SENATEL- Seminário Nacional de Teologia Livre www.senatelnacionalteologialivre.webnode.com ou senatelteologia@yahoo.com.br
SUMÁRIO INTRODUÇÃO
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CAPÍTULO I A estrutura da Bíblia.......04 CAPÍTULO II A inspiração da Bíblia.....08 CAPÍTULO III A formação do Cânon Bíblico.......12 CAPÍTULO IV A história da Bíblia...........21 CAPÍTULO V O que diz a Bíblia de si mesma......29 Conclusão............................31 Biografia...............................32
INTRODUÇÃO Sem dúvida, a Bíblia é o livro mais lido, mas, também, o mais rejeitado. O mais traduzido e divulgado no mundo, em todas as épocas. Desde quando começou a ser escrito, cerca de 1500 anos antes do nascimento de Jesus Cristo, até os dias
atuais, milhões de cópias produzidas do Livro Sagrado dos judeus e cristãos. É o mais amado, mas também, o mais odiado e perseguido. O primeiro livro impresso nas oficinas gráficas de Gutenberg, o “pai da imprensa”, foi a Bíblia. Foi uma tiragem de apenas 200 exemplares, dos quais ainda existem 48, espalhados em museus e coleções particulares. São verdadeiras preciosidades e seu valor é inestimável, em torno de 20 milhões de dólares. Um desses exemplares está no subsolo da biblioteca Lenin em Moscou. É o livro mais caro do mundo.1 No entanto, seria de se esperar que um livro com tamanha influência, também fosse combatido, criticado, proibido e rejeitado. Conforme suas próprias profecias, a Bíblia Sagrada enfrentaria a mais acirrada perseguição. E, de fato, isto tem ocorrido ao longo da História humana. Durante a Idade Média a leitura do Livro Sagrado foi proibida pela igreja dominante na Europa. Apenas em alguns mosteiros, antigas e escassas traduções da Bíblia pendiam acorrentadas nos corredores e bibliotecas, e podiam ser lidas com muita reserva. No período da Revolução Francesa, exaltava-se a “deusa” razão, e milhares de Bíblias e outros livros religiosos eram lançados à fogueira. Conta-se que, durante o enterro de um prefeito de província, fazia parte do séquito um jumento em cujo rabo se amarrava um exemplar do Novo Testamento, e uma turba de escarnecedores instigavam o pobre animal com as mais blásfemas pilhérias. Mas as testemunhas (o Antigo e Novo Testamento) que profetizaram mil duzentos e sessenta dias (anos) “vestidas de pano de saco” (Apoc. 11:3) “ouviram grande voz vinda do céu, dizendolhes: Subi para aqui. E subiram ao céu numa nuvem, e os seus inimigos as contemplaram” (Apoc. 11:12). Na verdade, os inimigos da Bíblia não conseguiram seu intento de sepultar definitivamente a Palavra de Deus. Pouco tempo depois da queima das Escrituras pelos promotores da Revolução Francesa, surgiu, na Inglaterra em 1795, a primeira Sociedade Bíblica, e logo outras foram criadas em diversos países. Hoje são 139 sociedades que publicam e distribuem a Bíblia em mais de 200 países, editando em cerca de 2.200 línguas e dialetos.
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Revista Super Interessante, Agosto/95. Módulo 01-A –Int. à Bíblia 1
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Segundo estatísticas recentes, “a sua tiragem, sob o impulso das sociedades bíblicas, atinge em média anual de 11 milhões de exemplares da versão integral, 12 milhões de Novos Testamentos, 400 milhões de brochuras contendo extratos do texto original” Somente a Sociedade Bíblica do Brasil distribuiu, em 1997, mais de 3 milhões de Bíblias completas e 180 milhões de porções e seleções bíblicas, tornando-se a campeã mundial de distribuição das Sagradas Escrituras, batendo até mesmo os Estados Unidos. Indubitavelmente esta é a vitória de um Livro que advoga para si mesmo o título de Palavra de Deus. Pode-se, também afirmar que é o cumprimento fiel das palavras de Seu Autor-Inspirador: “Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão.” (Mat. 24:35).
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CAPÍTULO I A ESTRUTURA DA BÍBLIA A palavra Bíblia é o plural de um vocábulo grego, biblion, que significa livro. Portanto, uma tradução literal de “Bíblia” poderia ser Os Livros. De fato, a Bíblia é uma coleção de 66 livros: 39 do Antigo Testamento e 27 do Novo. As Bíblias publicadas pelas editoras católicas acrescentam mais 7 livros ao conjunto do Antigo Testamento, totalizando, portanto, 73 livros no cômputo geral. Estes 7 livros são conhecidos como apócrifos ou deuterocanônicos. Atualmente os livros da Bíblia estão divididos em capítulos e versículos, porém nem sempre foi assim. A divisão em capítulos ocorreu em 1227 e foi efetuada por um professor da Universidade de Paris, Stephen Langton, que mais tarde viria a ser o arcebispo de Cantuária. Em 1551, Robert Stephanus, um impressor parisiense, iniciou a divisão de cada capítulo em versículos, ao fazer uma viagem de Paris a Lion, em lombo de animal.2 Em 1555 concluiu a tarefa. Ao longo, a Bíblia contém 1.189 capítulos e 31.102 versículos. Uma divisão didática comumente aceita é a seguinte:
I - Antigo Testamento A - Lei (ou Torá, ou Pentateuco) B - Livros Históricos C - Livros Poéticos D - Livros Proféticos II - Novo Testamento A - Evangelhos B - Livro Histórico ou Biográfico C - Epístolas D - Livro Profético
Maxwell A. Graham, Você Pode Confiar na Bíblia?, p. 1. Módulo 01-A –Int. à Bíblia 4 2
ANTIGO TESTAMENTO CLASSIFICAÇÃO LIVRO
Pentateuco
Livros Históricos
Livros Poéticos
Livros Proféticos
(*) Autor Presumível. Módulo 01-A –Int. à Bíblia
ABREV.
Gênesis Êxodo Levítico Números Deuteronômio Josué Juízes Rute 1 Samuel
Gn Êx Lv Nm Dt Js Jz Rt 1 Sm
2 Samuel 1 Reis 2 Reis 1 Crônicas 2 Crônicas Esdras Neemias Ester Jó Salmos Provérbios
2Sm 1 Rs 2 Rs 1 Cr 2 Cr Ed Ne Et Jó Sl Pv
Eclesiastes Cânt. Cânt.
Ec Ct
DATA (a.C.) Moisés c. 1500 Moisés c. 1500 Moisés c. 1500 Moisés c. 1470 Moisés c. 1470 Josué (*) c. 1400 Samuel c. 1100 Samuel (*) c. 1090 Samuel/Natã/Ga c. 1070 de Natã/Gade c. 1040 Jeremias (*) c. 580 Jeremias (*) c. 580 Esdras c. 440 Esdras c. 440 Esdras c. 440 Neemias c. 430 Mardoqueu (*) c. 470 Moisés c. 1550 Davi e outros c. 1000 Salomão e c. 900 outros Salomão c. 900 Salomão c. 950
Isaías Jeremias Lamentações Ezequiel Daniel Oséias Joel Amós Obadias Jonas Miquéias Naum Habacuque Sofonias Ageu Zacarias Malaquias
Is Jr Lm Ez Dn Os Jl Am Ob Jn Mq Na Hc Sf Ag Zc Ml
Isaías Jeremias Jeremias Ezequiel Daniel Oséias Joel Amós Obadias Jonas Miquéias Naum Habacuque Sofonias Ageu Zacarias Malaquias
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AUTOR
c. c. c. c. c. c. c. c. c. c. c. c. c. c. c. c. c.
730 580 600 590 530 740 800 750 600 800 700 600 620 630 520 520 420
Convém lembrar que a Bíblia católica acrescenta os seguintes livros (sete, ao todo, chamados apócrifos ou deuterocanônicos) aos da lista acima: Tobias, Judite Históricos 1º e 2º Macabeus Históricos Sabedoria, Elesiástico Sapienciais/Poéticos Baruc Profético
NOVO TESTAMENTO CLASSIFICAÇÃO LIVRO Mateus Marcos Evangelhos Lucas João Livro Atos Histó rico
ABREV. Mt Mc Lc Jo At
Romanos 1 Coríntios 2 Coríntios
Epístolas
Gálatas Efésios Filipenses Colossenses 1 Tessalonicenses 2 Tessalonicenses 1 Timóteo 2 Timóteo Tito Filemon Hebreus Tiago 1 Pedro 2 Pedro 1 João 2 João 3 João
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AUTOR Mateus Marcos Lucas João Lucas
DATA (a.C.) c. 60-70 c. 50-70 c. 64-70 c. 69-90 c. 63
Rm 1 Cor 2 Cor Gl Ef Fp Cl 1Ts
Paulo Paulo
c. 60 c. 59
Paulo
c. 60
Paulo Paulo Paulo Paulo Paulo
c. 58 c. 62 c. 62 c. 63 c. 51
2Ts
Paulo
c. 51
1Tm 2Tm Tt Fm Hb Tg 1 Pe 2 Pe 1Jo 2Jo 3Jo
Paulo Paulo Paulo Paulo Paulo (*) Tiago Pedro Pedro João João João
c. 63 c. 64 c. 63 c. 61 c. 67 c. 62 c. 62 c. 64 c. 98 c. 98 c. 98
Livro
Judas Apocalipse
Jd Ap
Judas João
c. 70 c. 95
Profé tico (*) Autor presumível Os quadros das páginas anteriores dão uma visão sucinta de como a Bíblia cristã está organizada nos dias atuais. Convém que se familiarize com as Escrituras, estudando seus livros e a respectiva abreviatura, pois todas as lições deste curso farão referências a eles. A Bíblia hebraica, obviamente, não contém os livros do Novo Testamento, posto que os judeus não aceitaram a Jesus Cristo como o Messias prometido nas profecias dos antigos escritores sagrados. Além disso, o cânon hebraico não aceita os livros apócrifos, principal razão de muitas correntes cristãs não os incluírem em suas versões da Bíblia.
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CAPÍTULO II A INSPIRAÇÃO DA BÍBLIA Neste capítulo analisa-se a questão da inspiração da Bíblia, que está intrinsecamente relacionada à formação do cânon bíblico, assunto que trataremos no próximo capítulo. A palavra inspiração, quando empregada em relação à Bíblia, significa soprado por Deus. A Bíblia, na verdade é respirada por Deus e aspirada pelo homem. O homem ganha vida com o hálito de Deus. A inspiração por fim, é o ato de Deus trabalhar através do profeta para que este receba e sistematize a revelação até esta chegar ao seu destino. Existe um consenso entre os seguidores da Bíblia, baseados não somente na fé, mas em evidências de que ela é realmente inspirada por Deus. há, naturalmente, divergências quanto á maneira como a inspiração proveio de Deus e chegou ao homem. 1. 4 Teorias da Inspiração: 1.1. INTUIÇÃO – A Bíblia teria sido produzida pelos poderes intuitivos do homem. 1.2. PARCIAL OU FRACIONÁRIA - A Bíblia foi parcialmente inspirada. 1.3. VERBAL, MECÂNICA, TOTAL OU PLENÁRIA – Esta teoria afirma que Deus ditou palavra por palavra. 1.4. DINÂMICA – Esta é a mais bem aceita no mundo cristão. Segundo a inspiração dinâmica, Deus inspirou a idéia do escritor e este embalou a mensagem em seu vocabulário e em sua cultura. Alguns escritores bíblicos viram coisas que não conseguiam descrever em linguagem humana. S. João expressou: “E vi como que um mar de vidro misturado com fogo...” (Ap. 15.2), quer dizer, ele não estava dizendo que no céu tem um mar de vidro, na verdade ele não conseguia descrever direito o que via. A verdade é que existem muitas evidências, internas e externas, que a comprovam. Abaixo, há um resumo dessas evidências, conforme elencadas por Geisler e Nix, em seu tratado, Introdução Bíblica. Módulo 01-A –Int. à Bíblia
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2.
Evidências internas
2.1. Autoridade própria. A Bíblia é um livro que fala com autoridade e, com esta mesma autoridade, afirma-se como escrito inspirado por Deus. “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça”. (II Timóteo 3:16). Somente no Antigo Testamento aparecem mais de 400 vezes a expressão “assim diz o Senhor”. 2.2. O testemunho do Espírito Santo. “O testemunho íntimo de Deus no coração do crente, à medida que este vai lendo a Bíblia, é evidência da origem divina da Bíblia”. Até mesmo pessoas que não têm nenhuma afinidade com a Bíblia, ao começar a lê-la, estudá-la, sentem que estão diante de um tratado diferente de qualquer outro produzido por pena humana. 2.3. A capacidade transformadora da Bíblia. Nenhum outro livro evidencia tão forte poder de transformar vidas como a Bíblia. Homens imperiosos aprendem lições de humildade e mansidão; prostitutas e homossexuais abandonam suas práticas licenciosas; ladrões e sonegadores restituem o furto; viciados conseguem deixar as drogas; pais rancorosos passam a tratar com carinho seus filhos; filhos rebeldes retornam ao lar; famílias destruídas são refeitas; patrões insensíveis passam a respeitar o direito de seus empregados, e empregados relapsos tornam-se honestos e dedicados. 2.4. O Princípio da unidade da Bíblia. Uma forte evidência da origem divina da Bíblia é o fato de apesar de ser constituída por 66 livros, com cerca de 40 diferentes autores que a escreveram num período de, aproximadamente, 1500 anos, a Bíblia apresenta uma extraordinária coerência temática. Nenhum autor contradiz o outro, apesar de escreverem em idiomas diferentes e viverem em culturas diferentes. Esta evidência indica que os profetas, reis e apóstolos, não foram os autores, foram apenas instrumentos do autor, o Espírito Santo. O tema central da Bíblia é apresentar a solução para o problema do pecado, Jesus Cristo, “autor e consumador da fé”. Do primeiro livro, Gênesis, ao último, o Apocalipse, este tema se repete como se obedecesse a um roteiro transcendente à própria vida de seus autores humanos. 3. Evidências externas Módulo 01-A –Int. à Bíblia
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3.1. O testemunho de Cristo. “Se Jesus Cristo possui alguma autoridade ou integridade como mestre religioso, podemos concluir que a Bíblia é inspirada por Deus”. Dizem Geisler e Nix: “O Senhor Jesus ensinou que a Bíblia é a Palavra de Deus. Se alguém quiser provar ser essa assertiva falsa, deverá primeiro rejeitar a autoridade que tinha Jesus de se pronunciar sobre a questão da inspiração”. Cristo fez inúmeras referências às Escrituras hebraicas, dando, assim, seu aval sobre a veracidade e inspiração da Lei (o Pentateuco), dos Profetas e dos Salmos (as outras divisões da Bíblia hebraica). “A seguir Jesus lhes disse: São estas as palavras que Eu vos falei, estando ainda falando convosco: importava se cumprisse tudo o que de Mim está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos.” (Lucas 24:44). 3.2. O cumprimento das profecias. Nenhum outro livro que reivindica a inspiração divina, (Alcorão islâmico e os Vedas hindus), apresenta uma gama de profecias cumpridas com extrema exatidão como a Bíblia. É espantosa a precisão profética de Daniel ao descrever as datas exatas do nascimento, batismo e morte de Cristo, na profecia das setenta semanas. Parece até que o profeta Naum estava observando as ruas movimentadas de uma grande cidade moderna, à noite, do alto de um edifício, ao descrever fotograficamente, os carros em alta velocidade: “Os carros passam furiosamente pelas ruas e se cruzam velozes pelas praças; parecem tochas, correm como relâmpagos”. (Naum 2:4). O Profeta Isaías também descreve de forma precisa toda obra e sacrifício de Cristo em Seu ministério terreno, cerca de 700 anos antes de ocorrerem os fatos. 3.3.A indestrutibilidade da Bíblia. O próprio Senhor Jesus afirmou que passaria o céu e a terra, “mas as minhas palavras não passarão” (Mateus 24:35). Vê-se, na introdução deste tratado, que apesar de todas as tentativas, os inimigos das Sagradas Escrituras não conseguiram eliminar sua influência, nem no passado, nem nos dias atuais. “Os cépticos têm lançado dúvidas sobre a confiabilidade da Bíblia; todavia, mais pessoas hoje se convencem de suas verdades do que em toda a história. Prosseguem os ataques da parte de alguns cientistas, de alguns psicólogos e de alguns líderes políticos, mas a Bíblia permanece ilesa, indestrutível… A Bíblia continua mais forte do que nunca, depois destes ataques”. 3.4. A integridade de seus autores humanos. Os relatos bíblicos impressionam pela imparcialidade como são expostos. Reis ou humildes servos são apresentados com todos seus defeitos e vícios, e percebe-se que nenhum escritor bíblico tentou Módulo 01-A –Int. à Bíblia
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omitir fatos para proteger os poderosos de sua época, e nenhum elogio descabido ou forçado é dirigido para agradar quem detinha o poder. Os profetas e apóstolos eram considerados homens de Deus. Com certeza, por esse motivo, nenhum outro livro ou tratado apresenta, em suas páginas, um código de ética e moral mais elevado que a Bíblia. O Decálogo (dez mandamentos), o clamor dos profetas pela justiça, os preceitos de Cristo (sermão da montanha e todos os Evangelhos), as instruções apostólicas (epístolas), a pureza de caráter exigida do cidadão da Nova Terra (Apocalipse) falam, por si só, da inteireza moral dos escritores da Bíblia. 3.5. A influência da Bíblia. Para a pergunta: qual o livro que mais tem influenciado o pensamento ocidental? Sem risco de errar, a resposta só poderia ser: a Bíblia. A maior religião do mundo, hoje, é o cristianismo, com mais de dois bilhões de seguidores. Embora dividido em diversas correntes, todas as igrejas cristãs aceitam a Bíblia como livro sagrado. Portanto, o maior grupo religioso do planeta recebe influência direta da Bíblia. Não foram poucas as grandes personalidades da história universal que reconheceram a influência da Bíblia. Abaixo têm-se três, a título de ilustração: Emmanuel Kant (filósofo alemão): “A existência da Bíblia, como um livro para as pessoas, é o maior benefício que a raça humana alguma vez experimentou. Toda tentativa para depreciar isto é um crime contra a humanidade”. George Washington (primeiro presidente dos E.U.A): “É impossível governar o mundo, justamente, sem Deus e a Bíblia”. Rainha Vitória: “Este livro (a Bíblia) responde pela supremacia da Inglaterra”. As evidências analisadas neste capítulo nos deixam seguros de que a Bíblia é, de fato, um livro confiável em toda sua extensão e em todas as suas partes. Embora as transcrições dos textos antigos possam conter imprecisões (antes da invenção da imprensa, todas as cópias eram feitas á mão, sujeitas, portanto, aos deslizes dos copistas), podemos estar absolutamente certos da inerrância dos escritos originais (conhecidos como autógrafos, escritos do próprio punho dos profetas ou dos amanuenses), ainda que não tenhamos acesso a eles, pois já não existem mais. Finalmente, Packer lembra que “a inspiração dos escritos bíblicos não deve ser igualada com a inspiração das grandes obras da literatura, nem mesmo (como freqüentemente é verdadeiro) quando o escrito bíblico for, de fato, uma obra da literatura. A idéia bíblica da inspiração não se relaciona com a qualidade literária do que é escrito, mas com sua característica de ser revelação divina escrita”. Módulo 01-A –Int. à Bíblia
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CAPÍTULO III A FORMAÇÃO DO CÂNON BÍBLICO O vocábulo “cânon”, literalmente significa vara. Os gregos o tomaram emprestado dos antigos semitas. Cânon pode ser entendido, também, como norma, medida, régua, regra, lista, divisa, etc. e pode ser tomado em duas acepções. Pode indicar que a Bíblia é a norma básica de julgamento para quaisquer outros livros, discursos ou escritos cristãos.. Também pode referir-se ao conjunto de “normas” ou princípios que orientaram o povo de Deus na escolha dos livros sagrados que compõem a Bíblia. Num sentido mais amplo, cânon é a lista dos livros inspirados que formam a Bíblia. Como os livros foram preparados durante um longo período de tempo, é fácil pressupor que o cânon bíblico nem sempre foi o mesmo. Canonização é o processo que cada livro passou para que pudesse ser aceito como inspirado por Deus.
1.
O CÂNON DO VELHO TESTAMENTO
A igreja cristã do Novo Testamento, nasceu com uma Bíblia nas suas mãos em 31 d.C. com a morte de Jesus. A Bíblia era o Velho Testamento. Abaixo se tem pelo menos três teorias para a formação do cânon do Velho Testamento: 1ª - Teoria do Crescimento – Os livros quando foram escritos não era inspirados, sua inspiração, veneração, dependeu do tempo. Depois a grande sinagoga de Esdras, (comissão de 70 anciãos de Israel, tendo como presidente, Esdras), foi que canonizou esses livros. Esta teoria não é bem aceita porque limita a decisão do cânon somente a setenta pessoas votando contra ou a favor. 2ª Teoria – O que influenciou o cânon do V. Testamento foi o Concílio de Jânia no ano 90 A.D. Isso não é verdade, pois Jesus e os discípulos já usavam o V.T. O Concílio de Jânia só confirmou a inspiração do V.T., usou como base a Bíblia hebraica de um escritor do ano 200 a.C. chamado Baba Bathra. Então no mínimo 200 anos antes de Cristo já havia os 22 livros que continham os 39 que compõem o Velho Testamento. Baba Bathra foi um dos maiores escritores do Talmude Babilônico. 3ª Teoria – No ano 75 A.D. o escritor Flávio Josefo menciona nos seus escritos os 39 livros do Velho Testamento, embora sua lista conste só de 22. Sendo um livro para cada letra do alfabeto hebraico, cujo alfabeto só contém 22 letras. Josefo foi o primeiro a dividir o V.T. em Módulo 01-A –Int. à Bíblia
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três partes. Antes dele, Lucas já dividia em duas quando mencionava “a lei e os profetas...” A lista de Flávio Josefo é mais confiável por três razões; 1ª - Josefo era judeu e escreveu num período muito importante da história de Israel. 2ª - A lista de Josefo é 200 anos mais velhos do que a de Baba Bathra. Isto é, do ano 400 a.C. 3ª - Josefo contemporâneo de Cristo esteve presente na ocupação e destruição de Jerusalém no ano 70 d.C. e participou da diáspora (dispersão dos judeus). Josefo afirma que no saque a Jerusalém no ano 70 d.C. o imperador Tito, lhe entregou os rolos dos livros sagrados do templo. Nessa ocasião foi levado para Roma o mobiliário. A lista mais antiga do Velho Testamento, na ordem em que está hoje é do ano 170 d.C. feita por Melito pastor da igreja de Sardes. Pirke Abot, (hebraico) é tradições de pais. Foi assim no decorrer de gerações que se foi aceitando os escritos de acordo com a vara com a qual mediam o nível de inspiração. Para cada profeta de Deus havia 800 falsos profetas. Os livros que se encaixassem com o passado e tivessem sentido para o contexto presente eram considerados inspirados por Deus. O julgamento era feito pela grandes congregações (grupo de 70 anciãos de Israel, quando um morria o outro ocupava o lugar, uma espécie de academia de letras), de Moisés até Esdras. Abaixo se tem no gráfico, o período da canonização do Velho Testamento: 75 A.D. 1445 a.C.
Moisés
400 a.C.
Josué Juizés
Samuel
Reis Profetas
Esdras
200 a.C. 31 A.D. 90 A.D. Flávio Josefo
Baba Bathra
Concílio de Nicéia
Nascimento de Cristo Centúrias Silenciosas
Textos sobre as grandes congregações: Esdras 5.5,9; 6.7,8,14; 10.8,14; Josué 1.7; 3.4; 8.31,32; 23.6; I Reis 2.3; II Reis 14.6; 18.6; 23.25; Esdras 7.6; Salmos 103.7; Isaías 8.20; Jeremias 8.8. Somente depois de escrito, copiado, divulgado, lido nas congregações e ajuntamentos do povo, aceito pela maioria dos fiéis e aprovado pelos líderes como tendo todas as características de um texto inspirado por Deus, o livro era considerado canônico. Passava, Módulo 01-A –Int. à Bíblia
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então, a fazer parte da lista de escritos sagrados que serviam como norma de doutrina e conduta. O que determina a canonicidade de um livro? Com certeza não é a língua (pode ter sido escrito em hebraico, ou grego, não importa); não é a antigüidade (existem livros mais antigos que o mais antigo livro da Bíblia); nem, tampouco, o sentimento de religiosidade que se apresente no livro. A canonicidade é determinada, exclusivamente, pela inspiração divina. “Sabendo, primeiramente, isto: que nenhuma profecia da Escritura provém de particular elucidação; porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo.” (2 Pedro 1:20 e 21). Esse texto da Segunda epístola de Pedro é muito elucidativo. Convém que se leia toda a carta para ter-se uma idéia mais concreta das marcas de inspiração divina em um livro bíblico. No versículo primeiro do capítulo 1, o autor apresenta-se como “Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo” e esclarece que a carta é dirigida aos que “obtiveram fé” na justiça divina. No verso 3, fala no poder, glória e virtude de Deus. No verso 4, aparece a expressão “natureza divina”, da qual os crentes são convidados a participar. A partir do verso 5, faz uma lista de virtudes: diligência, fé, conhecimento, domínio próprio, perseverança, piedade, fraternidade e amor. E aconselha, no verso 10: “Por isso, irmãos, procurai com diligência cada vez maior, confirmar a vossa vocação e eleição; portanto, procedendo assim, não tropeçareis em tempo algum.” No verso 12, esclarece o objetivo da carta. E, no verso 19 e seguintes, fecha o capítulo com um precioso conselho: “Temos, assim, tanto mais confirmada a palavra profética, e fazeis bem em atendê-la, como a uma candeia que brilha em lugar tenebroso, até que o dia clareie e a estrela da D’alva nasça em vosso coração.” Nota-se aí, marcas indeléveis da inspiração divina: 1.1. O autor é um profeta, um porta-voz de Deus, “servo e apóstolo” do Senhor Jesus. 1.2. Fala com autoridade das coisas que “efetivamente nosso Senhor Jesus Cristo me revelou”. Reivindica, desta forma, revelação (inspiração) divina. 1.3. Apresenta coerência doutrinária com os outros livros da Bíblia. 1.4. Foi reconhecido pelo povo de Deus, como canônico. Curiosamente, esta segunda carta do apóstolo Pedro foi uma das mais contestadas quanto à sua autenticidade. O principal motivo apresentado pelos críticos era a diferença de estilo da primeira epístola de Pedro. No entanto, o uso de escribas por alguns autores da Bíblia, pode explicar facilmente essa diferença de estilo. No Antigo Testamento, por exemplo, Baruque, secretário de Jeremias, Módulo 01-A –Int. à Bíblia
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registrava as visões do profeta. Descobertas arqueológicas, como o Papiro Bodmer e a carta do pseudo-Barnabé, comprovam, definitivamente, a autenticidade da segunda epístola de Pedro.
2. OS LIVROS APÓCRIFOS O último livro do Antigo Testamento é o livro do profeta Malaquias, escrito por volta de 400 a.C. Durante o período intertestamentário (entre o Antigo e o Novo Testamento), muitos outros livros relacionados à história dos hebreus foram escritos. Muitos destes livros foram totalmente rejeitados e considerados nãocanônicos, como o Livro de Adão e Eva, o Testamento dos Doze Patriarcas, o Primeiro Livro de Enoque, a Assunção de Moisés, para citar apenas alguns. Outros foram acrescidos à lista dos livros inspirados, porém contestado por grande número de estudiosos. Entre estes, encontram-se os livros apócrifos. A palavra grega “apócrifo” significa “escondido”. Refere-se a um conjunto de livros que foram, em diferentes épocas e lugares, ocasionalmente incluídos em manuscritos antigos, juntamente com os livros considerados canônicos. Sete desses livros encontram-se na Bíblia católica e são chamados por esses cristãos de deuterocanônicos, quer dizer do 2º cânon, ou da 2ª lei. São eles: Tobias, Judite, Eclesiásticos, Sabedoria, Baruque, 1º e 2º Macabeus e os acréscimos aos livros de Esdras e Daniel. São escritos nas Centúrias Silenciosas, só Tobias e Judite são a exceção. Todas têm valor histórico, as narrações são verídicas. A dispensação do Antigo Testamento pertencia aos judeus, que eram considerados “o povo de Deus” da época antes do nascimento de Cristo. Portanto, eles eram os depositários das Escrituras Sagradas da antiga dispensação. Todavia, um grupo de setenta estudiosos judeus que traduziram as Escrituras para o grego, no século II a.C., incluíram estes livros apócrifos na sua versão, que hoje é conhecida como Septuaginta. “Convém lembrar que a Septuaginta foi uma tradução de judeus que moravam em Alexandria, no Egito, longe, portanto, das raízes bíblicas de Jerusalém.” A palestina é que era o lar do cânon judaico, jamais a Alexandria, no Egito. O grande centro grego do saber, no Egito, não tinha autoridade para saber com precisão que livros pertenciam ao Antigo Testamento judaico. Alexandria era lugar da tradução, não da canonização. “O fato de a Septuaginta conter os apócrifos apenas comprova que os judeus alexandrinos traduziram os demais livros religiosos judaicos do período intertestamentário ao lado dos livros canônicos”. ECLESIÁSTICO Módulo 01-A –Int. à Bíblia
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AUTOR: Siraque, o filho dele chamado Siraque Bem Siraque que traduziu o livro em 132 a.C. do hebraico para o grego, o Eclesiástico. Disse: “Meu pai não era profeta. Deus nunca falou através de meu pai.” BARUQUE. Era o secretário de Jeremias, alguns afirmam que por isso o seu livro, também, era inspirado. DESARMONIA. Baruque 1:1. Eu estava em Babilônia com Jeremias. Jer. 43:6 e 7. Diz: “Baruque estava comigo no Egito.” Jeremias nunca esteve em Babilônia. Baruque 6:2. Diz que Jeremias predisse um cativeiro de sete gerações ou 280 anos, uma geração judaica era de quarenta anos. Jer. 25:11; 29:10 afirma que o cativeiro seria de 70 anos. MACABEUS. Escrito em 165 a.C. história da independência judaica, são reais e verídicas que aconteceram em Israel. I Macabeus 4:46; 9:27; 14:41 dizem: “Naquele tempo não havia profeta em Israel, o espírito de profecia havia ido embora.” Como pode ser inspirado se o próprio livro diz que nesse tempo não tinha profeta. Os acréscimos do livro de Daniel após o capítulo 12 já tem algo fora de contexto. É diferente. TOBIAS. Escrito durante o cativeiro Assírio e Judite durante o cativeiro babilônico foi em 586. O cativeiro babilônico foi em 722 quando foram levadas cativas as dez e meia tribos do norte que nunca mais voltaram. Em 586 o resto da tribo de Judá e metade da tribo de Benjamim foram levadas cativas para Babilônia, esse foi o cativeiro babilônico. Judite 1:1. Afirma que Nabucodonosor era o rei de Nínive. O livro de Daniel ensina que Nabucodosor era rei da Babilônia. O Novo Testamento cita mais de 600 vezes o Velho Testamento e apenas dois autores citam um livro não canônico, Judas 14. As figuras que João usa no Apocalipse foram copiadas do livro de Enoque. Os únicos livros do Velho Testamento que não são citados diretamente no Novo Testamento: Ester, Cantares, Neemias, Eclesiastes, Esdras, Jó e Rute. Pela primeira vez, no concílio de Trento foram os apócrifos considerados canônicos. Santo Agostinho bispo de Hippona, França, presidiu dois concílios: Em 393 A.D., o de Hippona e em 397 A.D. o de Cartago. Ele incluiu no cânon os apócrifos, menos Baruque. Incluiu também Primeiro Esdras (pseudo-epígrafo). Agostinho escreveu após incluir os livros: “Nenhum destes livros é profético, não estão no cânon que o povo de Deus recebeu, pois, uma coisa é poder escrever como homem e outra coisa, com a diligência de um historiador e outra é escrever como profeta sob a inspiração divina.” - Philip Schaft, (em inglês), História do Cristianismo, Vol. 4. P. 693. Módulo 01-A –Int. à Bíblia
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Em 1490 foi publicada uma Bíblia católica chamada Poliglota Complutense de Francisco Ximenes de Cisneros. Recebeu a aprovação do papa Leão X. no prefácio o cardeal Ximenes escreveu: “Os livros não canônicos aqui incluídos não são inspirados, mas servem para codificação”. E o papa aceitou. Isto 50 anos antes de Trento. No dia 8 de abril de 1546 as 16 hs. Trento declarou: “O sínodo recebe e venera todos os livros do Velho e Novo Testamento, já que Deus é o autor de ambos, como também recebe as tradições proferidas pela boca de Cristo e do Espírito Santo. Depois da lista dos livros concluem: se alguém não recebe estes livros como sagrados e canônicos e deliberadamente menospreza os ali mencionados, seja anátema”. Geisler e Nix apresentam, entre outras, as seguintes razões para a não aceitação dos apócrifos como canônicos: 2.1. A comunidade judaica jamais os aceitou como canônicos. 2.2. Não foram aceitos por Jesus, nem pelos autores do Novo Testamento. 2.3. A maior parte dos primeiros grandes pais da igreja rejeitou sua canonicidade. 2.4. Nenhum concílio da igreja os considerou canônicos senão no final do século IV. 2.5. Jerônimo, o grande especialista bíblico e tradutor da Vulgata [tradução latina da Bíblia], rejeitou fortemente os livros apócrifos. “Ele concordou com esse conceito de que os livros extras do Antigo Testamento não eram legítimos. Ele pediu que todos esses livros que não estavam incluídos no cânon hebraico fossem considerados apócrifos.” 3 2.6. Muitos estudiosos católicos romanos, ainda ao longo da Reforma, rejeitaram os livros apócrifos. 2.7. Nenhuma igreja ortodoxa grega, anglicana ou protestante, até a presente data, reconheceu os apócrifos como inspirados e canônicos, no sentido integral dessas palavras. 2.8. Os apócrifos não reivindicam serem proféticos. 2.9. Não detêm autoridade de Deus. 2.10. Embora seu conteúdo tenha algum valor para a edificação nos momentos devocionais, na maior parte trata-se de texto repetitivo; são textos que já se encontram nos livros canônicos. 2.12. Há evidente ausência de profecia, o que não ocorre nos livros canônicos. Além da polêmica dos apócrifos, alguns poucos livros, hoje totalmente aceito como canônicos, foram, aqui e ali, contestados. São eles: Ester (por não mencionar o nome de Deus); Cântico dos Cânticos (por se u conteúdo supostamente erótico); Eclesiastes (por 3
. Maxwell A. Graham, Você Pode Confiar na Bíblia?, p. 21.
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deixar transparecer aparente ceticismo e pessimismo diante da vida); Provérbios e Ezequiel (por questões rabínicas de menor importância). Eis a seguir, o atual cânon do Antigo Testamento, na ordem em que os livros aparecem nas Bíblias cristãs: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio, Josué, Juízes, Rute, 1 Samuel, 2 Samuel, 1 Reis, 2 Reis, 1 Crônicas, 2 Crônicas, Esdras, Neemias, Ester, Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cânticos dos Cânticos, Isaías, Jeremias, Lamentações de Jeremias, Ezequiel, Daniel, Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias.
3. CÂNON DO NOVO TESTAMENTO Os períodos de inscrição da Bíblia são: Ca. de 1450 a.C. Ca. de 49 A.D.
V. T. N.T.
Ca. de 400 a.C. Ca. de 100 A.D.
O Novo Testamento só começou a ser escrito no ano 49 A.D. Por que os discípulos demoraram a escrever? 1 – Porque estavam preocupados em pregar. 2 – Aguardava Jesus voltar em seus dias. Os primeiros escritos não foram aceitos logo, com facilidade, por quê? 1º - Preferiam a presença dos discípulos do algo escrito. (Gál. 4.20). 2º - Os discípulos eram mais duros nas cartas do que pessoalmente, por isso os cristãos preferiam que fossem pessoalmente. II Cor. 10.10, São Paulo fala do desejo de ir pessoalmente e S. João também, em II João 12. Jesus não escreveu livros, mas, os cristãos repetiam as palavras dEle transmitidas pelos discípulos. O que Jesus falava era considerado como tendo a mesma autoridade do V.T. Os discípulos quando começaram a escrever, já havia 18 anos que Jesus tinha morrido. As pessoas que ouviram Jesus. Eram testemunhas de que os apóstolos escreviam a verdade. Quando os discípulos começaram a morrer e Jesus não voltara surgiu a necessidade de deixarem algo escrito. 3.1. Evidências a Favor da Canonicidade do Novo Testamento O período do ano 70 A.D. ao ano 120 A.D. é chamado de Era dos Pais Apostólicos. Do ano 120 ao ano 170 A.D. é o período dos apologistas. No primeiro período há indivíduos que serviram de testemunhas de inspiração, entre eles:
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a) Clemente Bispo de Roma que foi morto no ano 96 A.D. Foi
mártir e contemporâneo dos discípulos. Foi colega do apóstolo João e acompanhou Paulo na prisão de Roma. Ele era pastor de Roma. Escreveu três epístolas. Uma para Corinto prega com base no Velho Testamento, mas cita Paulo com a mesma autoridade. Citou o livro de Paulo aos Romanos. O próprio Paulo conhecia Clemente trabalhando juntos. (Fil. 4.3) b) Policarpo, bispo de Esmirna. Morreu em 155 A.D. foi o último pai apostólico que viu e teve contato direto com João do Apocalipse. Essa igreja que ele pastoreava foi fundada por João. Acompanhou João de Patmos a Éfeso em 90 A.D. Ele cita várias cartas de Paulo especialmente as dirigidas a Timóteo. Na epístola de Policarpo aos Filipenses ele cita Efésios 4.26 para comentar Salmos 4.4, por isso é chamado testemunha de inspiração do Novo Testamento. Colocou no mesmo nível do Velho Testamento os escritos de Paulo. c) A epístola de Barnabé foi uma das pouquíssimas que quase entraram no cânon do Novo Testamento. Circulou ainda no cânon por 200 anos. Escrito por Barnabé, cristão de Alexandria. Descobriram isso por volta do ano 200. Antes disso achavam que teria sido escrita por Barnabé companheiro de Paulo, mas, descobriu-se que foi escrita entre 90 A.D. e 110 A.D. e Barnabé, companheiro de Paulo morreu antes do ano 90 A.D. Barnabé cita livros do Novo Testamento no mesmo nível de inspiração do Velho, como Mt. 7.21. d) Didaché – Era o manual dos cristãos onde eles confirmavam as doutrinas e ensinamentos. Didaché não tem autor, foi produzido em Antioquia e a fonte principal é Mateus. Apologistas – Defensores da fé. Alguns inconscientes, muitos eram agnósticos e muitos eram semi-católicos. Usaram escritos apostólicos para confirmar seus ensinos. 1º Apologista – Dionísio, 170 A.D., defendeu os escritos apostólicos como divinamente inspirados por Deus e usou o Apocalipse para defender suas doutrinas. Foi o primeiro a defender ensinamentos baseado em Apocalipse. 2º Apologista - Irineu, 130 A.D., foi mártir. Seus escritos mostravam a aceitação dele pelos ensinos apostólicos colocados no mesmo nível de inspiração do Velho Testamento. 3º Apologista – Basilídes, Um agnóstico contemporâneo de Policarpo, ano 139 A.D., afirmou: “Os eventos da vida de Jesus aconteceram tal e como estão escritos nos evangelhos.” Basílides foi o primeiro a citar João, o último evangelho a ser escrito. Cinco razões pelas quais foram os livros do Novo Testamento canonizados: 1ª - A catolicidade dos livros por todos os seguimentos cristãos. Módulo 01-A –Int. à Bíblia
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2ª - Apostolicidade – Os escritores tiveram contato direto com Cristo. 3ª - Conformidade e uniformidade dos livros, união, ligação sem divergências, sem contradições. 4ª - Veracidade doutrinária – Conteúdo cristológico. Existem milhares de manuscritos antigos contendo todo o Novo Testamento ou partes dele. Esses manuscritos têm grande valor documental para o estudo da formação do cânon do Novo Testamento, a despeito de omissões, acréscimos e textos variantes provocados pelas falhas decorrentes do método de transmissão: tudo era feito á mão. Embora a grande maioria dos copistas tivesse extremo cuidado na transcrição dos livros sagrados, havia possibilidades de engano ou falha humana. Entre os manuscritos mais importantes para o estudo documental dos textos bíblicos, encontra-se o Códex Sinaítico. Este manuscrito, datado do século IV, contém vários livros do Antigo Testamento, todo o Novo Testamento (com exceção de partes dos Evangelhos de Marcos e João), e outros não-canônicos, como a Epístola de Barnabé, o Pastor, de Hermas. O Códex Sinaítico foi encontrado no Mosteiro de Santa Catarina, ao pé do Monte Sinai, pelo estudioso alemão Tischendorf, e doado ao imperador da Rússia, Czar Alexandre II. Mais tarde, em 1933, o governo inglês comprou o Códex por meio milhão de dólares. Uma testemunha da época conta: “Quando o Códex chegou a Londres, as multidões correram ao Museu Britânico para ver aquela cópia da Bíblia” do quarto século. “Ela ainda pode ser vista ali hoje, juntamente com muitos manuscritos importantes, todos eles dando seu testemunho da cuidadosa preservação do texto bíblico”. Até o final do segundo século da era cristã, todos os livros do cânon do Novo Testamento estavam, praticamente, aceitos. Foram citados ou considerados autênticos por quase todos os chamados “pais” da igreja (Clemente de Roma, Inácio, Policarpo, Hermas, Papias, Ireneu, Diogneto, Justino Mártir, Clemente de Alexandria, Tertuliano, Orígenes, Atanásio, Cirilo de Jerusalém, Eusébio, Jerônimo, Augostinho) e aprovado nos concílios de Nicéia (325-340), Hippona (393) e Cartago (397 e 419). Entre os apócrifos e pseudo-epigráfos do Novo Testamento, podemos citar a Epístola de Barnabé, O Pastor de Hermas, O Didaquê, o Apocalipse de Pedro, os Atos de Paulo e Tecla, a Carta aos Laodicenses, o Evangelho de Tomé, o Evangelho de Pedro, o Evangelho de Nicodemos, a Assunção de Maria, os Atos de Pedro, as duas Cartas Perdidas aos Coríntios, o Apocalipse de Estêvão, o Livro Secreto de João, os Atos de João, o Diálogo do Salvador. Poucos destes livros tiveram aceitação local e passageira, e todos os outros foram totalmente rejeitados. Módulo 01-A –Int. à Bíblia
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Encontram-se, nesses livros, narrativas fantasiosas e ridículas. Nos Atos de João pode-se ler um suposto diálogo do discípulo com um batalhão de pulgas. No Evangelho de Tomé, Jesus, menino, amaldiçoa algumas crianças que vêm a morrer logo em seguida. Segundo os Atos de Pedro, Simão, o mágico, impressionava os romanos voando sobre a cidade de Roma. Os canônicos mais contestados foram: Hebreus, Tiago, 2ª Carta de Pedro, 1ª e 2ª Cartas de João, Judas e Apocalipse. Estes livros, no entanto, constam dos códices mais antigos, o que prova sua aceitação pela igreja cristã primitiva. Além disso, todos eles apresentam provas de autêntica inspiração divina. (Veja análise de 2º Pedro, no início deste capítulo). Eis, a seguir, o atual cânon do Novo Testamento, na ordem em que os livros aparecem nas Bíblias cristãs: Mateus, Marcos, Lucas, João, Atos dos Apóstolos, Romanos, 1 Coríntios, 2 Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, 1 Tessalonicenses, 2 Tessalonicenses, 1 Timóteo, 2 Timóteo, Tito, Filemom, Hebreus, Tiago, 1 Pedro, 2 Pedro, 1 João, 2 João, 3 João, Judas e Apocalipse.
CAPÍTULO IV A HISTÓRIA DA BÍBLIA São poucos os livros que atravessaram os séculos e mantiveram sua integridade de conteúdo e força de mensagem como a Bíblia. A unicidade e preservação da Bíblia, por si só testemunham a favor do cuidado sobrenatural sobre este conjunto de livros que já se habituou a chamar de Sagradas Escrituras. Nenhum outro livro, incluindo as grandes religiões que reivindicam origem divina, tem transformado tantas almas e resgatado tantas vidas dos esgotos sociais da história das civilizações, como a própria Bíblia. Ela mesma declara, na epístola aos Hebreus, que “a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas Módulo 01-A –Int. à Bíblia
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e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração”. (Hebreus 4:12). Esta Palavra “viva e eficaz” tem uma história de lutas e vitórias. Uma história que se confunde com a própria história do povo de Deus. Que língua utilizou os profetas? Como eram transmitidos os escritos sagrados? Que materiais eram usados? Quais os testemunhos mais antigos do Santo Livro? Quais as traduções mais famosas? A viagem que agora se faz através do tempo, é em busca de respostas a essas perguntas. A maior invenção do homem antigo foi, sem dúvida, a escrita. Para fixar sentimentos e idéias, o homem utilizou, inicialmente, representações figurativas do que via. Era a escrita pictográfica. Depois, simplificou os desenhos que usava na escrita pictográfica para representar idéias: eram os ideogramas. Os egípcios, por exemplo, desenhavam um homem em posição de espanto e admiração para representar a idéia de “um milhão”. O passo seguinte foi a transformação dos ideogramas em fonogramas: cada símbolo representava um som. Os símbolos eram mais fáceis de grafar, pois foram reduzidos a poucos traços. A criação do alfabeto é atribuída aos fenícios e cananeus. 1. As Línguas Originais A Bíblia foi escrita, originalmente, em três idiomas: o hebraico, o aramaico e o grego. A maior parte do Antigo Testamento foi escrita em hebraico, e a principal língua usada no Novo Testamento foi o grego. O alfabeto hebraico contém 22 consoantes e nenhuma vogal. Daí a dificuldade para a pronúncia deste idioma a partir de sua forma escrita. Para contornar este problema, os massoretas (estudiosos judeus que viveram na Idade Média e transcreviam as Escrituras hebraicas) inventaram um sistema de pontos e sinais que indicavam a pronúncia de sua época. No entanto, é impossível saber qual a exata pronúncia do hebraico antigo, dos tempos bíblicos. A língua hebraica apela aos sentimentos e é extremamente figurativa. É rica em figuras de linguagem e, como em português, não possui o gênero neutro: tudo é masculino ou feminino. Expressa as idéias de forma bastante compacta, de modo que os textos traduzidos do hebraico são, pelo menos, duas vezes maiores que o original, se levarmos em conta o número de letras e palavras. Outra característica: o hebraico é lido da direita para esquerda. O aramaico foi utilizado em algumas passagens do Antigo Testamento (Esdras 4:8 – 6:18; 7:12-26; Daniel 2:4-7:28). É uma língua falada por alguns povos. Bastante parecido com o hebraico, usa os mesmos caracteres deste idioma nas passagens bíblicas citadas. Seu vocabulário e sintaxe são ricos, mais ricos que o Módulo 01-A –Int. à Bíblia
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hebraico, mas não possuem a mesma força de expressão dessa língua. Juntamente com o grego, era uma das línguas amplamente utilizadas nos primórdios da era cristã. O grego foi, sem dúvida, a língua utilizada pelos escritores do Novo Testamento, que tinham a Septuaginta como principal fonte de textos do Antigo Testamento. Diferentemente do hebraico, o grego é uma língua que apela á razão, e foi o idioma dos pais da filosofia da antiga Grécia, que influenciaram, de modo definitivo, todo o pensamento ocidental. O grego falado pelo povo, na época do surgimento da igreja cristã, foi o mesmo usado pelos escritores dos Evangelhos. Era o grego conhecido como coiné, isto é, comum; não se tratava, portanto de um grego especial do Espírito Santo, como muitos pensavam na Idade Média. 2. Os Materiais Na antigüidade foram usados os mais diversos tipos de materiais para a produção de textos escritos. Os antigos povos da Mesopotâmia usaram lâminas de argila, onde imprimiram seus escritos com símbolos em forma de cunha – era a escrita cuneiforme. Os egípcios preferiram o papiro, feito de tiras do talo de uma planta do mesmo nome das margens alagadiças do vale do Nilo. Nossa palavra “papel” provém exatamente de papiro. O couro também foi utilizado. Curtiam-se peles de caprinos ou bovinos masseradas em cal, raspadas e polidas. Eram os pergaminhos. Formavam-se longas tiras que eram enroladas para formar os livros. Daí terem os livros antigos formato de rolos. Posteriormente, pergaminhos bastante finos e lisos, de couro de animais recém-nascidos ou que nasceram mortos (natimorto), preparados e costurados como nossos livros atuais. Estes pergaminhos receberam o nome de velino. Como exemplo de velino, temos o Códex Sinaítico, mencionado no capítulo anterior. Devido à escassez de material para a escrita, era comum rasparem-se pergaminhos já utilizados, para serem reaproveitados em novas escrituras. Estes pergaminhos assim tratados (rapados e reescritos) foram denominados de palimpsestos. As classes mais pobres serviam-se, praticamente, de qualquer material barato onde pudessem escrever. Um exemplo disso são os óstracos, cacos de cerâmica que foram descobertos em escavações arqueológicas, com inscrições de uma cópia dos Evangelhos. Entre os documentos do Mar Morto, encontra-se um manuscrito redigido num rolo de cobre de dois metros e meio de comprimento e trinta centímetros de largura. 3. Os Manuscritos Antigos O estudo dos manuscritos antigos das Sagradas Escrituras é de vital importância para a recuperação do texto bíblico. Os Módulo 01-A –Int. à Bíblia
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conteúdos destes manuscritos subsistem em forma de inscrições, papiros, pergaminhos, óstracos e citações de escritores antigos. Manuscritos do Velho Testamento. Não existe em tão abundância como os do Novo Testamento. Até o final do século XIX, eram conhecidos pouco mais de 700 destes manuscritos. Somente em 1890, foram descobertos, numa antiga sinagoga do Cairo, cerca de 10.000 manuscritos e fragmentos contendo grande quantidade de material bíblico. Quando se fala em manuscritos do Antigo Testamento não se pode deixar de mencionar os massoretas. Os massoretas eram os guardiões da Massora. A Massora significa literalmente tradição. Mas, com o tempo tomou significado de guardar, arquivar, proteger. Eles cuidavam e guardavam os escritos dos judeus. Também, foram copistas dos textos escriturísticos hebraicos, viveram na Idade Média (500-1000 d.C.). São textos altamente confiáveis e prezados pela crítica textual devido ao trabalho meticuloso destes estudiosos medievais. Bastava descobrir-se um erro ou falha numa cópia, para que fosse destruída. Os principais manuscritos do Velho Testamento, que serviram para o rastreamento do texto bíblico original, são os seguintes: Códice cairota (895 d. C.) ou Códice de São Códice de Leningrado dos profetas Petersburgo (916 d. C.) Códice Allepo (916 d.C.) Códice do Museu Britânico (950 d.C.) Códice de Leningrado (1008 d.C.) Fragmentos de Cairo Geneza (500 a 800 d.C.) Além destes manuscritos massoréticos, podemos citar como testemunhos do texto bíblico do Antigo Testamento: A Septuaginta (versão dos setenta), feita no séc. II a.C. O Talmude, antigo livro de tradições judaicas. O Pentateuco Samaritano. Os Targuns, tradução aramaica parafraseada do Antigo Testamento. A Peshita, tradução siríaca do Antigo Testamento. O Papiro Nash, fragmento datado de 150 a.C. a 68 d.C. que contém uma cópia dos Dez Mandamentos. 3.1. Os Manuscritos do Mar Morto - Estes antigos manuscritos foram descobertos em 1947, por um beduíno numa bem dissimulada gruta nas proximidades de Jericó, junto ao Mar Morto, em 11 cavernas, na Palestina, numa região denominada Qumran. Tudo começou quando um grupo de pastores tentava encontrar uma cabra que se havia desgarrado do rebanho. Um jovem pastor árabe, Muhammad Adh-Dhib, percebeu uma abertura na rocha e atirou um seixo dentro da gruta. Ouviu, então, o barulho Módulo 01-A –Int. à Bíblia
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de cacos quebrando. A partir daí, descobriu-se o maior tesouro arqueológico do século. Eram cerca de 50.000 fragmentos, e muitos rolos inteiros, dos quais 20 a 25% tratavam-se de textos bíblicos, escritos em hebraico antigo. Examinado pelo professor Sukenik, da Universidade Hebraica de Jerusalém, revelou-se pertencer ao terceiro século a.C. contém o livro completo de Isaías e comentários de Habacuque, além de outras importantes informações sobre a época em que foi escondido, é mais conhecido como O Rolo do Mar Morto. Esses documentos datam até 250 a.C. O rolo que contém o livro de Isaías foi recuperado quase inteiro e ratifica os textos bíblicos massoréticos e, por extensão, nossas traduções atuais. Os documentos do Mar Morto comprovam a integridade do texto bíblico. Podemos, realmente, confiar nas Santas Escrituras. 3.2. A Pedra Moabita - Constitui um importante documento arqueológico que testemunha a veracidade histórica dos relatos bíblicos. Ela contém a descrição de um conflito entre os moabitas (um povo mencionado na Bíblia) e Israel. 4. Manuscritos do Novo Testamento. O número de cópias antigas do Novo Testamento ou partes é expressiva. São mais de 5.000 manuscritos que atestam a autenticidade dos escritos dos apóstolos e discípulos de Jesus do primeiro século da era cristã. Os críticos tentam minimizar o valor deste extraordinário testemunho simplesmente apontado as inúmeras variantes entre os textos manuscritos. No entanto, como diz o prefácio da The New King James Version, estas variações “não afetam o sentido do texto de maneira nenhuma”. Na verdade, a grande maioria das variantes textuais são frutos do processo totalmente manual da produção das Escrituras: erros de cópia, falhas humanas (quando, por exemplo, o copista trocava letras por causa de problemas visuais), diferenças ortográficas entre uma Religião e outras atualizações lingüísticas, e coisas desse tipo. Pode-se dividir os manuscritos existentes do Novo Testamento em papiros, unciais e cursivos. Os unciais são primorosas cópias do Novo Testamento (ou porções), em maiúsculas e, geralmente, ilustrados, escritos sobre pergaminho ou velino. Os cursivos, em letras minúsculas, são mais abundantes e menos antigos que os unciais. Também usam forma de escrita mais rápida e simplificada, pois o crescimento da igreja cristã demandava maior número de cópias. São conhecidos, hoje, cerca de 26 papiros do Novo Testamento, 297 unciais e milhares de cursivos. Por sua importância para a recuperação do texto do Novo Testamento. Abaixo cita-se os principais papiros e unciais (códices). Módulo 01-A –Int. à Bíblia
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Papiros de Oxirrinco. Encontrados no lixo, em Oxirrinco, Egito. Dentre milhares destes fragmentos, foram encontrados 35 manuscritos contendo partes do Novo Testamento. Papiros Chesser Beatty (séc. II e III d.C.). Contém porções de todos os Evangelhos, dos Atos, e quase todas as epístolas de Paulo. Papiros Bodmer (175 a 225 d.C.). Contêm partes dos evangelhos de Lucas e João, as cartas de Pedro e Judas. Papiro Rylands (117-138). O mais antigo que se conhece, é um fragmento contendo trechos do evangelho de João. Códice Sinaítico (350 d.C.). Descoberto por Tischendorf, no Mosteiro de Santa Catarina, próximo ao Monte Sinai. Códice Vaticano (325-350). Contém o Antigo Testamento e grande parte do Novo Testamento em grego. Códice Alexandrino (séc. V). É uma cópia quase integral do Novo Testamento grego. Códice Efraimita (c 350 - 450 d.C.). Este pergaminho trazia cópia do Antigo e Novo Testamento, que foram apagados para nele se escrever os sermões de Efraim, um dos pais da igreja. Trata-se, portanto, de um palimpsesto. Através de processos químicos, o sábio Tischendorf conseguiu recuperar o texto bíblico. Códice Beza (século V). é um documento bilíngüe escrito em grego e latim. Códice Washington (século V). Contém os quatro Evangelhos e encontra-se, atualmente, na Instituição Smithsoniana, em Washington, EUA. Segundo Sir Frederic Kenyon, famoso paleógrafo (estudioso de documentos antigos), “o cristão pode pegar a Bíblia inteira em suas mãos e afirmar, sem temor ou hesitação, que está segurando a verdadeira Palavra de Deus, transmitida ao longo dos séculos, de geração em geração, sem nenhuma perda essencial”. 5. As Traduções Já foram mencionados, neste estudo, as mais antigas e importantes versões da Bíblia hebraica: O Pentateuco Samaritano (aramaico) e a Septuaginta (grego). A Septuaginta foi uma tradução feita por setenta sábios judeus, em Alexandria, sob o reinado de Ptolomeu II Filadelfo. É uma das mais importantes traduções dos textos bíblicos e acredita-se que era a versão usada pelos apóstolos e pela igreja primitiva. Além dos livros canônicos, trazia os apócrifos. Para o latim, a tradução mais famosa foi a Vulgata, traduzida por Sofrônio Jerônimo, no século IV. Esta tradução trazia as escrituras hebraicas (Antigo Testamento) e as escrituras cristãs (Novo Testamento). Somente após a morte de Jerônimo, foram acrescentados os livros apócrifos na sua tradução. Módulo 01-A –Int. à Bíblia
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A primeira tradução completa da Bíblia para o inglês foi feita por Jonh Wyclif (1329-1384), apesar da oposição do clero da Idade Média. Ainda no fervor da Reforma Protestante, Martinho Lutero fez sua tradução para o alemão, e Tyndale, executado em 1536, verteu a Bíblia para o inglês. Por esse motivo foi condenado à morte. Contase que, no momento da execução, Tyndale simplesmente clamou a Deus em oração: “Senhor, abre os olhos do rei da Inglaterra”. Deus ouviu a oração de seu servo. Em 1611 veio a público uma versão que se tornaria a mais famosa e popular tradução da Bíblia para o inglês: a versão do rei Tiago (King James Version). Mais tarde, na própria Inglaterra, surgiu a primeira sociedade bíblica do mundo: a Sociedade Bíblica Britânica, 1795. Atualmente (ano 2000), existem 139 sociedades bíblicas, operando em mais de 200 países. 5.1. A História da Bíblia em Português. A tradução mais antiga da Bíblia completa para o português deve-se a João Ferreira de Almeida. Nascido em 1628 em Torres de Tavares, nas proximidades de Lisboa. Tornou-se evangélico muito jovem, não tinha ainda 17 anos quando começou a tradução da Bíblia, mas perdeu seu manuscrito e teve de reiniciar a tradução em 1648. “Por conhecer o hebraico e o grego, Almeida pode utilizar-se dos manuscritos dessas línguas, calcando sua tradução no chamado Textus Receptus. Do grupo Bizantino. Ele também se serviu das traduções holandesa, francesa (tradução de Beza), italiana, espanhola e latina (Vulgata).”3 Em 1676, Almeida terminou a tradução do Novo Testamento. Em 1681 o Novo Testamento foi impresso pela primeira vez em português em Amsterdam, Holanda, pela viúva de J. V. Someren. Na tarefa de tradução do Texto Sagrado esta, empregou mais de 40 anos de sua vida, e ao morrer, em 6 de agosto de1691, havia traduzido o Antigo Testamento, até Ezequiel 41:21. Em 1748 o pastor holandês Jacobus op den Akker concluiu a tradução, e publicou a Bíblia de Almeida, completa, em 1753. A Segunda tradução para o português surgiu em 1819, foi a Bíblia completa, do padre Antônio Pereira de Figueiredo, e em 1930 veio à lume a tradução do padre Matos Soares, feita a partir da Vulgata, que se tornou muito popular na comunidade católica. Para ter-se uma idéia da importância das traduções bíblicas para a humanidade, basta mencionarem o fato de que muitos povos foram alfabetizados pela Bíblia. O alfabeto cirílico, por exemplo, usado pelos soviéticos, foi criado exclusivamente para tornar possível a tradução da Bíblia para aqueles povos. Atualmente, muitos grupos cristãos estão empenhados em criar o alfabeto e gramática para muitas línguas indígenas, no Brasil e em outros . Frank Charles Thompson, Bíblia de Referência Thompson, p. Módulo 01-A –Int. à Bíblia 28 3
países, a fim de levar o Evangelho para as tribos nativas que ainda falam idiomas que não possuem escrita. Todas as mídias são utilizadas na divulgação da Bíblia. Além da forma tradicional – o livro – encontramos a Bíblia em fita cassete, em CD, em vídeo, e em vasta produção de CD-ROM que pode ser adquirida por usuários de microcomputadores. Recentemente a Sociedade Bíblica lançou a Bíblia Online, uma biblioteca com 47 versões da Bíblia em diversos idiomas, ocupando apenas um CDROM. Hoje, as traduções da Bíblia são incontáveis. Na verdade, ninguém pode conter a avalanche de textos bíblicos, traduzidos no todo ou parte, que invade o planeta como literal cumprimento da ordem do Mestre: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura.” (Marcos 16:15). Esta é uma prova incontestável da origem divina das Escrituras. “Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão.” (Mateus 24:35). As palavras do Mestre ecoam agora em 2.151 línguas e dialetos. Nenhum outro livro foi tão longe assim… 6. História da Bíblia no Brasil (Resumo) Em 1847 publicou-se, em São Luis no Maranhão, o Novo Testamento traduzido pelo frei Joaquim de Nossa Senhora de Nazaré, que se baseou na Vulgata. Este foi, portanto o primeiro texto bíblico traduzido no Brasil. De lá para cá houve outras traduções ou revisões parciais e completas individuais ou não. Em 1902 as sociedades bíblicas empenhadas na disseminação da Bíblia no Brasil patrocinaram nova tradução da Bíblia para o português. Em 1948 organizou-se a Sociedade Bíblica do Brasil, destinada a “Dar a Bíblia à Pátria. Mais recentemente a Sociedade Bíblica do Brasil traduziu a Bíblia na Linguagem de Hoje (1988). O propósito básico desta tradução tem sido o de apresentar o texto bíblico numa linguagem comum e corrente. Produção da Bíblia no Brasil em 1996 Editora
Profissão Religiosa Evangélica Católica Católica Católica Evangélica Evangélica
Sociedade Bíblica do Brasil Paulus Ave Maria Loyola Vida Trinitariana Módulo 01-A –Int. à Bíblia
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Total de Bíblias 2.231.107 500.000 488.000 330.291 281.387 208.598
Juerp Alfa Lit Edipar Edelbra Vozes TOTAL (1996)
Evangélica Evangélica Evangélica Evangélica Católica
152.000 82.534 67.000 48.480 30.000 4.421.397
Em 1998, o Brasil tornou-se campeão mundial em vendas de Bíblias: 7 milhões de exemplares vendidos. Em segundo lugar ficaram os Estados Unidos, e em terceiro, (quem poderia imaginar!), um país comunista, a China.
CAPÍTULO V O QUE A BÍBLIA DIZ DE SI MESMA 1. É a Palavra Inspirada por Deus: Módulo 01-A –Int. à Bíblia
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“O Espírito do SENHOR falou por mim, e a sua palavra está na minha boca.” 2 Sam. 23:2. “Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo.” 2 Ped. 1:21 “Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça” 2 Tim. 3:16. 2. É Luz: “Lâmpada para os meus pés é tua palavra, e luz para o meu caminho.” Sal. 119:105. 3. É Eterna: “Seca-se a erva, e cai a flor, porém a palavra de nosso Deus subsiste eternamente.” Isa. 40:8. “O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar.” Mat. 24:35. 4. É a Verdade: “Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade.” João 17:17 5. É Viva e Eficaz: “Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até a divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração.” Hab. 4:12 6. É Fonte de Vida Eterna: “Respondeu-lhe, pois, Simão Pedro: Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna.” João 6:68. 7. Seu tema principal é o Salvador Jesus: “E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicavalhes o que dele se achava em todas as Escrituras.” Luc. 24:27 “E disse-lhes: São estas as palavras que vos disse estando ainda convosco: Que convinha que se cumprissem tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés, e nos profetas e nos Salmos.” Luc. 24:44. 8. É útil para o ensino: “Porque tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperança.” Rom. 15:4
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“Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça” II Tim. 3:16. “Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.” II Tim. 3:17. 9. É o melhor alimento espiritual: “Do preceito de seus lábios nunca me apartei, e as palavras da sua boca guardei mais do que a minha porção.” Jó 23:12. “Achadas as tuas palavras, logo as comi, e a tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração; porque pelo teu nome sou chamado, ó Senhor Deus dos Exércitos.” Jer. 15:16. 10. Seu Autor é Verdadeiro e Fiel: “… Em esperança da vida eterna, a qual Deus, que não pode mentir, prometeu antes dos tempos dos séculos” Tito 1:2 “Ele é a Rocha, cuja obra é perfeita, porque todos os seus caminhos justos são; Deus é a verdade, e não há nele injustiça; justo e reto é.” Deut. 32:4 11. É fonte da verdadeira felicidade: “Mas ele disse: Antes bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus e as guardam.” Luc. 11:28 “Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo.” Apoc. 1:3 12. Normas para o estudo da Bíblia 12.1. Antes de se ler a Bíblia, deve ser feita uma oração, pedindo orientação divina. 12.2. Sempre que se aproxime da Bíblia o leitor deve fazê-lo com espírito de humildade e desejo de descobrir os tesouros revelados na Palavra de Deus. 12.3. Não se deve tentar usar a Bíblia para acusar ou censurar as atitudes alheias. Esta não é a função das Escrituras. Antes o investigador deve procurar instrução para si próprio. 12.4. Deve ser mantido um espírito reverente diante das Santas Escrituras. 12.5. O estudante diligente fruirá os maravilhosos tesouros encontrados nas páginas sagradas. “Como um garimpeiro escava a terra em busca de ouro, ou como um mergulhador desce às profundezas do mar em busca de pérolas”
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CONCLUSÃO “O plano original de Deus não era dar ao homem a sua palavra de forma escrita. Os anjos eram os ensinadores dos homens. Adão e Eva eram visitados livremente por Deus e os anjos, porém com a entrada do pecado esta livre comunhão foi interrompida.” 4 “Ninguém que possua este tesouro é pobre e abandonado. Quando o vacilante peregrino avança, para o chamado “vale da sombra e da morte”, não teme penetrá-lo. Ele toma o bastão e o cajado da Escritura em sua mão e diz ao amigo e companheiro: „Adeus até nos encontrarmos novamente. ‟ E confortado por aquele apoio segue o trilho solitário como quem caminha das trevas para a luz. ”5 “Este livro contém a mente de Deus, o estado espiritual do homem, o caminho da salvação, a condenação dos pecadores e a felicidade dos crentes. As suas doutrinas são santas, os seus preceitos são obrigatórios, as suas histórias são verídicas, as suas decisões imutáveis.… Ele é o mapa do viajante, o cajado do peregrino, a bússola do piloto, a espada do soldado, a carta magna do cristão. Nele o paraíso é restaurado, os céus abertos e as portas do inferno desmascaradas. Cristo é seu único assunto; o nosso bem é o seu desígnio e a glória de Deus é o seu fim. Ele deve encher a memória, reinar no coração e guiar os pés.… É nos oferecido na vida presente, será o código de lei do Juízo Final e o único a permanecer na Biblioteca da eternidade.” 6 Os escritores da Bíblia não se contradizem mesmo que esteja separado pela cultura, pelo tempo, ou pelo idioma, o que torna os Sagrados Escritos uma unidade admirável. Portanto pode-se concluir que ela não teve vários autores, mas, um só: O Espírito Santo. Não se deve adorar o Livro, mas sim, o Jesus contido nele. Pois a Bíblia é a palavra de Deus e o ser humano deve lembrar que Deus pode ter outras palavras para outros mundos, mas, para este mundo a Palavra de Deus é Jesus.
. Pedro Apolinário, Hiistória do Texto Bíblico, p. 21. . Ibid. p. 4. 6 . Ibid. p. 41. Módulo 01-A –Int. à Bíblia 33 4 5
BIBLIOGRAFIA ALMEIDA, João Ferreira de. A Bíblia Sagrada
. 2ª. Edição.
São Paulo, SBB, Revista e Atualizada no Brasil, 1998. COMFORT, Philip Wesley. A Origem da Bíblia
. 1ª. Edição.
Rio de Janeiro, CPAD, 1998. FRANCISCO, Clyde T. Introdução ao Velho Testamento
. 4ª.
Edição. Rio de Janeiro, JUERP, 1990. GEISLER, Norman e NIX, Willian. Introdução Bíblica
: Como a
Bíblia chegou até nós? São Paulo, Vida, 1997. GRANDES IMPÉRIOS E CIVILIZAÇÕES. Volume 1. MAXWELL, A Grahan. Você Pode Confiar na Bíblia? 2ª. Edição. CPB, 1993 NOVO DICIONÁRIO AURÉLIO, 1ª. Edição. PEARLMAN, Myer. Através da Bíblia
: Livro por Livro. Edição
Revista, Flórida, Vida, 1997. REVISTA SUPER INTERESSANTE, Agosto de 1995. THOMPSON, Frank Charles. 7ª Impressão, São Paulo, Vida, 1996. VERBO, ENCICLOPÉDIA LUSO-BRASILEIRA DE CULTURA, Vol 2 e 13, Lisboa. VICENTINO, Claúdio. História Geral
. Edição Scipione. 8ª.
Laurousse do Brasil, 1978.
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Seminário Nacional de Teologia Livre
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"Vinde após mim e eu vos farei pescadores de homens" (Mat. 4:19)
Curso Básico de Missões SENATEL- Seminário Nacional de Teologia Livre
―Preparando Homens e Mulheres para a seara‖
ÍNDICE Lição 01: O Evangelho Lição 02: O Clamor do Mundo Lição 03 Jonas, o Missionário do Antigo Testamento Lição 04:Jesus, o Missionário por Excelência Lição 05: O Manual de Missões Lição 06: Atos, o Livro de Missões Lição 07: A Igreja de Jerusalém Lição 08: A Igreja de Antioquia Lição 09: Plantando Igrejas Locais Lição 10: Povos não Alcançados Lição 11: Quando vem a Perseguição Lição 12: O Sustento do Missionário Lição 13: Missões Transculturais no Século XXI
LIÇÃO 1 - O EVANGELHO INTRODUÇÃO Estamos iniciando um novo trimestre com mais um tema palpitante: evangelismo e missões. Por que evangelizar e fazer missões? O que significa evangelismo e missões para a Igreja neste novo milênio? Quais os recursos e estratégias para a execução dessa tão sublime tarefa? A resposta a essas e outras perguntas é o tema deste trimestre. Hoje, vamos estudar o significado do evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo. I. A PALAVRA “EVANGELHO” 1.Etimologia. A palavra ―evangelho‖ vem de duas palavras gregas eu, que quer dizer ―bom‖, e de angelia, que significa ―mensagem, notícia, novas‖. Assim, a palavra euuangelion quer dizer ―boas novas, notícias alvissareiras‖. Essa palavra aparece tanto no Antigo Testamento como na literatura extra-bíblica.No hebraico é bessorah (2 Sm 18.20,25,27; 2 Rs 7.9), que a Septuaginta traduziu por euuangelion. Originalmente significava ―pagamento pela transmissão de uma boa notícia‖. Com o tempo, passou a ganhar novo significado no mundo romano de fala grega, em virtude do culto ao imperador, pois a palavra euuangelion era usada para anunciar o nascimento deste ou a sua coroação. 2. Novo Testamento. Esse vocábulo, que é encontrado 76 vezes em todo o Novo Testamento, só aparece no singular; o verbo euuangelizo, ―evangelizar‖, 54; e euuangelistes, ―evangelista‖, três. O Senhor Jesus Cristo é o conteúdo do evangelho: sua vinda, seu ministério terreno, seu sofrimento, morte e ressurreição (Rm 1.1-7). É a mensagem de Cristo que salva o pecador (Jo 3.16; Rm 1.16). É o meio empregado por Deus para a salvação de todo aquele que crer (1 Co 15.2). Só através do evangelho é que o homem conhece a salvação na pessoa de Jesus. O evangelho de Cristo é a única resposta para este mundo que perece em conseqüência do pecado. 3. Os três estágios da palavra evangelho. a) No mundo grego, tinha o sentido de recompensa por trazer boas novas. b) No Antigo Testamento (Septuaginta), o vocábulo indica as próprias boas-novas. Aparece em termos proféticos com o mesmo sentido que encontramos no Novo Testamento: ―Quão suaves são sobre os montes os pés do que anuncia as boas-novas, que faz ouvir a paz, que anuncia o bem, que faz ouvir a salvação, que diz a Sião: O teu Deus reina!‖ (Is 52.7). Veja o seu cumprimento em Romanos 10.15. c) No Novo Testamento são as boas novas que falam do Reino de Deus, da salvação e do perdão dos pecados na pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo. É o evangelho da graça de Deus (At 20.24). II. OS QUATRO EVANGELHOS 1. É a mensagem de salvação. O evangelho é a mensagem transformadora do Calvário; não é meramente um livro. Se não é um livro, por que chamamos as quatro primeiras seções do Novo Testamento de ―evangelhos‖? Essa nomenclatura é externa, e surgiu a partir do séc. II, mas parece haver apoio interno para isso: ―Princípio do evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus‖ (Mc 1.1). O evangelista Marcos, depois dessa declaração, passa a narrar o ministério público de Jesus, que consiste no conteúdo do segundo livro
na ordem do Novo Testamento; assim o termo ―evangelho‖ ganhou novo estilo literário. 2. A natureza dos evangelhos. Mateus, Marcos, Lucas e João são a base do Novo Testamento; é impossível compreender a este sem os quatro evangelhos. a) Os evangelhos sinóticos. Os três primeiros evangelhos são chamados de sinóticos. Este nome vem de duas palavras gregas syn, que significa ―com‖, e opsis, ―ótica, vista‖. A palavra ―sinótico‖ quer dizer ―visão conjunta‖. Isto se aplica a Mateus, Marcos e Lucas porque eles são uma sinopse da vida de Cristo. Eles contêm muitas semelhanças entre si no conteúdo e na apresentação. b) O Evangelho de João. Enquanto os sinóticos registram o ministério incessante e intenso do Senhor Jesus, as parábolas, os milagres e todos os demais feitos do Mestre, João preocupou-se mais em descrever os discursos profundos e abstratos de Jesus, revelando a sua deidade absoluta. O propósito é mostrar que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e que a fé em seu nome dá a todo o que nEle crê a vida eterna: ―Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome‖ (Jo 20.31). III. A PROMESSA DE DEUS 1. O resumo do evangelho. O capítulo 1 da epístola aos Romanos é uma síntese do evangelho; é a mais bela de todas as introduções das epístolas paulinas. Em tão poucas palavras, diz tudo o que o homem precisa saber sobre Jesus. Alguém sugeriu que todos os crentes a decorassem para recitá-la diariamente como uma confissão de fé. Essas poucas palavras falam da origem divina e humana de Jesus, e descrevem o plano de Deus para a redenção da humanidade. 2. O plano de Deus. O evangelho não é algo surgido de improviso, pois Deus o havia prometido desde ―antes dos tempos dos séculos‖ (Tt 1.2). A Bíblia diz que Deus o prometeu ―pelos seus profetas nas Santas Escrituras‖ (Rm 1.2). O Messias foi sendo revelado de maneira sutil e progressiva. Cada profeta apresentou um perfil do Salvador, até que a revelação se consumou na sua vinda.Há inúmeras profecias messiânicas e alusões diretas e indiretas ao Messias, e destas, cerca de 20 passagens apontam Jesus como o filho e sucessor do rei Davi. Mateus inicia o seu evangelho associando o Messias aos dois maiores pilares do Antigo Testamento: Abraão e Davi (Mt 1.1). O apóstolo Paulo ressalta, aqui, a realeza do Filho do homem (v.4). IV. O EVANGELHO QUE SALVA 1. O caráter universal do evangelho. A Bíblia diz que todos os homens são pecadores e precisam reconciliar-se com Deus (Rm 3.23; 5.12). Não existe salvação sem Jesus (At 4.12). Ele mesmo disse: ―Ninguém vem ao Pai senão por mim‖ (Jo 14.6). No livro de Atos, encontramos o Espírito Santo impulsionando os cristãos no trabalho da pregação do evangelho. O alcance do evangelho, em tão pouco tempo, foi extraordinário. É o cumprimento da ordem de Jesus: ―Até os confins da terra‖ (At 1.8). 2. A evangelização. O evangelho é a mensagem de que o mundo tanto carece. Já faz dois mil anos que os cristãos vêm pregando esta mensagem, e ela continua sendo, a cada dia, sempre nova e eficaz. A evangelização, o discipulado e a intercessão são as três principais colunas do crescimento da Igreja. Cada igreja deve elaborar um projeto, com metas bem definidas, para alcançar os pecadores. O apóstolo Paulo diz que o evangelho salva, mas é preciso permanecer nele (1 Co 15.1,2). Evangelizar é tarefa de todos os crentes.
3. Influência do evangelho na legislação das nações. O evangelho de Cristo tem influenciado muitas nações. Haja vista a Inglaterra e os Estados Unidos. Herdeiros de grandes grandes avivamentos espirituais, ambos os países garantem, através de legislações inspiradas na Bíblia, o respeito aos direitos humanos, a preservação da qualidade de vida e a justa distribuição de renda. Infelizmente, o mesmo não acontece nos países que se fecharam às Boas Novas de Cristo. Oremos, pois, a fim de que o Brasil seja totalmente evangelizado, pois, feliz é a nação que se acha compromissada com o evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo. CONCLUSÃO O Senhor Jesus constituiu a Igreja como a única agência do Reino de Deus na terra encarregada de anunciar as boas novas de salvação. É necessário, pois, a mobilização de toda a Igreja para que essas metas sejam alcançadas. Cada crente dos dias apostólicos era um dedicado, fervoroso e próspero ganhador de almas (At 8.4). Jesus foi enviado ao mundo para salvar os pecadores (Mt 11.28-30), através da mensagem do evangelho (1 Tm 1.15). Deve ser a nossa a resolução do apóstolo Paulo: ―Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego‖ (Rm 1.16).
LIÇÃO 2 - O CLAMOR DO MUNDO INTRODUÇÃO O quadro social e espiritual da Galiléia pode servir como amostra da humanidade sem Cristo. Além da mensagem de salvação, Jesus trazia conforto aos sofredores, e lenitivo para a alma. Ele se compadecia das multidões, pois eram como ovelhas que não têm pastor (Mt 9.36). Hoje veremos que as necessidades humanas são as mesmas daquele tempo, e que a Igreja tem a solução para os problemas do nosso povo: Jesus! I. A GALILÉIA DOS GENTIOS 1. Galiléia. Do hebraico galil, que significa ―anel, círculo, região‖, pois era um círculo de cidades em volta do mar da Galiléia. A palavra aparece no Antigo Testamento (Js 20.7; 1 Rs 9.11; Is 9.1). O rei da Assíria cercou Samaria, e levou em cativeiro as 10 tribos do Norte, em 722 a. C. (2 Rs 17.6) e trouxe gentios para povoarem a região (2 Rs 17.24). Isso deu origem a uma população mista com minoria judaica. As descobertas arqueológicas revelam a presença de cultos pagãos em Samaria, Fenícia, Síria e nas grandes cidades da Galiléia. A região era habitada predominantemente por esses gentios de modo que era chamada de ―Galiléia dos Gentios‖. 2. Por que a Galiléia era menosprezada? A região da Baixa Galiléia, ou Galiléia Inferior, mencionada na maioria das narrativas dos evangelhos é uma área de terra fértil e bem regada por ribeiros. Exportava cereais e azeite de oliva. A atividade pesqueira representava também uma parcela considerável da economia da região. Era densamente povoada, porém menosprezada pelos judeus (Jo 1.46; 7.52). A Galiléia esteve sob o governo da Fenícia durante 50 anos. Some-se a isso a diversidade da população com seus cultos e costumes pagãos; resultado: o desprezo dos judeus. 3. O centro das atividades de Jesus. Embora o texto sagrado afirme que Jesus curava a todos os enfermos, endemoninhados, lunáticos, paralíticos provenientes da Galiléia, de Decápolis, de Jerusalém, da Judéia, da costa marítima, de Tiro e Sidom, e dalém do Jordão (v.25; Lc 6.17), ninguém pode negar que Ele haja operado mais sinais e maravilhas na Galiléia do que em qualquer outra região. Isso para que se cumprissem as profecias de Isaías (9.1,2) e porque a necessidade da Galiléia era maior. Cafarnaum, na Baixa Galiléia, é ainda hoje conhecida como a Cidade de Jesus (4.13; Mt 9.1). II. O SOFRIMENTO HUMANO 1. As necessidades do pobre. Os economistas costumam dizer que as necessidades humanas são ilimitadas, e os recursos disponíveis, escassos. Por isso, a escolha de prioridade na administração é muito importante em todas as esferas da vida: na igreja, no lar, na empresa, etc. Se a situação é essa, como ficam os que vivem em pobreza absoluta? A pobreza em Israel era grande naqueles dias. Se na Judéia, onde a população era mais elitizada, havia um número considerável de pessoas que viviam dos óbolos do Templo, o que não diremos da Galiléia? 2. As necessidades dos ricos. Estes também têm suas necessidades espirituais. Problemas de ordem familiar, social, profissional. As riquezas não preenchem o vazio da alma. Pesquisas apontam que o maior índice de suicídio está na faixa entre 21 e 35 anos, incluindo os universitários e
profissionais das classes mais abastadas. Suicídio é o resultado do fracasso espiritual. Ricos, pobres, intelectuais e ignorantes: todos clamam por paz de espírito e alegria na alma. Jesus é insubstituível; Ele veio para que o ser humano tenha vida com abundância (Jo 10.10). II. O ÚNICO SALVADOR 1. Cristo salva. Jesus é o único Salvador. A declaração de que não há salvação debaixo do céu, a não ser em Jesus (At 4.12), nulifica as religiões pagãs. Jesus já nasceu Salvador (Lc 2.11). Deus o constituiu Príncipe e Salvador para ―dar a Israel o arrependimento e remissão dos pecados‖ (At 5.31). O texto sagrado está dizendo que Deus, ao nomear o Senhor Jesus como Salvador, deu aos pecadores a oportunidade para o arrependimento. Se isso não acontecesse, não teríamos salvação. Esse exclusivismo ainda afronta o mundo pagão, e deixa em desconforto as religiões monoteístas, que não têm a Cristo como o Filho de Deus e o único Salvador do mundo. 2. Cristo liberta. Libertador e Salvador. São dois títulos aplicados a Cristo no Novo Testamento. A liberdade cristã oferecida por Jesus é diferente da liberdade apregoada hoje pela imprensa e pelos políticos. É o ato de libertar a nossa consciência da culpa do pecado. Essa promessa o Senhor Jesus a fez para todos os homens em todos os tempos (Jo 8.32-36). Disse o apóstolo Paulo: ―e nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor‖ (Cl 1.13 — Versão Almeida Atualizada). Devemos permanecer na liberdade com que Cristo nos libertou (Gl 5.1). III. CRISTO CURA 1. A origem da enfermidade. É verdade que a doença é uma das conseqüências, direta ou indireta, do pecado. Se não existisse pecado não existiriam enfermidades. Isso, porém, não serve para dar sustentação à teoria que afirma que a enfermidade significa estar o doente em pecado ou sem fé. Crer assim é afastar-se da verdade bíblica e brincar com a fé cristã. Há enfermidades que são conseqüências diretas do pecado (Jo 5.14). Mas o Novo Testamento fala também de homens piedosos que tiveram problemas de saúde (1Tm 5.23; 2 Tm 4.20). Não se pode generalizar neste particular. 2. O alcance do sacrifício de Jesus. Jesus pode dar saúde a todos os enfermos, mas nem sempre compreendemos o plano de Deus em relação a determinada pessoa. Não existe, nesse mundo, sofrimento maior do que a enfermidade nas suas inumeráveis manifestações. Mas a obra de Jesus é completa; a expiação no Calvário alcança também a cura do corpo físico (Is 53.4; 1 Pe 2.24). Jesus conferiu à sua Igreja o poder de curar enfermos e libertar os oprimidos do Diabo (Mt 10.8; Mc 16.15-20). É dever nosso usar a autoridade do nome de Jesus para diminuir o sofrimento humano. IV. A FELICIDADE HUMANA 1. A felicidade está em Jesus. O ministério de Jesus, aqui na terra, trouxe transformação para inúmeras vidas, mudou a Galiléia e alterou todo o curso da história da humanidade. Jesus tem e é a solução de todos os problemas (Mt 11.28-30). Ele, e somente Ele, pode dar sentido à vida. O mundo está em desespero. Infelizmente Satanás cegou de tal forma a humanidade, que muitos não conseguem reconhecer a Jesus como o seu Salvador e Libertador; vêem-no apenas como um concorrente de seus deuses (2 Co 4.4). 2. Nós ou os anjos? Hoje temos de combater o materialismo, o paganismo, a imoralidade, a corrupção. E, na autoridade do nome de Jesus, destruir todas as fortalezas do Diabo. As pessoas vítimas dessas coisas estão gemendo; clamam no vale da sombra
e morte. Mas para que a luz do evangelho resplandeça sobre elas, é necessário que você lhes fale de Jesus, e mostre-lhes que Ele é a solução. Esta incumbência é nossa! O Senhor Jesus delegou essa tarefa aos seus discípulos; ou seja: a cada um de nós (Mt 28.19,20) e não aos anjos (1 Pe 1.12). CONCLUSÃO Se cada um de nós fizer a sua parte, poderemos falar de Cristo a toda a humanidade e, assim, diminuir os seus sofrimentos. Pois a causa destes é de ordem espiritual (Lm 3.39). O Senhor Jesus equipou os seus discípulos e os enviou ao mundo a fim que mudassem a face do planeta. E eles o fizeram, porque cada um deles tinha a consciência de suas responsabilidades (At 8.4; 11.19,20).
LIÇÃO 3 - O MISSIONÁRIO DO ANTIGO TESTAMENTO INTRODUÇÃO O Cristianismo é a primeira religião proselitista e missionária da história, pois o evangelho não é uma mensagem alternativa, é única e exclusiva. Jesus afirmou que é uma questão de vida ou morte (Jo 17.3). No Antigo Testamento, missões era um projeto ainda não colocado em prática. O profeta Jonas, como missionário, era uma figura de Cristo. O Novo Testamento tornou explícito o que dantes estava implícito no Antigo. I. O CONTEXTO HISTÓRICO DE JONAS 1. O Reino de Israel. Após a morte de Salomão, o reino hebreu dividiu-se em dois: Israel, ou Reino do Norte, formado pelas 10 tribos encabeçadas por Efraim, tendo por capital inicialmente Gibeá, e, depois, no tempo de Onri, Samaria; Judá, formado por esta tribo e a de Benjamin, ou reino do Sul, cuja capital era Jerusalém, onde a dinastia de Davi continuou reinando por mais de 400 anos. 2. O profeta e sua terra. Jonas era filho de Amitai. Viveu no Reino do Norte e habitava em Gate Hefer (2 Rs 15.25) que, segundo Jerônimo, era uma aldeia dos arredores de Nazaré da Galiléia. O profeta viveu na época de Jeroboão II, quando o Reino de Israel achava-se sob pressão dos assírios. A Assíria é a região onde hoje localiza-se o norte do Iraque, e sua capital, na antigüidade, era Nínive. 3. Origem dos ninivitas. Cidade fundada por Ninrode, filho de Cam, neto de Noé (Gn 10.11,12), a Assíria é conhecida como o país de Ninrode (Mq 5.6). Os assírios são descendentes de Assur, ou Ashur, em hebraico, filho de Sem (Gn 10.22). A expressão ―saiu ele à Assíria‖ (Gn 10.11) é de difícil interpretação; no original hebraico não se sabe se Ashur, ou Assíria, são uma e mesma coisa. Se o primeiro caso puder ser confirmado, significa que Ninrode juntou-se a Ashur, e ambos fundaram Nínive, além de outras cidades da região. Isso explicaria o fato de um país semita ser chamado de terra de Ninrode, um camita. 4. Característica dos ninivitas. Eram um povo beligerante. Os gregos caracterizavam-se pela filosofia, os fenícios pela arte náutica, os hebreus pelo monoteísmo ético, mas os assírios pela crueldade. São indescritíveis as torturas que eles aplicavam aos seus prisioneiros. A arte bélica era a característica dos assírios. Isso explica a deserção de Jonas; o profeta desejava fossem os assírios destruídos em conseqüência de sua maldade (Jn 4.1,2). II. A MENSAGEM DE JONAS 1. A incumbência de Jonas. Depois que o grande peixe vomitou o profeta, Deus novamente o envia a Nínive, dizendo: ―prega contra ela a pregação que eu te disse‖ (v.2). Qual foi a pregação que Deus entregou a Jonas? ―Ainda quarenta dias, e Nínive será subvertida‖ (v.4). Não era uma mensagem de misericórdia, mas uma sentença de condenação. Era o anúncio do juízo de Deus sobre a cidade. 2. O Senhor Jesus. O Senhor Jesus apresentou suas credenciais de Messias: sinais e maravilhas nunca vistos desde a fundação do mundo, ensinos extraordinários que vêm impressionando a humanidade nesses 2.000 anos de Cristianismo, trazendo-nos uma mensagem de perdão e de amor. Não há razão para recusarmos o evangelho ou duvidar do Senhor Jesus. Ele tem o testemunho da lei e dos profetas (Rm 3.21). A Bíblia declara: ―A este dão testemunho todos os profetas, de que todos os que nele crêem receberão o perdão dos pecados pelo seu nome‖ (At 10.43). 3. O profeta Jonas. O profeta Jonas, ao contrário, não mostrou sinais nem maravilhas e a
sua mensagem não era de perdão; sequer convidou os ninivitas ao arrependimento. Todavia, o povo arrependeu-se a ponto de o rei proclamar um jejum para toda a cidade e até para os animais. E, assim, o povo alcançou misericórdia.Por isso Jesus disse que os ninivitas estariam presentes no juízo para condenar aquela geração incrédula que recusou o Filho de Deus: ―Os ninivitas ressurgirão no Juízo com esta geração e a condenarão, porque se arrependeram com a pregação de Jonas. E eis que está aqui quem é mais do que Jonas‖ (Mt 12.41). III. MISSÕES NAS RELIGIÕES ANTIGAS 1. Os pagãos. As religiões do antigo Oriente Médio eram tribais. Não há registro de que um adepto de Astarote, divindade dos sidônios; ou de Milcom, dos amonitas (1 Rs 11.5), ou ainda de qualquer outra divindade, haja levado sua mensagem para os adeptos de outros deuses, pois tais religiões eram algo mais de caráter cultural do que espiritual. Os pagãos entendiam que a cada povo bastava o seu deus. 2. O Judaísmo. Apesar de o Judaísmo não adorar a um Deus tribal, não é uma religião missionária, nem proselitista. Mas o Antigo Testamento, que os judeus acatam como a Palavra de Deus, assevera que toda a terra é do SENHOR (Êx 19.5; Sl 24.1). Por conseguinte, Deus tem o direito de reinar sobre todas as nações e de proclamar seus juízos e a sua salvação. Com exceção de Jonas, os profetas do Senhor sempre eram enviados ao seu próprio povo, e, em seus escritos, encontramos mensagens de advertências, ameaças e também de bênçãos para as nações vizinhas. 3. Os prosélitos no Novo Testamento. Eram gentios convertidos à fé judaica (At 2.10; 6.5; 13.43). Parece que havia empenho das autoridades judaicas do primeiro século no proselitismo (Mt 23.15). O prosélito submetia-se a três coisas: fazer a circuncisão, oferecer um sacrifício e submeter-se ao batismo. No batismo, o local não podia conter menos que 300 litros de água e todo o corpo devia ser tocado pela água. A pessoa tinha de rapar o cabelo, cortar as unhas e por-se desnuda. Ainda na água, lia uma parte da Lei, e fazia a confissão de fé, diante de três testemunhas — uma espécie de padrinhos. Em seguida, recebia as palavras de consolo e de bênção. Quando saía das águas batismais, já era membro da família de Israel. Era o batismo deles. Hoje os rabinos fazem sérias objeções aos gentios que desejam se converter ao Judaísmo. Eles se empenham, acima de tudo, em trazer de volta para o Judaísmo seus próprios irmãos: os judeus não religiosos. 4. Profecias cumpridas. Há no Antigo Testamento vislumbres missionários, de profecias que se cumpriram no Novo Testamento. A mensagem de Gn 12.3: ―Em ti serão benditas todas as famílias da terra‖ era a promessa de Deus para salvar os gentios (Gl 3.8). Isso está ainda mais claro no profeta Isaías: ―As ilhas aguardarão a sua doutrina‖ (42.4). Ou: ―E, no seu nome, os gentios esperarão‖, conforme a Septuaginta, citada em Mt 12.21. Isso também é visto em Os 1.10; 2.23, citado em Rm 9.25,26. O Cristianismo é a primeira religião missionária do mundo. IV. O CARÁTER UNIVERSAL DO CRISTIANISMO 1. Os gentios ontem e hoje. Os gentios, goiym em hebraico, são todas as nações que estão fora do povo de Israel. Até a vinda de Jesus, a humanidade estava dividida em dois povos: gentios e judeus, e o plano de Deus era a reunificação deles, derribando a parede de separação, o que Jesus realmente fez através de sua morte na cruz (Ef 2.13-18). Hoje deixa de ser gentio quem se converte ao Senhor Jesus (1 Co 12.2; Ef 2.11). Somos filhos de Abraão, no sentido espiritual (Rm 4.12-12; 9.8, 30-32; Gl 3.7). 2. Jonas, uma figura de Cristo. Ambos foram enviados aos gentios, eram galileus e por três dias e três noites ficaram nas profundezas; Jonas, no ventre do grande peixe; Jesus
no seio da terra (Mt 12.40). Tais semelhanças servem para mostrar que Jonas é a figura de Cristo no Antigo Testamento. Ali estava o prenúncio da salvação dos gentios. A redenção destes estava no plano de Deus antes da fundação mundo (Ap 13.8); não foi uma improvisação de última hora feita por Jesus. Os profetas falaram dessa salvação (1 Pe 1.10-12). CONCLUSÃO O Messias, objeto da expectativa dos profetas do Antigo Testamento, é o Cristo do Novo Testamento. O trabalho missionário, iniciado por Jonas, continuou com os apóstolos, cabendo-nos a tarefa de expandi-lo até aos confins da terra. Hoje somos frutos de missões e devemos fazer missões; há ainda milhões que estão perecendo sem o conhecimento do evangelho.
Lição 4 - JESUS, O Missionário Por Excelência INTRODUÇÃO O Senhor Jesus Cristo é divisor de águas de nossas vidas e da História Universal. Ele é o único cuja história afeta a vida humana. Ninguém pode ficar alheio à sua vida e obra. É o nosso modelo em tudo; a Bíblia diz que em tudo foi perfeito; é nEle que devemos nos inspirar. Ele é o missionário por excelência. I. O SENHOR JESUS CRISTO 1. Senhor. Fala da divindade absoluta de Jesus. A Septuaginta traduziu Adonay e Jeová pela palavra grega kyrios que é ―Senhor‖, nome divino. Dizer: ―César é Senhor‖ seria reconhecer a divindade do imperador romano. Era por isso que os cristãos primitivos recusavam-se a chamar a César de Senhor. O apóstolo Paulo disse: ―e ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor, senão pelo Espírito Santo‖ (1 Co 12.3). Se Cristo fosse um mero Senhor, haveria necessidade de o Espírito Santo o revelar? Claro que não (At 2.36). 2. Origem do nome Jesus. O nome Jesus vem do hebraico Yehoshua ou Yeshua — ―Josué‖, que significa ―Jeová‖ ou ―Iavé é salvação‖. Josué era chamado de Oshea ben Num ―Oséias filho de Num‖ (Nm 13.8; Dt 32.44). Moisés mudou seu nome para Yehoshua ben Num ―Josué filho de Num‖ (Nm 13.16). A Septuaginta transliterou o nome hebraico por Iesous — ―Jesus‖, em todas as passagens do Antigo Testamento, exceto 1 Cr 7.27, que aparece Iousue — ―Josué‖. 3. Cristo. É a forma grega do nome hebraico mashiach — Messias, que significa ―ungido‖ (Dn 9.25, 26). O Novo Testamento diz que Messias é o mesmo que Cristo (Jo 1.41; 4.25). Isso por si só reduz a cinzas todos os argumentos das seitas que propagam tais coisas. O nome Jesus Cristo quer dizer: Salvador Ungido. E a Palavra Senhor diz respeito à sua deidade absoluta. II. O ENVIADO DO PAI 1. Missionário. O conceito de ―missão‖ no contexto bíblico teológico é ―enviar‖ e vem da palavra grega apostolos. Esse vocábulo é usado no Novo Testamento para designar os doze apóstolos: ―e escolheu doze deles, a quem deu o nome de apóstolos‖ (Lc 6.13). É também usado para os enviados como embaixadores ou missionários da Igreja (2 Co 8.23; Fp 2.25). A Igreja Ortodoxa Grega desde o princípio usava o vocábulo apostolos para designar seus missionários. Já os nossos termos linguísticos ―missão‖ e ―missionário‖ vem do latim ―mitto‖, que quer dizer enviar, mandar. 2. O enviado de Deus. Jesus é chamado de apostolos no Novo Testamento grego: ―Considerai a Jesus Cristo, apóstolo e sumo sacerdote da nossa confissão‖ (Hb 3.1). Deus enviou o seu Filho ao mundo (v.17), o Filho enviou seus discípulos ao mundo (Jo 20.21), o Pai e o Filho enviaram o Espírito Santo para dar poder à Igreja em sua missão de buscar os perdidos da terra (Lc 24.49; At 1.8). A Bíblia diz que Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores (1Tm 1.15). Essa, portanto, foi a missão na terra do missionário por excelência. 3. Jesus é singular. Basta uma lida nos Evangelhos para deixar qualquer um perplexo. A perfeição e a singularidade que encontramos na vida e ministério de Jesus são algo nunca visto na história. Não procurava status e associava-se com os pecadores: publicanos e prostitutas (Mt 11.19; 21.31,32); embora santo, perfeito e impecável, foi submetido aos nossos sofrimentos e provações. Rompeu barreiras geográficas, culturais, étnicas e religiosas (Mc 7.24-27; Jo 4.9). Eis o modelo de missionário: Jesus é de todos e
para todos; é o único Salvador do mundo; é dever nosso levar o seu nome para as nações (Lc 24.47; At 1.8). III. O VERDADEIRO HOMEM E O VERDADEIRO DEUS 1. Deus entre os homens. Se apenas o prólogo do Evangelho de João (1.1-14) fosse a única passagem da Bíblia que fizesse menção da deidade absoluta de Jesus, teríamos mais que o suficiente para fundamentar a doutrina de sua divindade. No entanto, temos na Bíblia inúmeras passagens que falam de maneira explícita que Jesus é Deus (Rm 9.5; Fp 2.5;Tt 2.14; Hb 1.8; 2 Pe 1.1) e ao mesmo tempo homem (1 Tm 2.5; 1 Jo 4.3). Deus assumiu a forma humana para entrar no mundo; é o que a Bíblia chama de ―mistério da piedade‖ (1 Tm 3.16); pois ―o Verbo se fez carne e habitou entre nós e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade‖ (Jo 1.14). 2. Seu poder. Jesus revelou seu poder sobre o reino das trevas, sobre Satanás e o inferno (Mc 5.7-13); sobre as enfermidades e a morte (Mt 10.8), sobre o pecado e sobre a natureza (Jo 8.46; Mt 8.26, 27). Provou ser o verdadeiro Homem e o verdadeiro Deus. Nunca pronunciou palavras tais: ―talvez, eu acho que..., não sei mas vou pesquisar, isso é muito difícil e vou orar e perguntar ao Pai, suponho que‖, não! Mas sempre dizia: ―Na verdade, na verdade te digo‖ (Jo 3.3); ―Em verdade te digo‖ (Lc 23.43); ―O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar‖ (Mt 24.35). Não havia a palavra ―impossível‖ no seu dicionário. 3. O caráter divino de Jesus. Você nunca ouviu um muçulmano dizer: ―Maomé vive em mim‖, ou: ―ele habita em meu coração‖, ou ainda: ―tenho comunhão com Maomé‖. Da mesma forma os judeus com relação a Moisés, os budista com Buda, os confucionistas com Confúcio. Mas com Jesus é diferente. Nenhum dos chefes religiosos acima afirmou alguma vez ser o Deus verdadeiro, o Criador do céu e da terra, porém Jesus declarou sê-lo e realmente o é! (Jo 8.58; 10.30-33). Ele garantiu habitar nos corações de seus seguidores: ―Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada‖ (Jo 14.23). Podemos como salvos dizer ―Cristo vive mim‖ (Gl 2.20). CONCLUSÃO Não existe argumento convincente para não se crer em Jesus. Ele continua vivo em glória e majestade e tem todo o poder no céu e na terra. A grandeza do nome de Jesus pode ser vista na Bíblia, na história, nas artes, no nosso dia-a-dia e, principalmente, no testemunho pessoal de seus seguidores. Mesmo sob perseguições, o seu nome atravessou os séculos e, com a arma do amor, fundou o maior império da história – o único que não será destruído: o Reino de Deus, prometido pelo Senhor a Davi, e cumprido plenamente em Cristo Jesus Nosso Senhor.
LIÇÃO 5 - O MANUAL DE MISSÕES INTRODUÇÃO Todos os cristãos reconhecem a origem divina das Escrituras. Não é possível separar missão da Bíblia. Nesta encontramos o tema de missões: JESUS, e ―tudo o que diz respeito à vida e a piedade‖ (2 Pe 1.3). O estudo de hoje não é uma defesa à inspiração e à autoridade das Escrituras, porque todos os cristãos já reconhecem a origem divina da Bíblia, mas mostra que a obra missionária está presente em toda a Bíblia, desde o Gênesis ao Apocalipse. I. POR QUE A BÍBLIA É O MANUAL DE MISSÕES POR EXCELÊNCIA? 1. Porque ela evidencia os propósitos universais de Deus para a Redenção do homem. A Bíblia é a única obra literária do planeta que registra a nossa origem: o que somos, de onde viemos e para onde vamos. Deus quer que todos os seres humanos conheçam a verdade sobre Ele e de como Ele se revelou nas Santas Escrituras; e, também sobre a natureza humana. A vontade de Deus é que todos os homens se arrependam e venham ao conhecimento da verdade (1 Tm 2.4). Deus sempre se preocupou com o bem-estar do homem. Essa vontade só pode ser conhecida pela revelação e isso encontramos nos oráculos divinos, a Bíblia Sagrada. 2. Porque ela nos apresenta o fundamento, o norte, e as estratégias missionárias. É na Bíblia que encontramos os registros das primeiras missões. Além disso mostra como plantar igrejas locais, as estratégias de evangelização, as possíveis atividades de um missionário no campo, o papel da igreja missionária e os problemas enfrentados no campo missionário. Essas coisas nos inspiram e orientam como fazer missões. O registro das viagens missionárias na Bíblia serve também para mostrar o modus operandi, ou seja: como fazer. Deus nos manda fazer missões e além disso ordenou fosse registrada em sua Palavra as viagens missionárias, principalmente as do apóstolo Paulo, para que todos possam visualizar uma viagem missionária e todas as possível atividades de um obreiro no campo missionário. A Bíblia é o manual por excelência de missões porque é a revelação de Deus à humanidade. Além de ser a única fonte inspirada de teologia e ética, ela nos ensina como fazer missões. II. A VISÃO MISSIONÁRIA PRENUNCIADA NO ANTIGO TESTAMENTO 1. Exemplificada no comissionamento dos Patriarcas. A obra missionária está no coração de Deus. O patriarca Abraão foi chamado por Deus para deixar sua terra e partir para uma terra distante e desconhecida (At 7.2-4). Quando Deus apareceu a Abraão, em Harã, prometeu: ―Em ti serão benditas todas as famílias da terra‖ (Gn 12.3). Essa promessa foi confirmada depois a Isaque (Gn 26.4) também a Jacó (Gn 28.14). Isso significa que o próprio Deus pregou o evangelho primeiramente a Abraão prevendo sua extensão por toda a terra (Gl 3.8). Nisso podemos ver missões tanto no exemplo, no comissionamento de Abraão, como também de maneira direta: as famílias da terra sendo abençoadas no patriarca Abraão. 2. Cantada nos Salmos. Os salmos também vislumbravam a obra missionária em toda a terra: ―Anunciai entre as nações a sua glória; entre os povos, as suas maravilhas‖ (Sl 93.3). O salmo 67 é essencialmente missionário. A chegada do evangelho entre os etíopes é cumprimento de uma profecia bíblica cantada nos Salmos (Sl 68.31). Assim, a conversão do eunuco da rainha Candace, da Etiópia (At 8.27, 39), eram as primícias do Pentecostes representadas nas 17 nações que começavam a se espalhar entre as nações: Etiópia, casa de Cornélio, Antioquia da Síria e finalmente ―os confins da terra‖.
3. Conscientizada nos profetas. Estudamos na lição 3 a visão missionária nos discursos proféticos, sendo Jonas enviado para Nínive. Deus é apresentado nos profetas como Deus universal, de toda a terra, e não meramente um Deus tribal restrito aos filhos de Israel (Is 40.28). Encontramos tanto de maneira implícita como explícita a natureza missionária do Cristianismo em termos proféticos (Is 42.4; 49.6). Veja o cumprimento dessas profecias no Novo Testamento (Mt 12.21; At 13.47). III. A VISÃO MISSIONÁRIA CONFIRMADA NO NOVO TESTAMENTO 1. Os evangelhos – Jesus o maior exemplo. O Senhor Jesus está presente em cada livro da Bíblia, mas somente os quatro Evangelhos revelam sua vida e ministério e o reconhecem como o cumprimento das promessas de Deus. Estudamos na lição passada que Jesus é o enviado do Pai (Jo 3.16,17), sendo o maior exemplo para os missionários de todos os tempos. O objetivo da obra missionária é tornar o nome de Jesus conhecido em todas as nações da terra. De todos os 66 livros da Bíblia os evangelhos se destacam na revelação da pessoa de Jesus e de sua história: nascimento, vida, morte, ressurreição e ascensão ao céu. 2. As epístolas. Sabemos que a história da vida de Jesus está registrada nos quatro Evangelhos, mas a interpretação teológica está nas epístolas. Elas tratam dos mais variados assuntos fundamentais da fé cristã. No que tange à missiologia, servem também para estabelecer disciplinas e encorajar as igrejas às missões (Rm 10.13-15; Gl 2.9). O papel de Atos é decisivo em missões, por isso vamos estudá-lo à parte, na próxima lição. No Apocalipse encontramos o fim glorioso da jornada da Igreja (Ap 21.3,4). O Senhor Jesus é o centro das Escrituras e da mensagem dos missionários. Nenhum missionário pode fazer coisa alguma sem o Espírito Santo, sem o Senhor Jesus e sem a Bíblia. IV. A VISÃO MISSIONÁRIA ULTIMADA NA GRANDE COMISSÃO 1. A Grande Comissão. Registrada nos quatro Evangelhos e repetida em Atos (Mt 28.18-20, Mc 16.15-20; Lc 24.46-49; Jo 20.20-2; At 1.8). Essas diferentes narrações se completam entre si apresentando um resumo dos elementos básicos para missões. No Evangelho de João, lemos que Jesus veio pela autoridade do Pai, e na sua própria autoridade enviou seus discípulos ao mundo, e esse poder abrange todo o universo ―o céu e a terra‖, que na ação do Espírito Santo Jesus deu aos seus discípulos o poder sobrenatural para que a obra de Deus seja realizada (Mc 16.17, 18; At 1.8). 2. Uma ordem e não uma recomendação. Fazer missões é mandamento bíblico. Trata-se de uma ordem bíblica imperativa e não meramente um parecer ou uma recomendação. É algo que não depende mais de mandamento específico ou de receber uma visão especial da parte de Deus para iniciar a obra missionária. Essa ordem, como vimos, já está na Bíblia (1 Co 9.16). Essa mensagem de salvação é para ser pregada a ―todo o mundo‖ (Mc 16.15), até aos confins da terra, mediante a atuação do Espírito Santo (At 1.8). Essa incumbência foi dada à Igreja. O que é necessário é buscar a direção do Espírito para saber como realizar tal tarefa. CONCLUSÃO Missões está em toda a Bíblia. Visto que o propósito fundamental da Palavra de Deus é a redenção humana e missões se insere nesse contexto, é correto afirmar que está presente desde o Gênesis ao Apocalipse. Essa presença pode ser direta ou indireta, nas ilustrações, figuras, profecias. O livro de Atos se sobressai em missões, registra os grandes trabalhos missionários. Missões, contudo, está em toda a Bíblia. O livro do Senhor é o manual de missões.
LIÇÃO 6 - ATOS, O LIVRO DAS MISSÕES INTRODUÇÃO Dos 66 livros da Bíblia, Atos é o que mais se destaca na obra missionária, pois registra missões por todos os ângulos, mostrando todas as possíveis atividades de um missionário. O poder do Espírito Santo, a obra da evangelização e as viagens missionárias do apóstolo Paulo são o conteúdo de Atos. Essas viagens são o assunto que vamos estudar hoje. I. O LIVRO DE ATOS 1. O propósito de Atos. O propósito de Lucas, em seu Evangelho, foi escrever tudo o que Jesus ―começou não só a fazer, mas a ensinar‖ (v.1). No livro de Atos, o propósito foi registrar o que Jesus continuou a fazer e a ensinar, agora, pelo Espírito Santo, através dos apóstolos, dando ênfase a ressurreição de Jesus, que ―se apresentou vivo, com muitas e infalíveis provas‖ (v.3). 2. Visão geral de Atos. O livro de Atos começa com o aparecimento de Jesus já ressuscitado, reunindo-se com os seus discípulos durante 40 dias. Jesus, ao ascender ao céu reafirma a promessa do Espírito Santo, a fim de que os seus discípulos se encham do poder de Deus para pregar e fazer missões. A trajetória da Igreja começa em Jerusalém (1.1–6.7); em seguida, temos a extensão do Cristianismo na Palestina (6.8–9.31) e conversão de Saulo de Tarso até a introdução do evangelho em Antioquia da Síria (9.1– 11.19). Depois vem a campanha de Paulo na Galácia (13.14–16.6); a proclamação do evangelho na Europa (At 16.8–18.18); e a chegada de Paulo a Roma, a capital do Império Romano (19.21–28.31). 3. O valor de Atos. Sem o livro de Atos é impossível entender as epístolas paulinas. A origem da Igreja estaria envolta em mistério, e não teríamos a garantia do cumprimento das promessas de Jesus sobre a vinda do Consolador e nem saberíamos qual a experiência dos apóstolos com o Espírito Santo, como foi a obra missionária, como a Igreja se expandiu pelo mundo. Essas narrativas são de inestimável valor para todas as gerações de cristãos. II. A PRIMEIRA VIAGEM 1. Partindo de Antioquia. Barnabé foi o companheiro de Paulo na sua primeira viagem missionária, que durou cerca de dois anos (entre 46 e 48 d.C.) O objetivo deles era fundar igrejas. Começaram na ilha de Chipre; logo entraram no continente, passando por Perge e Panfília, indo imediatamente para Antioquia da Pisídia, na Galácia do Sul. 2. Antioquia da Pisídia. Nessa cidade Paulo e Barnabé começaram a pregar numa sinagoga (13.14). Uns creram e receberam a palavra, insistindo que Paulo retornasse no sábado seguinte para continuar o assunto. O número dos assistentes foi grande no sábado seguinte, e isso causou inveja nos judeus, resultando em perseguição. Paulo e Barnabé foram expulsos da cidade (13.42-46). 3. Listra, Icônio e Derbe. A cura de um coxo em Listra serviu como ponto de apoio para a pregação do evangelho (14.8-10). Depois disso Paulo e Barnabé foram para Derbe (14.20), e retornaram para o ponto de partida, visitando as igrejas em Listra, Icônio e Antioquia da Pisídia (14.22) e estabelecendo obreiros nativos, frutos do trabalho missionário. III. A SEGUNDA VIAGEM
1. Objetivo da segunda viagem. Na Segunda viagem, Silas foi companheiro de Paulo. O objetivo era duplo, revisitar as igrejas da Galácia do Sul, que Paulo fundara juntamente com Barnabé na primeira viagem (15.36; 16.1-6; Gl 1.2), e abrir novas frentes de trabalho, ou seja, fundar mais igrejas locais (v.6). O apóstolo não pretendia ir para a Europa; sua intenção era ir para Ásia: ―foram impedidos pelo Espírito Santo de anunciar a Palavra na Ásia‖ (16.6). Depois Paulo intentou ir para a Bitínia, mas novamente foi impedido (16.7), sendo em seguida impulsionado a rumar para Trôas. 2. As igrejas européias. O apóstolo Paulo visitou muitas cidades européias do mundo grego, durante a sua segunda viagem. Aqui mencionamos apenas as cidades em que ele fundou igrejas. Em Filipos, começou a igreja na casa de Lídia (16.14,15,40); em Tessalônica, começou pregando numa sinagoga (17.1,2) e da mesma forma em Beréia (17.10-12). Em Atenas o trabalho começou numa sinagoga, e depois continuou nas praças e no centro acadêmico da cidade, o areópago (17.17-19). Em Corinto teve início na sinagoga, como sempre, depois teve de sair dela, e foi para a casa de Tito Justo, recebendo apoio de Crispo, principal da sinagoga, que creu no Senhor Jesus (18.4-8). Essa viagem durou cerca de três anos (entre 49 e 52 d.C.). IV. TERCEIRA E QUARTA VIAGENS 1. A igreja de Éfeso. Seu propósito era visitar as igrejas para confirmar e fortalecer os discípulos (At 18.22,23). Fez o mesmo caminho da segunda viagem: Galácia do Sul, região frígio-gálata, chegando a Éfeso, onde havia estado no fim de sua segunda viagem, ainda que tenha permanecido não mais que três dias na cidade (18.19-21). Na terceira viagem encontrou um grupo de 12 novos convertidos, que conheciam apenas o batismo de João (19.1-7). Por essa cidade havia passado Apolo (18.24) que fora instruído por Áqüila (18.26). Nessa oportunidade, o apóstolo ficou três anos na cidade (20.31). A viagem durou cerca de quatro anos (entre 53 e 57 d.C.). 2. A cidade de Éfeso. Capital da província romana da Ásia, era a cidade mais importante da região e cruzamento de rotas comerciais. Nela estava o templo da deusa Diana (19.35), chamada pelos romanos de Ártemis, uma das sete maravilhas do mundo antigo. Atualmente a cidade está em ruínas, e encontra-se localizada na região da Anatólia, Turquia. 3. A viagem para Roma. Paulo partiu de Cesaréia Marítima como prisioneiro, pois havia apelado para César (At 25.11; 26.32). Foi uma viagem muito conturbada, por causa do mau tempo, e o apóstolo não perdeu a oportunidade: evangelizou os demais presos e a tripulação do navio que, em Malta, naufragou. Apesar dos danos materiais, ninguém pereceu. Nessa ilha, o apóstolo fundou uma igreja. Depois embarcou para Roma, onde chegaria em 62 d.C. A viagem está registrada em Atos 27 e 28. 4. Paulo em Roma. Enquanto aguardava a audiência com Nero, o apóstolo atendia os irmãos em casa alugada (At 28.30). A história de Paulo não termina aqui. O que se sabe, além da interrupção que Lucas faz de sua narrativa, são alguns detalhes que o apóstolo dá em suas cartas ou então por intermédio dos escritos dos Pais da Igreja. Seu caso foi examinado e ele foi absolvido. Nessa ocasião, se diz que ele cumpriu seu desejo de pregar na Espanha (Rm 15.28). Nas redondezas de Roma, fez um grande trabalho. V. MISSÕES MUNDIAIS 1. O campo missionário é o mundo. Jesus disse: ―o campo é o mundo‖ (Mt 13.38). Ele não disse que o campo é Jerusalém, nem a Judéia, nem Roma, nem minha cidade e a tua. Infelizmente há ainda os que pensam que o ―campo‖ é a sua cidade e por isso mostramse não somente apáticos às missões, mas também posicionam-se contra elas. Outros não são contra, mas não se esforçam, são acomodados. É dever de cada crente incentivar
missões, orar pelos missionários e pelos que estão sendo enviados e contribuir financeiramente para o sustento dos missionários. 2. ―Tanto em Jerusalém como em toda a Judéia‖ (v.8). Jesus não disse para primeiro pregar em Jerusalém, depois na Judéia, depois em Samaria e só então ser testemunha até ―os confins da terra‖, mas mandou pregar ―tanto em Jerusalém como em toda Judéia, Samaria e até os confins da terra‖. Isso fala de simultaneidade, do contrário o evangelho estaria ainda em Israel, confinado entre os judeus, pois Jesus mesmo disse: ―porque em verdade vos digo que não acabareis de percorrer as cidades de Israel sem que venha o Filho do Homem‖ (Mt 10.23). CONCLUSÃO Como resultado das viagens de Paulo, surgiram igrejas na Ásia e Europa, e com elas apareceram as epístolas, que ocupam um terço do Novo Testamento, e o Cristianismo se tornou universal. Em Atos, portanto, estão registradas as viagens missionárias mais importantes da história do Cristianismo. É a receita de missões e de todas as atividades de um missionário. Por essas razões, de todos os livros da Bíblia, Atos é o livro de missões.
LIÇÃO 7 - A IGREJA DE JERUSALÉM INTRODUÇÃO Os textos de Atos 2.42-47; 4.32-53 juntos se completam e mostram o começo da igreja de Jerusalém. Era uma igreja que se caracterizava pela comunhão, sinais sobrenaturais, solidariedade de seus membros, testemunho da ressurreição de Cristo, e pelo poder atuante do Espírito Santo na vida dos discípulos. Tais características são indispensáveis na vida da Igreja em todas as eras e em todos os lugares. I. A RESSURREIÇÃO DE JESUS 1. Uma das colunas do Cristianismo (4.33). Os fundadores das grandes religiões nãocristãs, Buda, Confúcio, Zoroastro, Maomé e outros morreram e estão sepultados até hoje, entretanto Jesus está vivo! ―Ele não está aqui, porque já ressuscitou, como tinha dito. Vinde e vede o lugar onde o Senhor jazia‖ (Mt 28.6). Uma das grandezas do Cristianismo é que o seu fundador venceu a morte e continua vivo. Não somente está vivo, mas tem todo o poder no céu e na terra (Mt 28.18), e esse poder está presente na Igreja: ―E os apóstolos davam, com grande poder, testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça‖ (4.33). A ressurreição de Cristo é a viga mestra do Cristianismo. 2. Jesus ressuscitou para a nossa justificação. A ressurreição de Jesus foi corporal (Jo 2.20-22; At 2.25-32). O apóstolo Paulo afirma que isso aconteceu para que pudéssemos ser justificados diante de Deus (Rm. 4.25). ―Se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados‖ (1 Co 15.17). Com isso afirma o apóstolo que o Cristianismo não teria sentido se Jesus não tivesse ressuscitado; não passaria de uma religião comum como as demais, cujos fundadores morreram e não puderam ressuscitar; foram vencidos pela morte. Essa ressurreição é mais que meramente tornar a viver; é a glorificação de Jesus (Jo 7.39; Rm 1.4). 3. ―Muitos sinais se faziam entre os apóstolos‖ (2.43). O milagre da ressurreição foi tão extraordinário, que para os gregos era loucura (At 17.32). A cura do coxo na porta do templo de Jerusalém era a prova infalível da ressurreição e do poder de Jesus (At 3.13-16). Isso porque a morte de Jesus foi testemunhada por muitos em Jerusalém. Toda a cidade tinha conhecimento desse acontecimento; a notícia havia se espalhado por toda a parte. Pedro fez questão de sublinhar que a cura extraordinária do coxo era obra do Cristo ressuscitado. II. UMA IGREJA SOLIDÁRIA 1. A generosidade dos irmãos (2.45). A solidariedade era algo generalizado na igreja de Jerusalém e não meramente uma característica de Barnabé. Isso era conseqüência da nova vida em Cristo. Muitos deles vendiam suas propriedades levando o dinheiro aos apóstolos. É bom sempre lembrar que essas doações eram voluntárias e a repercussão foi muito grande, pois naquela época havia muita pobreza na Cidade Santa. O trabalho social é também uma forma de evangelizar. Aliás, é essa a linguagem que o mundo entende (1 Jo 3.17). 2. Avaliando essa atitude. Há expositores que criticam a atitude desses irmãos. Consideram-na como precipitação pueril e equivocada, motivada pela expectativa da vinda iminente de Cristo, dando assim origem a uma pobreza que, depois, foi necessário o apóstolo Paulo angariar fundos nas igrejas gentias para remediar tal situação. O relato de Atos não nos dá a entender nenhuma interpretação dessa natureza. A pobreza deles não foi proveniente disso, mas das circunstâncias daqueles tempos. Essas doações foram
necessárias para a sobrevivência da igreja de Jerusalém, pois estava começando e a pobreza do povo era extrema. Com esses recursos a igreja era suprida e assim era possível assistir ao pobre que se convertia a Jesus (At 6.1). III. UMA IGREJA CARACTERIZADA PELA COMUNHÃO 1. Comunhão. Ter tudo em comum e partilhar da mesma crença é comunhão. A palavra grega koinonia, ―comunhão‖, significa compartilhar ou participar mutuamente de algum evento comum ou acordo. No Antigo Testamento a idéia de comunhão diz respeito ao relacionamento do homem com o seu próximo (Sl 133.1) e nunca do homem com Deus. Mesmo o fato de Abraão ser chamado ―amigo de Deus‖ (Tg 2.23) e Moisés ter falado com Deus face a face (Dt 34.10), não significa que hajam eles provado a mesma comunhão com Deus, como os crentes da nova aliança (Jo 15.14). A comunhão no Cristianismo envolve tanto o relacionamento entre os irmãos como também com o Pai, com o Filho (1 Jo 1.3) e com o Espírito Santo (2 Co 13.13). 2. A comunhão na igreja de Jerusalém (2.44; 4.32). A igreja de Jerusalém, logo nos seus primeiros dias, deu ao mundo uma lição de koinonia. O que o texto sagrado diz é que não se trata apenas de compartilhar algo, mas também de unidade. ―Coração‖ diz respeito ao centro da vida. ―Alma‖ é a sede das emoções, fala dos mesmos afetos e sentimentos (Fp 2.2,3). Todos os crentes tinham o mesmo propósito, a mesma esperança, servindo o mesmo Senhor. IV. O SOBRENATURAL NA IGREJA 1. Igreja sem o sobrenatural está morta. A Igreja do primeiro século era pentecostal. Ainda hoje a doutrina entecostal dá muita ênfase às experiências pessoais do cristão com o Senhor Jesus. Uma das características da dispensação da graça é o fato de Deus se comunicar com cada crente individualmente, com pessoas de todos os sexos e de todas as idades por meio de sonhos, visões, profecias e até pelas pequenas coisas naturais do dia-a-dia (At 2.17,18). Esses privilégios eram restritos aos profetas ou a alguém escolhido por Deus para uma obra específica nos tempos do Antigo Testamento (Nm 12.6), mas agora é privilégio de todos os crentes. 2. Jesus deu poder à sua Igreja. Os sinais que Jesus prometeu (Mc 16.16-20) acompanharam a Igreja, e o livro de Atos é um registro histórico dessas promessas de Jesus. O ministério de Jesus foi acompanhado do sobrenatural. Ele deu poder aos seus discípulos para a realização de milagres, poder sobre o poder das trevas: ―Eis que vos dou poder para pisar serpentes, e escorpiões, e toda a força do Inimigo, e nada vos fará dano algum‖ (Lc 10.19); e poder sobre as enfermidades: ―Curai os enfermos, limpai leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça daí‖ (Mt 10.8); é por isso que ―muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos‖ (2.43). 3. Os sinais sobrenaturais hoje. Os milagres atraem as pessoas e muitas vezes levamnas à fé cristã. Os sinais que se seguiram (Mc 16.20) estão presentes nos dias atuais. O Senhor Jesus dotou a sua Igreja dos dons espirituais para que tenha poder de levar o evangelho a todo o mundo. Nós somos a continuação daqueles irmãos; os sinais devem continuar na vida da igreja da atualidade. CONCLUSÃO Testemunhar com ousadia a ressurreição de Jesus, promover a comunhão e a solidariedade entre os irmãos, buscar o sobrenatural do Espírito Santo para que o povo conheça o poder de Deus são características da verdadeira Igreja cristã. Cristianismo sem o sobrenatural do Espírito Santo é mera filosofia. Os recursos espirituais servem para
mostrarmos ao pecador que Jesus é o único Salvador do mundo. Eis aí o retrato de uma igreja que revolucionou o planeta, sendo pioneira na evangelização do mundo, cujo exemplo devemos seguir.
LIÇÃO 8 - A IGREJA DE ANTIOQUIA INTRODUÇÃO Em Antioquia da Síria estava a primeira igreja gentia e a maior igreja missionária depois de Jerusalém. Além dessas duas características, gentia e missionária, Antioquia também teve o privilégio de ter o apóstolo Paulo como seu pastor (v.26), tornando-se a base missionária deste apóstolo.Vejamos como esta etapa tão importante da evangelização mundial começou a se cumprir de acordo com o plano-mestre estabelecido por Nosso Senhor. I. A IGREJA EM TERRITÓRIO GENTIO 1. Fugindo das perseguições. As perseguições iniciadas em Jerusalém, depois do martírio de Estêvão, tornaram insuportável a situação dos cristãos naquela cidade. Muitos foram dispersos, não só pela Judéia e Samaria, mas para além da terra de Israel, indo para a Fenícia, Chipre, Antioquia da Síria e Cirene (v.19; 8.1-4). De todas essas regiões, Antioquia sobressaiu-se, tornando-se no mais importante centro missionário do primeiro século. Durante os primeiros séculos do Cristianismo ela esteve entre os cinco maiores centros cristãos da história: Antioquia, Jerusalém, Alexandria, Constantinopla e Roma. 2. A cidade de Antioquia da Síria. Distava 500 quilômetros de Jerusalém e gozava de posição estratégica favorável para missões. Localizava-se na divisa entre os dois mundos culturais da época – o grego e o semita. Não deve ser confundida com a Antioquia da Pisídia (At 13.14). Era a terceira cidade do Império Romano, vindo depois de Roma e Alexandria. Passou a ser a capital da província romana da Síria, em 64 a.C., quando Pompeu a conquistou. 3. O caráter universal do evangelho. Era cidade de população mista e boa parte desta era de judeus. Josefo afirma que muitos judeus emigraram para a região nos dias dos selêucidas e outros fugiram para lá durante as guerras dos Macabeus. Isso talvez justifique a forte presença judaica, em Antioquia, nesse período da história da Igreja. A chegada do evangelho à cidade representou muito cedo o caráter universal da mensagem cristã. A partir daí o Cristianismo saiu dos círculos judaicos para ser pregado a todos os povos, conforme determinação do Senhor Jesus (Mt 28.19,20; Mc 16.15). II. OS FUNDADORES DA IGREJA DE ANTIOQUIA 1. Começou no anonimato. Os fundadores da igreja de Antioquia eram de Chipre e de Cirene: ―Os quais, entrando em Antioquia, falaram aos gregos, anunciando o Senhor Jesus‖ (v.20). Até então o evangelho era pregado só aos judeus (v.19). Talvez a experiência de Pedro na casa de Cornélio tivesse chegado ao conhecimento deles, e começaram a pregar também aos gentios (v.20). O resultado foi extraordinário! Esses gregos creram no Senhor Jesus e o número deles crescia a cada dia (v.21). Nascia a igreja dos gentios. A ordem profética ―até aos confins da terra‖, de Jesus, caminhava rapidamente para o seu cumprimento (At 1.8). 2. Barnabé e Lúcio. As notícias foram recebidas com alegria pela igreja de Jerusalém. Curioso é que Barnabé era de Chipre (At 4.36) e Lúcio, um dos doutores da igreja de Antioquia, era de Cirene (At 13.1). Será que a iniciativa de se pregar aos gentios partiu deles? Quem seriam pois esses missionários? Muitos de nossos pioneiros ficaram no anonimato. Há grandes trabalhos que foram iniciados por pessoas anônimas, mas Deus conhece cada uma delas. Tais pessoas terão o seu galardão, e serão conhecidas e
reconhecidas por toda a eternidade. III. ESTRUTURANDO UMA IGREJA EM CRESCIMENTO 1. Enviado para ensinar. Barnabé foi enviado pela igreja de Jerusalém para ensinar aos
gentios de Antioquia (v.26). Entendeu muito cedo o caráter universal do evangelho de Jesus. Ele e Saulo foram os primeiros pastores de Antioquia, e no exercício de seu ministério ultrapassaram as barreiras culturais. O Cristianismo é transcultural; a igreja de Jerusalém enviou o homem certo para Antioquia. Por ser cipriota, talvez tivesse mais jeito de lidar com os gentios (v.22). Esse é um exemplo de missionário enviado para ensinar numa igreja já constituída. 2. O convite feito a Saulo. Barnabé foi o primeiro que entendeu a nova realidade. Vendo que os costumes dos gentios eram muito diferentes das tradições judaicas e que aqueles irmãos estavam alegres e eram fervorosos no espírito, mas provenientes de outra cultura, lembrou-se de Saulo, pois sabia que o Senhor Jesus o havia chamado para pregar e ensinar aos gentios. Saulo era de Tarso, grande centro cultural da época, e conhecia a cultura grega. Ninguém melhor do que Saulo para ensinar a esses novos crentes de costumes estranhos. Barnabé não hesitou em buscá-lo em Tarso para essa nobre tarefa (v.25). Antioquia conquistou essa importância na história do Cristianismo graças a estrutura bem organizada por Barnabé e Saulo. IV. O QUE SIGNIFICA O NOME “CRISTÃO”? 1. O nome ―cristão‖. A palavra ―cristão‖ ocorre somente três vezes no Novo Testamento (11.26; 26.28; 1 Pe 4.6). Originalmente designava um servo e seguidor de Cristo. Hoje tornou-se um termo geral, destituído do seu significado primitivo. A nós, este termo deve sugerir o nome do nosso Redentor (Rm 3.24), a idéia do profundo relacionamento do crente com Cristo (Rm 8.38,39), o pensamento de que o recebemos como nosso Senhor (Rm 5.1), e a causa da nossa salvação (Hb 5.9). (Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD) CONCLUSÃO O texto de Atos 11.19-26 relata, ainda que de maneira resumida, um dos maiores acontecimentos da história da Igreja. Vemos aqui, em síntese, os passos para a universalização do evangelho: Filipe prega em Samaria (At 8.5). Como os samaritanos eram meio judeus, não foi aí que nasceu a igreja dos gentios. Depois Pedro prega na casa de Cornélio, que era gentio, mas como estava afeito à cultura judaica (At 10.1,2) também não há notícias de uma igreja gentia proveniente de sua casa. Finalmente, temos em Antioquia o princípio da sustentação missionária ao mundo gentílico. Sua igreja pode ser considerada uma base missionária? Há muitos Barnabés e Saulos esperando para serem comissionados até aos confins da terra.
LIÇÃO 9 - PLANTANDO IGREJAS LOCAIS INTRODUÇÃO O mesmo princípio usado para se iniciar congregações em nossos bairros, ou cidades vizinhas, serve para se plantar igrejas locais no campo missionário. Hoje vamos estudar as estratégias usadas pelo apóstolo Paulo. I. AS SINAGOGAS COMO PLATAFORMA 1. Nas sinagogas. Em todas as grandes cidades, Paulo procurava logo uma sinagoga. Como judeu e mestre da Lei, tinha acesso à palavra, e não perdia a oportunidade de falar de Jesus. Quando não lhe era permitido pregar aos judeus, dirigia-se aos gentios. Ele usou essa estratégia em Chipre (13.5), Antioquia da Pisídia (13.14), Icônio (14.1), Tessalônica (17.1,2), Beréia (17.10-12), Atenas (17.17), Corinto (18.4) e Éfeso (18.19). As sinagogas dessas cidades serviram de base para igrejas locais. Foi assim que o apóstolo plantou igrejas em todos esses locais. Hoje não encontramos no campo missionário tantas sinagogas, como naqueles dias, e nem temos tantos rabinos convertidos à fé cristã. Mas o princípio continua válido. 2. No plano cultural. Todas as pessoas pertencem a um povo e a uma cultura, para a qual o missionário pode ser enviado para evangelizar, plantar igrejas locais, ensinar e realizar outras atividades missionárias. Quando se trata de alguém que está fora de sua cidade natal ou de seu país ou de seu convívio social e converte-se à fé cristã, geralmente sente a necessidade de falar de Jesus para os seus, e contar quão grandes coisas o Senhor lhe fez e como teve misericórdia de si (Mc 5.19). 3. No plano religioso. Consideremos alguém muito fervoroso em sua religião. Tendo-se Paulo convertido a Cristo, torna-se a maior autoridade para evangelizar sua antiga comunidade de fé. Esse é um excelente terreno para se disseminar as boas novas de salvação. Através desse processo, as pessoas se convertem e vêm para a igreja, fazendo surgir novas congregações. Esse método pode ser usado hoje para se plantar igrejas locais. 4. Exemplo prático da atualidade. Há casos de irmãos que voltam para o seu país ou para a sua cidade de origem a fim de falar do amor de Deus. Muitos de nossos nisseis e sanseis foram para o Japão como dekasseguis (trabalhadores estrangeiros) e não como missionários. Entretanto, fundaram inúmeras igrejas locais. Hoje são pastores de um trabalho que cresce e prospera. Se o Senhor Jesus não vier nos próximos 15 anos, nossa geração verá como os filhos desses imigrantes integrar-se-ão à sociedade e à cultura nipônicas, facilitando a evangelização do Oriente: ―Desde o nascente do sol até ao poente, será grande entre as nações o meu nome ... diz o SENHOR dos Exércitos‖ (Ml 1.11). II. AS CAMPANHAS OU CRUZADAS EVANGELÍSTICAS 1. Campanha de Chipre. A primeira viagem missionária do apóstolo Paulo durou cerca de dois anos, 48 e 49 d.C. O verbo grego dierchomai, ―atravessar‖, usado nesta expressão: ―atravessado a ilha até Pafos‖ (13.6), dá a idéia de campanha evangelística. O Dr. Sir William Ramsay, arqueólogo que investigou o livro de Atos, constata que Lucas não cometeu nenhum erro ao mencionar os 32 países, as 54 cidades e as 9 ilhas em Atos. Ele diz que o referido verbo significa ―uma turnê evangelística em toda a ilha‖. 2. Em Listra e Derbe. O texto sagrado diz: ―Ali pregavam o evangelho‖ (14.7). O contexto mostra que Paulo e Barnabé fizeram uma cruzada evangelística entre os gentios. Constata-se isso em decorrência do movimento provocado pelos moradores da região em virtude da cura do coxo de nascença, e por haverem confundido Paulo e Barnabé com divindades romanas, Mercúrio e Júpiter (14.8-14).
3. As campanhas da atualidade. Há os que criticam as campanhas ou cruzadas evangelísticas. Esse método de evangelização é usado em muitas partes do mundo com resultados extraordinários. Via de regra, os evangelistas usam ginásios de esportes, estádios de futebol, locais de grandes concentrações com resultados extraordinários. Os resultados, entretanto, podem ser desastrosos para a igreja promotora do evento, quando o pregador não preenche os requisitos espirituais exigidos pela Bíblia ou quando não há organização adequada. O problema não está nessas campanhas em si, pois o modelo é bíblico; pode estar no propósito e no método utilizados. III. AS DIVERSAS ESTRATÉGIAS 1. Nas casas. Paulo fundou igrejas não somente usando as sinagogas e através de campanhas evangelísticas. Ele usou muitas outras estratégias. Em Corinto, começou por uma sinagoga (18.4), em seguida encontrou abrigo na casa de Tito Justo, e depois teve o apoio de Crispo, líder da sinagoga, que logo se converteu (18.7,8). Da mesma forma, fundou a igreja de Filipos, na casa de uma empresária de nome Lídia (At 16.14,15), e em Éfeso, começando por uma sinagoga (18.19), continuou nas casas (20.20). Até hoje, a maioria das igrejas nasce nas casas dos crentes. Essa estratégia continua a ser usada em nossos dias. 2. Nas praças. A pregação nas ruas e praças tem dado origem a muitas igrejas locais. Há muitas localidades onde esse trabalho não é permitido; em outros lugares não dá resultado. O apóstolo Paulo usou essa estratégia em Atenas (At 17.17). Esse método foi, no princípio, usado por nossos pioneiros Daniel Berg e Gunnar Vingren. Em muitos lugares, continua surtindo resultados. O modelo é bíblico; cabe a cada um ter o necessário discernimento para aplicá-lo na hora e na localidade adequadas. As praças de sua cidade podem ser uma terra fértil para semear a semente. 3. Nos centros acadêmicos. A igreja de Atenas nasceu de um trabalho do apóstolo Paulo entre os acadêmicos (At 17. 19, 22, 34). O Senhor Jesus tem muitas testemunhas entre os universitários, professores e eruditos de todo o mundo. Muitos destes organizam trabalhos programados para alcançar os seus pares para Jesus. Muitos conseguem espaço físico na própria instituição de ensino para reuniões, além de cultos em ação de graças em eventos como formaturas. É um trabalho promissor, e tem suas bases na Bíblia. 4. Os grandes centros urbanos. O apóstolo procurava os grandes centros urbanos fundando neles igrejas. Ele passou por inúmeras cidades em suas viagens, mas sua meta era alcançar as de maior porte. Depois, as igrejas das grandes cidades encarregam-se de evangelizar as cidades menores vizinhas. Éfeso era o centro das sete igrejas da Ásia; Paulo, portanto, foi o fundador delas através da cidade de Éfeso. CONCLUSÃO Vimos que o apóstolo Paulo se utilizou de inúmeros meios para alcançar as pessoas para Cristo e com elas surgiram as igrejas. Campanhas evangelísticas, evangelismo de casa em casa, centros acadêmicos, ruas e praças e em outros locais são estratégias usadas para qualquer época da história. Os recursos eletrônicos são bastante úteis na evangelização. Podemos resumir tudo isso nas palavras do próprio apóstolo: ―Fiz-me tudo para todos, para, por todos os meios chegar a salvar alguns‖ (1 Co 9.22). Esses são os exemplos que devemos seguir para plantar igrejas, tanto em nosso país como no campo missionário.
LIÇÃO 10 - POVOS NÃO ALCANÇADOS INTRODUÇÃO Quando Jesus ordenou que se levasse o evangelho a todas as nações, referia-se também aos grupos étnicos. A palavra grega para ―nações‖ ou ―mundo‖, usada nesse contexto missiológico, (Mt 24.14; 28.19, Lc 24.47) é ethnos, de onde vem a palavra ―etnia‖. A ordem não diz respeito meramente a países, mas aos diferentes grupos étnicos, que se acham nos países politicamente organizados, e estes estão em torno de 1.739. I. JANELA 10/40 1. O que é a Janela 10 por 40? É a região onde habita 66% da população mundial, e ocupa 33% da área total do planeta, compreendendo 62 países. Os dois maiores países do mundo, em número de habitantes, encontram-se nessa área: China e Índia. Os dois juntos representam cerca de 33% da população da terra. Esta região estende-se desde o oeste da África até ao leste da Ásia, e é comparada a uma janela retangular, estando entre 10 e 40 graus ao norte da linha do equador. Todas as terras bíblicas encontram-se nessa janela. O apóstolo Paulo ultrapassou esses limites nas suas viagens missionárias (Rm 15.19). 2. Características. É a área do mundo onde vive o maior número de povos não alcançados, predominando os seguidores do Islamismo, do Hinduísmo e do Budismo. O Islamismo está atingindo 1 bilhão de adeptos, o Hinduísmo, mais de 700 milhões. A Janela 10/40 é conhecida como o Cinturão de Resistência; nela se encontram as fortalezas de Satanás, pois 37 dos 50 países menos alcançados do mundo localizam-se nessa região. Nessa área, estão 82% dos mais pobres do planeta. Bilhões de pessoas são vítimas das enfermidades, misérias e calamidades. II. POVOS SEM PÁTRIAS 1. Os curdos. São os descendentes de Elão, filho de Sem, filho de Noé (Gn 10.22). Os elamitas estavam presentes no Dia de Pentecostes (At 2.9). Atualmente a maioria está concentrada no Iraque e na Turquia. Lutam para reconstruir sua pátria; o que eles estão vivendo é o cumprimento da Palavra de Deus (Jr 49.34-39). A palavra profética contempla, no v. 34, um final glorioso para esse povo. Sua evangelização tem sido um desafio para as igrejas, pois eles são muçulmanos. 2. Os povos bérberes rifenhos. São provenientes da região de Cirene, norte da África, terra de Simão, cireneu, mencionado nos evangelhos sinóticos (Mt 27.32; Mc 15.21; Lc 23.26); e de Lúcio (At 13.1). Estavam também presentes no Dia de Pentecostes (At 2.10). A maioria deles habita no norte da África, nas montanhas do Rife, região que vai do Marrocos até à Tunísia. De maioria muçulmana, sua maior concentração na Europa está em Amsterdã, Holanda. Falam o Tamazigh; o evangelho de João já foi traduzido nessa língua. Sua evangelização é um desafio para as igrejas devido a sua religião islâmica. 3. Os indígenas brasileiros. Quando Pedro Álvares Cabral chegou ao Brasil, em 1500, havia entre 5 a 6 milhões deles, divididos em cerca de 900 grupos étnicos. Foram dizimados impiedosamente pelos colonizadores. Hoje, 500 anos depois, eles estão reduzidos a 250 mil e a 221 grupos, sendo 41 desses grupos com mais de 1.000 membros e 56 com menos de 100 indígenas falando cerca de 185 línguas diferentes (dados de 1991). Sua evangelização constitui-se num desafio para todos nós, por causa das pressões dos sociólogos incrédulos, da imprensa e da grande variedade de línguas que dificulta prover literatura em sua língua. III. OS ADEPTOS DE SEITAS 1. O desafio das seitas. Onde quer que o missionário seja enviado, para qualquer parte do
planeta, lá estarão as seitas. Os adeptos de seitas estão incluídos na lista dos grupos não alcançados, e sua evangelização é um desafio para a Igreja. Hoje há no mundo 10 religiões, além do Cristianismo, são elas: Judaísmo, Islamismo, Hinduísmo, Budismo, Confucionismo, Taoísmo, Xintoísmo, Jainismo, Sickismo e Zoroastrismo; e cerca de 10 mil seitas, sendo 6 mil delas na África e 1.200 nos Estados Unidos.Entre as seitas prolifera o Espiritismo, manifesto ou disfarçado, nas suas muitas ramificações. Vale ressaltar aqui o nosso lema: ―Você está disposto a fazer pela verdade o que as seitas fazem pela mentira?‖ (Jd v.3). O que você está fazendo para a salvação desses povos e grupos não alcançados? (Pv 24.11). 2. Como alcançá-las? Seus adeptos estão à nossa volta, mas requer-se dos crentes conhecimentos sólidos das doutrinas vitais do Cristianismo. Além disso, é necessário conhecer as crenças das seitas, seus argumentos e saber como refutá-los à luz da Bíblia (2 Tm 2.15; 1 Pe 3.15). Mesmo assim, o trabalho só terá êxito se for realizado na direção e capacitação do Espírito Santo (Jo 16.8-11). Ainda são poucos os que se desprendem para tal tarefa. Geralmente são as pessoas que vieram dessas seitas que se preocupam com a evangelização de seus antigos irmãos. IV. OS MUÇULMANOS 1. Sua origem. Os muçulmanos são os adeptos do Islamismo. O termo ―islamismo‖ vem da palavra árabe islão, que significa ―submissão‖; uma referência a sua obediência à sua divindade Alá. É uma religião fundada por Maomé (570-634 d.C.) na Arábia Saudita. Hoje são cerca de 1 bilhão de seguidores; a maioria na Janela 10 por 40. Para cada seis seres humanos no planeta um é muçulmano, dois são cristãos (incluindo os cristãos nominais), um já ouviu falar de Jesus pelo menos uma vez, e dois nunca ouviram falar de Jesus. 2. O grande desafio à Igreja. A evangelização dos muçulmanos é um dos maiores desafios da Igreja, isso porque nenhuma religião do mundo odeia tanto a cruz de Cristo como o Islamismo; e além disso, ensinam seus adeptos a opor-se ao Cristianismo. O islão não é apenas uma religião, mas também um sistema político, social, econômico, educativo e judicial. A sociedade muçulmana exige estrita fidelidade por parte dos seus cidadãos. A opinião do indivíduo conta pouco; o que a comunidade pensa é muito mais importante. O comportamento de um indivíduo é controlado de tal maneira pela sociedade que quase não resta espaço para uma ação independente. É por isso que o muçulmano não está habituado a tomar decisões pessoais, como aceitar o evangelho, crendo em Cristo como o seu Salvador. 3. Suas crenças. Negam a Trindade, a divindade de Jesus; afirmam que Jesus não é o Filho de Deus; negam sua morte na cruz; ressaltam que não é necessário alguém morrer pelos pecados de outrem e rejeitam a doutrina do pecado original. Apesar de serem monoteístas, professando sua crença em Alá como único Deus e em Maomé seu profeta, negam e atacam os fundamentos do Cristianismo. O conceito deles sobre cada doutrina do Cristianismo é distorcido e antibíblico. Eram poucos os cristãos na Arábia, nos dias de Maomé. Além disso, o Cristianismo daquela região, de maioria nestoriana, não era bíblico. Isso explica o fato de Maomé haver pensado que a Trindade se constituísse de Pai, Filho e Maria (Alcorão, Sura 4.171; 5.72.73), em vez de Pai, Filho e Espírito Santo (Mt 28.19; 2 Co 13.13). 4. O Alcorão. Nós temos a Bíblia e eles o Alcorão. Os muçulmanos nunca puderam provar ser o seu livro de origem divina. Suas declarações são meramente dogmáticas, baseadas na autoridade que seus adeptos lhe atribuem. O certo é que a Bíblia e o Alcorão se opõe um ao outro. O Alcorão nega a morte de Jesus; diz que Ele não foi crucificado (Sura 4.157); ao passo que toda a Bíblia fala de sua morte, tanto em termo de profecia (Gn 3.15; Is 53), como de figuras, ver o sacrifício de Isaque (Gn 22); ilustrações (Hb 9.9-11), e sua historicidade nos Evangelhos e o seu significado nas epístolas (1 Co 15.3). O fato é confirmado também pela história (Josefo e Tácito).
CONCLUSÃO A história da Igreja é marcada pelos desafios. Oramos 70 anos para que Deus fizesse ruir a Cortina de Ferro (os países comunistas) e Deus ouviu a nossa oração. Depois de tudo isso perguntamos: ―O que estamos fazendo nesses países?‖ Infelizmente, muito pouco. Restam ainda a China, a Coréia do Norte e Cuba. Apesar de o evangelho estar sendo pregado nesses países, não deixa de ser mais um desafio para a Igreja. A Janela 10/40 ainda é um dos maiores desafios missionários da atualidade. Por isso todos os crentes devem orar, contribuir, apoiar e inteirar-se das necessidades dos trabalhos missionários direcionados para essa região do planeta.
LIÇÃO 11 - QUANDO VEM A PERSEGUIÇÃO INTRODUÇÃO A perseguição é uma das armas que Satanás ainda hoje usa na tentativa de impedir a proclamação do evangelho de Cristo. Jesus disse que somos perseguidos porque não somos do mundo (Jo 15.18,19). I. AS PERSEGUIÇÕES DO PRIMEIRO SÉCULO 1. No primeiro século. Os romanos viam os primeiros cristãos como uma ramificação do Judaísmo; pensavam, pois, que ambos grupos eram uma mesma coisa. Na época, Roma não queria muitos problemas com os judeus, por causa do seu ultranacionalismo. Havia um ditado em Roma que dizia que quem governasse bem a Judéia estaria apto para governar Roma, pois era a região um verdadeiro ―barril de pólvora‖. Por isso o Judaísmo era uma religião legal, segundo a legislação romana. Daí, as perseguições na era apostólica eram locais e promovidas por judeus e gentios.O Cristianismo só caiu na ―ilegalidade‖ quando descobriram que Cristianismo e Judaísmo não eram a mesma coisa. 2. O crescimento da Igreja sob as perseguições. Justino, o Mártir, apologista da Igreja do séc. II, disse por volta de 150 d.C.: ―Não existe mais povos, raças ou nações que não façam orações em nome de Jesus‖. A população do Império Romano, nos dias de Nero, era de 120 milhões de habitantes. Ainda nos dias apostólicos, o Novo Testamento diz textualmente que a expansão do evangelho foi desde Jerusalém ao Ilírico, a atual Albânia (Rm 15.19), e de maneira indireta, diz que chegou até a Etiópia, na África (At 8.27,39). II. AS PERSEGUIÇÕES IMPERIAIS 1. Crise social. O Cristianismo era visto como ameaça para o paganismo. Ameaça social, pois ensina a igualdade de todos os homens (Gl 3.28), e os romanos consideravam escravos como sub-humanos e os demais povos, bárbaros. Os judeus agradeciam a Deus não haver nascido escravo, gentio e nem mulher. Os apóstolos propagavam os ensinos de Jesus, que devemos amar Deus acima de todas as coisas e o nosso próximo (Mc 12.29-31). Os romanos não entendiam essa mensagem e consideravam-na uma ameaça à estrutura social do império (At 16.20-22) e os judeus, às tradições de seus antepassados (At 6.14; 21.27, 28). 2. Crise religiosa. O crescimento vertiginoso da Igreja era uma constante preocupação para os romanos. Em virtude da singularidade de Cristo e do exclusivismo do Cristianismo, os cristãos se recusavam participar do culto ao imperador e dos demais cultos pagãos. Por causa disso eram reconhecidos pelas autoridades como ateus, anarquistas e inimigos do Estado (1 Jo 5.21). 3. Crise econômica. A crise religiosa gerou uma nova crise: a econômica. Os novos crentes, libertos da idolatria, não mais se interessavam em adquirir as estatuetas dos deuses, usadas nos nichos ou penates (At 19.24). Isso afetou não só os ―santeiros‖ que vendiam imagens dos deuses, como também os arquitetos e engenheiros que construíam grandes templos. O manifesto de Demétrio, que impediu Paulo de pregar para uma multidão no teatro de Éfeso (19.30,31), já era prenúncio de uma série de perseguições gerais, que foram onze até o Edito de Milão, assinado por Constantino em 313 d.C. III. PERSEGUIÇÕES POLÍTICAS 1. Os comunistas. Karl Marx apregoava a alienação religiosa, doutrina que ensina o homem a se rebelar contra Deus. Ele chamou a religião de ―ópio do povo‖. Afirmava que o
homem criou as instituições sociais e que agora se tornou escravo delas, devendo portanto rebelar-se contra elas. Os comunistas elaboraram programas sistemáticos para exterminar o Cristianismo e fechar as igrejas nos países sob o seu controle. 2. Queda do Muro de Berlim. Com essa derrocada, a história provou que religião não é ―o ópio do povo‖, mas sim ―a alma do povo‖. O Cristianismo triunfou sobre as forças satânicas. O bloco comunista, que parecia a fortaleza satânica mais inexpugnável da terra, caiu! (Is 45.2; 54.17). VI. PERSEGUIÇÕES NOS DIAS ATUAIS 1. Declaração Universal dos Direitos do Homem. Diz no artigo XVIII: ―Todo homem tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião. Este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular‖. A legislação dos países civilizados e democráticos seguem essa orientação. Apesar de todas essas garantias temos ainda enfrentado o problema de perseguição. 2. Um exemplo a seguir. Paulo enfrentou perseguições em suas viagens missionárias. Mesmo assim ele fundou igrejas na Ásia Menor e Europa. Ora, se ele enfrentou tal situação, por que não nós hoje na atualidade? Precisamos aprender com ele. A obra missionária não é uma alternativa e nem um pedido de Jesus, mas uma necessidade e sobretudo uma ordem imperativa (Mt 28.19,20; Mc 16.15-20) a ser cumprida a despeito das circunstâncias. CONCLUSÃO A legislação romana protegia a atividade dos apóstolos, mas isso não foi suficiente para impedir as perseguições locais, como acontece nos dias atuais. O problema, portanto, não é de ordem social, política ou econômica, mas, sim, espiritual. Estamos numa guerra contra o reino das trevas (2 Co 10.4,5). Carregar a cruz de Cristo (Mc 8.34; 10.21) não significa meramente suportar nossas cargas, pois cruz simbolizava morte e não carga. Jesus estava falando à respeito das perseguições e outros sofrimentos por causa dEle. Devemos pois fazer o trabalho de Deus enquanto é dia, pois a noite vem quando ninguém pode mais trabalhar (Jo 9.4).
LIÇÃO 12 - O SUSTENTO DO MISSIONÁRIO INTRODUÇÃO Os missionários e os obreiros em geral são sustentados financeiramente pela igreja. A fonte ou origem desses recursos é a própria igreja. Foi Deus quem estabeleceu que o crente contribuísse para que o seu povo tenha os recursos suficientes para a expansão do evangelho e manutenção da obra do Senhor. É sobre isso que vamos estudar hoje. I. DÍZIMOS E OFERTAS 1. Dízimos. O dízimo é a décima parte da renda de uma pessoa. À luz de 1 Co 16.2 é a contribuição financeira mínima que o crente deve oferecer para a obra de Deus. Já existia antes da lei (Gn 14.20; 28.22); instituído por Moisés na lei (Lv 27.30; Dt 14.22). O povo devia levar para os levitas e sacerdotes, pois não tiveram possessão da terra (Nm 18.21-24; Hb 7.5), para que haja mantimento na Casa de Deus (Ml 3.10). Eles, por sua vez, pagavam deles os dízimos dos dízimos (Nm 18.26). O Senhor Jesus manteve os dízimos na Nova Aliança (Mt 23.23). 2. Ofertas alçadas. Além dos dízimos havia também as ofertas alçadas para fins específicos, como na construção do tabernáculo, no deserto (Êx 25.2). Convém lembrar que oferta alçada não é o mesmo que dízimo (Ml 3.10). Ambos são bíblicos e atuais, mas são diferentes. As ofertas alçadas são esporádicas, principalmente para construção de templos. Os dízimos são contínuos. O culto ao Deus verdadeiro, conforme encontramos em toda a Bíblia, constitui-se dos elementos: oração, leitura das Escrituras, pregação ou testemunho, cânticos e ofertas. 3. Os métodos de Deus. Para a construção do tabernáculo Moisés precisava dessas ofertas alçadas, de um povo pobre que vivia pela misericórdia de Deus, do maná. Davi, para construir o templo de Jerusalém, deu uma oferta de cento e cinco toneladas de ouro, sem contar a prata (1 Cr 29.3,4), considerando-se um talento equivalente a 35 quilos segundo as tabelas de conversões de pesos e medidas.O rei Davi, no entanto, fez um apelo para quem quisesse contribuir para a Casa de Deus (1 Cr 29.5). Nos versículos seguintes ficamos sabendo que o povo contribuiu voluntariamente e com alegria. 4. Deus quer que seus filhos participem dos projetos divinos. Moisés não dispunha de recursos para a construção do tabernáculo e por isso levantou do povo uma oferta alçada. Entretanto, o rei Davi já dispunha dos recursos para a construção do Templo de Jerusalém. Por que convidou ele o povo para ofertar? O método de Deus, porém, é diferente do nosso. A vontade de Deus é que seus filhos participem de seus projetos. Aqui já não é questão de necessidade. Deus é dono do céu e da terra (Gn 14.19; Sl 24.1), do ouro e da prata (Ag 2.8), mas Ele conta com nossa participação. Deus abençoa o povo para que seus filhos possam contribuir para a sua obra. II. BASES BÍBLICAS PARA O SUSTENTO DO MISSIONÁRIO 1. A igreja de Corinto não era generosa. Os irmãos da igreja de Corinto eram insensíveis às necessidades do apóstolo. Outras igrejas sustentaram Paulo para que o mesmo pudesse servir aos coríntios (2 Co 11.8). Depois que o apóstolo deixou a cidade, apresentou a sua defesa. Partindo de um raciocínio lógico, ―quem jamais milita à sua própria custa?‖ (v.7), ele busca no sistema sacerdotal, estabelecido na lei de Moisés, o argumento para fundamentar essa verdade (1 Co 9.9,10), e também nas palavras do próprio Senhor Jesus (1 Co 9.14). Essa é uma referência a Mt 10.10; Lc 10.7, como ele deixa mais claro em outro lugar (1 Tm
5.17,18). 2. Fazedores de tendas. Na cultura judaica era comum os pais ensinarem ao filho uma profissão alternativa; a de Paulo era a de fazer tendas (At 18.3). Utilizou-se dela para levantar seu sustento, pois temia escandalizar os irmãos e não queria correr o risco de ser interpretado como aventureiro, em Corinto. Hoje, ―fazedores de tendas‖ é o nome que se dá aos profissionais liberais que são enviados como voluntários para prestarem serviços sociais às populações carentes nos países onde ser cristão ainda é crime. É um recurso usado para colocar legalmente um missionário num país desses; do contrário, ele nunca poderia ser aceito. 3. A igreja de Filipos era generosa. A igreja de Corinto não era como a dos filipenses (Fp 4.15-19). Nenhuma igreja se preocupou com as necessidades do apóstolo, exceto a igreja de Filipos. Enviava oferta na hora em que ele mais precisava. Paulo agradecia a Deus essas ofertas ―como cheiro de suavidade e aprazível a Deus‖ (Fp 4.16,18). É dessa mesma maneira que ainda hoje Deus recebe a oferta que você oferece para o sustento missionário. Além disso você tem a garantia de que o Senhor suprirá todas as suas necessidades (4.19). III. COMO APOIAR OS MISSIONÁRIOS 1. O papel da igreja. Sãos os crentes que apóiam os missionários com suas contribuições, através da secretaria ou departamento de missões da igreja. A igreja ora, intercedendo por eles, e acompanha o seu trabalho através de relatórios escritos e também por meio de testemunhos de outros que visitam o missionário no campo. Esses responsáveis pelo sustento e pelo apoio espiritual devem entender também que fora do seu convívio a situação é muito diferente. Se não houver essa confiança, corre o risco de o trabalho no campo ficar travado. 2. Apoio aos missionários. O sustento missionário inclui alimento, vestuário, moradia, educação e saúde dele e da esposa e filhos. É necessário um estudo sobre o padrão de vida do país para onde vai ser enviado o missionário, a fim de que a igreja possa enviar o suficiente para o sustento dele. Nem sempre as igrejas têm acesso a essas informações, por isso existem inúmeras agências missionárias interdenominacionais, espalhadas no Brasil e em todo o mundo, com o propósito de orientar as igrejas. Hoje as igrejas estão se organizando para maior ênfase ao trabalho de missões nacionais e no exterior. 3. SENAMI. Inspirada na Grande Comissão (Mt 28.19,20) a Convenção Geral das Assembléias de Deus (CGADB) criou na sua 22ª Assembléia Geral Ordinária, em 1975, na cidade de Santo André, São Paulo a Secretaria Nacional de Missões (SENAMI), para melhor cumprir o ―ide‖ imperativo do Mestre. O objetivo, além de outros, é
promover e incentivar a obra missionária, assistir às igrejas no envio de missionário e fornecer credenciais, documentos que facilitem a entrada dos missionários no exterior atendendo às igrejas. Foi criada a oferta anual para missões, no 2º domingo de setembro, levantada em todas as nossas igrejas, para que todos os crentes participem dos projetos missionários. Depois as igrejas enviam essas ofertas para a SENAMI. 4. EMAD. A CGADB criou também a Escola de Missões das Assembléias de Deus (EMAD), na 32a Assembléia Geral Ordinária, em 1989, na cidade de Salvador, Bahia, para preparar e treinar nossos futuros missionários. A SENAMI e a EMAD funcionam nas dependências da sede da Convenção Geral no Rio de Janeiro. CONCLUSÃO Nossos dízimos e ofertas são uma maneira de reconhecermos a soberania de Deus em nossa vida. A vontade de Deus é a salvação dos perdidos da terra (1 Tm 2.4). Para que essa meta seja alcançada, Deus conta com cada um de seus filhos, com todos os seus dons e talentos. O nosso apoio aos missionários deve ser a oração, contribuição através da igreja ou de sua secretaria ou departamento de missões, contato com eles por carta, telefone, Internet, etc.
LIÇÃO 13 - MISSÕES TRANSCULTURAIS NO SÉCULO XXI INTRODUÇÃO O terceiro milênio começa com 6 bilhões de habitantes e com 1.739 grupos étnicos no planeta. Os últimos dados estatísticos nos mostram que cerca de 33% dos moradores da terra ainda nunca ouviram falar de Jesus. O quadro é mais ou menos assim: 2 bilhões de pessoas seguem o Cristianismo, incluindo os cristãos nominais; 2 bilhões já ouviram falar de Jesus pelo menos uma vez e 2 bilhões nunca ouviram falar de Jesus. Que tipo de sociedade vamos encontrar no séc. XXI? Como alcançar essas etnias? É sobre isso que vamos estudar hoje. I. PANORAMA MUNDIAL 1. O fenômeno da globalização. A globalização é um fenômeno curioso que nos dá a impressão de uma padronização das culturas mundiais. Depois da queda do Muro de Berlim, marcando o fim da Guerra Fria em 1989, a globalização, ou mundialização, vem ganhando espaço, dinamizada principalmente pelos modernos sistemas de comunicação. À parte os efeitos colaterais, como o desemprego, não devemos negar que essa nova ordem mundial tem facilitado muito a vida do homem. Isso facilita também a evangelização e as missões, pois o evangelho é também uma mensagem globalizada; é universal, portanto para todos os povos (Mc 16.15; Ef 2.14-19; Cl 3.11). 2. Perfil do mundo globalizado. Os aeroportos internacionais seguem um mesmo padrão, para que você se sinta em casa em qualquer país. O sistema de shopping centers também está padronizado em todo o mundo. Você não terá muita dificuldade em comprar roupa em qualquer parte do mundo, ainda que não fale sequer uma palavra em outra língua. Também não morre de fome, o sistema ―fast food‖ (comida rápida) está em qualquer parte do mundo. Parece que o mundo vai diminuindo à medida que o tempo passa. Além desse mundo globalizado e secularista que não quer saber de Jesus, há um outro mundo que não tem acesso à globalização, que igualmente precisa de Jesus. 3. Os pobres do terceiro milênio. O número deles chega a mais de 800 milhões; mais 10% da população da terra, segundo dados recentes da ONU. Ninguém pode negar que há mais recursos no mundo de hoje do que no mundo antigo. Isso deveria melhorar o mundo, mas a humanidade continua na miséria moral e espiritual. Tanto ricos como pobres estão clamando pelo pão do céu. Só Jesus pode dar sentido à vida; só Ele pode dar ao homem a alegria de viver. Os tempos e as coisas mudam, mas o sofrimento permanece atormentando os homens. II. OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO 1. O avanço dos meios de comunicação. Atualmente o homem pode estar virtualmente presente em toda a parte do planeta; pode estar conectado em rede, tanto na Internet, como em sua própria residência através do sistema celular de telefonia. Pode acessar um terminal eletrônico para movimentar sua conta bancária de qualquer parte do mundo. Esses avanços têm revolucionado as indústrias e alterado profundamente a vida da sociedade. Isso já estava no cronograma divino ―e a ciência se multiplicará‖ (Dn 12.4). Em função desses avanços, as igrejas têm reavaliado suas estratégias administrativas, os métodos de evangelização e de fazer missões. 2. Os meios de comunicação no plano de Deus. A Bíblia diz que as duas testemunhas mortas em Jerusalém serão vistas ao mesmo tempo pelos moradores da terra, como se fosse uma transmissão de imagens num noticiário (Ap 11.8-10). Na segunda vinda de
Jesus, todo o olho o verá, até mesmo os judeus (Ap 1.7). Ora, se nem mesmo o sol pode ser visto ao mesmo tempo no Brasil e no Japão, como Jesus pode ser visto em toda a terra ao mesmo tempo? Ainda que não existisse uma explicação, poderíamos estar descansados: o poder de Deus é infinito (Sl 147.4,5). O certo é que a Bíblia está falando dos meios de comunicação dos últimos tempos. 3. Os meios de comunicação a serviço de Deus. Deus permitiu e deu sabedoria aos homens a fim de que produzissem tais recursos para a expansão do seu Reino, assim como os recursos dos dias apostólicos foram usados por eles e para o bem-estar da humanidade, como indica a expressão paulina: ―Fiz-me de tudo para com todos, para, por todos os meios, chegar a salvar alguns‖ (v.22). Os recursos modernos são a maior ferramenta (em termos materiais, é claro) de que dispomos para a pregação do evangelho, pois permite que milhões de pessoas em todo o mundo ouçam ao mesmo tempo o evangelho: ―a sua palavra corre velozmente‖ (Sl 147.15). III. A TRANSCULTURAÇÃO 1. O Cristianismo e as culturas. O Cristianismo não tem o objetivo de padronizar o mundo e nem destruir as culturas; sua mensagem, porém é universal. No dia do triunfo de Cristo e da Igreja, cada povo ou etnia se apresentará louvando a Deus na sua própria língua (Ap 5.9). Por isso o apóstolo Paulo disse que, sendo livre, se fez servo de todos, judeu para os judeus, sem lei para os sem lei (vv.19-22) a fim de ganhá-los para Jesus. Não é necessário destruir a cultura dessas 7.319 etnias para levá-las à fé cristã, porque o Cristianismo é transcultural. 2. O respeito pelas outras culturas. Os missionários devem respeitar as culturas de cada povo. Barnabé sabia que a tradição judaica era mais uma forma de manter a identidade nacional, e que isso em nada implicaria na salvação dos novos crentes; portanto, não seria necessário observar o ritual da lei de Moisés (At 15.19,20). Convém lembrar que a importação de inovações para as nossas igrejas pode desrespeitar a nossa herança espiritual. Muitas coisas não servem para a nossa cultura, pois já temos a nossa identidade cultural, como igualmente esta pode não servir para outras etnias pela mesma razão. IV. MUITAS TERRAS PARA CONQUISTAR PARA JESUS 1. Estatística missionária. Estamos iniciando o século XXI com 2.500 missionários transculturais brasileiros, de todas as denominações, em mais de 70 países de todos os continentes, com 13% deles na Janela 10/40. É muito pouco. No mundo todo, segundo dados do livro Intercessão Mundial, há 76.120 missionários protestantes estrangeiros num total de 138.492, incluídos os missionários que atuam em seus próprios países. Eis a estatística desse mundo globalizado, com todos os recursos disponíveis. Isso mostra o tamanho do nosso desafio. Esse número pode crescer muito mais; basta cada líder seguir a ordem de Jesus (At 1.8), com o apoio espiritual e financeiro dos crentes. 2. O exemplo do apóstolo Paulo. O apóstolo era um judeu rico e culto que sacrificou as tradições de seus antepassados, deixando tudo para a salvação do maior números possível de almas (Fp 3.5-8), pois considerava a salvação dos homens mais importante do que sua identificação cultural como judeu. Todos os meios lícitos são válidos para conquistar os pecadores para o reino de Deus. Paulo conhecia o mundo de sua geração e soube como conquistá-lo para Jesus. Aqui ele apresenta a receita; os princípios são os mesmos. CONCLUSÃO
O Reino de Deus cresce à medida que os
pecadores vão se convertendo ao Senhor Jesus. A Igreja é a única agência do Reino de Deus escolhida pelo Senhor Jesus para levar a mensagem do evangelho a um mundo que perece por causa do pecado. Veja a grande importância da evangelização. Com
isso você está dando continuidade ao trabalho que Jesus começou. Esse trabalho proporciona crescimento espiritual, aumenta a experiência com o Senhor Jesus, além das bênçãos prometidas aos que corresponderem ao chamado do Mestre (Jo 15.16).