Revista Zzine

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UMA PUBLICAÇÃO DE ZEZINHOS

ANO 1 JULHO DE 2009

saindo da bolha PESSOAS QUE TÊM TALENTO SAINDO DA PERIFERIA PARA O MUNDO

mamãe é um caso sério HISTORINHAS ENGRAÇADAS

inspire-se ENTREVISTA COM NENÊ

histórias de a e namorados migosnamorados amigos


Sobre surpresas

epossibilidades por Amanda Rahra

Equipe Z’zine

Como repórter da revista Sorria, fui pautada para entrevistar a Tia Dag, em agosto de 2008. Com 50 perguntas no caderninho, cheguei à Casa do Zezinho onde conheci o querido Tio Saulo e fui surpreendida por uma criança que me guiou pelos corredores daquele lugar repleto de zezinhos sorridentes, agitados e carinhosos. Depois de três horas, duas novas questões: como transformar a incrível conversa com a Tia Dag numa matéria de apenas duas páginas e como fazer parte desta história também? Na redação, resumi a entrevista e recebi o apoio de duas grandes parceiras para desenvolver uma oficina de jornalismo na Casa do Zezinho - as sonhadoras mais realistas e queridas do mundo: a repórter Nina e a produtora-fotógrafa Laura, que estiveram ao meu lado desde a elaboração do projeto até o fechamento desta primeira edição do Z’zine – passando pelo processo de aprendizado coletivo e troca de experiências. Sábado de sol, 18 de janeiro de 2009. Nina, Laura e eu saímos da zona oeste de São Paulo para cruzar a ponte. Chegamos ao Capão Redondo e, para a nossa surpresa, dos 15 confirmados, apenas cinco alunos. Abrimos uma roda sem saber ao certo o que fazer. E logo estávamos falando sobre comunicação, jornalismo, família, amores, escola, cultura. Na volta pra casa, o silêncio foi interrompido pelo “Uauuu, vai ser transformador pra todas nós!”. A cada sábado, uma descoberta. Educadores da casa querendo saber quem eram as meninas que atraíam cada vez mais alunos. Discussões sobre pauta, apuração, edição, diagramação, fotografia, missão e nome da revista. Mas a grande transformação foi sentir que a cada encontro nossa relação se fortalecia: as meninas foram soltando os cabelos, cada um foi contando sua história de vida e mostrando suas habilidades. O verão terminou e o resultado mais uma vez surpreendeu: os cinco alunos e sábados (previstos no projeto) se tornaram quinze. Uma experiência que contagiou outros amigos, fundamentais para que esta publicação fosse possível. A única pessoa que nunca se surpreendeu com o sucesso foi a Tia Dag. “Também comecei com cinco. Hoje são 2 mil zezinhos construindo essa história”, dizia sempre que nos via na correria. Obrigada a todos que acreditaram e tornaram isso possível!

FES MA THI

NO

KLE JUN FAN LES


DIVERSÃO

INSPIRE-SE

o que temos e queremos

histórias de pessoas incríveis

AQUI TEM TALENTO

GRACINHAS

todo mundo tem algo pra mostrar

pra morrer de rir

FESTO MA XWELL THIAGO

você também pode ajudar

CAPA amizade colorida

SAINDO DA BOLHA da periferia para o mundo

ÍNDICE NOME DE TODOS KLEBER JUNIOR FANIA LESTER

BEATRIZ ANILHA BEBETO SOUXZA

3

CO

A ETO R DIR

HO E NSEL

SD

D ITO R IA

L TIA DAG E SAULO GARROUX

NINA WEINGRILL E LAURA SOBEN ES ANDA RAHRA, ÇÃO AM A D E ER


INSPIRE-SE HISTÓRIAS DE PESSOAS INCRÍVEIS

Volta por

cima

Após uma infância pobre e violenta, ele foi engolido pelo mundo do crime. Hoje, é professor e escritor. Conheça a história da revolução pessoal de Marcos Lopes dos Santos, o Nenê T E XTO D e b o r a C o s t a

F OTO Le v i M e n d e s J r .

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Nenê: olhos do Capão Redondo


HISTÓRIAS DE PESSOAS INCRÍVEIS INSPIRE-SE

Vaidoso, ele chega para a entrevista de boné e a cada cinco minutos ajeita a lateral do cabelo que insiste em ficar pra fora. Aparentemente inseguro com sua imagem, Nenê se mostra senhor da sua própria vida. Fala com muita firmeza sobre as dificuldades que já enfrentou. Aos 25 anos, Marcos Lopes dos Santos protagoniza uma história de superação: passou por problemas familiares, se envolveu com o crime e perdeu amigos queridos. Hoje é professor de Português na mesma escola da qual foi expulso quando adolescente e acaba de lançar o livro “Zona de Guerra”, pela Editora Trip. Conheça a vida deste garoto que cresceu na adversidade e conseguiu se transformar. Z’zine: Como foi a sua infância? Nenê: Cresci no Parque Santo Antônio. Andava de carrinho de rolimã no Horto do Ipê, jogava futebol e bolinha de gude, soltava pipa e, aos oito anos, já pegava carona de ônibus pra Santo Amaro, onde ia esmolar. Voltava na rabeira do caminhão de gás. E acabava gastando todo o dinheiro que ganhava no fliperama. Zz: Seus pais não brigavam com você? N: (suspiro profundo) Eu apanhava muito, e muitas vezes isso acontecia até sem motivo – principalmente quando meu pai chegava em casa meio alterado porque havia bebido. Tinha dias em que eu faltava na escola porque estava realmente doente, mas ele não entendia e me batia mesmo assim. Zz: E como era na escola? N: Comecei a desafiar os limites já aos 11 anos, quando meus pais se separaram. A partir daí, ficava muito tempo na rua. Aos 12 anos, coloquei fogo na lata de lixo, roubei a cantina da escola e mandei uma professora tomar... Fui expulso. Apanhei do meu pai. Parei de estudar. Zz: Mas antes da expulsão você começou a frequentar a Casa do Zezinho, né? N: Sim, já frequentava. Um dia, meus amigos apareceram em casa com um uniforme do Kichute dizendo que a Tia Dag tinha dado a roupa pra que eles formassem um time de futebol. Só que faltava um goleiro. Aí, eles pediram pra Tia deixar eu participar dos treinos e fazer parte do time e eu fui com eles até a Casa do Zezinho. De repente, ela tirou um pirulito do bolso e arremessou na minha direção - talvez para ver se eu era mesmo um bom goleiro. Agarrei o doce com força, sem saber que agarrava a melhor oportunidade da minha vida.

Zz: O que aconteceu nesse meio tempo? N: Meu pai estava numa pior. Então reuni alguns amigos pra roubar um carro e levantar uma grana. Todos toparam sem pensar nas consequências. Também formamos uma boca no Parque Santo Antônio. Começamos a ganhar muito dinheiro, mas foi aí que a guerra começou. Muita gente morreu e ainda morre. Zz: Quando você decidiu que era a hora de mudar de vida? N: Minha melhor amiga foi assassinada voltando de um velório, simplesmente porque estava passando por ali. No mesmo dia, ela havia me dito que se morresse não queria ser enterrada no cemitério São Luiz (aquele com mais jovens mortos por metro quadrado do mundo!). Vendo que o pesadelo dela se poderia se tornar realidade, lembrei da Tia Dag. Fui até a Casa do Zezinho e ela me deu dinheiro para enterrá-la em outro lugar. Mas me disse: “Quero ver qual dos seus amigos vai fazer isso por você. Quem vai te enterrar? Pois nessa vida em que você está, logo, logo morre”. E foi assim que caiu a ficha. Zz: E depois disso? N: Fui trabalhar como faxineiro e me tornei voluntário da biblioteca da Casa do Zezinho, onde li meu primeiro livro, aos 16 anos: “Capão Pecado”, do Ferréz. Foi ali que minha paixão pela leitura e pela escrita nasceu. Na mesma época, alguns amigos meus passaram no vestibular. Decidido a estudar, me dediquei muito, fiz a prova e entrei no curso de Letras na Faculdade Unicid. Zz: Foi fácil? N: Quando prestei o vestibular, ainda trabalhava como auxiliar de limpeza. Quase não sobrava tempo para estudar, mas dava sempre um jeito. Saía do trabalho às 16h, passava no shopping Jardim Sul, entrava na livraria e ficava folheando alguns livros. Foi lá que li “Cem Anos de Solidão”, do Gabriel García Márquez. Zz: Durante a faculdade de Letras, quais foram as suas maiores dificuldades? N: Quase sempre faltava grana para a condução e eu dependia da ajuda de amigos. Saía de casa às 16h para chegar na faculdade, às 19h, na Zona Leste, e só voltava pra casa à meia-noite. Não tinha tempo para mais nada. Zz: O que você diria para os jovens da periferia? N: Tenho meu carro, meu apartamento e depois de seis anos escrevendo, lancei meu primeiro livro. Apesar de todas as coisas ruins que já fiz na vida, sou um cara feliz, porque aprendi que quando te tiram tudo, todas as pessoas que você ama, seus amigos, sua família, a única coisa que resta é o conhecimento!

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GRACINHAS PRA MORRER DE RIR

Minhamãe éumcasosério!

T E XTO Th a í s d o s P r a z e r e s I LUSTRAÇÕE S Debora Costa

Dizem que toda mãe é igual. Só muda de nome e de endereço. A gente não sabe bem se isso é mesmo verdade, mas que elas são bem parecidas, isso elas são. Você não acha? Antes de responder, leia o que descobrimos abaixo

MÃE ENC ICLOPÉDIA

É aquela que sabe tudo.

MÃE COT ONETE

É aquela que quando a gente não tem, faz muita falta.

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MÃE CELU LAR

É aquela que, quando a gente mais precisa dela, não consegue falar.

MÃE BICA MA MÃE PAPA I NOEL

É aquela que enche o saco.

MÃE PAN ELA

DE PRESS ÃO

É aquela que quando explode todo mundo sai de perto.

MÃE CEB OLA

É aquela que faz gente chorar sem necessidade.

MÃE FED ERAL

É aquela que não gosta de ser enganada.

É aquela que, em caso de necessidade, se desdobra em duas.

MÃE OVE LHA

É aquela que só encobre e não fala nada.


PRA MORRER DE RIR GRACINHAS

! Z I D E A , TODA AM A J UÍZO M O T : ) . MPERNOINCU(ORAR UM EMPERSEGDOE ,

VAI TA ANT R O P A E NA R UA TRANQU R A C I F I O VA ADOR, Ã T N U , P R I M A O S C E , SAI DO E D R A T A, O QU Ç N ATÉ U G A A SUA B , CH EGA R A L A AR R U M F ÃO ! N HOS V I Z I V S TU DAR!! O S E I A V , ÁR IO NO HOR

pre m e s s a l e ... o a z a r m te

MORRENDO DE CURIOSIDADE

APRENDI COM MINHA MÃE

por Niña Malta

por Thaís dos Prazeres

Um dia, minha mãe estava lavando roupa Como fazia toda semana. Era apenas mais um dia em que eu tinha que passar a agonia De ficar presa entre dois sofás sem ter saída.

Tudo o que sei aprendi com a minha mãe. Ela me ensinou a apreciar um trabalho bem feito: “Se você e seu irmão querem se matar, vão pra fora. Eu acabei de limpar a casa!”. E também me ensinou a ter fé: “É melhor você rezar para essa mancha sair do tapete.” Aprendi com ela a lógica: “Porque eu estou dizendo que é assim, acabou e ponto final!”. A motivação: “Continua chorando que eu vou te dar uma razão verdadeira para você chorar!”. Até de genética minha mãe sabe: “Você é igualzinha ao traste do seu pai!”. Minha mãe me ensinou sobre minhas raízes: “Tá pensando que nasceu de família rica é?”. Sobre a contradição: “Fecha a boca e come!”. Com ela, soube o que é a força de vontade: “Você vai ficar aí sentado até comer tudo!”. A justiça: “Um dia você terá seus filhos e eu espero que eles sejam iguais a você... aí você vai ver o que é bom.” E, principalmente, a ter retidão: “Eu te ajeito nem que seja na pancada!”. Obrigada, mami!

Mamãe não era nada burra. O que você acha que eu faria se não estivesse “trancada”? Hum... A primeira coisa seria ir pra rua E fuçar nas coisas que pareciam engraçadas. Mas eu puxei a ela. Não lembro como, mas venci a muralha que me prendia Saí da sala e fui direto para o quintal E fiquei ali escondidinha. Quando mamãe foi por a roupa no varal Rebelei-me... Uhuuu, agora descobrirei o mundo! Olhei para os lados. Só tinha baldes E num deles mergulhei, mas foi profundo. Quando minha mãe desceu da laje Viu minhas perninhas para cima E minha cabeça estava dentro da balde Morrendo por causa da curiosidade. - Ô bebida sem graça! Estava prestes a morrer de curiosidade. Pelo menos senti que gostoso é quando a água molha meu corpo Por muito tempo tomei banho no balde... Era gostoso de verdade. Mas fui crescendo e agora só meu pé cabe no balde...

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CAPA

amizade colorida?

Namorados que viram amigos, amigos que viram namorados... e casais sem segundas intenções. Conheça histórias de relação entre meninos e meninas

T E X T O Zaira Coimbra, Deb ora Cost a, Camila Mariga, Beatriz Mendes e Priscila Mendes F O T O S M i c a e l J a ck s o n e d i v u l g a ç ã o I L U S T R A Ç Ã O M a r i a n a C o a n

Quando uma amiga fala com muito carinho de um amigo a gente logo desconfia: é amizade mesmo ou pode virar namoro? As pessoas têm diversas formas e motivações para se relacionar. “Afinidades, afeto, realização de atividades em conjunto contribuem para estreitar laços de companheirismo. Com o tempo, isso se torna paixão, amor ou uma verdadeira amizade”, explica o psicólogo Thiago de Almeida. E quando sabemos se é amor ou amizade? “O tempo nos ajuda a definir. Uma paixão forte começa a decrescer com o passar do tempo, então descobrimos se realmente virou amor. Ou amizade. Já a amizade verdadeira se fortalece com o tempo”, diz. Debora e Cláudio, depois da paixão, descobriram que são verdadeiros amigos. O casal Rosemeire e Pedro começou a construir esse amor na escola primária. Já no relacionamento de Patrícia e Carlos não existem fronteiras. E para quem acha impossível que haja amizade entre homens e mulheres, Jhonny e Natália estão aí para provar o contrário.

AMIGOS DE FÉ Natália, 15 anos, e Johnatan, 16, se aproximaram sem querer e não se desgrudaram mais. Estudavam na mesma escola, moravam no mesmo bairro, mas só tiveram contato após entrarem no curso de fotografia na Casa do Zezinho. “A Naty era namorada de um amigo meu. Quando eu a cumprimentava ela respondia de forma seca, o que me fazia pensar que era chata”, conta. “Eu achava ele tosco, mas depois que nos conhecemos melhor percebi que era legal”, diz ela. Nunca houve segundas intenções. “Ele é bonito, inteligente, mas eu não ficaria com ele. Rola uma amizade verdadeira entre a gente”, afirma Natália. “Eu não tenho ciúmes, mas acho que se ela arrumar um namorado que fique roubando o tempo dela, fica um clima meio estranho...”, diz ele. Aos poucos, cada um foi conhecendo as qualidades e defeitos do outro, sem julgamentos ou cobranças, e em menos de um ano se tornaram amigos inseparáveis. Hoje eles conversam sobre tudo e nunca se separam. Planejam morar juntos e no futuro montar um coletivo de fotografia com outros amigos.

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Patrícia e Carlos: superamigos online

Johnny e Natália: amizade verdadeira


CAPA

SEM FRONTEIRAS Patrícia, 27 anos, mora em Alagoas, nordeste do Brasil. Carlos, 19 anos, vive na Bolívia. Os milhares de quilômetros de distância foram vencidos graças ao tão popular programa MSN. “Quando você se identifica com alguém, tanto faz se a relação é ao vivo ou virtual”, afirma Patrícia. Desde 2007, eles conversam todos os dias pela internet. “No início ele era desconfiado e eu ficava sem graça. Mas depois o achei divertido”, conta. Mesmo sem nunca terem se encontrado ao vivo, eles se conhecem bem. “Posso dizer que ela é minha melhor amiga. É divertida, criativa, inteligente e, às vezes, um pouco insegura” afirma Carlos. “Ele é quem mais me faz rir na vida. E seu defeito é curtir Mariah Carey”, brinca ela. A distância geográfica entre eles não os impediu de passar, juntos, por uma divertida situação. “Uma vez cantei pro Carlos pelo computador e, como ele tem um problema auditivo, escuta o som da máquina exage-

Rosemeire e Pedro: deu casamento

radamente alto. No fim, cantei ópera pro prédio inteiro!”, relembra ela. Eles pretendem se encontrar em Alagoas, no fim do ano de 2009. “Já imaginei como vai ser: vou correr em câmera lenta gritando ‘Patineide!’”, ele brinca. “Estou ansiosa pra este encontro. Vou levá-lo pra praia, pra lagoa e pro forró”, planeja Patrícia. A QUÍMICA DA AMIZADE Cláudio, 16 anos, achava Debora, 15 anos, bonita. Já ela o tachava de arrogante. Eram apenas colegas, daqueles que só dizem “oi”. O primeiro contato verdadeiro foi quando dividiram um chiclete que deixava a língua – e o xixi – azul por 24 horas. Certo dia, uma amiga de Debora comentou que achava o Cláudio um gato. Ela concordou e só então percebeu quantas coisas eles tinham em comum, como gostar de capoeira e sonhar em conhecer a Bahia. E foi aí que ela passou a ver o Cláudio com outros olhos, coisa que talvez ele já fizesse. Um dia, ela recebeu uma mensagem dele pelo Orkut. Resultado: começaram a namorar e ficaram

juntos por cerca de um mês. “Tínhamos uma química muito forte, mas acho que desde o começo não era para namorar, sabe?”, diz ele. “O Cláudio sempre fala que, se eu fosse garoto, seria seu irmão!”, conta Debora. Ao perceber que o namoro tinha mesmo virado amizade, ela decidiu terminar. Ele ficou triste, mas percebeu que foi melhor assim. Hoje em dia, Debora diz que Cláudio é seu melhor amigo. E vice-versa. Eles sabem que tudo aquilo que viveram juntos foi muito especial para terminar com o fim do namoro. “Não foi exatamente amor, mas também não deixou de ser”, conclui Debora. O AMOR PODE ESTAR AO LADO A história de Rosemeire, 24 anos, e Pedro, 27 anos, começou na 4ª série. No início, companheirismo e admiração falavam mais alto. Mas, sem perceber, eles construíram o cenário ideal para o casamento. Na adolescência, acabaram se afastando. Até que inesperadamente se reencontraram e perceberam o quanto tinham crescido. “Naquele dia ela estava toda arrumada. Antes, sempre andava bagunçada”, brinca ele. “Quando ele falou o meu nome, levei um susto: a voz estava muito grossa!”, lembra Rosemeire. Ela só foi perceber que gostava dele quando o viu com outra garota. “Tive medo de perdê-lo”. Então Rosemeire tomou coragem e deu o primeiro passo e, juntos, resolveram enfrentar o temor que tinham de que a amizade terminasse. “O medo que a gente sentia era insegurança, porque até hoje somos amigos e é isso que nos une”, diz Pedro. Casados há quase dois anos, afirmam que fizeram a escolha certa. “Se me pedirem um conselho, direi: case com o seu melhor amigo, porque ele te faz bem sem exigências, te compreende, respeita e gosta de você sem pedir nada em troca”, diz Rosemeire.

Débora e Cláudio: melhor amigos que amantes

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SAINDO DA BOLHA DO CAPÃO PARA O MUNDO

Do gueto para o mundo

Slim Rimografia: estúdio caseiro e apresentações no exterior

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Jovens da periferia de São Paulo pulam o muro em busca do sonho: viver da música T E X T O P r i s c i l a M e n d e s , B e a t r i z M e n d e s , Fe r n a n d a M o u r a e Le c a B e r n a rd o

Nascer na favela pode até dificultar, mas não impedir que cada um possa realizar seu sonho, seja ele ficar famoso ou pagar as contas fazendo o que gosta. Os exemplos surgem aos montes, ainda mais em um ramo concorrido como o da música. Grupos que se apresentam nas garagens da periferia, bandas independentes que fazem serviços em troca de divulgação e pessoas que, apesar da falta de grana e do preconceito, sonharam, romperam bolhas e saíram do país para tocar. Estúdios de gravação e instrumentos caros, falta de patrocínio, de cultura e de informação. Tudo isso vira tema na boca dos músicos que, inquietos, transformam o cotidiano em protesto. E os problemas não param por aí. Bandas que nascem nos guetos se tornam prisioneiras até mesmo de uma estética musical imposta pela grande mídia. Para Alessandro Buzo, escritor e apresentador do quadro “Buzão: Circular Periférico”, do programa Manos e Minas, da TV Cultura, o caminho é duro e eles acabam por se enquadrar no estilo musical

F OTO N a t á l i a B a r b o s a

da moda. “O que rola é desinformação, as pessoas ficam presas nos lançamentos”, afirma Walter Araujo, mais conhecido como Slim, do grupo de rap Slim Rimografia, que nasceu em Guarapiranga, na capital paulista, e que já fez apresentações até mesmo em Cannes, na França. Os meninos do Slim não são os únicos. Cada um divulga o seu talento da forma que pode. Alguns recorrem à tecnologia (liberando músicas autorais no Myspace, no Orkut ou em blogs), outros fazem parcerias com as rádios. “Temos que acreditar na gente antes de tudo no mundo! Temos que sonhar alto e correr atrás daquilo que queremos, sair da invisibilidade natural”, afirma Buzo. “Sair da bolha é mostrar que não somos apenas estatísticas e números, mas seres humanos. E por que não escritores, poetas, atores, músicos, atletas?”, completa o apresentador. Por meio da arte, a periferia pula o muro e mostra que na favela também existem pontos positivos. E não são poucos. Conheça quem, de um jeito ou de outro, já começa a trilhar esse caminho.


DO CAPÃO PARA O MUNDO SAINDO DA BOLHA

CONEXÃO FIGUEIRA-FRANÇA Walter Araújo sequer levantava a mão na sala de aula de tão tímido que era. Para extravasar, escrevia letras para músicas que criava na cabeça. Sem ambições, ele nem pensava em cantar. Mas aos 15 anos, em um show cultural feito pelos alunos da escola onde estudava, Walter subiu ao palco. Tímido, inspirou-se nas anotações de seu caderninho de bolso e lançou suas rimas pelo microfone. O retorno foi positivo e a poesia do papel virou música. Nascia ali o Slim Rimografia, seu projeto pessoal de viver de música. “Nunca me imaginei músico. Tinha poucos CDs e na época pensava mais em andar de skate”, conta ele, hoje com 30 anos. Thiago de Andrade, 28 anos, já tinha um pouco mais de intimidade com as canções. Aos nove anos, o então morador de Jundiaí ouvia house e eletrônica e tentava imitar o som das músicas com a boca. Tudo pura diversão. Até que, aos 14 anos, numa festa, conheceu o DJ Kurts, que por intermédio de um amigo ficou sabendo das habilidades musicais de Thiago e pediu uma amostra grátis. Kurts ouviu, aprovou e pediu ao garoto que subisse no palco. “Eu estava com vergonha, mas depois a sensação foi de satisfação, de missão cumprida”, lembra Thiago. Nos anos seguintes, foi aperfeiçoando seus beats e aos 17, já conhecido como Thiago Beat Box, passou a se apresentar. “Hip-hop, baile, samba. Em qualquer lugar que tivesse microfone eu ia e pedia pra lançar uns beats”, diz. Em 2005, Thiago e Slim (como Walter ficou conhecido) se conheceram. Em pouco tempo de conversa perceberam que

a admiração era mútua. “Viramos amigos e parceiros de som”, diz Slim. Recentemente a dupla ganhou mais um integrante: Filiph Neo, de 19 anos, cantor e multi-instrumentista. “Convidei Filiph pra gravar com a gente. Ele topou, mas chegou atrasadão. Quase matamos ele. Mesmo assim, acabamos decidindo trabalhar juntos, buscar o sonho”, conta Slim. O direcionamento para o rap foi natural. “Nunca flertei com outros estilos”, conta. Mas suas letras têm uma pegada diferente, são sobre sentimento. “Conheço muito criminoso, mas nunca fui um. Não sei falar disso”, diz Slim. Em 2008, essas mesmas letras o levaram para fora do país. Slim Rimografia recebeu um convite para participar do festival de música Midem, na França, pelo Projeto de Incentivo do Ministério da Cultura. Pisar em solo estrangeiro rendeu muitas surpresas. “Eles têm mente aberta e há uma curiosidade musical por sermos brasileiros”, conta Slim. A única desvantagem, brincou Thiago, é que lá não tem feijão ou suco natural de frutas. Ao voltar para o Brasil, perceberam que a tarefa era arregaçar as mangas e trabalhar. “Fama é bom, mas só o trabalho traz reconhecimento e sucesso”, afirma Slim. Sonhando em um dia ser exemplo, eles têm vontade de sair em uma turnê, tocando pelo mundo e espalhando sua poesia. “Eu quero mostrar pros moleques que não é preciso roubar pra ter as paradas, você pode correr atrás do seu sonho e fazer o que gosta, sobreviver com prazer”, afirma o criador do grupo que tem mais de 200 mil visitas no Youtube. O trio está se preparando para lançar, ainda este ano, seu terceiro CD.

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Da labuta ao batuque: a Usina Reagge não para


SAINDO DA BOLHA DO CAPÃO PARA O MUNDO

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SHOW DO BOM, NA PERIFERIA A banda que nasceu na Zona Sul de São Paulo enfrenta até hoje as mesmas dificuldades que o grupo de rap Slim Rimografia tinha quando começou. “Música também é trampo, se você não tiver história e talento, não sobrevive no meio”, afirma o tecladista Márcio Teixeira, o Macarrão. A história deles começou em 2001, com a união de amigos de longa data. Como estavam sempre envolvidos nos bastidores da música, tiveram a ideia de se juntar sob o nome de Usina Reggae, palavras escolhidas para relacionar o que eram: uma fábrica de ritmos ambulante dentro de uma vida operária. Afinal, na falta de grana, cantor vira motorista, baterista vira produtor e o tecladista, ajudante de palco. Há menos tempo no cenário musical, os “reggaereios” ainda passam por um bocado de dificuldades para tentar viver da música. “Já chegamos a fazer shows com instrumentos emprestados e presenciamos invasões policiais violentas”, afirma o baterista Edson Reghetti, 38 anos. O que não os desanima, pois sabem que a recompensa aparece cedo ou tarde. Usina dividiu o palco com grandes nomes do reggae como Groudation, Cidade Negra, Tribo de Jah e Natiruts. “É muito louco você gostar e admirar o trabalho de alguém e, do nada, estar ali no palco, ao lado dele, cantando de igual para igual. Aí percebemos que o sonho vale”, diz Márcio. E o sucesso? Ainda é o de menos. O grupo trabalha junto para levar a cultura do reggae para sua comunidade. No ano passado, criou uma banda de maracatu, composta por jovens da ONG Serviço Social Bom Jesus e do projeto na favela Paranapanema. “Toda primeira sexta-feira do mês montamos um palco na beira da avenida M’Boi Mirim e tocamos de graça. O espaço é aberto e as bandas podem divulgar seu trabalho”, explica o tecladista Macarrão. O reconhecimento, dizem eles, vem aos poucos. “O que rola é uma troca, as rádios divulgam o nosso trabalho e quando montam um show, tocamos de graça”, declara Edson. Por falta de ajuda financeira, estão com o próximo CD guardado na gaveta, mas sabem que o sonho de viver da música apenas começou. COMÉDIA DE GARAGEM Leandro Álvaro, de 22 anos, sempre sonhou em ter uma guitarra. Trabalhou durante meses e economizou dinheiro para comprá-la, mesmo sem saber tocar. Fez algumas aulas, pediu ajuda e dicas para um amigo que manjava tocar, comprou revistas de música e até convenceu a namorada a montar uma banda. O tipo de música? Rock, claro. Ketilly Pereira, 17 anos, a namorada, comprou a ideia e resolveu economizar também para ter sua bateria (no meio tempo foi aprendendo a tocá-la). Chamou o irmão Alex Santos, 18 anos, que, por consequência, chamou o amigo Francisco Fernandes, também de 18 anos. E foi assim que nasceu a Mundanos-09, no final do ano passado. Eles explicam que 09 é para diferenciá-los de uma banda de mesmo nome. E o número? Bem, o número é a soma de cáries na boca dos quatro. Os moradores de Santa Margarida, periferia de São Paulo,

dão duro durante a semana – Leandro e Francisco trabalhando no telemarketing, Ketilly nos eventos e Alex, correndo atrás de um emprego – para garantir o trabalho também aos finais de semana, quando ensaiam na sala do guitarrista. Mesmo com a bagunça, apoio não falta. “Eles têm futuro. Querem mostrar a música para os jovens se divertirem. Acho a iniciativa muito boa’’, diz Dona Bia, mãe de Leandro. As letras são deles e a inspiração é 100% brasileira. “A gente gosta de idiotice, quer tirar um barato das coisas, das pessoas. É como Mamonas Assassinas e Ultraje a Rigor. Já tentamos fazer letras românticas, mas não dá, só gostamos de falar besteira mesmo”, afirma Leandro. A brincadeira, no entanto, fica séria quando o assunto é futuro. Tocar na periferia não é fácil, pois quase sempre o dinheiro é o maior empecilho para dar certo. “Se eu fosse filho do Caetano Veloso, com certeza não estaria aqui. Estaria gravando discos, fazendo cilps na MTV e ganhando rios de dinheiro’’, afirma Leandro, com convicção. Apesar das dificuldades, os Mundanos-09 pretendem lançar seu CD até o final deste ano. “Queremos juntar uma grana, procurar uma gravadora boa e deixar nosso som com qualidade gringa. Não queremos tocar numa fita cassete”, completa.

Mundanos-09: cáries nos dentes e inspiração nos Mamonas e Ultraje


DIVERSÃO O QUE TEMOS E O QUE QUEREMOS

Jogo de menina

Garotas mostram que molecagem, maquiagem e jogo de cintura são essenciais T E XTO D e b o r a C o s t a F OTO C o l e t i v o Z ’ Z i n e para uma bela roda de capoeira

Sábado à tarde meninos e meninas jogam capoeira

Maquiagem e ginga: elas metem medo nos meninos

– Balé? Não, mãe, eu quero fazer CAPOEIRA! Quando eu tinha quatro anos, só os meninos podiam fazer aula de capoeira na minha escola. Para as meninas, restava o balé. Minha mãe queria que eu dançasse, mas eu só pensava na capoeira. Acompanhava todas as aulas do meu irmão da arquibancada da quadra e vivia fazendo estrelinha e outros movimentos em casa. Aos sete anos, finalmente, realizei esse sonho de criança e coloquei em prática a minha verdadeira paixão. No meu primeiro grupo, os professores e a maioria dos alunos eram homens. Além disso, eu era a mais nova. Sentia falta de companhia, até porque os meninos não colaboravam. Ficavam zoando, dizendo que eu não sabia jogar, que era muito desengonçada. Mal sabiam eles que isso, na verdade, era agilidade. Mas essa conclusão eu só fui tirar muito tempo – suor e bolhas – depois. Em 2007, após cinco anos praticando capoeira, agora já na Casa do Zezinho, eu tive um probleminha. Meus pés estavam sangrando, em “carne viva”. Cheguei até a faltar na escola por causa da dor. Minha mãe quis saber o que estava acontecendo. Quando soube que era consequência do atrito com o chão de madeira da sala de capoeira, disse que ia me tirar do grupo. Chegou até a ir falar com o professor Gigio para tentar convencê-lo a me fazer sair. Mas eu não desisti. Passei a jogar capoeira de tênis, para proteger meus pés, e resolvi a questão. Eu não podia abandonar a capoeira de jeito nenhum! Era eu quem “puxava” a aula, e essa sensação era tão boa que me fazia esquecer qualquer tipo de dor que viesse me perturbar. Era como se eu saísse do meu corpo. Naquela

época, o grupo da Casa do Zezinho já tinha 20 meninas super animadas, e eu, por ser a mais velha, comecei a servir de exemplo para elas. Tanto que hoje me chamam de “mãe”, porque sempre defendo, protejo e ajudo. Aulas de capoeira com meninas são o maior barato! Elas estão sempre bem arrumadas, levam maquiagem, andam em grupinhos, discutem, fazem bico, jogam charme, paqueram... O Gigio (ex-Zezinho que há seis anos se tornou educador) afirma que a capoeira na Casa do Zezinho foi criada para os garotos. “Mas aconteceu um fenômeno raro: pouco tempo depois de abrirmos o curso, a maioria dos praticantes já eram garotas”, conta. Agora o Gigio já está bem acostumado com a gente. Sempre reserva um tempo para conversar com as meninas, principalmente quando elas estão doentes [TPM], tristes [brigaram-com-o-namorado] ou simplesmente quando estão com preguiça! Nós, meninas, comandamos a capoeira na Casa do Zezinho [Gigio, não-fica-bravo!]. Na maioria das vezes, começamos a roda e também dizemos “SALVE CAPOEIRA” no final da aula. Ah, e adoramos intimidar os meninos [tadinhos!]. Não quero dizer pra nós, mulheres, invadirmos o universo dos homens: temos que respeitá-los assim como queremos ser respeitadas. Mas não podemos nos fragilizar muito. Temos que nos integrar, participar, mostrar que também somos capazes e que o machismo ficou no passado. Hoje, a frase “por trás de um grande homem existe uma grande mulher” deveria ser substituída por “ao LADO de um grande homem caminha uma grande mulher”. Digo isso porque sou uma delas também.

* Debora de Jesus Costa, 15 anos, é aluna do Gigio há três anos e está há três meses afastada das aulas de capoeira, para que você, leitor, possa se deliciar com suas matérias no nosso primeiro Zzine. Mas ela avisa: “Gente, logo mais eu volto, se preocupa não!” ;D

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AQUI TEM TALENTO TODO MUNDO TEM ALGO PRA MOSTRAR

Aqui nãofalta

Todo mundo tem algo de bom pra mostrar. Até você. Na primeira edição, o quê de melhor nossa equipe sabe fazer

POR JOHN ATAN GOND IM, 16 ANOS

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“Muitas vezes criamos a ima gem de que quem tem talento é apenas aquele que sabe tocar um instrumento ou que tem habilidade par a criar algo. Mas talento é uma expressão do que voc ê é, ao ser comunicativo ou até mesmo quando divulga suas idéias escrevendo. Foi assim que descobri o meu. Foi através do gosto pela escrita que escolhi a minha pro fissão e hoje falo com orgulho: Sou Jornalista.” PRI SCI LA ME NDE S, 23 ANO S

faço tudo. “Minha família diz que sei cozinhar. Não sou camMas de tudo faço um pouco. E no macarrão uiagem. maq fazer pra to talen o tenh peã. Ah, também de casa saio não como mas , salão Nunca trabalhei em nto. assu no al ssion profi e quas i fique sem me maquiar, sair.” de s ante uram proc me as Todas minhas amig BRUN A RODR IGUES, 15 ANOS r muito! Acho que falo “Dizem que o meu talento é fala me diz que quando e nem percebo. Minha mãe sempre po foi passando e a eu abro a boca não paro mais. O tem diferentes - ou do s minha vontade de conhecer pessoa me comunicasse eu mesmo estilo que eu - fez com que meu negócio. E acho mais. Percebi então que falar era cativa, independenteisso um ponto forte. Ser comuni to: “como foi seu dia mente do assunto. Sempre pergun anda fazendo?”. Acho hoje? O que você fez? O que você que esse é meu melhor talento.” FER NAN DA ALVE S DE MOU RA, 16 ANO S

“Música é q ualquer tipo de som que meio, ou seja se propaga , onde não te em um m ar, não te vida! Música m música, não é algo muit tem o valioso, p sos tipos de ois transmit sentimento e divers como amo va, saudade r, tristeza, ra ... Ela se torn ncor, raia uma arte d as pessoas e expressão poderiam u - o que sar a seu fa danças, inst vor, através rumentos m d e sons, usicais e ou mite sentim tras coisas. E ento. E exata la transmente por co natural, por nter essa vib essa comun ração icaçã com que as pessoas enco o pelas ‘entrelinhas’, ela faz ntrem algo nas outras, a em comum ssim forman umas do tribos, ass CA M IL A M AR IG im se unind A, 16 AN O S o.”

“Pode me chamar de Binho (ou de Ernesto, como pr fere a Amanda). eEu curto jogar handebol desde dez anos de idad os e. Sou melhor no esporte do que futebol e não vo no u largar o hand ebol tão fácil as E esse é meu tale sim. nto.” RU BE NS SA NTAN A, 17 AN OS

“Sufocada por medos e inseguranças a ponto de enlouquecer com o que se deve, pode e gosta de fazer. Apegome a palavras lançadas ao vento, jogadas direta ou indiretamente em minha direção. Já há algum tempo ouço essas palavras e me calo, me tranco em meu quarto e escrevo. Caneta em mãos, deparei-me com uma consequência. Meu desabafo se tornou poema. Não sei se isso é um talento, talvez um veículo. Porque a condição é de comunicadora. Ainda não tenho convicção de ser escritora, mas é isso que amo e que vou amar para o resto deste primeiro momento.” ZAIRA COIMBRA, 15 ANOS

POR DEBORA COSTA, 16 ANOS


TODO MUNDO TEM ALGO PRA MOSTRAR AQUI TEM TALENTO

“Não me interessava mu ito pela palavra comunic ação. Até que chegou um dia e tive a oportunidade de participar de oficinas que me levaram a entender as vár ias formas de me comunicar. Hoje vivo a palavra, por meio das fotos e dos vídeos qu e produzo. Tudo o que faç oé procurar me envolver cad a dia mais. Agora sei que é isso o que quero para o meu futuro profissional, porqu e sei olhar diferente. A questão não é você ser o melhor, e sim fazer o melhor naquilo qu e você gosta. Sempre exi stirá alguém melhor do que você em alguma profissão que você não gosta, então sej a ciente da sua escolha e faça de tudo para fazer a difere nça...” MIC AEL JAC KSO N, 20 ANO S singular 05, com direito ao 20 em ou eç m co va com mi“A história lante, meu pai fala vo Ao o. ul Pa o Sã a compor trânsito de prima começamos ha in m e eu s, rá At ela noite, nha mãe. a amor. Depois daqu m te ’ ito éd ‘in o e de montar juntas sobr iu então a vontade rg Su a. di do to os amos tocar escrevíam problema: não sabí o en qu pe um e a nder algo. Ela uma band Pensamos em apre . to en m ru st in arrebentar nenhum ixo”. Já eu: “Quero ba o r se ou “V a: ad rra custadetermin dinheiro! Uma guita a: at ch rte Pa !”. ça, estresse. na guitarra em. Quebra a cabe id , ixo ba o e s ai metade do va 400 re os violão (pela da am pr m co s ba am : revistinhas Resultado s eram as incríveis re so es of pr os ss foi sumindo preço). No aram e a guitarra ss pa se os an Os omizado! A de banca. tanto de ter econ ei st go a nc Nu . letras e a deda cabeça pel. Perdemos as pa do iu sa er qu lão deixou de banda se i em vão. Meu vio fo da na as m , ão E mesmo sem terminaç nho, virou paixão. so um de lo bo que as corser o sím zer tranquilamente di o ss po l, na io ss ser profi calma.” dinhas são a minha AN OS BE ATRIZ ME ND ES, 15

“Quando eu era pequena, fazia aulas de cant o na igreja. Diziam que eu tinha a voz muito bonita. Um dia, fizemos uma apresentação e as pessoas que estavam presentes adoraram. Desde então, peguei amor pela músi ca e comecei a escutar vários ritmos. Descobri a MPB e agora, sempre que estou com a galera reunida, man ifesto meu talento em momentos ‘zen’”. LECA BERN ARDO, 16 ANOS, (QUE DE ZEN TEM BEM POUC O) do Zefotografia da Casa de na ci ofi a i ec e apaixo“Quando conh Fiquei doida e m . am ar ilh br s ho . Até que zinho meus ol a Gabriela Leirias or ad uc ed da ho pessoal nei pelo trabal ca ela conheceu um áfi gr to fo o çã di o. Hoje já em uma expe inscreveu no curs e m e a ic ág em sa do Zezida ONG Imag a, continuo na Ca afi gr to fo em a to, filmes estou formad m produção de fo co r ha al ab tr do nho e preten municação.” e algo ligado à co 15 AN OS NATÁLIA BA RB OS A,

fotomonta“Como vocês podem ver na foto, quer dizer, um comde tas men ferra as s toda gem, adoro conhecer ” mais criar para do olga emp putador. Sempre fico MÜLLER SILVA FREITAS, 17 ANOS

“Não chega a ser um talento É apenas uma brincadeira que faço De rimar com as letras Sem que elas se percam no espaço Abrigo as palavras em meus versos E elas narram meus pensamentos E quando menos espero Elas narram até meus sentimentos Os versos moram nas estrofes As estrofes no poema Tenho muito sorte Conheci a arte das palavras e seus esquemas.” NIÑA MALTA, 17 ANOS

“A viola é um instrumento um pouco maior que o violino. As cordas mudam de lugar, mas a maneira de tocar é a mesma.” THAIS DOS PRAZER ES, 16 ANOS

“Aprendi a fazer unhas só de olha r as outras fazendo. Hoje faço as unhas das minhas ami gas e as minhas também. Gosto muito de conhecer pes soas e conversar com elas. Acho que faço bem as duas cois as.” CAR OLIN E PIAS SA, 18 ANO S

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“A CASA DO ZEZINHO SE CHAMA CASA,

POIS SIGNIFICA SEGURANÇA, COMPARTILHAR E FAZER AMIGOS. AQUI É UM LUGAR PARA SONHAR”, DIZ TIA DAG.


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