O CRISTÃO E SEUS NEGÓCIOS Texto Áureo: “Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque na sepultura, para onde tu vais, não há obra nem projeto, nem conhecimento, nem sabedoria alguma” (Ec 9.10). Texto Base: Jeremias 29.4-7 INTRODUÇÃO Em economia, a palavra negócio relaciona-se a comércio ou empresa que tem por objetivo gerar lucros. Etimologicamente, negócio deriva do latim com o sentido de negação do ócio, o não fazer nada, preguiça. A Bíblia estimula o cristão à produtividade e, ao mesmo tempo, condena todo tipo de ociosidade (Ec 11.6; Pv 22.9; Pv 6.6; 2 Ts 3.4). Não há na Escritura mandamento contrário às atividades comerciais e/ou empresariais, daí por que inúmeros cristãos têm se engajado nessas atividades. O que a Bíblia apregoa em tais casos, é uma ética que deve nortear nossos negócios. Esta lição, portanto, tem por objetivo apontar alguns destes princípios a fim de que tenhamos Deus como nosso parceiro naquilo que compramos, vendemos ou produzimos. 1. A LICITUDE DOS NEGÓCIOS 1.1 O profeta Jeremias escreveu para o seu povo, os judeus, que se encontravam cativos na Babilônia, evento conhecido como o cativeiro babilônio que durou cerca de 70 anos. Falsos profetas dirigiram-se a esse povo, informando que brevemente eles seriam libertos. Jeremias ataca-os, e manda dizer ao povo que eles somente sairiam dali depois de setenta anos (29.9.10). À vista dessa longa permanência na Babilônia, os judeus são incentivados pelo profeta Jeremias a encararem aquele país como sua segunda pátria, vivendo e se radicando nele. Portanto, deviam ali edificar suas casas, plantar seus pomares, comerem dos frutos, casarem-se e promoverem o bem da cidade. Noutras palavras, Jeremias está ordenando que, mesmo vivendo fora de sua pátria, Judá, os judeus deviam ter uma vida ativa no lugar onde se encontravam. 1.2 Uma das condições a fim de sermos bem sucedidos em nossas atividades profissionais tem a ver com o local onde exercemos essa atividade. Ressalvada à importância econômica dessa estratégia comercial/empresarial, onde Deus nos coloca é o local apropriado. Robert H. Schuller escreveu um livro intitulado “Floresça onde está plantado”, onde fala sobre nosso dever de sermos produtivos no lugar que Deus nos colocou. Isso traz à tona José do Egito que, ao invés de lamentar ser vendido para uma terra que não era sua, tornou-se o governador daquele país. O mesmo pode ser dito acerca de Daniel, contemporâneo dos judeus na Babilônia: ele tornou-se um dos homens mais impor daquele país. Quando Deus está em nossos negócios, embora trabalhemos visando uma finalidade lucrativa- e não há pecado nisso -, o alvo maior é o de se alcançar o favor de Deus a fim de o glorificarmos através de nossas atividades. 2. A ILICITUDE DOS NEGÓCIOS 2.1 Negócios ilícitos são todos aqueles cuja finalidade seja somente o lucro. Quando um profissional/empresário trabalha apenas para essa finalidade, ele torna-se um avarento. E isso é pecado. Avareza é a “qualidade ou característica de quem é avarento, de quem tem apego excessivo ao dinheiro, às riquezas” (Lc 12.15). 2.2 O problema da avareza, da ganância, é que ela é um atentado contra a dignidade humana. O avarento não vê o ser humano, apenas enxerga cifras. Para atingir seus objetivos, o avarento passa por cima de todos os princípios éticos. Não importa os meios desde que atinja de qualquer forma suas finalidades lucrativas. E nisto há um distanciamento entre Jesus e este empresário. Para Jesus, o próximo é o que tem valor – o homem foi a causa dos negócios de Jesus. Para o avarento, são os seus interesses peculiares que importam, e para isso usa seu semelhante como mero trampolim para alcançar sua
ganância. Não são os negócios que são impuros, mas a forma de exercê-los. Neste caso, o cristão tem de avaliar a forma como os recursos chegam às suas mãos (1Co 6.12-13). 3. DEUS NOS NEGÓCIOS 3.1 Ação e fé não se excluem. Algo que chama nossa atenção nesta ordem de Jeremias é que concomitantemente ao proclamar o dever de produtividade, ordena também que o povo ore pela cidade, pois “da paz do lugar onde se encontravam, eles teriam sua própria paz” (29.7). Tal atitude não é fortuita, pelo contrário, tem implicações à fé: não existe um cotidiano profano em oposição à vida cristã; existe, sim, uma vida em Cristo que envolve o cotidiano, inclusive negócios. E nisto há um dever que se impõe àqueles que negociam: Deus há que estar presente em todas as suas atividades, quer nos relacionamentos individuais, quer em suas atividades profissionais. 3.2 Sociedade com Deus. No mundo dos negócios há espaços para os diferentes tipos de sociedades. A Bíblia não condena o agrupamento de pessoas para se atingir uma determinada finalidade; pelo contrário, até incentiva (Pv 11.14). Nesta circunstância, associamo-nos às pessoas com várias finalidades: estruturar nossos negócios, criar estratégias e logísticas, termos diretrizes à empresa que queremos criar e, acima de tudo, adquirirmos capital de giro. Também isso não é pecado. Quando transportamos todo isso à vida cristã do negociante há outra estratégia que deve ser levada em conta: associarmos Deus aos nossos projetos. Deus não quer apenas cuidar de nossa vida espiritual, de nossa alma; ele quer ter o controle de toda a nossa vida, inclusive os nossos negócios. A entrega de nossa vida ao Senhor deve ter conotação holística – entregar o todo, até as finanças. Ele quer ser o nosso sócio número um! 4. NEGOCIANTES MISSIONÁRIOS 4.1 Lídia, o evangelho na Europa. O livro de Atos (16.14) apresenta a vida de Lídia, uma comerciante de púrpura, da cidade de Tiatira. Ela foi a primeira convertida pela pregação do apóstolo Paulo na Europa. Abriu sua casa para hospedar os missionários. A partir de sua atitude formou-se a Igreja de Filipos, uma das mais queridas e atuantes igrejas naquela região. Deus precisa de cristãos profissionais e de empresários que, a exemplo de Lídia, façam de suas atividades um posto avançado do Reino de Deus. 4.2 Gideões Internacionais. Os Gideões Internacionais são uma associação evangélica cristã, sem fins lucrativos, formada por homens de negócios, dedicada à distribuição de Bíblias nos hoteis, moteis, escolas, hospitais, repartições públicas, militares, aeronaves e navios.Eles estão presentes em 196 países, sendo um braço missionário da igreja local. A organização foi fundada em 1899 em Boscobel, Wisconsin, por Samuel E. Hill, John H. Nicholson e William J. Knights. Em 1908 iniciou a distribuição gratuita de Novos Testamentos nos hotéis. Anualmente os Gideões Internacionais distribuem no mundo mais de 80 milhões de Bíblias em 93 línguas. (https://pt.wikipedia.org/wiki/Lídia_Bíblia). Seja você um Gideão, use seus dons e talentos profissionais para atividades missionárias. 4.3 Nossa gratidão a Deus pelos profissionais que temos em nossas igrejas. Não muito tempo atrás era raro encontrar um empresário destacado; hoje a novidade é não encontrálos nas igrejas. São médicos, advogados, professores, engenheiros, comerciantes, empresários etc. São pessoas a quem Deus deu um talento especial, e os entregou à igreja. É uma bênção vermos profissional/empresário cristão colocando sua vida, sua experiência e seus recursos a favor da obra missionária. É gente que faz de suas atividades profissionais um sacerdócio. A obra de Deus requer missionários “fazedores de tentas” - aqueles que, no exercício de suas profissões, sustentam a obra missionária. Seja você um deles. CONCLUSÃO Não importa qual seja sua atividade profissional, se ela é lícita, Deus está em seus negócios. Toda e qualquer atividade profissional que somente visam o lucro, devem ser jogadas para longe do cristão. Toda avareza e ganância descaracteriza a vida espiritual. Floresça onde Deus te plantou, isto é, seja um excelente profissional independentemente do lugar onde
você esteja. Se você é um negociante, um empresário, talentoso, essa graça foi Deus que te deu; portanto, use tua profissão, tua empresa, para finalidades missionárias.