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ARTE ARTESANAL DE PALHA NA FEIRA DE SÃO JOAQUIM, BAHIA

ARTE ARTESANAL DE PALHA NA FEIRA DE SÃO JOAQUIM, BAHIA LUCAS BARRETO DE SOUZA, 2022.

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APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

O ensaio fotográfico resulta de uma pesquisa antropológica de média duração, que culminou na dissertação de mestrado intitulada "A vida dos artefatos: Arte/artesanato de Palha na Feira de São Joaquim, em Salvador, Bahia", defendida virtualmente em agosto de 2020. A relação com o lugar havia se iniciado anteriormente: em 2010, em um "passeio fotográfico", e em 2014, no contexto de uma pesquisa PIBIC que envolvia fotografia e etnografia sonora, "Olhares e escutas antropológicas sobre a Baía de Todos os Santos". Entre janeiro e fevereiro de 2022, foram produzidas as fotografias que compõem o ensaio proposto realizado com a colaboração de feirantes e frequentadores.

APRESENTAÇÃO EXPANDIDA

A palha é um tipo de material de expressão notável nos mais variados espaços da Feira de São Joaquim, na Bahia. É parte constituinte de uma infinidade de objetos com as mais diversas finalidades de uso: diferentes tipos de palha compõem inúmeros produtos à venda ou em uso. Os artefatos de palha, que, através de suas linhas de vida, passam por essa feira, estão imersos em constantes processos de interação social, encontram-se

enredados, envolvidos por uma grande teia de relações sociais (ou mesmo em um verdadeiro emaranhado), nas quais exercem seu poder de agência, influenciam ações humanas ao mesmo tempo em que são receptáculos dos efeitos da ação humana, A vida social dos artefatos de palha na Feira de São Joaquim, Bahia, é o ponto alto que este trabalho almeja alcançar. Por meio das imagens, a partir de uma abordagem biográfica, inserimos na narrativa aspectos das artes artesanais, especialmente na etapa de circulação (entre as demais etapas: produção e recepção/consumo): o ensaio aborda, de modo enfático, a fase de circulação da vida social desse artesanato de palha encontrado em São Joaquim. A etnografia sonora é uma aliada no fazer pesquisa sobre coisas que constituem o corpus da Feira, juntamente com os/as feirantes e suas artes de fazer, os frequentadores, clientes, consumidores, passantes, turistas, artistas e curiosos que circulam por esta imensa, intensa, intrigante e tradicional feira de rua na cidade de Salvador. É proposta uma incursão atenta às sonoridades no espaço da feira, tanto quanto às imagens, motivo pelo qual a fotografia, importante mediadora entre arte e ciência, ganha destaque nas crônicas imagéticas que apresentam visualmente a feira à beira da Baía de Todos os Santos, a parte interior da feira e, destacadamente, o artesanato de palha sobre o qual a pesquisa volta as atenções. Destaca-se também aspectos como configuração étnico-racial das pessoas que circulam por aquele espaço e o trabalho, dos vendedores e dos transportadores (os carregadores das pranchas e carrinhos).

A utilização da fotografia e da captura de sonoridades em consonância com os interesses de pesquisa auxiliam no situar micro e macro analítico, ou sistêmico, o pesquisador e o leitor no decorrer da narrativa, além de adentrar num conjunto de relações que envolve as coisas, a câmera, o pesquisador, a pesquisa e o leitor, além das imagens e sonoridades capturadas. Uma dimensão ética deve ser pensada ao se propor utilização de ferramentas audiovisuais em pesquisa antropológica. É de fundamental importância adotar uma postura estritamente ética, além de empática, com os participantes em processos que envolvam captura de imagens e sonoridades em pesquisa de campo: que as pessoas estejam cientes de que estão a ser gravadas, filmadas e/ou fotografadas, que estejam de acordo com isso e que saibam sobre seus direitos de imagem, assim como a necessidade de adesão a termo de compromisso, eventualmente, caso necessário seja, para veiculação em meios específicos. Fotografias constituem também o corpus da pesquisa, mais do que ferramenta meramente metodológica, uma mediadora importante.

MINIBIOGRAFIA

LUCAS BARRETO DE SOUZA é natural de Salvador, Bahia. Iniciado na fotografia em 2010, com formação no SENAC-BA (profissionalizante); 2012, na FACOM/ UFBA (extensão) e direção de fotografia, na oficina Curta Colaborativo, realizada na UFBA. Graduado e mestre em antropologia pela mesma universidade, respectivamente em 2017 e 2020. Atualmente, doutorando em antropologia social pela UFRGS. Dentre as principais publicações, constam ensaio fotográfico em Ponto Urbe (NAU/USP), Iluminuras (BIEV/UFRGS), Cadernos Cajuína (IF-Sertão-PE). Dentre as participações: 6ª Reunião Equatorial de Antropologia (REA), como expositor, IV Encontro de Antropologia Visual da América Amazônica (IV EAVAAM); coletivo: CAV/CULT/UFBA e CINES/UFBA.

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