Profashional Ed. 103 - Deguste

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AL EDITORA PROFASHION ANO 11 13 | R$ 5,90 | 20 AL.COM OM.BR PROFASHION FASHIONAL.C REVISTAPRO EDIÇÃO

a sta ist vi ev re a r ra ir e ei m m i i r r p p A A si si a ra ll Br o B do a d lsa ols bo e b d de

103

10 anos de

Profashional

Rachel Weiz,

a estrela de e o nosso momento de

Oz

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Rainha

NÃO É O

Chá da

Felizes os convidados para os momentos em que se comemora a vida. Felizes aqueles que podem chamar e ser chamados, por 1 milhão de outros semelhantes, de amigos! (Simbolicamente, escolhi o número como uma ode ao Rei Roberto). Felizes aqueles que conhecem a alegria pura, real, verdadeira de se comprazerem pelos alcances dos outros. Ao completarmos oficialmente a adolescência, a idade “teenager”, ou seja, ao cairmos na fase das dezenas, das quais esperamos não sair jamais, pincelamos a magia que envolve o mundo Profashional em forma de festa até você. Não somos (só) uma editora, somos um estilo de vida, em que trabalho e a forma “honesta” de viver é fazendo comunicação customizada de resultado. Ou você conhece muitas empresas onde, por exemplo, ex-colaborador tem cadeira cativa e sua posição de destaque garantidas (ok, quase todos. Caso contráEu e minha bolsa Diane von Fürstenberg: o tempo rio, seria unânime, e eu teria receio das palavras do mestre Nelson está em nossas mãos! Rodrigues: “Toda unanimidade é burra”)? Às vezes nossos “exs” até mudam de área, de vida, de país, mas não mudam o coração que um dia bateu profashional. Palavra que, por sinal, um dia sonhei, registrei e que vejo ser usada como substantivo, adjetivo, advérbio. Ser ou não ser profashional pode ainda definir se uma relação tem ou não chance de sucesso nos mais diversos e humanos âmbitos. Em entrevistas de empregos, nos deparamos com currículos maravilhosos e pessoas bacanas, mas os olhares dos entrevistadores podem eventualmente mostrar uma ressalva muito grave: “A pessoa não é profashional”. Isso basta. Sabemos que aí nenhum treinamento terá sucesso, pois a pessoa pode não vir pronta, mas mostra tendências de seu profashionalismo, ou seja, caso venha um dia a ser estudado em algum projeto genoma, deve ser comprovável por meio do DNA. E agora, a festa. Um momento simbólico também marca o significativo No mundo “normal”, esta seria nossa capa. Linda também, mas nosso momento atual é de magia. (e quando não é?)

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FOTOS: ARQUIVO PESSOAL SANDRA TESCHNER / ACADEMY OF MOTION PICTURE ARTS AND SCIENCES

aniversário. Onde cada detalhe até o grande dia foi construído para que convidados e anfitriões estejam em sintonia e dividam suas dúvidas, suas alegrias, suas ideias, se comuniquem muito! Roupas, Cabelos, Makes, Iguarias, Músicas, Filmes, Fantasias, Convites e suas muitas formas de feedbacks. Criamos uma troca de informações, geramos “pano pra manga” para que todos comecem a festa meses antes das portas do espaço se abrirem e que meramente nos abrigará e será testemunha de nossa alegria. A vida é o que acontece a todo instante e enquanto planejamos e executamos juntos a fantasia de festejar, estamos exercendo o nosso mais simples dos direitos, o de sermos felizes em harmonia com aqueles de quem gostamos, que nos são caros, que fazem a diferença para o que fazemos ou o que somos, ou que simplesmente nos fazem sorrir. Amo quem me faz sorrir. A revista Profashional atual pincela retrospectiva, mistura magia, evoca os temas que a fazem reconhecida, traz grandes eventos de moda mundo afora com nossas viagens nessas expedições de conhecimentos, expõe a vista por meio de diversos pontos, pois ela é feita por gente das mais diversas raças, crenças, que vivem nos mais diversos lugares. Ou por aquelas que sentam juntinhas e são tão diferentes. Ela está linda, eclética, renovada, repaginada, mas ainda é ela... A revista que sonhei existir para que me desse o prazer máximo de leitura em qualquer lugar. Que me acompanhasse dentro da bolsa – daí seu formato

inovador para o ano de 2003 – e que me deixasse pensativa ou sorridente quando a levasse para a cama. Ela continua o baby que certa vez sonhei, só cresceu e já tem voz própria, então, às vezes, sou eu quem aprende com ela. Ah? E quanto ao Chá da Rainha? Título da festa que comemora os nossos anos e que conta com a “Rainha das customizadas” (aproveito e agradeço mais uma vez ao Meio & Mensagem esta linda homenagem a mim), mas não convida para o Chá. Em festa de rainha profashional, o trono pode ser de papel, a coroa de garrafa pet, o manto longo real de fitas VHS construído por crianças de rua em algum projeto social incrível; os cantores, aqueles que fazem a diferença no interior da Bahia, ou que soltam a voz com verdade rara em Brasília, os comes e bebes são chamados pelos nomes, assim sabemos quem são e ao que vêm (e o que têm dentro!). O mais sério dos clientes pode se entregar a sua real fantasia de ser o Besouro Verde, ou assumir a identidade do grande Gatsby, e no momento da coroação, em vez da guarda real, bem que pode entrar uma boa escola de samba… Viva as diferenças e todos aqueles que as sabem fazer com amor! Obrigada por existirem e realizarem comigo um sonho profashional de ser!

Sandra Teschner Publisher facebook sandra teschner / escritora

10anos

especial

Profashional

Convidada especial no Portugal Fashion: tempo de ser feliz trabalhando muito!!!

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PROFASHIONAL EDITORA Publisher: Sandra Teschner Diretor Executivo: Gabriel Sales Diretora de Projetos Especiais: Dio Jaguarível Gerente do Núcleo de Jornalismo: Adriana Rosa – MTB 47337 Gerente do Núcleo de Design: Alice Hecker Revistas Digitais: Danielle Lima Assessora de Imprensa: Ana Carolina Contri Assistente Administrativa: Viviane Miluzzi Web: Ricardo Cerdan Departamento Comercial: Márcia Souza comercial@profashional.com Atendimento ao Cliente: Alice Alves recepcao@profashional.com

REVISTA PROFASHIONAL Editora chefe: Sandra Teschner Jornalista Responsável: Mirella Stivani – MTB 50483 Jornalistas: Ana Carolina Contri, Fernanda Mendonça e Maria Helena Bellini Editora de Arte: Alice Hecker Projeto Gráfico: Alice Hecker, Humberto Lima e Katherine Gomes Designers Gráficos: Claudia Carvalho, Danielle Lima, Humberto Lima e Katherine Gomes Ilustrações: Humberto Lima Moda: Julia Moraes, Caroline da Mata, Ana Carolina Cosi (estagiária), Gabriela da Mata (estagiária), Carolina Nazatto Arquitetura/Decoração: Verônica Naka Correspondente Internacional: Marisa Abel Colaboraram nesta Edição: Antonio Carlos, Cadu Assalin, Cristiane Barreto, Eber Medeiros, Fernanda Calfat, Maria Daniela Dias Rodrigues, Luiz Carlos Cruz e Paulo Pandjiarjian Revisão: Maria Elisa Albuquerque Para anunciar: Márcia Souza e Ricardo Cerdan de Campos comercial@profashional.com Para assinar e solicitar edições anteriores: assinatura@revistaprofashional.com.br Impressão: IBEP Os artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores e não representam a opinião da Editora nem da Revista. É permitida a reprodução desde que previamente autorizada, com crédito à fonte. Profashional Editora Ltda. Av. Jandira, 843 | Moema | CEP 04080-005 | São Paulo| SP Tel.: (11) 5051-4084 www.profashional.com | editora@profashional.com

Editora filiada à

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Point

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Edição 102

Eu amei a matéria com Lana Del Rey. Ela é muito linda, assim como sua música. Parabéns! Vanessa Cunha Rio de Janeiro – RJ

Parabéns pela revista. Recebi-a casualmente porque a colocaram sobre a minha mesa. No começo, não me interessei, pois achei que fosse segmentada em moda por causa da palavra “fashion” no corpo do nome. Depois que comecei a folheá-la, surpreendeume pela diversidade dos assuntos e por seu tratamento gráfico. Nelson Freire Ilhéus – BA

A Feyl é muito engraçada! Eu concordo com o que ela escreveu e tenho certeza de que nós leitores vamos nos divertir muito. Patrícia Ferraz São Paulo – SP

Fã profashional Lana Del Rey na capa é luxo máximo e atual. Amei as mudanças. Parabéns pela ousadia de mudar e se renovar.

Adorei a edição 102 da revista Profashional!!! A matéria “It Ladies” está ótima e as dicas geeks já foram todas para o meu celular!Beijos a toda a equipe. Parabéns! Carla Di Pietro Campinas – SP

Suellen Lima São Paulo – SP Adorei o novo design gráfico da revista. Muito mais atrativo! Paula Costa São Paulo – SP

A nova revista Profashional está simplesmente sensacional. Amei! Fabiana Sousa Santo André – SP

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Mirna veste: Maria Garcia

A Profashional de cara nova foi uma surpresa adorável! Li tudo, do começo ao fim, adorei ter tantas matérias com assuntos diferentes. Vários amigos pediram o meu exemplar emprestado. Paulo Ribeiro São Paulo – SP

A matéria “It Ladies” é bastante esclarecedora. De maneira geral, a moda só é pensada para os jovens, como se depois de certa idade as pessoas não tivessem mais interesse em se arrumar ou se manterem bonitas. Isso não é verdade. Também gostamos de ser fashion! Ana Nascimento São Paulo – SP

Adorei o Culture-se. Eu adoro essas dicas de cultura, sempre me despertam o interesse de ver todos os livros, ir a todos os shows, assistir a todos os filmes e assim por diante. Agora é minha seção favorita! Márcia Lemes São Paulo – SP

Recadinho para a publisher:

FOTO:IMAGE.NET

Sandra Teschner, Se você fosse chef de cuisine seria sucesso universal... Vá saber harmonizar desejos, sabores e prazeres assim lá em Liverpool! Cláudio Augusto M. Paranhos Itabuna – BA

a opinião, u s s o m e r e Qu mail para: e m u e d man .br shional.com fa o r p ta is v e revista@r

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Índice

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30 NA CAPA

RACHEL WEISZ

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FOTOS: ACADEMY OF MOTION PICTURE ARTS AND SCIENCES / ACERVO PROFASHIONAL / MASAYOSHI SUKITA / DIVULGAÇÃO SIMM / CADU ASSALIN / DIVULGAÇÃO DAS ASSESSORIAS DAS MARCAS / AVON

FOTO DE CAPA: ©DISNEY ENTERPRISES INC.

12 Alinhavando – Peça única 16 Questão de Estilo Especial – Amir Slama 22 Apostas – Beatriz Micai 24 O Ano do Camaleão 28 Coluna da Dani – Trend Alert 36 Tecendo Tramas - Mustache 38 Isso é Profashional

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40 It Ladies – Mulher de fases

81 Style Du Jour por Fernanda Calfat

44 Pano Pra Manga – Portugal Fashion

84 Revolts

48 Profashional volta a dizer SIMM

86 Artigo – Meu lugar no mundo

52 Editorial de Moda – Be It Now

87 Culture-se

64 Geek Profashional

92 Caveirismo Repaginado

66 Marketing – Eu: produto diferenciado

95 Objetos de Desejo – Tome Nota

68 Retrospectiva: 10 anos de Profashional

98 Arremate – Ela, suas fases e os detalhes

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a ç e P

alinhavando

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a c i n ú Por Carolina Nazatto

Jegging A jegging nada mais é do que a junção da legging com a calça jeans. Geralmente traz elástico no cós (e não o clássico botão com zíper) e não possui bolsos. A modelagem é ainda mais justa que a skinny.

A calça jeans existe desde meados de 1850, quando Levi Strauss fez de uma lona de “denim” calças para os garimpeiros da Califórnia. A peça ficou restrita aos uniformes de trabalho até o século 20, quando se popularizou e virou um clássico do guarda-roupa moderno. Do trabalho árduo ao guarda-roupa da mulher mais elegante que você conhece, a calça jeans se tornou um item básico para todos. Mas, assim como toda peça de roupa, também sofre grande influência das tendências de moda. Hoje é possível achar muitas modelagens diferentes, que atendem a todos os gostos e – principalmente – a todos os tipos de corpos. Para não se perder na hora de comprar sua calça jeans, fizemos um guia que mostra as modelagens que estão em alta.

IMAGENS: IMAGE.NET / AGÊNCIA FOTOSITE

A calça jeans é insubstituível em qualquer guarda-roupa, mas pode apresentar várias modelagens. Conheça as top of the top e desfile seu melhor estilo

Alexandre Herchcovitch Fashion Rio

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O modelo mais clássico da calça jeans. Como o próprio nome diz, tem um corte reto, com a barra da mesma largura que as “pernas” da calça.

Reta

TCN Mercedes-Benz Fashion Week Madri

Cropped Esse é um dos modelos que mais apareceram nas últimas semanas de moda. É uma calça mais curta, com a barra na altura do tornozelo. Justa, fica ótima com sandálias pesadas e é perfeita para o verão.

Colcci SPFW

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14 Skinny

Boot cut Boot cut é a calça perfeita para ser usada com botas e sapatos de salto alto. É justa no quadril e nas coxas, e levemente mais larga na barra, para cobrir o sapato. É perfeita para todos os tipos de mulher.

Juliana Moreira Milan Womenswear Fashion Week

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Ellen Hidding Sergio Rossi Milão Fashion Week

Alena Seredova Milão Fashion Week

IMAGENS: IMAGE.NET / PIER MARCO TACCA – GETTYIMAGES FOR LE SILLA FERNANDA CALFAT

O modelo que mais se vê nas ruas é o skinny. Com uma modelagem seca e afunilada na barra, valoriza as curvas femininas. Para ficar legal, coordene com uma blusa mais larguinha.

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Boyfriend é a calça mais larga, com um corte mais masculino, dando a impressão de que roubamos do guarda-roupa do namorado. Fica superfeminina se usada com salto e uma blusa mais justinha.

Boyfriend Delphine Chaneac

Direto dos anos 70, a calça flare é a famosa “boca de sino”. Aparece com um toque mais moderno, mais sútil. O modelo é perfeito para quem tem o quadril mais largo, pois dá a sensação de afinar as pernas.

Flare

Wide leg

Colcci SPFW

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É aquela alta e larga, mas não confundir com o estilo boyfriend. É mais indicada para as mulheres altas. Aumenta o volume da silhueta, por isso, se você se incomoda com isso, escolha outro modelo.

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l a i c e p es

questão de estilo

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Em meio às pautas de aniversário, tivemos um ótimo reencontro com um amigo Profashional que há anos faz parte do nosso dia a dia. Em entrevista exclusiva, o estilista Amir Slama fala de moda praia, do mercado, dos seus planos e nos presenteia com algo que sabe fazer como poucos: contar história!

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Um

historiador contando

moda

Por Adriana Rosa

Conhecido como o papa da moda praia no Brasil; aclamado pela imprensa americana como “The Sun King”; criador de uma das maiores marcas de beachwear do mundo; queridinho de celebridades nacionais e internacionais; fundador da Associação Brasileira de Estilistas – Abest; com mais de 400 mil citações de seu nome no Google –; este é o resumo do currículo do estilista que se formou em História e já foi também barman e garçom. Quer mais? Foi responsável por trazer um olhar singular para a moda praia; criou todo um conceito de lifestyle no mundo de beachwear; é o único estilista brasileiro a escrever sobre moda praia para o site internacional de pesquisas e tendências WGSN; e assinou coleções para C&A, Tok&Stok, a rede italiana Yamamay, Phebo, entre outras. Hoje, à frente de sua grife homônima, prova que seu sucesso é consequência de um talento que vai além de um nome de marca, ou endereço, está no DNA.

Foto: Divulgação

Salve simpatia

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Sabendo de tudo isso, é inevitável um frio na barriga por ir ao encontro de Amir em sua loja na R. Oscar Freire, 977. Mas toda a ansiedade termina quando o mesmo chega: calça jeans, polo roxa e um sorriso que ultrapassa o contorno da boca; seus olhos sempre sorriem.

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Criador da marca Rosa Chá, acrescentou o “by Amir Slama” depois de um episódio engraçado que aconteceu em Nova York: “Era meu primeiro desfile na cidade e as pessoas não me conheciam; no encerramento, todos se surpreenderam quando eu apareci; naquela época, eu era cabeludo e eles estavam esperando a d. Rosa Chá e não um marmanjo. Aí, comecei a assinar o meu nome junto à marca”, relembra. O fato, visto como cômico, foi um ótimo marketing pessoal para uma fase que estava por vir. Após uma fusão da Rosa Chá com uma empresa do segmento têxtil, Amir percebeu que tinha vendido sua “filha”. O planejado inicialmente não ocorreu e o estilista preferiu vender a sua parte, já que a forma de administração não condizia com o que acreditava ou gostaria. Mas uma estrela não tem seu brilho apagado nunca e o nome Amir Slama, forte e consagrado, continuou fazendo história. Hoje, o estilista está com lojas em São Paulo, no Rio de Janeiro, acaba de abrir a Semana de Moda de Milão e tem projetos (em futuro próximo) para aterrissar em outros países. Além de um superprofissional, é marido de Riva, seu braço direito na vida e nos negócios, e pai de Artur e Alex. E com tanta coisa, ele nos recebeu para um gostoso bate-papo. Leia a seguir, delicie-se e conheça ainda mais sobre esse ser humano do bem.

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P.: Qual é o segredo para a marca manter o foco na qualidade, justamente quando se está no auge do sucesso? A. S.: Uma pergunta muito interessante. Eu nunca fiz sucesso de uma hora para outra, foi uma coisa construída gradualmente, pois acho que tudo o que estoura muito rápido, com muito sucesso, acaba muito rápido também. Então, meu desafio sempre foi construir uma imagem, associar meu nome a uma marca com muito sucesso sempre, e não uma marca com sucesso em uma ou duas coleções. E mais uma coisa importante: há um tempo, qualidade era um diferencial, então, eu como estilista e marca, podia ter um preço mais alto por possuir qualidade, hoje isto não é mais diferencial. Um produto em loja de departamentos ou na Oscar Freire tem de ter qualidade, pois o consumidor entende que isto já faz parte do negócio. Foto: Arquivo Profashional

Lenços e Pareôs Amir Slama desenvolvidos a partir das pinturas do filho e artista plástico Artur Slama.

Profashional: Como você percebeu que as pessoas queriam mais que um biquíni e, sim, uma moda praia? Amir Slama: Quando eu comecei a trabalhar e quis mexer com praia, aqui no Brasil, isto era visto como algo supérfluo, como um acessório, não era moda. Alguns estilistas faziam moda dia, outros, noite, mas praia e lingerie eram como acessórios. Eu percebi que onde a gente tinha maior identidade do País era na mulher brasileira e ela se destacava bastante na praia, por ser o lugar mais democrático, onde as pessoas se realizam, relaxam, fazem moda. Naquele momento, há 20 anos, vi que faltava isso, elevar a praia à condição de moda. Foi muito difícil por eu estar em São Paulo, já que a moda praia que tínhamos era do Rio (de Janeiro), mas fui fazendo esse trabalho e o resultado foi o convite para participar da semana de moda do Rio, depois veio São Paulo e aí por diante.

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Parte da coleção Amir Slama para Tok&Stok

P.: As suas coleções sempre geraram críticas positivas e chamam atenção da mídia, sendo muito comerciais. Como você consegue isso? (Já que muitos estilistas fazem conceito demais, chamam a atenção, mas não geram vendas). A. S.: É um exercício de ficar sempre com um pé na fantasia e um na realidade. E tem de ter humildade e paixão pelo que faz. Você possui um negócio, tem de ver os números, a parte financeira... Então, isso te deixa na realidade e é esse o equilíbrio, é o que te permite fazer coisas ousadas e ao mesmo tempo fáceis de ser assimiladas. Acho que o glamour da moda é pouco, se for 5%, é muito. A realidade é fábrica, costureira, modelista. O dia a dia é puxado. O glamour de desfile, sessão de fotos são momentos prazerosos, porém muito pequenos. P.: Como conseguir popularizar a marca e ao mesmo tempo deixá-la elitizada? A. S.: Acredito que hoje o preconceito é pouco; acho que o novo luxo pede uma coisa mais exclusiva, então, esse meu projeto da Amir Slama, que comecei há dois anos, é um produto mais limitado, quantidade menor, porque se a quantidade é grande, você compete com preço e aí temos o Fast Fashion. E o Fast Fashion é uma maneira de colocarmos nossos produtos mais acessíveis. Eu aposto muito nessas parcerias: a C&A me convidou para fazer uma coleção pra eles, assinada. Foi tão bacana que, de uma coleção, viraram três. Só não fiz mais, pois perderia o propósito de Fast Fashion e viraria Permanente Fashion (risos).

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Agora, comecei a fazer um trabalho com a rede de lojas italiana Yamamay, com uma coleção de lingerie-praia e eu estou entrando para a terceira coleção. Era para termos uma média de 40 itens e deu tão certo que cada coleção ficou com uma média de 80 itens. Acabamos de abrir a semana de moda de Milão com a top model tcheca Karolina Kurkova. Foi ótimo! P.: Como foi o processo de saída da sua marca anterior e a criação da nova? A. S.: Em um determinado momento, percebi que precisava me juntar a alguém que pudesse suprir meus pontos fracos, era logística e produção ou eu teria de diminuir de tamanho, pois tudo estava muito rápido. Na época, fui convidado por um grupo para fazer essa fusão e aceitei. Tudo correu muito bem no início, mas chegou num ponto em que a produção caiu e lojas começaram a não ter produtos. Quiseram reformular tudo do zero. E eu falei: não vou conseguir ser reinventado... eu sou isso! Entrei nessa história de cabeça e coração... Eu me justifico: tenho dois filhos e “uma filha” e ela teve um

Loja Amir Slama – SP

mau casamento e a gente perdeu o contato, mas eu continuo gostando dela. De filho, a gente sempre gosta! Para encerrar o papo, Amir nos contou que a terceira coleção da linha de lenços e pareôs, com as estampas desenvolvidas por seu filho Artur, sairá para o Dia dos Namorados; que seus planos para abrir lojas no exterior vão a mil, com conversas adiantadas para Turquia e projetos para Paris e Nova York e que, para ele, bom gosto é o espelho!

10anos

especial

Profashional

Amir no Mundo Profashio Profashional P.: A Profashional completa 10 anos e você está em nosso mundo desde o início. Como nos vê? A. S.: A Sandra é profissionalmente aquilo que a gente vê nela... toda simpatia e transparência que ela passa é o que você vê no trabalho da Editora e da revista. É muito legal isso, ver a pessoa e reconhecer isso no trabalho que ela faz. A energia é contagiante, está sempre pensando de um jeito positivo, tem um nível de cultura muito alto e ao mesmo tempo é muito humilde, porque eu acho que quem tem nível cultural, tem humildade. P.: Ser Profashional é... A. S.: Agir com respeito em qualquer relação, ainda mais de moda, se você fala azul é azul, se fala branco é branco... Acho que é muito ruim quando você fala uma coisa e faz outra. A moda passa um pouco essa cara de bagunça, mas não é. Nós somos muito sérios, trabalhamos muito, quebramos uma pedra por dia, e temos de ser vistos com profissionalismo, porque eu acho que às vezes isto falta um pouco.

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Encontro Pr

entre Amir

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e Sandra

P.: E se 10 é o número em destaque, o que merece nota 10 na moda? A. S.: O processo de criar! Para o estilista, o gratificante é construir. Quando o produto está pronto, parece que não é mais dele, é do mundo. Então o processo da criação é nota 10.

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Tecnologia na Por Mirella Stivani

Passarela

Beatriz Micai formou-se há pouco tempo no curso de Modelagem do Senac-SP, mas já vem se destacando no cenário de moda. Seu Trabalho de Conclusão de Curso foi uma coleção de roupas modeladas em couro e com aplicação de LED, uma tecnologia pouco explorada ainda entre os fashionistas

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Justamente pela inovação, foi convidada a participar de um desfile internacional em Jakarta (Indonésia). Foi aplaudida em pé. O talento de Beatriz era tão evidente que recebeu uma bolsa de estudos na Esmod de Paris como prêmio de melhor aluna do Senac em 2011/2012, além do prêmio ouro no concurso nacional de design Idea Brasil 2012. Já formada, Beatriz optou pela área de estilo e começou como assistente na Letage e, atualmente, trabalha no desenvolvimento de produtos da marca BO.BÔ. Ela conta que sua inspiração vem principalmente de grifes, como Givenchy, Valentino, Alexander Wang e Peter Piloto. A seguir, confira um bate-papo com Beatriz Micai com exclusividade à Profashional. Beatriz Micai

Fotos: Vladi Fernandes/Modelo: Rafaela Arpi

A Profashional aposta no talento de Beatriz Micai, a estilista e modelista que criou uma sofisticada coleção de roupas com aplicação de LED

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Profashional:Você demonstrou ousadia ao mostrar roupas com aplicações em LED. Mas essa é uma moda usável nas ruas ou apenas para as passarelas? Beatriz Micai: As tentativas de incorporar o LED às roupas começaram em 2005 no núcleo de pesquisas da Philips. Mas com o meu trabalho de graduação, descobri que, desde 1887, o homem tenta adicionar luz às suas roupas. Isso reflete o desejo de sempre incorporar a tecnologia ao vestuário e também ao corpo. Atualmente, essas roupas são mais utilizadas em shows e performances, mas já existem algumas marcas que tentam introduzir essas peças no mercado de forma mais comercial, como sapatos e acessórios com LED. Com o avanço de novas tecnologias, nos próximos anos, esses artigos tendem a ficar cada vez mais acessíveis para o uso no cotidiano.

P.: O que você pensa da moda atual brasileira? B.M.: O comportamento do consumidor brasileiro tem mudado; ele está cada vez mais informado e preocupado em usar artigos com qualidade. Atualmente, a moda brasileira é criativa e consegue adaptar as tendências de fora para a cultura e o clima do País. Com isso, novos designers vêm ganhando espaço não só no Brasil, mas também em outros países, fazendo com que a moda brasileira seja cada vez mais valorizada.

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Beatriz Micai

Exposição na Bienal do Livro

P.: O que seu trabalho pode oferecer de diferente ao mercado de moda? B.M.:A elaboração de todo esse trabalho envolveu um processo desafiador de pesquisa e testes de elementos que nunca foram tratados durante o curso de modelagem. Esse projeto também teve um embasamento teórico que abordou a moda não só como vestimenta, mas como um produto do design, que pode ser valorizado cada vez mais com a aplicação de tecnologias mais avançadas. A aplicação do LED serviu para mostrar não só peças de roupas iluminadas, mas também a utilização de componentes eletrônicos mais frequentemente na moda nos dias de hoje. Espera-se que um projeto desse tipo, inédito no Brasil, tenha uma boa repercussão e sirva de inspiração para designers brasileiros que gostariam de trabalhar nessa área.

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Oano do

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Camaleão Por Carolina Nazatto

Com uma megaexposição em Londres e um novo CD, após dez anos sem lançar músicas inéditas, o astro David Bowie está de volta

David Bowie, conhecido como o “camaleão do rock” por se reinventar e experimentar vários gêneros musicais em seus álbuns, acaba de voltar ao cenário musical, depois de 10 anos, com um novo disco de inéditas intitulado “The Next Day”. Com 66 anos, ainda é considerado um dos artistas mais influentes e incomuns da era pop, influenciando – além do mundo musical – o mundo da moda. Foi no meio da revolução jovem dos anos 60 que Bowie despontou para a fama, com a música Space Oddity, inspirada no filme “2001 – Uma Odisseia no Espaço”. Mas seu envolvimento com a música já existia muito antes disso. David Jones, seu nome verdadeiro, entrou para o mundo da música aos 13 anos, quando começou a tocar saxofone na Inglaterra. Três anos depois, já tocava em algumas bandas e chegou a gravar músicas, mas sem repercussão alguma. Foi em 1967 que se lançou de fato. Naquela época, ainda não era um ícone de moda e seguia o estilo dos Mods, jovens ingleses que usavam ternos ajustados e gravatas finas.

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Striped bodysuit for Aladdin Sane tour 1973 Design by Kansai Yamamoto

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fotos: “David Bowie is”, Duffy Archive, Frank W Ockenfels, Roy Ainsworth, Sukita, V&A Images

Direto do espaço No começo dos anos 70, o visual de Bowie começa a mudar quando, usando um vestido feminino, posa para a capa do disco “The Man Who Sold The World”. Em 1972, lança um de seus trabalhos mais conhecidos, “The Rise And Fall Of Ziggy Stardust And The Spiders From Mars” e, ao mesmo tempo, cria seu primeiro alter ego, o personagem Ziggy Stardust (um alienígena), que influenciou a moda de todo o mundo com suas roupas brilhantes, seus sapatos de salto alto, seu cabelo vermelho e sua maquiagem, ajudando a criar o Glam Rock. O look do cantor era extremamente andrógino, o que fez com que seu estilo fosse tão único e copiado por todos. Em 1973, “Aladdin Sane” chega às lojas e, na capa, o icônico raio pintado no rosto do cantor aparece pela primeira vez, sendo uma evolução do personagem do ano anterior. A última performance do cantor como Ziggy Stardust aconteceu no mesmo ano, em Londres, mas mesmo assim o personagem continua, até hoje, sendo referência para o mundo da moda, influenciando muitos estilistas em suas criações. Já em 1976, com o lançamento do álbum “Station to Station”, Bowie dá vida ao “Thin White Duke” (outro alter ego), inspirado no papel que havia feito no filme “O Homem que Caiu na Terra”, criando um figurino completamente novo e reinventando sua aparência com coletes, calças e camisas de alfaiataria, deixando o Glam Rock e a androginia para trás.

Album cover shoot for Aladdin Sane 1973

Nos anos 80, David Bowie conseguiu consolidar sua carreira, emplacando vários hits, como “China Girl”, “Let’s Dance”, “Blue Jeans”, entre outros. Além da música, o cantor se dedicou ao mundo do cinema, trabalhando em filmes, como “Fome de Viver” e “Labirinto”. O visual continua em mutação e a alfaiataria de antes ganha cores e estampas. www.profashional.com

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“David Bowie is”

Na década de 90, a música eletrônica volta a conduzir o trabalho do cantor. Além da música, Bowie volta a pintar o cabelo de vermelho e, inspirado no movimento futurista, renova seu guarda-roupa mais uma vez. A capa do álbum “Earthling”, com um sobretudo com a bandeira do Reino Unido, é um dos looks icônicos dessa fase. Hoje em dia, Bowie deixou o glamour de lado e aposta numa elegância discreta e conservadora. O cantor usa uma alfaiataria bem cortada e mais ajustada, comportada e clássica, muito diferente de antes. Com tantas mudanças em quase 50 anos de carreira, David Bowie é um dos artistas mais inspiradores da atualidade. Além da música, a moda deve muito ao “camaleão do rock”, principalmente por sua ousadia em criar personagens que foram muito além dos palcos e vestiram toda uma geração.

O Victoria and Albert Museum de Londres exibe até julho a exposição “David Bowie is”. O museu teve acesso ao arquivo pessoal de Bowie e reuniu mais de 300 objetos do músico, entre trajes, fotos e instrumentos. Em 2014, a retrospectiva chega a São Paulo.

Eugenio Loarce

The Earthling album cover 1997

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fotos: “David Bowie is”, Duffy Archive, Frank W Ockenfels, Roy Ainsworth, Sukita, V&A Images

to er Station The Arch 1976 ur to n tio ta S

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