Trauma, memória e transmissão - Maria Cristina Perdomo e Marta Cerruti

Page 1


TRAUMA, MEMÓRIA E TRANSMISSÃO: A INCIDÊNCIA DA POLÍTICA NA CLÍNICA PSICANALÍTICA

Maria Cristina Perdomo Marta Cerruti |organizadoras|



O Departamento Formação em Psicanálise dedica este livro ao querido amigo, colega e professor Homero Vettorazzo Filho como reconhecimento e gratidão por sua valiosa contribuição ao nosso Departamento e por sua paixão no exercício da transmissão da psicanálise.



Sumário

Apresentação

09

Marta Cerruti

Abertura

15

Maria Cristina Perdomo | RECORDAR, REPETIR...COMO ELABORAR? MOVIMENTOS SOCIAIS E PSICANÁLISE

21

| As ‘Abuelas de Plaza de Mayo’

23

Estela Carlotto (testemunho)

| Elaboração onírica e representação na literatura de testemunho pós-ditadura no Brasil

33

Paulo Endo

| Sua única vida Maria Rita Kehl

49


| Mesa de Debate

59

Estela Carlotto | Paulo Endo | Maria Rita Kehl ||OS EFEITOS DO TRAUMA HISTÓRICO NA SUBJETIVIDADE

79

||Traumas, Heróis e Resistências e Psicanalistas

81

Miriam Debieux Rosa | Márcio Gagliato

||Psicanálise atua no nível do trauma por meio da memória

99

Ana Zabala

||O Trauma: A Pulsão é de Morte?

107

Durval Mazzei Nogueira Filho

||Mesa de Debate

121

Miriam Debieux Rosa | Ana Zabala | Durval Mazzei Nogueira Filho |||MEMÓRIA E TRANSMISSÃO

135

|||Violência, memória e saber

137

Ana Maria Medeiros Costa

|||Memória do Inominável

145

Caterina Koltai

|||Psicanálise e Política

153

Nora Beatriz Susmanscky de Miguelez

|||Mesa de Debate Ana Maria Medeiros Costa | Caterina Koltai | Nora Beatriz Susmanscky de Miguelez

161



Marta Cerruti

Psicanalista, mestre em Psicologia Clínica pelo Instituto de Psicologia da USP (IPUSP). Membro efetivo do Departamento Formação em Psicanálise do Instituto Sedes Sapientae. Membro do Laboratório Psicanálise e Sociedade (USP) e do Núcleo de Estudos Sujeito, Violência e Política (PUC-SP).

8


Apresentação

Marta Cerruti

9

A apresentação desse livro requer alguns esclarecimentos. Isso porque os trabalhos aqui escritos (ou transcritos) são o resultado de um evento com algumas peculiaridades. A primeira por ser um evento que convocou psicanalistas a refletir sobre o campo social, promovendo uma interlocução entra a psicanálise e a política. A segunda, e essa talvez a principal razão da singularidade dessa publicação, é que tal convocação se deu a partir do testemunho vivo de um evento traumático. Como bem aponta Maria Rita Khel, em seu artigo, há uma diferença entre ouvir a narrativa de uma experiência e a informação jornalística. Escutar um testemunho promove uma transformação. E é justamente essa a nossa intenção ao manter, o máximo possível, os textos apresentados durante o evento na íntegra. Quando da concepção do evento tínhamos como principal questão saber de que maneira o horror se transmite. Como transmitir esse legado sem incorrer no ressentimento, ou na eterna vitimização, que aprisionam o sujeito ao trauma, ou, dito de outra forma: recordar, repetir, como elaborar?


10

Vários estudos apontam que os regimes totalitários do século passado apresentam uma característica inaudita: entendendo que o domínio também se exerce pela usurpação da informação e da comunicação, tais regimes se apropriaram da memória com a intenção de controlá-la, ou ainda de suprimi-la. É o que denuncia Primo Levi: “Toda a história do Reich pode ser lida como uma guerra contra a memória.” Os regimes totalitários fazem um uso bastante particular da memória: controlam e selecionam aquilo que deverá ser lembrado, com o intuito de impor uma versão oficial dos fatos. Tal distorção da memória confere aos fatos selecionados o estatuto de verdade e aqueles que estão em desacordo com essa versão são punidos. De fato a memória é aquilo que melhor pode resistir à opressão: qualquer reminiscência, por menor que seja, é uma forma de resistir ao totalitarismo. Além disso, vemos na atualidade que o esquecimento conduz cada vez mais a uma busca de consumo voraz de informações imediatas, condenando os sujeitos ao esquecimento em detrimento da intimidade com as realizações do passado. Os prazeres efêmeros do instante nos conduzem alegremente para o esquecimento. Segundo Eric J. Hobsbawn: “A destruição do passado, ou melhor, os mecanismos sociais que vinculam nossa experiência pessoal às das gerações passadas é um dos fenômenos mais característicos e lúgubres do final do século XX. Quase todos os jovens de hoje crescem numa espécie de presente contínuo, sem qualquer relação orgânica com o passado público da época em que vive.” Contudo, tal análise crítica pode se tornar também arriscada, pois o elogio incondicional da memória pode, também, reverter em um problema. Tal como Borges nos descreve em seu conto Funes, o memorioso, a rememoração integral do passado é algo desconcertante. Soma-se a isso a advertência que Nora Miguelez faz em seu trabalho: o risco no fato de que a psicanálise entenda essa falta de relação orgânica com o passado como a decadência da função paterna em um mundo globalizado, gerando um movimento que pode vir a se reverter em uma nostalgia da tirania. Do ponto de vista da psicanálise podemos afirmar que recordar não é mais que a tentativa de escrever uma ficção equacionada a partir do


presente. Isso porque a postulação de que é impossível que a verdade se esgote nos condena a uma eterna restrição de acesso ao real, e inclui-se aqui a impossibilidade de qualquer tentativa de reconstrução da história de forma literal. Lacan (1962) retoma a concepção freudiana de existência de uma “outra cena”, alertando que essa ideia é absolutamente fundamental: por um lado porque expõe a função do inconsciente, por outro porque define de maneira bastante precisa o campo no qual a psicanálise irá operar. “Ora, a dimensão da cena, em sua aparição local – mundana ou não, cômica ou não – em que está o espectador, está aí para ilustrar aos nossos olhos a distinção radical entre o mundo e esse lugar onde as coisas, mesmo que sejam coisas do mundo, vêm a se dizer. Todas as coisas do mundo vêm colocar-se em uma cena segundo as leis do significante, leis que de modo algum podemos tomar como homogêneas ao mundo.” (1962, p. 42-43) Funes, em sua existência desconcertante, ilustra muito bem uma certa noção de verdade, uma noção um tanto incômoda, mas que está bastante difundida: a convicção de que a verdade está na realidade. A evidência depositada em um acontecimento funciona como um documento e torna o sujeito cativo de uma posição. Sabemos que a dimensão do imaginário proporciona certo asseguramento, é uma baliza necessária para as identificações e para a consequente constituição de um sujeito. Isso porque oferece um semblante que encobre, pela aparência, a falta e sua realidade insuportável. Contudo, tal dimensão torna-se um problema quando a certeza é reduzida à imagem, pois essa redução destitui a imagem de seu potencial criativo. A imagem sem seu caráter evanescente torna-se hipnótica, e qualquer recuperação do passado sempre diz respeito à materialidade de uma cena. Pervertendo, assim, o circuito pulsional, a satisfação nunca alcançada deixa de funcionar como o motor de múltiplas inscrições, substituições e derivações. Temos, então, delineado o problema de uma leitura literal do acontecido: o passado permanece intransitivo e estende as consequências de um trauma a todos os momentos seguintes da existência. A recuperação do passado é, sem dúvida alguma,

11


12

fundamental. Contudo, tal recuperação não deve obrigar que o presente se torne eternamente regido pelo passado. É uma crueldade sem nome condenar alguém a recordar infinitamente os horrores de um passado: deve-se ter em conta, também, o direito de esquecer. Como manter a posição de resistência política uma vez que o recordar se dá pela via da ficção? Se não resta outra coisa a fazer com os fatos de uma vida senão condensá-los, criando uma ilusão de continuidade, como resistir, como transmitir o horror para as gerações futuras? Ana Costa, em seu artigo, pergunta quais são as condições daquilo que faz memória, e o que dela se transmite, alertando para o risco da posição do “eu vejo, eu sei”. É necessária, de seu ponto de vista, a construção de uma narrativa ficcional para que haja laço, uma construção que tem sua origem em uma perda que cede lugar para uma ficção comum. Sendo assim, a transmissão se dá por uma perda compartilhada, incluindo o trauma no campo simbólico para que seja possível a elaboração. E é para os danos que a não elaboração da experiência traumática suscita que Maria Rita Kehl aponta: sua hipótese é que no Brasil há um movimento de esquecimento de que houve tortura na época do regime militar, o que gerou a naturalização da violência como um sintoma social. O trauma não elaborado, por isso condenado à repetição, reaparece no extermínio de jovens pobres e negros no Brasil. O artigo de Durval Mazzei discorre sobre as tentativas das pesquisas neurocientíficas atuais para obturar a construção da memória traumática. São tentativas, no seu dizer, pífias para a manutenção de uma homeostase psíquica, pois, invariavelmente, há algo que foge da trama do saber. Para delinear a concepção do traumático do ponto de vista da psicanálise, Paulo Endo retoma as teorizações de Ferenczi, que postula que a força do traumático se dá a partir de um excesso de intensidade que provém de algo exterior ao psiquismo. A partir do relato de sonhos de sujeitos vítimas de tortura durante o regime militar no Brasil, Paulo Endo postula que a experiência traumática destrói o passado como experiência e o perpetua como intensidade. Ficamos, assim, com a questão que Ana Zabala traz de sua prática como psicanalista responsável por pessoas afetadas por estados de


terrorismo: Como um psicanalista pode intervir em casos nos quais o traumático não cessa de se imprimir como uma realidade inevitável? Um ponto a ser considerado é a necessidade da distinção entre a importância da memória e de sua possível utilização. Recordar, por si só, não determina qual o uso que se fará da memória. Seria absurdo negar a importância da recordação e dos testemunhos do horror, mas é preciso considerar qual uso se fará de uma lembrança. A memória pode converter o passado em um instrumento para a ação presente, as injustiças cometidas se transformam em uma importante ferramenta contra tantas outras que poderão advir. E aqui a discussão se insere no campo político, pois a memória utilizada em um campo mais geral, no qual a analogia com outras injustiças pode ser possível, serve como um modelo para compreender novas situações que se apresentam. Encarcerada no mais íntimo do sujeito, a recordação pode gerar a apatia e a impotência, inimigos da liberdade: não ceder ao cansaço é um dever político. No texto de Miriam Debieux, a partir da escuta dos impasses de um funcionário de uma agência humanitária, ela aponta para a resistência ao trauma que pode se converter em um ato político: um ato cujo compromisso deixa suas marcas na cultura. A importância da resistência é também enfatizada por Caterina Koltai: É necessária a transmissão transgeracional tanto da destruição, como da resistência a ela. Em seu artigo ela ressalta um aspecto bem pouco explorado pela psicanálise, o da importância da amizade. Esse é o diálogo que os diferentes textos que compõem esse livro procura fazer, tendo como ponto de partida o depoimento de Estela Carlotto, presidente das Abuelas de Plaza de Mayo. Um depoimento que transmite, ainda que sob as mais terríveis condições, a possibilidade de resistir, criando novas práticas e prosseguir lutando, sem se acomodar diante de vitórias aparentes. Uma ação intensa, contínua, que evidencia que a ação política se refere a acreditar que o impossível é possível.

13


Maria Cristina Perdomo

14

Maria Cristina Perdomo é psicanalista. Psicologa Clínica graduada pela Universidade Nacional de La Plata - Argentina. Membro efetivo do Departamento Formação em Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae. Foi Coordenadora Geral desse Departamento na gestão 2006-2008 e 2008-2010. Atualmente é Professora e Supervisora no Curso Formação em Psicanálise e Coordenadora da Comissão de Clínica do Departamento gestão 2010-2012.


Abertura

Maria Cristina Perdomo

15

É com muito prazer que o Departamento Formação em Psicanálise abre, hoje, este evento: Trauma, Memória e Transmissão. Gostaria primeiro de contar a vocês o porquê deste Evento. Trata-se claramente de um evento psicanalítico que coloca em evidência a necessidade de transmitir nossa preocupação em levar adiante um projeto ético-político em nosso Departamento, em concordância com o projeto sustentado por esta instituição à qual pertencemos: o Instituto Sedes Sapientiae da cidade de São Paulo. Apoiados na Carta de Princípios, salientamos que é nosso compromisso assumir um processo de formação e de trabalho que promova o pensamento crítico, acompanhado de um trabalho de comprometimento profissional com os direitos irrenunciáveis da pessoa humana. Sendo assim, nosso Departamento pensou neste evento como uma maneira de convocar à reflexão, com a ajuda de nossos pares, para pensar os caminhos possíveis, já transitados e a serem transitados, levando em consideração as marcas profundas deixadas - em cada uma das subjetividades e no processo coletivo social - pelos momentos históricos que temos atravessado neste último século.


16

Afirmando que estes momentos históricos, com a quantidade de traumatismo que aportam, têm efeitos nos modos de subjetivação, nos propomos a pensar as formas possíveis de inserção dos psicanalistas – como cidadãos e como profissionais – e como seu referencial pode contribuir para dar passos para criar possibilidades para a constituição de uma realidade social mais justa. A violência de Estado que caracterizou estes momentos históricos, aos quais fazemos referência, a violência como política de Estado, a sustentação e legitimação de um estado de violência, têm consequências aterrorizantes e paralisadoras do pensamento e dos processos de simbolização. Quebram-se as regras do jogo, e o Estado, que deveria proteger, persegue e mata. O terror paralisa e o objetivo de destruir os laços sociais é assim conseguido. Impera a lei do “cada um por si” e do “salve-se quem puder”. Nisso radica a potencialidade e a força patogênica do trauma social. A resposta imediata de desmobilização e abulia, produzida como consequência de regimes apoiados no terror e na perseguição, é um dos males maiores que a humanidade pode sofrer. A disciplina do terror visa a desmantelar as subjetividades, a anular as possibilidades de pensar diferente, a unificar o discurso. Há um único discurso possível e ele é hegemônico, impondo, deste modo, a lógica de significações do establishment no poder. Sabemos dos efeitos devastadores no campo simbólico, tanto no coletivo quanto no individual, e das ressonâncias para as gerações seguintes. Por isso, em vez de apagar vestígios, queremos recuperar memória; em vez de esquecer a história, queremos recontá-la. Não para rondar enlutada e melancolicamente em volta dela e sim para abrir novas possibilidades de simbolização que permitam uma nova articulação. E, sobretudo, para legar às gerações que nos sucedem aquilo que lhes corresponde por herança simbólica. Sabemos também, como analistas, que há algo irredutível e que o inscrito primordial não pode ser capturado nas redes do discurso historicizante; que, nesse processo de recuperação e ensamblage de elementos, o não historizável deverá encontrar modos de articulação possíveis para não ficar condenado ao exercício de repetição da pulsão de morte.


Desde a psicanálise podemos propiciar a transformação dos restos fragmentários em uma construção histórica, construção esta que permita aos sujeitos posicionarem-se na cadeia da filiação, pois o processo identificatório está intimamente ligado ao processo de historicização. Por meio deste processo é que se transforma o inapreensível em algo falado e se propicia a abertura de um espaço onde os enigmas possam ser formulados e gerem, a partir da sua postulação, novas vias autoteorizantes e simbólicas, com os consequentes reflexos no coletivo. Não há nisto a ilusão de um histórico como construção total; a construção será sempre fragmentária, mas possibilitando uma assunção de si. Pensamos que, nos movimentos sociais como as “Abuelas de Plaza de Mayo”, ou as “Madres”, ou dos familiares de presos políticos e desaparecidos, no MST, há um elemento de historicização que permite ao sujeito sair de seu solipsismo traumático e sintomático em direção à construção do espaço público. O espaço público, ao mesmo tempo em que legitima seu lugar de cidadão, permite-lhe juntar forças com seus companheiros de rota para traçar o caminho de afirmação do movimento, agora como lugar instituído na esfera pública, como instância possível em direção às mudanças. É este processo de historicização que evita que se fique capturado no drama individual, privado, particular e singular e que possa abrir-se para o coletivo, para o público, e para a construção de uma organização – como são os movimentos sociais populares que resistem, que lutam contra o imobilismo e a conservação da situação oficial. Não podemos apagar o vivido. Temos a obrigação de trabalhá-lo e interrogá-lo, pois é somente, e tão somente, a partir da apropriação da história que outra história pode vir a ser. E são esses movimentos, que foram iniciados por uns poucos, que ganham força e nos dão força para rejuvenescer, redespertar em nós a vontade de participar, de compartir, de seguir o caminho sabendo que é longo. Alguns poderão pensar: “Que otimista!!!”. Sim, é otimismo. Porque otimismo é a possibilidade de investir na ação que cada um realiza tendo no horizonte o semelhante humano, sentindo-se protagonista dessa ação e do momento histórico, com a esperança

17


18

de que esse esforço signifique algo para alguém, que tenha efeitos no coletivo e que o sacrifício das gerações que nos precederam, e o esforço e a esperança da nossa, possibilitem algo diferente e melhor para as gerações futuras. Frente ao entusiasmo de uns, o espírito derrotado de outros – outros que, em algum tempo, compartiram o mesmo entusiasmo. Compartimos com eles certa visão da história, da esperança de algo melhor, compartimos momentos de luta e de confiança em conquistar um futuro diferente; gostaríamos de acordá-los e assim voltar a compartir com eles um futuro em que a ética nos guie, com a confiança de que nossas ações de hoje abrem as possibilidades de amanhã. Não formamos parte dos saudosistas que pensam que somos os últimos de uma geração que tardará muito em voltar porque os estragos da opressão levarão muito tempo para se atenuar. Por não estar nessa posição é que investimos no desafio de propiciar um pensamento crítico onde a utopia não seja renunciada por impossível ou perimida, mas que sim, norteie as metas possíveis. Propiciar um pensamento crítico, que permita a realização de projetos coletivos, um pensamento que não nos limite ao imediatismo da sobrevivência cotidiana, ao individualismo egocêntrico, abrindo espaço para a noção de coletivo, de comunidade, de semelhante. Propiciar um pensamento crítico para legar às gerações futuras um modelo diferente, um modelo em que o poder de uns não esteja sustentado na miséria de muitos. Propiciar um pensamento crítico onde as experiências históricas de violência deem lugar a um processo de força coletivo. Propiciar um pensamento crítico em que o projeto psicanalítico se inscreva, com a consciência clara de que a saúde pública é uma obrigação moral e política do Estado, e não fruto da ação caritativa de uns poucos. Propiciar um pensamento crítico e uma ética em que o semelhante se inscreve como alteridade no marco do respeito e do cuidado físico e simbólico do outro. Enfrentamos tempos difíceis e contraditórios, mas, certamente, muito afastados dos tempos sombrios das ditaduras de América Latina. O trabalho não está acabado. Temos ainda muito por fazer.


Quero encerrar minha fala agradecendo a presença neste evento da Diretoria do Sedes, dos colegas dos outros Departamentos e Cursos do Instituto, dos Centros, da Clínica e dos funcionários e, especialmente, a de todos os colegas do Departamento Formação em Psicanálise que trabalharam e fizeram possível este evento. Esta participação multiinstitucional é uma clara manifestação de que podemos e devemos pensar juntos. Agradeço a presença de nossos convidados que, desde o primeiro momento, mostraram-se entusiastas e solidários com nosso projeto. Bem como a presença de todos vocês, que nos mostram que vale a pena seguir o caminho. Muito obrigada.

19


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.