Cinefilia - TFG Arquitetura e Urbanismo

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CINEFILIA Instituto de Apoio a Produção Cinematográca em Uberaba PRISCILLA NUNES MARINS



UNIVERSIDADE DE UBERABA

CINEFILIA Instituto de Apoio a Produção Cinematográca em Uberaba

PRISCILLA NUNES MARINS

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO ORIENTADOR: PROFESSOR MESTRE RODRIGO CAMARGO MORETTI

UBERABA 2016



PRISCILLA NUNES MARINS

CINEFILIA Instituto de Apoio a Produção Cinematográca em Uberaba

Trabalho Final de Graduação apresentado como parte das atividades para obtenção do título de Arquiteta e Urbanista do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Uberaba sob orientação do Prof. Me. Rodrigo Camargo Moretti.

UBERABA 2016



Banca Avaliadora

Orientador: Prof. Me. Rodrigo Camargo Moretti

Convidada 01: Prof.ÂŞ Me. Camila Ferreira GuimarĂŁes

Convidada 02: Arquiteta Gisele Remy



Dedico este trabalho aos meus avĂłs, pois sem o apoio, a paciĂŞncia, o carinho e os conselhos deles, eu nunca teria conseguido realizar esse sonho.



Agradecimentos Agradeço a todos que me ajudaram na elaboração deste trabalho. Meu professor e orientador Rodrigo Moretti, por dividir seus conhecimentos comigo, de maneira tão aberta e compreensível. Pela paciência e sinceridade nas horas em que foram preciso. A todos os professores que contribuíram para enriquecer cada vez mais o meu conhecimento do que realmente é arquitetura e como ela pode transformar a vida das pessoas. Aos meus avós, por toda preocupação diária, por estarem presente em todas as horas que eu preciso e por serem como pais para mim desde sempre. A toda minha família pelo apoio, conança e por não me deixarem desistir. Ao meu namorado pela compreensão, paciência e pelas incontáveis vezes que me ajudou em tudo que eu precisava, sem hesitar. Ao meus amigos do coração, por toda a ajuda, as conversas, os conselhos e o carinho.



“Filmes são um mundo de fragmentos.” (Jean-Luc Godard)



Resumo O cinema, criado no nal do século XIX e denominado como a “Sétima Arte”, tem o grande poder de desenvolver e estimular o senso crítico da sociedade com relação a questões culturais, políticas e sociais. Logo, torna-se necessário o conhecimento e o domínio dessa arte que possui tanto poder perante a população. De acordo com essas informações, este trabalho propõe desenvolver o projeto de um Instituto Comunitário de Apoio a Produção Cinematográca na cidade de Uberaba, onde também será exposto através de galerias de exposições - além de um centro de documentação - a história do cinema e atividades direcionadas ao audiovisual produzidas na região. O intuito seria de criar uma produção artística inteligente do cinema dentro da cidade, gerando espaços que propiciem a coexistência entre as pessoas.

Palavras Chave Cinema, Coexistir, Desconstruir, Requalicar o Centro Urbano


01 Introdução I 02A Sétima Arte

Sumário 17 I 25

2.1 No Mundo I 27 2.1.1 A Evolução dos Espaços Ocupados I 29

2.2 No Brasil I 30 2.2.1 Amácio Mazzaropi I 33 2.2.2 A Situação Atual I 35

03A Evolução Urbana e o Cinema em Uberaba

I 37

3.1 O Patrimônio Público Ocial - Igrejas, Praças, Ruas, Avenidas - e os Teatros, Cinemas e Cineteatros I 39 3.2 Espaços Culturais- A Evolução do Cineteatro e dos Cinemas I 49

04A Essência

I 53

4.1 Coexistência I 55 4.2 Flexibilidade I 57 4.2.1 Casa Shari-Ha - Escritório Nextofce I 58

4.3 Abstração I 60 4.3.1 Complexo Desportivo - Escritório BKA I 63 4.3.2 Teatro Municipal Chacao - ODA I 66 4.3.3 Cinema Centípede - Escola de Arquitetura Bartlett I 73

4.4 Continuidade I 74


05 Levantamentos

I 77

09 Apêndice

5.1 Escolha da área e Justicativa I 79 5.2 Mapas Uso e Ocupação do Solo I 81 5.3 Bens Imóveis Tombados e Inventariados I 85 5.4 Escolas de Uberaba I 89 5.5 Legislação I 91 5.6 Estudos da Área I 92

06 O Cinelia

I 95

6.1 Disciplinas I 97 6.2 Usos I 100 6.2.1 Escola de Cinema de Santos Costa e Macedo I 100

6.3 Cine São Luíz I 107 6.4 Estudos da Área I 111 6.4.1 Instituto Comunitário de Apoio a Produção Cinematográca I 111

6.5 Conceitos I 113 6.6 Croquis da Nova Etapa de Projeto I 115

07 Projeto I 121 08 Referências I 147

I 153

9.1 Processo de Projeto Inicial I 155



Introdução

“O que não pode permanecer indenidamente é a total indiferença da sociedade e dos responsáveis, públicos e privados, pelo ensino para com a arte do século, tornada, pela atuação da indústria de entretenimento e omissão generalizada, nocivo anestésico de consciências. Ou será justamente por esse motivo que o cinema até hoje não é estudado e questionado nas escolas?” (BILHARINHO, 1996)


Este projeto referente ao Trabalho Final de Graduação, do curso de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade de Uberaba, tem como intuito criar um Instituto Comunitário de Apoio a Produção Cinematográca na cidade de Uberaba, analisando sua necessidade, importância, o porquê de sua ausência e o impacto que este aprendizado causará na sociedade. Através de pesquisas e conversas com o professor Filipo Carotenuto, atuante na área do Audiovisual na cidade, foi possível descobrir que alguns anos atrás, existiu na Universidade de Uberaba um curso de extensão nomeado "Cinema - A arte de contar histórias", porém, devido à uma grande burocracia, falta de equipamentos, investimento, professores especializados, salas de aula apropriadas, o curso deixou de existir. Durante o mesmo tempo, existiu também no SESI um curso de cinema, ambos tinham a duração de seis meses e eram pagos, porém, a falta de investimento e dos equipamentos necessários também zeram com que este curso terminasse. No ano de 2010 houve um projeto da Fundação Cultural de Uberaba com o Governo Federal que se chamava “Pontão de Cultura do Triângulo”, no qual o objetivo era promover o conhecimento e, consequentemente, gerar mão de obra especializada na região, para a área do Audiovisual. Este programa contava com 05 professores, que passaram por cidades da região como Araguari e Patos de Minas, além de Uberaba, promovendo ocinas de cinema, com o intuito de gerar curtas metragens no nal. Porém, devido a cortes de gastos, esse projeto interrompeu suas atividades por tempo indeterminado. Segundo Filipo, os cursos da Uniube e do SESI contavam com a inscrição de 15 a 20 alunos, aproximadamente, e o Pontão de Cultura, por ser gratuito, conseguia atender em média 30 alunos por cidade.

Imagem 01 - Projeto Pontão de Cultura do Triângulo em Patos de Minas, 2010. Fonte: pontaodeculturadotriangulo.blogspot.com.br, acesso em 2016

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Imagem 02 - Projeto Pontão de Cultura. Fonte: Prefeitura Municipal de Uberaba, acesso em 2015


Atualmente, movimentos como “Cinema ao Luar”, em Peirópolis, “Cine Cultura”, da OAB de Uberaba, “Cine Cupim”, que acontece na Casa Paulo Lima - construção inventariada que apresenta grande importância para a cidade - “SESI Cinema”, no Centro de Cultura José Maria Barra, e, “Cinema na Praça”, acontecimento que ocorre nas praças de bairros afastados com população de baixa renda, tem ganhado destaque, ressaltando que todos esses eventos são gratuitos, fazendo com que o cinema seja cada vez mais acessível para toda a população da cidade. Logo, notamos a necessidade de ter um conhecimento aprofundado de como dominar e também produzir para o cinema, sejam curtas, longas metragens ou documentários.

Imagem 04 - Cartaz do Cinema ao Luar. Fonte: cinemapeiropolis.blogspot.com.br, acesso em 2016

Imagem 03 - Foto Cinema na Praça. Fonte: Site do Jornal de Uberaba, acesso em 2016

Imagem 05 - Foto Cine Cultura. Fonte: cineculturauberaba.blogspot.com.br, acesso em 2016

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Imagem 06 - Foto Cine Cupim. Fonte: Autora, registrada em 2016

Workshop tinha o intuito de ser um curso livre intensivo de 40h, em que no nal os alunos tivessem que produzir um curta-metragem que seria exposto posteriormente para todos os participantes. A Mostra de Cinema foi um evento que ocorreu em paralelo ao primeiro, no qual a população interessada poderia se inscrever e criar um curta-metragem de maneira independente, que durasse até no máximo 30 minutos, e depois este também seria mostrado para todos os participantes. A questão mais importante desse acontecimento foi o número de pessoas inscritas, que ultrapassaram de 145, ou seja, a população demonstrou ter muito interesse no aprendizado das práticas do audiovisual.

Imagem 07 - Cartaz SESI Cinema. Fonte: www7.emg.com.br, acesso em 2016

Outros eventos gratuitos de extrema importância, realizados no início de 2016, pela PET¹ UFTM de Ciências da Natureza e Matemática, Urukubaka Filmes, foram o I Workshop de Cinema Digital de Uberaba e a I Mostra de Cinema Digital de Uberaba, nos quais tinham como objetivo principal promover a produção cinematográca na cidade, de modo a ensinar como utilizar tecnologias digitais para criar, moldar e distribuir a imagem em movimento. O 21 ¹ Programa de Educação Tutorial (PET), criado para apoiar atividades acadêmicas de ensino, pesquisa e extensão.

Imagem 08 - Foto I Workshop de Cinema Digital de Uberaba. Fonte: Autora, registrada em 2016


Imagem 10 - Cartaz I Workshop de Cinema Digital de Uberaba. Fonte: workshopcinemauberaba.blogspot.com, acesso em 2016

Imagem 11 - Foto do Cartaz I Mostra de Cinema Digital de Uberaba. Fonte: Autora, registrada em 2016

Imagem 09 - Foto I Workshop de Cinema Digital de Uberaba. Fonte: Autora, registrada em 2016

Além dos eventos relacionados ao cinema, a produção de longas metragens está crescendo na cidade. Em primeiro lugar temos o lme “Supernova”, um drama psicológico, dirigido por Guilherme Tensol e produzido pela “Mosquito Project”, uma produtora independente. O lme ainda está em desenvolvimento, mas, segundo informações contidas na página ocial do lme no facebook, a estreia está prevista ainda para 2016. Em segundo, temos o longa “Ninfa Bebê”, um lme de suspense que critica o exibicionismo nas redes sociais. Foi produzido através do Fundo Municipal de Cultura, promovido pela Fundação Cultural da cidade. Teve sua estreia em maio de 2016 no Cinema Kinoplex, do Praça Shopping Uberaba, e também teve exibições gratuitas no Cine Teatro Vera Cruz. Por m, a produtora Urukubaka Filmes, de Uberaba, iniciou em agosto desse ano, na cidade de Água Comprida - MG, as gravações de um novo longa, chamado “A Cidade e as Flores”, dirigido por Mario Luiz da Costa. 22


Imagem 12 - Cartaz do lme Supernova. Fonte: facebook.com/projetosupernova, acesso em 2016

Imagem 13 - Cartaz do lme Ninfa Bebê. Fonte: facebook.com/lmeninfabebe, acesso em 2016

Imagem 14 - Foto das gravações do lme A Cidade e as Flores, Água Comprida. Fonte: facebook.com/desassombrolme, acesso em 2016

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Após a análise dos eventos que estão ocorrendo em Uberaba, foi possível perceber que a atual ausência e a importância de uma escola de cinema na cidade e sua microrregião, faz com que seja pertinente a criação de um projeto deste cunho. O diferencial desse Instituto comunitário a ser criado será a inclusão dos participantes de companhias de teatro da região, como a Cia Rogê e os alunos de teatro do SESI, para contribuir no elenco de atores, por exemplo, e também costureiras e marceneiros incluídos no programa do instituto, ajudando na produção de gurinos e cenários. Outra característica importante do Cinelia, será a conexão com escolas que possuam ensino fundamental e ensino médio regular, com o intuito de incentivar o processo formativo da linguagem cinematográca, através de extensão das atividades curriculares das escolas. Assim, toda comunidade poderá ser recebida, mostrando que o ensino do audiovisual não necessariamente precisa ser associado a instituições com mensalidades de preço muito alto. Além de ser um espaço dedicado somente a atividades voltadas ao cinema, logo, com equipamentos adequados, prossionais especializados, laboratórios de aprendizado apropriados. Mesmo que o objetivo desse projeto não seja o de oferecer uma formação prossional na área


do Audiovisual, mas sim com ocinas de cinema e cursos de curta duração abertos e disponíveis para toda a população interessada. Acrescentando também a importância de seu espaço de exposição e documentação dedicado a história cinematográca da região e aos trabalhos que serão produzidos no Instituto proposto. É necessário saber que cinema é um meio de comunicação com a função de prover a interação e gerar entretenimento e despertar o encantamento, assim como desenvolver o senso crítico de seus espectadores. O estudo aprofundado da prática do cinema possui uma grade disciplinar bastante complexa, pois é necessária a compreensão da cultura e de como funciona a mente humana. Sendo assim, estudos sobre história, psicanálise, antropologia, semiótica e linguística são imprescindíveis. A análise de conteúdos de jornais, revistas, televisões, histórias em quadrinhos, rádios, músicas e moda também ajudam a entender o cotidiano da sociedade e o seu sistema de valores. Portanto, conseguimos caracterizar o estudo do cinema como uma prática social relevante. Logo, a escolha do tema de uma escola de cinema ou de um instituto de apoio a produção cinematográca em qualquer cidade torna-se importante, pois através

onde estiver inserida, mas ao mesmo tempo como ela vai se organizar e prover este espaço onde as práticas sociais e a interação social são tão importantes. Em suma, este projeto não só seria um atrativo turístico e educativo, mas também incentivaria a produção inteligente do audiovisual na nossa região, podendo contribuir com os movimentos de cinema existentes em Uberaba, na desassociação do cinema como mercado, e, também, na revitalização dos cinemas históricos abandonados no centro da cidade, como o Cine Teatro São Luíz e o Cine Metrópole. Ÿ

OLIVA, Mayara Rosane da Cruz; BAMPI, Aumeri Carlos; NETO, José de Souza. A SÉTIMA ARTE: a importância do cinema como prática educativa não formal. Revista Eventos Pedagógicos, Mato Grosso, v. 2, n. 2, p.181-190, ago. 2011. Semestral. Acesso em: 28 set. 2015.

Ÿ

KLAMMER, C. R. et al. Cinema e educação: possibilidades, limites e contradições. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA CULTURAL, 3, 2006, Florianópolis. UFSC, 2006. p. 872-882.

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TURNER, Graeme. Cinema como prática social. São Paulo: Summus Editorial, 1988.

deste projeto é possível não só trabalhar a forma da arquitetura e como ela vai impactar e valorizar a área 24


George Méliès - Viagem à Lua


A SĂŠtima Arte


2.1

No Mundo

Por meio do livro “História do Cinema Mundial” de Fernando Mascarello (2006), para melhor explicar o cinema e como ele surgiu é importante dividir sua história nas seguinte etapas: o cinema das origens e o cinema clássico de Hollywood. Sabendo-se que o primeiro subdivide-se em “cinema de atrações” e logo após passa por um período de transições, até conseguir se estabelecer e iniciar a era do cinema clássico. O primeiro cinema é o de atrações, que começa em 1895 e se prolonga até 1906. Não se sabe ao certo quem foi o descobridor desta arte, porém temos como marco o dia 28 de dezembro de 1985, com a famosa demonstração pública e paga de imagens em movimento do cinematógrafo dos irmãos franceses Lumière em um café de Paris. Por serem negociantes expertos e pelo fato de seu equipamento ser mais veloz e leve, podendo ser facilmente levado para outros lugares e, consequentemente, não se limitar as gravações em estúdio, o irmãos passaram a ser mais reconhecidos ao longo dos tempos. Entretanto, um mês antes da exibição dos Lumière, novembro de 1985, os irmãos alemães Skladanowsky zeram também uma apresentação de seu projetor de lmes, o bioscópio, em um teatro de variedades em Berlim. Após esses acontecimentos, em 27

1891, o americano Thomas Edison, criador de outro aparelho chamado quinetoscópio, decidiu abrir um estúdio para poder criar seus lmes. Este foi o primeiro estúdio de cinema do mundo, e cou conhecido como “Black Maria”, por se tratar de uma pequena construção pintada de preto, possibilitando a entrada de iluminação natural através de um teto retrátil e de uma estrutura que permitia que a casa girasse sobre si mesma, acompanhando a luz solar. Imagem 15 - Foto Black Maria. Fonte: dmg-entertainment.com, acesso em 2016

Outra personalidade importante de ser citada dessa época é o mágico e encenador francês, Georges Méliès, que foi mais um dos grandes competidores dos irmãos Lumière, e produziu centenas de lmes de cção através de sua produtora Star Film, mas acabou indo à falência em 1913, com a mudança do cinema para moldes mais industriais. Como o historiador T. Gunning (1984) descreve, a grande característica que dene esse “cinema de


atrações” não é a tentativa de seguir uma narrativa e de se contar histórias, mas sim, de surpreender e chamar a atenção de seus espectadores para esta nova invenção, apresentando os lmes como se eles fossem um espetáculo visual. A segunda etapa desse cinema das origens é o “período de transição”, que vai de 1907 até 1913, e é quando os lmes começam a se organizar em modelos industriais, e, segundo Fernando Mascarello (2006), “passam gradualmente a se estruturar como um quebra-cabeça narrativo”, ou seja, surgem então as primeiras tentativas de se contar histórias. É nesse período que os atores passam a ser mais valorizados, através de uma denição psicológica dos personagens. Essa mudança ocorre devido à necessidade das produtoras de atrair também o público de classe média, fazendo com que o cinema conquistasse não só respeito, mas também se transformasse no “divertimento de todas as classes sociais”. Para que isso fosse possível, foi necessário o surgimento de diretores, roteiristas, pessoas encarregadas de controlar a iluminação, os cenógrafos, maquiadores, gurinistas, ou seja, racionalizando o processo de criação e estabelecendo seu formato industrial, transformando o cinema então na primeira mídia de massa. Após isso, e, com o intervalo da produção do cinema europeu, devido a Primeira Guerra Mundial,

entramos no período do cinema clássico de Hollywood, com o aparecimento dos grandes estúdios, Paramount e Fox Films Corporation, e os lmes que passam a ser mais longos, com no mínimo 90 minutos de duração, fortalecendo a indústria cinematográca americana. Foi neste período que atores como Charles Chaplin e outros conseguiram se consagrar. É de extrema importância ressaltar que o som só chegou aos lmes em 1929 (MASCARELLO, 2006) , ou seja, toda sua origem é reconhecida também como “cinema mudo”. Enquanto essa evolução cinematográca acontece e o “cinema falado” começa a se estabelecer e se desenvolver cada vez mais, surgem diferentes vanguardas e vertentes no mundo todo, como o impressionismo francês e alemão, a montagem soviética, o surrealismo, o construtivismo, o cinema realista, o cinema moderno e o cinema contemporâneo.

Imagem 16 - Foto de Charlie Chaplin no lme Tempos Modernos. Fonte: mubi.com, acesso em 2016

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2.1.1 - A Evolução dos Espaços Ocupados Através do livro “A História do Cinema Mundial”, Mascarello (2006), também foi possível conhecer sobre os primeiros espaços ocupados pelas exposições de lmes. Sabemos que a primeira apresentação famosa dos irmãos Lumière foi em um café de Paris, chamado de “Grand Café de Paris”, porém o que muitos não sabem é a importância que os cafés tiveram na história do cinema mundial. Eram nestes que aconteciam as apresentações do “cinema de atrações”, estes locais caram conhecidos com vaudeviles e funcionavam como uma espécie de “teatro de variedades”. Segundo Mascarello, “nos cafés, as pessoas podiam beber, encontrar os amigos, ler jornais e assistir a apresentações de cantores e artistas.”

Em 1902 surgem os “nickelodeons”, que, segundo o autor Fernando (2006), “eram, em geral, grandes depósitos ou armazéns adaptados para exibir lmes para o maior número possível de pessoas, em geral trabalhadores de poucos recursos. Eram locais rústicos, abafados e pouco confortáveis.” Além de serem maiores que os vaudevilles, este tipo de espaço passou a ser usado na época do “período de transição”, marcando o início da adaptação do cinema para moldes industriais.

Imagens 18 e 19 - Fotos da fachada e do interior do primeiro Nickelodeon Los Angeles, 1902. Fonte: caixolalmes.blogspot.com, acesso em 2016

Imagem 17 - Foto Grand Café de Paris. Fonte: roteirotracado.les.wordpress.com, acesso em 2016

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Na época em que as produtoras e indústrias tiveram o interesse de atrair também o público de classe média, para conquistar o respeito e interesse geral da população quanto ao cinema, eles resolveram criar locais enormes e luxuosos para exibirem os lmes, começando então a era dos cinemas que conhecemos.


2.2

No Brasil

Com base na leitura do livro “Cem Anos de Cinema Brasileiro”, escrito por Guido Bilharinho em 1997, foi possível compreender o começo do cinema nacional e como ele foi estruturando até a década de 90. O princípio de toda a história acontece em 1896 e podemos dividi-la entre os acontecimentos realizados no Eixo Rio-São Paulo e, simultaneamente, nas demais cidades. A primeira sessão pública de cinema aconteceu poucos meses após a exibição feita pelos irmãos Lumière em Paris, em julho de 1896, no Rio de Janeiro, por ação de um belga chamado Henri Paillie. Diferentemente do que estava ocorrendo nos Estados Unidos, na França, na Alemanha, e em outros países, a sessão no Brasil não ocorreu em um café, ou vaudeville, ela foi realizada em uma sala preparada especialmente para isso. Nessa sala, segundo Fernão Ramos (1987), em seu livro História do Cinema Brasileiro, foram posicionadas 200 cadeiras em la, voltadas para o fundo na sala, no qual se localizava o telão que seria projetado o lme, o aparelho usado foi o omniographo, que era mais desenvolvido que o quinetoscópio e semelhante ao cinematógrafo. Esse aparelho foi posto em uma pequena sala fechada, que cava detrás das cadeiras dos espectadores, entre as duas portas de entrada.

Imagem 20 – Foto da Rua do Ouvidor Fonte: mauriciomallet.com, acesso em 2016

O sucesso foi tão grande que no ano seguinte, na mesma rua do Rio de Janeiro, em julho de 1897, foi inaugurado o Salão de Novidades Paris, que foi a primeira sala xa destinada ao cinema, embora nela também pudessem acontecer outros eventos sociais. Já em São Paulo, a primeira sessão aberta ocorreu em agosto de1896, devido ao nanciamento do paulista André Bourdelot. Segundo Bilharinho (1997), no mesmo ano em que inauguraram a primeira sala xa de cinema no Brasil, iniciaram-se as primeiras lmagens nacionais experimentais, as quais captavam paisagens e acontecimentos sociais, assim como as que eram feitas em Paris e nos Estados Unidos na época. Os pioneiros dessas lmagens foram José Roberto Cunha Sales e o italiano Afonso Segreto. Fora do Eixo Rio-São Paulo também tinham outras cidades com seus eventos e produções 30


independentes, como por exemplo, Porto Alegre teve sua primeira sessão também no ano de 1896, antes mesmo de São Paulo, e Manaus em 1897. O foco dessa produção regional estava em fazer documentários, além das lmagens de paisagens e casualidades. De acordo com Guido Bilharinho (1997), “O entusiasmo gerado pelo novo invento e as possibilidades comerciais de sua exploração despertam o interesse de indivíduos empreendedores. Entre os que mais se destacam, como pioneiros na produção cinematográca no país citam-se: Antônio Leal, Pascoal Segreto, Marc e seus lhos Júlio Ferrez, Francisco Serrador, Cristóvão Guilherme Auler ou William Auler, Paulo Benedetti, Alberto Botelho e os irmãos Giuseppe e Biase Labanca.” A partir disso, entre os anos de 1909 e 1910 foram produzidos aproximadamente 200 lmes nacionais, constituídos de atualidade e noticiários. Porém, infelizmente, a produção cinematográca no país entrou em crise após essa época. Em meio a grandes diculdades nanceiras e técnicas, a produção nacional decai, por não conseguir mais competir com os lmes estrangeiros, que acabaram por estabelecer um forte mercado no Brasil e conquistar nosso público por completo. Assim como explica Bilharinho, “Enquanto no Brasil, como em todos os países periféricos, o cinema 31

se faz, então em bases artesanais e não industriais e nem se estrutura e se organiza o mercado exibidor – o país, à época, enfrenta até mesmo deciência de energia elétrica – nos Estados Unidos e em alguns países europeus o cinema se industrializa em grandes proporções e se lança à conquista, manutenção e domínio de mercados em todo o mundo.” A década de 30 foi marcada pelo surgimento do cinema sonoro, que teve seu início em 1927 nos E s t a d o s U n i d o s e e m 1 9 2 9 e m S ã o Pa u l o (BILHARINHO, 1997). Sendo assim, no mesmo ano, foi produzido o primeiro lme com som, também na cidade de São Paulo, que tinha o nome “Acabaram-se os Otários”, a produtora foi a Sincrocinex e o teve como diretor o Luís de Barros. A crise iniciada na década de 10 continuava, e, com o advento do som, foi agravada, devido a falta do domínio da técnica do som e do aumentos de custos. Em consequência dessas diculdades, a produção regional, que acontecia fora do Eixo Rio-São Paulo, praticamente foi extinguida nessa época. Nos anos 40 nasce a famosa “chanchada” no Brasil, denominada por Jean Claude Bernadet como “uma comédia popularesca e frequentemente musical.” Em 1949, na cidade de São Paulo, funda-se a Companhia Cinematográca Vera Cruz, importante de ser mencionada, por ter possuído Mazzaropi como parte de seu elenco temporariamente.


Imagem 21 – Cartaz e Foto do Filmes Acabaram-se Os Otários. Fonte: rankbrasil.com.br, acesso em 2016

Imagem 22 – Logo da Companhia Cinematográca Verz Cruz. Fonte: blogcartaobom.com.br, acesso em 2016

O cinema brasileiro nalmente consegue se reerguer depois de sua crise e passa a produzir lmes de mais qualidade e com mais diversidade de temas e estilos nos anos 50, superando as décadas anteriores. Entretanto, esse período de prosperidade foi interrompido na década de 90, com o surgimento de outra crise, originada devido ao hiato de produções no governo do ex-presidente Fernando Collor, com a desativação de toda a infraestrutura que existia na época, em consequência ao seu governo de cunho neoliberalista, causando o m dos nanciamentos da produção. Além dessa diculdade do governo, segundo Bilharinho (1997) em seu livro, “O maior problema ainda reside no público, arredio, quando não hostil ao cinema brasileiro. Não por culpa deste, diga-se. Mas, pela formação e condicionamento daquele pelas produções comerciais norte-americanas, pelas telenovelas e pela falta geral de interesse, curiosidade, formação cultural e artística. “O Brasil é muito impopular no Brasil”, constata Arnaldo Jabor (“O Brasileiro Tem a Funda Nostalgia do Caos”, in Folha de S. Paulo, 1 julho 1997).” Outro fator que colabora com esse desinteresse e preconceito dos brasileiros para com o cinema nacional é a falta de autenticidade, a cópia do que se passa nos cinemas estrangeiros, sem sequer uma adaptação para a realidade social do nosso país, visando apenas o lucro das bilheterias. 32


2.2.1 - Amácio Mazzaropi

Imagem 23 - Foto de Amácio Mazzaropi Fonte: manuelfvitart.wordpress.com, acesso em 2016

Através do artigo “Mazzaropi, um caipira transversal”, do Professor Luiz Otavio de Santi (2010), foi possível saber que Amácio é mais conhecido como “caipira”. Mazzaropi foi e ainda é um dos grandes nomes na história do cinema brasileiro, já trabalhou como ator, produtor e diretor de inúmeros lmes. Sua carreira tem início no circo, onde conquistou a habilidade de dialogar livremente com o público rural. Em 1940 fundou o Circo Teatro Mazzaropi, juntamente 33

com a Companhia Teatro de Emergência. No ano de 1948 começou a trabalhar como comediante na Rádio Tupi. Na década de 50 iniciou sua jornada na televisão, através do surgimento da TV Tupi e, logo depois, foi integrado no elenco dos lmes da Companhia Cinematográca Vera Cruz. Com o fechamento da companhia, em 1958, inaugurou a Pam Filmes (Produções Amácio Mazzaropi), através de produções independentes de lmes, feitas sem nanciamentos externos, um legítimo cinema autoral. Devido ao sucesso, em sua grande maioria conquistado por meio de espectadores rurais, Mazzaropi montou o seu primeiro estúdio, em uma fazenda, período mais próspero de sua carreira, com a criação de lmes um pouco mais elaborados. O dinheiro que era utilizado como recurso para as lmagens vinham das arrecadações das bilheterias no país. A m de evitar prejuízos, montou uma equipe dedicada somente a scalização de ingressos vendidos nas salas. Nos anos 70, fundou um hotel, em conjunto com um novo estúdio. De acordo com Santi (2010), Amácio “pretendia desenvolver uma modalidade turística temática, talvez inédita para época (e atualmente): oferecer aos hóspedes a visitação ao set de produção, durante as lmagens. Uma atividade lúdica proporcionada nas dependências do hotel, mas provavelmente pouco realizada ou desenvolvida.”


Apesar de ter conseguido levar 8 milhões de pessoas ao cinema para assistirem seus lmes, Mazzaropi sempre foi muito criticado e sofria muito preconceito perante a população urbana de classe média e alta, justamente pelo caráter rural e independente de seus lmes, que percorriam todo o Brasil em lombos de burros, trens, bicicletas e automóveis. Durante sua carreira fez 32 longas-metragens e conseguiu recordes de bilheteria, ganhando as vezes até de lmes estrangeiros super produzidos.

Imagem 24 - Foto da estréia do lme Mazzaropi, O Corintiano Fonte: Revista FACOM 22, acesso em 2016

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2.2.2 - A Situação Atual Atualmente, o cinema brasileiro ainda perde para os lmes produzidos nos Estados Unidos e o preconceito dos próprios brasileiros com os lmes nacionais ainda continua. De maneira que, devido a esse fato, a maioria dos lmes que realizamos ainda tentam copiar os estrangeiros, como se não tivéssemos nos recuperado da crise da década de 90. Segundo a Pesquisa de Informações Básicas Municipais feita pelo IBGE, em 2014, constatou-se que apenas 10,4% dos 5.570 municípios brasileiros possuem pelo menos um cinema e 23,4% dispõem de teatro ou salas de espetáculo. A situação da ausência de equipamentos culturais nas nossas cidades ainda é alarmante. Através dessa mesma pesquisa levantou-se também que apenas 27,2% desses municípios possuem museus e 37% centros culturais. Outro dado importante recolhido pelo IBGE foi o de que 24 estados investem na produção cinematográca do Brasil, principalmente o Rio Grande do Sul, Pernambuco e São Paulo. Porém, infelizmente, desde a década de 30, as atividades voltadas ao audiovisual ainda se concentram, em sua grande maioria, nas cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo. Anal, como teríamos uma produção melhor distribuída no nosso país, se 80,6% das cidades ainda não possuem nem o acesso ao cinema. 35

Mapa de mostras e festivais no Brasil em 2016, registrados na Ancine

Imagem 25 - Mapa de Mostras e Festivais no Brasil em 2016 Fonte: Site da Ancine, acesso em 2016

LEGENDA: Eventos em andamento Próximos eventos Eventos já realizados este ano


Imagem 26 - Mapa de Mostras e Festivais no Brasil em 2016 Fonte: Site da Ancine, acesso em 2016

Imagem 27 - Mapa de Mostras e Festivais no Brasil em 2016 Fonte: Site da Ancine, acesso em 2016

Através da Imagem 26, percebemos realmente como são predominantes os festivais e eventos voltados ao cinema no Eixo Rio - São Paulo. Aproximando mais ainda o mapa, agora em direção ao estado de Minas Gerais, observamos que as atividades se concentram na cidade de Belo Horizonte, além de outros eventos em São João Del Rei e Caeté. Após a análise do histórico do cinema brasileiro, e desses dados apresentados através de pesquisas e mapas da ancine e IBGE, não podemos negar o estado de carência de cultura em que a nossa população em geral se encontra. É necessária a disseminação de equipamentos culturais por todo o país, a m de melhorarmos a própria área da educação e nos transformarmos cada vez mais em seres inalienáveis, esclarecidos, e capazes de produzir um cinema de inteligência e qualidade, com o intuito de acabar com o preconceito e desinformação do povo brasileiro em relação ao nosso próprio país. 36


Amรกcio Mazzaropi


A Evolução Urbana e o Cinema em Uberaba A História da Arquitetura e da Cidade de Uberaba nos Séculos XIX e XX


3.1

O Patrimônio Público Ocial: Igrejas, Praças, Ruas, Avenidas - e os Teatros, Cinemas e Cineteatros

“A memória, onde cresce a história, que por sua vez a alimenta, procura salvar o passado para servir o presente e o futuro. Devemos trabalhar de forma a que a memória coletiva sirva para a libertação e não para a servidão dos homens.” (LE GOFF, 1994 apud DANTAS, 2013)

Após as leituras dos livros de Mendonça (1974), Bilharinho (2007) e do artigo de Sandra Dantas (2013), foi possível entender que Uberaba foi constituída a partir da ocupação do Triângulo Mineiro, antigo “Sertão da Farinha Podre”, descoberto após a criação da Estrada Real ou da famosa Anhanguera, através da “bandeira” de Major Eustáquio em 1812, que, ao perceber o solo fértil e a riqueza de recursos hídricos, resolveu se estabelecer na região. Edicou sua chácara a margem direita do Córrego das Lajes (situado na atual Avenida Leopoldino de Oliveira), e sua casa a dois quilômetros acima, na atual esquina da Praça Rui Barbosa com a Rua Artur Machado (casa esta que foi demolida para dar lugar ao Hotel Chaves posteriormente). Com isso, fazendeiros, comerciantes, boiadeiros, moradores de arraiais próximos, entre outros, também se mudaram para Uberaba, iniciando assim a sua formação. 39

Além de sua localização geográca privilegiada e de suas riquezas naturais, o baixo valor da terra, com a isenção de impostos, fez com que o “Município Santo Antônio de Uberaba” se tornasse um importante centro comercial, conquistando o título de Cidade de Uberaba em 1856. Toda essa prosperidade se acentuou em 1889, com a inauguração da Estrada de Ferro, que fortaleceu a Rua do Comércio (atual Artur Machado) e trouxe também imigrantes europeus para a cidade. Porém, seis anos depois, a mesma ferrovia fez com que a economia do município se estagnasse, através da extensão para Uberlândia (Uberabinha na época) e Araguari. A partir deste momento que surge o desenvolvimento da pecuária zebuína em Uberaba, o que fez com que a cidade prosperasse novamente.

Igreja Matriz Rua Direita - Atual Rua Vigário Silva Rua do Comércio - Atual Rua Artur Machado

Córrego das Lages

Imagem 28 - Planta do Centro de Uberaba em 1855. Fonte: Arquivo Público de Uberaba, acesso em 2016


Imagem 30 - Mapa da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, 1872-1922. Fonte: http://repositorio.ufu.br/, acesso em 2014

Imagem 29 - Foto da Inauguração da Estação da Mogiana de Uberaba. Fonte: Arquivo Público de Uberaba, acesso em 2016

Através dessa economia ascendente, formou-se a estrutura urbana da cidade, e construções em estilos europeus, ecléticos ganharam destaque na época. A paisagem urbana do núcleo de Uberaba foi modicada através da inserção de diversos elementos que foram cruciais para a evolução do município, tais como a “arquitetura de estilo europeu, abertura de novas ruas, arborização de praças, hotéis, lojas de armarinhos, livraria, colégios, criação de um instituto politécnico, confeitaria e restaurantes com “menus à francesa”, casas de jogos, associações artísticas e musicais, a realização de saraus e concertos. O ufanismo atingiu dimensões consideráveis a ponto de forjar a expressão “Paris – Rio de Janeiro – Uberaba” como exemplaridade da condição que alcançara como centro de negócios e centro sociocultural.” (DANTAS, 2013) As principais áreas a serem ocupadas por estas construções dentro de Uberaba foram o “Alto da Matriz”, onde atualmente se encontra a Catedral, a Praça Rui Barbosa e a Rua Artur Machado (antiga Rua do Comércio), e o “Alto dos Estados Unidos”, onde se localizam a Praça Comendador Quintino e a Escola Estadual Grupo Brasil. Nessas áreas aconteciam as principais atividades sociais, religiosas, políticas, culturais, econômicas e institucionais.

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41

Imagem 31 - Vista da Igreja Matriz para o centro da Praça Rui Barbosa em 1906. Fonte: Arquivo Público de Uberaba, acesso em 2016

Imagem 32 - Foto da Planta do Centro da Cidade em 1880 Fonte: Arquivo Público de Uberaba, acesso em 2016

No Alto da Matriz (Igreja Catedral) residia a elite, onde os grandes casarões e palacetes luxuosos foram construídos, onde também estava localizada a residência de Major Eustáquio. Essa região está em volta da Praça Rui Barbosa, que, infelizmente, ao longo do tempo sofreu inúmeras modicações, as quais acabaram por descaracterizar a praça por completo. Nessa área também situa-se o Paço Municipal, grande edicação reconhecida por sua arquitetura eclética. Até a própria Matriz passou por modelações e foi transformada em uma construção de estilo neoclássico com uma torre central em destaque. E, foi nessa região que a grande maioria dos simbólicos cine teatros foram estabelecidos e que, logo após, os primeiros grandes cinemas foram construídos, am de mostrar o processo de modernização e progresso pelo qual a cidade passava.

Quanto ao Alto dos Estados Unidos, podemos dizer que foi habitado pelos imigrantes que vieram através da Estação Ferroviária e por pessoas de baixo poder aquisitivo. Foi neste local que a primeira escola pública, Grupo Escolar Brasil, e hospital, Benecência Portuguesa, foram construídos, assim como a Igreja Nossa Senhora do Rosário, a Praça Comendador Quintino, edicações de serviço e comércio, e também algumas residências importantes de imigrantes ricos, todas em sua maioria ecléticas. É importante informar que apenas um cinema na época foi construído nessa área, fora do lado rico da elite, o Cine Capitólio, que depois passou a ser o Cine Teatro Royal.

Imagem 33 - Largo do Rosário, aclive de acesso a Pça Comendador em 1940. Fonte: Arquivo Público de Uberaba, acesso em 2016


O que separava esses dois “altos” da cidade era o Córrego das Lages, que em 1930, segundo Dantas (2013), de acordo com a época da reforma sanitária, foi transformado em um canal aberto e possibilitou uma grande reforma para Uberaba, a construção da Avenida Leopoldino de Oliveira e, posteriormente, a construção do Grande Hotel e Cine Metrópole. Porém, na década de 70, com o aumento populacional, industrial e, consequentemente, do trânsito a canalização aberta do córrego foi fechada e a avenida expandida.

Imagem 34 - Foto da Praça Rui Barbosa em 1930. Fonte: Arquivo Público de Uberaba, acesso em 2016

Imagem 35 - Foto da Praça Rui Barbosa em 1940/50. Fonte: Arquivo Público de Uberaba, acesso em 2016

Imagem 36 - Foto da Praça Rui Barbosa em 1960/70. Fonte: Arquivo Público de Uberaba, acesso em 2016

Imagem 37 - Foto da Praça Rui Barbosa em 2016. Fonte: Produzida pela Autora

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Imagem 38 - Mapa da Evolução dos Cinemas e Teatros em Uberaba. Fonte: Produzido pela autora em 2016

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Imagem 39 - Teatro São Luíz em 1900. Fonte: Arquivo Público de Uberaba, acesso em 2016

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Imagem 40 - Cine Theatro Teatro São Luís em 1930. Fonte: Arquivo Público de Uberaba, acesso em 2016

2016

Imagem 41 - Foto do Cinema São Luíz Abandonado em 2016. Fonte: Produzido pela autora em 2016

Antes da chegada da Estrada de Ferro, um fato interessante de ser mencionado é que existiam grupos de pessoas amadoras que improvisavam palcos de apresentação de peças de teatro nas ruas e nos quintais. Com isso, em 1862, foi fundada a “Companhia Dramática Uberabense”, que construiu o primeiro Teatro Municipal da cidade, com o nome de Teatro São Luís, que foi inaugurado em maio de 1864, em frente à Praça Rui Barbosa, no centro da cidade, local onde antes funcionava o primeiro cinema que a cidade conheceu, o “Cosmorama”, que operava através de um jogo de quadros projetados por aparelhos óticos. Após passar por uma série de abandonos, o Teatro São Luíz foi completamente reformado e modicado, sendo inaugurado novamente em 1931 como Cine Theatro São Luís, através da recém fundada Companhia Cinematográca São Luíz. A partir de então, começa a era dos grandes cinemas em Uberaba. De acordo com sua cha de inventário, feita pelo Conselho do Patrimônio Histórico e Artístico de Uberaba (CONPHAU), “sua inauguração foi de grande impacto. Era o mais moderno cine teatro do país: projeto de arquiteto especializado, com frisas, cortinas de veludo, camarotes, palco, tela móvel, todo decorado com moldes importados da Espanha. Havia muito luxo, com a melhor tecnologia da época em cinema sonoro.” Porém, em 1970 sofreu uma reforma total, perdendo a característica visual e luxuosa que sua antiga fachada eclética possuía, transformando-se em uma arquitetura art déco, característica de estilo que os cinemas que estavam sendo construídos na região na época também possuíam. Além dessa mudança na elevação frontal, “todo o mobiliário foi substituído, bem como o sistema de som e de climatização.” 44


2

No ano de 1925, o Cine Triângulo, que se localizava na atual Rua Artur Machado, encerrou suas atividades. Não foi possível encontrar em qual ano este cinema foi inaugurado, porém, segundo José Mendonça, o cinema era “muito frequentado, ponto obrigatório de diversão de toda a sociedade de Uberaba. Ali, conhecemos o cinema, os de nossa geração.”

3

Em 1917, foi inaugurado o Cine Polytheama, em estilo Art Nouveau, com capacidade para 600 pessoas, que, segundo o historiador José Mendonça,“Era confortável e o nosso povo gostava de frequentá-lo pois exibia os melhores lmes que vinham ao Brasil e tinha uma ótima orquestra. Lá, também, se realizavam festas e solenidades cívicas.” “O seu frontispício é digno de registro, na época, contíguo à requintada confeitaria de Antônio Damiani. Apresenta platibanda vazada em arcos com vasos nas extremidades e frontão central com apliques de estuque encimado por grande concha. As portas são encimadas por envazaduras de estilo Art Nouveau.” (SALGUEIRO, 1984, p.217 apud Arquivo público de Uberaba).

Imagem 42 - Cine Polytheama. Fonte: Arquivo Público de Uberaba, acesso em 2016

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1928

Imagem 43 - Cine Royal em 1928. Fonte: Arquivo Público de Uberaba, acesso em 2016

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2016

Imagem 44 - Cine Royal em 2016. Fonte: Produzida pela autora em 2016

No ano de 1925, o Cine Royal, situado em frente à Praça Comendador Quintino, passou a substituir o antigo Cine Capitólio. Por estar localizado no lado da cidade onde residiam pessoas de baixo poder aquisitivo, o preço de seus ingressos era mais barato comparado aos outros cinemas. “Ao terminar a sessão no Cine Metrópole, um funcionário pegava os rolos de lme e corria, literalmente, até o Cine Royal (no alto do aclive) para que os ansiosos expectadores pudessem apreciar a exibição do lme.” (DANTAS, 2013)


Imagem 45 - Foto do Cine Metrópole na Década de 40. Fonte: Arquivo Público de Uberaba, acesso em 2016

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Em 1941 a Companhia Cinematográca São Luíz inaugurou, anexado ao Grande Hotel na Avenida Leopoldino de Oliveira, o Cine Metrópole. Foi considerado o primeiro “arranha céu” da região e constituía-se em um prédio de arquitetura art déco que, segundo o historiador Guido Bilharinho (2007), era “um dos maiores, mais luxuosos e confortáveis do país, com 1.746 poltronas.”

Após car abandonado por alguns anos, em 2015 o Conselho do Patrimônio Histórico e Artístico de Uberaba (CONPHAU) aprovou um projeto que transformaria o Grande Hotel e, consequentemente, o Cine Metrópole, em estacionamento, preservando apenas suas fachadas. Um dos fatores que ajudaram na aprovação desse acontecimento foi a implantação do BRT, novo sistema de transporte público da cidade, que proíbe a parada de automóveis na Avenida Leopoldino de Oliveira, afetando assim o comércio local. Por meio dessa notícia, os participantes do movimento “Feridas Arquitetônicas” – criado em 2013 por alunos e professores do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Uberaba, com o intuito de proteger e esclarecer a população sobre a importância do patrimônio histórico da cidade – resolveram protestar contra a demolição do cinema. Realizaram intervenções na fachada do Cine Metrópole, através de projetores, durante uma semana. Nessas projeções zeram a simulação de carros entrando no antigo edifício, frases de conscientização e, por m, projetaram o lme “Cinema Paradiso”. Até hoje não se sabe o que será feito com o cinema, mas esperamos que seja dado outro uso cultural a ele, ao invés de transformarem um espaço tão rico e importante para a história da nossa cidade em um simples espaço morto para carros. 46


Imagem 46 - Foto dos alunos e professores da UNIUBE no Cine Metrópole em 2015. Fonte: facebook.com/feridasarquitetonicas, acesso em 2016

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1948

Imagem 48 - Foto do Cine Vera Cruz em 1948. Fonte: Arquivo Público de Uberaba, acesso em 2016

2009

Imagem 49 - Foto do Cine Vera Cruz em 2009. Fonte: jmonline.com.br, acesso em 2016

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Imagem 47 - Projeção do Filme Cinema Paradiso no Cine Metrópole em 2015. Fonte: facebook.com/feridasarquitetonicas, acesso em 2016

O Cine Vera Cruz - também construído pela mesma empresa cinematográca que edicou o Cine Metrópole - abriu em 1947, foi projetado por um arquiteto italiano que era conhecido por ser um especialista em cinemas, Tadeo Giudice, e contava com 1500 lugares. Segundo informações contidas na página ocial da internet da Prefeitura da cidade, esse é o único de todos os mencionados que ainda funciona. Atualmente, ele pertence a Prefeitura Municipal de Uberaba, foi restaurado e reinaugurado em 14 de dezembro de 2007, e, passou a ser conhecido como Cine Teatro Municipal Vera Cruz.


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Imagem 50 - Teatro Experimental de Uberaba. Fonte: Site da Prefeitura Municipal de Uberaba, acesso em 2016

O Teatro Experimental de Uberaba (TEU) teve início em 21 de abril de 1965. Funcionou em outros locais até ser fundado em 1980 na Rua Padre Zeferino. Passou por duas reformas, a primeira em 2003 quando teve seu nome alterado para “Augusto César Vanucci”, e a segunda em 2010, quando foi reinaugurado pela Prefeitura Municipal de Uberaba. Com capacidade para receber 140 pessoas, possui atividades como sessões de cinema e apresentações teatrais e musicais.

A partir desse momento, depois da criação do Cine Teatro Vera Cruz, iniciou-se a transição dos cinemas de rua para cinemas de galeria e de shopping centers, mudando completamente a relação das pessoas com o centro da cidade e estabelecendo novos costumes e práticas sociais, fenômeno esse que será melhor abordado e compreendido na página seguinte desse trabalho.

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Antigo Cine Astor, construído dentro do Shopping Urbano Salomão, em 1970. Atualmente funciona como cinema para os alunos da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). Cinemais, localizado dentro do Shopping Uberaba, construído em 1999.

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Centro Cultural Cenecista Joubert de Carvalho, construído em 2009, pertencente ao Colégio Cenecista Dr. José Ferreira, para apresentação de peças de teatro realizadas pelos alunos. Kinoplex, localizado dentro do Praça Shopping Uberaba, o mais novo cinema da cidade, inaugurado em 2015.

Te a t r o S E S I M i n a s , localizado no histórico Centro de Cultura José Maria Barra, restaurado e reinaugurado em 2006. Imagem 51 - SESIMINAS. Fonte: skyscrapercity.com, acesso em 2016

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3.2

Espaços Culturais- A Evolução do Cineteatro e dos Cinemas “Pensar o cinema e suas várias imbricações sociais requer

pontuá-lo e reuni-lo numa tríade, que envolve técnica, arte e espaço, compreendida num movimento de experiências e de atrações do cinema para com seu público. Sua natureza reveladora abre caminhos para um mundo repleto de novas sensações, estímulos e impulsos, uma vez que nasce sobre os auspícios da modernidade.” (CASTRO, 2008)

A partir da análise do histórico da arquitetura dos cinemas, teatros e cineteatros da cidade de Uberaba, e da dissertação de mestrado “Cinema: mudanças de hábito e sociabilidade no espaço urbano de Uberlândia” da Kellen Cristina Marçal de Castro (2008), foi possível perceber que antigamente os cinemas eram espaços especiais, que compunham a paisagem urbana, situados em grandes centros históricos, investidos de signicados sociais e políticos. Eram palácios cinematográcos, que representavam glamour e eram utilizados para a realização de práticas sociais. Hoje em dia, isso mudou drasticamente, com a mudança dos cinemas para dentro de shopping centers, o que zeram deles espaços de passagem e praticidade, onde a pessoa pode escolher o horário e o lme que deseja assistir e não precisa comprar ingresso na bilheteria, visto que a venda é disponível online. 49

Logo, percebemos que o que antes era considerado um evento social, hoje em dia é mais um espaço que coopera com a introspecção do ser. A evolução urbana segue a mesma linha, antigamente as cidades eram tidas como “obras de arte expostas”, córregos e rios a céu aberto, edifícios seguindo seus estilos históricos de cada época, de maneira que não afetassem a paisagem urbana. Já hoje em dia, a canalização de rios e córregos, o aumento do uso do automóvel e, consequentemente, o crescimento caótico do sistema viário, o aumento da população e a verticalização e espraiamento nas cidades, zeram com que essas perdessem suas características. O modo de vida acelerado, de acordo com o sistema capitalista, fez com que a praticidade e a economia tomassem o lugar da qualidade. Antigamente, a construção dos cinemas nas cidades representava o progresso e modernidade das comunidades, por isso a elite investia tanto na criação de edicações de caráter cultural. Essa incessante busca pela modernização das cidades fez com que passássemos por uma grande transformação social. Assim, a industrialização, juntamente com o capitalismo, fez com que nos transformássemos em uma sociedade puramente consumista, e com isso, mudamos nossos interesses, costumes, preferências e criamos novos parâmetros para reestruturar, moldar e recriar os espaços urbanos de acordo com as nossas


novas necessidades. Através dessas transformações sociais, culturais

O Centro Cultural José Maria Barra possui uma história um pouco diferente, pois antes de ser

e econômicas, as pessoas deixaram de dar o devido valor ao patrimônio da nossa cidade e permitiram que o merchandising em excesso mascarasse toda nossa história, com essa propagação da publicidade, nos afundamos cada vez mais no consumismo. A partir daí começa então a produção dos “templos de consumo”, os shopping centers, transformando-se nas “novas praças” de nossas cidades, porém fechadas e climatizadas. Desse modo, passamos a associar o cinema ao universo do consumo, de acordo com Kellen (2008), “assumindo uma nova conguração social, as salas de cinema tornam-se uma “grife” dentro do shopping.” É a partir desse momento que esses cinemas de shopping e galerias desvinculam-se do teatro, que ainda continua sendo feito nas “ruas”. Em Uberaba, com exceção do Cine Teatro Municipal Vera Cruz, temos como exemplo disso o Teatro Experimental de Uberaba, que foi reativado pela Fundação Cultural e Prefeitura, e restaurado para poder funcionar como espaço de apresentações musicais, artísticas e teatrais, aberto para a comunidade. Assim como o Centro Cultural Cenecista Joubert de Carvalho, que foi construído em 2009 com o intuito de abrigar as apresentações teatrais e musicais produzidas pelos alunos do Colégio Cenecista Dr. José Ferreira.

restaurado em 2007 – graças ao nanciamento da Lei Rouanet - e abrigar o Teatro SESIMINAS, segundo consta seu Dossiê de Tombamento, foi construído em 1927, onde abrigou o Liceu de Artes e Ofícios, com cursos que atendiam as demandas das indústrias locais da época. Cada espaço que foi projetado era relacionado com a função e uso que iriam acontecer na escola. Esse complexo é de extrema importância, pois pertence a história e as memórias da nossa cidade. Dessa forma, depois de desativarem o Liceu de Artes e Ofícios, surgiu a preocupação com a preservação do edifício e com o novo uso que deveria ser atribuído a ele, de modo que fosse compatível ao que ele possuía e representava para as pessoas anteriormente. Foi a partir daí então que surgiu a ideia de transformá-lo em um Centro Cultural, ligado ao SESI, composto de um teatro, uma galeria de arte e um café. O espaço onde construíram o teatro - com capacidade para 544 espectadores - foi o Pavilhão Henry Ford, remanescente do Liceu. Assim, foi devolvido a sociedade um espaço institucional e ao mesmo tempo cultural, atribuindo ainda mais valor a história desse antigo conjunto.

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Imagem 52 - Vista externa do Pavilhão Henry Ford em restauro. Fonte: CONPHAU, acesso em 2016

Imagem 54 - Vista interna do Teatro dentro do Pavilhão Henry Ford. Fonte: emg.com.br/sesi, acesso em 2016

Imagem 53 - Vista interna do Pavilhão Henry Ford em restauro. Fonte: CONPHAU, acesso em 2016

Imagem 55 - Vista interna da Galeria de Arte que é voltada para o Pavilhão Henry Ford. Fonte: emg.com.br/sesi, acesso em 2016


Com base nessas informações levantadas, percebemos a necessidade de voltar com os cinemas ou cineteatros as ruas, de maneira que ele seja desassociado do universo consumista, desvinculado dos shoppings que segregam as classes sociais - e volte a ser utilizado como um espaço dedicado não só a cultura, mas também a coexistência entre as pessoas. Assim como a Prefeitura Municipal de Uberaba conseguiu reativar o Cine Teatro Vera Cruz e abri-lo para a comunidade em geral, necessitamos repensar também sobre o uso do Cine São Luíz e Cine Metrópole, para que não continuem abandonados e, consequentemente, sejam transformados em estacionamentos ou demolidos e substituídos por outras novas construções sem valor. Desse modo, estaríamos também requalicando o centro urbano, as praças, de maneira que essas deixariam de ser espaços apenas de passagem e voltariam a ter o signicado social que possuíam para as cidades, deixando que os shoppings center englobem apenas atividades voltadas ao consumo.

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Alphaville - Jean-Luc Godard


A EssĂŞncia


4.1

Coexistência

“Coexistência é uma noção que está se consolidando sobre novas bases, associada à existência simultânea de opostos e, ainda, relacionada prioritariamente a situações de conitos, sejam eles, étnicos, religiosos, políticos, ideológicos, culturais, de classe, de identidades, de gênero, entre outros”. (Santos, 2011 apud GUIMARÃES, 2014)

De alguns tempos pra cá temos ouvido bastante essa palavra, principalmente entre os estudantes e professores dos cursos de arquitetura e urbanismo. Porém, antes de projetarmos espaços de coexistência, precisamos entender a fundo o seu signicado, o porquê de sua aplicação, compreendendo as condições urbanas e sociais nas quais serão criados esses novos espaços.

Imagem 56 - Ilustração Referente as Segregações SocioEspaciais Fonte: Produzida pela autora em 2016

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Um dos fatores mais importantes para começarmos a entender o porquê desse aumento da necessidade de locais que nos possibilitem coexistir com diversos tipos de pessoas, é o aumento da insegurança e violência nas cidades, que ajudam no crescimento descontrolado de “cidades muradas”, sejam por condomínio fechados, muros, cercas elétricas, que dividem os espaços privados dos espaços públicos e propiciam a segregação socioespacial. De acordo com o que diz a Professora Camila Guimarães, “A segregação urbana é vista como o processo de formação de áreas social e espacialmente diferenciadas, de maneira que concebemos a segregação espacial como uma forma de produzir distância social; em outras palavras, o espaço separa.” Esse sentimento de medo constante faz com que haja uma desvalorização dos espaços públicos urbanos. O aumento signicativo do uso do automóvel


e da criação de vias expressas, diminuindo o número de pedestres, ajuda também a rua tornar-se cada vez mais perigosa. Todavia, o que as pessoas ainda não entenderam é que quanto mais murarmos e segregarmos o espaço, mais a violência aumentará e os espaços públicos perderam seus signicados. Segundo Jacobs (in CHOAY, 1965, p. 368 apud NÓBREGA, 2011) “as calçadas devem ser utilizadas sem parar: é a única maneira de aumentar o número de olhos presentes na rua e de atrair os olhares que se encontram no interior dos edifícios”. Outro ponto que precisamos reetir a respeito é a renda, as diferentes possibilidades nanceiras de cada um, de modo que, existem pessoas com quantias limitadas para gastarem em atividades de lazer pagas e que não possuem automóvel, porque por mais que essas pessoas residam em locais segregados, elas não são imóveis, estão o tempo todo transitando e ocupando diversos espaços de maneiras diferentes.

Logo, precisamos projetar locais onde o acesso por meio do transporte público seja facilitado, eles precisam ser abertos para toda a população, fazendo com que esse sim seja um local que incentive a coexistência entre as pessoas, possibilitando o “sonhar coletivamente”, de maneira a requalicar o espaço urbano, privilegiando todas as diferentes classes sociais. “Assim, podemos pensar a construção desde um edifício no contexto da cidade à uma lógica espacial de uma rede de prédios e espaços públicos onde possam ocorrer a existência simultânea de diferentes pessoas, convivendo umas com as outras, trocando e compartilhando experiências cotidianas.” (GUIMARÃES, 2014)

Imagem 57 - Foto Residencial Anatê em Uberaba, mais um «minha casa minha vida» construído na periferia da cidade. Fonte: jornaldeuberaba.com.br, acesso em 2016

Imagem 58 - Foto de Dois Condomínios Fechados, com suas áreas de lazer privadas. Fonte: damha.com.br, acesso em 2016

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4.2

Flexibilidade

De acordo com o dicionário português, essa palavra pode ser denida como a capacidade dos tecidos corporais esticarem sem danos ou lesões e com ampla movimentação numa articulação ou grupos de articulações, ou então, como a capacidade de uma articulação mover-se com facilidade em sua amplitude de movimento. Ao aplicarmos esse termo na arquitetura conseguimos repensar nossa forma de projetar, de modo que, passamos a pensar em um projeto mutável, adaptável, variando de acordo com os seus usuários e possibilitando as diversas transformações dos programas funcionais. Atualmente, com a constante mudança em que vive a sociedade, através de avanços tecnológicos, econômicos e socioculturais, torna-se necessário a criação de uma arquitetura que atenda a essa demanda, de forma que essa estabeleça relação direta com as pessoas que irão utilizar o local, propiciando diferentes disposições e variações das organizações internas ou externas desse espaço de acordo com suas necessidades. De acordo com o texto de Silva e Eloy (2012), a exibilidade na arquitetura começa com o surgimento do Modernismo, que se inspira em alguns aspectos da arquitetura tradicional japonesa, através da concepção de projetos de planta livre, ou seja, vedação 57

independente da estrutura, permitindo a livre circulação e disposição do espaço interno. Os mais conhecidos precursores desse movimento são Frank Lloyd Wright, Le Corbusier e Mies Van der Rohe. Posteriormente, surgiu o grupo Archigram, “que pretendia fornecer respostas ao contexto social, cultural e econômico da época, baseado numa visão futurista ligada à era da máquina, do consumismo, da industrialização, da computação e das tecnologias. Os seus projetos baseavam-se na ideia de que a cidade e os edifícios se pudessem movimentar e transformar consoante necessidades ou vontades. (SILVA; ELOY, 2012) Percebemos que as palavras movimento e exibilidade são indissociáveis, com isso, podemos então atribuir mais uma expressão ao nosso estudo, a cinética, que segundo o dicionário, é, também, “relativa ao movimento”. “As estruturas cinéticas possuem a capacidade de “ganharem vida” e movimento, através de processos como deslizar, dobrar e desdobrar, expandir ou de transformar a dimensão e forma das estruturas. Estes sistemas movimentam-se através de diversos tipos de sistemas: mecânicos, pneumáticos, químicos, magnéticos ou naturais.” (FOX; KEMP, 2009 apud SILVA; ELOY, 2012) Com base em todas essas informações é possível concluir a urgência na elaboração de projetos que carreguem em si esses conceitos. Assim, pretende-


se então aplica-los na concepção do projeto Cinelia, a m de oferecer a população um espaço que corresponda a todas as expectativas e necessidades possíveis, se adequando aos parâmetros da sociedade. A partir desse pensamento, foi elaborado um croqui de como funcionaria essa exibilidade no Instituto a ser proposto. Será exatamente através de volumes independentes que poderão ou expandir ou contrair, a m de aumentar e diminuir espaços, assim como blocos que poderão girar, mudando o ambiente e o uso dele, de acordo a posição solar ou uma simples diferenciação da maneira de usufruir o local. Para ajudar na compreensão desse tipo de arquitetura, decidiu-se fazer a leitura de um projeto arquitetônico que servisse de referência e auxílio para o do Cinelia.

Imagem 59 - Croqui Cinelia Fonte: Produzido pela autora em 2016

4.2.1 - Casa Shari-Ha Projetada pelos arquitetos do escritório NextOfce, no ano de 2013, na cidade de Teerã, no Irã, a Casa Shari-Ha possui uma característica bastante interessante, que são as caixas que se abrem e fecham, volumes que permitem um movimento de rotação, tornando-se uma arquitetura exível e capaz de se adaptar as necessidades de seus moradores, por isso foi a escolhida como referência de projeto de arquitetura para exemplicar o conceito da exibilidade. No verão, por ser calor, os volumes posicionamse de modo que a fachada da casa que toda aberta, possibilitando a relação do interno com o externo. Já no inverno, devido ao frio intenso, esses volumes são rotacionados de maneira que a fachada da casa que fechada, fazendo com que as aberturas quem pequenas. Logo, percebemos a característica de conforto térmico que essa arquitetura adptável representa. Para que isso fosse possível, os arquitetos incorparam no projeto guarda-corpos dobráveis, que possibilitam essa mutação formal e funcional da casa. A rotação dos volumes é feita através do mesmo método que é utilizado para girar os cenários teatrais, conectadas de maneira mecânica em apenas um ponto da laje onde se posicionam, podendo assim girar dentro do limite máximo de um ângulo de 90º. 58


Legenda: Caixa Rotacionável, revestida em madeira Circulação Vertical Acesso de Veículos Acesso de Pedestre Imagem 62 - Planta Térreo Fonte: archdaily.com.br, acesso em 2016

Planta Térreo Imagem 63 - Planta Primeiro Pavimento Fonte: archdaily.com.br, acesso em 2016

Imagem 60 - Vista Externa Casa Shari-Ha Fonte: archdaily.com.br, acesso em 2016

57

Imagem 61 - Perspectiva dos Guarda-Corpos Dobráveis Fonte: archdaily.com.br, acesso em 2016

Planta 1º Pav. - Caixa Fechada

Planta 1º Pav. Caixa Aberta


Planta 2º Pav. - Caixa Fechada

Corte AA

Planta 2º Pav. Caixa Aberta Imagem 65 - Planta Terceiro Pavimento Fonte: archdaily.com.br, acesso em 2016

Imagem 66 - Corte AA Fonte: archdaily.com.br, acesso em 2016

Imagem 64 - Planta Segundo Pavimento Fonte: archdaily.com.br, acesso em 2016

Conceito Principal Conforme a posição dos volumes é alterada, os esspaços internos também são, de modo a criar terraços maiores ou menores.

Planta 3º Pav. - Caixa Fechada

Planta 3º Pav. Caixa Aberta

Imagem 67 - Perspectivas com o Esquema de Rotação das Caixas Fonte: archdaily.com.br, acesso em 2016

58


Sala de Café da manhã

2º Pav. Quarto de hóspedes

Imagem 70 - Fotos Internas mostrando a Flexibilidade do Espaço Interno Fonte: archdaily.com.br, acesso em 2016

Escritório

Quarto de hóspedes

Imagem 69 - Fotos Externas mostrando a Flexibilidade da Fachada Fonte: archdaily.com.br, acesso em 2016

59

3º Pav.

Escritório

Sala de Café da manhã

Imagem 68 - Plantas com o Esquema de Rotação das Caixas Fonte: archdaily.com.br, acesso em 2016

1º Pav.


4.3

Abstração

Sabemos que a abstração é uma representação distorcida, abstrata, de uma determinada realidade. Com base nessa denição, na arquitetura a ser concebida, a intenção, desde o começo, era a de utilizar o desenho do sistema viário, da malha urbana, no projeto, com o propósito de casar essa abstração da malha viária através de uma forma desconstruída, fragmentada, torcida, com a ideia de movimento. Assim como percebemos em projetos como o do Estádio Nacional de Pequim, projetado pelos arquitetos Herzog & de Meuron e inaugurado no ano de 2008, que tiveram como conceito a abstração de um “ninho de pássaros”.

inicialmente os princípios do processo criativo da arquitetura desconstrutivista, que foi inspirada nas experimentações formais e desequilíbrios geométricos da vanguarda russa (ALENCAR, 2009). A desconstrução surgiu durante a crise do modernismo, como uma das vertentes pós modernistas. Quando relacionada a arquitetura, representa o desprendimento do senso comum e previsível na concepção do projeto, a partir da criação de mutações, torções, fragmentações nas geometrias e, consequentemente, realização de arquiteturas ousadas e autônomas, de modo a erradicar o funcionalismo e o racionalismo presentes na arquitetura moderna.

Imagem 71 - Estádio Nacional de Pequim, por Herzog & de Meuron Fonte: istoe.com.br, acesso em 2016

Após a busca por projetos caracterizados pela abstração, para que fosse possível começar a concepção do projeto através do conceito do abstracionismo na arquitetura, foi analisado

Imagens 72 e 73 - Diagramas e Foto Externa da Casa Miller por Peter Eisenman Fonte: Peter Eisenman e o Desconstrutivismo, acesso em 2016

60


Imagens 74 e 75 - Diagramas e Maquete da Casa Guardiola por Peter Eisenman Fonte: Peter Eisenman e o Desconstrutivismo, acesso em 2016

Imagem 76 - Vista Externa do Lou Ruvo Center, projeto desconstrutivista, por Frank Gehry em Las Vegas Fonte: Arquivo Pessoal da Autora, 2014

Ao associarmos também essa ideia do abstracionismo com as denições estéticas do lósofo tcheco, Vilém Flusser, as quais seguem duas linhas de pensamentos distintas, “o horizonte terricante, que se situa para além dos limites de nossa existência, constituído por um material informe pleno de ruídos (algo como o ainda-não-existente, de que fala Ernst 1 FLUSSER, V. “O Belo e o Agradável”, p. 10-11. In: 61

Artelosoa. 66 Bloch) e o horizonte do habitual, da pura redundância, da tautologia comunicativa e da ausência de informações (próximo daquilo que Flusser havia denominado como conversa-ada em seu Língua e Realidade).” (REIS,2014) Podemos fazer a seguinte contextualização, enquanto na era do pós modernismo a arquitetura modernista começou a se encaixar nos padrões habituais, a teoria da desconstrução surgiu como um “horizonte terricante”, e, desde da década de 80 até os dias atuais, ainda continua a fazer parte desse movimento contrastante e sublime. Com isso, a utilização da abstração na arquitetura, baseada nos princípios desconstrutivistas, no Cinelia, seria implantada de modo a causar o estranhamento, de maneira positiva, da população. Criando assim uma arquitetura terricante, que, segundo Flusser, “o grau máximo da experiência estética seria obtido a partir daqueles conteúdos que mais se aproximam da atmosfera terricante, caracterizados fundamentalmente por possuírem elevado índice de novidade.” (REIS, 2014) Desse modo, o objetivo de surpreender a população e atraí-la para usar o espaço do centro, como lazer e para práticas sociais novamente requalicando-o e aumentando o valor e a importância arquitetônica que ele possui – seria conquistado com sucesso. Assim como a primeira fase


da origem cinematográca, o cinema de atrações, que tinha o intuito de chocar as pessoas, com a exposição de imagens em movimento que não possuíam sentido algum, fazendo com que a população despertasse o interesse por aquilo e, consequentemente, ajudasse e acompanhasse o desenvolvimento e evolução da sétima arte. Gerando assim um novo hábito, uma nova tradição dentro da cultura das pessoas, causando “impressões novas que rompam com concepções tradicionais da recepção perceptiva.” (REIS, 2016)

Imagem 77 - Croqui Inicial Cinelia Fonte: Produzido pela Autora em 2016

Início do pensamento da forma abstrata desconstruída

Imagem 78 - Croqui Inicial Cinelia Fonte: Produzido pela Autora em 2016

62


4.3.1 - Complexo Desportivo

Imagem 79 - Vista Externa do Complexo Fonte: archdaily.com.br, acesso em 2016

63

Imagem 80 - Processo Criativo da Forma da Malha Estética e Estrutural Fonte: archdaily.com.br, acesso em 2016

Localizado na cidade de Kayseri, na Turquia, construído em 2013 pelos arquitetos do escritório BKA (Bahadir Kul Architects), o Complexo Desportivo apresenta uma arquitetura destacante, devido a sua fachada irreverente, através da estrutura de aço, fechada em determinados pontos com painéis de metal e alumínio perfurado, que compõe uma geometria dinâmica e excepcional. Segundo informações contidas na página virtual do Archdaily, o desenho dessa estrutura de aço foi simulado da seguinte forma, jogaram uma bola dentro de uma caixa retangular e o desenho feito pelos movimentos gerados por esse impulso deram vida a forma dessa malha metálica. No Insituto a ser criado, pretende-se também criar uma malha que possibilite o isolamento acústico e térmico do edifício, sem perder a relação visual do interno com o externo. Imagem 81 - Vista Externa do Complexo Fonte: archdaily.com.br, acesso em 2016


Imagem 82 - Vista Externa com o Detalhe dos painéis perfurados Fonte: archdaily.com.br, acesso em 2016

Imagem 84 - Vista Externa do Complexo, relação da malha com os painéis de vidro Fonte: archdaily.com.br, acesso em 2016

Imagem 83 - Vista Interna, mostrando a relação do Interior com o Exterior e o desenho do balcão, que segue a mesmalógica da malha Fonte: archdaily.com.br, acesso em 2016

Imagem 85 - Vista Externa, olhando a malha de baixo para cima Fonte: archdaily.com.br, acesso em 2016

64


Imagem 86 - Corte do Complexo Desportivo, mostrando a Malha na Fachada Fonte: archdaily.com.br, acesso em 2016

3 1

8

9

7 10 6 11 6

8

4 5 2

4 5

4 5

4 5

4 5

4 5

4 5

4 5

4

4

5

5

4 5 5 4 4 5 5 4 4 5 5 4 4 5 5 4 45 5 4 3

6 6

1- Entrada 8- Escritório 2- Hall 9- Sala Técnica 3- Corredor 10- Depósito 4- Depósito 11- Sala de 5- Vestiários Controle 6- Banheiros 7- PNE

Imagem 87 - Planta Pavimento Térreo Fonte: archdaily.com.br, acesso em 2016

2

1

3

6 4

5

5 Imagem 88 - Planta Primeiro Pavimento Fonte: archdaily.com.br, acesso em 2016

Imagem 89 - Elevações mostrando as fachadas que possuem a Malha do Complexo Fonte: archdaily.com.br, acesso em 2016

65

1- Entrada 2- Café 3- Cozinha café 4- Depósito 5- Banheiros 6- Cozinha de Serviços 7- Terraço


4.3.2 - Teatro Municipal Chacao

Localização

Implantação Município de Chacao, Caracas, Venezuela

Maquete Física Finalizada

Imagem 91 - archdaily.com.br, acesso em 2016 Imagem 92 - archdaily.com.br, acesso em 2016

O Teatro Municipal Chacao foi projetado pela ODA (Ocina de Arquiteto), e inaugurado em 2011, no Município de Chacao, na Venezuela. Segundo informações contidas na página virtual do Archdaily, sua construção foi na verdade um acréscimo feito ao Centro Cultural de Chacao, que tinha o desenho original do arquiteto Álvaro Rodriguez. Além de ser um espaço para a manifestação das artes cênicas, também é um espaço voltado para as práticas sociais, e tem uma capacidade de 600 espectadores.

Estudo Topográco da Montanha

Imagem 90 - archdaily.com.br, acesso em 2016 Imagem 93 - archdaily.com.br, acesso em 2016

66


O Programa O teatro foi constituído da seguinte maneira: palco; boca de cena, que ca atrás do palco; plateia, que é conectada com os camarotes, melhorando a circulação interna; um foyer, que dá acesso aos três níveis que a sala de teatro possui. O projeto conta com três subsolos, que cam debaixo da plateia, no primeiro está localizado as instalações sanitárias dos espectadores e locais para ocinas, no segundo subsolo encontramos a parte de serviços, juntamente com as salas de ensaio, camarins, entre outros. É importante ressaltar que todos os pavimentos do teatro são conectados com o restante do Centro Cultural préexistente. A Materialidade Os materiais utilizados no projeto são a madeira, o concreto e o metal. Os dois sistemas de circulação vertical foram divididos em, concreto até a plateia, em conjunto com os camarotes, e a parte superior com uma treliça metálica, fazendo com que o teto seja adaptável, mutável, de acordo com qualquer variação do programa do Teatro. Processo de Concepção Devido a área limitada que os arquitetos possuíam para poder projetar, o aproveitamento máximo do espaço era um fator crucial a ser pensado. A ODA resolveu então criar uma arquitetura que pudesse ser exível, se adaptando as diversas possibilidades de programa e necessidades do Teatro. 67

A ideia foi a desenvolver então uma estrutura “topológica”, inspirada na topograa local, que pudesse ser mutável, a partir da desconstrução e distorção da geometria. A partir daí, surgiram os estudos da forma, da setorização e dimensionalização dos ambientes internos, para que no m pudesse se chegar em um resultado satisfatório, de modo a contribuir para a paisagem visual do local no qual o projeto seria implantado. Estudo Virtual da Estrutura Topológica do Teatro Municipal de Chacao

Imagem 94 - archdaily.com.br, acesso em 2016


Processo de Concepção Projetual

Croqui Inicial

Estudo em Maquete Virtual Perspectiva Camarins

01

04 Estudo em Maquete Virtual Perspectiva do Auditório

Estudo em Maquete Virtual Perspectiva Subsolo

02

05 Estudo em Maquete Virtual Perspectiva do Auditório

Estudo em Maquete Virtual Perspectiva Subsolo

03 Imagens 95, 96, 97, 98, 99 e 100 - archdaily.com.br, acesso em 2016

06 68


Processo de Concepção Projetual

Estudo em Maquete Virtual Estrutura do Auditório

69

Estudo em Maquete Virtual Cobertura Finalizada

07 Estudo em Maquete Virtual Estrutura do Auditório e do Palco

10 Estudo em Maquete Física Estrutura do Auditório e do Palco

08 Estudo em Maquete Virtual Estrutura do Auditório e do Palco

09 Imagens 101, 102, 103, 104 e 105 - archdaily.com.br, acesso em 2016

11


6

6

6

1- Ocinas 2- Salas de Ensaio 3- Salas de Dança 4- Usos Múltiplos 5- Depósito 6- Serviços 7- Sala Técnica

6

Planta Subsolo 2

Legenda: Banheiros Circulação Vertical Projeto Novo - Teatro Chacao Auditório

5

6

2

1- Camarins Compartilhados 2- Camarins Individuais

Planta nível Camarins

5

6

2 6

1- Palco 2- Camarins 3- Ocinas 4- Salas de Ensaio 5- Camarins 6- Serviços

Planta Subsolo 1

6 7

1- Acesso 2- Bilheteria 3- Platéia 4- Palco 5- Proscênio 6- Camarins 7- Serviços

Planta nível Platéia

Imagem 106 - archdaily.com.br, acesso em 2016

70


1- Acesso 2- Plateia 3- Balcão 1 4- Balcão 2 5- Balcão 3 6- Proscênio Imagem 107 - archdaily.com.br, acesso em 2016 Imagem 109 - archdaily.com.br, acesso em 2016

Imagem 108 - archdaily.com.br, acesso em 2016

Legenda: Banheiros Circulação Vertical Projeto Novo - Teatro Chacao Auditório Malha da Cobertura

Imagem 110 - archdaily.com.br, acesso em 2016

Imagem 111 - archdaily.com.br, acesso em 2016

71


Malha em Madeira Malha em Madeira

Imagem 112 - archdaily.com.br, acesso em 2016

Malha em Madeira

Imagem 113 - archdaily.com.br, acesso em 2016

Malha em Madeira

Imagem 114 - archdaily.com.br, acesso em 2016

Estrutura da malha da cobertura em Treliรงa Metรกlica Imagem 115 - archdaily.com.br, acesso em 2016

Malha em Madeira

Imagem 116 - Perspectiva com Detalhe da Malha Fonte:archdaily.com.br, acesso em 2016

72


4.3.3 - Cinema Centípede O Cinema Centípede foi uma intervenção urbana temporária instalada no centro histórico da cidade de Guimarães, em Portugal, no ano de 2012, desenvolvido por alunos da Escola de Arquitetura Bartlett, da Inglaterra, supervisionados por Colin Fournire. De acordo com informações contidas no Archdaily, essa intervenção tinha o intuito de estabelecer uma aproximação das pessoas com a cultura, de maneira inovadora, utilizando-se de poucos recursos. O projeto conta com bocais da cor amarela, nos quais as pessoas podem entrar e assistir aos lmes, em pé, desconstruindo completamente a habitual experiência de cinema que todos nós possuíamos. Com capacidade para 16 pessoas, esses bocais são conectados por uma estrutura de aço e são revestidos por dois tipos de cortiça – material local e mais acessível de Portugal - uma de cor mais clara no exterior e outra de cor escura no interior, proporcionando o ambiente escuro para que seja possível a exibição dos lmes. A partir dessa referência projetual, percebemos que a desconstrução pode estar presente não só na forma da arquitetura, mas também na formulação dos seus espaços e do seu programa funcional, criando novas vivências para seus usuários. 73

Imagem 117 - Foto Externa do Cinema Centípede. Fonte: archdaily.com.br, acesso em 2016

Imagem 118 - Foto Externa do Cinema Centípede. Fonte: archdaily.com.br, acesso em 2016

Imagem 119 - Foto Externa do Cinema Centípede. Fonte: archdaily.com.br, acesso em 2016


Imagem 120 - Foto Externa do Cinema Centípede. Fonte: archdaily.com.br, acesso em 2016

Imagem 121 - Simulação da parte interna do Cinema Centípede. Fonte: ignant.de, acesso em 2016

Imagem 122 - Foto interna do Cinema Centípede. Fonte: archdaily.com.br, acesso em 2016

4.4

(des)Continuidade

Quando consultamos o signicado da palavra no dicionário, obtemos a denição “do que é contínuo, cronológica ou sicamente; ligação ininterrupta das partes de um todo; série não interrompida; comunicação, contiguidade; repetição incessante.” Ao aplicarmos esse conceito na criação de um projeto de arquitetura, notamos os diversos caminhos que isso nos permite seguir. Sendo, na continuidade da circulação entre os espaços, ou no prolongamento da forma física em si, de maneira que essa assuma a multifuncionalidade dos elementos. Assim, o que é parede, ao mesmo tempo já vira cobertura, piso, aberturas, sem distinção clara e perceptível de cada elemento aos olhos dos usuários. Um dos arquitetos que consegue colocar a continuidade em prática em seus projetos é o renomado Daniel Libeskind, que, juntamente com o desconstrutivismo, consegue criar formas de geometrias complexas, impactantes também na organização do espaço interno, de modo que seus elementos não possam ser disassociados ou interpretados de maneira independente. No Cinelia o objetivo também é o de aplicar a continuidade na forma física da arquitetura, relacionada aos conceitos da exibilidade e do 74


desconstrutivismo, de modo a criar também espaços que propiciam a coexistência. O projeto que será mostrado como exemplo é o acréscimo do Royal Ontario Museum, construído em 2007, no Canadá. Nele percebemos claramente o movimento da complexa arquitetura e todos os elementos citados posteriormente, de maneira que o novo encosta na pré-existência, mas não danica suas vedações, por ser independente e reversível.

Imagem 123 - Vista Externa do Museu, mostrando a relação entre o novo e o antigo. Fonte: libeskind.com, acesso em 2016

Imagem 125 - Vista Interna do Museu, mostrando a relação entre o interior com o exterior Fonte: libeskind.com, acesso em 2016

Imagem 126 - Vista Externa do Museu, mostrando a relação entre o novo e o antigo Fonte: libeskind.com, acesso em 2016 Imagem 127 - Vista Externa Noturna do Museu Fonte: libeskind.com, acesso em 2016

75

Imagem 124 - Vista Interna do Museu, mostrando a relação entre o novo e o antigo. Fonte: libeskind.com, acesso em 2016


Imagem 128 - Vista Externa do Museu Fonte: libeskind.com, acesso em 2016

Imagem 129 - Vista Externa Noturna do Museu, mostrando sua relação com a cidade. Fonte: libeskind.com, acesso em 2016

76


Charles Spencer Chaplin


Levantamentos


5.1

Escolha da Área e Justicativa

Com base em todo o estudo realizado até chegar nesta etapa do trabalho, a escolha da área foi feita primeiramente através do levantamento da evolução dos cinemas e teatros na cidade de Uberaba, com o objetivo de posicionar o Instituto Comunitário de Apoio a Produção Cinematográca próximo a essas construções já existentes no município. Assim, foi dado preferência aos cinemas que estão desativados no centro da cidade, a m de impedir que esses possam ser transformados em estacionamentos. Para poder denir exatamente a área, foi necessário fazer um mapa que mostrasse os estacionamentos que se localizam próximos a esses cinemas, com o intuito de desapropriá-los, fazendo com que deixassem de ser espaços mortos, devolvendo a população um local digno para realização de atividades culturais e promoções de esferas públicas. A partir daí então, foi encontrado quatro lotes de estacionamentos muito próximos ao Cine Teatro São Luíz, e, com base nos estudos feitos sobre como projetar coexistência, pelo fato de essa ser uma área conectada com toda a cidade através dos pontos de ônibus que a permeiam, decidiu-se nalmente então projetar nesse local. Outra característica imprescíndivel da área escolhida é que ela está situada exatamente em frente 79

a praça Rui Barbosa, ou seja, no miolo do centro urbano, com isso, será possível propor também a requalicação desse espaço, de modo a incentivar as pessoas a usá-lo novamente, além do mais, este espaço foi determinado pela Prefeitura Municipal de uberaba como Área Especial de Interesse Cultural. Imagem 130 - Levantamento de Estacionamentos Fonte: Produzido pela Autora, em 2016

Estacionamentos Área a ser Intervida Área a ser Desapropriada para a construção do Instituto de Apoio a Produção Cinematográca


Área Determinada pela Prefeitura como Especial de Interesse Cultural Equipamentos Urbanos Ponto de Ônibus Ponto de Ônibus BRT conector dos Terminais Leste/Oeste Área a ser Intervida Área a ser Desapropriada para a construção do Instituto de Apoio a Produção Cinematográca

Imagem 131 Fonte: Produzido pela Autora, em 2016

80


5.2

Mapas de Uso e Ocupação do Solo

1 - Mapa de Uso do Solo Através deste mapa é possível perceber que em áreas como a Rua Artur Machado, onde se localiza o calçadão, e nas edicações voltadas para a Praça Rui Barbosa, a predominância é o comércio, por estar inserido na região comercial central mais importante da cidade. Isso é uma consequência da evolução histórica de Uberaba, pois a própria Rua Artur Machado era chamada de Rua do Comércio, que depois da chegada da Estação Ferroviária na cidade, cou ainda mais famosa e fortalecida. Já nas ruas Carlos Rodrigues da Cunha, Olegário Maciel e em trechos da Vigário Silva e Santo Antônio, as residências predominam, por estarem a certa distância do calçadão e por não possuírem um uxo de pessoas e veículos tão grande quanto as das áreas predominantemente comerciais. Infelizmente, em um lugar economicamente e historicamente importante para o nosso município, não existe nenhum uso voltado para a cultura. Logo, a intenção de criar o Instituto de apoio a Produção Cinematográca nessa área se faz necessária, requalicando este espaço para a população e revalozarizando os cinemas antigos que se encontram abandonados na região. 81

Imagem 132 Fonte: Produzido pela Autora, em 2016

Comércio Residencial Serviço Institucional Praça Rui Barbosa Abandonado Em construção Vazios Área a ser Intervida Área a ser Desapropriada para a construção do Instituto de Apoio a Produção Cinematográca

10 0

50 20

100


2 - Mapa de Gabarito Imagem 133 Fonte: Produzido pela Autora, em 2016

01 Pavimento 02 Pavimentos 03 a 05 Pavimentos Acima de 05 Pavimentos Área a ser Intervida Área a ser Desapropriada para a construção do Instituto de Apoio a Produção Cinematográca

10 0

50 20

100

Os edifícios de 01 a 02 pavimentos são os que predominam nas regiões comerciais, as regiões residenciais são dominadas por edicações de 01 pavimento. Os prédios mais altos nas áreas comerciais são em geral de serviços, com excessão dos hotéis. Já em outras áreas, esses prédios possuem caráter residencial. O projeto que será criado irá adotar o gabarito máximo baseado na altura exata do Cine Teatro São Luíz, de modo a não obstruir a paisagem visual dessa área escolhida. 82


3 - Mapa de Cheios e Vazios Imagem 134 Fonte: Produzido pela Autora, em 2016

Área a ser Intervida Área a ser Desapropriada para a construção do Instituto de Apoio a Produção Cinematográca 10 0

50 20

100

A partir dessse mapa observamos que a ocupação do solo nessa região é extremamente densa na Rua Artur Machado com a Manoel Borges, nos lotes que são voltados para a Praça Rui Barbosa e na Travessa Domingos Paraíso, devido a localização dessa área e de acordo com a história de formação da cidade. Uma boa parte dos espaços vazios detectados são estacionamentos, que ocupam muitos lotes no centro da cidade, devido ao aumento caótico no número de automóveis particulares nas ruas e, por ser uma área de saturação viária. A intenção do Instituto proposto é de dar um respiro a essa área tão concentrada e desapropriar alguns desses estacionamentos, de modo a valorizar o pedestre e os usuários do centro, ao invés dos automóveis. 83


4 - Mapa do Sistema Viário Imagem 135 Fonte: Produzido pela Autora, em 2016

Vias Coletoras Vias Arteriais Vias Locais Calçadão Sentido Área a ser Intervida Área a ser Desapropriada para a construção do Instituto de Apoio a Produção Cinematográca

10 0

50 20

100

O sistema predominante é o de vias coletoras. A área escolhida é delimitada pela Rua Santo Antônio e Praça Rui Barbosa. A Rua da Praça é classicada como Coletora, possuindo um uxo intenso de veículos particulares e coletivos diariamente. A Rua Santo Antônio é denominada como Local, porém, em horários de pico, o uxo dela tende a crescer bastante. A via exclusiva de pedestres, o calçadão, é um exemplo de como o uxo de pessoas no período da manhã e da tarde nessa área também é intenso, mas, infelizmente,a maioria delas apenas utilizam esse espaço como passagem e não mais de permanência e interação social como antigamente. A poluição sonora nesse local é grande. Para tentar amenizar isso para os usuários e estudantes do Instituto, será necessário proteger as fachadas voltadas para essas ruas com barreiras acústicas. 84


5.3

Bens Imóveis Tombados e Inventariados

Imagem 136 Fonte: Produzido pela Autora, em 2016 19 20

35

2

34 22

33

21

4

10

3

1 11

36

9

1

37

6 31 30 29 28 23 24 25

32

1 8

5

7

13

12

26 14

38 27

15 16

39

17 18

Bens Tombados Bens Inventariados Área a ser Intervida Área a ser Desapropriada para a construção do Instituto de Apoio a Produção Cinematográca 85

10 0

50 20

100


1

Imagem 137 - Paço Municipal Eclético - Construído em 1920 Fonte: Google Street View, 2016

2

Imagem 138 - Câmara Municipal Art Déco - Inventariado em 1987 Fonte: Google Street View, 2016

9

10

Imagem 145 - Catedral Neoclássico Inventariado em 1987 Fonte: Google Street View, 2016

Imagem 146 - Hotel Modelo Art Déco - Inventariado em 1987 Fonte: Google Street View, 2016

12

3

4

11

Imagem 139-Solar Castro Cunha Neomourisco Construído em 1920 Fonte: Google Street View, 2016

Imagem 140 - Fundação Cultural Eclético - Inventariado em 1987 Fonte: Google Street View, 2016

Imagem 147 - Edifício Eclético Inventariado em 2004 Fonte: Google Street View, 2016

Imagem 148 - Grande Hotel e Cine Metrópole Art Déco - Construído em 1941 Fonte: Google Street View, 2016

5

6

13

14

Imagem 142 - Edifício Eclético Inventariado em 1987 Fonte: Google Street View, 2016

Imagem 149 - Edifício Eclético Inventariado em 1987 Fonte: Google Street View, 2016

Imagem 150 - Edifício Eclético Inventariado em 1987 Fonte: Google Street View, 2016

8

15

16

Imagem 151 - Edifício Eclético Construído em 1931 Fonte: Google Street View, 2016

Imagem 152 - Edifício Eclético Construído em 1931 Fonte: Google Street View, 2016

Imagem 141 - Edifício Eclético Inventariado em 2004 Fonte: Autora, 2016

7

Imagem 143 - Jockey Club Moderno - Inventariado em 2010 Fonte: Google Street View, 2016

Imagem 144-Cine Teatro São Luíz Art Déco - Inventariado em 2010 Fonte: Autora, 2016

86


17

Imagem 153 - Edifício Eclético Inventariado em 1987 Fonte: Google Street View, 2016

19

18

Imagem 154 - Edifício Eclético Inventariado em 2007 Fonte: Google Street View, 2016

20

Imagem 155 - Solar 17 (Atual IPSERV) Imagem 156-Edifício Neocolonial Neocolonial Inventariado em 2004 Inventariado em 1987 Fonte: Google Street View, 2016 Fonte: Google Street View, 2016

21

Imagem 157 - Solar dos Mendes Eclético - Inventariado em 1987 Fonte: Google Street View, 2016

87

22

Imagem158-Palacete José Caetano (Atual adm. Fundação Cultural Eclético - Construído em 1913 Fonte: Google Street View, 2016

25

26

Imagem 161 - Edifício Estilo Bungalow -Inventariado em 1987 Fonte: Google Street View, 2016

Imagem 162 - Hospital São José Eclético - Inventariado em 1987 Fonte: Google Street View, 2016

27

28

Imagem 163 - Edifício Eclético Fachada de Estacionamento Inventariado em 1987 Fonte: Google Street View, 2016

29

Imagem 165 - Edifício Estilo Bungalow -Inventariado em 1987 Fonte: Google Street View, 2016

Imagem 164 - Edifício Estilo Bungalow -Inventariado em 1987 Fonte: Google Street View, 2016

30

Imagem 166 - Edifício Estilo Bungalow -Inventariado em 1987 Fonte: Google Street View, 2016

23

24

31

32

Imagem159- Edifício Estilo Bungalow -Inventariado em 1987 Fonte: Google Street View, 2016

Imagem 160 - Edifício Estilo Bungalow -Inventariado em 1987 Fonte: Google Street View, 2016

Imagem 167 - Edifício Art Déco nventariado em 2004 Fonte: Google Street View, 2016

Imagem 168 - Edifício Eclético nventariado em 1987 Fonte: Google Street View, 2016


33

Imagem 169 - Edifício Eclético Inventariado em 1987 Fonte: Google Street View, 2016

35

Imagem171- Edifício Neocolonial Inventariado em 2004 Fonte: Google Street View, 2016

37

Imagem 173 - Edifício Eclético Inventariado em 2004 Fonte: Autora, 2016

39

Imagem 175 - Edifício Eclético Inventariado em 1987 Fonte: Google Street View, 2016

34

Imagem 170-Edifício Neocolonial Inventariado em 2004 Fonte: Google Street View, 2016

36

Imagem 172 - Edifício Art Déco Inventariado em 2004 Fonte: Google Street View, 2016

38

Imagem 174 - Edifício Eclético Inventariado em 1987 Fonte: Autora, 2016

Existe uma grande presença de bens inventariados nessa região da cidade, isso por se tratar de uma área que teve uma grande importância para a formação da cidade de Uberaba. Porém, existem muitas edicações que foram demolidas ou abandonadas, que estão em péssimo estado de conservação e outras que foram bastante alteradas ou por reformas, ou por acréscimos referentes a publicidade em suas fachadas. Infelizmente, o nosso patrimônio, que guarda memórias e histórias importantes da nossa cidade, não é valorizado como deveria. Assim, o centro acaba por perder sua característica e passa a ser uma grande poluição visual de propagandas e novas arquiteturas que não valorizam seu entorno. O propósito dessa nova intervenção arquitetônica nessa área, seria o de requalicar o centro, fazendo com que as pessoas despertem o interesse nele novamente, e comecem a utilizá-lo não só como um lugar para práticas comerciais, mas também culturais, sociais e de lazer. Além de propor a reativação do Cine Teatro São Luíz, para dar suporte ao Cinelia, outro objetivo também é o de despertar o interesse das pessoas pelo Cine Metrópole, que está localizado nessa área, fazendo com que ele também possa ser reativado, eventualmente, incorporando outro uso também relacionado a cultura nele. 88


5.4

Escolas de Uberaba

Ensino Fundamental Final em Escolas Públicas (39) Ensino Fundamental Final em Escolas Privadas (06) Ensino Fundamental Final e Ensino Médio Público (19) Ensino Fundamental Final e Ensino Médio Privado (15) Ensino Médio em Escolas Públicas (03) Ensino Médio em Escolas Privadas (04)

89

Imagem 176 Fonte: Produzido pela Autora, em 2016


Dados Educacionais de Uberaba² 1- Total de alunos matriculados no Ensino Fundamental Final = 16.194 2- Total de alunos matriculados no Ensino Médio = 11.641 3- Total de escolas com Ensino Fundamental e Ensino Médio = 89

Logística 16.194 + 11.641 = 27.835 alunos 27.835 alunos / 89 escolas = 313 alunos por escola 89 escolas / 12 meses = 8 escolas por mês O Cinelia receberá as escolas nos seguintes dias: Segunda-Feira - Período da Manhã e da Tarde Terça-Feira - Período da Manhã e da Tarde Quarta-Feira - Período da Manhã e da Tarde Quinta-Feira - Período da Manhã e da Tarde

² Fonte Censo Escolar/INEP 2015 I QEdu.org.br, acesso em 2016.

A criação de um Instituto como o Cinelia em Uberaba causaria um grande impacto na cidade, mas de que adiantaria implantar esse processo formativo da linguagem cinematográca sem estabelecer uma conexão com as escolas da cidade, de modo que, esse ensino esteja diretamente ligado a formação cultural da população desde o ensino fundamental até a fase adulta. Essa coexistência com escolas será de extrema importância, pois, irá favorecer a dispersão do conhecimento do audiovisual. Essa ligação funcionaria como uma extensão das atividades curriculares das escolas. Outro ponto importante é que a pedagogia poderá ser encontrada tanto no programa do Instituto, como em laboratórios de aprendizagem, mas também na sua forma, através de uma arquitetura exível e interativa. O Cinelia irá contemplar alunos a partir do ciclo nal do ensino fundamental (do 6º ao 9º ano), até o nal do ensino médio. Com base nisso, foram pesquisados dados educacionais da cidade de Uberaba, e o valor encontrado de escolas no total foi o de 280, porém as que possuem o ensino desejado são 89, incluindo escolas públicas e privadas.

Ou seja, 4 dias da semana, correspondentes a 16 dias no mês. Sendo assim, chegamos ao seguinte resultado: 16 dias / 8 escolas = 2 escolas por dias; 1 na parte da manhã e outra na parte da tarde.

1 escola no Período da manhã 313 alunos

+ 1 escola no Período da tarde 313 alunos 90


5.5

Enquadramento de Atividades - Serviços

Legislação

Imagem 177 Fonte: Prefeitura Municipal de Uberaba, 2016

Mapa de Zoneamento de Uberaba

ZCS1 - Zona de Comércio e Serviço 1 Área Especial de Interesse Cultural

91

1- Mediante consulta e análise do órgão municipal responsável pela saúde. 2- Mediante consulta e análise do órgão municipal responsável pelo meio ambiente. 3- Mediante consulta e análise do órgão municipal responsável pelo trânsito urbano. 4- Pode ser necessário estudo prévio de impacto de vizinhança.

ZONA URBANA

Usos permitidos

Lote mínimo (m²)

Testada mínima (m)

Afastamento frontal (m) – Até 4 pavimentos

ZCS 1

Residencial, comercial, de serviços e industrial de pequeno porte

250 (até 4 pavimentos) 450 (acima de 4 pavimentos)

Complementação 10,00 m (até 4 pavimentos) da medida de 15,00 m (acima 3,0m na largura de 4 pavimentos) do passeio, contada a partir do meio - o

Afastamentos laterais e de fundos – Até 4 pavimentos

Taxa de ocupação máxima

Coeciente de aproveitamento do terreno

Isento em duas das divisas; nas demais: 1,5m.

70%

Lotes de até 450m²: 2,0

Se no fundo existir compartimento de permanência prolongada: 2m.

Lotes acima de 450m² : 2,0 / 2,5


Esquema Representativo dos Afastamentos Permitidos pela Legislação da cidade

5.6

Estudos da Área

1- Ventos Predominantes Afastamentos Intervenção Cine São Luíz

As aberturas principais do projeto deverão ser criadas de acordo com os Ventos Predominantes da área, que no caso são os do Nordeste e Oeste.

rbosa

A = 1096 m²

Ventos do Nordeste

A = 1716 m²

2.0 m

Pça Rui Ba

1.5 m

1.5 m Rua Santo Antônio Imagem 178 Fonte: Produzido pela Autora, 2016

Quadro de Vagas para Veículos por Usos e Atividades - Serviços

Imagem 179 Fonte: Produzido pela Autora, 2016

Ventos do Oeste

Área Escolhida Intervenção Desapropriação e Demolição Imagem 180 Fonte: Produzido pela Autora, 2016

92


2- Trajetória Solar

Oeste

Solstício de Verão - 07:00 às 17:00

Leste

Imagem 184 Fonte: Produzido pela Autora, 2016 Imagem 181 Fonte: Produzido pela Autora, 2016

Solstício de Inverno - 07:00 às 17:00

Solstício de Inverno - 10:30

93

Imagem 182 Fonte: Produzido pela Autora, 2016

Imagem 185 Fonte: Produzido pela Autora, 2016

Solstício de Verão - 10:30

3- Topograa

Imagem 183 Fonte: Produzido pela Autora, 2016

Imagem 186 Fonte: Produzido pela Autora, 2016


760 A

A

Imagem 187 Fonte: Produzido pela Autora, 2016

770

750 Área a ser Intervida Área a ser Desapropriada para a construção do Instituto de Apoio a Produção Cinematográca

10 0

50 20

100

CORTE AA Imagem 188 Fonte: Produzido pela Autora, 2016

94



O Cin eď€ lia


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R.

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R. Rio Gra

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tino G

e

nd

A Escola de Cinema e Artes Inspiratorium, localizada na cidade de São Paulo, não tem cunho de curso superior. Possui cursos livres de cinema, ocinas com a duração de uma semana e é exatamente assim que o Cinelia vai funcionar na cidade de Uberaba, com cursos livres e ocinas de variados assuntos voltados a produção cinematográca. Os cursos e ocinas ofertados, de acordo com a página virtual da escola, são: 1-Direção de Fotograa: Introduzir o aluno ao universo da Direção da Fotograa com o uso de câmeras HDSLR. 1.1-A Iluminação e a Cor: Esta ocina intensa, de sete dias, está elaborada para todos interessados no aprimoramento dos conceitos técnicos e estéticos referentes à Iluminação. 1.2- Aprimoramento e Técnica: Com o objetivo de desenvolver e aprimorar a ideia e o olhar fotográco. 2- Interpretação: Núcleo de Práticas com Atores. 3- Direção: Estudos de Direção de cinema, com foco nas temáticas: - História e Crítica; - Linguagem Cinematográca; - Atribuições do Diretor dentro de um lme. 4- Finalização: Correção de Cor / Color Grading 5- Som: Captação de Som.

R.

Fron Prof.

INPIRATORIUM ganti

R. Pedro Mor

Imagem 190 - Foto Externa do Inspiratorium Fonte:Google Street View, 2016

97

Imagem 189 Fonte: Produzido pela Autora, 2016

1- Inspiratorium

Os preços dos cursos e ocinas da escola são altíssimos. Por isso que a proposta do Cinelia é a de ser um Instituto comunitário, pois tanto pessoas de baixa renda, quanto as de poder maior aquisitivo poderão frequentá-lo, sem nenhum tipo de segregação social, estimulando ainda mais a coletividade, sociabilidade e coexistência entre seus usuários.

R. Cel Lisboa

Disciplinas

Localização

6.1


Estúdio de Filmagem da Escola Inpiratorium

Imagem 191 Fonte: inspiratorium.com.br, acesso em 2016

Sala de aula teórica da Escola Inspiratorium

Imagem 192 Fonte: inspiratorium.com.br, acesso em 2016

2- Workshop de Cinema Digital de Uberaba É importante analisarmos o programa da ocina de curta-metragem que o O Cine Pet UFTM ofertou de maneira gratuita na cidade de Uberaba. O evento foi realizado em salas de aula comuns na Universidade Federal do Triângulo Mineiro e foram emprestadas câmeras para alguns participantes.

Imagem 193 - Programa do I Workshop de Cinema Digital de Uberaba. Fonte: facebook.com, acesso em 2016

98


3- Curso Superior do Audiovisual Escola de Comunicação e Artes

Imagem 194 - Disciplinas do Curso Superior do Audiovisual - ECA Fonte: uspdigital.usp.br, acesso em 2016

99


Através da leitura das disciplinas e ocinas que acontecem na escola Inspiratorium, na ECA e no evento da UFTM, foi possível ter melhor discernimento para a constituição das disciplinas do Cinelia, que foram divididas nas seguintes etapas: Teórico - Práticas Ocina teórico-prática sobre cinema; História do Audiovisual Mundial e Brasileiro; Análise da Produção Audiovisual Contemporânea; Legislação e Mercado Audiovisual; Direção de Cinema; Direção de Fotograa; Análise de Figurinos de Cinema; Estudo dos Espaços Cênicos; Ocina de Introdução à Animação; Ocina de produção de curtas; Ocina de montagem de exposição. Produção Produção de roteiro; Montagem de Cenários; Criação de Figurinos. Direção Práticas com Atores. Finalização Ocina de Edição e Montagem (curtas, longas e documentários); Correção de Cor; Captação de Som.

6.2

Usos

6.2.1- Escola de Cinema de Santos A Escola Essa leitura de projeto é relevante à aplicação no trabalho devido a sua organização espacial e fucional, visto que também se trata de uma escola de cinema e por ser uma intervenção arquitetônica em um edifício histórico de Santos. Com uma área total de 947 m², foi concluída em 2009 a Escola de Cinema, projetada pelos arquitetos do escritório Costa e Macedo, localizada na cidade de Santos, São Paulo. A escola situa-se em um galpão antigo, dentro do Mercado Municipal de Santos. Logo, na concepção do projeto foram consideradas a pré-existência do mercado e sua importância como patrimônio cultural da cidade. A partir dessa premissa, os arquitetos optaram por elaborar uma estrutura independente dentro desse patrimônio, respeitando os módulos proporcionais do antigo, com o intuito de construir uma “caixa dentro da caixa”. Outra decisão foi a de deixar a fachada do mercado intacta, sua parte externa, e trabalhar o contraste entre o novo e o velho no interior do edifício, através da estrutura e da técnica construtiva contemporânea. Além disso, a escola possui uma respeitável função social, pois a proposta foi a de criar esse curso prossionalizante para jovens carentes. 100


Rua H

enriqu

mbro

os de de San t

sala de projeção do cinema. No último pavimento é onde está situada a parte educativa, com um grande espaço de ocina de produção e edição, salas de áudio e vídeo e uma sala de reunião.

Ave nid

aC

ida

ins

Praça Nagasaki

Praça Igu

de Sete

e Dias

atemi Mart

rane r. Coch Rua 7

Rua D

Localização

Cemitério Paquetá

Mercado Municipal

Imagem 195 - Produzido pela Autora, em 2016

café O Escritório Segundo a página virtual ocial dos arquitetos, o grupo Costa e Macedo Arquitetos é uma empresa de arquitetura e urbanismo, localizada em Santos, São Paulo. Foi criada em 2005 pelos arquitetos líderes José Macedo e Christiane Costa, e conta com a ajuda de oito colaboradores e sociedade com o escritório 2A+V Arquitetos Associados. Através dessas parcerias participam em obras de restauração de edifícios históricos e no desenvolvimento de projetos executivos. O Programa O programa do projeto constitui-se de três pavimentos, possuindo planta livre, buscando a sutileza nas divisões dos ambientes. No primeiro pavimento encontra-se um café com uma área de convivência, um grande foyer e a sala de cinema. No segundo pavimento localiza-se a parte administrativa da escola, o banheiro e a copa para funcionários e a 101

cinema foyer

Imagem 196 Fonte: costaemacedo.com.br, em 2016

Térreo

projeção copa

Imagem 197 Fonte: costaemacedo.com.br, em 2016

1º Pavimento


Esquema

oficinas

Imagem 198 Fonte: costaemacedo.com.br, em 2016

2º Pavimento

Banheiros Circulação Vertical Serviços Áreas de convivência Administração

Imagem 201 Fonte: costaemacedo.com.br, em 2016

Imagem 202 Fonte: costaemacedo.com.br, em 2016

Imagem 199 Fonte: costaemacedo.com.br, em 2016

Corte Imagem 203 Fonte: costaemacedo.com.br, em 2016

Imagem 200 Fonte: costaemacedo.com.br, em 2016

Foyer 102


2- Museu de Imagem e do Som (MIS) São Paulo Segundo informações contidas em sua página ocial da internet, suas atividades foram separadas da seguinte forma: programação; acervo (ampliar a digitalização de material audiovisual para exibição ao público); capacitação (promover ações de fomento à educação cultural como cursos, palestras, seminários etc.); e Pontos MIS (pontos de difusão e capacitação audiovisual espalhados pelo Estado de São Paulo). As exposições ocupam todos os espaços expositivos do Museu. Eventos de cinema, vídeo e música acontecem nos dois auditórios, ou na área externa, através de projeções em suas fachadas. Como programação permanente, o MIS tem o Cinematographo, que conta com projeção de lmes mudos sonorizados por músicos ao vivo. Dentro de capacitação, uma das atividades realizadas no museu é o Cine MIS, que tem o objetivo de criar um espaço permanente de lançamento de curtas-metragens inéditos em São Paulo. O Centro de Memória e Informação do MIS (CEMIS) conta com mais de milhares de registros de fotograas, lmes, vídeos, cartazes, discos de vinil e registros sonoros, que se encontra à disposição do público na Midiateca, e fornece uma lan house e biblioteca especializada com material especíco para entidades culturais e educativas. 103

Imagem 204 - Localização Fonte: mis-sp.org.br, em 2016

Imagem 205 - Localização Fonte: annaramalho.com.br, em 2016

Imagem 206 - Foto de Uma dasSalas de Exposição Fonte: mundoeducare.com.br, em 2016

Imagem 207 - Foto de Um Evento que mistura Música Eletrônica com Arte Fonte: visitesaopaulo.com, em 2016


3- Instituto Tomie Ohtake - São Paulo Esse complexo é integrado por cinco construções com os seguintes usos: Torre Pedroso de Moraes: Edifício de escritórios com 6 andares, em forma de trapézio invertido. Torre Faria Lima: Edifício de escritórios com 22 andares e heliponto na cobertura, com laje de 620 m2. Teatro: Com capacidade para 750 espectadores. Espaço Múltiplo, com palco e platéia exíveis, próprio para a realização de projetos especiais, experimentais e contemporâneos. Centro de Reuniões: Auditório, salas de reuniões e espaços para eventos. Instituto Cultural: Área expositiva de 1800 m2, dotada de recursos técnicos e apta a todas as formas de expressão artística. São 9 espaços para exposições, restaurante, loja, livraria. O grande hall que une todos esses espaços.

Imagem 209 - Foto do grande Hall do Instituto Fonte: vitruvius.com.br, em 2016

Imagem 210 - Foto das Salas de Ocinas Fonte: vitruvius.com.br, em 2016

Imagem 211 - Foto de uma das Salas de Exposição Fonte: vitruvius.com.br, em 2016

Imagem 208 - Foto Externa do Instituto Fonte: lounge.obviousmag.org, em 2016

Imagem 212 - Foto de uma das Salas de Exposição Fonte: vitruvius.com.br, em 2016

104


Lista de Usos do Cinelia 1- Espaço comum para funcionários

Direção Secretarias Administração Espaço para os professores Recepção

Administração

2- Espaço de reunião 3- Copa/Descanso 4- Instalaçõs Sanitárias

Ateliês de produção

4- Cenários 5- Figurinos 6- Gravações

Áudio Vídeo

7- Depósito de Equipamentos de Filmagem e Iluminação 8- Montagem de Exposição

Ocinas Técnicas 9- Informática

Gráfica / Copiadora

10- Mixagem e Montagem 11- Documentação e Restauro

105


Apoio

12- Almoxarifado 13- Depósito de Lixo 14- Central de Gás 15- DML 16- Reservatórios de água 17- Instalações Sanitárias 18- Gerador 19- Central Elétrica / Automação

20- Carros - 11 vagas

21- Bicicletas - 36 vagas

Funcionários Idosos Deficientes Físicos

Estacionamento

Funcionários Usuários

Convívio

22- Cafeteria / Pub 23- Espaços de Exposição 24- Espaços para aulas teóricas e debates 25- Cinema

Cine São Luíz 106


6.3

Cine São Luíz

Quando esse trabalho foi iniciado, o Cine Teatro São Luíz ainda se encontrava fechado e em estado de abandono. Logo, as informações utilizadas para a realização desse projeto foram as encontradas na cha de inventário do cinema, disponibilizada pelo Conselho de Patrimônio Histórico e Artístico de Uberaba (CONPHAU). Porém, nesse segundo semestre, o antigo São Luíz começou a ser reformado para se transformar em comércio. Segundo informações coletadas através da página virtual da TV Integração (G1), o CONPHAU alegou que aprovou o projeto pois não havia mais possibilidade de reestruturação, e o mobiliário havia se perdido. Além de já terem negado outra proposta de transformar o antigo cinema em estacionamento. Posto isto, a proposta a partir de agora será a de retomar, sem ser idêntico, o Cine São Luíz, de acordo com todos os dados métricos e fotográcos fornecidos na sua cha de inventário. A intervenção que será feita respeitará os princípios do restauro de Cesare Brandi. Através da distinguibilidade de materiais, para não induzir o usuário ao engano, a mínima intervenção, e a reversibilidade, recuperando a essência do cinema, mesmo que de maneira distinta e contemporânea. Logo, o Cine Teatro São Luiz será reativado e incluído ao Cinelia, sendo utilizado como espaço 107

para exibição dos lmes, curtas e documentários produzidos no Instituto, assim como lmes que não entram na programação dos cinemas que estão ativos ainda na cidade, e , também, servirá como espaço para aulas e debates, de modo a receber toda a comunidade interessada.

Fotos do Cine São Luíz antes, durante e depois da reforma

Imagem 213 - Foto externa antes da reforma. Fonte: Registrada pela autora em 2016

Imagem 214 - Foto externa pós reforma. Fonte: Registrada pela autora em 2016


Imagem 215 - Foto interna do auditório antes da reforma. Fonte: CONPHAU, acesso em 2016

Imagem 216 - Foto interna durante a reforma. Fonte: Registrada pela autora em 2016

Imagem 217 - Foto interna do auditório e do palco antes da reforma. Fonte: CONPHAU, acesso em 2016

Imagem 218 - Foto interna durante a reforma. Fonte: Registrada pela autora em 2016

Imagem 219 - Foto interna das cadeiras do auditório antes da reforma. Fonte: CONPHAU, acesso em 2016

O piso já foi todo nivelado e revestido com cerâmica. Porém, como possuímos os cortes com as medidas das alturas dos níveis do auditório anterior, é possível reverter a situação e recuperar a organização espacial interna. A cobertura, que já não é mais a original, será removida e substituída por outra com maior apelo estético e acústico, funcionará também como terraço do Instituto. Será feita uma releitura do antigo mobiliário, adequando-o as necessidades atuais. 108


DEMOLIR

A

A EXPOSIÇÃO

EXIBIÇÃO DE FILMES E PEÇAS DE TEATRO

RECONSTITUIR DEMOLIR PLANTA TÉRREO 1

5m

Imagem 220 Fonte: CONPHAU, acesso em 2016

A

A

PLANTA 1º PAVIMENTO 1

109

5m

Imagem 221 Fonte: CONPHAU, acesso em 2016


Imagem 222 Fonte: CONPHAU, acesso em 2016

NÃO EXISTE MAIS - INTERVIR COM COBERTURA NOVA

Demolir ou não demolir, eis a questão.

CORTE AA

1

5m

De acordo com os dados históricos levantados, essa é a terceira reforma pela qual o Cine São Luíz passou. Com base nisso, foi necessário tomar uma posição e escolher entre demolir a estrutura existente e construir outra, marcando uma nova geração, ou restaurar a estrutura existente, fazendo algumas intervenções. A decisão por manter a estrutura existente foi a escolhida, pois, em primeiro lugar, a área adotada para a implantação do Cinelia só foi selecionada devido a sua proximidade com o Cine São Luíz e com o Cine Metrópole, por serem cinemas de rua abandonados, com perigo de demolição, que foram tão importantes para a história da arquitetura e da formação de Uberaba. Por isso, estacionamentos e lotes vazios localizados perto desses dois edifícios abandonados foram procurados, a m de fazer com que o novo Instituto despertasse novamente esse interesse das pessoas pelos cinemas de rua. Requalicando, culturalmente e socialmente, esses espaços. Em segundo lugar, o centro da nossa cidade possui um patrimônio muito rico, mas ele não é valorizado da maneira como deveria. Não existe nanciamento e incentivo para a população apreciá-lo e usufruí-lo. Com a reativação do São Luíz, como instrumento cultural e pedagógico para toda a população, seria possível reviver parte da memória da cidade, desvincular a ideia do cinema como atividade relacionada ao mercado e ao consumo, e, principalmente, mostrar como existe a possibilidade de projetar uma arquitetura nova, estabelecendo uma conexão com a antiga, sem agredi-la. Por último, a própria Praça Rui Barbosa e suas inúmeras reformas já servem como lição, pois foi exatamente pelo fato de sempre quererem mudar seu paisagismo e sua forma de acordo com as novas décadas, que ela acabou sendo descaracterizada, tendo seu valor histórico esquecido perante a comunidade. 110


6.4

1- Levantamento Fotográco

Estudos da Área

Imagem 224 Fonte: Produzida pela autora em 2016

6.4.1 - Instituto Comunitário de Apoio a Produção Cinematográca Área Escolhida Área a ser Intervida - Cine São Luíz Área a ser Desapropriada e Demolida para a construção do Instituto de Apoio a Produção Cinematográca

04

01

03

a

02

Vistas da Área

a

Ru i

Ba

rb

os

05

01

Ru

aS

an

to

An

tôn

io

03

Imagem 225 Fonte: Registrada pela autora em 2016

02 Imagem 223 Fonte: Registrada pela autora em 2016

Por serem edifícios sem valor arquitetônico artístico agregado, fazendo parte de um patrimônio banal, a opção foi a de removê-los, a m de aumentar a área para a construção do novo edifício de cunho cultural para a cidade. 111

Imagem 226 Fonte: Registrada pela autora em 2016


05

04

Imagem 227 Fonte: Registrada pela autora em 2016

Imagem 228 Fonte: Registrada pela autora em 2016

Imagem 229 Fonte: Produzida pela autora em 2016

2- Diretrizes dos Mapas de Levantamento

Abandonado Praça Rui Barbosa Calçadão Possível Circuito de Conexão

Diretriz Mapa de Gabarito Imagem 230 Fonte: Produzida pela autora em 2016

Diretriz Mapa de Uso do Solo

Diretriz do Mapa de Sistema Viário Imagem 231 Fonte: Produzida pela autora em 2016

112


6.5

Conceito

A ideia é a de elaborar uma malha estrutural que envolverá todo o projeto, representando a multifuncionalidade, de maneira que ao mesmo tempo em que essa malha é parede, ela já se transforma em teto, proporciona as aberturas do edifício e realiza a conexão entre o edifício antigo do Cine São Luíz e o novo, caracterizando a continuidade da forma, mesmo de maneira desconstruída. Como se fosse um rolo de lme que

sai do Cinema São Luíz e mostra todo o processo que existe nos bastidores da produção de um lme, até que ele possa ser exibido nas salas de cinema. Para podermos explicar como surgiu o pensamento de projetar essa malha desse modo, precisamos lembrar que o cinema foi a descoberta da imagem em movimento, logo, o projeto do Instituto deveria trazer em sua arquitetura uma característica que remetesse a essa cinética. A exibilidade poderá ser encontrada na parte interna do projeto, de modo que alguns volumes terão a possibilidade de mover de acordo com as necessidades que cada atividade requerer, atribuindo a própria arquitetura uma característica pedagógica. A abstração será representada tanto na moldagem da geometria da malha, de maneira a 113

adaptá-la de acordo com a disposição dos volumes a serem criados dentro da área, interligando e conectando todo o projeto, quanto no desenho dessa malha, que será feita através de pers de aço, e é inspirado no desenho do traçado da malha urbana de Uberaba, já que foi exatamente nesse ponto onde a cidade começou a sua formação. Logo, percebemos como a concepção do projeto foi feita através da união dos conceitos com todo o histórico levantado nesse trabalho.

Desenho da Malha Viária


Processo de Concepção de um Filme

Cine Teatro São Luíz

DIREÇÃO O

ÇÃ

FIN

A

A LIZ

PRO

ÃO DUÇ

Continuidade Coexistência Malha Viária Flexibilidade Movimento Abstração

Desconstrução Formal

Início do Pensamento Criativo

114


6.6

Croquis da Nova Etapa de Projeto

Após a primeira banca de avaliação do trabalho em questão, o programa de necessidades do Instituto passou por algumas alterações, de modo a deixá-lo menos rígido e mais exível. Também foi criada uma conexão do Cinelia com as escolas da cidade de Uberaba. Com isso, iniciaram-se novos estudos de ocupação e implantação do projeto, analisando sempre a posição solar e os ventos predominantes da região.

Proposta 01

Proposta 02

115


Proposta 03 - TĂŠrreo

Proposta 03 - 1Âş Pavimento

116


Proposta 04 - Térreo

Área Permeável

Proposta 04 - 1º Pavimento

Passarela 117


Proposta 05 - Térreo

Área Permeável

118


Proposta 05 - 1ยบ Pavimento

Passarela

119


Proposta 05 - Subsolo

120


Irmãos Lumière - The Serpentine Dance


Projeto


123


Implantação IMPLANTAÇÃO

Edifício Éden

Praça Rui Barbosa

Catedral 124


D

C

PLANTA SUBSOLO

CINE SÃO LUÍZ A

1 2 3 4

A

-2.00

-2.00

Gerador Depósito Lixo / Gás Central Elétrica

EDIFÍCIO ÉDEN

4

O

IDOS

ta bicicle moto

3

1

2

2

4

3

5

6

7

8

Estacionamento

B

B

-2.95

9

sobe

1

10

bicic

leta

1

C

D

11

5 Área Construída: 545.39 m² 125

Plataforma Hidráulica conectada ao depósito dos pavimentos superiores


PLANTA TÉRREO 1 Exposição / Multiuso 2 Gráca 3 Estúdio de Fotograa 4 WC Feminino 5 WC Masculino 6 DML 7 Montagem de Exposição 8 Administração 9 Depósito 10 Estúdio de Filmagem 11 Montagem e Armazena-

4 -0.65

1

-2.00 -2.00

5

Área Total dos Lotes: 2581.67 m² Área Construída: 1157.59 m² Área Permeável: 816.96 m² Taxa de Permeabilidade: 31.64% 0.00

0.00

sobe

5

mento de Cenário

12

6

12

Café / Pub

0.00

4

2

0.00

11 3

0.00

0.00

0.00 0.00

8 10 sobe

9 1 7 0.00

-1.00

1 5

Plataforma Hidráulica Área Verde Espelho d’água

126


PLANTA 1º PAVIMENTO 1 Mezanino Exposição 2 Estúdio de Som - 01 3 Mezanino Estúdio de Fotograa 4 Estúdio de Imagem 5 WC Feminino 6 WC Masculino 7 DML 8 Confecção de Figurino 9 Documentação e Restauro 10 Depósito 11 Apoio Técnico 12 Mezanino Estúdio de Filmagem 13 Estúdio de Som - 02 14 Informática 15 Mezanino Café / Pub

+4.67

+3.85

Área Construída: 844.05 m² 5

6

15

7

+3.65

4 14

2 +3.65

+3.65

3

11 +3.65

13

9 10

12

+3.65

1 +3.65

8

1 5 Plataforma Hidráulica

127


FLEXIBILIDADE

1

Detalhe Bloco Giratório

Parede em Dry Wall independente da Malha Estrutural

Parede mais baixa que a Cobertura do Cinelia

Malha Estrutural

Parede em Dry Wall independente da Malha Estrutural

REF.

Trilho REF.

Trilho Laje

2 Painel Deslizante de Madeira

2

Detalhe Painel Deslizante e Vidro de Tela Conferência Vidro Tela Conferência

Planta Térreo

1 Vidro Tela Conferência aberto

Painel Deslizante de Madeira aberto

1

5

128


CIRCULAÇÃO E ACESSOS

Piso Permeável Cimento Queimado Acesso / Circulação Pedestre Acesso Automóvel

129


COBERTURA ÁREAS DE CIRCULAÇÃO / PERMEÁVEIS: VEDAÇÃO COM VIDRO

Planta de Cobertura Renderizada

Vidro Placa Cimentícia Concreto Aparente Pigmentado

AMBIENTES INTERNOS: VEDAÇÃO OPACA

130


CORTE AA

+4.67 +3.85

-0.65 -2.00

131


CORTE BB

+3.65

0.00

-2.95

132


CORTE CC

+3.85

+3.65

-0.65

133

0.00


CORTE DD

+3.65

0.00 -2.00 -2.95

134


ELEVAÇÕES

Elevação Sudoeste - Rua Santo Antônio

Elevação Noroeste - Praça Rui Barbosa 135


MATERIALIDADE - CINEFILIA

Placa Cimentícia Painel de Vidro Concreto Pigmentado Adobe Pers de Aço

“A Chegada de um Trem na Estação” Irmãos Lumiére, 1895

“Viagem à Lua” - colorida a mão Georges Méliès, 1902

A escolha dos materiais foi pensada desde o princípio de uma maneira em que pudesse carregar também elementos ligados a história do cinema. Logo, a escolha do cimento queimado remete a época do cinema preto e branco, o início. O concreto pigmentado representa a fase em que os lmes eram coloridos a mão. Por m, o adobe foi escolhido para simbolizar o início da aparição de cores reais nos vídeos.

“With Our King and Queen Through India” - primeiro vídeo em cores reais Charles Urban,1912 136


Adobe Concreto Pigmentado Vidro Placa Cimentícia

MATERIALIDADE - CINEFILIA

Malha Estrutural Câmara com gás argônio Vidro Laminado

Esquema Vidro Insulado - Promove Conforto Térmico e Acústico 137


Travamentos Malha Estrutural

Pilares Estruturais da Malha

Estrutural / Pรณrticos

ESTRUTURA

Treliรงas Metรกlicas

138


INTERVENÇÃO INTERIOR CINE SÃO LUÍZ Reconstituir com madeira

Elevador

Painel Deslizante de madeira Vidro de Tela Transferência Flexível

Reconstituir com madeira

Painel Deslizante de Madeira

Painéis de Tapeçaria Mineira por Edmar de Almeida Praça das Artes - SP

139


UMA NOVA FORMA DE PROJETAR UM CINEMA

6.2

1.5

140


141


IMAGENS

142


143


144


145


146



ReferĂŞncias


Introdução CINEMA AO LUAR. Disponível em: g1.globo.com Acesso em: 25 de maio de 2015 CINE CULTURA. Disponível em: cineculturauberaba.blogspot.com.br Acesso em: 25 de maio de 2015 CURSO DE CINEMA UNIUBE. Disponível em: ppuniube.blogspot.com.br Acesso: 25 de maio de 2015 WORKSHOP DE CINEMA DIGITAL EM UBERABA. Disponível em: workshopcinemauberaba.blogspot.com.br Acesso: 25 de maio de 2015 MOSTRA DE CINEMA DIGITAL DE UBERABA. Disponível em: mostrauberaba.blogspot.com.br Acesso: 25 de maio de 2015 FILME SUPERNOVA. Disponível em: facebook.com/projetosupernova Acesso: 08 de setembro de 2016 FILME NINFA BEBÊ. Disponível em: facebook.com/lmeninfabebe Acesso: 08 de setembro de 2016 FILME A CIDADE E AS FLORES. Disponível em: facebook.com/desassombrolme Acesso: 08 de setembro de 2016

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151


152


Alfred Hitchcock - Psicose


e c i d n ê Ap


1- Primeira Lista de Usos Elaborada do Cinelia

9.1

155

Processo de Projeto Inicial Usos Administrativo Recepção

Quant.

Equipamentos

01

Cadeiras, bancada, computadores

Secretaria

01

Administração

01

Mesa de trabalho, cadeiras, armários/estantes e computador Mesas de trabalho, cadeiras, armários/estantes e computadores

Diretoria

01

Sala dos Professores

01

Sala de Reunião

01

Copa/Descanso

01

Instalações Sanitárias

02

Vestiários

02

Teórico Salas de aula teórica

02

Mesa professor, cadeiras, carteiras, lousa, projetor

Produção Salas de aula de debate

02

Layout Flexível. Mesa professor, cadeiras, lousa, projetor

Sala de montagem e armazenamento de cenários

01

Confecção e Armazenamento de Figurinos Depósito de Equipamentos de Filmagem e Iluminação Estúdios de Filmagem

01

Lixadeiras, serra circular, serra de fita, serra tico-tico, bancadas, cadeiras, armários/estantes Bancadas, cadeiras, máquinas de costura, armários/estantes

01 03

Usuários Área Aprox. (m²) Área Total: 171 m² Funcionário/ 7 público em geral Funcionários 10 Funcionários (máx. 02)

16

Mesa de trabalho, cadeiras, armários/estantes e computador Mesa de reunião, cadeiras, computadores, bebedouro/cafeteira, escaninhos Mesa de reunião, cadeiras, aparador, projetor

Funcionários

14

Professores

30

Funcionários

25

Mesas, cadeiras, balcão, lavatório, geladeira, micro-ondas, sofás Feminino/Masculino/PNE: lavatórios, bacias sanitárias, mictórios Feminino/Masculino/PNE: escaninhos, bancos, chuveiros

Funcionários

25

Funcionários

25

Funcionários

20

Mesa, cadeira, computador, armários, câmeras, Variável. Câmeras, equipamentos de iluminação e som

Área Total: 80 m² Professores/ 80 alunos (máx. 21) Área Total: 290 m² Professores/ 60 alunos (máx. 16) Professores/ 35 funcionários/ alunos Professores/ 35 costureiras/ alunos Funcionários 30 Professores/ alunos

90


Estúdios de Gravação de Som Instalações Sanitárias

02

Usos Finalização Salas de Informática

Quant.

Estúdio para Mixagem e Montagem Gráfica/Copiadora

01

Expositiva Centro de Documentação

02

02

Mesa de edição, computador, microfones e suportes, cadeiras, sala de gravação Feminino/Masculino/PNE: lavatórios, bacias sanitárias, mictórios Equipamentos Mesas, cadeiras, computadores, quadro, projetor Mesa de edição, computador, cadeiras

01

01 máquina de xerox/impressão, 01 impressora A2/A1/A0, 02 impressoras A4/A3, mesas, cadeiras, computadores, balcão

01

Mesas, cadeiras, computadores, armários/estantes, escaninhos Bancos, painéis, projetores

Espaços de Exposição Auditório

01

Poltronas, tela, projetor

Instalações Sanitárias

02

Feminino/Masculino/PNE: lavatórios, bacias sanitárias, mictórios

01 01 01 02 02 01 01

Estantes/armários Depósito de Lixo Orgânico e Seco Gás Estantes/armários, lavatório Superior e inferior. Caixas d’água, bombas Gerador, Quadro de Controle Quadros de controles, estantes

01

Vagas: 12

Bicicletário

01

Vagas: 25

Cafeteria Café/Pub

01

Balcão, mesas, cadeiras, sanitários, cozinha

Apoio Almoxarifado Depósito de Lixo Central de Gás DML Reservatórios de água Gerador Central elétrica/ automação Estacionamento Estacionamento

Professores/ 15 alunos Público em 25 geral Usuários Área Aprox. (m²) Área Total: 120 m² Professores/ 80 alunos Professores/ 15 alunos Funcionários/ 25 alunos Área Total: 128 m² Funcionários 35 Público em Variável geral Professores/ 68 alunos (máx. 40) Público em 25 geral Área Total: 72 m² Funcionários 10 Funcionários 6 Funcionários 6 Funcionários 4 Funcionários 30 Funcionários 6 Funcionários 10 Área Total: 160 m² Funcionários/ 138 idosos/ deficientes físicos Público em 22 Geral Área Total: 180 m² Público em 180 geral 156


2- Estudos Volumétricos Iniciais Com base no primeiro programa elaborado para o Cinelia, nos levantamentos e nos estudos feitos da área, a etapa inicial foi a de pegar a metragem quadrada de cada uso e levantar um volume representativo, apenas para estudar possíveis propostas de implantação dentro da área.

Volumes posicionados dentro da área - 2ª Proposta

Cine São Luíz

Edifícios com a mesma altura Blocos Subterrâneos

Volumes Criados no SketchUP

Volumes posicionados dentro da área - 1ª Proposta

3ª Proposta - Volumes posicionados dentro da área, seguindo os estudos da trajetória solar e dos ventos predominantes, com o desenho em planta da Mallha de Conexão dos blocos.

157


4ÂŞ Proposta

Estudo do desenho da malha e dos volumes em perspectiva. 158


5ª Proposta

159


6ª Proposta

160


7ª Proposta

161


2- Estudos em Maquete Volumétrica Física e Virtual A partir dos estudos feitos em croqui, a maquete física volumétrica foi iniciada, a m de entender melhor a forma e a estrutura da malha. Logo após essa etapa, começaram os estudos virtuais. A maquete física foi escaneada para o computador e importada para softwares como 3D Max, SketchUp e AutoCAD 3D.

162


A materialidade escolhida para o projeto do Cinelia foi o aço, da malha, o concreto aparente, remetendo a era do cinema preto e branco, o concreto aparente pigmentado, representado a época dos rolos de lme preto e branco pintados à mão e, o basalto, indicando o início do cinema colorido, com suas cores mais terrosas.

163


3 - Primeira Proposta de Projeto apresentada na Etapa Intermediรกria

164


1- Café / Pub e Exposição 2- Gráca 3- Depósito de Equipamentos de Filmagem 4- Montagem e Armazenamento de Cenários 5- Estúdio de Filmagem 6- Sanitários 7- Área de Exposição 8- Auditório

8

7

5

5

2 3

6 5

1 4

Planta Térreo 165

6


6- Sanitários 9- Sala de Aula 10- Sala de Informática 11- Confecção de Figurino 12- Estúdio de Gravação 13- Estúdio de Mixagem de Som

9

9 12 6 12 13

10 11

6 10

Planta 1º Pavimento 166


8 6- Sanitários 7- Área de Exposição 8- Auditório 14- Administração 15- Centro de Documentação 16- Sala de Reunião 17- Copa 18- Passarela de conexão do Cine São Luíz com o Instituto

7

18

16 14

17 6

6 15

Planta 2º Pavimento 167


23 22 24

21 19 20

25

Planta Subsolo 19- Estacionamento 20- Central Elétrica 21- Depósito de Lixo 22- Central de Gás 23- Reservatório de água

24- Gerador 25- Depósito

168


Corte Esquemático

Maquete Física

169

01

03

02

04


Maquete Virtual

170


171

Cine São Luíz


172


173


174

O Entorno


175

Antes x Depois


176

Antes x Depois



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