Boletim N° 72 - Julho 2011

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número 72 | 2ª edição | julho de 2011

NOTAS

Jornada de Pernambuco No dia 26 de agosto acontece a última jornada promovida pelo Conselho Regional de Nutricionistas da 6º Região (CRN-6). A XIII Jornada de Atualização em Alimentação e Nutrição irá acontecer em Pernambuco, no auditório do Memorial de Medicina, no bairro do Derby, das 18h às 22h. O encontro terá como tema central: Fome, Obesidade e Desperdício, e sub-temas Avaliação Nutricional – Aspectos Práticos e O papel do nutricionista no NASF.

Matérias

Anvisa lança campanha para reduzir o consumo de sal. pág 02

Ofício CRN-6 O CRN-6 encaminhou ao Ministro da Educação Fernando Haddad, ofício CRN-6 Nº 505/2011, com manifestação de repúdio ao Parecer CNE/CES n° 162/2010, pelo qual o Conselho Nacional de Educação, por meio da Câmara de Ensino Superior, pretende estender aos Economistas Domésticos, de modo absolutamente ilegal e ilegítimo, habilidades específicas que a Lei 8.234, de 17/09/1991, confere aos Nutricionistas em caráter privativo (arts. 3° e 4°).

IV Seminário Regional de Fiscais e Delegados No período de 20 a 22 de julho, o CRN-6 realizou o IV Seminário Regional de Fiscais e Delegadas com objetivo de informar, debater e atualizar os procedimentos desenvolvidos na orientação e fiscalização do exercício profissional, bem como, nas atividades realizadas pelas Delegadas e Delegacias, com base na legislação vigente. A programação do evento contemplou palestras técnicas e oficina de capacitação para o aprimoramento técnico-operacional da equipe de fiscalização.

ARTIGO >> Composição química de nozes e sementes comestíveis e sua relação com a nutrição e saúde. pág 03

Boletim eletrônico quinzenal do Conselho Regional de Nutricionistas - 6ª região Diretoria do CRN-6

Presidente Nancy Aguiar

Vice-Presidente Patrícia Santos Tesoureiro Rodrigo Silveira

Secretária Ivany Amaral

Redação e Projeto Gráfico Multi Comunicação Corporativa


número 72 | 2ª edição | julho de 2011

Anvisa lança campanha para

reduzir o consumo de sal Dados O consumo excessivo de sal contribui para o aumento do risco de desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), tais como: hipertensão arterial, doenças cardiovasculares e doenças renais. Segundo a OMS, em 2001, essas enfermidades foram responsáveis por 60% do total das 56,5 milhões de mortes notificadas no mundo. Quase metade de todas essas mortes é atribuída às doenças cardiovasculares. No Brasil, em 2007 as DCNT responderam por 72% do total das mortes por causa conhecida. Entre as décadas de 30 e de 90, a proporção de mortes por DCNT aumentou em mais de três vezes. Em termos de custos ao Sistema Único de Saúde, no período de 2001 a 2010 houve aumento de 63% dos gastos em internações associadas à hipertensão (desconsiderando o ônus com perda da qualidade de vida, não mensuráveis). Internações por acidentes vasculares cerebrais, infarto do miocárdio e outras doenças isquêmicas oneraram em 2010 quase U$20 milhões de dólares o sistema de saúde brasileiro.

herrs.com

Estimativas demonstram que a população brasileira consome cerca de 12 gramas de sal por dia, mais do que o dobro recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de até 5 gramas diárias. Para diminuir esse número e, consequentemente, os casos de doenças relacionadas à alta ingestão de sódio, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Ministério da Saúde (MS) lançam na próxima semana a Campanha de Redução do Consumo de Sal. O projeto piloto da campanha, resultado do trabalho conjunto entre a Anvisa, o Ministério da Saúde e a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), será realizado nos supermercados do Distrito Federal (DF). O lançamento será na próxima terça-feira (26), na solenidade de abertura da Expo Ecos 2011, um encontro que reúne supermercados das regiões Centro-Oeste e Norte, em Brasília (DF). No evento, promovido pela Associação de Supermercados de Brasília (Asbra), a Anvisa terá um stand para orientar a população e os comerciantes sobre a campanha. O objetivo é conscientizar os consumidores em relação à redução do uso do sal e orientá-los a fazer escolhas mais saudáveis ao adquirir alimentos. Fólderes, banners e cartazes irão alertar os clientes dos supermercados sobre os perigos do consumo excessivo de sal. “Além de incentivar o consumo de alimentos naturais, a campanha pretende criar nas pessoas o hábito de ler a rotulagem nutricional dos alimentos industrializados e escolher aqueles com menor teor de sódio”, explica a diretora da Anvisa, Maria Cecília Brito. Também serão disponibilizados aos supermercados spots para serem veiculados nas rádios internas dos estabelecimentos. Os supermercados que aderirem à campanha serão identificados com o slogan: “Esta empresa apóia a campanha de redução de consumo de sal”. A campanha lançada no dia 26 de julho, reforça as estratégias para a redução do consumo de sódio pela população brasileira e se alia ao compromisso assinado entre o Ministério da Saúde e as indústrias de alimentação para a redução gradual da quantidade de sódio nos alimentos processados.

Pesquisa Em 2010, a Anvisa desenvolveu uma pesquisa sobre o perfil nutricional dos alimentos processados. Análises laboratoriais das quantidades de sódio, açúcares, gorduras saturadas, gorduras trans e ferro avaliaram a composição nutricional de alguns alimentos prontos para consumo. Os alimentos industrializados selecionados foram aqueles usualmente consumidos pela população brasileira, principalmente as crianças e caracterizados por apresentarem alta densidade energética e baixo conteúdo de fibra, características que aumentam o risco de obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares. Os resultados encontrados demonstraram que existe uma grande variabilidade nos teores desses nutrientes, principalmente do sódio, dentro da mesma categoria o que significa que há possibilidades de redução sem que isso represente impacto na tecnologia de produção. Dentre todas as categorias analisadas a que apresentou maior quantidade do nutriente sódio foi a do macarrão instantâneo e temperos para macarrão. Fonte: Site Anvisa


número 72 | 2ª edição | julho de 2011 ARTIGO

Composição química de

nozes e sementes comestíveis

e sua relação com a nutrição e saúde Jullyana Borges Freitas; Maria Margareth Veloso Naves Esta revisão sistemática compara a composição química em nutrientes e outros compostos bioativos entre diferentes nozes e sementes comestíveis, relacionando-a com a nutrição e saúde. As nozes verdadeiras são frutas secas, espessas e muitas vezes contêm espinhos que recobrem sua semente. As mais conhecidas são: amêndoa, pecã, castanha-do-pará, castanha-de-caju, pistache, avelã, macadâmia, noz e castanha. Além das nozes verdadeiras, existem muitas sementes comestíveis com características semelhantes a elas, mas com classificação botânica diferente. É o caso do amendoim, semente comestível de uma leguminosa herbácea, cujo pericarpo é espesso e seco. As nozes verdadeiras e as sementes comestíveis, em relação à qualidade protéica, esses alimentos apresentam, de forma geral, um perfil de aminoácidos essenciais que atende a maior parte das necessidades de escolares e de adultos, com exceção dos aminoácidos lisina e dos sulfurados (metionina e cisteína). Além disso, as nozes verdadeiras e as sementes comestíveis são fontes de outros nutrientes e substâncias com propriedades de alegação de saúde, também denominados funcionais ou compostos biologicamente ativos. Dentre eles, destacam-se o perfil de ácidos graxos, contendo, sobretudo os ácidos oléico (C18:1) e linoléico (C18:2) e a relação ω-6:ω-3 da macadâmia, noz, castanha e da amêndoa de baru; o conteúdo considerável de fitoesteróis, com 100 a 200 mg de β-sitosterol por 100 gramas de óleo; os altos teores de vitamina E e de selênio e, em alguns casos, de fibra alimentar, especialmente de fibras insolúveis. O consumo elevado desses fitoquímicos está associado com a redução do risco de doenças cardiovasculares e de alguns tipos de câncer, como de próstata, esôfago, estômago, cólon e reto. O objetivo desta revisão sistemática é comparar a composição química em nutrientes e outros compostos bioativos entre diferentes nozes e sementes comestíveis, relacionando-a com a nutrição e saúde. As nozes verdadeiras, o amendoim e a amêndoa de baru apresentam quantidades

consideráveis de lipídeos e proteínas, e, em decorrência disso, constituem boas fontes energéticas. A relação entre proteínas e lipídeos das nozes e sementes com cerca de 60% de lipídeos é de 1:4, e naquelas que apresentam cerca de 40% de lipídeos, essa relação é reduzida de 1:2. Porém, a castanha é uma exceção, pois apresenta em torno de 6% de proteínas e apenas 2% de lipídeos - relação de 3:1. Sendo assim, embora a castanha seja considerada uma noz verdadeira, segundo sua classificação botânica, o amendoim e a amêndoa de baru apresentam composição química mais similar às nozes, o que justifica o estudo em conjunto dessas sementes. Em relação à composição protéica, há variação na literatura quanto ao fator de conversão de nitrogênio em proteína usado para quantificar a concentração de proteínas nas nozes e sementes comestíveis. Em alguns estudos, foram usados fatores de conversão específicos, sendo para a amêndoa, de 5,18; a avelã e demais nozes, de 5,30; e para o amendoim e a castanha-do-pará, de 5,46. Em outros relatos, foi usado o fator 6,25 para todos os tipos de nozes analisadas. Segundo a Food and Agriculture Organization, o fator de conversão para a maioria das nozes e sementes comestíveis é de 5,30. Assim, o uso do fator 6,25 pode superestimar a quantidade de proteína desses alimentos. Além da quantidade de proteínas, a qualidade protéica das nozes e sementes comestíveis deve ser investigada por se tratar de aspecto relevante para a nutrição humana, incluindo a avaliação da biodisponibilidade de seus aminoácidos essenciais. De forma geral, proteínas de nozes e de sementes comestíveis atendem a grande parte das necessidades de aminoácidos essenciais de escolares e de indivíduos adultos, com exceção dos aminoácidos lisina, metionina e cisteína, que estão deficientes em alguns desses alimentos, em comparação aos padrões mais recentes da World Health Organization (WHO) e do Instituto de Medicina dos EUA. Todavia, estudo recente sobre o teor de aminoácidos de amêndoas de baru, oriundas de diferentes

plantas da região Sudeste do Estado de Goiás, revelou um conteúdo de aminoácidos que corresponde em média a 92% das necessidades de sulfurados, e que é, portanto, similar ao de outras nozes e sementes comestíveis e superior ao de feijões. Essas diferenças podem ser explicadas por variações genéticas e pela procedência das sementes analisadas, o que denota a biodiversidade dos frutos do Cerrado. Além dos aminoácidos essenciais, destaca-se o conteúdo de glutamina desses alimentos, por ser considerado um aminoácido condicionalmente essencial para indivíduos catabólicos, como desnutridos, queimados, em pós-operatório, entre outros. A importância da glutamina nessas condições especiais deve-se às suas funções no organismo, dentre quais: precursora da síntese de nucleotídeos, substrato para a gliconeogênese hepática, além de ser fonte energética importante para as células do epitélio gastrintestinal, linfócitos, fibroblastos e reticulócitos. Assim, o consumo dessas nozes e sementes comestíveis contribui para suprir as necessidades de aminoácidos essenciais, e pode auxiliar na recuperação da saúde de indivíduos com grandes complicações nutricionais. As nozes verdadeiras e as sementes comestíveis regionais têm composição química inter e intraespecífica variável, inclusive em macronutrientes, tais como lipídeos e proteínas, o que confirma a biodiversidade desses alimentos. As nozes e sementes apresentam melhor perfil de aminoácidos em comparação a leguminosas como o feijão, e perfil de ácidos graxos benéfico ao organismo, destacando-se a macadâmia, noz, castanha e amêndoa de baru. Esses alimentos possuem outros compostos químicos como fitoesteróis, selênio e tocoferóis que potencializam sua ação antioxidante, inibitória de estresse oxidativo. Considerando as propriedades nutricionais e as alegações de saúde, estudos sobre o tema e o consumo de nozes e sementes comestíveis devem ser estimulados. Artigo reduzido. Para lê-lo na íntegra, acesse: http://www.scielo.br/scielo.php?scr ipt=sci_ arttext&pid=S1415-52732010000200010&lng=pt&nr m=iso

Os artigos publicados neste boletim são de responsabilidade dos autores, não representando necessariamente a opinião do Conselho Regional de Nutricionistas da 6 região.


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