Revista Sebrae Ed.174

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[ JAN|MAR DE 2019 – ANO XXVII – Nº 174 ]

DEZ ANOS DO MEI Milhões de pessoas foram incluídas no mercado formal na última década Escola do Sebrae chega aos 25 anos

ISSN 2238-2178

9 772238 217000 www.sebrae/minasgerais

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Sebrae na Sua Empresa.

A solução para atender a empresa onde a empresa está.

O Sebrae está cada vez mais perto dos pequenos negócios para eles irem cada vez mais longe. Em 2018, o Sebrae na Sua Empresa contou com mais de 166 atendentes, cobrindo empresas em 524 municípios. No Sebrae é assim: onde houver um pequeno negócio, o Sebrae vai estar lá.

0800 570 0800 www.sebrae.com.br/minasgerais [2] JAN | MAR 2019


MARIA TERESA LEAL

[CARTA AO LEITOR]

EMPREENDEDORISMO QUE FAZ A DIFERENÇA

E

xistem no Brasil 14 milhões de empresas, sendo 54% delas registradas como Microempreendedor Individual – MEI (7,5 milhões), 36% como Microempresas (4,9 milhões) e 11% como Empresas de Pequeno Porte (1,5 milhão).

Desde que a figura jurídica do MEI foi criada (lei sancionada em

dezembro de 2008 e formalizações iniciadas em julho de 2009), os números registraram um salto, o que levou a categoria ao topo do ranking de formalizados. O crescimento ao longo da última década se deve, além das vantagens fiscais e previdenciárias, a fatores como a necessidade de complemento de renda, o aumento do desemprego nos últimos anos e, ainda, à oportunidade para que empreendedores testassem suas ideias antes de aumentar o porte da empresa. A matéria de capa desta edição da Passo a Passo mostra mudanças e evoluções a partir da criação da figura jurídica do Microempreendedor Individual. Outro tema de destaque da edição é a Escola de Formação Gerencial (EFG) do Sebrae, que completa 25 anos em 2019, colecionando histórias de sucesso e se desdobrando em projetos de alto impacto social. Com uma metodologia educacional ímpar, a escola prioriza conteúdos que fazem diferença na formação dos estudantes. Podemos afirmar que a EFG é, acima de tudo, uma escola cidadã, que forma pessoas não apenas para o mercado de trabalho, mas também empreendedores qualificados, que farão a diferença onde estiverem. Boa leitura!

ROBERTO SIMÕES Presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas

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[EXPEDIENTE]

Passo a Passo é uma publicação do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (Sebrae Minas). Registro no Cartório Jero Oliva nº 931. Presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas: Roberto Simões Conselho Deliberativo do Sebrae Minas Banco do Brasil, BDMG, CDL-BH, Caixa, Ciemg, Faemg,

CAPA

Fapemig, Fecomércio, Federaminas, Fiemg, Indi, Ocemg, Sebrae NA, Seplag e Sedectes Superintendente: Afonso Maria Rocha Diretor Técnico: João Cruz Reis Filho Diretor de Operações: Marden Magalhães

Há dez anos em vigor, lei que criou o MEI abriu portas para a formalização de empreendedores, viabilizando melhores condições para o desenvolvimento dos negócios

Conselho editorial: Bárbara de Paula Sarto, Bruno Ventura, Danielle Fantini Lima Santos, Denise Monteiro Sapper, Eduardo Avelino, Gustavo Moratori Nunes Coelho, Jeferson Rodrigues Batalha, Jefferson Soares Ferreira, José Márcio Martins, Luciana Patrícia Rezende da Silva, Paulo César Barroso Veríssimo, Rafael Tunes Fonseca, Regina Vieira de Faria Ferreira, Rosely Maria Soares Vaz, Sanderson Marques Gerente de Comunicação: Márcia Fonseca (interina) Jornalista responsável: Andrea Avelar – MTb 06017/

[ 6 ] AGRICULTURA

Cafés especiais, com origem comprovada: o Cerrado mineiro tem

MG Produção editorial: Prefácio Comunicação Editoras: Ana Luiza Purri (MG05523 JP) e Cristina Mota (MG08071 JP) Reportagem: Ana Paula de Oliveira, Bruno Assis, Fernanda Pereira, Guilherme Barbosa, Isabela Lobo e Marco Paulo Bahia

[12] NEGÓCIOS

Merenda escolar mais balanceada e agricultores familiares com mais renda

Revisão: Cibele Silva Design e diagramação: Prefácio Comunicação Fotos: Agência i7 Impressão: Rona Editora Ltda. Periodicidade: Trimestral Tiragem: 10 mil exemplares Redação: Av. Barão Homem de Melo, 329 Nova Granada – Belo Horizonte Minas Gerais – CEP: 30.431-285 – 0800 5700 800

[19] INDÚSTRIA

Projeto confere mais competitividade a empresas do ramo da moda

[24] SEBRAETEC

Tecnologia e inovação sem mistérios para os pequenos empreendedores

[28] ENTREVISTA

O economista Raimundo Leal, da Fundação João Pinheiro, avalia o bom cenário de 2019

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[32] INOVAÇÃO

Mind 4.0 apresenta resultados significativos

[36] EDUCAÇÃO

Constante evolução e incentivo à inovação marcam os 25 anos da Escola do Sebrae

[48] STARTUPS

Programa Agita acelera negócios promissores de jovens mineiros

[54] CAPACITAÇÃO

Sebraelab está disponível em cinco cidades do interior de Minas

[58] MERCADO

Marca coletiva Folliah agrega força para o setor de calçados

PEDRO VILELA/AGÊNCIA I7

42

[62] SUSTENTABILIDADE

Conheça os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e saiba como você pode contribuir

[66] É BOM SABER

Sebrae Minas disponibiliza plataforma online para atendimento a surdos

[68] É BOM SABER

Apostar em estratégias de promoção da integridade tornou-se necessidade

[72] ARTIGO

Luciana Gallo explica o que é economia colaborativa

[74] CONSULTORIA

Tendência mundial, estratégia omnichannel já chegou ao varejo brasileiro

[76] CONSULTORIA

Reduzir custos é desafio, mas é possível

[79] NOTAS

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FOTOS: PEDRO VILELA/AGÊNCIA I7

[AGRICULTURA

Júlio Ferreira, Olga Tavares e Luciana Ferreira: família unida na produção de café em Rio Paranaíba e Poços de Caldas

QUALIDADE COM ORIGEM GARANTIDA Projeto auxilia cafeicultores da região do Cerrado mineiro a produzirem grãos especiais [MA R CO PAULO BA HIA ]

U

ma das bebidas mais degustadas em

nos dias de hoje, seu plantio é fonte importante

todo o mundo – segundo a Organi-

de geração de emprego e renda para diversas re-

zação Internacional do Café, com

giões, principalmente em Minas Gerais. A Passo

consumo anual estimado em 165,18

a Passo foi conhecer uma iniciativa desenvol-

milhões de sacas –, o café é um produto cercado

vida em uma delas: o Cluster de Qualidade –

de histórias e lendas. No Brasil, a riqueza gerada

Região do Cerrado Mineiro, parte de um plano

por ele financiou grandes obras de infraestru-

para transformar o café da região em um pro-

tura, fez surgir cidades e ditou a política. Ainda

duto cada vez mais especial. E ouviu histórias

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de pessoas cuja paixão e orgulho pelo que fazem

tantes, entre elas a Denominação de Origem,

não se medem em sacas.

conquistada em 2014, que atesta que o produto é da região do Cerrado mineiro. Outra ação de

VALORIZAÇÃO REGIONAL

destaque é o Prêmio Região do Cerrado Minei-

Em 2015 foi lançado o Plano de Desenvolvi-

ro, que teve sua sexta edição em novembro de

mento, Sustentabilidade e Promoção da Região

2018, quando 30 finalistas de duas categorias

do Cerrado Mineiro, uma parceria do Sebrae Mi-

leiloaram seus produtos por um preço médio

nas com a Federação dos Cafeicultores do Cer-

de R$ 1.560 a saca, ou seja, quase quatro vezes

rado, entidade que reúne a Fundação de Desen-

o valor alcançado pela commodity no mercado

volvimento do Café do Cerrado (Fundaccer), sete

internacional – no total, 250 sacas foram ven-

associações e nove cooperativas de produtores. O

didas por R$ 390 mil, e o recordista negociou

papel da Federação é controlar a qualidade dos

seu produto a R$ 19 mil a saca.

cafés do Cerrado mineiro – que abrange 55 mu-

“O mercado de cafés especiais vem crescen-

nicípios do Triângulo, Alto Paranaíba e Noroeste,

do nos últimos anos, o potencial é enorme. O

onde se encontram mais de 4.500 produtores –,

número de cafeterias hoje é muito maior que

além de representar e promover o território e os

há dois anos”, informa Tarabal. “Por essa razão,

agricultores que se dedicam ao cultivo do grão.

todas as principais marcas brasileiras têm pro-

A região do Cerrado mineiro é reconhecida

jetos voltados para cafés especiais”, diz. Para

pela produção de cafés especiais e a iniciativa

comprovar a afirmação, basta visitar os maio-

busca apoiar os cafeicultores que têm como

res supermercados e observar as gôndolas em

meta ampliar cada vez mais a qualidade dos

que o produto se encontra exposto. A concor-

grãos ali plantados. “A área já é conhecida pelo

rência só aumenta.

esforço que os produtores dedicam à inovação.

A comercialização de cafés especiais ainda é,

Em sua maioria, são pessoas interessadas em

no entanto, uma novidade para os produtores,

aprender e que têm prazer em compartilhar o

embora represente uma vantagem para quem

conhecimento adquirido no dia a dia”, conta

planta. “Diferentemente do que ocorre com a

Juliano Tarabal, superintendente da Federação

commodity, cujo preço é ditado pela oferta e de-

e da Fundaccer. A Federação tem ações impor-

manda dos compradores, no caso dos especiais é

Cerrado mineiro abriga 55 municípios das regiões do Triângulo, Alto Paranaíba e Noroeste, que concentram mais de 4.500 produtores

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[AGRICULTURA

possível participar de forma mais ativa da preci-

sobre beneficiamento, manuseio e transporte

ficação, por se tratar de produtos diferenciados

até o secador – de onde o fruto segue para o ar-

e, no caso da região do Cerrado mineiro, por te-

mazenamento, dada sua sensibilidade, que pode

rem origem controlada.”

interferir de forma determinante na qualidade da bebida. Na terceira etapa do projeto, é reali-

ATUAÇÃO CONJUNTA

zada uma oficina de comercialização, para que

Uma das 30 ações previstas no Plano de De-

os participantes tenham contato com as dife-

senvolvimento do Cerrado Mineiro, o Cluster de

rentes formas de negociação e aprendam como

Qualidade está sendo conduzido com pequenos e

funciona o chamado mercado futuro. Quando a

médios produtores de seis microrregiões: São Go-

iniciativa foi lançada, em 2015, 20 produtores

tardo, Carmo do Paranaíba, Araxá, Monte Carme-

participaram. Em 2018, o Cluster de Qualidade

lo, Patrocínio e Araguari. Naiara Rodrigues Marra,

atendeu a mais de 180 produtores.

analista do Sebrae Minas, explica que as principais

Os resultados alcançados no ano passado

ações consistem em treinamento e consultoria

foram animadores, conforme ficou evidenciado

aos produtores para a pós-colheita, uma das prin-

na sexta edição do Prêmio Região do Cerrado

cipais etapas do processo de produção de um café

Mineiro. Das 30 amostras finalistas, 11 vinham

dito especial, que requer acompanhamento de

de sete participantes do Cluster de Qualidade.

agrônomos experientes, responsáveis pelo repas-

“O projeto traz ganhos para o produtor, para a

se de orientações aos cafeicultores.

cooperativa, para os compradores e para o con-

Ao todo, o Cluster se distribui em três fa-

sumidor final, que acaba se beneficiando de ca-

ses. A primeira é dedicada à secagem do fruto

fés com pontuações ainda maiores e com origem

e prova do café. Os produtores e seus colabora-

controlada”, diz Cláudio Wagner de Castro, ana-

dores são capacitados e provam diferentes tipos

lista do Sebrae Minas.

de café para conhecer as nuances que a bebida

Uma das próximas etapas do Plano envolve

pode apresentar, dependendo da forma como

a realização do projeto Geração de Demanda do

o grão é tratado. A segunda inclui informações

Cerrado Mineiro, um trabalho que será realiza-

SELO DE ORIGEM E QUALIDADE O selo é disponibilizado ao produtor para uso na sacaria e, ao comprador, para emprego durante a comercialização no varejo. Por meio de um código bidimensional, traz diversas informações do produto, como características técnicas, pontuação, propriedade em que foi cultivado e a história do produtor.

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do em parceria com o mercado, voltado para a estruturação de canais que buscarão ampliar a venda de cafés com Denominação de Origem. “Consideramos que esse passo vai contribuir para os produtores alcançarem ainda mais os

Lúcio Gondim Velloso integra a quarta geração da família dedicada à agricultura, e a terceira envolvida com o cultivo do café

mercados de cafés especiais”, diz Naiara.

SANGUE NOVO O agrônomo Lúcio Gondim Velloso integra a quarta geração da família dedicada à agricultura – e a terceira envolvida com o cultivo do café. Quando começou a plantar o grão, ainda na década de 1970, seu avô foi pioneiro em Carmo do Paranaíba, no Alto Paranaíba, e um dos precursores da lavoura no Cerrado. Atualmente, Lúcio dá seguimento ao trabalho, junto da irmã, Ana Cecília Velloso, que se encarrega da área administrativo-financeira do negócio e das ações de marketing. O pai dá autonomia e liberdade para os filhos implantarem as novidades, principalmente no que diz respeito à gestão e uso de novas tecnologias. Lúcio participou de cursos de classificação e degustação de café, a partir dos quais começou a verificar e quantificar a qualidade do seu produto. Depois disso, com o apoio do Sebrae Minas, ele criou uma marca – a São Luiz Estate Coffee – e conquistou o Selo de Origem da Região do Cerrado, um ganho que, aos poucos, está sendo percebido pelos consumidores. “A gente faz um

dade em 2018, quando recebeu o consultor logo

esforço grande para que os nossos cafés sejam

no início da colheita, para análise da proprieda-

selados”, avalia. Ele diz que a selagem é impor-

de e do processo. “Ele indicou alguns cuidados

tante para a promoção do produto da região e

simples a serem observados com o lavador do

abre espaço para ganhos futuros.

café, o terreiro e a secagem. São pequenas mo-

O café produzido pela família foi vencedor

dificações que acrescentam pontos na avaliação

na primeira edição do Prêmio Região do Cerrado

final do produto”, pondera. O produtor estima

Mineiro, em 2013, na categoria Cereja Descas-

um aumento entre 15% e 20% na produção de

cado. De lá para cá, eles estiveram presentes em

cafés especiais a partir da aplicação das mudan-

todas as finais, voltando ao primeiro lugar do

ças, motivo pelo qual ele pretende continuar

pódio em 2017. Lúcio aderiu ao Cluster de Quali-

investindo no segmento. “Vimos que há muito

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[AGRICULTURA

Com vasta experiência em café, Tomás Eliodoro atua na região de Tapira desde 1989

interesse. Agora vamos trabalhar para manter os clientes que já temos e abrir novos mercados.”

O produtor explica que a altitude faz com que a maturação do café seja mais lenta e, por isso mesmo, os grãos são mais bem desenvolvi-

NAS ALTURAS

dos e concentram mais açúcares, característica

Tomás Eliodoro da Costa é agrônomo, com

que confere maior qualidade à bebida. “As con-

vasta experiência em café. Em 1969, começou a

dições são muito favoráveis às boas fermenta-

trabalhar com o produto no Centro de Orienta-

ções. Tenho apenas que me dedicar ao básico e

ção Técnica, ligado à Secretaria da Agricultura

realizar uma colheita bem-feita”, diz. Grãos da

de São Paulo, e lá ficou por 12 anos. Dali, foi

fazenda foram finalistas em todas as participa-

para uma grande companhia de café em São

ções no Prêmio Região do Cerrado Mineiro. Na

Paulo, onde permaneceu por outros 22 anos.

última edição, Tomás vendeu um microlote por

Em 1989, tornou-se sócio de uma propriedade

R$ 950 a saca. Apesar de considerar válido o re-

em Tapira, uma das regiões mais altas do Cer-

sultado, ele se preocupa mais com a regularida-

rado, cerca de 1.300 metros acima do nível do

de do produto. “O nosso café é especial. A vitória

mar. Mais tarde, comprou a parte dos sócios

no concurso é consequência”, acredita.

e, desde 1998, dedica-se exclusivamente à la-

A propriedade é outra integrante do Clus-

voura de café. A partir de 2011, Tomás passou

ter de Qualidade. Graças à iniciativa, seus fun-

a contar com o auxílio da filha, Daniele Pusti-

cionários puderam aprender um pouco mais

glione da Costa. “Cuidar de café é uma virtude

sobre a cultura do café e a bebida. “O pessoal

e uma paixão”, resume.

foi orientado sobre como deveria ser feito o

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manejo do café no terreiro para atingir a qua-

sul de Minas e na região do Cerrado mineiro,

lidade que buscamos. Agora, eles sabem o mo-

tão logo soubemos do Cluster de Qualidade,

tivo de fazer algo de uma determinada forma”,

aderimos”, detalha.

explica Daniele. Além disso, antes da colheita

Ela diz que o projeto foi essencial para am-

os talhões foram mapeados para que as carac-

pliar o aprendizado sobre o cultivo do grão, em-

terísticas e o potencial dos cafés de cada um

bora já produzissem uma “bebida mole” – jargão

pudessem ser identificados.

empregado pelos produtores para caracterizar

Daniele conta que o apoio obtido por meio

um bom café – sem saber disso. “Se não estivés-

do projeto foi importante na etapa do pós-

semos fazendo esse trabalho, não saberíamos

-colheita. “Você pode ter um café espetacular,

que tínhamos um diferencial”. Luciana diz que,

mas, se não fizer o manejo correto, acaba com

após a consultoria e os treinamentos, os funcio-

ele. Aprendemos detalhes que fazem toda a di-

nários já conseguem perceber aspectos e aromas

ferença”, conclui.

diferentes em determinados lotes, que são separados no terreiro. “Percebemos que, em 2018, a

PAIXÃO HERDADA

qualidade do nosso café aumentou”. Com isso,

Junto do irmão Júlio Ferreira, Luciana Fer-

na primeira participação no Prêmio Região do

reira produz cafés em Rio Paranaíba, na região

Cerrado Mineiro, no mesmo ano, ela e o irmão

do Cerrado, e próximo a Poços de Caldas, no

ficaram em oitavo lugar. “É um estímulo para

sul de Minas. A relação da família com o café

continuarmos”, comemora.

começou com o pai, Hélio de Godoy Tavares,

A produtora tem fé na lavoura. “Aposto mui-

na década de 1970. A paixão influenciou os fi-

to no café, desde que se busque conhecer melhor

lhos, que se formaram agrônomos. Em 1999,

o produto e ter um diferencial, até para poder

após a morte do patriarca, a família decidiu

influenciar no preço”, analisa. Para isso, con-

não dividir as terras. Ao contrário, permane-

sidera essencial contar com apoios e parcerias

ceram juntos e montaram um condomínio ru-

como as do Sebrae Minas e das cooperativas. “O

ral familiar em Poços de Caldas. “Sempre tra-

conhecimento e as inovações são importantes

balhamos para produzir um café diferenciado.

para a cadeia do café continuar a crescer e a me-

Participamos das atividades do Educampo no

lhorar mais e mais”.

CAFÉ ESPECIAL Um café considerado especial é aquele

pela Specialty Coffee Association – SCA

cujos grãos são isentos de impurezas ou

(Associação de Cafés Especiais, em portu-

defeitos e que possuem atributos (doçu-

guês), que avalia os atributos por meio de

ra e acidez, por exemplo) diferenciados

pontos, numa escala de 0 a 100. Um café é

e equilibrados. A qualidade é medida por

considerado especial se alcançar no míni-

meio de uma metodologia desenvolvida

mo 80 pontos.

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[NEGÓCIOS

UNINDO DEMANDA E OFERTA Merenda escolar é oportunidade para o desenvolvimento econômico de agricultores familiares

Toda a família da agricultora Joelma Fernandes Teixeira atua na produção de frutas, verduras e legumes

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FOTOS: PEDRO VILELA/AGÊNCIA I7

[MA R CO PAULO BA HIA ]


E

m uma das ilhas localizadas no Rio Doce, em Governador Valadares, a agricultora Joelma Fernandes Teixeira tem parte de sua plantação – outra fica à margem da

BR-381. Junto a quatro filhos, duas netas e um sobrinho, ela trabalha dia após dia na lavoura, cultivando vários tipos de banana, abacaxi, manga, laranja, coco, taioba, cebolinha, alface, couve e outras frutas e verduras. Parte da produção Joelma vende na Feira da Agricultura Familiar, realizada todas as sextas-feiras, ao lado do Mercado Municipal. Outra é comercializada via Cooperativa Regional de Economia Solidária da Agricultura Familiar e Agroecológica (Cresafa) e vai para a merenda escolar servida nas instituições estaduais de ensino de Valadares. Joelma é uma das agricultoras familiares que

participam do projeto Sementes Presentes, do governo mineiro, realizado em parceria com o Sebrae Minas. A iniciativa surgiu em 2017, quan-

As escolas estaduais devem usar 30% dos recursos destinados pelos governos federal e estadual para a compra de produtos provenientes da agricultura familiar

do o governo estadual apresentou um desafio à instituição: utilizar melhor o recurso da merenda escolar comprando insumos provenientes da agricultura familiar para, desse modo, contribuir com

diz Ariane Vilhena, analista do Sebrae Minas que

o enfrentamento da pobreza no campo e melhorar

elaborou o projeto em conjunto com o também

a distribuição de renda e o desenvolvimento local.

analista Haroldo Santos.

A ideia é simples: o governo fornece insumos e apoio para o agricultor plantar, ter o seu

FUNCIONAMENTO E MUDANÇAS

sustento e fornecer para o estado, um grande

As escolas estaduais recebem recursos do go-

comprador. Com isso, além de estimular a fixa-

verno federal destinados à merenda por meio do

ção do homem no campo, o projeto contribui

Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educa-

para a geração de renda e a melhoria das con-

ção (FNDE). Por lei, devem utilizar no mínimo

dições de vida das famílias. A estratégia definiu

30% deles na compra de produtos provenientes

seis territórios prioritários – Norte; Alto, Médio

da agricultura familiar. A verba destinada pelo

e Baixo Jequitinhonha; Mucuri; e Vale do Rio

governo estadual para o mesmo fim também se-

Doce – e o trabalho é realizado junto às Supe-

gue a regra. O procedimento ocorre por meio das

rintendências Regionais de Ensino.

Chamadas Públicas (veja box na p. 18). Apesar

“Toda vez que o recurso público é usado para

disso, os números mostram que o percentual de

comprar da agricultura familiar, de produtores

compras da agricultura familiar estava bem abai-

que geralmente estão nas redondezas das locali-

xo do mínimo exigido na maioria das regiões.

dades, o dinheiro fica naquele mesmo território”,

As escolas alegavam que os agricultores não apawww.sebrae/minasgerais

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[NEGÓCIOS

Os resultados do primeiro ano de trabalho serão consolidados até abril de 2019, e a expectativa é positiva

reciam para ofertar os produtos; na outra ponta,

Reuniões sensibilizaram as direções das es-

os produtores diziam não ter conhecimento da

colas e, assim, as duas pontas foram unidas. Os

demanda ou interesse em fornecer para o estado,

resultados do primeiro ano de trabalho serão

em razão da burocracia. Também apontavam difi-

consolidados até abril de 2019, e a expectati-

culdades ligadas a logística, dentre outras questões.

va é positiva. Uma conquista importante já co-

O quadro começou a mudar a partir de 2017,

memorada foi a publicação do decreto estadual

quando foi realizado um levantamento de cada

n. 47.589, em dezembro passado, estabelecendo

região e teve início o planejamento das ações. O

regras para as Chamadas Públicas Coletivas – uma

ano passado foi o momento de colocar em prática

prova do reconhecimento do Governo do Estado

tudo o que foi idealizado. Ainda que algumas es-

de que a metodologia aplicada é eficaz.

colas permaneçam comprando individualmente, um primeiro ajuste instituiu as Chamadas Públi-

AOS PÉS DO IBITURUNA

cas Coletivas, que possibilitaram que instituições

Governador Valadares é uma das principais

de ensino situadas em municípios próximos se

cidades do Vale do Rio Doce, localizada aos pés

juntassem em um único processo. Outra medida

do Pico do Ibituruna e às margens do Rio Doce.

se deu por meio da reorganização e da unificação

A Superintendência Regional de Ensino local, a

dos cardápios, considerando produtos regionais

maior do projeto em número de localidades, res-

e suas características, como os períodos de safra.

ponde por 132 escolas estaduais, distribuídas em

Além disso, cada Superintendência Regional de

40 municípios. Com a junção de oferta e procura e

Ensino passou a contar com uma nutricionista.

outras ações, o volume de compras da agricultura

Em paralelo, um cadastro dos agricultores

familiar pelas escolas da região deu um salto con-

familiares de cada região passou a identificar

siderável. Em 2016, correspondia a 9%, em média.

os produtos cultivados por cada um deles e suas

Os números atuais estão sendo consolidados, mas

respectivas capacidades de produção. “Consta-

a expectativa é de que ultrapassem o mínimo de

tou-se que havia um grande número de produ-

30% previsto em lei.

tores familiares, organizados em cooperativas e

Cláudia Amorim, superintendente regional

associações, que tinham capacidade de fornecer

de Ensino de Valadares, avaliou positivamente a

para o estado”, conta Ariane.

aproximação entre diretores e produtores. “Perce-

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JAN | MAR 2019


Clóvis Oliveira atua na Cresafa, cooperativa que reúne 170 agricultores de 20 municípios da região de Governador Valadares

bemos que havia uma dificuldade de diálogo entre

rola, caju; tubérculos, como inhame, mandioca

o agricultor familiar e as escolas. O grande mérito

e batata-doce; e hortaliças, como alface, couve,

do projeto foi melhorar isso”, diz. A nutricionista

taioba, cheiro-verde e salsinha. Entre os ali-

Daniela Martins Arreguy, que atua na região, fala

mentos processados, destacam-se a rapadura e

com orgulho dos resultados alcançados. “Conse-

o açúcar mascavo, além de quitandas, como bis-

guimos fazer um cardápio mais variado, aumentar

coitos, pães, bolos e broas.

o número de preparações, diversificar a quantida-

A cooperativa já fornecia para as escolas

de de produtos, com a inclusão de saladas e folho-

estaduais por meio das Chamadas Públicas. No

sos, alimentos que às vezes eles não conseguiam

entanto, o presidente Clóvis Augusto de Oliveira

comprar no mercado comum”, diz. Ela destaca

avalia que os processos coletivos “ajudaram mui-

que os reflexos no rendimento escolar dos alunos

to, pois abriram novas oportunidades”. Ele conta

são imediatos. “Uma criança alimentada se dedica

que a Cresafa participou das duas Chamadas Pú-

mais, é mais concentrada e aprende mais. Estamos

blicas Coletivas realizadas em 2018, chegando a

numa região muito pobre e, em vários casos, as re-

entregar produtos em 45 escolas. Atualmente, 35

feições servidas nas escolas são as únicas do dia.”

instituições são atendidas. “Como em tudo que é novo, tivemos problemas no início. A solução

COOPERAÇÃO

foi reunir as partes na cooperativa para acertar

A Cresafa reúne 170 agricultores de 20 mu-

os pontos. A partir daí, o trabalho fluiu melhor.”

nicípios da região de Valadares. São produtores

Clóvis informa que o volume comercializa-

de frutas de época, como manga, abacate, ace-

do pela Cresafa cresceu cerca de 60% em um www.sebrae/minasgerais

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[NEGÓCIOS

funcionária do município. Por pouco tempo.

Uma criança alimentada se dedica mais, é mais concentrada e aprende mais DA N I E L A A R REG UY, NUTRI CI ONI STA

“Não deu certo. Meu negócio é a terra. Você plantar uma semente, fazer o canteiro, ver a planta germinar, colher... É isso que dá prazer.” Antes de se juntar à Cresafa, ela vendia sua produção para viajantes, na beira da BR-381, onde se abrigava do sol forte numa barraca de bambu. Também vendia verduras, milho verde e mandioca de porta em porta, em um bairro

ano, aumentando a produção e o faturamen-

próximo. Morou de aluguel e até em casa de

to do agricultor familiar. “O impacto social é

bambu com enchimento de barro às margens

muito forte, contribui para tirar muita gente da

da estrada.

miséria no campo, pois trabalhamos com pes-

Ela acredita que projetos como o Semen-

soas bem carentes.” Segundo o presidente da

tes Presentes ajudam a manter as pessoas no

cooperativa, muitas vezes o agricultor não tem

campo. “Se tiver investimento na zona rural,

acesso à comercialização, já que mora e produz

temos como nos manter aqui”. Com o dinheiro

em locais distantes do comércio e tem dificul-

do trabalho com a terra, Joelma tirou carteira

dade para vender seu produto. “Então, você vai

de habilitação e tem dois carros, que ajudam a

lá e pega do agricultor R$ 50 em produtos na

transportar a produção. Construiu uma boa casa

semana. Aquele valor vai ajudá-lo a comprar

e todos os filhos estudam. Se eles querem sair

um remédio, a comprar outro produto de que

da roça? “Querem ficar aqui, tirar o sustento da

necessita. Ajudamos a gerar renda.”

nossa terra”, responde.

MULHER FORTE

ROSQUINHAS

A agricultora Joelma, mencionada no início

A Associação dos Produtores Rurais de Cas-

desta matéria, cresceu e sempre trabalhou na

simiro é outra fornecedora da merenda escolar

roça. Com Ensino Médio completo, chegou a

da região. Na pequena fábrica na localidade co-

passar em concurso público e trabalhar como

nhecida como Cabeceira do Bugre, 28 mulheres

PARCERIAS Caminharam lado a lado com o Sebrae no planejamento e na execução da iniciativa parceiros como a Secretaria de Estado de Trabalho e Desenvolvimento Social (Sedese), Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag), Secretaria de Estado de Educação (SEE) e Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado Minas Gerais (Emater), além de prefeituras.

[16]

JAN | MAR 2019


Maria das Graças Souza preside a Associação dos Produtores Rurais de Cassimiro, fornecedora de rosquinhas para a merenda escolar

atuam na produção de rosquinhas, entre elas

to e apenas mulheres no comando. Em 1999,

Maria das Graças Souza, presidente e uma das

segundo ano da associação exclusivamente

fundadoras da associação.

feminina, um contrato de fornecimento para

Maria conta que, no passado, a entidade

a merenda escolar do município foi conquis-

reunia os produtores de leite da região. “Eram

tado, e 500 quilos mensais passaram a ser for-

somente homens, a única mulher era a técni-

necidos. No segundo ano, o pedido dobrou, e

ca da Emater, que fazia as reuniões”, lembra. A

o crescimento não parou.

profissional foi a responsável por convidar as

A fábrica atual foi inaugurada em 2002.

mulheres para participar e plantou a semente:

Além de produzir para as escolas do municí-

por que elas não vendiam as rosquinhas que

pio até os dias de hoje, a associação começou a

sempre faziam para as reuniões? Maria e ou-

fornecer para o estado no segundo semestre de

tras 12 mulheres toparam o desafio. Produziam

2018. Maria conta que a experiência com o mu-

no fundo do quintal e levavam o produto para

nicípio facilitou a nova empreitada, e os pedidos

vender nos mercados.

cresceram, assim como o número de associadas.

O negócio do leite foi minguando até dei-

“O espaço de hoje já está apertado. Meu maior

xar de existir dentro da associação, que pas-

sonho é ampliá-lo, para que mais mulheres pos-

sou a ter as rosquinhas como principal produ-

sam trabalhar”, diz. www.sebrae/minasgerais

[17]


[NEGÓCIOS

DE TUDO UM POUCO

produtor é vender seu produto. Temos expe-

Maximino Feliciano, ou Max, como é co-

riência para produzir, e os técnicos nos au-

nhecido, tem um pedaço de terra na comu-

xiliam. O problema é vender. Por isso, esses

nidade de Córrego dos Venâncios, no distri-

projetos ajudam demais.”

to de Brejaubinha, em Valadares. Lá, produz

Sem os incentivos, Max diz que a situação

queijos Minas Padrão, Frescal e requeijão e

era complicada. “Plantava só para consumo

cultiva frutas, milho, feijão e hortaliças. Por

próprio. No caso do milho e do feijão, quando

meio da Associação dos Agricultores Familia-

sobra um pouco, até consigo vender. Só que,

res dos Córregos Unidos e Distrito de Brejau-

como todo mundo está produzindo, o mer-

binha (Acub), que tem mais de 80 associados,

cado paga pouco. É triste o negócio”, diz. O

Max já fornecia para a as escolas municipais,

produtor espera que os projetos continuem a

principalmente hortaliças. Em 2018, o grupo

incentivar a produção da agricultura familiar.

passou a atender às escolas estaduais e Max

“Naquilo que é bom não se deve mexer não,

comemora. “A maior dificuldade do pequeno

tem que incentivar e até investir mais”.

COMPRA DA MERENDA 1ª ETAPA

2ª ETAPA

Escolas fazem

Agricultores

Caso ninguém

Os itens da

Chamadas Públicas,

familiares

manifeste interesse

merenda que não

3ª ETAPA

4ª ETAPA

Individuais

apresentam

em 20 dias, os

têm origem na

ou Coletivas,

suas ofertas.

produtos podem

agricultura familiar

listando os itens

ser adquiridos no

(processados e

demandados,

mercado comum,

industrializados)

quantidade, prazo

devendo ser

são adquiridos por

de entrega, dentre

iniciado um novo

meio de licitação.

outros.

processo.

[18]

JAN | MAR 2019


INDÚSTRIA]

ESTRATÉGIA PARA O CRESCIMENTO Empresas do ramo de moda do Triângulo Mineiro e do Alto Paranaíba se unem em projeto

FOTOS: PEDRO VILELA/AGÊNCIA I7

[A NA PAUL A DE O LIVEIR A ]

Thiago Boaventura dá continuidade ao negócio fundado por seus pais

www.sebrae/minasgerais

[19]


[INDÚSTRIA

Q

uando aderiu ao projeto Desenvolvimento da Indústria da Moda do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, o empresário Thiago Boaventu-

ra de Abreu tinha uma meta bem traçada. Diretor de produção da Street Indústria e Comércio de Confecções, em Uberaba, sua aposta era adquirir conhecimento e oportunizar novos negócios durante a Feira Brasileira para a Indústria Têxtil (Febratex 2018), em Blumenau, Santa Catarina. O evento é considerado um dos principais do ramo por reunir inovações tecnológicas e lançamentos para o setor têxtil e de confecção. A missão empresarial para a Febratex esteve entre as iniciativas desenvolvidas por meio do projeto, criado pelo Sebrae Minas em parceria com a Federação das Indústrias do Estado de Mi-

Triângulo e Alto Paranaíba reúnem mais de 200 empresas de moda, gerando cerca de 5,5 mil empregos diretos e indiretos

nas Gerais (Fiemg) e os sindicatos da Indústria do Vestuário e de Calçados de Uberaba, Patos de Minas e Uberlândia, com o objetivo de forta-

elas se fortaleçam”, explica a gestora do projeto,

lecer e aumentar a competitividade de micro e

Andrea Marques Lima, do Sebrae Minas.

pequenas empresas ligadas à indústria da moda

Para cumprir esse objetivo, foram viabiliza-

– confecções e fabricantes de calçados, bolsas e

dos cursos e consultorias sobre eficiência ener-

acessórios. Tudo para potencializar a região do

gética, marketing digital, gestão de canais e

Triângulo e do Alto Paranaíba – que reúne mais

vendas, modelo de negócios (Canvas) e progra-

de 200 empresas do setor, gera cerca de 5,5 mil

ma de desenvolvimento de coleções. Também

empregos diretos e indiretos e fatura, aproxima-

foram realizadas palestras com especialistas do

damente, R$ 110 milhões por ano.

mundo da moda e missões técnicas e empre-

Trinta empresas foram acompanhadas ao longo de 2017 e 2018, período em que participa-

sariais que colocaram os empreendedores em contato com novas tendências e parcerias.

ram de ações estratégicas, focadas em aprimoramento da gestão, busca de novos mercados,

EXPECTATIVAS SUPERADAS

inovação em produtos e design e otimização do

“Como eu previa, a visita à feira deixou um

processo produtivo. “Partimos de um diagnós-

saldo positivo. Concretizei uma negociação de

tico que apontou a necessidade de recuperar o

novo maquinário e um projeto de passadoria,

mercado da indústria da moda, o que passa pelo

além de ter contatado potenciais fornecedores

aumento das vendas e acesso às novas tecnolo-

de insumos têxteis. Mas, para minha surpresa,

gias e tendências de mercado. Nosso objetivo é

obtive outros resultados que sequer previa”,

contribuir para incrementar as condições inter-

avalia Thiago, que é diretor de Produção da

nas de competitividade das empresas, para que

empresa fundada há 23 anos pelos pais. Atu-

[20]

JAN | MAR 2019


Autodidata, Frank Lemes do Prado ingressou no mundo da moda em 1991

almente, a Street tem 88 empregados diretos e

ser empregado na instalação de um sistema

produz, em média, 38 mil peças mensais, entre

de energia solar fotovoltaica, que levará a ga-

uniformes escolares e profissionais e camisetas

nhos ainda maiores no futuro.

promocionais, vendidos para todo o país. Parte do projeto, o estudo Eficiência Ener-

NOVAS POSSIBILIDADES

gética detectou possibilidades de implemen-

Autodidata, foi em 1991 que Frank Lemes do

tar medidas simples e eficazes para reduzir os

Prado ingressou no mundo da moda. O estilista

custos da empresa. São exemplos a alteração

já trabalhou com grandes nomes da alta costura

do contrato de energia para Tarifa Branca e da

paulistana e é considerado um dos precursores

subclasse do serviço para Indústria, além da

do mundo fashion no Triângulo Mineiro, onde

troca das lâmpadas para o modelo LED, que

desenvolveu novas técnicas e construiu uma

irão proporcionar uma economia anual de até

carreira sólida. “Vale lembrar que, naquela épo-

R$ 18,2 mil. Segundo Thiago, o valor deverá

ca, não tínhamos a internet. Era preciso muita www.sebrae/minasgerais

[21]


[INDÚSTRIA

produção gira em torno de 300 peças por mês

Após 25 anos criando e desenvolvendo as modelagens, vi que existe uma série de oportunidades no campo comercial e criativo e que posso estabelecer parcerias sem abrir mão da minha identidade F R A N K P RADO, EM P RESÁRI O

no estilo prêt-à-porter e outras 200 anuais de alta costura – mais elaboradas, estas são inteiramente confeccionadas de forma manual e podem custar até R$ 35 mil a unidade. “Como sou autodidata, o processo acaba ficando muito centralizado em mim. Após 25 anos criando e desenvolvendo as modelagens, vi que existe uma série de oportunidades no campo comercial e criativo e que posso estabelecer parcerias sem abrir mão da minha identidade. Também conheci novas possibilidades de cortes, texturas e acabamentos exclusivos que vão agregar valor à próxima coleção”, diz.

pesquisa, muito estudo e eu estava sempre buscando informação e fazendo esse intercâmbio entre São Paulo e Uberaba”, conta.

ALINHAMENTO ÀS TENDÊNCIAS Decidida a intensificar a presença digital da marca Ateliê do Jaleco, a empresária Ma-

Há quatro anos à frente do Sindicato da In-

riangela Borges Alves não teve dúvida de que

dústria do Vestuário de Uberaba (Sindivestu),

participar de uma ação voltada para o desen-

Frank considera o projeto Desenvolvimento da

volvimento da moda traria bons resultados ao

Indústria da Moda do Triângulo Mineiro e Alto

negócio. Além de o módulo Design de Moda

Paranaíba uma ferramenta essencial para dina-

ter resultado em cinco novas modelagens

mizar o setor. “É um ramo que, além de enfrentar

para a confecção, o de Mídias Digitais trouxe

os desafios de uma economia fragilizada, tam-

o aprendizado que ela vinha buscando nessa

bém precisa lidar com a entrada em massa dos

área. Foram 32 horas entre curso e consulto-

produtos chineses. Por isso, precisamos apostar

rias para ensinar aos empreendedores como

na criatividade dos empresários mineiros e in-

planejar ações e criar conteúdos para posicio-

vestir constantemente na profissionalização do

nar ou reposicionar marcas nas redes sociais.

negócio. Fico feliz por termos conseguido abran-

“Nos dias de hoje não podemos ficar só na

ger um território amplo e envolver várias cidades

loja, esperando o cliente aparecer. Principalmen-

da região nessa iniciativa”, afirma.

te no nicho em que atuo. Os profissionais da área

Como empresário, ele ressalta os ganhos

da saúde não costumam ter muito tempo dispo-

que o projeto, em especial o módulo destinado

nível. É melhor que eu vá até eles, e a internet

ao Planejamento e Desenvolvimento de Co-

é uma excelente ferramenta para isso”, explica a

leções, trouxe ao seu negócio, o ateliê Frank

empresária, que também atua em Uberaba.

Prado, instalado em Uberaba. Exigente quanto

Sua entrada no ramo da moda se deu de

à qualidade e à fidelidade ao estilo que caracte-

forma bem peculiar. Foi na papelaria do mari-

riza suas peças, ele acompanha desde o desenho

do que ela expôs os primeiros jalecos, produ-

e a modelagem até a feitura de cada roupa. A

zidos em 2006. A ideia partiu dele, que passou

[22]

JAN | MAR 2019


Mariângela e o marido, Sérgio: parceria à frente do Ateliê do Jaleco

a utilizar o espaço para comercializar algumas

jalecos personalizados, pijamas para bloco ci-

peças, aproveitando a presença de duas uni-

rúrgico, uniformes para empresas e camisas,

versidades da área da saúde na cidade. “Ele

tudo acompanhado de perto pela proprietária

começou vendendo peças de terceiros, mas

e gerenciado pelo marido.

a qualidade dos produtos adquiridos de for-

“Sou parceira do Sebrae há muitos anos.

necedores locais não o satisfez. Daí, propôs

Por isso, sempre que há alguma atividade que

que eu fizesse alguns de teste. Eu tinha habi-

atende às nossas necessidades somos procu-

lidades de corte e costura e fazia reparos em

rados. Quando soube do projeto de moda, não

roupas, mas nunca tinha produzido nada pa-

tive dúvida de que seria importante para esse

recido. Quebrei bastante a cabeça para fazer

momento da empresa”, observa Mariangela,

apenas cinco unidades”, lembra.

que já está colocando em prática o conhe-

Além das vendas no local, no início ela

cimento absorvido. “Contratei uma agência

contava com a ajuda da filha, que cursava Me-

para me auxiliar na gestão das redes sociais.

dicina e recebia encomendas dos colegas de

Já tínhamos essa presença, mas queremos ir

faculdade. Passados 12 anos, o amadorismo há

mais fundo. Agora, sei que o site precisa de

muito foi deixado para trás no Ateliê do Jaleco.

adaptações para o acesso via celular e que é

Formalizada em 2009, a empresa ocupa hoje

possível fazer uma gestão mais eficiente, por

um espaço de 200 m2, entre confecção e loja,

meio de dados que ajudam a pensar estraté-

e emprega 12 pessoas diretamente. A produ-

gias de marketing que levem em conta, por

ção mensal gira em torno de 500 peças, entre

exemplo, a segmentação de públicos.” www.sebrae/minasgerais

[23]


PEDRO VILELA / AGÊNCIA I7

[SEBRAETEC

Luciano Camilo e André Rasmínio desenvolveram produto inovador via Sebraetec

CONEXÃO SEGURA Programa torna o caminho da inovação acessível às micro e pequenas empresas [A NA PAUL A DE O LIVEIR A ]

T

ecnologia e inovação. Não importa

diante de obstáculos como a dificuldade para

o ramo ou o porte, a presença dessa

identificar oportunidades ou a falta de recursos

dupla é imperativa para qualquer em-

para investir.

presa que queira manter-se competiti-

Para eliminar essas barreiras, o Sebrae Mi-

va, aumentar a produtividade ou acessar novos

nas disponibiliza um programa de consultoria

mercados. No entanto, ainda que cientes dessa

tecnológica subsidiada, o Sebraetec. “Costumo

necessidade, boa parte das pequenas se detém

comparar a iniciativa a uma ponte que dá aos

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JAN | MAR 2019


micro e pequenos empreendedores acesso ao conhecimento gerado em instituições renomadas, como centros de pesquisa e universidades, que é repassado por profissionais de altíssimo nível técnico e a um custo acessível, já que arcamos com 70% do valor da consultoria”, explica o analista de Inovação e Competitividade do Sebrae, Anízio Dutra Vianna. Em 2018, foram atendidas mais de 10 mil empresas mineiras, envolvidas em 1.364 projetos assessorados nas áreas de Design, Produti-

Em 2018, foram atendidas mais de 10 mil empresas mineiras, envolvidas em 1.364 projetos assessorados nas áreas de Design, Produtividade, Qualidade, Inovação, Sustentabilidade e Serviços Digitais

vidade, Qualidade, Inovação, Sustentabilidade e Serviços Digitais. Lançado há mais de 10 anos, em 2019 o programa terá uma nova versão, o

uma “missão de vida”: munir de informações e

Sebraetec 4.0. “O programa sempre abrangeu

auxiliar o maior número possível de mulheres

todas as necessidades levantadas pelas empre-

que desejam ter um parto natural e humaniza-

sas, uma das razões para o seu sucesso. E, a par-

do. A ideia surgiu após uma série de dificulda-

tir de agora, será revitalizado, para adequar as

des que ela mesma enfrentou para sustentar

áreas temáticas, entre outros pontos. Estamos

uma decisão tomada antes mesmo de engravi-

preparando o edital de credenciamento, e a ex-

dar. “Sempre sonhei em ter um parto natural,

pectativa é que comece a rodar com esse novo

livre de intervenções. Mas não imaginava que

formato já em março deste ano”, observa Anízio.

teria que passar por uma verdadeira peregri-

PRIMEIRA INVESTIDA

nação até encontrar um profissional que respeitasse esse desejo. Lembro que estava com

O empreendedor deve procurar um posto

37 semanas de gestação e já queriam induzir

de atendimento do Sebrae e apresentar sua

uma cesariana, mesmo eu tendo condições de

demanda tecnológica, que será enquadrada

ter um parto normal. Foi muito angustiante

em uma das áreas e enviada às Prestadoras

essa busca por alguém que adotasse a linha

de Serviços Tecnológicos – empresas e enti-

humanizada”, conta.

dades cadastradas via edital. Em 2018, mais

Após o nascimento da filha – em um par-

de 60 organizações participaram do programa.

to natural e sem complicações –, Jeanne foi

Elas desenvolvem as propostas de trabalho, e

em frente. Teve acesso a várias soluções, como

aquela que melhor atender às necessidades

Startup Day, Bootcamp e Go Minas, e formatou a

levantadas é apresentada ao empreendedor,

ideia de um aplicativo, desenvolvido por meio do

que desembolsa apenas 30% do valor final para

Sebraetec. “Queria reduzir ao máximo as chan-

contratar a consultoria.

ces de erro. Entrei no programa com uma ideia

A fisioterapeuta Jeanne Carvalho concluiu

no pendrive e saí com um aplicativo pronto.”

esse percurso no fim de 2018. Determinada, ela

Com serviços de agendamento, relaciona-

procurou o Sebrae no ano anterior, em busca

mento e marketing, em dezembro de 2018 foi

de orientação para viabilizar o que considera

lançado o Tumaas – segundo a empresária, o

www.sebrae/minasgerais

[25]


[SEBRAETEC

ARQUIVO PESSOAL

nome significa aumentar em filipino. Disponível para download na loja Play Store, o aplicativo traz uma relação e breve perfil de instituições e profissionais da área da saúde, entre médicos e enfermeiras obstetras, doulas, consultoras de amamentação, fisioterapeutas, nutricionistas e psicólogos. Por meio dele, as usuárias podem agendar horários, avaliar o profissional e compartilhar relatos de partos e dúvidas em um fórum de discussões. Também está disponível uma relação de advogados especializados em violência obstétrica e direitos das gestantes. “Ou seja, o aplicativo oferece uma jornada completa de acompanhamento de todo o período perinatal. Sem passar pelo Sebraetec, não teria condições de tirar a ideia do papel e ajudar outras mulheres. O apoio que obtive foi importantíssimo para a concretização do projeto”, pontua Jeanne.

PARCERIA ANTIGA Santa Rita do Sapucaí, no sul de Minas, é um

Após o nascimento da filha, Jeanne Carvalho criou aplicativo para acesso a serviços e informações sobre parto natural e humanizado

dos principais polos tecnológicos do país, também conhecido como Vale da Eletrônica. Foi lá que os engenheiros eletricistas Luciano Camilo

em parceria com uma empresa líder global de

Alexandre e André Rasmínio Vasconcelos Leite

armamentos não letais.

desenvolveram um produto inovador, que vem

“Geralmente, as empresas parceiras têm

sendo usado por forças de segurança no Brasil

capital para comprar o produto, mas não para

e em outros 50 países.

bancar seu desenvolvimento. Por isso, sempre

Sócios da Fractum, empresa especializada

que o mercado solicita uma inovação, recorre-

em produtos e soluções de comunicação sem

mos ao Sebrae. Além do aporte financeiro, graças

fio, eles buscaram o Sebraetec para criar um

ao Sebraetec, acessamos algumas competências

sistema wireless para armamento não letal. A

de que não dispomos, mas que o consultor tem.

solução permite monitorar o uso da arma, por

É um apoio que agrega muito valor”, explica.

meio de informações como o motivo e o número

A parceria dos empresários com o Sebrae vem

de disparos e se a utilização ocorreu de forma

de longa data. Os primeiros contatos começaram

adequada, entre outras. Também é possível blo-

em 2007, quando a Fractum ainda era uma startup

quear o armamento à distância, impossibilitan-

incubada pelo Instituto Nacional de Telecomuni-

do o uso por pessoas não autorizadas. A tecno-

cações (Inatel), no qual os sócios estudaram. “Isso

logia empregada é 100% nacional e produzida

se intensificou em 2009, quando nos graduamos

[26]

JAN | MAR 2019


na incubadora. Alugamos uma sede e começamos

ção instituída pelo Sindicato das Indústrias de

a criar produtos, buscar novos clientes e abrir

Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares do

mercados, sempre com a ajuda do Sebrae, parti-

Vale da Eletrônica (Sindvel) –, na categoria Em-

cipando de iniciativas como Sebraetec e Sebrae

presa Inovadora. No ano anterior, a empresa já

Inovação, entre outras”, explica Luciano.

havia sido reconhecida pela inovação Redes de

Única da América Latina a ser reconhecida

Sensores sem Fio para Monitoramento Ambien-

como RF Design Partner pela fabricante ame-

tal, outro fruto da parceria com o Sebraetec.

ricana de semicondutores Microchip Inc, em

“O Sebrae é um grande parceiro, pois enxerga

2018 a empresa alcançou o recorde de 30 mil

a pequena empresa de uma forma que outros

produtos vendidos. A solução desenvolvida

órgãos não fazem. Sem esse apoio, não tería-

via Sebraetec, em dezembro de 2018, rendeu à

mos 30 mil produtos no mercado, como temos

Fractum a Comenda Sinhá Moreira – premia-

hoje”, ressalta.

PROCURE O SEBRAETEC

As empresas procuram o Sebrae, com demandas tecnológicas.

CONTATO

De acordo com a necessidade, a solicitação é enquadrada nos temas atendidos pelo Sebraetec.

PRESTADORA

A demanda é encaminhada a uma Prestadora de Serviços Tecnológicos cadastrada no Edital Sebraetec. Há rodízio entre elas, para equilíbrio nos atendimentos.

CADASTRO

RETORNO

A prestadora encaminha proposta. A aprovação estará condicionada ao cumprimento do Edital e ao atendimento às necessidades da empresa cliente.

www.sebrae/minasgerais

[27]


[ENTREVISTA

BONS VENTOS EM 2019 Como aponta o economista Raimundo Leal, há confiança na recuperação das pequenas empresas [FER NA NDA PER EIR A ]

Pesquisa do Sebrae sobre o desempenho das pequenas empresas em 2018 e as perspectivas para 2019 mostram que o setor está otimista: sete em cada 10 empresários ouvidos têm expectativa de que este ano será melhor. Para 30% dos entrevistados, a corrupção foi o problema que mais prejudicou os negócios no ano passado. Outros 20% acreditam que o pior foram as altas taxas de juros e os elevados níveis de desemprego. A Passo a Passo conversou com o especialista em Economia Raimundo de Sousa Leal sobre o país e as perspectivas para os negócios. Com graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), mestrado em Economia pela mesma instituição e doutorado em Economia pela Universidade Federal de Minas Gerais, atualmente Raimundo é pesquisador em Ciência e Tecnologia da Fundação João Pinheiro, onde atua desde 1994. Tem experiência na área de pesquisa em Estatísticas Socioeconômicas e em História do Pensamento Econômico. Confira a entrevista.

Quais as expectativas para o cenário econô-

os Estados Unidos – que alcançou o auge no

mico em 2019?

ano passado e deve passar por desaceleração

Temos três fatores principais que condicio-

nos próximos dois anos. Portanto, não devemos

nam a economia brasileira ao longo de 2019 e

esperar um efeito mais forte na nossa recupe-

dos próximos anos. O primeiro relaciona-se à

ração econômica por parte do mercado exter-

economia internacional. É muito difícil prever,

no. O segundo fator é a dominância da política

especialmente, o que vai ocorrer com a China –

sobre a economia, evidenciada a partir de 2014.

que vem crescendo menos, ano a ano – e com

Nosso sistema político entrou em colapso, e a

[28]

JAN | MAR 2019


economia foi semiparalisada. A gravidade da atual crise fiscal exige um governo operando funcionalmente, junto com o Congresso. Nesse aspecto, é muito difícil prever se o novo governo de fato nos fará superar esse impasse. O terceiro fator tem conotação bem mais positiva: a economia brasileira está operando em situação de capacidade ociosa muito abrangente, criando

Não devemos esperar, por parte do mercado externo, um efeito mais forte na nossa recuperação econômica

condições para sua recuperação mais rápida e vigorosa, sem que para isso sejam necessários

Que medidas imediatas, por parte do governo e até do setor privado, poderiam impulsionar a economia? Existe uma especulação sobre a possibilida-

PEDRO VILELA / AGÊNCIA I7

maiores investimentos.

de de que o Conselho de Política Monetária e o Banco Central façam novas reduções da taxa de juros (Selic) ao longo deste ano. É uma condição necessária para que possa ocorrer um crescimento rápido, mas não é suficiente, nem sustentável. Por parte do governo, a capacidade de criar condições e estímulos de demanda, que poderiam auxiliar uma política anticíclica e a recuperação mais forte da economia em curto prazo, está muito reduzida em função da situação fiscal da União, dos estados e dos municípios. Abrir mão de receita no momento seria muito inadequado. O espírito empreendedor precisa se restabelecer, as condições do mercado de trabalho precisam evoluir mais rapidamente. O aumento de empregos formais e a redução de dívidas por parte das famílias poderiam gerar aumento do consumo e um estímulo para a recuperação. Em relação à concessão de crédito, como deve ser a atuação dos bancos públicos e privados? Enquanto nós não criarmos condições para que as taxas de juros no Brasil sejam de fato

www.sebrae/minasgerais

[29]


[ENTREVISTA

consistentes como aquelas que são praticadas

A corrupção de fato impacta no desempenho

internacionalmente, em um nível bem mais bai-

do empreendedor?

xo do que nós historicamente lidamos, vai ser

A corrupção é uma questão moral, que gera

relativamente difícil os bancos privados cum-

desperdício de recursos, e é um problema que

prirem seu papel como provedores de crédito de

deve ser rigorosamente atacado, que não se jus-

longo prazo. Mas, à medida que as taxas de juros

tifica de forma alguma. Embora a percepção de

se consolidarem em patamares bem reduzidos,

que a corrupção seja um problema muito gra-

cria-se a possibilidade para que isso aconteça.

ve esteja correta, do ponto de vista do impacto

Eu penso que o setor público e o setor privado

econômico, as perdas geradas são relativamente

devem agir de forma complementar ao funcio-

pequenas em relação aos problemas estruturais

namento do mercado de crédito.

das finanças públicas, principalmente ligados aos sistemas tributário e previdenciário.

Como as empresas devem lidar com o endividamento e, ainda assim, continuar

Cerca de 52% dos empresários pretendem

crescendo?

fazer investimentos em 2019. Quais as reco-

Não tem jeito de crescer se uma empresa es-

mendações para evitar riscos?

tiver endividada. Se todo ciclo de expansão de

É muito difícil falar em uma recomendação

crédito for feito de uma forma muito desordena-

direcionada para pequenas e médias empresas,

da, será seguido por uma recessão. Isso acontece

pois se trata de um segmento muito heterogê-

porque o tempo de digestão das dívidas herda-

neo, de universos muito diferentes. De forma

das é longo e se dá no mesmo momento em que

geral, é necessário ter cautela, pois, do ponto de

fica mais difícil administrar o fluxo de caixa das

vista macroeconômico, ainda não há elementos

empresas. O que nós temos de favorável é que o

que permitam trabalhar com hipóteses de cres-

ajuste da situação financeira das famílias e das

cimento de 3% a 5%, em termos reais, da de-

empresas começou há três, quatro anos. O en-

manda futura. O mais adequado nesse momento

dividamento ainda é alto, mas está muito me-

seria a realização de investimentos não em har-

nor do que há três anos. Portanto, não dá para

dware, mas em capacitação, em ferramentas de

esperar uma ação mais arriscada por parte dos

gestão, em treinamento gerencial e em técnicas

gestores com esse quadro.

contábeis que possam gerar maior eficiência no funcionamento das empresas. Investimentos que permitam grande produtividade com a re-

O setor público e o setor privado devem agir de forma complementar ao funcionamento do mercado de crédito

organização funcional das empresas e dos negócios são mais recomendáveis para o momento que estamos vivendo. Isso em termos gerais, sem observar as especificidades dos inúmeros tipos de pequenos negócios. Quais são os setores mais promissores? É importante que as empresas entendam de que forma elas estão organizadas e relacionadas

[30]

JAN | MAR 2019


relacionadas ao agronegócio brasileiro têm tido uma perspectiva de longo prazo e uma inserção muito mais robustas. Afinal, é um setor que tem tido produtividade significativa, e toda a cadeia relacionada a essa indústria tem se beneficiado dessa inserção. A falta de confiança dos investidores pode atrapalhar a evolução das empresas startups? Sim, assim como o posicionamento da economia brasileira em relação à economia internacional. Setores que dependem de novas tecnologias podem ser muito beneficiados por uma abertura comercial e por uma integração mais forte da economia brasileira em setores nos quais temos

O ajuste da situação financeira das famílias e das empresas começou há três, quatro anos. O endividamento ainda é alto, mas está muito menor

vantagens competitivas no mercado internacional. Boa parte das oportunidades estão relacionadas às startups que vão operar nas cadeias globais de valor de setores em que conseguem se posicionar de maneira mais competitiva. Como as pequenas empresas podem melhor contrabalancear todos esses fatores que estão nas entrelinhas da economia, dar passos estratégicos e se desenvolver? Aproveitar o momento para investir em

com o sistema produtivo e como podem ser im-

treinamento gerencial é um dos passos para

pactadas por seus movimentos. Empresas que

que as empresas obtenham ganhos de pro-

de alguma maneira podem se beneficiar de ex-

dutividade no curto prazo. Uma outra linha

ternalidades locais e geográficas, como o acesso

seria uma ação coletiva mais bem organizada

a mão de obra com habilidades especializadas,

no sentido de vocalizar interesses e necessi-

que lidam com novas tecnologias e com no-

dades, a exemplo da simplificação do sistema

vos conhecimentos, podem ter um crescimen-

tributário, que induz a uma perda de tempo e

to muito rápido e bem-sucedido. Aquelas que

recursos muito grande para cumprir as obriga-

operam em condições muito próximas de uma

ções fiscais. A reforma tributária, nos moldes

situação de concorrência perfeita – compram e

da que vem sendo consolidada pelo Bernard

comercializam produtos e serviços muito pa-

Appy, juntamente com medidas voltadas ao

dronizados, em um mercado onde é muito fácil

cumprimento das ordenações burocráticas das

entrar e sair – devem operar com muita cautela.

diversas instâncias de controle do Estado, tra-

Independentemente disso, aquelas que estão

ria ganhos muito grandes às empresas.

www.sebrae/minasgerais

[31]


[INOVAÇÃO

JULIANA FLISTER/AGÊNCIA I7

A Minas RFID, de Leonardo Alexandrino, está entre as selecionadas por meio do Mind 4.0

PONTE PARA O FUTURO Programa viabiliza atuação conjunta de startups e grandes indústrias [GUILHER ME BA R BO SA ]

[32]

JAN | MAR 2019


A

s inovações trazidas pela indústria 4.0 vêm dominando os debates sobre o futuro da produção no Brasil. Gradativamente, a expressão tem

deixado de ser um mero conceito para tornar-se uma realidade. Pesquisa realizada pela Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) revelou que os gestores já a consideram um caminho sem volta, que promete revolucionar os métodos de fabricação até então adotados. Entre os entrevistados, 90% concordam que a indústria 4.0 resultará em um aumento exponencial da produtividade. Trata-se, portanto, de oportunidade, não de risco. Embora otimistas, apenas 5% das empresas ouvidas afirmaram, entretanto, estar “muito preparadas” para enfrentar os desafios propostos pelo novo conceito. Fato é que um novo mercado para empresas de tecnologia e automação se descortina. Oferecer soluções inovadoras,

90% dos entrevistados em pesquisa concordam que a indústria 4.0 resultará em um aumento exponencial da produtividade

adequadas à indústria 4.0, é uma possibilidade a cada dia mais concreta que elas têm pela frente. O Sebrae Minas percebeu a oportunidade e

tos. Uma das líderes mundiais na fabricação de

criou um programa específico para aproximar

tubos de aço sem costura, a Vallourec foi a pri-

do parque industrial mineiro startups e micro e

meira a ser escolhida. “Queremos fomentar esse

pequenas empresas interessadas em desenvol-

tipo de iniciativa e nos abrir para novas ideias

ver ideias inovadoras para reduzir custos e au-

vindas de fora”, explica Thiara Francis Mateus

mentar a produtividade. Trata-se do Mind 4.0,

Rodrigues Guedes, engenheira de Pesquisa de

iniciativa levada à prática em maio de 2018 e

Desenvolvimento e Inovação da Vallourec.

que já apresenta resultados significativos.

Um dos destaques do Mind 4.0 é o seu cunho democrático. Não fosse a inciativa, a chance de

COMO FUNCIONA

startups conseguirem apresentar um projeto

Incialmente, empresas interessadas em so-

para uma multinacional como a Vallourec se-

lucionar problemas relacionados a seu processo

ria bastante reduzida. Isso porque não importa

produtivo – denominadas âncora – são selecio-

o tamanho da empresa, mas, sim, se a solução

nadas. Em um segundo momento, é aberto um

proposta ajusta-se à demanda. “As duas pontas

edital para que as startups analisem a demanda e

saem ganhando. É uma possibilidade para que

avaliem se sua empresa tem capacidade técnica

o setor industrial tenha acesso a tecnologias

para propor uma solução. As que apresentam as

disruptivas e, para as startups, de se destacarem

ideias mais inovadoras são então selecionadas e

e criarem um portfólio robusto”, comenta Bis-

podem ser contratadas para desenvolver proje-

marck Esteves, analista do Sebrae Minas. www.sebrae/minasgerais

[33]


[INOVAÇÃO

O conceito é empregado para denominar a quarta revolução industrial, ancorada no modelo de fábricas inteligentes. Os processos adotados envolvem alto grau de automação. Os robôs se comunicam via internet – a chamada de internet das coisas – para conferir maior segurança, agilidade e qualidade aos procedimentos. Outra vantagem é a sinergia entre as áreas. Por exemplo: se uma determinada matéria-prima sai do estoque para a produção, como o processo é automatizado e digital, imediatamente é dada baixa na peça, e o sistema acusa a necessidade de reposição para o setor de compras.

MOVIMENTAÇÃO DE TUBOS

Encontrar uma solução que resultasse no

Além da usina em Belo Horizonte, a Vallou-

aprimoramento do procedimento logístico foi

rec mantém uma planta fabril em Jeceaba, na

um dos desafios propostos pela Vallourec aos

região central de Minas Gerais. Grande parte de

participantes do Mind 4.0. Dentre as startups

sua produção atende ao mercado de óleo e gás,

que se dispuseram a encarar a missão, a ODM,

que requer tubos suficientemente resistentes

do interior de São Paulo, foi a escolhida.

para suportar situações de alta pressão e tem-

“Diagnosticamos que um dos problemas co-

peratura, além de barras de aço que são utiliza-

meça já no envio do tubo de Jeceaba para Belo

das como matéria-prima. Por isso, alguns tubos

Horizonte. O pátio é enorme, com mais de 50

fabricados chegam a pesar cerca de duas tone-

pilhas de barras que eram posicionadas alea-

ladas. Grande parte desses materiais é estocada

toriamente. Propusemos um método que cru-

na capital mineira.

za as informações de pedidos com o estoque.

Identificar as barras que possuem as espe-

Dessa forma, quando os tubos são descarrega-

cificações técnicas solicitadas pela produção

dos, já são posicionados no pátio de maneira

em um pátio gigantesco é um desafio para os

a facilitar a saída, para tornar o processo mais

abastecedores de linhas. Movimentar tais tubos,

rápido”, explica Luiz Henrique Cherri, sócio-

por sua vez, é outra tarefa que demanda tempo

-fundador da ODM.

e gasto com maquinário. Em outras palavras, se

Além disso, o sistema proposto pela equipe

a estocagem é feita de forma a facilitar o reco-

da startup prevê a melhor forma de movimentar

nhecimento das peças, e se for possível anteci-

os materiais. Vale lembrar que o deslocamento

par as demandas que partem o tempo todo dos

de peças de tais dimensões envolve uma série

galpões, a relocação se torna mais ágil.

de aspectos relacionados à segurança do traba-

[34]

JAN | MAR 2019

ILUSTRAÇÕES FREEPIK

O QUE É A INDÚSTRIA 4.0?


lho. Se as barras e tubos percorrem um trajeto

mas contá-las. Criamos uma tag que atende es-

menor e podem ser movimentados com maior

pecificamente a essas demandas”, informa Le-

rapidez, reduzem-se os riscos de acidentes.

onardo Alexandrino, fundador da Minas RFID,

De acordo com Luiz Henrique, o protótipo

que se destacou nesse desafio.

está em fase piloto. As equações necessárias

Ele avalia como fundamental o acesso a

para o desenho do sistema já foram concluídas,

informações estratégicas que foram comparti-

e a Vallourec planeja contratar o projeto ainda

lhadas pela Vallourec. “Acredito que o grande

neste semestre. “Estamos animados e enxerga-

diferencial para o desenvolvimento do projeto

mos a possibilidade de parcerias futuras com a

foi ouvir a própria indústria, que detalhou os

siderúrgica”, afirma o empreendedor.

problemas enfrentados. A tecnologia não roda sem entendermos bem o processo”.

TAG PARA IDENTIFICAÇÃO

De acordo com a colaboradora da Vallou-

O outro projeto selecionado pela Vallourec

rec, a empresa ainda não havia encontrado

atende também demanda de automação vinda

uma tag que, ao ser afixada às peças, supor-

da logística. A empresa observou que o mate-

tasse as condições climáticas do pátio de

rial usado na identificação das barras, que são

estocagem. O algoritmo desenvolvido pela

rastreadas por códigos, não apresentava a efici-

Minas RFID proporcionou a acurácia reque-

ência desejada. “Como o sistema utilizado não

rida, e o chip apresentou bons resultados nos

é preciso, fica difícil não só identificar as peças,

testes realizados.

ETAPAS DO MIND 4.0

1 2 3 4 5

Sebrae identifica indústria (empresa-âncora) que precisa solucionar problema.

Sebrae elabora edital para que startups interessadas em apresentar solução se candidatem.

Empresa-âncora elenca seus principais gaps para as startups selecionadas no edital. Solução proposta por startups são apresentadas em modelo pitch, por meio do qual empreendedores têm poucos minutos para mostrar – e convencer – gestores sobre os diferenciais de seu projeto.

Empresa-âncora seleciona melhores propostas e avalia sua contratação e implementação.

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[35]


[EDUCAÇÃO

REFERÊNCIA EM EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA Sebrae celebra 25 anos da Escola de Formação Gerencial

PEDRO VILELA / AGÊNCIA I7

[ISA BEL A LO BO ]

Estudantes do Núcleo de Empreendedorismo Juvenil de Belo Oriente iniciaram atividades no ano passado

H

á mais de duas décadas, em um

capacitação gerencial para apoiar o desenvolvi-

contexto socioeconômico e político

mento das micro e pequenas empresas no país.

bem distinto do atual, conselheiros

Nascia, então, em 1991, uma iniciativa pioneira

do Sebrae já entendiam a importân-

no país, a Escola do Sebrae de Formação Geren-

cia da formação de jovens empreendedores com

cial (EFG) – naquela época, Escola Técnica de

[36]

JAN | MAR 2019


ARQUIVO EFG

Alunos participam de atividades diversas, estabelecidas por meio de uma trilha de projetos chamados de Ativa, Agita e Avança

Formação Gerencial. Na Áustria, foi encontrado

ca”, explica Ricardo Pereira, gerente do Sistema

o referencial que serviu como parâmetro para o

de Formação Gerencial do Sebrae Minas.

projeto da escola, que posteriormente foi adap-

De olho nas tendências de mercado e nas

tado à realidade brasileira. Em 1994, as primeiras

mais atuais metodologias de ensino, a Escola do

turmas tiveram início, marcando os primeiros

Sebrae se destaca por ser uma instituição de en-

passos da trajetória da instituição, que se firmou

sino atenta aos desafios do mundo contemporâ-

como referência em educação empreendedora

neo. “Nascemos com o DNA da inovação, que é o

para jovens. Em 2019, a Escola do Sebrae com-

que sustenta a nossa metodologia e faz com que

pleta 25 anos com mais de 12 mil alunos forma-

a experiência de ensino se mantenha atualizada

dos em todo o Sistema de Formação Gerencial

e contemporânea. Buscamos um itinerário for-

(escola própria e escolas licenciadas), além do

mativo que ofereça ao jovem algo além das dis-

projeto social para jovens de escolas públicas, o

ciplinas cobradas no Exame Nacional do Ensino

Núcleo de Empreendedorismo Juvenil.

Médio. A Base Nacional Comum Curricular pede essa nova formação, na qual a EFG já investe

FORMAÇÃO PARA A VIDA

há 25 anos”, enfatiza Rafael Tunes, analista de

O objetivo da Escola do Sebrae é formar

Marketing na Escola do Sebrae.

cidadãos empreendedores e sujeitos críticos, preparados para os desafios do mercado de trabalho e da vida. “Queremos que o aluno em-

METODOLOGIA INOVADORA “Para

estimular

o

empreendedorismo

preenda para a vida e esteja sempre aberto e

junto aos jovens, eles são inseridos em uma

pronto para inovar. Ele é estimulado a falar em

trilha de projetos que chamamos de Ativa,

público, a resolver problemas, a trabalhar em

Agita e Avança”, explica Rafael ao descrever

equipe e a viver situações do mercado na práti-

a metodologia da escola. No programa Ativa,

www.sebrae/minasgerais

[37]


[EDUCAÇÃO

os jovens são introduzidos ao mundo dos ne-

uma oportunidade única de eles conhecerem

gócios, em mais de 40 projetos que estimulam

de perto o universo da inovação e das star-

o desenvolvimento da atitude empreendedora

tups”, ressalta Rafael.

e das habilidades em gestão. “São iniciativas

Já no programa Avança, a Escola do Sebrae

que permitem ao aluno conhecer o dia a dia

oferece suporte ao ex-aluno, em uma platafor-

de um negócio, colocar em prática conheci-

ma onde os jovens definem suas áreas de inte-

mentos de gestão e desenvolver competências

resse e passam a ter acesso a oportunidades e

essenciais para qualquer carreira que o jovem

informações sobre o mercado, ao mesmo tempo

escolha seguir. Temos projetos de educação

em que se inserem em uma rede de contatos.

financeira, responsabilidade socioambiental, empreendedorismo social, experiências in-

PROJETOS QUE TRANSFORMAM Helena Fenelon está entre os mais de 12 mil

põem a espinha dorsal da escola: Tutoria, Em-

estudantes que passaram pela metodologia da

presa Simulada e Ativa Empreender”, explica.

EFG e acumula no currículo participações em

No programa Agita, um projeto extracur-

diversos projetos da Escola. Ela destaca a atu-

ricular, os jovens têm a chance de participar

ação na SIM EFG, uma edição do modelo de

de uma pré-aceleradora de ideias de negócios

simulações da ONU, promovida por alunos da

e desenvolver seus projetos em um ambiente

Escola do Sebrae, em que o objetivo central é

inovador, de muito aprendizado e vivência de

discutir e negociar grandes temáticas de rele-

mercado. “Somos a primeira Escola a oferecer

vância global. Como secretária geral da mais

um programa de pré-aceleração para jovens

recente edição do evento, a quinta na história

do Ensino Médio, técnicos e universitários,

da Escola, a estudante pôde aperfeiçoar a ora-

ARQUIVO EFG

ternacionais, além dos três projetos que com-

Exposição de negócios no projeto Ativa: estímulo ao aprendizado na prática

[38]

JAN | MAR 2019


NÚCLEO DE EMPREENDEDORISMO

“Queremos que o aluno empreenda para a vida e esteja sempre aberto e pronto para inovar”

JUVENIL Para que jovens em situação de vulnerabilidade social também tivessem acesso à metodologia de ensino da EFG, em 2010 foi criado o Núcleo de Empreendedorismo Juvenil. O curso, gratuito, já formou mais de 2 mil alunos e, recentemente,

RI CARDO P EREI RA GERENTE DO SI STEM A D E F ORM AÇÃO GERENCI AL

o projeto foi replicado na Bahia e no interior de Minas, impactando ainda mais jovens. Em Belo Oriente, no Vale do Aço, o Núcleo chegou no ano passado. “Para nós, é muito mais que uma chance de estudo, mas de cres-

tória, além de colocar em prática técnicas de

cimento pessoal. A metodologia nos desperta

liderança e persuasão. “Por ser um ambiente

a vontade de empreender e de fazer sempre o

de desafios e oportunidades, descobri em mim

melhor”, conta Elzilaini de Souza, uma das 80

um potencial de realizar coisas incríveis. Sei

alunas. Para o gerente da Regional Rio Doce e

que a EFG sempre fará parte da minha vida e

Vale do Aço, Fabrício Fernandes, o que impres-

tenho orgulho de dizer que também contribuí

siona é o engajamento dos alunos. Ele destaca

para construir sua história.”

o Legado Empreendedor, uma das iniciativas do

Entre os mais de 40 projetos que a Escola

curso em que os alunos são desafiados a realiza-

oferece, se destacam também as Missões In-

rem projetos sociais junto à comunidade, com

ternacionais, em que os alunos participam de

melhorias em instituições carentes. “Em poucos

desafios de negócios, visitas técnicas e Feiras

meses eles conseguiram se organizar e, com o

Internacionais de Empresas Simuladas, nos

apoio de professores e empresários locais e sob

EUA e na Europa. João Lucas Cerqueira, alu-

nossa orientação, idealizar, planejar e executar

no do terceiro ano, participou de duas edições

melhorias em quatro instituições locais. Depois

do projeto. “Essas experiências me trouxeram

disso, o relacionamento com a comunidade mu-

crescimento pessoal e profissional. Principal-

dou. Agora todos conhecem o Núcleo e alguns

mente, vimos como o que aprendemos em sala

pais já estão inclusive nos procurando para ins-

funciona no mercado internacional”, lembra.

crever seus filhos”, destaca. Divididos em quatro

A participação dos alunos nas missões rendeu

equipes, os alunos levantaram fundos para ati-

à Escola do Sebrae o título de hexacampeã no

vidades como a repaginação da pintura interna

Global Business Challenge (Estados Unidos) e

e externa de escolas, reforma de bibliotecas, ar-

tetracampeã no Global Enterprise Challenge

recadação de livros infantis, construção de jar-

(Alemanha). “O interessante é que nenhuma

dins e revitalização de parques.

das atividades é obrigatória ou rende pontos

Já em Montes Claros, no Norte de Minas, o

extras ao aluno e, mesmo assim, o interesse é

Núcleo foi implantado também no segundo se-

enorme. O engajamento dos alunos, o compro-

mestre de 2018 e conta com 30 alunos. “Temos

metimento e a qualificação dos professores são

relato de mudanças no comportamento dos

nossas grandes forças”, destaca Rafael Tunes.

alunos, em suas perspectivas, tudo mudou. Há

www.sebrae/minasgerais

[39]


[EDUCAÇÃO

grande engajamento”, comenta Cláudio Oliveira, gerente da Regional Norte de Minas. Em Salvador, na Bahia, o Núcleo foi criado em 2017 e, no fim do ano passado, mais de 70 alunos receberam o diploma de técnico em Administração, potencializando suas chances de inserção no mercado de trabalho. “Foi nítida a evolução dos jovens. O

FORMAÇÃO RESPONSÁVEL E QUALIFICADA

mentor de um dos trabalhos desenvolvidos em um projeto convidou os alunos para participarem da Campus Party Brasil, o principal evento de tecnologia brasileiro. Foi uma grande conquista”, comenta Ana Luci Des Graviers, da Unidade de Ambiente de Negócios do Sebrae Salvador. Entre os alunos participantes do projeto em questão, o Ativa Empreender – que estimula o comportamento empreendedor nos alunos por meio da elaboração de um plano de negócio – estava Lays Soares, que antes mesmo de concluir o curso já havia conseguido um emprego graças às habilidades de-

Na entrevista a seguir, o relações públicas, admi-

senvolvidas em aula. “Quando me inscrevi no

nistrador de empresas e cientista político Stefan Sa-

Núcleo, não tinha expectativa de ser chamada

lej, ex-presidente do Sebrae Minas, fala sobre o pro-

e nem consciência de que exigiriam tanto do

cesso de criação da Escola do Sebrae de Formação

aluno. Vivemos em um país em que é a vez do

Gerencial. Segundo ele, a instituição tem cumprido o

jovem fazer a diferença. Eu me sinto confiante

objetivo de formar profissionais responsáveis e qua-

e motivada para continuar me especializando,

lificados e que contribuem com o desenvolvimento

conhecendo novas áreas”, comemora.

de Minas graças ao trabalho “árduo, sério e técnico” que realiza há 25 anos. Qual era o cenário econômico para micro e pe-

Núcleo de Empreendedorismo Juvenil já formou mais de 2 mil alunos

quenas empresas quando a EFG foi criada? Minas investia muito para atrair grandes empresas, mas não apoiava os pequenos e médios empresários. Tínhamos um ambiente de alta inflação e muitas dificuldades, era necessário preparar os empreendedores para desafios institucionais e da própria economia. Sabíamos que isso só mudaria por meio da educação

[40]

JAN | MAR 2019


e que o Sebrae precisava se preocupar com ações

que o modelo tivesse sido adotado em todo o país,

de longo prazo. Daí surgiu a necessidade de ofere-

mas Minas já avançou muito. Isso é resultado de um

cer cursos de educação empreendedora. Estudamos

trabalho árduo, sério e técnico. Mas ainda temos

modelos de outros países e concluímos que a Áustria

grandes desafios no Brasil. De um lado, um número

era o que mais se aproximava do que queríamos. A

alarmante de desempregados; de outro, empresários

decisão teve apoio de todo o conselho deliberativo

e indústrias que reclamam da falta de mão de obra

e também de autoridades educacionais muito im-

especializada. Então, estamos errando enquanto

portantes em Minas. O governo austríaco também

empresariado, já que não conseguimos casar esses

nos apoiou muito, o que foi fundamental. O curso

dois pontos. Tivemos um avanço tecnológico enor-

foi, inclusive, aprovado pelo Conselho Estadual de

me nesses 25 anos, e a geopolítica também mudou.

Educação de Minas Gerais. Apesar das dificuldades,

Quando a escola foi criada, nos baseamos em um

tivemos como resultado a criação de uma metodolo-

modelo europeu, mas o mundo está diferente. Essa

gia com raízes austríacas, mas muito bem adaptada

escola não se fechou nem para Minas, nem para o

pela nossa equipe. Instalamos a cultura do empresá-

Brasil e nem para o mundo. É uma escola de menta-

rio aprendedor, que sai da escola com a cabeça aberta

lidade aberta. Espero ver o dia em que estudaremos

para o mundo que está se formando, capaz de estar

mandarim, em que as pessoas não escolham ir para

sempre atualizado e sensível aos avanços tecnológi-

Nova Iorque ou Miami, mas que escolham conhecer

cos e às mudanças sociais, políticas, econômicas e do

o Piauí, o Mato Grosso ou Bom Jesus do Galho, cida-

próprio mercado.

de que adotei como minha aqui em Minas. Os rumos são novos, e nossos alunos não são copiadores de

Esse modelo pedagógico é o grande diferencial

tecnologias, são criadores. Quem sabe não teremos

da escola?

novos Santos Dumont nas escolas?

Sim! Conseguimos mensurar o sucesso da escola por meio dos nossos alunos. Não tenho dúvidas

Que recomendação faria aos alunos?

de que formamos empresários responsáveis e fun-

Não desperdicem a oportunidade que tiveram

cionários empenhados em colaborar. Se não tivesse

e o acesso a uma educação que lhes permitirá pa-

esse sistema de escola, será que teríamos um esta-

vimentar o futuro. Vocês têm um compromisso, e

do competitivo como o atual? Teríamos empregado

esperamos que sejam cidadãos responsáveis, pro-

tantas pessoas e essa pujança de novas ideias sur-

fissionais que vão progredir sem se esquecer do

gindo a todo o momento? Acho que não. Criamos

capital humano. A empresa tem que ser eficaz, efi-

um novo espírito mineiro. Estamos abrindo opor-

ciente, tem que ter boa retribuição de capital, mas,

tunidades, dando acesso ao estudo de qualidade a

acima de tudo, tem que ser um lugar de gente feliz.

pessoas de várias classes sociais.

Ganhar dinheiro muita gente sabe, mas construir uma empresa em que clientes, fornecedores e fun-

Como vê a evolução da escola, que já tem sete

cionários progridam é um diferencial. Tenho certe-

unidades?

za de que nossos alunos estão nessa linha. Gosto de

Posso me despedir deste mundo tranquilo, pois

dizer que formamos profissionais que têm orgulho

plantei uma semente que deu muito certo. Gostaria

de suas origens, mas que não têm medo do mundo.

www.sebrae/minasgerais

[41]


[CAPA

DÉCADA DE OPORTUNIDADES Lei que criou a figura jurídica do Microempreendedor Individual (MEI) completa 10 anos [GUILHER ME BA R BO SA ]

M

ais de 7,7 milhões de brasileiros

ções mais atrativas, contratar um funcio-

formalizaram suas atividades

nário, participar de licitações, dentre ou-

profissionais na última década,

tros inúmeros benefícios que facilitam o

graças à Lei Complementar 128,

dia a dia”, diz.

que criou a figura jurídica do Microempreen-

Ela lembra que cada MEI pode se cadas-

dedor Individual (MEI). Em Minas Gerais, os

trar em até 16 ocupações. Em 2008, a for-

MEI representam 61% dos pequenos negócios

malização se restringia a 375 ocupações,

optantes pelo Simples Nacional. Atualmente,

entre elas ambulante, cabeleireiro, costu-

o Estado ocupa o terceiro lugar no acumulado

reira, pintor, encanador e carpinteiro. Des-

de formalizações, com 890,5 mil MEI, atrás de

de então, mais 148 ocupações foram inclu-

São Paulo (2 milhões) e Rio de Janeiro (903,9

ídas na lista de atividades, que hoje somam

mil). Especialistas avaliam que esse modelo

523. “Vários ajustes foram feitos nesses dez

de formalização foi responsável pelo maior fe-

anos. É uma lei dinâmica, que acompanha as

nômeno de inclusão produtiva registrado no

mudanças sociais, com propostas de melho-

Brasil e no mundo, ao possibilitar a entrada de

rias”, avalia.

milhões de pessoas no mercado formal. Laurana Silva Viana, analista do Sebrae

E o modelo tributário tem potencial para capitalizar

os

microempreendimentos

e

Minas, destaca que sair da informalidade

contribuir com o desempenho da economia

é o passo inicial para que o empreendedor

brasileira. “Mesmo com o aumento expres-

tenha melhores condições de desenvolver o

sivo dos negócios regularizados, especial-

seu negócio. “Com a formalização, é possí-

mente por meio do MEI, a informalidade

vel abrir conta bancária de Pessoa Jurídica,

ainda movimenta o equivalente a 16% do

ter acesso a linhas de crédito com condi-

PIB nacional”, observa Laurana.

[42]

JAN | MAR 2019


FOTOS: PEDRO VILELA/AGÊNCIA I7

Janner teve a ideia de seu negócio ainda na faculdade e se formalizou como MEI tão logo conheceu a modalidade

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[43]


[CAPA Quando seu primeiro food truck foi às ruas, Luciano Nery já era um MEI

FOOD TRUCK

cer o tradicional prato feito. Fizemos os estu-

Há pouco mais de oito anos, mesmo com

dos com o Sebrae Minas e percebemos que um

um emprego estável em uma multinacional,

ponto físico encareceria a ideia.”

Luciano Nery deu asas ao desejo de empreen-

Ao pesquisar a oferta de serviços de ali-

der. A ideia era trabalhar no ramo gastronô-

mentação em outros países, o empreendedor

mico, seguindo a tradição da família. “Fiquei

se deu conta de que os food trucks eram a bola

meses planejando. De início, pensei em forne-

da vez na Europa. O modelo era prático, barato e se adequava ao hábito do belorizontino de frequentar parques e praças. Assim nasceu, em 2011, a Crepioca, oferecendo crepes e tapiocas a preços acessíveis. “Não queria vender hambúrguer e comidas pesadas. Preferia algo mais leve, com baixo índice de gordura e que desse para brincar com a massa”, explica Luciano. Quando o primeiro food truck foi às ruas, Luciano já era um MEI. Ter se tornado pessoa jurídica, segundo ele, dá mais segurança ao pequeno empreendedor, pois, no início, todo negócio padece de restrição de capital. “O custo era acessível e a formalização me pôs em outro patamar, comprando de fornecedores com os

[44]

JAN | MAR 2019


Em Minas Gerais, os MEI representam 61% dos pequenos negócios optantes pelo Simples Nacional

Dezembro de 2008 Lei Complementar 218/2008 é aprovada

Julho de 2009 Lei 218/2018 entra em vigor Portal do Empreendedor é lançado

quais grandes empresas negociam, conta bancária aberta facilmente, linhas de crédito, acesso facilitado à maquineta de

Fevereiro de 2010 Portal do Empreendedor fica acessível a todo o país

cartão. É um CNPJ a baixo custo.” Com o “empurrão”, bom planejamento e produto de qualidade, a Crepioca caiu no gosto dos clientes. Em pouco tempo, Luciano e a esposa, Débora Gontijo, parceira no negócio desde a concepção, tiveram que deixar de ser MEI. Receio em dar um passo grande demais? “O limite existe para ser quebrado”, responde Luciano. Ele conta que a transição foi tranquila, e a expansão do negócio deu solidez para decisões mais ousadas. Com o sucesso da Crepioca, o modelo de food trucks em praças foi abandonado, e o serviço passou a ser oferecido para eventos, como casamentos, formaturas, bailes etc. Ele ainda inovou e criou o food car, um modelo mais compacto, que “pas-

Abril de 2011 Medida Provisória 529/2011 reduz a contribuição previdenciária dos MEIs de 11% para 5% do salário mínimo

Novembro de 2011 Lei Complementar 139 aumenta o teto de receita anual para o MEI de R$ 36 mil para R$ 60 mil

Agosto de 2013 Lei Complementar 147 promove revisão da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas MEI fica isento de cobranças de taxas públicas e de entidades associativas Caráter orientador da primeira visita da fiscalização fica estabelecido para todos os empreendedores de menor porte

seia” pela festa. Atualmente, a empresa tem dez funcionários e usa sua própria farinha de tapioca, um tipo sem conservantes que eles mesmos desenvolveram,

Janeiro de 2018 Limite de faturamento do MEI sobe para R$ 81 mil

e fornecem para outros restaurantes. “São muitos os que evoluem e se tornam micro ou pequenas empresas”, pontua a analista do Sebrae.

Dezembro de 2018 Dez anos de criação da figura jurídica do MEI

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[45]


[CAPA

POR ACASO

mininos, e percebeu que havia demanda tam-

Ao assistir a uma palestra no Sebrae

bém de produtos voltados para os homens.

Minas, em Belo Horizonte, Janner Ventura

Daí, decidiu oferecer anéis, pulseiras, colares

notou uma fila de pessoas aguardando um

e braceletes pela internet.

evento sobre MEI. “Eu nem sabia o que era

Decidido a descartar matérias-primas ori-

isso. Mas, como sou muito curioso, me juntei

ginárias de maus tratos a animais, Janner par-

a eles”, lembra. Ao ter contato com o conte-

tiu desse conceito para montar um portfólio de

údo, percebeu que se tratava exatamente do

produtos e criar a Pulso Acessórios. A empresa,

que precisava para levar adiante uma ideia

inclusive, já recebeu o selo da Peta (People for

cultivada há anos: um site de acessórios

the Ethical Treatment of Animals), ONG inter-

masculinos.

nacional que atua em defesa dos direitos dos

A ideia começou a sair do papel enquan-

animais, diferencial que poucas marcas na-

to Janner elaborava o projeto final do curso

cionais ostentam. O empreendedor relata que,

de Publicidade e Propaganda, área em que se

para expandir o negócio, a formalização como

graduou. Para complementar a renda e ajudar

MEI foi fundamental. “Só consegui abrir uma

a pagar os estudos, ele vendia acessórios fe-

conta CNPJ depois disso.”

EVOLUÇÃO DO MEI ANO A ANO BRASIL E MINAS

10.000.000

BRASIL

1.000.000

MINAS GERAIS

100.000

10.000

1.000 2009

[46]

2010

JAN | MAR 2019

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018


Tornar-se MEI foi essencial para a turismóloga Carolina Palmieri tocar seu negócio

Graças à evolução proporcionada pela re-

querer associar

gularização, a Pulso participou, no ano passa-

o trabalho à minha

do, do Minas Trend Preview, um dos eventos

identidade,

de moda mais importantes do país.

tade de trabalhar com grupos.

tinha

von-

E passei a contatar pessoas interessa-

QUALIDADE DE VIDA

das no tema.”

Saber a hora certa de arriscar também é

Em 2017, ela fundou a Rota Violeta Via-

importante. Em 2016, Carolina Barra Pal-

gens e Experiências. Hoje ela pesquisa even-

mieri pediu demissão da agência de turis-

tos e organiza roteiros de autoconhecimen-

mo onde trabalhava para ter “mais quali-

to para seus clientes. No começo, contudo,

dade de vida”. “Minha ideia era atuar como

como a demanda não era grande, tornar-se

freelancer”, recorda.

MEI foi essencial para tocar o negócio. “Eu

Além de turismóloga, Carolina é especia-

precisava me cadastrar em algumas ope-

lista em terapia integrativa, e acreditava que

radoras de viagem e isso exige CNPJ. Com

poderia unir duas pontas – viagens e even-

o MEI, consigo complementar bem minha

tos especializados em holística. “Além de

renda”, comemora. www.sebrae/minasgerais

[47]


[STARTUPS

PARA VIABILIZAR IDEIAS Programa de pré-aceleração Agita lança jovens no universo das startups [FER NA NDA PER EIR A ]

[48]

JAN | MAR 2019

JULIAN A

FLISTER

/ AGÊN

CIA I7

Matheus Jorge, Luiza Arantes e Dante Nolasco: ex-alunos da Escola do Sebrae e vencedores do Agita Belo Horizonte – Batch #1 com a Cori Saúde


M

inas Gerais possui um grande e

tras dez cidades mineiras: Arcos, Formiga,

promissor ecossistema de inova-

Itabira, Ipatinga, Juiz de Fora, Lavras, Te-

ção, que já se tornou o segundo

ófilo Otoni, Uberaba, Uberlândia e Montes

maior polo de startups no Bra-

Claros. Houve, ainda, o Agita Comunidade,

sil – o Estado concentra 12% delas, de acordo

voltado exclusivamente para alunos de es-

com levantamento da Associação Brasileira

colas públicas. Com isso, somente em 2018,

de Startups (ABStartups). Para compor esse

102 startups foram pré-aceleradas, e mais de

cenário, a Escola do Sebrae criou, em 2016, o

1.500 jovens tiveram suas vidas e carreiras

programa de pré-aceleração Agita - Agitadora

impactadas pelo programa.

de Negócios. A iniciativa visa a impulsionar o

Como explica a analista do Sistema de

desenvolvimento de novas ideias de negócios

Formação Gerencial e coordenadora do pro-

e estimular o mindset empreendedor junto ao

grama, Liann Rodrigues dos Santos, o Agita

público jovem de todas as regiões.

tem como proposta contribuir para o sur-

A primeira edição (ou batch, segundo

gimento de ideias e o desenvolvimento de

terminologia utilizada na iniciativa) foi re-

modelos de negócios inovadores, permitindo

alizada em 2016, em Belo Horizonte. No ano

que se tornem sustentáveis e escaláveis. “O

seguinte, o programa foi levado pela pri-

programa é destinado ao público jovem com

meira vez para o interior, mais especifica-

interesse em empreendedorismo e startups.

mente a Ipatinga, no Vale do Aço, por meio

Por meio de uma metodologia inovadora

de parceria com as empresas Vale, Usiminas e Cenibra. No ano passado, o Agita chegou ao Batch #3 na capital e contemplou ou-

COMO PARTICIPAR Para inscrever-se no Agita, é preciso formar um time com entre dois e cinco integrantes e seguir o regulamento descrito em edital. Os projetos devem estar em fase inicial de desenvolvimento (estágio da ideia até o protótipo funcional). A partir da seleção dos times, começa uma jornada de 12 semanas (146 horas), divididas em oito módulos, que incluem atividades e conteúdos específicos, como palestras, mentorias, capacitações e networking com especialistas do mercado, tornando as equipes aptas a ir do “zero to hero”. “A nossa intenção é elevar o grau de maturidade, sustentabilidade e escalabilidade dos negócios selecionados. Trabalhamos para desenvolver o modelo de negócio, até que ele esteja apto a ser lançado no mercado", destaca Liann Santos.

www.sebrae/minasgerais

[49]


[STARTUPS

voltada para o aprendizado mão na massa,

cias aos jovens que estão chegando. É o caso

o jovem é desafiado a criar soluções para

da Cori Saúde, fundada por Luiza Arantes,

problemas reais de mercado”, destaca. Para

Dante Nolasco, Matheus Jorge e Paula Me-

quem deseja saber mais sobre o programa e

nezes, ex-alunos da Escola do Sebrae, que

se conectar para formar times, os meetups

foram vencedores do Agita Belo Horizonte

são uma oportunidade. “São encontros que

– Batch #1.

acontecem antes do programa e que possibi-

A Cori Saúde é uma plataforma para

litam a troca de ideias, experiências e cone-

registro digital do histórico médico de

xões entre os interessados em formar times

pacientes idosos que precisam de acom-

para participar”, explica Liann.

panhamento mais próximo, facilitando a gestão e o compartilhamento das infor-

JOVENS EXPERIENTES

mações entre profissionais, familiares e

Outra oportunidade para estimular os jo-

cuidadores. “Por meio de inteligência ar-

vens a se inserirem no universo das startups

tificial, a ferramenta identifica situações

é o Agita Talks. No evento, o público parti-

de potencial risco para o idoso. As infor-

cipa de batalhas de startups, com a apresen-

mações são então repassadas à operadora

tação de pitches de ideias de negócios, além

de saúde, que pode tomar as medidas ne-

de palestras sobre tendências de mercado

cessárias para evitar complicações, além

e inovação. Ainda, startups vencedoras em

de diminuir os custos com tratamentos”,

edições passadas narram as suas experiên-

explica Dante.

FASES DO AGITA

FROM ZERO

[50]

IDEIA

PRO BLE MA

JAN | MAR 2019

MVP

SOLU ÇÃO

Mínimo Produto Viável

PRODUCT MARKET FIT

GO TO MARKET

TO HERO


ARQUIVO EFG

Empreendedores da Usivox lançaram seu produto antes mesmo de finalizar a participação no Agita, com sucesso

Segundo ele, a ideia surgiu em um evento

taforma é possível por meio do aplicativo,

de Startup Weekend Youth e foi aprimorada no

disponível para download pelos usuários do

Agita. “Esse é, sem dúvida, o maior passo que a

plano, que, por sua vez, arca com os custos

Cori deu até hoje, porque foi onde entendemos

da ferramenta. A meta da empresa é aumen-

o negócio e a responsabilidade que tínhamos,

tar a base de usuários e aprimorar as ferra-

embora fôssemos muito jovens – tínhamos en-

mentas de inteligência artificial, principal

tre 15 e 17 anos e ainda cursávamos o Ensino

atrativo para as operadoras.

Médio”, conta. A Cori Saúde também venceu a maratona Hackathon da Unimed Belo Horizon-

SEM RUÍDOS

te e foi selecionada para o programa FiemgLab.

A crise econômica mais recente afetou di-

“Antes mesmo de o Agita terminar, já tínhamos

retamente os indicadores da indústria no país.

um contrato com a Unimed-BH, quarto maior

E levou a startup de tecnologia Usivox a desen-

plano de saúde do Brasil. E foi a partir dessa

volver uma solução inovadora para reduzir cus-

abertura que conhecemos o funcionamento do

tos e desperdícios nas atividades industriais. A

mercado e os processos de uma operadora de

partir de um algoritmo, ela é capaz de suprimir

planos de saúde”, relata.

ruídos gerados na produção industrial e possi-

Posteriormente, a startup ficou entre as

bilitar uma melhor captação de comandos de

21 selecionadas para o BioStartup Lab, uma

voz nas linhas de inspeção dos processos de

iniciativa do Sebrae para apoiar empresas

laminação a frio. Assim, possibilita aos opera-

que querem empreender em Ciências da

dores informar o local exato da fonte geradora

Vida. Os aportes recebidos dos programas

de defeito e acionar a equipe de manutenção

foram aplicados no negócio. O acesso à pla-

das máquinas em tempo real. www.sebrae/minasgerais

[51]


[STARTUPS

A Usivox nasceu no Hackathon Indústria Vale do Aço, em 2017, e foi uma das vencedoras do Agita Vale do Aço – Batch #1, em 2018. A equipe resolveu arriscar e lançou o produto antes mesmo de finalizar o programa. Ao final das 12 semanas, a startup já contabilizava um faturamento superior a R$ 1,2 milhão. Após o programa, a Usivox foi convidada para participar do Shark Tank Vale do Aço e teve a oportunidade de se apresentar para diversos investidores da região. Logo os sócios foram contatados e negociaram 10% da empresa por R$ 300 mil. “O Agita nos trouxe o foco e a confiança necessários para apostar com riscos calculados”, diz Tiago Bicalho, um dos sócios da Usivox. Além dele, a startup conta com Ulisses Tavares e Yuri Chaves. A solução que permitiu à Usivox alçar grandes voos continua implantada na Usiminas, alcançando 96% de assertividade no ambiente dinâmico ruidoso. Porém o foco da empresa tem sido o desenvolvimento de sof-

Aprendemos que conhecimento nunca é demais para criar e manter uma empresa BR U NO VIEIR A EMPR EENDEDO R

twares para captação de leads voltados para o segmento de marketing. “Faturamos cerca de R$ 100 mil para implantação do primei-

uma plataforma voltada para o setor imobi-

ro software e hoje atuamos em outras sete

liário, que viabilizasse o aluguel por curto

franquias”, relata Tiago.

período com maior facilidade. Apresentaram a ideia no Startup Weekend e conquis-

ALUGUEL TEMPORÁRIO

taram a segunda colocação.

Engana-se quem pensa que startups pro-

Inicialmente, a solução era voltada para

missoras são voltadas apenas para negócios

calouros de universidades que se encontra-

complexos. A maioria delas se desenvolve

vam fora de sua cidade natal, cuja demanda

a partir de pequenas necessidades do dia a

por moradia é elevada. Não à toa a startup

dia. Esse é o caso da Renttime, vencedora do

ganhou o nome de Klouro. Durante o Agita,

Agita Vale do Mucuri – Batch #1. A startup

a ideia foi desdobrada e os sócios decidiram

surgiu quando os sócios perceberam a difi-

ampliar o mercado, com foco no diferencial

culdade em alugar imóveis por temporada. A

aluguel x tempo. “Pensamos que seria in-

ideia era utilizar base tecnológica para criar

teressante disponibilizar uma forma de co-

[52]

JAN | MAR 2019


ARQUIVO EFG

Sócios da Renttime, vencedora do Agita Vale do Mucuri – Batch #1: plataforma voltada para o setor imobiliário

nectar quem procura um lugar para morar

pliar a nossa visão de mundo. Mas a con-

e pessoas que têm um espaço ocioso para

tinuidade de uma startup depende muito

alugar, seja um quarto, casa, quitinete ou

das decisões que tomamos ao longo do

até mesmo apartamento, gerando expe-

caminho. Aprendemos que conhecimento

riências, comodidade e facilidade para o

nunca é demais para criar e manter uma

locatário, e, automaticamente, renda para

empresa”, afirma Bruno.

o locador, de forma segura”, afirma Bruno

Depois de passar por testes, a plataforma

Vieira de Souza, um dos sócios da Rentti-

web foi lançada em janeiro de 2019. “Nossa

me. Além dele, a empresa é composta por

intenção é facilitar a vida de pessoas que es-

Thiago Ferreira, Ycaro Gonçalves, Bruno

tão em busca do imóvel ideal, concentrando

Vieira e João Antônio Fernandes.

opções de moradia disponíveis nas cidades

Durante o programa, eles tiveram a

em uma única ferramenta. As informações

oportunidade de conhecer outras startups

podem ser filtradas de acordo com as prefe-

da comunidade São Pedro Valley, na capi-

rências e necessidades do usuário. Por meio

tal mineira, e participar de mentorias com

dela, também é possível negociar e fechar o

renomados CEOs. “Foi uma experiência

contrato, com muita praticidade e sem bu-

muito boa, que nos ajudou a crescer e am-

rocracia”, explica. www.sebrae/minasgerais

[53]


[CAPACITAÇÃO

ESTÍMULO A IDEIAS INOVADORAS Unidades em cinco cidades do interior contam com o Sebraelab, um espaço de experimentação e prática de gestão empreendedora

FOTOS: PEDRO VILELA/AGÊNCIA I7

[GUILHER ME BA R BO SA ]

Joedson Moreira Giffoni, da Guiia, entendeu como o espaço pode ser utilizado para reunir clientes e parceiros

E

squeça o modelo tradicional de ambien-

disponível também para empreendedores do in-

tes de capacitação. O conceito utilizado

terior do estado. Cinco unidades do Sebraelab

no Sebraelab – projeto criado em Minas

começaram a funcionar, em novembro, nas ci-

e estendido a 18 estados – fomenta a co-

dades de Ipatinga, Varginha, Uberlândia, Montes

nexão e a interação entre palestrantes e empre-

Claros e Juiz de Fora.

endedores, em ambiente colaborativo e multi-

O espaço de experimentação e prática de ges-

funcional, com cores vivas e layout diferenciado.

tão empreendedora e inovadora é direcionado

O resultado é um terreno fértil para o surgimento

para novos empreendedores, donos de Micro e

de boas ideias e a troca de experiências, que está

Pequenas Empresas (MPE), Microempreendedo-

[54]

JAN | MAR 2019


res Individuais (MEI), colaboradores e parceiros

Outra característica do espaço é a diversida-

do Sebrae. No local, é possível realizar testes de

de de setores que podem utilizar a estrutura. Os

viabilidade, experimentar novas metodologias e

eventos não precisam ser organizados pelo Se-

modelagens de negócios e ter acesso a ferramen-

brae e os empreendedores podem solicitar o uso

tas ágeis, pesquisas de mercado e capacitações.

do Sebraelab para organizar ações direcionadas

Altermir Sutério, proprietário da Protense

a clientes e fornecedores. Altemir é um dos que

Certificados Digitais, de Varginha, tem participa-

aproveitou essa oportunidade: levou clientes e

do de eventos no Sebraelab da regional desde sua

potenciais prospects para assistir a uma palestra

inauguração. Lá ele assistiu a palestras com for-

sobre inteligência emocional.

mato diferenciado, o que facilitou a assimilação do conteúdo abordado. “Além de confortável, o

CONTEÚDOS ATUAIS

espaço possibilita que a gente interaja com o pa-

Joedson Moreira Giffoni tem uma empresa

lestrante do dia. Não há nada parecido com isso

de tecnologia de inteligência artificial chamada

aqui na região”, afirma.

Guiia, mesmo nome dado a um aplicativo que

Os empreendedores da cidade têm aprovei-

localiza pontos turísticos na região de Varginha,

tado bem o Sebraelab. Segundo Tatiana Bastos,

Poços de Caldas e Três Corações e já conta com

analista do Sebrae Minas, eventos que debatem

mais de 500 parceiros em sua base de dados. Ele

temas como inovação, regulação, cultura e empre-

participou da inauguração do Sebraelab e en-

endedorismo jovem têm sido organizados sema-

tendeu como o espaço poderia ser utilizado para

nalmente. “A ideia é complementar o atendimento

reunir clientes e parceiros de forma flexível, já

tradicional já realizado, mas de forma mais criati-

que é possível ajustá-lo a qualquer tipo de de-

va, disruptiva e inovadora”, informa. “Muitos pro-

manda. “Lá é tudo bem leve. A palestra inaugu-

jetos carecem de iniciativas que os ajudem a deco-

ral pareceu mais um bate-papo, que foi muito

lar, e o Sebraelab pode ser um caminho para isso.”

bom para o nosso entendimento”, avalia.

Diversos formatos de atividades podem ser realizadas no Sebraelab

www.sebrae/minasgerais

[55]


[CAPACITAÇÃO

Abordagens mais leves, como palestras no formato bate-papo, são adotadas no espaço

Um evento que chamou a atenção do empreendedor abordou a Lei de Proteção de Dados, assunto bastante adequado ao momento atual, em que aplicativos e redes sociais proliferam em grande velocidade. As empresas do setor terão que se adequar às normas até o próximo ano. “Tivemos acesso aos principais pontos da medida, que é complexa. Por isso, estou mantendo contato com o palestrante, para sanar dúvidas. O Sebrae tem sido fundamental para disseminar o conhecimento nessa área”, diz Joedson.

ERRO BEM-VINDO O ambiente propício ao debate estimula os empreendedores, que manifestaram suas opiniões e detalharam suas ações sem receio. Isso porque, no Sebraelab, o erro é visto como um fator natural de aprendizado. “É uma experimentação para o Sebrae e para todos. É melhor o empreendedor errar ali do que frente ao cliente ou na elaboração de uma estratégia”, explica a analista de Inovação do Sebrae Minas, Carla Batista Ribeiro. Esse é o reflexo do método de ensino inovador aplicado no Sebraelab, construído a partir de cases de sucesso e que envolvem metodologias criativas e lúdicas. “Muitas vezes, as pessoas não têm oportunidade ou tempo de fazer um curso de longa du-

Os empreendedores podem solicitar o Sebraelab para organizar ações para clientes e fornecedores

ração, com muito conteúdo teórico e conceitual. No método desenvolvido pelo Sebraelab, utilizamos o que chamamos de microlearning, em que o problema é apresentado e a solução proposta traz um resultado mais rápido e mais prático”, explica Carla. O mesmo portfólio é oferecido em todas as cidades onde a estrutura está instalada.

[56]

JAN | MAR 2019


PROJETO PILOTO O primeiro Sebraelab foi inaugurado em março de 2017, na sede do Sebrae Minas, em Belo Horizonte. Apesar do pouco tempo de funcionamento, o local já hospedou 240 eventos, recebeu 9,4 mil visitantes e capacitou 3,9 mil empreendedores. Atualmente, há 25 Sebraelabs em todo o Brasil.

MONTES CLAROS

SEBRAELAB EM MINAS GERAIS UBERLÂNDIA

IPATINGA BELO HORIZONTE

VARGINHA JUIZ DE FORA

Outros estados e cidades também têm Sebraelab: Acre (Rio Branco); Amazonas (Manaus); Ceará (Fortaleza); Distrito Federal (Brasília); Espírito Santo (Vitória); Goiás (Goiânia); Maranhão (São Luís); Mato Grosso (Cuiabá); Mato Grosso do Sul (Campo Grande); Paraíba (Campina Grande); Pará (Belém); Pernambuco (Recife); Rio Grande do Norte (Natal); Rio de Janeiro (Rio de Janeiro); Roraima (Boa Vista); Santa Catarina (Florianópolis); São Paulo (São Paulo); Tocantins (Palmas)

www.sebrae/minasgerais

[57]


PEDRO VILELA/AGÊNCIA I7

[MERCADO

O volume de sapatos vendidos na loja de Jackeline Ferreira já superou o de roupas

DE LOJISTA PARA LOJISTA

Empresários do ramo calçadista se unem e criam Central de Negócios para ganhar força e competitividade [A NA PAUL A DE O LIVEIR A ]

D

urante três anos, pelo menos uma

ceitos e práticas que mudariam os rumos dos

vez no mês, Itamar Machado en-

negócios do grupo.

carou os cerca de 400 quilômetros

A persistência valeu a pena. Em 2018, eles

que separam a cidade de Araxá, no

criaram uma Central de Negócios e lançaram a

Triângulo Mineiro, e a capital Belo Horizonte.

marca de calçados femininos Folliah. Considerada

Seu objetivo era juntar-se a outros 11 lojistas

inédita no ramo, a iniciativa é resultado de um

do ramo calçadista para aprender novos con-

trabalho minucioso conduzido pelo Sebrae Minas.

[58]

JAN | MAR 2019


Cansado de se sentir refém das imposições das marcas com as quais trabalhava, Itamar decidiu agir e mobilizar os integrantes de um grupo de rede social de que fazia parte, formado por lojistas. A proposta era buscar uma saída coletiva para o problema. “Tive uma experiência com marca própria no passado. Mas a falta de tempo e de dinheiro para investir me levaram a abandonar o projeto. Quando percebi que as dificuldades eram as mesmas, tive um insight: por que não resgatar a ideia?”, conta. O primeiro encontro com o Sebrae no programa Cultura da Cooperação ocorreu em agosto de 2015, com a presença de cerca de 40 lojistas.

Após dois anos de testes, o lançamento oficial da Folliah foi realizado em dezembro de 2018

Realizados alguns estudos para levantar possibilidades, 12 deles aceitaram o desafio de criar uma Central de Negócios. O primeiro passo foi estabelecer um elo entre o grupo, fortalecendo o

MÃOS À OBRA

conceito de associativismo. “Não tinha noção de

Após dois anos de testes, o lançamento oficial

como funcionava uma iniciativa assim até chegar

da Folliah foi realizado em dezembro de 2018.

ao Sebrae. Fomos orientados sobre cada passo,

A marca se caracteriza pelo estilo casual que

começando pela preparação para trabalhar cole-

perpassa chinelos e rasteiras até modelos mais

tivamente, já que, até então, cada um era gestor

elaborados, como botas e salto alto, e já cami-

de seu próprio negócio, cujos perfis e níveis eram

nha para a sua quinta coleção (Inverno 2019). A

diferentes. A gestão coletiva vem nos exigindo

produção dos cerca de 6 mil pares de cada cole-

uma nova postura”, comenta Itamar.

ção é distribuída entre as 12 fábricas parceiras,

Após um ano frequentando o programa e fo-

em Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul

cados na construção de uma estratégia conjunta

– basicamente, as mesmas fabricantes de grifes

de atuação, os empresários aderiram ao Programa

renomadas no mercado.

Central de Negócios, que deu origem à Folliah

Segundo Anderson Gonçalves de Freitas,

Indústria e Comércio LTDA, detentora da marca.

analista do Sebrae Minas, o principal ganho re-

“Foi uma proposta desafiadora desde o início.

sultante da iniciativa conjunta está na venda. Isso

Os empresários chegaram com uma ideia do que

porque, comprando diretamente das fabricantes

queriam. Eles sabiam que era preciso unir forças

e em maiores quantidades, eles conseguem des-

para trabalhar fornecedor e cliente, mas só com

contos que giram entre 15% e 20%, o que possi-

o tempo as coisas foram ficando mais claras e o

bilita oferecer aos clientes produtos que reúnem

trabalho evoluiu”, afirma o consultor do Sebrae

os atributos das melhores marcas do mercado,

Vicente Naves, que, desde 2016, acompanha os

porém por preços menores, que ampliam a pe-

trabalhos. Estabelecida a confiança, eles come-

netração da marca sem comprometer a lucrati-

çaram a fazer negócios juntos, e a expectativa é

vidade. “Um dos resultados imediatos tem sido

de que não parem mais.

o alto índice de aceitação das coleções. Para se

www.sebrae/minasgerais

[59]


[MERCADO

A escolha das coleções também é feita em Itamar Machado teve a ideia de mobilizar colegas produtores de calçados

conjunto. Funciona assim: uma parte dos sócios é incumbida de visitar as feiras e as fábricas do ramo. Eles escolhem os modelos e retornam com as amostras, apresentadas aos demais em showroons organizados por eles próprios. Selecionado o mix, cada empresário define a quantidade que irá comercializar. Por enquanto, as vendas estão concentradas nas nove lojas dos sócios da Folliah, nos municípios de Igarapé, Araxá, Carmópolis de Minas, Perdões, Nepomuceno, Andradas, Leopoldina e Barão de Cocais, onde vive a empresária Jackeline Ferreira. Proprietária da Troia, loja inaugurada em 2009, com foco inicial em vestuário, Jackeline decidiu ampliar o mix e também revender sapatos multimarcas. Mas, nos últimos anos, o alto preço de venda exigido e a baixa margem de lucro desanimaram a empresária. “Essa era uma das principais queixas de todos no grupo da internet.

PEDRO VILELA/AGÊNCIA I7

Por isso, quando vi a proposta do Itamar, não tive dúvidas de que queria fazer parte”, afirma. A possibilidade de trabalhar com preços melhores fez com que os lucros aumentassem, e o volume de sapatos vendidos já superou o de roupas. Tanto que Jackeline tem planos de ampliar o negócio e investir em um ponto exter uma ideia, o índice de acerto nas vendas no

clusivo para calçados, ainda em 2019. “Muitas

ramo lojista é de algo em torno de 70%, ou seja,

clientes já perguntam sobre outros pontos de

o lojista compra uma leva de produtos e espera

venda. Fico muito orgulhosa, pois conseguimos

vender, no mínimo, 70% deles. Com esse grupo,

somar a nossa experiência de mercado e oferecer

ainda pequeno, já atingimos 75%, e há potencial

produtos que encantam pelo conforto, quali-

para chegar a 95%”, explica.

dade, preço acessível e, modéstia à parte, bom

Outro ganho relevante do projeto é o com-

gosto”, comemora.

partilhamento de informações e oportunidades do mercado entre os empresários do grupo.

TODOS POR TODOS

“O ambiente de cooperação estabelecido e cui-

Atuando no ramo calçadista desde 2003, Ita-

dado por eles traz como retorno a ampliação

mar mantém duas lojas (Mulher de Luxo e Fluê)

de resultados da marca junto ao mercado”,

em Araxá. Ao abandonar o conceito multimarcas,

afirma Anderson.

ele passou a se dedicar exclusivamente à Folliah.

[60]

JAN | MAR 2019


DIVULGAÇÃO

Grupo de lojistas no lançamento da marca Folliah, em dezembro de 2018

Satisfeito com os resultados alcançados até o mo-

não tem acesso a feiras e eventos especializados

mento, o empresário explica que o objetivo agora é

ou não consegue trabalhar a concorrência na pró-

formar uma rede de revendedores – daí o mote “de

pria cidade, por exemplo”, afirma. Outro ponto é

lojista para lojista” –, estratégia planejada para o

o fortalecimento frente ao avanço das grandes

próximo showroom da coleção, para o qual outros

redes para as cidades menores. “Quanto maior

empreendedores do ramo serão convidados.

for a nossa rede, mais resistência teremos para

“Será uma excelente opção para o lojista que

permanecer no mercado.”

AÇÕES DO PROGRAMA CENTRAL DE NEGÓCIOS • Visitas às lojas associadas • Missão SENAI, em Nova Serrana (MG): curso de fabricação de calçados • Missão Rede Mundi, em Novo Hamburgo (RS): visita para entendimento sobre rede • Visita às fábricas parceiras e aos sindicatos de Três Coroas (RS) • Pesquisa de Tendência de Mercado • Elaboração de showroom

www.sebrae/minasgerais

[61]


[SUSTENTABILIDADE

IL U

ST RA ÇÕ

ES

K PI EE FR

AGENDA GLOBAL Sebrae distribui cartilhas que ensinam como adequar negócios aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável [BR UNO AS S IS ]

N

os últimos 300 anos, o aumento

Com isso em mente, foram criados oito Ob-

populacional registrado no mundo

jetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM)

escapou aos padrões conhecidos

para o combate à pobreza. Os planos foram

até então. Em 1750, éramos cerca

divulgados no ano 2000 e estabeleciam metas

de 800 milhões de pessoas. Em 2030, a Orga-

para os próximos 15 anos. Ao final desse pe-

nização das Nações Unidas (ONU) estima que

ríodo, avanços significativos foram notados,

o número será dez vezes maior – 8,6 bilhões.

como o crescimento do número de crianças

Um crescimento exponencial, que trouxe uma

frequentando escolas, a redução das mortes

série de novos desafios para a sobrevivência da

infantis e o aumento da disponibilidade de

humanidade. E a ONU considera que encará-los

água potável no mundo.

com seriedade é a única possibilidade de assegurar uma vida digna para todos.

[62]

JAN | MAR 2019

Graças aos bons resultados obtidos, a ONU decidiu expandir o projeto. O relatório O cami-


nho para a dignidade em 2030 apresentou um mapa de soluções para alcançar se a dignidade e, desse material, surgiram os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Ligados diretamente aos resultados da Rio+20, realizada no Rio de Janeiro, em 2012, eles fazem parte de uma agenda mundial de crescimento. Ao todo, são 17 objetivos, detalhados em 169 metas globais que a ONU propõe que sejam cumpridas até 2030.

ODS NAS EMPRESAS “Desde que se começou a falar sobre os ODS, as empresas decidiram assumir seu papel. Não há nada que as obrigue a aderir, mas, se elas querem ganhar mercado e se destacar, precisam estar sintonizadas com essas políticas de desenvolvimento sustentável”, conta Julia Padovezi, analista do Sebrae Minas. Não há um porte ou estrutura mínima para isso, basta que as empresas entendam os ODS e consigam adaptá-los à realidade de cada uma. Para isso, o primeiro passo é conhecer bem

Cartilhas estão disponíveis no endereço www.sebrae.com.br e podem ser baixadas gratuitamente

as atividades que realizam e os impactos sociais, ambientais e econômicos que geram. Isso possibilita que os empreendedores definam os ODS que pretendem alcançar, estabeleçam prioridades e

“Isso não é novo para o micro e pequeno

tracem as metas a serem atingidas. O último pas-

empresário. Só muda a nomenclatura, mas os

so é incorporar essas ações à política de sustenta-

ODS se relacionam essencialmente à susten-

bilidade da empresa – que deve permear todas as

tabilidade. Há um impacto positivo no bolso,

atividades, processos, serviços e produtos.

ao mesmo tempo em que os ganhos ambien-

Para ajudar os empresários a adotar práti-

tais e sociais são inegáveis”, afirma Julia. Com

cas mais efetivas nesse sentido, o Sebrae pre-

isso, é possível ampliar o volume de vendas e

parou duas cartilhas gratuitas sobre o assunto.

a lucratividade, atrair novos mercados, forta-

Elas trazem informações básicas sobre os ODS e

lecer a marca e ampliar a competitividade e a

propostas de ações para compor o plano empre-

longevidade.

sarial, como a utilização de tecnologias inova-

As cartilhas A importância dos ODS para os

doras que contribuam para a eficiência energé-

pequenos negócios e A importância dos ODS

tica, a adoção de novas práticas de equidade e a

para o desenvolvimento econômico local estão

oferta de serviços de qualidade para as parcelas

disponíveis no endereço www.sebrae.com.br e

mais vulneráveis da população.

podem ser baixadas gratuitamente. www.sebrae/minasgerais

[63]


[SUSTENTABILIDADE

OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Conheça as 17 propostas que a ONU espera que estejam consolidadas até 2030

1. ERRADICAÇÃO DA POBREZA

2. FOME ZERO E AGRICULTURA SUSTENTÁVEL

[64]

5. IGUALDADE DE GÊNERO

3. BOA SAÚDE E BEM-ESTAR

JAN | MAR 2019

4. EDUCAÇÃO DE QUALIDADE

6. ÁGUA LIMPA E SANEAMENTO


8. TRABALHO DECENTE E CRESCIMENTO ECONÔMICO

7. ENERGIA LIMPA E ACESSÍVEL

9. INDÚSTRIA, INOVAÇÃO E INFRAESTRUTURA

11. CIDADES E COMUNIDADES SUSTENTÁVEIS

10. REDUÇÃO DAS DESIGUALDADES

13. AÇÃO CONTRA A MUDANÇA GLOBAL DO CLIMA

12. CONSUMO E PRODUÇÃO RESPONSÁVEIS

14. VIDA NA ÁGUA

16. PAZ, JUSTIÇA E INSTITUIÇÕES EFICAZES

15. VIDA TERRESTRE

17. PARCERIAS E MEIOS DE IMPLEMENTAÇÃO

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[65]


JULIANA FLISTER/AGÊNCIA I7

[É BOM SABE R

Felipe Barros, criador da SignumWeb, durante simulação de atendimento via plataforma

ELIMINANDO BARREIRAS Sebrae Minas adota plataforma online para atendimento a surdos [BR U NO AS S IS ]

O

atendimento a pessoas surdas

segunda língua oficial do Brasil em 2002 –,

é um desafio para empresas e

há uma barreira de comunicação a ser supe-

instituições de todos os portes.

rada. “É um problema óbvio para o qual não

Como são poucos os profissio-

tínhamos atentado. Muitos surdos deixavam

nais fluentes em Libras – reconhecida como

de procurar o Sebrae porque não tínhamos

[66]

JAN | MAR 2019


como atendê-los”, avalia Julia Padovezi, analista do Sebrae Minas. Essa realidade, felizmente, começou a mudar a partir de dezembro de 2018, quando uma ferramenta para atendimento a surdos começou a ser implantada pelo Sebrae Minas. A realização desse trabalho ficou a cargo da

A plataforma tem cerca de 150 profissionais cadastrados, de todas as regiões do país

SignumWeb, startup mineira que desenvolveu uma plataforma de videoconferências por meio da qual é possível solicitar intérpretes de Libras a qualquer momento, em qualquer lugar, via internet. O criador, Felipe Barros Silva, é surdo desde os 2 anos e idealizou o programa com base nas dificuldades de comunicação vivenciadas ao longo da vida. “Ele tem experiência sobre o que funciona e a solução encontrada foi surpreendente. Mas tudo é uma construção, as pessoas precisarão se adaptar à ferramenta”, explica Cleusangela Barros Meira Silva, cofundadora da SignumWeb e mãe de Felipe. Por se tratar de uma novidade, o impacto da ação ainda não pode ser aferido. Mas, na avaliação de Cleusangela, todos têm a ganhar. “O Sebrae Minas passa a alcançar um público até então inexplorado, os surdos poderão acessar seus serviços e os intérpretes terão uma renda extra”. Atualmente, a plataforma tem cerca de 150 profissionais cadastrados, de todas as regiões do país, que realizam atendimentos que duram, em média, quatro minutos cada. E a perspectiva é de que o serviço seja aprimorado em breve: um aplicativo está sendo desenvolvido via Sebraetec, para que as pessoas possam solicitar um intérprete pelo smartphone. Além disso, estão sendo estudadas possíveis soluções para os surdos oralizados – que sabem ler, escrever ou falar fluentemente em português – e para os que também são cegos.

Para Julia, esse é um mundo novo a ser explorado. “Temos a meta de ampliar o atendimento junto a esse público e todas as vezes que me reuni com o Felipe, via plataforma, foi muito rápido”, afirma. A princípio, serão instalados terminais de atendimento na recepção da sede, em Belo Horizonte e, aos poucos, as demais regionais do Estado serão adaptadas. A comunidade surda também será avisada de que o Sebrae Minas está, enfim, pronto para recebê-la.

PLURALIDADE A utilização do SignumWeb é uma iniciativa dos programas de Sustentabilidade Interna e do Sebrae de Plurais – movimento criado em 2018 para estimular políticas e diretrizes de apoio à equidade dentro e fora da instituição. O objetivo é que todos possam ampliar o olhar sobre a questão da diversidade, de forma a tornar cada vez mais inclusivos tanto o ambiente interno quanto o contexto empreendedor. “O Sebrae de Plurais traz a ideia de que o atendimento que realizamos deve ser igual para todos. Se estamos disponíveis para quem não tem deficiência, precisamos nos adaptar para quem tem”, diz Julia. A política abrange condutas a serem seguidas por fornecedores e parceiros, com o objetivo de criar uma rede voltada para promover justiça social. Em 2019, o desafio é institucionalizar esse conhecimento, levando as ações para as regionais de todo o Estado.

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[É BOM SABE R

INTEGRIDADE NOS NEGÓCIOS Adoção de medidas anticorrupção amplia oportunidades para micro e pequenos empreendedores [ISA BEL A LO BO ]

O investimento em integridade é barato, traz resultados efetivos e deve se estender a micro e pequenos empreendimentos

E

m meio a tantos escândalos de corrupção, que abalaram a confiança dos brasileiros nas classes política e empresarial, apostar em estratégias de promoção da

integridade nas relações institucionais tornou-se uma necessidade. E se engana quem pensa que tais ações se aplicam apenas a grandes empresas e transações milionárias. Segundo especialistas, o investimento em integridade é barato, traz resultados efetivos e deve se estender a micro e pequenos empreendimentos. “Antes, porém, é preciso que o empresário saiba exatamente o que caracteriza a corrupção, para não cometer atos ilícitos por desconhecimento da lei”, destaca Evandro do Carmo, analista do Sebrae Minas.

[68]

JAN | MAR 2019


O QUE É INTEGRIDADE Integridade é um conceito aplicável às relações pessoais, profissionais e comerciais e tem como pilares a honestidade e o respeito às regras. Agir de maneira correta, no âmbito institucional, traz credibilidade e confiança aos parceiros e fortalece a imagem da entidade perante seus públicos. Nas empresas, a integridade deve ser incorporada à cultura organizacional e respeitada em todos os níveis de gestão. Envolve atitudes como honrar acordos, ser transparen-

POR QUE TER FERRAMENTAS DE COMBATE À CORRUPÇÃO E ÀS FRAUDES . Preservação da Integridade Civil e Criminal

. Aumento de Eficiência . Vantagem Competitiva . Ganhos de Produtividade

te nas relações comerciais, prevenir infrações e não se associar a instituições que desrespeitem a lei. Por representarem cerca de 25% do PIB brasileiro e serem responsáveis pela geração

Para isso, é preciso conhecer a legislação vi-

de 70% das vagas formais de emprego, segundo

gente e o que ela determina no caso das micro e

dados do Sebrae, os pequenos negócios também

pequenas empresas. No Brasil, a Lei Anticorrup-

precisam atuar em conformidade com a legisla-

ção (Decreto n. 8.420, de 18 de março de 2015)

ção vigente, sob pena de verem naufragar suas

estabelece parâmetros de integridade voltados

expectativas de sobrevivência e crescimento.

para esse segmento do mercado, também contemplados na Portaria Conjunta CGU-SMPE

ESTRATÉGIAS

n. 2.279, de 9 de setembro de 2015, que, em li-

Além de transmitir confiança aos parcei-

nhas gerais, simplificou o entendimento dos

ros mais próximos e às comunidades em que

critérios previstos anteriormente.

atuam, a adoção de medidas que preservam a integridade por parte de micro e pequenas

SEBRAE E CGU

empresas já se tornou critério obrigatório

O Programa Empresa Íntegra, que auxilia

para que elas tenham acesso a crédito e se re-

empresários de todo o país a adequarem seus

lacionem e façam negócios com multinacio-

negócios às melhores práticas, foi fruto de uma

nais. Comportar-se de maneira honesta dei-

parceria que uniu a capilaridade e a experiência

xou de ser, portanto, uma simples obrigação,

do Sebrae à expertise da Controladoria-Geral da

para tornar-se parte da estratégia de quem

União (CGU) no trato do assunto. A iniciativa

deseja ampliar seu raio de ação.

rendeu frutos em Minas e resultou na realização

O primeiro passo para a criação de um

do seminário Conecta Gerais, que, entre outros

programa voltado para a manutenção da in-

resultados, estimulou a participação da socieda-

tegridade é avaliar riscos, ou seja, identificar

de na discussão de soluções inovadoras e efetivas

pontos vulneráveis em procedimentos ou re-

para a promoção da integridade e da ética nas re-

lações comerciais ou procedimentos que pos-

lações público-privadas.

sam abrir espaço para fraudes ou práticas em desacordo com a lei.

Como parte das atividades da Semana Global de Empreendedorismo, o Conecta Gerais www.sebrae/minasgerais

[69]


[É BOM SABER

promoveu rodas de conversa, apresentações

deve ser aliada dos empresários na identifi-

culturais e ações práticas que trataram do tema.

cação de estratégias já utilizadas por entida-

“Reunimos um público bastante diverso, de 16

des com realidades semelhantes e na criação

a 60 anos, que se envolveu de forma efetiva nas

de mecanismos que estimulem a integridade.

atividades”, pontua Evandro. Ele destaca que a

Ela ressalta que ferramentas de transparência

parceria com a CGU foi um aprendizado para

utilizadas na esfera pública podem auxiliar no

ambas as instituições. “Para além de fiscalizar e

incremento dos negócios. “Dados de gover-

identificar o problema, queremos também indi-

nos e prefeituras estão disponíveis para que

car soluções, entender o nosso papel e o da CGU

o empresário possa ter informações a respei-

nesse contexto. Vimos que é possível cumprir

to de sua localidade que permitam concorrer

nossa missão também nessa área, com o poder

em licitações e incrementar seus negócios. Há

público ou fora dele”, observa.

legislação que favorece a contratação de mi-

Para a secretária de Transparência e Pre-

cro e pequenos empreendedores, e os portais

venção da Corrupção da CGU, Cláudia Taya,

de compras públicas viabilizam a participação

uma das palestrantes do evento, a tecnologia

desses segmentos”, pontua.

DIRETRIZES A SEREM OBSERVADAS . Ter o comprometimento da direção da empresa. . Elaborar, divulgar e atualizar periodicamente padrões de conduta, código de ética, políticas e procedimentos de integridade aplicáveis a todos os empregados e administradores, independentemente de cargo ou função exercidos. . Promover treinamentos periódicos sobre o programa de integridade.

. Manter registros contábeis que reflitam de forma completa e precisa as transações da

pessoa jurídica. . Manter controles internos que assegurem a pronta elaboração e confiabilidade de relatórios e demonstrações financeiros da pessoa jurídica. . Criar procedimentos específicos para prevenir fraudes e ilícitos no âmbito de processos licitatórios, na execução de contratos administrativos ou em qualquer interação com o setor público, ainda que intermediada por terceiros, tal como pagamento de tributos, sujeição a fiscalizações, ou obtenção de autorizações, licenças, permissões e certidões; . Estabelecer medidas disciplinares em caso de violação do programa de integridade.

. Desenvolver procedimentos que assegurem a pronta interrupção de irregularidades ou

infrações detectadas e a tempestiva remediação dos danos gerados. . Garantir a transparência da pessoa jurídica quanto a doações para candidatos e partidos político. Fonte: Lei Anticorrupção (Decreto n. 8.420, de 18 de março de 2015)

[70]

JAN | MAR 2019


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[71]


[ARTIGO | LUCIANA GALLO*

ECONOMIA COLABORATIVA E SUSTENTABILIDADE

A

economia colaborativa – ou nova economia, como chamam alguns –

já não é tão nova assim. Apesar disso, a cada dia, tem ganhado mais espaço no mundo e também no Brasil. Mas, afinal de contas, o que é economia colaborativa? Trata-se de um conjunto de premissas para a melhor utilização de recursos naturais, físicos, econômicos, de informação... e também recursos humanos. Um modelo com poder social sem precedentes. Caracteriza-se por uma mudança de mentalidade que tem como base

da música que toca nele; da mesma forma, não pre-

a confiança e uma maior interação direta entre as

cisamos de uma furadeira, mas de um buraco na

pessoas (expressão conhecida também como peer-

parede. Os defensores dessa nova mentalidade de

-to-peer), que possibilita reduzir a necessidade de

viver e agir entendem que um item usado pode e

redes de intermediários.

deve passar de um lugar em que não é mais neces-

Composta de negócios que visam ainda a fazer o

sário para onde será. Por que não?

bem e realizar um propósito massivo transformador,

Dentre os exemplos de sharing economy temos

a nova economia está na moda. E é bom que esteja.

os coworkings, que já estão presentes em grande

Muitos de nós já conhecemos – e vivenciamos

parte das cidades brasileiras. São os espaços de tra-

– a expressão mais conhecida vinculada à econo-

balho compartilhados, em que você não só divide

mia colaborativa: economia compartilhada (em

uma sala – e até mesmo uma mesa –, mas também

inglês, sharing economy), que valoriza o acesso em

possibilidades de negócios que podem gerar bons

vez da propriedade. Por essa razão, os principais

frutos. Algumas agências bancárias perceberam

verbos associados a ela são: reduza, reuse, recicle,

esse nicho e estão migrando seus executivos de

repare e redistribua.

contas para o formato.

Os adeptos desse modelo pagam pelo benefício

O Brasil é líder na América Latina em iniciativas

do produto que consomem e não (só) pelo produto

da economia compartilhada. Projeções da consulto-

em si. Isso porque não precisamos de um CD, mas

ria PricewaterhouseCoopers (PwC) mostram que a

[72]

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modalidade deve movimentar mundialmente US$ 335 bilhões em 2025 — 20 vezes mais do que se apurou em 2014, quando o setor movimentou US$ 15 bilhões. O Brasil ainda não dispõe de dados consistentes a respeito da prática. Ainda assim, estimativas de especialistas indicam que a economia compartilhada tem potencial para contribuir, em médio e

A economia compartilhada deve movimentar mundialmente US$ 335 bilhões em 2025

longo prazos, com mais de 30% do Produto Interno Bruto (PIB) relacionado ao setor de serviços no país. Cabe destacar, no entanto, que a economia compartilhada é apenas uma das formas de eco-

cas, projetos e ações disponíveis para que as orga-

nomia colaborativa. Existem outras.

nizações possam aprimorar a gestão corporativa,

O crowdfunding, ou financiamento coletivo, também já é uma alternativa para tirar projetos e

inovar e otimizar o aproveitamento dos recursos humanos ali existentes.

ideias do papel. O empreendedor do sonho pode

Sim, por mais paradoxal que pareça, ao lado de

captar recursos financeiros de terceiros por conta

avanços tecnológicos cada vez mais constantes e

própria ou via inúmeras plataformas digitais espe-

rápidos, estamos vivendo uma (re)humanização

cializadas em dar todo o apoio a projetos dos mais

da gestão de pessoas nas corporações. É um movi-

variados tipos. Elas fazem uma espécie de curadoria

mento mundial, bastante desenvolvido em alguns

e servem como facilitadoras do processo de finan-

países, em outros nem tanto, mas um caminho sem

ciamento. Como contrapartida, os patrocinadores

volta. Porque não podemos nos esquecer de que,

têm acesso às chamadas recompensas, que variam

dentre todos os recursos que temos, o humano é

de acordo com o valor investido e a natureza do

primordial para que possamos evoluir enquanto

negócio. Esse movimento, quando bem estrutu-

sociedade. Isso também faz parte desse novo olhar

rado, gera um sentimento forte de engajamento e

para a economia global.

pertencimento na comunidade envolvida.

Na busca de ampliarmos nosso universo de pos-

A economia do dom – também conhecida lá fora

sibilidades e da sustentabilidade integral, a grande

como gift economy – traz de volta o costume ances-

pergunta a que devemos seguir respondendo – e à

tral das trocas. Se tenho algo a oferecer e preciso de

qual você deve estar atento ao avaliar o futuro do

outra coisa que você tem, podemos trocar, certo?

seu negócio – é: como usar os mesmos recursos que

Ainda há um universo de possibilidades nessa di-

temos, e que são finitos, da maneira mais eficiente

nâmica – da qual nos distanciamos cada vez mais

possível, para fazer dinheiro e deixar um legado de va-

à medida que as populações e os territórios se ex-

lores positivos para a sociedade da qual somos parte?

pandiram –, mas podemos contar, nos dias de hoje, com a tecnologia como aliada para retomar essa

*Mentora, palestrante, facilitadora de pro-

prática que, no limite, diminui a necessidade de

cessos colaborativos, de desenvolvimento pessoal

capital financeiro e aumenta as conexões humanas,

e de mudança organizacional. Especialista em

um bônus nos dias atuais.

economia e cultura colaborativa. Cofundadora da

E, por fim, contemplada nessa nova onda, está

Amadoria, empresa que realiza experiências de

a Governança Colaborativa, um conjunto de práti-

aprendizagem, arte e conexão.

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[73]


[CONSULTORIA

OMNICHANNEL E O FUTURO DO VAREJO

A

internet influencia mais de 50% das

omni – todo, completo e universal – e no inglês

compras feitas em lojas físicas, se-

channel – canal. É uma estratégia derivada da

gundo pesquisa divulgada pelo The

evolução do multicanal. Nesse caso, o cliente

Boston Consulting Group (BCG). É

é considerado o centro da negociação. A inte-

nesse cenário que o omnichannel tem se mostra-

gração de todos os canais da empresa facilita a

do uma opção eficaz para aumentar as vendas e

interação e diminui as barreiras digitais entre

otimizar a experiência do cliente. A estratégia

a empresa e o consumidor.

que integra canais online e offline com os consu-

Assim, o consumidor pode estar em um espa-

midores é uma tendência mundial que já chegou

ço físico, utilizando um aplicativo para comprar,

ao varejo brasileiro.

ou pode fazer a pesquisa e a reserva online e ape-

A palavra omnichannel tem origem no latim

[74]

JAN | MAR 2019

nas retirar o produto pessoalmente na loja. Um


exemplo: uma pessoa está no trabalho e lembra que tem que passar em um supermercado para fazer as compras do jantar. Ela aproveita a hora do almoço para pesquisar e montar sua lista de compras no site do supermercado. A compra online é finalizada, mas ela opta por retirar as mercadorias na loja física, a caminho de casa. Essa nova estratégia vem ganhando espaço com as mudanças do perfil do consumidor, impactado diretamente pela transformação digital. Os consumidores estão mais dinâmicos, informa-

Os consumidores estão mais dinâmicos, informados, ocupados, imediatistas, infiéis, conectados e, principalmente, querem romper as barreiras entre o físico e o online

dos, ocupados, imediatistas, infiéis, conectados e, principalmente, querem romper as barreiras entre o físico e o online.

de dados do consumidor e aumento da taxa de

Para a empresa, as principais vantagens do om-

satisfação do cliente. No entanto, usar, otimizar

nichannel são: divulgação da marca, oportunidade

e integrar os vários canais é uma grande tarefa,

de investir em ações mais eficientes de vendas e na

não basta tecnologia. O processo exige também

qualidade do atendimento, possibilidade de coleta

planejamento, investimento, empenho e gestão.

Confira dicas e cuidados para implementar o ominichannel em sua empresa: • Planejamento: Não atue de forma amadora.

• Integração entre os canais: Lembre-se de

Antes de adotar novos canais, invista no planeja-

que não há como o omnichannel existir sem

mento estratégico e operacional para identificar

antes integrar todos os canais da empresa, ou

forças e fraquezas do seu negócio e obter insights.

seja, as estruturas físicas e online.

• Melhorias no atendimento: Resolva os

• Estrutura legal: Defina se adotará ou não

problemas dos clientes, independentemente

um mesmo CNPJ para as operações online

da origem das demandas ou da abordagem.

e offline. Apesar de não existir impedimento legal para isso, a separação pode ser um

• Preparação de gestão: Organize as áreas

problema.

administrativa e financeira para atuar nas movimentações entre as lojas (físicas e online).

• Foco no cliente: Conheça profundamente o seu público antes de criar a estratégia.

• Mudança de cultura: Esteja atento à cultu-

Muitas empresas ainda não entendem que

ra e ao comportamento dos funcionários, que

não há diferença entre o cliente da loja física

podem interferir ou impactar na adoção de

e o da loja digital – quase sempre, são as

novos modelos de atuação no mercado.

mesmas pessoas. Fonte: Joseana Tavares, analista do Sebrae Minas

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[75]


[CONSULTORIA

DICAS PARA REDUZIR CUSTOS

R

eduzir custos é um grande desafio

precisa gerar lucro, que é o resultado das

para as empresas. Em tempos de crise

vendas menos despesas/custos. Não custa

econômica, muitos empreendimentos

reforçar: despesas são gastos relativos ao bem

veem seu faturamento encolher e o

ou serviço consumido direta ou indiretamente

lucro diminuir. Para lidar com a situação, há

para a obtenção de receitas. Podem ser

empresários que pensam logo em demitir, mas

administrativas, de vendas ou comerciais e

com um pouco de observação e estratégia, é

financeiras. Já os custos são gastos relativos

possível equilibrar as contas de outras maneiras

ao bem ou serviço utilizado na produção de

e, ao mesmo tempo, melhorar a eficiência dos

bens e serviços. Ligam-se diretamente aos

processos operacionais.

processos de desenvolvimento dos produtos

Para crescer e sobreviver, a empresa

[76]

JAN | MAR 2019

ou serviços e podem ser fixos ou variáveis.


Assim, não adianta as vendas crescerem

de geração de energia renovável, como a

se os custos acompanharem o crescimento.

fotovoltaica ou a solar, que podem gerar

E, para reduzir custos, uma empresa deve

economia de até 85%.

conhecer profundamente seus métodos de

• Outra dica é usar a luz natural, abrindo

gestão. É preciso analisar e mapear seus

as janelas pela manhã. Não deixe os

processos para detectar atrasos, gargalos e

equipamentos em stand by. Cuidados como

desperdícios e, com isso, estancar a perda

apagar as luzes ao sair, manter lâmpadas

financeira. As medidas a adotar precisam ser

de corredores e de salas vazias apagadas e

bem analisadas, pois decisões impensadas

instalar de sensores de presença são boas

tendem a não ser efetivas.

formas de começar a economizar.

Confira algumas dicas que auxiliam a

• Instale equipamentos de ar-condicionado

reavaliar processos e a identificar custos

com tecnologia Inverter. Eles consomem

que podem ser reduzidos, sem, contudo,

cerca de 60% menos energia em

comprometer a eficiência do negócio.

comparação com os modelos tradicionais, além de funcionar com gás ecológico, que

Luz, telefone e papel

não prejudica a camada de ozônio.

Os empresários não costumam prestar

• Já os custos com telefone podem ser

atenção ao desperdício relacionado a esses

reduzidos por meio da contratação de

“pequenos” itens. Além do desembolso, essas

pacotes de novos planos corporativos ou

despesas geram impactos ambientais.

da utilização de aplicativos de internet

• Conscientize seus funcionários quanto ao

para se comunicar. Quanto à internet,

desperdício. Faça campanhas educativas,

veja qual é a velocidade necessária para

dê dicas, oriente sua equipe e a estimule a

atender às suas necessidades. Após esse

participar e contribuir com ideias.

levantamento, busque entre as operadoras

• A energia pode ser reduzida, por exemplo,

o melhor plano, com menor custo.

com a troca de lâmpadas incandescentes

• Quanto ao consumo de papel, pode-se

por LED ou investimentos em novas formas

minimizar o gasto com medidas simples, como imprimir em frente e verso ou digitalizar e enviar documentos por aplicativos, e-mails ou nuvem. Faça campanhas internas na empresa para minimizar o volume de impressões.

Não adianta as vendas crescerem se os custos acompanharem o crescimento

Baixa rotatividade de estoque Baixa rotatividade de estoque gera perda de dinheiro, pois traz gastos com armazenamento e possíveis perdas com o vencimento. Procure planejar suas compras de acordo com o giro de suas vendas. A implantação de um sistema de controle de estoques pode ajudar.

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[77]


[CONSULTORIA

se é melhor terceirizar. Em caso de demissão,

Para que a empresa possa reduzir seus custos, é necessário o engajamento de toda a equipe

levante todos os custos envolvidos e verifique se será realmente vantajoso. Considere o tempo que ficará sem o funcionário e o período de adaptação do novo contratado. Reduza custos de logística e fretes Ao negociar a compra de uma mercadoria, leve em consideração não somente o preço do produto, mas também o seu frete, que poderá encarecer a mercadoria adquirida.

Avalie seus gastos com fornecedores e bancos

Parada para cafezinho e água A pausa para o cafezinho e para a água

Analise como está a prática de negociação

pode gerar custos desnecessários. Os copos

com seus fornecedores, reavalie contratos,

plásticos descartáveis são muitos utilizados e

renegocie. Faça um levantamento do que é

uma solução criativa e ambientalmente correta

gasto com tarifas bancárias, pesquise as taxas

é incentivar seus funcionários a utilizarem

em outras instituições financeiras e renegocie,

canecas individuais e personalizadas. Apesar

sempre procurando reduzir essa despesa.

do custo inicial, será um bom investimento.

Planeje de forma tangível

Qual o seu regime de tributação?

Crie e estimule metas mensais, semestrais

Sua empresa está enquadrada no regime

ou anuais palpáveis e que possam ser

de tributação adequado, que melhor se adequa

alcançadas. Realize análises e pesquisas sobre o

ao seu segmento? Procure seu contador ou o

seu negócio, comparando com outras empresas

Sebrae e faça uma simulação nos regimes de

do mesmo segmento.

tributação Lucro Presumido, Lucro Real ou Simples Nacional e apure a opção que resulte

Excesso de controle

em menor carga tributária.

É preciso controlar o que é essencial para

Para que a empresa possa reduzir seus

a empresa. O custo do controle não pode ser

custos, é necessário o engajamento de

maior que a realização da atividade. Por isso,

toda a equipe. É preciso informar a todos e

é preciso implantar processos que possam ser

integrá-los ao plano. Lembre-se de que seus

medidos e que tragam resultados.

funcionários devem ser seus maiores aliados. O desenvolvimento de uma cultura de redução

Demitir é a melhor opção?

de gastos, somada à manutenção da qualidade

Demitir ou contratar gera custos. Veja se é essencial contatar novos funcionários ou

dos produtos e serviços, pode ser a chave para o sucesso do seu negócio.

Fonte: Kareen de Oliveira Azevedo Barbosa, analista do Sebrae Minas

[78]

JAN | MAR 2019


NOTAS]

Empreendedorismo feminino Belo Horizonte sediará o maior evento de

oficinas e workshops para mulheres empreende-

empreendedorismo feminino do país. O VOE

doras, que pretendem iniciar ou expandir seu

Mulher será realizado de 20 a 23 de março, das

negócio, e também para empresas que querem

10h às 19h, no estádio de futebol Mineirão. E

se aproximar para futuras parcerias. Será possí-

o Sebrae Minas estará presente, com progra-

vel obter orientações sobre os empreendimentos,

mações especiais.

acessar mentorias e fazer conexões.

Palestras e painéis terão apresentações de ca-

Ingressos podem ser adquiridos online em

ses de sucesso de empreendedoras. Além disso,

www.centraldoseventos.com.br/organizations/

será disponibilizado o Sebrae Delas, espaço com

voemulher2019

Escola do Sebrae tetracampeã em desafio europeu CRÉDITO?

Alunos da Escola do Sebrae conquistaram 1º, 2º, 3º e 4º lugares por equipe no maior desafio de business game para alunos do Ensino Médio da Europa, o Global Enterprise Challenge.

A

iniciativa é um desafio em que, divididos por equipes, os estudantes devem solucionar um case de negócios e apresentar a solução para uma banca de executivos. Participaram 120 jovens de diversos países,

equipe que ficou em 2º lugar. Em 3º lugar,

divididos em 12 grupos. Com a premiação,

ficou a equipe de Clarissa de Queiroz Ca-

a Escola do Sebrae se torna tetracampeã no

bral . E, em 4º lugar, estavam o aluno Ga-

desafio europeu.

briel de Oliveira Corrêa Abreu e sua equipe.

A aluna Carlota Outreiro Teixeira Pi-

A participação no Global Enterprise

mentel integrou a equipe vencedora do

Challenge integrou a Missão Europa, rea-

desafio. Camila Calijorne Rolim estava na

lizada na Alemanha, Áustria e Suíça.

www.sebrae/minasgerais

[79]


[NOTAS

Três mineiros recebem Prêmio Professores do Brasil Seis educadores da rede pública de ensino receberam, no fim de 2018, o Prêmio Professores do Brasil, por incentivarem práticas de empreendedorismo na educação. Os ganhadores foram selecionados entre mais de 400 professores, e três são mineiros: Sande Plyana Silva Almeida, de Montes Claros; Cristiane Juvêncio da Silva, de Varginha; e Sérgio José Batista Gomes, de Pará de Minas. É a primeira vez, desde 2005, quando a premiação foi criada pelo Ministério da Educação (MEC), que essa categoria foi incluída, por sugestão do Sebrae. Os trabalhos premiados versaram principalmente sobre temas como educação empreendedora, empreendedorismo social e meio ambiente. Todos os professores vencedores nessa categoria vão participar do maior evento de educação da América Latina, Bett Educar, que será realizado em São Paulo, de 14 a 17 de maio.

Rastreabilidade do queijo Canastra

[80]

Em fevereiro, foi lançado o primeiro lote

rastreabilidade. Comestível e feita a partir

maturado de queijos Canastra com a Etique-

da proteína do boi e de carbono vegetal, a

ta de Caseína. A ação faz parte do Projeto

etiqueta tem um código que continua legí-

Queijo Minas Artesanal, do Sebrae Minas,

vel durante todo o processo de produção.

e vai agregar ainda mais confiabilidade e

Com ela, é possível descobrir exatamente

segurança ao já reconhecido queijo.

onde e quando o queijo foi produzido.

A Etiqueta de Caseína é utilizada na

A Associação dos Produtores de Queijo

Europa há mais de 80 anos, e a Canastra é

Canastra conta com 56 produtores associa-

a primeira região brasileira a utilizá-la. Sua

dos, sendo que 23 já passaram pelo processo

adoção permite aos produtores comprovar

de regularização para receber a etiqueta e

a procedência e a legitimidade dos queijos

os demais estão em fase de adequação. Para

produzidos nos municípios que, reconheci-

receber o direito de utilizar a Etiqueta de Ca-

damente, fazem parte da região da Canastra,

seína, é preciso adequar-se a várias exigên-

além de inibir a falsificação e permitir sua

cias do Ministério da Agricultura e da Anvisa.

JAN | MAR 2019


Ideias de negócios que mais despertaram interesses em 2018 Cafeteria, restaurante, confeitaria, pet shop,

e pesquisar o mercado antes de abrir uma empresa”,

lojas de roupas, supermercados, construtora e

justifica a analista do Sebrae Minas Joseana Tavares.

fábricas de pão de queijo, alimentos congelados e

No site do Sebrae Minas (www.sebrae.

produtos de limpeza, foram os ramos de negócios

com.br/minasgerais) estão disponíveis para

que os empreendedores mineiros mais buscaram

download gratuito, cartilhas e manuais sobre

informações em 2018. O levantamento foi feito a

diversas atividades de negócio. Uma delas é a

partir dos acessos às cartilhas e manuais do Sebrae

coletânea Ponto de Partida, formada por mais

sobre informações de abertura de empresas em

de 250 cartilhas. O conteúdo inclui informações

diferentes segmentos.

sobre legislação, funcionamento da empresa,

O estudo mostra ainda que houve aumento

equipamentos, instituições ligadas à atividade

de 20% no número de download das publicações

escolhida, sugestão para leitura e vídeos. Além

de um ano para o outro. Foram 24 mil acessos em

disso, estão disponíveis para baixar manuais

2018, contra 20 mil acessos no ano anterior. “A

Como Montar (Como montar um comércio, Como

cada ano notamos que os empreendedores estão

montar uma empresa de serviço e Como montar

se preocupando mais em conhecer sobre a atividade

uma indústria).

1

2

3

4

5

Cafeteria

Restaurante

Confeitaria

Fábrica de pão de queijo

6

7

8

Fábrica de alimentos prontos congelados

Pet shop

Loja de roupas

Supermercado/ mercearia

9

10

Construtora

Fábrica de produtos de limpeza

www.sebrae/minasgerais

[81]


[TRIBUTOS

Boleto mensal do MEI reajustado

Em fevereiro, o Documento de Arrecadação

xilio-reclusão para seus familiares. “O cálculo dos

Simplificada (DAS) dos Microempreendedores

benefícios é efetuado com base nas contribuições

Individuais (MEI) em todo o país sofreu reajuste.

realizadas pelo segurado cumprindo o prazo de ca-

O índice aplicado à contribuição previdenciária

rência mínima de cada benefício previdenciário”,

mensal do MEI foi o mesmo do salário mínimo,

justifica a analista do Sebrae Minas Laurana Viana.

que neste ano passou de R$ 954 para R$ 998, ou seja, de 4,61%.

A guia para pagamento pode ser impressa pelo Portal do Empreendedor (www.portaldoempreen-

Com o aumento, o valor fixo do boleto mensal

dedor.gov.br). Pelo celular, o documento pode ser

(DAS) passou para R$ 50,90 para ocupações de co-

gerado pelo aplicativo da Receita Federal, dispo-

mércio/indústria e/ou transporte intermunicipal

nível para os sistemas operacionais iOS e Android.

ou interestadual; R$ 54,90 para MEI que presta

Os formalizados também podem comparecer aos

serviços em geral; e R$ 55,90 para ocupações

Pontos de Atendimento do Sebrae de sua cidade e

mistas, ou seja, que exerçam tanto atividades de

solicitar a impressão da guia gratuitamente.

comércio e/ou indústria quanto serviços.

O tributo deve ser pago até o dia 20 de cada mês.

O cálculo do DAS corresponde a 5% do salário

O pagamento pode ser feito por débito automático,

mínimo, a título da Contribuição para a Seguridade

pela internet ou em bancos, caixas eletrônicos e

Social, mais R$ 1 de Imposto sobre Circulação de

em casas lotéricas. “Caso a guia não seja paga, o

Mercadorias e Serviços (ICMS) e/ou R$ 5 de Im-

MEI pode ter a suspensão dos benefícios previden-

posto sobre Serviços (ISS).

ciários, e ainda ter que pagar multa e juros. Além

A contribuição obrigatória assegura o direito

disso, os MEI que não exercem a atividade devem

ao MEI a vários benefícios, como aposentadoria

solicitar a baixa do CNPJ para não pagar os tributos

por invalidez, auxílio-doença, salário maternidade,

mensais, que posteriormente poderão entraram na

pensão por morte, aposentadoria por idade e au-

dívida ativa”, explica Laurana.

[82]

JAN | MAR 2019


A MENOR DISTÂNCIA ENTRE QUERER ABRIR UMA EMPRESA E ABRIR UMA EMPRESA.

A história você já conhece. José tem uma ideia e quer abrir seu negócio. Mas, além das suas dúvidas, ainda tem a burocracia para dificultar. Foi pensando em simplificar a vida do empreendedor que o Sebrae Minas, a Jucemg e a Prefeitura criaram a Sala Mineira do Empreendedor. O que você precisa pra abrir sua empresa em um só lugar. Simples e rápido. Procure a Sala Mineira do Empreendedor em sua cidade e bons negócios. Informações: salamineiradoempreendedor.com.br | 0800 570 0800

www.sebrae/minasgerais

[83]


Uma semana que pode mudar o seu negócio para sempre.

DE 20 A 24 DE MAIO

Para quem não vê a hora de crescer, o Sebrae preparou uma série de oficinas, consultorias, palestras e atividades virtuais para a Semana do MEI. É a oportunidade que você esperava para melhorar a gestão do seu negócio e ver a sua empresa ir cada vez mais longe. Participe.

Realização:

Informações e inscrições: www.sebrae.com.br/minasgerais

0800 [84] 570 0800 JAN | MAR 2019


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