presença, mesmo sabendo que a sua presença será como cidadão e não em representação oficial. Mais do que qualquer título ou função valorizamos o ser humano, a sinceridade e a amizade.” A noite de fados vai ter lugar no próximo dia 17 de Novembro, às 20.00 horas nas instalações da “Kulturwerkstadt”, Bahnhofstr. 64, 33102 Paderborn. A fadista Ana Leins será a estrela da noite e Artur Domingues garante que a 20ª Noite de Fados ficará para sempre em boa recordação. Quem pretender adquirir um bilhete poderá fazê-lo por via telefónica, Tel: 05254 / 9306843

Casal luso alemão brilha na canoagem

Consulado Geral de Portugal em Hamburgo Informa Permanências consulares nas cidades de Osnabrück, Nordhorn, Cuxhaven e Bremerhaven. Quais os actos consulares que podem ser tratados nas permanências? Todos os atos consulares praticados nos postos consulares, como p.ex. cartão de cidadão, passaporte, procurações, atos de registo civil, inscrição no recenseamento eleitoral, etc. Onde e quando terão lugar as permanências consulares? OSNABRÜCK Local: Centro Português de Osnabrück, Bünderstr. 6, Osnabrück Datas: 9 de Novembro, 26 de Novembro, 14 de Dezembro. Horário: 10.00 horas às 15.00 horas

Residente em Dortmund, Toni Pais, 46 anos de idade, brilha na canoagem, desporto que ele pratica desde os 11 anos. No último campeonato do mundo realizado em Berlim, em Setembro passado, na modalidade do grupo maiores de 30 anos, Toni Pais, que faz dupla com Siegmund Kaminski em K2, conseguiu um brilhante 2 lugar nos 2000 metros. A notícia não fica por

aqui. Também Susanne Pais, esposa de Toni Pais, que pratica igualmente canoagem, consegui na prova feminina o segundo lugar na distancia de 2000 metro, em K2. Susanne Pais fazia dupla com a sua colega Petra Marcz. No mesmo certame, na prova mista, Toni e Susanne Pais concorreram igualmente na distância de 2000 metros em K2 alcançando o terceiro ligar na prova. Parabéns!

NORDHORN Local: Centro Português de Nordhorn, Heideweg 13, Nordhorn Datas: 17 de Novembro Horário: 10.00 horas às 15.00 horas CUXHAVEN Local: Centro Cultural Português, Präsident-Herwigstr. 33-34, Cuxhaven Datas: 8 de Dezembro Horário: 10.00 horas às 15.00 horas BREMERHAVEN Local: Moliceiro Grill (Markttreff), Neumarktstr. 12, Bremerhaven Datas: 12 de Novembro Horário: 10.00 horas às 15.00 horas

PORTUGAL POST Nº 220 • Novembro 2012

consciência da enorme riqueza que representa esta diversidade cultural”,. Concertos musicais saraus literários, com o lançamento da edição bilingue (alemão e português) do novo romance do escritor angolano Ondjaki e a presença do escritor português Pedro Sena-Lino, sessões de cinema e exposições são algumas das actividades que compõem as quatro áreas deste evento: música, artes plásticas, literatura e cinema. Para além destas actividades, o festival também promoveu um fórum intitulado de “Diálogos económicos”, com a presença de empresas portuguesas e alemãs, em parceria com a AICEP/Embaixada de Portugal em Berlim. Lusa

Governo nomeia Simeon Ries Cônsul Honorário de Portugal em Frankfurt Depois de ter encerrado o consulado em Frankfurt e ter despachado os utentes daquela região consular para Estugarda, o governo anuncia a criação de um consulado honorário em Frankfurt e nomeia Simeon Ries para o cargo de Cônsul Honorário de Portugal em Frankfurt. Segundo uma nota da embaixada, o Consulado Honorário em Frankfurt havia sido criado pelo despacho de 5 de Julho de 2012, do Ministro de Estado e das Finanças e do Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros. Simeon Ries, consultor com escritórios em Frankfurt, de nacionalidade alemã, foi presidente da Federação de Empresários Portugueses na Alemanha (vulgo VPU) desde 2006 até ao verão de 2012. Segundo conseguimos apurar, Simeon Ries terá sido a primeira escolha dos seus proponentes. Sobre esta nomeação, o membro do Conselho das Comunidades Portuguesas José Eduardo reage à notícia de modo céptico e declara ao PP que “a decisão de criar agora em Frankfurt um consulado honorário deixa-nos muitas dúvidas já que a comunidade nada ganhará com isso. O se-

nhor Ministro e o senhor Secretário de Estado lá terão as suas razões mas, como comecei por dizer, não façam de nós parvos. Repito, as competências dos consulados honorários são tão reduzidas que não resolverão nenhum problema da comunidade.” Por seu lado, Rogério Pires, que sucedeu a Simeon Ries à frente da VPU, manifestou confiança , dizendo-nos que a nomeacão do seu antecessor para o cargo de cônsul Honorário pode-se traduzir numa boa escolha devido aos contactos e aos conhecimentos que Ries tem no mundo empresarial e social local ”. Já António Justo, ex-membro do Conselho Consultivo do extinto posto consular em Frankfurt, diz-nos “que para a Área consular de Frankfurt seria muito importante ter um consulado a funcionar. Quanto a cônsul honorário ou cônsul regular, omais relevante é o serviço, a personalidade do cônsul com a sua capacidade de servir os portugueses e Portugal. Decisivo para Portugal será a sua capacidade de conectar interesses, firmas e organizações que fomentem o intercâmbio comercial e cultural entre Portugal e a Alemanha”.


Comunidades

PORTUGAL POST Nº 220 • Novembro 2012

Centro Português de Osnabrück comemora o 40º Aniversário

Da direita para a esquerda: António Alves de Carvalho (Cônsul-Geral em Hamburgo), Lara Alves (dirigente do CPO), Manuel da Silva (Chefe de Chancelaria em Hamburgo), Carlos Alves (Presidente do CPO), Madeline Machado (dirigente do CPO) Fundado a 25 de Abril de 1972, o Centro Português de Osnabrück (CPO) comemorou no passado 30 de Setembro o seu quadragésimo aniversário, com atraso, por se encontrar a Abril de 2012 sem elenco diretivo. Carlos Alves, Presidente do CPO, convidou várias personalidades, entre

as quais se contaram Boris Pistorius, Presidente da Câmara Municipal de Osnabrück, António Alves de Carvalho, Cônsul-Geral em Hamburgo, e Manuel Silva, ex-Vice-cônsul em Osnabrück e actual chefe de chancelaria do Consulado-Geral em Hamburgo. O salão do CPO esteve repleto, e

antes do início do programa, os convidados de honra trocaram impressões com os sócios deste Centro Português. Houve uma recepção calorosa, regada de „raposeira“, onde foram pronunciados os discursos da praxe. Coube assim ao Presidente do CPO

GENTE NEUSA SOBRINHO AMTSFELD, residente em Mannheim, é uma pintora que não deixa ninguém ficar indiferente quando nos aproximamos da sua obra. A sua sensibilidade leva-a procurar nos rostos, que ela nesta fase pinta, o sentido do equilíbrio da harmonia que habita nas pessoas. Entre formas de azul, muito azul e azul poético, a sua obra leva-me a recordar um poema de um poeta português de nome Mário de SáCarneiro que diz isto: Um pouco mais de sol - eu era brasa, Um pouco mais de azul - eu era além. Para atingir, faltou-me um golpe de asa... Se ao menos eu permanecesse aquém... Os curiosos pela obra de Neusa Sobrinho Amtsfeld podem espreitar no facebook (www.facebook.com/neusa.sobrinhoamtsfeld) alguns dos quadros da pintora e, assim, conhecer alguém que vale a pena admirar por aquilo que faz. MS

Carlos Alves, dar as boas vindas aos visitantes e lembrar os quarenta anos da coletividade, o preciso trabalho prestado pelos seus sócios durante estas quatro décadas, destacando com especial enlevo os sócios jubilados, aqueles que há 40 anos deram vida ao CPO. O Presidente considerou-os uns autênticos heróis, cuja obra passou presentemente para os filhos e netos. Carlos Alves lembrou como o CPO se insurgira contra o encerramento do Vice-Consulado em Osnabrück, posição que mantinha apesar das permanências consulares, atualmente realizadas no próprio centro. Carlos Alves louvou o amparo prestado pelas autoridades locais ao CPO, louvando em particular a acção do Burgomestre Boris Pistorius. Finalmente agradeceu a Manuel Silva o apoio incondencional que sempre proporcionou ao Centro Português de Osnabrück, e aos portugueses que lho requereram, independentemente das suas origens ou profissões. Ciente do seu empenho, a direcção da CPO convida-o, desde 1997, a condecorar os sócios jubilados. O Burgomestre de Osnabrück frisou no seu discurso que sem querer interferir na política interna de outros países, disponibilizara todos os meios e contactos para manter a representação consular em Osnabrück. Lembrou a situação económico-financeira atravessada pela Europa, e concluiu que a gravidade dessa crise era mais um motivo para se reforçar a união e a entre-ajuda de todos os membros da UE. Mencionou o projeto que tinha em mãos com o senhor Embaixador de Portugal em Berlim, relativo à vinda de jovens da região de Vila Real, atingida por uma taxa de desemprego assustadora, para Osna-

9

brück. Aqui beneficiarão de formação profissional em empresas locais, podendo depois da formação optar por continuarem a residir e trabalhar na Alemanha ou regressarem ao seu país de origem. António Alves de Carvalho, Cônsul-Geral de Portugal em Hamburgo, agradeceu o convite e reiterou a vontade de se apoiar a iniciativa de trazer jovens de Portugal para a Alemanha. Referiu o novo mapa consular na Alemanha, destacou o seu Posto como o que assume a segunda maior área consular na Alemanha, frisando as permanências consulares como um dos projetos que se promoviam naquele Consulado-Geral e que representariam uma mais-valia para os portugueses residentes em Osnabrück, agradecendo a boa colaboração havida com o Centro Português de Osnabrück. Depois de um almoço divino, laurearam-se os sócios jubilados, e outorgaram ao convidado de honra, Manuel Silva, o privilégio de condecorar os jubilados. Manuel Silva que já passara por aquelo palco ocupando os mais diversos cargos, e por último até o do mais alto representante do Estado Português da área consular, apresentou-se nesta ocasião como o sócio n.º 488. No seu discurso Manuel Silva constatou que os cargos mudavam, mas as pessoas permaneciam, e como tal, mesmo como chefe de chancelaria do consulado em Hamburgo se mantinha sempre ao serviço da Comunidade. Mostrou-se muito sensibilizado pela franca amizade que a CPO lhe demonstrara, mais uma vez, no seu quadragésimo aniversário. Condecoraram-se então os sócios jubilados, e Manuel Silva convidou o Cônsul-Geral de Portugal e o Presidente da Mesa da Assembleia, a procederem com ele e o Presidente da direção à distribuição de medalhas. Salientem-se as palavras de agradecimento pronuinciadas pelo jubilado António Custóias, um dos sócios fundadores daquele Centro, o qual narrou o que se passara há 40 anos, quando procuravam fundar o centro, a compra das instalações, da qual fazem parte um imóvel de dois pisos e de grande dimensões, um supermercado e um edifício com 6 apartamentos. Da redação do PortugalPost fica a nota que em Osnabrück se vive a portugalidade e que o encerramento do Vice-consulado em Osnabrück além de deixar mais de 25 mil portugueses sem a devida e atempada proteção consular, rompeu um inapreciável elo de ligação entre as organizações portuguesas e as autoridades locais. Este vazio ainda é preenchido por Manuel Silva manter a sua residência em Osnabrück, pondo o seu relacionamento privilegiado com as mais diversas entidades ao serviço da comunidade. Falta saber o que acontecerá quando este deixar definitivamente Osnabrück. Felicitamos CPO pelo trabalho prestado em prol da comunidade portuguesa, pela sua excelente organização e pela amabalidade com que recebeu todos. Agrade-se ainda à representação do R.F. Arco-Íris, companheiro de sempre da CPO. Redacção


10

Comunidades

PORTUGAL POST Nº 220 • Novembro 2012

Rancho Folclórico Português de Mainz

34 anos de paixão pelo folclore O Portugal Post esteve no dia 20 de Outubro em Mainz, no 16º Festival de Folclore, organizado pelo Rancho Folclórico Português de Mainz, que completou o seu 34º anos de existência. Falámos com as responsáveis por mais esta iniciativa, Beatriz Nogueira e Elisabete Rodrigues, que nos deram conta do que têm sido estes 34 anos. Beatriz Nogueira, uma das fundadoras deste rancho continua com o mesmo ideal desde o primeiro dia, preocupada em manter os costumes e dançares do Alto e Baixo Minho. Apesar de já não estar na direcção do rancho, por motivos da sua vida pessoal, continua bem activa e presente no dia a dia desta associação, tendo entregue a responsabilidade da continuidade à jovem Elisabete Rodrigues, que conta já com 25 anos como tocadora, primeiramente de acordeão e há alguns anos a esta parte de concertina, que ”é mais genuína”. Acumula esta sua tarefa com a da responsabilidade da direcção. Muitas pessoas estarão a pensar neste momento que estes festivais já deram o que tinham a dar e que os ranchos estão a acabar lentamente. Elisabete Rodrigues é o exemplo do contrário. Uma jovem, que apesar de ser alemã de nascimento, mas filha de pais portugueses, sente dentro de si a vontade e o desejo de passar aos ainda mais novos a cultura portuguesa e as suas tradições. Sem ajudas de nenhuma instituição oficial e sem quotização mensal,

Beatriz Nogueira e Elisabete Rodrigues o rancho vive da dedicação e vontade de todos os elementos, bem como das suas famílias. Os trajes que usam, e que são pertença do rancho, foram comprados em Viana do Castelo, sendo portanto todos eles originários da região que representam. Como referiram as nossas anfi-

triãs, é tudo suportado pelo esforço e dedicação do grupo. As despesas, bastantes, são suportadas em parte por estes festivais, que permitem a entrada de algum dinheiro para ajudar a manter a paixão das suas vidas e não esquecerem as suas raízes. A funcionar com meios financeiros próprios e a viver da entreajuda de

INICIATIVAS PORTUGAL POST elege as personalidades mais influentes da comunidade ão muitos as portuguesas e portugueses residentes na Alemanha que merecem o elogio por mor da sua actividade profissional ou benévola e que nós, enquanto jornal da Comunidade, devemos divulgar não apenas porque se trata de gente que deve constituir exemplo para outros. Não é a primeira vez que o PORTUGAL POST nomeia e elege personalidades de destaque na vida da comunidade lusa na Alemanha. Quem nos acompanha há muitos anos sabe disso. A última vez que o fizemos foi em 2004 numa sessão pública organizada em Berlim pela ocasião dos 40 anos de presença portuguesa na Alemanha. Passados, portanto, 6 anos, o PORTUGAL POST volta a nomear uma lista de personalidades mais influentes entre a comunidade lusa na Alemanha. Daí o apelo que fazemos a todos aqueles que nos queiram sugerir nomes de pessoas que por este ou aquele motivo devem constar de uma primeira selecção. As sugestões enviadas devem ser acompanhadas de uma curta biografia ou das razões pelas quais o proposto deve ser seleccionado. A lista com os nomeados será divulgada na edição do PP de Dezembro deste ano.

S

todos os componentes, já percorreram a Alemanha de Norte a Sul, tendo até feito algumas deslocações ao estrangeiro. As danças e cantares que promovem são oriundos do Minho, divulgados de geração em geração. Estes festivais tornam possíveis também a recolha de muitas dessas danças, bem como a ligação que mantêm com Portugal, quer nas suas férias, quer por intermédio de familiares e amigos. Como referiram, estes festivais permitem também o convivio,a troca de informação e sobretudo saber o que se vai passando entre os portugueses radicados na Alemanha. A preocupação é sempre a de manter a originalidade, preservando as tradições, também nessa área. Por um lado sentem-se satisfeitas com o trabalho realizado até aqui e destacam a aderência e apoio da juventude. Muitos jovens entraram para este projecto com uma dinâmica própria da idade e que permitem garantir a continuidade do mesmo. É de realçar que mais de 60% dos elementos do grupo têm idades a rondar os 35 anos. O número de participantes ronda os cerca de 50 elementos. O ouro, imagem de marca dos trajes minhotos que antigamente adornava as “dançadoras”, foi substituídos por imitações que, apesar de serem cópias , se mantêm fiéis aos originais. É animador sentir o gosto e carinho com que os alemães aplaudem as suas exibições. Como a Elisabete referiu, o ran-

cho não se limita a dançar. Partilha com o público, convidando-o a dançar com ele, explicando as coreografias e os trajes. Com um brilho nos olhos confessaram que sentem um enorme prazer em mostrar as belas tradições portuguesas e que, apesar das imensas dificuldades , já estão a pensar no próximo festival. Sentem-se felizes ao olhar à sua volta e verem tanta juventude, que sem auferirem qualquer remuneração, sacrificam o seu descanso para irem aos ensaios e poderem assim manter os níveis de qualidade. Para informação, aqui se deixa os nomes dos ranchos que participaram no festival: R.F.P. De Mainz- R.F.P. Kaiserlautern – R.F.P do C.O.P de Gross Umstadt – R.F.P. Wiesbaden R.F.Sol Nascente de Maintal – R.F. Santa Marta Offenbach – R.F.Corações Lusitanos de Frankfurt Grupo de Danças e Cantares do Ribatejo de Hensberg – R.F. Os Viriatos de Limburg – R.F. Estrelas do Minho de Frankfurt – R.F. Amigos do Minho de Lausane(Suiça). No final em franco e aberto convívio dançaram todos ao som do Conjunto B.V. E Sara. No passado dia 27 de Outubro o Portugal Post vai estar em Wiesbaden no 6º Festival de Folclore em Burgerhaus Delkenheim,Munchner Strasse 2 e do qual daremos notícia na próxima edição. Mais uma vez agradecemos os convites que nos têm sido enviados. Fernando Roldão

Com pedido de publicação NOTA DO SINDICATO DOS PROFESSORES NAS COMUNIDADES LUSÍADAS SPCL ESCLARECIMENTO IMPORTANTE

Não foi ainda definida qualquer “propina” para os alunos do Ensino Português no Estrangeiro Ao contrário do que foi divulgado por alguns órgãos de comunicação social, entre os quais se encontra o PP, o novo Regime Jurídico para o Ensino Português no Estrangeiro não abre lugar à imediata aplicação da “propina”, denominada agora no diploma de legal como “taxa ”. O regime jurídico para o EPE, com alterações em alguns pontos, como por exemplo a renovação da comissão de serviço em plano bienal, ainda não foi publicado em Diário da República, não sendo portanto por enquanto aplicáveis as disposições do mesmo. Foi aprovado em Conselho de Ministros no passado dia 14 de setembro, mas não dá lugar a cobrar a

propina de 120 euros, como foi erradamente mencionado na imprensa. A “propina”, montante da mesma, descontos eventuais, etc, tudo está ainda por regulamentar e publicar. A mesma só poderá ser cobrada aos pais depois de publicação dessas disposições em Portaria, ainda inexistente. Por enquanto, nada há a pagar, estando apenas prevista a possibilidade de uma taxa, sem mencionar quaisquer quantias. Só nos resta agora esperar que a indesejável “propina” ou “taxa” não faça agora a sua aparição sob a forma de um também indesejável presente de Natal. Maria Teresa Duarte Soares Secretária- Geral


Comunidades

PORTUGAL POST Nº 220 • Novembro 2012

11

Reunião em Berlim entre membros do CCP, embaixador e cônsules

Embaixador aposta no diálogo com a comunidade Portugueses”.

A cultura

Fotografia dos presentes na reunião na embaixada. Foto: Alfredo Stoffel “É a primeira vez que conseguimos um texto que reflecte o sentimento comum dos representantes do governo e das comunidades. Queremos ser um canal de diálogo, solidariedade e compromisso ao serviço dos portugueses que vivem e trabalham na Alemanha - é assim que entendo o meu dever!“ Foi desta maneira que o Embaixador de Portugal se referiu ao encontro que manteve com membros do conselho das comunidades (CCP) e Consulados – Gerais

A reunião decorreu em finais de Outubro na Embaixada de Portugal em Berlim. Da parte do CCP participaram os conselheiros Alfredo Stoffel, Fernando Genro e Piedade Frias. De sublinhar que esta foi a primeira reunião entre os Conselheiros das Comunidades e o actual embaixador, Luís de Almeida Sampaio. O encontro serviu também para apresentar o novo Cônsul-geral em Estugarda, José Carlos Arsénio. No comunicado conjunto, enviado ao PP, lê-se que “a excelência das relações com o Conselho das Comunidades Portuguesas é um vetor imprescindível de defesa dos interesses de Portugal na Alemanha”.

O Ensino No que concerne às questões que os membros do CCP gostariam de ver abordadas, o ensino tinha de estar em cima da mesa. Neste capítulo, o comunicado refere que a Coordenadora da área, Sílvia Melo Pfeifer, apresentou o “balanço comparativo do número de alunos e de professores entre o ano letivo passado e o presente ano”, sendo ainda “expostas e explicitadas as principais alterações legislativas e pedagógicas já implementadas ou em curso para o Ensino Português no Estrangeiro, tendo sido dado particular destaque à introdução de uma taxa de frequência (também designada “propina”) e a valorização das aquisições através da introdução da certificação das competências”. Por seu turno, os membros do CCP “referiram que o Ensino Português na Alemanha se assume como uma das suas principais preocupações e linhas de ação, tendo interpelado a Coordenadora acerca de alguns problemas que ainda persistem na rede de ensino, não obstante os esforços levados

a cabo para os mitigar, designadamente no reembolso das despesas de transporte e na obtenção atempada dos seguros de saúde do corpo docente”, diz o texto. O comunicado refere também que o Conselho das Comunidades Portuguesas “manifestou-se contra a introdução da propina, tendo explicitado os motivos da sua posição”.

As permanências consulares Também o “funcionamento das Permanências Consulares, a criação de Consulados Honorários e a nomeação de Cônsules Honorários” fizeram parte da ordem de trabalhos. Neste capítulo, diz o comunicado que “os Cônsules-Gerais fizeram um balanço positivo da implementação das Permanências Consulares, tendo os Conselheiros das Comunidades Portuguesas confirmado a boa recetividade dos serviços prestados pelas Comunidades Portuguesas abrangidas por este novo sistema”. Como seria de esperar, os conselheiros manifestaram desagrados com o encerramento dos

Vice-Consulados e questionaram “a rentabilidade das permanências consulares e o seu contributo para o objetivo geral de poupança de recursos”. “Em termos de assuntos sociais, foram prestados esclarecimentos acerca das principais matérias que são alvo de pedidos de auxílio por parte de cidadãos portugueses, forma de atuação dos serviços da Embaixada e meios de comunicação ao dispor das Comunidades. Foi deixado bem claro junto dos Conselheiros das Comunidades Portuguesas que todos os pedidos são analisados e tratados de forma pessoal, individualizada e adequada a cada situação”, adianta o comunicado.

A promoção de Portugal Outro tema abordado, foi o da “promoção de Portugal na Alemanha”, tendo sido apresentadas “duas perspetivas interrelacionadas, uma de pendor económico e outra de pendor cultural. Em relação ao primeiro, foi destacado o papel da AICEP e do Turismo de Portugal na promoção de uma imagem positiva, moderna e empreendedora de Portugal e dos

“No domínio da promoção cultural e artística, foi apresentada, por Alexandra Schmidt, a estratégia da Embaixada de Portugal em Berlim nesta matériaAlexandra Schmidt, a estratégia da Embaixada de Portugal em Berlim nesta matéria. Interlocutora destacou o caráter articulado e sinérgico daquela estratégia, orientada, nomeadamente, para a promoção dos artistas portugueses residentes na Alemanha. Alexandra Schmidt referiu ainda a necessidade de se manter uma divulgação cultural assídua e diversificada, direcionada para as Comunidades Portuguesas e para o público alemão. A este respeito, apresentou o novo site do Departamento Cultural (“Culturalmente”, em http://culturalmente-botschaftportugal.blogspot.de/), assim como a Mailing List bilingue quinzenal e a Newsletter trimestral em língua alemã (cuja terceira edição está já em preparação). Os Conselheiros das Comunidades mostraram o seu apreço pelo trabalho desenvolvido pela Embaixada nesta área de atuação, tendo elogiado os desenvolvimentos apresentados”.

O Dia de Portugal Quase no fim da reunião foi discutida a hipótese de “descentralização das celebrações do Dia de Portugal, com vista a reforçar a visibilidade e o impacto destas celebrações, junto das Comunidades Portuguesas e na Alemanha, em geral”. O comunicado conclui que “a reunião, que decorreu em clima de diálogo franco e de aberta partilha de problemas e de estratégias, permite antever o reforço da cooperação entre a Embaixada de Portugal, os Consulados-Gerais e o Conselho Consultivo das Comunidades na Alemanha, no sentido de corresponder, por um lado, às necessidades e aos anseios das Comunidades Portuguesas residentes neste país e, por outro, ao que se espera destes três organismos na promoção de Portugal na Alemanha”.


12

PORTUGAL POST Nº 220 • Novembro 2012

Crónica Por Glória Sousa

Um despertador violento É assim um país incomodado, revoltado e cabisbaixo aquele que espera Angela Merkel, que passa por Lisboa este mês de Novembro. A cotação da chanceler alemã está em negativo em Portugal, sendo tanto a chefe de governo como a própria Alemanha muito mal vistos, nesta altura, e conotados com os causadores de todos os males de que se sofre.

P

ortugal acorda, sobressaltado, estremunhado, arrepiado. As medidas de austeridade são o despertador incómodo que apetece atirar janela fora. Ainda que seja um acordar violento, os portugueses estão pelo menos, agora, a despertar. Estavam adormecidos, pareciam sonâmbulos, escutando apáticos as medidas de austeridade desde que começaram a ser anunciadas, em 2010, ainda pelo governo socialista. O povo português resignava-se ao seu triste e inconsolável fado, encolhendo os ombros, lançando críticas e piadas irónicas na rua ou no café com os amigos. Mas de sussurros inaudíveis ergueu-se a voz de protesto, um grito inevitável face aos contínuos cortes e sufocantes restrições. As pessoas perderam qualidade de vida, direitos alcançados há dezenas de anos e têm mais dificuldades para aceder a cuidados de saúde ou a produtos básicos e marcas a que estavam habituadas no seu supermercado. O povo português sai agora à rua, ergue a cabeça, levanta os braços exibindo cartazes com palavras de ordem e demonstra que afinal tem voz de protesto para ecoar “chega!” às medidas de austeridade. Sem desacatos, milhares de portugueses, de todas as idades, com ou sem ideologia política, mostraram, pela primeira vez, em Setembro, uma posição unânime, activa, colectiva. As manifestações deram frutos. O governo percebeu o erro e recuou no aumento da Taxa Social Única dos trabalhadores (a sua contribuição para a segurança social), acabando, todavia, por ir buscar receitas de outra forma, nomeadamente

através do aumento de impostos. Foi uma iniciativa fértil, tendo semeado novas manifestações em Outubro, um mês rico em protestos, tanto de artistas e do sector cultural, como da administração pública, da administração local (ao nível de freguesias) e das forças da ordem, particularmente da Guarda Nacional Republicana (GNR). É assim um país incomodado, revoltado e cabisbaixo aquele que espera Angela Merkel, que passa por Lisboa este mês de Novembro. A cotação da chanceler alemã está em negativo em Portugal, sendo tanto a chefe de governo como a própria Alemanha muito mal vistos, nesta altura, e conotados com os causadores de todos os males de que se sofre. O país aguarda com expectativa e cautela a visita de Angela Merkel, hesitante no que poderá vir a trazer ao país. Muitos portugueses encaram a visita como uma estratégia política e pessoal de Merkel, de forma a melhorar a sua imagem, visando as eleições legislativas alemãs de 2013, às quais se candidata. Do outro lado, a chanceler adopta uma manobra interessante de aproximação aos países atingidos pela crise da dívida soberana. Depois de ter recebido o chefe do governo italiano, em Berlim, Angela Merkel deslocou-se a Espanha e depois à Grécia, onde manteve encontros com os respectivos primeirosministros. Prevendo protestos nas ruas de Atenas, as autoridades gregas não pouparam na mobilização de forças da ordem. O que se espera que venha a acontecer também em Portugal, dado o sentimento “anti-Merkel”, aquando da sua visita, dia

12, para se reunir com o Presidente da República e com o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho. Angela Merkel chega a Portugal acompanhada de uma comitiva de empresários para participar numa conferência de investidores na capital, transmitindo assim tanto a sua solidariedade para com a situação económico-financeira como a sua vontade de ajudar o país na recuperação. Assim, a chanceler poderá vir a cair em melhores graças do povo português, ferido no seu orgulho e de paciência esgotada. Os portugueses estão cansados tanto da classe política nacional como das autoridades externas que apertam o cerco. Estão intolerantes à “troika”, escaldados com a “austeridade”, que tem conotação directa, em seu entender, com as palavras Merkel e Alemanha. Ao invés de culpar os outros dos males internos, sacudindo a água do capote, o país precisa ainda de entender que é preciso olhar mais para dentro. A voz crítica às medidas de austeridade peca por tardia, por não ter tido a ousadia de policiar e de pedir contas a políticas de má governação, investimentos dúbios e comportamentos desviantes da classe política, ao longo de dezenas de anos. Que a crise financeira que aperta o cinto aos que ficam e que chuta para fora do país centenas ou milhares de pessoas seja, pelo menos, o despertador da consciência colectiva. E que além de forçar a equilibrar as contas portuguesas nos obrigue ainda a uma radiografia interna minuciosa e contínua, por forma a evitar ou detectar males semelhantes no futuro. PUB

A sua satisfação é essencial para nós Estamos desde 1995 ao serviço dos nossos clientes do norte a sul da Alemanha. Ao longo dos anos inúmeros clientes depositaram em nós a sua confiança e continuam a apostar nos nossos serviços financeiros e nos produtos AXA, empresa líder mundial no setor de seguros.

Homens podem poupar vários 1.000 € O tribunal de Justiça Europeu decidiu que a consideração do sexo como factor de risco em contratos de seguros representa uma discriminação. Até à data os homens têm vantagem de preço em vários seguros. Isto porque os homens vão menos vezes ao médico e porque têm menos anos de vida em relação às mulheres. A partir do dia 21.12.2012 só já existirá uma tarifa única para homens e para mulheres. A consequência será o aumento de cerca de 30 % a 40 % em alguns seguros para os homens, o que pode corresponder a vários 1.000 EUR no decorrer dos anos. Seguros & Finanças Agência Eugénio

Agência Eugénio Kieferstr. 16 - 44225 Dortmund Tel.: 0231 – 22 640 54 ou 0172 – 536 13 14 sandra.eugenio@axa.de

Mas também existem boas noticias: As tarifas unisexo só se aplicam a contratos subscritos a partir do dia 21.12.2012. Os contratos subscritos antes de 21.12.2012 não estão incluídos nesta regulamentação. Por isso, não perca esta oportunidade para verificar se no seu caso faz sentido alterar ou subscrever algum seguro.

www.facebook.com/seguros.eugenio Fale connosco para obter mais informações sobre os nossos serviços e produtos: Seguro Automóvel, Seguro de Advogados, Seguro de Habitação, Seguros de Acidentes Pessoais, Seguro de Vida, Financiamentos para compra de casa, Poupanças Reforma...



14

Empresas & Negócios

PORTUGAL POST Nº 220 • Novembro 2012

Festival Berlinda

Diálogos económicos para empresas apresentam projectos inovadores

Angela Merkel visita oficialmente Portugal a 12 de Novembro

Cinco empresas portuguesas e alemãs das energias renováveis e tecnologias de comunicação apresentaram-se, em Berlim, para mostrar as potencialidades de Portugal nestes sectores vitais para as economias modernas, e ampliar as suas redes de contactos.

A chanceler alemã, Angela Merkel, visita oficialmente Portugal a 12 de Novembro, para se reunir com o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, e o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, A chefe do governo alemão, que se fará acompanhar por uma comitiva de empresários, vai participar também numa conferência de investidores, em Lisboa, adiantou a mesma fonte. Trata-se da primeira visita oficial de Angela Merkel a Portugal desde que tomou posse, em 2005, exceptuando a sua participação em cimeiras da União Europeia e da NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte) na capital portuguesa. Nas últimas semanas, a chanceler alemã tem visitado alguns dos países mais fortemente atingidos pela crise da dívida soberana. Em princípios de Setembro, Merkel esteve em Madrid para conferenciar com o chefe do Governo espanhol, Mariano Rajoy, e na semana passada deslocou-se a Atenas para se reunir com o primeiro-ministro, Antonis Samaras, e debater o programa de ajustamento grego. Em Agosto, a chanceler alemã já tinha recebido Samaras em Berlim, além do primeiro-ministro italiano, Mario Monti. Nestes encontros e em outras ocasiões, Merkel tem reafirmado a sua confiança no futuro do euro e reconhecido os sacrifícios que os cortes orçamentais e as reformas estruturais em curso representam para os cidadãos dos países sob programa.

„Quisemos mostrar que Portugal tem uma palavra a dizer no aspecto económico e apresentar projectos inovadores como os que tivemos aqui hoje, e podem ser considerados novidades a nível mundial“, disse à Lusa o delegado do AICEP em Berlim, Pedro Leão. A portuguesa SGC Energia apresentou as alternativas que está a criar para produzir petróleo em míni refinarias “com os mesmos lucros, mas apenas um terço dos investimento“, utilizando carvão, biomassa, resíduos e gás natural. Por sua vez, a empresa alemã de energias renováveis Younicos deu a conhecer o projecto para abastecer inteiramente a Ilha da Graciosa, sem recurso a energias fósseis, o que significa substituir por energias renováveis 85% de quota de energia da ilha açoriana de 4.500 habitantes. Na parte do evento intitulado ‘Diálogos Económicos“ dedicado às tecnologias de informação, moderada pelo professor José Encarnação, da Universidade Técnica de Darmstadt, Bruno Fernandes da Altitude explicou como funciona o „Farol Cyty Guides“

Os organizadores do evento: Inês Thomas Almeida (Berlinda), Pedro Macedo Leão (Director da AICEP) e Maria João Manso (Berlin). Foto: JGR /PP criado pela sua empresa. Trata-se de um programa para telemóveis que traça percursos turísticos personalizados, adaptando-se às preferências e ao tempo disponível do utilizador. Dirk Elias, do Instituto Fraunhofer AICOS, do Porto, falou depois sobre os projetos do instituto de pesquisa alemão para criar tecnologias para telemóveis que promovam o desenvolvimento socioeconómico de países emergentes, no exemplo de África, onde em 2011 existiam, entretanto, 500 milhões de telemóveis. O balanço da reunião foi positivo,

segundo Pedro leão, que apontou „vários contactos já feitos, de pessoas que tomaram conhecimento de projectos em muitos casos transversais, com várias áreas que se tocam“. O responsável do AICEP deu o exemplo de uma empresa que representa uma associação florestal em Portugal que se mostrou interessada em fornecer biomassa para as míni refinarias da SGC Energia. Também a TAP manifestou interesse em conhecer melhor o ‘Farol City Guides’ da Altitude, adiantou Pedro Leão. Os „Diálogos Económicos“

foram integrados no Festival Berlinda, que ao longo de um mês até 17 de novembro, está a promover vários eventos para dar a conhecer melhor a cultura dos países de língua portuguesa ao público berlinense. „A cultura e a economia são pilares da nossa sociedade que devem andar de mão em mão, e fazer coisas interessantes“, disse a directora do festival e editora do magazine cultural eletrónico berlinda.org, Inês Thomas Almeida, numa breve intervenção que abriu o encontro empresarial luso-germânico. Por Lusa

Berlim Grupo parlamentar alemão-português reúne com VPU e embaixador No passado dia 25 de Outubro teve lugar no Bundestag um pequeno-almoço de trabalho e amizade em que participaram o Embaixador de Portugal, Luís de Almeida Sampaio, o director da AICEP, Pedro Macedo Leão, o Presidente da VPU (associação de empresários portugueses na Alemanha), Rogério Pires, e outros membros da direcção, o Presidente da DPG, Harald Heinke, o novo cônsul honorário em Frankfurt Simeon Ries, e membros do grupo parlamentar de amizade alemãoportuguês, incluindo o seu presidente, Christian Lange do SPD. Foi um encontro que se integrou numa série de reuniões “think-tank” que pretendem lançar ideias que possam aproximar os países em questão, neste caso concreto Portugal e a Alemanha. Um dos temas debatidos foi a crise e o ensino profissional, na vertente de como contribuir para o aperfeiçoamento daquele sistema de formação em Portugal através da

exportação do conceito da DualSystem Ausbildung praticado na Alemanha. Um sistema de ensino profissional que permite ao formando conjugar a teoria com a prática, na medida em que, durante os estudos, pode simultaneamente estagiar numa empresa da sua área de formação. O Senhor Embaixador mencionou o projecto de orçamento para 2013, que é de grande austeridade e rigor, actualmente em discussão no parlamento português, e disse que Portugal vai cumprir os seus compromissos e que os mercados se mostram positivos e que esta é uma mensagem importante. Frisou que a próxima visita da Sra. Merkel a Portugal em 12 de Novembro próximo é importante, numa perspectiva da mensagem de esperança que os portugueses necessitam, visto que o rigor e a austeridade já são dados adquiridos. Sublinhou precisarmos de um horizonte desperto para um consenso social que não está que-

Aspecto da reunião

brado mas que está à prova. Rogério Pires, presidente da VPU, sugeriu fazer folhetos para as empresas portuguesas com informações sobre como entrar no mercado alemão e sublinhou que a VPU viria a funcionar como “Schnittstelle”, ou seja, interface no projecto de formação profissional. A Jobbörse desta organização é um instrumento e um canal de informação em actividade.

Christian Lange concordou ser importante que a Chanceler passe uma mensagem de esperança aos portugueses. Afirmou ainda que é difícil o grupo parlamentar “vender o que está a fazer aos eleitores”, isto é, explicar-lhes o que está a fazer e porquê. Uma das explicações racionais e fáceis de entender será falar nas exportações alemãs, porém emocionalmente as pessoas não compreendem porque é que a Grécia, Portugal e a Espanha devem continuar na zona Euro – “é uma arte em que nem sempre somos bem-sucedidos”. A opinião pública não é necessariamente a favor dos Fundos de Resgate Europeus, o cepticismo emocional está entranhado e é importante explicar isto mesmo aos portugueses. Harald Heinke falou ainda sobre a necessidade de divulgar “highlights” da área económica portuguesa, afirmando que “o potencial é bom, cultural e politicamente, mas a divulgação económica ainda é

esparsa”. Disse ainda que é necessário juntar sinergias de forma racional e não agir de forma dispersa, sugerindo o reforço da informação recíproca para não perder oportunidades – “é preciso divulgar de forma coordenada”. “Na DPG há vinte por cento de portugueses e oitenta por cento de alemães porque os portugueses fazem os seus próprios grupos separadas. E aqui há sem dúvida potencial para aperfeiçoamento” Christian Lange sugeriu descentralizar os encontros e começar com a formação virtual, não esquecendo que os conhecimentos de alemão são fundamentais. “Estamos aqui também para exportar ideias, disse”. Nesse mesmo dia, o senhor embaixador reuniu-se com os representantes da VPU com o objectivo de obter resultados operacionais. Cristina Dangerfield-Vogt, em Berlim


PORTUGAL POST Nº 220 • Novembro 2012

Empresas & Negócios

15

Sonae Sierra quer mais centros comerciais na Alemanha Com mais de 70 anos de história e uma presença em mais de 60 mercados, o Casal Garcia é uma das marcas com mais historial na Aveleda e é um embaixador dos vinhos portugueses em todo o mundo. A Sonae Sierra está a avaliar vários projetos na Alemanha, mercado onde a empresa do grupo Sonae é coproprietária de três centros comerciais e gere outros dois, disse à Lusa o seu presidente executivo, Fernando Guedes de Oliveira. „Estamos presentemente a estudar vários projetos na Alemanha, alguns dos quais com fortes possibilidades de avançarem“, afirmou, realçando que „a economia alemã é considerada por muitos investidores imobiliários internacionais como um porto seguro na atual crise“. Em declarações à Lusa, Fernando Guedes de Oliveira explicou que „o mercado de retalho alemão tem estruturas comerciais competitivas, com boas perspetivas de vendas e rendas atraentes“. „O financiamento está ativo, contrariamente aos outros países

onde operamos, nos quais é muito difícil obter financiamento em condições competitivas“, acrescentou, justificando assim a intenção de reforçar a presença na maior economia europeia. Neste momento, a Sonae Sierra tem em desenvolvimento, na Alemanha, o Solingen Shopping, em Solingen, um investimento de 120 milhões euros, que com abertura prevista para o Outono de 2013 já tem 42 por cento da sua Área Bruta Locável (ABL) comercializada, o que, segundo a empresa, „confirma o sucesso do projeto“. Este novo projeto vai aumentar o portefólio no mercado alemão, onde é coproprietária de três centros comerciais - o Alexa, em Berlim, o Münster Arkaden, em Münster, e o Loop5, em Weiterstadt -, e gere e comercializa mais dois espaços comerciais para terceiros - o Post Galerie, em Karlsruhe, e o Bikini Haus, em Berlim.

Líder de vendas em Portugal na categoria dos Vinhos Verdes, a marca Casal Garcia sempre se distinguiu pelo seu carácter inovador. Eleita, em 2009, em Portugal como a marca de vinho mais magnética (num inquérito realizado junto de 200 mil pessoas), Casal Garcia estendeu, nos últimos anos, a sua gama de produtos, composta atualmente pelos seguintes vinhos: Casal Garcia branco A imagem do produto e a identidade da marca falam por si. Facilmente identificado pela sua garrafa de tom azulado e pelo seu rótulo único, o Casal Garcia branco é um vinho conhecido pela sua leveza, frescura e originalidade. Casal Garcia rosé Lançado em 2008, o Casal Garcia rosé é um vinho aromático onde sobressaem notas frescas de frutos do bosque, morango e cereja. O sabor suave e frutado destes vinhos tornam-nos a escolha ideal para brindar aos melhores momentos de convívio e descontração. Casal Garcia tinto A gama Casal Garcia estendeu-se com um vinho tinto. Elegante e frutado, o Casal Garcia tinto apresenta um aroma muito jovem no qual se integram harmoniosamente as notas florais da casta Touriga Nacional. Em boca, este vinho é fresco e redondo, destacando-se a presença de frutos vermelhos. Casal Garcia Sparkling A marca, que continua a surpreender os seus consumidores, inovou com o lançamento, em 2011, do Casal Garcia Sparkling. Através do site www.casalgarcia.com ou do facebook http://www.facebook.com/casalgarcia é possível acompanhar todas as novidades acerca desta marca. Pub


16

Histórias da Histórias

PORTUGAL POST Nº 220 • Novembro 2012

Florbela Espanca a “flor da charneca”

Uma vida curta, uma grande obra e uma grande mulher

Eu sou a que no mundo anda perdida, Eu sou a que na vida não tem norte, Sou a irmã do Sonho, e desta sorte Sou a crucificada… a dolorida… ... Sou talvez a visão que Alguém sonhou, Alguém que veio ao mundo pra me ver E que nunca na vida me encontrou! Florbela Espanca

Joaquim Peito Florbela Espanca (1894 – 1930) divorciada, poetisa, mulher capaz de usar calças num tempo em que isso era impensável, suicidou-se na sua casa em Matosinhos às duas horas da manhã no dia 8 de dezembro de 1930, no dia em que completava o seu 36º aniversário. A versão mais provável é que tenha consumido uma dose excessiva de tranquilizantes (ingerindo dois frascos de veronal). Só conseguia dormir à força de Veronal. Mesmo antes do seu nascimento, a vida de Florbela Espanca já estava marcada pelo inesperado, pelo dramático, pelo incomum. A sua vida foi a sua obra. Poetisa portuguesa de lirismo forte, Florbela de Alma da Conceição Espanca nasceu em Vila Viçosa, no Alto Alentejo, no dia 8 de dezembro de 1894 em casa da sua mãe de “aluguel”, Antónia da Conceição Lobo, criada de servir (como se dizia na época). O pai, João Maria Espanca, era casado com outra mulher, uma loira Mariana do Carmo, que não

podia ter filhos. Então, logrou convencê-la a aceitar a seguinte situação segundo uma antiga regra medieval, que diz que quando de um casamento não houver filhos, o marido tem o direito de ter os mesmos com outra mulher de sua escolha: ele iria fazer um filho fora do matrimónio, em mulher de condição humilde e depois o casal tomaria conta da criança. E assim estabeleceu uma relação com a lindíssima Antónia e dessa relação nasceu Florbela Espanca. Dois anos mais tarde João Espanca voltou à carga (desculpem-me a forma de o dizer) e com o conhecimento da legítima esposa, foi dormir de novo com a Antónia e nasceu um rapaz, a quem o pai insistiu em chamar Apeles Demóstenes Espanca. Curiosamente, Florbela Espanca,

conseguir ser respeitada pelos círculos literários e entrar pela ilustre porta dos iluminados da literatura.

prosa, mas foi na poesia que, verdadeiramente, atingiu a excelência, um lugar de honra na literatura portuguesa e mesmo na literatura europeia.

Amor, poesia e mágoa Alternando a sua natural brancura puríssima com o olhar de uma mulher decidida, Florbela foi uma mulher disposta a enfrentar o mundo. De personalidade vigorosa, cuja fome de amor ideal, perfeito, que ela nunca encontrou e tensão erótica brotavam de tudo o que escrevia, inovou na medida em que se entregou aos seus versos, sem receios. Casou-se três vezes: com o colega da escola Alberto de Jesus Silva Moutinho, o oficial da GNR António Guimarães e o médico Mário Lage. Para os seus conturbados amores e paixões, escreveu um dos

Enfim, Florbela está também na galeria dos notáveis pela sua loucura, pela sua coragem pioneira. Não só por ser uma mulher que desafiou as convenções, mas porque essa mulher que ela foi veio de baixo. Não era aristocrata nem uma grande burguesa. O pai começou por ser sapateiro, como o avô, depois passou a antiquário, negociou em cabedais, abriu uma casa de fotografia e era, além disso, um boémio incorrígivel e um incorrigível conquistador de mulheres. Numa altura em que as mulheres quase não tinham acesso à educação, ela completou o liceu, chegou ao en-

“O mundo quer-me mal porque ninguém Tem asas como eu tenho!” na sua infância, não pareceu ressentir-se emocionalmente de toda esta desordem familiar. Cresceu “despreocupada e feliz” na paisagem da charneca alentejana. Em 1908, mudou-se com a família para Lisboa. Lá, cursou Direito na Faculdade de Lisboa, sendo a primeira mulher a frequentar este curso, contactou outros poetas da época e com o grupo de mulheres escritoras que então procurava imporse. Colaborou em jornais e revistas, como o “Portugal no Feminino” e traduziu vários romances, sem nunca

seus mais belos poemas “Amar. Eu quero amar, perdidamente!”. Embora dona de uma vida tumultuosa, inquieta e cheia de sofrimentos íntimos, a autora soube transformar a sua história em poesia da mais alta qualidade, carregada de erotização, feminilidade e panteísmo, escrita numa época em que somente algumas – poucas – mulheres portuguesas davam tímidos passos no caminho, não se dirá sequer da emancipação, mas, antes de mais, da sua valorização perante a sociedade. Também compôs

sino superior, frequentou a Faculdade de Direito. E, ao longo da vida, sempre reivindicou o direito aos seus sentimentos e reivindicou também o direito de os verter em poesia e em prosa. A primeira publicação foi o Livro de Mágoas (1919), uma coletânea de sonetos no ano que frequentava o terceiro ano do curso de Direito e numa altura em que começou a apresentar alguns sintomas de desequilibrio mental e também tinha sofrido um aborto involuntário. Nas obras publi-

cadas posteriormente, o Livro de Soror Saudade (1931), e Charneca em Flor (1931), a poeta reafirma a sua posição ousada para a época. Sonetista perfeita, expressa as suas emoções em linguagem telúrica e imagens fortes. A sua poesia caracteriza-se pela recorrência dos temas do sofrimento, da solidão, do desencanto, aliados a uma imensa ternura e a um desejo de felicidade e plenitude que só poderão ser alcançados no absoluto, no infinito. A veemência passional da sua linguagem, marcadamente pessoal, centrada nas suas próprias frustrações e anseios, é de um sensualismo muitas vezes erótico. Simultaneamente, a paisagem da charneca alentejana está presente em muitas das suas imagens e poemas, transbordando a convulsão interior da poetisa para a natureza. Considerada como a figura feminina mais importante da Literatura Portuguesa e uma das primeiras feministas de Portugal, Florbela Espanca deixou poesias de uma sensibilidade exacerbada, repletas de um erotismo confessional, que deixa transparecer tendências e sentimentos opostos, flagrados como se tratasse de um diário íntimo. Segue nas pegadas dos grandes sonetistas da Língua Portuguesa, como Camões, Bocage, Antero, embora difira deles, em muitos pontos, principalmente por ser mulher, e abordar apenas o Amor, não fala “sobre o amor”, mas “do amor”, de maneira espontânea, destravada, como seiva que brota pura dos segredos da imaginação, sem as coerções da moda ou das conveniências literárias, o que levou muitos críticos a falarem de sua obra como repleta de „don-juanismo“ no feminino, pelo sensualismo que desconhece grilhões, desprovido de falsos moralismos, cálido, franco, superando hipocrisias e convenções pequeno-burguesas. Sensibilidade e imaginação são os pontos altos de seus momentos de criação, na melhor expressão literária, não permitindo, em momento algum, que a sua obra se possa reduzir a apenas uma confidência equívoca de sentimentos mantidos secretos pelo pudor feminino. Verdade da própria experiência e fantasia unem-se para gerarem poesias de primeira grandeza como nenhuma outra representante do sexo feminino o fez, na Literatura Portuguesa. Também publicou poemas em várias revistas, nomeadamente Modas e Bordados, uma revista que, na época, apesar do título, se interessava também pela prosa e poesia femininas. Os casamentos falhados, assim como as desilusões amorosas, em geral, e a morte do irmão, Apeles Espanca (a quem Florbela estava ligada por fortes laços afetivos), num acidente com o avião que tripulava sobre o rio Tejo, em 1927, cujo corpo não foi encontrado, marcaram profundamente a sua vida e obra. O fim precoce não impediu uma produção literária intensa. Grande parte desta obra só seria revelada ao público após a sua morte. É tida como a grande figura feminina das primeiras décadas da literatura portuguesa do século XX.


PORTUGAL POST Nº 220 • Novembro 2012

Geschichten aus der Geschichte

Florbela Espanca, die “Heideblume”

Ein kurzes Leben, ein bedeutendes Werk und eine große Frau „Ich bin die, die in der Welt verloren, Bin die, die den Leitstern nicht fand im Leben, Bin Schwester des Traumes, und darum eben Bin ich die Gekreuzigte... Schmerzenreiche .. ... Bin vielleicht das Gesicht, das Jemand erschien, Jemand, der in die Welt kam, mich zu sehen Und der doch im Leben nie fand, wer ich bin!“ Florbela Espanca

Joaquim Peito Florbela Espanca (1894 – 1930) geschieden, Dichterin, die Frau, die imstande war, Hosen zu tragen in einer Zeit, in der dies undenkbar war, die am 8. Dezember 1930 um zwei Uhr morgens in ihrem Hause in Matosinhos ihrem Leben ein Ende setzte, an dem Tag, am dem sie 36 Jahre alt wurde. Die wahrscheinlichste Version ist, sie habe eine Überdosis Schlafmittel genommen (zwei Fläschchen Veronal auf einmal). Sie konnte nur noch mit Veronal schlafen. Doch bereits vor ihrer Geburt war das Leben von Florbela Espanca vom Unerwarteten, Dramatischen, Ungewöhnlichen gekennzeichnet. Ihr Leben war ihr Werk. Als portugiesische Dichterin stark lyrischer Prägung wurde Florbela de Alma da Conceição Espanca am 8. Dezember 1894 in Vila Viçosa, im Alto Alentejo, in der „Mietwohnung“ rung mit anderen Dichtern ihrer Zeit den Arzt Mário Lage. Für ihre überihrer Mutter, Antónia da Conceição sowie mit einer Gruppe schriftstelbordenden Amouren und LeidenLobo, einer Dienstmagd (wie man dalernder Frauen, die sich damals schaften schrieb sie eines ihrer mals sagte), geboren. Der Vater, João durchzusetzen versuchten. Sie arbeischönsten Gedichte “Amar. Eu quero Maria Espanca, war mit einer anderen tete an Zeitungen und Zeitschriften amar, perdidamente!” („Lieben. Ich Frau, einer Blondine namens Mariana wie “Portugal no Feminino” (Portugal will lieben, maßlos lieben!“). Obwohl do Carmo, verheiratet, die keine Kinaus weiblicher Sicht) mit und übersie ein stürmisches, unruhiges Leben der bekommen konnte. Also übersetzte verschiedene Romane, ohne voller Herzeleid führte, wusste die zeugte er sie, nach einer uralten, dass sie es jemals geschafft hätte, von Autorin ihre Geschichte in Dichtkunst mittelalterlichen Regel folgende häusden literarischen Zirkeln respektiert höchster Qualität zu gießen, beladen liche Situation zu akzeptieren: danach zu werden und durch die hehre Pforte mit erotischen Anspielungen, weiblihat der Mann, wenn eine Ehe kinderzu den Größen der Literatur einzutrecher Sensibilität und pantheistischen los bleibt, das Recht, Kinder mit einer ten. Gedanken (die in allen Dingen etwas anderen Frau seiner Wahl zu haben: er Göttliches sehen); sie schrieb dies in würde also ein Kind außerhalb der Liebe, Leid und Dichtung einer Zeit, in der nur einige - wenige Ehe mit einer Frau in bescheidenen Nachdem sich ihre natürliche - Frauen in Portugal zaghafte Schritte Verhältnissen zeugen und das EheReinheit und Unschuld durch den auf einem Weg machten, den man paar dann für das Kind sorgen. Er Blick einer entschlossenen Frau genoch nicht einmal Emanzipation nenging daher eine Verbindung mit der wandelt hatte, wurde Florbela zu nen kann, sondern eher die Aufwerwunderschönen Antónia ein, aus der einer Frau, die der Welt gegenübertretung der Frau in der Gesellschaft. Sie Florbela Espanca entsprang. Zwei Jahre danach kam João Espanca noch einmal darauf zurück (verzeihen Sie die Aus- Die Welt liebt mich nicht, denn niemand drucksweise) und schlief mit hat Flügel wie ich sie habe! Wissen seiner Ehefrau erneut mit Antónia, woraufhin ein Knabe geboren wurde, bei dem ten wollte. Sie war eine Persönlichschrieb auch Prosa, aber in der Poesie der Vater auf dem Namen Apeles Dekeit voller Leben, deren erotische erreichte sie wahrlich Überragendes, móstenes Espanca bestand. Spannung und Hunger nach idealer, einen Ehrenplatz in der portugiesiEigenartigerweise scheint Florvollkommener nie erfüllter Liebe aus schen, ja, in der europäischen Literabela Espanca in ihrer Kindheit geallem hervor brachen, was sie schrieb, tur. fühlsmäßig nicht unter dieser sie Neues schaffen ließ, indem sie Schließlich reiht sich Florbela familiären Unordnung gelitten zu sich ohne Scheu ihren Versen hingab. auch in die Galerie derer ein, die haben. Sie wuchs „sorglos und glückSie heiratete dreimal: erst den Schuldurch ihre Tollkühnheit, durch ihren lich“ in der Heidelandschaft des Alenkameraden Alberto de Jesus Silva Pioniergeist berühmt wurden. Nicht tejo auf. 1908 zog sie mit der Familie Moutinho, dann den Offizier der Renur, weil sie eine Frau war, die die nach Lissabon. Dort durchlief sie als publikanischen Nationalgarde GNR Konventionen in Frage stellte, sonerste Frau den Studiengang Recht an António Guimarães und schließlich dern weil diese Frau eine war, die von der Fakultät Lissabon, kam in Berüh-

ganz unten kam. Sie kam weder aus der Aristokratie noch aus dem Großbürgertum. Der Vater hatte als Schuster angefangen wie der Großvater, war dann Antiquar geworden, handelte mit Leder, eröffnete ein Fotohaus und war außerdem ein unverbesserlicher Bohemien und Frauenheld. In einer Zeit, in der Frauen fast keinen Zugang zu Bildung hatten, schloss sie das Gymnasium ab, kam auf die Hochschule und studierte Recht. Und ihr ganzes Leben lang forderte sie stets das Recht auf ihre Gefühle ein und auch das Recht, sie in Poesie und Prosa zu gießen. Ihre erste Veröffentlichung war das Livro de Mágoas (Buch der Leiden) (1919), eine Sammlung von Sonetten aus dem dritten Jahr ihres Rechtsstudiums und einer Zeit, zu der sich einige Symptome seelischen Ungleichgewichts bemerkbar machten und in dem sie ungewollt eine Fehlgeburt erlitt. In den später veröffentlichten Werken, dem Livro de Soror Saudade (Buch der Schwester Sehnsucht) (1931) und Charneca em Flor (Blühende Heide) (1931), bestätigt die Dichterin ihre für die Epoche wagemutige Position. Sie schreibt vollkommene Sonette, drückt ihre Emotionen in wuchtiger Sprache und starken Bildern aus. Ihre Poesie ist geprägt von der ständigen Wiederholung der Themen Leiden, Einsamkeit, Enttäuschung, immer verbunden mit unendlicher Zärtlichkeit und einem Wunsch nach Glück und Erfüllung, die nur im Absoluten, Unendlichen erreicht werden können. Das leidenschaftliche Ungestüm der sehr persönlichen Ausdrucksweise, die um ihre eigenen Frustrationen und Sehnsüchte kreist, ist von oftmals erotischer Sinnlichkeit. Gleichzeitig ist die Heidelandschaft des Alentejo in vielen ihrer Bilder und Gedichte präsent und lässt die aufgewühlte Seele der Dichterin auf die Natur überfließen. Als die wichtigste weibliche Gestalt der portugiesischen Literatur und eine der ersten Feministinnen Portugals, hinterlässt Florbela Espanca Gedichte von übersteigerter Feinfühligkeit, voller erotischer Bekenntnisse, die widerstreitende Tendenzen und Gefühle durchscheinen lassen, aufflammen, als ob es sich um ein intimes Tagebuch handele. Sie tritt in die Fußstapfen der großen Dichter von Sonetten in der portugiesischen Literatur wie Camões, Bocage, Antero, obwohl sie in vielen Punkten anders ist als diese, vor allem, weil sie eine Frau ist und die Liebe nur anspricht; sie spricht nicht „über die Liebe“ sondern „von der Liebe“, spontan, hemmungslos, wie Lebenssaft, der rein aus den Geheimnissen

17

der Vorstellungskraft quillt, ohne die Zwänge der Mode oder literarischer Konventionen. Das veranlasste viele Kritiker, von ihrem Werk als dem eines weiblichen „Don Juan“ zu sprechen, wegen der Sinnlichkeit, die keine Fessel kennt, bar aller falscher Moralvorstellungen ist und feurig, frei, Heuchelei und kleinbürgerliche Konventionen überwindet. Feinfühligkeit und Vorstellungskraft sind die Höhepunkte ihrer kreativen Augenblicke besten literarischen Ausdrucks, der keinen Moment lang zulässt, dass ihr Werk nur auf vertraulich geflüsterte, zweideutige Gefühle reduziert werden könnte, die aus weiblicher Scham geheim gehalten wurden. Hier verschmilzt die Wahrheit eigener Erfahrung mit Phantasie, um Poesie erlesener Größe hervorzubringen wie keine andere Vertreterin des weiblichen Geschlechts dies in der portugiesischen Literatur getan hat. Sie veröffentlichte auch Gedichte in verschiedenen Zeitschriften, vor allem in Modas e Bordados (Mode und Stickereien), eine Zeitschrift, die sich zu ihrer Zeit dem Titel zum Trotz auch für weibliche Prosa und Poesie interessierte. Ihre zerbrochenen Ehen, ebenso wie die Liebesenttäuschungen im allgemeinen, besonders aber der Tod des Bruders Apeles Espanca (dem Florbela gefühlsmäßig stark verbunden war), der bei einem Flugzeugunglück ums Leben kam, als er 1927 über den Tejo flog, und dessen Leichnam nie gefunden wurde, prägten zutiefst ihr Leben und Werk. Ihr allzu frühes Ende war kein Hindernis für ein dichtes literarisches Werk. Ein großer Teil dieses Werkes sollte der Öffentlichkeit erst nach ihrem Tode bekannt werden. Sie gilt heute als die große weibliche Gestalt der ersten Jahrzehnte der portugiesischen Literatur im XX. Jahrhundert.

(Übersetzung aus dem Portugiesischen von Barbara Böer Alves)

PUB


18

Sociedade

PORTUGAL POST Nº 220 • Novembro 2012

Depressões bipolares e depressões unipolares António Justo

U

ma pessoa diagnosticada com depressão unipolar, depressão bipolar, burn-out, borderline, ou outra doença, não deve ser colocada na gaveta do preconceito. Deve ter-se muito em conta que o paciente é uma pessoa como outra qualquer e com direito a ser tratado não como doente, mas como os considerados “normais”, com todo o respeito, dignidade e consideração. De facto não há ninguém que seja cem por cento são. Todos temos alguma “telha” e se pensamos não tê-la, ainda pior: isso significa que ainda não a descobrimos e quem sofre com

ela são os outros. A pessoa faz parte da natureza com momentos estáveis e com outros menos estáveis; como a natureza, trazemos em nós as altas e baixas pressões psicológicas que originam dias soalheiros e chuvosos. Fazemos parte dum globo com diferentes zonas climática, ideias e ideologias. Há pessoas com regiões de alma mais instáveis com tsunamis, tempestades incontroláveis. Neste estado há que ir ao psiquiatra para conseguir estabilizar o próprio clima. No meio de tudo isto há um problema grande que é o próprio preconceito e o preconceito dos outros no que toca à avaliação da doença. As depressões unipolares tornaram-se entretanto socialmente

mais aceites; especialmente o burn-out (esgotamento), adquirido pelo demasiado estresse, por se ter trabalhado demais e por não se ter poupado, indo mais além do que as próprias energias permitiam. Mundialmente, cada vez mais pessoas sofrem de depressões unipolares. Depressões unipolares são as depressões em que as pessoas só sofrem de disposições depressivas enquanto nas depressões bipolares as pessoas sofrem de fases de depressão e de fases de euforia. Estas são mais raras e menos aceites pela sociedade. Há entretanto grandes diferenças de expressão de depressão e de grau de bipolaridade. Pessoas com depressões unipolares chegam a sofrer mais do que pessoas com depressões bipolares porque aque-

las só têm fases depressivas. Na- pode, a nível social e individual, turalmente, tudo depende do grau ser gerida de maneira a não se preda depressão que pode ser leve, judicar a si nem aos outros. Se a média ou grave. O estado grave de doença ajuda a pessoa na sua vida depressão é escrito por doentes social laboral e artística é uma como o inferno na terra. Natural- questão de gestão pessoal se não mente também bipolares, nas interferem negativamente com fases de depressão, podem chegar terceiros. Há muitas pessoas, que a tais estados. se não tivesse sido a doença, não No dia-a-dia as pessoas de teriam atingido a celebridade que convívio com pessoas bipolares atingiram: Fernando Pessoa, Hertêm a tendência a verem em tudo mann Hesse, Sigmund Freud, que elas fazem ou dizem como re- Victor Hugo, Winston Churchill, sultado da doença. Isto dificulta a Wolfgang Amadeus Mozart, disponibilidade do bipolar em re- Charles Chaplin, Napoleão Bonaconhecer a bipolaridade. Todos parte, Abraham Lincoln, Elvis nós temos características doentes Presley, Woody Allen, e milhentos e saudáveis. O alto grau de inteli- outros. gência, de charme e brilho que A criatividade de grandes armuitos bipolares têm, só em parte tistas e personalidades mundiais terá a ver com a perturbação. O foi, muitas vezes, alimentada pela doente bipolar nota facilmente, doença bipolar. quando está na fase de depressão, Escrevo este artigo na contiporque sofre (nesta fase é fácil re- nuação doutros textos “Distúrbio conhecer a doença). Sente-se, Bipolar ou Transtorno Bipolar porém, muito bem na fase eufó- para complementar aspectos tratarica, não sentindo o patológico dos e comentários a eles feitos, e dela; reconhece a própria persona- só com o sentido de ajudar. O molidade nela, considerando a fase tivo que me levou a escrever depressiva, estranha à sobre isto foi o facto de sua natureza, o que torna grandes amigos Aqui na conhecer difícil o reconhecimento que tinham esta doença e Alemanha que viviam, por vezes, da própria doença. Quem convive com há muitos uma vida dupla de sofriuma pessoa unipolar ou mento a nível privado e bipolar, na sua fase de- grupos de de alegria a nível extepressiva, deve ter em auto-ajuda rior. conta que ela, por vezes, Só nos podemos ajue em fica incapacitada de agir dar a nós mesmos ajuPortugal dando os outros! Mas e de tomar iniciativa; muitas vezes tenta mas também. nós também fazemos não consegue. Por isso o parte do outro! paciente precisa muito Aqui na Alemanha do acompanhamento e apoio de há muitos grupos de auto-ajuda e pessoa íntima para que aquele em Portugal também. Muitos são aceite o que ela diz e cumpra com gratuitos, havendo outros em que a medicação. se paga um contributo para despeMuitas vezes o bipolar aceita sas com programas próprios. tomar a medicação (estabilizadoNo Porto há um grupo com o res de humor) na fase depressiva apoio duma médica especialista (fase desagradável de sofrimento) em depressões unipolares e bipomas quer interrompê-la na fase lares: http://www.adeb.pt/ eufórica (de felicidade). Na fase Se a doença for demasiado depressiva, às vezes, o paciente forte, chega a bloquear a pessoa. bipolar (tal como acontece com A fase depressiva pode matar a doentes de borderline) tende a ver criatividade ou tornar a pessoa ina causa da sua infelicidade fora de capaz de se expressar artisticasi, criticando extremamente um mente, por grandes fases. pseudo-adversário que é respon- Importante é estar com eles porsabilizado pela sua situação e so- que sofrem muito embora não pafrimento. Na fase eufórica reça. Os amigos são muito sente-se entusiasmado, fala muito, importantes e uma fé forte tamsaboreando a sua genialidade e o bém. O diálogo na intimidade seu aspecto excepcional e origi- com Deus, ou com o universo, nal, mas confundindo, muitas torna-se libertador e ajuda a tirar vezes, a fantasia com a realidade. o gosto de azedo que a vida, por Também chaga a ter prazer em vezes, tem. fazer o destrutivo jogando com o Quem tem a doença deve prorisco. curar assumi-la, não tendo verMuitas vezes o psiquiatra di- gonha de a ter. A vida dos agnostica uma depressão unipolar chamados “normais” é, muitas em vez duma bipolar porque o pa- vezes, mais “doente” ainda, que a ciente só se dirige a ele na fase de daqueles que a normalidade condepressão unipolar sem mostrar as sidera doente. A esta, falta-lhes, características da fase eufórica. por vezes, um pouco da sensibiliA oscilação de humor e das dade que aqueles parecem ter a fases de maior ou menor acção mais.


Alemanha

PORTUGAL POST Nº 220 • Novembro 2012

19

Berlim

Protocolo de cooperação médica entre o Centro Hospitalar Universitário de Coimbra e a Techniker Krankenkasse O presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Dr. José Martins Nunes, esteve em Berlim para assinar um protocolo de cooperação, na área de prestação de serviços médicos, com a Techniker Krankenkasse, uma entidade seguradora pública alemã, que opera no sector da saúde. A TK é a segunda maior seguradora ao nível da saúde do sector público na Alemanha e a melhor seguradora do tipo no país segundo a revista Focus Money de 49/2011. Com oito milhões de segurados, proporciona-lhes serviços médicos em viagem a nível Europeu, através do Europe Service, tendo já celebrado cento vinte contratos deste tipo com vários países da União. A prestação de serviços médicos transnacionais em viagem nos países da UE está em vigor há vários anos. Porém, o inovador para Portugal neste acordo é - todos os segurados da TK poderem usufruir dos serviços daquela unidade hos-

pitalar caso venham a precisar de cuidados clínicos, durante o período da sua residência ou viagem em Portugal, em melhores condições, nomeadamente o aligeiramento dos trâmites burocráticos, a passagem do processo administrativo para os parceiros do protocolo e ainda a simplificação do acesso aos serviços médicos, para além da garantia de celeridade na prestação daqueles serviços diferenciados. O vice-presidente do conselho de administração da TK, Thomas Ballast, afirmou que escolheram o CHU pela qualidade dos serviços oferecidos e facilidade de comunicação linguística, para além de se

tratar de um hospital universitário de longa tradição – “a Universidade de Coimbra foi fundada no sec. XIII, e é uma das mais antigas da Europa”. José Martins disse ao Portugal Post que o hospital possui cerca de 1200 camas e oferece várias especialidades que vão da cardiologia à oftalmologia, passando pelos transplantes de fígado, e outras. Destacou que em Portugal existe uma lei inovadora e diferente dos outros países em matéria de transplantações - na falta de proibição expressa do próprio presume-se que os órgãos são doados depois da morte, ou seja, não é necessária declaração expressa nesse sentido.

O que coloca Portugal numa situação vantajosa relativamente aos países em que a legislação é mais restritiva, nomeadamente na Alemanha. Carlos Martins, assessor do ministro da saúde, afirmou não se tratar de um sector típico de cooperação entre os dois países mas que, sendo o nosso sistema nacional de saúde um dos melhores da Europa, queremos ser “players” no mercado internacional da prestação de serviços de saúde. Segundo o assessor temos boas condições não só para o turismo médico como também para o “wellness”, visto termos várias estações termais, em parte com acreditação internacional. Não deixou de mencionar que atravessamos momentos difíceis, mas que estes podem ser “janelas de oportunidades”. Sublinhou estar certo que “emergiremos nos próximos anos como destino do turismo na área da saúde”. Segundo alguns dignitários presentes este seria apenas um primeiro passo com muito potencial de alastramento e aprofundamento no âmbito dos projectos de desen-

volvimento internacional na área da saúde que estão a ser estudados e analisados. Por fim o embaixador de Portugal em Berlim, Almeida Sampaio, afirmou que este protocolo é um bom exemplo de cluster na área da saúde e que o podemos inscrever como mais uma história de sucesso, numa UE que precisa de empreendimentos bem-sucedidos, e que Portugal tem várias histórias de sucesso e que os portugueses lideram o caminho nesta vertente. Com a frase “predictability beyond excelency” (para além da excelência, a previsibilidade) o embaixador terminou frisando que “não temos as virtudes dos nossos vizinhos mediterrânicos porque não somos mediterrânicos – mas temos as de um povo atlântico”. No fim foi servida uma das nossas excelências sempre previsíveis – um Porto de Honra para celebrar a assinatura deste importante protocolo de cooperação para Portugal. Cristina Dangerfield-Vogt, em Berlim

Prisão perpétua para alemão que matou no Algarve O engenheiro alemão que estava a ser julgado em Munique sob a acusação de assassínio, no Algarve, da namorada angolana e da filha de ambos, em Julho de 2010, foi condenado a prisão perpétua, perante o tribunal, e o seu advogado pediu a absolvição. O Tribunal Regional de Munique considerou também tratar-se de «um crime particularmente grave», o que significa que o arguido não será libertado após 15 anos, o período que corresponde à pena máxima na Alemanha, tal como o Ministério Público tinha requerido. A defesa tinha pedido a absolvição para o homicida, que também clamou, a chorar, a sua inocência, nas alegações finais do seu advogado. Gunnar Dorries, 45 anos, era acusado de homicídio da namorada angolana, Georgina Zito, de 30 anos, e da filha de ambos, Alexandra Zito, de ano e meio, em Julho de 2010, na Praia do Canavial, perto de Lagos. Segundo a procuradora pública Elisabeth Ehrl, que elogiou, nas alegações finais, a cooperação com as autoridades judiciais portuguesas, o arguido não queria pagar pensão de alimentos à namorada e à filha, e escondeu esta relação da mulher, com quem vivia em Munique.

A criança estava a brincar na praia quando a mãe morreu afogada, após lutar com Dorries dentro de água, segundo uma testemunha portuguesa que foi chamada a depor em Munique. A defesa tentou pôr em causa a credibilidade dos testemunhos portugueses, considerando-os «muito contraditórios», mas a acusação considerou que todos eles «foram muito fiáveis e não tinham intenção deliberada» de inculpar o réu, «que se quis livrar de duas testemunhas incómodas do seu passado». Agentes portugueses da Polícia Marítima e da Polícia Judiciária compareceram também no julgamento para depor, e médicos legistas algarvios, que fizeram a autópsia ao corpo da cidadã angolana, testemunharam por vídeo-conferência. Dorries conheceu Georgina num concerto musical em Estugarda, em 2006, e pouco tempo depois, a imigrante angolana ficou grávida de Alexandra, que o pai só conheceu nas férias em Portugal, em 2010. As polícias portuguesa e alemã apuraram posteriormente que o suspeito viajou para Portugal a 06 de Julho, na companhia de Georgina e Alexandra, e os três alojaram-se num hotel de Lagos. A 10 de Julho, Dorries terá arras-

Georgina Zito e a sua filha cujo corpo nunca chegou a ser encontrado

tado Georgina para a água na Praia do Canavial, onde a afogou, simulando um acidente, presenciado por testemunhas portuguesas que serão chamadas posteriormente a depor. Horas depois, chegou ao hotel já sem a filha e, a 13 de Julho, viajou para Lisboa, num carro de aluguer, apanhando depois um avião para Munique. A 15 de Julho, um comando especial da polícia alemã deteve Dorries no seu apartamento na capital da Baviera, com base num mandado de captura europeu emitido pelas autoridades portuguesas. Desde então, o suspeito ficou em regime de prisão preventiva, em Munique. Nos interrogatórios policiais, Dorries recusou-se a revelar o paradeiro de Alexandra, alegando que a criança estava viva e que a tinha confiado a um casal de turistas no Algarve. Porém, os restos mortais da menina acabariam por ser encontrados por pescadores, em Março de 2011, na costa algarvia, perto de Sagres. Devido ao adiantado estado de decomposição do corpo, os investigadores não conseguiram apurar a causa do óbito. Dorries terá planeado assassinar Georgina e a pequena Alexandra

quando a mulher angolana lhe exigiu que assumisse a paternidade da criança, o que não estava disposto a fazer. Assim, viajou em segredo até Lagos, em Junho de 2010, preparando meticulosamente o crime, sustentou o Ministério Público de Munique. Segundo os autos de acusação, o engenheiro terá dito à companheira alemã que tinha de ir à Dinamarca em viagem de negócios, para encobrir as férias no Algarve. Portugal chegou a pedir a extradição de Dorries às autoridades germânicas, mas o requerimento foi indeferido pelo Tribunal Regional de Munique, que optou por aceitar permitir que Dorries fosse julgado no país de origem, como ele próprio desejava. O julgamento começou em Março, e conheceu vários adiamentos, devido, sobretudo, a diligências efectuadas pela defesa. Já depois de o processo ter arrancado, a primeira sessão teve de ser anulada e repetida, porque o tribunal constatou que um dos dois juízes-jurados, de nacionalidade germânica, mas de origem turca, não tinha conhecimentos suficientes de alemão para entender os pareceres jurídicos e médicos, com muitos termos técnicos. Lusa com PP


20

Consultório Miguel Krag, Advogado Portugal Haus Büschstr.7 20354 Hamburgo Leopoldstr. 10 44147 Dortmund Telf.: 040 - 20 90 52 74

PORTUGAL POST Nº 220 • Novembro 2012

O consultório jurídico tem a colaboração permanente dos advogados Catarina Tavares, Lisboa, Michaela Ferreira dos Santos, Bona e Miguel Krag, Hamburgo

Michaela Ferreira dos Santos, Advogada Theodor-Heuss-Ring 23, 50668 Köln 0221 - 95 14 73 0

Registo de recém-nascidos filhos de Pais não casados entre si Catarina Tavares Advogada

Av. Sidónio Pais, 20 - R/C Esq. 1050-215 Lisboa Tel.: (+351) 216 080 970 catarina.tavares@mms.com.pt

Um dos primeiros passos após o nascimento de uma criança é o respetivo registo do assento de nascimento, sendo essa a prova legal da sua existência enquanto pessoa com direitos e deveres numa sociedade. Muitas vezes esse registo é realizado dentro do hospital, uma vez que a maioria dos hospitais públicos portugueses, tem um funcionário do registo civil. Nesse momento, caso os

pais sejam casados entre si, apenas será necessário a presença de um deles, que acaba por ser naturalmente o pai, que terá a responsabilidade de indicar o nome do recém-nascido, indicando ainda o nome da mãe e o dos avós maternos e paternos. Na referida situação tudo corre com normalidade e sem obstáculos, o que poderia levar à conclusão que o registo de um recém-nascido é sempre uma obrigação sem quaisquer contratempos. Seria uma conclusão incorreta. Imaginemos a situação, de duas pessoas juntas em união de facto ou que mantiveram uma relação da qual resultou

uma gravidez. Tudo correrá dentro da normalidade se forem ambos os progenitores a promover o registo de nascimento do recém-nascido. Na ausência do pai do recém-nascido a mãe apenas conseguirá promover o registo do nascimento, com uma procuração emitida pelo pai, dando-lhe poderes para o efeito e identificando o nome do recém-nascido a respetiva data de nascimento e demais dados. Situação diferente e pouco usual é aquela em que antes do nascimento da criança o pai (não casado com a mãe) ausenta-se do país e não estará presente na altura do nascimento. Nesta situação especí-

fica, é possível o pai deslocarse a uma Conservatória do Registo Civil e Perfilhar o nascituro (pessoa ainda não nascida). A perfilhação é o reconhecimento voluntário da paternidade e pode ser efectuada ainda antes de ocorrer o nascimento. A perfilhação antes do nascimento, garante que a mãe consiga promover ao registo do nascimento sem o acompanhamento do pai ou mediante autorização do próprio. E o que é necessário para que o pai possa perfilhar o nascituro? É necessário que se desloque a qualquer conservatória de registo civil, (ou consulado) identifique o nome da progeni-

tora mãe, e entregue uma declaração emitida pelo médico que está a acompanhar a gravidez donde conste a data provável de conceção e do nascimento. Depois de efectuado o registo de perfilhação, é necessário facultar uma certidão desse registo à mãe, para que a mesma a entregue no momento em que promova o registo de nascimento do recém-nascido. Desde 1977 que deixou de haver na lei portuguesa a menção filho de “pai incógnito”, desta forma, quando é apenas a mãe a promover o registo de nascimento e a mesma não é casada, será o tribunal a investigar a paternidade oficiosamente. PUB

Natália da Silva Costa Advogada / Rechtsanwältin, LL.M. E-Mail: info@ra-natalia-costa.de http://www.ra-natalia-costa.de

Consultas em Português

TRADUÇÕES PORTUGUÊS ALEMÃO

Claus Stefan Becker Tradutor ajuramentado junto dos Consulados-Gerais de Portugal em Estugarda Im Schulerdobel 24 79117 Freiburg i.Br Tel.: 0761 / 64 03 72 Fax:0 761 /64 03 77 E-Mail:info@portugiesisch-online.de

ALEMÃO

PORTUGUÊS

Caro/a Leitor/a: Se é assinante, avise-nos se mudou ou vai mudar de residência

JTM Consulting GmbH • Contabilidade • Consultadoria fiscal, empresarial e financeira JTM@consystem.com Sede: Fuchstanzstr 58 60489 Frankfurt /Main TM: 0172- 6904623 Tel.069- 7895832 Fax: 069-78801943

Weidestraße 122 b, 5. Etage 22083 Hamburgo Telefon: 040 6969 11 71 Fax: 040 6969 11 38

Rechtsanwalt/ Advogado Victor Leitão Nunes Consultas em português 40210 Du ̈ sseldorf Immermannstr. 27 Ra.Nunes@web.de Tel.: 0211 / 38 83 68 6 Fax: 0211 / 38 83 68 7

Catarina Tavares, Advogada em Portugal Av. Sidónio Pais, 20 - R/C Esq. 1050-215 Lisboa Tel.: (+351) 216 080 970 catarina.tavares@mms.com.pt

Advogado

Carlos A. Campos Martins Direito alemão Consultas em português por marcação Hansaring 115 50670 Köln Tel.: 0221 – 356 73 82


21

PORTUGAL POST Nº 220 • Novembro 2012

José Gomes Rodrigues rodrigues@live.de

3

Terceira idade: é preciso não parar! Já alguns elementos e organizações da comunidade portuguesa nos têm pedido para nos debruçarmos sobre a terceira idade. Acedemos com o maior prazer, convencidos que deste modo também podemos prestar um serviço bem útil, minimizando os possíveis efeitos negativos, valorizando quem vive nesta idade de ouro. O sonho do regresso definitivo às origens de muitos foi adiando-se. Vai sendo raro o compatriota que regressa definitivamente ao lar que os tantos anos e sacrifícios construíram e acariciaram com o renovar de pinturas ao longo dos anos. Hoje, ao olharmos com maior atenção nas ruas das nossas cidades, notamos que a presença dum maior número de pessoas da terceira idade é mais visível que em anos anteriores. A redução dos lugares de trabalho nas diversas empresas, as mais diversificadas doenças profissionais levaram a engrossar este número. O árduo trabalho levou ao desgaste prematuro da saúde e à correspondente reforma precoce. A impossibilidade de seguir o ritmo exigente da produção, levou a muitos a caírem no desemprego e mais tarde à ajuda social. O regresso tem colidido com o desejo de permanecer mais perto da família que aqui nasceu, cresceu e se estabilizou. Os filhos e os netos transformaram-se para o casal idoso nas suas pérolas mais preciosas. A esmerada e atenta assistência médica que aqui sempre receberam, obsta com a incerteza em Portugal. É que o árduo trabalho de décadas marcou no corpo mazelas, muitas delas crónicas a necessitarem de contínuos tratamentos. O custo de vida em Portugal aumentou de tal forma, que as reformas auferidas mostram-se insuficientes para a devida programação duma vida com a merecida qualidade.

duzida enormemente. O tempo em demasia pode constituir agora uma possível riqueza a explorar e a usar adequadamente. Este poderá ser um palco de lutas interiores consigo, com a comunidade e com a família. Esta ficou reduzida ao casal que, como tem mais tempo poderá usá-lo com intensidade e esforços desdobrados para administrar a sua presente vida. Alguns conflitos que ficaram armazenados no subconsciente sem serem devidamente tratados poderão agora desabrochar e provocar desordens até desenlaces matrimoniais. O poder económico fica, na maior parte das vezes, reduzido a uma parca pensão que não lhes permite marcar os mesmos passos como anteriormente. A qualidade de vida poderá vê-se reduzida. A perca dos diversos papéis e funções na sociedade que possuíam e lhes emprestava alguma vida social e felicidade, poderá levá-los a alguma tristeza e saudade. O consumo exagerado de medicamentos conjugado com alguma dependência de álcool poderá espreitar e afastá-lo do bom convívio. O receio de desconhecer a língua empurra-os a viverem no seu fechado espaço, aparentemente aconchegante, mas longe da realidade, impedindo-o duma vida mais abrangente e mais feliz. “Quem me comeu a carne que me coma os ossos“, é uma expressão que, de vez em quando, se faz ouvir nas nossas conversas de rua. Basta olhar em alguns rostos para fazer uma leitura atenta das suas histórias. Os sonhos não realizados deixam um ar de certa amargura. Novos horizontes de vida são necessários

Oferecer qualidade de vida à comunidade portuguesa nas suas diversificadas vertentes e camadas etárias foi, durante muito tempo, uma orientação dos serviços sociais da Caritas durante anos. Passou-se de um assistencialismo inoperante e dependente a um Serviço Social onde a qualidade de vida, a auto-suficiência são ou terão sido um objectivo concreto. São visões que os serviços mantiveram e cultivaram levando a cabo diversas actividades. Estes serviços foram drasticamente reduzidos e integrados nas ofertas gerais para toda a população emigrada. Este papel ficou reduzido ao encaminhamento e encorajamento para participarem activamente nos grupos existentes. O papel das iniciativas privadas, dos centros, associações e até das Missões Católicas cobrou uma maior importância. Novas ideias, projectos e novas fontes de financiamentos são sempre bemvindos. Ideias para valorizar os tempos livres Procurar na cidade, na sua missão, no seu bairro algum grupo multinacional de actividades e que valorize o tempo livre disponível, é uma realidade a ter em conta. Trabalhos manuais, excursões, encontros esporádicos e festivos, são actividades para recuperar e dignificar o tempo. Se não existirem tais iniciativas especificas para a terceira idade, dirijamse a uma instituição que possa por em movimento um projecto destes. Conforme se administra esta riqueza, que é o tempo, esta idade ganha valor. O ser jovem não é medido com idade, mas é uma atitude na vida. É a possibilidade que se tem em

Quadro geral psicosocial da terceira idade Durante a vida profissional e activa, o ritmo diário era marcado pela velocidade e constante correria. O trabalho não lhes oferecia tempo suficiente para ocupar-se de outras lides. O stress era contínuo. O desgaste psíquico, aliado ao desgaste físico, resulta agora numa saúde deficitária, onde a ida ao médico vai fazendo parte dum ritual habitual e até obrigatório. As já poucas energias eram consumidas com a educação dos filhos. Não só o pouco tempo, mas a motivação para participar qualitativamente no ritmo recreativo e cultural da comunidade era ínfima. Agora o tempo é o que mais abunda. A velocidade anterior foi re-

O sr. José Nunes, reformado, não se isola. Foto: PP

viver com a maior qualidade. É nesta idade que surgem capacidades que outrora não tiveram espaço para florir. Hoje, o que não acontecia antes, tem campo suficiente e possibilidades para alargar esses horizontes. A terceira geração toma novas funções na família e na sociedade. Na minha cidade de Neuss existe um grupo de reformados alemães, bem organizado que já têm estendido as mãos convidativas a outros elementos de outras culturas, entre as quais aos portugueses. O conhecimento insuficiente da língua, como muitos afirmam, não constitui argumento, pois a língua do coração e a do constante sorriso nos lábios é mais importante e potente. Se sentirmos orgulho na nossa cultura centenária lusitana, então deveríamos deixar para trás receios e integrar-nos neste movimento, mostrando assim a nossa riqueza e aceitando valorizar-nos com a cultura e a maneira de ser dos outros. Demonstremos este nosso orgulho. Fechados nada ou pouco vale. Parabéns ao José Nunes que, desde há muitos anos, conseguiu destruir essa barreira fazendo parte já da direcção deste movimento de mais de 100 sócios. É uma pessoa muito querida por todos. O idioma não tem sido, de forma alguma, um impedimento. A língua do coração e da vontade fala mais alta e é por todos, não só compreensível, mas até valorizada. Oferecer o tempo os outros valoriza-nos! A dedicação aos outros faz parte da valorização desta riqueza. E dar-se que se recebe. A alegria e o sentir-se útil num serviço abnegado ao outro dão-se as mãos. É num rosto sereno harmónico que se mede a idade da juventude e não o número matemático do possível peso dos anos. As palavras do conhecido fado: “Ó tempo volta para trás” deverão ser banidas. A doação ao outro dá-nos a possibilidade de viver o tempo com mais intensidade e qualidade. Dar-se sem esperar recompensa, pois se a recebemos já o efeito que lhe queremos emprestar desvanece-se. Só nos construímos e ganhamos felicidade duradoura e reconfortante partilhando o tempo com quem necessita. O leque de possibilidades é imenso: ajudar alguém necessitado, visitar os doentes, participar activamente em alguma festa de beneficência para angariar fundos para obras do terceiro mundo, acompanhar alguém ao médico. Enfim, há um campo imenso para fazer brilhar o nosso tesouro: o tempo. Dar uma mão na sua associação ou centro ou até nas acti-

vidades da sua Missão pode constituir também ma possibilidade Reforçar os elos familiares dando-lhes o devido valor Num mundo onde reina a correria desenfreada e abundam as diversas e contraditórias instâncias de educação, a escola, a rua e os grupos mais diversos, a presença e participação dos avós na educação dos netos é essencial para um crescimento mais harmónico e eficiente. O método de avaliação dos avós sai dos critérios de avaliação dos pais. Eles não se orientam pela medida dos pais. Eles são aquela chicotadinha doce e afável que não educam simplesmente para o futuro imediato da produção, da velocidade, em direcção a uma concorrência desleal. Eles adocem-lhes a alma, provocando, inconscientemente, uma harmonia interior de que a juventude de hoje carece. O olhar dos avós é diferente do dos pais, não são tão exigentes e constituem uma relação mais efectiva e mais desprovida de julgamentos. Os avós sentem-se recobrar energias, mais úteis, conselheiros, e os netos fortificam-se, aumentam a sua autoestima, sentem-se não só num mundo onde o anonimato se quer instalar, um ser ao acaso, mas sim pertencentes a um elo contínuo duma corrente duradoura que constitui a árvore genealógica e familiar. Os netos sentem-se como um fruto desejado dessa corrente familiar para viver, criar, produzir e transformar. Assim eles fortificam melhor o seu “ego”, o seu amor-próprio, indispensável para a sua sobrevivência e formação da própria liberdade responsável. Não há dúvida que há cuidados a ter nesta função educativa. Eles poderão usar a influência ou o afecto para minar a autoridade dos pais, desrespeitando limites impostos. Deverá evitar-se, por esta razão e a todo o custo, a crítica aos pais perante os netos. Deve ser afastada completamente a voz das mágoas e dos rancores. Tentar fazer certo com os netos o que terá sido errado com os pais, é outra tentação. Caberá aos filhos resgatar os pais para a vida, permitindolhes assumir acertadamente as suas novas funções. A história da família é essencial porque dá significado ao que se vive hoje, mostra as razoes pelas quais as pessoas fazem o que fazem. A família fortalece os seus laços através do passado. É a compreensão de que existíamos muito antes de nascermos e assim continuamos muito além da nossa morte, seja como semente, caule, flor ou fruto.


PORTUGAL POST SHOP - Livros Ler + Português

A história de uma militante comunista que se apaixona por um inspector da PIDE

Autora: Esther Mucznik Preço: 33,50

O Amor nos Tempos de Cólera Gabriel Garcia Marquez Preis: € 15,95 Ao longo de quatrocentas páginas vertiginosas, compostas numa espécie de pauta estilística e musical, onde se fundem o fulgor imagístico, o difícil triunfo do amor, as aventuras e desventuras da própria felicidade humana, O Amor nos Tempos de Cólera é um romance que leva o leitor numa aventura encantatória, de uma escrita que não tem imitadores à altura. IMPERDÍVEL

Grandes Obras Os Maias Eça de Queirós Livro de Bolso Preço: € 11,90

Formas de pagamento Junte a este cupão um cheque à ordem de PORTUGAL POSTVERLAG e envie-o para a morada do jornal ou, se preferir, pode pagar por débito na sua conta bancária. Se o desejar, pode ainda receber a sua encomenda à cobrança contra uma taxa que varia entre os 4 e os 7 € (para encomendas que ultrapassem os dois quilos) que é acrescida ao valor da sua encomenda. Não se aceitam devoluções.

NOTA Nos preços já estão incluídos os custos de portes de correio nas encomendas pagas por débito (Lastschriftverfahren) e IVA PORTUGAL POST SHOP

Tel.: 0231 - 83 90 289

Portugueses no Holocausto

Cartas Vermelhas de Ana Cristina Silva

Preço: € 25,99 Nascida em Cabo Verde de família branca e abastada, Carol nunca se resignou à miséria das ilhas. E, movida pelo sonho de construir uma sociedade mais justa, ingressou ainda jovem no Partido Comunista. Não se importando de usar a beleza como arma ideológica, abraçou a luta revolucionária, apaixonou-se por um camarada e ficou grávida pouco antes de ser presa. Foi a sua mãe quem tratou de Helena nos primeiros tempos, mas, depois de libertada, Carol levou-a para Moscovo, onde trabalhou nas mais altas esferas do Comintern. Aí, o contacto com as purgas estalinistas não chegou para abalar as suas convicções, mas o clima de denúncia e traição catapultou-a para o cenário da Guerra Civil espanhola, obrigando-a a deixar Helena para trás; e, apesar de ter escapado aos fuzilamentos franquistas, a eclosão da Segunda Guerra Mundial impediu Carol de voltar à União Soviética para ir buscar a criança. Será apenas vinte anos mais tarde que mãe e filha se reencontrarão em Berlim; mas a frieza e o ressentimento de Helena farão com que, na viagem de regresso a Lisboa, Carol decida escrever um romance autobiográfico com o qual a filha possa, se não perdoar-lhe, pelo menos compreender as circunstâncias do abandono, a clandestinidade, a prisão, a guerra, a espionagem e o inconcebível casamento com um inspector da polícia política. Inspirado na vida de Carolina Loff da Fonseca, este romance extremamente empolgante vai muito além dos factos, confirmando Ana Cristina Silva como uma das mais dotadas autoras de romance psicológico em Portugal.

FAX 0231 - 8390351 correio@free.de

Baruch Leão Lopes de Laguna, um dos grandes pintores da escola holandesa do século XIX, judeu de origem portuguesa, morreu em 1943 no campo de concentração de Auschwitz. Não foi o único, com ele desapareceram 4 mil judeus de origem portuguesa na Holanda, que acabaram nas câmaras de gás. No memorial do campo de Bergen-Belsen consta o nome de 21 portugueses deportados de Salónica, entre estes Porper Colomar e Richard Lopes que não sobreviveram. Em França, José Brito Mendes arrisca a sua vida, escondendo a pequena Cecile, cujos pais judeus são deportados para os campos da morte. Uma história de coragem e humanismo no meio da atrocidade. Em Viena, a infanta Maria Adelaide de Bragança também não ficou indiferente ao sofrimento, e não hesitou em ajudar a resistência nomeadamente no cuidado dos feridos, no transporte de armas e mantimentos, tendo sido presa pela Gestapo. Esther Mucznik traz-nos um livro absolutamente original, baseado numa investigação profunda e cuidada em que nos conta a história que faltava contar sobre a posição de Portugal durante a Segunda Guerra Mundial.

Aprender Português Borges/ Tirone/ Gôja Timi 3 livro do aluno (com CD-audio) acordo ortográfico Preço: € 30,90 TIMI 3 é um manual para alunos que estão a aprender PLE / PL2. Este projeto inclui: Livro do Aluno com vocabulário ilustrado, diálogos, jogos e exercícios variados. Inclui um CD áudio com apresentação de vocabulário, dramatização das bandas-desenhadas, exercícios de oralidade e uma canção por unidade, composta com músicas e letras originais, que permitem ao aluno consolidar e aprofundar o vocabulário de uma forma lúdica e agradável. Livro do Professor que oferece, passo a passo, pistas de exploração por exercício, assim como inúmeras ideias e recursos para cada unidade. Inclui uma sinopse dos conteúdos de cada unidade e soluções dos exercícios.

Name /Nome Straße Nr / Rua

Preencha de forma legível, recorte e envie para: PORTUGAL POST SHOP Burgholzstr. 43 - 44145 Dortmund

PLZ /Cód. Postal Telefone

Ort. Datum. Unterschrift / Data e assinatura

Queiram enviar a minha encomenda à cobrança Queiram debitar na minha conta o valor da encomenda Ich ermächtige die fälligen Beträge von dem u.g. Konto abzubuchen.

NOTA DE ENCOMENDA Título

Bankverbindung Kontonummer: Bankleitzahl: Datum: Unterschrift

Ort / Cidade

Soma

Preço


23

PORTUGAL POST Nº 220 • Novembro 2012

Agenda & Sugestões As informações sobre os eventos a divulgar deverão dar entrada na nossa redacção até ao dia 15 de cada mês Tel.: 0231 - 83 90 289 Fax :0231-8390351 Email: correio@free.de

Endereços Úteis Embaixada de Portugal Zimmerstr.56 10117 Berlin

Tel: 030 - 590063500 Telefone de emergência (fora do horário normal de expediente):

0171 - 9952844 Consulado -Geral de Portugal em Hamburgo Büschstr 7 20354 - Hamburgo

Alfredo Stoffel Telefone: 0170 24 60 130 Alfredo.Stoffel@gmx.de José Eduardo, Telefone: 06196 - 82049 jeduardo@gmx.de Maria da Piedade Frias Telefone: 0711/8889895 piedadefrias@gmail.com

Tel: 040/3553484

Fernando Genro Telefone: 0151- 15775156 fernandogenro@hotmail.com

Consulado-Geral de Portugal em Düsseldorf Friedrichstr, 20 40217 -Düsseldorf

AICEP Portugal Zimmerstr.56 - 10117 Berlim Tel.: 030 254106-0

Tel: 0211/13878-12;13 Consulado-Geral de Portugal em Estugarda Königstr.20 70173 Stuttgart

Tel. 0711/2273974 Conselho das Comunidades Portuguesas: Alfredo Cardoso, Telelefone: 0172- 53 520 47 AlfredoCardoso@web.de

Federação de Empresários Portugueses (VPU) Postfach 10 27 11 50467 Köln Tel.: +49. 221 789 52 412 E-Mail: info@vpu.org Federação das Associações Portuguesas na Alemanha (FAPA) www.fapa-online.de Postfach 10 01 05 D-42801 Remscheid

FERNANDO ROLDÃO ORGANISTA E CANTOR BAILES - CASAMENTOS - FESTAS EVENTOS - KARAOKE

ALEMANHA CONTACTOS 0151 451 724 90 eferrenator@gmail.com

NOVEMBRO 5.11 a 07.12. 2012 – DUISBURG - no Vestíbulo da VHS - Rostos que falam - Gesichter, die sprechen Fotografias de e sobre Moçambique de José Gomes Rodrigues Volkshochschule der Stadt Duisburg , Königstr. 47 , 47051 Duisburg

singstr.27, 69469 Weinhei. Início: 19h00

10.11. 2012 – GÖTTINGEN – Maria João & Mario Laginha no 35º Jazzfestival Göttingen. Local: Deutsches Theater. Início: 20h00

17.11.2012 – PADERBORN – Grande noite de Fado com a presença da Fadista Ana Laíns. Local: Kulturwerkstatt Bahnhofstr. 64. 33102 Paderborn. Início: 20h00

17.11.2012 – MESCHEDE – Festa Portuguesa. Local St.Georg Schützenhalle Meschede com os artistas MIKE DA GAITA & ANA RITTA

10.11.2012 – FREIBURG – Sina Nossa Live in Freiburg. Local: EWerk Freiburg, Eschholzstr. 77, 79106 Freiburg. Início: 20h00

24.11.2011 – OFFENBACH - 6º Aniversário da Casa Portuguesa. Local: em Waldstrasse 40 Offenbach

10.11.2012 – OFFENBACH – Festa de S.Martinho na Comunidade Católica Portuguesa. Local: Marienstr.38, 63069 Offenbach.

Concertos Ana Laíns: Nov. 16 Passionskirche Berlin, , Berlin, de - 20h00 Nov. 18 Harmonie Bonn - 20h00

10.11. 2011 – OFFENBACH Festa de S.Martinho na Casa Portuguesa. Local: Waldstrasse 40, Offenbach. Início: 20h00

Até 18.11. 2012- OSNABRÜCK „Quem salva uma vida é como se salvasse o mundo inteiro“. Aristides de Sousa Mendes. Um exemplo de coragem. Exposição no Erich Maria Remarque-Friedenszentrum, Erich Maria Remarque-Friedenszentrum, Markt 6, 49069

14.12.2012 - GÖTTINGEN - Sina Nossa Live in Güttingen. Local: Altes Rathaus. Início: 20h00 16.11.2012 – DUISBURG - Jose Saramago - à procura do rasto de uma vida. Palestra, das 18:00 às 21:00 horas Volkshochschule der Stadt Duisburg Königstr. 47 , 47051 Duisburg 10.11.2012 - MÜNSTER – Baile de S. Martinho. Baile Castanhax e Feijoada à Transmontana). Local: Casa do Benfica, Albersloher Weg 587, 48167 Münster. Início: 20h00. 17.11.2012 – WEINHEIM – Festa Portuguesa com os habituais comes e bebes e bailarico. Local: Les-

tudo, pela venda de rifas no local, que incluem prémios muito aliciantes. Solicita-se a quem queira colaborar - como voluntário, artista, catering, patrocinador, oferecendo prémios para as rifas, etc. - que nos contacte na página do facebook ( https://www.facebook.com/Portug u e s e s E m B e rl i m Fe s t a D e N a tal2012?fref=ts) ou enviando mensagem ao Jorge Santos (carlosjorgeberlin@gmail.com)

SUGESTÃO DE VISA A UM MUSEU Picasso-Museum: Home www.kunstmuseum-picassomuenster.de/ Picassoplatz 1, 48143 Münster Tel.: 0251 41447-0 SUGESTÃO DE LIVRO A história de uma militante comunista que se apaixona por um inspector da PIDE

DEZEMBRO 1.12.2012 – BERLIM – Festa de Natal 2012 da comunidade portuguesa em Berlim. Local: Glaskasten (www.glaskasten.com), em Wedding, na Prinzenallee 33. Entre as 16h00 e as 24h00. A festa é organizada por um grupo de voluntários - que precisam de reforços no dia do evento - e incluirá todos os artistas portugueses que queiram participar. É um evento sem fins lucrativos, sendo os custos suportados pelos patrocinadores, venda de comes e bebes e, sobre-

Cartas Vermelhas de Ana Cristina Silva Ver PORTUGAL POST SHOP Pág. 22


24

Passar o Tempo

Amizades &

Afins CAVALHEIRO Na casa dos 50 anos a residir na RNW da ( Alemanha), não fumador, divorciado, deseja conhecer senhora nas mesmas condições para fins de amizade. Resposta (com foto) a este jornal Refª 0209

Encontre a sua alma gémea e, quem sabe, a felicidade. Coloque aqui o seu anúncio Nota: Os anúncios para este espaço devem ser bem legíveis e dirigidos ao jornal devidamente identificados com nome, morada e telefone do/a anunciante. O custo para anunciar neste espaço é de 17,50. O preço dos anúncios que requerem resposta ao jornal é de € 27,50.

poesias de amor e de outros sentires O Amor Estou a amar-te como o frio corta os lábios. A arrancar a raiz ao mais diminuto dos rios. A inundar-te de facas, de saliva esperma lume. Estou a rodear de agulhas a boca mais vulnerável A marcar sobre os teus flancos o itinerário da espuma Assim é o amor: mortal e navegável. Eugénio de Andrade, in "Obscuro Domínio

PORTUGAL POST Nº 220 • Novembro 2012

Saúde e Bem estar

Receitas Culinárias

A menopausa

Sopa de Feijão

A menopausa é a cessação dos períodos menstruais. Este fenómeno apresenta-se normalmente entre os 45 e os 52 anos de idade, ainda que possa ocorrer antes ou depois desse período. A razão é a interrupção da produção de hormonas pelo ovário. SINTOMAS: Menstruações (regras) irregulares, algumas vezes com sangramentos muito forte e outros muito brandos, apresentando-se cada vez mais espaçadas; Calores e suores nocturnos; Ressequimento vaginal; Tendência à fractura dos ossos (osteoporose). Ao passar a menopausa, a mulher vêsse livre de toda uma série de sintomas físicos e psicológicos e tem uma vida mais plena e estável. CAUSAS: a causa de um sangramento irregular e abundante nas mulheres em idade da menopausa deve-se à ausência de ovulação, o que traz como consequência o desequilíbrio na produção hormonal de estrógeno e progesterona. Seja uma produção excessiva de estrógeno ou uma baixa produção de progesterona. O aspecto emocional nos sangramentos excessivos durante a menopausa ou através dos anos de amadurecimento como mulher, desempenha um papel muito importante na redução ou aumento do fluxo menstrual. Além dos sintomas da menopausa, o consumo de álcool e de cafeína em grande quantidade pode produzir sangramentos irregulares. O sangramento irregular e abundante também pode apresentar-se devido à existência de fibromas ou quistos no útero. Em algumas ocasiões, estes quistos podem ser de origem maligna, pelo que se recomenda uma biópsia ou um „checkup“ médico. TRATAMENTO: Os calores são o resultado da diminuição na produção da hormona estrógeno. Para diminuir os calores deve-se deixar o café, os refrescos de cola e o álcool, além de ter vida tranquila e sem stress. Comprovou-se que o mel das abelhas contém hormonas como o estrógeno, devendo-se ingerir de 500 a 750 mg (3 cápsulas de 250) de mel para substituir a perda desta substância na mulher e ajudar a diminuir os efeitos causados pela menopausa. Outros elementos recomendados durante a menopausa são a ingestão de ginseng e de fortes doses de vitamina E (400 UI/dia). A osteoporose é outro entre os problemas que se apresentam nas mulheres em estágio pós-menopausa, recomendando-se a ingestão de cálcio de 800 a 1.500 mg. Os produtos lácteos como o leite, o queijo e o iogurte têm alto conteúdo de cálcio. Para que o cálcio seja aproveitado o organismo deve conter vitamina D, a qual se forma na pele quando se expões aos raios solares; além disso, o óleo de fígado de peixe o contém em abundância. Deve-se diminuir o consumo de proteínas e aumentar os grãos e vegetais. Isto diminuiu o risco de ter osteoporose. O consumo de produtos verdes do campo como o gérmen de trigo, a alfafa, etc., é importante. Fonte: Saúde e Bem Estar

200g de feijão branco; 1 cebola grande; 2 colheres de sopa de azeite; 2 colheres de sopa de concentrado de tomate; 2 dentes de alho; 1 cubo de caldo de carne; ½ colher de chá de manjerona; ½ colher de chá de paprika em pó; salsa picada; 5 cravinhos; 2 folhas de louro; 1 alho francês pequeno; 100g de presunto fumado; sal.

DICA

Lave o feijão e demolhe-o de um dia para o outro. Corte a cebola, salteie com o azeite, os alhos, o tomate e o feijão, e deite água por cima. Leve a ferver e junte o cubo de caldo de carne, as ervas e as especiarias. Ate os cravinhos e as folhas de louro a um pedaço de alho francês (para ser fácil de retirá-los quando a sopa estiver pronta) e junte-os também. Deixe cozer cerca de 1 hora e um quarto. Junte o presunto cortado em cubos e o alho francês em tiras, e coza durante 15 minutos. Rectifique o tempero, coloque numa terrina e polvilhe com salsa.

Salada de Mexilhão Ingredientes: 2 abacates 300 gr de miolo de mexilhão 2 colh. sopa de maionese 1 colh. sopa de ketchup 1/2 cálice de Vinho do Porto seco Morangos e alface para decorar Receita: Limpe e corte os abacates em pedaços. Numa saladeira, misture-os com os mexilhões. À parte, misture a amionese com o ketchup e o vinho. Na hora de servir, deite sobre a salada e decore com alface e morangos. Bom apetite

Para dar um aroma agradável ao vinagre, coloque no frasco algumas folhas de manjericão ou alecrim e depois tampe bem..

RIR O Anjo No paraíso as almas explicam os motivos das suas mortes. — E tu porque vieste cá parar? — Ia no automóvel, e a minha mulher disse-me: «Querido: passa-me o volante por um minuto e serás um anjo».

Números em Síntese Dívida Pública Portuguesa em Agosto de 2012)

188.021.107.712 € PUB

Tesouro das Cozinheiras Mais de 2000 receitas, 850 páginas Preço: € 70 É livro de cozinha mais vendido em Portugal. Pela sua clareza, simplicidade e variedade constitui um precioso auxiliar na elaboração das suas ementas diárias. Aqui encontrará garantidamente todas as receitas e todas as sugestões que procura. A variedade, o rigor e a apresentação cuidada fazem desta obra uma referência incontornável e indispensável em todas as cozinhas.

Cupão de encomenda na página 22

Agência funerária W. Fernandes

Serviço 24h Tel. 0231 - 2253926 0172 - 2320993 Trasladação para Portugal a partir de 3.500 € Tratamos de toda a documentação.


Vidas

PORTUGAL POST Nº 220 • Novembro 2012

25

Matrimónio e arrependimento Exmos Senhores, Vou contar aqui uma história um pouco fora do habitual. O que escreverei não se passou comigo, mas vivi a história muito de perto sendo que tudo aconteceu no círculo de amizades onde me insiro. Há alguns anos – há para aí uns 15 – uma conhecida minha casou-se a muito custo com um rapaz de quase trinta anos de idade também conhecido no nosso círculo. Digo casou-se a muito custo porque a mulher com quem ele se casou era uma mulher que sempre desejou um homem “à sua altura”, quer dizer, com todas as preciosidades: elegante, bonito, rico e, como ela dizia, viril. Ora, esse homem com quem ela casou não tinha, à primeira vista, nada dessas suas exigências. Isto não quer dizer que não fosse um homem, como as

pessoas gostam de dizer, “honesto e trabalhor”. Para mim, ele era mais do que isso. Eu conhecia-o e sabia quanto ele era generoso, dado, inteligente e afectuoso. De facto, não era assim um homem vistoso e, à primeira vista, não tinha as “qualidades” exigidas por aquela que viria a ser sua mulher. Ainda hoje algumas pessoas nossas conhecidas perguntam porque é que ela casou com esse rapaz. A resposta pode ser encontrada no facto dos homens que ela conheceu verem nela uma mulher não para casar mas sim como uma...uma...não sei que palavra utilizar. Mas enfim, uma mulher para momentos. Cá por mim, penso que nós os homens receavam o casamento com ela porque estava estampado no seu rosto a aptidão para o adultério.

Mas adiante. Como ela tinha dificuldades em encontrar marido, virouse para o rapaz nosso conhecido que, diga-se, estava loucamente apaixonado por ela. Em resposta a essa paixão dele conhecida de todos, ela ria-se e às vezes até quase o humilhava diante dos amigos. Em suma, tratava-o de forma arrogante e, é verdade, desprezível. Por seu lado, ele, preso por aquela paixão cega, aceitava tudo e no seu rosto lia-se as marcas da tristeza por ela o desprezar assim daquela forma quase vil. É preciso dizer que ela, e devido aos seus ares de mulher quase leviana, tinha fama de “comer” – como se dizia – os homens que lhe apetecia, o que, diga-se, não era verdade. Quando ela sente que dificilmente arranja marido devido à sua fama de mulher “carnal”, vira-se para o rapaz

Por: Paulo Freixinho

Palavras cruzadas

HORIZONTAIS: 1 - Português. Alentar. 2 - Apego excessivo ao dinheiro. A pessoa ou coisa feminina de que se fala. 3 - Da raia. Nação. 4 - Ligação (fig.). Primeiro estado dos insectos depois de saírem do ovo. 5 - Tomar uma coisa por outra. Seguir até. 6 - Germânico. 7 - Contracção dos pronomes „me“ e „o“. Acto ou efeito de tirar letras na escrita, raspando. 8 - Transformar em ermo. Ruído. 9 - Matéria corante azul de origem vegetal. Meio nu. 10 - Oferecer. Litígio. 11 - Vento brando. Produzir som. VERTICAIS: 1 – Casas de habitação. Porção de fio dobado. 2 - Respeitante à uva. Voltar. 3 - Saia curta que as mulheres usam por baixo de outra saia ou saias. Espreita. 4 - Reza. Relativo ao campo ou à vida campestre. 5 - Afugentar, expulsar (cães, galinhas, etc.). Preposição que designa posse. 6 - Oportunidade. Tira do vestido ou da calça, que rodeia a cinta. Preposição designativa de falta. 7 - Sódio (s.q.). Camada aveludada (de pêlos) que aparece em alguns vegetais, revestindo folhas, frutos, etc. 8 - Dar à luz filhos. Senão. 9 - Dividir ao meio. Casa de reunião para jogar, dançar, assistir a espectáculos, etc. 10 - Diminuição de peso, dor, etc. Vaga. 11 - Tocar ao de leve. Agastar-se sem dizer o motivo.

nosso conhecido e trata de o conquistar com vista ao matrimónio. Uma coisa que a agradava nele era o facto de ele ser médico, ter uma boa posição e boas condições materiais. Casaram-se. Via-se que ela queria aquele estatuto de casada para “calar as bocas do mundo”. Via-se também que ela tratava o marido algo distante e, às vezes até, de modo brusco e pouco digno de uma esposa. Ele, contrariamente a ela, via-se que tinha gosto nela. Apetecia-lhe mostrar ao mundo aquela mulher bonita e dizer: “esta é a minha esposa!” O tempo passou e, como toda a gente esperava, ela não lhe era fiel. Eu contei-lhe, pelo menos dois amantes. Ele sabia disso. Parecia não se interessar e não querer saber. Continuava a tratá-la com todos os cuidados e carinhos. Via-se que tinha até gosto em passear na rua com ela como se fosse a mulher mais virtuosa do mundo. Muita gente, que sabia da situação, referia-se a ele de modo chacota e ria-se dele. Ele, pelo seu lado, parecia alheado daquele mal dizer e continuava a comportar-se como um marido que trata bem e respeita a mulher. Convém dizer que ele trabalhava num hospital ligado e gerido pela igreja católica. Diga-se até que ele era conhecido por ser um excelente e dedicado médico. E generoso, como já disse. Acho que ele perdia por não ser muito falador. Como disse, ele não era um homem vistoso nem visualmente atractivo, mas quando se falava com ele era um gosto ouvi-lo. Falava de modo claro e acertado. Via-se que estava-mos na presença de uma pessoa inteligente, com virtudes humanas raras nas pessoas. Quando sorria – fazia-o com pessoas com quem se dava bem –, o seu sorriso era cativante e bom. Não apenas por isso, eu e muitos dos nossos amigos achávamos que ele não merecia o que a sua mulher lhe fazia. Mais: achávamos também que aquela mulher não merecia aquele homem. A vida decorria normalmente. Às vezes eu e ele encontrávamo-nos quando o nosso grupo de amigos se reunia. Como ele e eu éramos fãs do B. München, víamos sempre os jogos numa Kneipe perto de casa. Até que um dia o casal desapareceu sem nos avisar. Curioso, indaguei sobre a ausência deles e soube que mantinham a casa. Os vizinhos diziam-nos que não tinham mudado e, como a casa era propriedade dele, mantinha-se mobilada. Dir-se-ia que eles tinha partido para umas férias prolongadas. Foi por intermédio de um parente dela que e soubemos que eles tinham ido para África. Ele tinha-se candidatado a um lugar para prestar serviço num acampamento de refugiados algures em África e ela, para espanto de todos, tinha-o acompanhado. Dois ou três meses mais tarde re-

cebi uma carta dele a explicar-me o sucedido. Dizia-me ele que estava farto de ser enxovalhado pelo facto da mulher se comportar como se comportava. “Não aguentava mais” – dizia-me ele – “de modo que vim para este lugar de sofrimento diário em que as pessoas morrem como moscas devido à falta de alimentação e de medicamentação. Aqui estou, e estamos, a viver em condições muito rudimentares, mas a ajudar as pessoas que sofrem. A minha mulher veio comigo. Um dia coloquei-lhe esta condição: “ou vens comigo ou ficas aqui e terás de te sustentar, pagar e todos os teus luxos porque para o sítio onde vou não receberei quase nada. Disse-lhe que ia em missão solidária e o que me dão é o elementar para viver. Acho que devias vir comigo e se não gostares podes vir a qualquer momento para casa”. Para meu espanto, ela disse que sim e eu não pude conter tanta alegria por ela ter dito que me acompanhava. Hoje ela é um santa mulher. Ajuda-me muito e, nas conversas que tenho com ela, revela-me quanto andava cega por não me ter conhecido tão bem como agora. Pede-me muitas desculpas e chora abraçada a mim por me ter feito o mal que fez ao andar com este e aquela. Tudo lhe desculpo e perdoo e ela não pára de chorar e pedir-me perdão. O seu arrependimento é muito verdadeiro. No acampamento onde estamos ela é vista quase como um santa. Quase que não dorme, ou quando dorme está sempre perto das crianças e miúdos já crescidos que estão quase perdidamente doentes. Ela entrega-se de alma e coração a esta gente e agradece-me por eu lhe ter dado esta lição de vida”. Era mais ou menos isto que a carta dizia. Escrevo-a de memória. Mais ou menos um ano e tal depois de eu ter recebido esta carta, ao passar na rua onde eles moravam vi as janelas abertas. Mordido pela curiosidade, fui bater e porta e - espanto dos espantos! – quem me abre a porta é ela completamente vestida de negro, sem maquilhagem e vestida de maneira simples e, como direi, respeitadora, quase como uma freira. Quando me viu, abraçou-se a mim e desatou a chorar. Perguntei se estava tudo bem. Convidou-me a entrar e depois de algumas palavras disse que o marido tinha falecido no campo. “Ficou de repente doente e faleceu sem que eu pudesse fazer nada por ele”, disse-me a chorar. Parecia outra mulher. Quando falava do marido falecido as lágrimas jorravam-lhe pelas faces do rosto e de repente vi uma mulher triste, arrependida do passado, sincera quando falava das saudades e do súbito desaparecimento do seu marido. Ela esteve viúva cerca de três anos. Nesses anos respeitou a memória do marido e depois conheceu um homem com quem veio a casar, partindo para os EUA. Nunca mais a vi. Leitor identificado

SOLUÇÃO: HORIZONTAIS: 1 - Luso. Animar. 2 - Avareza. Ela. 3 - Raiano. País. 4 - Elo. Larva. 5 - Trocar. Ir. 6 - Teutónico. 7 - Mo. Rasura. 8 - Ermar. Som. 9 - Anil. Seminu. 10 - Dar. Demanda. 11 - Aragem. Soar. VERTICAIS: 1 - Lares. Meada. 2 - Uval. Tornar. 3 - Saiote. Mira. 4 - Ora. Rural. 5 - Enxotar. De. 6 - Azo. Cós. Sem. 7 - Na. Lanugem. 8 - Parir. Mas. 9 - Mear. Casino. 10 - Alívio. Onda. 11 - Rasar. Amuar.


26

Publicidade

PORTUGAL POST Nº 220 • Novembro 2012

Transportes - Mudanças para toda a Europa Logistik KG

Pegasus Nienkamp 74 • 48147 Münster Fon : +49 (0) 251 922 06-0 Fax : +49 (0) 251 922 06-66 E-Mail : info@umzuege.com www.mudancas.de

Casa Santos

Mercearia Produtos Alimentares

Vinhos da melhores marcas e toda uma gama de produtos para o dia-a-dia da sua mesa, concerteza. Visite-nos! O Natal está à porta! G e nie ss e n Sie W ein und ko st a us Portu g al Baroper Bahnhofstr.53 44225 Dortmund Herzlich willkommen Tel.: 0231-28214592

Tradutora ajuramentada Fiabilidade absoluta, confidencialidade rigorosa e cumprimento do prazo de entrega

ao vosso Transportes Martins Sempre dispor para transporte de mercadorias e mudanças Alemanha Portugal - Alemanha Contacto: Sr. Martins: Tel. e Fax: 06078-71444 • Mobil 0173 8694195

Traduções Herschelstr. 5 – 51065 Köln Telefon: 0221 – 331 88 18 • Telefax: 0221 – 801 07 06 Mobil: 0178 – 854 93 97 E-Mail: lima.s@t-online.de http://www.silvialima.de

Agente

Oficial TV Cabo, ZON, MEO e TV Globo

Tesouro das Cozinheiras Mais de 2000 receitas, 850 páginas Preço: € 70 É livro de cozinha mais vendido em Portugal. Pela sua clareza, simplicidade e variedade constitui um precioso auxiliar na elaboração das suas ementas diárias. Aqui encontrará garantidamente todas as receitas e todas as sugestões que procura. A variedade, o rigor e a apresentação cuidada fazem desta obra uma referência incontornável e indispensável em todas as cozinhas.

.Cupão de encomenda na página 22

Berg am Leimstr. 63 D - 81673 München

Venda e instalação de TV Cabo ZON, TV Globo MEO antenas colectivas e individuais e contratos oficiais Venda de receptores digitais

Assistência Técnica ao domicilio

Werbung kostet Geld, keine werbung kostet Kunden!

Adesões TV Cabo ZON, TV Globo e Meo Mais informações: 0171 2123985 + 02931 4358 Fax: 02931-4359 Emai: info@ems-sat.com Kurths Stich 2 59821 Arnsberg


27

PORTUGAL POST Nº 220 • Novembro 2012

Música

PUB

Mísia apresentou na Alemanha álbum “Senhora da Noite” Mísia esteve em digressão na Alemanha, onde apresentou o seu mais recente álbum, „Senhora da Noite“, que inclui um original de Agustina Bessa-Luís, depois de, no início do mês, ter gravado com o agrupamento L’Arpeggiata, de Christina Pluhar. O álbum „Senhora da Noite“ marca o regresso da intérprete ao figurino do fado tradicional, que não gravava exclusivamente há dez anos, e que, em declarações à imprensa, qualificou como “pacífico, na medida em que é uma ideia simples e sem mistura de géneros”. De Agustina BessaLuís, Mísia afirmou cantar “o único poema que se conhece desta grande prosadora”, que se intitula “Garras dos Sentidos II”, na música do Fado Corrido. O CD “Senhora da noite” é constituído apenas por poemas escritos por mulheres, entre elas, Mísia.

No início do mês passado, Mísia gravou em Paris, a convite da harpista, alaúdista e regente Christina Pluhar, que dirige o conjunto de música barroca L’Arpeggiata. Os temas gravados, em que a fadista é também acompanhada pelos músicos Sandro Costa e Daniel Pinto, irão integrar o próximo álbum do agrupamento. O álbum „Senhora da

Noite“, editado o ano passado, além de „manto de Rainha“, que Mísia canta no Fado Menor, conta também com „arranjos“ que a intérprete fez de alguns poemas, nomeadamente “Fado das Violetas”, constituído por diferentes quadras de Florbela Espanca, que juntou “segundo uma determinada linha”, e que canta no Fado Hilário, do viseense Augusto Hilário. PUB


28

www.facebook.com/portugalpostverlag

Última • Nº 220 • Novembro 2012

portugalpost.de

Cristiano Ronaldo, Maestro duma Fraca Orquestra “Uma equipa de bons rapazes – Irlanda do Norte - foi capaz de empatar com um grupo de pseudo-estrelas Portugal” . Ou: “Faltou discernimento, ritmo, vontade, mas também uma segunda linha de qualidade. Portugal já não tem muitos jogadores de classe mundial, ficou, uma vez mais, provado” , lia-se na imprensa, no dia seguinte ao jogo de futebol disputado no estádio do Dragão, no Porto, cujo resultado foi um vergonhoso e comprometedor empate a um golo. Estas notas vêm confirmar as fraquezas actuais do futebol português, neste caso da selecção nacional, porque dos clubes de Portugal não é muito apropriado falar em “português”, tal o ínfimo número de jogadores nacionais que compõem os seus planteis. Com esta política dos dirigentes dos nossos principais clubes, mas mesmo nos níveis competitivos mais abaixo também a “legião estrangeira” é grande , obviamente que o número de jogadores portugueses com qualidade para jogar numa selecção candidata às provas onde participa é, comprometedoramente, assustador. Três ou quatro jogadores de “top”, entre eles um sério candidato a “melhor jogador do mundo em 2012”, não legitimam que a selecção nacional seja apelidada de uma das melhores do mundo. Quando

oiço isso aos dirigentes, treinadores, comentadores , etc, confesso que me dá vontade de rir e que, infelizmente, os resultados e algumas tristes figuras, como foi esta recente, acabam por me dar razão. E não o digo apenas porque a selecção perdeu com a Rússia e empatou com a Irlanda do Norte. Venho a dizê-lo há já alguns anos, depois que deixámos de ter fornadas de qualidade e quantidade de jogadores e que nos permitiam jogar taco a taco com qualquer equipa do mundo. A massiva contratação de jogadores que não podem ser seleccionados (estrangeiros), em desfavor de alguns prometedores portugueses, aos quais não são dadas as mesmas oportunidades nos nossos clubes principais, acaba por ter este resultado e cuja melhoria não se vislumbra a curto e médio prazo, apesar da excelente aposta nas equipas “Bs” dos seis “grandes”. Isso só por si não garantirá a renovação e o aumento da base de recrutamento de jogadores com qualidade para serem seleccionáveis, se os dirigentes não inflectirem na sua política de recrutamento e apostarem mais em jogadores portugueses. Imagine-se que igual situação acontecia noutras profissões do nosso universo laboral! O que fariam os sindicatos e os trabalhadores lesados por tal invasão? O futebol tem

destas coisas e ao qual tudo os adeptos toleram, desde que vá havendo golos e vitórias! Como em torno da selecção/federação de futebol gira muita gente, obviamente que não podem dizer as verdades, isto é, criticarem esta política, mesmo que sintam que ela é nefasta para a selecção e mesmo para os clubes, porque perderiam o emprego e os seus cargos. Com os treinadores

dos clubes, todos eles portugueses, passa-se o mesmo e nem o seleccionador pode dizer o que sente, isto é: “como poderei fazer omeletas sem ovos?”. Ele que até nem é defensor de naturalizações. Mourinho disse, há tempos, que a selecção não pode comprar jogadores, como os clubes, pelo que a aposta nos jovens jogadores portugueses tem que ser forte. No meio disto tudo, os adeptos/espectadores da selecção, que até muitos deles são exclusivos da equipa nacional, isto é, não fazem parte dos espectadores dos jogos dos nossos clubes, vão “comendo gato por lebre” e vão sendo enganados, mas, por este andar, não faltará muito para que esse apoio se perca. Aos dirigentes e demais interessados, pede-se que acordem duma “bebedeira de vaidades”, antes que o futebol português, perdão, a selecção portuguesa, caia num deserto árido. Duas notas mais: i) porque razão foi escolhido o estádio do Dragão, num período do ano cuja probabilidade de chuva forte é maior no norte do que em Lisboa, acabando por favorecer certo tipo de equipas? Há anos, disputava Portugal um jogo no antigo estádio das Antas e a chuva diluviana que caiu antes e durante o jogo ajudou à derrota da nossa equipa,

creio que com a Polónia (0-2). Na altura, os dirigentes federativos disseram que iriam ter isso em conta para o futuro, mas estes esqueceram-se? ii) são vários os desiquilibrios sectoriais desta equipa, confirmando que existem apenas três ou quatro jogadores de nível mundial, mas a velha “história do ponta de lança” é ainda mais gritante. Será que os treinadores das equipas portuguesas, incluindo os dos escalões de formação, “matam” os candidatos a “homem golo”? No presente, vale a pena citar os casos de Nelson Oliveira e de Éder, como candidatos a essa missão de marcar golos com Ronaldo, mas cujas histórias revelam tudo o que atrás escrevi. O primeiro, foi rejeitado pelo Benfica, em detrimento de muitos estrangeiros que constituem o plantel. O segundo, fez uma travessia do deserto, na época passada na Académica, e foi salvo pelo Braga, mas apenas teve oportunidade , porque o brasileiro Lima saiu para o Benfica no último dia de Agosto. Tudo muito claro, meus caros e só os cegos não vêem a realidade e tentam enganar os outros e a si próprios com : “temos dos melhores jogadores do mundo”!!!. Serafim Marques, Lisboa Economista

PUB


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.