Vivência slow com casas pátio

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AS VIVÊNCIAS SLOW COM CASAS PÁTIO

Priscila Costa Lourenço

Dissertação para a obtenção do Grau de Mestre de Arquitetura

Porto 2014


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Priscila Costa Lourenço

Dissertação para a obtenção do Grau de Mestre Professor Doutor Francisco Peixoto Alves Assistente Mestre Ricardo Vieira de Melo

Porto 2014

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Agradecimentos

Agradeço ao Professor Doutor Peixoto Alves pela orientação, pela disponibilidade, pelas conversas motivadoras. Agradeço ao Professor Ricardo Vieira de Melo pela disponibilidade, pelo incentido e pelo conhecimento que me foi transmitido.

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Dedicatória

Gostaria de agradecer aos meus pais pelo apoio incondicional, pelo carinho e pelo amor que me foi transmitido ao longo deste percuso. A minha irmã, que nos momentos infelizes teve paciência e sempre me motivou de forma a seguir sempre em frente e não desistir dos meus objetivos. A todos os meus amigos que contribuíram de alguma forma para tornar esse percurso académico único.

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Índice

Agradecimentos ........................................................................................................... V Dedicatória ................................................................................................................ VII Índice .......................................................................................................................... IX Índice de Imagens........................................................................................................ XI Introdução ................................................................................................................. 26 Capítulo I - O slow como paradigma habitacional referente ao modo de vida atual ..... 31 1.1

Modo de vida - Slow Living ................................................................................... 31

1.2

Razões da necessidade do Slow Living .................................................................. 37

1.3

Relação da Arquitetura com o Slow Living ........................................................... 51

Capítulo II - A casa pátio como modelo de habitação slow........................................... 59 2.1 Definição de Casa- Pátio ............................................................................................ 59 2.2 A Casa da origem à atualidade .................................................................................. 60 2.2.1 A Casa-Pátio na Mesopotâmia ........................................................................... 63 2.2.2 A casa pátio do Egipto ........................................................................................ 65 2.2.3 A Casa Pátio Grega.............................................................................................. 69 2.2.4 Casa – Pátio em Roma ........................................................................................ 73 2.2.5 Casa – Pátio na atualidade ................................................................................. 77 2.3

Casos de Estudo .................................................................................................... 79

2.3.1 Alvar Aalto – Casa experimental ........................................................................ 79 2.3.2 Satoshi Kurosaki - Shift House ............................................................................ 81 2.3.3 Tadao Ando - Casa Azuma .................................................................................. 83 2.3.5 Ludwig Hilberseimer - Cidade horizontal ........................................................... 89 Capítulo III – As Vivências Slow em Aveiro com Casas-Pátio ........................................ 95 3.1 Contexto histórico da cidade de Aveiro .................................................................... 95 3.2 - A casa pátio como elemento impulsionador para uma Vivência Slow ................... 99 3.2.1 - Caracterização .................................................................................................. 99 3.2.2 – Estratégia ....................................................................................................... 103 3.2.3 - Projetos de Referência ................................................................................... 109 3.2.4 - Proposta Projetual .......................................................................................... 112 Conclusão..................................................................................................................122

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Bibliografia ................................................................................................................124 Referências Eletrónicas..............................................................................................125 Referencias Periódicas ...............................................................................................126

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Índice de Imagens

Imagem 1: Planta de Localização do terreno com proposta (manipulada pelo autor) Fonte: google maps [acedido em Junho 2013] Disponível em www, url: https://maps.google.pt/ Imagem 2: Sociedade Atual Fonte: Impacts of Information Technology on Society in the new Century [acedido Janeiro 2014] Disponível em www, url: http://ermafrias.blogspot.pt Imagem 3: Aceleração da vida na atualidade Fonte: tinrabbit. s.t.[acedido em Julho 2014] Disponível em www, url: https://www.flickr.com/photos/7324459@N07/15520385720/in/explore-2014-11-03 Imagem 4: Era da máquina Fo te:àTitte a ,àKeith.àCha lieàChapli ài à Mode àTi es à[a edidoàe àágostoà Disponível em www, url: http://dcmetrotheaterarts.com/2013/05/13/chaplinsmasterpiece-modern-times-at-the-baltimore-symphony-at-strathmore-by-keithtittermary/

]

Imagem 5: Slow como alternativa Fonte: Heather, Case. Slow Fashion [acedido em Outubro de 2013] Disponível em www, url: http://www.pinterest.com/pin/16958936070187047/ Imagem 6: Obsessão pelo rápido Fonte: Churchill, Robert. Business people in Asia [acedido em Outubro de 2013] Disponível em www, url: http://www.123rf.com/stock-photo/peson.html Imagem 7: Slow Down Fonte: Oliveira, Ana. Ouvi dizer.. [acedido a novembro 2013) Disponível em www, url: http://marianagbranco.wordpress.com/category/uncategorized/ Imagem 8: Família (manipulada pelo autor) Fonte: R, Jess. How Can I Strengthen My Family? [acedido em Dezembro 2013] Disponível em www, url: http://www.the-exponent.com/yw-lesson-how-can-istrengthen-my-family/ Imagem 9: Convívio em família (manipulada pelo autor) Fonte: Matt. Cooking with Grandma [acedido em Dezembro 2013] Disponível em www, url: https://www.flickr.com/photos/gomattolson/5239764939/in/photostream/ Imagem 10: Fast living vs Slow living (manipulada pelo autor) Fonte: s.a. The Quitetus [acedido a Outubro de 2013]

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Disponível em www, url: http://thequietus.com/ articles/ 08262-com-lag-slow-artoccupation-online-time Imagem 11: Busca do Equilibro (manipulada pelo autor) Fonte: Aydemir, Alanur. Learn to relax with yoga [acedido Setembro 2014] Disponível em www, url: http://www.dailysabah.com/life/2014/04/14/learn-to-relaxwith-yoga Fonte: Freitas, Rosana Faria de. Viver de forma acelerada traz prejuízos [acedido Setembro 2014] Disponível em www, url: http://noticias.uol.com.br/saude/ultimasnoticias/redacao/2013/04/19/viver-de-forma-acelerada-pode-trazer-desequilibrio-fisicoe-mental.htm Fonte: s.a., Slow food bloggers, Where art thou? [acedido Setembro 2014] Disponível em www, url: http://extanz.com/2010/05/28/slow-food-bloggers-where-artthou/ Fonte: sa., s.t. [acedido Setembro 2014] Disponível em www, url: http://pt.all-free-download.com/vector-livre/vector-clipart/mapa_símbolos_clip_art_bicicleta_17105.html Fonte: Brown, Michael.Time flies speed blur fast hands clock [acedido Setembro 2014] Disponível em www, url: http://www.dreamstime.com/royalty-free-stock-photographytime-flies-speed-blur-fast-hands-clock-image17751517 Fonte: Charles, Théo. Cultivating [acedido Setembro 2014] Disponível em www, url: http://thenounproject.com/term/cultivating/77276/ Imagem 12: Desfrutar dos tempos livres Fonte: Fardilha, Maria do Rosário Sousa, Síndroma Audrey Hepburn [acedido em Outubro de 2013] Disponível em www, url: http://vistaparaacidade.blogspot.pt/2009_04_01_archive.html Imagem 13: Cartaz do evento de Salone del Gusto e Terra Madre (manipulada pelo autor) Fo te:às.a.,àMi g,àág i ultu eàa dàI ig atio àatà“lo àFood sà“alo eàdelàGustoà[a edidoà em Dezembro de 2012] Disponível em www, url http://2celsius.net/agriculture-and-immigration-at-slow-foodssalone-del-gusto/ Imagem 14: Fast Food – Mc Donalds (manipulada pelo autor) Fonte: s.a., Things that Make Me Hungry [acedido em Setembro de 2013] Disponível em www, url http://youoffendmeyouoffendmyfamily.com/things-that-makeme-hungry/scary-ronald-mcdonald-2/

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Imagem 15: BIG e JDS, Mountain Dwellings, Copenhagen Fonte: Archdaily, Mountain Dwellings / BIG with JDS [acedido em Novembro de 2013] Disponível em www, url: http://www.archdaily.com/15022/mountain-dwellings-big/ Imagem 16: Arquitetura potencializador duma vivência slow Fonte: s.a., Yaeca Apartment Store, Tokyo [acedido a Setembro 2014] Disponível em www, url: http://architizer.com/blog/japan-1/ Imagem 17: Equilíbrio entre a circulação automóvel versus pedonal Fonte: s.a., s.t [acedido a Outubro 2014] Disponível em www, url: http://usa.streetsblog.org/wp-content/uploads/2014/08/kid-inbroadway-PBL-600.jpg Imagem 18: Procura de paz interior Fonte: Hooper, Ryan., TherapyShare: Progressive Muscle Relaxation [acedido a Fevereiro 2013] Disponível em www, url: http://ayoungpsychologist.blogspot.pt/2013/04/therapyshare-progressive-muscle.html Imagem 19: Realização de atividades em família interagindo com a natureza Fonte: s.a., Slow Food – Nova Scotia [acedido a setembro 2012] Disponível em www, url: http://slowfoodns.com Imagem 20: casa pátio – capitulo 2 Fonte: Nishikawa, Masao., Shift House/Apollo Architects&Associates [acedido a Março 2014] Disponível em www, url: http://www.archdaily.com/103510/shift-house-apolloarchitects-associates/shift_31/ Fonte: Nishikawa, Masao., Shift House/Apollo Architects&Associates [acedido a Março 2014] Disponível em www, url: http://www.archdaily.com/103510/shift-house-apolloarchitects-associates/shift_29/ Fonte: Nishikawa, Masao., Shift House/Apollo Architects&Associates [acedido a Março 2014] Disponível em www, url: http://www.archdaily.com/103510/shift-house-apolloarchitects-associates/shift_40/ Imagem 21: Esquema casa pátio. Planta, Corte Perspetivado, Axonometria. Duas considerações. Fonte: imagem realizada pelo autor Imagem 22: Casa em Ur, entre 3000 a 4000 a.C. (manipulada pelo autor) Fonte: BLASER, Werner (2004) Patios – 5000 Años de Evolución desde la Antiguedad Hasta nuestros dias. 2º Edicion. Editorial Gustavo Gili, Barcelona [acedido a Novembro 2013] Página 10

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Imagem 23: Casa com pátio em Ur, 2000 a.C. (manipulada pelo autor) Fonte: BLASER, Werner (2004) Patios – 5000 Años de Evolución desde la Antiguedad Hasta nuestros dias. 2º Edicion. Editorial Gustavo Gili, Barcelona [acedido a Novembro 2013] Página 10 Imagem 24: Planta de Kahun (manipulada pelo autor) Fonte: Alonso, Félix y Royano., La Ciudad y el Ciudadano en Egipto [acedido a Dezembro 2013] Disponível em www, url: http://www.egiptologia.com/sociedad-tecnica-y-cultura/505-laciudad-y-el-ciudadano-en-egipto.html?showall=1 Imagem 25: Cidade Deir el-Medina Fonte: s.a., The village of deir el medina [acedida a Dezembro 2013] Disponível em www. url: http://imgkid.com/inside-ancient-egyptian-houses.shtml Imagem 26: Perspectiva da cidade Tell em Amarna (manipulada pelo autor) Fonte: s.a., The Egypt Connection Disponível em www, url: http://www.spiritweb.us/egypt/amarna.html Imagem 27: Planta cidade de Tell em Amarna (manipulada pelo autor) Fonte: s.a., The Egypt Connection [acedido a Março 2014] Disponível em www, url: http://www.spiritweb.us/egypt/amarna.html Imagem 28: Casa em Olinto (manipulada pelo autor) Fonte: BLASER, Werner (2004) Patios – 5000 Años de Evolución desde la Antiguedad Hasta nuestros dias. 2º Edicion. Editorial Gustavo Gili, Barcelona [acedido a Novembro 2013] Página 10 Imagem 29: Planta da Casa em Olinto (manipulada pelo autor) Fonte: s.a., Reconstrucción planta y alzado cada XXXIII ciudad de Priene. Robertson [acedido a Fevereiro 2014] Disponível em www, url: http://alenar.files.wordpress.com/2007/08/combinacionplantaalzadocasaxxxiiipriene.jpg Imagem 30: Casa Grécia, cerca de 100 a.C. (manipulada pelo autor) Fonte: BLASER, Werner (2004) Patios – 5000 Años de Evolución desde la Antiguedad Hasta nuestros dias. 2º Edicion. Editorial Gustavo Gili, Barcelona [acedido a Novembro 2013] Página 11 Imagem 31: Casa em isla de Dalvo, cerca 100 a.C. (manipulada pelo autor) Fonte: BLASER, Werner (2004) Patios – 5000 Años de Evolución desde la Antiguedad Hasta nuestros dias. 2º Edicion. Editorial Gustavo Gili, Barcelona [acedido a Novembro 2013] Página 11

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Imagem 32: Casa Romana com peristilo (manipulada pelo autor) Fonte: BLASER, Werner (2004) Patios – 5000 Años de Evolución desde la Antiguedad Hasta nuestros dias. 2º Edicion. Editorial Gustavo Gili, Barcelona [acedido a Novembro 2013] Página 12 Imagem 33: Casa italiana com átrio em Pompeia (manipulada pelo autor) Fonte: BLASER, Werner (2004) Patios – 5000 Años de Evolución desde la Antiguedad Hasta nuestros dias. 2º Edicion. Editorial Gustavo Gili, Barcelona [acedido a Novembro 2013] Página 12 Imagem 34: Casa Italiana com peristilo (manipulada pelo autor) Fonte: BLASER, Werner (2004) Patios – 5000 Años de Evolución desde la Antiguedad Hasta nuestros dias. 2º Edicion. Editorial Gustavo Gili, Barcelona [acedido a Novembro 2013] Página 12 Imagem 35: Casa Romana com peristilo (manipulada pelo autor) Fonte: BLASER, Werner (2004) Patios – 5000 Años de Evolución desde la Antiguedad Hasta nuestros dias. 2º Edicion. Editorial Gustavo Gili, Barcelona [acedido a Novembro 2013] Página 27 Imagem 36: Insulae Romana (manipulada pelo autor) Fonte: Tarlazzi, Luca., Insulae Romana Disponível em www, url: http://www.lucatarlazzi.com/immagine.asp?area=1&cat=3&id=515 Imagem 37: House J - Keiko Maita (manipulada pelo autor) Fonte: Frearson, Amy., House J by Keiko Maita Architect Office [acedido a outubro 2014] Disponível em www, url: http://www.dezeen.com/2013/05/21/house-j-by-keiko-maita/ Imagem 38: Alvar alto – Casa experimental (manipulada pelo autor) Fonte: s.a., s.t. [acedido a abril 2013] Disponível em www, url: http://2.bp.blogspot.com/-RpZ4IASGr_0/TWKBkSAEDPI /AAAAAAAAEnI/ddB8gBQDLqo/s1600/4841412000_b6c813a945_o.jpg Fonte: Gutierrez, Marcelo., Casa experimental en Muuratsalo de Alvar Aalto [acedido Setembro 2014] Disponível em www, url: http://www.pinterest.com/pin/546483736004703648/ Fonte: Dato, javier francisco perilla di., Alvar Aalto, Finlandia, (1898-1976). Casa Aalto [acedido a Setembro 2014] Disponível em www, url: http://unalhistoria3.blogspot.pt/2014/02/alvar-aalto-finlandia1898-1976-casa.html Imagem 39: Satoshi Kurosaki – Shift House (manipulada pelo autor) Fonte: Nishikawa, Masao., Shift House/Apollo Architects&Associates [acedido a Março 2014]

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Disponível em www, url: http://www.archdaily.com/103510/shift-house-apolloarchitects-associates/shift_01/ Fonte: Nishikawa, Masao., Shift House/Apollo Architects&Associates [acedido a Março 2014] Disponível em www, url: http://www.archdaily.com/103510/shift-house-apolloarchitects-associates/shift_40/ Fonte: Nishikawa, Masao., Shift House/Apollo Architects&Associates [acedido a Março 2014] Disponível em www, url: http://www.archdaily.com/103510/shift-house-apolloarchitects-associates/shift_29/ Imagem 40: Perspetiva da Casa Azuma (manipulada pelo autor) Fonte: s.a.,s.t. [acedido a Julho 2014] Disponível em www, url: http://www.cdv.fapyd.unr.edu.ar/Azuma/fullimg.jpg Imagem 41: Plantas (manipulada pelo autor) Fonte: Glo., Casa azuma [acedido a Julho 2014] Disponível em www, url: http://vizcayado.blogspot.pt/2010/03/casa-azuma.html Imagem 42: Perspetiva do 1º piso para o corredor Fonte: Bekerman, Ronen., Azuma House [acedida a Setembro 2014] Disponível em www, url: http://www.johangustavsson.com/Azuma-House Imagem 43: Vista do pátio Fonte: Bekerman, Ronen., Azuma House [acedida a Setembro 2014] Disponível em www, url: http://www.johangustavsson.com/Azuma-House Imagem 44: Renders das tipologias (manipulada pelo autor) Fonte: El Croquis, nº 111 MVRDV 1997-2002, página 134 [acedido a Dezembro 2013] Fonte: El Croquis, nº 111 MVRDV 1997-2002, página 138 [acedido a Dezembro 2013] Fonte: El Croquis, nº 111 MVRDV 1997-2002, página 139 [acedido a Dezembro 2013] Imagem 45: Visualização de cima da maquete (manipulada pelo autor) Fonte: El Croquis, nº 111 MVRDV 1997-2002, página 130 [acedido a Dezembro 2013] Imagem 46: Ludwig Hilberseimer - Cidade horizontal Fonte: s.a., s.t. [acedida a Setembro 2014] Disponível em www, url: http://www.artic.edu/aic/collections/artwork/102072?search_no=2&index=28 Imagem 47: Esquisso Ludwig Hilberseimer - Cidade horizontal (manipulada pelo autor) Fonte: s.a., s.t. [acedida a Setembro 2014]

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Disponível em www, url: http://www.arch.mcgill.ca/prof/schoenauer/arch529/lecture04/slide17.jpg Imagem 48: Render proposta Imagem produção própria Imagem 49: Localização de Aveiro (manipulado pelo autor) Fonte: Rede de Investigadores do OPSS. Mapa de Portugal [acedida a Março 2014] Disponível em www, url: http://www.observaport.org/node/139 Fonte: Gazilion., Aveiro freguesias 2013 [acedida a Março 2014] Disponível em www, url: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Aveiro_freguesias_2013.svg Fonte: googlemaps [acedida a Julho 2014] Disponível em www, url: www.google.maps.pt Imagem 50: Muralha de Aveiro 1696 Fonte: s.a., As muralhas da vila de Aveiro em 1692 [acedido Julho 2014] Disponível em www, url: http://www.prof2000.pt/users/hjco/aderav/patrimonios/patrim01_075.htm Imagem 51: Estação Ferroviária 1920 (manipulado pelo autor) Fonte: s.a., Estação do Caminho de Ferro de Aveiro, por volta de 1920 [acedido Julho 2014] Disponível em www, url: http://www.prof2000.pt/users/secjeste/arkidigi/aveiro04.htm Imagem 52: Estação Ferroviária Atualmente Fonte: Concierge.2C., Estação Ferroviária de Aveiro [acedido Agosto 2014] Disponível em www, url: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Estação_Ferroviária_de_Aveiro_(1).jpg Imagem 53: Avenida Dr. Lourenço Peixinho cerca de 1949 (manipulado pelo autor) Fonte: s.a., Aveiro em postais [acedido Julho 2014] Disponível em www, url: http://www.prof2000.pt/users/avcultur/postais/AveipostBR27.htm Imagem 54: Localização aérea da Avenida (manipulado pelo autor) Fonte: Google Maps [acedido Agosto 2014] Disponível em www, url: https://www.google.pt/maps/ Imagem 55: Planta referente aos pontos de interesse na cidade de Aveiro (manipulada pelo autor) Fonte: Produção própria a partir do arquivo de investigação da turma Imagem 56: Vista para a ria (manipulada pelo autor) Fonte: produção própria

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Imagem 57: Fábrica Jerónimo Pereira Campos Fonte: Bürocratik., s.t. [acedido Julho 2014] Disponível em www, url: http://www.plarq.com/projetoload.php?id=10&grid=lista&cat=10 Imagem 58: Vista panorâmica para jardim Fonte: produção própria Imagem 59: Gráficos referente a análise social em Vera Cruz (manipulada pelo autor) Fonte: Produção própria a partir do arquivo de investigação da turma Imagem 60: Planta da proposta Fonte: produção própria Imagem 61: Render geral da proposta Fonte: produção própria Imagem 62: Esquemas explicativo do desenvolvimento da proposta Fonte: produção própria Imagem 63: Cortes Alçados Fonte: produção própria Imagem 64: Casa Boxes Fonte: Guerra, Sergio Fernando., The Boxes House / Luís Santiago Baptista, Tiago Leite de Araújo [acedido Agosto 2013] Disponível em www, url: http://www.archdaily.com/150505/the-boxes-house-luissantiago-baptista-tiago-leite-de-araujo/147-3/ Fonte: Guerra, Sergio Fernando., The Boxes House / Luís Santiago Baptista, Tiago Leite de Araújo Disponível em www, url: http://www.archdaily.com/150505/the-boxes-house-luissantiago-baptista-tiago-leite-de-araujo/_001-19/ Fonte: s.a., ground floor plan Disponível em www, url: http://www.archdaily.com/150505/the-boxes-house-luissantiago-baptista-tiago-leite-de-araujo/ground-floor-plan-395/ Imagem 65: Nexus Fonte: s.a., Nexus world housing. Rem koolhaas [acedido a Setembro 2014] Disponível em www, url: http://enredadosenlaweb.com/2012/09/nexus-world-housingrem-koolhaas/ Fonte: s.a., Nexus world housing. Rem koolhaas [acedido a Setembro 2014] Disponível em www, url: http://enredadosenlaweb.com/2012/09/nexus-world-housingrem-koolhaas/

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Fonte: Zephyr., Nexus Housing – Models [acedido a Fevereiro 2013] Disponível em www, url: http://urbantoronto.ca/forum/showthread.php/5481-RemKoolhaas-the-Irreverent-–-Neither-Modernist-nor-Historicist/page5 Fonte: El Croquis, nº 53 Rem Koolhaas – O.M.A. 1987 - 1992, página 102 [acedido a Dezembro 2013] Fonte: El Croquis, nº 53 Rem Koolhaas – O.M.A. 1987 - 1992, página 92 [acedido a Dezembro 2013] Imagem 66: Planta de implantação Fonte: produção própria Imagem 67: Vista do apartamento para o pátio localizado no rés-do chão Fonte: produção própria Imagem 68: Vista do jardim para o volume de habitação – entrada do estacionamento Fonte: produção própria Imagem 69: Planta de Rés-do-chão Fonte: produção própria Imagem 70: Vista do pátio central para a zona de circulações verticais Fonte: produção própria Imagem 71: Planta do 1º piso Fonte: produção própria Imagem 72: Tipologias Fonte: produção própria Imagem 73: Tipologia T2 - entrada Fonte: produção própria Imagem 74: Tipologia T2 – piso 1 Fonte: produção própria Imagem 75: Corte pormenorizado Fonte: produção própria Imagem 76: Render da proposta – ponte pedonal Fonte: produção própria Imagem 77: Render da proposta – inserção de hortas nas habitações Fonte: produção própria

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Resumo

Na sociedade da revolução industrial - a era da máquina, com o aparecimento do relógio - iniciou-se uma obsessão pela velocidade, dando origem a um tipo de vida acelerada e stressante. Com o passar do tempo, a sociedade começa a adquirir consciência da sua realidade stressante e, consequentemente, surge a procura por uma solução que abrandasse este estilo de vida, e que gerasse uma melhor qualidade de vida. Nasce assim, o pensamento slow. Posto isso, estudamos o conceito de slow living e articulamos esta perspetiva com o conceito habitacional da casa-pátio. Seguidamente ensaiamos a projetação da mesma, com uma construção de caracter invertida, vivida para o seu interior, refletindo o mundo cada vez mais individual e alienado da cidade. Observa-se que slow e pátio surgem como formas de abrandamento do modo de vida da sociedade urbana, incentivando a uma vida mais calma, fora da poluição visual da publicidade, do consumismo e do stresse diário. Como resultado, conseguimos compreender a importância do pátio na construção de um tipo de habitação com a inserção de zonas verdes, ciclovias, espaços recreativos que estimulam um ambiente mais voltado para a natureza, refletindo para o ambiente interior da habitação, pelo facto de conter espaços verdes. Ao nível urbano, conseguimos obter vivências que potenciam a interação social e a introdução de hortas urbanas que proporcionam uma ligação da família ao meio natural. Da reflexão fundamentada, as casaspátio possibilitam o refúgio do homem na habitação como forma de fugir à agitação, proporcionando a sua ligação à natureza.

Palavras - Chave Habitar - Pátio - Equilíbrio - Identidade - slow

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Abstract In the industrial revolution society - the machine age, with the appearance of the Clock, began an obsession with speed, providing a rapid and stressful life. Over time, society became aware of this stressful reality and consequently began searching for a solution that would soften this lifestyle, and which generates a better quality of life. Thus was born the slow thinking. That said, we studied the concept of slow living and articulate this perspective with the concept of patio-house. Consecutively was rehearsed the projection of the same, supported by the concept of living for itself, reflecting the increasingly detached and alienated city. We can observe that the o dsà slo

àa dà patio àappea àasàaà a àtoàslo à

down the life of the urban society, encouraging a quieter environment, away from the advertising pollution, consumerism and daily stress. Therefore we can understand the importance of the patio in the studied buildings, because, it provides green spaces, bike paths, recreational spaces that encourage a friendlier environment, reflecting a more natural atmosphere to the housing interior. To the urban level, we can achieve living experiences that increase social interaction, with the introduction of urban gardens that provide a family connection to the natural environment. In conclusion, the patio-houses allow man to refuge in the habitation as a way to escape from the bustle, providing at the same time a connection with nature.

Key - words Dwel - Patio - Balance – Identity- slow

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INTRODUÇÃO UNIVERSIDADE LUSÍADA DO PORTO | DISSERTAÇÃO DE MESTRADO INTEGRADO ARQUITECTURA

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Introdução

O tema proposto para este trabalho aborda as vivências atuais, e em face destas identifica o slow living como uma necessidade relacionando a casa-pátio como paradigma deà “lo àLi i g .àAssim o objetivo deste estudo privilegia a evolução da casa pátio ao longo dos tempos e as diferentes vivências, que são proporcionadas no interior da habitação, por forma a entender até que ponto esta tipologia habitacional poderá constituir-se como potencial para uma nova forma de reinterpretar, vivenciar e habitar. Atualmente, estamos inseridos numa sociedade global cada vez mais egoísta, traduzida num estilo de vida baseado no consumismo, na aceleração de comunicações. Para a sociedade este estilo tornou-se no suporte das nossas relações humanas e sociais, pelo que consequentemente, passamos a viver naquilo que se pode designar de fastà li i g .àDaqui resulta uma forma mais acelerada de vida, que rejeita às principais coisas da vida, como o convívio entre amigos e o disfrutar do tempo em família. Esse modo de vida que se determina pela preocupação inconsciente na realização das tarefas de forma acelerada, gerou hábitos individualistas, perdas de relações sociais entre as pessoas, e a entreajuda. Quanto a problemática identificada, assenta no facto da habitação na atualidade, podemos sintetiza-la ao facto de esta, não introduz fatores de equilíbrio vivencial, tendo em conta a vida stressante no emprego hoje. Como resposta a essa questão, torna-se essencial a procura de um equilíbrio, de forma a centrarmo-nos mais na habitação como escape do estresse do quotidiano, com a finalidade de nos consciencializarmos acerca dos nossos hábitos e formas de viver, dando mais valor a nós próprios e as pessoas que nos são próximas. A casa – pátio tem como características o fato ser uma casa fechada em si mesma, contendo um espaço de recinto aberto no seu interior, o que proporciona uma vivência mais interiorizada, concentrando a mesma na própria habitação sem qualquer ligação visual para o exterior, mantendo somente o contacto com o céu (natureza). A casa pátio é uma das tipologias habitacionais mais presentes ao longo da história, onde antigamente tinham como conceito, o espaço de habitar era considerado um local sagrado, e o exterior

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era profano, preservando-se o interior da habitação como meio familiar, introspeção, um refúgio. Para interligar essas duas temáticas, será necessário recorrer às vivências anteriores nas quais utilizaram as tipologias casas – pátio, e com isso, perceber as suas evoluções consoante o local e de que forma contribuíram para aquele modo de vida. Na sociedade em que estamos inseridos é necessário encontrar uma solução para estas preocupações, induzidas pelo estresse urbano, pela poluição sonora, pela violência, consumismo e até pela convulsão da publicidade. Para tal, a sociedade encontra solução nas periferias, visto que é nelas que vai encontrar uma qualidade de vida. As casas-pátio, podendo ser integradas no seio da cidade, têm potencial para buscar alguns aspetos do meio rural para a urbe, como sentimentos de unidade de vizinhança, tais como a utilização de hortas urbanas. Como objetivo, pretende-se entender a forma como a casa-pátio introduz um certo equilíbrio vivencial ao longo da história, de maneira a compreender a evolução do pátio até à atualidade como elemento construtivo e de equilíbrio vivencial na contemporaneidade. Para isso pretende-se estudar e ensaiar a casa-pátio como elemento induzidor de uma dimensão vivencial slow em contexto urbano. Assim, a metodologia assenta na leitura e comparação de um conjunto de conceitos e ideias presentes em livros que abordam o tema casa pátio, e livros do tema de slow living e suas vivências. Apoiam-se ainda no ensaio projetual como instrumento de aplicação do conhecimento adquirido, que teve como objeto a cidade de Aveiro, sendo escolhida pelos responsáveis da unidade curricular de Projeto III. Acresce ainda um conjunto de entrevistas aos atores locais, levantamentos no arquivo municipal, levantamento fotográfico do local e registos desenhados. Tudo isso resultou num trabalho organizado em 3 capítulos. No capitulo 1, t ata osàd Oàslo à o oàpa adig aàha ita io al referente ao modo de vida à no capitulo 2 tratamos d à àaà asaàp tioà o oàmodelo de habitação slow e por fim, no capitulo 3 que trata – se do desenvolvendo do tema slow na cidade de Aveiro.

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Imagem 2: Sociedade Atual

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CAPITULO I UNIVERSIDADE LUSÍADA DO PORTO | DISSERTAÇÃO DE MESTRADO INTEGRADO ARQUITECTURA

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Imagem 3: Aceleração da vida na atualidade

Imagem 4: Era da máquina

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Capítulo I - O slow como paradigma habitacional referente ao modo de vida atual 1.1

Modo de vida - Slow Living

Segundo o que Carl Honoré, o Dramaturgo Plauto, escreveu a 200 a.C. "Que os Deuses confundam o homem que primeiro descobriu como distinguir as horas – confundam também aquele que neste lugar pôs um relógio de sol para cortar e talhar os meus dias tao miseravelmente em o adi hos!à…N oàpossoà e àse ta -me para comer) sem que o sol me dê permissão. A cidade está t oà heiaàdestesà o fu didosà elógios. à HONO‘É,à

O slow living, traduz-seà oà

:

à

odusà i e di à ueài o po aàosà alo esàdefe didosà

pelo movimento slow, tendo em conta a excessiva aceleração da vida atual da nossa sociedade. O movimento slow surgiu em Itália em 1999, com o objetivo de abrandar o modo de vida do ser humano, incentivando para uma consciencialização da forma como vivemos na sociedade, como o homem se relaciona com o mundo à sua volta, com algumas situações e à forma como interage com as pessoas. Oà o i e toàslo à

oàsig ifi aàfaze àtudoàaàpassoàdeà a a ol.àNe àu aàte tati aàpa aàfaze àoà

planeta inteiro recuar para qualquer utopia pré-industrial. Pelo contrario, o movimento é feito de ge teà … à ueà ue à i e à elho à u à u doà ode oà e ap essado. à HONO‘É,

:

,

.à Oà

nosso século, que se iniciou e tem-se desenvolvido sob a insígnia da civilização industrial, primeiro inventouàaà

ui aàeàdepoisàfezàdelaàoàseuà odeloàdeà ida . (PORTINARI, 2007:01).

Com a Revolução Industrial houve uma reviravolta no que consta à produção de bens e de serviços. Com o aparecimento da máquina, o trabalho humano passou a ser secundário, prevalecendo o trabalho industrial, o que tornou a produção mais rápida, eficaz e em muito maior escala. Começou assim, o consumismo, a globalização, a relação do homem com a máquina, o stress, a poluição e todas as problemáticas inerentes a uma sociedade industrializada. Com o avanço na área da tecnologia, o surgimento da revolução industrial p o o ouà u à e t ao di

ioà

es i e toà de og fi oà asà idades,à dese adea doà u à

crescimento espacial acelerado mas gerando também um empobrecimento considerável de uma parte da populaç oàu a a. à á“CHE‘,

:

Habituados a viver em velocidade, realizamos tarefas cada vez mais rápido, e em grande quantidade, e devido à cultura que nos foi incutida de sermos eficazes,

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Imagem 5: Slow como alternativa

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multidisciplinares, melhores que os outros sentimo-nos mais realizados. Estamos fixados num pensamento de executar tudo mais rápido, pois só assim seremos bons ou reconhecidos como tal. Whileà a à e pe tsà poi tà toà theà e o

ousà o ple it à i à add essi gà issuesà a gi gà f o à theà

destruction of ecosystems to the loss of millions of species, Thich Nhat Hanh identifies one key issue as having the potential to create a tipping point. He believes that we need to move beyond the o eptàofàtheà e i o

e t, àasàitàleadsàpeopleàtoàe pe ie eàthe sel esàa dàEa thàasàtwo separate

entities and to see the planet only in terms of what it can do for them. Thich Nhat Hanh deems it vital that we recognize and respond to the stress we are putting on the Earth if civilization is to survive and shows that mindfulness and a spiritual revolution are needed to protect nature and limit climate change. Love Letter to the Earth is a hopeful book that gives us a path to follow by showing that change is possible only with the recognition that people and the planet are ultimately one and theàsa e. 1 (HANH, 2013:1)

De facto, tentamos por vezes nos comparar a uma máquina ou tentar produzir de tal forma, mas não podemos esquecer que somos seres humanos, que erramos, não temos e hu à ot oà o /off ,àp e isa osàde trabalhar ao estilo de vida que temos. Tudo tem o seu tempo, na hora certa. A natureza é um grande exemplo, há tempo para tudo num momento certo, as estações do ano são divididas em quatro períodos durante o ano. De Março a Junho temos a primavera, que é marcada pelo florescer da flora. Do mês de Junho a Setembro temos o verão, que é marcado pelas temperaturas elevadas e é quando grande parte das pessoas fazem as suas férias. De Setembro a Dezembro temos o outono, que é marcado pela queda das folhas das árvores. Do mês de Dezembro a Março temos o inverno, que é marcado nalguns locais por temperaturas muito baixas ou mesmo com neve.

1

Thich Nhat Hanh é um dos mestres do zen-budismo do mundo de hoje. Um poeta, um ativista da paz e dos

direitos humanos. Tradução do autor desta dissertação do texto citado acima Thich Nhat Hanh identifica uma questão-chave no que consta da relação do homem, da sua condição e a conexão com a natureza. Ele acredita ueà àp e isoài àpa aàal

àdoà o eitoàdeà" eioàa

ie te ,àle a do-nos a experimentar a nós mesmos e à

Terra como duas entidades separadas e ver o planeta apenas em termos do que ele pode fazer por nós. Thich Nhat Hanh considera vital que reconheçamos e que respondamos ao stresse que induzimos a Terra afirmando ser necessário uma atenção plena e uma revolução espiritual para proteger a natureza e limitar as alterações climáticas.

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Imagem 6: Obsessão pelo rápido

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Vivemos numa sociedade em que se podem considerar duas realidades distintas na fo

aàdeàpe sa .àDeàu àlado,à ue e osài à o t aàu aà i

iaà

atu al ,à que podemos

o side a à fast ,àesta doà se p eà u aà o sta teà agitaç oà di ia,à o deà aà e altaç oàdeà fazer tudo com pressa, acaba por nos deixar para segundo plano, esquecemo-nos de nós próprios. Por outro lado, ansiamos por uma vida equilibrada, onde harmonizamos o alvoroço quotidiano com momentos de algum afastamento da poluição sonora ou visual, das regras de horários de trabalho, procurando assim um espaço de relaxamento, que ofereça as circunstâncias que possibilitem esse mesmo equilíbrio tranquilizante, originando numa vivência mais slow, tendo por base o pensamento do slow living. “lo à Living means structuring your life around meaning and fulfillment. Similar to "voluntary simplicity" and "downshifting," it emphasizes a less-is-more approach, focusing on the ualit àofà ou àlife.à…à“lo àLi i gàadd essesàtheàdesi eàtoàleadàaà o eà ala edàlifeàa dàtoà pursue a more holistic sense of well- ei gài àtheàfullestàse seàofàtheà o d.

2

(MEREDITH,

2009:1) Thich Nhat Hanh afirma Weàha eàtheàa ilit àtoà o kà o de s. If we live mindfully in everyday life, walk mindfully, are full of love and caring, then we create a miracle and transform the world into a wonderful place.3 (HANH, 2003:1) Tal ezàoà aio àdesafioàdoà o i e toà“lo àsejaàoàdeà u a àaà ossaà elaç oà neuróti aà o àoàp óp ioàte po.à E como afirmou a antiga primeira-ministra de Israel, Golda Meir, àgo e a à oà elógio,à eà

oà se à go e adosà po à ele. à HONO‘É,à

:

Oà slo à

o e e tà p e o izaà oà auto -

desenvolvimento integrado e á possibilidade de realização do potencial de cada um, defende a biodiversidade, a redução do impacto ambiental e do consumo energético, a justiça, a solidariedade, a e uidade,àaà espo sa ilidadeàso ialàaosàdi eitosàhu a osàeàaàpaz. (SLOW MOVEMENT PORTUGAL, 2012:3) Éàu à odeloàpa aà iver melhor sabendo quando é necessário abrandar ou acelerar não deixando que o a a da e toàseàto eàestag aç o,à e àdei a doà ueàaàa ele aç oàseàto eà a ía a à SLOW MOVEMENT PORTUGAL, 2012:3)

2

T aduç oàdoàauto àdestaàdisse taç oàdoàte toà itadoàa i aà “lo àLi i gàsig ifi aàest utu a àsuaà idaàdeàu aà a ei aà o s ie te.à “e elha teà aà si pli idadeà olu ta ia à eà

eduzi à aà elo idade ,à e fatiza à u aà

abordagem de menos-é-mais, com foco aà ualidadeàdeàsuaà ida…à“lo àLi i gàa o daàoàdesejoàdeàle a àu aà vida mais equilibrada e buscar um sentido mais holístico de bem-esta à oàse tidoà aisàa ploàdaàpala a. àà 3

T aduç oàdoàauto àdestaàdisse taç oàdoàte toà itadoàa i aà Nósàte osàaà apa idade de fazer maravilhas.

Se vivermos conscientemente no dia-a-dia, andarmos conscientemente, cheios de amor e carinho, então ia osàu à ilag eàe àt a sfo

a

osàoà u doàe àu àluga à a a ilhoso.

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Imagem 7: SLOW DOWN

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1.2 Razões da necessidade do Slow Living

Tendo em conta o que anteriormente deixamos escrito, podemos afirmar que “o osàes a izadosàpelaà apidezàeàsu u

i osàtodosàaoà es oà í usài sidioso:àáàFastàLife,à ueàdest óiàosà

nossos hábitos, penetra na privacidade dos nossos lares e nos obriga a comer Fastà Food . (PORTINARI, 2007:01)

Conforme o homem foi desenvolvendo competências para detalhar e retalhar, com mais precisão, o tempo foi se tornando escasso, de modo que passamos a fazer tudo com muita velocidade, passando a viver num ritmo de vida controlado a partir de um objeto: o relógio. Esta situação, tem início a partir da era da máquina em que se tornou mais difícil ter uma vivência equilibrada, isto porque a máquina trouxe a ditadura do tempo (relógio). Esta problemática deu origem a uma época de individualização, menos humanizada, criando uma vida mais acelerada, demasiada impaciente. Segundo Carl Honoré, David Rooney afirma que

aà e oluç oàI dust ial,à ua doàaà idaà

passou a ser governada pelo trabalho, perdemos o controlo, sobre o uso do tempo. O que vemos hoje é talvez o início de uma reacção contra isso. As pessoas parecem ter chegado a um ponto em que não querem ver o seu tempo dividido em pedaços cada vez mais pequenos, com cada vez maior precisão. Não querem ficar obcecadas com o tempo, ou escravos do relógio. Pode haver aqui um to ueàdeà seàoà hefeà àasàho as,àeuà

oà ue oà e ´. à HONO‘É,

:

Nos dias de hoje, estamos diretamente conectados com o mundo que nos rodeia, isto leva-nos a uma vivência muito acelerada. A fast-life ganha uma outra dimensão, por força do surgimento de problemas até físicos relacionados com este estilo de vida. A monotonia e o stress do dia-a-dia, e os engarrafamentos constantes a que somos sujeitos, são premissas que validam o grito sufocado de Honoré: À raiva na estrada, à raiva nas relações, à raiva nas de f ias,à à ai aà oàgi

sio.àG açasà à elo idade,à i e osà aàe aàdaà ai a. à HONO‘É,à

:

.

Devido a essa agitação, su giuàoà o i e toà ha adoà slo à it à ueàp ete deàa a da àoà ritmo de vida. Este pensamento defende que é necessário fazer as tarefas com tempo, ou seja, disfrutar de uma vida com calma, conversar e conviver com os amigos, tendo uma vida mais tranquila. Hoje,à oàe ta to,àaà ea ç oà o t aàaà elo idadeàestaàaàa a ça àpa aàoà o aç oàdaàso iedadeà o à mais urgência do que nunca. A todos os níveis, nas cozinhas, escritórios, salas de música, fábricas,

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Imagem 8: Família

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ginásios, quartos de cama, bairros, galerias de arte, hospitais, centros de convívio e escolas perto de nós, cada vez mais pessoas recusam-se a aceitar o diktat de que mais depressa é sempre melhor. E,à osàseusà uitosàeà a iadosàa tosàdeàdesa ele aç oàjazàaàse e teàdeàu à o i e toàslo àglo al. à (HONORÉ, 2006:22)

Em tempos passados encarava-se a vida de uma forma diferente, passávamos mais tempo em família, criávamos momentos e conversas que não eram perdidas a frente da televisão ou ligado aos computadores. Isto porque a própria vida era regida pelos ciclos da natureza, pela noite / dia, pelos ciclos anuais das estações do ano, ou seja o próprio ser humano comparado com o meio natural usufruía de tempo, tempo este, que era aproveitado parcialmente entre descanso, lazer e trabalho. Podemos considerar como potenciadoras do Slow Living as tarefas do dia-a-dia como por exemplo: cozinhar, a jardinagem, andar de bicicleta, entre outros. Por ser tão simples, por vezes não damos tanta importância, pois já estamos praticamente habituados a faze-lo e acabamos fazendoo automaticamente sem qualquer consciência. Podíamos tirar partido dessas atividades de forma consciente, utilizando-as para aliviar o stress do quotidiano, ou ocupar o tempo ou mesmo por convívio em família. Pren Rawat afirma: The eàisàtheàeti uetteài àthisà o ldàofàho à eàshouldà e,à utà eàa eà otàthat.à We are human. What does it mean to be human? Iàdo tàthink anybody really knows anymore. Maybe they knew a long time ago, but now it has come down to being proper: how you should eat, how you should greet someone, how you should be seen, how you should show yourself, what you should say. So many things happen. At the end of the day, we are all human. And the ability to enjoy this life is innate. So begin to enjoy. á dàthatàe jo

4

e tà a à o

ue à ou tai s.

4

Tradução do autor desta dissertação do texto citado acima Existe uma etiqueta no mundo de como

deveríamos ser, mas não somos isso. Somos humanos. O que significa ser humano? Eu realmente não acho que ninguém saiba mais. Talvez sabiam há algum tempo atrás, mas agora veio por ser apropriado: como deve comer, como deve cumprimentar alguém, como deve ser visto, como deve mostrar-se, o que você deve dizer. Tantas coisas acontecem. No final do dia somos todos humanos. E a capacidade de apreciar esta vida é inata. Então, comece a desfrutar. E que este prazer pode mover mo ta has

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Imagem 9: Convívio em família

Imagem 10: Fast living vs Slow living

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Certamente temos lembranças dos nossos tempos de infância em que participávamos em algumas atividades do seio familiar. Observávamos com ternura, por exemplo, as nossas avós a cozinhar, enquanto isso estávamos a conversa em que explicávamos como tinha sido o nosso o dia. Era o tempo dedicado à família em que estávamos todos no mesmo espaço onde compartíamos momentos e a partilhávamos opiniões acerca de experiências que cada um tinha. (Imagem 9) Esses momentos únicos marcavam a união entre todos. áàp essaàto ouàoàseuàluga à à esaàdeàja ta àdu a teàaà‘e oluç oà Industrial. No século XIX, muito antes da invenção do bar de hambúrgueres para automóveis, um observador resumiu o modo de comer americano como «agarra, engole e segue». Margaret Visser assinala, em Os Rituais do Jantar, que as sociedades industrializadas valorizam a velocidade como um «sinal de controlo e eficácia» oàja ta àfo

al. à…. E à ezàdeà osàse ta

osà o àaàfa íliaàeàosàa igos,à o e osà uitasà ezesàsozi hos,à

em movimento ou a fazer outra coisa qualquer - aàt a alha ,àaà o duzi ,àaàle àoàjo al,àaà a ega à aà et. à….à Qua doàasàfa íliasà o e àju tas,à à uitasà ezesàe àlo aisàdeà o idaà pidaà o oàaàM àDo ald s,ào deàaà efeiç oà

diaàdu aào zeà i utos. à HONO‘É,à

:

Vi e osà cada um por si ,à u à u doà

Hoje em dia, esses momentos são escassos. uitoà i te io ,à e à ueà

oà e isteà pa tilha e

acabamos por ser insensíveis ao que realmente é importante. É necessário começar a dar valor às coisas naturais da vida e a não dar tanta importância às coisas materiais. Com a presença da tecnologia nas nossas vidas, passamos a valorizar o computador, em detrimento do convívio humano. Tirar partido da vida. Por vezes não damos conta do tempo passar e acabamos por não desfrutar da vida como pretendíamos. É urgente encontrar um equilíbrio entre o fast –living e o slow-living (imagem 10). Com esta pressão, a maioria das pessoas sente que cada vez é mais complicado criar o afastamento do mundo do trabalho, pois somos perseguidos pela tecnologia, devido as auto-estradas da informação, sendo que a qualquer momento recebemos um e-mail, um fax ou chamadas ou até mesmo uma simples mensagem. Segundo Carl Honoré, David Rooney afirma que

aà e oluç oàI dust ial,à ua doàaà idaà

passou a ser governada pelo trabalho, perdemos o controlo, sobre o uso do tempo. O que vemos hoje é talvez o início de uma reacção contra isso. As pessoas parecem ter chegado a um ponto em que não querem ver o seu tempo dividido em pedaços cada vez mais pequenos, com cada vez maior precisão. Não querem ficar obcecadas com o tempo, ou escravos do relógio. Pode haver aqui um to ueàdeà seàoà hefeà àasàho as,àeuà

oà ue oà e ´. à HONO‘É,

:

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Imagem 11: Busca do Equilíbrio

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Não podemos afirmar que o stress do trabalho é mau. Quando controlado e equilibrado pode ajudar à concentração aumentando assim a produtividade. O excesso de trabalho também se pode tornar-se devastador, já que encaminha para o colapso mental e físico devido à exaustão. Por vezes, trabalhar menos, ajuda-nos a trabalhar com mais qualidade. áà ti aàdoàt a alho,à ueàpodeàse àsaud elà ua doàe isteà ode aç o,àestaàaàfi a àfo aàdeà o t olo. à ….à àMes o a doença já não mantem o empregado moderno afastado do seu posto de trabalho: um em cada cinco americanos vai trabalhar quando devia estar em casa metido na cama ou a ver um di o. à HONO‘É,

:15)

Segundo o médico, Jon kabat-Zin5 uma vida acelerada pode traduzir certas consequências na vida em sociedade, como problemas de saúde, que se revelam em doenças cardiovasculares, outras doenças sistémicas e até mesmo envelhecimento acelerado. Jon procurou relacionar a medicina com a sabedoria do corpo e da cura com os nossos sentidos e a mente, defendendo que se obtivermos consciência dos nossos sentidos, da nossa mente, do nosso corpo, conseguimos melhorar o nosso bem-estar, alcançando a integridade, de sabedoria e compaixão em nós mesmos. Segundo Jon KabatZin Mi dful essàisàaà e tai à a àofàpa i gàatte tio àthatàisàheali g,àthatàisà esto ati e,àthatàisà e i di gà ouà ofà hoà ouàa tuall àa eàsoàthatà ouàdo tà i dàupàgetti gàe t ai edài toà ei gàaàhu a doing rather than a humanbeing.

6

(SLOW MOVEMENT, 2013:1)

Uma vida consciente incentiva as pessoas a pensarem de forma mais concisa, a encontrar a tranquilidade, criando uma conexão com o presente. Ao melhorar a nossa concentração no dia-a-dia, conseguimos controlar as nossas emoções, originando um maior entusiasmo perante a vida quotidiana. É necessário procurarmos um equilíbrio do nosso tempo, saber geri-lo, de modo a alcançar o nosso próprio bem-estar, tanto físico como psicológico e assim desfrutar melhor da vida.

5

Professor Mérito da Universidade de Massachusetts Medical School

6

Tradução do autor desta dissertação do texto citado acima " Ser cauteloso é uma certa maneira de prestar

atenção que é a curativa, restauradora, que lembra de quem realmente somos, para que não acabemos por ficar presos em ser fazer- humano, em vez de um ser um ser-hu a o.

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Imagem 12: Desfrutar dos tempos livres

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Pa aà oà o i e toà slo ,à oà lo alà deà t a alho é um dos principais campos de batalha. Quando o emprego ocupa tantas horas, o tempo que sobra para tudo o mais encurta. Até as coisas mais simples – levar as crianças à escola, jantar, conversar com os amigos – se tornam numa corrida contrarelógio. Uma forma segura de desacelerar é trabalhar menos. E é exactamente isso que milhões de pessoasàe àtodoàoà u doàest oàaàp o u a àfaze . à HONO‘É,à

:

Essa ideia de pensamento é notável, já que o fato de se passar a trabalhar durante menos horas, influenciará necessariamente nas economias das famílias. Portanto, trabalhar menos tempo torna-se numa forma de poupar dinheiro, pelo fato de, por exemplo, não se verificarem gastos com alimentação, deslocações, estacionamento, jardins-de-infância, etc. Assim sendo, se existir equilíbrio entre a vida pessoal versus a vida profissional existirá mais qualidade de vida a diversos níveis. ásàlo gasàho asà oàe p egoàto a -nos improdutivos, propensos a errar, infelizes e maldispostos. Os consultórios médicos estão a abarrotar de gente queixando-se de males originados pelo stress: insónias, enxaquecas, hipertensão, asma e distúrbios gastrointestinais, para só dizer alguns. HONO‘É,à

:

à Hojeà e à dia,à Muitasà pessoasà ue e à ago aà a uiloà ueà deseja à ou,à elho à

ainda, ontem. Consideram que a velocidade está acima de todo e que ela é o factor decisivo em te

osà o petiti os. à HONO‘É,à

:

à

O fast-living não tem só aspetos negativos, a velocidade ajudou a refazer o nosso mundo em moldes maravilhosos e libertadores. Quem quer viver sem a internet ou as viagens de avião? O problema é que o nosso amor da velocidade, a nossa obsessão em fazermos cada vez mais em cada vez menos tempo, foi demasiado longe; tornou-seà u à í io,à u aàesp ieàdeàidolat ia. à HONORÉ, 2006:14) Oà processo contra a velocidade começa pela economia. O capitalismo moderno gera uma extraordinária riqueza, mas à custa de devorar recursos naturais mais depressa do que a mãeatu ezaà osà o segueà epo à HONO‘É,

:

à Oà apitalis oà est à aà i à de asiadoà depressa,

mesmo para o seu próprio bem, enquanto a pressão de chegar primeiro deixa pouca margem para o controlo da qualidade. Veja-se a indústria dos computadores. Em anos recentes, os fabricantes de software ganharam o hábito de colocar os seus produtos no mercado antes de os testarem completamente. O resultado foi uma epidemia de falhanços, bugs e avarias que custaram às e p esasà ilhõesàdeàdóla esàpo àa o. à HONO‘É,

:

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Imagem 13: Cartaz do evento de Salone del Gusto e Terra Madre

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àáà idaà à aisàdoà ueàoàau e toàdaà elo idade Gandhi Slow Food foi uma organização que surgiu em Roma, em 1986 por iniciativa de um italiano chamado Carlo Petrini, seguido de mais pessoas a apoiar, como consequência da abertura do restaurante Mcdonalds ao lado de sua pizzaria, Piazza di Spagna. Ca loàPet i i,àu à a is

ti oàescritor de gastronomia, lançou a Slow Food. Como o nome sugere, o

o i e toàdefe deàtudoàa uiloà ueàoàM àDo ald sà

oàfaz:àp odutosào igi ais,àlo aisàeàsazo ais;à

receitas passadas de geração em geração; agricultura sustentada; produção artesanal; refeições calmas com famílias e amigos. A Slow Food prega também a «eco - gastronomia» - a noção de que o e à e à pode,à eà de e,à a da à deà

oà dadaà o à aà p ote ç oà doà eioà a

ie te. à HONO‘É,à

2006:62)

Este movimento, Slow Food, tinha como objetivo que as refeições deveriam ser realizadas calmamente, na companhia de amigos e familiares, consumindo alimentos saudáveis provenientes de cada região. Defendia, portanto, a elaboração de produtos orgânicos mantendo as tradições, a cultura local e as características de cada alimento, incentivando assim, a prática da agricultura sustentável. Slow Food foi um dos primeiros manifestos antiglobalização que defendia a consciencialização alimentar, focando-se na importância da salvaguarda da identidade do local. Slow food tem vindo a organizar vários. Eventos entre eles, o Salone del Gusto e Terra Madre, (imagem 13) que têm como finalidade a divulgação de produtos da região onde participam vários chefes de culinária e investigadores. A temática do slow food iniciou e incentivou o programa do slow living das cidades, surgindo como abrandamento das práticas do quotidiano como incentivo à procura do equilíbrio do tempo.

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ossoàs ueà o eçouàeàseàdese Imagem 14:OàFast Food – ulo,à Mc Donalds

ol euàso àaà gideàdaà i ilizaç oài dust ial,à o eçouàpo à

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inventar a máquina e depois tomou-a como modelo. Fomos escravizados pela velocidade e sucumbimos todos ao mesmo insidioso vírus: a Vida Rápida, que perturba os nossos hábitos, invade aàp i a idadeàdosà ossosàla esàeà osào igaàaà o e àCo idaà‘ pida à HONO‘É,à

:

Muitos de nós engoliram a ideia de que, no que toca à comida, quanto mais depressa melhor. Vivemos com pressa, e queremos que as refeições andem a par. Mas muitas pessoas estão a acordar para os prejuízos do agarra-engole-e-segue. Na quinta, na cozinha e à mesa, estão a abrandar. Lide a doà aà a gaà est à u à o i e toà i te a io alà o à u à o eà ueà dizà tudo:à “lo à Food. à (HONORÉ, 2006:61) Pet i iàa haà ueàesteà àu à o àpo toàdeàpa tidaàpa aà o t a ia àaà ossaào sess oàpelaà elo idadeà em todos os aspetos da vida. O manifesto do grupo afirma: « A defesa firme de um calmo prazer ate ialà àaàú i aàfo

aàdeà osàopo

osà àlou u aàu i e salàdaàVidaà‘ pida…àáà ossaàdefesaàde e à

o eça à à esaà o àaà“lo àFood.» à HONO‘É,à

:

à

Lidamos no nosso quotidiano com Fast Food, o stress do trânsito, as conversas rápidas, as viagens fugazes. Andamos sempre com o tempo contado, umas das primeiras coisas que fazemos quando acordamos é olhar para o relógio preocupados para cumprir horários. E é numa tentativa de contrariar esta tendencia que surge a slow food, num ímpedo de afirmação das relações sociais.

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Imagem 15: BIG e JDS, Mountain Dwellings, Copenhagen

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1.3

Relação da Arquitetura com o Slow Living É possível compreender agora que para vivermos num ambiente de Slow Living, não

é necessário pa a àouàa da àaà passoàdeà a a ol . É necessário, encontrar o equilíbrio em qualquer tipo de arquitetura. Sendo uma arquitetura slow, quando aplicada numa cidade ou na nossa própria habitação, torna-se essencial, para obtenção de uma harmonia entre uma vivência slow e fast. Éà po à issoà ueà aà filosofia Lenta pode ser resumida numa simples palavra: equilíbrio. Ser rápido quando faz sentido ser rápido, ser lento quando a lentidão é necessária. Procurar viver no que os músicos chamam o tempo giusto – aà elo idadeà o e ta. à HONO‘É,à

:

Oà a ifesto Cidade Lenta contém cinquenta e cinco pontos, tais como diminuir o ruído e o trânsito; aumentar os espaços verdes e zonas pedestres; ajudar os produtos e lojistas locais, mercados e restaurantes a venderem os seus produtos; promover tecnologias que protejam o ambiente; preservar tradições estéticas e culinárias locais; e fornecer um espirito de hospitalidade e boa vizinhança à HONO‘É,à

:

Ao alcançar esse equilíbrio numa cidade, apercebemo-nos de que o tempo é suficiente para tudo. A obsessão pelo tempo torna-se, assim, desnecessária, o que nos permite aproveitar a vida de forma relaxada, descontraindo em qualquer espaço longe do núcleo da agitação urbana, tal como parques, ou jardins. É possível promover esse ambiente tranquilo na cidade através do próprio mobiliário urbano, da marcação e linhas arborizadas que proporcionem sombras e efeitos de luz. A promoção do comércio tradicional é, também, um fator que influência a prática de uma vivência slow, de forma a dar importância as pessoas e não, por exemplo, ao automóvel. Isto incentiva ao ato de caminhar na cidade, deixando o automóvel em casa, o que garante uma melhor qualidade urbana, já que é o automóvel o grande responsável pela velocidade, pela poluição ambiental bem como a sonora. Ao optarmos por deslocações a pé, torna-se possível usufruir de uma caminhada descomprimida a um ritmo próprio, com liberdade para interagir e conviver com os outros. CidadeàLe taà à aisàdoà ueàu aà idadeà pidaà ueàa a dou.àOà o i e toàp ete deà ia àu à ambiente em que as pessoas possam resistir à pressão de viver segundo o relógio e fazer tudo dep essa. à HONO‘É,à

:

à

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Imagem 16: Arquitetura potencializador duma vivência slow

Imagem 17: Equilíbrio entre a circulação automóvel versus pedonal

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Por ser um dos causadores da aceleração urbana, o automóvel torna-se no principal inimigo da cidade. É considerado inimigo não só por questões ambientais, mas também pelo perigo que representa para o cidadão, já que é um dos maiores responsáveis pelo número de mortes nas estradas. Lamentavelmente, o carro passou a ser um bem comum para todos nós, conseguindo assegurar um grande protagonismo na vida urbana, fazendo com que as pessoas passem para segundo plano. Como consequência, temos as nossas paisagens urbanas repletas de veículos que eliminam grande parte da interação social que poderia estar presente na vida quotidiana. Numa tentativa de contrariar esta ideia de cidade ameaçada pela conturbada convivência de automóveis e pessoas, torna-se urgente batalhar pelos direitos do homem. O Homem terá de conquistar espaço ao automóvel, para que ambos possam conviver com equilíbrio. A solução não reside necessariamente na redução da quantidade de veículos, mas sim na minimização dos espaços de circulação automóvel, proibindo o estacionamento e a circulação em certos locais. Desta forma, as pessoas são estimuladas a circularem a pé, a preferirem a utilização de transportes públicos, ou ciclovias, e, consequentemente incutir na instrução das pessoas em relação ao desenho urbano. Oà “lo à Mo e e tà sig ifi aà u aà eto aà dosà alo esà esse iaisà doà se à hu a o,à dosà pe ue osà prazeres do quotidiano, da simplicidade, da tranquilidade, da desconcentração, da reflexão e ponderação, da convivialidade, da necessidade dabisca de pertencer e criar laços seguros o que só se consegue com um abrandamento das relações humanas, da vivência das cidades, vilas e lugares e dos diferentes contextos sociais como o local de trabalho, a casa, etc. Tem também a intenção de conciliar os ritmos pessoais com os ritmos naturais e biológicos fundamentais para um bom estado deàsaúdeà … à “LOWàMOVEMENTàPO‘TUGáL,à

: ,

A arquitetura é o instrumento fundamental potenciador do slow living, visto que controla a articulação os espaços, em pequena, em média ou grande escala, com cheios e vazios, com espaços públicos e privados, com percursos, através da aplicação de materiais, de texturas, de cores, luz, entre outros. Com estas características, conjugado com a se si ilidadeà slo

de quem projeta, potencia a construção de uma cidade mais

humanizada, onde exista a soberania das pessoas sobre os carros, onde seja evidente a supremacia do homem como ser inteligente, que sabe equilibrar e balançar todos os

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Imagem 18: Procura de paz interior

Imagem 19: Realização de atividades em família interagindo com a natureza

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aspetos da vida à sua volta. Promovendo assim, novas formas de pensar, sentir e desfrutar da cidade. A arquitetura pode ser direcionada para a interação social, potencializando relações de convívio e proximidade entre os vizinhos, recriando uma vivência mais rural no meio urbano onde existe uma sentimento de vizinhança, sem o individualismo que hoje imperamos, proporcionando um estilo de vida mais saudável. Na arquitetura existem diversos pontos com que nos deparamos hoje em dia que influenciam numa vivência slow, como por exemplo os materiais que são utilizados no revestimento, a utilização da madeira, o verde na habitação que influenciam na nossa maneira de agir e de sentir o espaço. O espaço pública também um foco para a vivência slow, onde existem zonas destinadas para exercícios físicos, caminhadas e atividades que incentivam a um convívio e interação com as pessoas ao ar livre, a criação de ciclovias de maneira a que o transporte motorizado não tenha prioridade, o que leva a numa cidade em que opte por bicicleta em vez do transporte a motor. Pea eàisài sideà ou.àWhe e e à ouàgo,àpea eàgoesà ithà ou.àWhe à ouà li

ào àaà us,àpea eàgoesà

with you. When you are fighting, peace goes with you. When you are asleep, peace is within you. When you are frustrated beyond imagination, peace is in you. No matter what you do, there is no place you can go where peace will not come with you. Because it's within you. Through technology, we want to improve our lives. What I am saying is that the real improvement begins with you. I am not saying to sacrifice technology or to sacrifice your responsibilities. Accept your responsibilities, and while accepting those responsibilities, find peace, find joy in you àlife.

7

7

T aduç oàdoàauto àdestaàdisse taç oàdoàte toà itadoàa i aà áàpazàest àde t oàdeà o .àO deà ue à ueà ,à

a paz vai com você. Quando você subir em um ônibus, a paz vai com você. Quando você está lutando, a paz vai com você. Quando você está dormindo, a paz está dentro de você. Quando você está frustrado além da imaginação, a paz está em você. Não importa o que você faça, não existe um lugar por onde você vá sem que a paz não vá com você. Porque está dentro de você. Através da tecnologia, queremos melhorar as nossas vidas. O que estou dizendo é que a verdadeira melhoria começa com você. Eu não estou dizendo para sacrificar a tecnologia ou sacrificar as suas responsabilidades. Aceite as suas responsabilidades, e ao mesmo tempo que aceitar essas responsabilidades, encontre a paz, a alegria em sua vida. "

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Imagem 20

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CAPITULO II UNIVERSIDADE LUSÍADA DO PORTO | DISSERTAÇÃO DE MESTRADO INTEGRADO ARQUITECTURA

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asaàe casa àp patio. tioà Planta, àto adaàe àsuasà a tage sài te Duas asàeà à o e idaà Imagem 21:áà Esquema Corte Perspectivado, Axonometria. considerações 58 | UNIVERSIDADE LUSÍADA DO PORTO | DISSERTAÇÃO DE MESTRADO INTEGRADO ARQUITECTURA

o oàsi plesà


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Capítulo II - A casa pátio como modelo de habitação slow 2.1 Definição de Casa- Pátio Socorrendo-nos da definição no Dicionário da Língua Portuguesa (COSTA, 2004:1255), o pátio é entendido como um à .à‘e i toàdes o e to,à oài te io àdeàu àedifí io;à .à Te e oà u adoà o tíguoà à asa;à .à Vestí ulo,à t io;à …

Assim, o pátio é um local ao ar livre

completamente próprio, privado interior, sendo esta a sua essência. Significa segurança, pelo que a casa abre-se ao exterior sem que nada possa-lhe aceder, proporcionando privacidade, não só no sentido funcional, mas também possessivo e representativo (imagem 21). El hombre necessita un espácio de paz y de recogimento que le proteja del espácio exterior, hostil y desconocido, pero que, sin embargo, participe del día y de la noche, del sol y de la luna, del calor, del frío y de la lluvia. Este espácio, que está sometido al paso de los días y las estaciones, es decir, a lasà eglasà ueàdete

i a àlaàe ist

ia,àesàelà p tio . 8 (BLASER, 2004:07)

Podemos encarar o pátio como um espaço encerrado, com uma abertura ao céu, que estrutura a casa, e que ao mesmo tempo possui um forte caracter simbólico. Nas zonas urbanas, o pátio como parte integrante da habitação, potencia uma vivência com melhor qualidade de vida para o individuo. Constitui-se como espaço aberto e de caracter intimo servindo como centro da casa. No verão, funciona como um espaço ampliado da casa, funcionando como mais uma área de convívio e no inverno como elemento de relação entre o homem e a natureza. Introduz as alterações das estações na habitação e mantém os habitantes protegidos da chuva, do ruido e da agitação urbana.

Oà a igoà te à u aà

importância suprema para o homem. É o fator principal da sua luta constante pela sobrevivência. Nos seus esforços para se proteger das inclemências do tempo e do clima, desenvolveu ao longo dos anos muitos tipos de casas, um dos quais é a casa-p tio. à ‘áPOPO‘T,à

:

Contudo é importante perceber a

origem da casa pátio para o entendimento daquilo que é a tipologia nos diferentes locais e em tempos distintos até o dia de hoje.

8

Tradução do autor desta dissertação do texto citado acima: Oàho e à e essitaàdeàu àespaçoàdeàpazàeàdeà

recolhimento que o proteja do espaço exterior, hostil e desconhecido, mas que, contudo, participe do dia e da noite, do sol e da lua, do calor e do frio, e da chuva. Este espaço que esta submetida à passagem dos dias e das estações, ou melhor, as regras que dete

i a àaàsuaàe ist

ia,à àoàp tio. àà

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2.2 A Casa da origem à atualidade Elàa igoàtie eàu aài po ta iaàsup e aàpa aàelàho

e.àEsàel factor principal de su lucha constante

por la supervivencia. En sus esfuerzos para protegerse de las inclemencias del tiempo y del clima, ha desa olladoà aà loà la goà deà losà añosà u hosà tiposà deà i ie das,à u oà deà losà ualesà esà laà asaà o à patio. à 9

(RAPOPORT, 1972:32)

O presente capítulo pretende enquadrar a forma do pátio na arquitetura, numa tentativa de definição, e propõe hipóteses para uma análise do pátio como elemento doméstico. Para isso, é realizada uma reflexão sobre a relação da casa-pátio como vivência slow, percebendo a sua organização espacial, à nível ambiental, estrutural e em relação a sua circulação vertical. Contudo, exploramos as condições para sua definição, os temas de arquitetura que introduz quando integra a composição de uma casa bem como as funções da vida domestica. Neste capítulo, é estudado também o seu valor histórico e as reflexões sobre a sua interpretação de como a vivência slow era persistente desde essa época, sendo assim analisamos referências de casa-pátio na Mesopotâmia, Egipto, Grécia e na Roma. Visto que a casa – pátio, é uma das tipologias com maior persistência em diversos locais, denota-se um caracter universal e intemporal com efe

iasàt oàa tigasà o oàaàp óp iaà

origem da actividade urbana, plenas de significados e correspondendo a diferentes apropriações e utilizações à “il ei a,à

:

.à A

presença do pátio, sendo um dos espaços mais antigos,

consegue transmitir ao humano sensações como na altura em que o homem vivia nas cavernas, junto da natureza que, à … àparticipe del dia y de la noche, del sol y de la luna, del calor, del f ioà àdeàlaàllu ia.àEsteàespa io,à ueàest àso etidoàalàpasoàdeàlosàdiasà àlasàesta io es,à … àaàlasà eglasà ueà dete

i a àlaàe iste ia,àesàelà patio .

10

(BLASER, 2004:7)

9

Tradução do autor desta dissertação do texto citado acima:à O abrigo tem uma importância suprema para o homem. É o factor principal da sua luta constante pela sobrevivência. Nos seus esforços para se proteger das inclemências do tempo e do clima, desenvolveu ao longo dos anos muitos tipos de casas, um dos quais é a casa-p tio. T aduç oàdoàauto àdestaàdisse taç oàdoàte toà itadoàa i a:à à … àpa ti ipaàdoàdiaàeàdaà oite,àdoàsolàeàdaà lua, do calor, do frio e da chuva. Este espaço, está presente na passagem dos dias e das estações do ano, (...) as regras que determinam a sua existência, é o "pátio".

10

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Porque é que a tipologia de casas pátio, sendo utilizada desde há muitos anos, ainda tem ainda presença tão forte nos dias de hoje? Que influências trouxeram para as nossas vivências? A casa – pátio, ao longo dos tempos, adquiriu diferentes tipos de funções. Além da habitação, deparamo-nos com a sua utilização em construção de edifícios religiosos, mesquitas muçulmanas. Sendo considerado após alguns anos como elemento de funcionalidade, passando a ser utilizado em ambientes monumentais. Para compreender a origem e a evolução da casa pátio, é essencial estudar as grandes civilizações milenárias Egipto e Mesopotâmia. Podemos dizer que este tipo de construção abrangeu vários tipos de usos, começando pela habitação e posteriormente ligado a conceitos religiosos tanto nas mesquitas muçulmanas como em edifícios da religião crista. Séculos mais tarde torna-se característico de ambientes monumentais chegando a arquitetura moderna como um elemento de funcionalidade.

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Imagem 22: Casa em Ur, entre 3000 a 4000 a.C.

Imagem 23: Casa com patio em Ur, 2000 a.C. 62 | UNIVERSIDADE LUSÍADA DO PORTO | DISSERTAÇÃO DE MESTRADO INTEGRADO ARQUITECTURA


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2.2.1 A Casa-Pátio na Mesopotâmia A região de mesopotâmia fica localizada no Oriente Médio, entre os vales dos rios tigre e Eufrates, atualmente o Iraque. Na cidade de Ur, (Imagem 22) (séc. XX a.C.), quanto ao seu nível geométrico e ao nível da sua composição as habitações unifamiliares possuíam um limite ao exterior, mantendo as fachadas sem aberturas para a rua. Essas casas eram normalmente eram compostas por sete divisões e tinham dois pisos de altura, podendo variar para um piso. A entrada da habitação era feita por um hall responsável pela passagem do exterior para a zona central, o respetivo pátio, que faz a distribuição para os diversos compartimentos. Essa passagem não é feita de forma direta, visto que a entrada permite que o pátio e os restantes compartimentos não sejam visíveis da rua, respeitando o ritual que existe nessa transição de exterior, profano e para o interior sagrado. Relativamente ao acesso às divisões da casa, era feito à volta do pátio e referente ao acesso ao piso superior, havia um compartimento na habitação que continha uma caixa de escadas para esse efeito. No que diz respeito ao material utilizado, usualmente eram construídas em tijolos de barro cozido, dando origem as paredes grossas. O pátio central era de forma regular (Imagem 23). Sendo o pátio a zona central da casa, já adquiria um conceito de vivência slow, pois sendo fechada para o exterior, utilizavam o pátio como fonte de iluminação, bem como um espaço de união em relação aos compartimentos da casa, onde participava de todos os acontecimentos do quotidiano; um espaço de intimidade familiar. Normalmente, a forma do pátio era determinada por questões de ordem social referente a riqueza dos seus habitantes ou a dimensão do próprio agregado familiar e, também, relativo a nível climático em relação a altura e largura eram influenciadas pelas estações, de forma que no verão o ambiente fosse sombreado e agradável. O pátio geralmente situa-se no piso térreo, mas no caso da cidade de Chardaia ou de Bem Isguem, na Argélia, localizava-se no primeiro piso. A casa-pátio da mesopotâmia permitia uma grande construção populacional, desenvolvendo uma malha urbana. Tendo como característica predominante a introversão, a interioridade, fortalecendo assim, a ideia de casa como um espaço sagrado. A casa sendo fechada ao mundo exterior privilegiava um interior ligado à natureza – o céu.

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Imagem 24: Planta de Kahun

Imagem 25: Cidade Deir el-Medina 64 | UNIVERSIDADE LUSÍADA DO PORTO | DISSERTAÇÃO DE MESTRADO INTEGRADO ARQUITECTURA


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2.2.2 A casa pátio do Egipto No Egipto, a arquitetura era mais direcionada para o rei, para o conceito religioso da imortalidade. Além desse foco para edifícios de um caracter monumental, construíramse algumas residências com pátios e átrios. A casa com pátio egípcia manteve algumas características da mesopotâmia como a própria estrutura da casa, e a utilização da matéria-prima na realização da mesma, como a terra (proveniente dos lobos das margens do rio Nilo). Na região do Egipto o material que existia em maior abundância era a pedra, que era utilizada em grandes palácios e templos. Nas restantes construções, como mais habitações, era predominante a utilização de adobe e a taipa como matéria de construção. As habitações pertencentes às famílias mais nobres, também possuíam um pátio, que se localizava num piso situado nas traseiras. Visto que as fachadas eram encerradas para o exterior, a luz necessária para iluminar os compartimentos era obtida através a abertura do pátio. Segundo Goitia, uma das cidades mais antigas consideradas como exemplo de habitação é a cidade de Illahun (Imagem 24) (atual Kahun), que tinha como objetivo abrigar os trabalhadores na construção das pirâmides. Possuía como organização um traçado regular disposto perpendicularmente, e continha uma composição de habitações em blocos retangulares onde ficava localizado um pátio no seu interior. ásàpe ue asà asas,àouà lulas,àe a à o stituídasàpo àha itaçõesà i ús ulasà à oltaàdeàu àp tioàfe hado. à Goitia, 2008:40), sendo

a sua organização semelhante à da cidade de Ur, o tamanho das habitações diferiam consoante o número de ocupantes. Goitia (2008:40,41) afirma, Oà o ju toàdeà idadeàfo a aà um retângulo fechado, rodeado por taipas e protegido por um fosso. A vida devia decorrer nestes minúsculos pátios e terraços, aos quais se subia por escadas que foi possível localizar. A construção não poderia ser mais po e:àado eàeàte açosàfeitosàdeà adei aàeà a a,àa assadosà o à a o .à

Na cidade de Deir el Medina (Imagem 25) a construção da necrópole real, continha apenas um piso e a sua forma era retangular. A composição da casa organizava-se tendo um pátio junto à entrada, com a sala e os dormitórios na sua proximidade, e estes estavam orientados para um pátio secundário, localizado nas traseiras.

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Imagem 26: Perspectiva da cidade Tell em Amarna

Imagem 27: Planta cidade de Tell em Amarna

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AS VIVÊNCIAS SLOW EM AVEIRO COM CASAS PÁTIO

Na cidade de Tell El-Amarn, (Imagem 26) os pátios mantinham as mesmas funções que na cidade de Kahun e Deir el Medina. A composição das suas casas eram semelhantes, com um traçado regular que preservava a organização em retângulo, com um pátio junto à zona de entrada. O material utilizado para à construção era a pedra. No centro da habitação ficava localizado a sala, e nas traseiras as zonas de dormir e a cozinha. A casa de um responsável de obra tinha maior dimensão do que a casa de um operário, e neste caso (imagem 27), o pátio estava localizado no centro, onde dava acesso a uma escada que fazia a distribuição para o piso de cima. Os compartimentos de maior importância eram virados para o pátio que destacavam-se das restantes divisões. Como nas casas pátio romanas, as residências egípcias variavam conforme questões de ordens sociais, posto isso existiram vários modelos de casas com pátio. Ao nível climático controlavam a incidência de luz no pátio ao cobri-lo por tapetes ou uma espécie de véu de modo a diminuir a exposição solar. Este tipo de proteção era atado nas extremidades superiores do pátio, sendo este esticado ou dobrado conforme as necessidades climáticas. Era neste espaço que se desenvolvia a vida domestica.

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Imagem 28: Casa em Olinto

Imagem 29: Planta da Casa em Olinto

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2.2.3 A Casa Pátio Grega Nas civilizações clássicas, como no caso da Grécia, era igualmente utilizado o pátio interior. As fachadas não tinham aberturas para o exterior, o que possibilitava uma intimidade interna e uma vivência mais interiorizada sem a influência do exterior. A casa era normalmente constituída por um piso. A utilização de dois pisos era apenas destinado para as famílias mais abastadas. Utilizavam a construção em tijolos ou pedra e o seu pavimento era em terra batida, com a exceção do pavimento da zona da sala de jantar, que tinha como revestimento mosaicos que possibilitavam a sua lavagem e higienização. Elà punto culminante en la evolución de la casa con patio se encuentra en el apogeo de la cultura griega hacia los siglos IV y Vàa.C.

11

(BLASER, 2004:13)

O pátio Grego estava orientado a sul da habitação, para que os compartimentos da casa usufruíssem melhor da iluminação natural, e recorreram à colocação de um pórtico junto ao pátio de modo a proteger a habitação das temperaturas mais elevadas. O pátio além da função de fonte de luz e ventilação da casa, proporcionava um convívio familiar, e atividades quotidianos ao ar livre. A entrada da habitação era localizada no lado oposto, possibilitando que no inverno a habitação adquira melhor luminosidade. No caso da casa em Olinto (imagem30,31), a habitação é um dos poucos exemplos em que o pátio serve de entrada para o interior, possibilitando uma maior facilidade em aceder aos compartimentos principais, sem haver um grande afastamento entre eles. A casa é constituída por um pátio que se divide em duas partes, duas antecâmeras, uma cozinha, três quartos, uma sala de estar, uma instalação sanitária, uma sala de arrumos e uma sala de banquetes e festas. Segundo Goitia (2008: 51,52), a casa e aà o st uídaà à oltaàdeàu àp tioà ueàlheàpe itiaà beneficiar da exposição a sul. Em Olinto, o pátio situava.se sempre na fachada sul do bloco, mesmo que a entrada da casa fosse noutro lado. O sol podia assim penetrar, no inverno, até ao fundo da habitação principal, que usualmente estava atras de pórtico, e maneira que no verão, pelo contrário, quando o sol esta aà aisàalto,àesteàpó ti oàdefe diaàaà asaàdosàg a desà alo es

11

Tradução do autor desta dissertação do texto citado acima: O ponto alto na evolução da casa pátio está

localizado no auge da cultura grega desde os séculos IV e V a.C."

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Imagem 30: Casa Grécia, cerca de 100 a.C.

Imagem 31: Casa em isla de Dalvo, cerca 100 a.C.

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Segundo Antón Capitel (2005:10), Megarón é u àte ploà ujaài po t

iaàfo mal preside

e qualifica o pátio. Porém as ausências de monumentalidade, e perfeccionismo formal existente nas grandes construções. Na casa grega, não existem galerias, nem colunatas contínuas, nem simetria e a sua planta não à uad a gula .

Desta forma, Megarón distingue a importância de um foco central, que

privilegia a ideia de união familiar; o resguardo, que transmite uma proteção e ao mesmo tempo espaço divino; e, por último, a presença da luz, que confere uma atmosfera ao espaço habitável e um contraste de efeito luz e sombra, provocando diferentes experiências na habitação. A casa de Priene, era constituída por um compartimento principal semelhante ao caso de Megarón, que continha colunas que delimitavam o pátio em apenas um dos lados. O acesso à habitação era feito num dos lados, posicionado estrategicamente de forma funcional de maneira a facilitar a comunicação direta com o exterior, sendo que essa entrada não ficava, normalmente centrada. As casas gregas tinham, por norma, dois pisos de altura, havendo ligação entre elas através de paredes meeiras. A casa Megarón é substituída pela casa com peristilo, por volta do séc. V a. C., sendo mais tarde uma influência para os romanos. Esta nova configuração, mostra o peristilo como o novo espaço central desta casa urbana (imagem 31). O peristilo era composto por um pátio rodeado por colunas, e que por sua vez tinha uma primeira função de distribuição para os restantes compartimentos da casa. Os pátios nessa época, tinham vários significados: a quantidade de pátios denunciava a riqueza dos donos das casas; o seu uso evitava a abertura de janelas nas paredes exteriores permitindo maior intimidade interior e escondendo a vivência no interior da casa; iluminavam e ventilavam e permitiam, também realizar as diversas atividades familiares do quotidiano. Todos os pátios possuíam ao centro o deus do pátio, o Zeus Herkeios.

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Imagem 32: Casa Romana com peristilo

Imagem 33: Casa italiana com átrio em Pompeia

Imagem 34: Casa Italiana com peristilo

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2.2.4 Casa – Pátio em Roma A Casa-Pátio romana sofreu fortes influências da casa grega, mantendo a sua forma em quarteirão irregular, mas destacando-se na sua composição. Tomando por base o princípio da casa grega, sendo uma casa sem aberturas para o exterior, a casa romana marcou a diferença pela composição em simetria, por vezes em dois eixos e na procura da perfeição no desenho dos seus alçados no espaço central. Em relação às primeiras casas pátio, foram os romanos os grandes responsáveis pela nossa organização social e cultural. Ta toàaà asaàg egaà o oàaà asaà o a aà a a te iza a -se pela sua organização em torno de um pátio sobre o qual se abriam os aposentos restringindo as aberturas para o exterior. Este efeito, além de conferir privacidade e uma dimensão transcendente de abertura ao divino, permitia rendibilizar os espaços urbanos (ao encostar as empenas) .à “ILVEI‘á,à

9:59).

Sendo essa

organização posta em prática em locais sobrepovoados e hierarquizados. Segundo Alarcão (1985:32), em relação ao estudo da casa urbana romana afirma: oà àf ilàdefi i à o à igo àasàt sàfo

asàfu da e taisàdoà poço ài te io àdeàluzàeàa àdaà asa romana: átrio,

peristilo e pátio. O atrium e o pristylum têm de definir-se como um espaço central descoberto rodeado por u àespaçoàdeà i ulaç o. áà asaà u a aà típi aà doà últi oà pe íodoà o a oà ti haà doisà p tiosà retangulares, o pequeno denominado átrio e de maior tamanho peristilo, embora seja também frequente a existência de um terceiro espaço aberto, a horta. O átrio e a sua área contígua conformavam a secção mais publica da casa, enquanto que a do peristilo constituía a mais privada, de uso exclusivame teàfa ilia . (SHOENAUER, 1984:228)

Vitrúvio (séc. I d. c.) considerava o átrio um aposento, o principal da casa, pois além de promover iluminação e ventilação natural, servia como reservatório das águas pluviais e principalmente como zona de entrada do edifício. Pa aàPie eàG i al,àoàat iu à o a oàfoiàassi à su stituídoàpo àu àpe istiloàdoàtipoàdasà asasàdeà Delosà aàG

ia.àEàa es e taà ueàaàú i aàdife e çaàe t eàeles,à

o reside na sua disposição, mas nas funções

que lhe são consignadas. Como os costumes gregos não comportam a visita matinal dos clientes, nem as grandes receções oficiais que marcam o dia do magistrado romano, o peristilo conserva um caracter essencialmente privado. É o centro da vida doméstica. É lá que pode permanecer as mulheres, Entre os

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Imagem 35: Casa Romana com peristilo

Imagem 36: Insulae Romana

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romanos, pelo contrário o atrium permanece o local da representação por excelência e a vida provada deve refugiar-seà out oàluga . (SILVEIRA, 1999:63)

Nas casas romanas, o pátio interior se transformou num espaço exterior, sendo aberto ao céu, facilitando a entrada de luz natural e o arejamento para os compartimentos da envolvente. O pátio passa a ser o espaço principal da casa, um espaço multifuncional e o centro da vida doméstica, e é fundamental na distribuição interna da casa. A casa etrusca, era constituída por um único piso, e não tinham janelas. O pátio situava-se no centro da casa, com uma abertura no teto, para extração de fumo e para iluminação da habitação. O pátio torna-se o espaço mais regular e simétrico, de maior investimento formal e decorativo, ao contrário das paredes exteriores que não tinham qualquer investimento arquitetónico (imagem 35). Com a localização do pátio, a vida familiar afasta-se do domínio público e a casa encerra-se sobre si própria. Nas cidades romanas, o tipo de habitação utilizada é influenciada pelo nível e o ó i oàdeà adaàfa ília.àásàfa íliasà o à aisàpossesà esidia à asà ha adasà Do us ,à que eram residências urbanas das famílias importantes da Roma Antiga. As famílias mais care iadasà o a a à asà I sulae ,à I age à

à que eram apartamentos estreitos e

sobrepovoados situados em edifícios de vários andares.

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Imagem 37: House J - Keiko Maita

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2.2.5 Casa – Pátio na atualidade De acordo com a investigação desenvolvida, podemos observar que algumas destas características estão presentes nas casas pátio da atualidade. Nos exemplos que averiguamos, apercebemo-nos que naquela época inseriam-se inconscientemente certas características do movimento slow. Acerca da volumetria eram geralmente encerradas para o exterior, privando deste contato, e fechando-se no interior da habitação. A presença do pátio era fundamental na tradição que adquiriam, idealizaram o interior era como sagrado e o exterior como profano. O pátio situava-se normalmente no centro da habitação, podendo noutros casos apresentar mais que um pátio como por exemplo na imagem 34 na página 72. Consoante a tipologia adotada, não existia nenhum contato visual com exterior, podendo somente usufruir do pátio como fonte de iluminação, proximidade com o céu (natureza). Desta forma traduz a ideologia do slow living com a interação de uma forma sagrada, onde a habitação é um local familiar sem a comunicação direta com o exterior, valorizando o meio doméstico. Esta realidade pode ser constatada nos casos de estudo que seguidamente trataremos.

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Imagem 38: Alvar alto – Casa experimental

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2.3 Casos de Estudo 2.3.1 Alvar Aalto – Casa experimental Em 1953, Alvar Aalto inicia um projeto de uma casa de férias em Muuratsalo, com o objetivo não somente de lazer próprio ou familiar, mas também com o fim de manter a atividade profissional com os seus colaboradores e hóspedes, criando assim um acampamento de trabalho. Alvar Aalto utilizou esta casa como meio experimental, tal como o próprio nome i di aà asaàe pe i e tal .àáàe pe i entação desenvolveu-se ao nível dos materiais, com a composição de variadas texturas e diferentes formas de aplicação. Tendo como objetivo estudar os materiais e a composição entre eles, analisando a sua reação no clima em que se insere, o seu envelhecimento, e o resultado proveniente do revestimento origina assim um pátio tanto peculiar. Alvar Aalto afirma Laàe pe i e ta ió ,àelà l uloà àelàutilita is oà osàaleja à de la filosofía que propone el juego, debemos pensar más en el juego cuando construimos … . Debemos ete àelàt a ajoàe pe i e talàe àlaà e talidadàlúdi aà à i e e sa .à 12 (THORNBERG,2001:41)

Esta obra tem como referência as casas da antiga Grécia, na sua organização espacial, limitando o espaço da família e o lugar do fogo sagrado presente no centro do pátio. O fogo sagrado (Luz sagrada) era sinónimo de família na antiguidade, ele tinha que estar sempre presente na família. A casa é composta por uma zona de quartos distribuída pelo corredor, uma zona de estar definida por um volume realçado pela sua inclinação na cobertura, auxiliando na configuração do pátio, junto a entrada que abre sobre a paisagem. A limitação do muro contínua, faz-nos perceber que o perímetro da casa tem uma forma quadrangular, e que na zona de entrada foram construídas paredes que definem uma outra forma do pátio sendo esta também quadrada. A representação do pátio dá-nos uma ideia de espaço interior, uma zona social da habitação, e que simplesmente foi retirada a cobertura.

12

T aduç oàdoàauto àdestaàdisse taç oàdoàte toà itadoàa i a:à áàe pe i e taç o,àoà l uloàeàoàutilita is oà

nos afasta da filosofia que propõe o jogo, devemos pensar mais sobre o jogo quando nós construímos a cidade. Devemos colocar o trabalho experimental na mentalidade lúdica e vice- e sa àà

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Imagem 39: Satoshi Kurosaki – Shift House

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2.3.2 Satoshi Kurosaki - Shift House

Esta habitação situa-se nos arredores de Tóquio, do arquiteto Satoshi Kurosaki. Detém um grande contraste grande com o exterior pelo facto de não possuir nenhuma janela virada para o mundo exterior, ou seja, é completamente fechada e contém, no seu interior um vazio, que origina um pátio. O pátio é central, o que possibilita a entrada e luz natural para o interior da habitação, proporcionando uma relação visual com todos os compartimentos da casa. No interior do pátio está inserida uma árvore que tem como objetivo criar um equilíbrio da arquitetura com a natureza. A casa é organizada em dois pisos. No rés-do-chão estão localizadas a sala de jantar e a cozinha, havendo um pátio inserido no centro, e, junto a esse pátio, existe uma escada com um caracter simbólico que fornece a comunicação com as restantes divisões da casa. No piso superior, existe uma sala polivalente para realização de atividades, e na restante área encontram-se as instalações sanitárias e os quartos, onde é possível usufruir de pequenos jardins que estão localizados de maneira a fornecer luz e aberturas para os dormitórios. Agrupando um jardim ao céu aberto no seu interior, torna-se possível desfrutar das quatro estações. A rutura que existe entre o interior e o exterior, ajuda à interiorização mais para o centro da habitação, ajudando assim, a manter a mente fresca para a vida quotidiana.

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Imagem 40: Perspetiva da Casa Azuma

Imagem 41: Plantas

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2.3.3 Tadao Ando - Casa Azuma Neste projeto, a Casa Azuma construída em 1975-76, situa-se em Osaka, num bairro de classe operária, onde o próprio arquiteto iniciou a sua vida profissional. Tadao Ando valorizou o contacto com o exterior, e preocupou-se em criar casas em espaços mais eduzidosà deà fo

aà aà o

ate à

o à fatores complexos – como a tradição e a

modernidade, os anseios e os orçamentos limitado dos clientes, as exigências da vida uotidia aàeàasàe ig

iasàdaàest ti aà … . à FU‘UYáMá,à

:

à

A fachada cega contendo somente uma abertura central, marca a simetria usando uma composição simplificada de duas formas retangulares: uma para o limite da fachada e outra a porta de entrada. A habitação é composta por dois pisos, sendo a sua composição dividida em três partes iguais, e possui um pátio na sua zona central. O pátio contém um passadiço e uma escada para fazer o acesso aos restantes compartimentos. É o coração da habitação e é através dele que se tem acesso às divisões da casa, além de possuir uma função distributiva, participa na casa e detém um papel ativo no quotidiano. Inserido no interior da habitação e aberto para o céu, permite uma confrontação física e visual com a natureza, visto que essa configuração permite uma abstração do exterior, estando ele isolado. O habitante, ao ter que percorrer o pátio participa das mudanças do tempo, tendo um contacto muito próximo com a natureza. Essa proximidade faz com que o homem tenha a perceção das estações do ano, da noite ou do dia. Laà ou àestàleà œudàdeàtoutesàlesà a ti it esàe ista tesàda sàleàp oje t;àelleàaàpou àfo tio àd i t odui eàda sàleà

ti e tàlesà

éléments naturels tells que la lumière, le vente et la pluie. Elle doit permettre de sensibiliser les occupants à la nature

13

13

(NUSSAUME, 1999:46).

T aduç oàdoàauto àdaàdisse taç oàdaà itaç oàa i a:à Oàp tioà àoà e t oàdeàtodasàasàati idadesàe iste tesà

no projeto; tendo como função introduzir no edifício os elementos naturais como a luz, o vento e a chuva. Eleàde eàpe

iti àaàse si ilizaç oàdosào upa tesà o àaà atu eza. àà

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Imagem 42: Perspectiva do 1º piso para o corredor

Imagem 43: Vista do pátio

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Esta confrontação corpórea e não apenas visual é a diferença entre as claraboias, os lanternins e o pátio. A principal função do pátio nesta obra é a função distributiva, e esta mesma função surge como o principal motivo que obriga os indivíduos a percorrer o pátio. Os habitantes vivem para o pátio, como na própria tradição oriental, pois isolam-se da rua. É o pátio que lhes dá luz e a perceção do ambiente exterior. Tadao Ando é defensor do contato com o exterior através de um pátio com funções distributivas. Nem sempre o pátio é o centro da casa. Contudo ele possui um papel ativo no quotidiano; constitui um espaço inteiramente aberto às condições climatéricas, o que obriga continuadamente os indivíduos a uma confrontação, não apenas visual mas também física, com a natureza – slow living.

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Imagem 44: Renders da tipologias

Imagem 45: Visualização de cima da maquete

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2.3.4 MVRDV - Quarteirão de casas-pátio Este projeto localiza-se em Ypenburg, na Holanda, e foi realizado pelo grupo de arquiteto MVRDV em 1999. A composição de formas e pátios é tal, que dificilmente conseguimos distinguir as diversas unidades habitacionais (imagem 45). À primeira vista parece estarmos perante um enorme labirinto, dadas as insólitas formas e conjugações habitacionais. Todo o conjunto marca contrapostos: à coletividade do quarteirão opõe-se a individualidade de cada casa; à simplicidade regular da superfície construída opõe-se a complexidade formal das habitações, ou seja à homogeneização opõe-se a diferenciação. Casa unidade é singular e possui o (s) seu s) pátio(s) dotado(s) duplamente de flexibilidade formal e espacial, possibilitando a alta densidade contida num quarteirão regular. Sendo a composição regular e estudada das formas, este projeto é o que melhor retoma a ideia de ocupação densa e diversa do lote característica em antigos exemplos; losà u osàta

i

à e ue da àu asàe a atio esàa ueológi as,à azó àpo àlaà ueàWi àMaasàta

gusta hablar del modeloàPo pe a à Elà o uisà º

ie àleà

:122).

A composição das formas é feita desde do princípio e não de modo espontâneo. Cada tipologia tem o seu espaço aberto privado sem que esta seja interferida com a sua própria área. Devido a dimensão da proposta, existe uma infinidade de tipologias habitacionais bem como os espaços comuns diversificados que são criados nessas transições, originando áreas de interação entre moradores.

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Imagem 46: Ludwig Hilberseimer - Cidade horizontal

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2.3.5 Ludwig Hilberseimer - Cidade horizontal O projeto da cidade horizontal de Hilberseimer, tratou-se de um projeto de estudo de densidades. A casa pátio com a sua configuração em L e com apenas um piso proporciona aos indivíduos, em qualquer compartimento da habitação a relação visual com o pátio. Com esta volumetria em L permite que um corpo se reserve para a zona noturna, de quartos, e outra diurna, de serviços e de estar. Este projeto refere o seu conceito de casa-pátio, e aparece como uma alternativa ao bloco de habitação da cidade vertical. Como se tem vindo a demonstrar nas várias cidades ao longo da história, as condicionantes influíram na escolha das tipologias. Na cidade horizontal de L. Hilberseimer, era necessário à partida ter em conta o fator de densidade de população por superfície, a sua morfologia do terreno bem como os fatores climáticos. Estes determinariam a extensão da cidade e o dimensionamento das casas-pátio. Esta cidade horizontal possibilitou, uma unidade urbana com um tecido homogéneo, onde propicie o contato com o verde originado pelas árvores que reforçam a intimidade da casa. O pátio é solução para a criação de um habitat pessoal e em contacto com a natureza dentro de um ambiente citadino. Assim, a volumetria regular de uma casa em L determina o local onde o pátio é o espaço vazio que possibilita uma espontânea convivência com a natureza numa propriedade que, apesar de exterior, transmite fatores e ideias de interioridade e proteção. Contudo, esta casa introvertida duplica-se num sistema regular, criando um denso tecido homogéneo onde as ruas estreitas, em conexão com o passado, têm simplesmente como objetivo realizar o acesso às habitações. Assim, a evidente desigualdade em relação às primeiras cidades com pátio reside no fato de cada unidade se repetir de forma constante, levando a que todas as casas sejam a reprodução de uma unidade única. Lembrando uma fabricação em massa, este sistema produz uma cidade homogénea diferente da variedade habitacional e de cheios e vazios

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Imagem 47: Esquisso de Ludwig Hilberseimer - Cidade horizontal

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característicos dos antecedentes aglomerados. São várias as experiências urbanísticas com pátio que à semelhança do estudo de Hilberseimer recorrem à capacidade de agregação e densidade do pátio apoiando-se em malhas regulares. Nos vários estudos, levantam-se novas questões no ato de projetar a cidade. Para além dos valores de introversão e contato privado com a natureza, questões sociais de consciência coletiva surgem no plano urbano. A repetição métrica de uma ou mais unidades com pátio e a sua leitura mais ou menos homogénea é frequente e torna-se um sistema comum, inclusive nos valores compositivos do projeto.

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Imagem 48: Render Proposta

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CAPITULO III UNIVERSIDADE LUSÍADA DO PORTO | DISSERTAÇÃO DE MESTRADO INTEGRADO ARQUITECTURA

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Imagem 49: Localização de Aveiro

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Capítulo III – As Vivências Slow em Aveiro com Casas-Pátio 3.1 Contexto histórico da cidade de Aveiro à áà idadeà deà á ei oà instalou-se à beira dessa zona húmida, ganhando pouco a pouco, o estatuto de cidade cosmopolita desde a Idade Média, onde aportavam barcos vindos de toda a parte para a colheita do sal. A cidade desenvolveu-se em torno da atividade salineira e industrial du a teà todoà oà s .à XIXà eà i í iosà doà s .à XX (ALMEIDA, 2007:90) A cidade de Aveiro localiza-se na região centro de Portugal, na sub-região do baixo Vouga, a cerca de 55km Noroeste de Coimbra e a cerca de 70 Km do Porto, é delimitada a Norte pelo Município de Murtosa, a Este pelo de Albergaria- a- Velha, a Sudeste pelos Municípios de Águeda e Oliveira do Bairro, a sudeste pelo de Vagos, a Oeste pelo Ílhavo e pelo Oceano Atlântico. Assim sendo, Aveiro é uma cidade com excelentes facilidades tanto a nível ferroviário como rodoviário, a norte pelo acesso a auto-estrada A1 - A25 ou como A29 – A25 e pelo sul auto-estrada A1 – EN 235 ou A17, mesmo na ligação ao interior em direção a Espanha através da IP5. Aveiro possuí cerca de 55.290 habitantes e é composta por catorze freguesias, entre as quais Aradas, Cacia, Eixo, Eirol; Esgueira; Glória; Vera Cruz; Oliveirinha; Nª Sª Fátima; Requeixo; Nariz; Sta. Joana; São Bernardo; São Jacinto. Devido à sua localização, e a proximidade com a água sendo é conhecida como a Ve eza àdeàPo tugal,àjá que possui canais e linhas de água que invadem o centro de Aveiro proporcionando assim uma relação única entre a ria e aos que percorrem a cidade. Aveiro adquire uma vasta variedade de entretenimento para o público no centro urbano, variedade de mobilidade desde o ferroviário, portuário, serviços como a universidade que concentra um grande número de estudantes e como também atracão turística. A cidade de Aveiro é caracterizada pela construção naval, pesca e transporte de mercadorias, devido a sua proximidade a zona húmida da cidade onde desenvolvem-se em torno da atividade ligada ao sal e a indústria.

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Imagem 50: Muralha de Aveiro 1696

Imagem 51: Estação Ferroviária 1920

Imagem 52: Estação Ferroviária Atualmente

Imagem 53: Avenida Dr. Lourenço Peixinho (circulado em 1949) Imagem 54: Localização aérea da Avenida 96 | UNIVERSIDADE LUSÍADA DO PORTO | DISSERTAÇÃO DE MESTRADO INTEGRADO ARQUITECTURA


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Relativamente a história de Aveiro, um dos elementos mais marcantes para a cidade foi a construção da muralha, ordenada por D. Pedro, no século XV, o que influenciou a estrutura da malha urbana da própria cidade. Acrescentamos ainda que, pelo facto da muralha não integrar na totalidade a área habitada ocorreu uma separação, o que acabou por deixar de fora a Vila Nova a partir do canal central. Em que mais tarde, no século XIX foram demolidas, sendo utilizada parte das pedras para a construção das molhes da barra nova14 Com essa separação a cidade ficou dividida em duas partes: a sul era destinado a uma zona nobre, onde se situava a antiga muralha, designada para moradores mais fidalgos à o à estatutosà deà fa íliasà i as.à Estesà o ti ha à a posà deà ulti o,à oasà condições agrícolas e também pecuárias. Relativamente à zona norte, era destinada para as pessoas mais humildes que trabalhavam no comércio e nas atividades marítimas e da ria, tais como a pesca, construção naval e sal. No seculo XIX, com o aparecimento dos caminhos-de-ferro, originou-se um desenvolvimento das unidades industriais que geraram um progresso na economia assim como o seu próprio crescimento. A estacão tornou-se num marco de desenvolvimento para a cidade, surgindo depois a avenida Lourenço Peixinho que constitui um elemento dinamizador da cidade.

14

Molhes da barra – s oào asàdeàhid uli aà a íti aàdeàped as.à … UNIVERSIDADE LUSÍADA DO PORTO | DISSERTAÇÃO DE MESTRADO INTEGRADO ARQUITECTURA

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Imagem 55: Planta referente aos pontos de interesse na cidade de Aveiro

Imagem 56: Vista para a ria

Imagem 57: Fábrica Jerónimo Pereira Campos

Imagem 58: Vista panorâmica para jardim

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3.2 - A casa pátio como elemento impulsionador para uma Vivência Slow 3.2.1 - Caracterização Depois de elaborada a análise da cidade de Aveiro, juntamente com o levantamento efetuado no local desde as suas características positivas como as negativas, encontramos o local selecionado para o ensaio projetual, a freguesia de Vera-Cruz, localizada a Norte da cidade. Vera-Cruz é delimitado entre a ponte das Almas, no canal central, a Rua Larga e a Rua do Vento até ao fim, a ria, o ribeiro das Barrocas, e ainda parte dos lugares da Forca, da Presa e da Quinta do Gato, seguindo o limite pelo canal do Cojô até à dita ponte das Almas. A escolha desta freguesia advém do ambiente que esta oferece que se caracteriza pela proximidade com o espaço verde e pela relação visual com a ria de Aveiro (Lago da Fonte Nova) (imagens 56, 58). Vera Cruz localiza-se junto ao centro da cidade, sendo uma zona em que a facilidade de acessos às infra-estruturas e às entradas / saídas das autoestradas, se tornam num elemento atrativo para a fixação da população. Em relação às suas fraquezas, identificamos que existem espaços verdes pouco qualificados que originam zonas de lazer e permanência pouco confortáveis, facto que se estende à própria organização da cidade onde verificamos uma desagregação na implantação das habitações. Pretendemos assim, colmatar a cidade, elogiando os pontos fortes existentes e corrigindo os pontos frágeis de maneira a proporcionar uma melhor vivência com a natureza. Assim, a intervenção passa por reforçar a existência de espaços verdes e a relação que estes poderão proporcionar com o lago da fonte nova. Uma vez que a zona de intervenção situa-se próximo a zona central da cidade, a deslocação por via pedonal e ciclovia é enaltecida, originando um ambiente slow com o intuito de dinamizar uma maior interação humana. O Lago da fonte Nova foi realizado artificialmente no extremo do canal do Côjo, oferecendo para os habitantes espaços onde podem realizar atividades desportivas de forma a disfrutar dos mesmos (imagem 58) O edifício que se encontra junto ao Lago, atual Câmara de Aveiro, centro cultural e de congressos, anteriormente Fábrica Jerónimo

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Imagem 59: Gráficos referente a análise social em Vera Cruz

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Pereira Campos do século XX, (imagem 57, na página anterior) é considerado um exemplo para a arquitetura industrial cujo material base da construção é o tijolo. Segundo as entrevistas realizadas a cerca de quinze moradores da freguesia de Vera Cruz, representadas nos gráficos na imagem 59, nas quais se abordam algumas questões tais como as suas práticas sociais, à mobilidade que é utilizada frequentemente, e, também ao tipo de habitação onde residem e as condições da mesma, de forma a compreender os costumes e hábitos dos moradores da zona em questão. Em relação às entrevistas abordadas a cada individuo referente às suas práticas sociais, estes têm como preferência a prática de atividades desportivas. Em relação ao tipo de comércio, têm como preferência a utilização de comércio em espaços fechados ao comércio de rua (tradicional). De seguida, temos as atividades culturais e atividade religiosa com menor predomínio. Em relação ao ponto referente ao tipo de mobilidade que habitualmente utilizam, a maioria das pessoas entrevistadas fazem a deslocação a pé no percurso casa- trabalho, não sendo muito usual o transporte próprio motorizado, e a deslocação em transporte publico e em bicicleta. Em relação ao ponto referente ao tipo de habitação frequente nesta freguesia, são mais predominantes as habitações multifamiliares em detrimento da habitação unifamiliar. Em relação às tipologias, a mais predominante é a T3, sendo as habitações T2, T4 e T5 menos frequentes. Relativamente a posse dos imóveis, existem mais proprietários do que arrendatários. A maioria das habitações não possui espaços exteriores, como por exemplo: jardins, pátios... etc. Mantendo como foco da investigação a habitação, abordamos também as condições das mesmas. Ao nível da temperatura evidenciamos alguma discrepância nas opiniões pessoais, prevalecendo a qualificação razoável e o excelente. Tanto na ventilação como na iluminação e ainda como na iluminação natural, as opiniões destacaram-se maioritariamente como excelente. Na proteção contra ruídos, voltou a haver opiniões diversificadas, desde insuficiente a excelente. Na dimensão dos compartimentos, prevaleceu claramente a qualificação de razoável. E quanto aos espaços exteriores quando existentes, foram considerados com opiniões diversificadas, mas na maioria foi qualificado como mau. Para concluir, na opinião geral da população, as condições da habitação são boas.

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Imagem 60: Planta da proposta

Percurso de ciclovia

Imagem 61: Render geral da proposta

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3.2.2 – Estratégia As problemáticas abordadas ao longo do primeiro capítulo da presente dissertação têm a ver com o problema da obsolência de certos espaços da cidade, a relação água/terra e projetos de preservação do meio ambiente e dinamização da economia através do turismo, assentes nas características ambientais dessas áreas. Todas estas indulgências remetem-nos para as vivências atuais. Estamos inseridos numa sociedade consumista, viciada e comodista. Esta forma de estar e viver, toldou as relações sociais e humanas, adquirindo um carácter tão global que assume um termo próprio - fast living. O fast living traduz-se exatamente naquilo que o nome indica - rapidez, celeridade. Hoje em dia, o ser humano limita-se a cumprir os objetivos que a sociedade sócio - económica tem vindo a incutir - comer, trabalhar, dormir,- tornando-se num ciclo corrompido em vivência humana, conexão com a natureza, Contudo, apesar de gerar hábitos individualistas e condescendentes e uma crescente aceleração, em detrimento da preocupação, na realização das tarefas quotidianas, o fast-living produz também uma série de atrativos e evoluções - a rapidez e a facilidade no acesso a todo o tipo de informações e a crescente comodidade na mobilidade, são exemplos disso. Claro que a eles associados, estão o consumismo obsessivo e a poluição urbana, visual e sonora. É na tentativa de encontrar um equilíbrio para estas premissas que incorporamos como conceito base da proposta, o slow living. A sociedade desloca-se então para as periferias na procura de uma melhor qualidade de vida. É neste êxodo e nas suas retóricas que queremos agarrar e integrá-las no contexto urbano. As casas-pátio, conceito que pode ser inserido dentro das cidades e que adoto relativamente a esta - Aveiro - o caso de estudo, obtém potencial para retratar o meio rural e traduzir o sentimento de unidade de vizinhança bem como na utilização de hortas urbanas, refletindo um estilo de vida menos célere, mais calmo e equilibrado, que contextualiza o Slow Living. Este é um conceito que surge como resposta à atual excessiva e desmesurada modelação da nossa sociedade. Este é um modo de vida que proporciona

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Imagem 62: Esquemas explicativo do desenvolvimento da proposta

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uma maior relação e proximidade com a natureza (utilização de hortas urbanas) e incentiva a familiaridade social entre os habitantes, refletindo-se na realização de atividades de lazer coletivas, onde o peão é o elemento enaltecido e privilegiado (ponte pedonal). Este movimento afeta ainda outros sectores além do habitacional, como por exemplo, o da restauração - slow food. Assim, a intervenção proposta formaliza-se em dois programas complementares três volumes situados na rua Carlos Aleluia que se destinam a espaços de atividades educativas no âmbito de desporto e da agricultura e que pretendem continuar a dinamização e revitalização que se tem vindo a fomentar na zona. Também foi proposto um conjunto de volumes situado mais a Norte, destinado a habitação evolutiva de casaspátio, sendo o nosso foco desenvolvido. Posto isso, na imagem ao lado, conseguimos compreender a evolução do volume destinado a habitação casa pátio. Partindo do quarteirão cheio (esquema 1) foi realizada uma subtração no interior do quarteirão (esquema 2) destinado a um espaço comum aos moradores no núcleo do quarteirão. O vazio interior do quarteirão tem como objetivo criar um espaço comum entre moradores, proporcionando uma relação de unidade de vizinhança. No esquema 3, foram atribuídos os Limites, proporcionando uma relação com o exterior controlada, assim oferece uma ligação visual com o jardim e a ria situado a sul, tendo como intuito um prolongamento do jardim existente para o interior da proposta. A seguir temos o esquema 4 em que é responsável pelas unidades morfológicas, em que compreendemos a distribuição do quarteirão em termos de funcionalidades, no subsolo localiza-se o estacionamento, zonas de arrumos individuais para cada apartamento. Neste mesmo piso existe dois pátios que tem como função obter luz natural, como também ser um espaço recreativo, onde os moradores e as crianças podem brincar no espaço tranquilamente. Ainda neste mesmo piso existe um volume de habitações que se prolonga ao longo dos pisos superiores. Em relação público/privado, como podemos ver no esquema 5, as circulações pedonais são feita através de plataformas viradas a norte e uma plataforma situada a este onde estão localizadas as circulações verticais. Este tipo de distribuição ao ar livre faz com que esse percurso disfrute mais do ambiente em que se

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Corte Longitudinal

Alçado Sudoeste

Alçado Noroeste

Corte Transversal

Imagem 63: Cortes e Alçados

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Corte Transversal


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insere. Ainda neste mesmo esquema, encontra – se uma plataforma, situada a este, em que liga duas cotas diferentes, um ponto que é mais elevado na Avenida Congresso Oposição Democrática e acaba fluindo no jardim a sul. Essa plataforma tem como objetivo privilegiar a circulação pedonal sem que esta seja interrompida pelo trânsito viário. Em seguida temos o esquema (6) em que é responsável pela figura fundo, onde compreendemos como funciona a nível volumétrico da própria proposta. No esquema 7, foca-se no skyline, sendo assim para tirar proveito da visão panorâmica que existe a sul da proposta e beneficiar grande parte dos apartamentos foi realizada uma diferença altimétrica para proporcionar essa mesma relação visual como também a própria orientação solar. E por fim, o esquema 8, em que tratamos da desmaterialização. Neste ponto tivemos como escolha a utilização de ripas de madeira como revestimento exterior dos blocos habitacionais e dos pátios. Esta preferência advém da possibilidade de contacto visual com exterior obtendo então essa dualialidade de interior / exterior. Nos pátios esse contacto é mais intenso, as ripas de madeira estão organizadas de maneira menos controlada que o interior possibilitando um contacto visual com a envolvente mais próxima. No caso das habitações as ripas de madeira são dispostas de modo controlado de maneira a que a privacidade dos utilizadores não seja perdida.

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Imagem 64: Casa Boxes

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3.2.3 - Projetos de Referência Os projetos de referência para as habitações evolutivas/casas-pátio, focam-se na ''Casa Boxes'' em Carnide, dos arquitetos Luís Santiago Baptista e o Arquiteto Tiago Leite de Araújo, e também na ''Habitação Coletiva Nexus'' em Fukuoka, Japão, do arquiteto Rem Koolhaas. Na obra dos arquitetos Luís Santiago Batista e Tiago Leite, se encontra na cidade de Lisboa mais especificamente no largo em Carnide. Este projeto trata-se duma reabilitação para se tornar numa habitação unifamiliar. Os arquitetos procuraram manter as características do imóvel bem como a fachada virada para o largo, visto que a condição devoluta e degrada que se encontrava a organização interior não foi possível adotar para o projeto, sendo então inevitável a mudança de disposição da organização funcional do espaço interno. A casa está organizada da seguinte modo, cerca de quase 50% da área habitacional é destinado ao pátio que fica orientado para sul, as divisões privadas, como dormitórios e instalações sanitárias, estão distribuídas a norte, e no centro estão localizadas as zonas comuns como cozinha, sala. áàes olhaàdaào aà àCasaàBo es àde eà– se pela sua relação com o meio envolvente, o facto da sua composição intransigente sem qualquer ligação visual com o exterior sendo ela própria localizada próximo de um largo, onde é realizado alguns eventos populares. Sendo esta fechada para o exterior a sua fonte de iluminação é o pátio, tornando numa fo teàdeà ida àpa aàaàhabitação.

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Imagem 65: Nexus

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Na obra do arquiteto Rem koolhaas, situa-se na cidade de Fukuoka, no Japão e foi construída em 1991. O arquiteto optou por realizar um edifício não convencional numa tentativa de integrar a utilização dos pátios característicos de uma habitação unifamiliar numa construção em altura. Este projeto é composto por vinte e quatro habitações unifamiliares de três andares contidas em blocos quadrangulares, sendo que cada vivenda possui um pátio vertical privado situados no primeiro piso e ocultados pelo pano de fachada. As habitações começam a partir do primeiro piso contrastando com o rés-do-chão livre, onde os acessos aos blocos são feitos por plataformas. Com a utilização do pátio, o arquiteto teve como objetivo de proporcionar uma vivência mais intimista obtendo uma relação mais próxima com as habitações unifamiliares tradicionais. … à adaà asaàu aàa pliaà gama de condiciones espaciales y de contrastes tectónicos: confinado - diáfano, intimo-abierto, públicoprivado, alto – bajo, tosco-refinado, oscuro-claro, concreto-a st a to

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(EL CROQUIS, nº 53:87)

Este

projeto inspirou na agregação das tipologias e a resolução do ambiente interior, são os pontos de partida para o desenho da nova intervenção. áà es olhaà daà o aà Ne us à deve-se pela sua composição a nível das habitações. Cada apartamento tem o seu espaço de jardim, sem qualquer contacto com a agitação do meio urbano, proporcionando um ambiente mais privado. O pátio possibilita aos utilizadores não só usufruir como fonte de iluminação também o utilizam como espaço da casa, como por exemplo realizar algumas refeições em família no espaço ao ar livre, desfrutar de um dia de sol para ler um livro ou praticar exercício nesse mesmo espaço. O pátio, tanto nesta obra a que referimos como na obra anterio à asaà o es ,àasà vivências que estes projetos proporcionam para esses indivíduos são ideologias que estão presentes no conceito do slow living. Adquirindo uma vivencial mais interiorizada na própria habitação, e com o pátio obtendo uma ligação direta com a natureza (céu), participando das diversidades climáticas, como sol, calor, chuva, frio.

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Tradução do autor desta dissertação do texto citado "(...) Cada casa possui uma ampla gama de condições

espaciais e contrastes tectônicos: confinado - arejado, íntimo-aberto, público-privado, alto - baixo, grosseirorefinado, escuro-luz, concreto-abstrato"

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3.2.4 - Proposta Projetual Imagem 66: Planta de Implantação 112 | UNIVERSIDADE LUSÍADA DO PORTO | DISSERTAÇÃO DE MESTRADO INTEGRADO ARQUITECTURA


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No conjunto, a proposta afirma-se como um elemento gerador de práticas sociais e educativas que apela ao espírito de comunidade na sociedade e traduz o equilíbrio pretendido. A implantação 'da volumetria de habitação formaliza-se em ''U', iniciando-se como um corpo fechado, ao qual se foram subtraindo volumes que potenciam cruzamentos e proximidades mútuas entre os usuários. A relação com a envolvente é conseguida através de três permeabilidades que desafogam no jardim e no Lago da Fonte Nova, sendo que a inserção de uma ponte pedonal que se estende da cota mais alta do terreno à cota mais baixa, cria uma continuidade do espaço verde para o interior do quarteirão. Os acessos às tipologias são feitos através de plataformas anexas a cada bloco, obtendo ligação entre eles apenas ao nível do rés-do-chão. O edifício é composto por quatro pisos, sendo que devido às diferenças de cotas do terreno, ao nível do rés-do-chão foi incorporado três funções distintas - habitação, estacionamento e zona recreativa. Na sua totalidade, o quarteirão é composto pela volumetria da habitação, em que a agregação das suas tipologias se formaliza em ''L'', de maneira a reforçar a ideia de conjunto habitacional. Aqui, o jogo de cheios e vazios continua a ser aplicado, com o objetivo de originar relações visuais diretas com os jardins propostos ao nível do quarteirão, bem como os existentes e com a ria. Os alçados orientados a sudoeste são os mais privilegiados com a exposição solar. Devido a isso, localizam-se os pátios privados bem como as suas respetivas hortas destinadas a cada habitação. Os alçados orientados para Nordeste destinam-se às circulações e acessos às respetivas habitações. Como anteriormente referido, o piso do résdo-chão divide-se em três zonas distintas - estacionamento e arrumos de apoio às habitações, habitações e dois pátios, que além de terem a função de iluminar o espaço são também zonas recreativas (imagem 69, página 113). Os restantes 3 pisos destinam-se exclusivamente a habitação.

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Imagem 67: Vista do apartamento para o pátio localizado no rés-do chão

Imagem 68: Vista do jardim para o volume de habitação – entrada do estacionamento

Imagem Planta de Rés – do - chão 114 |69: UNIVERSIDADE LUSÍADA DO PORTO | DISSERTAÇÃO DE MESTRADO INTEGRADO ARQUITECTURA


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Imagem 70: Vista do pátio central para a zona de circulações verticais

Imagem Imagem 71: Planta do 1º piso LUSÍADA DO PORTO | DISSERTAÇÃO DE MESTRADO INTEGRADO ARQUITECTURA UNIVERSIDADE

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Imagem 72: Tipologias LUSÍADA DO PORTO | DISSERTAÇÃO DE MESTRADO INTEGRADO ARQUITECTURA 116 | UNIVERSIDADE


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Ao nível da tipologia, a sua agregação foi realizada através de módulos em duplex em que cada tipologia tem o seu próprio pátio, um espaço a céu aberto. A essência de uma casa-pátio é a relação que proporciona com o exterior e a natureza, com um espaço interior e privado e ao ar livre. Isto proporciona uma sensação de segurança, a casa abre-se para o exterior sem poder, no entanto, ser acedida por terceiros, bem como uma sensação de privacidade, quer no sentido funcional, possessivo ou representativo. No total, o edifício contém 26 tipologias duplex destinadas a famílias, idosos, casais. Todas elas foram pensadas e preparadas com condições para pessoas com mobilidade reduzida, desde a tipologia às acessibilidades, que possuem equipamentos adaptados nas escadas para auxiliarem a locomoção se assim for necessário. Existem catorze tipologias T2 duplex que estão localizadas no primeiro piso. Ainda no mesmo piso estão localizadas duas tipologias T3+1 que esta prepara para pessoas com mobilidade reduzida, havendo então um dormitório no piso de entrada e os restantes no piso superior. E por fim temos dez tipologias T1 que estão situadas no 3º piso localizada sobreposta as tipologias T2 dos dois volumes similares.

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Imagem 73: Tipologia T2 - entrada

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Imagem 74: Tipologia T2 – piso 1 UNIVERSIDADE LUSÍADA DO PORTO | DISSERTAÇÃO DE MESTRADO INTEGRADO ARQUITECTURA

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Imagem 75: Corte Pormenorizado

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Imagem 76: Render da proposta – ponte pedonal

Imagem 77: Render da proposta – inserção de hortas nas habitações UNIVERSIDADE LUSÍADA DO PORTO | DISSERTAÇÃO DE MESTRADO INTEGRADO ARQUITECTURA

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Conclusão

A presente dissertação fundamenta-se numa investigação direcionada em compreender e estimular a consciencialização da sociedade em relação à vivência acelerada em que estamos inseridos, sendo que esta, já vem crescendo desde a revolução industrial. Com o estudo do conceito do slow living, compreendemos que é essencial abrandar o ritmo de vida que adquirimos no nosso quotidiano e com isso sensibilizar a sociedade em relação às vantagens ao adoptarmos esse estilo de vida. Ao conduzir a sociedade a uma vivência mais equilibrada, proporcionamos uma melhor qualidade de vida, uma redução de problemas físicos e mentais, oferecemos aos utilizadores um ambiente mais harmonioso longe do alvoroço e do stress diário e damos a possibilidade para que passem a dar mais importância às coisas mais simples, como relaxar e conviver com os amigos, disfrutar do tempo, andar de bicicleta, usufruir de zonas recreativas como zonas verdes, parques, teatros, comércio urbano etc. Visto que o foco da nossa investigação centra-se na habitação, estudamos a casa – pátio em que desde à muitos anos essa tipologia foi sempre idealizado como um espaço de efúgio,àu àlo alàsag ado,àu àespaçoàso e teà osso ,àassumindo-se como um local onde se integram as nossas memórias, os nossos desejos, onde ficam guardadas lembranças tanto do passado como do presente, e onde reajustamos os ritmos pessoais bem como os hábitos quotidianos. De modo a tirar partido da sua volumetria, sendo a sua forma espaço fechado para o exterior, com a inserção de um pátio localizado no interior da habitação podendo, portanto ter uma ligação direta com a natureza e com o céu (chuva/sol). Com estas características entendemos que se trata de uma habitação com um afastamento da agitação urbana, pelo que, podemos tirar partido destes atributos e propiciar assim um ambiente mais harmonioso. Portanto, é um habitat realçado para interligar esses dois conceitos: a casa – pátio e o slow living. Assim, com esta intenção, surgiu o conceito que gerou a temática desta i estigaç oà Vi

iasà“lo à o àCasasà– P tio àte doà o oàobjetivo proporcionar esse

equilíbrio vivencial para a sociedade, em que no interior da habitação obtemos um ambiente tranquilo, com interação com o meio natural. Ainda assim a sociedade, tem nela

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induzida uma vida stressante que faz com que as pessoas só se preocupem com as inúmeras tarefas ou obrigações que lhes são incutidas pelos horários a cumprir, desde que acordamos até que nos deitamos, não restando tempo para nós próprios. O homem tem vindo a preocupar-se com o seu próprio estilo de vida, de modo a ter a intenção de abrandar o seu ritmo quotidiano, com isso, tem-se refugiado em algumas atividades que oferecem essa acalmia como a ioga, a dança, a prática de jardinagem ou o próprio confeccionamento de alimentos em família na hora das refeições. Essas atividades são alguns exemplos de como podem influenciar no bem-estar do homem a nível emocional, como psicológico ou mesmo físico. Perante as circunstâncias referidas anteriormente é necessário encarar a habitação num refúgio como forma de repor energias, um espaço de descontração, e de contemplar o momento em família, assim a sociedade adquire os conceitos adjacente ao conceito do Slow Living. Podemos concluir que a prática de Slow Living conduz a uma vida mais saudável, mais harmoniosa (equilíbrio), menos acelerada é com as casas pátio enquanto elemento impulsionador poderemos incentivar a sociedade com esse conhecimento.

à O que mais me surpreende na humanidade são os homens. Porque perdem saúde para juntar dinheiro, depois perdem dinheiro para recuperar saúde. E por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem do presente de tal forma que acabam por não viver nem o presente nem o futuro- E vivem o oàseà u aàfosse à o e .àEà o e à o oàseà u aàti esse à i ido à Dalai Lama

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