número 80 | 2ª edição | novembro de 2011
NOTAS
Matérias
População receberá dicas de
alimentação saudável No esforço de impedir o avanço de problemas como obesidade e hipertensão no Brasil, o Ministério da Saúde criou mais uma iniciativa dentro da própria Política Nacional de Alimentação e Nutrição. Agora, os profissionais de saúde vão ser capacitados para orientar os pacientes a terem uma rotina alimentar saudável. Além disso, as Unidades Básicas de Saúde e as Academias da Saúde vão contar com equipamentos para quem quiser conferir se está
com o peso ideal para a altura. Com as ações, o coordenador adjunto de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, Eduardo Nilson, espera que as orientações sobre alimentação saudável cheguem mais perto do cidadão. Até o final deste ano, os recursos encaminhados para desenvolver as ações previstas na Política Nacional de Alimentação e Nutrição devem chegar a nove milhões de reais.
Melhor em casa leva atenção à casa do brasileiro pág 02
ARTIGO >> Aceitação de dietas em ambiente hospitalar. pág 03
Fonte: site do Ministério da Saúde
Boletim eletrônico quinzenal do Conselho Regional de Nutricionistas - 6ª região Diretoria do CRN-6
Presidente Nancy Aguiar
Vice-Presidente Patrícia Santos Tesoureiro Rodrigo Silveira
Secretária Ivany Amaral
Redação e Projeto Gráfico Multi Comunicação Corporativa
número 80 | 2ª edição | novembro de 2011
Melhor em Casa leva atenção à casa do brasileiro Até 2014, programa vai ter 1.000 equipes de Atenção Domiciliar atuando no país. Investimento somará R$ 1 bilhão. A presidenta da República, Dilma Rousseff, e o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, lançaram no dia 8 de novembro de 2011, o Melhor em Casa, programa que ampliará o atendimento domiciliar no Sistema Único de Saúde (SUS). Pessoas com necessidade de reabilitação motora, idosos, pacientes crônicos sem agravamento ou em situação pós-cirúrgica, por exemplo, terão assistência multiprofissional gratuita em seus lares, com cuidados mais próximos da família. A ação integra a Rede Saúde Toda Hora, que está reorganizando os serviços de urgência e emergência do país. “Queremos criar um novo padrão de qualidade no atendimento dentro do SUS. O Melhor em Casa vai ser implantado gradativamente no país. É o atendimento feito por equipes de qualidade, oferecendo atendimento qualificado e, o melhor, perto do carinho dos seus familiares, com a sensação de segurança que
está em casa, sem as pressões psicológicas que sabemos que sentimos dentro de um hospital”, afirmou a Presidenta Dilma Rousseff durante lançamento do Melhor em Casa. O programa também ajudará a reduzir as filas nos hospitais de emergência, já que a assistência, quando houver a indicação médica, passará a ser feita na própria residência do paciente, desde que haja o consentimento da família. O atendimento será feito por equipes multidisciplinares, formadas prioritariamente por médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem e fisioterapeuta. Outros profissionais (fonoaudiólogo, nutricionista, odontólogo, psicólogo e farmacêutico) poderão compor as equipes de apoio. Cada equipe poderá atender, em média, 60 pacientes, simultaneamente. “Começaremos com o cadastramento de 110 equipes de atenção domiciliar em todo país. Os pacientes receberão tratamento no melhor local que podem ser tratados, ou seja, em casa, junto com a família, envolvendo todos para a recuperação da saúde”, afirmou Padilha. “As pessoas devem ser atendidos de forma integral e é esse nosso objetivo com a construção de redes de atendimento.” Até 2014, serão implantadas em todas as regiões do país 1.000 equipes de Atenção Domiciliar e outras 400 equipes de apoio. O Ministério da Saúde investirá R$ 1 bilhão para custear o atendimento dessas equipes. Os recursos também poderão ser utilizados para a manutenção dos serviços (compra de equipamentos, aquisição de medicamentos e insumos). O Ministério da Saúde vai repassar este ano a estados e municípios R$ 8,6 milhões para a atividade
dessas equipes e manutenção dos serviços. ATENDIMENTO - O Melhor em Casa será executado pelo Ministério da Saúde em parceria com estados e municípios, que devem fazer adesão. O programa está articulado com as Redes de Atenção à Saúde (Saúde Mais Perto de Você e Saúde Toda Hora), lançadas pelo governo federal para ampliar a assistência, respectivamente, na Atenção Básica e em casos de urgência e emergência no SUS. As equipes de atenção domiciliar serão contratadas pelos gestores estaduais e municipais de saúde. Elas deverão estar integradas às centrais de regulação, facilitando a comunicação necessária entre os hospitais, UPAs, Unidades Básicas de Saúde (UBS) e a equipe de atenção domiciliar da região onde mora o paciente. O atendimento à população será feito durante toda a semana (de segunda a sexta-feira), 12 horas por dia e, em regime de plantão, nos finais de semana e feriados. BENEFÍCIOS – Com o programa, o governo federal vaimelhorar e ampliar a assistência no SUS a pacientes com agravos de saúde, que possam receber atendimento em casa e perto da família. Estudos apontam que o bem estar, carinho e atenção familiar aliados à adequada assistência médica são elementos importantes para a recuperação de doenças. Além disso, pacientes submetidos a cirurgias e que necessitam de recuperação poderão ser atendidos em casa, e terão redução dos riscos de contaminação e infecção. O Melhor em Casa também representará avanços para a gestão de todo o sistema público de saúde, já que ajudará a desocupar os leitos hospitalares, proporcionando um melhor atendimento e regulação dos serviços de urgência dos hospitais. Fonte: http://ecos-redenutri.bvs.br/tiki-read_article.php?articleId=209
número 80 | 2ª edição | novembro de 2011 ARTIGO
Aceitação de dietas em ambiente hospitalar Anete Araújo de Sousa; Mariana de Souza Gloria; Thalita Schütz Cardoso
A preocupação com indicadores do estado nutricional do indivíduo hospitalizado tem sido crescente, uma vez que a desnutrição intra-hospitalar continua sendo a causa mais frequente do aumento da morbimortalidade na internação, atingindo entre 30% e 50% das pessoas hospitalizadas de todas as idades. Além disso, mais da metade dos pacientes hospitalizados depende da unidade responsável pela alimentação para obtenção de sua única fonte de nutrição. Destaca-se, ainda, que pacientes internados por um período abaixo de cinco dias podem sofrer menos com a redução do consumo nutricional. No entanto, pacientes severamente doentes, em risco nutricional e internados por longo período, podem tornar-se desnutridos, aumentando-se as complicações, o período de internação e, consequentemente, os custos. Estudos têm demonstrado uma avaliação insuficiente do estado nutricional e da capacidade de ingestão alimentar dos pacientes, o que resulta em inadequação de proteínas e calorias, bem como na produção superestimada de alimentos, o que, por sua vez, acarreta desperdício. Observa-se, ainda, que a alimentação hospitalar é alvo de críticas e rejeições por parte dos pacientes e da população em geral. A comida de hospital é comumente percebida como insossa, sem gosto, fria, servida cedo e ainda com conotações de permissão e proibição. O objetivo deste estudo foi avaliar a aceitação de dietas de pacientes internados em um hospital público no município de Florianópolis. Como parte de um projeto de implementação de ações humanizadoras na alimentação hospitalar, essa etapa teve como finalidade subsidiar a construção de estratégias que possibilitem o aumento do consumo alimentar no hospital. O hospital conta com 263 leitos, 100% Sistema Único de Saúde (SUS), distribuídos entre Unidades de Internação (UI) médicas, cirúrgicas, pediátrica e maternidade, além da emergência e unidade de terapia intensiva. A Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN) produz 1.736 refeições/dia, além de 913 mamadeiras, 185 complementos e 379 dietas enterais, mensalmente, no setor de lactário, bem como 1.518 mamadeiras para a neonatologia, e responsabiliza-se, ainda, pela aquisição e recepção de gêneros
alimentícios para a produção de refeições da creche do grêmio de servidores. Para os propósitos do estudo, a avaliação da aceitação das dietas foi realizada em diferentes momentos, estabelecendo-se as seguintes etapas: Seleção das Unidades de Internação; Determinação do índice de resto-ingestão; Determinação do peso das refeições distribuídas (PRD); Determinação do peso dos restos das refeições (PR) e Avaliação dos fatores que influenciam na aceitação das refeições Na determinação do peso das dietas avaliadas (normais, especiais com sal e especiais sem sal), observou-se que as dietas especiais com sal apresentam, em sua maioria, modificações em sua consistência (branda, pastosa e líquida) e em sua composição (dieta para diabetes mellitus, hipo-lipídica, dieta pobre em K e hipofermentativa). Ao contrário, nas dietas especiais sem sal, a consistência foi predominantemente normal. Foi determinado o peso de 1.877 refeições distribuídas nas unidades de internação médicas: 937 foram refeições do almoço e 940 do jantar. Os pacientes entrevistados são mulheres (17) e homens (18). A maioria recebeu dieta especial hipossódica, representando 74,30% (26) do total, além de pacientes com dieta normal, 14,28% (5) e especial com sal, 11,42% (4). A variedade, a quantidade e a apresentação das refeições foram avaliadas de forma positiva pelos pacientes. Em relação à temperatura e ao uso de temperos, para os critérios de ruim a regular, as avaliações foram de 43,00% e 34,30%, respectivamente. No presente estudo, os pacientes avaliaram positivamente a variedade (80,00%), a quantidade (80,00%) e a apresentação das refeições (85,70%). A maioria desses pacientes recebia dieta hipossódica (74,30%). Observou-se ainda que esse tipo de dieta obteve um índice de resto-ingestão menor (33,84%) em relação à dieta especial com sal (índice de resto-ingestão= 53,68%), o que pode revelar que a dieta hipossódica pode estar incorporada ao hábito alimentar desses pacientes, o que implicaria uma menor rejeição. Além disso, a consistência alterada das dietas especiais com sal - comumente utilizadas para exames e para preparos de cirurgia, e que impõem aos
pacientes modificações temporárias no seu hábito alimentar - pode ter influenciado no índice de resto-ingestão elevado (53,80%). A temperatura e o uso de temperos foram os aspectos mais preocupantes, observando-se valores de 43,00% e 34,30% respectivamente para os critérios de ruim a regular, o que indica uma possível interferência desses fatores na aceitação dessa dieta. Donini et al.revelaram a importância que os pacientes dão ao sabor, à variedade dos alimentos e à forma de apresentação. Wright et al.observaram que a satisfação com a unidade que produz refeições esteve ligada à variedade, odor, textura da carne, temperatura, sabor da refeição e componentes do cardápio. Os índices de resto-ingestão encontrados (36,09%) estiveram acima do aceitável para uma população enferma (20,00%), o que demonstrou uma perda considerável de alimentos. A temperatura e o uso de temperos foram os aspectos de menor satisfação para os pacientes. A partir dos resultados, observou-se a necessidade de avaliação dos processos envolvidos na produção dessas refeições e de elaboração de estratégias que estimulem a ingestão alimentar do paciente, com base não apenas nas funções nutricionais da alimentação hospitalar, como também na hedônica e convivial. O presente estudo, como parte de uma proposta de implementação de ações humanizadoras na alimentação hospitalar, pode abrir espaço para outras análises a partir do desenvolvimento dessas ações. A implantação de refeitórios coletivos, o aprimoramento da qualidade sensorial com formação de copeiras e cozinheiras, o uso de utensílios mais adequados para manutenção da temperatura e oficinas culinárias para pacientes podem servir de temas para futuras análises. Vale ressaltar que o estudo não considerou as refeições individuais, o que permitiria identificar casos específicos de pacientes que deixam muitos restos. Na análise realizada, pôde-se apenas indicar os percentuais globais de restos segundo os dias analisados. Portanto, sugere-se que outra análise leve em consideração o monitoramento das refeições individualmente. Artigo reduzido. Para lê-lo na íntegra, acesse: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S141552732011000200009&script=sci_arttext
Os artigos publicados neste boletim são de responsabilidade dos autores, não representando necessariamente a opinião do Conselho Regional de Nutricionistas da 6ª região.