Fisioterapia:
Uma aliada de peso na luta contra o cancro
Semear Saúde Edição nº 13 | Junho 2017
Este caderno faz parte integrante da edição n.º 1186, de 23 de Junho de 2017, do jornal Postal do Algarve e não pode ser vendido separadamente
A importância de uma abordagem integrada para a solução de uma doença que deve verdadeiramente ser encarada por todos como crónica p. 6
Saúde mental e psiquiátrica:
Comportamento alimentar:
Técnicas de relaxamento na promoção da saúde mental
Ensinar bons hábitos alimentares às crianças
por Andreia Faleiro
por Filipa Nobre
p. 2
p. 5
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Semear Saúde
editorial
Mais uma viagem pelos caminhos da saúde
Cláudia Brito
Presidente da Associação Semear Saúde associacaosemearsaude@gmail.com
Uma vez mais propomos-vos uma viagem, um périplo, pelos caminhos da saúde e bem-estar integral, num desafio à consciencialização do que podemos mudar e melhorar em cada um de nós para uma vida mais satisfatória, plena e saudável.
É este desafio que assumimos com todos os nossos leitores e pacientes, todos os nossos associados e amigos, o de prosseguir o trabalho de intervenção junto da comunidade, no sentido de fomentar as boas práticas em prol da saúde vista de forma verdadeiramente holística e tendo em conta o eu integral de cada um de nós. Da fisioterapia, à alimentação, passando pela naturopatia e pela ligação da psicologia com os comportamentos alimentares dos mais pequenos, o fio condutor de mais esta edição do Caderno Semear Saúde é isso mesmo, um caminho - mais um - que vos propomos encetem a favor da vossa própria saúde. Algumas pistas para encontrar respostas adequadas a problemas oncológicos, ao stress, à alimentação infantil e aos seus desafios únicos são desenhadas nesta edição pelos especialistas que partilham connosco o sonho de promover de forma proactiva a saúde. Descubra ainda propostas alimentares saudáveis e os segredos de um alimento em particular, o alho. Vai ver que a viagem vale a pena.
saúde mental
Técnicas de relaxamento na promoção da saúde mental As técnicas de relaxamento assumem distinta importância no quotidiano dos utentes, visto que possibilitam a promoção do bem-estar físico e psicológico e a adopção de estados profundos de relaxamento com finalidades terapêuticas no âmbito da saúde mental e psiquiátrica. Segundo Payne (2003, p. 3) citando Ryman (1995), o relaxamento é “como um estado de consciência caracterizado por sentimentos de paz e alívio de tensão, ansiedade e medo”. Assim sendo, durante o relaxamento, o organismo alivia a tensão muscular, bem como promove sentimentos de paz e tranquilidade, inibindo os pensamentos causadores de stresse ou perturbadores da tranquilidade e contribuindo para a “diminuição da tensão ou intensidade, resultando no descanso do corpo e mente”. As técnicas de relaxamento permitem a neutralização do sistema nervoso simpático e accionam o sistema nervoso parassimpático, ou seja, diminuem a tensão arterial, a frequência cardíaca, a frequência respiratória, a velocidade de coagulação do sangue, o fluxo de sangue para os músculos voluntários, o nível de glicose no sangue, a acuidade dos sentidos e a actividade das glândulas sudoríparas moderam o ritmo metabólico, reduzem a tensão muscular, dilatam os vasos sanguíneos, aumentam a criatividade, memória, capacidade de concentração e diminuem a distracção. Um outro aspecto que poderá sofrer alterações, prende-se com a melhoria do funcionamento adaptativo (Payne, 2003 & Townsend, 2011). Durante as sessões onde são aplicadas as técnicas de relaxamento podem utilizar-se dois métodos diferentes de relaxamento, sendo eles o relaxamento físico e o relaxamento psicológico. O relaxamento físico inclui
o relaxamento progressivo de Jacobson, o relaxamento muscular passivo, o relaxamento aplicado, o treino de relaxamento comportamental, o método de Mitchell, a técnica de Alexander, o relaxamento diferencial, os alon-
to muscular.
Objectivos específicos das sessões de relaxamento: - Reduzir sinais e sintomas da ansiedade;
progressivo de Jacobson consiste no processo de contracção/descontracção de 16 grupos musculares, permitindo consecutivamente um processo de relaxamento sereno e a consciencialização entre os contrastes existentes nos d.r.
Andreia Faleiro Naturopata Enfermeira especialista em Saúde Mental e Psiquiátrica andreiadfaleiro@gmail.com
intestino irritável, espasmos musculares, dores no pescoço e nas costas, pressão arterial elevada, fobias ligeiras e gaguez”. Da mesma opinião partilha o autor Payne (2003, p. 42) ao citar Jacobson (1938), referindo que “o relaxamento progressivo tem um efeito indirecto nos níveis de ansiedade e que, através da mediação do cérebro, proporciona um domínio do parassimpático”.
Respiração abdominal A respiração é um veículo de relaxamento importante gamentos, o exercício físico e a respiração abdominal (Payne, 2003 & Townsend, 2011). Relativamente ao relaxamento psicológico, abrange a consciencialização, as imagens mentais, a visualização dirigida para objectivos, o treino autogénico, a meditação e o método de Benson (Payne, 2003 & Townsend, 2011). Realça-se, que as sessões de relaxamento tanto podem incluir os métodos de relaxamento físico e psicológico em simultâneo como em separado. Os conteúdos que se seguem irão abordar os conhecimentos teóricos e práticos relativamente às técnicas do relaxamento físico, mais propriamente ao relaxamento progressivo de Jacobson e à técnica da respiração abdominal.
- Evitar a insónia; - Estimular a capacidade de concentração; - Diminuir a tensão muscular; - Abstrair de pensamentos nefastos.
Relaxamento Progressivo de Jacobson A técnica do relaxamento
processos de contracção/descontracção (Payne, 2003). Segundo Davis, Eshelman & McKay (2008) citado por Townsend (2011, p. 231) alguns dos resultados obtidos com o relaxamento progressivo de Jacobson foram observados “no tratamento da tensão muscular, ansiedade, insónia, depressão, fadiga,
Objectivos gerais das sessões de relaxamento: - Promover o bem-estar físico e psicológico; - Promover o relaxamen-
A forma como se respira é importante para se obter um relaxamento adequado
O relaxamento através da respiração abdominal “visa directamente o sistema nervoso autónomo, um facto a acrescentar às potencialidades da respiração como método de indução de relaxamento” (Lichstein, 1988 citado por Payne, 2003, p. 139). Esta técnica refere-se “à expansão para baixo da cavidade torácica” (Payne, 2003, p. 142), onde “o diafragma contraído pressiona os órgãos, provoca uma ligeira dilatação do abdómen. De igual modo, quando o diafragma relaxado liberta a pressão sobre os órgãos, o abdómen volta a diminuir” (Payne, 2003, p. 143). Segundo Lichstein (1988), citado por Payne (2003, p. 217) ,enuncia que “a inspiração desvia a atenção de pensamentos causadores de stress; a retenção da respiração aumenta o nível de Pco2, induzindo uma letargia suave, e a expiração lenta ajuda a diminuir a tensão muscular”, daí a eficácia da sua aplicabilidade. “O relaxamento é apenas uma componente de controlo do stress” (Payne, 2003, p. 13)
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Semear Saúde
naturopatia
Sabes porque deves comer alho todos os dias? d.r.
O Allium sativum é uma planta bulbosa originária da Ásia. O nome científico que possui deriva da palavra céltica “all”, que significa “pungente”. A palavra “sativum” significa “cultivado”. O alho (Allium sativum) é um bolbo maravilhoso que esconde propriedades fantásticas. Neste artigo apresento-lhe alguns motivos, baseados em evidências científicas, para que consuma alho todos os dias. O alho combate infecções, pois possui propriedades antibacterianas potentes, podendo ser a resposta para a crescente questão da resistência bacteriana aos antibióticos, uma vez que se tem vindo a demonstrar o seu potencial activo em pelo menos 13 tipos de infecções tanto bacterianas como virais. Um estudo comparou o alho ao antibiótico metronidazol no tratamento de infecções vaginais. Todos os dias, as mulheres que participaram do estudo receberam dois comprimidos de 500 mg de alho ou duas doses de 250 mg de metronidazol. Após sete dias, o alho reduziu a infecção activa em 70% comparado com 48% no grupo do medicamento, com a vantagem de que não apresentou efeitos colaterais, tornando-se uma aposta mais segura. Já o metronidazol provoca efeitos secundários como náuseas, diarreia, vómitos, dor de cabeça, tonturas e dor abdominal. O Alho desacelera a Aterosclerose, inibindo a formação de placas ateroscleróticas. Num estudo duplo-cego, randomizado, controlado por placebo com 65 pessoas em risco de doença cardíaca, os investigadores deram diariamente aos indivíduos uma cápsula de placebo ou uma cápsula com extracto de alho envelhecido (250 mg) mais vitamina B12 (100 mcgs), ácido fólico (300 mcgs), vitamina B6 (12,5 mg) e o aminoácido L-arginina (100 mg). Mediram a quantidade de calcificação na artéria coronária no início do ensaio e no final. Depois de um ano a progressão da calcificação da artéria coronária foi significativamente reduzida no grupo a
O alho, chamado cientificamente Allium sativum, é um poderoso remédio natural fazer o alho. O Alho diminui em 50% o risco de ataques cardíacos e derrames, através da redução de uma multiplicidade de factores de risco a eles associados. Tem vindo a ser demonstrado que afecta a arteriosclerose, os triglicéridos, a pressão sanguínea, a agregação de plaquetas e a viscosidade do plasma. Investigadores de Penn State observaram que os estudos relacionam a ingestão de alho com um risco de 38% a menos de sofrer problemas cardíacos em geral. O alho protege o coração de calcificação. Um estudo publicado no International Journal Cardiology mostra que extracto de alho envelhecido ajuda a alterar a proporção de gordura branca para gordura castanha em torno do músculo cardíaco. A gordura branca em torno do músculo cardíaco está fortemente correlacionada com a calcificação da artéria coronária. O estudo distribuiu aleatoriamente 60 indivíduos que receberam um placebo ou um suplemento com 250 mg de extracto de alho envelhecido diariamente. Após um ano, os riscos de progressão de cálcio na artéria coronária foram significativamente menores no grupo de suplemento em comparação com o grupo placebo. Os investigadores também constataram um aumento da gordura castanha benéfica em todo o músculo cardíaco. Outro estudo randomizado controlado por placebo analisou o efeito do extrato de alho envelhecido em pacientes a fazerem tratamento
com estatinas. Durante um ano, os pacientes ingeriram um placebo ou 4ml de extratco de alho envelhecido. No final do ano, a taxa de calcificação coronária era 3 vezes mais lenta no grupo do extracto de alho envelhecido. Os autores sugeriram que o alho pode revelar-se útil para os pacientes que correm um risco elevado de vir a sofrer de eventos cardiovasculares. O alho diminui o impacto das constipações, reduzindo a incidência destas em 50%. Os investigadores deram a 146 pessoas um placebo ou um suplemento de alho com 180 miligramas de alicina. Após 12 semanas o grupo do placebo teve 65 constipações totais, enquanto o grupo de alho teve apenas 24. Além disso, o grupo de placebo teve um total de 366 dias de doença em comparação com o grupo de alho que teve apenas 111. Noutras palavras, o grupo de placebo tinha mais que o triplo do número de dias de doença do que o grupo do alho. O alho também pode reduzir a gravidade dos sintomas da constipação. Num estudo duplo-cego, randomizado, controlado por placebo, publicado no Clinical Nutrition, os investigadores deram a 120 pessoas um placebo ou 2,5 g por dia de um suplemento de extracto de alho envelhecido. Após seis meses, o grupo de alho tinha 58% menos constipações e passaram menos de 61% do tempo constipados. Além disso, o grupo de alho teve 21% menos sintomas
quando ficaram constipados. O alho é eficaz na desintoxicação por chumbo, reduzindo as concentrações de chumbo no sangue e tecidos. E é tão eficaz como uma droga da quelação comum. Um estudo publicado na revista Basic & Clinical Pharmacology & Toxicology comparou o alho ao medicamento de quelação conhecido por d-penicilamina. Os investigadores mediram as concentrações de chumbo no sangue de 117 trabalhadores de uma fábrica de baterias de carro. Depois foram distribuídos aleatoriamente para ingerirem alho
(1,2 miligramas de alicina – cerca de 1000 mg de extracto de alho – três vezes ao dia) ou d-penicilamina (250 mg, três vezes ao dia). Após quatro semanas, tanto o medicamento como o alho reduziu significativamente as concentrações de chumbo no sangue na mesma quantidade aproximadamente. Mas o alho também melhorou os sintomas clínicos, enquanto o medicamento não o fez. O alho reduziu expressivamente a irritabilidade, dores de cabeça, reflexo do tendão e pressão arterial sistólica sem efeitos secundários. Os investigadores concluíram que o alho é clinicamente mais seguro e tão eficaz como a d-penicilamina. Portanto, o alho pode ser recomendado para o tratamento de envenenamento por
Vera Belchior
Naturopata Perturbação de Hiperactividade com Défice de Atenção verabelchior@gmail.com
chumbo leve a moderado. O alho tem vindo a comprovar diversas vezes ser seguro e eficaz, como tal, comer e cozinhar o alho inteiro fresco uma óptima maneira de obter os seus benefícios diariamente. Devemos consumir o alho recém esmagado ou cortado mas deixá-lo assentar uns minutos para que a alicina se desenvolva plenamente.
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Semear Saúde nutrição
E este mês vamos à Índia! Predominantemente vegetariana a Índia tem uma gastronomia repleta de fragrâncias e cores que se atribuem à enorme variedade de especiarias que são usadas na elaboração dos seus pratos.
Um dos condimentos mais utilizados é a “masala”, o que nós chamamos de “caril”, que, na verdade, não é uma especiaria mas sim a mistura de sete ou mais especiarias que cada região combina de maneira diferente, sendo as mais usuais o anis, o cardamomo, o cominho, o aça-
Arroz com curcuma e limão
frão, o gengibre, a canela, o cravinho, a noz-moscada e a pimenta, onde também adicionam uma enorme quantidade de chili, o que faz com que os seus pratos sejam muito picantes. O que vamos preparar hoje é um menu composto por bebida, prato principal
e acompanhamento, são receitas fáceis de preparar com ingredientes que encontramos com facilidade e que nos irão transportar ao intenso país que é a Índia.
Caril de tofu
fotos: d.r.
Angela Oeiras
Formadora na Escola Hoteleira de V.R.S.A., blogger www.angelaoeiras.com
Lassi de agrião
fotos: angela oeiras
Nesta receita não vamos utilizar o tradicional pó de caril à venda nos supermercados, vamos sim elaborar muito facilmente o nosso “masala” ou caril, misturando especiarias que temos habitualmente ao nosso dispor. O resultado é um caril perfumado e não muito intenso que vai dar um toque exótico à nossa receita.
O arroz é o cereal rei na Índia e o acompanhamento ideal para servir com caril. Esta receita pode ser feita com arroz agulha normal ou com arroz basmati e leva um toque de limão, o que lhe confere frescura. ÔÔ Ingredientes: 2 chávenas de arroz (agulha ou basmati) cozinhado apenas com água e sal Sumo e raspa de 1 limão 1 colher de chá de sementes de mostarda 1 colher de chá de curcuma (açafrão-das-índias) Azeite ½ chávena de sultanas douradas ÔÔ Preparação: Colocar um pouco de azeite numa frigideira e adicionar as sementes de mostarda. Baixar o lume ao mínimo e quando as sementes de mostarda começarem a saltitar juntar a curcuma e a raspa da casca do limão e as sultanas douradas. Mexer um pouco e juntar o arroz cozido, mexer bem até o arroz absorver todos os sabores, regar com o sumo de limão, voltar a mexer e servir.
ÔÔ Ingredientes: 250 gr de tofu 6 colheres de sopa de azeite 1 cebola média picada 1 chávena de ervilhas cozidas 3 dentes de alho picados; 1 rodela de 1cm de gengibre fresco 10 cajus ½ iogurte natural (ou de soja natural); ½ pimento vermelho ½ colher de chá de curcuma (açafrão-das-indias); ½ colher de chá cravinho em pó; ½ colher de chá de canela; ½ colher de chá de coentros em pó; 1 vagem de cardamomo (apenas as sementes); ½ colher de chá de piri-piri em pó Sal; folhas de coentros (para decorar e dar um toque fresco final) ÔÔ Preparação: Cortar o tofu em cubos e salteá-lo numa frigideira com a metade do azeite até que fiquem douradinhos. Retirar para um prato e reservar. Numa panela colocar o restante azeite e adicionar a cebola, os dentes de alho e o gengibre tudo picadinho e deixar refogar por uns minutos. Adicionar os cajus, um copo de água e os restantes ingredientes, excepto as ervilhas, os coentros e o tofu salteado. Deixar ferver durante uns cinco minutos e triturar com a varinha mágica até obter um molho uniforme. Adicionar a este molho as ervilhas cozidas e o tofu salteado e deixar cozinhar em lume brando durante uns dez minutos sem deixar secar o molho. Servir quente decorado com os coentros picados.
O Lassi é uma bebida refrescante composta por iogurte e água, à qual adicionamos fruta, legumes ou especiarias e pode ser doce ou salgada. A receita de hoje serve como acompanhamento do caril de tofu e do arroz de curcuma e limão, pelo que optei pela vertente salgada e refrescante para dar leveza a esta refeição, também leva cominhos, pois estes facilitam a digestão dos alimentos. ÔÔ Ingredientes: 1 iogurte natural (ou de soja) 1 litro de água 1 (colher de chá) de cominhos em pó 2 punhados de agriões frescos Sal fino a gosto Decoração: Banana; morango; manga e pepitas de chocolate ÔÔ Preparação: Misturar todos os ingredientes num liquidificador, Bimby ou com a varinha mágica até obter um líquido homogéneo. Servir frio.
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Semear Saúde
psicologia & comportamento alimentar
Ensinar bons hábitos alimentares às crianças fotos: d.r.
A alimentação está na base das nossas vidas. Até mesmo dentro do útero materno já somos influenciados pela alimentação. Ao nascer, depois de respirarmos, alimentamo-nos e assim é durante o resto da nossa vida. Muito mudou na história da humanidade no que se refere à comida. Os nossos ancestrais tinham de se esforçar para comer, ou seja, correr literalmente atrás da comida, dada a sua escassez. Depois, os nossos antepassados comiam do cultivo, caça, criação de animais e pesca. Depois da Revolução Industrial tudo mudou. Actualmente, nos países industrializados vive-se em abundância de comida, com muitas possibilidades de escolha e na maioria das vezes com pouca qualidade. Os alimentos já estão muito diferentes daquilo que outrora foram, desde a sua concepção à sua confecção. Normalmente, aquilo que é mais acessível e barato, é precisamente o que mais engorda, como por exemplo as massas, arroz, açúcar, bolos, achocolatados, doces, refrigerantes, fritos, etc.. Até as refeições pré-feitas e os restaurantes que são economicamente mais acessíveis, são os que têm na sua base processados, fritos e hidratos de carbono simples, que enchem a barriga e o paladar, engordam e pouco ou nada nutrem. Este tipo de oferta, apaladada, agradável, acessível e de baixo custo, leva a que as pessoas a consumam e é a mais convidativa às crianças e jovens. O recente estudo da OMS (Organização Mundial de Saúde), revelou que Portugal é o quinto país da Europa com mais crianças e jovens obesas, como resultado do aumento do sedentarismo e má alimentação devido a maior consumo de fast food e doces. A OMS aponta, ainda, que na entrada da adolescência o comportamento alimentar vai piorando e a alimentação saudável torna-se cada vez menos frequente. A obesidade tem impacto a diferentes níveis: a nível biológico, aumentando a probabilidade de se virem a desenvolver doenças cardiovasculares, hipertensão, diabetes, apneia do sono,
Filipa Nobre Psicóloga
naturamentepsi@gmail.com
Pais desempenham um papel preponderante na forma de abordagem à alimentação entre outras; a nível social ,sendo estas crianças e jovens mais propensos ao bullying e à exclusão que tem um impacto directo a nível psicológico e emocional, tendo como consequências baixa auto-estima, quebra no rendimento escolar, depressão, desconforto com a imagem corporal, isolamento, etc.. Sendo crianças e jovens, os pais têm um papel muito importante na prevenção da obesidade. Neste sentido, abordaremos algumas questões relacionadas com o comportamento em relação à comida, abrangendo não só as crianças e jovens mas também a família. O conhecimento dos alimentos e hábitos alimentares são aprendidos com os pais ou educadores. A alimentação é sempre uma questão sensível para os pais, pois querem os seus filhos bem alimentados. A questão é que as crianças e não só (todos na verdade!) devem estar nutridos, sem que seja retirado o prazer de comer. Assim, crianças que são expostas a diferentes alimentos e à variedade dos mesmos, receberão maior quantidade de nutrientes que os ajudarão a crescer fortes e saudáveis. O problema é que, por vezes, são os comportamentos e hábitos dos
próprios pais que exigem à criança, por exemplo, que coma sopa e legumes porque é saudável e faz crescer, quando os próprios pais recusam. Para ensinar um comportamento, não se pode agir de forma oposta. Os pais têm assim que ser congruentes com os hábitos alimentares que querem ensinar, ou melhor, habituar a criança. A recusa alimentar surge como outra das questões a lidar. Existem pais que, mesmo comendo de forma saudável, não conseguem fazer a criança alimentar-se dessa forma, acabando por oferecer outros alimentos, que a criança quer, porque “pelo menos comeu qualquer coisa”… mas não se nutriu e não está a adquirir bons hábitos alimentares. Os especialistas referem que o reconhecimento e aceitação de um alimento, geralmente, ocorre após 12 a 15 apresentações do mesmo, ou seja, os pais não devem desistir às primeiras tentativas, devendo apresentar os alimentos de formas diferentes e atractivas. Um dos comportamentos comuns e observável nos pais, é verbalizar a outras pessoas na mesa ou com a criança presente, que ela não gosta de determinado alimento. Desta forma, as crianças já partem do princípio que não gostam e nem voltam a tentar ex-
perimentar e dão o alimento por um “não gosto” adquirido. Por vezes, este comportamento está tão enraizado que, quando chegam à idade adulta, convencidos que não gostam do alimento, mas são levados a voltar a experimentar, descobrem que, afinal “desta forma até gosto”… e assim se passaram anos de uma recusa do alimento que apenas não foi devidamente estimulado. Os alimentos açucarados, fritos ou salgados, ou seja, muito apaladados e processados não devem fazer parte da dieta da família. Estas são excepções que se podem ter apenas de vez em quando. Ter estes alimentos em casa, leva a petiscar e retira muitas vezes o apetite para a refeição principal. Estes alimentos não devem ainda, como é comum, ser usados como castigos ou recompensas, pois condiciona a criança a comer por motivos errados ou a encarar a comida, ou a falta dela, como prémio ou punição. A refeição em família, num ambiente tranquilo, de confraternização e diálogo, sem distracções como a televisão, tablets ou telemóveis, deve ser planeada para toda a família, sem excepções (pais como modelos a seguir), funcionando como estratégias para a adopção de bons comporta-
mentos alimentares. No que concerne aos lanches, habituar a criança a comer frutas, iogurtes, sandes (torná-las coloridas, atractivas e com textura), sumos naturais em preferência aos bolos, snacks, refrigerantes e alimentos processados. Habituar a criança que estes são excepções que até podem ser feitas em família, como o dia da “porcaria” preferida! Assim, a criança percebe que não é privada de os comer, mas que o faz com restrição. Aprender e ensinar sobre alimentos e nutrição e convidar a criança a fazer boas escolhas também é importante, aumentando, assim, o sentimento de inclusão e competência. Será benéfico fazer da água a bebida de eleição, das refeições e da família, assim como ensinar o hábito de ter uma garrafa de água na mochila. Beber água, mesmo sem sede, é um hábito que se adquire. Crucial ainda, é incentivar desde cedo à prática de actividade física, não só a escolar que em termos de tempo não é suficiente, mas também na prática de um desporto que dê prazer à criança, saídas de lazer ao ar livre em família e habituá-la, sempre que possível, a caminhar e a subir escadas. É importante ainda ressalvar que as crianças aprendem por imitação ou modelagem, ou seja, pela observação dos comportamentos dos outros e adquirem aprendizagens e hábitos que a família lhes transmite, os bons e os maus! Por fim, é essencial frisar que o comportamento alimentar é influenciado não apenas pelos hábitos e padrões alimentares, mas também por factores genéticos, biológicos, de personalidade, socioculturais, emocionais, entre outros. pub
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Semear Saúde fisioterapia
d.r.
A fisioterapia como uma aliada de peso na luta contra o cancro São poucos os fisioterapeutas que se dedicam especificamente à área da fisioterapia ligada à oncologia, uma realidade que Sara Rosado, que vem realizando há anos trabalho neste campo, gostaria de ver alterada a par de duas realidades que, afirma, importa assumir definitivamente para o sucesso da luta contra o cancro: "encararmos e tratarmos o cancro como uma verdadeira doença crónica e não como uma situação de doença aguda e implantarmos uma verdadeira resposta integrada e multidisciplinar na área da oncologia". Natural de Évora e a exercer a especialidade de fisioterapeuta no Algarve, especializada e tratamento físico do edema e fisioterapia oncológica e fisioterapia na saúde da mulher, Sara Rosado - que colabora com a Associação Semear Saúde desde o início do trabalho da instituição na intervenção na comunidade
para a promoção da saúde - é uma das poucas especialistas na área da fisioterapia ligada aos tratamentos oncológicos. Uma realidade que a fisioterapeuta gostava de ver alterada, já que, refere, "sabemos hoje que a fisioterapia pode e deve desempenhar um papel de relevo no quadro de uma abordagem multidisciplinar indispensável para um tratamento efectivo e com sucesso na área da oncologia". A resposta ao cancro passa na maioria dos casos por abordagens terapêuticas que adequadas a cada caso são normalmente respostas que passam ou pela cirurgia ou por tratamentos de radio e quimioterapia que constituem, em qualquer dos casos, tratamentos de grande impacto na saúde, na qualidade de vida e nas capacidades físicas dos pacientes. Estejamos perante uma cirurgia com efeitos muitas vezes assinaláveis na capacidade física do doente, como acontece nas mastectomias radicais nos casos de cancro da mama, estepub
jamos perante tratamentos de radio e quimioterapia que são altamente debilitantes para a grande maioria dos pacientes tratados, a vida dos doentes, recorda a fisioterapeuta, "é profundamente afectada, quer do ponto de vista estritamente físico, quer do ponto de vista psico-emocional".
A importância da fisioterapia numa resposta integrada aos casos de cancro É hoje ponto assente que a resposta aos casos oncológicos deve ser dada pela medicina de forma integrada e multidisciplinar, além disso, defende Sara Rosado, "a resposta deve ser encontrada caso a caso, numa abordagem holística capaz de garantir não só a sobrevida do paciente face ao cancro, mas a salvaguarda da sua qualidade de vida em todos os momentos do tratamento". A especialista é clara: "desde o diagnóstico até ao tratamento e após a conclusão deste o seguimento dos doentes deve ser multidisciplinar e assentar numa visão do cancro como uma doença crónica". Neste campo, a fisioterapia pode e deve ser uma "arma" de peso para ajudar os doentes, com a fisioterapeuta a realçar que "a intervenção da fisioterapia vai muito para além da fundamental recuperação da capacidade/função física do doente e tem efeitos transversais na manutenção da qualidade de vida e na manutenção da capacidade de resiliência psíquica dos pacientes face à doença e aos efeitos globais da mesma e dos respectivos tratamentos".
O que pode fazer a fisioterapia pelos doentes oncológicos Sara Rosado explica que os tratamentos para o cancro provocam (genericamente): - Fadiga; - Sintomas depressivos; - Aumento do risco de doenças cardiovasculares e diabetes; - Perda de massa óssea - aumento do risco de fractura; - Redução da qualidade
de vida; - Aumento da massa gorda (muito prejudicial); - Redução da força e resistência muscular; - Redução da capacidade cardiorrespiratória. Situações a que o exercício físico adaptado e monitorizado por um fisioterapeuta pode dar uma importante resposta, já que combate os efeitos indesejados dos tratamentos, nomeadamente nos seguintes aspectos cientificamente comprovados: - Reduz em 26 a 30% a fadiga associada ao cancro, contra 9% de melhoria com fármacos; - Aumenta em 34% a sobrevivência ao cancro da mama; - Reduz em 41% o risco de morte por outras causas; - Reduz em 24% o risco de recorrência; - Reduz em 20% o risco de eventos cardiovasculares em pessoas em tratamento; - Au m en ta Sara Rosado, especialista em fisioterapia oncológica, colabora força muscular, com a Semear Saúde desde o início do trabalho da associação controla o peso, contribui para a redução da massa gorda e manu- mente aplicada como uma de que o cancro é uma doenresposta das várias especiali- ça crónica que exige acompatenção da massa óssea; - Reduz a depressão e a dades verdadeiramente arti- nhamento muito para além culada, capaz de criar ganhos da fase aguda da patologia ansiedade. São dados que revelam a substanciais para a superação e que o tratamento deve ser importância da fisioterapia da doença e para a manuten- apostado em devolver o pana resposta que a oncologia ção da qualidade de vida dos ciente à vida e não em garanprecisa dar de forma cada pacientes", refere a especialista. tir-lhe - ainda que fundamenvez mais eficiente ao flagelo tal - a mera sobrevida. do cancro. Nesta luta falta dar a espeMudar o paradigma Para Sara Rosado, quando cialidades como a fisioterapia na procura de vitórias se fala em abordagem mule outras espaço de trabalho cada vez mais tidisciplinar do combate ao efectivo na resposta concerexpressivas e completas cancro o paradigma actual tada que uma doença com a sobre o cancro ainda é o de uma abordagravidade do cancro deve regem concomitante de várias A vitória dos pacientes, por- ceber por parte da medicina. especialidades médicas a que é disso que realmente se Um desafio que se coloca a cada doente, mas que apesar trata quando se fala de ven- todos, fisioterapeutas, oncodos esforços dos profissio- cer o cancro, face à doença e logistas, médicos e terapeunais ainda peca por ser uma face às provações resultantes tas em geral, de forma a que abordagem desarticulada em dos tratamentos associados à o vencer de um cancro possa muitos aspectos. oncologia, deve ser cada vez ser, cada vez mais, uma vitó"A multidisciplinaridade mais uma realidade profun- ria de retorna à vida com deve ser entendida e efectiva- damente ancorada na ideia qualidade.
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Semear Saúde
fisioterapia
Cancro da próstata: o efeito do exercício físico no controlo dos efeitos adversos dos tratamentos A neoplasia da próstata é o tumor mais frequente no homem (Gardner, Livingston, Farser, 2014), apenas o cancro do pulmão tem uma taxa de mortalidade superior (Acta Urológica Portuguesa, 2014).
Em 1941, Huggins e Hoddges demonstraram que a diminuição de testosterona por castração causava uma regressão no cancro da próstata metastático e que a administração de testosterona exógena favorece o desenvolvimento do cancro (Hugging & Hodges, 1941). Actualmente, o recurso ao bloqueio androgénico é um tratamento muito frequente no cancro da próstata, provocando a apoptose de células tumorais, o que leva a uma diminuição do volume tumoral e ao atraso da sua progressão (Sharifi, Gulley, Dahut, 2005). No entanto, sendo a testosterona a principal hormona masculina, a sua privação provoca uma série de efeitos adversos, uns a curto prazo e outros a longo prazo (Acta Urológica Portuguesa, 2014). A testosterona é uma hormona que interfere com a função sexual, a massa isenta de gordura, regulação dos lípidos, densidade óssea e com a função imunológica (Araújo & Wittert, 2011; Bagatell & Bremner, 1996).
Efeitos do tratamento com terapia de privação de androgénio A terapia de privação de androgénio provoca uma redução da densidade mineral óssea, aumentando consequentemente o risco de osteoporose e de fractura (Greenspan, Coates, Sereika, et al, 2005; Grossmann, Hamilton, Gilfillan, et al, 2011; Taylor, Canfield, Du., 2009). Após 3 a 12 meses do início dos tratamentos de privação de androgénio, a adiposidade aumenta entre 9 a 11% e a massa magra reduz 2% a 4% (Greenspan, Coates, Sereika, et al, 2005; Grossmann, Hamilton, Gilfillan, et al, 2011; Smith, 2004; Smith, Finkelstein,
McGovern, et al, 2002; Smith, 2007; Galvão, Spry, Taaffe, et al., 2008; Smith, Lee, McGovern, et al., 2008). Essa perda de massa muscular está associada a uma diminuição da força muscular, aumento do risco de quedas e do risco de fractura e na dificuldade de realização das actividades da vida diária (Chodzko-Zajko, Proctor, Fiatarone, Singh, et al, 2009; Bylow, Dale, Mustian, et al., 2008). Todos estes factores estão relacionados com o aumento do risco cardiometabólico. Isto é particularmente preocupante, dado que, entre os homens com cancro da próstata, a doença cardiovascular é responsável por uma proporção de mortalidade similar ao próprio cancro da próstata. (Ketchandji, Kuo, Shahinian, et al., 2009; Lu-Yao G, Stukel TA, Yao SL., 2004; Riihima¨ki, Thomsen, Brand, et al., 2011). A terapia de privação de androgénio (TPA), aumenta a rigidez arterial, a resistência periférica à insulina e a glicose plasmática circulante, insulina e lípidos (Galvão, Taaffe, Spry et al., 2009; Van Poppel, Tombal., 2011), o que resulta num elevado risco de desenvolver síndrome metabólica, diabetes tipo II e doenças cardiovasculares (Keating, O’Malley, Freedland, et al., 2010; Keating, O’Malley, Smith., 2006; Braga-Basaria, Dobs, Muller DC, et al., 2006). É necessário que existam métodos de tratamento se-
d.r.
A fisioterapeuta Sara Rosado analisa os benefícios da prática de exercíco físico no combatre aos efeitos indesejáveis de uma das terapias mais comuns de tratamento do cancro da próstata cundários que controlem os efeitos adversos da TPA, minimizando o seu impacto na qualidade de vida. O exercício físico foi proposto como uma estratégia para melhorar esses efeitos adversos (Galvão, Taaffe, Spry, et al., 2009). O exercício pode aumentar a massa corporal magra, diminuir a gordura, pressão arterial, melhorar a sensibilidade à insulina e melhorar o controle glicémico e influenciar positivamente o bem-estar psicológico e a qualidade de vida. Melhora também a capacidade cardiorrespiratória e força muscular, que são fortes preditores da mortalidade por doenças cardiovasculares (Foge-
lholm., 2010; Ruiz, Sui, Lobelo, et al., 2008).
Os efeitos positivos do exercício físico adequado Os resultados dos estudos que avaliam a influência do exercício físico nos efeitos adversos associados à TPA, indicam-nos que um programa de exercício físico: - Pode atenuar a perda de densidade óssea induzida pela TPA. (Galvão, Nosaka, Taaffe, et al., 2008); - Previne a perda e contribui para o aumento de massa magra (Hanson, Sheaff, Sood, et
Elaborado por Ft. Sara Rosado (2017); Adaptado de: Gardner, Livingston & Fraser. Journal of Clinical Oncology. 2014; 32(4):336
al., 2013); havendo um estudo que indica ganhos de massa magra entre os 1% aos 5%, em comparação ao grupo de controle, aquando da realização de um programa de exercício cardiovascular e de resistência muscular (Galvão, Taaffe, Spry, et al., 2010); - Melhora a aptidão cardiorrespiratória (Hanson, Sheaff, Sood, et al., 2013; Galvão, Taaffe, Spry, et al., 2011); - Aumenta a força muscular e a resistência muscular (Alberga, Segal, Reid, et al., 2012; Bourke, Doll., 2011); - Reduz a pressão sistólica e a proteína C reativa, contribuindo também para atenuar a subida de triglicéridos induzida pela terapia de privação de androgénio (Galvão, Taaffe, Spry, et al., 2011); - Os níveis de hemoglobina, geralmente descem durante a terapia de privação androgénica, no entanto, os estudos indicam que o exercício físico protege contra a anemia induzida pela terapia antiandrogénica (Galvão, Nosaka, Taaffe, et al., 2006); - Reduz significativamente a fadiga induzida pela terapia de privação androgénica (Bourke & Doll., 2011; Culos-Reed, Robinson, Lau, et al., 2010); - Melhora vários parâmetros associados à qualidade de vida, tanto específicos para o cancro da próstata como os de bem-
-estar (Bourke & Doll., 2011 Alberga; Segal, Reid, et al., 2012); - Os estudos também indicam que o exercício físico não exerce efeito sobre o nível de antígeno prostático específico (PAS) - o marcador tumoral específico da próstata, ou seja, não contribui de forma nenhuma para a progressão da doença (Bourke & Doll., 201; Culos-Reed, Robinson, Lau, et al., 2010; Galvão, Taaffe, Spry, et al., 2011; Galvão, Nosaka, Taaffe, et al., 2006; Alberga; Segal, Reid, et al., 2012). Concluindo, conseguimos então entender que o exercício físico actua positivamente nos diferentes efeitos adversos causados pela terapia de privação de androgénio. As alterações benéficas, a nível cardiorrespiratório, provocadas pelo exercício, fazem-se acompanhar de melhorias a nível do desempenho de tarefas funcionais, o que é muito importante por contribuir para a independência desta população (Gardner, Livingston & Fraser, 2014). O aumento da força e da performance no desempenho das tarefas funcionais, revelou também ser muito benéfico para prevenção de quedas e fracturas (Gardner, Livingston & Fraser, 2014). Relativamente à tendência de ganhos de massa gorda, também induzidos por esta terapia, os estudos não são muito conclusivos relativamente aos ganhos de massa isenta de gordura nem à perda de massa gorda, o que se pode dever ao facto de não serem usados níveis de exercício físico suficientes para mitigar estes efeitos adversos induzidos pela terapia privativa. Por outro lado, sabemos que a dieta é a chave para a manutenção do peso e, como tal, a combinação do exercício com uma dieta adaptada será a melhor forma de manter um peso adequado (Gardner, Livingston & Fraser, 2014). O importante é que perceba que realmente pode contribuir activamente para o seu tratamento e que pode controlar os efeitos secundários desta terapia, através de parâmetros associados ao seu estilo de vida. Porque, na realidade, a sua parte ninguém poderá fazer por si.
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