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TAQUARA DE TABAJARAS CONSTRUÇÕES E RECONSTRUÇÕES

ANDREY MORAES E ESTER PAIXÃO CORRÊA

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RESUMO

Este trabalho é uma narrativa desenhada sobre os modos de vida e organização da Aldeia Nova Conquista Taquara dos Tabajaras da Paraíba. Foi construída no formato de fanzine a partir de imagens e informações dialogadas com um indígena da comunidade: Paulinho Tabajara. A narrativa conta sobre as atividades de construção e reformas na aldeia, baseadas no trabalho coletivo por meio do plantio, colheita, pesca, e de outros aspectos.

APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

Uma aldeia do povo Tabajara, situada no litoral sul da Paraíba, é o lugar do qual trata esta narrativa em formato fanzine, que tem como objetivo retratar os modos de vida e forma de organização dos Tabajaras da aldeia Nova Conquista Taquara. Utilizando o desenho como linguagem, construímos uma narrativa em um livro de bolso com sistema de dobradura em papel. Este é dobrado ao meio no sentido horizontal e tem quatro dobras na vertical, totalizando 15 mini páginas, incluindo capa e contracapa. Desenhado à mão, essa narrativa trata das atividades de pesca, plantio, reflorestamento, dentre outros aspectos da vida da comunidade, construído no diálogo com o indígena Paulinho Tabajara.

MENÇÃO HONROSA

DESENHO

APRESENTAÇÃO EXPANDIDA

Os povos indígenas do Nordeste têm atravessado uma longa luta pelo direito ao território. Nas últimas décadas alguns povos indígenas da região têm tido reconhecidos seus pertencimentos, ampliando os processos de (re)emergências étnicas. Os Tabajaras da Paraíba estão ativamente na luta pelo território e manutenção das formas de organização em comunidade, considerando seus modos de fazer, utilizando de recursos do meio ao redor, fazendo alianças com pesquisadores e outros indígenas, defendendo as cosmologias como o Toré, o grafismo e fortalecendo a figura de um Cacique.

A Aldeia Taquara é recente, está sendo construída há cinco anos. Foram três anos de trabalho com o preparo da terra de difícil domesticação, já que era um bambuzal, de onde se origina o nome da aldeia “Taquara”. A construção da oca, há cerca de dois anos, marcou a habitação da aldeia. Atualmente, abriga aproximadamente 80 famílias moradoras, que são agentes de construções e reconstruções da aldeia. Na comunidade ainda não há eletricidade e água encanada, as pessoas ainda mantêm práticas tradicionais e o sentido de coletividade. A construção da oca central e as reformas pelas quais passou foi um processo coletivo, de construção coletiva, assim como é a pesca, a agricultura comunitária, o replantio de espécies nativas. A organização da aldeia se firma na figura central do cacique Paulo, é ele quem direciona as demandas sociais e políticas da comunidade, dentro e fora da aldeia, como o ativismo político, que é pauta constante nas ações da aldeia. Compreender essas novas formas de organização é importante para o conhecimento antropológico.

Uma das possibilidades de traduzir o conhecimento antropológico para outras linguagens que não seja textual, é o desenho. Por isso, escolhemos uma narrativa visual que coloque em diálogo o desenho e a antropologia, por meio de uma linguagem popular e acessível como o fanzine (ou livreto de bolso). Aina Azevedo nos inspirou a superar o efeito paralisante do medo da marginalização, quando mostra as convergências históricas e contemporâneas entre desenho e antropologia visual, e incentiva os/as antropólogos/as a utilizaram o desenho nos seus processos de pesquisa de campo.

Compreendendo a importância do desenho na pesquisa antropológica e as diversas possibilidades de executá-lo, o resultado desta pesquisa imagética no

formato de fanzine, é uma perspectiva parcial de um processo pesquisa que está em andamento com os Tabajaras. Mas acima de tudo, pretende que circule aspectos da identidade dos Tabajaras de Taquara, que fortaleça seus modos de existências. Pretendemos que esta produção retorne para a comunidade, a fim de que seja distribuída entre as pessoas, de forma que estas se percebam positivamente representadas.

Utilizar a linguagem do desenho é uma pretensão de narrar como a luta pelo território, o cultivo de formas tradicionais de vida, os saberes ancestrais, enfim, as várias formas de organização dos povos Tabajara são culturalmente relevantes, pois fazem parte de um processo de mudança e de transformação dentro da reivindicação histórica pelo direito à terra.

MINIBIOGRAFIA

ANDREY REGY PEREIRA MORAES é graduando em Antropologia pela Universidade Federal da Paraíba, Campus IV Rio Tinto. É artista visual amazônida, nascido em Santa Isabel do Pará. É desenhista, escultor, pintor, muralista, acumulando conhecimentos ao longo de 30 anos de atuação na cena artística paraense, além dos estados do Amazonas, Rio Grande do Norte, Paraíba e outros lugares. Tem interesse em pesquisas na área de Antropologia visual, com enfoque para o desenho etnográfico em diferentes estilos. Além de diversos trabalhos realizados como artista, destaco também os desenhos em contexto etnográfico como as ilustrações em tese de doutorado e a ilustração de capa de revista acadêmica.

ESTER PAIXÃO CORRÊA é nascida no interior do Pará, na comunidade de Tatuaia, é mestra Antropologia Social pela Universidade Federal do Pará e doutoranda em Antropologia Social pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Viajante, escritora, fotógrafa, pesquisadora e artesã, tem publicações de ensaios, artigos e ensaios visuais em livros e revistas acadêmicas na área da Antropologia e da Arte. Pesquisa sobre mulheres, feminismo, negritude, ancestralidade, cultura popular e mulheres viajantes. Atualmente, é participante na @coletivafeminart, junto a quem desenvolveu pesquisa sobre ancestralidades rurais na Amazônia, é escritora no blog medium. com/ikamiabaviajante e desenvolve pesquisa acadêmica sobre as mulheres que viajam de mochila pela América do Sul.

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