CURTA METRAGEM SOCIOREFLEXIVO: O GÊNERO TEXTUAL CRÔNICA NO DESENVOLVIMENTO CRÍTCO DE ALUNOS DO 8ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL EM DISPARIDADE SÉRIE/IDADE.
Priscila de L. e S. Dutra (UFPA) Prof. Dr. Jair Francisco Cecim da Silva (Orientador/UFPA)
INTRODUÇÃO ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM LÍNGUA PORTUGUESA;
ESCOLA
PÚBLICA
DO
ESTADO
“PROF.
BOLIVAR BORDALLO DA SILVA”, NO MUNICÍPIO DE BRAGANÇA-PA;
8ª
SÉRIE
DO
FUNDAMENTAL/MATUTINO
(SALA C); FAIXA ETÁRIA DOS ALUNOS: 14 a 17 anos.
OBJETIVO: “Compreender os fundamentos, técnicas e métodos que norteiam o processo de ensino-aprendizagem da língua materna. Reconhecer as principais concepções de língua/linguagem e de ensino/aprendizagem que fundamentam a prática pedagógica da língua materna.”(Cf. Resolução 3.593, de 10 de setembro de 2007)
METODOLOGIA 12H DE ESTÁGIO, DIVIDOS EM DUAS PARTES: OBSERVAÇÃO (6h/AULA), E REGÊNCIA (6h/AULA); (REGÊNCIA) APLICAÇÃO DE QUESTIONÁRIO; CONTATO COM CRÔNICAS/CONTO: Quem é (CRÔNICA), de Ivan Ângelo. Contrabandista (CONTO), de João Simões Lopes Neto. Apelo, de Dalton Trevisan. Passagem, Travessia, de Fernando Almada.
DADOS DO QUESTIONÁRIO Repetência escolar: 1 aluno não repetiu; 3 alunos para uma repetência; 3 alunos para duas repetências; 1 aluno para três repetências. Gosto pela Leitura: 4 responderam gostar; 1 respondeu não gostar; 3 responderam gostar relativamente. Conhecimento sobre o quê é uma crônica: 6 responderam saber; 2 responderam não saber.
RESULTADOS E DISCUSSÃO Carmi Ferraz Santos (2007, p. 12), definindo o que seria tradicional e moderno no ensino, afirma: “Estamos tomando por tradicional, neste trabalho, o currículo cujas bases remontam aos primórdios do processo da escolarização de massas ou universalização do ensino, que teve seu início no século XIX na Europa e Estados Unidos e que, no Brasil, embora não tenha ainda hoje ocorrido efetivamente, passa a ser defendido de forma mais contundente nos anos 20 do século passado.”
Definição de Crônica: “[...] está ligada ao termo chronos, palavra grega que designava o tempo linearmente concebido. Pela via etimológica a crônica, em sua primeira acepção assume a função de registrar os fatos do cotidiano, acontecimentos capazes de representar ou até mesmo datar determinada realidade social” (RIBAS, DOMÁS, PESSANHA, 2009, p. 9-10).
Ivan Ângelo (apud MADI, 2010, p. 18). Veja São Paulo, 25/04/2007
Passagem, travessia Fernando Almada (apud Soares, 2002) Médico psicanalista escreve o livro sobre a adolescência! Não foi o primeiro nem será o último. O curioso é que um dos nossos jornais, ao noticiar o lançamento da obra, pescou e destacou esta afirmação: O processo adolescente marca a transição do estado infantil para o estado adulto. Santa questão doutor. Agora ficou claro, claríssimo. Tiramos os pés da infância, mas os braços não chegam lá, o estado adulto. (…) Adolescência é descoberta, aliás, descobertas, no mais amplo e possível plural. Deixe de lado as chatices da fase, e leve em conta o que acontece com seu corpo e seu espírito. Pense nisso. Viva todos os milagres com máximo de curiosidade, atenção e informação. Viva com a alma aberta para o novo. (…) Frankensteen: retalhos da adolescência. São Paulo: Moderna, 1996, p. 60-61. (Fragmento)
O ENSINO Levou se em consideração: 1 – Gênero textual como meio de inclusão social; 2 – Uma sequência didática; 3 – Motivos para ensinar com gênero textual CRÔNICA: A Estrutura; O Cunho reflexivo, crítico ou/e humorístico; A linguagem.
4 – Discussão do texto.
“nos perguntamos se um aluno de ensino básico precisa saber disso. Creio que mais importante do que classificar, para os estudantes do ensino básico, importa mais compreender para que os gêneros são usados na sociedade” (2011, p. 23).
História estranha Luís Fernando Veríssimo (apud Soares, 2002) Um homem vem caminhando por um parque quando de repente se vê com sete anos de idade. Está com quarenta, quarenta e poucos anos. De repente dá com ele mesmo chutando bola perto de um banco onde está sua babá fazendo tricô. Não tem a menor dúvida de que ele é ele mesmo. Reconheceu a sua própria cara, reconheceu o banco e a babá. Tem uma vaga lembrança daquela cena. Um dia ele estava jogando bola no parque quando de repente aproximou-se um homem e... O homem aproxima-se dele mesmo. Ajoelha-se, põe as mãos nos seus ombros e olha nos seus olhos. Seus olhos enchem de lágrimas. Sente uma coisa no peito. Que coisa é a vida. Que coisa pior ainda é o tempo. Como eu era inocente. Como meus olhos eram limpos. O homem tentar dizer alguma coisa, mas não encontra o que dizer. Apenas abraça a si mesmo, longamente. Depois sai caminhando, chorando, sem olhar para trás. O garoto fica olhando para sua figura que se afasta. Também se reconheceu. E fica pensando, aborrecido: quando eu tiver quarenta, quarenta e poucos anos, como eu vou ser sentimental! Comédias para se ler na escola. Rio de Janeiro, 2001, p.43
PRODUÇÃO DE TEXTO
De 11 alunos 7 produziram o texto. Critérios de avaliação: Adequação a modalidade padrão (0,4); Adequação ao gênero textual (0,4); Adequação ao tema (0,4); Coesão e coerência (0,4); Estética, margens, paragrafação (0,4).
Questão: Escreva seu texto e dê a ele um título adequado – não repita o título da crônica lida.
Passado Maluco Aluno: F Idade 16 anos
Oi! Meu nome é Fernando tenho 40 anos certo dia eu estava andando quando vi um moleque de 16 anos sentado na calçada com uma bola sozinho, eu perguntei a ele ei garoto o que fazes ai sentado nessa calçada de baixo do sol quente? Ele (o garoto) responde! Esperando os moleque pra jogar bola! Eu me lembro que quando tinha 16 anos tambem fazia a mesma coisa que ele me vi na quele garoto sentado ali fiquei emocionado e lhe disse! Ei garoto aproveite! Brinque! Enquanto você pode por que o tempo passa esses momento ficam sempre guardados na memória. Levantei fui embora e o garoto fala baixinho eu eim que cara mais maluco.
CONCLUSÃO Ainda hoje, a crônica e demais gêneros são usados para análise da gramática normativa. Atividade que dilacera o texto, tornando-lhe em partes sem sentido crítico. Essa prática antiquada acaba por cercear nossos alunos ao desenvolvimento crítico-reflexivo de suas próprias vidas, dentro de sala de aula. Esta prática dicotomiza o social do escolar algo que não deveria ser o papel da escola, acabando por tornar se um processo que nos faz retroceder aos moldes da educação de massa (SANTOS, 2007) da década de 20 em que primavam se sobremaneira o ensino dos clássicos e da gramática normativa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CONSEPE. RESOLUÇÃO N. 3.593, DE 10 DE SETEMBRO DE 2007. Pará: [s.n], 2007.Disponível: < http://www.ufpa.br/sege/boletim_interno/downloads/resolucoes/cons epe/2007/Microsoft%20Word%20-%203593.pdf >. Acesso em: 24/03/2015 DOMÁS, Milena Salles Marques; PESSANHA, Ketiley da Silva. A CRÔNICA EM SALA DE AULA: TRABALHANDO COM UM GÊNERO. SOLETRAS, Ano IX, No 18 p. 7- 23. São Gonçalo: UERJ, 2009. SOARES, Magda. Português: uma proposta para letramento. 1º ed. São Paulo: Moderna, 2002. p. 8 -58 MADI, Sonia. (Coord). A ocasião faz o escrito: caderno do professor: orientação para produção de texto. São Paulo: Cenpec, 2010. SANTOS, Carmi Ferraz. O ensino da língua escrita na escola: dos tipos aos gêneros. In: ________; MENDONÇA, Márcia; CAVALCANTI, Mariane C.B. Diversidade textual: os gêneros na sala de aula. 1 ed. 1 reimp. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.