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Biodiesel no diesel segue gerando problemas

Estudo de mestrado do Laboratório de Ensaios de Combustíveis da UFMG antecipou o problema da adição gradual

Os desafios do biodiesel

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Mês de março foi marcado pelo aumento do percentual obrigatório de combustíveis renováveis na mistura do óleo diesel, medida que divide opiniões entre revendedores e amplia gastos com a manutenção de equipamentos

Opercentual mínimo de combustíveis renováveis na mistura do óleo diesel passou para 12% em março deste ano. O teor máximo de biodiesel permitido atualmente é de 15% – patamar que deverá ser atingido até março de 2023, de forma gradual, com aumento de 1% ao ano. A medida, regulamentada por meio da Resolução CNPE nº 16, de 29 de outubro de 2018, e do Despacho Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) nº 621, de 6 de agosto de 2019, preocupa a Revenda. A alegação é de que o alto teor de biodiesel na mistura estaria resultando em problemas como geração de borra, aumento de líquido retido e instabilidade da blenda.

Em outubro de 2019, o Sindicato publicou uma reportagem especial na edição nº 122 da Revista Minaspetro em que alertava sobre os prejuízos decorrentes da elevação do percentual do biodiesel na mistura do diesel. Relembre!

Em 2018, um estudo realizado pelo LEC, com o apoio do Minaspetro, avaliou a estabilidade da mistura do biodiesel no óleo diesel e apontou a possibilidade do surgimento de problemas de contaminação. O resultado das análises foi tema de uma reportagem da Revista Minaspetro nº 111. Veja o estudo completo.

Os reflexos já são sentidos em uma empresa especializada em soluções para postos de combustíveis. Segundo o sócio-diretor Cássio Porto, foi registrado um aumento significativo da demanda por parte dos revendedores. “Passamos a receber um volume muito maior de peças com muita borra, e ninguém sabe explicar o porquê. Chegamos a entrar em contato com algumas distribuidoras, achando que poderia ser pela presença de gordura animal, mas nos disseram que o combustível de fonte animal já existe há muito tempo. O fato é que o problema está se acentuando, mas ninguém consegue descobrir a razão”, conta Cássio.

FALTA DE INCENTIVO À PESQUISA

Segundo a Profa. Dra. Vânya Pasa, diretora do Laboratório de Ensaios de Combustíveis da UFMG (LEC), junto com o aumento do percentual de biodiesel na mistura do óleo diesel crescem também os desafios técnicos, químicos e biológicos. “As vantagens econômicas – já que temos uma grande oferta de matéria-prima no Brasil para produção de biodiesel – e ambientais são grandes. Mas os desafios são enormes não só no controle da qualidade, mas no funcionamento das máquinas e equipamentos”, lembra.

A diretora do LEC lembra que, em paralelo à medida de incorporação de mais combustíveis renováveis no diesel, é preciso também investir em pesquisa, já que os reflexos do aumento ainda são pouco conhecidos. “Estamos fazendo pesquisas, desenvolvendo novas metodologias para detectar a não conformidade no posto, coordenando estudos com empresas parceiras para enxergar melhor esse impacto nos motores. Tudo isso requer mais estudo, mais pesquisas e até mais fiscalização e, sobretudo, investimento”, defende a pesquisadora.

2% 2005 3% 2008 4% 2009 5% 2010 6% 2014 7% 2014 8% 2017

“Essa é a hora de trabalharmos juntos: pesquisadores, a Revenda e os entes fiscalizadores. Precisamos desenvolver novas metodologias analíticas e acompanhar de perto todo esse processo”.

VÂNYA PASA Diretora do LEC

A evolução dos teores de adição obrigatória de biodiesel ao

diesel fóssil 15% 14% 2023 13% 2022 12% 2021 11% 2020 10% 2019 2018

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