Nossa cidade Nossa casa
Conhecendo a arquitetura da cidade e aprendendo a cuidar dela
2a. Edição Revisada - Julho / 2012
Nossa cidade Nossa casa Conhecendo a arquitetura da cidade e aprendendo a cuidar dela.
Realização:
ASSOCIAÇÃO PRESERVA SÃO PAULO http://www.preservasp.org.br
Nossa Cidade, Nossa Casa Edição revisada, São Paulo / 2012.
52 p. ISBN:
1. PreservaSP; 2. Patrimônio Histórico; 3. Arquitetura da cidade.
Há duas coisas num edifício: seu uso e sua beleza. Seu uso pertence ao proprietário, sua beleza a todo mundo; destruí-lo é, portanto, extrapolar o que lhe é de direito. Victor Hugo
ÍNDICE Apresentação .................................................................................. 06 Introdução
.................................................................................. 08
Breve histórico da Cidade de São Paulo ............................... 12 Conheça a arquitetura de sua casa e de seu prédio ........ 14 Colonial
.................................................................................. 14
Neoclássico .................................................................................. 14 Eclético
.................................................................................. 15
Neogótico.................................................................................. 15 Normando e Tudor ............................................................. 16 Neocolonial .......................................................................... 16 Missões .................................................................................. 16 Florentino ............................................................................. 17 Luís XVI .................................................................................. 17 Classicizante .................................................................................. 17 Arquitetura industrial ............................................................... 18 Art-nouveau ou floreal ............................................................ 19 Art decô
.................................................................................. 19
Racionalismo .............................................................................. 20 Modernismo .................................................................................. 21 Brutalismo .................................................................................. 21 Tombamento .................................................................................. 22 Orientações técnicas para a conservação ............................ 24 Dicas para valorizar seu imóvel ................................................ 44 Bibliografia
.................................................................................. 50
Ficha Técnica .................................................................................. 52
APRESENTAÇÃO São Paulo possui uma arquitetura e uma paisagem urbana extraordinariamente ricas e diversificadas – porém pouco conhecidas até mesmo pelos próprios paulistanos. Vivemos com pressa, e não temos o hábito de olhar a cidade à nossa volta, talvez até mesmo por preconceito. Tanto se falou que nossa cidade é feia e sem graça, que passamos a acreditar nessa mentira. Nada mais falso! Um olhar treinado será capaz de encontrar uma infinidade de detalhes surpreendentes da cidade – uma vida inteira não basta para conhecermos toda a riqueza e exuberância de nossa arquitetura – e que pode ser encontrada nos lugares mais surpreendentes; num beco ou numa viela mal iluminada dos bairros antigos. Aliás, outro mito persistente é que para que um prédio desperte algum interesse, é preciso que seja muito antigo. Mais uma inverdade – muitas edificações interessantes foram construídas há relativamente pouco tempo, nas décadas de 60, 70 e 80 (embora, nesta São Paulo tão pouco valorizada por seus próprios moradores, um imóvel com mais de trinta anos já seja quase uma raridade). A única verdade desta história, é que São Paulo é mesmo uma ilustre desconhecida, pouco estimada por seus próprios filhos, que adoram compará-la, desfavoravelmente, com
as
belezas de ou-tras capitais na Europa, América do Norte e mesmo de nossos vizinhos. Isso é mais que um equívoco: em parte graças a essa visão limitada e preconceituosa,
Associação Preserva São Paulo
mas principalmente pelas mãos da
preservar o que já existe, ao invés de se
especulação imobiliária predatória,a nossa
reformar e reconstruir apenas em nome
boa arquitetura está sendo devastada
de falsos modismos.
a uma velocidade e escala inéditas.
Preservar é um ato de amor para a
Casarões e prédios antigos, vilas operárias,
nossa cidade − a São Paulo de todos
fábricas centenárias, quarteirões inteiros
nós − imigrantes, migrantes, velhos,
estão sendo destruídos sem que sequer
moços, crianças. E em respeito a essas
tenham sido devidamente apreciados –
crianças e às futuras gerações, amar a
para não dizer estudados e registrados.
nossa cidade é preciso, preservando-a
Isso sim, é que corre o risco de transformar
para que ela, carinhosamente, em
São Paulo na cidade feia e monótona dos
algum momento do futuro, conte em
nossos preconceitos.
páginas concretas, como
Esta publicação, feita pela Associação
um “livro
vivo” ilustrado pelas nossas paisagens
Preserva São Paulo, tem o propósito
urbanas
conservadas,
com
todas
ambicioso de fazer com que o paulistano
as suas fases históricas. Que sirvam
passe a olhar para sua cidade com outros
também como suporte para uma
olhos que não sejam os do preconceito
formação sólida e inquestionável da
e da desinformação, e passe a apreciar
cidadania com identidade e sentido de
os detalhes às vezes ocultos por tanto
pertencimento (a cidade de todos nós).
descaso. E, para os proprietários, locatários
O cidadão é o núcleo central da questão
e usuários de imóveis, que descubram
da preservação do nosso patrimônio
que estes podem ser muito mais interes-
histórico, e a participação da comunidade
santes (e também valorizados) do que
nos destinos do nosso acervo patrimonial
imaginam, além de mostrar diversas dicas
é, para nós do Preserva São Paulo, fator
importantes sobre como cuidar me-lhor
essencial para decidir o seu destino.
deles, sem desperdício, sem grandes
Nesse intuito oferecemos esta cartilha
investimentos e aprendendo a conservar e
de preservação e conservação para que o
valorizar os materiais originais, que quase
acesso à informação possa ser socializado
sempre têm qualidade e beleza bastante
nessas questões e desmistifique as suas
superior aos materiais de hoje em dia.
possibilidades. Sim, preservar é possível.
Neste livreto, vocês descobrirão inclusive
Como é possível demonstrar respeito,
a importância – para a economia e para
carinho e amor por todos habitantes des-
a ecologia, entre outras − de conservar e
ta cidade, hoje e sempre. 03
INTRODUÇÃO Ao depararmos com uma construção sendo demolida ou descaracterizada com reformas que não respeitam seus elementos originais, muitas vezes não percebemos o que isso significa para o bairro e a cidade, podendo essa destrui-ção representar uma perda que nunca mais será reparada. Afinal, as constru-ções atuais não apresentam as mesmas características. Os edifícios em que vivemos, trabalhamos ou que simplesmente compõem o ambiente no qual transitamos em nosso dia-a-dia são testemunhos da história da comunidade em que estão inseridos e representantes do “saber fazer” do período em que foram construídos. Diferentes técnicas construtivas foram surgindo ao longo do tempo, estilos
e
características arquitetônicas sucederam-se como manifestações do modo de pensar de determinada sociedade numa época específica. E o local que abriga cada construção também é determinante para seu projeto: o clima (incidência do sol, regime de chuvas, etc.), o relevo (terreno plano ou acidentado), entre outros, são fatores que provocam grandes diferenças entre um edifício e outro, dependendo de onde estão localizados. As várias possibilidades de investimentos também fazem com que existam obras das mais monumentais às
Associação Preserva São Paulo
mais discretas; das mais luxuosas às mais
– não privilegiando uma época em
modestas.
detrimento de outras. Muito do que hoje
Justamente por tudo isso, por variar
é reconhecido como boa arquitetura
completamente dependendo de quando,
já foi subestimado, inclusive tendo
onde, para quem e para que função foi
muitos exemplares importantíssimos
concebida, é que cada construção é única.
destruídos. Não podemos cair no mesmo
E como tal, tem seu valor por retratar
erro, demolindo e desca-racterizando
concretamente as soluções encontradas
edificações que hoje não recebem seu
para cada uma dessas variáveis. É por
devido valor, com o risco de, no futuro,
isso que quando vemos, por exemplo,
percebermos que elas deveriam ter sido
uma vila de pequenas casas operárias no
preservadas e não podermos mais voltar
Brás, e a comparamos com as residências
atrás. Há mais de um século São Paulo
presentes no Pacaembu, sabemos que
tem enraizado o ideal de modernização
foram cons-truídas em outra época e
constante e negação do passado, o que
destinadas a pessoas de classes sociais
acaba diminuindo sua identidade e
diferentes, sem que seja preciso que
beleza, e a faz mergulhar numa busca
ninguém nos explique. E o mesmo se dá
constante como a do cachorro que tenta
com os prédios espelhados da Avenida
morder o próprio rabo.
Engenheiro Luis Carlos Berrini, com os
Hoje, a paisagem urbana é re-
antigos palacetes dos Campos Elíseos,
conhecida
e assim por diante, numa metrópole
patrimônio de uma cidade, a qual é
gigante e diversa como São Paulo.
formada pelo conjunto de edificações
como
a
essência
do
A cidade, como organismo vivo,
que fazem parte do cotidiano das
é dinâmica. Ela é feita de pessoas,
pessoas. É a presença dessas construções
de seus processos de composição,
− que muitas vezes fazem parte de
que acabam caracterizando seu pa-
nossas vidas por décadas − que cria um
trimônio. Esse patrimônio foi formado
“lugar de memória”, símbolos não só de
por construções dos mais diversos
um jeito de viver, como de um modo
estilos ao longo de todos os períodos
de ser. Fizeram parte da vida de nossas
históricos da cidade. Por isso, há de se
gerações anteriores, são as heranças
garantir a representação de todas essas
que nos deixaram, resultado do modo
fases – obviamente sem radica-lismos
com que transformaram a natureza pelo 05
Associação Preserva São Paulo trabalho humano, ou seja, da ação de
originais constitui uma raridade dentro
nossa cultura.
do cenário paulistano. E sempre haverá
Tais edifícios transmitem o laço
um público interessado especificamente
histórico que interliga as pessoas
em construções antigas, visto que
neste dinâmico mundo atual, cheio de
elas conferem um charme especial ao
transformações. A partir do momento
ambiente, transformando-se assim em
em que entendemos o ambiente urbano
um nicho de mercado com concorrência
como a materialização das relações
limitada.
sociais, eles são fornecedores da noção
Bairros
com
grande
acervo
de
de identificação, que nos desperta o
edifícios antigos podem fazer uso desse
sentimento de pertencer a um bairro
potencial, passando a conservar bem
ou região tradicional, a algo que nos
suas construções e transformando isso
precede e está inserido em nosso
num diferencial que aumentará sua
presente − o que é fundamental para
atratividade e, conseqüentemente, os
a existência de uma real comunidade.
valorizará de modo geral. O nível de
Somente por meio da reapropriação
conservação dos imóveis de uma área
desses elementos comuns a todos nós é
ajuda a determinar sua imagem em
que se torna possível a construção da
relação às outras, e cada iniciativa para
cidadania.
melhor conservar um imóvel tem um
Do ponto de vista econômico, cons-
efeito multiplicador enorme, servindo
truções antigas são ideais para abrigar
de modelo aos demais. Portanto, há
pequenas empresas e comércios, pois
o benefício direto da valorização do
conferem
próprio imóvel, e o indireto, melhorando
autenticidade
e
ligação
afetiva imediata da população local com
a imagem do bairro e valorizando-o.
qualquer novo negócio ali instalado,
A preservação do patrimônio também
e além disso o custo de compra do
é um dos pilares do desenvolvimento
imó-vel será menor do que os gastos
sustentável: o cuidado com os recursos
com a aquisição de um terreno e uma
do planeta e a sobrevivência das
nova construção.
Do mesmo modo,
espécies, inclusive a humana, implicam
uma edificação antiga bem conservada
também um maior aproveitamento das
acaba valorizada, pois seu bom estado
edificações já concluídas. A construção
ressaltará seus diferenciais estéticos,
civil é uma das atividades que maior
que com elementos
impacto causam ao meio ambiente,
06
arquitetônicos
desde a areia que é retirada dos rios até os
altos custos energéticos para
a construção de casas e prédios, na terraplanagem, fabricação e transporte dos materiais, etc. Além disso, nas capitais brasileiras o volume de resíduos gerado pela construção civil já é superior ao de lixo doméstico – só em São Paulo são recolhidas a cada dia mais de 4 mil toneladas de
resíduos de obras de
construção e demolição. Como se isso não bastasse, os espaços disponíveis para descarte desses materiais se encontram saturados. Logo, não há construções mais ecológicas, e que respeitem mais o meio ambiente e as gerações futuras, do que as já existentes.
Preservação do pa-
trimônio também é sustentabilidade.
É melhor cuidar do que consertar, melhor consertar do que restaurar, melhor restaurar do que reconstruir. (A. N. Didron – arqueólogo francês)
BREVE HISTÓRICO DA CIDADE DE SÃO PAULO Fundada pelos jesuítas em meados do século XVI, apesar de sua enorme importância para o povoamento do Brasil durante o período colonial, cresceu lentamente ao longo de seus três primeiros séculos, ficando restrita ao local que hoje chamamos de “Centro Ve-lho” ou “Triângulo”. O crescimento vertiginoso da cidade só teve início a partir de 1870, graças basicamente a três fatores: o café (do qual São Paulo passou a ser o maior exportador mundial nas últimas décadas do século XIX), a estrada de ferro (especialmente a pioneira Santos-Jundiaí, de 1867), e a imigração européia (principalmente do Sul da Europa). Aos quais, podemos agregar a partir de 1900, um quarto fator: a energia elétrica e o bonde elétrico. Em 1872, a cidade, que ainda mantinha essencialmente as feições coloniais, possuía apenas cerca de 30 mil habitantes, sendo menor do que várias outras capitais brasileiras, como Rio de Janeiro e Salvador. Em 1890, a população já era de 64 mil pessoas, porém o grande salto se deu nos dez anos seguintes: em 1900, passou a 240 mil habitantes, tendo, portanto, praticamente quadruplicado sua população em apenas uma década. Em 1920, a população era de 579 mil, e em 1930 já havia atingido 1 milhão. Durante a República Velha (1889-1930), a cidade cresceu, enriqueceu e prosperou, e isso se refletiu numa arquitetura
Associação Preserva São Paulo
extremamente diversificada. Na época,
mas foi nesse período que a arquitetura
numerosos
estrangeiros,
modernista se consolidou. É dessa época
principalmente italianos, franceses e
aquele que talvez seja o grande símbolo
alemães, trabalhavam na cidade, ao lado
da cidade: o prédio do Banco do Estado
dos primeiros engenheiros-arquitetos
de São Paulo (Banespa).
arquitetos
paulistanos formados nas escolas de
Na década de 50 o crescimento
arquitetura pioneiras da cidade. Grandes
econômico da cidade se acelerou, com
marcos como o Teatro Municipal, o
a instalação da indústria automobilística
Martinelli, o Mercado Municipal, a
no ABC, e São Paulo finalmente passou
Catedral da Sé, o Palácio das Indústrias
o Rio de Janeiro como a maior cidade
e o Palácio da Justiça foram construídos
do Brasil. Até a década de 80, tanto
nesse período.
a
economia
quanto
a
população
Durante o período do Estado Novo
cresceram de forma acelerada. Foi nesse
(1930-1945), a cidade continuou cres-
período que a arquitetura paulistana
cendo e se desenvolvendo de forma
esteve
espetacular, apesar da Grande Depressão
mundial, com projetos reconhecidos
e da turbulência política interna. A marca
internacionalmente, como o Copan, o
registrada desse período é o art decô
Edifício Itália, o Pavilhão da Bienal e o
(vide a seção de estilos, mais abaixo),
Masp.
na
vanguarda
arquitetônica
01. Vale do Anhangabaú - 1927
09
Conheça a arquitetura de sua casa e de seu prédio Colonial:
industrialização, da imigração, com o
A arquitetura colonial dominou a
advento das estradas de ferro e com os
paisagem urbana de São Paulo até o
primeiros bairros planejados da cidade
último quartel do século XIX. Algumas
(como Campos Elíseos). Caracteriza-se
de suas principais características são
pelas platibandas (faixas de alvenaria
as paredes de taipa de pilão (técnica
acima da fachada, no lugar dos antigos
construtiva herdada dos mouros) e os
beirais), pelos porões, e por frontões
beirais (projeções dos telhados) largos.
(ornamentos triangulares ou curvos
Atualmente, não resta praticamente nada da cidade colonial, com exceção de um punhado de igrejas e casas bandeiristas (estas, situadas na antiga zona rural da cidade).
Neoclássico: Substituiu
rapidamente
a
arqui-
wtetura colonial no último quartel do século XIX. Coincide com o início da Casa Grande Velha de Itaquaquecetuba (demolida)
02. Colonial
10
03 Neoclássico
04. Neoclássico
Associação Preserva São Paulo
acima das portas e janelas). Nessa época,
altamente qualificados (os chamados
já se utilizava o tijolo no lugar da taipa.
capomastri). O período de vigência do
Da mesma forma que a arquitetura
ecletismo corresponde, grosso modo,
colonial, atualmente existem raríssimos
com a República Velha (1889-1930), época
exemplares do neoclássico na cidade,
de acelerado desenvolvimento da cidade.
dispersos pelo Centro e por bairros vi-
A seguir, algumas das principais vertentes
zinhos centenários como Brás, Campos
do ecletismo: - Estilo Neogótico: Inspirado no
Elíseos e Vila Buarque.
estilo das catedrais góticas medievais,
Eclético:
sua utilização foi limitada praticamente a
O termo “eclético” é, na verdade, um
igrejas.
guarda-chuva que abrange (de certa forma,impropriamente) toda a arquitetura inspirada nos estilos acadêmicos ou históricos (especialmente europeus) em voga no fim do século XIX e início do XX.Em comum, o fato de se-rem profusamente ornamentados e de utilizarem diversas técnicas artesanais e artísticas, como o mosaico, o vitral, a marchetaria, a pintura em afresco, muitas vezes criados por mestres-de-obras espanhóis e italianos
05. Eclético
06. Neogótico
07. Eclético
11
Associação Preserva São Paulo
- Estilos
Normando
e
Tudor:
indica baseia-se na arquitetura colonial
Caracterizam-se pelo uso do enxaimel
brasileira, com beirais largos, portas e
(armação de traves de madeira nas
janelas com frontões de arco em canga,
paredes, que depois era preenchida
cunhais (quinas) de cantaria (pedras),
com alvenaria, sendo que no ecletismo
painéis de azulejos, etc.
tinha finalidade apenas ornamental e
- Estilo Missões: Muito popular na
não estrutural) e telhados em ângulo
arquitetura residencial das décadas de
agudo.
30 e 40, inspirado na arquitetura colonial
- Estilo Neocolonial: Estilo
de
hispânica.
na
de elementos similar ao neocolonial,
década de 1910, como o próprio nome
porém mais variado, entre eles: colunas
inspiração
12
nacionalista
surgido
Utilizava
um
repertório
08. Normando
10. Neocolonial
09. Tudor
11. Neocolonial
Associação Preserva São Paulo
torcidas, frontões triangulares ou curvos
- Luís XVI: Esse e outros estilos
coroando as fachadas cobertos com
inspirados
na
arquitetura
telhas coloniais, painéis de azulejos,
geralmente
balcões de ferro trabalhado, lampiões
mansarda – uma cobertura quase
e outros ornamentos de ferro, torres
vertical, geralmente revestida com telhas
cilíndricas formando jogos de volumes
de ardósia ou de zinco, e com janelas
com os demais volumes da edificação,
elípticas chamadas de óculos.
possuem
o
francesa teto
em
paredes texturizadas, etc. - Estilo Florentino:
Caracterizado
por arcos ogivais e por uma torre com beirais salientes.
Classicizante: Tendência
arquitetônica
pouco
estudada e sem um nome definido,
12. Missões
14. Florentino
13. Missões
15. Luis XVI
13
Associação Preserva São Paulo surgida a partir da década de 40, utilizada
formando padrões de desenhos que
quase que exclusivamente em prédios
imitavam juntas de pedras).
de apartamentos, adotou a divisão clássica da fachada em embasamento,
Arquitetura industrial:
corpo e coroamento. Valia-se de balcões
A cidade de São Paulo, que sofreu um
de ferro trabalhado ou com balaústres,
processo de industrialização acelerada a
cornijas (projeção horizontal contínua
partir do início do século XX, conta ainda
ao longo da fachada, separando o corpo
com alguns exemplares da arquitetura
do
freqüentemente
industrial dessa época. A arquitetura
denteada), revestimento de travertino
industrial, sempre com um viés mais
e embasamento com bossagens (sulcos
utilitário, caracterizava-se pela utilização
coroamento
e
16. Classicizante
17. Classicizante
14
18. Industrial
19. Industrial
Associação Preserva São Paulo
do ferro na estrutura e pela fachada
e historicistas da época. Caracteriza-se
em tijolos aparentes. A localização das
principalmente pelas formas orgânicas,
fábricas geralmente se dava ao longo
curvas, inspiradas no mundo vegetal.
dos eixos ferroviários, e diversas delas
Praticamente não restam exemplares
foram res-ponsáveis pelo surgimento
puramente art nouveau em São Paulo,
de bairros tradicionais, como a Vila
porém, muitas construções antigas
Prudente.
mesclam outros estilos com detalhes como portas ou balcões de ferro floreais.
Art nouveau ou floreal: Surgiu no fim do século XIX na Europa em contraposição aos estilos acadêmicos
Art decô: Não confundir com o “art nouveau”
20. Art nouveau
22. Art decô
21. Art decô
23. Art decô
15
Associação Preserva São Paulo
vigência
cintilante à fachada. Infelizmente, a
com
o
maioria dessas fachadas vem sendo
período do Estado Novo (1930-1945).
pintada, ocultando esse revestimento.
pode-se
dizer
praticamente
que
sua
coincidiu
A primeira geração de prédios de apartamentos da cidade, construídos
Racionalista:
na região central nesta época, valeu-
Espécie de transição entre o art
se principalmente dessa linguagem
decô (porém mais despojado do que
arquitetônica
este) e o moderno, típica dos anos 40.
nouveau”,
que,
como
o
“art
buscava romper com os
Caracteriza-se
pela
predominância
estilos acadêmicos e historicistas então
dos cheios sobre os vazios, pelas
em voga. Caracteriza-se pelo uso de
formas geométricas, e por volumes em
motivos geométricos, do predomínio
balanço, como balcões, quase sempre
dos cheios sobre os vazios (isto é,
de alvenaria maciça, além de ser
poucas janelas, criando um aspecto
totalmente despido de ornamentação,
sólido); a ornamentação pode ser tanto
exceto pela porta de ferro trabalhada.
mais contida como mais exuberante,
Às vezes se permite um ou outro
porém são invariáveis a porta de ferro
detalhe eclético ou classicizante, como
ornamental e os materiais nobres no
cornijas, telhados de beiral ou balcões
saguão de entrada. Normalmente os
de balaústres, sempre discretos. É
prédios art decô eram revestidos de um
freqüente nos pequenos prédios de
reboco que continha mica triturada,
dois ou três andares, sem recuo, nos
um tipo de cristal que dava um aspecto
bairros do Centro Expandido
24. Racionalista
16
25. Racionalista
Associação Preserva São Paulo
Modernismo: A é
arquitetura predominante
vazios sobre os cheios, utilização do ainda
concreto armado, planta livre, brises
paisagem
(projeções da fachada que buscam
moderna na
urbana de São Paulo, consistindo
amenizar
numa longa linhagem de edifícios
solares). A ausência de ornamentos
construídos principalmente a partir
foi compensada pela qualidade e
do período pós-guerra. Surgiu em
enorme
oposição
de
à
arquitetura
eclética
a
incidência
variedade
acabamento,
dos
dos
raios
materiais
revestimentos
e
historicista até então vigente. Suas
esquadrias, pelo uso de obras de arte,
características principais são: ausência
como murais e esculturas, e por um
de ornamentação, predomínio dos
paisagismo com plantas tropicais. Nas décadas de 1950 e 1960, as pastilhas de vidro ou porcelana eram um tipo de revestimento muito comum dos edifícios modernistas.
Brutalismo: Trata-se de uma rica corrente do modernismo que preconizava a “verdade estrutural”, ou seja, que se mostrasse a estrutura do edifício nua e crua: tijolos e concreto aparentes. 26. Moderno
27. Moderno
28. Brutalista
17
TOMBAMENTO O termo “tombamento” é uma
são pouco atuantes e, convenientemente,
herança lingüística portuguesa e se
têm uma visão ultrapassada da questão,
refere à Torre do Tombo, em Portugal, um
tombando apenas construções monu-
arquivo em que se localizam os registros
mentais
patrimoniais. O tombamento é um ins-
arquitetônica, no mundo inteiro, desde
trumento do Poder Público, baseado em
a década de 1970, é reconhecida a
ações técnicas, administrativas e jurídicas,
importância de construções menos
que objetiva garantir a preservação
espetaculares para a paisagem urbana
de bens de valor histórico, cultural,
e pelo valor afetivo para a população
arquitetônico, ambiental, paisagístico
local. Nesse cenário, São Paulo está
e urbano, de modo que não venham a
muito distante de cidades praticamente
ser demolidos, destruídos, mutilados ou
vizinhas, como Rio de Janeiro e Belo
descaracterizados. O tombamento não
Horizonte, que por meio de seus órgãos
significa um confisco da propriedade, e o
de preservação, realmente garantem o
bem pode ser vendido ou alugado como
patrimônio de suas cidades às próximas
qualquer outro. O imóvel também pode
gerações.
ou
de
grande
relevância
mudar de uso, e mesmo obras de reforma
Qualquer cidadão pode fazer um
ou restauro são aceitas, desde que
pedido de tombamento de qualquer
autorizadas pelo órgão de preservação
imóvel, não sendo necessário ser o
responsável pelo seu tombamento.
proprietário. Caso você tenha interesse no tombamento de alguma construção
Também estão previstos casos em
e queira ajuda na elaboração do pedido,
que os imóveis tombados recebem
entre em contato com a Associação
benefícios, como isenção de impostos
Preserva São Paulo.
como o IPTU e financiamentos sem juros para a restauração. Logo, além de garantir
Existem
diferentes
níveis
de
tombamento, que são basicamente:
a manutenção da memória e a beleza de
Nivel 1: Preservação integral do
nossas cidades, o tombamento também
bem tombado. O edifício não poderá
traz vantagens para o proprietário do
ser
imóvel.
externamente.
Infelizmente, enquanto que em São Paulo os órgãos do patrimônio histórico 18
modificado
construções relevantes.
nem Usado
mais
interna, nem apenas imponentes
para e
Associação Preserva São Paulo
Nível 2: Preservação parcial do bem
Cultural e Ambiental da Cidade de
tombado.Preserva todas as características
São Paulo) – de esfera municipal e
externas do edifício, podendo preservar
responsável por tombamentos apenas
algumas
no município de São Paulo.
características
internas,
definidas na resolução de tombamento. Nível 3:
Composto
por
nove
membros
Preservação exterior do
nomeados pelo Prefeito e que tomam
bem tombado. Todas as características
as decisões referentes às diretrizes da
externas da construção deverão ser
política de preservação e tombamentos
preservadas. Ou seja, internamente
na cidade de São Paulo. Seu trabalho
alterações são permitidas.
está interligado ao do DPH. Avenida São João, 473 - 17º andar.
Os órgãos de defesa do patrimônio
Telefone: (11) 3361-3119
histórico com atuação em São Paulo são: DPH (Departamento do Patrimônio IPHAN
(Instituto do Patrimônio
Histórico) – também de esfera municipal,
Histórico e Artístico Nacional), de esfera
atua como órgão técnico de apoio ao
federal e responsável por tombamentos
CONPRESP e tem como atribuições a
em todo o território nacional. A superin-
identificação, cadastramento, proteção
tendência regional de São Paulo está
e fiscalização do patrimônio cultural e
situada à Rua Baronesa de Itu, 639, Santa
natural da cidade.
Cecília. Telefone: (11) 3826-0744.
Avenida São João, 473 - 8º andar. Telefone: (11) 3331-3813
CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico,
O DPH e o CONPRESP são, portanto,
Artístico e Turístico), de esfera estadual
órgãos autônomos, interdependentes e
e responsável por tombamentos no
responsáveis pela preservação cultural e
território do estado de São Paulo.
ambiental no Município, que trabalham
Rua Mauá, 51 - 3° andar - salas 315 a 321 – Luz. Telefone: (11) 3337-3363
em conjunto, ora instruindo os processos de tombamento, ora deliberando sobre eles. O DPH também atua como órgão
CONPRESP (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico,
técnico consultivo ao CONPRESP em suas decisões. 19
ORIENTAÇÕES TÉCNICAS PARA A CONSERVAÇÃO Esta cartilha pretende demonstrar aos proprietários, locatários e usuários de edificações antigas a importância do imóvel edificado que ocupam e, principalmente, de cada detalhe construtivo original, que foi ali colocado intencionalmente para formar um conjunto harmônico, que precisa ser preservado e conservado por meio de manutenções periódicas. As intervenções em edifícios antigos não podem modificar suas características originais, que somam ao patrimônio um valor incalculável perante uma construção descaracte-rizada. Procure preservar ao máximo o material original e, dentro do possível, troque somente as partes irremediavelmente degradadas. Os edifícios antigos, aqueles com mais de trinta anos de existência, foram construídos com materiais de melhor qualidade, muitas vezes importados, com técnicas hoje esquecidas e pelas mãos de artesãos, muitos europeus. Dentro deste capítulo inserimos breves orientações técnicas, que têm por objetivo principal a conservação como forma de valorização e preservação do patrimônio,por meio de cuidados para evitar o aparecimento de danos na edificação, que poderão ser solucionados somente com uma intervenção de restauro realizada por profissionais especializados. Para maiores esclarecimentos, e se o seu edifício precisa ser restaurado, procure o apoio técnico da Associação Preserva São Paulo. 01
Associação Preserva São Paulo
Fundações: » Os recalques são provocados por:
» O que são? As fundações, também chamadas de
• Escavações próximas à edificação;
alicerces ou base, são as partes da
• Cortes e aterros do terreno;
edificação responsável pela distribuição
• Escorregamento do terreno sob as
do peso da edificação no terreno.
fundações; • Vibrações causadas pelo trafego intenso de veículos pesados nas proximidades;
» Quais os tipos? • As fundações podem ser construídas
• Infiltrações decorrentes de vazamen-
em alvenaria de pedra ou tijolo e
tos da rede hidrosanitária;
concreto.
•Águas
• Quando as paredes são de taipa de
diretamente sobre a fundação, por
pilão, a fundação normalmente é do
conta da falta de calçamento;
mesmo material.
- Presença de fossas.
das
chuvas
que
caem
» Como evitar
» Causas da deterioração • Se houver algum problema com a
•
Durante a construção consulte um
fundação, será transmitido para os ou-
profissional especializado;
tros elementos da edificação, como o
• Não altere o perfil natural do terreno;
telhado, as paredes e os pisos.
• Construa sempre sobre aterro bem compactado;
• Em construções históricas ocorre o
• Mantenha a rede hidro-sanitária em
recalque (afundamento) das fundações,
bom estado de funcionamento;
facilmente identificado por produzir
- Construa calçadas para proteger as
fissuras e rachaduras nas paredes.
fundações da edificação.
01. Corte esquemático de uma fundação em alvenaria
21
Associação Preserva São Paulo
02. Fissuras e rachaduras provocadas pelo recalque das fundações
Telhados: » O que são ?
» Causas da deterioração
Telhado é a parte que cobre a edificação
• A infiltração das águas das chuvas
e tem a função de proteger suas paredes
é o principal causador de problemas
e as partes internas.
nos telhados, danificando a edificação quando:
» Quais os tipos?
• Surgem goteiras, provocadas pelo
Os telhados podem ser de uma,
deslocamento das telhas, pela quebra
duas, três, quatro, cinco águas ou
das peças da cobertura ou por um
irregulares. São compostos pela
serviço mal executado;
estrutura, de madeira ou de ferro, e
• As calhas são mal dimensionadas;
cobertura em telhas de barro, metal,
• As calhas ou as descidas (condutores)
cimento amianto, ardósia, etc.
estão obstruídas;
03. Componentes da estrutura em madeira
22
Associação Preserva São Paulo
• Pela inexistência ou má execução da
Forros:
impermeabilização das paredes e das
» O que são?
platibandas.
O forro é o elemento que reveste
• A umidade provoca o apodrecimento
por dentro o teto das construções.
da
o
Destina-se a proteger os ambientes
aparecimento de fungos, cupins e a
de poeira, animais e aves, além de
oxidação das peças metálicas.
melhorar a acústica e o conforto
estrutura
de
madeira,
térmico das edificações, e decorar » Como conservar: •
seus espaços internos.
Os telhados precisam passar por
ins-peção periódica, para verificação
» Quais os tipos?
da existência de goteiras e do
Na arquitetura histórica brasileira
funcionamento das calhas, que podem
encontramos muitos tipos de forros,
entupir devido à presença de folhas e
predominando os de estuque e
de animais mortos.
madeira.
• Uma boa solução para as descidas não entupirem é a instalação de ralos
• Os forros de madeira podem ser
semi-esféricos nas calhas sobre a
classificados em tabuado liso; tabuado
entrada dos condutores.
superposto; tabuado de saia e camisa; tabuado com mata-junta; treliçado; e
• As goteiras podem ser resolvidas com
painéis moldurados.
a troca da telha quebrada ou a retirada e recolocação das mesmas telhas que
• Os forros de estuque podem ser
estavam deslocadas.
constituídos por vários tipos de
29. Ralo semi-esférico sobre o condutor
30. Forro de madeira
23
Associação Preserva São Paulo material, como talo de folha de
ou mistos) e curvos (abobadados,
palmeira, varas roliças, ripas de
cúpulas ou mistos).
madeira, bambu e tela metálica para compor a estrutura, cobertos por
» Causas da deterioração:
argamassa composta basicamente
•
por cal, água e areia, algumas vezes
principalmente devido às infiltrações
acrescida de argila, pó de mármore
de água das chuvas, vazamentos
ou tijolos e aditivos como sangue
nas tubulações da rede hidráulica e
animal, ovos ricos em queratina,
sani-tária e pela presença de cupins
pasta de trigo, açúcar, vinho, cerveja.
e brocas-de-madeira.
Podemos classificá-los em forros planos
(horizontais,
inclinados
Os
forros
são
deteriorados
» Como conservar: • Se o problema for a umidade que provém do telhado, solucione primeiramente
o
causador
da
infiltração, para depois intervir no forro. • Se o forro possuir pinturas decorativas ou ornamentos em estuque, procure um profissional especializado, pois uma
intervenção
sem
maiores
cuidados implicará a perda irreversível do material original.
04. Tabuado liso
24
05. Tabuado superposto
Associação Preserva São Paulo
04. Tabuado de saia e camisa
05. Tabuado com mata-junta
06. Painéis emoldurados
25
Associação Preserva São Paulo Forros de madeira
elementos
• Para forros de madeira sem pintura
ser ana-lisados e conservados por
decorativa, troque as peças antigas por
profissionais especializados.
decorativos,
precisam
novas somente quando não houver condições de reaproveitamento. As novas peças deverão ter características
similares
às
originais
Pisos: » O que são?
e
Revestimento que protege o ambiente
mesmas dimensões, realizadas em
da umidade que provém do solo e
madeira de boa qualidade, seca e sem
que o adorna.
defeitos, como nós e fendas. » Quais os tipos? • Para trocar a parte danificada,
Existem muitos tipos de piso, e os mais
desmonte cuidadosamente o forro
encontrados em edifícios antigos são:
e enumere todas as peças, para
ladrilho hidráulico, granilite, tijoleira,
posteriormente serem recolocadas
madeira e pedra.
em sua posição de origem. » Causas da deterioração • Para preencher pequenos buracos
Os
e fissuras, utilize a mistura de pó de
deterioração
serra fino no mesmo tom da madeira
desgastes da superfície pelo uso
com cola à base de acetato de polivi-
excessivo, os recalques na fundação,
nila − PVA. Deixe o preenchimento
a deterioração dos barrotes do
mais alto, para ser lixado e nivelado
assoalho de madeira e o vazamento
após a secagem. Se for verificada
de tubulações das ins-talações hidro-
a presença de cupins e brocas-de-
sanitárias.
principais
causadores
dos
pisos
são
da os
madeira, realize o tratamento químico curativo/preventivo
com
equipe
» Como conservar:
especializada e troque as peças muito
Ladrilho hidráulico
danificadas por novas, seguindo a
No caso da perda ou quebra de
recomendação descrita acima.
algumas peças, substitua sempre por novas de mesmo material. Procure
Forros de estuque
colocar peças com o mesmo desenho
Os forros de estuque, por possuírem
ou, se não for possível, utilize as lisas.
muitas vezes pinturas artísticas e
Para a limpeza do piso de ladrilho
26
Associação Preserva São Paulo
hidráulico, limpe primeiro a superfície
original e procure uma empresa
a seco com vassouras e depois lave
especializada para complementar
com água e sabão neutro. Aplique cera
o piso, com novo material similar
para proteger a superfície do desgaste
àquele retirado.
e conservar o material original. Tijoleira Granilite
Para
A limpeza e o acabamento de proteção
resistência
do piso em granilite é idêntica à do
aplique cera ou resina acrílica.
ladrilho hidráulico.
Pisos de madeira (taco e assoalho)
Se for necessária a quebra do piso para
Procure permanecer com todas as
o conserto da rede hidro-sanitária,
peças originais, mas se houver a
retire o mínimo possível do material
necessidade de trocar algumas partes
proteção
e
desse
aumento tipo
de
31. Ladrilho hidráulico
33. Granilite
32. Tijoleira
34. Madeira
da piso,
27
Associação Preserva São Paulo do piso, as peças precisam ser similares
A argamassa de cimento nunca deve
à madeira retirada.
ser utilizada para preencher fissuras,
Para uma melhor conservação dos
trincas ou recompor partes perdidas,
pisos de madeira, é necessária a sua
pois o cimento pode proporcionar a
imunização periódica contra cupins e
formação de sais que danificam as
brocas-de-madeira.
pedras.
Nos pisos de madeira que apresentarem
Alvenaria e argamassa:
desgaste da superfície, procure uma
» O que são?
empresa especializada para lixar a
Alvenaria é a parte da edificação que
superfície, calafetar (preencher as
determina o limite da construção e
juntas com massa apropriada), aplicar
divide os seus espaços internos.
seladora e acabamento. Argamassa é o material aglutinante Pedra
utilizado para assentar blocos, tijolos,
Não aplicar cera, verniz, resinas ou
azulejos, ladrilhos, cerâmicas, entre
produtos ácidos para limpar o piso de
outros, e revestir a alvenaria com duas
pedra ou lhe dar acabamento. Se você
camadas: emboço e reboco.
quer recuperar o brilho natural do piso, procure uma empresa especializada
» Quais os tipos?(Alvenarias)
para restaurá-lo.
Taipa de pilão (terra socada)
A limpeza de mármores e granitos
A taipa de pilão é realizada a partir
deve ser iniciada com escovas e
de fôrmas de madeira (taipais),
vassouras secas, na intenção de retirar
constituídas
toda a poeira presente na superfície,
pranchas
seguida de lavagem ou limpeza com
emendadas, colocadas na vertical e
pano embebido em água. Para lavar
em pararelo, ligadas por pontaletes,
os pisos, misture água e sabão neutro,
travessas, escoras, etc. Dentro do
na proporção 10/1 (10 partes de água
taipal é colocada terra misturada
para uma parte de sabão) e esfregue
com água, muitas vezes acrescida
com uma escova ou vassoura de
de materiais estabilizantes como
cerdas macias, fazendo movimentos
esterco de gado, fibras vegetais,
circulares. Enxágüe com água e seque
palha, crina animal, sangue de boi,
com um pano limpo.
cal ou cimento, em várias camadas
28
de
duas
formadas
por
grandes tábuas
Associação Preserva São Paulo
compactadas com pilão de madeira
barbante, prego, arame ou tiras de
ou com os pés.
couro, com uma mistura de terra, fibras vegetais e água, arremessada com as
Pau-a-pique
mãos nas duas faces simultaneamente.
A parede de pau-a-pique, conhecida
Esse tipo de alvenaria, muito utilizado
também como taipa de sopapo, taipa
em construções rurais, foi empregado
de sebe, barro armado ou taipa de
também em áreas urbanas, para
mão, consiste no preenchimento de
erguer paredes internas e externas.
uma estrutura interna de madeira ou
Encontramos
bambu, constituída por ripas verticais
misturam os dois tipos de alvenaria:
e horizontais, amarradas com cipó,
taipa de pilão nas paredes externas
construções
que
e pau-a-pique nas paredes internas e andares superiores. Adobe São
elementos
em
paralelepípedo,
forma
que
aproximadamente
de
medem
20x20x40
cm,
executados com terra argilosa e arenosa, misturada com água e muitas vezes com palha, colocados em fôrmas ou modelados à mão, secos à sombra 35. Taipa de Pilão
e depois ao sol, diferenciando-se do tijolo por não serem cozidos em fornos. Pedra Esse tipo de alvenaria é muito encontrado
em
construções
localizadas no litoral, onde era mais fácil de se obter o material. As peças das alvenarias em pedra 36. Pau-a-pique
podem ser ligadas por atrito, por 29
Associação Preserva São Paulo argamassa de barro ou cal, por
» Causas da deterioração
ensamblagem (peças com entalhes e
O maior problema em alvenarias e
recortes) ou por grampos metálicos.
argamassa é a umidade, que provém de infiltrações no telhado, problemas
Tijolo cozido
com as instalações hidro-sanitárias e
A matéria prima dos tijolos é o barro
umidade do solo.
untuoso, esbranquiçado ou cinzento, sem agregados grandes, como seixos
» Como conservar
e pedriscos.
• O reboco é a camada de proteção das
O barro deve ser bem amassado e
alvenarias, principalmente daquelas
batido, colocado em fôrmas untadas
construídas com material à base de
com água e areia, comprimido com
terra crua: taipa, adobe ou pau-a-pique.
rolo de madeira, seco à sombra e depois cozido no forno.
• Dentro do possível, não retire o reboco original para aplicação de
» Quais os tipos (Argamassas)
novo material. O material antigo
As argamassas podem ser de dois tipos:
possui composição adequada para
de assentamento e de revestimento.
aquele tipo de alvenaria e melhor
Em
qualidade.
sua
composição
podemos
encontrar basicamente areia, água e cal ou cimento. A mistura destes
• Não aplique argamassa de cimento
ingredientes é chamada de traço.
em alvenarias de taipa, adobe ou pau-
37. Infiltração proveniente do telhado
30
38. Infiltração proveniente do telhado
Associação Preserva São Paulo
a-pique. O cimento não permite que
pinturas decorativas na argamassa
a parede “respire”, e aos poucos essa
de
argamassa começa a se soltar.
encontradas pinturas, consulte um
revestimento.
profissional • Antes de consertar canos embutidos
Se
especializado
forem para
acompanhar o serviço.
nas paredes, ou retirar o reboco presente na base para aplicação
• Muitas pinturas de grande valor
de
artístico
produto
certifique-se
impermeabilizante, da
inexistência
de
e
histórico
já
foram
destruídas durante obras de reforma em edi-fícios antigos. • Caso as paredes sejam revestidas com materiais antigos, retire as peças com muito cuidado para não quebrar, numere e recoloque as peças em sua posição original após a execução do serviço. • Para diminuir a umidade nas paredes externas proveniente da água das chuvas e que danifica a base das
39. Pintura encontrada durante um restauro
fachadas, coloque uma grelha no piso que circunda externamente a edificação. • No caso de umidade proveniente do telhado, siga as instruções no respectivo tópico.
Fachadas e ornamentos » O que são? Fachadas: são as faces externas de uma construção. 40. Pintura decorativa restaurada
31
Associação Preserva São Paulo Ornamentos:
são
os
detalhes
infiltrações, problemas nos telhados
decorativos feitos em estuque que
e nas fundações, aplicação de
enfeitam as fachadas, como flores,
argamassa de má qualidade e pela
elementos geométricos e frisos.
ação de vândalos.
» Quais os tipos?
» Como conservar
Os modelos de fachadas e seus
• Preserve sempre a argamassa
ornamentos dependem da tipologia
original das fachadas e preencha as
arquitetônica do edifício, podendo
lacunas com material de mesmo traço.
ser colonial, neoclássico, eclético, art
•
nouveau, art decô, racionalista, mo-
quando perdidos ou em péssimo
dernista, etc.
estado de conservação, precisam ser
» Causas da deterioração
Os
ornamentos
reintegrados
das
por
fachadas,
profissional
especializado em restauro. Guarde
deterioradas
sempre as partes que caíram, para
pelo envelhecimento natural dos
serem utilizadas pelo restaurador na
materiais, falta de manutenção,
confecção de novas peças idênticas.
As
fachadas
são
07. Composição de uma fachada
32
Associação Preserva São Paulo
• Se as paredes de seu edifício foram
3. Umedeça o suporte para receber
executadas com reboco de terra
a caiação usando um pulverizador,
e cal, o ideal é realizar a caiação,
para evitar a secagem rápida e o
principalmente por permitir que a
aparecimento de fissuras;
parede respire, evitando os problemas
4. Aplique a primeira demão com
que a umidade gera na construção.
a caiação mais diluída, com uma brocha macia (100 mm) sobre a área
» Como realizar a caiação:
umedecida no sentido transversal à
1. Dilua a pasta de cal com água até
parede;
obter primeiramente a consistência
5. Aplique as camadas seguintes
de um creme grosso, depois dilua
bem finas e com a área pouco
até atingir a consistência de um leite
umedecida, invertendo o sentido
de cal e filtre em malha fina, para
da aplicação;
retirar as partículas mais grossas;
6. Aplique de 7 a 10 demãos;
2. Prepare as superfícies com uma
7. Deixe secar lentamente. A secagem
escova de cerdas duras, para retirar
leva muitas semanas.
partículas soltas e sujeiras;
Paredes da fachada
Ornamentos
Esquadrias
Gradil
Colonial
Branco
Colorido
Azul, verde ou vinho
Grafite ou preto
Neoclássico
Rosa, azul-claro, amarelo, branco, ou verde-claro
Branco, gelo ou degradê
Branco ou marrom
Cinza, grafite ou preto
Eclético
Bege, cinza ou amarelo
Branco, gelo ou degradê
Branco ou marom
Preto ou grafite
Art nouveau
Amarelo, cinza ou branco
Branco
Branco ou marrom
Grafite ou preto
Art decô
Cinza, branco ou ocre
Colorido ou degradê
Branco ou colorido
Cinza, grafite ou preto
Associação Preserva São Paulo
Na tabela, anterior, seguem algumas
o descascamento da pintura em um
sugestões para auxiliar na escolha das
breve espaço de tempo.
cores da fachada de edifícios antigos, divididas de acordo com a tipologia
Esquadrias:
arquitetônica:
» O que são? São
Se você precisar de um estudo de
denominadas
esquadrias
as
portas e janelas de uma edificação.
cores para a sua fachada, a Associação Preserva São Paulo está à disposição para uma consultoria gratuita.
» Quais os tipos? As esquadrias podem ser de quatro tipos: uma folha, uma folha com
OBSERVAÇÃO:
bandeira, duas folhas e duas folhas
• Evitar a aplicação da caiação em dias
com bandeira.
quentes ou com vento e chuva.
cons-truções antigas encontramos
Na maioria das
esquadrias de madeira. • Para caiações coloridas, utilize » Causas da deterioração
pigmentos de origem mineral.
•
As esquadrias de madeira são
são
deterioradas pelo ataque de cupins
recomendadas para a pintura de
e brocas-de-madeira, e pela falta
alvenarias antigas, por não deixarem a
de manutenção em sua camada de
argamassa de cal respirar, provocando
pintura, que serve principalmente
•
As
tintas
acrílicas
não
41. Casa degradada por problemas de infiltração
34
Associação Preserva São Paulo
como proteção às águas das chuvas
quantidade de camadas de tinta, que
e à insolação, que ressecam e apo-
dificultam o seu funcionamento.
drecem a madeira. » Causas da deterioração • As ferragens das esquadrias são res-
•
ponsáveis pelo bom funcionamento
ser sempre preservadas, por meio
e pela boa vedação dos vãos.
de
Elas podem ser deterioradas pela
apresentam
umidade,
material
realize próteses (troca de pequenas
aumentar de vo-lume, e pela grande
partes) e evite a sua substituição
que
faz
o
42. Uma folha sem bandeira
As esquadrias antigas devem manutenção
periódica.
partes
Se
danificadas,
43. Duas folhas com bandeira
35
Associação Preserva São Paulo
das
dos vidros em mau estado de
por
conservação e os vidros quebrados,
esquadrias de alumínio, que acabam
para inibir as infiltrações provenientes
descaracterizando
das águas das chuvas.
total
por
originais,
novas
diferentes
principalmente as
edificações
históricas e diminuindo o seu valor
• Quando for pintar as esquadrias,
histórico e artístico.
desmonte e lixe as partes em madeira com uma lixa fina, de numeração
• Imunize periodicamente as esqua-
entre 60 e 120, para retirar as camadas
drias contra cupins e brocas-de-
de tinta soltas. Retire as muitas
madeira e troque a massa de fixação
camadas de tinta das ferragens com produto químico ou soprador térmico e lubrifique-as sempre que possível. Para a pintura de esquadrias e grades, utilize tinta óleo ou esmalte.
Instalações hidráulica, sanitária, elétrica, telefônica e lógica: Muitas construções antigas possuem pinturas
decorativas
de
valor
inestimável em suas paredes, hoje 44. Cupim localizado no batente de uma porta
45. Janela original substituida por alumínio
36
46. Instalação aparente tipo condulete
escondidas por diversas camadas de tinta. Portanto, quando for realizar
Pragas urbanas: » O que são?
qualquer tipo de instalação, certifique-
Pragas urbanas são espécies de
se de que não há pinturas antes de
insetos e animais que invadem o
quebrar as paredes.
ambiente urbano e provocam danos às construções. As pragas urbanas
•
Uma
forma
de
proteger
os
que mais prejudicam as edificações
revestimentos antigos é a execução
são
cupins, brocas-de-madeira
de ins-talações aparentes, utilizando,
pombos.
e
por exemplo, conduletes e canaletas. • Se houver a necessidade de trocar a
» Causas da deterioração
rede hidro-sanitária, procure preservar
• Cupins
ao máximo os pisos e azulejos antigos.
Os cupins danificam as edificações por
Retire somente o que for necessário,
se alimentarem da celulose presente
com cautela, para ser recolocado após
na madeira. Sua colônia é formada por
a execução do serviço.
reprodutores, operários e soldados. Os reprodutores são os únicos que
• Se não for possível a reutilização
possuem asas. Os operários, espécie
das peças, por terem sido quebra-
mais numerosa dentro da colônia, são
das durante a retirada, compre
res-ponsáveis por todos os trabalhos
peças de cor e medida similares e
da colônia, como construção, reparos
coloque no local.
no ninho, cuidado e alimentação dos
47. Presença de cupins e dejetos de pombos na estrutura de um telhado
48. Barrotes atacados por brocas-de-madeira
37
Associação Preserva São Paulo jovens e das outras espécies. Portanto,
depo-sita seus ovos na madeira.
são os operários que danificam a
As larvas se alimentam da madeira
madeira. Os soldados têm a função de
até atingirem a sua fase adulta,
defender a colônia.
quando perfuram a madeira e saem para
procriar,
depois
retornam
Existem três grupos de cupins no
para a mesma peça de madeira ou
Brasil:
para outra. Essa saída da madeira
Cupins-de-madeira, Cupins-de-solo e
provoca
Cupins-arborícolas.
facilitam o retorno das brocas e
pequenos
furos
que
também a infestação por cupins. • Cupins-de-madeira Sua
colônia
se
desenvolve
Pombos
inteiramente dentro da madeira e
• Os pombos, além de danificarem as
não ultrapassa algumas centenas de
construções, transmitem doenças ao
indivíduos. Seu ataque é reconhecido
homem.
pelas fezes que lançam para fora da
• Proliferam e se estabelecem onde
madeira, na cor da madeira quando
encontram alimento, muitas vezes
estão ativos e enegrecidas quando
fornecido pelas pessoas em praças e
inativos.
parques, e constróem seus ninhos em locais protegidos e altos, como beirais,
• Cupins-de-solo
telhados e calhas.
Sua colônia se desenvolve no solo, e
• O excremento dos pombos é muito
atingem a sua fonte de alimento por
ácido, portanto corrói os materiais.
meio de túneis escavados no solo ou
Quando úmidas, as fezes depositadas
construídos na superfície.
se transformam em húmus fértil, capaz de fazer germinar pequenas
• Cupins-arborícolas
plantas, que podem danificar os
Sua colônia se desenvolve acima
materiais com o crescimento de suas
do solo, sobre algum suporte, como
raízes.
árvores, forros e telhados.
• Também são responsáveis muitas vezes pelas infiltrações nos telhados,
Brocas-de-madeira
porque suspendem as telhas com
O ataque das brocas-de-madeira
o bico para fazerem os seus ninhos
se inicia quando a fêmea adulta
no desvão do telhado (espaço entre
38
o forro e as telhas). Geralmente encontramos muita sujeira em forros colonizados por pombos, como fezes, penas e carcaças. » Como evitar • Para evitar
brocas-de-madeira
e
cupins procure empresas especializadas, para
aplicar
produtos
específicos
periodicamente. • Para evitar os pombos nunca ofereça alimentos, mantenha os locais limpos e feche os pontos abrigados, como beirais e caixas para ar-condicionado, com tela soldada galvanizada. Amarre as telhas nas ripas com fio de cobre ou arame de aço galvanizado e instale manta de subcobertura, que também protege o telhado das infiltrações.
Dicas para a comunicação visual nos edifícios históricos comerciais • Valorize ainda mais o seu edifício, colocando
em
sua
fachada
um
anúncio realizado em madeira, vidro ou metal, com iluminação embutida ou direcionada, integrado à fachada. •
Não esconda os ornamentos e
outros elementos da fachada, como bandeiras trabalhadas e balcões, nem interfira neles. 01
Dicas para valorizar seu imóvel Bom exemplo (foto 49) Este prédio art decô na Praça Rotary mantém todas as características originais, destacando-se o revestimento original com pó de mica. Evite ao máximo trocar os materiais originais da construção por materiais novos ou cobrir os revestimentos originais. Tais materiais são, na maioria dos casos, raros ou mesmo insubstituíveis, e
de
melhor
qualidade
que
os 49. Bom exemplo
materiais atuais. Na dúvida, consulte gratuitamente a
Associação Preserva
São Paulo
deira e fórmica, bancos de ferro. Todos os materiais de construção têm um impacto ecológico na sua fabricação.
Bom exemplo (fotos 50 e 51)
Portanto, ao preservar os materiais
Este café e lanchonete da Rua Líbe-
originais de seu imóvel, você estará
ro Badaró conservou todos os móveis
contribuindo com o meio ambiente,
e materiais de acabamento originais:
além de manter a personalidade e
piso de cerâmica fosca, balcões de ma-
identidade do local.
50. Bom exemplo
40
51. Bom exemplo
Associação Preserva São Paulo
Mau exemplo (foto 52)
má conservação são problemas comuns
Este prédio em estilo classicizante, na
a quase todas as fachadas da cidade.
esquina da Praça Rotary com a Rua Major
Porém, resista à tentação de optar
Sertório, teve o térreo recoberto com
pela solução mais barata. Contratar um
azulejos, ocultando e talvez estragando
profisional de restauro qualificado evita
o revestimento original. Jamais recubra
a desvalorização de seu imóvel.
a fachada original de seu imóvel com azulejos
ou
outros
revestimentos
cerâmicos - você estará enfeiando e
Mau exemplo (foto 53) Neste
prédio, um
dos
lojistas
propriedade.
resolveu “modernizar” e “personalizar”
Infelizmente, a pichação, a sujeira e a
a sua fachada, cobrindo de reboco
desvalorizando
a
sua
os ornamentos originais. Além de barbarizar o imóvel, cometeu um crime - já que não é permitido alterar imóveis tombados sem autorização dos órgãos de preservação. Bom exemplo (foto 54) Os neons e anúncios luminosos em geral são elementos característicos e fascinantes da paisagem de todas as 52. Mau exemplo
53 Mau exemplo
metrópoles. Com a Lei Cidade Limpa,
54. Bom exemplo
41
Associação Preserva São Paulo luminosos
novos badalados gastam fortunas
e neons tradicionais de São Paulo
encomendando azulejos que copiam
foram removidos, mesmo aqueles que
os padrões ornamentais dos azulejos
estavam de acordo com a lei; este neon
antigos. Enquanto isso, muitos donos
é um dos únicos remanescentes, por
de bares com esses azulejos os
se adequar à legislação. A Associação
arrancam e substituem por novos
Preserva São Paulo recomenda a
buscando “modernizar” o
utilização de neons nas lojas, por
- e a única coisa que conseguem é
tornarem a cidade mais atraente, alegre
desvalorizar sua propriedade e torná-
e colorida à noite. Se você ainda possui
la despersonalizada e sem graça.
praticamente
todos
os
interior
um neon antigo e não sabe se está de acordo com a legislação, não o remova
Mau exemplo (foto 57)
- consulte-nos gratuitamente.
O medo e a insegurança têm levado vários proprietários a trocarem as
Bom exemplo (foto 55 e 56)
muretas e gradinhas originais de
O proprietário deste bar na Rua
suas casas por muros altos. Além
Riachuelo (Centro), teve o bom gosto
de comprometer a estética, várias
e o bom senso de manter os azulejos
pesquisas - uma delas da Polícia
ornamentais
paredes.
Militar do Paraná - comprovam que
Sem gastar nada, manteve o charme
os ladrões, na verdade, preferem
e personalidade da sua propriedade.
assaltar casas com muros altos (já
Para alcançar essa finalidade, bares
que não poderão ser vistos de fora).
antigos
nas
55. Bom exemplo
42
56. Bom exemplo
Associação Preserva São Paulo
Bom e mau exemplo (foto 58)
necessário dizer qual dos dois é melhor,
Neste excepcional edifício, o mesmo
mais bonito - e mais durável.
da foto 53, no Centro Velho, algumas lojas preservaram o piso original de
Mau exemplo (foto 59)
ladrilhos
perfeito
O piso desta igreja no Centro, ori-
estado de conservação, diga-se de
ginalmente de ladrilhos hidráulicos,
passagem), enquanto outras optaram
foi
recentemente por trocá-lo por um
parcialmente por granito. Além de
piso cerâmico barato, e que predomina
gastar dinheiro à toa, o interior da
hoje nas construções brasileiras. Não é
igreja ficou descaracterizado.
hidráulicos
(em
57. Mau exemplo
há
pouco
tempo
trocado
59. Mau exemplo
58. Bom e mau exemplo
43
Associação Preserva São Paulo Mau exemplo (fotos 60 e 61)
Mau exemplo (foto 62)
Neste belo prédio art decô da
As vilas e conjuntos de casas
Praça Marechal Deodoro, algumas das
geminadas estão entre os elementos
janelas de madeira originais foram
mais característicos da paisagem urbana
substituídas por janelas de alumínio,
de São Paulo. Este conjunto de casas
que ainda por cima são menores que
gemi-nadas estava relativamente intacto
as envasaduras (o espaço resultante
até a descaracterização mostrada na foto.
foi
preenchido
Tudo o que o proprietário desse imóvel
com alvenaria). Além do péssimo
conseguiu, além de enfeiar a paisagem,
resultado estético, o imóvel foi
foi desvalorizar seu imóvel e destacá-lo -
desvalorizado.
negativamente - dos demais.
displicentemente
60. Mau exemplo
61. Mau exemplo
62. Mau exemplo
44
Associação Preserva São Paulo
Mau exemplo (foto 63)
de cerâmica e de vidro originais,
Este prédio modernista da década
ladrilhos
do
tipo “cerâmica
São
de 50 ou 60, na Avenida Paulista, era
Caetano”, lajotas coloniais, ladrilhos
originalmente revestido de pastilhas.
hidráulicos, papel de parede, pisos
Visando a economizar dinheiro com o
de mosaico sextavado, pisos de tacos
restauro das pastilhas, os proprietários
de madeira, parquete ou de tábuas
tomaram
de
corridas, pisos de granilite, forro
substituí-las por azulejos modernos.
de madeira, pisos laminados, pedra
Não só o resultado estético foi
mineira, ardósia, pedra miracema,
desastroso, desvalorizando o imóvel,
mosaico português, piso de cimento,
como também a opção por um material
paralelepípedos, pisos de cerâmica
de baixa qualidade custará muito caro
fosca, concreto aparente, janelas de
num futuro próximo.
vidro colorido originais ou de cristal,
a
absurda
decisão
tijolos de vidro, painéis de fórmica, » Materiais que recomendamos e que
pisos de borracha, pisos vinílicos,
devem ser preservados ou utilizados
pisos de poliuretano, pisos plásticos,
em restauros:
pisos de epóxi, carpetes, pisos de aço
Mármores e granitos originais,
ou alumínio, forros de alumínio. Não
azulejos antigos, esquadrias e janelas
esqueça: procure sempre manter os
originais, venezianas de madeira,
materiais originais de seu imóvel.
persianas
Na dúvida, consulte gratuitamente a
“copacabana”,
portas
originais de ferro ou madeira, pastilhas
Associação Preserva São Paulo. » Materiais que NÃO recomendamos: Azulejos modernos, porcelanato, grés, revestimentos cerâmicos modernos em geral, tintas
acrílicas,
vidros espelhados, películas refletivas, painéis de alumínio nas fachadas, telhas coloridas, portas e janelas de alumínio, paredes texturizadas (obs. exceto no caso de imóveis em estilo missões), tintas de cores berrantes. 63. Mau exemplo
45
BIBLIOGRAFIA: ACHENZA,
Maddalena
e.
II
manuale
temático della terra cruda. Sardegna: Dei, 2006. BRAGA, Márcia. Conservação e restauro: arquitetura brasileira. Rio de Janeiro: Ed. Rio, 2003. BRAGA, Márcia. Conservação e restauro: pedra, pintura mural e pintura em tela. Rio de Janeiro: Ed. Rio, 2003. BRAGA, Márcia. Conservação e restauro: madeira,
pintura
sobre
madeira,
douramento, estuque, cerâmica, azulejo, mosaico. Rio de Janeiro: Ed. Rio, 2003. IEPHA.
Conservação
preventiva
do
patrimônio cultural. Belo Horizonte: IEPHA, 2002. INSTITUTO MUNICIPAL DE ARTE E CULTURA. Corredor
cultural:
como
recuperar,
reformar ou construir seu imóvel. Rio de Janeiro: Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, 2002. INSTITUTO DE PLANEJAMENTO URBANO DE FLORIANÓPOLIS. Valorização do Casario Histórico de Florianópolis: Manual de recuperação. Florianópolis: IPUF, 1993.
KANAN, Maria Isabel. Manual de conservação e intervenção em argamassas e revestimentos à base de cal. Brasília: IPHAN, 2008. LA PASTINA FILHO, José. Conservação de telhados: manual. Brasília: IPHAN, 2005. LELLIS, Antonio Tadeu. Biodeterioração de madeiras em edificações. São Paulo: IPT, 2001. RYPKEMA, Donovan. The Economics of Historic Preservation: A Community Leader’s Guide. Washington, D.C.: The National Trust for Historic Preservation, 2005. SECRETARIA DE CULTURA E TURISMO. Cartilha do morador do centro histórico: Santana
de
Parnaíba.
Santana
de
Parnaíba: Prefeitura Municipal de Santana de Parnaíba, s/d. SILVA, Eliane Azevedo e. Manual do morador de Olinda: Conservação das edificações particulares do sítio histórico de Olinda. Olinda: Fundação Centro de Preservação dos Sítios Históricos de Olinda, 1992.
01
FICHA TÉCNICA ASSOCIAÇÃO PRESERVA SÃO PAULO Rua Senador Feijó, 30 - sala 607 - São Paulo - SP CEP: 01006-000 - Telefone: (11) 3105-3053 http://www.preservasp.org.br Conselho Diretor
Conselho Fiscal
Diretor-Presidente – Eduardo Rubies
Flavia Liz Di Paulo (Presidente)
Secretária Geral – Tatiane Cornetti
Mônica Louzeiro
Diretor Administrativo – Iomar Travaglin
Carla Battistella
Diretor Financeiro – Johnata Zorzi Diretora Institucional – Karoline Brito
Biblioteca – Iomar Travaglin
FICHA TÉCNICA DESTA PUBLICAÇÃO Assessoria Técnica: Vanessa Kraml | vk arquitetura e restauro | www.vkrestauro.com.br Projeto Gráfico: Tatiane Cornetti | tatianecornetti@gmail.com Ilustrações da capa: Thiago Bentancour | thiagomb90@gmail.com Assessoria de Projeto: Karoline Britto - Singular | contato@singular.art.br Créditos dos textos: Eduardo Rubies, Gabriel Rostey, Rodolfo Mendes , Ruberval Oliveira e Vanessa Kraml. Créditos das fotos e ilustrações: Foto 1 - Guilherme Gaensly / Acervo Instituto Moreira Salles Fotos - 02, 03, 04, 06, 08, 16, 18, 19, 21, 27. 42, 43, 50, 51, 53, 54. 57, 59, 60, 61 - Eduardo Rubies Fotos - 14, 15, 23, 24, 25, 26, 28, 49, 52, 63 - Gabriel Rostey Fotos - 05, 07, 09, 10, 11, 12, 13, 17, 20, 22, 55, 56, 62 - Rodolfo Mendes Fotos - 29, 30, 31, 32, 33, 34, 35, 36, 37, 38, 39, 41, 44, 45, 46, 47, 48 - Vanessa Kraml Fotos - 40, 58 - Tatiane Cornetti Ilustrações - 01, 02, 03, 04, 05, 06, 07 - Vanessa Kraml Permitida a livre reprodução total ou parcial do conteúdo desta publicação desde que citada a fonte: Associação Preserva São Paulo - www.preservasp.org.br 2a. Edição Revisada - Julho / 2012 Ajude a melhorar nossa cidade - participe da Associação Preserva São Paulo
A Associação Preserva São Paulo é uma entidade sem fins lucrativos, composta exclusivamente por voluntários, dedicada à defesa do patrimônio histórico e da paisagem urbana de São Paulo e de sua região metropolitana.