Portugal Post Outubro 2012

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PORTUGAL POST ANO XIX • Nº 219 • Outubro 2012 • Publicação mensal • 2.00 € Portugal Post Verlag, Burgholzstr. 43 • 44145 Dortmund • Tel.: 0231-83 90 289 • Telefax 0231- 8390351 • E Mail: correio@free.de • www. portugalpost.de • K 25853 •ISSN 0340-3718

Entrevistas

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Sílvia Melo Pfeifer

Carlos Lourenço

Coordenadora do Ensino Português na Alemanha Págs 10 / 11

Primeira grande entrevista do Director da TAP Alemanha

“Não consigo conceber que os alunos deixem de frequentar as aulas por causa da propina”

“Estamos muito atentos aos portugueses” Pág.15

Promessa cumprida O cantautor português Telmo Pires está de regresso com um novo álbum de nome “Fado Promessa”, que será lançado na Alemanha em meados de Outubro. Pág.3

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PORTUGAL POST Nº 219 • Outubro 2012

PORTUGAL POST

Editorial Mário dos Santos

Agraciado com a Medalha da Liberdade e Democracia da Assembleia da República Fundado em 1993 Director: Mário dos Santos Redação e Colaboradores Cristina Dangerfield-Vogt: Berlim Cristina Krippahl: Bona Joaquim Peito: Hanôver Luísa Costa Hölzl: Munique Correspondentes António Horta: Gelsenkirchen Elisabete Araújo: Euskirchen Fernando Roldão: Frankfurt/M João Ferreira: Singen Jorge Martins Rita: Estugarda Manuel Abrantes: Weilheim-Teck Maria dos Anjos Santos: Hamburgo Maria do Rosário Loures: Nuremberga Vitor Lima: Weinheim Colunistas António Justo: Kassel Carlos Gonçalves: Lisboa Glória de Sousa: Bona Helena Ferro de Gouveia: Bona Joaquim Nunes: Offenbach José Eduardo: Frankfurt / M Luciano Caetano da Rosa: Berlim Luísa Coelho: Berlim Marco Bertoloso:  Colónia Paulo Pisco: Lisboa Rui Paz: Dusseldórfia Salvador M. Riccardo: Teresa Soares: Nuremberga Tradução Barbara Böer-Alves Assuntos Sociais: José Gomes Rodrigues Consultório Jurídico: Catarina Tavares, Advogada Michaela Azevedo dos Santos, Advogada Miguel Krag, Advogado Fotógrafos: Fernando Soares Publicidade: Fernando Roldão (Sul) Agências: Lusa. DPA

Comunidade sem líderes

A

Alemanha é um deserto naquilo que diz respeito à acção das organizações da comunidade e das forças partidárias portuguesas com estruturas organizadas aqui neste país. Mais deserto é quando pensamos na capacidade de liderança, ou melhor, na ausência de líderes que supostamente deveriam acompanhar as preocupações dos portugueses residentes na Alemanha. Começando pela forças partidárias, sabe-se que os partidos PCP, PSD e PS estão organizados: o PSD com uma estrutura “nacional” e um presidente; o PS, mais descentralizado, com secções e sem, digamos, um porta-voz e, por outro lado, o PCP com um assim chamado “Organismo de Direcção dos Comunistas na Alemanha”. À parte dos comunistas que, devido à sua conhecida disciplina militante, têm uma participação minimamente interventiva, os restantes partidos são uma desgraça comunicativa. O PSD Alemanha, que por força das circunstâncias, remeteu-se a um silêncio pesado deixa “correr o marfim” enquanto o “seu” governo leva o país de austeridade

em austeridade . Agora, como os seus chefes estão no governo, a palavra de ordem é o silêncio. Vai acontecer que os seus militantes de proa vão cair na descrença e na desgraça por não querer ver nem ouvir as preocupações da comunidade. Ao PSD Alemanha pergunta-se: onde está a vossa tão apregoada defesa dos interesses da comunidade? Não basta apenas ser defensor das comunidades quando se está na oposição! À parte disso, o PSD Alemanha não tem gente com capacidade de liderança. tem militantes, gente muito empenhada e esforçada, só e tão apenas isso. Pelo seu lado, o Partido Socialista na Alemanha tem apenas duas secções: Münster e Estugarda. Houve tempo em que este partido foi muito influente na comunidade devido a dirigentes capazes e com elevadas capacidades. Do seio do PS na Alemanha saiu um dirigente que veio a conquistar um lugar de deputado no parlamento. Falamos de Victor Caio Roque, um operário metalúrgico que subiu na politica até chegar a ser adjunto de um Secretario de Estado. Hoje o PS está como o PSD: não tem gente capaz de ir mais além do que uma militância apagada e pouco ou nada

activa. Do PS Alemanha salva-se apenas a excelente website mantida em permanente actualização. E, numa altura em que uma actividade de oposição seria fértil e oportuna, as secções do PS na Alemanha oferecem-nos o vazio e a nada produtiva falta de imaginação. As secções têm na sua base elementos que merecem toda a consideração, mas falta-lhes uma visão politica e capacidade de uma liderança mínima. No que diz respeito às outras organizações da comunidade, apenas uma palavra para os membros do CCP que, por força da forma de organização, deixa a comunidade longe do centro da sua actuação. Sem meios e sem condições, os conselheiros têm uma actividade pouco conhecida e, talvez até, pouco vantajosa para a comunidade. Esta situação reflecte-se na ausência de líderes capazes de protagonizar os interesses da comunidade; serem o seu portavoz e terem a capacidade de mobilização e de afirmação. Se assim fosse, já teria havido tomadas de posição e iniciativas de solidariedade para com os portugueses que neste momento estão a ser alvo de violentos ataques à sua dignidade por parte do governo português

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A abrir

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O cantautor português Telmo Pires está de regresso com um novo álbum de nome “Fado Promessa”, que será lançado na Alemanha em meados de Outubro. Cristina Krippahl

Há dois anos, Telmo Pires deixou Berlim para se instalar em Lisboa e produzir aqui um álbum só com trechos portugueses. Encorajado, aliás, pelas promessas de um produtor, que, à chegada do músico a Lisboa, tinha sumido sem deixar rasto, presumivelmente depois de ter falido. Foi um choque para Telmo Pires que, apesar de ter nascido em Portugal, veio para a Alemanha aos três anos e cresceu mais imbuído das regras de trabalho e sentido de responsabilidade germânicas do que lusas. Após uma curta fase de perplexidade, conta, depressa estabeleceu bons contactos no mundo da música portuguesa e conseguiu ganhar para a produção do seu álbum a colaboração de Davide Zaccaria, um nome sonante, que já trabalhou com artistas como Mariza e Ana Moura. Este encontro “foi uma grande sorte” resume Telmo Pires, que sublinha também a enorme vantagem que representa colaborar com músicos portugueses: “Não lhes preciso explicar a minha

música. Não lhes preciso explicar as letras nem porque canto assim, nem nada”. Hoje em dia, a abertura para uma evolução daquele que é considerado universalmente o género musical mais genuinamente português parece ser maior em Portugal do que noutro lado. Na Alemanha há produtores de concertos que dizem a Telmo Pires querer nos seus palcos apenas o fado “mesmo fado”, ou seja, aquele fado que o turista alemão conhece quando vai passar um fim-de-semana a Lisboa, organizado por uma agência e com a experiência-típica-numa-casade-fado incluída no preço. “Mas em Portugal os músicos quiseram trabalhar comigo precisamente por não ser aquele fado-cliché das tabernas”, diz o berlinense de eleição. O eco positivo dos profissionais portugueses com os quais colaborou, acrescido de um primeiro concerto em Portugal, em Bragança, a sua cidade Natal (“A primeira vez que tive mesmo medo de subir ao palco”), e no fim do qual, conta, foi aplaudido de pé, deram uma nova auto-confiança ao cantautor, que se reflecte também na voz. Sente-se nela mais segurança e maior convicção, mais decisão por um rumo traçado também contra resistências e dificuldades. Sem que, simultaneamente, isso retire à voz o calor e a doçura, e um certo factor hipnotizador, a que o músico habituou o seu público já bastante considerá-

vel. A opção de cantar de uma forma muito mais directa e imediata do que é uso no fado, aproxima ainda o álbum da canção. Para Telmo Pires, o fado é menos um género e mais uma maneira de estar de estar na vida e na música. Talvez seja por isso que “Fado Promessa” se afasta de tudo o que é sagrado no fado: o acompanhamento é feito por piano e contrabaixo, para além das tradicionais guitarras. Os efeitos sonoros possibilitados pela tecnologia mais moderna também não são desprezados. É o caso da multiplicação da própria voz num trecho, uma blasfémia para qualquer purista que se preze. E ao contrário do fadista tradicional, Telmo Pires, não se limita a ser intérprete. Quase todos os textos e muitas das composições de “Fado Promessa” são da sua autoria, mais um passo para a libertação completa do espartilho da tradição: “Nós somos influenciados pelos músicos e intérpretes de que gostamos muito, e absorvemos isso tudo. Mas temos que fazer disso o nosso próprio ser, o nosso próprio eu”. Para Telmo Pires não há dúvida que “Fado Promessa” é “o mais Telmo Pires” dos cinco que já lançou. E se haverá quem ache questionável se é “fado”, o certo é que se cumpre a “promessa”dada por qualquer artista que lança um álbum novo: a de que vale a pena passar tempo na companhia desta música e desta voz.

Foto: Ismael Prata

Promessa cumprida

Telmo Live 20.10.2012 21.10.2012 02.11.2012 03.11.2012 24.11.2012 02.12.2012

Berlin - D Passionskirche Hamburg tba Plauen Stadttheater Warendorf Theater Braunschweig Schloss Dresden Staatsschauspiel, Kl. Haus

20:00 20:00 20:00 20:00 20:00

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Nacional e Comunidades

PORTUGAL POST Nº 219 • Outubro 2012

Reunião dos Conselheiros marcada para Outubro cancelada por falta de verbas A reunião do Conselho Permanente do Conselho das Comunidades Portuguesas, agendada para os dias 08, 09 e 10 de Outubro, em Lisboa, foi cancelada por falta de verbas, disse o presidente daquele órgão. Num “email aberto”, e também enviado aos conselheiros, Fernando Gomes afirma que foi „com enorme pasmar“ que recebeu uma carta do Gabinete de Ligação ao Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP) informando do cancelamento do encontro nas datas previstas por “insuficiência de verba”. O novo modelo de ensino de português no estrangeiro, que arrancou este ano lectivo, devia figurar entre os principais tópicos em cima da mesa. „Gostaríamos de saber os primeiros números e como as coisas estão a funcionar“, apontou Fernando Gomes, lembrando que houve alguma „resistência“ às propinas e que os conselheiros passaram um „atestado de compreensão“ às novas iniciativas do secretário de Estado. Além disso, defendeu, afigu-

rava-se importante debater o diploma que „vai gerir o próprio Conselho das Comunidades“. „A ideia é que houve uma aceitação quase geral - não digo um consenso - de que a tutela passava da secretaria de Estado para a Assembleia da República“, no entanto as partes envolvidas ainda não foram ouvidas, disse. A reunião seria „de deveras importância para o bom funcionamento e continuidade do Conselho das Comunidades como órgão colectivo de representação das Comunidades de cinco milhões“ de portugueses no estrangeiro, os quais e a sua importância „não deveriam ser retórica cosmética de uso abusivo pelo Governo“, vincou o presidente do Conselho Permanente do Conselho das Comunidades Portuguesas. Apesar de ter cancelado a reunião, o Gabinete de Ligação refere na mesma carta que proceder-seá a um levantamento das despesas no sentido de apurar da viabilidade de o encontro ocorrer até ao final do ano. Contudo, Fernando Gomes

não acolhe a alternativa, na medida em que considera que realizar a reunião em Novembro, por exemplo, seria, em termos de utilidade, „equivalente a zero“. „O órgão de gestão e executório do Conselho das Comunidades não reúne por reunir e o ‘timing’ de Outubro não foi à toa“, explicou, salientando que, nesta altura, „são apresentadas as primeiras iniciativas parlamentares e que o próprio Governo está a elaborar o orçamento“. Para o presidente do Conselho Permanente, „a sobrevivência do CCP foi colocada em questão por „uns míseros mil, dois mil, três mil euros“, dinheiro em falta para a realização da reunião com um custo estimado em cerca de dez mil euros. O balanço contabilístico previa, segundo Fernando Gomes, verba suficiente para as três reuniões das comissões de especialidade (já tinha sido suspensa a da Comissão de Assuntos Consulares) e a do Conselho Permanente. „Sabemos que o país está mal, sabemos que as coisas estão mal, ninguém diz o contrário, mas têm

de se gerir prioridades. O Governo também não anda de autocarro por falta de orçamento ou orientação da “troika’“, disse, indicando que o orçamento do órgão passou de 500 mil euros, em 2008, para 150 mil euros em 2012 (dos quais 30 mil euros ficam retidos pelo ministério das Finanças). „Agora vamos caminhar para o quê? 50 mil, 60 mil? É melhor acabar. Existem fundações mal paridas que não servem para nada e que têm um orçamento muito superior. O chamado irrisório tem que ter um limite, estamos a cair no ridículo“, acrescentou o mesmo responsável. Na missiva do Gabinete de Ligação, a que a Lusa teve acesso, acrescenta-se ainda que „no caso de não ser possível superar as actuais dificuldades financeiras“, a reunião do Conselho Permanente será transferida para o início de 2013. A concretizar-se esse cenário, será pela primeira vez que o Conselho Permanente não reúne duas vezes ao ano, como prevê a lei, realçou Fernando Gomes.

Empresas portuguesas “On-the Road” pela Alemanha O Ministro da Economia e do Emprego, Prof. Dr. Álvaro Santos Pereira, esteve em Berlim para inaugurar o Road Show – Portugal Plus, uma iniciativa da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Alemã (AHP). O mote desta acção é passar uma imagem de excelência e competência dos produtos e serviços portugueses para além da existente boa relação entre o preço e a qualidade. A AHP seleccionou trinta e sete empresas portuguesas de vários sectores para apresentarem os seus serviços e produtos a representantes de empresas alemãs em Berlim, Essen, Estugarda e Munique no âmbito deste Road Show. Esta ofensiva tem também o apoio activo da Embaixada de Portugal e do AICEP. O programa da visita do Ministro incluiu um jantar-buffet oferecido pelo Senhor Embaixador Luís de Almeida Sampaio e sua esposa para o qual foram convidadas empresas e bancos alemães e portugueses e os órgãos de comunicação. No segundo dia o Ministro português visitou o seu homólogo alemão, Dr. Philipp Rösler, para inaugurar o Road Show Portugal Plus no âmbito de conversações bilaterais no Ministério da Economia e Tecnologia.

Os ministros Santos Pereira e Philipp Rösler. Foto: PP Santos Pereira reafirmou o propósito de prosseguir com as reformas estruturais no país e continuar a aplicar as medidas de austeridade, com o

fim de obter a consolidação financeira, afirmando que a concertação social no nosso país se mantém apesar dos últimos protestos. O ministro ale-

mão elogiou os portugueses e a política económica do seu governo, afirmando que Portugal está no caminho certo, não deixando de acentuar o carácter paradigmático para outros países dos esforços nacionais. À pergunta de um dos jornalistas presentes, se este seria mesmo o caminho adequado a seguir em face dos últimos números sobre a economia portuguesa publicados em Agosto, em que se registaria uma significativa “espiral” menos optimista do que os discursos de ambos os ministros, Santos Pereira repetiu, o que já tinha afirmado, estar certo que o governo português está no caminho certo e que “vamos dar a volta à crise”, não deixando de mencionar que Portugal se orgulha da sua coesão social. Face à falta de soluções alternativas e exequíveis por parte da oposição, ficou implícito que o nosso governo actual está para ficar ainda algum tempo. Resta saber se as iniciativas e o forcing dos nossos representantes em Berlim, e o seu incansável optimismo, trarão os frutos esperados e se Portugal irá mesmo dar a volta por cima. Cristina Dangerfield-Vogt Em Berlim

José Cesário diz que RTP Internacional tem “programação lamentável” O secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, afirmou que a RTP internacional tem “uma programação lamentável”, considerando que o canal “tem sido o parente pobre da RTP” e só a privatização poderá resolver o problema. “A RTP internacional tem realmente uma programação lamentável. Sinceramente, penso que só no contexto da privatização total ou parcial da [televisão] pública essa questão poderá ser resolvida. Até hoje, a RTPi tem sido o parente pobre da RTP pública, que a tem desprezado”, disse. José Cesário afirmou ainda que as permanências consulares conseguem superar “parcialmente” o encerramento de diversas representações consulares em França registadas nos últimos anos (no início deste ano o Governo encerrou os vice-consulados de Clermont-Ferrand, Nantes e Lille). O governante considerou que “é impossível responder com eficácia a todas as comunidades” portugueses residentes no país, algumas a viver “a milhares de quilómetros do consulado mais próximo”. Contudo, defendeu o trabalho que tem sido feito pelo Governo: “Neste momento, por exemplo, está a realizar-se uma permanência em Bourges. Nunca lá houve qualquer consulado e há muitos portugueses”, acrescentou. “A rede consular está a evoluir em todos os países do Mundo. Cada vez se justifica menos ter escritórios fixos, tendo em conta a grande mobilidade das nossas comunidades. Por isso a nossa aposta passa por ter alguns bons consulados e uma rede eficaz de permanências consulares, que nos está a levar a imensas cidades onde nunca apoiámos as respectivas comunidades”, concluiu José Cesário.


Nacional e Comunidades

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Igreja incentiva portugueses no estrangeiro a apoiarem os novos imigrantes A Igreja está a incentivar os portugueses residentes no estrangeiro a receberem e apoiarem os novos emigrantes, de forma a suavizar os impactos da emigração, que já atinge valores comparáveis aos anos 60, segundo a Obra Católica Portuguesa das Migrações. “Neste momento, estamos a tentar desenvolver uma mentalidade por causa desta nova leva de emigração e que está a começar na Suíça, com a criação, a partir das missões, de uma espécie de famílias de acolhimento para os novos emigrantes”, disse o director da Obra Católica Portuguesa das Migrações (OCMP). Estas “famílias de acolhimento” visam acompanhar e ajudar a integrar os emigrantes que não têm familiares ou “pontos de referência” naquele país. “É uma forma de não se sentirem isolados e sozinhos num país que não é o seu e que, às vezes, nem entendem a língua”, comentou o frei Francisco Sales Diniz. O responsável compara a actual vaga de emigração à registada na década de 60/70, ressalvando que nessa altura era fácil contabilizar a emigração, o que já não é possível actualmente devido à abertura das fronteiras e ao espaço Shenghen. Dados divulgados pelo secre-

tário de Estado das Comunidades, José Cesário, indicavam que, em 2011, emigraram 150 mil portugueses. “Se olharmos para os anos 60, em que emigraram cerca de um milhão de portugueses, se tivermos uma média de 100 a 150 mil a saírem de Portugal, ainda é mais do que nesses anos”, observou Sales Diniz. Desde a década de 60 houve uma alteração do perfil do emigrante: “Nos anos 60 emigravam principalmente as pessoas do mundo rural, da classe mais baixa, com menos formação, agora emigra toda a gente e pessoas alta-

mente qualificadas”, a maioria jovens, mas também muitas famílias. “No geral, são pessoas que têm compromissos económicos com a banca, porque compraram casa ou outros bens, e que emigram para honrar esses compromissos e não perder os investimentos de uma vida”. A maioria dos emigrantes continua a emigrar para a Suíça, França e Alemanha, mas muitos estão a optar pelo Brasil e Angola. Alguns escolhem o Luxemburgo, apesar de este país já estar „bastante „saturado“. “O que se nota hoje é que

todos esses países procuram uma mão-de-obra muito mais qualificada”, sublinhou. Para o frei, os portugueses que emigram actualmente estão mais informados sobre o tipo de trabalho que vão fazer no estrangeiros e mais “precavidos” sobre situações de exploração que possam ocorrer. Para tal, contribuiu as situações que aconteceram no final do ano passado na Suíça e na Inglaterra de muitas pessoas que emigraram sem terem pontos de contactos, nem contratos de trabalho, e que ficaram em “situações muito precárias”. A divulgação destas situações na comunicação social e uma campanha que a Secretaria de Estado das Comunidades está a desenvolver contribuíram para que “as pessoas emigrem mais informadas, mais precavidas e não se lancem à aventura”, disse, adiantando não ter conhecimento, neste momento, de portugueses em situações difíceis no estrangeiro. Segundo o responsável, as missões da Obra Católica nas várias comunidades têm recebido pedidos de ajuda de portugueses em dificuldades, mas que não querem regressar a Portugal devido a “uma certa vergonha por terem falhado” o seu projeto de vida no país de acolhimento.

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Conselho de Ministros aprova propina para ensino português no estrangeiro O Conselho de Ministros aprovou a alteração ao regime do Ensino do Português no Estrangeiro (EPE), que prevê nomeadamente o pagamento de uma propina de 120 euros para os alunos dos cursos paralelos de iniciativa do Estado português. Segundo a nota do Conselho de Ministros, na alteração optouse “pela consolidação do funcionamento das estruturas de coordenação, através da arrecadação de receitas obtidas a partir da inscrição em cursos de aprendizagem e formação”. Citado pela agência Lusa, o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, lembrou que a medida agora aprovada visa “um melhor ensino para as comunidades, conferindo-lhe mais formação para os professo-

res, definição de programas e planos de estudos e certificação dos cursos”. O pagamento desta propina foi contestado pelos partidos da oposição, alegando que a medida contraria o espírito da Constituição quanto ao direito dos filhos dos emigrantes aprenderem a língua portuguesa e à gratuitidade do ensino. Segundo José Cesário, o processo legislativo que institui a propina só ficará concluído

quando o decreto-lei for publicado. A propina deverá ser aplicada ainda neste ano lectivo 20122013, embora em valor inferior uma vez que não haverá lugar à distribuição do manual escolar, acrescentou. O Conselho de Ministro aprovou também hoje o aumento para dois anos da comissão de serviço dos professores e leitores do EPE, pelo que os concursos para o recrutamento passam a ser bienais.

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SUGESTÃO DE LEITURA

Autora portuguesa residente na Alemanha publica livro infantil

Mit dem ABC um die Welt titula-se o novo livro para o público infantil e juvenil da autora portuguesa Helga Precópio residente na Alemanha, Augsburg, editado por Z7 medien gmbh. Percorrendo26 países, através do abcedário, numa viagem tanto elucidativa como cheia de fantasia os leitores aventureiros ficam a conhecer grandiosos monumentos, animais exóticos, paisagens fascinantes e línguas diferentes. Claro que a viagem tem de passar por Portugal falando nos Herois do Mar! Todos os destinos de viagem têm ilustrações coloridas. O livro está à venda na livraria portuguesa TFM - Centro do Livro www.tfmonline.de Texto: Helga Precópio Ilustração: Stefanie Mayer Editora: Z7 Medien GmbH

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Opinião Paulo Pisco*

ão bárbaras as novas medidas de austeridade anunciadas pelo Ministro das Finanças, Vítor Gaspar. E são também a maior evidência do falhanço das medidas e das orientações do Governo. Mas são também uma prova de falta de consideração pelas pessoas, que estão cada vez mais fragilizadas, e pelo país, que está cada vez mais irrelevante. O PSD e o CDS estão a beber o veneno que espalharam quando derrubaram irresponsavelmente o Governo anterior. O facto é que a situação económica e financeira não tem parado de se agravar desde que o anterior Governo do PS foi derrubado. O PSD quis o poder a todo o custo, mesmo que isso implicasse, como está a acontecer, massacrar os portugueses, retirar-lhes direitos e rendimentos. E mentiu para conseguir os seus objetivos, pedindo aos portugueses o seu voto com o argumento que era preciso acabar com os sacrifícios. E agora, no Governo, estão a fazer tudo o que disseram que nunca fariam. Aumentar impostos, retirar subsídios de férias e de natal, cortar nas pensões e nos parcos rendimentos dos quem têm menos. É imoral a falta de sensibilidade social que este Governo demonstra. Nunca os reformados, os beneficiários do rendimento mínimo, as pessoas com mais dificuldades foram alvo de ataques tão violentos como os que agora estão a sofrer. Há cada vez mais casais em que ambos estão desempregados. E a economia está asfixiada. O Governo foi incompetente e falhou os objetivos a que se tinha proposto para 2012. Previu mal a situa-

S

ção e fez contas erradas e não retirou os portugueses do sufoco em que se encontram. Há sectores onde os cortes são dramáticos e insensatos, como na saúde e na educação. Pessoas com uma situação económica mais frágil estão a perder a comparticipação em medicamentos que precisam para manter um mínimo de qualidade de vida e até para a prolongarem. O acesso à saúde está cada vez mais difícil e as pessoas têm cada vez mais dificuldade em pagar alguns dos seus medicamentos indispensáveis. Na educação passa-se a mesma coisa. O ataque aos professores e à qualidade da escola pública está a destruir a consideração e o valor que a sociedade lhe deve reconhecer. O acesso às bolsas de estudo está cada vez mais difícil e os valores são cada vez mais insuficientes, tornando a universidade um lugar apenas para as elites. Os professores têm turmas maiores e ganham cada vez menos. Entretanto, de acordo com dados da OCDE, o investimento no ensino em Portugal caiu de 5.9 por cento do PIB em 2009 para 3.9 em 2012 e vai cair ainda mais em 2013. Uma tragédia para o nosso futuro coletivo. Os jovens que terminam a universidade querem ir para o estrangeiro. Um estudo recente das associações académicas revela que 69 por cento dos jovens quer emigrar quando terminar os seus estudos, o que revela uma aterradora falta de confiança no país. Estamos assim a condenar o nosso futuro coletivo, mandando embora quem tinha melhores condições para promover o desenvolvimento fu-

Lusa

Uma austeridade bárbara e destrutiva

turo do país. O pior, é que foi o próprio Primeiro-Ministro e outros membros do Governo que tiveram a infeliz ideia de promover a exportação dos nossos jovens, desprezando o esforço que o país e as famílias fizeram para lhes dar uma boa preparação. Portugal está a cair numa perigosa

depressão coletiva e a sociedade pode entrar em rutura. Quem quis o poder e agora governa é que tem a obrigação de nos devolver a esperança e a confiança no futuro, reparando os estragos colossais no ânimo e na autoestima dos nossos jovens e do nosso povo. Com a autoestima de-

struída e sem confiança em nós e no futuro estaremos condenados. E esta nova avalanche de medidas de austeridade só vem agravar a nossa depressão coletiva. Paulo Pisco é deputado do PS eleito pelas Comunidades PUB

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Comunidades

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“Que se lixe a Troika” em Berlim Cerca de trinta manifestantes estiveram presentes frente à embaixada portuguesa em Berlim naquele dia, entre eles, alguns jovens alemães. Cantaram, discursaram, bateram com uma colher de pau numa frigideira, e leram textos de autores que citaram – não faltando a música de Zeca Afonso “o que faz falta é animar a malta, ...acordar a malta, ...dar poder à malta” Cristina Dangerfield-Vogt em Berlim No passado dia 15 Setembro os portugueses manifestaram-se na rua contra os acordos com a troika e as consequentes medidas de austeridade do governo. Em Portugal, não se via um tal movimento de massas desde os anos que se seguiram ao 25 de Abril de 1974, em que todos respiravam o novo ar da liberdade e se manifestavam livremente após 48 anos de proibição de ajuntamentos públicos. Foi-se à rua para protestar contra o empobrecimento da população portuguesa e os bancos que se considera os responsáveis pela crise. O movimento de protesto internacionalizou-se pela diáspora e chegou a Berlim. Foram feitos apelos nas várias plataformas de comunicação da internet e muitos foram aqueles que partilharam a convocação ou que carregaram no botão do like e que prometeram estar presentes na manifestação da capital alemã para demonstrar o seu descontentamento, a sua ira e, também, a sua solidariedade. O moto da manifestação de Berlim foi “Fuck Troika”, vernáculo inglês um pouco mais forte do que

o lusitano “que se lixe a troika”. Cerca de trinta manifestantes estiveram presentes frente à embaixada portuguesa em Berlim naquele dia, entre eles, alguns jovens alemães. Cantaram, discursaram, bateram com uma colher de pau numa frigideira, e leram textos de autores que citaram – não faltando a música de Zeca Afonso “o que faz falta é animar a malta, ...acordar a malta, ...dar poder à malta” nem a de Sérgio Godinho “só há liberdade a sério quando houver paz, pão, habitação, saúde, educação ...quando pertencer ao povo o que o povo produzir”. As palavras de ordem revolucionárias da revolução dos cravos soaram e fizeram eco nas paredes de Berlim. Foi uma manifestação revivalista, mas não serão revivalistas as causas que levam os nossos jovens a imigrarem para o estrangeiro? A falta de perspectivas no país em que se nasceu, a precariedade do emprego, um futuro inseguro num país que desinveste nos seus jovens e cujos governantes os aconselham a imigrar. Um déjà vù dos anos sessenta em que milhares de portugueses partiram de Portugal à procura de melhor vida e que

não é um fenómeno único do nosso país. Muitos dos novos imigrantes trazem na mala uma colecção de “canudos”: são os licenciados, os mestres e os doutorados da Europa a velocidade lenta, de uma Europa considerada de segunda categoria pelos países mais ricos da UE. A estes portugueses hiper-qualificados faltalhes a mestria da língua do país de acolhimento e não só não encontram empregos adequados às suas habilitações como acabam por fazer o que os outros imigrantes antes deles fizeram – aceitar os trabalhos que os alemães não querem fazer e aproveitar os restos do país mais rico da Europa. O PORTUGAL POST falou com Rita, a portuguesa que foi o motor do movimento e que está há quatro anos em Berlim. À semelhança de outros jovens, Rita acabou os estudos e não encontrou emprego em Portugal, pelo que decidiu tentar a sorte na Alemanha, um país de que não falava a língua. Sem falar o alemão, foi trabalhando aqui e ali, doze, por vezes catorze horas por dia. “A Alemanha não é um paraíso e a vida aqui é difícil, principalmente

para os que vêm de fora, porém encontra-se trabalho”. Rita, algo emocionada, Rita da geração que se vê sem futuro, apela ao governo zurzindo protestos de colher de pau numa frigideira, dando umas corridinhas pelo passeio da embaixada a desafiar a polícia que olha algo desmotivada aquela manifestação de trinta pessoas que falam numa língua que não percebem. Enquanto um dos manifestantes interpelava as paredes da embaixada admirando-se de não estar ali ninguém para os receber, falei com um jovem que tinha acabado de chegar de bicicleta. Era um português que estudou Som e Imagem em Lisboa. Não encontrou trabalho na sua área e veio tentar a sorte em Berlim. Após seis meses na Alemanha ainda não trabalha na sua área de formação. Portugal enfrenta uma crise profunda e os nossos representantes diplomáticos em Berlim estão a envidar todos os esforços para criar apetência pelo nosso país junto das empresas alemãs. Tanto o novo embaixador português, Luís de Almeida Sampaio, como

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o director do AICEP, Pedro Macedo Leão, estão a desenvolver acções com o fim de motivar e reunir todas as sinergias disponíveis nas comunidades portuguesas na Alemanha para, através de uma diplomacia económica efectiva e consequente, obter investimentos para Portugal. Os diálogos económicos organizados por Pedro Macedo Leão, na director da AICEP, com o patrocínio desta organização e também da Embaixada de Portugal, terão lugar em Outubro. O objectivo destes diálogos com empresas é reunir sinergias e angariar investimentos para o nosso país e serão efectuados no âmbito do festival Berlinda, um festival cultural da lusofonia no mundo, que é também patrocinado pelos representantes do governo português em Berlim. Por isso foi, com alguma surpresa, que vi no facebook e no grupo dos Portugueses em Berlim os apelos da curadora do dito festival à participação na manifestação “Fuck Troika”, em que compareceu pessoalmente, no que foi uma manifestação claramente anti-governamental, e em que se via símbolos anarquistas. Assim fica a impressão que o governo será bom para umas coisas mas mau para outras, conforme os interesses em causa. Mas uma coisa é certa, seja-se a favor ou contra a política do actual governo português, não basta ir para a rua gritar palavras de ordem revolucionárias. O que é importante é juntar todas as sinergias existentes em Portugal, na Alemanha e no mundo e exigir dos políticos uma alternativa credível, eficaz e exequível e que possa salvar o país da crise. Não é apenas com as, sem dúvida, emocionantes manifestações de massas que se vai resolver a grave crise económica que Portugal atravessa. As manifestações servem para mostrar o descontentamento e a frustração de um povo com os governantes. Elas deverão servir de barómetro para o governo reavaliar a sua política económica e social. Porém só é possível vencer a crise sendo realista e optimista, desenvolvendo acções positivas, recusando protagonismos partidários e outros, não cair no facilitismo dos revivalismos e das nostalgias revolucionárias por modelos que não funcionaram no passado. Há que apelar à solidariedade entre todos os portugueses para que unindo todas as sinergias disponíveis e transversais, independentemente de interesses pessoais, se consiga vencer a crise que arrasta para a pobreza os cidadãos de Portugal. E por que não seguir a sabedoria popular de que a união faz a força?


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Comunidades

PORTUGAL POST Nº 219 • Outubro 2012

Maria Teresa Duarte Soarres

Ensino Português no Estrangeiro - Alemanha Um novo ano letivo cheio de incógnitas e professores sem caixa médica O ano letivo de 2012/2013, já em andamento em toda a Europa, está a ser um ano fortemente caraterizado por incógnitas e dúvidas. Em primeiro lugar, como não podia deixar de ser, põe-se a interrogação sobre a famigerada “propina” da qual até agora não se conhece a data de introdução, e muito menos o montante que, segundo a Secretaria de Estado e o Camões, os encarregados de educação terão de pagar. Sobre pais, alunos e professores paira, no momento um clima de instabilidade e segurança. As aulas de Português são para pagar ou não?E quanto ? E quantos pais vão estar dispostos a pagar? E o que acontece se o curso ficar com

poucos alunos ? É encerrado? E o que acontece então ao professor? Fica desempregado depois de alguns meses de ano letivo? É este o futuro que espera o EPE? Cada vez menos alunos, cada vez menos cursos e cada vez menos professores, devido ao “papão” de um pagamento que apareceu na página eletrónica do Camões mas que até agora ainda não se concretizou? Possivelmente sim. Muito possivelmente será este o melhor caminho que a tutela achou para ir reduzindo a rede de cursos até à inexistência, pois realmente com poucos ou nenhuns alunos não se justifica haver professores e muito menos rede de ensino. Neste ponto,será bom ter pre-

INICIATIVAS PORTUGAL POST elege as personalidades mais influentes da comunidade ão muitos as portuguesas e portugueses residentes na Alemanha que merecem o elogio por mor da sua actividade profissional ou benévola e que nós, enquanto jornal da Comunidade, devemos divulgar não apenas porque se trata de gente que deve constituir exemplo para outros. Não é a primeira vez que o PORTUGAL POST nomeia e elege personalidades de destaque na vida da comunidade lusa na Alemanha. Quem nos acompanha há muitos anos sabe disso. A última vez que o fizemos foi em 2004 numa sessão pública organizada em Berlim pela ocasião dos 40 anos de presença portuguesa na Alemanha. Passados, portanto, 6 anos, o PORTUGAL POST volta a nomear uma lista de personalidades mais influentes entre a comunidade lusa na Alemanha. Daí o apelo que fazemos a todos aqueles que nos queiram sugerir nomes de pessoas que por este ou aquele motivo devem constar de uma primeira selecção. As sugestões enviadas devem ser acompanhadas de uma curta biografia ou das razões pelas quais o proposto deve ser seleccionado. A lista com os nomeados será divulgada na edição do PP de Dezembro deste ano.

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sente que nos últimos dois anos foram retirados do sistema mais de 200 professores, sem que tenha havido diminuição do número de alunos. Na Alemanha, dos sessenta docentes que havia, restam pouco mais de quarenta. E os alunos começam realmente a diminuir. Vários não se inscreveram com medo do “papão propina”.Outros, residentres em regiões onde existe essa possibilidade, optaram, conpreensivelmente, por se inscreverem nos cursos de Língua e Cultura Portuguesa que a enrtidade alemã continua a oferecer a título gratuito. Isto pode parecer incrível, mas é verdade. As entidades alemãs oferecem gratuitamente aulas de

Português aos alunos portugueses, e Portugal exige pagamento....até o próprio Luís Vaz de Camões certamente ficaria mudo se lesse uma coisa destas... Mas com propina ou sem ela, a rede de cursos foi aprovada e as aulas começaram. Com péssima distribuição de alunos por curso. Há professores sobrecarregados com quase 200 alunos de todos os níveis e outros preocupados porque estão muito perto do número mínimo. Que critérios levaram a esta distribuição ?Mais outra incógnita. E então a qualidade de ensino, cada vez mais impossíbilitada de existir com a acumulação de vários níveis escolares dentro da sala de aula?Segundo o sr. SECP, vai

melhorar, porque vai passar a haver exames e um novo tipo de certificação. Como é que se pode melhorar a já muito precária qualidade de ensino no EPE fazendo exames, ainda por cima pagos, aos alunos? As incógnitas continuam... E para continuar a lista de incóngitas, estamos em fins de setembro, e desde 31 de agosto que os professores na Alemanha, e em toda a Europa, se encontram sem direito a assistência médica, porque ainda não chegaram de Lisboa os formulários que permitem regularizar essa situação. O que acontecerá se amanhã um professor tiver um acidente ou precisar de uma operação de urgência? Outra incógnita...

Comunidade Lusa em Berlim despediu-se do Padre Lieven O padre Lieven despediu-se dos membros da paróquia dos falantes do português em Berlim no dia 23 de Setembro. A igreja esteve cheia neste dia especial de despedida do padre cessante e de boas-vindas ao novo pároco. Lieven foi pároco nesta comunidade multicultural e transversal às culturas da nossa língua durante quarenta anos. Desenvolveu intensa acção social coadjuvado pela assistente social, Maria Luísa de Melo. O espólio que fica é um conjunto considerável de paradigmas de abnegação solidária, tolerância e união daquele que dedicou grande parte da sua vida a esta paróquia e ao bem-estar dos seus paroquianos. O pároco celebrou a sua última missa trajando os paramentos verdes, o verde da esperança e do tempo comum, no passado 25º Domingo deste ano litúrgico. O Portugal Post esteve lá... Lieven foi uma figura unificadora nesta paróquia que nas décadas de setenta e oitenta chegou a registar 600 portugueses que viviam em Berlim Ocidental, uma ilha de liberdade alternativa, no seio da Alemanha Oriental, apenas ligada por uma estrada de trânsito com a República Federal da Alemanha. Um padre de origem belga que se dedicou quarenta anos a ajudar os membros desta paróquia, inicialmente situada em Kreuzberg, na Streseman Strasse. Numa missa longa de quase uma hora e quarenta cinco minutos, em que foram também entre-

gues os certificados da primeira comunhão a cinco crianças falantes do português, as palavras do padre Lieven caíram sobre muitos temas, entre eles o entendimento, a tolerância, a solidariedade e a união entre as pessoas. Por fim, Maria Luísa de Melo entregou ao padre Lieven uma custódia de São Vicente em nome de um grupo de devotos que, por sua vez, o pároco dedicou e ofereceu à paróquia. Nesta ocasião, o padre cessante apresentou o seu sucessor, o padre Tarcísio, brasileiro, pedindo a todos que colaborassem em espírito cristão. “Colaborem com o meu sucessor o padre Tarcísio, que a partir de hoje será o padre da comunidade falante do

português em Berlim”. Terminou dizendo “pus certos acentos durante o meu tempo e o novo padre porá outros acentos” e desejou que a comunidade continuasse unida com a ajuda de “Deus Pai”. Terminou a sua última missa nesta paróquia desejando “que a paz do Senhor esteja sempre convosco” e as pessoas deram-se as mãos algo comovidas. Seguiu-se um buffet e as actuações de um grupo de fiéis moçambicanos que cantaram na língua Xangana, e também do coro da igreja, e ainda um fado saudosista da pátria portuguesa da autoria e interpretado por Maria de Lurdes Sesser, uma portuguesa que vive na Alemanha há cinquenta anos e que foi aluna do Sagrado Coração de Maria em Lisboa. O padre Lieven acompanhou com o acordeão e Maria Luísa Melo deu o ritmo com a pandeireta. De olhos húmidos os convivas relembraram - solidariedades passadas, espectáculos, alegrias, tristezas, iniciativas, festas e outros e foram-se despedindo, mencionando que no domingo seguinte, seria difícil estacionar por que se realizaria a 39ª maratona de Berlim. O 26º Domingo litúrgico será celebrado pelo padre Tarcísio na Igreja Católica dos Falantes do Português, Greifswalder Strasse 18, Berlim-Prenzlauerberg. De Cristina Dangerfield-Vogt Em Berlim


Comunidades

PORTUGAL POST Nº 219 • Outubro 2012

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Embaixador de Portugal visitou Osnabrück para inaugurar exposição sobre Aristides de Sousa Mendes O Embaixador de Portugal em Berlim, Luís de Almeida Sampaio, deslocou-se no passado dia 20 de Setembro à cidade de Osnabrück., tendo na sua agenda horas uma recepção que o Presidente da Câmara Boris Pistorius lhe oferecera, seguido de assinatura no livro de honra de Osnabrück. Na companhia de Manuel Correia da Silva, ex-Vice-Cônsul de Portugal em Osnabrück e atualmente número dois no Consulado-Geral de Portugal em Hamburgo, o Embaixador teve uma reunião com o Presidente da Câmara antes de comparecer na receção oficial preparada no salão da paz da Câmara Municipal de Osnabrück. A recepção ocorreu num ambiente agradável de sincera amizade, e, notou-se uma perfeita harmonia entre o Embaixador de Portugal e o Burgomestre de Osnabrück. Pelos discursos proferidos por essas duas personalidades soube-se da intenção de criar um novo projeto susceptível de criar mais empregos e melhor formação para os jovens residentes em Portugal. Esse projecto permitiria aos jovens portugueses deslocarem-se à Alemanha para ocuparem lugares de aprendizagem profissional num sistema dual, sis-

tema de formação com sucesso neste país. Depois da recepção fez-se um breve passeio pela cidade de Osnabrück, seguido de uma entrada no GrandCafe, o maior estabelecimento de Osnabrück, propriedade de dois empresários portugueses, cujos empregados são todos de nacionalidade portuguesa. Ainda durante a tarde, o Embaixador de Portugal e Manuel Correia da Silva deslocaram-se ao Centro Português de Osnabrück, coletividade que festeja este ano o seu 40º aniversário. Trata-se de uma coletividade com património invejável, a qual, possuir excelentes instalações, um supermercado e um imóvel com seis apartamentos alugados. O Senhor Embaixador foi recebido pelo Presidente Carlos Alves e pelo Vice-Presidente Carlos Castro; visitou a coletividade e o salão onde decorrem as permanências consulares organizadas pelo Consulado em Hamburgo. No fim assinou o livro de honra do Centro Português de Osnabrück, num ambiente de harmonia, onde ainda se inteirou dos problemas que afetam esta comunidade. Se o Vice-Consulado alguma vez vai reabrir foi a pergunta do dia. O Embaixador de Portugal informara que a reestruturação estaria concluída e não previa que fossem abrir mais Consulados. Pelas 19.00 horas, o Embaixador

Da esquerda: Francisco de Sousa Mendes, Margarida de Sousa Mendes, (ambos netos de Aristides de Sousa Mendes, Embaixador de Portugal, Katharina Stillisch (autora da exposição), Birgit Strangmann (Vice-Presidente da CM), Raquel de Sousa Mendes (neta de Aristides de Sousa Mendes e ex- Chanceler do Consulado em Osnabrück) de Portugal deslocou-se ao “Erich-Maria-RemarqueFriedenszentrum” para inaugurar a exposição sobre a vida do famoso diplomata Aristides de Sousa Mendes. Na presença da Vice-Presidente da Câmara de Osnabrück e de três netos de Aristides de Sousa Mendes (Francisco, Margarida e Raquel de

PP homenageado pela Casa do FC do Porto em Gross Umstadt

A Casa do Porto de Gross Umstadt homenageou o PORTUGAL POST. Tudo aconteceu no passado dia 15 de Setembro durante o decorrer da eleição da Miss Vinho da Casa do Porto,integrada na Festa do Vinho de Gross Umstadt . Foto: Da esquerda para a direita: Casal Queirós (António e Zeza) Presidente da Casa do Porto, Maria do Céu da Corações Maria Corações Portugal, Fernando Roldão, correspondente do Portugal Post e Jessica Almeida Miss Vinho Casa do Porto À Casa do Porto de Gross Umstadr os nossos agradecimentos pelo reconhecimento do nossso trabalho

Sousa Mendes) o Senhor Embaixador falou do herói Aristides de Sousa Mendes, o Cônsul de Portugal em Bordéus, o qual de 16 a 20 de Junho de 1940, contrariando ordens do ditador Salazar, passou mais de 30 mil vistos a todas as pessoas que tentavam escapar ao Holocausto. Gesto heróico que lhe custou o emprego e falecer na

pobreza. O Embaixador gravou uma imagem muito positiva junto às autoridades locais e junto à Comunidade Portuguesa da cidade de Osnabrück. Foi descrito como uma pessoa bem determinado, com muita iniciativa, altamente dotado para captar a colaboração dos seus interlocutores.


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Entrevista

PORTUGAL POST Nº 219 • Outubro 2012

Sílvia Melo Pfeifer - Coordenadora do Ensino Português na Alemanha

“Não consigo conceber que os alunos deixem de frequentar as aulas de Português por causa da propina”

Tendo como pano de fundo o início do ano lectivo para os alunos de LCP, o PP solicitou uma entrevista à Coordenadora do Ensino Português na Alemanha, Sílvia Melo Pfeifer(na foto) com o intuito de a confrontar com questões que dizem respeito aos professores, aos pais e, bem entendido, aos alunos. Como começou este ano letivo? Sílvia Melo Pfeifer: O ano letivo arrancou dentro da normalidade. Houve situações de dúvidas de Encarregados de Educação quanto às escolas que os educandos iriam frequentar, como sempre acontece; houve pré-inscrições fora de prazo, como também é comum. Houve dúvidas acerca de alguns cursos, como Gelsenkirchen, que estamos em fase de resolução. Em todos estes casos, tenho a elogiar o trabalho dos docentes junto das Comunidades, pelo empenho que demonstraram em resolver todas as questões e o profissionalismo com que responderam a alguns dos desafios na constituição das turmas. Todos os docentes com a sua comissão de serviço renovada

já iniciaram as suas atividades letivas e as aulas arrancaram em todos os Estados Federados sem problemas. Refira-se apenas que estamos a aguardar a colocação de uma docente para os cursos de Bad Karlshafen, Hammeln, Hannover, Hildesheim e Einbeck, o que deverá estar concluído no final do mês de setembro, segundo informações que obtive da tutela. Aguardo a continuidade do ano letivo com serenidade.

mento, com cerca de 4000 préinscrições. Este número de alunos tem tendência a aumentar: continuo a receber pré-inscrições diariamente, à medida que o ano letivo vai arrancando em cada Estado Federado. Para os cursos em que não houve um número mínimo de pré-inscrições e que, por esse motivo, não arrancaram, não é possível, de momento, deslocar professores para lá ou colocar novos.

S.M.P.: Trata-se de avanços ao nível do protocolo da Escola Bilingue de Hamburgo, ao abrigo de uma cooperação entre o Senado da Cidade Estado de Hamburgo e do Governo Português. O currículo é lecionado em Português e em Alemão, desde a escola primária, e estendeu-se agora até ao Abitur. A frequência desta escola dá também equivalência à frequência do sistema de ensino Português.

Qual era o número dos alunos no passado ano e quantos são agora? S.M.P.: Tínhamos pouco menos de 5000 alunos inscritos no ano letivo anterior (apesar de depois o número de frequências efetivas ser inferior, por vários motivos). Estamos, neste mo-

Uma notícia revelada recentemente dá conta da possibilidade dos alunos portugueses em Hamburgo terem o português como disciplina nos exames do “Abitur”. Como foi isso possível e em que moldes é que foi estabelecido o acordo?

Como funciona a certificação que o CICL (antigo Instituto Camões) quer impor aos alunos, e que ainda por cima tem de ser paga? É de carácter voluntário ou obrigatório? E é realmente necessária para alunos nos primeiros anos de escolaridade?

S.M.P.: A certificação, conforme artigo 2º da Portaria 232/2012 de 6 de agosto, é conferida pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros (através do Camões) e pelo Ministério da Educação e da Ciência (através da DireçãoGeral da Educação). A prova avaliará as componentes oral e escrita do uso da Língua Portuguesa e terá a duração máxima de 90 minutos, atendendo aos diferentes níveis etários dos alunos. A classificação será expressa em termos dos níveis do QuaREPE (eles mesmos baseados nas orientação do Conselho da Europa para matérias de educação linguística) e poderá incluir uma avaliação quantitativa (expressa em números) caso seja “necessário e de acordo com o sistema de avaliação em vigor no país onde a certificação for obtida” (de acordo com o Artigo 7º). A certificação é obrigatória e faz parte do compromisso que os Encarregados de Educação assumem quando realizam a pré-inscrição e, posteriormente, a inscrição. Não compreendo a resistência, felizmente não generalizada, à certificação, já que é o instrumento mais usado em termos de comprovação das competências linguísticas, sobretudo ao nível das línguas que não integram os currículos escolares (como é, infelizmente, o estatuto mais comum do Português na Alemanha). Se os alunos frequentam estes cursos, se há um envolvimento e um investimento na aquisição progressiva da Língua Portuguesa, porque não transformar esse investimento numa mais-valia? Certificação implica avaliação, como sabe, e mais do que nunca somos chamados a pronunciarmo-nos acerca do sucesso das atividades que desenvolvemos: sabermos que os alunos dos nossos cursos, qualquer que seja o nível de ensino, têm sucesso e desenvolver dispositivos que certifiquem esse sucesso só poderá ser um argumento válido para promover esta modalidade de ensino e defender a sua contínua qualificação. E o que se passa com a propina? Vai realmente ser aplicada, mesmo depois de o ano letivo já ter começado em todos os países da Europa? S.M.P.: O pagamento da dita propina, que designa uma taxa de frequência, vai avançar. O que vai acontecer se a propina for realmente aplicada e muitos alunos deixarem de frequentar as aulas? Esses cursos encerram? S.M.P.: Para já, posso dizer


Entrevista

PORTUGAL POST Nº 219 • Outubro 2012

Í

Informação Consular

Sílvia Melo Pfeifer - Coordenadora do Ensino Português na Alemanha

“Se é verdade que não consigo prever o futuro, estou, muito otimista relativamente à continuidade de todos os cursos” que não consigo conceber que os alunos deixem de frequentar as aulas de Português e isto por vários motivos. O primeiro é o facto de termos já, na Alemanha, uma Comunidade Portuguesa que preza muito estas aulas, uma Comunidade muito envolvida na transmissão desta Língua, que é uma língua mundial e com um crescente peso económico. A juntar a este facto, estamos a assistir a um crescimento desta Comunidade e ao seu rejuvenescimento, já que muitas jovens famílias, pelos motivos que conhecemos, estão a eleger a Alemanha como destino. Finalmente, a contínua receção de pré-inscrições nesta Coordenação de Ensino e o facto de muitos Encarregados de Educação - que inicialmente se opuseram à introdução da certificação e da taxa de frequência - quererem agora inscrever os seus filhos, já cientes de que as medidas anunciadas vão mesmo avançar. Houve, naturalmente, um primeiro momento de alguma perplexidade relativamente aos novos procedimentos de inscrição (sobretudo junto das Comunidades que há mais tempo estão implementadas na Alemanha), mas creio que a mais-valia destes cursos acabou por falar mais alto. E com eles, o profissionalismo do nosso corpo docente, a sua formação e a sua capacidade de resposta em tempos de dúvidas e de mudança. Dito isto, se é verdade que não consigo prever o futuro, estou, no entanto, muito otimista relativamente à continuidade de todos os cursos. E se encerrarem, o que acontece aos alunos restantes?

Deixam de ter aulas? Se isso se verificar, então também não terão razão para pagar. S.M.P.: Como referi na resposta anterior, não consigo conceber que o investimento na aprendizagem da Língua Portuguesa seja interrompido. Estamos a falar de um valor imaterial, fortemente valorizado.

veu, é porque é forte e é porque tem condições para se manter e desenvolver.

E que acontecerá a um professor, se ficar com muito poucos alunos? Vai para o desemprego? S.M.P.: Novamente, esse cenário parece-me pouco provável. Havia, de facto, da parte de muitos docentes, esse temor. Penso que, das conversas que tenho tido com muitos deles, estará ultrapassado. Tendo em conta que as potenciais situações problemáticas foram identificadas, não vejo nenhum lugar em situação de risco.

Presentemente, há apenas 40 professores na Alemanha a cargo do Governo português. S.M.P.: Na verdade, são 43, distribuídos pelos Estados Federados em que já estávamos implantados.

A conjunção da passagem do EPE para a tutela do Instituto Camões com a atual crise económica poderá significar o fim de um sistema de ensino que, desde há mais de 35 anos, serve as Comunidades. Pode comentar esta frase? S.M.P.: Como saberá, participei recentemente numa reunião de Coordenação em Lisboa, na sede do Camões. O que trouxe foi, por um lado, a imagem de um forte empenho da Tutela na qualificação, valorização e modernização deste ensino e, por outro, a vontade (e a coragem!) política de renovar este sistema de ensino, contra um certo “deixa andar como sempre andou”. Penso que esta crise económica significou uma coisa para o EPE: se sobrevi-

Para quando a publicação da nova legislação para o EPE? S.M.P.: Estamos a aguardar. Sabemos que as negociações relativas às propostas de alteração já estão concluídas.

Sabe-se, por outro lado, que as estruturas de coordenação comportam a coordenadora, a coordenadora- adjunta, e 3 professores de apoio: um em Estugarda, um em Berlim e um em Hamburgo, num total de 5 pessoas. Não é um número demasiado exagerado, em tempos de austeridade, para um universo de professores tão reduzido? S.M.P.: A estrutura de Coordenação do Ensino Português na Alemanha comporta a Coordenadora, sendo que a atual Adjunta nesta Coordenação vai deixar de existir nos termos em que foi contratada. Temos ainda presentemente não 3 mas 4 Docentes de Apoio Pedagógico, com períodos de dedicação ao trabalho nos Consulados-Gerais bastante reduzidos. Não se trata de 4 docentes a trabalhar a tempo inteiro, como era prática anterior a 2010, mas apenas em tempo parcial, devido à necessidade destes docentes serem avaliados pelo serviço docente que prestam (para poderem

renovar as suas Comissões de Serviço como professores que são). Em Düsseldorf e em Hamburgo, por exemplo, as professoras Fátima Silva e Palmira Rodrigues, respetivamente, têm apenas dois dias de apoio cada uma no Consulado-Geral. A ideia não é só prestarem apoio aos docentes, mas sobretudo e em época de mudança esclarecerem os Encarregados de Educação e os Membros das nossas Comunidades em tudo o que for possível. Já em Berlim e em Estugarda, os docentes Andreia Augustin e João Mendes, respetivamente, têm um horário letivo de 8 horas, o que significa que se implicam mais em tarefas de apoio pedagógico e administrativo. Tal justifica-se pela necessidade de manter muitos contactos com as autoridades alemãs e com o Camões, por um lado, e, no caso de Estugarda, por ser a região com a maior concentração de docentes da nossa rede de ensino. Este docente tem ainda a seu cargo os docentes da Baviera e uma parte significativa de Hessen. Significa isto que, na prática, temos um apoio local mais informado, especializado em questões locais, mas com menos tempo dedicado a assuntos de apoio pedagógico e administrativo. De qualquer forma, considero muito positivo ter professores da nossa rede de ensino disponíveis para atender as nossas Comunidades em matéria de Educação e Ensino. Terminar com estes apoios locais poderia ser visto como um fechamento às Comunidades, quando o que queremos é promover o diálogo e a cooperação entre todas os agentes envolvidos no ensino-aprendizagem do Português na Alemanha. MS Pub

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As autorizações de viagem são necessárias para os menores saírem de Portugal, apesar de na prática se verificar que a sua apresentação tem de ser feita ao sair da Alemanha. Os menores, quando viajam sós, devem apresentar autorização de viagem assinada por, pelo mínimo, um dos progenitores, quando casados, ou por quem exercer o poder paternal. 
Os filhos de pais não unidos pelo casamento podem viajar sem autorização de saída desde que acompanhados por um dos progenitores, devendo, no entanto, juntar documentos que comprovem essa filiação.

A autorização de viagem deve constar de documento escrito, datado e com a assinatura de quem exerce o poder paternal, com reconhecimento notarial, conferindo poderes de acompanhamento por parte de terceiros, devidamente identificados.

A autorização de viagem pode ser utilizada ilimitadamente, dentro do prazo de validade que o documento mencionar, a qual, no entanto, não poderá exceder o período de um ano civil.

Documentos a apresentarem: Bilhete de identidade válido do pai e da mãe, desde que detentor do PUB poder paternal ou bilhete de identidade da mãe se for filho de mãe solteira, separada, divorciada ou viúva, ou bilhete de identidade de quem detenha o poder paternal ; Documento de identificação do menor.


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Sociedade

PORTUGAL POST Nº 219 • Outubro 2012

A emigração e o Concílio Vaticano II Joaquim Nunes

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Há 50 anos, no início de década de 60, começavam a sair para a Europa as primeiras levas de emigrantes portugueses, primeiro para a França e, depois também para a Alemanha, ao abrigo do contrato para a angariação de mão de obra celebrado com este país (1964). Entre todos aqueles que se empenharam desde o início no acompanhamento e organização de associações e comunidades de língua portuguesa ocupa sem dúvida um lugar de destaque , de pioneira, a Igreja católica. Padres portugueses que estavam nessa altura no estrangeiro, por razões de ordem diversa (pertença a comunidades religiosas internacionais ou para estudar, por ex.) assumiram, de forma mais ou menos espontânea, o trabalho de intérpretes, de assistentes sociais, e, naturalmente, de sacerdotes. A esmagadora maioria dos emigrantes portugueses tinha uma forte socialização religiosa. Ajudou-os muito poderem continuar aqui com as práticas religiosa a que estavam habituados em Portugal. Ao menos, a religião garantia algo de familiar em terra estranha.

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Para a Igreja católica, o início dos anos 60 foi também um tempo muito especial de mudança. A 11 de Outubro de 1962, iniciava-se o Concílio Vaticano II. É assim que nestes dias os católicos (mas não só...) assinalam e celebram os 50 anos deste acontecimento, cujo impacto tanto no interior da Igreja como nas suas relações com as outras igrejas, com a sociedade, com a política, com a cultura e com o mundo em geral estamos longe de poder avaliar completamente. O Concílio começou por exigir à Igreja uma profunda renovação interna: a partir das suas raízes, da sua origem, da Bíblia. Foram questionadas as muitas tradições e roupagens que os séculos colocaram sobre ela. Procurava-se uma Igreja „actualizada“ („aggiornamento“, palavra italiana para o exprimir), uma Igreja desempoeirada e sem mofo, uma lufada de ar fresco, como dizia o Papa João XXIII. A Igreja redescobria-se como Povo de Deus, deixando uma teologia tradicional e remando contra uma mentalidade persistente de ver nela a pirâmide hierárquica, do papa lá no cimo até ao pároco da aldeia, cá no fundo. O Povo dos baptizados estava de fora, dizia amen, às vezes nem

isso, mesmo se alguns „leigos“ eram chamados a colaborar com a hierarquia, mas só na medida em que esta precisasse deles. A linguagem começou a mudar: a igualdade de todos os baptizados acima das diferenças hierárquicas, a consciência de povo de Deus acima da afirmação do poder da instituição, a comunidade como sujeito e não como objecto da pastoral... uma mudança, que está longe de estar terminada, com avanços e recuos. Sobretudo a Igreja redescobria no Concílio o valor da pessoa humana e a autonomia da vida e do mundo. Reconhecia a pessoa humana, na sua dignidade fundamental, independentemente de ser ou não ser católica, de corresponder ou não à „imagem“ que a Igreja tinha dela. Reconhecia o mundo, na sua autonomia, e manifestava a sua empatia e interesse por tudo o que nele se passa: „as alegrias e esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem são também as alegrias e as esperanças, as trsistezas e as angústias“ da Igreja. O concílio reconhecia a liberdade de consciência, até a própria liberdade religiosa, ou seja, a liberdade de escolher religião ou mesmo de não ter religião nenhuma.

Abria-se às outras confissões cristãs e mesmos outras religiões nãocristãs, numa postura ecuménica que ainda não chegou onde queria chegar (a unidade dos cristãos), mas que significou uma viragem de rumo. É este Concílio cujos 50 anos vamos celebrar. É este concílio que precisamos que se realize, que continue a concretizar-se, sem medo nem hesitações.

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Não sei se todos os emigrantes católicos de língua portuguesa tiveram ocasião de reflectir o Concílio. Provavelmente, não. Mas todos sentiram as consequências do Concílio aqui na Alemanha. A Igreja alemã, que dera um enorme contributo para o Concílio através de uma gloriosa geração de bispos e teólogos, apressou-se a concretizá-lo no Sínodo das dioceses alemães (1973). Entre as decisões tomadas no Sínodo, saliente-se a decisão de criar comunidades de língua estrangeira integradas nas dioceses alemães. De „missões“, centradas na figura do missionário dependente da Igreja de Portugal, passou-se a „comunidades“, espaços de autonomia e de participação na estrutura desta Igreja, aqui, localmente.

Nas comunidades elegeram-se conselhos paroquiais: uma experiência de democracia (mesmo se em dimensão de “laboratório”, porque limitada ao núcleo das comunidades), que foi para muitos emigrantes a primeira experiência democrática. E, sobretudo, no contacto com a Igreja daqui, tivemos a possibilidade de fazer esta experiência de uma Igreja aberta, dialogante, preocupada em acompanhar os sinais dos tempos de uma sociedade moderna, numa atitude de respeito e de atenção a tudo o que de positivo se passa á sua volta, sem medo do pluralismo. Nas nossas comunidades, há muito „Concílio“ para acontecer: a tomada de consciência de que todos somos Igreja está longe de ter chegado a todos; a passagem do cristianismo tradicional português (de uma sociedade que já nem em Portugal é normativa) para uma vivência cristã no meio de uma sociedade plural e secularizada nem sempre é fácil. A integração na Igreja local (deixando de vez a postura de ver as coisas a partir de Portugal) é uma „tarefa” com mais actualidade do que nunca. Enfim, precisamos mesmo do Concílio. Celebrar os 50 anos da sua abertura pode ser uma boa ocasião para voltar a ele. PUB

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Opinião

PORTUGAL POST Nº 219 • Outubro 2012

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Realidade e ilusão Helena Ferro de Gouveia

No momento em que escrevo Portugal prepara-se para uma nova manifestação. A terceira no espaço de duas semanas. O país está no fundo do poço onde a luz não chega. Vive tempos de incerteza e ninguém sabe muito bem como é que tudo vai acabar. Se os protestos populares são uma enorme demonstração de maturidade dos portugueses já o aproveitamento político dos mesmos e a tentativa de neles ver uma substituição dos mecanismos da democracia representativa é, não apenas um exercício de demagogia, mas um caminho perigoso Avancemos para o ponto que eu gostaria de pôr em cima da mesa. O problema da relação entre ilusão e realidade. Por muito tentadora que seja a ideia de ter um cordeiro sacrificial, seja a chanceler Angela Merkel, seja a troika, nem a chefe de governo alemã nem os burocratas da troika são responsáveis pelos erros dos sucessivos (des)governos portugueses, nem pelo nepotismo, cor-

“Por muito tentadora que seja a ideia de ter um cordeiro sacrificial, seja a chanceler Angela Merkel, seja a troika, nem a chefe de governo alemã nem os burocratas da troika são responsáveis pelos erros dos sucessivos (des)governos portugueses”

rupção e outras maleitas e vícios há muito instalados na sociedade portuguesa também (ou deverei dizer sobretudo) pela “geração de Abril”. „Portugal chegou onde chegou porque teve os líderes que teve. Não apenas os dos últimos anos, mas os das últimas décadas. E também por causa dos partidos

que tem“, escreveu José Manuel Fernandes. „O meu pessimismo não reside nas pessoas que se sacrificam e se revoltam, pois isso é corajoso, é natural e é saudável. Deriva sim dos que as enganaram e enganam, vendendo eternas ilusões“. Quer Portugal continuar a viver de ilusões? Com uma tempestade prestes

a abater-se sobre o país, sim porque os piores efeitos da crise ainda não se fizeram sentir, seria bom que os políticos e os cidadãos percebessem de uma vez por todas que não é na gestão de benesses que um governo demonstra a sua vontade (e coragem) política, é precisamente na situação inversa: na anulação de privilé-

gios e distribuição de sacrifícios, na capacidade de enfrentar interesses estabelecidos e grupos de pressão. Portugal precisa de um Governo que governe. De cidadãos que trabalhem com eficiência. A estafada, mas nem por isso menos válida máxima de J.K.F. „não perguntes o que é que o teu país faz por ti, mas o que tu podes fazer pelo teu país“, devia estar escrita a tinta indelével nas mentes lusas. Não há volta a dar-lhe, se não quer ser “humilhado” por credores externos, Portugal precisa de se reformar. A realidade europeia está cheia de bons exemplos de processos de reforma bem-sucedidos, seja com governos monopartidários ou envolvendo diversos partidos, por exemplo nos países nórdicos. A vontade de reforma, essa tem de vir de dentro e não ser exógena. Não acredito que haja uma alternativa à austeridade, todos os outros cenários são apocalípticos. Agora há formas mais justas de distribuir os sacrifícios. E o tornar isso visível à nossa aturdida elite é o maior mérito dos protestos.

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PORTUGAL POST

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Economia & Negócios

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19 anos ao Serviço da Comunidade Luso­Alemã Ao passar mais um ano, o 19º, de existência e publicação ininterrupta, o jornal PORTUGAL POST consolida ainda mais a sua missão de porta-voz da Comunidade portuguesa na Alemanha. Como um órgão de informação, que já conquistou um lugar no panorama da imprensa portuguesa da emigração, o PP é hoje um jornal que constitui um verdadeiro património da Comunidade lusa residente neste país. Plural, sério, crítico e atento, o PP já há muito que ganhou a confiança de todos, querendo estar cada vez mais ao serviço de toda a comunidade.

Felicitações Na Alemanha, onde existe uma numerosa comunidade portuguesa, aí radicada há décadas, a necessidade de publicações como o «Portugal Post» faz-se sentir de forma particularmente intensa. Mesmo nos dias das novas tecnologias de informação, jornais ou publicações deste tipo são, muitas vezes, o principal, se não o único, elo de ligação com o País natal. Aos responsáveis pelo «Portugal Post» e, em particular, aos seus leitores, quero deixar uma mensagem de muito apreço, em nome de Portugal. Presidente da República Portuguesa, Prof. Aníbal Cavaco Silva.

Ein unverzichtbares Medium “Seit 19 Jahren ist die Portugal Post für die über 100 000 in Deutschland lebenden Portugiesen ein unverzichtbares Medium, das aktiv das Gemeinschaftsgefühl fördert und als einzige Zeitschrift einen Überblick gibt über ihre Aktivitäten in den deutschen Städten. Dass die Portugal Post dabei der Hansestadt Hamburg mit ihren speziellen jahrhundertelang gewachsenen Beziehungen zu Portugal besonderes Augenmerk widmet, freut mich natürlich besonders. Uly Foerster, Chefredakteur Lufthansa Magazin, Hamburg”

(Excerto de mensagem dirigida aos Portugueses através do PORTUGAL POST aquando da visita do PR em Março 2009)

Um elo imprescindível O Portugal Post é um elo imprescindível no meio da Comunidade Portuguesa na Alemanha. O PP é esperado mensalmente com ansiedade e carinho por milhares de leitores e ao mesmo tempo odiado por meia dúzia, o que às vezes até se compreende, porque as verdades também doem. Desde os primeiros dias que sou leitor assíduo do PP. Passando em revista estes 19 anos, recordo com nostalgia algumas discordâncias, mas ao mesmo tempo recordo com amizade pessoas que no decorrer destes anos conheci através do PP, alguns deles, infelizmente, já não estão entre nós. Um abraço á equipa e as maiores felicidades para que o Portugal Post continue a ser por muitos anos o grito da Comunidade Portuguesa na Alemanha. António Horta, ex-dirigente associativo e coloborador do PP

Um valioso contributo Desde há vários anos que sou um leitor assíduo do Portugal Post. Graças a este jornal, acompanho as actividades dos portugueses que vivem na Alemanha, aos quais o Portugal Post tem prestado um valioso contributo, e obtenho informações de interesse sobre a emigração portuguesa em geral. Disso estou grato ao Portugal Post e ao seu director, Sr. Mário dos Santos, a quem felicito pela competência revelada na gestão técnica e redatorial do Portugal Post. Face ao desinteresse dos órgãos de comunicação social em Portugal, salvo raríssimas excepções, pela vivência dos portugueses do estrangeiro, os órgãos de comunicação social de expressão portuguesa nos vários países são os únicos que dão a conhecer essa vivência. Daí que mereçam, não apenas da parte desses portugueses, mas também das autoridades portuguesas, a estima e o reconhecimento pelo seu trabalho, tanto mais que muitos deles só conseguem existir graças ao empenho e ao esforço dos respectivos directores e colaboradores. Parabéns a todos. Dr. José Rebelo Coelho, ex-Conselheiro Social na Embaixada de Portugal em Berlim

Glückwünsche zum 19. geburtstag Portugal hat unzählige Freunde in Deutschland: Viele haben schon Urlaub gemacht zwischen Minho und Algarve, dort gearbeitet oder studiert. Andere schätzen Pessoa oder Saramago, sind Fans von Mariza oder Madredeus, Figo oder Cristiano Ronaldo, lieben Pastéis de Nata oder Bacalhau. Noch wichtiger: viele Deutsche mögen Portugal, weil sie portugiesische Kollegen, Nachbarn oder Freunde haben, weil die Kinder mit Portugiesen zur Schule gehen oder weil der Espresso im nettesten Café oder Restaurant in der Nähe Bica heißt. All diese Menschen sollten eigentlich die "Portugal Post" lesen, um auf dem Laufenden zu bleiben und um die Portugiesen in Deutschland noch besser zu verstehen. Am schönsten wäre es aber, wenn die deutschen Freunde Portugals sich mehr mit eigenen Texten und Ideen an der Zeitung beteiligen würden. Dann könnten die nächsten siebzehn Jahre "Portugal Post" noch stärker im Zeichen von Dialog und Miteinander stehen. Dr. Marco Bertoloso Leiter der Abteilung Zentrale Nachrichten beim Deutschlandfunk

Trabalho sério e rigoroso O Portugal Post cumpre 19 anos de publicação. Foi um tempo de sucesso, construído na base dum trabalho sério e rigoroso que lhe foi granjeando credibilidade e prestígio. A isenção e pluralismo na abordagem dos temas políticos, como instrumento de intervenção democrática, a apologia dos valores cívicos e a motivação e empenho em prol das aspirações e anseios das comunidades portuguesas, fizeram do Portugal Post um título de referência para a generalidade dos seus leitores, os portugueses residentes na Alemanha. Aí, sempre eles encontraram um amparo, uma palavra, o respaldo amigo e o conselho avisado para que ultrapassassem as dificuldades e constrangimentos que sempre afectam quem vive longe da sua terra. Ao jornal, aos seus leitores e, em especial, ao seu director, Mário dos Santos, os meus melhores votos de sucesso e longa vida.

Eng. José Lello, deputado do PS e ex-Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas

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Uma grande responsabilidade Ao longo destes 19 anos, o Portugal Post tem desempenhado no seio da comunidade portuguesa um papel importante. Apesar de todas as limitações e deficiências, a existência de um órgão de informação em língua portuguesa com notícias de uma comunidade tão dispersa, como é o caso da comunidade portuguesa na Alemanha, é em princípio um bem para a comunidade. Mas esta situação também lhe confere uma grande responsabilidade. O Portugal Post poderá valorizar ainda mais a sua função junto da comunidade se apoiar de uma forma construtiva a componente mais dinâmica do movimento associativo português na Alemanha, a FAPA e se abrir mais as suas páginas aos sectores de esquerda que lutam por soluções mais justas e democráticas para a comunidade portuguesa na Alemanha. Rui Paz, Professor de música e ex -membro do Conselho das Comunidades Portuguesas


Entrevista

PORTUGAL POST Nº 219 • Outubro 2012

Carlos Lourenço, Director TAP Alemanha

Estamos muito atentos aos portugueses

Carlos Lourenço, Director TAP Alemanha desde Abril de 2012, concede a primeira entrevista ao PP para nos falar da companhia e da sua visão que tem para este mercado após ter estado em Londres durante seis anos à frente da TAP. Carlos Lourenço esteve ainda três anos no Recife, Brasil, como responsável de vendas do nordeste brasileiro, tendo passado pelo departamento de vendas em Lisboa. Antes disso Fez parte da equipa de “Desenvolvimento de Rede”,que é uma área onde se projecta o desenho das operações, os horários, para onde e quantas vezes se voa por dia ou por semana e em que aeronave.

Qual a diferença, se é que há diferença, entre as suas responsabilidades em Londres e aquelas que veio assumir na Alemanha? Carlos Lourenço: O trabalho é basicamente o mesmo, a posição é a mesma. O que difere é o mercado e o país. A maneira como o mercado alemão funciona é ligeiramente diferente. O Reino Unido é um país que tem muita da economia e da população concentrada à volta de Londres. É um país centralizado. A Alemanha, pelo contrário, é um país descentralizado. Isto altera um pouco a forma de trabalhar. A Alemanha é o centro da Europa, faz fronteira com 10 países e o Reino Unido é uma ilha. Esta conjectura faz com que os desafios sejam diferentes, já para não falar na língua. A realidade do mercado alemão é muito diferente da do mercado inglês. A forma como lidamos com as agências de viagens, com os operadores e até a maneira como as pessoas planeiam as suas viagens ou as adquirem, não é a mesma. A actuação da TAP estava centrada em Londres com 10 voos por dia. É uma cidade muito grande e onde há muito tráfego o ano inteiro. Em Manchester tínhamos um voo diário, isso já dá uma ideia do tráfego Londrino.Na Alemanha estamos espalhados pelo país inteiro e com vários destinos. O início dos novos destinos já estava decidido antes da sua vinda? C.L.: Sim. A decisão foi tomada

no início do ano. Eu vim inaugurar o voo de Berlim em Junho. A Áustria também faz parte da área de responsabilidades deste escritório, além das seis cidades deste país onde operamos. A Suíça, apesar de não fazer parte desta administração, tem um escritório em Zurique, mas dada a sua proximidade com a Alemanha é também um mercado interessante. Quais os objectivos da TAP no relacionamento com o mercado depois de se abrirem as novas rotas, nomeadamente com a comunidade Portuguesa ? C.L.: O nosso objectivo é trabalhar com todas as nacionalidades. Somos uma companhia aérea internacional, viajando para muitos países do mundo e continentes, por isso queremos ter connosco passageiros de todas as nacionalidades. Estamos muito atentos aos portugueses e, claro, aos alemães por razões óbvias. Portugal tem muito para mostrar à Alemanha e por isso aqui estamos implantados. Quando aqui cheguei tínhamos um website em português e alemão. Sentimos a necessidade de ter um em inglês, abrindo as portas da TAP a clientes que, estando aqui, não são nem alemães nem portugueses e que não falam nenhuma destas línguas. Frankfurt é um exemplo disso. A TAP está a implementar um maior e melhor relacionamento com a comunidade portuguesa radicada na Alemanha? C.L.: Claro que sim e dou-lhe

exemplos: Estas linhas de Berlim, Hamburgo ou Dusseldorf não apareceram por acaso. Sabemos que existem muitas comunidades portuguesas nas áreas de Colónia, Osnabruck, Hamburgo ou Bona. Estes voos estão nestes locais para os servir melhor. A preocupação da companhia é incrementar o tráfego entre os dois países e poder mostrar ao mundo que há uma boa transportadora aérea em Portugal com um grande historial no que diz à qualidade dos serviços e que se preocupa em manter o rigoroso cumprimento das regras de segurança. Qual a estratégia da companhia para lidar com a crise? C.L.: A crise é global e existe para todos. Desde 2007 que a recessão tem vindo a aumentar. Foi um início muito turbulento para o século XXI. Ainda não se sabe quando e como vai acabar. É dificil fazer previsões e os próximos anos vão ser complicados. A situação em alguns países europeus, a começar em Portugal, está dificil, o que faz com que tenhamos que rever algumas estratégias, como por exemplo em Espanha e Itália. Foi o caso de Atenas, que nos obrigou a tomar a decisao de a partir de Outubro, deixar de fazer esta rota. Esta decisão não é alheia ao estado da sua situção económica. Temos muita pena desse cancelamento, mas não podemos voar correndo riscos financeiros. Temos que saber racionalizar os nossos custos e procurar compensar, procurando mercados que estejam bem e concen-

trarmo-nos neles. Isto é um pouco como o princípio dos vasos comunicantes. Abrir as torneiras onde há mais, para compensar onde há menos. Isto tem a ver com as realidades financeiras de cada um dos países, visto que a recessão não é igual em todos. Se o país A está mal e o B está bem, então vamos abrir esta rota. Temos que olhar atentamente para esta situação, pois afinal de contas somos uma empresa que tem que dar lucros. Até que ponto o aumento da emigração pode influenciar os resultados da TAP ? C.L.: O nosso ultimo crescimento no mercado alemão foi Berlim e esperamos, dentro em breve, ter um voo diário. Neste momento voamos 5 vezes por semana, excepto aos sábados e terças. Estaremos atentos ao evoluir deste destino, no sentido de podermos, quem sabe, passar a dois por dia. E quanto às tarifas que estão a praticar? C.L.: Quanto a preços, eles são todos a 99 euros ida e volta, a partir da Alemanha com todas as taxas incluídas. Eles dependem sempre da antecedência com que reserva as passagens. O nosso preço, de qualquer ponto da Alemanha é este, tendo sempre como destino Lisboa. Se o destino for Porto ou Faro terá, nestes casos, taxas adicionais. Considerando a situação actual o preço é muito bom. Claro que nem sempre será fácil en-

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contrar os tais 99 euros, mas mesmo assim eles podem oscilar entre os 130 e os 150 euros. Mas como disse e repito, considerando sempre os prazos de reserva. Para quem tem um orçamento mais limitado, deve programar com alguma antecedência as suas viagens. Uma viagem de comboio na Alemanha de ida e volta, dependendo dos destinos, obviamente, pagará muito mais do que isso. Viajar para Portugal de automóvel é muito mais caro e muito mais cansativo. Planeando com mais tempo as suas viagens, poderá beneficiar das melhores tarifas. As companhias tornaram-se mais eficientes e o nível de serviços prestados melhorou de qualidade. Já é possível passar um fim de semana com a família e voltar com óptimas condições. No passado os emigrantes usavam muito o seu veículo para as suas idas a Portugal, mas se reparar os preços das passagens aéreas baixaram muito. Basta retroceder aos anos 90 para saber como era caro viajar de avião. Hoje já não compensa viajar de carro. Viajar de avião é mais barato, mais cómodo e mais seguro. Que nos pode dizer sobre a questão do relacionamento entre a TAP e os seus clientes, nomeadamente nos que diz respeito às reclamações? C.L .: A TAP tem esse departamento, bem como todas as outras companhias. Aqui em Frankfurt temos um mini departamento de reclamações, com atendimento em alemão, porque a maior parte das reclamações são em alemão ou inglês. Existem também quadros legais e regulamentares, especificos de cada país sobre esta matéria, daí que não seja possível ter uma pessoa em Lisboa a atender as reclamações da Alemanha. Por último, está optimista quanto ao desempenho da TAP aqui na Alemanha ? C.L.: A nossa equipa está optimista. Os resultados na Alemanha têm sido bons. Estamos a vender bem o nosso produto, quer para Portugal quer para África e Américas, que é um mercado bastante importante para a TAP. Os voos vão todos para Lisboa e daí partem as ligações para os diferentes destinos. Para a Alemanha queremos consolidar a posição que herdei e se possível fazê-la crescer. Ter mais voos e sempre que se justifique ampliá-los. Mostrar aos nossos parceiros que temos uma rede muito diversificada e que permite, satisfazer as expectativas dos passageiros em relação aos nossos produtos. Mesmo a terminar uma mensagem para os leitores do PP. C.L.: Desejo as maiores felicidades à comunidade portuguesa na Alemanha e lembrem-se que estamos aqui para os transportar sempre que queiram ou precisem de ir a Portugal, ou de férias, ao Brasil, a Cabo Verde, a África ou a outro destino. A TAP está aqui para vos servir. Aqui deixo os nossos contactos: Reservas e Informações Para clientes;(0180)3000 341*-Horário 09:00 – 20:00 horas Fernando Roldão


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Histórias da Histórias

PORTUGAL POST Nº 219 • Outubro 2012

D. Carlos Sábio, artista e soberano mártir

A carruagem com a família real atravessou o Terreiro do Paço, onde foi atingida por disparos vindos da multidão que se juntara para saudar o rei. D. Carlos morreu imediatamente, o príncipe herdeiro D. Luís Filipe foi ferido mortalmente e o infante D. Manuel ferido num braço. Joaquim Peito Uma das personalidades mais ricas e complexas da monarquia portuguesa, foi sem dúvida, D. Carlos I (1863 – 1908) o penúltimo rei de Portugal. Nascido em 1863 em Lisboa, de seu nome completo Carlos Fernando Luís Maria Victor Miguel Rafael Gabriel Gonzaga Xavier Francisco de Assis José Simão de Bragança Sabóia Bourbon e Saxe-Coburgo-Gotha, era filho do rei D. Luís I e da princesa Maria Pia de Sabóia. Príncipe herdeiro da coroa, obteve desde cedo os títulos oficiais de Príncipe Real de Portugal e Duque de Bragança. Sendo ainda príncipe herdeiro casou em Lisboa, a 22 de maio de 1886, com a princesa Maria Amélia Luísa Helena de Orléans (um casamento de amor e não de política), filha de Luís Filipe Alberto, conde de Paris, e neta de Luís Filipe, rei de França. Face à morte do seu pai, D. Carlos subiu ao trono em 19 de outubro de 1889 e foi aclamado rei de Portugal em 28 de dezembro de 1889. Poucos reis portugueses, ou melhor, poucos reis europeus terão mostrado reunir tantas qualidades intelectuais e humanas. É surpreendente o leque de atividades que conseguiu desenvolver à parte do seu dever real e devoção política. D. Carlos apreciava as tecnologias modernas. Instalou luz elétrica no Palácio das Necessidades e fez planos para a eletrificação das ruas de Lisboa. As artes eram igualmente importantes para ele. Foi um amante da fotografia, um pintor talentoso, com preferência por aguarelas de pássaros,

o que refletia na paixão pela ornitologia, tal como pela oceanografia. Foi através desta paixão que criou amizade com o Príncipe do Mónaco e fundou o Aquário Vasco da Gama, em Lisboa. Era também, apesar do seu físico, um bom desportista nas modalidades então em voga na alta sociedade, no ténis, no golfe, nos desportos náuticos, e também mostrou ser grande apaixonado pela atividade venatória, a caça. Acrescente-se que falava fluentemente francês, inglês, alemão, italiano e espanhol, além de ter estudado latim e grego clássico. Foi cognominado “O Diplomata” devido às múltiplas visitas que fez. Visitou vários países e em todos soube criar amizades e conquistar admiradores. Recebeu vários chefes de Estado estrangeiros: Eduardo VII de Inglaterra, que fez a sua primeira visita oficial, como rei, vindo a Portugal; Afonso XIII de Espanha; o imperador Guilherme II da Alemanha; o presidente Loubert de França. É difícil, hoje, apreender o significado destas visitas de Estado, tal como elas eram vistas no século XIX, mas bastará dizer que o rei de Portugal se tornou muito popular nos países que visitava, graças ao seu encanto pessoal. E com isso, claro está, o verdadeiro beneficiário era o país. O período em que reinou não foi considerado áureo. Durante o seu reinado de 19 anos, conflitos e revoltas internas e externas tumultaram o reinado, chegando a exaltação dos ânimos a níveis nunca atingido em Portugal. D. Carlos aparentava uma dotada inteligência, sábio e artista

mas com tendência a extravagâncias, pelo que se sucederam crises económicas, políticas e o descontentamento da população. Mal começou a governar, o Reino Unido entregou a Portugal o Ultimato britânico de 1890, que intimava Portugal (movido pelo desejo expansionista, materializado no “Mapa Cor-de-Rosa”) a desocupar os territórios compreendidos entre Angola e Moçambique, num curto espaço de tempo, caso contrário seria declarada a guerra entre os dois países. Como Portugal se encontrava na bancarrota, tal confronto com os Britânicos foi impossível e assim se perderam importantes áreas territoriais. A propaganda republicana aproveitou o momento de grande emoção nacional (para muitos uma verdadeira humilhação!) para responsabilizar a Coroa pelos desaires no Ultramar. Estalou então a revolta republicana de 31 de janeiro de 1891, no Porto, que apesar de sufocada mostrou que as ideias republicanas avançavam com alguma intensidade nos tecidos operários e urbanos. As crises que sucederam no reinado de D. Carlos I deveram-se ao envelhecimento do sistema político-partidário conhecido como Rotativismo, pelo qual os dois principais partidos, o Partido Regenerador e o Partido Progressista, alternavam no poder. O Rotativismo sempre prezou em garantir uma maioria no Parlamento, na época das eleições. Isto significava que o rei era o único garante da rotatividade, logo esperavase que chamasse os membros do partido da oposição para governar, de-

vido ao não funcionamento do governo anterior. Apesar disto, o sistema rotativista, de inspiração britânica, teve o seu período áureo entre 1878 e 1890, dando ao país a estabilidade que lhe faltara nas décadas anteriores. Mas não duraria para sempre. Logo em 1890 começou a fraquejar, face às crises financeiras, provocadas pelo investimento nas obras públicas realizadas durante o Fontismo e pelo investimento militar levado a cabo em África para cumprir o princípio da ocupação efectiva decidido na Conferência de Berlim, em 1885, e, para piorar esta situação, sucediam os escândalos financeiros. No caso de Portugal, no século XIX, havia (como hoje) um pessimismo generalizado. Causa provável para tal pessimismo, o défice em matéria de economia e instrução (o que, hoje, também não será estranho, desgraçadamente). A chefia do Estado era uma missão particularmente difícil, que exigia abnegação, espírito de sacríficio e muita coragem. E a D. Carlos I não faltaram essas qualidades. O que lhe faltou foi o apoio daqueles que tinham obrigação de o prestar. Monárquicos e republicanos encarniçaram-se contra ele. A vivenciar esta situação, o rei chama para formar governo o regenerador liberal João Franco CasteloBranco, defensor de um modelo de monarquia despótica, com mais poder para o rei, o que agradava a D. Carlos. A ditadura João Franco apostou na implanta-

ção de reformas, apresentando ao Parlamento as da contabilidade pública, da responsabilidade ministerial, da liberdade de imprensa e da repressão anarquista. Após isto, os progressistas retiram o seu apoio e demitem-se, assustados pelo fortalecimento do partido de João Franco. D. Carlos suporta firmemente João Franco, dissolvendo o Parlamento, ao contrário do que se esperava. O rei continuava a seguir a letra da Lei, pois fazia parte das suas funções, contudo ia contra o espírito da Lei, como assim viam os políticos, assustados pela ameaça ao seu monopólio político. A oposição lançou uma campanha anti-governo, em que envolveu o próprio rei, alegando que se estava numa ditadura administrativa. Apesar da oposição, o partido regenerador-liberal de João Franco cria os compromissos necessários com os círculos eleitorais, para que se atinja a esperada maioria. Marcam-se eleições para o Parlamento, o que vai pôr fim à ditadura administrativa. É neste contexto de regresso a uma normalidade e estabilidade parlamentares, que republicanos e dissidentes progressistas decidem agir pela força, levando a cabo uma tentativa de golpe de Estado (28 de janeiro de 1908). Após a tentativa de golpe de Estado, João Franco decreta um documento que prevê o exílio para o estrangeiro, sem julgamento, de todos os que fossem pronunciados em tribunal por atentado à ordem pública, o que se aplicaria aos revoltosos republicanos. O rei assinou o decreto e conta-se que, ao assiná-lo, declarou: “Assino a minha sentença de morte, mas os senhores assim o quiseram.” Vítima A 1 de fevereiro de 1908, a família real regressou a Lisboa depois de uma temporada no Palácio Ducal de Vila Viçosa, onde, como era hábito, haviam passado todo o mês de janeiro. A viagem de regresso não correra bem. Em Casa Branca, o comboio, um “vapor” descarrilara. Um contratempo que, horas depois mais parecia ter sido uma permonição do que se iria passar em Lisboa. Esperavam-nos o governo e vários dignitários da corte. Após os cumprimentos, a família real subiu para uma carruagem aberta em direção ao Palácio das Necessidades. A carruagem com a família real atravessou o Terreiro do Paço, onde foi atingida por disparos vindos da multidão que se juntara para saudar o rei. D. Carlos morreu imediatamente, o príncipe herdeiro D. Luís Filipe foi ferido mortalmente e o infante D. Manuel ferido num braço. Os autores do atentado foram Alfredo Costa e Manuel Buíça, embora avaliações recentes das evidências balísticas sugiram a existência de mais regicidas desconhecidos. Os assassinos foram mortos no local por membros da guarda real e reconhecidos posteriormente como membros do movimento republicano. A sua morte indignou toda a Europa, especialmente a Inglaterra, onde o rei Eduardo VII lamentou veementemente a impunidade dos chefes do atentado. Jaz no Panteão dos Braganças, no mosteiro de São Vicente de Fora, em Lisboa.


PORTUGAL POST Nº 219 • Outubro 2012

Geschichten aus der Geschichte

Dom Carlos Gelehrter, Künstler und Herrscher, der einem Attentat zum Opfer fiel Joaquim Peito Eine der talentiertesten und vielseitigsten Persönlichkeiten der portugiesischen Monarchie war ohne Zweifel D. Carlos I. (1863 – 1908), der vorletzte König von Portugal. Er war 1863 in Lissabon geboren und hieß mit vollem Namen Carlos Fernando Luís Maria Victor Miguel Rafael Gabriel Gonzaga Xavier Francisco de Assis José Simão de Bragança Sabóia Bourbon e Saxe-Coburgo-Gotha, war Sohn des Königs D. Luís I. und der Prinzessin Maria Pia von Savoyen. Als Thronerbe erhielt er früh die offiziellen Titel Königlicher Prinz von Portugal und Herzog von Bragança. Noch als Erbprinz heiratete er am 22. Mai 1886 die Prinzessin Maria Amélia Luísa Helena von Orléans (eine Liebesheirat und keine politische Ehe), die Tochter von Louis Philippe Albert, Graf von Paris, und Enkelin von Louis Philippe, König von Frankreich. Als sein Vater starb, erbte D. Carlos am 19. Oktober 1889 den Thron und wurde am 28. Dezember 1889 zum König ausgerufen. Wenige portugiesische Könige, besser gesagt wenige europäische Könige, können wohl gleich viele intellektuelle und menschliche Qualitäten aufweisen. Überraschend viele Tätigkeiten konnte er neben seinen königlichen Pflichten und politischem Einsatz entwickeln. D. Carlos schätzte moderne Technik. Er ließ Licht im Palácio das Necessidades anlegen und plante bereits die Elektrifizierung von Lissabons Straßen. Auch die schönen Künste waren ihm wichtig. Er war ein Fan der Fotografie, ein talentierter Maler, der bevorzugt Vögel in Aquarell malte, was seine Vorliebe für die Ornitologie widerspiegelt; gleich groß war sein Interesse für die Ozeanographie. Aus diesem letzteren Hobby entstand eine Freundschaft zum Prinzen von Monaco und die Gründung des Aquarium Vasco da Gama in Lissabon. Daneben war er trotz seiner körperlichen Kondition ein guter Sportler in den damals unter den Spitzen der Gesellschaft gängigen Sportarten Tennis, Golf und Wassersportarten; außerdem war er ein leidenschaftlicher Jäger. Dazu kam, dass er, abgesehen von Studien in klassischem Latein und Griechisch, fließend Französisch, Englisch, Deutsch, Italienisch und Spanisch sprach. Wegen seiner zahlreichen Besuche wurde er “Der Diplomat” genannt. Er bereiste verschiedene Länder und konnte überall Freunde gewinnen und Bewunderer erwerben. Er empfing viele ausländische Staats-

oberhäupter: Edward VII. von England reiste zu seinem ersten offiziellen Besuch als König nach Portugal; auch Alfons XIII. von Spanien, Kaiser Wilhelm II. von Deutschland, Präsident Loubert von Frankreich kamen. Man kann heutzutage schwerlich die Bedeutung ermessen, die diese Staatsbesuche seinerzeit im XIX. Jahrhundert hatten, aber es mag genügen zu sagen, das der portugiesische König in den Ländern, die er besuchte, dank seines persönlichen Charmes sehr populär wurde. Und davon profitierte natürlich als wahrer Nutznießer das Land. Seine Regierungszeit war kein goldenes Zeitalter. Während der 19 Jahre seiner Herrschaft versetzten Konflikte, innere und äußere Revolten das Reich in Aufruhr und erhitzten die Gemüter in für Portugal unbekanntem Ausmaß. D. Carlos machte den Eindruck eines Intelligenzbegabten, Gelehrten und Kunstbeflissenen, aber mit extravaganten Zügen, woraus wirtschaftliche und politische Krisen und Unzufriedenheit in der Bevölkerung entstanden. Kaum hatte seine Regierung begonnen, schickte das Vereinigte Königreich das britische Ultimatum von 1890 (aus seinem Ausdehnungsdrang heraus, der sich in der Rosa Landkarte niederschlug), mit dem es Portugal dringend aufforderte, seine Truppen aus den

Gebieten zwischen Angola und Mozambik innerhalb kurzer Zeit zurückzuziehen, sonst würde zwischen beiden Ländern der Krieg erklärt. Da Portugal bankrott war, war eine solche Konfrontation mit den Briten unmöglich und also gingen wichtige Gebiete verloren. Die republikanische Propaganda benutzte diesen Augenblick großer nationaler Emotionen (die für viele eine echte Demütigung waren!) und machte die Krone für die Missgeschicke in Übersee verantwortlich. Daraufhin brach am 31. Januar 1891 in Porto eine republikanisch Revolte los, die zwar erstickt werden konnte, die aber zeigte, dass republikanische Ideen sich in Arbeiter- und Stadtvierteln bereits weitgehend festgesetzt hatten. Die Krisen, die sich in der Regierungszeit von D. Carlos I. entwickelten, gingen auf ein veraltetes politisches Parteiensystem zurück, das als Rotativismus bezeichnet wird und in dem sich die beiden größten Parteien, Partido Regenerador (Erneuerungspartei) und Partido Progressista (Fortschrittspartei) an der Macht abwechselten. Der Rotativismus rühmte sich, in Wahlzeiten immer eine Mehrheit im Parlament zu gewährleisten. Das bedeutete, dass der König der einzige Garant der Rotativität war, man erwartete also, dass er

die Mitglieder der Oppositionspartei zur Regierungsbildung auffordern würde, weil die vorherige Regierung nicht funktioniert hatte. Trotzdem hatte dieses durch England inspirierte, rotierende System seine goldene Zeit zwischen 1878 und 1890 und dem Land die Stabilität verschafft, die ihm in den vorangegangenen Jahrzehnten gefehlt hatte. Aber dieses System konnte nicht ewig halten. Also begann es im Jahre 1890 angesichts der Finanzkrisen zu wanken; diese Krisen waren aufgrund von Investitionen in öffentliche Projekte entstanden, die zur Zeit des Fontismus (nach dem Staatsmann António Maria de Fontes Pereira de Melo) durchgeführt wurden, sowie durch militärische Investitionen, die man in Afrika machen musste, um dem Grundsatz der internationalen Konferenz von Berlin von 1885 (an der der deutsche Kanzler Bismarck als „ehrlicher Makler“ beteiligt war), nämlich der tatsächlichen Besetzung des Landes, nachzukommen; und um die Lage noch zu verschlimmern, folgten verschiedene Finanzskandale. In Portugal herrschte im XIX. Jahrhundert (wie heute) weit verbreiteter Pessimismus. Wahrscheinlich war der Grund für diesen Pessimismus mangelnde Leistungsfähigkeit in Wirtschaft und Bildung (was uns ja heute leider auch nicht fremd ist). Die Leitung des Staatswesens war eine besonders schwierige Aufgabe, denn sie erforderte Selbstlosigkeit, Opferbereitschaft und viel Mut. König D. Carlos I. fehlten diese Eigenschaften nicht. Was ihm fehlte, war die Unterstützung derer, die die Pflicht hatten, sie ihm zu geben. Monarchisten und Republikaner hetzten gleichermaßen gegen ihn. Um dieser Situation gerecht zu werden, beruft der König den liberalen Erneuerer João Franco Castelo Branco zur Regierungsbildung; er war Verfechter eines Modells despotischer Monarchie, das dem König mehr Macht zusprach, und das gefiel D. Carlos. Die Diktatur João Franco setzte auf die Einführung von Reformen und legte dem Parlament solche vor: für das staatliche Rechnungswesen, die Verantwortlichkeit der Minister, die Pressefreiheit und die Unterdrückung der Anarchie. Danach ziehen die Progressisten ihre Unterstützung zurück und die Minister reichten ihren Rücktritt ein, erschreckt vom Erstarken der Partei João Francos. D. Carlos hält an João Franco fest und löst, ganz gegen alle Erwartungen, das Parlament auf. Der König folgte hierin dem Buchsta-

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ben des Gesetzes, denn das gehörte zu seinen Befugnissen, verletzte damit aber den Geist des Gesetzes, wie die Politiker es sahen, erschrocken vor einem drohenden politischen Monopol. Die Opposition zettelte eine gegen die Regierung gerichtete Kampagne an, in die sie den König selbst einbezog und behauptete, man befinde sich in einer Verwaltungsdiktatur. Trotz der Opposition schafft die liberale Erneuerungspartei von João Franco die notwendigen Kompromisse in den Wahlbezirken, um die erwartete Mehrheit zu erreichen. Parlamentswahlen werden angesetzt, die der Verwaltungsdiktatur ein Ende setzen sollen. In diesem Umfeld der Rückkehr zu parlamentarischer Normalität und Stabilität, beschließen Republikaner und Dissidenten der Progressisten zur Gewalt zu greifen und versuchen (am 28. Januar 1908) einen Staatsstreich. Nach dem versuchten Staatsstreich verfasst João Franco einen Erlass, der ohne Prozess die Verbannung all derer ins Ausland vorsieht, die vor Gericht des Angriffs auf die Öffentliche Ordnung beschuldigt werden, was auf die aufständischen Republikaner zutraf. Der König unterzeichnete das Dekret und soll bei der Unterschrift gesagt haben: „Ich unterzeichne hier mein Todesurteil, aber Sie haben es so gewollt.“ Opfer Am 1. Februar 1908 kehrte die königliche Familie nach einem Aufenthalt im herzoglichen Palast von Vila Viçosa zurück, wo sie wie gewöhnlich den ganzen Monat Januar verbracht hatte. Die Rückreise war nicht gut verlaufen. In Casa Branca war die Dampfeisenbahn entgleist. Eine Unannehmlichkeit, die Stunden später eher als Vorwarnung dessen erschien, was sich in Lissabon ereignen sollte. Die Regierung und mehrere Würdenträger des Hofes erwarteten den König. Nach der Begrüßung bestieg die königliche Familie eine offene Kutsche in Richtung des Palácio das Necessidades. Als die Kutsche mit der Familie des Königs den Terreiro do Paço überquerte wurde sie von Schüssen getroffen, die aus der Menge kamen, die den König hatte begrüßen wollen. D. Carlos war sofort tot, der Kronprinz D. Luís Filipe wurde tödlich getroffen und der Infant D. Manuel am Arm verwundet. Die Urheber des Attentats waren Alfredo Costa und Manuel Buíça, obwohl neuere Ermittlungen der ballistischen Nachweise darauf hindeuten, dass es mehr unbekannte Königsmörder gegeben haben muss. Die Mörder wurden an Ort und Stelle von der königlichen Wache getötet und später als Mitglieder der republikanischen Bewegung identifiziert. Der Tod D. Carlos’ I. entrüstete ganz Europa, vor allem England, wo König Edward VII. die Straflosigkeit der Hintermänner des Attentats heftig bedauerte. D. Carlos I. liegt im Pantheon derer von Bragança, im Kloster São Vicente de Fora, in Lissabon, begraben. (Übersetzung aus dem Portugiesischen von Barbara Böer Alves)


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Alemanha

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Aumenta diferença de património entre ricos e pobres na Alemanha Enquanto o Estado alemão tem cada vez mais dívidas, a sua população é cada vez mais rica. Porém, essa riqueza não é distribuída igualmente entre população, como atesta um relatório do Ministério alemão do Trabalho.

A diferença de património entre os ricos e os pobres na Alemanha está a aumentar. Dez por cento das famílias do país detêm mais da metade do património no país. Essas conclusões prévias do Relatório da Pobreza e da Riqueza, organizado pelo governo alemão. A oposição quer, por isso, a reintrodução da taxa sobre grandes fortunas e o aumento do imposto de renda para os mais ricos. Com base em dados de 2008, o estudo elaborado pelo Ministério do Trabalho diz que 10% dos domicílios alemães detêm 53% do total da riqueza do país. Em 1998, essa proporção era de 45%. Por outro lado, 50% dos domicílios alemães detêm apenas 1% da riqueza – há dez anos, eram 4%. De 2007 a 2012, mesmo com a crise financeira, o património privado aumentou em 1,4 trilião de euros. „Em geral, a situação da Alemanha melhorou“, disse a ministra alemã do Trabalho, Ursula von der Leyen, que diz ainda que „o desemprego diminuiu, há menos crianças a receber ajuda social do Estado e o desemprego entre os jovens é o mais baixo da Europa“. Ela admite, porém, que pessoas com remuneração mais alta têm beneficiado mais do aumento da riqueza do que os de média remuneração. Ao mesmo tempo, defende que pessoas com baixos salários deveriam ter uma

mais possibilidades de ascensão através, por exemplo, de „salários justos“. Os principais partidos de oposição exigem a reintrodução de uma taxação sobre a propriedade privada e impostos mais altos para quem ganha mais. A riqueza é medida pelos activos líquidos, como bens imobiliários, investimentos em dinheiro, terrenos ou pensões. A secretária-geral do partido Social Democrata, Andrea Nahles, critica o que chama de „gigante redistribuição“ a favor dos ricos e dos super-ricos.

Mesmo nos anos de crise, entre 2007 e 2012, ele cresceu em 1,4 trilião de euros. Brügelmann explica por que a alta dívida do governo e a riqueza privada não são contraditórias. „A actividade económica na Alemanha está, basicamente, nas mãos de investidores privados. E os investimentos privados tendem a trazer um maior retorno“. O professor de Sociologia da Universidade Técnica de Darmstadt, Michael Hartmann, frisa que a desigualdade traz riscos, também, para a economia. „Uma das razões para o desencadeamento das crises financeiras é sempre a extrema desigualdade, pois no alto da pirâmide há muito dinheiro, que não entra na cadeia de consumo, mas sim em investimentos especulativos“.

Estado pobre, população rica

Intervenção do governo ou economia livre?

„Os orçamentos públicos perderam nas últimas duas décadas mais de 800 bilhões de euros em património“, diz o relatório do Ministério do Trabalho. Em entrevista à Deutsche Welle, Ralph Brügelmann, do Instituto da Economia Alemã, não se diz surpreendido. „Os motivos são bem óbvios: o forte crescimento da dívida pública. Os activos vinham a crescer até 2009, mas as dívidas também subiram rapidamente. Por isso houve perda de património.“ Já o contrário aconteceu no caso da propriedade privada. De acordo com o relatório, o património líquido dos alemães cresceu de 4,6 triliões de euros em 1992 para cerca de 10 triliões de euros até ao início de 2012.

Na opinião de Hartmann, o Estado deveria, portanto, combater a desigualdade com impostos mais altos para as pessoas com maiores salários e com mais bens. „Se hoje tivéssemos as mesmas taxas de impostos que tínhamos em meados da década de 1990, isso significaria 40 a 50 bilhões de euros em impostos a mais no ano.“ Porém, isso não convence Christoph Brügelmann, do Instituto da Economia Alemã. „A conjuntura aquece, mas não há crescimento. O que em curto prazo é bom para a conjuntura, é, em longo prazo, tóxico para novos investimentos.“ Essa é uma tese da qual Michael Hartmann discorda: „Essa é a alavanca da política económica: rendi-

mentos mais elevados das camadas mais ricas garantem os investimentos, e investimentos garantem empregos. Este é o efeito trickle-down (teoria do fluxo contínuo), de que se fala há vários anos, mas não aconteceu até hoje“. Ricos ficam mais ricos, pobres continuam pobres De facto, o estudo do governo, publicado a cada quatro anos, confirma uma tendência: a diferença de património entre pobres e ricos no país, ao longo dos anos, cresce. Em 1998, os mais ricos possuíam 45% do total de bens no país. Já em 2008, esse mesmo grupo detinha mais de 53%. O Ministério do Trabalho constatou, também, que houve uma desigualdade no crescimento salarial: enquanto os vencimentos nos cargos mais altos aumentaram, nas categorias mais baixas, 40% dos trabalhadores em tempo integral sofreram cortes salariais. Onde está a justiça? Michael Hartmann chama a atenção para outros efeitos resultantes dessa desigualdade. „Isso mudou tão drasticamente em um período tão curto que a massa da população percebe e acha injusto“. Uma avaliação aparentemente compartilhada pelo Ministério alemão do Trabalho, que a respeito da evolução dos vencimentos observou: „Esse desenvolvimento salarial fere o senso de justiça da população.“ DW e agências


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Alemanha

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Alemão acusado de duplo homícidio de namorada e da filha, no Algarve, clama inocência O engenheiro alemão que está a ser julgado em Munique sob a acusação de assassínio, no Algarve, da namorada angolana e da filha de ambos, invocou inocência, perante o tribunal, e o seu advogado pediu a absolvição. „Apesar da ampla prova produzida, as provas não falam a favor de um crime praticado pelo meu constituinte e, por isso, ele deve ser absolvido“, disse o advogado de defesa, Sascha Petzold, nas alegações finais. Gunnar Dorries, 44 anos, é acusado de homicídio da namorada angolana, Georgina Zito, de 30 anos, e da filha de ambos, Alexandra Zito, de ano e meio, em Julho de 2010, numa praia perto de Lagos. O Ministério Público de Mu-

guesa que foi chamada a depor em Munique. A defesa tentou pôr em causa a credibilidade dos testemunhos portugueses, considerando-os „muito contraditórios“, mas a acusação considerou que todos eles „foram muito fiáveis e não tinham intenção deliberada“ de inculpar o réu, „que se quis livrar de duas testemunhas incómodas do seu passado“. Agentes portugueses da Polícia Marítima e da Polícia Judiciária compareceram também no julgamento para depor, e médicos legistas algarvios, que fizeram a autópsia ao corpo da cidadã angolana, testemunharam por vídeo-conferência. O arguido deixou a ví-

nique deu o crime de duplo homicídio agravado como provado, exigindo que ele seja condenado a prisão perpétua, o que na Alemanha corresponde a um mínimo de 15 anos de prisão, que podem ser prorrogados sucessivamente. Segundo a procuradora pública Elisabeth Ehrl, o arguido não queria pagar pensão de alimentos à namorada e à filha, e escondeu esta relação perante a mulher, com quem vivia em Munique. A criança estava a brincar na praia quando a mãe morreu afogada, após lutar com Dorries dentro de água, segundo uma testemunha portu-

tima estendida na areia, levando a filha e dizendo que ia buscar socorros. A criança foi encontrada meses depois, no mar, por pescadores algarvios, e a causa da morte nunca foi apurada. Dorries, que estava de férias com as vítimas, regressou à Alemanha já sem a criança, mas dias depois foi detido em Munique, com base num mandado de captura emitido pela polícia portuguesa. A sentença deste caso está marcada para para o dia em que se publica o PP, 1 de Outubro. A justiça portuguesa chegou a pedir a extradição de Dorries às autoridades alemãs, mas o requerimento foi indeferido pelo Tribunal Regional de Munique, que optou por aceitar permitir que Dorries fosse julgado no país de origem, como ele próprio desejava.

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Repudiar a herança Michaela dos Santos Ferreira, Advogada

Será que o herdeiro é obrigado a pagar todas as dívidas da herança? Não. A responsabilidade pelos dívidas não excede o valor dos bens herdados, incumbindo ao herdeiro provar que na herança não existem bens suficientes para cumprimento dos encargos. Exemplo: um herdeiro recebe bens no valor de 100 000 euros. As dívidas da herança que lhe apresentam para pagar atingem o valor de 200 000 euros. Ele só terá de pagar dívidas até ao valor dos 100 000, pois esse é o valor dos bens herdados. Mas para não pagar o rema-

nescente, ou seja, o que exceder esses 100 000 euros, terá de demonstrar que na herança não existem bens suficientes para o pagamento. Ou seja: Os credores contavam apenas com o património do falecido. Se acaso ele não tivesse morrido, não tinham os credores que satisfazer-se com os seus bens? Todavia, bem pode o herdeiro querer pagar os encargos da herança mesmo com os seus próprios bens. A possibilidade de o fazer

não lhe deve ser negada, sem dúvida: e certamente que o Código Civil lhe permite fazê-lo: basta que o herdeiro, aceitando pura e simplesmente, não faça a prova da insuficiência da herança para fazer face aos encargos. Para evitar ter de fazer essa prova (de que não existem bens suficientes para o pagamento das dívidas), o herdeiro pode aceitar a herança a benefício de inventário, o que significa ser apresentado um processo em tribunal, onde são relacionados os bens da herança.

Nesta hipótese, terão de ser os credores a demonstrar que existem outros bens e ele, herdeiro, apenas responde pelo valor dos bens relacionados. Uma outra hipótese consiste em repudiar a herança. O herdeiro, por escritura pública, declara que não aceita a herança, rejeitando-a. Deixa de ter a qualidade de herdeiro. Se um herdeiro repudiar a herança, a sua parte irá beneficiar os restantes herdeiros, dentro da mesma classe; não os havendo, serão chamados os subsequentes. Ou seja, o repudio da herança por parte de um herdeiro, poderá implicar o agravamento da situação de outro, obrigando-o também a repudiar, até se chegar ao Estado, o último … PUB

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Claus Stefan Becker Tradutor ajuramentado junto dos Consulados-Gerais de Portugal em Estugarda Im Schulerdobel 24 79117 Freiburg i.Br Tel.: 0761 / 64 03 72 Fax:0 761 /64 03 77 E-Mail:info@portugiesisch-online.de

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José Gomes Rodrigues rodrigues@live.de

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O patronato em caso de incapacidade laboral por doença continuada • O muito cuidado pode ser insuficiente • LOC/KAB humanizar o mundo do trabalho • Possíveis erros nos tempos de reforma • Como se efectua o cálculo das pensões? A empresa perante doenca continuada do operário Cuidados a ter Exmo Sr. Rodrigues, Sou, desde há alguns anos, um assinante e assíduo leitor do Portugal Post, que muito me tem agradado e ajudado. Sr. Rodrigues o que devo fazer em relação a este caso. Eu e a minha esposa recebemos a mesma carta, que envio junto com este email. Ela foi operada à coluna no ano passado, e esteve três meses ausente do lugar de trabalho, por baixa médica, devidamente confirmada. Eu estive sete semanas de baixa devido a uma alergia e a um problema de pele que é crónico. Pelos vistos, parece que, infelizmente, não me livrarei duma operação à coluna. Logo que recebi estas cartas perguntei ao meu chefe o que elas representariam. Explicou-me e disse-me para não fazer caso. Como o seguro morreu de velho, informo-me junto do senhor Rodrigues para que seja melhor informado sobre o que devo fazer. Sou sócio da KAB, desde há algum tempo, seguindo deste modo o seu conselho aqui no Portugal Post. Sinto-me decepcionado com eles, simpáticos, mas infelizmente só isso. Devem estar de férias ou doentes e depois quando dizem que telefonam nunca mais telefonam, a verdade seja dita. Desde já agradeço a sua informação! leitor devidamente identificado Meu amigo, obrigado por depositar tanta confiança nas nossas informações. Recebi a carta juntamente com a copia da carta da empresa. É uma carta convidando-vos a um encontro pessoal com o médico da empresa para estudarem, em conjunto, uma solução para que as baixas médicas não se repitam tão assiduamente. Aludindo o espírito do §84 (2) do código social livro IX, que prescreve a obrigação do empregador em convidar para uma conversa pessoal o empregado que tenha estado de baixa durante um ano, mais de seis semanas seguidas. É simplesmente uma oferta. Claro que esta possibilidade é totalmente confidencial. Junto e em anexo havia um formulário que podias remeter, depois de assinado dando o vosso consentimento à proposta da empresa. Sei que o não fizeste, mas contra isso nada a fazer, se é simplesmente uma oferta! O convite da empresa pode ter água no bico Para si, fomos desenterrar os aludidos

parágrafos que lemos tentando interpretá-los. Afinal, como dissemos, é uma proposta para que o patrão cumpra com a obrigação que lhe compete. Contudo e dando crédito ao que o amigo afirma, parece que o seu demasiado interesse pela vossa saúde, pode ter água no bico, podendo ele ter um outro objectivo mais nefasto. Esta já poderá ser outra questão que não nos compete a nós indagar, nem julgar. Geralmente e, seguindo o espírito do parágrafo, chegamos à seguinte conclusão que lhe transmitimos com a devida vénia. Cuidados a ter das duas partes O parágrafo é, antes de mais, dirigido a operários que tem, por motivos de doença, faltado ao trabalho ou/e que tenham alguma deficiência reconhecida. O objectivo é prevenir, através de medidas de recuperação e de integração no trabalho, minorando deste modo o tempo de baixa, aumentando a produção. Desta forma, a empresa não deveria tomar medidas drásticas como o despedimento. Justificando-se estas medidas, a empresa contactará e convidará os organismos competentes e representativos dos trabalhadores e dos defensores dos possuidores dum determinado grau de deficiência reconhecido, seja da empresa como da câmara, juntamente com o médico da empresa, se este existir. Todos juntos, em colaboração com a empresa, enveredarão todos os esforços para salvaguardar o emprego através de medidas apropriadas. Devem também proporcionar e até requerer, sendo o caso, ajudas financeiras disponíveis, previstas por lei. KAB – LOC humanizar e mundo do trabalho Merece uma achega e reflexão o comportamento dos responsáveis da KAB. Para informação dos leitores, esta organização tem uma congénere em Portugal a LOC/MTC (Liga dos Operários Católicos/Movimento dos Trabalhadores Cristãos). O comportamento perante os sócios deste movimento não terá sido o que esperava. Sabemos das dificuldades financeiras da Associação. Houve, nos últimos anos, uma perda de sócios e a falta de aderência das camadas mais jovens o que provoca uma redução das ofertas. Não tenho porque desconfiar da sua experiência e nem sequer justificá-la. Mas é esta, infelizmente, a situação de muitos destes organismos. Entretanto sei, através de telefonema tido ulteriormente consigo, que sempre terão

ido seu encontro. Sendo sócio duma agremiação e quando os objectivos não estão a ser cumpridos, é nosso dever, como associado, exigir, claro com uma certa cautela e compreensão, os benefícios a que se tem direito. Ainda bem que o fez. A agremiação vive também do seu esforço, da sua participação, da sua presença activa e interesse nos variados encontros e nas possíveis actividades. É bom sentir-se membro, ter consciência que o papel do KAB vai além de satisfazer uma que outra necessidade individual, mas constitui um interrogante na sociedade. Procura, com as suas diversas ações, humanizar o mundo do trabalho. Colocar o homem no espaço para o qual foi criado, exigindo que seja tratado com a dignidade que possui. Que ele seja participe do fruto das suas mãos e que seu esforço não seja de forma alguma baluarte duns poucos. É um programa interessante e vale a pena identificar-se e solidarizar-se com ele e lutar, com as nossas armas disponiveis, para que essas exigências ganhem raízes no nosso mundo. Mais uma vez a nossa gratidão e permita que deseje aos dois muita saúde e força de lutar por uma vitória que vale a pena e que vai vencendo passo a passo! Desculpe se fomos longos! Tempos de descontos para a reforma e o seu cálculo reservas e cuidados a ter Amigos de Portugal Post, Saudações amigas. Obrigado pelas informações que tem fornecido nestas páginas. Tem-me sido muito úteis. Como acontece muitas vezes tenho usado os vossos argumentos para elucidar muitos compatriotas sobre os nossos direitos e, claro, dos nossos deveres. A maior parte deles gosta de passear com o famoso “Bildzeitung” e pensam que as informações fornecidas por esse jornal não podem, de forma alguma, serem postas em causa. Li que existem muitos erros na soma a receber de reforma e as informações por escrito fornecidas aos reformados tem sido deficitárias, faltando na contagem geral, alguns tempos. Que nos podem dizer sobre o assunto? Há mais novidades sobre as reformas? como se contabiliza a reforma? Se houver informem-nos, por favor. Obrigado! leitor devidamente identificado Tem razão, caro leitor. Sobre o jornal apontado, sabe que é o jornal mais vendido na Alemanha e quase em todo o mundo ele aparece e bem cedo e nas diversas bancas mais importan-

tes. Quem estiver atento e conhecer um pouco de jornalismo sabe muitas bem as teias por onde eles se cozem. O maior objectivo deles é servir-se dos acontecimentos para aumentar e multiplicar as suas vendas. Duma, para nos insignificante, noticia fazem tamanho alarido muitas vezes injustificável. É o jornal que procura influenciar multidões para objectivos às vezes desnecessários. A única coisa que podemos afirmar é que é salutar abrir-nos aos diversos meios de comunicação social e através deles formar a nossa ideia procurando ser livres. Parece mentira, mas é verdade. Apesar de toda a técnica de computadores e pela exactidão de que é conhecido o funcionalismo alemão, tem havido erros na precisão da soma das reformas a pagar. Os erros de cálculo porque e como A maior parte dos erros concentramse na base de dados que possuem para cada segurado. Muitas vezes estes dados não estão completos, faltando um que outro ano. No ano passado foram revisados 26.000 processos de reformas tendo sido constatado que, pelo menos, um terço dos processos apresentavam erros de cálculo. Neste caso a entidade de reformas teve de devolver aos seus segurados cerca de vinte milhões de euros o que corresponde a um aumento da reforma mensal médio de 57 €. Para evitar estes erros, procurem os leitores, periodicamente averiguarem se na biografia de trabalho dos tempos de seguros que a LVA envia periodicamente esta completa ou falta um que outro período. Sendo o caso, queira entregar/enviar todos os comprovativos dos tempos em falta. O esforço que a instância faz é para evitar estes desfalques na hora de emanar a decisão de reforma. O documento final é bastante complexo e contem mais de uma dezena de páginas. Queira conferir sempre pelo menos as páginas em que descrevem os seus tempos de seguro, como os tempos de formação profissional, dos estudos, de baixa médica longa, da educação dos filhos, de desemprego ou descontos tidos noutro pais que tenha convénios de segurança social com a Alemanha. Compare estes tempos com a sua biografia pessoal. Todo o cuidado é pouco analise sempre a decisão A reforma por invalidez ou incapacidade é conferida conforme o grau que apresenta de incapacidade o que pode

significar uma reforma parcial ou seja de um terço, dois terços ou completa. Tudo dependendo do grau de incapacidade e das forcas que lhe restam de forca de trabalho. Para que possa obter o máximo de reforma, convém averiguar à lupa a decisão do seguro se foram mencionados todos os tempos úteis e com significado para a reforma. Havendo alguma anormalidade na decisão do LVA é de todo conveniente que se faça reclamação sem deixar caducar o prazo legal de quatro semanas se viver na Alemanha. Como se fazem os cálculos reformas A base com que se calcula a reforma é um pouco complicada e difere bastante do cálculo da reforma portuguesa e de outros países. Há quem diga que é mais justa. Vamos tentar explanar esta questão duma forma simplificada. O Objectivo é simplesmente fazerem-se, desde o inicio, contas à vida e procurar somar pontos. Para achar a reforma final, além de se terem em conta para o calculo final todos os anos de trabalho, o ordenado base mensal auferido durante todos os anos em que foi activo. A cada mês que se auferiu de ordenado e se tenha descontado para a caixa de reformas, são atribuídos pontos cujo valor se acham comparando o ordenado auferido com uma quantia que corresponde aos ordenados auferidos mensalmente e que são comparados com uma determinada quantia que em principio corresponde ao ordenado médio mensal que o governo mensalmente coloca à disposição. Quem num mês ganhar o correspondente à média recebe um ponto. Se ganhar mais recebe algo mais correspondendo ao excedente (algumas décimas mais). Ao chegar à idade da reforma e para averiguar o valor dela, vão achar os pontos que mensalmente se angariaram. Achados a soma de todos os pontos, estes que se multiplicam por um valor que pode variar anualmente também, (para 2012 é 28,07 €). Exemplificando: alguém que tenha trabalhado e descontado 35 anos e que tenha tido o cuidado de dois filhos (ser-lhe-ão atribuídos pelos dois filhos 6 pontos) receberá uma pensão anual de aproximadamente de 1151 €. Aqui fica uma ajudinha e se quiser averiguar o os pontos que angariou, para ter uma idéia de quanto já conseguiu para a reforma só desejamos muita paciência. Esperamos com que este pequeno trabalho o tenhamos ajudado!


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João Ricardo Pedro O teu rosto será o último Preço: € 27,50 Tudo começa com um homem saindo de casa, armado, numa madrugada fria. Mas do que o move só saberemos quase no fim, por uma carta escrita de outro continente. Ou talvez nem aí. Parece, afinal, mais importante a história do doutor Augusto Mendes, o médico que o tratou quarenta anos antes, quando lho levaram ao consultório muito ferido. Ou do seu filho António, que fez duas comissões em África e conheceu a madrinha de guerra numa livraria. Ou mesmo do neto, Duarte, que um dia andou de bicicleta todo nu. Através de episódios aparentemente autónomos - e tendo como ponto de partida a Revolução de 1974 -, este romance constrói a história de uma família marcada pelos longos anos de ditadura, pela repressão política, pela guerra colonial. Duarte, cuja infância se desenrola já sob os auspícios de Abril, cresce envolto nessas memórias alheias - muitas vezes traumáticas, muitas vezes obscuras - que formam uma espécie de trama onde um qualquer segredo se esconde. Dotado de enorme talento, pianista precoce e prodigioso, afigurase como o elemento capaz de suscitar todas as esperanças. Mas terá a sua arte essa capacidade redentora, ou revelar-se-á, ela própria, lugar propício a novos e inesperados conflitos?

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Baruch Leão Lopes de Laguna, um dos grandes pintores da escola holandesa do século XIX, judeu de origem portuguesa, morreu em 1943 no campo de concentração de Auschwitz. Não foi o único, com ele desapareceram 4 mil judeus de origem portuguesa na Holanda, que acabaram nas câmaras de gás. No memorial do campo de Bergen-Belsen consta o nome de 21 portugueses deportados de Salónica, entre estes Porper Colomar e Richard Lopes que não sobreviveram. Em França, José Brito Mendes arrisca a sua vida, escondendo a pequena Cecile, cujos pais judeus são deportados para os campos da morte. Uma história de coragem e humanismo no meio da atrocidade. Em Viena, a infanta Maria Adelaide de Bragança também não ficou indiferente ao sofrimento, e não hesitou em ajudar a resistência nomeadamente no cuidado dos feridos, no transporte de armas e mantimentos, tendo sido presa pela Gestapo. Esther Mucznik traz-nos um livro absolutamente original, baseado numa investigação profunda e cuidada em que nos conta a história que faltava contar sobre a posição de Portugal durante a Segunda Guerra Mundial.

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Agenda & Sugestões As informações sobre os eventos a divulgar deverão dar entrada na nossa redacção até ao dia 15 de cada mês Tel.: 0231 - 83 90 289 Fax :0231-8390351 Email: correio@free.de

Endereços Úteis Embaixada de Portugal Zimmerstr.56 10117 Berlin

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Alfredo Stoffel Telefone: 0170 24 60 130 Alfredo.Stoffel@gmx.de José Eduardo, Telefone: 06196 - 82049 jeduardo@gmx.de Maria da Piedade Frias Telefone: 0711/8889895 piedadefrias@gmail.com

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Fernando Genro Telefone: 0151- 15775156 fernandogenro@hotmail.com

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Tel. 0711/2273974 Conselho das Comunidades Portuguesas: Alfredo Cardoso, Telelefone: 0172- 53 520 47 AlfredoCardoso@web.de

Federação de Empresários Portugueses (VPU) Postfach 10 27 11 50467 Köln Tel.: +49. 221 789 52 412 E-Mail: info@vpu.org Federação das Associações Portuguesas na Alemanha (FAPA) www.fapa-online.de Postfach 10 01 05 D-42801 Remscheid

FERNANDO ROLDÃO ORGANISTA E CANTOR BAILES - CASAMENTOS - FESTAS EVENTOS - KARAOKE

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OUTUBRO Até 18.11. 2012- OSNABRÜCK „Quem salva uma vida é como se salvasse o mundo inteiro“. Aristides de Sousa Mendes. Um exemplo de coragem. Exposição no Erich Maria Remarque-Friedenszentrum, Erich Maria Remarque-Friedenszentrum, Markt 6, 49069 Osnabrück De 10.09 a 09.10 - DÜSSELDORF - Exposição dos artistas plásticos portugueses João Maria Gusmão e Pedro Paiva (representantes de Portugal na Bienal de Veneza 2009) Kunsthalle Düsseldorf www.kunsthalle-düsseldorf.de 13.10.2012 – MAINZ – Oktoberfest. Música, baile, prémio para o melhor traje original. Local: Mombacherstr 38, 55 122 Mainz. Início 20h30 13.10.2012 – DORTMUND – Grande festa com José Malhoa e as suas bailarina. Local: Dietrich Keuning Haus, Leopoldstr 50-58, 44147 Dortmund. Início 19h00. 13.10.2012 – OFFENBACH - Música ao vivo com Fernando Roldão. Local: Restaurante Casa Portuguesa, Waldstrasse 40, 63065 Offenbach 16.10. 2012 – BERLIM - Concerto do grupo Madredeus: Local: Haus der Kulturen der Welt Royal.Início: 20h30 18.10.2012 – BERLIM – Filme Viagem a Portugal legendado em alemão. Presença do realizador Sérgio Tréfaut. Local: Embaixada do Brasil. 19h00 20.10.2012 – MAINZ - 16º Festival de Folclore e celebrações do 34º

Aniversário do Rancho Folclórico de Mainz e.V.. Ranchos vindos de Wiesbaden, Kaiserslautern. Limburg, Frankfurt, Maintal, Groß-Umstadt, Offenbach, Heinsberg e Lausanne. Local: Eintrachtbhalle Mainz-Mombach. Início: 16h00 20.10.2012 – BERLIM - Concerto de estreia do último CD de Telmo Pires. Local: Passionskirche

14.10.2012 Bremem. Local: Glocke Local: Haus der Kulturen der Welt 18.10.2012 Hamburgo . Local: Fabrik 20.10.2012 Colónia. Local: Philharmonie 27.10.2012 Dortmund. Local: Konzerthaus SUGESTÃO DE LIVRO

21.10.2012 – HAMBURGO - Concerto de estreia do último CD de Telmo Pires. Local: Tba 22.10.2012 _ BERLIM – Diálogos Económicos. Encontro de networking com empresas alemãs e portuguesas. Local: Landesvertretung Baden-Württemberg. Das 15h30 às 18h00 24.10.2012 _ BERLIM – Exposição de fotogradia sobre Berlim. A cidade vista por fotógrafos de língua portuguesa Exposição de Ras Adauto (Br), João Paglione (Br), Robson Ramos (Br) e Gonçalo Silva (Pt. Local: Embaixada do Brasil . Início: 18h00 CONCERTOS Madredeus na Alemanha

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Saúde e Bem estar

Receitas Culinárias

Sexualidade

Bacalhau em Prata com Presunto

1. Frigidez feminina: A frigidez feminina é a incapacidade de obter orgasmo durante as relações sexuais. É ocasionada geralmente por problemas psicológicos como os traumas da infância, ou problemas conjugais, stress, falta de lubrificação vaginal e nutrição incorrecta. O TRATAMENTO para a frigidez abrange dois aspectos: físico e psicológico. 1. Verificar com o médico se não existe nenhum impedimento orgânico. 2. Para a impotência e a frigidez se recomenda a ingestão de ginseng, geleia real e pólen, já que são poderosos afrodisíacos e enérgicos, além de conter uma série de hormonas que são necessários para os processos sexuais. É muito importante também ingerir vitamina E e sais minerais, já que o zinco e a vitamina E são elementos indispensáveis para a formação dos espermatozóides e para o correcto funcionamento das glândulas sexuais do homem e da mulher. SAÚDE E BEM-ESTAR Aspecto mental ou psicológico: Se o problema for psicológico, conversar com um psicológico vai ser de grande utilidade. Além disso, deve?se aumentar as doses de hormonas e das vitaminas B1, B6 e B2. Essas vitaminas se encontram na geleia real e no ginseng e a sua ingestão irá aumentar o apetite sexual, melhorando também a concentração mental da pessoa. 2. Infertilidade: CAUSAS: a) A infertilidade na mulher é causada, muitas vezes, pela falta de lubrificação, porque dessa maneira os espermatozóides não podem mover-se par alcançar o óvulo. O Dr. Andrew Toledo, da Universidade de Emory, especialista nesse tema, recomenda usar como lubrificante a clara de ovo durante os dias de maior ovulação. O Dr. Emory menciona que a clara de ovo é proteína pura, o que faz com que os espermatozóides sobrevivam mais tempo, além de moverem-se mais rapidamente. b) Calcule o dia de maior ovulação a tenha relações sexuais nesse período. c) Se quer engravidar, recomenda-se que não lave a sua vagina nem passe creme durante o período de ovulação. d)Num estudo realizado por um Instituto de Saúde, verificou-se que as mulheres que tomavam mais de uma taça de café, chocolate, chá preto e refresco de cola engravidavam com menos frequência. e) Uma mulher demasiadamente magra ou demasiadamente gorda apresenta geralmente uma deficiência de estrógeno (hormona feminino que intervém na gravidez).

Para 1 Pessoa posta de bacalhau do lombo 0,5 dl bem medido de azeite l cravinho dentes de alho 1 cebola l folha de ]ouro 1 raminho de salsa 1 fatia de presunto 1 folha de papel de alumínio

Fonte: Saúde e bem-estar

DICA Torne o detergente mais eficiente, dissolvendo algumas gotas de vinagre. As suas panelas ficarão brilhantes e sem gordura.

Corte a folha de papel alumínio à medida da posta de bacalhau e coloquea sobre um tabuleiro; dê-lhe forma côncava, deite-lhe dentro um pouco do azeite e coloque depois o bacalhau enxuto, o cravinho e um dente de alho; regue com mais um pouco de azeite. Embrulhe o bacalhau com cuidado para que as espinhas não furem o papel e leve a fomo a 200º, cerca de 15 minutos. Entretanto, descasque a cebola e corte-a às rodelas; leve-as a fritar no restante azeite quente com o outro dente de alho, picado, a folha de louro e o raminho de salsa. Frite igualmente a fatia de presunto. Retire o bacalhau do forno e, com cuidado, desembrulhe-o. Coloque-o num prato de serviço. Por cima, disponha a cebola frita e, ao lado, o presunto.

Mousse de Chocolate e Amêndoas Ingredientes: 1 lata de leite condensado 200g de chocolate de culinária 2 colh. de chá de café solúvel 100g de manteiga 50 g de amêndoa torrada e picada 25g de nozes moídas 3 colh. de sopa de açúcar 1 cálice de licor de laranja 6 ovos Amêndoas e nozes para decorar Receita: Derreta o chocolate e a manteiga em lume brando. Retire do lume e adicione as gemas e o leite condensado, mexendo bem, mas com cuidado para não talhar. Junte as nozes, as amêndoas, o café e o licor de laranja. Bata as claras em castelo e vá juntando o açúcar aos poucos. Misture ao preparado anterior, mexendo com cuidado. Deite em taças individuais e leve ao frigorífico. Decore com pedaços de nozes e de amêndoas. Bom apetite

RIR Era sábado e a adolescente foi confessar-se: — Padre, eu dormi com meu namorado. — Pecado, minha filha, pecado. Reza dez ave-marias. A adolescente foise levantando, andou uns passos e voltou de novo ao padre. — Posso rezar vinte, senhor padre? — Porquê, minha filha? — É que a gente vai passar este fim-de-semana fora...

Números em Síntese

7,5

milhões de litros foi o consumo de cerveja durante o decorrer da Oktoberfest em 2011. Este ano pensa-se que este número seja ultrapassado PUB

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Uma história de um encontro com descendente luso de antigas origens Começo por vos pedir para avaliar texto que de seguida envio e, se possível, pedir também sua publicação. Sou enfermeiro num hospital bastante conhecido em Berlim. A minha profissão é uma actividade de que me honro muito e de que sempre gostei de fazer. Aliás, dar aos outros; trabalhar em prol dos outros foi sempre o que quis fazer. Vivo inteiramente para a minha profissão, ela completa-me e, ao fim dia, quando saio do hospital onde trabalho, sinto-me um homem feliz e também fico contente quando todos os dias de manhã entro no hospital para mais um dia de trabalho. Estou separado da minha exmulher por questões de incompatibilidades. Separamo-nos a bem e sem

rancores. Ela faz a sua vida e eu a minha e assim estamos livres e felizes. Para além do meu trabalho, ao qual me dedico muito, tenho uma companheira com quem me dou bem. Vivemos em casas diferentes mas encontramo-nos todos os dias até porque ela é médica no mesmo hospital onde trabalho. Um dia pela manhã estava eu a juntar as fichas dos novos pacientes quando deparei com um nome de um internado que me pareceu, ou era mesmo português: Josef da Fonseca. Da Fonseca era claramente português ou de outro país de expressão lusa. O paciente ma altura – isto aconteceu em 1991 - tinha já mais de 70 anos de idade, segundo o seu registo. Passei à frente e comecei

com as minhas obrigações: levar doentes a vários exames, fazer isto e aquilo, em suma, tudo o que um enfermeiro faz. A minha curiosidade pelo tal paciente de nome português levou-me a ir ao quarto daquele que eu pensava ser um compatriota. Era um homem bem parecido, com os cabelos todos brancos, magro e de olhar que me parecia perdido. Não me parecia muito abatido (por questões evidentes escuso-me a revelar as razões do seu internamento). Cumprimentei-o e disse aquilo que costumamos dizer aos doentes para botar conversa. Falava perfeitamente alemão sem acentos: um alemão limpo. Era muito atencioso e comunicativo. No meio da conversa perguntei se ele era alePUB

mão com a justificação dele ter um nome que me soava a português, disse-lhe eu. Ele olhou-me, disse-me que era alemão, tinha nascido em Berlim e que tinha de facto antepassados portugueses. Fiquei curioso por aquela revelação. Com setenta anos, ter nascido em Berlim e com antepassados portugueses era uma revelação muito original. Voltei ao meu trabalho com a promessa de o visitar mais vezes para passarmos o tempo na cavaqueira. Os dias iam passando, ele continuava internado e, de vez em quando, ia visitá-lo para saber se estava bem. Felizmente as razões do seu internamento não eram graves. O que ele padecia era daquelas coisas que acontecem à medida que envelhecemos. No dia em que ele ia ter alta combinámos que eu o iria visitar. Fiquei com o seu número de telefone e prometi ligar-lhe. Neste entrementes, fui a Portugal passar férias com a minha companheira mostrar-lhe o nosso país. Foi a última vez neste quase mais de 20 anos que fui a Portugal, de resto tenho ido à Turquia e a outros países sempre que tenho férias. Um mês após de Josef da Fonseca ter saído do hospital, telefonei e marcámos um encontro para um Sábado num Biergarten. No dia marcado, já eu estava sentado quando ele chegou acompanhado de uma senhora que me apresentou como sendo a sua esposa. Começámos a conversa com coisas assim triviais. Contei-lhes que eu era português e que já estava aqui desde os 6 anos de idade trazido pelos meus pais que vieram para aqui trabalhar. Contei-lhes de onde era de Portugal e essas coisas absolutamente normais. Foi então que, pedindo-lhe desculpa, quis conhecer as suas origens. Disse-me então que tinha nascido em 1919, em Berlim. Pertencia a uma família mista, isto é, o seu pai era de origem uma família de judeus portugueses que tinham saído há muitos anos de Portugal. Parte da família foi para Amesterdão e outra parte veio para Alemanha. Ele disseme que o seu avó e seu pai tinham nascido também em Berlim e que pertenciam à comunidade judaica antes de ter sido deportado para o campo de concentração em Therienstadt. O senhor da Fonseca lembravase muito bem daqueles tempos conturbados antes e depois da subida do partido nazi ao poder. O seu pai, ourives de profissão, fez tudo para proteger a família, constituída por cinco irmãos e a sua mãe, que não era judia. Quando começou a perseguição aos judeus a loja e oficina do seu pai foram também assaltadas e, mais tarde, encerradas. Em 1942, quase toda a sua família foi deportada para

Therisienstadt, hoje parte da República Tcheca). Dois dos seus irmãos, os mais novos, para Dachau e a sua mãe, alemã, foi para uma prisão que eles na altura não sabiam qual. Desde a sua deportação, ele nunca mais viu a mãe nem os dois irmãos que foram para Dacchau. No campo de concentração de Therisienstadt, ele e os seus irmãos foram separados do pai, que viria a falecer no campo devido aos maus tratos. Apenas o Josef e um seu irmão, Jacob, saíram vivos do campo: Quando a guerra terminou, havia apenas cerca de 17.000 sobreviventes. Das 15 mil crianças que havia sido internadas, apenas 93 estavam vivas quando o campo foi libertado, duas delas eram Josef e um seu irmão que viria a falecer com uma doença pulmonar. Contar o que eles passaram durante esse tempo basta apenas imaginar como era o terror dos campo de concentração nazis com a sua barbaridade, desumanidade e sofrimento que milhões de homens, mulheres, velhos e crianças puderam provar no seu corpo e na sua psíque. Do seu pai, Josef tinha boas recordações. Era um homem trabalhador e, dizia-me ele, mantinha algumas tradições portuguesas que tinha passado de seus pais para ele. Antes da loja ser saqueada e destruída pelos algozes nazis, o pai de Josef mandou fazer um tabuleta para colocar o nome da Fonseca escrito em grandes dimensões no sentido de poder escapar ao saque já que Fonseca não era e não é assim um nome tipicamente judeu. Foram conhecidos e “amigos” da família da mãe que os denunciaram como judeus. Josef também lembrou que em sua casa o seu pai tinha uma litografia com a imagem de Lisboa e sentia orgulho daquelas suas origens dos seus antepassados. Anos mais tarde, Josef interrogou-se por que razão o seu pai não tivesse pensado fugir para Portugal, como, aliás, fizeram tantos outro judeus que tinham origens portugueses de outros paises. Este encontro com o senhor Josef aconteceu, como disse, em 1990. Passamos a partir daí a ser amigos. Ele disse-me que gostaria de ter visitado Portugal, mas que a doença da sua mulher era um impedimento à concretização deste desejo. Cinco anos depois de o ter conhecido no hospital, o senhor Josef da Fonseca faleceu. No seu funeral vi dezenas e dezenas de pessoas, familiares da sua mulher, filhos e netos; amigos e conhecidos que nunca talvez não lhes passasse pela cabeça que eu, ao fim e ao cabo, estava ali a representar involuntariamente as suas origens. E penso que o pai do sr. Josef gostaria de ter sabido isto. Leitor Identificado


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Livros ++Livros ++Livros ++Livros ++Livros ++Livros ++Livros ++Livros ++Livros ++Livros ++Livros ++Livros ++ Santo António - Orações e Simpatias Formato: 14x21cm Páginas: 104 Preço: € 18,99 Santo António nasceu como Fernando Bulhão Martins, em Lisboa a 15 de Agosto de 1195 e faleceu em Pádua a 13 de Junho de 1231. Existem milhões de pessoas, em Portugal e pelo mundo fora, que vêem em Santo António o seu Santo milagreiro. Esta obra é dirigida a estas pessoas. Compilámos orações, simpatias e adivinhações dirigidas a Santo António, com vista a melhorar as mais diversas áreas de vida.

Salmos e Orações aos Anjos Autor: Gabriela Barros Formato: 14 X 21 cm. Páginas: 96 Preço: € 20,99 Os Anjos são criaturas celestiais enviadas por Deus para nos ajudar na nossa evolução terrena e espiritual Estão sempre por perto para nos auxiliar e, através da oração, podemos estabelecer contacto com eles. Os salmos bíblicos são invocações mágicas, orações poderosas, escritas há cerca de 5 mil anos. Salmo quer dizer oração cantada e acompanhada com instrumentos musicais. São utilizados para pedir a bênção e a ajuda de Deus para os problemas do dia-a-dia. Como mantras sagrados, podem ser utilizados por cada um de nós, independentemente da religião ou crença de cada um. A leitura dos salmos é outra maneira de nos aproximar do nosso Anjo da Guarda e de trazer a sua influência para as nossas vidas. Cada Anjo é atraído por um salmo específico. Quando oramos, os Anjos oram connosco, nessa altura a cor da nossa aura muda e isso facilita aos Anjos entenderem a nossa intenção, levando mais prontamente as nossas petições ao plano astral, podendo assim prestar-nos de forma mais rápida a ajuda de que necessitamos.

Orações para Todos os Males

Cupão e condições de encomenda na pág. 19 Aprenda a Viver Sem Stress Formato: 15,5 X 23 cm. Páginas: 100 Preço: 20,99 Quanto mais tempo da sua vida é que está disposto a desperdiçar? Quanto mais tempo da sua vida está disposto a continuar a sofrer? Quanto da sua vida está disposto a finalmente reivindicar hoje? Quanto mais tempo vai deixar que os outros mandem nas suas escolhas? E, se reivindicar a sua vida, acha que fica a dever alguma coisa aos outros? Quando você cede ao stress, você não está ser você mesmo. Quando você cede ao stress, você passa ao lado da vida, da sua vida. Você vive em permanente sobrevivência. E quem sobrevive, sofre. E quem sofre, vive em stress

Grande Livro de Orações Formato: 14x21cm Páginas: 340 Preço: 25.99 É uma extensa antologia com centenas de orações a saantos, anjos, arcanjos e toda a corte celestial. Nestas páginas encontra uma mensagem de esperança, um motivo para acreditar que a fé existe e que nos rodeia em todos os momentos da nossa vida. É o companheiro ideal, pois as suas orações têm o poder de transmitir ao espírito a energia que restaura a alegria de viver e a confiança no amor, na paz e na esperanaa para o futuro.

Formato: 14x21cm Páginas: 90 Preço: 22,00 € Por razões de saúde, familiares, afectivas, materiais ou espirituais, todos mpassamos em algum momento por situações difíceis. Nesta obra encontrará uma centena de orações adequadas a cada caso. Orações para encontrar mcompanheiro/a, para conseguir casar-se com o seu namorado, pela paz da família, contra doenças, etc.

Orações aos Anjos da Guarda Formato: 14 X 21 cm. Páginas: 144 Preço: 20,99 € Na primeira parte desta obra encontrará um vasto número de orações aos anjos da guarda, que certamente serão do seu inteiro agrado. Na segunda parte deliciar-se-á com a listagem completa dos 72 anjos protectores. Cada um destes anjos confere características particulares mao modo de ser e de amar dos seus protegidos. Conheça o seu anjo e as características que ele lhe imprime na sua vida. Estes seres celestiais estão constantemente ao nosso lado, para nos proteger ou para nos afastar dos perigos.


Economia

PORTUGAL POST Nº 219 • Outubro 2012

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Viticultura:

Exportações de vinho verde mantêm crescimento As exportações de vinho verde no primeiro semestre deste ano aumentaram 6,8 por cento face a igual período de 2011, perspectivando-se assim „um novo recorde“, antevê a Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes. „Estes dados estão, fundamentalmente, em linha com as nossas previsões“, disse o presidente da Comissão, Manuel Pinheiro. A entidade refere que as exportações estão a crescer, sem interrupções, há uma década, e 2012 mantém a mesma trajectória, podendo ser „o melhor ano de sempre neste capítulo”. Dados obtidos pela Agência Lusa junto da Comissão indicam, também, que a facturação acumulada até Junho supera os „22 milhões de euros“, receita obtida com a venda de 9,3 milhões de litros de vinhos verdes para fora do país, o que representa mais um milhão de litros do que no primeiro semestre do ano passado. Em 2011, foram vendidos para o exterior 15 milhões de litros para 83 países, o que representou „36,6 milhões de euros“ Nos primeiros seis meses de 2012, os EUA consolidaram a sua posição de „maior consumidor de vinho verde, com um ligeiro aumento do preço médio e um aumento do negócio acima dos 15 por cento, valendo já 22,5 por cento da facturação no estrangeiro”. Nos Estados Unidos, o crescimento verificado na última década (2001-2011) foi de 263 por cento. O Canadá é outro mercado em que o vinho verde gan-

hou terreno entre os consumidores, tendo as exportações para este país subido 19 por cento no primeiro semestre deste ano, por comparação com o período homólogo anterior. Na Europa comunitária, os resultados são menos exuberantes: a Alemanha, segundo maior mercado externo, cresceu três por cento e a França teve nota „negativa“, com um recuo de quase oito por cento. Na Suíça, contudo, a venda de vinho verde cresceu „na casa dos 25 por cento“. „O Japão está a correr bem“, visto que as vendas para este país subiram mais de 115 por cento de 2011 para este ano.

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Trata-se ainda de „um mercado pequeno“ e o mérito é de „mais produtores que conseguiram arranjar lá um importador“ para os seus vinhos, realça Manuel Pinheiro. Se esta tendência exportadora permanecer durante o segundo semestre, a Comissão estima que as exportações de vinhos verdes representem, pela primeira vez, „35 por cento do volume total de negócio“. Em 10 anos, entre 2001 e 2011, as exportações cresceram, “em valor, 100 por cento e, em volume, 110 por cento“, realça a mesma organização. „Estamos a exportar para economias que crescem. O grande perigo é se a economia mundial arrefece“, destaca também Manuel Pinheiro. A Comissão tenciona „fazer alguns investimentos em Angola, um país que está crescer”, realizando ali „uma campanha de publicidade“. „Em contrapartida, o mercado nacional regional teve uma ligeira contracção, na ordem dos quatro por cento“, informou a mesma entidade. Manuel Pinheiro afirmou que „não se pode esperar nada do mercado nacional nos próximos anos, pois o cliente português está muito sensível ao preço“. Outra questão é a do preço médio do vinho verde vendido fora do país, que „não sobe“, mantendo-se nos 2,2 euros por litros há alguns anos. „Há uma concorrência mundial muito forte“, argumenta o mesmo responsável, acrescentando que „a qualidade melhorou, mas isso não se traduziu numa melhoria do preço“.

Vinhos portugueses conquistam 153 medalhas na Alemanha

Os vinhos portugueses conquistaram 153 medalhas no Concurso Internacional „Mundus Vini 2012“, na Alemanha, batendo assim o seu recorde anterior neste certame (139 medalhas em 2011), informou o AICEP Berlim, em comunicado. O „Mundus Vini 2012“ foi organizado pela 12.ª vez pela editora alemã especializada em vinhos e bebidas alcoólicas Meininger Verlag GmbH. No conurso deste ano participaram 6.019 vinhos de 44 países (em 2011 foram 6.029 vinhos de 42 países).

O júri formado por 300 especialistas de 46 países, provou todos os vinhos, conforme o regulamento da „Organisation Internationale de la Vigne et du Vin (OIV)“ o que tornou o evento a maior „prova cega“ de vinhos do mundo. No total, foram premiados 1.875 vinhos, e os vinhos portugueses, com 153 medalhas (123 em 2010, 139 em 2011), ocuparam o quinto lugar na avaliação dos países participantes. O grupo português Enoport United Wines, com cinco medalhas de ouro e 10 de

prata, foi considerado o melhor produtor europeu do „Mundus Vini 2012“. Entretanto, a editora Meininger Verlag GmbH, em cooperação com a ViniPortugal, publicou esta semana na sua revista mensal Weinwirtschaft, um destaque intitulado „Tudo menos Monótono“, sobre o potencial dos vinhos portugueses no mercado alemão. A Alemanha importou, no ano passado, vinhos portugueses no valor total de 34 milhões de euros, segundo a AICEP Berlim.


28 Última • Nº 219 • Outubro 2012

Às compras em Düsseldorf Salvador M. Riccardo:

A

paixonei-me por Düsseldorf logo durante a minha primeira visita. A Königsallee apelidada pelos locais simplesmente pelo diminutivo “Kö” é para mim sempre que lá volto como um gigantesco ecrã de cinema. Nesta minha última visita a Düsseldorf o que mais me surpreendeu e mexeu comigo não foram as novas obras de arte nas galerias, nem a vista que se pode gozar nas margens do Reno olhando para o bairro de Oberkassel na outra margem, mas sim a visita à flagship store da Abercrombie & Fitch. A loja fica no número 17 da Königsallee. É a loja mais badalada do momento. Quem chega a este endereço parece saber de antemão que vai encontrar a enorme fila que se prolonga por uma centena de metros, onde aguardam pacientemente os fãs da marca. Mais curioso ainda é constatar

que este templo do “casual chique americano” fica no interior de um edifício que do lado de fora é mais parecido com um banco do que com uma loja de casual luxury lifestyle . Trata-se de um edifício de cor clara, clássico e sóbrio. Embora a loja no exterior não apresente qualquer sinal visível da marca, não deixa de ser curioso

O tão desejado saco!

observar que todos os que vão chegando parecem identificar de imediato a longa fila com a entrada da loja Já devia ter uma meia hora de espera na fila quando esta lá começou a andar até quase à entrada. Finalmente veio o sinal do porteiro autorizando-me a entrar na loja. No hall da entrada umas teenagers em êxtase faziam

questão de serem fotografadas agarradas a um modelo masculino que dava as boas vindas. Com um sorriso luminoso, vestido de jeans e camisa de algodão aos quadrados aberta, este modelo exibia com orgulho uns abdominais perfeitos num torso musculado e depilado, bem ao estilo do fotógrafo Bruce Weber que assina as campanhas da marca. No interior os espaços eram amplos e os tectos altíssimos. A loja inteira estava mergulhada numa escuridão desconcertante cortada apenas por luzes de holofotes apontados para as camisas de xadrez e as sweats dobradas de forma impecável e alinhadas por cor entre as estantes de madeira escura muito altas. A música de dança electrónica provavelmente a ultrapassar o limite legal de débito de decibéis e a aromatização constante do ambiente - com a famosa fragrância Fierce da marca a ser pulverizada do tecto em grandes quantidades para cima de nós - contribuíam para acelerar o excitamento comercial. Os empregados e empregadas,

que pareciam todos modelos, sorriam constantemente e de cada vez que se cruzavam comigo pulverizavam para cima de mim ainda mais perfume dos frascos que traziam na mão. O aroma amadeirado invadia a loja e parecia impregnar-se nas minhas narinas. Quando quis pagar fui encaminhado para uma fila, onde uma multidão de clientes de olhos brilhantes e em transe, esperava para pagar. Agora agarrados a pilhas de roupas que tratavam como se fossem tesouros recém encontrados. A fila das caixas – surprise! - era provavelmente ainda mais comprida que a da rua e serpenteava pela loja. O ambiente de festa parecia cuidadosamente estudado para manter todos eufóricos, pelo menos até sairmos de novo para a luz do dia e nos apercebermos que acabamos de agravar o próximo extracto do nosso cartão visa. No regresso de uma visita a Düssseldorf, volto sempre agitado e cheio de ideias. Tenho a certeza que esta viagem não foi uma excepção.

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