FICHA CATALOGRÁFICA
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Congresso Baiano de Pesquisadores Negros. Caderno de resumos do IV Congresso Baiano de Pesquisadores Negros: IV CBPN / Editores Juvenal de Carvalho Conceição, Rosângela Souza da Silva, Viviane Emília de Ribeiro de Souza.– Cruz das Almas, BA: Universidade Federal da Bahia, 2013. 50f.; il. ISSN: 2175-6732 1.Ciência – Pesquisadores negros – Congressos. 2.Ensino superior – Pesquisas. I.Conceição, Juvenal de Carvalho. II.Silva, Rosângela Souza da. III.Souza, Viviane Emília de Ribeiro de. VI. Título. CDD 21: 506.3 Ficha elaborada pela Biblioteca Universitária de Cruz das Almas - UFRB.
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Sumário
Apresentação ....................................................................................................................................3 GT 01 - Questão Urbana e Racismos ...............................................................................................4 GT 02 - Mídia e Relações Raciais....................................................................................................6 GT 03 - África História e Historiografia e Ensino .........................................................................10 GT 04 - Literatura Artes e Performances Negras...........................................................................22 GT 05 - Ciências da Vida...............................................................................................................41 GT 06 - Desenvolvimento Local e Arranjo Socio-econômico......................................................43 GT 07 - Ciência e Tecnologia .......................................................................................................45 GT 08- Politicas de Ações Afirmativas e Relações Raciais...........................................................47 GT 09 Poder Gênero Raça: Desafios ............................................................................................70 GT 10 Cultura Comunidades Tradicionais e Religiões/Filosofia da Ancestralidade.....................77 GT 11 - Pensamentos e Intelectuais Negros...................................................................................95
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Apresentação
O Congresso Baiano de Pesquisadores Negros (CBPN) é um evento promovido de dois em dois anos pela Associação de Pesquisadores Negros da Bahia (APNB). Em 2013 realizamos, em Cruz das Almas, o IV CBPN, organizado pela UFRB, através das Pró-reitorias de Extensão, de ações Afirmativas e do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros do Recôncavo da Bahia (NEAB-UFRB). O IV CBPN é dedicado ao professor Dr. Ubiratan Castro de Araújo, um símbolo de luta pela transformação social. Um intelectual que colocou seus saberes a serviço do combate ao racismo. Além disso, o congresso faz uma homenagem a duas mulheres especiais pela história de vida, exemplo de dedicação e, sobretudo, pelo pioneirismo na luta contra a discriminação racial. São elas as Doutoras Ana Célia Silva e Maria de Lurdes Siqueira. O objetivo do evento é reunir pesquisadores e ativistas para refletir sobre “As perspectivas e estratégias de construção de políticas afirmativas de Gênero e Raça”, da Educação Básica à Pós-graduação. Em função desta temática o Congresso apresentará duas conferências, 11 minicursos, duas oficinas, seis mesas redondas, uma sessão especial com convidada de Moçambique e uma sessão de lançamento de livros. Nesses espaços serão debatidas as pesquisas, concluídas ou em andamento, sobre a ampla variedade de questões que o tema geral do evento e os temas dos GTs possibilitam. O caderno de resumos que você tem nas mãos é uma primeira síntese desses trabalhos e reflete a seleção feita pelos coordenadores dos GTs. Esperamos que ele seja um instrumento para alimentar o debate e a reflexão coletiva em nosso congresso.
Os organizadores
Juvenal de Carvalho Conceição Robson dos Santos Oliveira Rosângela Souza da Silva Viviane Emília Ribeiro de Souza
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GT 01 - Questão Urbana e Racismos Coordenador: Prof. Dr. Marcos Aurélio Souza - UESB
A Comunidade Negra e o Sistema Educacional Brasileiro: Das Teorias Científicas do Século XIX aos Conflitos do Subúrbio das Grandes Cidades Adilsomar de Oliveira Leite Resumo: O presente artigo discute brevemente as teorias científicas correntes no mundo e que tiveram reflexo na sociedade brasileira no século XIX, vindo a afetar a percepção racial daquela mesma época, bem como seus reflexos na contemporaneidade. O objetivo é mostrar a relevância ideológica dessas teorias e a sua influência na inserção da comunidade negra no sistema educacional do Brasil. O objeto de estudo são as propostas educacionais contra hegemônicas que marcaram a década de 1980 e, também, as implicações do modelo de letramento trabalhado nas escolas e suas decorrências para a permanência do aluno negro no sistema educacional (sobretudo o sujeito negro, morador de localidades de maior vulnerabilidade social). As considerações metodológicas seguem os princípios da pesquisa bibliográfica, de cunho explanatório-descritivo, e fundamentam-se em teóricos como Street (1984), Schwarcz (1993), Cavalleiro (1998), Telles (2003), entre outros. Salienta-se, por fim, a preocupação com a organização das cidades e a implantação de programas governamentais, em especial o Mais Educação, fixado nas escolas brasileiras de forma efetiva a partir de 2008, para garantir a permanência do aluno em tempo integral no espaço escolar, sugerindo formas de ação que possam levar em conta as expressões dos sujeitos subjugados de forma mais efetiva para seu sucesso no ambiente escolar. Palavras-chave: Ciência no Brasil; Aluno negro; Inclusão escolar; Letramento; Políticas Públicas.
Patrimônios Urbanos e Racismo Geny Ferreira Guimarães Resumo: A proposta de reflexão apresentada neste artigo é desenvolver uma crítica comparativa da herança patrimonial entre dois grupos identitários: africano e português. A discussão central será em torno de um emblemático exemplo patrimonial para a cidade de Salvador da figura histórica importante de Castro Alves, referenciado com seu nome em teatro e placa comemorativa, estátua em praça etc., em contrapartida, Luiz Gama outra figura histórica importante, permanece no anonimato e sem referenciais patrimoniais na cidade. Levando em consideração que patrimônios são essenciais instrumentos para manutenção de memórias coletivas, percebe-se nos grandes centros urbanos brasileiros, principalmente nas cidades cuja formação se deu no período colonial, especificamente as duas capitais coloniais do Brasil, Rio de Janeiro e Salvador, que a maior parte dos patrimônios existentes se refere à herança lusobrasileira, o que não representa a identidade da maioria populacional. Ao se pensar a formação espacial de uma cidade discute-se de forma pertinente as dimensões econômicas, políticas e socioculturais, além de serem relevantes, também influenciam nas escolhas dos patrimônios urbanos. Mas, acredita-se na urgência de serem incluídas na construção de pensamento e compreensão de espaços geográficos ideias desenvolvidas por meio de reflexões e a partir de perspectivas de uma dimensão sociorracial, em que o racismo passa a ser considerado um elemento constitutivo da formação geográfica das cidades. Com isso, atenta-se para qual o conceito geográfico mais apropriado para se desenvolver tal discussão: paisagem, territorialidade ou lugar? Assim, entende-se a relevância de uma discussão geográfica dos patrimônios
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urbanos sob uma perspectiva de inclusão do racismo como norteador da seleção, construção e manutenção patrimonial das cidades, centros e áreas históricas. O questionamento desta prática possibilitará a desarticulação da naturalização da exclusão de referências do grupo identitário de descendentes de africanos, influenciando na memória coletiva deste grupo e numa construção afirmativa de suas identidades. Palavras-chave: Patrimônio Urbano; Racismo; Identidade; Geografia.
“Cyclone Não é Marca de Ladrão”: A apropriação das marcas de Surf Wear por Jovens Negros de Periferia na Bahia Railma dos Santos Souza Resumo: A presente proposta de trabalho busca analisar o processo de apropriação das marcas de surf wear pelos jovens negros de periferia que ao buscarem estar sempre na moda ou mesmo uma pseudo ascensão social por meio do uso marcas de surf wear, como a famosa Cyclone, se tornam alvo de truculentas abordagens policiais, pois nos seus corpos essas marcas lhes conferem o estereotipo de ladrão e/ou traficante. Palavras-chave: Apropriação; Periferia; Estereótipo.
O Direito à Moradia Adequada e a Resistência de Mulheres Negras na Cidade do Rio de Janeiro Autora: Carolina Câmara Pires dos Santos Co-autora: Vanessa Santos do Canto Resumo: A cidade do Rio de Janeiro recentemente foi escolhida para sediar a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Emerge desses acontecimentos a necessidade de reordenamento do espaço urbano através de políticas que possibilitem a realização dos grandes eventos anteriormente referidos. Contudo, ao serem analisadas as ações que vêm sendo empreendidas, sobretudo pelo poder público municipal, constatam-se inúmeras irregularidades que ferem os direitos e garantias asseguradas na Constituição Federal promulgada em 1988. Longe de ser algo novo, tal desrespeito segue uma tradição da política urbana carioca que tem como marco fundamental a Reforma Pereira Passos realizada no início do século XX e, posteriormente com a remodelação do Centro da cidade através do denominado Plano Agache. Dessa forma, o presente trabalho discutirá, em um primeiro momento, as continuidades e descontinuidades dessa lógica de reforma urbana à luz da luta pelo direito à moradia adequada que tem sido travada em um novo contexto político e social. Em seguida, será abordada a resistência empreendida por mulheres negras da favela da Estradinha face às remoções. Essa favela está localizada no Bairro de Botafogo, considerado um dos bairros nobres da cidade do Rio de Janeiro. O objetivo do trabalho consiste em discutir o direito à moradia adequada, bem como a legislação que o regulamenta sob a perspectiva da interseccionalidade das desigualdades de gênero, raça e classe. Palavras-chave: Mulheres negras; Direito à Cidade; Resistência Social; Remoções; Rio de Janeiro
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GT 02 - Mídia e Relações Raciais Coordenadora: Prof.ª. Drª. Paula Cristina Barreto - UFBA
A Representação da Mulher Negra nos Textos Publicitários: construindo caminhos, desconstruindo paradigmas Adalaete Souza de Freitas Resumo: O presente trabalho tem o intuito de refletir, a respeito da mulher negra, a qual vive dupla discriminação, racial e de gênero. Nesta perspectiva, pretendemos analisar o papel dos textos publicitários de cosméticos, para a construção da imagem feminina de etnia negra. Por sua vez, buscamos ampliar essas discussões, no sentido de autocompreeder-se como sujeito inserido nesse universo social, marcado pela desigualdade racial e de gênero, influenciada pelos padrões de beleza, o qual trás vários discursos. Estes se constituem num exercício social repleto de significados, Principalmente em relação ao contexto sociocultural e histórico que envolve diferentes relações de poder. Portanto, as relações de gênero e consequentemente de poder existentes no processo de construção e significação das desigualdades na sociedade brasileira precisam ser muito bem compreendidas, no intuito de (re)pensar e (re)significar essas estruturas da sociedade. Portanto, serão analisadas imagens de mulheres negras presentes nessas revistam, bem como entrevistas e sondagem com consultoras das revistas. É importante evidenciar que esta pesquisa terá como embasamento teórico Spivak, Ana Claudia Lemos Pacheco, Suely Carneiro, Lélia Gonzalez, dentre outros que se debruçam sobre essa temática. Palavras-chave: Etnia; Beleza; Gênero; Raça; Representações.
Raça e a Invisibilidade do Negro Brasileiro Alex Santana França Resumo: A proposta deste texto é fazer uma análise da situação da população afro-brasileira na contemporaneidade, a partir do documentário Raça, dos diretores José Zito Araújo e Megan Mylan. Nesta produção, mais uma vez, o cineasta brasileiro Joel Zito expõe algumas feridas sociais brasileiras, neste caso, relacionadas à questão étnica: a quase invisibilidade do negro nos meios de comunicação, assunto já abordado, por exemplo, também em A negação do Brasil, a eterna discussão sobre a reforma agrária e os projetos de políticas públicas voltados para a população negra. O filme Raça destaca a iniciativa audaciosa do cantor Netinho de Paula e a criação da TV da Gente, primeiro canal de TV do Brasil com conteúdo dedicado ao povo negro; o trabalho do senador Paulo Paim para a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial, que depois de mais de 10 anos de longos debates e alterações, foi aprovado em 2003, no governo do presidente Lula; e a luta de um grupo de quilombolas do Espírito Santo pela preservação de suas terras e de suas culturas. Palavras-chave: Documentário Brasileiro; Negro na Mídia; Políticas Públicas.
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As Notícias do Rádio e suas Implicações na Difusão da Cultura Afro-Brasileira Antônio Argolo Silva Neto Resumo: Nesta proposta busco investigar as notícias veiculadas nas rádios comerciais de Jequié/BA, e seus efeitos na concepção das heranças culturais afro-brasileiras, presentes neste município. Está embasada na Hermenêutica Profunda de Thompson, tendo como técnica entrevistas, semiestruturadas, gravadas com os ouvintes e na sintonia dos programas jornalísticos entre os dias 25/10/07 e 13/06/08 – datas em que se comemora o aniversário de emancipação e o padroeiro da cidade. O universo constitui-se de 12 ouvintes de vários pontos do município, que estavam presentes na feira livre nos dias da coleta. Desta totalidade, 7 deles foram selecionados como amostra, por se enquadrarem no critério de preferência pelo programa mais ouvido, isto é, a programação policial. Os dados apurados demonstram que o rádio se preocupa em difundir notícias vinculadas ao respeito às diferenças de raças e ao preconceito de cor. Porém, tanto o programa policial quanto os demais gêneros jornalísticos, pouco contribuem na divulgação da cultura tradicional como um produto simbólico e coletivo, inerente às manifestações humanas. Isto é preocupante, pois grande parte dos jequieenses possui referências negras e esses identificadores são visíveis na sociedade. Como o preconceito não se limita apenas ao racismo – e a produção radiofônica sempre está atrelada a um contexto de reprodução ideológica – faz-se necessário construir políticas de afirmação cultural junto aos seguimentos da cultura negra de Jequié. E com isso criar condições de visibilidade às tradições culturais silenciadas pelo jornalismo. Palavras-chave: Cultura; Mídia radiofônica; Representação simbólica.
A Representação do Corpo Negro na Mídia e suas Implicações na Educação Daiane Alves dos Santos Sampaio Fernanda de Aragão Caijaba Nélia Roque dos Santos Resumo: O presente trabalho tem como objetivo discutir a forma em que o corpo negro é representado pela mídia. Sabendo que as exigências políticas por maior participação do negro na mídia e nas passarelas de moda, implicam em conflitos morais criados a partir das representações, pela qual o corpo e a sexualidade negra serão expostos no espetáculo do consumo. Na moda e na publicidade o corpo é artificializado por ser deslocado de seus contextos reais para se tornar apenas imagem, o corpo é transformado em suporte de uma mensagem de consumo, quando não é o próprio objeto a ser consumido como imagem, a interdição do corpo negro segregado em espaços convencionalizados, trabalhos subalternos e alguns tipos de esportes e de entretenimento, carrega não só a negação de seu acesso democrático ao espaço público representado pelo mercado de trabalho como de restrição às interações sociais. A imagem do negro se torna estereotipada pela superexposição de determinadas representações se comparadas a sub-representação em outros espaços convencionais da vida social. Para tanto foi utilizada a metodologia qualitativa, sendo realizado analise critica dos programas de TV, principalmente os que são exibidos em horários nobres, que tem a imagem da mulher negra estereotipada e reapresentada como símbolo sexual. Utilizamos como aporte teórico Fanon (2008), Louro (2010), Thompson (2002), Gregolin (2007), Hoff (2008), Aumont (2005). Todavia o sujeito espectador mantém uma relação complexa com a imagem. A mesma se destaca por três valores fundamentais: o da representação, o valor de símbolo e o valor de signo. As ações simbólicas podem provocar reações, sugerir caminhos e decisões, induzir a crer e a descrer, portanto um bom conteúdo, desprovido de estereótipos, representações que consigam provocar no educando melhora na sua autoestima, autonomia, que auxiliem na tomada de decisões, podem fazer a diferença na educação.
Palavras-chave: Corpo; Negro; Mídia; Educação.
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Reflexões de uma Educação Antirracista: Olhares dos educandos Perante o Preconceito Étnico Exposto na Mídia Eduardo Oliveira Miranda Hellen Mabel Santana Silva Luis Vitor Castro Junior Resumo: A formação cultural e étnica do Brasil remete a junção de diversos grupos, os quais são responsáveis pela miscigenação da nossa população. Esse panorama é encontrado na sala de aula e cabe aos planos de curso, bem como ao corpo docente compreender a nossa história e abordá-la na sala de aula. Nesse limiar de grupos étnicos, entra em cena o foco da pesquisa: o negro. Para tal, o presente artigo, estruturado em formato de relato de experiência, tem o objetivo de apresentar as reflexões acerca de um minicurso realizado no III Encontro Estadual de Educação e Relações Étnicas - UESB, tendo como público alvo educandos do ensino médio de uma escola quilombola localizada no município de Jequié, Bahia. O minicurso intitulado “Por uma educação antirracista” foi dividido em quatro partes interdependentes: exibição do documentário “Espelho, espelho meu”; discussão da película; produção textual dos educandos; apresentação da produção textual. No primeiro momento, utilizamos o documentário como instrumento sensibilizador, posto que o mesmo aborda as interlocuções existentes entre a mídia e as empresas de produtos de estética para impor um padrão de beleza que não representa o biótipo das mulheres e homens brasileiros. Em seguida, solicitamos que os educandos expusessem os seus olhares acerca do exibido. Esse debate foi de grande valia para a nossa construção, visto que os jovens se sentiram a vontade para apresentar as suas opiniões. Nesse movimento, os participantes relataram que o vídeo trouxe questões não perceptíveis por suas visões críticas. Posteriormente, conduzimos o debate convidando-os a construir uma história fictícia na qual o negro fosse protagonista e assumisse personagens que geralmente são interpretados por atores brancos. A referida proposta teve o objetivo de chamar atenção para o fato de poucos negros terem papéis de destaque nas produções televisionadas, sobretudo em novelas e seriados. Destarte, dividimos a turma em dois grupos com cinco componentes cada. Uma das narrativas teve embasamento em um filme americano, onde um negro consegue ascender socialmente e realiza o sonho de se tornar médico. A outra produção, considerada inédita, apresentou uma menina negra que sofreu preconceito na escola, nas suas atividades sociais, bem como a não aceitação da negritude por parte dos seus genitores. No entanto, a menina negra persistiu nos estudos, graduou-se em Direito e conseguiu galgar a condição de juíza. Ambas as produções foram apresentadas pelos grupos. O debate corroborou para perceber que aqueles jovens, mesmo oriundos de uma escola quilombola, possuem imensa dificuldade de se identificarem negros e assumir a sua ancestralidade. Entendemos que o nosso minicurso intentou contribuir com a implementação da Lei 10.639/03, tendo em vista que as bases de informações dispostas naquele encontro fomentaram ações substancialmente diferenciadas e desmistificadoras de preconceitos. Outro ponto se refere aos termos pejorativos que ainda hoje são reproduzidos pelos nossos jovens e adultos. Por exemplo, nas falas dos educandos encontramos as seguintes expressões: cabelo duro; nariz de macaco; pele cor de jambo; moreno chocolate. Enfim, uma série de afirmativas que reverberam o preconceito evidenciado tanto pela mídia, quanto pelos sujeitos que compõem o espaço escolar. Palavras-chave: Educação; Mídia; Lei 10.639; Racismo; Preconceito.
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As Concepções de Corpo na Contemporaneidade e as Relações étnico-raciais Esdras Oliveira de Souza Manoel Alves de Araújo Neto Resumo: O referido texto tem a proposta de discutir a estética do corpo dentro dos moldes da contemporaneidade, visando um dialogo entre às áreas de conhecimentos filosóficos e da Educação Física. A partir de então serão discutidos os conceitos de corpo belo e feio, que são impostos pela sociedade em diferentes contextos sociais e a influência do capitalismo nas relações sociais, bem como a sua interferência na própria relação do individuo com o corpo, onde o mesmo, atrelado a uma estética narcisista, é retificado sob uma posição subalterna durante o processo coisificação. Traçando uma linha de pensamento que perpassa o pensamento filosófico e a Educação Física, discute-se como o capitalismo aliena os indivíduos da sociedade contemporânea e buscar padrões de beleza estética voltados para o consumo. Esses padrões também servem para disseminar uma ideologia eurocêntrica e elitista, onde o corpo negro é visto com desprezo e símbolo da imperfeição humana. Ao tempo em que, os não negros são tidos como exemplos de perfeição corporal e serem seguidos. Para tanto, este estudo será norteado com base nos estudos realizados por Silva (2009), Gonçalves e Azevedo (2008), Marx e Foucault. Sendo assim, este estudo apontará o capitalismo como ditador dos modelos estéticos da indústria cultural, pois o corpo é adestrado para se adequar as tendências sociais, que exigem uma perfeição e padronização do mesmo. Palavras chave: Capitalismo; Corpo; Contemporaneidade.
Por que só Assinar não Basta? As Distinções entre o Conceito de Alfabetização e Letramento Italene Santos de Jesus Resumo: Este artigo tem por finalidade mostrar as distinções entre a alfabetização e o letramento na sala de aula do 1° ano do ensino fundamental das escolas das redes públicas e privadas da cidade de Amargosa-BA e como os professores têm trabalhado e desenvolvido essas práticas, analisando se as práticas desenvolvidas pelos docentes em sala de aula condizem com os pressupostos teóricos. Para tanto, utilizou-se uma metodologia de investigação explicativa, com método de abordagem qualitativo. Além disso, realizaram-se entrevistas com professores de escolas das redes, pública e privada de Amargosa-BA, por meio das quais se constatou que a prática docente condiz com os postulados teóricos acerca de alfabetização e letramento e que, apesar de estarem inseridos em diferentes realidades educacionais, em ambos os contextos encontram-se dificuldades em relação ao apoio/acompanhamento da família no processo de aprendizagem infantil. Palavras-chave: Alfabetização; Letramento; Escola.
Travessia Negra: Das telas para detrás das câmeras Larissa Santos de Andrade Resumo: A partir da análise do curta metragem Alma no Olho (1974), do cineasta negro Zózimo Bulbul, esta pesquisa busca compreender como se deu o processo da auto representação no cinema brasileiro no contexto da década de 1970, período de modificações políticas e sociais. O curta é inspirado no livro “Alma do Exilio”, autobiografia de Edridge Cleaver, Panteras Negras, o qual evidencia o primeiro elemento que nos foi exilado, o corpo. Nesta obra o cineasta demarca o nascimento do Cinema Negro; saindo das telas como assunto social e passa para detrás das câmeras como diretor cinematográfico, por uma luta racial. Palavras-chave: Corpo; Cinema Negro; Luta racial.
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GT 03 - África História e Historiografia e Ensino Coordenadores/as: Prof. Dr. Wilson Roberto de Mattos – UNEB - Prof. Ms. Juvenal de Carvalho – UFRB - Profª. Ms. Cláudia Rocha – UNEB - Prof. Dr. Flávio Gonçalves – UESC – Prof. Ms. Denílson Lessa UNEB Os Tribunais Populares em Moçambique (1978 a 1989) Ana Paula Cruz Carvalho da Hora Resumo: Moçambique pós-independência caracterizou-se pela tentativa de estender a todo país o projeto político e social que visava à construção de uma sociedade socialista, pautada pelo esforço de desmantelamento do sistema político, administrativo, cultural, econômico, educacional e jurídico do período colonial, e implantação de um sistema político assentada na democracia e no poder popular. Além disso, o governo almejava fazer desaparecer tradições e costumes, considerados por eles como “obscurantistas” e “feudais”. Com este intuito, foi implementada uma série de ações e novas instituições como projetos de emancipação da mulher, Centros de Reeducação, Tribunais Populares etc. O objetivo desse trabalho é investigar apenas um desses mecanismos, a saber, os Tribunais Populares, analisando como os mesmos contribuíram para a construção da “nova sociedade” almejada pelo governo, e ao mesmo tempo perceber como esses tribunais foram recepcionados pela população numa sociedade fortemente marcada pela diversidade cultural e jurídica. Para tanto, são utilizados os discussões do partido socialista FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique), no período de 1974 a 1989, além da Revista Jurídica “Justiça Popular” que foi lançada em novembro de 1980 e chegou ao fim com a edição de nº 13, em dezembro de 1988. Essa revista é a principal fonte desse trabalho, em virtude de apresentar, por meio de seus artigos, o contexto social da implantação dos tribunais populares, no âmbito da política socialista do governo, bem como a repercussão dos tribunais populares na sociedade moçambicana. Palavras-chave: África; Moçambique; Tribunais Populares; Socialismo.
As Marcas da Liberdade: Trajetórias Socioculturais da Irmandade da Boa Morte e a Comunidade escolar de Cachoeira, Olhares que se Cruzam Andréa Macedo de Oliveira Peixoto Alcione Mariano Conceição Débora Araújo Leal Resumo: O objetivo deste estudo é discorrer sobre a Irmandade da Boa Morte, trazendo como foco a relação desta no Ensino local da Cidade de Cachoeira-BA. Analisa-se o processo de identidade e etnia da Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, a valorização dessas raízes irá promover a continuidade da história cachoeira, levando em consideração o elo que liga o passado e o presente, para identificar nossa própria trajetória e observar nas manifestações culturais da irmandade da Boa Morte os nossos reflexos e os daqueles que se tornaram personalidades históricas em nossa terra, e que de alguma forma deixaram sua contribuição para o seu desenvolvimento. Assim pretende-se com este estudo contribuir para manter vivo o processo de enriquecimento cultural da cidade de Cachoeira, as diversidades e o valor de suas peculiaridades no tocante aos processos de formação de identidade, para a construção de uma cidadania mais crítica e mais participativa. No percurso metodológico lançamos mãos da história oral. A história oral é uma metodologia de pesquisa que consiste em realizar entrevistas gravadas com pessoas que podem testemunhar sobre acontecimentos, conjunturas, instituições, modos de vida ou outros aspectos da história contemporânea. Por fim nota-se a intrínseca relação existente presente nas vozes dos participantes da pesquisa educadoras e as componentes da IBM, que a cultura local está presente no Colégio Estadual da Cachoeira através de projetos, feiras de culturas e respeito às demais religiosidades. Palavras-chave: Irmandade da Boa Morte; Comunidade Escolar; História local.
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Moçambique do Conhecimento, do Saber: Ilê Aiyê canta África Oriental Dandara Sílvia Matos Resumo: Em 2005, na comemoração dos seus 31 anos, o Bloco Afro Ilê Aiyê saiu às ruas cantando o país moçambicano, com o tema: “Moçambique Vutlari”. As suas músicas naquele ano se propuseram a contar a história deste país, que fica situado na costa oriental da África Austral, exaltando seus povos, suas lutas, culturas, religiões, mostrando a diversidade e pluralidade que dá forma à população moçambicana. Através das músicas é possível conhecer e explanar um pouco mais sobre Moçambique. Como diz uma das músicas tema desse ano, “Vozes da Floresta Macua”: “Vou de Ilê para falar de Moçambique”, e é assim que vou analisar Moçambique, através das músicas e do Caderno de Educação do Ilê Aiyê. Para esse trabalho o utilizado são as músicas temas do ano de 2005, com elas foi possível esboçar que história o Ilê Aiyê queria contar e cantar naquele carnaval. Palavras-chave Moçambique; Ilê Aiyê; Música.
A Epidemia da Cólera em Cachoeira - BA no Século XIX: Breve Relato Denise Bispo dos Santos Resumo: O trabalho tem como objetivo analisar a devastadora epidemia de cólera que ocorreu em Cachoeira-BA nos anos de 1855-1856. Através dos dados coletados nos Arquivos da Santa Casa da Misericórdia de Cachoeira, Arquivo Público da Bahia e Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, permitem variadas contribuições acerca do falecimento e local de enterramento durante a epidemia, condição social, idade, cor, naturalidade, gênero. Realizo um panorama dos efeitos, durante e pós epidemia e de como a população (negros escravos, livres, africanos, brancos) reagiram no período epidêmico. Através da análise historiográfica de diferentes autores e fontes existentes, buscou-se retratar esse trágico episódio na cidade de Cachoeira. Palavras-chave: Cólera; Cachoeira; Epidemia.
A Incorporação da Lei 10.639 nas Escolas Públicas de Ensino Médio: Uma Analise do Colégio Estadual da Cachoeira Elder Luan dos Santos Silva Resumo: Esse trabalho tem como objetivo, realizar uma reflexão teórica, baseada na literatura nacional e na análise da abordagem feita sobre a África, os africanos e afrodescendentes dentro componente curricular de História do Colégio Estadual da Cachoeira, no intuito de entender como vem se dando o ensino de História da África e Cultura Afro-Brasileira na cidade de Cachoeira, refletindo sobre as dificuldades e avanços do ensino, desde a aprovação da lei, até os dias atuais. Palavras-chave: Cachoeira; Ensino de História; Cultura Afro-Brasileira
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Tensão, Contradição ou Racismo? Uma Discussão sobre o Problema da Mão-de-obra em Formação Econômica do Brasil de Celso Furtado Elias de Oliveira Sampaio Resumo: O artigo discute a questão da mão-de-obra em Formação Econômica do Brasil, com vistas a sua revisão analítica. Percebem-se no texto, elementos que sugerem um caráter racista em suas argumentações, quando ele trata dos motivos determinantes para a exclusão da antiga mão-de-obra escrava no desenvolvimento da economia brasileira. Atribui aos antigos escravos, total responsabilidade pela sua própria exclusão no novo modelo de desenvolvimento econômico à medida que admitiu como exógenas todas as variáveis da conjuntura econômica, política e social à época, ao enfatizar, no seu modelo econômico, a “a falta de qualidade intrínseca” de todo um contingente de mão-de-obra, remanescente do antigo sistema para o regime assalariado. Palavras-chave: Mão-de-obra; Exclusão; Desenvolvimento.
A África é Aqui! A África é Ali!: A Inserção da Metodologia Dialética na Cultura Escolar Hellen Mabel Santana Silva Eduardo Oliveira Miranda Marise de Santana Resumo: A lei 10639/03 preconiza que as escolas devem obrigatoriamente trabalhar com a história e culturas africanas e afro-brasileiras. Trata-se da possibilidade de dar voz a culturas silenciadas, mantidas sob a égide do esquecimento ou preconceito. Trazemos a Metodologia Dialética que concebe o sujeito como ser ativo e construtor do seu conhecimento em meio ao seu espaço de vivência global e local. O educando poderá não conhecer a África, mas o mesmo possui alguma pré-interpretação acerca do tema, o que deverá ser utilizado como ferramenta mister para a construção do conhecimento. Palavras-chave: Metodologia dialética; Cultura escolar; História.
Marionetes Negras ou Heróis Transatlânticos: A Disputa Historiográfica sobre a Intervenção Cubana em Angola Igor de Carvalho Gonçalves da Costa Resumo: A consolidação da independência de Angola, no último quartel do século XX, desenrolou-se em meio às disputas internas entre os principais movimentos nacionalistas angolanos assim como foi influenciada de forma mais ou menos direta por agentes externos, entre eles: EUA, URSS, África do Sul e Cuba. Os interesses em jogo levaram à uma disputa tanto no campo de batalha quanto fora dele, e contaminaram a historiografia sobre o tema. No que se refere à presença cubana em Angola, as interpretações transitam entre pontos de vista que tratam os cubanos ora como marionetes dos interesses soviéticos, numa visão norte-americana da Guerra Fria, ora como protagonistas em África, cruciais para a derrubada do regime
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de minoria branca sul-africano, além de heróis e abnegados. Nos últimos anos, surge uma visão que tenta explicar a iniciativa cubana longe de conceitos preestabelecidos e que levam em consideração o papel do imaginário da África em Cuba e sua relação com a identidade cubana. A disputa no âmbito da historiografia sobre as motivações cubanas nas batalhas na África Austral de 1975 a 1988 são discutidas nesse trabalho, que faz parte de uma pesquisa mais extensa sobre a disputa da memória da batalha do Cuito Cuanavale, em Angola. Entre os autores analisados: Piero Gleijeses, Christabelle Peters, Isaac Saney e Vladimir Shubin. Palavras-chave: Historiografia; Cuba; África Austral; Angola; Guerra Fria.
O Negro e sua Trajetória no Sistema Educacional Autora: Jardelina Garcia Santana Coautoras: Jamili Sousa Costa Luma Silva Matos Resumo: Este artigo tem como objetivo discutir sobre a trajetória do negro no sistema educacional. A história do negro no Brasil não significou passividade nem apatia, mas sim, luta e organização, pois, diante dos limites impostos ao africano escravizado, os esforços na luta pela liberdade manifestavam coragem e a indignação diante da escravidão e não a passividade. (MUNANGA e GOMES, 2006, p. 26). Faz-se necessário entender que os meios utilizados para não contemplar a população negra na educação tiveram suas primeiras expressões em meados do século XIX pelo amparo da lei. O Decreto nº 1.331, de 17 de fevereiro de 1854, estabelecia que nas “escolas públicas do país não fosse admitidos escravos, e a previsão de instrução para adultos negros dependia da disponibilidade de professores”. O Decreto nº 7.031-A, de 6 de setembro de 1878, “estabelecia que os negros só podiam estudar no período noturno”. Diversas estratégias foram montadas no sentido de impedir o acesso pleno dessa população aos bancos escolares. (BRASIL, 2005, p.7). O brasileiro, de um modo geral, sabe muito pouco a respeito do afrodescendente, ou que sabe esta repleta de ideias preconceituosas. Nosso conhecimento, por exemplo, começa na entrada do negro no Brasil, como escravizado, mercadoria, descalço, seminu e selvagem. É conhecido de poucos, a história do africano livre, senhor de sua vida, produtor de sua cultura, á época dos grandes reinos e impérios na África Pré-Colonial. Faz-se necessário desmontar as inverdades e omissões, desnaturalizar os preconceitos e construir uma nação multirracial, justa e democrática. Palavras-chave: Escola; Afrodescendente; Omissões; Preconceito.
A Identidade Negra (Re) velada nos Didáticos de História do Ensino Médio Autora: Jurema Santos Piropo Resumo A identidade negra (Re) velada nos didáticos de história do ensino médio. O trabalho que ora exponho é um estudo apresentado ao curso de pós-graduação em Antropologia com Ênfase em cultura afrobrasileiras do ODEERE- Órgão de Educação e Relações Étnicas da UESB, que tem como finalidade investigar a identidade negra nos livros didáticos de história, tendo como hipótese inicial a supervalorização dos saberes e praticas europeia, tais praticas não condizem com a proposta da lei 10.639/03. O objetivo é fazer uma analise crítica dos conteúdos dos livros didáticos do ensino médio,
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procurando focalizar os estigmas de preconceitos que geram discriminações étnicas. Neste sentido a metodologia aplicada para coleta de dados é a análise dos livros de história que estão sendo utilizados, aplicando entrevistas semiabertas para os alunos de ultimo ano do ensino médio e, os estão referenciados nos trabalhos da autora Ana Celia da Silva titulados, “A discriminação do negro nos livros didáticos e a Desconstrução da discriminação do negro nos livros didáticos” bem como o autor José A. da Silva em “A imagem da escravidão negra em livros didáticos de história. Palavras-chave: Didáticos de História; Identidade Negra; Ensino Médio.
Legado Africano: Um Olhar para a Diversidade, Aprendizagem e Ensino nas Escolas Municipais Rísia Guedes Oliveira Resumo: O intuito deste trabalho é discutir e analisar o processo de ensinar e aprender em meio às relações étnicas raciais nas escolas públicas. Tendo em vista as exigências éticas, pedagógicas desencadeadas pela implantação da lei 10.639 instiga conhecer nos sistemas de ensino, como a mesma tem sido aplicada. A construção de um conhecimento das questões étnico raciais passa necessariamente pela interação do professor com o aluno com seu meio e com o seu mundo. Os momentos de interação contribuem imensamente com a atuação do professor que, atento às experiências dos alunos e suas manifestações, percebe o momento oportuno para fazer suas intervenções. Assim, o processo ensino-aprendizagem pode ser encaminhado de forma a permitir uma aprendizagem significativa. Para isso, é fundamental que o professor tenha consciência política e histórica da diversidade, não fazer vista grossa, como salienta Petronilha, para as tensas relações étnico-raciais que naturalmente, integram o dia-a-dia dos alunos; admitir, tomar conhecimento que a sociedade brasileira projetase como branca; ficar atento para não reduzir a diversidade etnicorracial da população a questões de ordem econômico-social e cultural; desconstruir a equivocada crença que vivemos numa democracia racial. E para ter sucesso em tal empreendimento, há que ter presente as tramas tecidas na história do ocidente que constituíram a sociedade excludente, racista, discriminatória em que vivemos e que muitos insistem em conservar. Palavras-chave: Legado Africano; Ensinar; Aprender; Professor; Aluno.
Re-vivendo a Diáspora Africana nos Letramentos Múltiplos do Hip Hop Baiano Luciana Santos da Silva Dr. José Henrique de Freitas Santos Resumo: O hip hop é um movimento músico-cultural fruto da diáspora africana no mundo, mas também é uma agência de letramento extraescolar. Desta forma, este trabalho visa analisar alguns processos do movimento hip hop (ações como a composição de letras de rap, as batalhas de Freestyle e mesmo o break que instaura uma memória do corpo através de seus movimentos) promovidos pelos B-boys, Djs, Mcs, grafiteiros e rappers que atuam nas comunidades, para destacar a relação desses letramentos múltiplos desde a sua gênese com políticas de autoafirmação identitária e gestão de uma representação etnicorracial positiva, sobretudo no contexto baiano. A análise realizada neste trabalho se apoiará nas reflexões teóricas de Roxane Rojo sobre Letramentos múltiplos e Multiletramentos, Ana Lúcia Silva Souza sobre os Letramentos de reexistência e José Henrique de Freitas Santos sobre Letramentos biopolíticos e Letramentos negros. Palavras-chave: Letramentos Múltiplos; Hip Hop; Representação Etnicorracial.
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A Lei 10639/03 e seu Impacto na Formação de Professores Luma Silva Matos Jardelina Garcia Santana Resumo: Este artigo tem como objetivo discutir sobre a lei 10639/03, as lutas do movimento negro e seus impactos na formação de professores. A Lei 10.639 de Janeiro de 2003 e o Parecer do Conselho Nacional de Educação que propõe as Diretrizes Curriculares para a educação das Relações étnico-raciais e para o Ensino de História e Cultura Africanas e Afro-Brasileiras, em 2004, são resultados de lutas empreendidas pelos movimentos sociais e que desde cedo demonstraram que é impossível formular normas e diretrizes para a educação, sem levar em conta a diversidade social e etnicorracial da população brasileira. Não se trata simplesmente de incluir os negros e integrá-los numa sociedade que secularmente os exclui e desqualifica, mas oferecer uma educação que lhe permita assumirem-se como cidadãos autônomos, críticos e participativos. Um dos maiores desafios, entretanto, está nas mãos dos professores. Cabe a estes identificar os preconceitos contra os negros, bem como contra outras pessoas socialmente postas à margem, nas concepções que orientam o ensino que desenvolvem e no modo como interagem com os alunos negros. Cabe-nos questionar ainda, o modo como estes professores podem identificar preconceitos ou discutir questões que não lhes foram ensinadas em sua formação inicial, ou lhes fora transmitida de forma insuficiente ou equivocada. Palavras- chave: Lei 10639/03; Formação de Professores; Relações Étnico-raciais.
África, História e Ensino: Desconstruindo Equívocos Secularmente Construídos e Perpetrados Magnaldo Oliveira dos Santos Resumo: A presente comunicação compartilha uma experiência realizada em 2013.1, no curso de Pedagogia de uma IES em Salvador, Bahia, em relação à África, história e ensino. Buscamos, como questão relevante, saber: qual o olhar de África os (as) educando (as) têm ao chegarem ao curso de Pedagogia da Faculdade X em Salvador? De modo mais amplo, objetivamos conhecer o olhar que os (as) educando (as) do curso de Pedagogia, da referida Faculdade, têm sobre a África, sua história, povos e culturas, para desconstruir equívocos secularmente construídos e perpetrados. Especificamente objetivamos: identificar as imagens negativas sobre a África e seus povos, trazidos pelos (as) educandos (as) do curso de Pedagogia, construídas no percurso de sua formação nos níveis Fundamental e Médio; evidenciar aspectos positivos em relação à história da África, povos, línguas e culturas e, por fim, destacar a importância e contribuições da África e seus povos nos aspectos históricos, econômicos, culturais, científicos e tecnológicos para a humanidade. Utilizamos uma abordagem metodológica qualitativa, empregando como instrumento, um questionário aberto, contendo duas indagações. Selecionamos, aleatoriamente, uma amostragem de 05, dentro do universo dos 90 informantes pesquisados. Como resultado, constatamos o silenciamento, equívocos, deturpações e denegações sobre o continente africano, seus povos e culturas, que os (as) educandos (as) trazem ao chegarem ao ensino superior. Constatamos também, a negação da pertença da descendência africana e seus valores culturais civilizatórios, bem como a urgência e o quanto precisamos, ainda, investir nas formações de educandos (as) e de educadores (as), em temáticas dessa natureza, para que possamos minimizar os efeitos nocivos causados pela educação pautada nos parâmetros eurocêntricos, avançando, cada vez mais, com uma educação pluricultural, na desconstrução de equívocos e estereótipos, construídos sobre a história da África, dos povos africanos e seus descendentes ao redor do mundo. Palavras-chave: África; Cultura; Estereótipos; Educação Pluricultural.
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Novembro Negro do IFBA: Uma proposta de Reflexão sobre a Implementação da Lei 10.639/03 Maurício Sousa Matos Ana Mary Costa Bispo Resumo: O projeto Novembro Negro do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA) campus Vitória da Conquista, objetiva o cumprimento da lei nº 10.639/03 que torna obrigatório nas escolas da educação básica do Brasil o ensino da História e Cultura Afro-Brasileira. Com base na lei, a Coordenação do referido projeto, desde 2011, promove uma série de atividades, como pesquisas etnográficas das comunidades negras da região, produção de documentários sobre Comunidades Quilombolas, mostras fotográficas, pesquisas dentre os estudantes do campus com o percentual de alunos que declaram a cor negra, que favoráveis às ações afirmativas (cotas), e quanto à percepção do racismo no IFBA, sobretudo estabelecendo uma pedagogia antirracista que valorize e preserve a histórica herança da cultura afro-brasileira. Comemorando o mês da Consciência Negra que culmina no Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra (20 de novembro) é realizado no IFBA campus Vitória da Conquista o projeto Novembro Negro, em 2011 tendo como tema – Consciência Negra: Implementando a lei 10.639/03, já em 2012 – Uma Conquista de Quilombos: História do negro em Vitória da Conquista. Palavras-chave: Consciência Negra; Lei 10.639/03; IFBA; Ações Afirmativas; Vitória da Conquista.
A Imagem do Negro nos Livros Didáticos Silvia Mendes Resumo: O presente projeto tem por objetivo demonstrar como tem sido visualizada a imagem do negro como recurso visual, onde ela aparece sem valor e dignidade diante de algumas imagens no livro didático. A área de estudo são os professores que lecionam a disciplina de história no Colégio Estadual Luiz Viana Filho no município de Jequié. O objeto de estudo do projeto está localizado no bairro do Jequiezinho, o colégio tem aproximadamente 1.600 alunos segundo a secretária de Educação do Estado da Bahia. Neste intuito, este estudo se justifica na medida em que defende a imagem como um tipo de linguagem e como tal apresenta um contexto próprio que fornece informação e possibilidade a construção do conhecimento. Sobretudo, a temática em questão se explica por considerar essencial o conhecimento da imagem visual, no processo de formação de educar cidadãos capazes de utilizar o raciocínio histórico para compreensão da sociedade e do contexto em que se insere e é claro para o entendimento da produção do conhecimento da cultura afro, enfatizando a imagem do negro como recurso visual. Neste sentido é preciso que o professor reflita sobre como tem se apropriado das imagens do negro no ensino de história analisando sua real aplicabilidade e significado pedagógico. A observação dessas imagens permite ampliar a reflexão sobre momento histórico que esta sendo estudado e o desenvolvimento de habilidades como observação, descrição e comparação. É um recurso que permite visualizar diferentes épocas e espaços ou diferentes formas de representar o que se vê. Muito embora o uso de imagens nos livros didáticos não seja algo novo e recente normalmente este recurso é trabalhado, quase sempre sem a devida articulação e preparação. Palavras-chave: Livro didático; Jequié; Imagem do Negro.
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O Ensino de História nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental: Representações do Continente Africano Michelle Oliveira de Matos Raquel Barbosa Cunha Giane Araújo Pimentel Carneiro Resumo: Este trabalho teve como objetivo analisar as representações que os/as alunos/as do Ensino Fundamental I de uma escola municipal de Bom Jesus da Lapa têm do continente africano a partir das aulas de História. Esta compreensão ocorreu a partir de uma pesquisa realizada em uma escola municipal de Bom Jesus da Lapa. A metodologia da pesquisa privilegiou a abordagem qualitativa que teve como instrumentos de coleta de dados, a observação, questionário, entrevistas semiestruturadas e análise documental. Para um melhor embasamento foi fundamental fazer uma interligação entre os dados coletados e os referenciais teóricos, como: a Lei 10.639/03, Ki-Zerbo (2010), Lima (2004), Munanga (2001), Oliva (2010), Wedderburn (2005), dentre outros. Assim, o estudo foi concluído com a certeza de que muito ainda precisa ser feito para a desconstrução das representações estereotipadas no que diz respeito à história e cultura africana. Palavras-chave: Continente Africano; Ensino de História; Representações.
“Biblioteca de Literatura Afrocolombiana” na Perspectiva do Ensino: Contribuições para Formação do Educador e do Educando Rejane Sousa dos Anjos Florentina da Silva Souza Resumo: O presente trabalho resulta da pesquisa “Biblioteca Literatura Afrocolombiana: Antologia Íntima Hugo Salazar Valdes” que objetivou, dentre outros elementos, analisar a obra poética “Antologia Íntima” do escritor colombiano Hugo Valdés e realizar um breve histórico da “Biblioteca de Literatura Afrocolombiana”. Esta é uma coletânea de livros lançado em 2010 pelo Ministério da Cultura da Colômbia que coloca a disposição de pesquisadores e do público mais geral, um acervo superinteressante da quase desconhecida Literatura Afrocolombiana. Esta coleção conta com dezenove títulos de escritores como o próprio Hugo Valdes, além de Ana Milena Lucumi, Arnoldo Palacios, Candelario Obeso, Carlos Arturo Truque, Colômbia Truque Velez, Julia Simona Guerrero, Luz Colômbia de Gonzales, Manuel Zapata de Oliveira e etc. Dentre os volumes há quatro novelas, três livros de contos, um livro de relatos orais, sete livros de poesia, uma obra teatral, duas coletâneas de ensaios e uma antologia poética de mulheres. De acordo com Paula Zapata (2010), Ministra da Cultura da Colômbia na ocasião do lançamento do projeto, este trabalho de investigação, seleção, compilação e (re) publicação de textos escritos por Afrocolombiana promove o reconhecimento da diversidade cultura do país. Esta iniciativa do Ministério da Cultura da Colômbia, dentro de um contexto em que os direitos dos afrodescendentes e indígenas vem sendo cada vez mais respaldados pelas leis representa um grande ganho. Evidencia também que o afrodescendente precisa ter o direito de serem ouvidos assegurado, já a muito vem deixando de ocupar o lugar de objeto de discurso do outro, passando a ser sujeito de seu próprio discurso. Tendo em vista o que foi exposto, o texto “Biblioteca de Literatura Afrocolombiana na perspectiva do ensino: contribuições para formação educador educando”, visa demonstrar como o referido acervo pode colaborar com a implementação das leis 10.639/03 e 11.645/08, que estabelecem a obrigatoriedade do
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ensino da história e Cultura Africana, afro-brasileira e indígenas no Brasil. Sabe-se que o conhecimento torna-se significativo quando o objeto desse conhecimento está vinculado à realidade do sujeito que a ele é exposto. Os textos publicados pelo ministério colombiano, por serem de escritores negros, dialogam bastante com o universo cultural dos afrodescendentes, isso produz uma identificação entre o leitor e as imagens representadas. Partindo desses pressupostos, acreditamos que as contribuições da “Biblioteca de Literatura Afrocolombiana” podem ser utilizadas no sentido de reverter todo um processo de invizibilização da história e cultura dos afrodescendentes que ocorreu em todos os países nos quais agiu a empresa colonial, além de contribuírem para a produção de autoestima positiva nos afrodescendentes, no caso do contexto escolar, elevação da autoestima dos estudantes afrodescendentes que passaram a se ver representados na literatura. Palavras-chave: Biblioteca de Literatura Afrocolombiana; Literatura Afrodescendente; Ensino Significativo.
Contribuições da Didática da Matemática para o Ensino de História do 6º Ano: uma Ecologia para a Lei 10639/03 Rosiléia Santana da Silva Virgínia Lúcia Nogueira Farias Luiz Márcio Santos Farias Resumo: A Lei 10639/03 surge de um incansável protesto em busca de representações que validem a participação de uma população negativamente representada, principalmente nos espaços da Educação. O seu objetivo é a promoção da igualdade etnicorracial, a valorização e o reconhecimento do legado histórico e cultural dos povos africanos e afro-brasileiros, rompendo com uma estrutura eurocêntrica que legitimou a longo tempo a história da educação brasileira. Considerando as efetivas lacunas existentes no ensino de História sobre a contribuição dos povos africanos no Brasil, faz-se necessário identificar potenciais Ecologias do Saber para a Lei 10639/2003 e desenvolver praxeologias completas para garantir a manutenção de tais ecologias no ensino de História do 6º Ano. Um objeto do saber, como por exemplo, a Lei 10639/2003, existe na medida em que uma pessoa (um professor ou um estudante) ou uma instituição (ensino de História no 6º ano) o reconhece como existente. Ao longo de uma década da implementação da Lei, lacunas sobre a temática no seu ensino persistem. Considerando o processo transpositivo por onde passa o saberes ensinados em História no 6º Ano, buscamos apoio na Teoria Antropológica da Didática, desenvolvida pelo didático francês Yves Chevallard. A mesma nos direciona às questões relativas a o quê ensinar, como ensinar, por que ensinar este e não outro conteúdo, como superar fragmentações do programa, como ajudar o aluno a aprender. Sendo assim, propomos buscar uma Ecologia para a Lei 10639/03 e construir praxeologias completas, de forma que as mesmas possam preencher as lacunas existentes e estruturar bases eficazes para uma prática de ensino de História e Cultura Africana e Afrobrasileira no 6º ano. A pesquisa possuirá um caráter didático, onde se debruçará sob uma metodologia do tipo clínico longitudinal, com o objetivo de identificar ecologias para a Lei, construir e propor praxeologias completas e analisar os impactos que tal proposta pode contribuir na prática desenvolvida pelos professores de História do 6º Ano. A pesquisa tem evidenciado um problema didático que parece não identificado ou mesmo subestimado no que diz respeito às lacunas existentes sobre a contribuição afrobrasileira e africana e, ao mesmo tempo, aos efeitos que este vazio pode constituir para a prática dos professores de História e para a aprendizagem dos estudantes no que se refere ao proposto pela Lei. Palavras-chave: Lei 10639/2003; Ensino; Teoria Antropológica do Didático; Vazio didático; Praxeologias.
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Falando através dos papiros: a história da cura no Egito Antigo Wilson Oliveira Badaró Resumo: Com o intuito de contribuir com os conhecimentos sobre as produções médicas e farmacológicas no Egito antigo, propomos, neste trabalho, uma leitura mais dedicada e detida dos papiros de Ebers e Edwin Smith trazendo à luz discussões ainda não efetuadas dentro da historiografia brasileira acerca da temática. Tais discussões revelam a riqueza das práticas médicas e farmacológicas no Egito antigo e, consequentemente, os objetivos propostos e, em geral, alcançados, ainda que inseridos em um contexto histórico que pouco dispunha de amplas tecnologias para este segmento do saber humano. As transformações e adaptações feitas pelos egípcios nas matérias encontradas na natureza, seguindo a máxima do materialismo histórico, pressupõem uma ação intencional e racional no sentido de curar, melhorar a situação do submetido aos procedimentos e ainda um corpo de tecnologias, ferramentas, substâncias e conhecimentos que foram catalogados com o intuito de projetar/legar tais conhecimentos para as gerações vindouras, algo que fora, em grande parte, aproveitado pelos gregos, mais notadamente por Hipócrates. A escolha do tema aqui abordado parte de uma inquietação no sentido de perceber como se deu o desenvolvimento dos sistemas de produção de substâncias medicinais e de uso farmacológico, bem como as práticas médicas para a cura de moléstias no Egito Antigo, e seus respectivos graus de desenvolvimento científico-tecnológico conjuntamente com o pretenso uso da mágica, em particular, no período da terceira dinastia, com um recorte histórico voltado para os séculos XVII-XVI a.C. O recorte se deu em virtude ser justamente neste período que importantes documentos em papiro foram produzidos, como os papiros de Ebers e Edwin Smith – e partindo daí, perceber a aplicabilidade desta tecnologia pratica a priori – práticas médicas e produções de substâncias farmacológicas – na sociedade egípcia deste período em busca da manutenção da sociedade em questão. A posteriori, tais práticas, catalogadas e descritas nos papiros começam a serem detalhados e, evidentemente, idealizadas no sentido de projetar os conhecimentos das intervenções médicas para a posteridade. É justamente com estas descrições das ações humanas tomadas pelos egípcios que pretendemos revelar uma paisagem histórica mais focada na sociedade e os usos que destas práticas e substâncias/medicamentos fizeram a sociedade egípcia. Palavras-chave: História Egípcia; Cultura Médica Egípcia; Papiros Médicos e Farmacológicos; Fontes Históricas do Egito; Cultura Africana.
Ensino de História da África na UNEB: Concepções, Currículo e Professores Wilson Roberto de Mattos Resumo: A presente comunicação está relacionada ao resultado parcial da pesquisa sobre a estrutura de organização e características de funcionamento do ensino de História da África ministrado, através de diversos componentes curriculares, nos curso de graduação em História da Universidade do Estado da Bahia-UNEB. Tal pesquisa nasceu da necessidade de produção de um panorama histórico, reflexivo, avaliativo e propositivo sobre o ensino de História da África ministrado em 8 (oito) campi da UNEB, diante das determinações contidas na Lei Federal nº10639-03. Nesta comunicação será dada ênfase às características da estrutura curricular do curso, bem como às especificidades e características de formação dos professores pertencentes ao campus de Santo Antônio de Jesus. Palavras-chave: História da África; Ensino de História; Formação de Professores; Currículo.
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Batismo de Africanos na Freguesia de São José das Itapororocas – Feira de Santana, 1785 -1826 Yves Samara Santana de Jesus Resumo: A experiência escrava em Feira de Santana e região foi negligenciada durante muito tempo pela historiografia da escravidão baiana. Mesmo na década de 1980, quando se produziu vários trabalhos sobre o processo escravista e resistência escrava, devido ao centenário da abolição, Feira de Santana e regiões circunvizinhas, se mantiveram praticamente à margem do debate. A historicidade da cidade esteve em torno da cultura vaqueira e o entreposto comercial. Nesse sentido, o objetivo desse trabalho é fazer um levantamento de estudos sobre o período escravista no agreste baiano e em seguida, analisar as Áfricas que constituíram o cenário da sociedade escravista feirense abordando as redes de solidariedade e sociabilidade dos escravizados/as e o processo de reelaborações étnicas na região de Feira de Santana A metodologia aplicada no estudo começa com a revisão bibliográfica de publicações sobre escravidão e batismos de escravos no Brasil, especificamente na Bahia. Aprofundar as informações contidas nessas leituras foi essencial não só para estabelecer um diálogo com as informações obtidas nos livros de batismos, mas também compreender as relações sociais na sociedade escravista de Feira de Santana. As informações catalogadas foram organizadas em fichas de batismo de escravos que privilegiam as seguintes informações: data, local, nome do padre, nomes dos padrinhos, procedência étnica/cor, condição jurídica, nome do proprietário e se houve alforrias no ato do batismo. Mesmo com as dificuldades de preservação dos documentos, foram recolhidas as informações sobre os sujeitos escravizados nos assentos batismais nos séculos XVIII e XIX. Neste contexto, é perceptível uma variedade populacional presente na Freguesia de São José das Itapororocas que teve uma composição social beneficiada pelos grupos étnicos africanos. Acreditamos, portanto, que as fontes eclesiásticas, quase totalmente inexploradas na região, estão impulsionando novas frentes de investigação sobre a história da escravidão no agreste baiano. Assim sendo, trabalho está centrado em duas premissas: o estudo cronológico sobre a escravidão no Agreste Baiano e o batismo de africanos na Freguesia de São José das Itapororocas, Feira de Santana. Os registros paroquiais propõem o entendimento sobre a importância dos batismos para os cativos traficados na apropriação do primeiro Sacramento pela Igreja, as complexidades dos laços de compadrio criados na sociedade colonial, permitem entender outros significados étnicos com o batizado de africanos no território feirense. Palavras-chave: Feira de Santana; Escravidão; Batismo de Africanos; séculos XVIII e XIX
A Discriminação do Negro em um Livro Didático de Língua Portuguesa Jéssica Santos Salvador Resumo: Embora a maioria dos alunos das escolas da rede pública faça parte da população negra, a pouca representatividade ou a discriminação de indivíduos dessa cor nos livros didáticos é uma realidade brasileira, que se estende também aos meios de comunicação como a televisão, jornal, internet, etc.. Esse problema, presente em materiais escolares, precisa de atenção maior, uma vez que a escola, enquanto espaço de saber, deve discutir e combater qualquer tipo de discriminação, além disso, é preciso considerar o valor social e cultural do livro didático. Desse modo, este trabalho investiga os diversos modos pelos
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quais acontece a discriminação contra o negro no livro didático, indicando as possíveis consequências desse problema na formação dos sujeitos - tanto de cor negra quanto de cor branca - tendo em vista o avanço ou retrocesso da década de 80 para cá. A pesquisa realizou-se por meio da análise de um livro didático de língua portuguesa do quinto ano de uma escola pública do município de Amargosa. Os dados coletados foram comparados com aqueles divulgados no trabalho de Silva (2004), no qual a autora fez o estudo de alguns livros didáticos para investigar o mesmo problema na década de 80; Além disso, será abordado o papel do professor no enfrentamento dessa situação, utilizando como contribuição teórica as concepções de Nascimento e Jesus (2010). O resultado do trabalho mostrou que a principal diferença da situação do negro nos livros didáticos na década de 80 e no ande 2013 é que antes o negro aparecia de forma explicitamente inferiorizada e, atualmente, apesar de essa questão não se mostrar tão clara no livro didático, poucos são os negros no material analisado, o que pode proporcionar problemas de cunho identitário tanto para os negros quanto para os brancos, como a negação da identidade nos primeiros e uma sensação de superioridade nos segundos. Palavras-chave: Amargosa; Língua Portuguesa; Discriminação
Reflexões acerca da Imagem da África na Obra Tarzan dos Macacos (1912) Patrícia de Santana Souza Resumo: A África foi palco de diferentes povos, berço de grandes civilizações e líderes, dotada de imensa riqueza geográfica e cultural, que se expressa na imensa diversidade de línguas, concepções míticas e filosóficas, religiões, dentre outros. No entanto, toda essa grandiosidade e diversidade são ocultadas, e em seu lugar temos as representações depreciativas, construídas sobre o continente, desde as invasões estrangeiras até os dias atuais. Neste sentido, o presente trabalho é um estudo de caso que pretende analisar a imagem da África construída através do livro Tarzan dos macacos (1912), escrito pelo norte-americano Edgar Rice Burroughs. O interesse pela obra em questão justifica-se pela sua grande repercussão e desdobramentos no cinema, histórias em quadrinhos e seriados. Este trabalho faz parte de uma pesquisa mais abrangente na qual discutimos as representações do continente africano em dois filmes sobre Tarzan. Não obstante, para esta comunicação nos detemos na obra que deu origem as películas. A fim de alcançar o objetivo proposto buscamos traçar com base na literatura existente o caminho das representações sobre a África e suas populações, e em seguida analisamos esses aspectos na obra em questão. Tendo em vista que o livro foi escrito no período em que a África estava sendo submetida à dominação de países europeus, a partir das análises empreendidas foi possível perceber os argumentos que foram utilizados como justificativa da colonização, destacando-se a superioridade racial branca. Palavras-chave: África; Representação; Colonização.
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GT 04 - Literatura Artes e Performances Negras Coordenadores/as: Profª. Drª. Florentina Souza – UFBA – Profª. Drª. Ana Rita Santiago – UFRB – Profª. Ms. Sueli Santana – UNEB – Prof. Dr. Jesiel Ferreira – UFBA – Profª. Ms. Simone de Jesus – UFBA Poemas femininos em Cadernos Negros: Os melhores poemas Andrezza Augusta Silva Feitoza Florentina Souza Resumo A pesquisa apresenta a escrita das poetisas na obra Cadernos Negros: Os melhores poemas, destacando a atuação de mulheres na antologia e analisando a diversidade dos temas abordados pelas mesmas O objetivo é demonstrar diversos pontos de vista da escrita da mulher negra a partir de suas histórias e dos temas eleitos como maternidade, erotismo, política, preconceito racial e o sexismo que ainda hoje impera nas relações de gênero e raça. Alguns textos selecionados serão analisados no ensaio, tendo em vista um embasamento teórico acerca da literatura afro-brasileira e sobre a história dos Cadernos Negros como esgarçamento do cânone literário e a inserção de vozes ativas e altivas de poetas negras. Visa também destacar um circuito literário composto por temas que enriquecem os debates sobre questões na sociedade que são ignoradas e mostrar a pluralidade de temas que literatura afro-brasileira utiliza em sua produção que acaba sendo marginalizada nos meios editoriais. Como resultado almeja-se contribuir para a inversão de um sistema canônico estabelecido tornando as mulheres negras senhoras dos seus próprios versos e não apenas um tema a ser abordado. Literatura Afro-brasileira; Cadernos Negros; Escritoras Negras; Sexismo
Um Olhar sobre a Poética da Moçambicana Noémia de Sousa Carla Maria Ferreira Souza Resumo: A proposta de trabalho pretende estimular a reflexão em torno das literaturas africanas de língua portuguesa, tomando como partida o recorte da literatura moçambicana por meio da poética da escritora Noémia de Sousa. A obra ficcional da referida poetisa foi escolhida para estudo com os propósitos de analisar o papel desempenhado por esta escritora no seu contexto histórico e de observar como a sua produção poética surge interligada com as questões políticas e históricas de Moçambique, possibilitando assim, o diálogo entre os campos do saber, estabelecendo a tensão dialética do texto. O estudo das literaturas africanas no período colonial se insere no quadro dos movimentos de resistência, de combate e de luta pela libertação política de seus países e de afirmação de uma cultura própria. Essas literaturas surgem de uma situação de dominação e são inicialmente ligadas ao movimento de libertação Negritude de Aimé Césaire e Léopold S. Senghor. Dessa perspectiva política, o campo literário, apesar de sua autonomia, passou a debater sobre a luta social em busca de liberdade. A partir das discussões sobre a implementação do estudo da história da África no currículo das escolas de educação básica faz-se necessário pensar a importância da aplicabilidade das Leis Federais 10.639/03 e a 11.645/08, que obrigam o ensino de História da África, Cultura Afrobrasileira e Indígena nos estabelecimentos de ensino públicos e particulares, assim como refletir a respeito da formação e preparação dos estudantes universitários para a efetivação dessas demandas atuais, pois cada vez mais que a sociedade brasileira discute os diversos segmentos sociais que a compõem, torna-se fundamental a reflexão acerca da consolidação dessas políticas. Portanto, voltar-se para as relações entre Brasil e países africanos de língua portuguesa configura-se como uma interlocução necessária para o aprofundamento das análises em torno das condições históricas que aproximam – ontem e hoje – esses países. Palavras-chave: Literatura Africana; Moçambique; Ensino Público.
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Corpos (In)disciplinares: Emparedado, Madrugada Me proteja e Solar dos Príncipes Maiana Lima Resumo: O presente trabalho tem por objetivo tecer uma análise contrastiva dos processos de interdições históricas do corpo negro no espaço urbano em três obras de escritores da Literatura Brasileira: Cruz e Souza, Cuti e Marcelino Freire. Compreendemos que existem processos de normalizações históricas que vão do período colonial à contemporaneidade, que constroem uma colonialidade do poder e do saber o qual fundamenta e regulamenta a circulação controlada do corpo negro em espaços não só simbólicos, mas também físicos. Neste contexto, este artigo intenta, por meio do exercício crítico comparado às obras Emparedado, Madrugada Me proteja e Solar dos Príncipes mapear e analisar as tensões postas nas respectivas obras em questão. Buscará também entender como estes cenários performáticos são construídos, e como os discursos coloniais são revisitados e atualizados na contemporaneidade. Para tanto, utilizarei como referenciais teóricos estudos de corpo e territorialidade (Muniz Sodré, Inaicyra Falcão, Milton Santos) pensadores da desconstrução e pós - coloniais (Fanon, Foucault, Derrida, Spivak, Bhabha) e os estudos das identidades culturais (Hall, Woodward e Silva). Palavras-chave: Corpo negro; Colonialidade; Espaços
Sarau do Cosme: Letramentos de reexistência nas ruas de Cosme de Farias Catiane Ferreira das Neves Resumo: O presente trabalho visa apresentar a narrativa acerca da origem e desdobramento do SARAU DO COSME: Poesia em movimento, projeto que realiza saraus literários na comunidade de Cosme de Farias, periferia de Salvador, que tem na sua base o movimento HIP HOP. Nesse trabalho busca-se analisar as praticas culturais produzidas pelos jovens negros e pobres dessa comunidade popular, praticas essas que consistem na produção e experimentação de novas formas de saberes e conhecimentos construídos coletivamente que permeiam a linguagem escrita, musical, gestual e imagética. Como, “agentes de letramento que formam outras pessoas por meio das vivências que realizam”(Souza, 2011: 82) em um processo de aprendizado e ensino que a autora denomina de letramentos de reexistência. Assim, o Sarau do Cosme enquanto espaço de praticas de letramento visa a valorização da cultura popular e propõe a integração dos jovens com a cena do HIP HOP - presente em sua realidade – estimulando assim a autovalorização de suas produções e vivências. Essas intervenções se fazem necessárias já que as comunidades populares que se concentram na periferia são vistas como produto marginalizado, sendo desconhecido a sua produção artística e cultural. Palavras-chave: Sarau; Jovens negros; Letramentos; Hip Hop; Comunidade
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Reversos e Contra discursos da Mestiçagem em textos do Brasileiro Lima Barreto e do Angolano João Melo Marilene de Jesus Oliveira Resumo: Esta proposta de comunicação objetiva apresentar parâmetros teóricos e resultados preliminares para uma leitura comparativista entre textos ficcionais, leitura que enfocou imagens e discursos pelos quais são articuladas relações entre identidade, sexualidade e poder. Considerando as proposições de Michel Foucault acerca do caráter político de práticas e simbolismos centrados no desejo sexual, pretendemos discutir essas representações de maneira a colocar em evidência significados que possibilitam estabelecer articulações críticas entre formas de relacionamentos inter-raciais e os conflitos que caracterizam sociedades estruturadas pelas hierarquias produzidas através da colonização portuguesa. A interpretação dos textos indicados tem fornecido subsídios importantes para pensarmos o papel que a sexualidade pode desempenhar tanto na legitimação de preconceitos, quanto na construção de valores interculturais. Foram tomados como objetos de análise a novela Clara dos Anjos, de Lima Barreto, e o conto “Natasha”, integrante da obra Filhos da pátria, de João Melo. Estes textos foram escolhidos pois apresentam em seus enredos personagens e situações que acreditamos serem representativos de questões centrais para uma compreensão crítica do significado atribuído à mestiçagem na produção de imagens nacionais. Este plano de trabalho está vinculado ao projeto de pesquisa Imagens e Imaginários da Mestiçagem nas Literaturas Angolanas e Brasileira, coordenado pelo professor de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa, Jesiel de Oliveira Filho. O objetivo principal deste projeto é o estudo sistemático das formas de representação de composições e interações étnicorraciais que podemos observar em obras literárias produzidas no Brasil e em Angola. Os objetivos específicos deste plano de trabalho (vinculado ao programa Permanecer/UFBA de bolsas de iniciação científica) são o mapeamento e análise de representações de sujeitos e/ou relacionamentos mestiços marcados por processos de discriminação e marginalização. A título de considerações finais, pretende-se fazer uma articulação entre as questões levantadas com fatos ocorridos no Brasil que puseram em destaque a sexualidade da mulher negra e mestiça na atualidade. Palavras-chave: Literatura Comparada; Colonialidade; Identidade Brasileira; Identidade Angolana; Sexualidade; Mestiçagem.
Solano Trindade e José Craveirinha: Escritura Negra nos Poemas Sou Negro e Pena Gabriel Nilton Resumo: O presente texto tem como objetivo pensar em que medida os poemas Pena e Sou Negro, de José Craveirinha e Solano Trindade respectivamente, reivindicam lugares discursivos que demarcam uma identidade literária negra no âmbito da Literatura. Pode-se afirmar que as relações estabelecidas entre literatura e sociedade fomentam lugares de fala cujas representações sinalizam sempre relações de poder. Igualmente, refletir sobre as produções desses poetas significa tensionar concepções consagradas sobre o fazer literário e o papel político do escritor em relação às discussões sobre a identidade nacional e o apagamento e/ou folclorização da imagem do negro. Há o interesse aqui de se pensar esses textos e suas possíveis sinalizações estéticas, bem como a forma como a linguagem neles configura-se corpo, enquanto mecanismo de expressão identitária e ancestralidade. Estes autores evocam lugares discursivos que, historicamente, foram apagados pelo processo colonial (BHABHA), o que reforça ainda mais o interesse desta pesquisa em confrontar as estratégias liminares (MIGNOLO) utilizadas pelos escritores aqui referidos para escapar às perversas heranças coloniais que produz na diáspora (HALL) o que FANON chama de escravidão mental. Palavras-chave: Estética; Ancestralidade; Corpo; Literatura; Identidade.
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O Discurso da Afrodescendência na Argentina: Revisitando a História Nacional Ana Maria Silva Carmo Resumo: Nos tempos hodiernos a discussão no que tange a identidade negra está em voga, as narrativas outrora escamoteadas pelas instituições de poder, bem como as lutas por direitos estão sendo visibilizadas, a ordem dos discursos está sendo reconfigurada, aos poucos vemos as narrativas que constituem as sociedades serem reorganizadas, e os personagens negros serem inseridos no sistema de relações de poder. Na Argentina, os debates que privilegiam a população afrodescendente são mais recentes e complexos considerando os outros países da América Latina, nos quais os negros são excluídos, mas a sua presença não é negada, o negro no país no âmbito discursivo foi aparentemente extirpado da sociedade, não só visto como inferior por aqueles que os estudavam, mas escamoteado das representações sociais do país. O ensaio é produto de uma reflexão sobre os processos de construção da identidade afroargentina, recorte de minha pesquisa de mestrado intitulada Fiebre negra: Revisitando a história do afro-argentino que consiste em uma análise crítica da obra argentina intitulada Fiebre negra de Miguel Rosenzvit. O livro aponta outras leituras sobre o universo diaspórico na América Latina constituindo-se como reescrita da história da diáspora negra argentina. A intenção é refletir sobre as representações dos negros nesses espaços, elaborando conjecturas sobre uma representação da América Afro-latina, uma categoria que expande as discussões sobre o negro para outro contexto em campo global. Palavras-chave: Identidade Negra; Argentina; América Latina.
Literatura Afrobrasileira e Identidade Negra em Machado de Assis, no Conto “Pai contra Mãe” Aline Souza Conceição Amanda Trindade Martins da Silva Viviane Silva dos Santos Resumo: O presente trabalho tem como objetivo apresentar um lado ainda pouco explorado do escritor Machado de Assis: sua identidade enquanto escritor negro na sociedade desde o século XIX. A princípio, discutia-se as obras de Machado de Assis sob a ótica da “literatura branca”, que pouco enfatiza as questões étnico raciais do início desse século em virtude do próprio contexto social em que vivia o autor. Porém, partindo do pressuposto de que, nas obras de Machado a abordagem do negro se faz presente, é revelado então, um novo olhar sobre suas produções. Para exemplificar, utilizaremos como referência neste trabalho, o conto publicado no livro Relíquias da Casa Velha, em 1906, “Pai contra Mãe” no qual Machado de Assis apresenta o cenário de mazelas onde viviam os negros em tempos de escravidão, capturados e tratados como mercadorias. Contudo, vale ressaltar que Machado não tinha em suas obras, o discurso contra a discriminação nem enredos de linguagem abolicionista, porém, é importante considerar que ao analisar suas obras é perceptível que ele não era negligente às questões voltadas ao negro, tampouco fazia-se indiferente ao contexto histórico em que vivia. É sobre esta concepção que Machado de Assis é ressaltado enquanto escritor afrodescendente numa época em que a identidade negra era invisível à sociedade. Torna-se então necessário, estudos que abordem a proposta do olhar do negro no campo literário, e é a partir desses estudos que a literatura afrobrasileira se constitui no ato de oferecer ao escritor negro sua visibilidade a fim de dimensionar a atuação de seus autores na representação de sua identidade. Palavras-chave: Machado de Assis; Identidade; Literatura Afrobrasileira.
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O Amor não tem cor? Pois bem, os Amantes Têm... Em Busca dos Itinerários da Hetero-afetividade Intra-racial Negra na Literatura Brasileira Antônio Carlos dos Santos Cristian Souza de Sales Resumo: As histórias de amor no Brasil são, ao menos em termos de representação literária, histórias das afetividades dos casais brancos. Casais negros parecem, por quase três séculos, inexistirem na literatura produzida na terra brasilis. Nas narrativas literárias brasileiras, desde os seus primórdios, nunca apareceram efetivamente relacionamentos intra-raciais negros. Na verdade, a julgar pela dimensão da ausência desta perspectiva temática, somos levados a pensar que os negros nem possuíam afetividades, sentimentos ou, na pior das hipóteses, os negros não se amavam ou sequer amavam. Este artigo busca evidenciar de que forma a literatura nacional construiu formas de representação da hetero-afetividade negra e as suas ressonâncias, através da análise de personagens em três textos literários: Cachoeira de Paulo Afonso, de Castro Alves (1868) em As Vítimas-algozes: quadros da escravidão; de Joaquim Manuel de Macedo (1869) e Tendas dos Milagres, de Jorge Amado (1969), Palavras-chave: Literatura Brasileira; Representação; Hetero-afetividade Negra.
Cruz e Sousa: O Negro como Sujeito Encurralado – um Diálogo de Resistência em “Emparedado” Arlete Miranda Amâncio Kárpio Márcio de Siqueira Resumo: Essa tessitura tem por intuito elucidar concepções acerca do poeta Cruz e Sousa e seu discurso de resistência em “Emparedado”, última parte do livro Evocações (publicado em 1898), que adentra em seu poema em prosa o discurso pioneiro de autoafirmação e/ou resistência às agruras sofridas pelos afro-brasileiros. Pretendeu-se ainda realçar que o autor negro abriu mão de seu discurso individual para exteriorizar um discurso coletivo, além de enfatizar que o poeta utilizou-se de um discurso de defesa do grupo ao qual pertenceu abalando o mascaramento de uma identidade una e coesa. Para tanto, o trabalho perpassou por estudo historiográfico/literário para revelar uma sociedade omissa que durante séculos tentou apagar e/ou desqualificar as múltiplas vozes oriundas das margens do tecido social. E em sua consequência, mantém-se com a teoria do branqueamento intacta a cortina de silêncio que emudece as vozes manifestantes e/ou reveladoras da outorgação dos direitos dessa cultura racial. Neste sentido, nosso trabalho se pautou inicialmente por um levantamento bibliográfico através de um olhar literário, seguido pela análise do poema em prosa “Emparedado”. Para tanto, foram utilizados como base teórica trabalhos conceituais sobre identidade negra e literatura afro-brasileira, sob a luz dos estudos de: Cuti (2009; 2010), para fazer um percurso da literatura negra no Brasil, pelas teorias do branqueamento e pelo discurso de resistência dos afrodescendentes; Cesco (2011), que traz importante análise do poema “Emparedado”; Fonseca (2002), por fazer relação entre literatura e raça na obra de Cruz e Sousa; Souza (2004), por tratar de espaços de divulgação e expansão da literatura produzida por negros e Correia (2010), que teoriza sobre subalternidade e (in) visibilidade do homem negro. Dentre outros teóricos que nos ajudaram a compor esse artigo de conclusão de curso. Desse modo, através desses estudos, pudemos comprovar que o poeta se apropriou de suas vivências individuais para produzir um discurso de luta coletiva em prol dos afrodescendentes, tornando, por conseguinte, seu poema em obra singular e instrumento de desmascaramento do preconceito velado da sociedade elitista. Palavras-chave: Literatura afro-brasileira. Cruz e Sousa. “Emparedado”. Vozes de Resistência.
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O Movimento Hip Hop e as Múltiplas Áfricas Silvana Carvalho da Fonseca Resumo: Este trabalho tem como foco buscar na produção cultural da diáspora negra, representações identitárias no movimento hip hop que emergem da reconstrução da memória afro-descendente na comunidade dos falantes de língua portuguesa. Para tanto, será realizada uma análise contrastiva das obras dos rappers MC KAPPA, de Angola e do grupo SIMPLES RAP’ORTAGEM da Bahia e do rapper VALLETE de Portugal. No intuito de fundamentar as discussões a serem realizadas nesta pesquisa, serão utilizadas as reflexões dos autores Stuart Hall, para pensar os conceitos de representações das identidades culturais e identidades de diáspora, Edouard Glissant com a ideia do “rastro/resíduo” como reelaborações de discursos e práticas a partir do que nos resta a reconstruir do que ficou da memória da diáspora. E também, Kabengele Munanga para refletir sobre a construção das africanidades dentro e fora de África, a partir dos processos de colonização sofridos pelos espaços geográficos analisados e como as múltiplas Áfricas estão interligadas na construção das identidades negras no mundo. Palavras-chave: Hip Hop; Identidade; África.
Cadernos Negros: Fortalecimento dos Fios Identitários Através da Literatura Bárbara Maria de Jesus de Oliveira Resumo: Os Cadernos Negros (CN) mantêm, desde 1978, publicações ininterruptas, através de participação dos seus autores na produção, publicação e divulgação de suas obras literárias. Eles trazem a cena temática e as representações das vivências culturais do segmento negro sem remetê-los às mazelas sociais, tão disseminadas na maioria das obras canônicas. Trata-se de textos que se voltam para as questões étnicorraciais, de gênero, de religião, etc., sendo que uma de suas propostas é a valorização identitária. Partimos da hipótese de que os referidos Cadernos valorizam as identidades negras à medida que realçam os fenótipos dos personagens, tais quais o cabelo crespo, a cor da tez, além de os destacar em papeis principais. Mas apesar dessas características centrais, será que há de fato uma valorização desses traços? Esse material é importante para ser trabalhado em sala de aula? Em que consiste a importância desses escritos no contexto atual frente à Lei 10.639/03? Através destas reflexões iremos discutir sobre o papel da nossa literatura contrapondo-a aos contos dos Cadernos Negros que pressupomos ir a uma direção contrária à literatura canônica que se apresenta como uma das grandes disseminadoras e legitimadoras da valorização do segmento etnicorracial branco e aumentar o escopo do material produzido sobre os Cadernos Negros, já que existem poucos trabalhos sobre essa produção. Faremos isso através da imersão em seis contos dos Cadernos Negros, embasados no campo da teoria literária e áreas afins, como Bernd (1988, 1992, 2011), Brookshaw (1983), Souza (2008), Cuti (2010), Santiago e (2004) Bhabha (2005). Palavras-chave: Representação; Cadernos Negros; Afirmação Identitária.
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As construções ideológicas das representações dos personagens negros na literatura: Uma nova leitura sobre o mito Saci Cibelle de Paula Oliveira Resumo: O presente artigo tem como objetivo abordar o mito Saci, enquanto uma construção ideológica de meados do século XIX e XX, que contribuiu para a construção do imaginário do negro escravizado como passivo ao longo do processo histórico brasileiro, (sobretudo no período da escravidão), sendo este um elemento que oculta às ações de resistência neste mesmo período, dificultando o desenvolvimento do individuo enquanto afrodescendente. Palavras-chave Saci; Mito; Popular; Literatura; Resistência.
Um dedo de prosa: Tendências e perspectivas do conto feminino afrobrasileiro Cristian Souza de Sales Resumo: As escritoras afrobrasileiras contemporâneas têm produzido contos, cuja abordagem e diversidade temática têm chamado a nossa atenção. A partir de um olhar privilegiado, elas ocupam o lugar de interlocutoras no debate sobre relações étnico-racias no Brasil, e, são porta-vozes de um grupo marcado pela discriminação de raça e gênero. Assim, ao se dirigirem ao seu público-leitor, são vozes femininas que buscam aproximar as suas vivências individuais às experiências coletivas. Para tanto, utilizam como mecanismo em sua escrita literária, reinterpretar e reler fatos históricos, além de denunciar o duplo preconceito que vitimiza a mulher negra em seu cotidiano. Neste artigo, as narrativas analisadas apresentam uma ampla variedade temática. Sendo assim, este trabalho busca evidenciar que, simultaneamente a discussão sobre as questões de raça e gênero, ao resgate da memória coletiva e valorização da ancestralidade africana, por exemplo, as autoras selecionadas investem na construção da identidade feminina, o que também pode ocorrer, em paralelo a outras reflexões, inclusive quanto ao processo de criação do texto literário. Palavras-chave: Escritoras Afrobrasileiras; Conto Afrobrasileiro; Perspectivas; Diversidade.
A interdisciplinaridade no texto literário e a Lei 10.639: Relato de experiências da educação de jovens e adultos em Florianópolis (2012) Cristiane Mare da Silva Resumo: Esta comunicação é fruto de uma prática educativa que pensa a literatura como fonte de transformação. Trata-se de expandir os limites da ação afirmativa para além das escolas regulares, tornando a leitura parte de uma visão ampla da educação, um exercício de cidadania. Trata-se de um relato de experiência que, por meio de um diálogo com Florentina Souza, Eduardo Assis e Iris Amâncio, entre outros, buscouse contribuir para implementação da Lei Federal 10.639/03. O resultado destes esforços emergiram nas oficinas e temas de pesquisa da EJA da E.B.Almirante Carvalhal, em Florianópolis. Palavras-chave: Literatura-afro; Interdisciplinaridade; Educação de Jovens e Adultos
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A Tomada de Consciência e o Autorreconhecimento: A Importância da Memória na Obra “Ponciá Vicêncio” de Conceição Evaristo Cristielle Santos de Sousa Rosemere Ferreira da Silva Resumo: O trabalho em voga trata-se do Pré-Projeto de Pesquisa no qual se busca analisar a obra literária Ponciá Vicêncio, romance afrobrasileiro da autora Conceição Evaristo, com enfoque na importância da memória para a constituição do sujeito feminino. Assim, pretende-se ampliar os estudos sobre a literatura afrobrasileira a fim de demonstrar sua relevância no que se refere ao campo literário brasileiro procurando, por sua vez, reafirmar o papel da memória, sobre a qual a referida obra é constituída, entrecruzando com a Análise do Discurso. Este projeto torna-se de relevância ímpar, uma vez que visa dar maior visibilidade à Literatura Afrobrasileira, principalmente às produções da autora a ser pesquisada, pois é por meio delas que possivelmente autores e intelectuais negros e negras passam a assumir um papel, além de literário, social. Portanto, a execução deste trabalho acontecerá por meio da investigação sobre a biografia e produção bibliográfica da autora Conceição Evaristo, elencando com um levantamento de perspectivas teóricas de (Bastide, 1983), (Orlandi, 1993), Luiz Silva (2002), (Evaristo, 2005), (Chaves e Macedo, 2006), (Florentina Souza, 2006) dentre outros que serão estudados nesse processo. Dessa forma, espera-se também contribuir para o projeto “Literatura e Afrodescendência” com a finalidade de estabelecer reflexões críticas acerca do referido tema, e, das questões étnicorraciais de modo geral, haja vista que há esta necessidade de alargar tais investigações e, portanto, trazer novas considerações para os estudos afrobrasileiros contemporâneos. Palavras-chave: Literatura Afrobrasileira; Conceição Evaristo; Ponciá Vicêncio; Memória.
Pensando a Literatura Menor nos Modos de Produção de Adolescentes Negras em Privação de Liberdade Dayse Sacramento Resumo: Este artigo buscou analisar a experiência vivenciada na oficina de Criação Literária com as adolescentes negras em cumprimento de medida socioeducativa na FUNDAC, no projeto Promovendo Direitos dos Jovens, numa ação promovida conjuntamente entre a SECULT, o PICEB e o UNFPA. O estudo fundamentou-se na produção textual destas jovens a partir do diálogo com textos das literaturas afrobrasileira e marginal, neste trabalho, vistas como textos de autoras(es) de uma literatura menor ((DELEUZE, G.; GUATTARI, F., 2003), dialogando com o controle da produção do discurso como um mecanismo de exclusão. (FOUCAULT, 2002). O percurso metodológico utilizado foi a análise bibliográfica das referências utilizadas na disciplina Literatura, Cultura e Modos de Produção e o relatório de atividades da oficina entregue à SECULT. Desta forma, pretendeu-se avaliar de que forma os textos com traços da literatura menor foram recebidos pelas adolescentes e quais os resultados alcançados com a atividade. Palavras-chave: Literatura Menor; Socioeducação; Adolescentes Negras; Discurso.
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A poética de Paula Tavares: Reflexões sobre a literatura angolana na década de 80 Zilda de Oliveira Freitas Resumo: Na poética de Paula Tavares, as palavras são constructos, a partir dos quais interpreta suas vivências, (re)aprendendo a definir e a reformular sua identidade e tradições. As mulheres africanas estão presentes nos contextos sociais dos anos 80, mas permaneceram quase sempre excluídas dos círculos de poder político. Utilizaremos as obras de L. Padilha e I. Mata para analisar criticamente os poemas de P. Tavares em Ritos de Passagem (1985), numa abordagem que revisitará os valores socioculturais africanos. Palavras-chave: Poética; Vivências; Literatura Angolana.
Letramentos Múltiplos no/do Hip Hop Petrolar: A Voz e a Vez da Periferia Elizabete Bastos da Silva Resumo: Este trabalho tem o objetivo de socializar a pesquisa que teve como objeto o que representam as práticas e eventos de letramento para os sujeitos que participam ativamente do Movimento Hip Hop do Jardim Petrolar Alagoinhas/Bahia. Para isso, optou-se por dialogar com o MC Osmar, ativista e rapper, que demonstra práticas que o identificam, de forma que pode-se assumir que Hip Hop do Jardim Petrolar é uma agência de letramentos. Do ponto de vista teórico, a pesquisa apóia-se nos Novos Estudos sobre o Letramento (New Literacy Studies – NLS) fundamentados em Street (1984; 2006, 2009,2010a e 2010b), Kleiman (1995;2005), Soares (2006), Barton e Hamilton (2000), Rojo (2009;2012), Souza (2009;2011), Macedo (2005) e Marinho (2010). Nessa perspectiva dialoga com a Crítica Cultural por considerar que existem práticas e eventos de letramento em outros domínios sociais para além das instituições de prestígio. Dessa forma, a pesquisa segue os pressupostos da abordagem qualitativa, considerando as narrativas como forma investigação e a triangulação de dados como uma operação de cruzamento de fontes de informação. Assim, essa pesquisa aponta que os letramentos não legitimados são tão importantes quanto os letramentos escolares, porém um não substitui o outro, mas o primeiro pode fornecer subsídios para ampliar o segundo em respeito à pluralidade de práticas, diversidade social e cultural rompendo estigmas nas relações de poder e exclusão. Palavras-chave: Letramentos. Cultura Hip Hop. Representações. Prática e Eventos de Letramentos. Jardim Petrolar.
Diário de uma Favelada: A Literatura Negra Autobiográfica e Denunciadora, de Carolina de Jesus Érica de Souza Oliveira Viviane Souza Dos Santos Cristian Souza de Sales Resumo: Este artigo tem por objetivo refletir sobre o papel da memória, no livro Quarto de despejo: Diário de uma favelada, de Carolina Maria de Jesus (1960). Por meio de seus relatos autobiográficos, a autora nos descreve a sua trajetória de vida e as condições de sobrevivência de outros moradores da favela do Canindé, em São Paulo. Dessa forma, a escritora denuncia a opressão e a invisibilidade vivenciada por uma mulher negra e favelada. Por ser negra, mulher e pobre, o nosso trabalho enfatiza que, Carolina foi vítima do preconceito racial, social e de gênero, simultaneamente, o que nos permitirá fazer inferências sobre os efeitos e as ressonâncias do racismo e do sexismo no Brasil. Palavras-chave: Escritora Negra; Memória; Autobiografia; Denúncia.
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Escritas Afrodescendentes na América Latina: Arte ou Aberração? Fabiana da Silva Campos dos Santos
Resumo: No jogo das caracterizações das literaturas, seu modo, seu conteúdo, sua forma, sua universalidade, nos são apresentadas perfis e/ou características peculiares. Em outras palavras, particular a um determinado grupo. No entanto, diferentes obras literárias, em sua “essência” está vinculado a uma hierarquia social e de gênero, desde de sua “gênesis”, o que ocasionou novos modos de fazer arte literária. Então, por quais razões outras formas estéticas que pareçam dessemelhantes ao perfil canônico seria qualquer outra coisa que não arte, que não literatura? Palavras-chave: Literaturas; Hierarquia social; Gênero.
Vozes Afro-femininas na América Latina Francineide Santos Palmeira Resumo: A pesquisa de doutorado intitulada Vozes afro-femininas na América Latina busca analisar as representações de afrodescendência nas produções de escritoras afro-latinas por meio da coletânea afrobrasileira Finally us: contemporary Black Brazilian Women Writers, organizadas por Miriam Alves e Carolyn Durham, e da antologia afro-colombiana ¡Negras Somos! : antologia de 21 mujeres poetas afrocolombianas, organizada por Guiomar Escobar e Alfredo Zamorano, buscando identificar possíveis semelhanças e diferenças entre as produções dessas escritoras. Palavras-chave: Representações; Afrodescendência; Escritoras afro-latinas;
A construção de identidades étnicorraciais dentro do jogo teatral, proposto pelo Teatro do Oprimido, de Augusto Boal. Uma proposta de intervenção da Arte-Educação e os conceitos étnicorraciais em construção, no âmbito escolar. Francisco W. B. Sampaio de Araújo Resumo: Na perspectiva da Lei 10.639/03, acreditamos que a arte possa ser um espaço privilegiado de criação e tomada de consciência dos alunos enquanto atores político/social(ais) que são, frente aos constantes conflitos construídos a partir das relações étnico-raciais, de sujeitos imersos a uma cultura excludente e cheia de preconceitos. A exclusão social ditada pelo racismo, observada a partir da dimensão que o Teatro do Oprimido ao confrontar a relação, “oprimido versus opressor”, e as várias outras facetas que se escapam desse polo dualista, irá nos revelar os tipos de relacionamento sociais que constituem como uma
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das mais poderosas e perversas arma de controle e exclusão que a nossa sociedade ainda preserva, por agir no silêncio da falsa ideia de democracia racial. O projeto pretende explorar algumas das várias técnicas experimentadas por seu idealizador Augusto, entre essas estão: Teatro Imagem, Teatro Jornal, Teatro Invisível e Teatro Legislativo. Através de sessões de Teatro do Oprimido promovido com alunos de um projeto social que atende os bairros de Deodoro, Guadalupe e Marechal Hermes, na cidade do Rio de Janeiro, foram recolhidos de jovens entre 15 a 17 anos, vários depoimentos sobre suas experiências em jogo. Essas experiências foram registradas em “Diários de Bordos”, relatos esses que nos deram uma dimensão bastante objetiva, do alcance dessa prática de ensino, em suas relações étnico-raciais cotidianas. Em cena, os alunos terão a possibilidade de entrar em contato com situações que, para a pesquisadora sobre Educação e Relações Raciais, Nilma Lino Gomes (2005, p.143) poderá promover um entendimento mais efetivo sobre essas condições, pois a mesma defende que “[...] só se as pessoas pudessem se colocar no lugar daqueles que eram discriminados racialmente, é que elas poderiam compreender o que era o racismo”. Palavras-chave: Arte-educação; Relações étnico-raciais; Teatro do Oprimido.
Literatura Negro-Brasileira: Entre a Identidade e a Alteridade Geny Ferreira Guimarães Hildalia Fernandes Cunha Cordeiro Resumo: O artigo visa desenvolver uma reflexão sobre a relação entre identidade e alteridade em processos de construção identitária negra que alternam negações e afirmações de pertencimento etnicorracial. Os processos de busca por auto aceitação e autorrealização são algumas das marcas dessa literatura, uma escrita que objetiva subverter e rasurar o canon, com possibilidades de elaborações e construções de grupos identitários repletos de atitudes afirmativas e emancipadas. Para tanto, constituiu-se o corpora do artigo uma seleção de poemas pertencentes à “Literatura Negro-brasileira” (CUTI, 2010). Os poemas escolhidos, por um lado explicitam a construção do Eu negro perpassado pelo olhar quase sempre enviesado do outro, mas apresenta, também, o Eu por meio de afirmações que perpassam memórias sobre a ancestralidade africana com positividade dos elementos fenotípicos dos indivíduos ou personagens em questão. Deseja-se, então, explicitar, por meio do corpora, o processo de elaboração identitária negra e a escrita negra, ambos, transpassados por dilemas e desafios dos mais diversos, alterando momentos de “perseguição de um ideal de ego branco” mas que contempla, também, processos de emancipação em direção à concretização do tornar-se negro, apesar das imposições e barreiras criadas dentro de uma sociedade racista. Acredita-se que a Literatura Negra poderá contribuir com referências positivas para o seu público-leitor em processos de tornar-se o que se é! Palavras-chave Literatura Negro-brasileira; Identidade; Alteridade; Poesia.
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O Banzo na Prosa Negra de Cristiane Sobral: Herança Ancestral? Hildalia Fernandes Cunha Cordeiro Magnaldo Oliveira dos Santos Resumo: Esta comunicação objetiva apresentar um corpora constituído por dois contos de autoria de Cristiane Sobral: Buraco Negro e Diante da Morte. Uma escrita permeada de sofrimento, de uma profunda tristeza, sentimento esse presente secularmente na história do povo negro, desde o translado transatlântico forçado dos ancestrais africanos para as terras brasileiras. Outrora diagnosticado como banzo, hoje recebe o nome de melancolia e/ou depressão. O importante no corpora selecionado e escolhido para esse artigo é a apresentação da possibilidade de se romper com essa tristeza histórica e superar-se, sendo esta última uma marca dessa escrita negra feminina, fenômeno que Carvalho (1998) intitula de “autonomia superativa emancipatória”. Deseja-se ainda apresentar possíveis saídas do labirinto identitário que envolve e persegue essa parcela significativa da população brasileira, quer seja na forma de “ferida narcísica” quer seja na forma de “perseguição de um ideal de ego branco” (SOUZA, 1989) que poderá culminar em processos de autoaceitação e autorrealização. Processos de busca por autoconhecimento são revelados nos contos que procuram enfatizar o estado psicológico da personagem narradora, profundamente melancólico diante da não realização, mas que apresenta como final nas narrativas selecionadas possibilidades de saída do “Buraco Negro” e o superar-se “Diante da morte”, objetivando tornar-se o que se é! A escrita negra feminina de Sobral auxilia no entendimento dos dilemas vividos por tal segmento e ainda ajuda a realizar as escolhas diante da encruzilhada identitária que muitas vezes faz @ negr@ zanzar em torno da mesma sem decidir por um dos caminhos. Deseja-se ainda explicitar possibilidades de rebater e quiçá superar o banzo ainda existente entre o nosso povo. Teóricos como: hooks (2000); d’Adesky (2006); Oliveira (2007) e a própria Sobral (2002) são de grande valia no entendimento de tais processos e acabam apontando, também, saídas e soluções para os dilemas de ordem identitária e pertencimento etnicorracial. Palavras-chave: Escrita Negra Feminina; Cristiane Sobral; Banzo; Autonomia Superativa Emancipatória.
Cartografia do Pensamento das Mulheres Negras no Brasil, Através da Literatura Izabel da Cruz Santos Resumo: Apresento neste artigo, que compõe o meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) em Licenciatura em História, o qual se encontra em andamento, as interpretações iniciais acerca da cartografia do pensamento das mulheres negras no Brasil, através da literatura, especificamente da obra, O livro da saúde das mulheres negras. Nossos passos vêm de longe, organizadas por Jurema Werneck, Maisa Mendonça e Evelyn C. White. A obra é composta por uma coletânea de textos de ativistas negras do Brasil e dos EUA, revelando uma concepção diaspórica em torno de um projeto de justiça social para as mulheres negras. Metodologicamente recorro à literatura como fonte histórica para perseguir a trajetória da organização política do movimento de mulheres negras brasileiras, através das vivências e perspectivas, das ativistas apresentada em cada texto. Busco, ainda, mostrar as ações desenvolvidas pelas ativistas, visando a transformação social, a partir de suas experiências de vida nas diversas áreas que escolheram para refletir sobre racismo e sexismo, como: literatura, saúde, política, religiosidade e ativismo. Como objetivo procuro identificar nos textos como o sexismo e o racismo são fatores, que, excluem as mulheres negras, marcadores sociais, que deixaram marcas em suas vidas, e, por isso foram acionados para fundamentar reflexões e as ações de ativismos contra a posição social de subalternidade que lhes foi imposta pela intersecção de gênero e raça. Palavras –chaves: Mulheres negras; diáspora; gênero; raça.
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“LITE-RUA, A ARTE ALIADA À CIDADANIA”: Uma discussão da importância da Literatura Marginal Contemporânea a Partir dos Textos do Poeta Sérgio Vaz Jacqueline Nogueira Cerqueira Resumo: O presente trabalho busca estudar a importância da Literatura Marginal/ Periférica Contemporânea, através do poeta Sérgio Vaz, ao representar os silenciados em uma narrativa literária, como sujeitos da história, e ao compará-la como o movimento da literatura marginal da Bahia entre a década 70/80. São duas gerações diferentes que mudaram a cena literária de suas décadas, influenciadas pelo Modernismo de 22 e pela primeira geração da literatura marginal nas décadas de 60/70. Assim a pesquisa analisa as diferenças e semelhanças dessas produções literárias em espaços e representações diferentes, mas também procura constatar uma aproximação literária entre ambas as regiões no cenário atual, não com a literatura marginal da Bahia, mas com uma produção engajada da literatura negra, representantes da margem que passam a construir no cenário baiano o advento da literatura que já acontece na Zona Sul de São Paulo, através de saraus literários. Além de incentivar a leitura nesses espaços também possibilita o surgimento de novas vozes representativas da margem. Essa cena literária é modelo dentro e fora do Brasil e tem Sérgio Vaz como um dos seus principais poetas e agitador cultural, com o Sarau Cooperifa e em Salvador, Nelson Maca, com o Sarau Bem Black. Essas duas novas vertentes destacam-se nas discussões que vem acontecendo pelo país com o termo Literatura Divergente. Palavras-chave: Literatura Marginal Contemporânea; Periferia. Saraus; Sérgio Vaz; Sujeito da História.
O Vate Negro Entre os Espaços Fronteiriços do Exílio e da Morte. Caetano da Costa Alegre, Um Poeta nos Versos de um “Eu e os Passeantes” (Entre São Tomé e Príncipe e Portugal) Jádison Rodrigues Coelho Resumo: Partindo das leituras que tangem à obra e à vida do poeta negro santomense, Caetano da Costa Alegre, este trabalho, um dos resultados da pesquisa em iniciação científica, tem como tema de fundo os trânsitos físicos e culturais entre São Tomé e Príncipe e Portugal, identificados nos textos poéticos produzidos pelo autor na metrópole lusa. Para realizá-lo, consideraram-se as questões acesas nos poemas do livro póstumo de Costa Alegre, Versos (1916), em sua terceira edição (1994). Essas questões envolvem temas associados a etnicidade e nacionalidade, autobiografia e (auto)representação do negro, do exilado e do estrangeiro nas escritas poéticas do autor em tela. Empreende-se a análise de poemas reunidos no livro do poeta santomense, que configuram e figuram as condições, vivências e características de sujeitos poético e poemático situados no século XIX, em Portugal, em contexto de colonialismo e exílios de si em meio aos diferentes. Este trabalho é significante para se pensar como esse Outro, Caetano da Costa Alegre, que no caso é negro e africano, se enxerga pelas lentes do etnocentrismo colonial e como, de diferentes formas, responde aos espaços fronteiriços construídos para e entre si e os seus coetâneos. O objetivo principal é contribuir para os estudos das literaturas africanas de língua portuguesa, em especial, a santomense, visando ascender imagens, altear vozes abafadas pelo tempo, além de dar continuidade ao processo de tirar a literatura santomense do quadro de dupla perifericidade entre as literaturas de língua portuguesa, em que determinados críticos insistem em aprisioná-la, em exercícios continuados de desqualificação. Palavras-chave: Colonialismo; Autobiografia do Negro; Literatura Santomense.
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A Música e a Produção de Presença: A Influência das Composições para o Reconhecimento do Povo Negro Leila Renata Carvalho Santos Resumo: Esse artigo versa sobre a análise da linguagem musical na contemporaneidade, acerca das contribuições dessas produções para autoafirmação e cultura do povo negro. Para elucidar questões historiográficas e tornar verossímil o debruce sobre tais obras artísticas, neste trabalho, se faz necessário o estudo das reflexões de Gumbrecht sobre as teorias de significado e presença, numa analogia aos fatos históricos, no âmbito educacional, e os indivíduos compositores da história. Palavras-chave Linguagem musical; Autoafirmação; Cultura.
Outros cenários identitários: A literatura afrobrasileira em Close-up Letícia Maria de Souza Pereira Resumo: Estudos recentes têm colocado sob rasura os estudos literários e cinematográficos hegemônicos ao investigar também a Literatura Afrobrasileira e o Cinema Negro como tradições ignoradas da nossa construção histórica, desestabilizando a noção de uma identidade uma e coesa, baseada no harmonioso relacionamento entre diferentes grupos étnicorraciais. Essa tendência acadêmica insere-se em um contexto mais amplo de mudanças teórico-críticas ocorridas no Brasil, a partir de meados do século XX, devido a rediscussão dos papéis políticos e culturais de diferentes grupos identitários marcados pela subalternização social. Assim, o presente trabalho propõe-se a analisar as representações de linguagens e performances afrobrasileiras transformadas em imagem, movimento e som nos filmes “Alma no Olho”, 1973 de Zózimo Bulbul, “Carolina”, 2003 de Jeferson De e “Filhas do Vento”, 2004 de Joel Zito Araújo. Esse estudo cinematográfico-literário não faz alusão aos estudos de adaptações da literatura para o cinema, ou vice-versa, e sim, às referencias visuais selecionadas dos atos de leitura/escrita e/ou performances narrativas que evidência a história e cultura afrobrasileira. A pesquisa busca problematizar se a produção cinematográfica do chamado “Cinema negro” – que, segundo Celso Prudente, se propõe a expressar uma nova posição sócio-cultural do afrodescendente, na construção de imagens afirmativas do negro e de sua cultura – pode ou não causar rasuras na tradição hegemônica ao plasmar a produção literária afrobrasileira. Palavras-chave: Cinema Negro; Literatura Afrobrasileira; Representação.
A Presença do Corpo Negro na Performance Poética de Ricardo Aleixo Luciany Aparecida Alves Santos Resumo: Ricardo Aleixo é poeta, performador, músico, artista visual e ensaísta. Nesta comunicação iremos refletir sobre a presença do corpo negro na performance-poética desse autor, pontuando como ele usa sua performance como instrumento poético para tecer o tempo e enganar a morte. Colocando-se como hipótese de lugar o poeta parte de si (poeta negro) para compreender o entorno. “Construir(-me) sobre ruínas, eis o que talvez seja a forma mais certa de comunicar o sentimento de estar vivo num mundo que parece decretar, a cada segundo, a impossibilidade da vida” (MARQUES, 2008, p.112). Nessa perspectiva nos interessa saber das concepções de arte (performance e poesia) do autor, pensando na “figura do autor como elemento de interesse para a análise literária”, pois compreendemos que “todo texto possui certa forma de arranjo e organização da linguagem que remete a uma unidade de concepção.” (BRANDÃO e OLIVEIRA, 2001, p. 15,16). Palavras-chave: Performace – poética; Concepções; Análise Literária.
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Identidades Negras e a Literatura Brasileira: Reflexões nas Encruzilhadas Márcio de Almeida Araújo Florentina da Silva Souza Resumo: A temática da identidade é algo que, ainda hoje no Brasil, continua sendo motivo de consideráveis discussões, principalmente, no âmbito acadêmico, pois o país não resolveu demandas estruturais complexas AINDA resultantes do período colonial. Pelo contrário, ela vem, permanentemente, sendo apropriada pelos setores elitizados das sociedades brasileiras com o intuito de manter o controle das coletividades nacionais subalternizadas que destoam da empreitada neoliberal, como, por exemplo, a parcela negra da população. Para tal realização, estruturas conceituais de cunho racista, universalizante, dicotômica foram utilizadas para concretizar o pleito colonizante, em especial, no campo da arte literária. Dessa forma, o presente trabalho tem a intenção de fomentar discussões sobre questões que envolvem tensões e ambiguidades entre as representações das identidades negras na literatura canônica nacional e as contraposições literárias manifestadas, através do protagonismo negro, em reação à estereotipação cristalizada pelo discurso hegemônico racista. Assim, por meio da análise de poemas selecionados da antologia Cadernos Negros, pretende-se demonstrar que tais identidades só podem ser compreendidas se forem concebidas a partir de operadores conceituais que deem conta do seu dinamismo, das suas aparições multifacetadas, que rejeitam qualquer tentativa de engessamento e de reducionismo. Para atingir tal objetivo, o trabalho propõe como método para analisar as identidades negras na literatura contemporânea o paradigma das encruzilhadas. As reflexões realizadas por esse viés permitem considerar as singularidades e intersecções contidas nas representações de sujeitos que manifestam e (re) afirmam seus parâmetros cosmogônicos em uma sociedade que persiste em negá-los. Palavras-chave: Literatura; Identidade; Representação; Protagonismo negro; Paradigmas das encruzilhadas.
Áfricas e Diásporas na Literatura Infanto-juvenil Contemporânea: Outras Veredas, Novas tessituras? Maria Anória de Jesus Oliveira Resumo: A literatura infanto-juvenil, em sua trajetória histórica, não ficou alheia aos fatores sociais e os expressou ao entrelaçar as linguagens verbais e a não verbais. Assim sendo, as ilustrações, os seres ficcionais (narradores e personagens, no caso), deixam fendas que nos levam a imaginar determinados espaços sociais e quem os habita. Se partirmos dos feixes de ação, à luz dos princípios de Vladimir Propp (1984), identificaremos o predomínio de caracteres predominantemente eurocêntricos nas narrativas tradicionais, ao passo que os demais, de origens africanas e indígenas tendem a ser preteridos e/ou desqualificados. Em consequência, muitos de nós crescemos internalizando tais padrões no campo da literatura, nos meios de comunicação e nos livros didáticos, grosso modo. Em se tratado das produções destinadas às crianças e aos jovens, a partir da obrigatoriedade de trabalharmos com a história e cultura afro-brasileira e africana em todas as áreas na Educação Básica (Lei 10.639/03) notamos que temáticas outrora silenciadas no mercado editorial passaram a ter maior visibilidade, pois se tornaram um filão fértil à comercialização. Tanto é que, nos dias atuais, é possível identificar uma quantidade significativa de livros que apresentam
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personagens negros nas capas e no desenrolar da trama. Insurgem-se, também, as diásporas e espaços sociais africanos diversificados. Em tais universos ressoam vozes da resistência por meio dos mitos dos Orixás, delineando-se crianças, adolescentes e adultos. Seus dilemas, desejos, conquistas e embates sociais. Interessa-nos, desse modo, estudá-los, a fim de identificar indícios inovadores no tocante à área em foco. A questão que se insurge é: quais as obras mais inovadoras no que se refere ao adultocentrismo e ao racismo? Para responder a essa questão realizamos a pesquisa bibliográfica e recorremos à crítica, à teoria da literatura e às contribuições das Ciências Sociais para respaldar o estudo. As fundamentações teóricas foram subsidiadas com base nos seguintes estudiosos: Marlene H. Leites (2012), Maria Anória J. Oliveira (2003; 2010), Eduardo Assis Duarte (2011), Cuti (2010), Andreia L. Souza (2005), Aristóteles (2006), Stuart Hall (2003), Antônio Candido (1992), Beth Brait (1990), Sonia S. Khéde (1992) entre outros. Esperamos, por meio do presente estudo, contribuir para aguçar o nosso olhar face aos referidos seres ficcionais e aos espaços sociais nos quais são situados, primando-se por perspectivas literárias e culturais que contemplem as diferenças sem as restringir aos padrões meramente ocidentais. Palavras-chave Literatura,; Africanidades; Narrativas; Personagens Negros.
Diálogos Possíveis sobre Afrodescendência entre Esmeralda Ribeiro e Lima Barreto, Em Guarde Segredo Marissol Oliveira Barreto Mendes Cristian Souza de Sales Resumo: O artigo tem por objetivo analisar de que forma a escritora Esmeralda Ribeiro, no conto Guarde Segredo, estabelece diálogos com o romance Clara dos Anjos, do escritor Lima Barreto. Considerando que um dos recursos utilizados pela literatura afrobrasileira contemporânea é o processo de reescrita e ressignificação de imagens, este trabalho busca refletir como ambas as narrativas, produzidas em épocas distintas por dois autores de origem afrodescendente, partindo da figura da personagem-protagonista, elaboram representações diferenciadas para afrodescendência. Palavras-chave: Literatura; Reescrita; Representação; Afrodescendência.
Realidades Esparsas: Diálogos entre a Literatura Fantástica e a Literatura Negro-Brasileira em Aline França Monique Caetano Jagersbacher Resumo: A pesquisa intitulada Realidades Esparsas: Diálogos entre a Literatura Fantástica e a Literatura Negro-Brasileira em Aline França objetiva discutir as representações do negro na literatura a partir de sua produção criativa e realizar um sobre a Literatura Fantástica, e seus desdobramentos, e comparar os elementos presentes, na obra supracitada, com textos de escritores e escritoras que mobilizem essa vertente literária, a exemplo de Murilo Rubião e Ângela Vilma a fim de compreender a dimensão política da Literatura Fantástica. Palavras-chave: Negro na Literatura; Literatura Fantástica; Política
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Aspectos Diacríticos nos Contos “Bruna e a Galinha D´Angola” e “A Princesa Ladrona” Naiara Peixoto da Silva Resumo: Esta pesquisa tem como objeto de estudo os aspectos diacríticos nos contos “Bruna e a Galinha D´ Angola” e “A Princesa Ladrona”, respectivamente, de Gercilga de Almeida e Monteiro Lobato. O objetivo deste estudo é observar como as teorias defendidas pelos estudiosos Pauw e Buffon se manifestam nos contos. A escolha deste tema se justifica pela importância em analisar as novas versões da literatura contemporânea, desconstruindo deste modo o que foi passado de forma deturpada durante gerações sobre a cultura afro-descendente. Palavras-chave Contos; Literatura Contemporânea; Cultura afro-descendente.
A Lei 10.639 e a Educação do Campo: Praticas Pedagógicas Antirracistas em Escolas do Campo Renata Tereza Brandão Resumo: O presente trabalho se insere no campo de discussão das relações raciais em escolas do campo. É fruto de uma experiência de formação de professores da educação básica realizada em uma escola do campo no município de Ilhéus, com o objetivo de sensibilizar e mobilizar os docentes para a necessidade da implementação de práticas pedagógicas anti racistas. Partindo da análise dos livros literários enviados pelo Programa Nacional Biblioteca na Escola - PNBE que atendem a orientação da Lei 10.639/2003, realizamos oficinas literárias para que os docentes articulando uma reflexão teórica sobre a construção das desigualdades raciais com a proposição de atividades pedagógicas envolvendo práticas de leitura, escrita e produção artístico cultural. Essa discussão se faz necessária, uma vez que observamos a inexistência de práticas pedagógicas anti racistas no cotidiano das escolas do campo e a necessidade da comunidade de adquirir elementos de luta para o combate a discriminação racial. É necessário salientar que a comunidade em que a escola esta inserida é de maioria negra, embora nem sempre se percebam assim, sendo de extrema relevância a realização de experiências educativas que apresentem as crianças modelos positivos da história afro-brasileira, o que contribui para construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Palavras-chave: Literatura infanto-juvenil; Formação de professor; Escola do Campo.
Pontos Históricos: Breve Análise Sobre Histórias de Negros(as) Em Changó: El Gran Putas(1983) e Um Defeito de Cor(2006). Simone de Jesus Santos Resumo: O objetivo do presente trabalho é discutir aspectos da representação da história de negros(as) nas narrativas Changó: el gran putas(1983), de autoria de Manuel Zapata Olivella e Um defeito de cor(2006), de autoria de Ana Maria Gonçalves. Considerando que ambas as textualidades artísticas em
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questão apresentam uma profícua interação com a história da diáspora negra nas Américas, interessa-me colocar em debate distintos modos pelos quais esses autores(as), de diferenciados espaços da América Latina, dialogam com a história, como vêm fazendo no cenário contemporâneo, muitos outros(as) autores(as) que põem em questionamento registros historiográficos por meio de escritos artísticos. A leitura em foco consiste numa ampliação do que comecei a discutir na minha dissertação de mestrado intitulada Textos e Metatextos: escritos de Oswaldo de Camargo, Luiz Silva – Cuti e Márcio Barbosa(2010), bem como é parte das reflexões de minha tese de doutorado em andamento intitulada Literaturas de histórias: contar outra vez histórias da NegrAmérica com Manuel Zapata Olivella e Ana Maria Gonçalves. A leitura e análise de textos literários elaborados por autores(as) afrobrasileiros(as) me propiciaram constatar, dentre outros resultados, a apropriação do discurso literário canônico por meio da intertextualidade. Outrossim, deduzi que além da apropriação do texto literário canônico, os (as) autores(as) se apropriam da história e sendo assim, com base em concepções contemporâneas de literatura, história e cultura, observo que de diferentes modos e a partir de diferentes lugares do contexto latino-americano, autores(as ) afrodescendentes reconstroem, em suas artes verbais, um passado relevante para o fortalecimento de suas identidades. Palavras-chave literatura negra; literatura e história; afrodescendentes
Abdulai Silá no Contexto das Literaturas Bissau-Guineenses Suely Santos Santana Resumo: A comunicação, por um lado, apresenta o escritor Abdulai Silá como um dos representantes das literaturas africanas de língua oficial portuguesa, cuja obra tem funcionado também como uma referência de narrativas usadas pelos povos colonizados para afirmarem a existência de uma história própria deles. Por outro, situa Silá no contexto das literaturas Bissau-guineenses, lembrando que o mesmo é considerado pelos estudiosos dessas literaturas como o precursor do romance Bissau-guineense e que tem a literatura como meio de se chegar à justiça e à solidariedade sociais. Palavras-chave: Literaturas Africanas; Narrativas; Guiné-Bissau; Abdulai Silá.
Negras Lembranças: Narrativas de Festas e Lazer das Populações Negras de Santo Antônio de Jesus-Ba Tatiane da Silva Bispo Resumo: Este trabalho tem como objetivo principal contribuir para a ampliação das possibilidades de interpretação e análise das histórias e experiências das populações negras de Santo Antônio de Jesus, através de narrativas orais, compreendendo a importância destas, como fonte de informações para o entendimento do passado e uma alternativa para estudar a sociedade por meio de documentação feita com uso de depoimentos gravados e transformados em texto escrito. O presente trabalho tem servido de fonte de conhecimento e análise de aspectos da cultura negra e relações sociais e étnico-raciais, relacionadas às festas públicas e particulares em Santo Antônio de Jesus, cidade localizada no recôncavo sul baiano, no século XX. Palavras-chave: Cultura Negra; Festas; Narrativas.
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Subjetividade e Construção do Personagem Zé Pequeno, de Cidade de Deus, na Literatura e no Cinema Valquíria Lima Resumo: O trabalho se propõe a analisar a construção narrativa do personagem Zé Pequeno, a partir do romance Cidade de Deus (Paulo Lins - 1997) e do filme homônimo (Fernando Meirelles – 2002), buscando entender aspectos que assemelham e diferenciam o sujeito que emerge em cada uma dessas obras. Na cena cultural, as produções artísticas tanto marcam quando são marcadas pelas relações sociais, bem como se estruturam a partir do gênero, meio, aspectos narrativos e estéticos da linguagem em que se apresentam, interagindo com uma sociedade contemporânea marcada pelo consumo e pela corrida ao poder. Assim, cada obra aqui abordada constrói seus sujeitos em dois sistemas semióticos diferenciados, organizando duas ou mais leituras possíveis e dialogando com públicos também distintos. Os questionamentos, então, que lançamos no decorrer de nossa investigação pressupõem essa relação de troca entre sociedade e literatura/cinema. São eles: quais sujeitos encontramos nas duas histórias? Quais os aspectos narrativos utilizados para compô-los? Em que medida são destacados aspectos subjetivos de suas práticas? De que modo se entrelaçam os elementos da memória de ambos? Como se relacionam com o conjunto sociocultural que os cerca? Como são descritas e narradas as cenas de violência? De que maneira os aspectos narrativos desses dois “bandidos” dialogam com o imaginário cultural brasileiro? Entendendo que estas obras repercutem no cenário cultural brasileiro ainda hoje e que Zé Pequeno é elemento recorrente quando se faz referência à criminalidade e à favela, ressaltamos a necessidade de estudar de que modo essas imagens ainda reverberam no discurso sobre o criminoso, atualmente. Palavras-chave: Construção narrativa; Relações Sociais; Cinema.
De que Cor Eram os Olhos de Minha Mãe? O Papel da Memória, em Olhos D’a Água, de Conceição Evaristo. (Verificar Se Não Está Repetido) Viviane Silva dos Santos Cristian Souza de Sales Resumo: A memória, onde cresce a história, busca resguardar o passado, para servir ao presente e ao futuro. Este artigo busca enfatizar o papel da memória no conto Olho d’água, da escritora afrobrasileira Conceição Evaristo. Ao analisar a narrativa, o trabalho evidencia que, a partir das indagações feitas pela narradorapersonagem, cuja memória é acionada para se recordar da cor dos olhos de sua mãe, ao relacionar memória e história, promovendo o encontro entre o passado e o presente de forma metafórica, a voz enunciativa realiza um resgate de seus antepassados, valorizando, em particular, elementos de sua ancestralidade africana. Palavras-chave: Escritora Afrobrasileira; Memória; História; Ancestralidade Africana
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GT 05 - Ciências da Vida Coordenadoras: Prof. Drª. Denize Ribeiro - UFRB - Prof. Drª Edna Carvalho – UEFS
Possibilidades e Desafios da Inserção Ecológica em Instituições de Atendimento à Adolescentes em Situação de Rua Djean Ribeiro dos Santos Resumo: O presente estudo objetiva evidenciar a importância da metodologia de Inserção Ecológica, relacionado à coleta de dados, em pesquisas longitudinais em instituições que atendem crianças e adolescentes em situação de rua, a partir da nossa experiência na cidade de Salvador. A pesquisa em andamento, “O impacto da Rua na vida de crianças e adolescentes: Um estudo Longitudinal na cidade de Salvador” se baseia nessa metodologia, onde os pesquisadores estão inseridos em algumas das instituições que compõe a rede de atendimento que atende essa população. O vínculo pré-estabelecido garante uma qualidade nas informações coletadas. Nos diversos estudos existentes, poucas pesquisas se debruçam sobre os aspectos pertinentes ao processo desenvolvimental dessas crianças e adolescentes. Além disso, os dados existentes, por vezes, são coletados de forma insuficiente, tendo em vista que essa população está habituada a responder as perguntas de forma evasiva, com respostas prontas, caracterizando-se como sabedoria de rua (Morais, Neiva-Silva & Koller, 2010), o que prejudica a consistência dos dados coletados. Dessa forma, a metodologia de Inserção Ecológica evita que os pesquisados deem respostas evasivas e com falta de veracidade. O método é baseado no pressuposto teórico da Abordagem Bioecológica do Desenvolvimento Humano de Uri Brofenbrenner e tem quatros dimensões: Pessoa, Processo, Contexto e Tempo. A vinculação via Inserção Ecológica, garante a participação dos pesquisadores nos diferentes contextos vividos pelas crianças e os adolescentes, proporcionando uma lente para avaliar melhor os processos de interação das pessoas com o contexto no qual estão se desenvolvendo. Como podemos observar a partir da nossa experiência nos contextos de inserção, esse método de coleta, possibilita um compartilhamento de experiências e significados culturais entre pesquisador e pesquisado. O diferencial da inserção ecológica em comparação a outras propostas de pesquisa, tais como a etnografia, a pesquisa-participante e a pesquisa-ação, segundo Morais (2009) é o fato de se buscar a compreensão das quatro dimensões que compõem a Abordagem Bioecológica do Desenvolvimento Humano. Palavras-chave: Inserção Ecológica; Metodologia de Pesquisa; Situação de Rua; Crianças e Adolescentes.
Casos Notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação segundo Raça/Cor da Pele Ionara Magalhães de Souza Edna Maria de Araújo Resumo: A frequência, distribuição e causalidade das doenças mais incidentes na população negra são, em parte, influenciadas, por determinação genética mas, por outro lado, fortemente relacionadas e agravadas por fatores socioeconômicos. Objetivo: descrever as morbidades notificadas no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) segundo a raça/cor da pele entre 2001 e 2010. Metodologia: Estudo descritivo, com dados obtidos do Sinan, entre 2001 e 2010. Foram selecionadas 28 morbidades, consideradas as notificações de casos confirmados por raça (branca, preta, amarela, parda, indígena), segundo o ano de registro. Foram obtidas frequências absolutas e relativas. Resultados: no período 2001-2010, foram notificados 6.448.171 casos. Das 28 morbidades elencadas, 16 (60,0%) apresentaram maior incidência entre a população negra: peste 2 (100,0%), raiva 86 (70,0%), leishmaniose visceral 21.563 (61,1%), acidente por animais peçonhentos 187.704 (37,0%), doença de chagas aguda 1.710 (59,0%), febre tifóide 2.729 (55,0%), sífilis em gestante 14.643 (55,0%), leishmaniose tegumentar americana 141.004 (52,9%), esquistossomose 178.501 (46,0%), paralisia flácida aguda 2.472 (43,0%), sífilis congênita 20.492 (42,0%), cólera 24 (40,0%), dengue 1.258,314 (28,0%), difteria 94 (33,0%), tétano acidental 1.818 (42,0%), tétano neonatal 55 (37,0%). Em termos absolutos, dengue foi a morbidade de maior notificação. Os dados ignorados, não preenchidos por raça/cor, totalizaram durante o período 2.482.387 (38,4%) dos registros. De modo geral, nota-se um aumento expressivo das notificações em 2004 (53.630 subnotificações), contudo observa-se aumento gradual entre 2005-2008, registrando em 2010, 326.896 subnotificações. Conclusão: destaca-se a importância das notificações dos casos e preenchimento do quesito raça/cor da pele, reconhecer o perfil epidemiológico das populações e fatores associados ao adoecimento. Evidencia-se a necessidade de ações
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programadas que considerem a universalidade, a integralidade e a equidade, e que observem as especificidades e vulnerabilidade da população negra. Palavras-chave: Morbidade; Sistemas de Informação; Raça; Saúde.
Representação Social da Sexualidade para Mulheres Profissionais do Sexo Maria da Soledade de Sousa Santos Resumo: A transição demográfica é um fenômeno que vem atingindo países em desenvolvimento desde o início do século XX, gerando uma modificação considerável no modo de pensar e representar as condutas, situações e atitudes mais diversas. Embora, nas últimas décadas, a pratica profissional de pessoas que laboram com a atividade sexual tenha sido estudada e compreendida sob uma perspectiva que aponta para ganhos, progressos e aperfeiçoamentos de capacidades biopsicossociais, não se pode desconsiderar que nessa atividade são encontrados relatos que apontam para uma simbiose acerca da atividade profissional e do âmbito idiossincrático dos sujeitos envolvidos nessa pratica. As experiências contribuem para a formação do conceito de sexualidade distorcidos gerando por vezes perdas que podem comprometer a autonomia, o autoconhecimento e a qualidade de vida dessa população e torná-la mais vulnerável a influências remotas, assim como, a postura negligente em relação à saúde física e emocional. O objetivo geral da presente pesquisa foi apreender as representações sociais sobre a sexualidade elaboradas por profissionais do sexo contatados na cidade de Santo Antônio de Jesus – Bahia- Brasil. Foi utilizada a abordagem psicossociológica de estudo proposta pela Teoria das Representações Sociais desenvolvida por Serge Moscovici. De acordo com o referido autor, o conhecimento do senso comum é produzido pelas representações que os indivíduos fazem da realidade e/ou dos fenômenos e objetos que compartilham socialmente e tem como finalidade a orientação de suas práticas e condutas. Desse modo, o estudo das representações sociais do fenômeno em questão permite dimensionar aspectos simbólicos do processo trabalho-subjetividade que poderão servir para aprimorar as práticas de elaboração, autoconhecimento e autonomia dos profissionais do sexo. Palavras-chave: Representações Sociais; Sexualidade; Profissionais.
Desigualdades Raciais e Trabalho Infanto-Juvenil: Análise de uma Experiência Ramiro Rodrigues Coni Santana Resumo: Esta pesquisa objetivou compreender quais fatores implicaram na inserção precoce de um indivíduo negro no trabalho, e se as desigualdades raciais estariam entre estes fatores, bem como, a partir do aporte teórico da Psicologia Histórico-cultural de Fernando Rey analisar os sentidos subjetivos, categoria de análise em Psicologia do aporte teórico mencionado, atribuídos pelo participante a sua experiência como trabalhador precoce e a sua pertença étnica negra. Empregando a Epistemologia Qualitativa em Psicologia na coleta e interpretação de dados através de recursos metodológicos como a conversação e o questionário sócio-demográfico compreendeu-se os modos como a pertença étnica e a experiência de trabalho na infância e juventude participaram dos processos de subjetivação integrando-se como núcleos de sentido nas configurações subjetivas do participante. Como sujeito negro numa sociedade de relações sociais racializadas como a brasileira o participante vivenciou situações de discriminação flagrante no trabalho na juventude, construindo mecanismos psicológicos de enfretamento a estas situações bem como mecanismos de fuga, como a negação da discriminação ou a tentativa de aludi-la. Esta capacidade de gerar alternativas frente as situações de discriminação apresentaram-se também no convívio familiar, onde o participante também esteve exposto a relações racializadas. A expressão das relações racializadas em diferentes contextos presente no relato do participante demonstra que os elementos de sentido de certos espaços sociais se relacionam com elementos de sentido de outros espaços sociais, como instâncias de uma mesma sociedade estes espaços se constituem e são constituídos por aspectos da subjetividade social. Palavras-chave: Trabalho Infanto-juvenil; Desigualdades Raciais; Psicologia Histórico-cultural.
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GT 06 - Desenvolvimento Local e Arranjo Socio-econômico Coordenador: Prof. Dr. Nilo Rosa—UEFS
“ Ele Queria Viver como Livre”: Espaços de Autonomia Escrava no Recôncavo Baiano (1850- 1871) Clíssio Santos Santana Resumo: Essa comunicação tem como objetivo, investigar as estratégias e os arranjos socioeconômicos desenvolvidos por escravizados/as na disputa, conquista e defesa de espaços de autonomia no Recôncavo baiano na segunda metade do século XIX (1850-1871). Neste trabalho, o conceito de autonomia está interligado com o de espaços, ou seja, por compreender que a própria experiência da escravidão não permitia ao sujeito escravizado uma autonomia plena, preferimos utilizar o conceito de espaços de autonomia. Esses espaços foram “brechas”, “fendas” criadas no dia –a- dia pelos escravos, na busca de minimizar as amarguras da vida sob o julgo do cativeiro. Para construção deste trabalho, lançaremos mão de uma documentação judiciária, especialmente inventários post-mortem e processos-crime, onde captamos escravos/as defendendo o “direito” de cultivar e vender suas roças e animais; participar de festejos públicos – batizados, entrudos-, formar família, e organizar noitadas de sambas nas pelas cidades do Recôncavo oitocentista. Desta forma, buscamos resgatar as experiências cotidianas desses sujeitos, na labuta por espaços –válvulas – de sobrevivência, no diaa-dia do cativeiro. Palavras-chave: Recôncavo Baiano; Cotidiano; Autonomia.
Tecendo a Rede de Cultura na Periferia: Contribuições da Pesquisa-ação no Movimento de Cultura Popular do Subúrbio Herbert Luis Santos da Silva Resumo: Práticas pedagógicas de uma associação situada no Subúrbio Ferroviário de Salvador, Bahia. Analisa as relações entre educação e cultura, formas de organização e cooperação em rede. Aborda sobre a Educação e Desenvolvimento Local como processos políticos potenciais para a transformação e emancipação social (FREIRE, 1987; GONH; 1995; SANTOS, 2000; SAVIANI, 2008). A pesquisa é realizada com a metodologia da pesquisa-ação para o desenvolvimento humano comunitário (BARBIER, 2002; DIONE, 2007). Palavras-chave: Movimento social; Associativismo; Sociedade Civil
Território em Construção: Relações Étnicas Entre o Bairro do Rosarinho em Cachoeira-BA e seu Entorno (1864-1900) Sara Pereira dos Santos Resumo: Esta pesquisa teve como objeto de estudo, a territorialização e formação do Bairro do Rosarinho em Cachoeira, por africanos e afrodescendentes no período de 1864 a 1900. O intuito foi perceber de que forma se empenharam na construção do território próximo ao centro urbano da cidade, em um contexto inicial de escravidão, e posteriormente, no pós-abolição. Através de relatos orais e análise de certidões de óbitos, subsidiada pela bibliografia selecionada conclui-se que no processo, o relacionamento com os demais bairros da cidade, foi de suma importância, baseado em laços identitários. Palavras-chave: Rosarinho, Territorialização, Relações Étnicas
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Desafios da Educação da Historia e Culturas Africanas e Afrodescendentes e Perspectivas de Desenvolvimento Prof. Dr. Luís Tomás Domingos Resumo: Os desafios da educação sobre os afrodescendentes são complexos na perspectiva do conceito de desenvolvimento contemporâneo. Historicamente as populações afrodescendentes foram interpeladas pelas diversas circunstancias: diferentes mundos, mentalidades e os diferentes períodos se sobrepõem e interferindo uns nos outros e, às vezes, se influenciando mutuamente e, nem sempre se completam localmente. E dificilmente se tornam acessíveis e compreensíveis para quem não mergulha no processo histórico da formação da sociedade brasileira conforme os espaços e tempo. As heranças das diversas culturas religiosas e filosóficas se interpelaram ao longo de séculos de historias. Encontra-se lado a lado o culto aos caboclos, cristianismo e a religião Africana tradicional, o culto dos ancestrais. E as relações “raciais” foram marcadas, fincadas e determinadas pelo processo desumanização com interesse da acumulação de riquezas materiais, a escravidão. O pensamento positivista e cartesiano se confronta com modo de pensar que procura o equilíbrio das forças do Universo e que convergem e confluem no ser humano na sua totalidade. A dialética Hegeliana se depara com uns dos princípios do pensamento Africano: complementaridade e participação. A filosofia da educação de tipo ocidental, portanto, combatendo a educação tradicional africana e perseguindo os iniciados e os detentores de saberes e do conhecimento tradicional, babálawó, babalorixá e yalorixá, etc. O pensamento não ocidental sempre foi considerado não racional primitivo, selvagem, etc. (Cf. MORGAN, 1877; LÉVI- BRUHL, 1910, 1922; NINA RODRIGUES, 1900, etc.). E as suas consequências das suas ideias estão ainda presentes na nossa sociedade contemporânea. O nosso trabalho pretende analisar: como reconciliar as diversas formas de educação e estar no mundo dos Afrodescendentes face aos imperativos e as dinâmicas no processo desenvolvimento econômicas locais e globais? Palavras-chave: Educação; Desenvolvimento; Diversidades de Culturas; Afrodescendentes.
Juventude e Aspiração ao Ensino Superior: Projetos de Vida, Sonhos e Incertezas Soraia Santos de Oliveira Resumo: O presente estudo tem como objetivo central conhecer e compreender as aspirações dos jovens do Ensino Médio em relação ao Ensino Superior, a partir de um estudo de caso numa escola estadual no município de AmargosaBA. Nesse sentido, a condição socioeconomica, o novo contexto social de politicas públicas de acesso ao ensino superior, os projetos de vida, e a própria condição juvenil são elementos fundamentais para compreensão da problematização das aspirações ao nível superior. Além disso, investiga-se a relação dos jovens com a escola, na busca de entrecruzar o entendimento da(s) juventude(s) com o contexto escolar. Para tanto, realizou-se inicialmente uma pesquisa exploratória com 52 jovens do 3º ano do Ensino Médio, e posteriormente foram realizadas 11 entrevistas semi-estruturadas. Os instrumentos de coleta de dados foram elaborados à luz dos objetivos do estudo e da aproximaçao com a realidade do campo de pesquisa. Na análise, o entrecruzamento entre os instrumentos utilizados para a coleta dos dados, sendo eles questionário e entrevistas, foram fundamentais para a compreenção e problematização das aspirações dos jovens ao ensino superior diante da hodierna conjuntura social, econômica e escolar. Os principais aportes téoricos utilizados nesse trabalho foram: Zago (2006,2008), Bourdieu (2008, 2009), Dayrell (1996, 2007, 2011), Nascimento (2010), Garcia ( 2009), Abramo ( 2010), Sposito (1996), Lahire (1997), Kuenzer (2000), Santos (2009) dentre outros. A pesquisa de campo revelou que os jovens em sua maioria aspiram ao Ensino Superior, entretanto, há aqueles que não elaboram projetos de vida baseados em metas para esse fim devido a falta de incentivo no presente marcada por desmotivaçoes escolares e até mesmo a ausencia de informações no contexto escolar sobre as politicas de acesso e permanencia no ensino superior, já que para muitos deles esse é o único local que poderiam ter conhecimento sobre essas questões. As incertezas quanto à área de atuação desejada, como também a dimensão do sonho identificada na primeira opção de curso de alguns jovens apontou a fragilidade da elaboração dos projetos de vida, sobretudo, na temporalidade diferenciada do presente estendido. Palavras-chave: Juventudes; Ensino Médio; Aspiração; Ensino Superior.
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GT 07 - Ciência e Tecnologia Coordenador: Coordenadores/as: Prof. Dr. Henrique Cunha Jr. - UFC– Prof. Ms. Lázaro Cunha - Steve Biko Educação Profissional no Estado Da Bahia: A Quem Interessa? Cláudia Góes Resumo: O presente trabalho versa sobre a Política Pública da Educação Profissional do Estado da Bahia e seu desenvolvimento para os jovens e os adultos trabalhadores que historicamente não tiveram oportunidade de obter uma qualificação profissional. O conjunto dessa Política Pública direcionou a Educação Profissional do estado a dar avanços a partir das demandas encontradas, verificadas através das pesquisas realizadas pela Secretaria de Educação do Estado da Bahia (SEC), com os jovens e adultos trabalhadores matriculados na rede pública estadual de ensino, compreendo a contingência e ligeireza em inserir-se no mundo do trabalho. Temos como objetivo principal evidenciar o processo de crescimento e concepção de trabalho como principio educativo da Educação Profissional do Estado da Bahia e o entendimento de Território de Identidade. Palavras-chave: Educação Profissional; Política Pública; Mundo do Trabalho; Território de Identidade; Desenvolvimento.
Tecnologia Social: Educação Profissional da Bahia e Alteridade na Vida dos Sujeitos Claudia Freitas Góes Ruy José Braga Duarte Resumo: O presente trabalho versa sobre a Política Pública da Educação Profissional do Estado da Bahia e a alteridade na vida dos jovens e os adultos trabalhadores que historicamente não tiveram oportunidade de obter uma qualificação profissional. Este pesquisa tem como proposta investigar a existência da práxis através do desenvolvimento de projetos com o foco em Tecnologia Social nos Cursos Técnicos nos Territórios de Identidade dos Centros de Educação Profissional do Estado da Bahia, e sua significativa alteridade na vida dos estudantes da escola pública, criando expectativa e possibilidades de ingressar no mundo do trabalho e fortalecimento do lugar que vivem. Resultando no conjunto da Política Pública que atualmente está direcionada a Educação Profissional do Estado, mostrando os avanços a partir das demandas encontradas, verificadas nas pesquisas realizadas pela Secretaria de Educação do Estado da Bahia (SEC), com os jovens e adultos trabalhadores matriculados na rede pública estadual de ensino, compreendo a contingência e ligeireza em inserir-se no mundo do trabalho. Temos como objetivo principal demonstrar o processo de desenvolvimento, crescimento, e alteridade que os sujeitos evidenciam durante a trajetória escolar, assim como a importância da concepção de trabalho como principio educativo da Educação Profissional do Estado da Bahia para o entendimento de Território de Identidade. Sabemos dos limites que este estudo apresenta, da parcialidade dos seus dados, entretanto o caminho percorrido, precisa ser reconhecido e validado nos escritos acadêmicos. Palavras-chave: Educação Profissional; Política Pública; Mundo do Trabalho; Território de Identidade, Desenvolvimento.
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Afro-ciborgues: Translocalidades da Memória Negro-Diaspórica do Movimento Hip Hop Jancleide Teixeira Góes Resumo: Este trabalho tem por objetivo analisar a apropriação do blog como um potente lugar de memória negradiaspórica. Desse modo, analisaremos o blog, “Gramática da Ira” com o intento de observar a representação de memória e identidade da comunidade cultural –hip hop. Para tal, utilizaremos: HALL acerca das questões de identidade (negra) na contemporaneidade; SOUZA sobre letramentos (tecnológicos); LÉVY para os debates sobre redes virtuais; GILROY para refletir a memória negrodiaspórica; MALBWACHS e NORA questões sobre os conceitos de lugares de memórias e de comunidade, entre outros. Palavras-chave: Internet; Hip Hop; Memória; Blog.
O Desenvolvimento da Tecnologia da Informação na África Contemporânea: Casos e Necessidade de Disseminação da Cultura Tecnológica Africana Thereza Olívia Rodrigues Soares Resumo: O presente trabalho tem por objetivo analisar casos da África contemporânea relacionados à produção científica e tecnológica no campo da tecnologia da informação, que tem se expandido nos últimos anos a ponto de o comércio eletrônico desenvolvido em países africanos tornar-se modelo de negócios para outros países. Observa-se, por exemplo, os empresários locais do Quênia que transformam telefones móveis e simples tecnologias em robustos sistemas comerciais, os projetos que tem sido desenvolvidos pelo Google em Nairóbi, e o programa DigiGirlsz, da Microsoft, desenhado para as meninas africanas desenvolverem carreiras em tecnologia. A pesquisa desses casos encontra-se no contexto do ensino da disciplina Gestão da Tecnologia da Informação em cursos de Sistemas de Informação e de Administração do ensino superior, cuja bibliografia encontra-se restrita aos casos americanos e europeus, o que reproduz a imagem que os africanos e afrobrasileiros não estariam relacionados a uma cultura tecnológica. Dessa forma, reflete-se sobre a necessidade do resgate histórico das descobertas dos africanos no campo da ciência e da tecnologia ao longo da formação intelectual do aluno nos meios formais de ensino, bem como aponta-se para a necessidade de materiais didáticos relativos ao tema para todos os níveis de educação e, finalmente, abre perspectivas de discussão para o papel das mídias sociais e da produção audiovisual acerca das representações sobre o continente africano veiculadas na produção audiovisual na África e na sua diáspora. Palavras-chave: Cultura Tecnológica africana; Tecnologia da Informação na África; África contemporânea.
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GT 08- Politicas de Ações Afirmativas e Relações Raciais Coordenadores/as: Profª.Ms. Lílian Almeida – UNEB – Profª. Ms. Maria Durvalina – Faculdade 2 de Julho – Profª. Ms. Rosangela Souza – UFRB - Prof. Ms. Romilson Souza – UNEB
Saberes Docentes Experienciais de Professoras Negras da Educação de Jovens e Adultos: Identidades, Memórias e Docência Lilian Almeida dos Santos Resumo: O artigo aborda os saberes docentes profissionais experienciais de quatro mulheres negras com enfoque nos processos de aprendizagem/conhecimentos construídos em suas Histórias de Vida. Direcionada pela metodologia autobiográfica, a pesquisa problematiza como as representações sociais discriminatórias e estereotípicas dentro do campo tríplice da raça, do gênero e da docência posicionam as docentes profissionalmente. Para compreender/interpretar os dados, utiliza-se a análise de conteúdo como instrumento de análise das narrativas autobiográficas de suas histórias de formação docente e de suas práticas pedagógicas enquanto docentes de turmas de EJA. Os dados advindos das falas das docentes revelam como suas memórias de formação docente, suas representações raciais e autorrepresentações de mulher negra - as categorias de análise – dialogam com suas formações de crenças, valores e atitudes sobre os sujeitos da EJA conectados com a docência nessa modalidade educacional. Nas revisões conclusivas do trabalho, os principais pontos enfatizados são a relevância da história de vida, do percurso formativo, das relações raciais e de gênero para a formação docente da EJA. Palavras-chave: Educação de jovens e adultos. Professoras negras. História de formação docente
A Afro-Brasilidade Literária: Recepção e Relevância Em Escolas Estaduais do Município de Jequié/BA Paula Jesus dos Santos Resumo: O ensino da diversidade étnica e cultural através da literatura afro-brasileiras tem como objetivo promover a valorização da diversidade étnica e cultural, incentivando o respeito às diferenças. Uma vez que, devem-se apresentar metodologias sobre o ensino da cultura afro-brasileiras, por meio de textos com ênfase nas questões sobre cidadania, direito e inclusão, levando em consideração também, os aspectos históricos, políticos, sociais e culturais. Neste trabalho, buscamos pesquisar a receptividade e a relevância da literatura afro-brasileira em escolas estaduais do município de Jequié – Bahia, posterior a implantação da Lei 10.639/03. Sabe-se que, o continente africano teve uma grande importância e participação na formação histórica, cultural e social da população brasileira. Entretanto, por muitos e longos anos esses aspectos foram rejeitados, a fim de construir uma identidade nacional disfarçada e equivocada. Devido ao passado de escravidão e negação do povo negro, o Brasil deixou arraigado na história dos ancestrais um passado de sofrimento e injustiças que perpassam toda geração da população afro-brasileira. Embora, tenham consciência do quanto é significativa a contribuição da África para os brasileiros, alguns ainda insistem em negar essa herança cultural. Analisamos, então, a recepção e importância desses textos literários e, qual a percepção dos(a) discentes diante dessa literatura, pós a alteração da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e implementação da Lei 10.639/03, conforme as propostas de interdisciplinaridade dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). Além disso, com base nos estudos antropológicos e culturais de Stuart Hall e Roque de Barros Laraia, procuramos observar as construções identitárias desses jovens e, por fim, realizar uma análise sobre a participação da literatura afro-brasileira em sua formação. Palavras-chave: Educação; Literatura; Cultura Afro-brasileira; Identidade.
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Educação Física Afro-Brasileira: “A Visão dos Professores da Área de Educação Física Sobre a Lei 10.639/2003” Felipe T. Barreto Marise de Santana Resumo: Se hoje incluímos a cultura africana e afro-brasileira no contexto da Educação Física Escolar, é porque nem sempre foi assim. Tal inclusão se dá a partir do dia 9 de Janeiro de 2003 com a implantação da Lei Nº. 10.639/03, que tornou obrigatório o ensino sobre a história e cultura africana e afro-brasileira nos estabelecimentos de ensino fundamental, médio e superior. A partir desta inclusão tornou-se necessária uma reflexão sobre a diversidade cultural e artística herdada do negro africano e o desenvolvimento de uma metodologia de ensino a partir de práticas culturais no contexto escolar no que tange o ensino da Educação Física. Neste sentido a presente pesquisa buscou investigar a visão dos professores que compõem a Área de Educação Física da UESB Campus de Jequié, acerca da lei 10.632/03. Através de uma Pesquisa qualitativa, de caráter empírico, mediante entrevistas semi-estruturadas, os entrevistados demonstram que apesar do pouco conhecimento sobre a Lei, existe em alguns destes, uma preocupação de mudança da realidade discriminatória apresentada pelas autoras Ivanildes Guedes Mattos (2006) e Vilma Aparecida de Pinho (2007), nas escolas. Ao final da pesquisa podemos concluir que existe a necessidade de um maior conhecimento e melhor compreensão sobre a temática, o que possibilitará o trabalho voltado para questões relacionadas à concepção da corporeidade negra, o fortalecimento das ações afirmativas e principalmente a erradicação do racismo. Palavras-chave Educação; Educação Física; Relações Étnico-raciais.
Perspectivas e Limitações Para Implementação de uma Educação Antirracista em Ipiaú Maicelma Maia Souza Resumo: Constitui-se um desafio para a escola atual erradicar, de forma responsável e compromissada, as construções racistas e discriminatórias reproduzidas cotidianamente dentro e fora deste ambiente educacional. Assim, o presente trabalho tem por objetivo analisar como tem se dado a aplicabilidade das Leis 10.639/03, a qual institui o Ensino da História e Cultura Africana e Afro-brasileiras na rede regular de ensino, e da 11.645/08, que acrescenta a esta obrigatoriedade o ensino da História e Cultura Indígena, no Sistema Municipal de Educação de Ipiaú. Nas escolas municipais não se encontram, de maneira acessível, materiais didáticos ou dados e informações que apontem estudos sobre a constituição do povo brasileiros a partir das três matrizes culturais (indígenas, africanas e europeias) e suas influências na região, porém o Conselho Municipal de Educação já instituiu uma portaria para implementação da lei 10.639/08 desde 2007. Então, a partir das diretrizes para implementação das mesmas, quais as ações estabelecidas pelo Sistema Municipal de Educação a fim de que os desafios cotidianos para o combate ao racismo nas escolas sejam superados? O que se tem feito para desconstruir as imagens criadas pela visão do colonizador sobre as histórias dos povos indígenas, africanos e afro-brasileiros, para além das datas comemorativas e/ou folclóricas? Esta pesquisa utiliza da etnografia como metodologia, pois considera que a cultura de cada sujeito entrevistado, sua trajetória de vida e sua interpretação sobre o mundo está diretamente relacionada com suas práticas sociais e profissionais. São objetos desta pesquisa os supervisores da educação básica e a secretária municipal de educação, reconhecendo nestas funções uma oportunidade de protagonizar iniciativas para qualidade educacional de todo o sistema e, diminuir as distâncias entre o que se diz e o que se faz sobre essas práticas, a fim de que a educação seja uma forma de intervenção no mundo, desenvolvendo novos comportamentos, em relação àqueles e àquelas que historicamente foram (e ainda são) alvos de injustiças, manifestadas diariamente. Palavras-chave: Educação; Culturas; Racismo; Práticas Pedagógicas.
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A Aplicação da Lei 10639/03 em Disciplinas da Área de Exatas Penélope de Melo Santos Resumo: O objetivo do artigo é mostrar a necessidade da aplicação da lei 10639 também ao ensino de disciplinas da área de exatas. Para isso serão analisados os livros didáticos da disciplina Química utilizados na rede pública de ensino do distrito federal, nas séries de 1ª, 2ª e 3ª ano. Pretendemos mostrar como a forma eurocêntrica e androcêntrica de apresentação dos conteúdos didáticos dessa matéria gera um ambiente de autoridade que naturaliza a exclusão da mulher negra. Palavras- Chave: Lei 10639; Ensino; Exclusão; Mulher negra
Programa Conexões de Saberes: Uma política de Ações Afirmativas na Universidade Federal da Bahia Marta Sueli Dos Santos Mota Resumo: Este artigo teve como tema o Programa Conexões de Saberes e as Políticas de Ações Afirmativas na Universidade Federal da Bahia. A despeito das Políticas de Ações afirmativas, preferiu-se relatar primordialmente seu histórico no âmbito internacional e nacional, destacando suas concepções e importância para os debates atuais. Assim, a pesquisa pautou-se da necessidade de compreender a historicidade, conceitos, objetivos para compreender sua correlação e interelação com o Programa Conexões de Saberes UFBA que é um programa de Ações Afirmativas que visa contribuir para o acesso e permanência de alunos cotistas, negros, de cursos distintos, oriundos de comunidades populares e com vulnerabilidade econômica na UFBA. O objetivo da pesquisa pautou-se em discutir a importância das Políticas de Ações Afirmativas e do programa Conexões de Saberes UFBA para seus atuais bolsistas e ex-alunos do cursinho Ação Comunidade Engenho Velho da Federação. Os resultados obtidos mostram que graduandos, ex-alunos do referido cursinho estão em universidades públicas e privadas de Salvador, com sentimento de pertença, empoderamento e autoestima nestes espaços anteriormente considerado elitizado. Palavras-chave: Ações Afirmativas, Conexões de Saberes, Universidade, Acesso e Permanência.
Do Desejo de Ser ao Sentimento de Pertença Ane Carine Conceição Rosas Elane Santana Nascimento Jackeline Shirley Barbosa da Luz Resumo A presente alínea é resultado das reflexões e análises de três alunas negras da Universidade Federal da Bahia, no curso de pedagogia, a cerca dos desafios da carreira acadêmica em confronto com a trajetória de vida e as características idiossincráticas que constitui a identidade de cada uma. Embora estas tenham experienciado contextos e vivências diversas, dentro e fora da academia, diante da falta de
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representatividade, nos espaços citados, as histórias dessas três mulheres negras se cruzaram. O que, essencialmente, integra essas três histórias foi o desejo e também a necessidade de fazer da academia um espaço potencializador das suas intelectualidades, todavia, sem negar as suas identidades. Uma vez que, entendendo um ato formativo como uma ação indvidual de reverberações coletivas era preciso encontrar na universidade um espaço de identificação e resposta às demandas sociais. Para isso as discentes buscaram, no contexto acadêmico, o convívio com intelectuais engajados na pesquisa e produção de conhecimento com responsabilidade social, que fizessem essas relações. O desejo de pertença, como sendo o ato de empoderamento, de cada uma das discentes em questão, foi o fator motivacional preponderante para que se tornasse possível tanto a construção de redes de identificação quanto uma unidade de causa para as produções acadêmico-científicas. Palavras-chave Identidade, academia, representatividade, empoderamento, produção,
Ações Afirmativas e Permanência de Estudantes Negros no Ensino Superior: Um Estudo na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia Luciene Rocha Benedito G. Eugenio Resumo: Este artigo propõe discutir quais os impactos das políticas institucionais para a garantia do acesso e da permanência de estudantes negros na UESB, em Vitória da Conquista. A partir de entrevistas semiestruturadas com cinco estudantes autodeclarados negros e cotistas da instituição, foram investigadas quais as estratégias formais e informais, materiais e simbólicas que estes estudantes utilizam/utilizaram para entrar e permanecer na universidade. Com base nesses relatos propomos, também, refletir sobre as ações afirmativas existentes na instituição e em que medida essas ações podem afetar a trajetória acadêmica de tais estudantes. Entendemos por permanência o período em o que o estudante desenvolve suas atividades acadêmicas, bem como os processos que ele utiliza para traçar sua trajetória na universidade. Para complementar as informações dadas pelos estudantes, valemo-nos dos dados sobre as ações afirmativas na UESB, implementadas a partir de 2008. Palavras–chave: Políticas institucionais; Permanência; Ações Afirmativas.
Diferenças Étnico-Raciais no Ambiente Escolar um Estudo de Caso em uma Escola Municipal da Cidade de Salvador/BA Iaci da Conceição da Purificação Resumo: A presente pesquisa buscou investigar e compreender como alunos e professores das séries iniciais de uma escola municipal da cidade de Salvador/BA lidam com as diferenças étnico-raciais no ambiente escolar. Questionamos a existência de conflitos raciais quando se observa a relação professor/aluno e aluno/aluno e as formas, nem sempre sutis, de como esses conflitos se manifestam. Para isso, foi realizado um levantamento teórico, realizado com extensa pesquisa bibliográfica, que nos forneceu o embasamento necessário para a discussão dos resultados encontrados. Apresenta abordagem qualitativa, sendo os principais instrumentos utilizados para coleta de dados a observação participante, a realização de entrevistas e a análise de atividades didáticas. Como resultados das análises dos dados constatamos que
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muitos problemas presentes na sociedade, como o racismo, o preconceito e as discriminações de bases raciais também se manifestam dentro da escola assumindo configurações próprias que afetam a vida de toda comunidade escolar. Além disso, notamos a inexistência, no cotidiano escolar, de ações que contemplem as necessidades específicas de alunos e alunas negras, como também, um reconhecimento da diversidade racial que abra espaço para a reflexão e o respeito às diferenças raciais. Concluímos que a atuação dos professores frente às questões raciais encontra-se bastante superficial, faltando ações voltadas para promoção de uma educação antirracista. Palavras-chave: Relações étnico-raciais; Racismo; Preconceito; Discriminação Racial; Educação antirracista.
Reflexões sobre a Implementação da Lei 10.639/03 em Amargosa/BA Caliane Costa dos Santos da Conceição Jéssica de Jesus Almeida Jaqueline de Souza Barreto Santos Resumo: Tendo em vista a importância da história e cultura negra e africana na formação da sociedade brasileira, o presente trabalho refletirá sobre os aspectos relativos ao processo de implementação da Lei 10.639/03, em salas de aula do ensino fundamental II, em escolas da rede pública de ensino no município de Amargosa/BA. Para nós, a implementação da referida possibilitará o indivíduo a conhecer e respeitar a diversidade existente em nossa sociedade, e, de forma especial a etnicorracial, como algo presente e marcante em nosso cotidiano. Assim, a partir dos diálogos travados com os agentes pedagógicos, as discussões em torno da lei permitirão a construção de um espaço em que as diferenças e os diferentes sejam valorizados. Para tanto, faremos uma reflexão acerca da educação no município de Amargosa, procurando compreender as mudanças curriculares ocorridas no município para atender as orientações das Diretrizes Curriculares para a Educação das Relações Étnico-raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana. Palavras-chave: Lei 10639/03; Espaço Escolar; Currículo.
Da Negação para o Negro Ser: Implicações e Possibilidades das Politicas de Ações Afirmativas na Educação Básica Carlos Adriano da Silva Oliveira Resumo: O artigo objetiva refletir acerca das Políticas de Ações Afirmativas na educação básica, enfatizando implicações e possibilidades da implementação da Lei 10.639/03 no (re)conhecimento da identidade etnicorracial negra. O aporte metodológico configurou-se por pesquisa qualitativa e estudo de caso do tipo etnográfico com observação direta, aplicação de questionários e grupos focais. Constatou-se nas representações de alunos/as a necessidade de mobilizar práticas compromissadas com a valorização da identidade etnicorracial negra em detrimento de um contexto de estereótipos que geram sua negação. Palavras-Chave: Educação – Relações Étnico-Raciais – Identidades.
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O Negro e sua Trajetória no Sistema Educacional Jardelina Garcia Santana Jamili Sousa Costa Luma Silva Matos Resumo: Este artigo tem como objetivo discutir sobre a trajetória do negro no sistema educacional. A história do negro no Brasil não significou passividade nem apatia, mas sim, luta e organização, pois, diante dos limites impostos ao africano escravizado, os esforços na luta pela liberdade manifestavam coragem e a indignação diante da escravidão e não a passividade. (MUNANGA e GOMES, 2006, p. 26). Faz-se necessário entender que os meios utilizados para não contemplar a população negra na educação tiveram suas primeiras expressões em meados do século XIX pelo amparo da lei. O Decreto nº 1.331, de 17 de fevereiro de 1854, estabelecia que nas “escolas públicas do país não fosse admitidos escravos, e a previsão de instrução para adultos negros dependia da disponibilidade de professores”. O Decreto nº 7.031-A, de 6 de setembro de 1878, “estabelecia que os negros só podiam estudar no período noturno”. Diversas estratégias foram montadas no sentido de impedir o acesso pleno dessa população aos bancos escolares. (BRASIL, 2005, p.7). O brasileiro, de um modo geral, sabe muito pouco a respeito do afrodescendente, ou que sabe esta repleta de ideias preconceituosas. Nosso conhecimento, por exemplo, começa na entrada do negro no Brasil, como escravizado, mercadoria, descalço, seminu e selvagem. É conhecido de poucos, a história do africano livre, senhor de sua vida, produtor de sua cultura, á época dos grandes reinos e impérios na África Pré-Colonial. Faz-se necessário desmontar as inverdades e omissões, desnaturalizar os preconceitos e construir uma nação multirracial, justa e democrática. Palavras-chave: Escola- Afrodescendente - Omissões- Preconceito
Lei 10.639 de 9 de Janeiro de 2003 e lei 11.645 de 10 de Maio de 2008: Um Novo Olhar sobre a Educação Afro-brasileira, Africana e Indígena nas Escolas Ana Lúcia da Ressurreição Santos Cind Nascimento Silva Carlos Henrique Barbosa Santos Resumo: Objetivou-se neste trabalho empreender discussões de que trata das as Leis 10.639 de nove de janeiro de 2003 e 11.645 de dez de maio de 2008, identificando os aspectos relevantes para a educação e a sociedade, no que concerne refletir sobre a prática pedagógica em sala de aula acerca dos temas. Busca-se compreender se os professores estão realmente preparados para esse debate: Como se processa o ensino da cultura e história afrobrasileiras, africanas e indígenas e como elas se relacionam em frente às massificadas barreiras que se fazem presentes para o desenvolvimento e conhecimento amplo sobre as mesmas? E entre outros, de algum modo, buscaremos valorizar a inserção desses conhecimentos nas escolas de forma autocrítica e reflexiva. Num primeiro momento busca-se uma breve descrição acerca das referidas leis, a saber, do que as mesmas se referem quanto à inserção da história e cultura desses povos. No segundo momento, pretende-se discutir a formação docente para o ensino desta temática. E, por fim, destacaremos a importância do trabalho com a cultura e história afro-brasileiras, africanas e indígenas nas escolas e em nossa sociedade. Durante muito tempo esses conteúdos não tiveram espaço para discussão e debate nas escolas, deixando de disponibilizar aos alunos fatos importantes sobre a constituição do Brasil, e pondo ao esquecimento as contribuições desses sujeitos para a formação do nosso país. Deve-se ter em mente que a escola é o lugar de construção, não só do conhecimento, mas também da identidade, da construção dos valores, de afetos, afinal, é onde o ser humano, sem deixar de ser o que é se molda de acordo com sua sociedade e assim concretiza alianças que alicerçam o seu desenvolvimento como um todo e passa a reconhecer os seus espaços através das verdadeiras raízes.
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Compreendemos que apesar das legislações apontarem o dever de se trabalhar essas questões em sala de aula, o ensino das mesmas ainda se efetiva de forma precária, por falta de capacitação para os docentes e em alguns casos o reconhecimento da relevância social que as culturas afro-brasileiras, africanas e indígenas possuem. Palavras-chave: Cultura. História afro-brasileira e indígenas. Formação de professores. Prática pedagógica.
Implantação das Diretrizes da EJA e das Diretrizes Curriculares para a Inclusão da História e Cultura Afro-Brasileira e Africana Cleonice Brandão Silva Luciane Santana Sousa Resumo: O trabalho é resultado de um relatório de pesquisa apresentado ao componente Currículo, vinculado à Matriz Curricular do Curso de Licenciatura em Pedagogia do Centro de Formação de Professores (CFP) da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). Onde abordamos as políticas e práticas concernentes às Diretrizes Curriculares para Educação de Jovens e Adultos (EJA), contrastando-as com as Diretrizes para a Inclusão da História e Cultura Afro-Brasileira e Africana (Lei 10.639/03). A pesquisa teve como objetivos: Analisar como estão sendo implantadas as Diretrizes Curriculares da EJA e as Diretrizes para a Inclusão da História e Cultura Afro-Brasileira e Africana (Lei 10.639/03) no currículo de uma escola estadual do município Amargosa- BA e Apresentar as percepções/ compreensões dos estudantes e professores no que concerne às experiências de implantação dessas Diretrizes Curriculares. A metodologia utilizada foi um breve estudo de caso numa escola pública no município de Amargosa- BA, com o propósito de produzir dados qualitativos relativos ao tema, para tal utilizamos questionários fechados e questionários semiabertos aplicados junto aos professores e alunos da EJA. Diante do que foi pesquisado, entendemos que em parte a temática: Diretrizes Curriculares para a Inclusão da História e Cultura Afro-Brasileira e Africana (Lei. 10639/03), aparece como tema transversal. No entanto ficou claro que para os professores, esta temática precisa ser melhor trabalhada (esclarecida). Uma das professoras explicou que a temática só apareceu no 3º Festival das Nações Oficiais e influenciadas pela língua inglesa e Aquarela Cultural, evento que aconteceu na própria escola. No entanto as Diretrizes da EJA e as Diretrizes Curriculares para a Inclusão da História e Cultura Afro-Brasileira e Africana (Lei. 10639/03) não estão presente no cotidiano da escola pesquisada, uma das hipóteses levantadas com base nos questionários é o fato das Diretrizes Curriculares serem implantadas recentemente. Palavras-chave: Alunos; Diretrizes Curriculares; Professores.
Relações Etnicorraciais na Educação de Pessoas Jovens e Adultas: Um Estudo das Práticas Pedagógicas Docentes Cristiane Vilas Bôas Santos José Jackson Reis dos Santos Resumo: Este trabalho apresenta uma pesquisa em andamento, desenvolvida junto ao Programa de Pesquisa e PósGraduação em Educação – Mestrado da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Propomos compreender o processo de constituição do habitus professoral de docentes que realizaram sua formação no curso de especialização sobre a Educação para as Relações Etnicorraciais desenvolvido na Universidade Estadual de Santa Cruz, (UESC), em 2006-2007. Nesse cenário este objeto de pesquisa está voltado para investigar as práticas pedagógicas de 08 docentes que realizaram esse curso e atuam na Educação de Pessoas Jovens e Adultas, nos municípios de Ilhéus e Itabuna, sul da Bahia. Como procedimentos metodológicos, serão
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utilizados questionários, e entrevistas buscando coletar os dados para análises posteriores. Esperamos que a discussão sobre educação das relações étnicorraciais, nos oportunizem novos fazeres pedagógicos e experiências para outras propostas curriculares que atendam a uma educação multicultural. Palavras-chave: Habitus professoral. Prática pedagógica. Relações étnicorraciais.
Entre “Iracema” e o “Dragão do Mar”: Políticas Públicas para Populações Indígenas e Negras no Ceará Debora Nascimento de Sousa Resumo: Mesmo com um significativo avanço no debate sobre políticas públicas, percebe-se uma carência de ações afirmativas no recorte raça/cor/etnia no ensino fundamental e médio cearense, o que nos leva a pensar se os projetos nas esferas municipais e estaduais são realmente capazes de trazer inclusão social de crianças e jovens. O trabalho proposto visa apresentar o estado da arte das políticas públicas educacionais no ensino médio para populações negras e indígenas na região, bem como inserir o debate sobre relações étnicorraciais e a noção de equidade. Palavras-Chave: Jovens, Indígenas, Negros Ceará, Políticas Públicas, Educação, Equidade.
O Grupo de Trabalho Psicologia e Relações Raciais: Formação Crítica e Engajamento Político Djean Ribeiro dos Santos Tainan Silva da Purificação Edlamar de Jesus França Shirley Evelyn Vasconcelos da Silva Veridiana Silva Machado Narla Denise Rodrigues Fernandes Resumo Atualmente o Sistema Conselhos de Psicologia vem ampliando os espaços de discussão e produção de referenciais que contemplam não só o tema relações raciais, mas também outros ligados aos Direitos Humanos e à atuação de psicólogas (os) no campo das Políticas Públicas. Influenciado por esta nova concepção do Sistema Conselhos, e pela ideia de que raça se constrói socialmente, nasce o Grupo de Trabalho Psicologia e Relações Raciais (GTPRR) do Conselho Regional de Psicologia 3ª Região - Seção Bahia em 2007, com a intenção de analisar como e onde se expressam os privilégios dos brancos e a exclusão social dos negros, as representações sociais destes grupos, assim como investigar as relações étnico-raciais entre negros, brancos, indígenas e mestiços. O presente trabalho apresenta o relato de experiência do GTPRR enquanto uma estratégia formativa para a produção e disseminação de conhecimentos que envolvem as questões raciais, sua atuação dentro e fora do sistema conselhos e o modus operandis do grupo, o qual privilegia aspectos como: participação de estudantes, profissionais da psicologia e de outras áreas; horizontalidade das relações; instituição de um espaço democrático de fala e de ações em que as decisões são tomadas e deliberadas no coletivo; respeito às diferenças; e relações cooperativas e solidárias, conforme princípios teóricometodológicos da Pedagogia de Paulo Freire, uma das referências do GT. As abordagens teórico-críticas de pesquisa qualitativa, como a de Freire, fundamentam as ações do grupo. Essas abordagens objetivam capturar aspectos da realidade, na sua dimensão política como também da subjetividade dos sujeitos envolvidos; desenvolvem uma crítica interna ou análises rigorosas da argumentação e do método, considerando que os métodos científicos são construídos historicamente, a partir de valores sociais e relações políticas muitas vezes
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camufladas pelos discursos científicos. Essas abordagens possuem em comum a ideia de que se os valores estão presentes em qualquer investigação, cabe questionarmos a quem estas investigações servem. Desse modo, a pesquisa é um ato político. O GT desenvolve atividades diversas tais como: Reuniões Semanais para decisões e deliberações sobre os trabalhos do grupo; Grupo de estudos; cine-debates; cursos; participação em eventos acadêmicos; e representação dentro e fora do sistema conselhos de Psicologia contribuindo com mapeamento e avaliação de trabalhos e projetos, emitindo também posicionamentos via notas de apoio e notas técnicas. O GTPRR é hoje um dos articuladores da temática das Relações Raciais a partir do olhar da Psicologia e dos Direitos Humanos na Bahia. As articulações para a construção do Encontro Nacional de Psicólogas (os) Negras(os) e Pesquisadoras(es) das Relações Raciais e Subjetividades evidenciam a preocupação deste grupo em efetivar discussões ativas e transformações nas mais diversas ordens de atuação dos profissionais da Psicologia e demais áreas parceiras. Ademais, tem deixado um legado na formação de estudantes e profissionais da Psicologia que participaram e participam do grupo, qual seja a do compromisso social. Palavras – chave: Psicologia; Relações Raciais; Formação Crítica; Engajamento
Afirmação: Acesso e Permanência de Jovens de Comunidades Negras Rurais no Ensino Superior Dyane Brito Reis Resumo Os primeiros anos deste século são marcados pela adoção, pelo Estado Brasileiro, de Políticas Afirmativas em educação. Atualmente há uma lei (12.711/2012) sancionada pela presidenta Dilma Rousseff, que prevê cotas sociais nas universidades públicas. De modo geral é grande a defasagem, entre alunos negros e não negros acumulada ao longo da escola primária e secundária, e fortalecida pelas desigualdades sociais. Embora valorosa, as estratégias de acesso não são suficientes, são necessárias também, estratégias que assegurem a permanência bem-sucedida destes jovens negros no ensino superior. O que pretendemos erigir aqui é uma investigação que tem como objetivo analisar como as Políticas Institucionais e as Estratégias Informais de Permanência têm sido elaboradas e/ou incorporadas pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia e qual o significado material e simbólico desta permanência. Entendemos permanência como o ato de continuar que permita não só a constância do indivíduo, mas também a possibilidade de existência com seus pares. Sendo a primeira permanência material caracterizada pelas condições objetivas de existência do estudante na universidade (comer, vestir, comprar material, etc.) e a segunda permanência simbólica, diz respeito às possibilidades que os estudantes têm de vivenciar a universidade, identificar-se com o grupo dos demais estudantes, ser reconhecido por estes e, portanto, pertencer ao grupo. (REIS; 2009). Utilizamos nesta pesquisa uma abordagem quali-quanti. Na abordagem quantitativa, estão sendo mensurados, com o auxílio do instrumento de pesquisa, os dados relativos à classe social, identidade racial, noções sobre ações afirmativas; sistema de cotas; permanência na universidade e militância política. Também estão sendo coletados dados secundários sobre ingresso, evasão, desempenho, conclusão, etc. disponibilizados pelos setores competentes da UFRB. Na abordagem qualitativa, buscamos ouvir as narrativas dos estudantes da UFRB, no que tange à sua permanência material e simbólica na Universidade. No ano de 2012 obtivemos os primeiros resultados da pesquisa empírica e o perfil da permanência tem sido o de estudante negro, em geral o primeiro a ingressar na Universidade pública interiorizada, com renda familiar de até 3 salários mínimos, uma parte significativa destes entrevistados possui algum tipo de bolsa permanência e em muitos casos a bolsa é principal renda familiar. Outra parte destes entrevistados elaboram diversas estratégias informais com o intuito de permanecer na Universidade, tais estratégias vão dos arranjos familiares à cooperação entre colegas. Palavras-chave Permanência; Comunidades Negras; Ensino Superior; Políticas Afirmativas.
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Os Aspectos Socioeducacionais na Vulnerabilidade Juvenil: Exclusão pelo Racismo Eliana da Silva Neiva Brito
Resumo: Este artigo, baseado no trabalho escolar da vulnerabilidade juvenil, apresenta reflexões pedagógicas sobre as formas sutis de racismo, desde o Brasil colônia até os nossos dias; que contribuem efetivamente para a consolidação da exclusão/inclusão social, que certamente é um dos principais motivos para, principalmente os negros, chegarem ao nível de vulneráveis socioeducacionais. Algumas representações humanas crendo na sua superioridade, sejam elas religiosas, políticas ou econômicas, se insurgem sobre os demais incitando o confronto, e fazendo surgir o racismo e preconceito; justificando muitas vezes as atitudes discriminatórias e de perseguição aos tidos “inferiores”. Assim foi também justificada a Escravidão no Brasil. Augusto Werneck cita o texto de Raimundo Fauro em sua explanação ao Congresso: “Foi um holocausto negro, em 300 anos. O grande valor, a grande mercadoria do Brasil colonial não foi o gado, não foi o café, não foi o ouro. A grande mercadoria foi o negro”. Porém, este foi apenas o início do martírio e genocídio negro. Não só fomos mortos e explorados; mas ao final da “dita” Libertação dos Escravos em 1888, a maioria dos negros foram mandados embora dos engenhos somente com a roupa do corpo. E se viram, odiados, marginalizados, sem oportunidade de emprego e nem aceitos em nenhuma unidade escolar. Sem falar no branqueamento seletivo, um conceito pós-escravidão, no Brasil. Temos assim o início das desigualdades sociais no Brasil. Palavras-chave: Escravidão; Racismo; Vulnerabilidade Juvenil; Exclusão
Relações Étnicorraciais na Pré-escola: Uma Questão de Reflexão Irane Sales Bispo Resumo: Este trabalho é fruto do resultado de uma pesquisa de conclusão do curso de Especialização Lato Sensu, em Educação e Diversidade Étnico-cultural da Universidade do Sudoeste da Bahia- UESB, Campus de Vitória da Conquista. Tomando como base o princípio de que a pré-escola é um dos primeiros espaços de socialização da criança, em que ocorre a construção de valores, comportamentos e atitudes, este artigo tem como objetivo discutir como são trabalhadas as questões que envolvem as relações étnicorraciais no contexto da pré-escola, salientado a necessidade da discussão em torno da educação para as relações étnicorraciais desde a infância. Enfatiza a questão étnicorracial no contexto da educação infantil, com o propósito de contribuir para uma reflexão em torno do preconceito e da discriminação racial que são construídos contra as crianças negras no âmbito escolar. As reflexões e discussões foram construídas a partir da Lei n.10.639/2003 das Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Brasileira que dimensiona o ensino de História da África e Cultura Afro-Brasileira no currículo escolar, tornando-o obrigatório na educação básica. Para tanto, esta pesquisa caracteriza-se como um estudo de caso desenvolvido em uma pré-escola pública situada no povoado denominado Km 100, na cidade de Brejões- BA. Palavras-chave: Pré-escola; Relações Étnicorraciais; Lei n.10.639/2003.
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A Incidência da Discriminação Étnica em Crianças Negras em Idade Escolar e as Consequências para sua Formação Integral Evani Sampaio Santos Marise de Santana Resumo: O presente trabalho vem trazer uma discussão muito pertinente sobre questões relacionadas ao cotidiano das crianças negras no espaço escolar e os desafios que as mesmas enfrentam em seu dia-a-dia, dentro e fora deste espaço. Discutirá a respeito das relações inter e intrapessoais de vários os sujeitos envolvidos neste espaço, e tem como objetivo verificar as incidências de discriminação étnica sofrida por alunos em idade escolar, sobretudo por crianças negras, que são praticados por outros alunos, por professores e por demais profissionais da educação. Serão utilizadas bibliografias que versam sobre o tema, tornando-se necessário algumas reflexões através de estudos de autores que versam sobre o tema e questões adjacentes, bem como uma pesquisa de campo com os sujeitos envolvidos. É indispensável que os currículos e livros escolares estejam isentos de qualquer conteúdo racista ou de intolerância e, mais do que isso, é indispensável que família e escola reflitam, em sua plenitude, as contribuições dos diversos grupos étnicos para a formação do sujeito e da sua cultura. Ignorar essas contribuições ou não lhes dar o devido reconhecimento é também uma forma de discriminação. Palavras-chave: Alunos, Escola, Negros, Discriminação, Racismo.
A Luta Histórica do Movimento Negro e Educação para as Relações Étnico-Raciais numa Perspectiva Multicultural Ivanilda Amado Cardoso Resumo: A presente pesquisa tem como objetivo geral analisar os planos de ensino (ementas, programas) e os projetos políticos pedagógicos da UNESP- Marília, com vistas à educação das relações étnico-raciais. O recorte cronológico de análise é de 1963 a 2011. A ênfase de análise é direcionada às disciplinas a partir de 2003 por se tratar do ano em que foi sancionada a lei 10.639/03 que torna obrigatório o ensino da história e cultura africana e afro-brasileira em todo sistema de ensino brasileiro. Tal formulação é decorrente da concepção de que o currículo é construído socialmente e os seus conteúdos e demais projetos institucionais estruturam o pensamento e a prática docente. Trata-se de uma pesquisa de abordagem histórica e documental, quanto às fontes. Para a realização da etapa de análise dos aspectos sistematizados, utilizamos o método de análise dos aspectos da configuração textual. Para atingir os objetivos e subsidiar a análise dos documentos, organizamos a pesquisa em e três eixos de discussões teóricas, a saber: Eixo I – Currículo; Eixo II – Conceitos operativos: raça, racismo, discriminação racial e preconceito racial, com base no entendimento de que o conceito de raça é categoria social, que influencia os processos educacionais; Eixo III – sobre a trajetória histórica de luta do movimento social negro pelo acesso à educação e valorização da história e cultura africana e afro-brasileira na escola. Nesta comunicação apresento os resultados parciais das discussões desenvolvidas no Eixo III, sobre o percurso reivindicações históricas do movimento negro e descrevo alguns aspectos da Lei n. 10.639/03 e da Resolução n.1, de 10 de junho de 2004, destacando os trechos que versam sobre as atribuições das instituições superiores, articulando com alguns pressupostos da pedagogia multicultural. Constatamos que movimento negro ao longo de sua luta histórica pautou a educação como campo de fundamental importância para a superação da condição subalternizada, a qual os negros estavam submetidos, essa frente de luta ocasionou interferências significativas nos dispositivos legais que regulamentam e instituem diretrizes para a educação básica e a formação de professores/as no Brasil. Atualmente a formação de professores/as tem sido evidenciada como campo fundamental na luta por uma educação antirracista. Sendo assim, defendemos que os currículos dos cursos de licenciaturas e de formação inicial e continuada de professores/as devem ser orientados numa perspectiva do multiculturalismo crítico que contemple, amplamente, nos projetos políticos
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pedagógicos, nos planos de ensinos e, ao longo de toda formação, conteúdo, metodologias, práticas e discussões teóricas acerca da dinâmica do racismo, possibilitando a compreensão dos termos e conceitos presente no debate sobre relações étnico/raciais e, também, o conhecimento das reivindicações históricas dos movimentos sociais negros e dispositivos legais que instituem diretrizes e orientações educacionais. Palavras-chaves, movimento negro; lei 10.639/03; formação de professores/as; multiculturalismo
As Cores dos Discursos em Sala de Aula: Reflexos dos Preconceitos Linguístico e Racial Diluídos nas Interações de Ensino e Aprendizagem Jackson Santos de Jesus Resumo: Este trabalho é resultado parcial da investigação que buscou compreender possíveis relações entre o preconceito linguístico e o racial em sala de aula. A pesquisa foi realizada em três escolas estaduais, localizadas na cidade de Alagoinhas, Bahia, selecionadas a partir de critérios que buscaram contemplar a representatividade quanti\qualitativa do sistema escolar público e a regularidade dentro da heterogeneidade, no que concerne às variedades linguísticas locais. O aporte teórico-metodológico utilizado foi a Análise de Discurso e a Etnografia, esta última expressa através de observações presenciais em aulas; principalmente as de língua portuguesa. A escolha do marco teórico se deu por sua relação com a noção de linguagem, elemento crucial na mediação de todas as experiências humanas. Tomando-se como unidade básica para a análise a interação linguística situada: diálogos acompanhados da descrição de seus contextos situacionais e, ao mesmo tempo relacionados com questões linguísticas e raciais, buscou-se compreender como se apresentam tais relações, bem como seus possíveis efeitos no contexto pedagógico. O resultado, não conclusivo, apontou para o reconhecimento da coexistência da relação/tensão entre o preconceito linguístico e racial no espaço escolar, que nas observações se apresentaram de forma semelhante à vivenciada pela sociedade brasileira diante do mito da democracia racial: diluída, disfarçada e a todo tempo negada. Palavras-chave Discurso. Educação. Identidades. Relações étnico-raciais.
Políticas Afirmativas: Aspectos Institucionais da Educação Júnio de Jesus dos Santos Elton Freitas de Oliveira Jairo de Jesus Santos Resumo: Esse artigo trata-se das problemáticas que envolvem as discussões sobre as materializações dos processos de institucionalização das políticas afirmativas no território brasileiro. O objetivo principal da pesquisa é compreender as políticas afirmativas no âmbito educacional brasileiro. Para o desenvolvimento e uma melhor compreensão da pesquisa, adotaram-se alguns procedimentos metodológicos no intuito de atingir os objetivos proposto: inicialmente fez-se o levantamento bibliográfico de alguns autores clássicos e contemporâneos, havendo a realização de fichamentos e a confecção de resenhas e Resumos. Por conseguinte, foi feito a delimitação do problema e da problemática de estudo. Posteriormente, realizou-se pesquisa em sites de Instituições Públicas. Conclui que as políticas afirmativas é uma política de compensação e reparação social e racial instrumentalizada pelo o Estado. As políticas afirmativas são ações que visam minimizar os impactos das estratégias de classes, efetivadas historicamente e através das ideologias constitucionais. Palavras-chave Ações afirmativas; Desigualdades sociais; Estado.
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O Educar Para as Relações Étnicorraciais: Um Estudo das Práticas Pedagógicas dos Orientadores Sociais no Programa PETI do Município de Jequié/BA Janine Barbosa de Souza Resumo: Este trabalho visa publicizar o resultado da pesquisa de Especialização em Educação e Diversidade, realizada no Programa de Pós-Graduação da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, concluída em 2012. Pautada nas reflexões acerca das relações raciais no Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, doravante PETI, no município de Jequié-BA. O objetivo central foi investigar as práticas pedagógicas dos orientadores sociais no trato com as relações étnicorracial, a fim de entender a seguinte questão: Como os orientadores sociais do Programa PETI trata a questão das Relações Etnicorraciais em suas práticas pedagógicas? Para responder a questão em foco, propomos investigar as práticas pedagógicas dos orientadores sociais no trato com as relações étnicorraciais, tomando como base observações do cotidiano via o currículo praticado. As bases teórico-epistemológicas e metodológicas deste estudo se encontram ancoradas e fundamentadas na epistemologia qualitativa, consubstanciadas no estudo de caso. Optamos pelo estudo de caso de por entender que ele possibilita conhecer/compreender as ações pedagógicas no cotidiano desenvolvidas pelos orientadores sociais do Programa PETI. Os procedimentos de construção dos dados foram análise documental, entrevistas semi-estruturadas e observação. Como referencial teórico, foram utilizados os estudos desenvolvidos sobre as relações raciais a partir da vertente teórica de Nilma Lino Gomes (2005), Santos (2007), Petronilha Silva (2007), Munanga (2008), Cavalleiro (2008), dentre outros. Destacamos que a dimensão de educar para relações étnicorraciais deve estar pautada na perspectiva de um comprometimento com um projeto de concepção de sociedade, de homem e de mundo que contemple as diferenças e considerem as culturas silenciadas e negadas nos currículos. Palavras-chave: Relações Étnicorraciais. Práticas Pedagógicas. Programa PETI.
Cultura Quilombola Versus Ranços da Sociedade Escravista no Curriculo: Desafios para a Educação Formal de Escolas Urbanas do Alto Sertão da Bahia Jaqueline Santana Resumo: Este trabalho traz explicita dados parciais de estudo realizado no Grupo de Pesquisa “História e Historiografia da Educação no Alto Sertão da Bahia”, na sua Linha de Pesquisa “Educação Quilombola e Linguagens”, realizados no Campus VI da Universidade do Estado da Bahia. Ele discute o tratamento dado pela instituição educativa urbana de séries finais de ensino fundamental aos estudantes oriundos de comunidades quilombolas rurais e como o currículo instituído atende às demandas de tais sujeitos, em conformidade com o que está proposto na Lei 10639/03 e nas Diretrizes Curriculares para a Educação das Relações Étnicorraciais. Pretendese, assim, contribuir para a reflexão acerca da prática pedagógica em realidades similares, bem como fornecer instrumentos para aproximar escola e comunidade. Para tanto, utiliza-se, como método, o estudo de caso, e como campo, uma escola que oferta as séries finais do ensino fundamental na zona urbana do município de Tanque Novo, Alto Sertão da Bahia. Os sujeitos desta investigação foram os discentes oriundos de três comunidades quilombolas desse município. Como pressupostos teóricos, além da teoria que trata da educação quilombola e da educação étnicorracial, aparecem os estudos de Paulo Freire, que falam do papel da leitura de mundo para a formação do sujeito. Do mesmo modo, estudos de teóricos do currículo são fundamentais na discussão acerca da implementação de políticas afirmativas educacionais direcionadas a quilombolas. Esperase, com tal discussão, promover discussões no âmbito das escolas urbanas da região do Alto Sertão baiano que atendem a quilombolas, para, desse modo, fomentar a construção de políticas públicas apropriadas para esse público. Palavras-chave: Políticas Públicas Educacionais; Educação Quilombola; Currículo.
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Questão Racial e Pauperismo Jéssica Dantas de Medeiros Resumo: Este trabalho é resultado de uma pesquisa científica de cunho qualitativo, na área do Serviço Social, sobre a problemática racial no Brasil. Apreendida a partir da análise das categorias de exploração e pauperismo, constructos analíticos fundamentais para crítica das estruturas sociais vigentes, constatamos que a questão racial se assenta em contradições sociais e raciais necessárias à reprodução da sociedade do capital. Um dos principais objetivos dessa investigação foi analisar a questão racial, a partir do desvelamento das condições objetivas de vida da população negra no país, sedimentadas no pauperismo, cujas evidências vem sendo historicamente, camufladas pelo sustentáculo ideo-conservador do que a sociologia crítica brasileira denominou de “mito da democracia racial”. Para tanto, como recurso teórico-metodológico realizamos uma revisão bibliográfica, bem como uma análise crítica de dados estatísticos, acerca da população brasileira, os quais auxiliaram na apreensão e reflexão sobre as problemáticas raciais e seus determinantes sociais, tendo em vista a pesquisa sobre a relação entre a questão racial e o pauperismo no Brasil. Os resultados mostram que as desigualdades raciais existentes no país estão ligadas diretamente ao pauperismo da população negra no Brasil, podendo ser compreendida como resultado de uma formação sócio-histórica brasileira fundada nas crueldades e abusos legitimados pelo regime escravocrata deste o tempo da colonização, sendo fomentada pelo desenvolvimento da sociabilidade capitalista, a qual vem utilizando a reatualização do racismo como meio de atender suas necessidades, tendo repercussões até os dias atuais. Apresentamos ainda uma breve análise das expressões do movimento negro, formas de resistência e luta da população negra frente às desigualdades raciais que incidem no preconceito e discriminação racial e de cor postas nas condições objetivas e subjetivas de vida da população negra pauperizada. Por isso, ratificamos, ainda que contraditoriamente, dado os limites e desafios que perpassam as políticas públicas, a necessidade de ampliação e consolidação de políticas universais, bem como de ações afirmativas, no enfrentamento à questão racial. Nesse sentido, compreendemos que a organização coletiva expressa por muitas lutas e resistências se constitui na principal maneira de superar as problemáticas raciais, a qual deve ser pautada na crítica às bases que produzem e reproduzem as desigualdades sociais e, consequentemente, as opressões raciais. Palavras-chave: Questão Racial; Pauperismo; Capitalismo; Movimentos Sociais; Políticas Sociais Afirmativas.
Reflexões sobre a Implementação da Lei 10.639/03 em Amargosa/BA Jéssica de Jesus Almeida Jaqueline de Souza Barreto Santos Caliane Costa dos Santos da Conceição Resumo: Tendo em vista a importância da história e cultura negra e africana na formação da sociedade brasileira, o presente trabalho refletirá sobre os aspectos relativos ao processo de implementação da Lei 10.639/03, em salas de aula do ensino fundamental II, em escolas da rede pública de ensino no município de Amargosa/BA. Para nós, a implementação da referida possibilitará o indivíduo a conhecer e respeitar a diversidade existente em nossa sociedade, e, de forma especial a etnicorracial, como algo presente e marcante em nosso cotidiano. Assim, a partir dos diálogos travados com os agentes pedagógicos, as discussões em torno da lei permitirão a construção de um espaço em que as diferenças e os diferentes
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sejam valorizados. Para tanto, faremos uma reflexão acerca da educação no município de Amargosa, procurando compreender as mudanças curriculares ocorridas no município para atender as orientações das Diretrizes Curriculares para a Educação das Relações Étnico-raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana. Palavras-chave: Lei 10639/03; Espaço Escolar; Currículo.
As Políticas de Permanência no Centro de Formação de Professores – CFP da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia-UFRB: Sujeitos, Pertencimento e Protagonismo Jolane Mota Alves da Cruz Resumo: A presente pesquisa “As Políticas de Permanência no Centro de Formação de Professores – CFP da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia-UFRB. Sujeitos: Pertencimento e Protagonismo” consiste em um estudo de caso, que visa investigar as políticas de permanência adotada pelo CFP/UFRB no período de 2008-2010. Mais especificamente, compreender como essas políticas podem contribuir para abrandar as desigualdades sócias raciais na academia, e o papel dos movimentos sociais na construção das políticas afirmativas para o ensino superior público para os afrodescendentes no Brasil. No que tange os instrumentos de coletas de dados usados foram feitas entrevistas semiestruturadas, análise de documentos oficias, entre outros. O que possibilitou desenhar o perfil dos estudantes do programa de permanência do CFP/UFRB e compreender como essa políticas de permanência adotadas pelo CFP vem contribuindo no combate as desigualdades sócias raciais na academia. Entretanto, sinalizam para a necessidade de aprofundar o estudo sobre a questão da permanência das comunidades negras no ensino superior público na Bahia. Palavras-chave: Educação Superior Pública; Políticas Afirmativas; Equidade.
Quem vai fazer o cafezinho? Uma avaliação da implantação da política de cotas na UFPB José Antônio Novaes da silva Resumo: As Políticas de Ações Afirmativas, no ensino superior brasileiro, tornaram-se realidade a partir das iniciativas da UNEB e UEMS em 2002, e UERJ em 2003. A implantação em outras Instituições de Ensino Superior foi lenta e acompanhada de intensos debates que ora oscilavam em torno da inconstitucionalidade ora em torno do discurso da meritocracia. Na UFPB, as primeiras discussões voltadas para adoção destas políticas inclusivas datam de 2002, contudo a aprovação apenas foi conquistada em abril de 2010, após intensas articulações que envolveram os Movimentos Negro, Estudantil e Social, docentes e o Ministério Público Federal. A Resolução 09/2010/Consepe implantou as Cotas Sociais com recorte racial, (negros/as e indígenas). No primeiro ano de vigência, 2011, o percentual inicial foi de 25% e, paulatinamente, atingiriam os 45% em 2014. O presente trabalho objetiva analisar as políticas de cotas no âmbito da UFPB, visando verificar a alteração da presença de estudantes negros antes e depois da implantação das mesmas na instituição. O estudo foi desenvolvido empregando-se uma metodologia de análise quantitativa, a partir de uma planilha de Excel, disponibilizada pelo Núcleo de Processamento de Dados da UFPB, e que contém informações sobre os estudantes matriculados, entre 2008 e 2012, sendo os resultados obtidos por meio da ferramenta de filtragem. Neste período o percentual de discentes brancas, oriundas de escolas particulares, declinou de 25,8% para 23,1%. Já o de negras,
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provenientes da rede pública, de 18,1% atingiu os 33,4%. A porcentagem de homens brancos, vindos da rede particular aumentou de 25,8% para 32,1%, já os estudantes negros procedentes da rede pública saltaram de 18,1% para 33,4%. Dos 11 Centros de ensino dois, CEAR e CEBIOTEC, ainda não apresentavam cotistas. Os dados mostram o incremento de discentes negros/as oriundos/as de escolas públicas, mas os percentuais permanecem abaixo dos estipulados pela Resolução, tornando urgente uma maior divulgação da mesma. Palavras-chave: Ações Afirmativas; UFPB; Políticas de inclusão.
Cultura, Currículo, Diversidade Étnicorracial e Interculturalidade: Algumas Proposições José Valdir Jesus de Santana Marise de Santana Resumo: O que pretendemos, neste artigo, é refletir acerca da relação entre cultura, currículo e diversidade étnicorracial, no sentido de pensarmos e interrogarmos, colocando sob escrutínio o campo curricular e o conhecimento escolar, tendo em vista as demandas trazidas pela Lei 10.639/03, que introduz a obrigatoriedade do ensino de História da África e Cultura Afro-Brasileira nos sistemas de ensino da educação básica de nosso país. Nesse sentido, interessa-nos interrogar o campo do currículo e, consequentemente, a educação escolar, no trato político pedagógico da diversidade étnicorracial; interessa-nos, ainda, refletir acerca da potencialidade de uma educação intercultural, em que as diferentes matrizes culturais que compõem a sociedade brasileira, com suas epistemologias próprias, possam construir um diálogo mais simétrico e, portanto, de maior respeito e valorização da diferença cultural que, no limite, produzam subjetividades descolonizadas. Ademais, as reflexões apresentadas neste trabalho são fruto de pesquisas que temos desenvolvido no Órgão de Educação e Relações Étnicas (ODEERE) e no Grupo de Pesquisa em Educação e Relações Étnicas: saberes e práticas dos Legados Africanos, Indígenas e Quilombolas (UESB/CNPQ). Palavras-chave: Cultura; Currículo; Diversidade étnicorracial; Interculturalidade.
Narrativas dos Profissionais da Atenção Primária Sobre a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra. Josenaide Engracia dos Santos Giovanna Cristina Siqueira Santos Resumo: A questão etnicorracial tem sido objeto de políticas, o Conselho Nacional de Saúde aprovou, em novembro de 2006, a Política Nacional de Saúde da População Negra. Compreender os sentidos da política de saúde da população negra para profissionais de saúde. Política não é responsabilidade social; fruto de discriminação e concessão de privilégios. Temáticas apresentadas são as mesmas que circulam e são compartilhadas pelos que vivem e interagem no dia a dia, relacionado ao mito da democracia racial que todos são iguais. Palavras-chave: Políticas de Saúde; Discriminação; População Negra
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Cotas para Negros nas Universidades Lenna Mayara Rodrigues de Barros Resumo: De forma enfática, irei expor os posicionamentos favoráveis e contrários à respeito das políticas de ação afirmativa destinadas ao negro, especificamente, as cotas na universidade. Avaliando o desempenho desse aluno/cotista, entendendo o que ele pensa e como vê essa forma de ingresso, analisando qual a verdadeira intenção do governo ao aprovar ações como essa. Ponho em destaque a história do povo negro e como se deu sua chegada ao Brasil, abordando o desrespeito e a crueldade com que foram tratados, menciono o processo de discriminação e pré-conceito instaurado pela sociedade como forma de coerção, fazendo-os se sentir diminuídos e não pertencentes à sociedade. Relato o início do processo de “inclusão” dos negros na sociedade e as lutas por políticas destinadas a eles, que objetivam o respeito e a autonomia, resgatando sua cultura e identidade. Analiso os modos de constituição do sujeito-cotista através dos diversos documentos oficiais que tratam do sistema de cotas, especificamente o Projeto de Lei das Cotas (2004), o Estatuto da Igualdade Racial (2010) e a Resolução CONEPE 2004. Meu objetivo é entender como os discursos contra e a favor produzem efeitos que materializam a discriminação, visando quem é esse sujeito-cotista, qual seu posicionamento à respeito dessa forma de ingresso, ampliando descobrir a verdadeira intenção do governo ao implantar ações como essa, e quais serão as futuras medidas, uma vez que esta ação tem data de término. Palavras-chave: Ação Afirmativa; Inclusão Racial; Ensino Superior. “Fala, Professora!”: As Relações Etnicorraciais no Processo de Escolha do Livro Didático na Escola Lívia Jéssica Messias de Almeida Maria Rita Santos Resumo: O presente trabalho analisa os discursos raciais no processo de escolha do livro didático na escola de oito docentes de uma escola municipal de Itabuna-BA, respondendo a seguinte questão: Qual lugar das relações étnicorraciais no processo de escolha do livro didático na escola?”. Para concretizar tal proposta, utilizamos questionário e sessões de grupo focal como instrumentos de pesquisa, além do aporte metodológico da Análise do discurso de Linha Francesa para o tratamento dos discursos. Ao longo das sequências discursivas, as professoras apontaram a falta de formação para educação das relações étnicorraciais como um fator condicionante para não abordarem os critérios relativos a temática no processo de escolha, uma vez que a maioria afirmou a importância de se considerar tais critérios, entretanto não sabia que deveria considerá-los já que nunca foram considerados nos processos de escolha da instituição antecedentes. Nesse sentido, a falta de formação específica continua sendo apontada pelas professoras como o fator principal das dificuldades enfrentadas, sendo visível a insegurança ao tratar das relações étnicorraciais nos discursos. Além disso, as professoras enfatizaram que não receberam qualquer indicação do MEC ou da Secretaria Municipal de Educação para a escolha de livros que contemplem a Lei 10.639/03, apenas a indicação de que livro didático deve ser escolhido pela escola. Portanto, foi possível visualizar contradições entre a consciência do desenvolvimento de um trabalho voltado relações étnicorraciais e o próprio preconceito explicitado e assumido, num diagnóstico em que as professoras se encontram em estágio de transição, buscando construir um novo habitus a partir da consciência de que não podem reproduzir e legitimar posicionamentos que marginalizam e excluem diariamente alunos/as negros/as nos espaços escolares. Palavras-chave: Discursos Raciais. Processo de Escolha do Livro didático na Escola; Professora.
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Acesso à Universidade: (Re) memoranças e Identidades Culturais de Educadores (as) Negros (as) do Pré-universitário para Afrodescendentes (PREAFRO) Lívia Jéssica Messias de Almeida Maria Rita Santos Resumo: Este trabalho estuda as trajetórias (auto) biográficas de educadoras do Pré-universitário para Afrodescendentes (PREAFRO), mulheres negras, oriundas de escolas públicas, que ingressaram na Universidade por meio do PREAFRO, com o objetivo de identificar as formas de acesso ao ensino superior; participação em atividades extracurriculares e dificuldades enfrentadas pelas referidas educadoras no período da graduação. Para tanto, duas indagações suscitaram a discussão, quais sejam: Quem são as educadoras? Como se deu a experiência do acesso a Universidade? O (PREAFRO) é um movimento social de educação não formal, situado em um bairro periférico no município de Itabuna, sul da Bahia, que desde 2005 se organiza voluntariamente para promover a universidade. Atualmente, funciona em dois núcleos em espaços cedidos por escolas municipais em Itabuna, distribuídos em bairros periféricos. O interesse principal dessa pesquisa decorre da vivência educativa nesse espaço, onde atuo como coordenadora e professora em caráter voluntário, razão pela qual, percebo o poder transformador que esse tipo de ação exerce na trajetória desses estudantes, modificando positivamente as suas vidas. Tais transformações acontecem por diversos fatores, entre os quais a atuação dessas educadoras que estudaram no cursinho, foram aprovadas no vestibular da UESC e atualmente ministram aulas para exercer um “papel ativo, propositivo e interativo” (GOHN, 2009, p.17). Contribuindo para promover a “aprendizagem política dos direitos dos indivíduos enquanto cidadãos” (GOHN, 2009, p.4), mesmo porque não se atém tão somente aos conteúdos do vestibular, e “tem como pressuposto básico, uma concepção de educação que não se restringe ao aprendizado de conteúdos específicos transmitidos através de técnicas e instrumentos do processo pedagógico” (GOHN, 2009 p.17). Ao exercer esse dever do retorno, as educadoras tornam-se referenciais positivos para aqueles que tentam ingressar na universidade, razão pela qual investigar suas trajetórias torna-se justificável. Palavras-chave: Mulheres negras; Periferia; Ensino Superior.
Políticas de Ações Afirmativas adotadas pelo IFBA: Da exclusão à Inclusão? Maurício Sousa Matos Resumo: O presente trabalho propõe avaliar as Políticas de Ações Afirmativas adotadas pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA), campus Vitória da Conquista, no período de 2009 a 2013 na modalidade integrada de ensino. No ano de 2006 o IFBA adotou a política de cotas, em 2012 se adequa à Lei 12.711/12 (Lei de Cotas), entretanto, em 07 (sete) anos de políticas de ações afirmativas, inclusive com uma Política de Assistência Estudantil, verifica-se que os dados institucionais que avaliam e quantificam o acesso e permanência dos estudantes negros, indígenas, deficientes, de escola pública e de baixa renda, bem como o acompanhamento dos egressos e o aumento qualitativo e quantitativo das vagas, em sua maioria ainda são insuficientes ou até mesmo inexistentes. Nesse sentido, toda e qualquer ação e intervenção que verse sobre o conhecimento e a avaliação das ações afirmativas adotadas pelo IFBA são válidas. Logo, como avaliar a eficácia do sistema de cotas se não possuímos dados precisos que a subsidiem? Desta forma a análise se deu inicialmente com o diagnóstico de como se estabeleceu o 64
sistema de cotas em 2006, em seguida com o confronto entre o censo estudantil (cor/raça, gênero, renda per capita) com o censo IBGE (cor/raça, gênero, renda per capita), conseguiu-se determinar o perfil dos cotistas e não-cotistas na modalidade integrada, além dos perfis e índices de média acadêmica, reprovação, evasão e abandono (dos cotistas e não-cotistas), observou-se também a taxa de formação e o acompanhamento dos egressos, por fim se apresenta ao IFBA o prognóstico da Política de Ações Afirmativas, e consequentemente da Política de Assistência Estudantil, visando o estabelecimento institucional de análises periódicas com vista ao acesso, permanência e conclusão de forma íntegra e humana dos estudantes, bem como a ampliação das políticas atuais. Palavras-chave: Ações Afirmativas. IFBA. Cotas. Diversidade. Inclusão.
Da Educação básica à Educação Superior: Desafios que Permeiam essa Trajetória Narla Denise Rodrigues Fernandes Resumo: O presente trabalho pretende mostrar como o ensino superior é central na dinâmica do desenvolvimento econômico e social das sociedades. Nos últimos tempos, o debate sobre a inserção dos jovens na vida econômica, acadêmica, social e cultural se tornou um dos principais temas das politicas para a juventude no Brasil. Entretanto, apesar do relativo volume de reflexões em torno dessa temática, as estratégias voltadas para esse segmento não se encontrar devidamente articuladas, restritas a um elenco de programas que ainda não podem ser considerados como verdadeiras politicas públicas. Mesmo sendo tratadas com relativas imprecisão, as ações do governo federal, avançaram, em especial no que concerne ao acesso de jovens de origem popular ao ensino superior. O estudos do OVE/UFBA conferem ao professor e as famílias, esse papel seja decisivo, na medida em que o apelo para que o jovem ingresse no mundo do trabalho, colide com a iniciativa de prosseguimento da sua formação. Palavras-chave Trajetória Educacional; Políticas Públicas; Ensino Superior.
A História e Cultura Africana e Afro-Brasileira na Formação do Pedagogo: um estudo dos fluxogramas de instituições privadas de ensino superior da Cidade do Salvador Nívia Bomfim Queiroz Rodrigues Resumo: Este artigo busca compreender o lugar da História e Cultura Africana e Afro-brasileira nos currículos dos cursos de Pedagogia de Instituições de Ensino Superior privadas da capital baiana. Para tanto foram recolhidos fluxogramas destes cursos; alguns foram retirados das páginas das faculdades na internet outros só foram possíveis retirar presencialmente. A metodologia utilizada foi a pesquisa documental, pois se mostrava mais adequada para a análise de dados. Os estudos evidenciam o abismo entre a Lei 10.639 e a prática na formação do Pedagogo. Na análise fica explicito a não preocupação com o preparo docente para a prática pedagógica da obrigatoriedade da aplicação da Lei acima apresentada. Tendo em vista que somente algumas instituições dispõe na sua matriz curricular o interesse em promover a discussão e o preparo para formação dos docentes no contexto da História da Cultura Africana e AfroBrasileira, esta constatação nos remete a seguinte questão: como estão sendo preparados estes docentes no que diz respeito à educação das relações étnico-raciais? Palavras-chave: História e Cultura Africana e Afro-brasileira; Formação do Pedagogo; Lei 10.639.
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O Corpo Negro em Performance No Exercício da Docência: Outras Possibilidades para Lei 10.639/03 Paloma Santana Pereira Resumo: Este estudo pretende apresentar o protagonismo discursivo do corpo negro, mais especificamente do cabelo crespo modelado em penteados afro, enquanto linguagem nos processos de subjetivação e para a ressignificação da identidade negra de professoras na educação básica. O percurso metodológico utilizado foi a análise bibliográfica, atual fase em que se encontra a pesquisa de mestrado em andamento no Programa de Pós Graduação em Crítica Cultural da Universidade do Estado da Bahia, intitulada “Teu cabelo não nega”: um estudo sobre as identidades negras de professoras na educação básica. Desta forma, considerando-se o lócus de enunciação da docência e as possibilidades que se conformam a partir da lei 10.639/03, buscou-se evidenciar as tensões que envolvem estes corpos e como eles atuam enquanto sujeitos ativos na des(re)construção de sua representatividade. Palavras-Chave: Lei 10.639; Identidade Negra; Professoras Negras; Cabelo Crespo; Subjetivação.
Ditos Populares, Piadas e Preconceitos na Escola Luciene Rocha Benedito G. Eugenio Resumo: Este resumo apresenta a proposta de pesquisa em andamento no curso de Especialização em Antropologia com ênfase em Culturas Afro-brasileiras, oferecido pelo Órgão de Educação e Relações Étnicas (ODEERE), da UESB. O objetivo é investigar a relação dos ditos e piadas com o preconceito racial em uma turma de alunos da 1ª série do ensino médio, turno noturno, do Colégio Estadual Professor Aloísio Dias - CEJAD, em Mutuípe. É com o intuito de promover momentos de reflexão e análise sobre os ditos e piadas racistas usadas no espaço escolar, que se propõe investigar esses ditos para saber se se configura uma ideia preconceituosa em relação aos negros e também identificar a presença de rotulações voltadas para os alunos negros, já que a turma escolhida é formada por maioria de estudantes que trabalham no diurno, em que parte deles mora na zona rural e ainda possuem a defasagem de idade/série. O preconceito representa um requisito de destaque para a manutenção da discriminação étnica, visto que um indivíduo preconceituoso não aceita, positivamente, o contato social com todos os outros tipos humanos, por isso há necessidade de fortalecer práticas pedagógicas que contribuam para a educação das relações étnicorraciais. Para realização deste trabalho, valemo-nos de categorias da sociolinguística (POSSENTI, 2001; BAGNO, 1999 e 2001), de noções como etnicidade, legado africano, cultura, relações raciais na escola, tomando como base os seguintes autores: Marise de Santana, Mary Garcia Castro, Renísia Cristina Garcia, John B. Thompson e Paulo Freire. Palavras-chave Piadas Racistas; Negro; Identidade; Relações Raciais.
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Formação Docente para as Relações Étnico-raciais: Estudo com Cursistas da Extensão do ODEERE Vanusa S. Nogueira Resumo: O presente estudo trata-se de um trabalho de final de curso da Especialização em Antropologia com Ênfase em Culturas Afro-Brasileiras da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), aborda a temática da formação docente para as relações étnico-raciais, especificamente com os cursistas de extensão do Órgão de Educação e Relações Étnicas com Ênfase em Culturas Afro-Brasileiras (ODEERE). A maioria dos professores ainda encontra diversas dificuldades em trabalhar com a cultura afro-brasileira, principalmente pelas deficiências de sua formação inicial, em que a discussão sobre as questões raciais sempre foram tratadas de forma ineficiente no currículo. Dentro desta perspectiva, partimos do pressuposto de que os professores em sua maioria fazem os cursos de extensão para adquirir conhecimentos sobre as relações étnico-raciais, o que significa uma melhor qualificação profissional e incide na progressão funcional enquanto educador. Sendo assim, o trabalho tem como problemática saber o que realmente levam os docentes a participarem dos cursos do ODEERE. E como objetivo pretendemos analisar o crescente interesse dos docentes em participar dos cursos de extensão oferecidos pelo ODEERE. Quanto à metodologia, é de cunho descritivo e de natureza qualitativa. Como procedimentos metodológicos utilizaremos questionários e entrevistas com os discentes dos cursos de extensão do ODEERE no município de Jequié/BA. Palavras chave: Formação Docente; Relações Étnico-raciais; ODEERE.
A Inserção das Relações Étnico-raciais na Educação de Jovens e Adultos Rosangela Couto Oliveira Resumo: O presente trabalho tem por objetivo estabelecer uma reflexão acerca das identidades étnico-raciais na Educação de Jovens e Adultos (EJA) visando conhecer como se mostra esta identidade e como a mesma se manifesta no espaço do Colégio Municipal Professora Alíria Argolo Pereira localizado no bairro Mandacaru na cidade de Jequié (BA). Conhecer o perfil identitário desses alunos e alunas no que se refere ao seu pertencimento racial, suas especificidades e como esses elementos culturais chegam ao espaço escolar e como este se manifesta diante da Lei 10.639/2003. Pensar no espaço da EJA é refletir o quanto a nossa sociedade é excludente, o quanto é demonstrada as desigualdades e ao mesmo tempo sua diversidade onde os valores que cada um traz ao espaço escolar é muitas vezes sufocado pela não aceitação do outro onde as relações de poder são sintetizadas através da supervalorização da cultura de um em detrimento da cultura do outro a partir de um discurso europeizado daí a necessidade de se buscar e conhecer a identidade destes alunos e alunas que compõe a EJA suas especificidades e diferenças numa perspectiva etnicorracial. Palavras-chave: Diversidade; Cultura; Identidade Étnico-racial; Pertencimento; EJA.
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Ações Afirmativas nas Universidades: A Formação do Professor como Agente de Combate ao Racismo Dentro das Escolas Taís da Silva Fernandes Cristian Sales de Souza Resumo: A Universidade, como um ambiente de discussão que visa à produção de conhecimento, é responsável pela preparação e formação de profissionais para a área de trabalho. A formação de professores no ambiente acadêmico, a nosso ver, é de extrema importância na sociedade, visto que a qualidade desta formação refletirá na formação de outras pessoas, ou seja, de nossos futuros estudantes. Dessa forma, pensamos que o professor pode ser ou não um agente de combate ao racismo dentro das escolas. Através da minha experiência como graduanda em Letras, da Universidade do Estado da Bahia- UNEB, Campus XVI- Irecê - Bahia, em contato com a disciplina Literatura e Cultura Afrobrasileira, permito-me, a partir desse lugar que ocupo, realizar algumas reflexões sobre as ações afirmativas dentro da universidade. Trago ainda para este trabalho minhas experiências como estudante em dois momentos distintos. Além disso, com base nestas vivências, reflito sobre questões relacionadas à formação dos professores para educação básica. Palavras-chave: Universidade; Ações Afirmativas; Formação de Professores; Educação Básica; Racismo
Pipa – Projeto Intervenções em Psicologia em Ações Afirmativas Taíse dos Anjos Santos Resumo: Com a efetivação da lei de obrigatoriedade do ensino da Cultura Africana e Afro-Brasileira nas escolas (n° 10.639 promulgada em 10/01/2003), procura-se mudar não apenas os conteúdos, mas o olhar e os sentidos dados a diversidade etnicorracial. Nesta perspectiva muitas práticas “alternativas” podem ser desenvolvidas através de parcerias com professores, coordenadores e todos aqueles que estão ligados à instituição, a partir da demanda observada. Neste sentido, entende-se que a Psicologia pode oferecer opções para que o sujeito possa ressignificar os aspectos psicológicos associados à discriminação racial, na medida em que se envolve em práticas de cunho social, debatendo sobre relações raciais. As atitudes e relação que permeiam e decorrem na instituição escolar refletem na vida pessoal e social dos componentes da mesma e, por isso a realização de atividades em que sejam desenvolvidas o senso crítico nos aluno(a)s e educadore(a)s é importante. A escola é um preditor de destinos profissionais e ocupacionais e de trajetória de vida, possuindo um grande influenciador de vida social e intrapsíquica, podendo ser um desencadeador ou um entrave ao seu pleno desenvolvimento. Quando a escola tem a consciência da existência do preconceito, e promove atividades, debates envolvendo estes assuntos, a prática tende a desconstruir estigmas dentre eles o do racismo, na tentativa de uma construção e estabelecimento de relações mais saudáveis e respeitosas. Desta forma, surge o projeto PIPA (projeto de intervenção com políticas afirmativas em Psicologia com os seguintes objetivos do projeto seriam: desenvolver atividades direcionadas aos professores, a fim de proporcionar uma consciência crítica do papel do educador, junto as suas possibilidades como multiplicadores do cumprimento da lei 10.639; instigar nos profissionais e alunos da instituição reflexões sobre o racismo; elaborar ações que possibilitem o fortalecimento do auto-conceito de alunos e integrantes da instituição de ensino. Palavras-chave: Educação: Psicologia; Cultura Afro-brasileira e Africana; Relações Raciais
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Alguns relatos e breves reflexões sobre o impacto do ingresso do primeiro membro de famílias negras na universidade. Maria Durvalina C. Santos Resumo: Este artigo apresenta a partir de relatos de estudantes negros e negras que inauguram em suas famílias o acesso ao ensino superior, ou que estavam sobre a perspectiva de tornarem-se os primeiros das suas famílias a ingressarem na universidade, problematização sobre quais os impactos na representação social das famílias negras com o primeiro ingresso de um de seus membros na universidade, com o objetivo de identificar como as políticas de acesso e de permanência no ensino superior podem contribuir com o combate as conseqüências do racismo na educação, e as desigualdades socioraciais, tendo como circunstancia dessa pesquisa os relatos de estudantes, egressos e egressas de pré-vestibulares que compõem o FOQUIBA – Fórum dos Quilombos Educacionais da Bahia, num encontro realizado no Instituto Steve Biko, onde reunimos em um só evento no mês de março a celebração do Dia Internacional da Mulher, Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial, oportunidade em que apresento o projeto de pesquisa do curso de doutorado, que tem como sujeito mulheres egressas desses pré-vestibulares, estando reunidos e reunidas mulheres e homens estudantes, egressas e egressos para mais uma vez pensar sobre os impactos da educação em nossas vidas, e é recorrente nos relatos das jovens e dos jovens o depoimento que eram os primeiros e as primeiras de suas famílias a ingressarem na universidade, como foi também recorrente o depoimento de que passaram a verem-se e serem visto de forma positiva no aspecto cognitivo, e influenciaram na forma de outros membros da família passar a verem-se, determinando mudanças significativas nas projeções e projetos da famílias e até da comunidade, evidenciando o alcance da educação afirmativa produzida nesses pré-vestibulares, na medida em que se fazem presentes nos discursos declarações que a crença em si e em seus pares começa a ser construída a partir do processo formativo que acontece dentro dos pré-vestibulares. Palavras chaves: Família negra; Pré-vestibular; Educação Afirmativa; Acesso a universidade.
Educação para além do olhar Anunciação Silva Resumo: Este estudo refere-se à experiência como docente da Plataforma Freire, região do sisal. Lecionando a disciplina estágio supervisionado lecionar esta disciplina possibilitou-me, dentre outra coisas, adentrar comunidades e povoados, com escolas públicas de contextos etnicorraciais distantes aos quais até então desconhecia. Com efeito, gradativamente reeduquei meu olhar, desconstruir conceitos e preconceitos, passei a conhecer e a questionar, e principalmente, respeitar algumas inquietações que a cultura local me apresentava como características “normal” e recorrentes nas praticas docentes das escolas das comunidades visitadas, de negão da diversidade étnico racial entre as crianças da educação infantil e do ensino fundamental I. Partindo desse princípio, passei a ver e perceber sutilezas e detalhes dos diferentes sujeitos e situações até então “desconhecidos” ultrapassando o olhar imediatista e apolítico. Com efeito, aprendi a enxergar as entrelinhas firmando um passo para além do olhar e da percepção imediata. Entendo que o estado de permanente aprendência seja característica da prática docente, e nela a informação e o conhecimento ocupam uma posição de centralidade nas diversas relações inclusive no contexto das relações etnicorraciais. Palavras-chave: Educação; Diversidade Étnico-Racial
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GT 09 Poder Gênero Raça: Desafios Coordenadores/as: Profª Drª. Ana Cláudia Pacheco – UNEB - Prof. Dr. Cloves Luiz Pereira - UFBA Mulher Negra: O Corpo Que Não Cala Viviane dos Santos Santana Resumo: A presente pesquisa trata se de um trabalho de cunho teórico, tendo como objetivo compreender o conceito de corpo, e suas representações sociais buscando estabelecer um diálogo com as questões de gênero e raça. Bem como identificar como o corpo da mulher negra é visto e tratado socialmente, a dificuldade de ser mulher e negra em uma sociedade marcada pelo racismo e sexismo. Tendo como aportes teóricos DAOLIO (2006), GOMES (2011), PINTO(2008), etc. Concluindo, que o corpo da mulher negra, sofre, sexismo e racismo, ou seja, dupla discriminação por raça e gênero. Palavras- chave: Mulher; Negra; Corpo.
Poder da Afirmação Antônio Marcos Moreira as Silva Resumo: Definiremos o conceito de Afirmação, no cruzamento das áreas de linguística e filosofia, relacionando Nietzsche e Derrida. Consideramos o ressentimento dos movimentos de minoria como impedimento à ação afirmativa. Alguns discursos condenam a homofobia utilizando recursos retóricos homofóbicos. O ressentimento impede a afirmação porque vincula a diferença a uma lei anterior do igual. Desconstruiremos essa lei anterior, mapeando os conceitos para projetar ações mais afirmativas contra o preconceito. Palavras-chave: Afirmação; Filosofia; Homofobia
O Super Negão no País dos Estereótipos (ou A Fantástica Máquina de Sexo) Daniel dos Santos Resumo: As políticas eugênicas do Estado-Nação nazista é um grande exemplo da história da humanidade de como as plataformas midiáticas podem ser manipuladas como mecanismos e engrenagens para proliferação e imposição de ideologias, mitos e estereótipos racistas e discriminatórios. O exercício de repetição satânica de discursos perniciosos sobre as populações marginalizadas através de tais plataformas acaba no decorrer dos tempos surtindo efeitos impactantes no imaginário coletivo das sociedades, que passarão a incorporar tais discursos como axiomas, cada vez mais empedrados no inconsciente social. O advento do fenômeno da globalização e suas novas tecnologias e mídias, como a televisão (aberta e a cabo) e principalmente a Internet, vão também corroborar para a reinvenção das práticas de racismo em nossa atualidade, fenômeno que o sociólogo afro-britânico Paul Gilroy chama de “novo racismo”: novas práticas e metodologias de preconceito, discriminação, inferiorização e exclusão racial. A partir dessa circunstância, os mitos e os estereótipos acerca da sexualidade do homem negro não permanecerão herméticos, sofrendo processos complexos de (re)invenções até nossa atualidade, fazendo com que o homem negro ora se aventure e explore o país das maravilhas dos estereótipos sexuais acerca de si, ora se transfigure em uma grotesca fábrica de sexo. É sobre tais processos que se trata essa comunicação. Palavras-chave: Erotismo; Sexualidade; Homem Negro; Mídia; Novo Racismo.
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Questões Etnicorraciais, de Gênero e Sexualidade na Língua Portuguesa: Um Estudo do Dicionário Houaiss Dayana Moreira Neri Resumo: A língua é um dos elementos mais potentes mobilizados para a construção da identidade cultural de grupos sociais. Assim como a sociedade, a língua também modifica-se, no entanto, alguns signos linguísticos carregam marcas discriminatórias que foram perversamente naturalizadas nos seus usos sociais, legitimando as hierarquias de cunho linguístico que balizam o preconceito. Em virtude disto, o seguinte trabalho, analisando alguns termos do dicionário Houaiss, aponta para a estruturação no âmbito do léxico e de estruturas da língua desse poder normativo e excludente que precisa ser desconstruído. Para isso, utilizaremos, as contribuições da sociolinguística (Bagno e Possenti), e os trabalhos de Carboni e Maestri, Santos e Octavio Ianni. Palavras – Chave: Língua. Léxico. Preconceito.
Entre o Sótão e o Porão: Narrativas e Significados das Mulheres Negras no Ensino Superior Sheila de Oliveira Ferreira Resumo: A presente pesquisa nasceu do “chão” da minha itinerância no ensino superior e se encaminhou no sentido de captar, através das narrativas das entrevistadas, a contextualização dos significados que adquire, para elas, adentrar um espaço historicamente hegemônico e neutralizar os mecanismos de eliminação que concorreram para o que Bourdieu e Passeron (1973) denominaram de mortalidade escolar que atinge, sobretudo, os negros. Foi percebido, em falas de algumas alunas, não por acaso negras, que o acesso ao ensino superior tinha um significado mais amplo do que formação profissional e aquisição de diploma. As narrativas pareciam revelar, a priori, que essa conquista contribuía para o fortalecimento de sua identidade e também para o combate a imagem estereotipada da mulher através de uma tomada de consciência mais ampla, modificando as práticas sociais em relação à divisão sexual do trabalho e o lugar social que a mulher negra ocupa. Palavras-chave: Narrativas; Ensino superior; Mulher Negra.
A Representação da Mulher Negra no Jornal Diário de Pernambuco: Uma Análise Crítica Elizabeth Maria da Silva Resumo: Objetivamos neste trabalho analisar a representação da mulher negra nos jornais impressos de Pernambuco, e como esta pode influenciar na construção da identidade étnico racial dessas mulheres. Para tanto, nos apoiamos nos exemplares do Jornal Diário de Pernambuco, o mais antigo em circulação da América Latina, no período de 15 dias do mês de novembro. Procuramos analisar os exemplares uma semana antes e uma depois em que se comemora o dia da Consciência Negra, desta forma, analisamos as edições dos dias 14 a 27 do mês de novembro do ano de 2007, gentilmente cedidos pelo Arquivo Público do Estado de Pernambuco e Biblioteca Pública Estadual Presidente Castelo Branco. Nesse sentido, dialogamos com Munanga (1999),
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Hall (2007), Moreira e Candau (2008) sobre como se determina a identidade negra em sua formação. Neste contexto abordamos sobre as lentes de Fernandes (2007) a formação da identidade nacional e o mito da democracia racial. Sobre a epistemologia feminina nos fundamentamos em Pinto (2003), Hahner (2003) e Alves e Pitangy (2011) entre outras. Sobre raça discutimos com Sasone e Pinho (2008). No que permeia a discussão sobre Mídia procuramos dialogar com Sousa (2004), Kellner (2001), Sodré (1998) e Fonseca (2001). Diante da especificidade do cenário metodológico de nossa pesquisa, utilizamos a técnica de Análise do discurso onde analisamos a representatividade das mulheres negras nos exemplares do jornal supracitado, tomando como base o discurso utilizado nos títulos e subtítulos, lide, localização da matéria, capa e corpo dos textos identificando adjetivos, jargões, estereótipos e linguagem para determinar a mulher negra. Os achados da pesquisa nos permitiram concluir que as imagens da mulher negra no Diário de Pernambuco, se mostraram, em sua maioria, de forma negativa ou positiva, apenas quando se trata de cultura ou estereótipo de mulata sensual. Este processo intermitente de sujeição e o bombardeio de imagens negativas que refere à mulher negra acabam por diminuir a sua auto-estima e assim contribuir para uma negação da própria identidade, pois segundo Sodré (1998) a identidade constrói-se pulsionalmante no quadro de um estranhamento subjetivo, interno, mas principalmente a partir de imagens externas que circulam na sociedade midiatizada. Podemos, então, baseados nos dados da pesquisa concluir que a invisibilidade da mulher negra e sua representatividade por demais negativa, no jornal analisado, podem contribui para uma não aceitação destas mulheres ao seu grupo étnico, ou seja, uma negação da sua própria identidade. Palavras-chave: Mulher negra; Mídia; Identidade Étnico-racial.
No Ventre da Capoeira: Abordagens de Gênero e Educação na Perspectiva da Tradição e do Conservadorismo Ivanildes Teixeira de Sena Resumo: Objetivamos com esse artigo, fomentar reflexões sobre a forma de atuação da tecnologia de gênero na tradição e ou conservadorismo no universo da capoeira angola, enquanto manifestação cultural de resistência e base estruturante identitária, para libertação política e simbólica do corpo africano trazido para o Brasil, escravizados no período colonial. Visamos enfrentar tal desafio nos valendo prioritariamente da epistemologia feminista, situando conceitos de cultura, identidade e gênero Considerando a relação de gênero hierarquizada no universo da capoeira, enquanto elemento pedagógico interativo, para além do contexto da escolarização institucionalizada. Essa produção contribuirá com o projeto de mestrado intitulado No Ventre da Capoeira: Marcas de Gente em um Gênero de Corpo – Mulheres na Capoeira, onde proponho dialogo com mulheres capoeiristas e, assim, compreender a Capoeira Angola como um recorte das representações e práticas sociais que reverbera na geografia de um corpo/espaço na contemporaneidade, essa reflexão trata de afirmar a materialidade de corpos, por estarmos pensando capoeira, gênero e educação. Logo, estamos fazendo referencias, também á corporeidade simbólica que nos remete à identidades interseccionadas. A diferença tem suas marcas inscritas e reinscritas pelos saberes legitimados e pelas políticas, legitimadas por variadas práticas sociais e pedagogias culturais. Tal colocação estimula a reflexão no contexto da capoeira: em que momento político da história do Brasil, definiu-se a interdição da mulher para estar no comando da roda de capoeira, o interdito para tocar o “Gunga”(berimbau de comando da roda de capoeira angola)? Palavra-chave: Capoeira; Tecnologia de Gênero; Tradição; Conservadorismo; Educação.
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O Trabalho Doméstico do/no Interior: o cotidiano das trabalhadoras domésticas negras da cidade de Cruz das Almas – BA Jamile Campos da Cruz Resumo: O presente trabalho tem como objetivo principal abrir um diálogo acerca do trabalho remunerado no Brasil com diversos autores da temática racial, de gênero e os que se debruçam especificamente sobre o trabalho doméstico (GRAHAN 1992, BACELAR 2008, KOFES 2001 entre outros). Enquanto uma atividade extremamente desvalorizada nacionalmente, encontramos nas cidades menores do interior – como a cidade de Cruz das Almas – BA – algumas características que alargam essa desvalorização como a extrema subordinação e precarização e exploração das trabalhadoras domésticas. Palavras-Chave: Trabalho Doméstico; Relações de Gênero e Raça; Precariedade. Movimento Negro, um Breve Panorama dos Anos 2000 Karine Teixeira Damasceno Resumo: A partir da interpretação de documentos produzidos pela militância organizada dentro do movimento negro como relatórios de seminários e de congressos, bem como seus informativos e de uma legislação referente às questões que atingem especialmente a população negra. Procuramos fazer um breve panorama sobre o processo de mobilização desses sujeitos sociais durante os anos 2000, período em que o debate sobre racismo alcançou uma visibilidade singular no país, haja vista, o empenho dos mesmos pela adoção de políticas de Ações Afirmativas para negros nas universidades brasileiras. Ao longo do texto destacamos conquistas importantes como a aprovação pelo Supremo Tribunal Federal em 2012 da reserva de vagas para negros e indígenas nas universidades e institutos federais, além disso, trouxemos uma reflexão sobre o contexto mais amplo de limites e retrocessos políticos do ponto de vista das relações raciais durante o período destacado como o aumento da violência que tem ceifado a vida de muitos jovens negros. Preocupamo-nos ainda em trazer alguns desafios identificados para a atual e /ou para as novas gerações. Palavras-chave: Movimento Negro; Racismo; Ações Afirmativas. A Mulher Negra Brasileira: Uma história de Superação Liliane da Silva Góes Resumo: Relatar historicamente a vida das mulheres negras requer que seja feito uma análise histórica de indicadores onde a negra brasileira desponta em posições inferiorizadas, pontuando há séculos elementos sobre a perversidade das disparidades entre os sexos e a relações étnicas. Ser mulher e de aparência negra no Brasil ainda significa conviver com as marcas do período escravocrata estando inserida entre os grupos dos mais desiguais, estando condicionada apenas ao espaço doméstico e ao destino inexorável da maternidade. Essa condição é acompanhada por um contexto de opressão e de violações cotidianas de direitos sociais, humanos, econômicos, culturais e ambientais, estes por sua vez, têm como legados os piores índices de qualidade de vida concentrado neste grupo em particular, potencializado pela ideologia patriarcal e machista. Este artigo pretende realizar um estudo sobre o processo de exclusão e as dificuldades de inclusão das mulheres negras na sociedade brasileira em posição de ascensão, observando a efetiva implantação, implementação e execução de Políticas Públicas Afirmativas, através da revisão da literatura e de dados estatístico divulgados por institutos competentes, desde os anos 90 à atualidade. Palavras- chave: Gênero; Raça; Políticas Públicas.
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Do Candomblé ao Protestantismo: A Predominância feminina Lizandra Santana da Silva Resumo: Pretendemos nesta comunicação entender as peculiaridades da conversão religiosa de mulheres candomblecistas ao protestantismo, em Cachoeira- BA, entre 1980 e 2007. Quais eram as práticas dessas mulheres nos Terreiros de Candomblé e quais práticas passaram a exercer nas denominações protestantes? Como essas mulheres são representadas nesses dois espaços religiosos? Como se estabeleceram as relações de gênero após a conversão? Realizaremos nossa análise a partir dos relatos orais das mulheres e dos homens que se converteram, do Jornal Folha Universal, dos livros doutrinários O Perfil da Mulher de Deus, O Perfil do Homem de Deus, O Perfil da Família de Deus. Com base nessas fontes tentaremos compreender o predomínio feminino nas conversões, bem como as relações estabelecidas na nova filiação religiosa. Palavras-Chave: Conversão; Gênero; Trânsito Religioso; Pentecostalismo; Cachoeira-BA
A “Fulô Roxa do Sertão”: A inserção das Mulheres Negras na Sociedade Conquistense Martha Maria Brito Nogueira Resumo: O objetivo da pesquisa é identificar o processo de inserção das mulheres negras nos espaços de poder da sociedade conquistense, uma sociedade que, no discurso, se percebe como dominantemente “branca”. Por se tratar de um processo construído ao longo do tempo, optou-se por reconstituir a trajetória da mulata Euflosina de Oliveira Freitas, conhecida como “Fulô Roxa do Panela”, filha de uma “preta forra”, que viveu na então Cidade da Conquista, atual Município de Vitória da Conquista, durante o período de 1859 a 1935. Mesmo “de cor” e filha de uma ex-escrava, Euflosina construiu uma história de mobilidade social e econômica, participando de eventos públicos que a fizeram reconhecida na memória conquistense. Partindo da hipótese de que a lógica de inferioridade e subordinação dos indivíduos de cor, em especial as mulheres negras, era socialmente subvertida por variáveis como origem paterna e posses, a pesquisa pretende discutir a trajetória individual como fruto da sociedade e nessa perspectiva analisar as redes de significados que importava à sociedade conquistense nas primeiras décadas do século XX, que a tornara singular no cenário baiano. Palavras- Chave: Mulher Negra; Sertão da Bahia; Trajetória.
A Naturalização do Preconceito de Gênero Rian Gomes Alves Salomão Resumo: O trabalho tem por objetivo a análise da naturalização do preconceito em gênero no âmbito da sociedade da informação, a partir dos precedentes de seu reconhecimento como patologia e anomalia. Desenvolve-se através da análise do projeto de decreto legislativo n. 234/2011, e do vídeo da psicóloga Anete Guimarães, nas vicissitudes que os gêneros possuem ao se estabelecer quanto caráter social e sua inclusão na sociedade, sendo limitado pelas políticas públicas atuais e pela retração da informação. Palavras- chave: Preconceito; Gênero; Decreto legislativo.
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As Mulheres Negras no Mercado de Trabalho na Bahia: do Final do Século XIX ao Início do Século XX Roselice Maria da Silva Van Gastel Resumo: O trabalho tem por finalidade analisar a inserção das mulheres negras, libertas da escravidão no mercado de trabalho livre, tendo como recorte temporal, 1888, meses subsequentes ao dia 13 de Maio à 1920, primeiras duas décadas do século XX. O ponto de partida para essa análise foi a consulta de fontes primárias, das quais priorizamos a sessão de “Annúncios Populares”, do Jornal A Tarde, do período retromencionado. Nessas edições do Jornal A Tarde, buscamos coletar informações sobre a recorrência ao categoria cor na busca por trabalhadoras e para quais setores estão sendo acionados naquele contexto histórico. Buscando perscrutar para que setores de trabalho as mulheres negras foram recrutadas, considerando o emergente setor industrial, para atividades agrícolas tradicionais ou para o trabalho doméstico, que no período pós escravidão acaba se fortalecendo e se estabelecendo enquanto função necessária dentro dos parâmetros de modernidade em construção, onde todo e qualquer serviço que remetesse às tarefas realizadas pelos escravizados era severamente rechaçado/rejeitado. Palavras-chave: Mulher Negra, Mercado de Trabalho; Bahia.
Como nos Tornamos o que Somos: A Construção da Identidade da Menina/Mulher Negra no Cotidiano Escolar Thaislane Lopes da Anunciação Macedo Resumo: As experiências sócio-históricas e/ou socioculturais pelas quais as mulheres negras passaram são diferentes das histórias presentes no cotidiano escolar. A mulher negra tem o seu corpo silenciado pelas práticas pedagógicas e discursivas que negam, rotulam, estereotipam remetendo as velhas práticas coloniais. Os padrões normativos de beleza impostos pela cultura branca, heteronormativa, machista, sexista e racista criam estereótipos que aprisionam e moldam o corpo da mulher negra transformando-o em espaço de coerção, exploração e disciplinarização. Quando se fala em uma mulher bonita na sociedade brasileira de que mulher está se falando? As mulheres negras fazem parte de um contingente de mulheres que sempre tiveram negado a existência de sua própria beleza. Procuro compreender como a menina/mulher negra se constrói enquanto menina/mulher negra dentro do cotidiano escolar. Para tanto tem-se como base teórica os postulados de Bhabha (1998), Foucault (1987), Curiel (2007), Carneiro (2005), Figueiredo (2008), Cunha (2002) e Costa (2009). O corpo sempre foi alvo das redes microfísicas de poder (FOUCAULT, 1987, 1998). Lugar de controle social, o corpo feminino negro foi capturado, explorado, estuprado, marcado e classificado de acordo com os interesses do colonizador. As práticas culturais que se institucionalizam na escola, constroem territórios rígidos e hegemônicos que excluem os diversos corpos que não se enquadram em determinados padrões; contudo signos identitários estão sendo elaboradas nos entre- lugares, formando disjunções de etnias, religiosidades e gêneros, como formas de resistência à padronização. Erguem-se resistências fronteiriças, diaspóricas e complexas (BHABHA, 1998; HALL 2009) . Palavras- chave: Mulher Negra; Estereótipos; Padrões Normativos de Beleza.
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O Direito à Saúde, as Mulheres Negras e o Estatuto da Igualdade Racial: Discursos sobre Gestão da Vida, Identidades e Racismo no Congresso Nacional Vanessa Santos do Canto Resumo: Michel Foucault não foi o primeiro filósofo a pensar o corpo e a diferença enquanto problemas políticos. Mas, inovou ao afirmar que o poder não produz apenas sujeições, mas subjetividades. Demonstrou que as relações de poder se expressam através de discursos e práticas sociais específicas a cada momento histórico. Assim, indaga-se: quais são as técnicas que permitam uma gestão eficiente dos corpos e aumenta o poder sobre a vida na atualidade? Quais são os assujeitamentos e as subjetividades por elas produzidas? Como o racismo de Estado se manifesta na contemporaneidade, diante do reconhecimento do racismo como elemento estruturante das desigualdades presentes na sociedade brasileira? A partir dessas indagações o presente trabalho apresenta algumas considerações no âmbito da Teoria do Direito e do Estado. Essa abordagem busca alternativas teóricas às abordagens kantianas e hegelianas acerca do reconhecimento. A análise está centrada na relação existente entre o direito à saúde e as lutas empreendidas pelos movimentos negros, notadamente o de mulheres negras, que demonstram a existência de uma lógica de deixar morrer negras e negros. Diante dessa constatação os movimentos negros vêm utilizando uma série de estratégias com o objetivo de efetivar a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, resultante de longos embates e negociações com os poderes constituídos. Um dos desdobramentos importantes dessas lutas pode ser observado durante o processo de elaboração do Estatuto da Igualdade Racial (Lei n° 12.288/2010). Dessa forma, o presente trabalho resulta da análise dos documentos decorrentes do processo de elaboração do referido documento normativo. Destaca o debate realizado no Congresso Nacional relativo ao capítulo “Dos Direitos das Mulheres Afro-Brasileiras”, notadamente na área da saúde. O objetivo do trabalho consiste em uma reflexão sobre as técnicas de gestão empreendidas pelo Estado, no qual os corpos das mulheres negras se tornam o alvo de discursos sobre identidades e diferenças na elaboração de políticas públicas para as “minorias racializadas” no Brasil. Palavras-chave: Mulheres Negras; Direito “a Saúde; Poder Legislativo; Relações de Poder; Racismo
Baculejo da exclusão: Performances Discursivas de Raça e Gênero nas Blitzs da Polícia Militar nas Ruas de Salvador Viviane Santos dos Reis Resumo: Este trabalho parte de uma incômoda experiência na segunda maior estação de transbordo de Salvador, a popularmente chamada Estação Pirajá. Quando ao acontecer uma abordagem policial em um coletivo vivenciamos a fatídica ação policial para com os homens ali presentes, homens estes em sua maioria negros e alguns homossexuais. Inicialmente trabalharemos com três categorias de análise: gênero, geração e etnia/raça, dialogando perspectivas de biopoder, identidade de gênero e vigilância dos corpos em Foucault, sendo esta de tamanha importância para se discutir práticas policiais nas cenas periféricas da cidade soteropolitana e como esses “baculejos” se dão em um contexto jovem, negro e homossexual. Será examinado neste trabalho o manual da Policia Militar, cartas e depoimentos através do qual podemos discutir a violenta vigilância normatizadora dos corpos. Palavras-chave: Jovens Negros; Polícia Militar; Homossexuais; Vigilância; Racismo Institucional.
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GT 10 Cultura Comunidades Tradicionais e Religiões/Filosofia da Ancestralidade Coordenadores/as: Prof. Dr. Valdélio Silva – UNEB - Profª. Ms. Ana Rita Araújo – UNEB – Prof. Dr. Emanoel Soares – UFRB – Prof. Dr. Eduardo Oliveira – UFBA – Prof. Dr. Renato Nogueira - UFRRJ
“Negra por Excelência”: A Bahia Sobre o Olhar Amadiano Analídia dos Santos Brandão Resumo: O estudo, aqui apresentado, busca compreender os elementos identitários presentes na obra de Jorge Amado intitulada Bahia de Todos os Santos: guia de ruas e mistérios com o intuito de descobrir os aspectos do modus vivendi dessa comunidade linguística, a partir do estudo toponímico, isto, é estudo dos nomes de alguns nomes de bairros da cidade de São Salvador da Bahia, já que toda movimentação lexical de uma língua deve ser enfrentada como um fato que ultrapassa o simples ato da fala e se configura num fato social de grande importância. Jorge Amado revela um guia das ruas e dos mistérios de São Salvador da Bahia de Todos os Santos a uma turista imaginária, mostrando as belezas bem como as mazelas da sua amada cidade. Desse modo, fazer um estudo do léxico, a partir dos topônimos, numa obra literária é desmitificar a história do povo baiano, visto que os nomes de lugares trazem sempre ao bojo de sua história um conjunto de particularidades que configuram a identidade sociocultural de uma dada comunidade, neste caso, a Bahia, “negra por excelência”. Palavras-chave: História; Literatura; Jorge Amado, Identidade
A Escola Pública e o Ensino da História e Cultura Afro-Brasileira e Africana no Brasil Benedito Eugênio Gonçalves Fabiano Brito dos Santos
Resumo: No Brasil, com a criação da Lei 10.639, sancionada em 09 de janeiro de 2003, tornou-se obrigatório, no Ensino Fundamental e Médio, a abordagem sobre a História e a Cultura afro-brasileira e africana, o que aponta para o estabelecimento de novas diretrizes e orientações sobre a especificidade deste tema na Educação Básica. Neste trabalho buscamos analisar os principais aspectos desta Lei, confrontando-os com o contexto cotidiano da vida escolar. Desta forma, pretendemos verificar como os agentes/indivíduos envolvidos na educação básica oficial e pública interpretam e praticam a Lei 10.639 em seu cotidiano escolar. Assim, buscamos confrontar os ordenamentos jurídicos, mais especificamente, a Lei 10.639/03 sobre ensino obrigatório da História e Cultura afro-brasileira e africana e sua interpretação e prática no cotidiano escolar. Além disso, procuramos levantar o histórico de construções legislativas que tratam das questões étnico-raciais e sua vinculação com a educação regular no Brasil e na Bahia e, por fim, realizar uma análise, segundo a proposta de Roberto Cardoso de Oliveira, quando trata do trabalho do antropólogo, no sentido de buscar perceber a interpretação e prática da Lei 10.639 dos agentes de educação (professores, coordenadores e direção) no cotidiano escolar. Palavras-chave: Educação, História, Afro-brasileira
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Imagem e Movimento em Ação: Filosofia e Ancestralidade Luís Carlos Santos Resumo: O presente trabalho busca inquirir a Filosofia da educação brasileira desde a filosofia da ancestralidade. A partir disso, objetiva-se compreender o movimento coletivo da filosofia da ancestralidade como perspectiva de uma construção política e epistemológica para uma educação antirracista. O trabalho em questão parte do diálogo com o livro Filosofia da Ancestralidade: corpo e mito na educação brasileira (Oliveira, 2007) no fazer filosófico da educação brasileira. Neste sentido, problematiza uma filosofia no Brasil que estabeleça um franco diálogo com a filosofia africana no objetivo de afirmação do pertencimento afrobrasileiro em diálogo com o todo-mundo. Palavras-Chave: Filosofia, Educação, Ancestralidade
Memória e Identidade Somali em Infiel, a História de uma Mulher que Desafiou o Islã Eumara Maciel dos Santos Resumo: A Somália islamizada: sobre essa parte de África, arremessada ao Oceano Índico, foram delineadas identidades culturais a partir das memórias de Ayaan Hirsi Ali e, neste artigo, procurou-se analisar algumas marcas da memória, bem como sua importância para a formação das identidades somali a partir da escrita de Ali em sua autobiografia intitulada Infiel, a história de uma mulher que desafiou o islã. Para narrar era preciso beber nas fontes da memória: viajar séculos pela linhagem somali para tentar encontrar-se a si e com os seus. O que manteria Ali ligada e protegida para sempre seriam seus laços com os ancestrais e com seus descendentes, legou sua avó. Como se daria tal entrelace de busca pela identidade? Pela memória. Para uma discussão sobre memória as contribuições teóricas de Bergson (1999), Bosi (2003), Le Goff (1994) e Halbwachs (2006). Ademais as provocações em torno das identidades pós-modernas e as questões diaspóricas africanas incitadas por Hall (2005-2009); a análise do espaço biográfico em Arfuch (2010); a invenção da tradição teorizada por Hobsbawm (2006); estudos da história e da cultura africana em Ki-Zerbo (2010), e outros. Com ajuda do arcabouço teórico supracitado, perceberam-se diálogos e digressões dos entremeios memoráveis e identitários da escrita da somali Ayaan Hirsi Ali. Palavras-chave: Literatura Somali. Memória. Identidades.
Controle, Resistência, Terreiros de Xangô em Recife década de 1930: Reflexões a partir da Obra de José Vicente Rodrigues Lima Fundador da Frente Negra Pernambucana Fátima Aparecida Silva Resumo: José Vicente Rodrigues Lima um dos fundadores da Frente Negra Pernambucana em 1937 publica um livro intitulado Xangô. No livro, entre outros assuntos, Lima relata estudos que realizara nos terreiros de Xangô da cidade de Recife. Em face desses dados, nossa proposta é entender as relações sociais históricas e ideológicas dos terreiros de Xangô, envolvidos nos relatos de José Vicente Lima. Pretendemos colocar em questão a ação dos intelectuais acadêmicos, da medicina psiquiátrica e do poder público junto aos terreiros de Xangôs da cidade de Recife, uma vez que tais segmentos acionaram mecanismos de controle e disciplinação para religiões de origem africana. Também buscaremos analisar as ações individuais e coletivas de resistência que os praticantes do Xangô tiveram que desenvolver diante das ações institucionalizadas dos órgãos de repressão
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e controle sobre os membros das religiões afro-brasileiras. Trata-se, sobretudo, de evidenciar o caráter racista dos órgãos institucionais de repressão social, argumentando assim que tais ações faziam parte de uma política de Estado que concebia a população negra como “inferior”, mesmo quando se posicionavam contra a repressão policial nos terreiros, como é o caso de Ulisses Pernambucano, diretor do Serviço de Higiene Mental. Para interpretar as relações sociais históricas e ideológicas dos terreiros de Xangô, buscamos nas categorias de análise de grupos específicos e diferenciados um suporte metodológico para investigar os grupos religiosos de origem africana que foram alvo da repressão institucionalizada. A metodologia interpretativa foi estudada por Clóvis Moura (1988), que aborda o tema da resistência como gerador da organização da população negra no período escravista e pós-abolição, frente aos sistemas de barreiras sociais a que foi submetida. Palavras-Chave: Controle; Resistência; Terreiros de Xangô.
A Educação em Saúde como Estratégia de Enfrentamento de Iniquidades Raciais em Saúde Marílya Izabel L. C. de Santana Jamile de Jesus Silva Resumo: O presente trabalho é estimulado pela reflexão sobre a necessidade do conhecimento de como estão sendo executadas e articuladas as medidas de educação em saúde. Os pressupostos do estudo consideram que as medidas educativas em saúde direcionadas á prevenção das iniquidades raciais são frágeis e desarticuladas. O objetivo da pesquisa é apontar a educação em saúde como alternativa no enfrentamento do apartheid racial. Os procedimentos que dirigem a investigação caracterizam-se por uma reflexão sobre os dados decorrentes de pesquisa bibliográfica. Os dados coletados permitem evidenciar que: 1. Existe um caminho paralelo entre a educação e a educação em saúde; 2. A dissociação entre saúde – educação – cultura pode ser rotulada como um dos maiores entraves na articulação de medidas de qualidade de vida; 3. O estereotipo racial, o analfabetismo e o baixo grau de escolaridade, e as condições precárias de habitação e ambiente têm um papel muito importante na tríade do processo saúde – doença – cuidado. Considerando essas conclusões, o trabalho apresenta uma proposta de mudança na articulação e implementação das ações educativas com o objetivo de que esta proposição se constitua numa das alternativas para o profissional da saúde refletir, compreender e se da apropriar da interdisciplinaridade e da singularidade etnicorracial. Palavras-chave Iniquidades; Apartheid; Educação em Saúde.
O Corpo Negro e Sua Significação Entre o Sagrado e o Profano no Contexto do Candomblé Luciméa Santos Lima Resumo: O presente trabalho visa demonstrar como o nascimento de uma filosofia ancestral em terras diaspórica, constrói e ressignifica os corpos negros neste ambiente. Levando em consideração os processos colonizadores nos quais estes corpos estiveram embebidos durante toda sua história. A Filosofia Ancestral é, portanto o anestésico cultural com o qual estes corpos negros se encontraram a fim de sanar uma dor histórica. Fazendo uso de categorias analíticas tais quais: Sagrado e Profano, a fim de desconstruí-las e descategorizá-las. Palavras- chave: Sagrado; Profano; Processo Colonizador; Filosofia Ancestral; Corpos Negros.
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“Quilombos: identidades e territorialidades negras no Maciço do Baturité” Mariade Fátima Souza da Silveira Resumo: O discurso de senso comum diz que “no Ceará não há negros”. Em contraposição a isso, o Projeto “Quilombos: identidades e territorialidades negras no Maciço do Baturité”, desenvolvido no âmbito da iniciação científica, realiza um estudo antropológico visando identificar possíveis comunidades quilombolas e demais formas de manifestações artísticas, culturais, religiosas e políticas negras nessa região cearense, palco do início da abolição no Brasil e onde a cidade de Redenção tornou-se a pioneira na libertação dos escravizados. Palavras-chave: Maciço de Baturité; Quilombos; Manifestações Negras.
Filosofia Africana: Ancestralidade e Encantamento como Inspirações Formativas Adilbênia F. Machado Resumo: O presente artigo tem o intuito de refletir sobre a Filosofia Africana desde a perspectiva da filosofia da ancestralidade, apresentando assim a ancestralidade e o encantamento como inspirações formativas no tocante a construção de um pensamento africano e afro-brasileiro. Desse modo, apresentaremos uma teia em que o seu centro é a filosofia africana, onde a ancestralidade e o encantamento são fios que tecem e sustentam essa teia, trazendo perspectivas outras para as construções epistemológicas em torno da filosofia, essa que por séculos fora usada como meio de colonização, justificando as barbáries cometidas em nome de uma “civilização”, usando seu poder político e conceitual para inferiorizar os “outros”, aqueles que foram jogados para a “periferia” do pensamento e considerados “incapazes de filosofar”. É a ancestralidade e o encantamento que levaram à compreensão de uma filosofia africana pensada em um território latino americano, território afro-brasileiro, sabendo-se que esse caminho percorrido não se apresenta de modo linear, para que seja real e assim re-construtivo, além de serem conceitos que convergem entre si. Essa filosofia permeada pela ancestralidade tem no indivíduo a sua preocupação fundamental, indivíduo este que se faz na comunidade, onde um não existe sem a outra, pois “o diagrama da filosofia africana é construído no plano horizontal da solidariedade” e esse plano se faz de modo circular, pois desse modo todos estão incluídos e interagindo uns com os outros, sabendo que o indivíduo e a natureza são cúmplices. São os princípios da ancestralidade, da diversidade, da integração e da tradição agindo e dimensionando tal filosofia. Assim sendo, não apenas a ancestralidade e o encantamento, mas também a alteridade delinearam essa filosofia, ao mesmo tempo em que os princípios da diversidade, integração e da tradição, dançam, entrelaçam-se, permeados todos os espaços do pensamento africano e afro-brasileiro. Entendendo-se que o fazer filosofia, desde essa cosmovisão, estar na própria ação, no cotidiano e não estar preso às normas, a conceitos e regras “impostas”, a uma universalidade que não contempla as singularidades e o contexto, assim apresenta-se como sendo da ordem do acontecimento e assim ser movimento, e uma filosofia com infinitas possibilidades e realizações imprevisíveis. É imperativo que se fale desde a experiência vivenciada, uma vez que o conhecimento é um acontecimento empírico, daí nosso fazer filosofia africana, nosso pensar a educação desde o cotidiano, desde as danças, os mitos, os ritos, os contos, as músicas, a poesia, a capoeira, os Babalorixás, as Yalorixás, o/a griô, a escuta, as observações e conhecimentos oriundos da natureza, etc. Palavras-chave: Filosofia Africana; Ancestralidade; Tradição. 80
O 1º Congresso Afro-Brasileiro de 34 e os Bantos Adilson Paz Luis Carlos Santos Resumo: O presente trabalho busca problematizar o 1ª Congresso Afro-Brasileiro de 34, realizado em Recife, organizado por Gilberto Freire. A partir do recorte de investigar os olhares lançados pelos autores acerca dos bantos. Nesse sentido, busca cartografar os textos apresentados nos anais do congresso. Embora a perspectiva cultural tivesse força percebe que a proposta do congresso ainda estava implicada pela perspectiva teórica e política de Nina Rodrigues e a forte influência do médico Ulisses Pernambucano, responsável pelo Serviço Médico de Higiene Mental de Pernambuco. A tensão entre uma abordagem culturalista e biológica é presente no congresso. A abordagem do 1ª Congresso Afro-Brasileiro de 34 e sua visão sobre os povos do tronco linguístico banto se deu a partir da forte visão da antropologia do século XIX. A proposta faz-se importante, diante de reconhecermos nas produções dos artigos do Congresso produções cientificas pautadas no campo de tensão da abordagem das diferenças raciais desde as teorias biológicas e abordagem cultural. Palavras–Chave: Congresso de 34; Pensamento Social brasileiro; Bantu.
Entre o Terreiro, a Sala de Aula, Professores e Orixás: A relação da Educação na Escola e o Terreiro de Candomblé Ilê Axé Opô Afonjá. Adriano dos Santos Pereira Resumo: O Projeto de Pesquisa Entre o Terreiro, a Sala de Aula, Professores e Orixás: A relação da Educação na Escola e o Terreiro de Candomblé Ilê Axé Opô Afonjá, foi um trabalho realizado no 5° semestre de pedagogia como requisito e elaboração para o trabalho de monografia que será realizada no final do semestre do curso. O projeto tem como pesquisa: Como se dá a educação no candomblé e quais suas influencias para as crianças pertencentes a essa religião de matriz africana na Escola? Com objetivo de Analisar alunos pertencentes à religião de matriz africana que frequentam terreiros de candomblé dentro e fora de aula e compreender quais as influencias o candomblé traz para o ensino e construção como pessoa para essas crianças, pensando nesse contexto, analisarei como os professores e alunos lhe dão com os alunos pertencentes a religião de matriz africana e o que pensa a escola sobre o candomblé e sobre as crianças que tem pais e parentes dessa religião. Stela Guedes (2012) contribui e traz muitas informações que ajuda a pensar sobre a educação de crianças de matriz africana, discutindo e dialogando os preconceitos e discriminações sofridas pelas crianças de terreiros de candomblé no Estado do Rio de Janeiro. Estudar o tema Candomblé é estimulante para qual quer pesquisador, pois ele esta estudando suas origens e sua história como bem refletir VERGER. (2002) no livro Orixás: Deuses Iorubás Na África e No Novo Mundo. O desafio de estudar esse tema tende a compreender melhor um processo educativo deferente da sala aula, será uma contribuição para quebrar, desfazer e desmitificar pensamentos negativos do Candomblé. Entender e compreender a religião de matriz africana e suas influencias nas crianças é respeitar e valorizar uma realidade presente nas crianças filhas, filhos e parentes de família pertencentes ao candomblé quebrando assim os preconceitos que sofrem no dia a dia dentro e fora da escola. Palavras-Chave: Candomblé; Religião de Matriz africana; Orixás e Educação.
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O “Apagamento” da Cultura Negra na Colômbia em Cotejo e Influências no Livro Obra Poética de Rômulo Bustos Aguirre Catiene Pires Silva Resumo: Obra Poética é uma reunião de livros do autor colombiano Rômulo Bustos Aguirre, o filho mais jovem dentre 13 irmãos, nasceu em 1954 na cidade de Santa Catalina de Alejandria. Nos anos 70 estudou Direito, logo após fez mestrado em Literatura latino-americana, algum tempo depois fez doutorado em Literatura na Universidade Complutense de Madrid. Atualmente, Rômulo Bustos ensina literatura na Universidade de Cartagena e é fundador da revista “Em um tom menor”. A obra está presente na biblioteca de literatura afro-colombiana, que é uma publicação do ministério da cultura da Colômbia criada em 2010 e que disponibiliza obras de diversos autores afro-latinos gratuitamente através da internet, essas obras também foram impressas e distribuídas em bibliotecas públicas, o volume em foco compõe-se de cinco livros de poemas do autor. A partir da leitura e analise dos poemas é possível identificar diversos temas relevantes porém com a predominância de poemas que podem ser facilmente ligados a questões religiosas. Priorizando os poemas com temas relacionados a religião pode-se perceber que o autor caracteriza nos seus escritos diversos aspectos da religião judaico-cristã e descreve de uma forma implícita as religiões de raízes africanas. Sabe-se que o processo colonizador na Colômbia foi bastante incisivo em relação aos negros e que até hoje ainda existem marcas dessa colonização, prega-se no país a politica da mestiçagem e a literatura negra ainda é pouca conhecida e divulgada. Sendo assim o texto a ser apresentado discute a seguinte hipótese: até que forma esse processo de colonização e “apagamento” da cultura negra na Colômbia poderia ter influenciado o autor Romulo Bustos Aguirre na construção dos seus poemas e discussão de suas ideias, levando em consideração as ideias apresentadas por Sandra Soler Castillo e Neyla Pardo Abril no capitulo Colômbia: invisibilidade e exclusão do livro Racismo e discurso na América Latina do autor Teun Adrianus Van Dijk. Palavras-chave Literatura Afro-Colombiana; Poemas; Religião.
Irmandades, Esmolas E Devoções Nas Festas Do Sul Baiano Oitocentista. Cristiane Batista da Silva Santos Resumo: O sul da Bahia sob a perspectiva das sociabilidades e práticas culturais dos escravos da região é tema pouco explorado na historiografia baiana. Por conta disto, a proposta deste texto é discutir as festas de protagonismo negro no sul baiano oitocentista entendendo a festa também como lugar de conflito e afirmação identitária. Cabem nessa análise uma reflexão sobre as organizações e associações festivas oficiais, ligadas à Igreja que foram as irmandades e confrarias e as festas associadas a estas, tais como as de São Benedito e Nossa Senhora do Rosário organizadas pelos escravos e livres pobres da Vila de Maraú. Nesse universo festivo, cabiam outras festas como as organizadas pela elite local como a de São Sebastião e do Santíssimo Sacramento. Busca-se compreender as festas num momento em que o sul da Bahia corresponde às mudanças estruturais de transição do século XIX para o XX: a abolição, o advento a República e o novos valores civilizatórios que em cena e alteram os sentidos do festejar. Palavras-chave Protagonismo Negro; Bahia; Afirmação identitária.
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Repertórios Culturais Negros e Experiências Educativas na Matinha dos Pretos - BA: Escola e Comunidade Maria Cristina de Jesus Sampaio Resumo: O presente artigo socializa os resultados de uma pesquisa qualitativa de cunho etnográfico na linha teórica dos estudos culturais e pós-coloniais, realizada na comunidade da Matinha dos Pretos, zona rural de Feira de Santana-BA; tendo como objetivo compreender as relações que se estabelecem entre a cultura local, escola e comunidade no processo de materialização da lei 10.639/03. Partindo da seguinte questão de pesquisa: como o currículo vivido, as práticas pedagógicas e os repertórios culturais negros locais dialogam com as determinações da lei 10.639/03? Sendo seu objeto de estudo: o currículo vivido, as práticas pedagógicas e os repertórios culturais negros locais. Para construção e coleta dos dados foram utilizados instrumentos comuns à pesquisa etnográfica em educação, tais como: diário de campo, observação, entrevista semiestruturada e fotografia. Entre os sujeitos participantes da pesquisa dialoguei com 12 professores (de Artes, História e Literatura), 05 gestoras educacionais atuantes nas escolas pesquisadas e 08 moradores/as da comunidade com perfil representativo da identidade e cultura do lugar. No processo de análise dos resultados apropriei-me de alguns conceitos que foram fundamentais para concretização do objetivo proposto, elaboração do texto escrito e discussão das categorias encontradas no desenrolar da pesquisa (currículo, cultura, memória e identidade), para isso ancorei-me em autores pós-colonialistas como: Sodré (1988,1998); Bhabha (1998); Silva (1999); Bâ (2003); Hall (2006); Ki-Zerbo (2010), Gomes (2011, 2012), Paraíso (2012). Em modo de conclusão, foram tecidas algumas considerações acerca da parcela da realidade observada durante o período que durou pesquisa no sentido de se construir alternativas para o trabalho educativo visando à valorização e fortalecimento da cultura e identidade negra na instituição escolar e em diferentes espaços da comunidade. Palavras-chave: Repertórios Culturais Negros; Currículo; Cultura; Matinha dos Pretos.
Identidade e Movimento Racial: Um Relato de Experiência no Quilombo do Alto do Morro em Santo Antônio de Jesus – BA Darlan Leal de Oliveira Resumo: Procura-se no presente trabalho explanar a respeito da escravidão no Brasil e como essa fez surgir nos escravos um sentimento de revolta com o sistema escravista. Através dessa revolta, os quilombos no Brasil surgem como maneira de rebelar-se contra a escravidão e como uma maneira de identificação por parte dos negros em terras brasileiras. Mais do que de posse da terra, o negro passou a fazer parte da terra, no sentido que era de onde ele tirava o seu sustento e essa terra passa a ser uma forma de dar sentido a vida dessas pessoas, criando nesse movimento uma cultura própria, a cultura afro-brasileira. No Recôncavo baiano os quilombos se fizeram presentes de forma marcante, contribuindo para o desenvolvimento da região. O artigo organiza-se em formato de relato de experiência na comunidade remanescente de quilombo no município de Santo Antônio de Jesus – BA, e tem como objetivo norteador, dar visibilidade a comunidade e seus habitantes, no sentido que são explanados diferentes assuntos referentes a tal localidade como: a história sobre o local, problemas no serviço de saúde, trabalho e emprego, transporte, pavimentação e outros. Ao final destacada-se que é necessária a atenção de órgãos do setor público para que políticas voltadas para a saúde da população negra e políticas voltadas para comunidades remanescentes de quilombos sejam implementadas na localidade. Palavras-Chave: Quilombos; Remanescentes de Quilombos; Identidade Racial; Movimento Racial.
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A Reza de Mãe Veva e suas Pertenças: A Ocupação Territorial e Cultura de Palmeirinha Emily Alves Cruz Moy Marise de Santana Resumo: Esta pesquisa trata do surgimento do Povoado de Palmeirinha no município de Aiquara, no estado da Bahia, no território identidade Médio Rio de Contas. No início da ocupação territorial chega Dona Genoveva, matriarca de uma das primeiras famílias a abeirar-se à região, que trouxe para o lugar sua devoção por Nossa Senhora da Conceição, santa da igreja católica, e culminava numa reza, conhecida como Reza de Mãe Veva. Podendo ser a primeira tradição religiosa de Palmeirinha, entretanto, há também nesta pequena população a prática do caruru em devoção a Santa Bárbara e a Cosme e Damião. A relevância desta pesquisa está em responder ao questionamento de quais são os elementos de legado africano e indígena na Reza de Mãe Veva e como essas influências se comunicaram na formação da identidade desse povo. Apresenta relevância social, pois nasce da necessidade de resgatar a memória coletiva dos povos que viveram e vivem neste território, subsidiando o contexto cultural histórico, acerca da origem desta comunidade. Visa estudar o processo cultural, aproximando a identidade cultural local à cultura do território de identidade do Médio Rio de Contas. A importância desse trabalho está em compreender como os aspectos religiosos influenciaram nas relações sociais entre os recém-chegados que contribuíram para ocupação territorial de Palmeirinha. Trata-se de uma pesquisa etnográfica, que possibilita a articulação entre a história oral e pesquisa de fontes documentais. São utilizados para fins de pesquisa, fotografias do arquivo municipal e biblioteca municipal, incluindo acervos particulares, e como revisão bibliográfica será utilizada pesquisas já realizadas em forma de livros, dissertações, teses e artigos. Ao investigar a “Reza de Mãe Veva” como elemento de socialização de saberes pertencentes às práticas religiosas, analisaremos como se deu o povoamento de Palmeirinha e as relações sociais, à luz da religiosidade, relacionando aos fatos acontecidos concomitantemente no território de identidade Médio Rio de Contas. Como essa pequena população rural, formada por indivíduos que haviam passado por processos culturais diversos, tiveram que se reorganizar, em comunidade, e reestruturar uma nova identidade cultural. Palavras-Chave: Memória; Identidade; Território; Religiosidade e Relações Étnicas.
Quilombo: História, Cultura e Educação Evanilson Tavares de França Maria Batista Lima Resumo: Quilombos são grupos culturais com identidade étnica distintiva de outros agrupamentos sociais – tendo a resistência como instrumento histórico para a sua manutenção. Refletir sobre os processos educacionais (educação formal) que se efetivam nestes espaços e o diálogo construído com o contexto sociocultural é o objetivo que norteia a produção deste artigo. Para tanto, apoiamo-nos em O’Dwyer (2002), Arruti (2003, 2008), Gomes (2003), Brasil (2006, 2012), Lima (2008), Lima e Trindade (2009) e outros. Assim, esperamos contribuir para a efetivação de um currículo não eurocêntrico. Palavras-chave: Quilombo. História. Cultura. Educação
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Arquiteturas das Comunidades Quilombolas de Maragogipe Fábio Macêdo Velame Resumo: O presente trabalho visa analisar a importância da terra enquanto um elemento de resistência cultural e construção identitária - do território a arquitetura - nas Comunidades Quilombolas de Maragojipe, sobretudo, na comunidade remanescente de Quilombo Salamina Putumunju. A terra, nessa comunidade, é depositaria de saberes locais vinculadas aos valores de natureza, ancestralidade e parentesco, entretanto, hoje em dia, existe um processo paulatino de abandono do uso da terra em virtude de três aspectos: a chegada dos projetos da Minha Casa Minha Vida, a Ética e Estética dos Cultos Neopentecostais, e o desmatamento proveniente de diversos fatores, principalmente, o plantio de eucaliptos para a indústria de celulose que reduziu, substancialmente, a oferta de madeiras de lei. A comunidade quilombola de Salamina Putumuju localizada no município de Maragojipe-Ba, constitui a maior comunidade quilombola da região, e é formada por 52 famílias distribuídas em seis localidades: Tororó, Ponta do Ferreiro, Olaria, Dunda, Piripau, e Forte Salamina. O quilombo de Salamina Putumuju constitui, também, o maior quilombo do município em extensão territorial ocupa 2.061,5588ha, apresenta um perímetro de 25.000m e é uma referência na luta pela posse da terra para todos os demais quilombos locais: Dendê, Topa de Cima, Porto da Pedra, Guaí, Guerém, Guaruçu, Girau Grande, Guizanga, Tabatinga de Baixo, Tabatinga de Cima, Zumbi, Buri, Enseada do Paraguaçu. Salamina Putumuju, Pinho. Foi certificada como Comunidade Remanescente de Quilombo pela Fundação Cultural Palmares em 2003, e o seu RTID Relatório Técnico de Identificação e Delimitação Territorial foi elaborado pelo INCRA e concluído em outubro de 2006. O processo de demarcação e titulação das terras encontra-se em finalização no INCRA. As casas do Quilombo de Salamina Putumuju possuem uma forte relação com o lugar, o sítio, o tempo, e a natureza. Segundo os conhecimentos das comunidades quilombolas locais a retirada da madeira da estrutura primária da casa que compõe os pilares (forquilhas), as vigas (travessas), terças, cumeeiras só podem ser feitas no verão e na primavera, nos três dias depois da lua cheia, durante a lua minguante, e apenas durante a maré baixa, de preferência no início do dia. Além desse saber ancestral as comunidades quilombolas tomam alguns cuidados espaciais para a manutenção dessa arquitetura de terra, tais como: existência de varandas laterais e frontais, que envolvem toda a construção, protegendo as paredes de barro das chuvas de açoites e dos ventos fortes que provocam a erosão e depredação; argamassas e pinturas a base de cal para revestir as paredes e evitar insetos, notadamente, o ''barbeiro'' responsável pela doença de Chagas; a construção de uma cozinha com fogão a lenha fora e afastado do corpo principal da construção para evitar incêndios; elevação do piso para evitar a umidade de capilaridade nas paredes. Os valores de natureza, ancestralidade e de parentesco que mantinham essas arquiteturas de terra em pé, lhes insuflavam significado não são mais suficientes para enfrentar as políticas públicas homogeneizantes de habitação, a ética e a estética dos cultos neopentecostais, e, muito menos, os desmatamentos regidos pelo capital – a indústria de celulose. Palavras-chave: Território; Natureza; Arquitetura; Quilombo; Ancestralidade.
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A Identidade Cultural em Comunidades Quilombolas: Torrinhas, uma Luz que Resplandece em Meio a Tantas Desvantagens Fernando da Silva Brito Cristiane Batista Marise de Santana
Resumo: No Brasil ainda é necessário que os estudiosos façam estudos sobre as várias comunidades remanescentes de quilombos, sendo assim, Torrinhas é uma destas comunidades, situada em Cairu/BA. Em estudos realizados no curso de Pós Graduação em Antropologia com Ênfase em Culturas Afro-brasileiras, oferecido pelo NEAB ODEERE- Órgão de Educação e Relações Étnicas da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, nosso objetivo é entender sobre a formação deste quilombo. Neste sentido busco investigar como está sendo trabalhado o legado africano na escola quilombola de Torrinhas. Minha hipótese é que muitos dos elementos fornecedores de origem africana que contribuíram na formação desta comunidade estão presentes mesmo com todo processo de globalização. As categorias de análise utilizadas para construir o referencial teórico foram: identidade, cultura afro-brasileira, quilombo e formação docente. Sendo assim a pesquisa está referenciada pelos seguintes teóricos: Muniz Sodré (2005), Clifford Geertz (2008), Stuart Hall (2007), Clóvis Moura (1993), Marise de Santana (2004). Para coletar dado o referencial metodológico utilizado baseia-se no método da observação participante, bem como, na técnica de entrevista com pessoas da comunidade e representantes do corpo docente da escola quilombola. Palavras-chave: Comunidades Quilombolas; Legado africano; Identidade.
Projeto Ogum’s Toques Negros – Série Orixás George Mário do Espírito Santo Amorim Resumo: Nomeado por um neologismo plurissignificativo, o projeto Ogum’s Toques Negros, de Guellwar Adún mobiliza uma produção textual inovadora pautada em uma proposta de letramento - agenciamento da literatura/comunidade negra e de discussão política no ciberespaço. Para tanto, utiliza como suporte o Facebook, onde são frequentemente postados, além de outros textos literários, os nanocontos - textos dotados de imagens-texto e de curtos períodos escritos. O projeto é desenvolvido no profile e as produções são distribuídas em álbuns de fotos e seguem eixos temáticos completamente imbricados com a estrutura crítica que Freitas (no prelo) identifica como letramentos negros – “os usos sociais das leituras e escritas que atuam de forma crítica por meio do reconhecimento dos valores civilizatórios afrobrasileiros, de uma politica anti-racista e da auto afirmação identitária negra”. Adún e seus nanocontos se empenham em rediscutir a condição do negro-brasileiro, no intuito de se criar na literatura espaços de emancipação e contestação ao status quo artístico e racial no Brasil. Para além das representações estereotípicas e limitadas do discurso colonial, a ideia de leitor universal, característica do ciberespaço, e inclusive em redes sociais, serão ressignificadas, a partir do momento em que as informações contidas no profile evidenciam uma demarcação discursiva explícita: ele afirma categoricamente o seu compromisso (crítico) com a literatura negra. Assim, se nas religiões de matriz africana Ogum seria o orixá responsável
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pela tecnologia, técnica e também por ser o “senhor dos caminhos”, o afropoeta filho de Odé e Ogã de Ogum, Guellwar Adún parece agenciar, também, os caminhos dos “pretos textos”(Adun,2012). Aliado a isso a estrutura da produção imagético-textual corrobora com o que Kress & Van Leeuwen (1996) definem como um design visual, chamado layout. O conceito de multimodalidade torna-se indispensável para interpretar o significado construído por esses textos em sua totalidade, visto que a diagramação de layouts reproduz um determinado sistema de convenções sociais, construindo, significados específicos. Desde o início, o projeto elabora continuamente alguns álbuns que têm como eixo temático principal a ancestralidade e religiões de matriz africana, em especial o álbum chamado “o revés da apropriação simbólica” que funciona como revide às apropriações indevidas dos signos das culturas do axé pelas diversas religiões de base judaico-cristãs. O álbum utiliza dos signos judaico-cristãos para promover um contra-discurso, reafirmando o de matriz africana. Nas últimas postagens deste álbum há ainda os que reúnem aspectos dos arquétipos de cada orixá relacionando-os com os signos que os permeiam. Nesta análise identificarei os nanocontos que possuem esses aspectos discursivos como “Série Orixás”. O objetivo deste ensaio é mapear esses nanocontos articulando os conhecimentos de multimodalidade e letramentos negros aos conhecimentos de: reinvenção da cultura negra (Pinho,2010), filosofia da ancestralidade (Oliveira,2012) e os teóricos das religiões de matriz africana (Santos, Elbein, Carneiro e Lima). Palavras-Chave: Letramentos Negros; Multimodalidade; Orixás
A Memória das Rezadeiras no Bairro do Mandacaru da Cidade de Jequié-Bahia Graciela Souza Almeida Resumo: O presente trabalho tem por finalidade relatar as memórias das rezadeiras do Bairro do Mandacaru da cidade de Jequié- Bahia. Numa perspectiva de resgate do legado africano o trabalho tem como objetivo contribuir com os estudos que envolvem cultura das rezadeiras e a influencias que a cultura afro-brasileira traz para este legado. Em geral, a história dominante tem omitido a participação das mulheres afrobrasileiras na vivência social, que dotou as mulheres rezadeiras da nobre capacidade de aliviar as dores das classes humildes. Em sua maioria, são elas as guardiãs da memória de seu povo, nas palavras e nos gestos repetidos cotidianamente, elas transmitem aos mais novos experiências e saberes, que ao serem repetidos serão divulgados e conservados por muito tempo nas comunidades. As rezadeiras, por exemplo, senhoras de saberes e crenças continuam desempenhando seu papel nas comunidades, contrariando as imposições da sociedade, que, pela sutileza do “jogo de opressões”, dissemina os discursos da negação da cultura, negação do pertencimento e da emancipação. Ainda hoje são as rezadeiras são procuradas para o benzimento de pessoas com diversas doenças do corpo e também da alma, repetindo o que aprenderam por gerações, utilizando-se de ritos, folhas, orações e fé. Elas guardam segredos e memórias de tempos idos e revelam nos seus fazeres receitas e experiências ensinadas pelo seus ancestrais direta relação entre o corpo e o espírito, entre a terra e o divino, entre o sagrado e o profano. Palavras-chave: Memória; Rezadeiras; Cultura popular.
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“Vivem da Pesca, se não Pega sua Pesca, não se Alimenta, Passa Fome”: Experiências e Lutas pela Sobrevivência em uma Comunidade Negra do Recôncavo Baiano Jacó dos Santos Souza Resumo: Nas proximidades de antigos engenhos de cana de açúcar do Recôncavo baiano está localizada uma comunidade negra, chamada de Tabuleiro da Vitória. Suas experiências, vivências e lutas pela sobrevivência têm sido objeto de investigação nessa pesquisa que busca, ainda, refletir sobre comportamentos de negros e negras que residem numa região de elevada importância histórica. Observações preliminares indicam que a comunidade do Tabuleiro da Vitória é composta por descendentes de indivíduos que emergiram da escravidão, estabelecendo residência fixa em terras de antigos senhores de engenho. Buscamos entender o processo histórico de fixação dos moradores nessas terras e como se dá a luta diária pela sobrevivência. Palavras-chave: Recôncavo; Comunidade Negra; Tabuleiro da Vitória.
Música Afro-Brasileira: A Práxis Pedagógica No Ensino Fundamental II para a Conscientização da Cultura Afro-Brasileira Josevaldo dos Santos Mendonça Resumo: A música oportuniza ao cidadão conhecimentos sobre vários momentos do processo histórico. Sua magia torna-se inefável no quotidiano do Homem, que todos, independente de classe e ritmo, obtêm sua identidade musical. Concomitante a esta ótica, se observa que a arte de cantar é um condutor cultural na história que ajuda a preservação e a perpetuação da historiografia de uma determinada época e sociedade; isto é visto em grandes períodos da história mundial, pois se tem a música clássica, barroca, renascentista e etc. O Brasil também é palco dessa explicação cultural por intermédio musical, tanto é que o período militar foi marcado por grandes protestos através desse instrumento, e quando são tocadas pessoas que viveram ou que conhecem a época identificam do que está se tratando. Posto esta análise, e sob a historiografia do humano negro escravizado no Brasil, o trabalho em pauta não tende questionar os estudos da música no seio social, nos tramites acadêmicos e tampouco onde e como a mesma é cantada; a preocupação deste instiga como um instrumento de práxis pedagógica a conscientização da cultura afro brasileira; sendo assim, instiga o problema a dialogar qual a importância da música na práxis docente no ensino fundamental II para que a cultura negra seja reconhecida, respeitada e valorizada pela sociedade? Pois, se acredita que ela é um elo do conhecimento ao desenvolvimento intelectivo do sujeito. Neste processo, preocupa-se a chegar ao seguinte objetivo: refletir a música como instrumento educativo de auxilio pedagógico a conscientização da cultura afro brasileira a fim de contribuir com mecanismos a extinção do preconceito étnico ainda existente no Brasil. Concomitante ao citado, entende-se que a música seria uma espécie de ferramenta que fomenta a sociedade conhecer a riqueza cultural implantada pela sociedade afro; se nota em grande composições e interpretes baianos a bravura em conduzir ao conhecimento social da história negra no Brasil, dialogando que espaço e tempo precisa ser conhecido, respeitado e valorizado. Palavras-chave: Música; Cultura Afro-brasileira; Práxis Docente.
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Uma Perspectiva de Infância e Educação Afro-Brasileira: Mitologia e Cotidiano dos Terreiros Juliane Olivia dos Anjos Resumo: Neste trabalho me proponho a apresentar uma reflexão sobre o espaço das crianças nas culturas afrobrasileiras, principalmente no candomblé. A presença das crianças pode ser observada nas narrativas que compõem o cotidiano nas comunidades de terreiro, que vão desde a dedicação de Nkisis, Orixás ou Voduns ao domínio do cuidado com as crianças, passando por mitos que orientam as práticas e têm nas crianças importantes símbolos, como a fertilidade e a graça ou a morte e a desgraça da comunidade. Partindo da perspectiva de análise da mitohermenêutica, percebe-se que estas narrativas refletem, também, no espaço físico e nas relações estabelecidas nas comunidades de terreiro. Nota-se, por exemplo, que a circulação das crianças por todos os espaços, mesmo os que possuem certa restrição, é garantido. Nesta dupla relação – o espaço físico e simbólico ocupado pelas crianças – vemos a confluência entre a tradição e a formação, tanto no que diz respeito à formação para a própria tradição como a formação enquanto base educacional das crianças organicamente inseridas nas comunidades de terreiro. Esta pesquisa se propõe a investigar se esta recorrente presença e a qualidade da presença das crianças tanto na âmbito mítico quanto no âmbito material do convívio e da manutenção – e recriação – da ancestralidade africana e afrodescendente indica a demarcação de uma concepção específica de infância e de educação. Palavras-chave: Ancestralidade; Candomblé; Infância; Educação
Religião e Subjetividade: Um Caso no Candomblé Karla Geyb da Silva Queiroz Resumo: A exposição oral visa apresentar elementos do artigo “Religião e Subjetividade: um caso no Candomblé”. O mesmo discute a subjetividade enquanto categoria de análise científica evidenciando os processos de construção subjetiva na vida de um sujeito concreto. A metodologia fundamentou-se na pesquisa qualitativa elegendo a entrevista narrativa como técnica para coleta de informações. A participanteinformante da pesquisa tem 36 anos de idade, de sexo e gênero feminino, autodeclarada de cor preta, solteira, mãe de um filho adolescente. É adepta do Candomblé desde a juventude. Objetivou-se neste trabalho analisar as vivências e as experiências de um adepto do Candomblé e os modos de subjetivação decorrentes da sua inserção religiosa ao longo da sua trajetória de vida. Para tanto, apresentou-se eventos da trajetória de vida da participante-informante da pesquisa que evidenciam como a religião contribuiu no seu processo de subjetivação. A análise dos dados permitiu constatar que efetivamente a inserção no Candomblé promoveu mudanças significativas na vida da participante-informante, integradas à sua constituição subjetiva. Palavras-chave: Subjetividade; Religião; Candomblé
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O Catolicismo Negro Vivido por um Rezador no Recôncavo Baiano (1940-1970) Manuela Santana Nascimento Resumo: A presente comunicação se propõe a refletir sobre a formação do universo religioso do rezador Crispim dos Santos, natural da cidade de Conceição do Almeida-Ba que migrou com sua família, por volta da década de 1950 para a cidade de Santo Antônio de Jesus-Ba, analisando como o catolicismo foi reinterpretado, por esse sujeito, e ligado a tradições afro-brasileiras. Localizada no Recôncavo Sul da Bahia, Santo Antônio de Jesus, a partir da década de 1940, recebeu uma grande quantidade de migrantes que abandonaram a decadência do campo e vieram em busca de uma vida melhor na cidade. Na bagagem, além da trajetória de lutas, resistências e trabalho, esses sujeitos trouxeram os saberes de cura, ligados a experiências religiosas que agregaram as diversas raízes culturais que compõem a cultura religiosa brasileira. A trajetória de vida e o catolicismo negro desenvolvido pelo rezador Crispim dos Santos, propostos nessa comunicação, contribuem sensivelmente para a revisão dos postulados teóricos que não contemplam as formas negras de autoinscrição no mundo. Para o desenvolvimento deste trabalho, as fontes orais foram de fundamental importância para a compreensão do contexto histórico da cidade, bem como das práticas religiosas desenvolvidas pelas populações negras. Palavras-chave Religião; Catolicismo Negro; Recôncavo baiano.
A Identidade Afro-brasileira no Contexto da Corrente Branca de Nossa Senhora das Graças Marcelo Antônio Ribeiro do Nascimento Marise de Santana Resumo: Este estudo desenvolvido dentro do programa de pós-graduação do Órgão de Educação e Relações Étnicas/ODEERE/UESB, busca compreender qual a identidade afro-brasileira dos membros do grupo religioso Corrente Branca de Nossa Senhora das Graças, presente no município de Eunápolis, Bahia. Toma-se esta identidade investigando o caruru, dentre os vários rituais vivenciados pelo grupo, oferecidos às crianças na festa dos santos Cosme e Damião. Sabe-se que no alimento, quer religioso ou profano, há a constituição de um sentido socializador e identitário. Os pratos revelam o imaginário ideológico da comunidade, traduzindo a memória do grupo. No caruru ofertado não é utilizado o azeite de dendê. Neste sentido, minha hipótese é que, embora haja a presença de um elemento enquanto legado africano, o caruru, a ausência do azeite de dendê em seu preparo, elemento importante na culinária religiosa afrobrasileira, indica a possibilidade de uma memória subterrânea. Sendo assim, o objetivo da pesquisa é investigar como este ritual contribui para a afirmação/negação da identidade afro-brasileira dos membros deste grupo. Para este fim, toma-se o método da etnografia. O referencial teórico baseia-se nos seguintes autores: Raul Lodi (1979); Verger (1957); Artur Ramos (1940); Santana(2006). Palavras-chave: Afro-brasileiros; Identidade Étnica; Memória Coletiva.
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Sala Santos de Fé: Apontamentos sobre a presença negra no Museu do Folclore de São José dos Campos/SP Mariana Castro Teixeira Resumo: O Museu do Folclore de São José dos Campos possui uma exposição de longa duração chamada “Patrimônio Imaterial – Folclore e Identidade Regional”. A exposição, montada em 2006 pelo curador Raul Lody, conta com sete salas: Sala São José dos Campos; Sala das Tecnologias; Sala Religiosidades; Sala Santos de Fé; Sala Festas; Sala Identidades; Sala Brasil. Localizado no Parque Burle Marx da cidade de São José dos Campos desde 1997, o Museu do Folclore é gerenciado pelo Centro de Estudos da Cultura Popular – CECP – em parceria com a Fundação Cultural Cassiano Ricardo. As ações desenvolvidas pelo Museu têm como base conceitual as orientações de D. Ângela Savastano, presidente do CECP, folclorista e orientadora do Museu. Aluna de Rossini Tavares de Lima e Julieta de Andrade, seus conceitos sobre folclore são baseados pela Carta do Folclore Brasileiro (1995) e as Recomendações sobre Salvaguarda do Folclore, emitidas pela UNESCO em 1989. A idealização deste artigo nasceu do interesse pela pesquisa de ordem prática: conciliar o trabalho que venho desempenhando como educadora no Museu do Folclore de São José dos Campos com a pesquisa sobre História da África e do negro no Brasil. Esta última, influenciada pelo engajamento com o movimento negro e a participação no Núcleo de Estudos Afro Brasileiros – NEAB – da Universidade Federal de Viçosa, em Minas Gerais. Meu primeiro vínculo com o Museu do Folclore foi temporário, como monitora durante o Mês do Folclore em agosto de 2012. Já no mês seguinte fui contratada como estagiária da biblioteca do Museu onde permaneci até fevereiro de 2013. Desde então, estou efetivada e trabalhando como educadora no setor educativo da instituição. Palavras-chave Museu; Exposição; Folclore
O Lúdico Afro-Brasileiro e a Formação da Identidade de Crianças Negras Milena Lima Tamborriello Marise de Santana Resumo: O Brasil é um país multicultural que possui suas características e peculiaridades oriundas de uma miscigenação de povos indígenas, europeus e africanos. Devido a essa singularidade, os jogos e brinquedos são diversificados e podem ser utilizados com uma função educativa, oportunizando a aprendizagem dos sujeitos que estão envolvidos, ampliando os conhecimentos e a compreensão de mundo. É brincando que as crianças descobrem o que está a sua volta começando a se relacionar com a vida, percebendo os objetos e o espaço que seu corpo ocupa no mundo em que vivem. Através de brincadeiras, como o faz de conta, o jogo simbólico, a vivência de papéis, criando e recriando situações agradáveis ou não; a criança pode realizar atividades próprias do mundo adulto, o que facilitará o seu ingresso nessa dimensão futuramente. Nesse sentido, esse estudo direciona a sua atenção para a utilização da dimensão lúdica como um fator contribuinte para a formação e o fortalecimento da identidade de crianças negras, partindo da seguinte questão norteadora: qual a influência da ludicidade afro-brasileira no processo de formação da identidade de crianças negras? Destarte, o objetivo dessa pesquisa é identificar a percepção dos professores da educação infantil sobre a contribuição do lúdico afro-brasileiro para a formação da identidade de crianças negras. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, ancorada na abordagem etnográfica e de cunho descritivo-exploratória. A pesquisa será desenvolvida em cinco escolas de educação infantil do município de Jaguaquara, Bahia. Participarão da entrevista semiestruturada 20 professores, e após transcrição dos relatos e da observação feita nos espaços de ludicidade, utilizaremos a análise temática de conteúdo. Espera-se, a partir da realização desse estudo, que os professores de educação infantil repensem as atividades lúdicas que estão sendo desenvolvidas na sala de aula,
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percebendo a importância do brincar para a vida da criança não apenas como fonte de divertimento mas também como um mecanismo de resgate da própria cultura das crianças negras levando-as ao conhecimento da história do seu povo, dos seus valores e costumes. Palavras-chave: Lúdico; Identidade; Crianças
Dançando Negro: Vídeo documentário sobre a Zabelinha e o Enrolador Fabrício Pereira Santos Resumo: O documentário Dançando Negro, empenhou-se em representar as danças populares Zabelinha e Enrolador, da comunidade remanescente de quilombo Laranjeira, Igrapiúna, Bahia. A comunicação como baluarte do processo de pesquisa, aproximação e criação artística, foi multiplicada em suas potencialidades com a linguagem audiovisual, resultando em um trabalho de concepção étnica ligada à cultura, propondo uma abertura de visibilidade para os afro descendentes numa tentativa contínua de reverter as opressões em ascensões sociais. Mais que singular, as danças e a carga simbólica que as rodeiam, permitem perceber a vastidão ainda inexplorada da territorialidade negra presente no Brasil, e principalmente a do estado baiano, substratos estes de um passado, amplamente vivos e acesos nas consciências quilombolas retratadas. O documentário de dezoito minutos e meio foi parte do trabalho final de graduação do proponente, o qual tem buscado propagar tais realidades em variados espaços de discussões teóricas e mostras e festivais de cinema dos quatro cantos, afinal, são oportunidades de maior preservação e propagação dos bens imateriais da nossa cultura popular negra, possibilitando que mais receptores tenham acesso a produções artísticas e acadêmicas. Palavras-chave: Documentário; Quilombolas; Cultura Popular; Danças.
Espiritismo e Cultura Afro-brasileira em Maracás: Diálogos Possíveis Ivana Karoline Novaes Machado Resumo: O Espiritismo Kardecista é uma religião que tem, desde sua origem, uma visão predominantemente eurocêntrica em suas bases filosóficas e teológicas. Nascida na Europa, num contexto histórico em que o positivismo reinava juntamente com teorias étnico-raciais e visões sociológicas eurocêntricas, esta religião, ao menos oficialmente, sempre procurou afastar a sua doutrina do contato com as religiões de matriz africana, por considerá-las inferiores culturalmente e por não colaborarem com aquilo que os Espíritas chamam de “fé raciocinada”. Esse pretenso afastamento, não se restringiu apenas à possibilidade inserção de conceitos e crenças, mas também, em alguns casos, à expressa proibição de comunicação de espíritos oriundos desses cultos, como os pretos-velhos, caboclos, boiadeiros etc. Não obstante essa resistência, muitos centros espíritas, permitem tais comunicações e seus membros adotam, por vezes, práticas simbólicas que lembram a Umbanda e/ou o Candomblé. O presente trabalho investiga a presença desses elementos da cultura afro-brasileira, no centro Espírita José Herculano Pires, da cidade de Maracás, no Estado da Bahia. É objetivo do mesmo, indicar como os elementos de culturas afro-brasileiras são absorvidos pelo espiritismo como um todo (e por este centro em particular), sem que para isso necessite de uma crise ideológica etnocêntrica. O presente trabalho é fundamentado em teóricos como: Cristina da Cunha, Emerson Giumbelli, Florestan Fernandes, Muniz Sodré, Renato Ortiz, Vainfas e Souza, entre outros pesquisadores afins. Palavras-chave: Espiritismo; Kardecismo; Afro-brasileiro; Religião; Étnico-raciais.
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A Relação do Caboclo do Dois De Julho Salvador (Ba) com o Caboclo Cultuado Nas Religiões AfroBrasileiras: Perspectivas E Possibilidades Da Aplicação Da Lei 10.639/2003 Rose Mary de Jesus Barros Barbosa Danielle Lima Silva Evanilson Tavares de França Resumo: O artigo que por ora apresentamos tem como sustentação uma análise dos festejos de 02 de julho, ocorridos em Salvador (BA), no qual é possível perceber um diálogo entre o caboclo – personagem importante nas lutas pela Independência do Estado – e caboclo cultuado no candomblé. Objetivamos com esta discussão contribuir com a ressignificação do currículo, que precisa dialogar com o contexto sociocultural e fortalecer a educação para as relações étnicorraciais. Lançamos mão da pesquisa bibliográfica; para tanto, recorremos a documentos legais e teóricos que refletem sobre a temática. Palavras-chave: Caboclos; Independência da Bahia; Leis 10.639/2003 e 11.645/2008; Resolução CNE/CP n.º 01/2004.
Exu não é Diabo: A construção do Exu imaginário de Verger Rychelmy Imbiriba Resumo: As imagens construídas no imaginário popular do povo de santo são influenciadas pela antropologia, tendo em vista que o candomblé é uma religião construída na oralidade, as pesquisas que foram desenvolvidas nos últimos anos, serviram como pontuadores da tradição. O presente trabalho analisa, como as imagens, através da fotografia de Pierre Verger influenciaram o s adeptos do candomblé sobre a concepção de Exu, e como a autor procurou legitimar um culto ao qual ele tentava ao máximo aproximar a pratica brasileira da pratica africana. As fronteiras que separam o culto a Exu, de um modo dito legitimamente africano, do genuinamente brasileiro são tênues e provocam controversas. Procuramos entender de que que forma a idealização de Verger foi e é decisiva no imaginário do povo de santo. Como base teóricas utilizamos Burker, Capone, Boucher entre outros. Palavras-chave: Exu; Pierre Verger; Imagem.
“Do Batuque à Apoteose, o Samba Pede Passagem” Verena Queiroz Cruz Vilela Priscila Gomes Correa Resumo: O presente trabalho discute o samba na contemporaneidade, tendo-se em vista que se trata de uma das maiores manifestações culturais que compõem a identidade nacional brasileira. Ao fazer uma análise histórica dessa manifestação cultural, verifica-se que, desde o século XVII até o início do século XX, era conhecida como batuque e não era vista com bons olhos pela elite brasileira, pois, era sempre reconhecida como uma manifestação de negros, escravos e ex-escravos. Por isso, de batuque a samba permaneceu a pecha de incivilizado, bárbaro e inferior, sendo. Portanto, reprimido e considerado um elemento
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perturbador da ordem pública. Estudar a história do samba implica compreender as transformações culturais que marcaram a primeira metade do século XX no Brasil, bem como o papel da cultura afrobrasileira neste contexto. Por isso, a partir da investigação sobre o processo de institucionalização do samba como expressão da identidade nacional na década de 1930, o objetivo desta pesquisa é identificar e analisar as representações do samba de roda da região do Recôncavo baiano, cenário tradicional de inúmeras festas de negros denominadas como batuque de caráter polimorfo e polissêmico que confundia os responsáveis por seu controle, observando as suas possíveis transformações diante do modelo então propagado. Sendo assim, esse projeto contribui para uma discussão sobre as especificidades das manifestações culturais e históricas da região do Recôncavo Baiano. Palavras-chave: Samba; Manifestações Culturais; Música; Patrimônio
O Cajado de Lemba: O Tempo no Candomblé de Nação Angola Veridiana S. Machado José Francisco Miguel Henriques Bairrão. Resumo: A religiosidade afro-brasileira apresenta-se como fonte de pesquisa que tem muito a contribuir com os estudos no campo da psicologia, pois ao preservar costumes e hábitos os africanos e afrodescendentes construíram também etnoteorias psicológicas. A pesquisa fundamenta-se na proposta etnopsicológica de que as sociedades desenvolvem formas próprias de compreender o mundo, de acordo com a filosofia da ancestralidade, considerando o Candomblé de nação Angola – que se reporta às etnias bantu – como uma manifestação afrobrasileira que preserva concepções de ser humano, do psíquico e da vida social. Deste modo, o estudo aqui apresentado propõe uma investigação sobre a compreensão e a vivência do tempo no Candomblé de nação angola. Ressalte-se que a experiência do tempo no candomblé de nação angola é acrescida do culto do Nkisi Tempo que enquanto força ou elemento da natureza, é restrito aos fundamentos litúrgico-religiosos dos bantu e, por isso, Tempo é considerado o patrono da nação angola, tornando-se um signo identitário. Neste caso, deve-se compreender que os bantu, ao serem trazidos para o Brasil, interromperam um tempo e, num processo de readaptação, reinventaram a si mesmos em outro tempo, e assim como afirma a filosofia da ancestralidade. Por conseguinte, não se trata apenas de imaginar quem seríamos se não fôssemos quem somos hoje, mas de buscarmos saber o que herdamos e quem realmente somos, pois, neste estudo, o tempo que se pretende conhecer é culturalmente nosso (brasileiro). Na coleta de dados será utilizado o método etnográfico, entrevistas e a escuta participante. A análise dos dados será qualitativa, integrando os dados etnográficos com as narrativas dos membros do terreiro e das manifestações inconscientes do tempo. Também se visa propiciar um diálogo da concepção etnopsicológica de tempo a ser inferida com discussões sobre o tema no campo da psicologia, bem como colaborar para a constituição de um corpo de saber etnopsicológico afrobrasileiro e combater assim a epistemologia racista. Palavras-Chave: Candomblé; Tempo. Ancestralidade; Etnopsicologia; Psicologia; Religião.
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GT 11 - Pensamentos e Intelectuais Negros Coordenadores: Prof. Dr. Antônio Liberac – UFRB - Profª. Drª. Rosemere Ferreira
“Úrsula”: uma crítica sobre etnia especulada no romance de Maria Firmina dos Reis
Adilza dos Santos Braz Rosemere Ferreira da Silva Resumo: A autora Maria Firmina dos Reis foi a primeira mulher negra a propagar a literatura negra no Brasil. Nesse sentido, é importante mencionar que desde a publicação do se romance Úrsula até os dias atuais, é muito pequeno o número de literatura negra que discorre sobre este assunto. Assim, o presente trabalho intitulado “ÚRSULA”: UMA CRÍTICA SOBRE ETNIA ESPECULADA NO ROMANCE DE MARIA FIRMINA DOS REIS, tem como objetivo principal discutir como Maria Firmina ostenta na sua obra, o choque entre etnias que é pleiteada entre o negro e o branco. Vale ressaltar que este estudo será atrelado a algumas concepções teóricas. Não obstante, serão utilizadas para desenvolvimento desta pesquisa a própria obra da autora, já mencionada, as autoras CHAVES e MACÊDO (2006) entre outros teóricos que aludem e defendem a concepção e visibilidade do indivíduo negro na literatura afrobrasileira em consonância com a sociedade. Palavras-chave: Etnia; Literatura Afrobrasileira; Visibilidade.
Jônatas Conceição: A Voz Subalterna que se Fez Audível Cleber Souza Santos Resumo: Analisar parte da produção teórica e poética de Jônatas Conceição da Silva – um dos mais importantes escritores da literatura negro-brasileira (CUTI, 2010) – é o objetivo desse trabalho. Tendo como recorte parte do seu livro teórico “Vozes quilombolas: uma poética brasileira” (2004) e o poema “Zumbi é o Senhor dos Caminhos”, mostrarei que por meio de uma produção intelectual e militante que ultrapassa o estético, ou melhor, onde se instaura uma estética militante, Jônatas Conceição torna audível sua voz, que, enquanto negro, foi historicamente subalternizada. Nesse sentido, trabalharei aqui com o conceito forjado pela intelectual indiana Gayatri Spivak, em seu livro “Pode Subalterno Falar?” (2011), definindo-o como uma voz que é falada pelo desejo do outro, ou seja, há um investimento de salvá-lo, representa-lo, mas, na verdade, ele per si, não aparece como gestor de sua identidade e discurso. A finalidade do trabalho é demostrar, a partir de Jônatas Conceição, como escritores negros, agora gestores dos seus próprios discursos, desconstroem, muitas vezes se valendo dos próprios discursos hegemônicos, as representações estereotipadas que a literatura canônica nacional criou dos negros e suas culturas. Palavras-Chave: Jônatas Conceição; Literatura Negro-Brasileira; Militância; Subalternidade.
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A Ressignificação da Mulher Negra em Poesias de Miriam Alves Elisiane Nascimento Oliveira Resumo: A investigação almejada por esse projeto de pesquisa intitulado “A Ressignificação da Mulher Negra em Poesias de Miriam Alves” é contribuir para a discussão e desconstrução do estereótipo feminino negro na literatura, sabendo que a literatura afrobrasileira sempre foi desestimada pela literatura brasileira e que neste mesmo diálogo a literatura feminina negra sofreu e sofre ainda exclusão por meio do que se é considerado prestigiado para os padrões literários. Pensando em como a literatura negra feminina se encaixa nessa discussão quando trabalha com uma temática que visa avaliar um determinado objeto, o corpo, buscando analisar a linguagem da autora Miriam Alves enquanto escritora, mulher e negra na representação da imagem desse grupo. Este trabalho pretende discutir, com embasamento em teorias que defendam a ressignificação do corpo negro na literatura contemporânea estabelecendo uma análise do discurso de Miriam Alves com as teorias enquanto mulher que também é representada na obra. Autora que apresenta obras com relevante expressão na literatura afrobrasileira. Busca este trabalho trazer reflexões sobre o contexto social, politico, histórico e de gênero numa perspectiva teórica. Para isso, utilizou-se como procedimentos metodológicos, levantamento bibliográfico, realização de pesquisas em livros, artigos e outros meios de informação como revistas, jornais, bloggers, sites da internet etc., com posterior análise em acordo com os teóricos consultados. Palavras-chave: Literatura Afrobrasileira; Mulher Negra; Miriam Alves.
O Pensamento das mulheres negras no Brasil na obra O Livro da Saúde das mulheres negras. Nossos passos vêm de longe. Isabela Cruz Resumo: Apresento neste artigo, que compõe meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) em Licenciatura em História, as interpretações iniciais acerca da cartografia do pensamento das mulheres negras no Brasil, através da literatura, especificamente de uma obra, O Livro da Saúde das mulheres negras. Nossos passos vêm de longe, organizado por Jurema Werneck, Maisa Mendonça e Evelyn C. White. A obra é composta por uma coletânea de textos de ativistas negras do Brasil e dos EUA, revelando uma concepção diaspórica em torno de um projeto de justiça social para as mulheres negras. Os textos são percebidos como fontes, pois os mesmos trazem reflexões de mulheres negras acerca de suas vivências, permitindo a investigação da trajetória de consolidação do movimento de mulheres negras e de suas perspectivas políticas. Além dos textos, lanço mão de entrevista realizada com uma das organizadoras do livro com o intuito de entender o contexto de produção da obra. Como objetivo busco inicialmente identificar nos artigos como o sexismo e o racismo são descritos como marcadores sociais de exclusão pelas mulheres negras, que deixaram marcas em suas vidas, porém, as motivaram a questionar a posição social de subalternidade que lhes foi imposta pela intersecção de gênero, raça e sexualidade. Procuro, ainda, mostrar as ações desenvolvidas pelas ativistas, visando a transformação social, a partir de suas experiências de vida nas diversas áreas que escolheram para refletir sobre racismo e sexismo, como: literatura, saúde, política, religiosidade e ativismo. Palavras-chave: Diáspora Negra; Pensamento de Mulheres Negras; Mulheres Negras
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Comunidades Tradicionais e os Remédios Constitucionais Jonatha Pereira Bugarim Resumo: O presente trabalho traz a temática das Comunidades Tradicionais e os Remédios Constitucionais, debatendo a problemática de este instrumento jurídico ser pautado, durantes sua elaboração, em uma cidadania universalista, ou seja, desconsiderando a pluralidade cultural das diversas sociedades existentes. O objetivo desse estudo é buscar uma fundamentação que justifique o motivo da enorme dificuldade de ser utilizado os remédios constitucionais pelas comunidades tradicionais. Flavia Piovesan, Boaventura de Sousa Santos, foram unanimes em defender a pluralidade cultural, o multiculturalismo como forma de equilíbrio e respeito entre sociedades de diversas culturas locais, uma globalização de baixo para cima, cosmopolita. Foi utilizado como metodologia a pesquisa qualitativa através do levantamento bibliográfico. Portanto, fica cristalino que à razão de existir uma lacuna entre os cidadãos moradores de comunidades tradicionais e os remédios constitucionais, é devido estes serem pautados em uma cidadania universalista e não em uma cidadania por alteridade enfocando o multiculturalismo como uma forma de termos uma sociedade equilibrada. Palavras-chave: Multiculturalismo; Cidadania; Remédios Constitucionais.
Memórias entrelaçadas: Conceição Evaristo e José Carlos Limeira, Vozes Negras Quebrando os discursos Hegemônicos Juliana de Oliveira Santos Resumo: As vozes negras dos escritores Conceição Evaristo e José Carlos Limeira, com seus textos literários, quebram os discursos racialmente hegemônicos, ou seja, etnocêntricos. Neste estudo, buscarmos articular e transitar nos universos múltiplos dos autores, em sua discussão sobre os limites e impasses da representação raciais. Nosso fio condutor, é a memória de vida e de militância trazida pelos dois autores. Memória esta que retrata e representa a condição dos afro-brasileiros hoje no Brasil. Conceição Evaristo, hoje doutora em literatura comparada, traz em seus poemas e livros uma complexidade para a personagem negra em sua escrita que extravasa os espasmos que eram submetidos nas representações tradicionais. Através dos afluentes da memória e “fazendo Palmares de novo”, temos o militante do Movimento Negro Brasileiro, José Carlos Limeira que, em sua obra, traz o estalo que vem a quebrar o discurso hegemônico ao qual os afro-brasileiros estão submetidos. O objetivo deste trabalho é discutir os fluxos de memórias existentes nas obras dos dois autores, Ponciá Vicêncio (2006) de Conceição Evaristo e nos poemas Quilombos (1979) - Memórias I, de José Carlos Limeira, que quebram as visões estereotipadas e alienadas da população afro-brasileira. Interessa-nos a memória explanada nas obras, para discutirmos a questão da identidade e diferença (SILVA, 2008) NESTES DISCUSSOS. Teremos como base teórica, além de Tomaz Tadeu da Silva, Cuti, Michel Foucault, Guilles Deleuze e Gayatri Spivak. Palavras-chave: Memórias; Identidade; Diferença; Afro-Brasileiros.
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Remédios Constitucionais, Cidadania e Comunidades Tradicionais Jonatha Pereira Bugarim Resumo: O presente trabalho traz a temática das Comunidades Tradicionais e os Remédios Constitucionais, debatendo a problemática de este instrumento jurídico ser pautado, durantes sua elaboração, em uma cidadania universalista, ou seja, desconsiderando a pluralidade cultural das diversas sociedades existentes. O objetivo desse estudo é buscar uma fundamentação que justifique o motivo da enorme dificuldade de ser utilizado os remédios constitucionais pelas comunidades tradicionais. Flavia Piovesan, Boaventura de Sousa Santos, foram unanimes em defender a pluralidade cultural, o multiculturalismo como forma de equilíbrio e respeito entre sociedades de diversas culturas locais, uma globalização de baixo para cima, cosmopolita. Foi utilizado como metodologia a pesquisa qualitativa através do levantamento bibliográfico. Portanto, fica cristalino que à razão de existir uma lacuna entre os cidadãos moradores de comunidades tradicionais e os remédios constitucionais, é devido estes serem pautados em uma cidadania universalista e não em uma cidadania por alteridade enfocando o multiculturalismo como uma forma de termos uma sociedade equilibrada. Palavras Chave: Multiculturalismo; Cidadania; Remédios Constitucionais.
Poesia Negro-brasileira: Rompendo as Barreiras da Subalternidade Marinilda Gomes dos Santos Resumo: O trabalho ora apresentado visa a sanar uma dívida dos pesquisadores baianos com a produção literária, ensaística e teórica de escritores negros, sobretudo baianos, pois é através da literatura negro-brasileira (Cuti, 2010) que, o negro tem oportunidade de falar do que é ser negro, das demandas, potências e limitações deste lugar de fala, rompendo com as representações subalternizantes que sobre ele são depositadas. Temos como objeto de pesquisa a produção literária do professor, poeta, radialista e militante do Movimento Negro Unificado (MNU), Jonatas Conceição da Silva (1952-2009), que contribuiu significativamente com o reconhecimento e difusão da literatura negro-brasileira. Através de seus textos é possível compreender o entendimento da história digna do povo negro. Com o objetivo de discutir as demandas da população negra, temos, como foco prioritário, analisar os modos de representação do enfrentamento racial, que são temas frequentes em seus poemas, usando a poesia como uma “arma” (CONCEIÇÃO Evaristo 1996) no combate ao racismo. Nesse trabalho proponho-me a, dialogando com a filosofia da desconstrução, analisar alguns poemas de Jônatas Conceição, do livro “Outras Miragens”, publicado em 1989, e, a partir deles, discutir a representação e a auto-representação do negro na literatura brasileira. Palavras-chave: Poesia; Jônatas Conceição; Representação; Auto-representação; Subalternidade.
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Identidades Negras no disco Refavela (1977), de Gilberto Gil Rafaela Capelossa Nacked Resumo: Nos efervescentes anos 1960-1970 o mundo atlântico foi palco de grandes acontecimentos: a luta por Direitos Civis nos Estados Unidos, a descolonização de diversos países africanos e a emergência de diversas lutas da população negra. No campo da cultura, podemos destacar a ascensão do funk e do soul e a forte presença do reggae music no cenário musical, gêneros conectados a uma ética e uma estética de valorização da cultura negra. No Brasil entre essas manifestações musicais podemos resgatar os Bailes Black e a africanização do carnaval de Salvador. Neste contexto, Gilberto Gil, um dos mais conceituados performers dessa negritude artística e politicamente, torna-se um dos símbolos mais importantes da negritude no país e ícone dos jovens negros baianos nas décadas de 1970-1980. Um dos discos mais marcantes deste período da carreira do artista, Refavela (1977), é dedicado à África, começou a ser elaborado durante a viagem de Gilberto Gil ao FESTAC (Festival Mundial de Arte e Cultura Negra) em Lagos, na Nigéria. De volta ao Brasil, Refavela foi gravado entre o final de março e o final de abril de 1977. "Era época do movimento Black Rio, com o funk começando por aqui e eu quis gravar algo como aquela versão de Samba do Avião", lembra Gil. "O disco era pra isso, para registrar os “afrorismos” que havia na época – como era a juju music de Balafon e os blocos afro-baianos de Ilê Aiyê. O disco revela não só a matriz africana, mas a atmosfera de invenção, reinvenção e transformação de formas musicais chamadas tradicionais para engendrar a produção de novas identidades musicais dentro de uma política cultural da diferença. Refavela celebra a raiz desvelando a África na experiência da diáspora, manifestando-se num relato absolutamente moderno, impuro no discurso verbal e melódico, intencionalmente diverso nos ritmos, instrumentos e linguagens. Palavras-chave: Música; Identidade; Negritud
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Comissão Organizadora Dr. Paulo Gabriel Soledade Nacif Reitor da Universidade Federal do Recôncavo Msc. Ronaldo Crispim Sena Barros Pró-reitor de Políticas Afirmativas e Assuntos Estudantis Drª Ana Rita Santiago Pró-reitoria de Extensão da UFRB COMISSÃO CIENTIFICA Drª. Ana Cláudia Lemos Pacheco-UESB/APNB| Drª. Ana Célia Silva-UNEB| Drª. Ana Lúcia Silva Santos-UFBA| Ana Rita AraújoUNEB| Ana Rita Machado-UNEB| Drª. Ana Rita Santiago-UFRB/APNB| Msc. Andréa Lisboa| Drª. Ângela FigueredoUFRB/PROPAAE| Dr. Antonio Liberac-UFRB/NEAB| Msc. Claudia Rocha-UNEB/APNB| Dr. Cloves Luiz Pereira OliveiraUFBA/APNB| Msc. Denilson Lessa dos Santos-UNEB/APNB| Msc. Denize de Almeida Ribeiro-UFRB/PROPAAE| Drª. Edna Araújo-UEFS| Dr. Edson Ferreira-UEFS| Dr. Eduardo Oliveira –UFBA| Dr. Emanoel Luis Roque Soares-UFRB/NEAB| Drª. Eva Carvalho-UEFS| Drª. Florentina da Silva Souza-UFBA/APNB| Dr. Francisco Cardoso-UESB| Dr. Gredison dos Santos-UFRB| Guacira Cavalcante| Dr. Henrique Cunha-UFC| Dr. Jesiel Ferreira de Oliveira Filho-UFBA/APNB| Msc. Juvenal de Carvalho Conceição-UFRB/NEAB/APNB| Msc. Lázaro Cunha-STEVE BIKO| Msc. Lilian Almeida dos Santos-UFBA| Msc. Maria Durvalina Cerqueira Santos-UNEB/APNB| Drª. Marise Santana-UESB/APNB| Drª. Marcos Aurélio Souza-UESB/APNB| Msc. Marluce de Lima Macedo-|UNEB/APNB| Dr. Nilo Rosa dos Santos-UEFS/APNB| Drª. Paula Cristina Barreto-UFBA| Renato Noguera| Msc. Romilson Sousa Silva-UNEB/APNB| Msc. Ronaldo Crispim Sena Barros-UFRB/PROPAAE| Msc. Rosangela Souza da SilvaUFRB/PROPAAE/APNB| Rosemere Ferreira-UFS| Msc. Sandra Nívea-UEFS| Dr. Silvio Humberto Passos Cunha-UEFS| Simone de Jesus Santos-UFBA| Msc. Suely Santos Santana-UNEB/APNB| Dr. Valdélio Silva-UNEB| Dr. Wilson Roberto de MattosUNEB/APNB. COMISSÃO DE SECRETARIA Dr. Nilo Rosa dos Santos| Msc. Rosângela Souza da Silva| Msc. Nívia Dias| Srta. Viviane Emília Ribeiro de Souza| Srta. Naiah Caroline Rodrigues de Souza| Daniele Machado Cavalcante| Carine Brasil| Sinvaldo Barbosa Melo COMISSÃO RESPONSÁVEL ANAIS Drª. Ana Cláudia Lemos Pacheco| Dr. Emanoel Luis Roque Soares| Dr. Antônio Liberac| Msc. Juvenal Carvalho. COMISSÃO COMUNICAÇÃO Dr. Jesiel Ferreira de Oliveira Filho UFBA/APNB| Sr. Geraldo Pereira do Nascimento Neto UFRB/PROPAAE. COMISSÃO DE FINANÇAS Dr. Nilo Rosa dos Santos UEFS/APNB. COMISSÃO DE MONITORIA E RECEPTIVO Msc. Denize de Almeida Ribeiro| Srª. Ana Maria Silva. COMISSÃO DE ATIVIDADE CULTURAL Msc. Romilson Sousa UNEB/APNB| Msc. Denize de Almeida Ribeiro UFRB/PROPAAE| Robson dos Santos de Oliveira UFRB/PROEXT. COMISSÃO DE INFRAESTRUTURA Ms. Ronaldo Crispim Sena Barros UFRB/PROPAAE| Alessandro Correia UFRB/PROEXT| Maria do Socorro Rodrigues Pinto| Igor Santos Pereira da Silva| Reizane Pereira Lordelo| Antônia Viviane Martins Oliveira
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