Minaspetro | Novembro 2021

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ARTIGO

Nº 145 – Novembro 2021

Roberto James Especialista em comportamento do consumidor @canaldoerrejota Canal do ErreJota

A

o analisar uma cadeia de suprimentos, pode-se afirmar que qualquer agente que é retirado dela pode garantir uma diminuição nos preços, visto que menos um participante vai aferir lucro da operação. Parece uma conta de dois mais dois, mas infelizmente a realidade não é assim. São vários os motivos que levam uma cadeia de suprimentos chegar ao organograma atual e isso é gerado por uma regra básica: A MOVIMENTAÇÃO DE MATERIAIS. Esse conceito é básico para qualquer estudante de logística, por isso a análise já é direta sobre o case atual: SE VENDER ETANOL DIRETO DA USINA CORTA UM AGENTE DA CADEIA, POR QUE O PREÇO NÃO VAI CAIR? A resposta é simples: As

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distribuidoras compõem a cadeia de suprimentos dos combustíveis, como operador logístico e armazenador, o que possibilita a chegada do etanol a todos os lugares, até os mais remotos. A venda direta presenteia quem está nas proximidades da usina e torna ainda mais caro para quem está distante. Toda e qualquer liberdade de mercado deve ser incentivada e ovacionada, o problema é vender essa ideia como salvadora da pátria (cultura brasileira), acreditando que o etanol, que sempre foi concorrente da gasolina, poderá frear suas altas. A realidade é outra e hoje se vê o mercado de etanol controlando os preços via demanda e se aproveitando das altas da gasolina. É uma aposta errada acreditar que o etanol, hoje o maior parceiro da gasolina, irá segurar suas altas de preços. Quando se fala de venda direta, é importante explicar que grande parte dos postos revendedores,estando distantes dos polos usineiros, têm um mix menor de etanol. O manejo de alta de preços, que já sufocou o caixa da grande maioria, transforma a

compra de etanol direto da usina em uma transação que requer a utilização de mais capital de giro, pois as usinas não têm mercado de crédito consolidado e ainda precisam de um operador logístico. Trocando em miúdos, a margem que se pagaria às distribuidoras a maior - e que agora será economizada na venda direta - poderá ser gasto com logística e crédito. Essa é uma conta que os revendedores precisam fazer para viabilizar a operação. O TRR VAI SER CONCORRENTE DE QUEM NESSA HISTÓRIA? O transportador revendedor retalhista (TRR) tem um papel fundamental e relevante na logística dos combustíveis para áreas remotas que necessitam de abastecimento, em grande parte o agronegócio. Essa medida de liberar o TRR para vender etanol e gasolina não terá grande impacto junto às distribuidoras, por quê? A explicação é simples. O TRR usará suas bases para armazenar o etanol comprado da usina. Para esta operação é importante comprar altos volumes para a barganha de preços. Como o TRR vai competir com as distribuidoras

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Arquivo pessoal

Por que a venda direta não é a solução para os preços altos?


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