P&L-Portugues-H2-2012

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SEGUNDO SEMESTRE DE 2012 www.profit-loss.com

Colin Heffron do GFI Group:

O MODELO HÍBRIDO NO TRABALHO

No momento em que o GFI Group celebra seu 25° aniversário, o presidente Colin Heffron reflete sobre como o corretor interdealer combinou por tanto tempo a tecnologia com os talentos da sua equipe a fim de realmente alavancar o modelo híbrido.

PROFIT & LOSS DIGITAL FX AWARDS:

“De olho no cliente”

Brasil assina contrato de derivativos com o Chile

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Profit & Loss: Segundo Semestre de 2012

Na Capa... Colin Heffron do GFI Group: O modelo híbrido no trabalho No momento em que o GFI Group celebra seu 25° aniversário, o presidente Colin Heffron reflete sobre como o corretor interdealer combinou por tanto tempo a tecnologia com os talentos da sua equipe a fim de realmente alavancar o modelo híbrido...................4

ARTIGOS Robert Garwood, do Lloyds Banking Group: Expandindo Horizontes ..............................................................8 Gavin Wells da LCH.Clearnet: Nenhum momento comum....................................................12 Profit & Loss Digital FX Awards: “De olho no cliente”...................................................................15

SALA DE MERCADOS Governos latinos combatem pressão em alta no mercado de câmbio.............................................18 Brasil assina contrato de derivativos com o Chile...........20 Projeto em andamento para compensação de opções de câmbio ...............................................................21 Brasil controla sua moeda ......................................................23

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MERCADOS DIGITAIS Aqui estão as notícias - Mais rápido do que nunca........25 Agregação forex sem o agravamento .................................27

20 GESTÃO DE DINHEIRO Citadel acusa a Jump Trading de “roubar” código ..........29

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RADAR DO VAREJO Grupo GFI estende o contrato com a Quick Corp...........30

MERCADO DO MÊS Sobre a adoração (e os riscos) do peso mexicano ..........31

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Colin Heffron do GFI Group:

O MODELO HÍBRIDO NO TRABALHO

No momento em que o GFI Group celebra seu 25° aniversário, o presidente Colin Heffron reflete sobre como o corretor interdealer combinou por tanto tempo a tecnologia com os talentos da sua equipe a fim de realmente alavancar o modelo híbrido.

Julie Ros: Quando começou, em 1987, a GFI deu um passo corajoso para focar principalmente nos derivativos OTC (de balcão). Neste ano, a GFI está celebrando o seu 25° aniversário, qual você considera a maior realização da empresa desde a sua fundação? Colin Heffron: A cultura na GFI desde o início era a de que queríamos ser o número um em qualquer coisa que fizéssemos, então, um dos maiores passos destes 25 anos foi construir uma base de capital para que pudéssemos compensar nossos próprios trades e ingressar nos negócios considerados matched principal (execução por compensação) – em renda fixa e ações – e isso nos permitiu diversificar os negócios. Expandir de opções cambiais para crédito, ações, energia e ser líder de mercado tanto em liquidez como em tecnologia, em todos esses setores é uma das nossas maiores realizações. JR: Foi uma decisão bastante audaciosa investir em tecnologia todos esses anos, como a GFI integrou tecnologia ao modelo de negócios? CH: Nossa equipe de vendas, nossos corretores estão contribuindo e percebendo o valor de se ter uma cadeira em uma mesa de corretagem da GFI, pois a tecnologia está participando em metade da renda deles, então eles têm vontade de contribuir, o que no final torna essa cadeira ainda mais valiosa e propicia um local de trabalho melhor. Durante estes 25 anos, trabalhamos para aumentar nossa participação no mercado e melhorar a capacidade de nossos corretores de dar cobertura aos nossos clientes – o que sempre foi nosso objetivo. Percebemos que a tecnologia ajuda a desenvolver os negócios quase que sem notarmos, vai lentamente abocanhando parte do mercado dos nossos concorrentes sem que percebam. Eu acredito que é isso que está acontecendo agora. JR: Você entrou na GFI para ser um corretor de opções cambiais poucos meses após a fundação da empresa. Quais foram os momentos decisivos que você presenciou no desenvolvimento do mercado? CH: Quando comecei como corretor de opções cambiais presencial, tudo era feito pelo telefone. Uma das primeiras padronizações que chegou àquele mercado foi o modelo de precificação de opções – Fenics – que era o portador do padrão para o mercado. Como prova da nossa confiança no Fenics e na importância do papel da tecnologia, a GFI adquiriu o Fenics em 2000. Portanto, desde o início tínhamos essa ideia de que a tecnologia teria um papel cada vez mais crescente nos nossos negócios. 4

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No mercado cambial spot, um dos momentos decisivos foi quando passou de totalmente presencial para o que é hoje, em torno de 80% eletrônico. Esse foi um momento de grande aprendizado para o Mickey [Gooch, CEO] e para mim. Por termos sido testemunhas dessa evolução, começamos a investir bastante em tecnologia e isso continua até hoje. JR: Quando as pessoas pensam em trading eletrônico, pensam nos sistemas de trading, mas a GFI vê isso de um modo diferente, certo? CH: Sim, as pessoas tendem a pensar no livro de ofertas com limite central, mas no mercado OTC (de balcão), diferentemente do mercado cambial, a maior parte do trading eletrônico ocorre em protocolos separados – leilões, matching, join-the-trade (JTT) e outros métodos de trabalho. Uma das observações que fizemos com o tempo foi que a Europa, por uma série de razões, tinha um apetite por tecnologia muito mais aguçado. Então promovemos um grande avanço nos nossos negócios europeus. E descobrimos que o que funcionava para um determinado produto, poderia ser lançado em outro produto também. Por exemplo, as sessões de matching eletrônico (fechamento eletrônico de ofertas) começaram com crédito, agora acontecem com energia, frete, NDFs, IRS (swap de taxa de juros), opções cambiais, portanto, praticamente qualquer coisa que funcionar em um produto, vamos adaptar para outros produtos. Isso nos dá uma grande vantagem, pois temos uma equipe de e-commerce global que entende que essa é a nossa missão. JR: A GFI foi tecnológica desde cedo, então é interessante observar que mesmo havendo um setor de mercado dentro do mundo das operações cambiais (FX), o de opções, que não foi “eletronificado”, a GFI já possui parte deste setor em formato eletrônico há um bom tempo. Atualmente, parece que as opções cambiais constituem a principal parte do mercado que estará sujeita a novas regras que exigem maior automação. CH: É verdade. Dentro do mercado de opções, Fenics, que começou como um simples modelo de precificação de opções é agora um veículo de execução para a funcionalidade de Solicitação de Cotação (RFQ), que está negociando um valor nocional de bilhões de dólares por mês. Estamos começando a ver sinais reais de “eletronificação” nesse caso. Os volumes de RFQ do Fenics estão aumentando faz mais de um ano e meio, e isso tanto na parte de compras, como de vendas. JR: A GFI não só investiu em tecnologia para ajudar no seu próprio desenvolvimento de liquidez, mas também investiu


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“Queremos fazer parcerias com os dealers para auxiliar que todos cumpram a lei Dodd-Frank – é neste ponto que percebemos que temos um verdadeiro diferencial em tecnologia. Se a regulamentação se revelar como um caminho no caso das opções cambiais, por exemplo, estaremos prontos para segui-lo. Podemos fazer com que todos estejam conformes de um dia para o outro.”

em uma tecnologia que hoje auxilia os bancos a se comunicarem com seus clientes. CH: Nós a chamamos de Modelo de Acesso Patrocinado (SAM), no qual fornecemos tecnologia para os bancos, para que eles mesmos possam etiquetar direto para seus clientes. Acreditamos que essa poderia ser uma solução real para algumas das mudanças regulatórias às quais os bancos precisarão se adequar, pois em função dessa tecnologia, poderão fornecer a seus clientes acesso a uma SEF operada pela GFI. JR: Conforme os negócios vão evoluindo, os bancos estão saindo do modelo de risco para um modelo de agência, com foco no fornecimento de margem, corretagem de primeira linha e execução. Como você vê a GFI se encaixando nesse novo mundo? CH: Queremos fechar parcerias com eles utilizando nossa tecnologia de distribuição de “muitos para muitos” (modelo de comunicação entre meios eletrônicos), na qual podem confiar para melhor servir seus clientes. Pode ser que alguns dos maiores compradores acabem negociando diretamente com a SEF, mas a regulamentação sobre este ponto ainda não está concluída, então precisamos aguardar até sabermos como ficará a regulamentação final.

JR: A GFI tem sido bastante ativa nos EUA, trabalhando com órgãos legislativos e reguladores em Washington, quais foram os avanços até o momento em termos de informar os legisladores a respeito do seu negócio? CH: Os legisladores têm sido bastante aplicados na tentativa de compreender as complexidades sobre o que pode gerar liquidez. Acredito que realmente estão ouvindo nossa associação comercial, a WMBAA (Wholesale Markets Brokers´s Association, Americas – Associação de Corretoras de Mercado de Atacado, Américas]. Muitas coisas que as pessoas acham que são líquidas e negociadas no câmbio porque são compensadas, na verdade são negociadas no mercado OTC (de balcão) e enviadas para uma câmara de compensação. Isso significa que há uma ilusão de que se você simplesmente colocar o produto no mercado de câmbio, ele será líquido, o que nem sempre é o caso. A natureza esporádica de liquidez em determinados setores de mercados de derivativos e mercados à vista significa que sempre houve e continuará havendo a necessidade de negociar no trading em alguns instrumentos. Para esses trades, o mercado precisa de empresas de corretagem capacitadas com tecnologia e habilidade. Portanto, há um papel importante para o modelo híbrido no qual www.profit-loss.com I Profit & Loss I Segundo semestre de 2012 I

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os corretores realizam sessões de matching (fechamento eletrônico de ofertas) e usam protocolos inteligentes para gerar liquidez. A indústria tem se apresentado como um participante independente que é extremamente necessário a fim de proteger a liquidez e proteger os mercados de capital nos EUA – e garantir que não sejam conduzidos externamente (driven offshore). JR: Que tipo de trabalho está sendo feito nos bastidores no que se refere às preparações da GFI para os regulamentos? CH: Nós fomos o primeiro IDB inscrito na NFA (National Futures Association) e nossa API está pronta para rodar os preços nos dois sentidos em todos os produtos. Isso não é algo que precisaremos fazer de última hora – estamos executando e prontos para a partida – estamos apenas aguardando a conclusão das regras sobre SEF. Como uma das corretoras fundadoras da WMBAA, nós nos movemos rapidamente para explicar como os mercados OTC (de balcão) funcionavam e qual é nosso papel nesses mercados, pois percebemos como é importante para os legisladores e reguladores entenderem o funcionamento desses mercados. Vimos como certas leis podem mudar os negócios, então queríamos ter certeza de que estávamos à frente dos acontecimentos, e preparados. JR: Como a GFI pode auxiliar seus clientes a se prepararem para esse novo cenário regulatório que está surgindo tanto localmente como internacionalmente? CH: Isso nos remete ao Modelo de Acesso Patrocinado – SAM. Podemos fornecer tecnologia aos bancos dealer, a qual podem então distribuir a seus clientes, o que possibilitará o acesso direto por meio daquele dealer para nossos pools de liquidez, se assim desejarem. Um exemplo disso é o mecanismo de RFQ nas opções cambiais (FX), e outro é o nosso modelo SAM de crédito para títulos e CDS. JR: No espaço de opções cambiais, acredita-se que existam 17 plataformas sendo desenvolvidas ou que estejam operando, como o aumento da concorrência está impactando os negócios? Você está vendo um aumento no volume como uma medida inicial ou os clientes adotaram uma postura mais de “esperar para ver” a respeito das regulamentações? CH: Das 17 plataformas, há muitas ainda que precisam ser lançadas e que, nesse estágio, podem ser consideradas apenas ideias. Eu acrescentaria que estamos prontos, executando e negociando, e estamos estabelecidos como líderes de mercado. Os bancos querem iniciar novos empreendimentos contanto que não precisem comprometer nenhum capital, mas também não precisam se comprometer a formar preços. No final, estarão onde estiverem os seus clientes, e seus clientes já estão no Fenics. JR: Você pode descrever o típico cliente Fenics? CH: Antigamente, era um Tier 2 ou um banco de pequeno porte regional, mas agora cada vez mais está se tornando o fundo de hedge que negocia ativamente todos os dias. Temos uma versão leve do Fenics Trader que podemos instalar pela internet – literalmente em segundos – o que nos ajudou a dar suporte a estes tipos de clientes. 6

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JR: E os fundos de hedge estão vindo por meio de corretores de primeira linha ou diretamente? CH: Como eles estão no Fenics, vêm diretamente para nós – onde podem solicitar liquidez de um grande banco de centro financeiro que já está trabalhando com Fenics. JR: O que você acha que pode ajudar a aumentar o volume do mercado de derivativos OTC no curto prazo? CH: Além do crescimento econômico global, que é fundamental, o que realmente ajuda nesse aumento de volume é a compensação – abrir acesso para compensação – porque isso o transformará em um mercado um pouco mais aberto, e assim alguns fundos de hedge podem se tornar provedores de liquidez. Creio que os bancos irão preferir se concentrar em clientes que precisam de produtos mais estruturados e auxílio ao gerenciamento de risco. Se houvesse um cleared market abertamente, no qual corretoras como a GFI pudessem combinar fundos de hedge baseados em algoritmos com bancos e outros clientes, você teria mercados mais abertos – algo mais parecido com um mercado de futuros. Com a nossa tecnologia e habilidade de precificação, e com as exigências do mercado cambial (FX) para datas, deltas e strikes (preços de exercício) essa seria uma combinação bem poderosa. No mundo das opções cambiais, nós temos a solução completa – temos o mecanismo de RFQ, o livro de ofertas com limite central, as sessões de matching (fechamento eletrônico de ofertas) e temos toda a conectividade direta e o gerenciamento de risco dentro de todo este produto. Esse é o conjunto completo – desde mercado de IDB até a área de compras de RFQ e fornecimento de software para a área de vendas. JR: Você está buscando parcerias com câmaras de compensação? CH: Somos agnósticos – queremos só conectar nossas APIs diretamente com o máximo de câmaras de compensação possível – queremos só acesso livre. JR: Olhando para fora, a GFI construiu um nome para si em vários mercados emergentes. Na China, você acabaram de anunciar a parceria com Reuters e SDIC Trust. Você pode falar mais sobre como está se desenvolvendo o cenário na China? CH: Thomson Reuters e SDIC são duas empresas incríveis. Estamos agora aguardando a nossa licença para que possamos participar nos mercados de FX (cambiais) chineses eletronicamente. Também possuímos filiais em Seul, Singapura, Hong Kong e Sidney, que continuam a crescer. Estamos bastante comprometidos com a Ásia. JR: Na América Latina, a GFI tem filiais no Peru, Argentina, Chile e Colômbia e acabamos de anunciar uma nova filial na Cidade do México Como um corretor interdealer pode auxiliar esses mercados a aumentar a liquidez, a eficiência e a transparência? CH: A América Latina foi provavelmente um dos nossos maiores êxitos, porque temos uma equipe incrível que usou uma abordagem bem dinâmica adotando a nossa tecnologia e se lançando agressivamente em cada mercado que você


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mencionou. As sessões de matching (fechamento eletrônico de ofertas) que começamos a realizar nesses países tomou força rapidamente e, em alguns casos, dobraram a nossa participação no mercado, sem sombra de dúvida, nos tornamos líder de mercado na região. Isso acontecendo sob a direção de Nick Brown, diretor geral e diretor de corretagem de produto financeiro, da GFI Américas, e Jason Forwood e suas equipes. Eles estão na vanguarda do mercado quando se trata de ouvir os clientes, identificar os seus desejos, encontrar os protocolos corretos no sistema e trabalhar com a equipe de tecnologia. Nosso sucesso na América Latina é provavelmente o melhor exemplo de nossa gestão, corretores e equipes de tecnologia trabalhando em conjunto para ultrapassar os nossos concorrentes e aumentar a nossa participação no mercado em todos os produtos. JR: Portanto, a postura tomada por suas equipes locais teve um grande papel na estratégia? CH: Totalmente. De certo modo, quanto menor a liquidez de um produto, maior o sucesso da sua negociação em um protocolo baseado em sessão limitada – o que descrevemos como matching – e quanto maior o impulso do matching, mais sessões de matching você realiza, então, isso começa a se parecer mais com um livro de ofertas com limite central. Uma sessão de matching constante, que chamamos de Open Matching, é uma forma de livro de ofertas com limite central. Atribuo tudo isso à confiança da equipe, que presenciou aumentos incríveis de participação no mercado desde um ano e meio atrás, o que só aumenta a atitude positiva de tentar novos passos. Sinceramente, essa mesma tecnologia está sendo usada em Nyon, Suíça, basicamente nos mesmos produtos, ainda que em diferentes moedas – forint húngaro, lira turca, zloty polonês e coroa checa. Também estamos começando a ver sinais de impulsos parecidos aqui. JR: Você pode explicar como funciona o modelo híbrido e como ele pode beneficiar seus clientes? CH: O modelo híbrido funciona bem porque nos permite capacitar o cliente para negociar de forma completamente eletrônica, se ele assim desejar, o que deve ocorrer em determinadas condições de mercados ou requisitado por certos indivíduos. Mas também permite que o cliente gerencie um pedido verbalmente por meio do sistema, se tiver alguma sensibilidade com relação a um preço ou montante. Eu também diria que os protocolos, particularmente as sessões de matching, são dependentes da definição de níveis de preços apropriados, porque se você deixar esses níveis muito altos, você terá muitos vendedores e não terá compradores suficientes, e se você deixá-los muito baixos, você terá muitos compradores e não terá vendedores suficientes. É função da nossa experiente equipe fornecer os níveis corretos, pois conseguir estabelecer esses níveis corretamente gera o maior volume. JR: Portanto, é mais do que simplesmente uma questão de execução presencial vs. execução eletrônica? CH: Acreditamos que a melhor combinação é uma força de

trabalho extremamente dinâmica com a melhor tecnologia. Mas você precisa de pessoas que também acreditem, pois o objetivo é aumentar a nossa parcela do mercado para que os nossos funcionários continuem a servir intensamente os clientes e a usar as ferramentas que a empresa lhes fornece. JR: Quais são seus planos para uma futura expansão? CH: Vamos continuar a alavancar a tecnologia para aumentar a participação no mercado – com foco particular em energia, commodities e em mercados emergentes, com todas as classes de ativos – e aumentar a nossa base de clientes conforme o mercado permitir. Queremos fazer parcerias com os bancos para auxiliar a todos a cumprirem a lei DoddFrank – é neste ponto que percebemos que temos um verdadeiro diferencial em tecnologia. Se a regulamentação se revelar como um caminho no caso das opções cambiais, por exemplo, estaremos prontos para segui-lo. Podemos fazer com que todos estejam conformes de um dia para o outro. Se você olhar para a Dodd-Frank como um fator que vai virar o jogo, nós achamos que estamos mais preparados do que qualquer outra empresa. Alguns ficarão para trás. Estamos confortáveis com a nossa posição – porém não podemos nos vangloriar, pois os volumes estão muito ruins no momento. Serei o primeiro a dizer que este é um mercado muito difícil, mas realmente estamos aumentando a nossa participação do mercado e quando os volumes retornarem, aumentaremos ainda mais. Estes últimos anos tem sido difíceis e este é um ambiente em mudança, mas acredito que a nossa cultura nunca esteve melhor, e estamos trabalhando diariamente para fazer as pessoas entenderem que esta é uma fase e que embora possa levar algum tempo para que ultrapassemos este período difícil, vamos conseguir, e vamos voltar por cima em excelente estado. I BIOGRAFIA

Colin Heffron, presidente e diretor, GFI Group Colin Heffron é presidente da GFI desde fevereiro de 2004. Nessa função, é responsável por todos os negócios analíticos, dados e corretagem da GFI. Ingressou na empresa em 1988 como corretor de opções cambiais estrangeiras em Nova Iorque, antes de se mudar para Londres para auxiliar no estabelecimento da filial de Londres da GFI. De 1991 até 1994, Heffron liderou os negócios de opções cambiais da GFI. De 1994 a 1997, liderou as operações diárias de todos os negócios europeus da GFI. De 1998 a fevereiro de 2004, foi diretor de todas as operações na Europa e diretor-adjunto das operações na Ásia. É membro do Conselho Administrativo da GFI desde 2001. www.profit-loss.com I Profit & Loss I Segundo semestre de 2012 I

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Robert Garwood, do Lloyds Banking Group:

EXPANDINDO HORIZONTES O diretor-geral e chefe de vendas de câmbio do Lloyds Banking Group, Robert Garwood, fala com Alice Attwood sobre a estratégia a longo prazo do negócio e da evolução prevista para 2012. equipe de vendas, bem como desenvolvendo nossos recursos de comércio, e-commerce, crédito e operações. Estamos construindo de forma efetiva uma infraestrutura completamente nova e robusta, globalmente. Muitas vezes vemos instituições construírem suas plataformas em uma abordagem de “silos”. O resultado final é a falta de coesão e influência entre as áreas do produto. A plataforma do Lloyds está alinhada em todos os departamentos funcionais de apoio ao câmbio – comércio, vendas, e-commerce, operações, crédito, etc., e nas classes de ativos – por exemplo, crédito e taxas. O alinhamento será fundamental para nossa proposta de cliente e sucesso futuro. A Arena, a nossa plataforma de ecommerce lançada há pouco mais de 14 meses, é um testemunho dessa cultura. AA: Que alterações você implementou desde a sua afiliação?

Alice Attwood: Após uma carreira de 14 anos no UBS e uma temporada no Millennium Global Investments, o que atraiu você para se juntar ao Lloyds? Robert Garwood: Tornou-se claro para mim que o Lloyds era uma instituição que tinha progredido apenas parcialmente no negócio global de câmbio. Apesar de seu capital financeiro considerável e a natureza de redução do capital investido da classe de ativos, o Lloyds realmente não tinha aproveitado esses dois aspectos juntos. Fui apresentado a uma empresa com uma franquia robusta de câmbio no Reino Unido, mas com uma base pequena de clientes corporativos globalmente e uma pequena presença junto a instituições financeiras. Ficou rapidamente claro que o banco queria mudar este quadro, do executivo até as funções mais baixas, e construir uma franquia de câmbio global. É sempre importante ter esse apoio de cima, e ficou claro para mim que esse apoio estava presente no Lloyds.

RG: Ao olhar para a nossa estratégia de câmbio, foquei o nosso negócio no comportamento orientado por consultoria e por fluxo. Por exemplo, se você considerar uma empresa, seu foco principal é a gestão de riscos – eles buscam proteger suas exposições internacionais em diferentes períodos no futuro. Eles procuram aconselhamento sobre gestão de riscos para essas exposições e querem aconselhamento especializado. É por isso que estamos divididos em equipes de setores da indústria, por exemplo, varejo e proteção. Além disso, eles exigem um serviço orientado por preços eficiente para o seu fluxo de câmbio diário. Para atender essa necessidade, criamos uma equipe de transações empresariais. O mesmo se aplica a instituições financeiras. Se o cliente deseja receber aconselhamento proativo sobre gestão de moedas, ele receberá as informações de que precisa da nossa macroequipe de câmbio, seja um fundo monetário real, um fundo de hedge ou um banco privado. Se eles forem mais passivos e focados no fornecimento do preço, eles conversarão com a nossa equipe de fluxo. Estamos alinhando nossas ofertas de produtos de modo que, se um cliente quiser apenas um preço, eles o terão da maneira mais eficiente possível. É, ao mesmo tempo, um realinhamento e uma adição ao nosso DNA inerente. AA: Qual é a principal proposta de valor de câmbio do banco?

AA: Que alterações você vivenciou desde a sua afiliação no final de 2010? RG: Tudo mudou! Nós demos continuidade e aceleramos o programa do banco para criar uma franquia robusta em todos os aspectos. Estamos adicionando pessoas importantes à nossa 8

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RG: Nossos clientes estão à frente e no centro de tudo aquilo que fazemos. Temos o objetivo de garantir que nossos clientes sejam sempre bem-sucedidos e, levando em consideração que a maioria da base de clientes do Lloyds está localizada no Reino Unido, se eles forem bem-sucedidos vão ajudar a tornar


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a economia do Reino Unido mais bem-sucedida. Nossa função é oferecer suporte e fortalecer uma base de clientes bemsucedida. Hoje, o Lloyds tem um patrimônio invejável que engloba a gestão de bancos, seguros e ativos. Nosso objetivo é utilizar essa experiência para dar suporte aos nossos clientes. O grupo como um todo tem uma robusta franquia no Reino Unido; temos quase um milhão de clientes comerciais e de grandes corporações, e milhares deles estão negociando câmbio conosco. Ao combinar nosso capital financeiro com nosso capital intelectual, esperamos construir nosso capital de relacionamento – uma fórmula fácil da qual todos os nossos clientes se beneficiarão. Nosso objetivo é aproveitar ao máximo nosso status de seguidor. Estamos desenvolvendo nossa franquia fora do Reino Unido, em particular na Europa Continental, nos EUA e na Austrália. De uma perspectiva de câmbio de instituições financeiras, eu herdei uma franquia que estava amplamente focada em participações privadas e de seguro, perdendo segmentos como gestores de ativos, fundos de hedge, bancos e bancos centrais. AA: Então, um elemento fundamental do plano é expandir para as instituições financeiras? RG: Temos equipes baseadas em fluxo abrangendo clientes que veem o câmbio de um ponto de vista residual – seu foco principal está nos títulos internacionais e ações, e o câmbio é um resultado desses investimentos. A precificação eficiente das transações dos clientes é o serviço fundamental exigido. No lado da consultoria, criamos uma macroequipe de vendas, o que proporciona aos nossos clientes um serviço de aconselhamento proativo sobre gestão de moedas, ajudando-os a gerar valor alfa. Esses clientes querem ouvir ideias comerciais, ter acesso ao nosso melhor trabalho de investigação, a nossas equipes de estruturação e, por fim, eles também querem ter o melhor preço. AA: Suas equipes são criadas para abranger vários segmentos? RG: A macroequipe dá cobertura a uma variedade de clientes, desde bancos centrais a gestores de ativos. Ao fazer isso, o cliente receberá uma ampla variedade de inteligência de mercado de alta qualidade. Nossos clientes querem exposição a uma variedade de ideias comerciais com o mínimo de fontes possível. Essa estrutura prevê isso e substitui a necessidade de segmentação de clientes por região geográfica e tipo. Acho que o nosso alinhamento é eficaz porque, seja você um gestor de ativos na Escandinávia ou um fundo de hedge em Londres, a exigência do cliente é a mesma – você deseja obter aconselhamento proativo sobre gestão de moedas e adoraria ouvi-los de um vendedor que acabou de falar com um banco central, um fundo de hedge ou um fundo de pensão. Eles são capazes de fundamentar suas ideias com uma maior exposição aos mercados. É simples, mas muito eficiente. Um modelo mais comum se baseia em equipes especificamente focadas em estreita proximidade entre si. A sugestão é que isso se traduz automaticamente na

compreensão dos fluxos de seus colegas, mas a menos que você esteja falando diretamente com os clientes, é difícil compreender os seus pensamentos e entender por que eles negociam de tal maneira. Penso que ter uma variedade de clientes significa ter uma abordagem mais integrada. AA: Como você se diferencia? Existem alguns participantes bem estabelecidos lá fora... RG: A nossa capacidade de oferecer um serviço orientado por fluxo e por aconselhamento é um diferencial claro de nossos colegas. Estou interessado em garantir que o foco permaneça naquilo que realmente podemos fazer bem. No Lloyds, podemos oferecer um produto excelente em libras esterlinas, mesmo que isso signifique pesquisa, estratégia, geração de ideias ou preço; podemos fornecer isso em libras esterlinas. Também introduzimos negócios de quinta casa decimal na plataforma. Portanto, o que estamos começando a criar é uma franquia muito credível. Como já estive no lado de compras, sei que um cliente prefere escolher bancos específicos para serviços específicos – áreas nas quais alegam ser os melhores – e receber apenas isso: um serviço de primeira classe. A fim de diversificar o risco hoje, os clientes precisam lidar com uma ampla gama de bancos. Eu quero ser capaz de visitar um cliente e focar em nossos principais pontos fortes, indicando onde nos destacamos e cumprimos as nossas promessas. É assim que a nossa franquia e a nossa reputação crescerá: através da estabilidade dos produtos que oferecemos, das relações históricas e da reputação que já ganhamos entre esses clientes. AA: Então você considera a libra esterlina uma vantagem competitiva para o seu negócio? Nós somos experts em mercados de libra esterlina e em um pequeno número de importantes mercados emergentes, e somos obrigados a fornecer pesquisa, geração de ideias, conhecimento do produto e preços com a mais alta qualidade nessas áreas, seja por meio de canais tradicionais orientados por voz ou via e-commerce. A libra esterlina é um componente central do perfil de rentabilidade dos nossos clientes no que diz respeito ao gestor de ativos e ao fundo de hedge. Se nós podemos oferecer um produto líder em libras esterlinas, podemos fazer uma diferença substancial no desempenho desses clientes – e é isso que realmente importa. Enquanto os bancos universais estão oferecendo um produto mais amplo e serviços mais generalizados, nós estamos oferecendo um produto feito sob medida, que busca ser o melhor em áreas específicas. Em última análise, a decisão final é a escolha do cliente, mas oferecer ao cliente o direito de escolher entre os dois proporciona algumas opções e a qualidade de informações e serviços que ele exige. AA: Que outras áreas são importantes para os seus negócios? RG: Nossos clientes exigem eficiência operacional. Compreender isso e colocá-lo tão ao centro da nossa proposta www.profit-loss.com I Profit & Loss I Segundo semestre de 2012 I

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de câmbio significa que fomos capazes de criar uma plataforma que é incrivelmente eficiente. Novamente, essa é a vantagem de uma folha de papel em branco. Quando você considera as alterações regulamentares para clientes que negociam por telefone ou através de plataformas de vários canais, o fato de que eles estão cada vez mais focados em diferentes ativos e que, em muitos casos, estão sendo executadas múltiplas entradas de tickets, então a dependência central estará na eficiência operacional. É fundamental. Eu só quero que nossos clientes gestores de carteira apenas discutam ideias de investimentos conosco, nunca problemas operacionais, como consultas de liquidação. A eficiência operacional – ou seja, tornar a interação com o Lloyds simples, fácil e eficiente – é meia batalha ganha para garantir um relacionamento de sucesso daqui para frente. AA: Qual é a proposta de valor da Arena? RG: A Arena é uma plataforma personalizada de negociação e informações de clientes que atende desde as menores entidades comerciais até as maiores empresas e principais instituições financeiras. Estamos incorporando as últimas tecnologias e colocando-as totalmente em prática. Nós projetamos a Arena em colaboração com os nossos clientes através do acesso extensivo e contínuo a suas opiniões por meio do nosso conselho consultivo estabelecido no início do programa. Criamos um produto projetado pelos nossos clientes, para os nossos clientes. Hoje, a Arena é um portal de conteúdo, contendo nossas peças de pesquisa e estratégia, análises de riscos, estruturação e ideias comerciais, e é uma central de execução para transações de mercado monetário e câmbio. AA: Você planeja aumentar a cobertura? Com o tempo, avançaremos para o setor de varejo e riquezas com a Arena. Nós queremos torná-la um balcão único para os nossos clientes; portanto, ter o conteúdo e as centrais de execução em um único portal é uma proposta simples para o cliente. Nós já temos a funcionalidade de bate-papo, que possibilita a comunicação entre os nossos clientes, gerentes de

relacionamento e gerentes de vendas. Também introduzimos recentemente serviços de transação bancária para que os nossos clientes possam monitorar seus fluxos de caixa e saldos através do portal. Isso nos permitirá oferecer aconselhamento sobre otimização de caixa, por exemplo, para nossos clientes corporativos. A plataforma realmente abrange vários produtos e é escalável. Essa é apenas a primeira das várias etapas que o programa de desenvolvimento Arena oferecerá. Estamos expandindo para outros segmentos e para outros ativos. Estamos olhando para o setor de varejo com muita proximidade e ofereceremos aos clientes acesso aos fundos de liquidez global dos nossos Scottish Widows Investment Products (SWIP). Nossos clientes no lado de impostos e de crédito terão acesso a todas as informações que precisarem na Arena. Queremos tornar a Arena onipresente em todo o Reino Unido. É uma plataforma que estará focada em todo os segmentos e, portanto, será adequada tanto para a menor empresa que realiza pagamentos internacionais como também para usuários de alta frequência no espaço de instituições financeiras. AA: Veremos essa expansão em 2012? RG: Estamos continuamente desenvolvendo a plataforma, portanto, vamos ver evoluções de forma contínua. Os serviços de transação bancária já existem hoje [lançados em fevereiro deste ano]; os desenvolvimentos de acesso a taxas e ao SWIP serão realidade em 2012. Também vamos adicionar avaliações de clientes no decorrer deste ano e nossa intenção também é introduzir uma ferramenta sofisticada de gerenciamento de pedidos. AA: Obviamente, existe uma grande história tecnológica aqui. Vocês têm planos de introduzir serviços complementares, por exemplo, corretagem de primeira linha? RG: Quando entrei, havia várias ofertas de corretagem de primeira linha disponíveis, portanto, teria sido um verdadeiro desafio para o Lloyds construir a sua própria oferta de corretagem e, ao mesmo tempo, focar no desenvolvimento da Arena. Não achei que era o momento certo de entrarmos na área da corretagem. Atualmente, nosso foco está naquilo que é mais essencial para os nossos clientes e, como a implementação das mudanças regulamentares provavelmente afetará o câmbio, teremos que criar uma proposta de compensação, e ainda estamos em um longo processo mental nesta área. A forma como as plataformas de corretagem de primeira linha e propostas de compensação se desenvolverem ao longo do tempo será essencial e o Lloyds estará fornecendo um produto em um prazo que eu acredito que vai suplementar qualquer plataforma de corretagem de primeira linha que construirmos de forma independente. AA: O desejo de expandir para todas as instituições financeiras se estende às negociações de alta frequência?

Anders Henrikson, Global Head of FX Trading, with Garwood.

10 I Segundo semestre de 2012 I Profit & Loss I www.profit-loss.com

RG: Totalmente. À medida que a nossa plataforma internacional seja construída e nosso mecanismo de


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precificação ProTrade seja aperfeiçoado, vamos observar todos os segmentos do mercado do cliente. Sabemos que o nosso futuro grupo de clientes vai exigir acesso ao mercado de HFT. AA: Você mencionou o ambiente regulatório, como você vê o cenário? RG: Nós estamos sendo afetados por uma miríade de novas regulamentações – Basileia III, Dodd-Frank, MiFID, Volcker e o Imposto Sobre Operações Financeiras. O que precisamos é de mais clareza e esperamos plenamente novos pronunciamentos dos reguladores durante 2012. Felizmente, a indústria de câmbio tem estado, muitas vezes, em uma posição de frente quando se trata de eficiência de liquidação e redução de riscos, componentes principais da mudança de regulamentação que vemos ser introduzida em todos os mercados financeiros. O Sistema de Liquidação em Contínuo (Continuous Linked Settlement, CLS) é um desenvolvimento importante, e um ponto para destacar a forma como a indústria de câmbio impôs tais melhorias em si mesma. No Lloyds, precisamos ter essa clareza a fim de fornecer o modelo de negócio mais adequado para os nossos clientes. Temos que ser ágeis e construir uma plataforma robusta, que permita aos nossos clientes negociar da forma mais eficiente possível. Uma das implicações desses regulamentos é o aumento dos custos, e nós temos que ser muito cuidadosos sobre a maneira como construímos essa plataforma a fim de mantê-la rentável para nós e para os nossos clientes. AA: Vamos ver a implementação das estruturas regulatórias que você mencionou em 2012? RG: Vamos ver alguma implementação, por exemplo, as regras Volcker serão apresentadas em julho e os bancos precisam estar preparados e dentro dos limites de Volcker nessa altura. Gostaríamos de ver, embora possa demorar mais tempo para realizar, uma condição equitativa global, e eu acredito que a Europa e os EUA estão trabalhando cada vez mais juntos a fim de alcançar uma estrutura acordada, com parâmetros estabelecidos que funcionem em ambas as regiões; mas novamente, não há confirmação disso ainda. AA: Como você prepara sua base de clientes principais neste ambiente? RG: Gastamos um tempo considerável observando nossa plataforma para compensação do cliente. Mesmo que impacte menos o câmbio a curto prazo, eu pessoalmente acredito que haverá uma certa quantidade de aumento de regulamentação e que, enquanto as empresas, por exemplo, possam ainda não precisar compensar suas transações de câmbio em dinheiro, temos que oferecer um produto e serviço através do qual eles poderão compensar seu câmbio, se assim desejarem. AA: Como a chegada das centrais de execução de swaps (SEFs) da Lei Dodd-Frank afeta a oferta de um banco único?

RG: Nossa oferta de banco único oferece aconselhamento sobre conteúdo, pesquisa e estruturação, e também fornece centrais de execução de preços. O primeiro não é afetado, mas eu acredito que o último vai fazer parte de qualquer construção de futuras SEFs que se materializar a partir dos desenvolvimentos que estamos vivenciando. Estamos planejando vincular a Arena dessa forma. Esse portal de fornecimento de preço, seja em parceria com outros bancos ou em conjunto com outro local, pode se vincular a tal central. AA: O banco fez uma declaração importante ao contratar Richard Moore, Darren Coote, Bruno Widmer e Michael Walsh, para citar apenas alguns. Qual a ambição por trás dessa expansão? RG: O Lloyds tem investido há muito tempo em gerentes de relacionamento em todos os espaços corporativos e instituições financeiras, e esses gerentes de relacionamento garantem uma parceria muito estreita com nossos clientes a nível de CEO, CFO e tesouraria. Ao investir nas vendas de maior calibre e funcionários de comércio em toda a nossa divisão de atacado, incluindo câmbio, podemos alavancar nosso capital intelectual para apoiar os nossos clientes, por exemplo, com instituições financeiras, do CIO até a equipe de execução dos nossos clientes. Nós damos cobertura para a empresa em todas as camadas do gerenciamento. Quando você olha para algumas das contratações que fizemos nos setores de negociação, vendas, pesquisa, estruturação e ecommerce, ou seja, em todos os fluxos de negócio fundamentais para a construção de uma plataforma de câmbio global, você pode ver que estamos investindo de forma robusta e completa. O pessoal contratado nos últimos 12 a 18 meses é um componente fundamental dessa visão. O capital humano se sobrepõe a eficiência operacional. Para ser uma franquia de sucesso, temos que ser excelentes em todas as áreas. A Arena, por exemplo, foi aprovada em maio de 2010 e fornecida no prazo e no orçamento em julho de 2011. Ela é destinada a satisfazer as necessidades dos nossos clientes e nos permite expandir nossos horizontes – mas temos de ter as pessoas certas para aproveitar esta oportunidade, e eu acredito firmemente que temos a plataforma e as pessoas para fazer isso. I www.profit-loss.com I Profit & Loss I Segundo semestre de 2012 I 11


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Gavin Wells da LCH.Clearnet:

NENHUM MOMENTO COMUM

Gavin Wells, CEO do ForexClear da LCH.Clearnet, conversa com Alice Attwood sobre o lançamento do serviço, a sombra que se levanta com a regulamentação e por que a compensação apresentará desafios e oportunidades para o mercado de câmbio. Alice Attwood: O serviço ForexClear da LCH.Clearnet acabou de entrar no ar. Qual a sua proposta de valor? Gavin Wells: Agora o ForexClear está realizando compensações de contratos a termo de moeda sem entrega, a tempo para o prazo de regulamentação esperado, que deve ocorrer primeiro nos EUA no final do terceiro trimestre e na Europa no próximo ano. Exclusivamente, a LCH.Clearnet tem mais de 12 anos de experiência comprovada em compensações de derivativos de balcão e gerenciamento de inadimplência de produtos de balcão, portanto, alavancamos essa experiência para criar o ForexClear. AA: Quais contratos a termo sem entrega física (NDFs, nondeliverable forwards) podem ser liquidados agora? 12 I Segundo semestre de 2012 I Profit & Loss I www.profit-loss.com

GW: Começamos com os seis mais líquidos: o real brasileiro, o rublo russo, a rúpia indiana, o peso chileno, o yuan chinês e o won coreano. Vamos adicionar mais cinco moedas em meados do ano a tempo para a oferta ao cliente: o peso colombiano, a rúpia indonésia, o ringgit malaio, o peso filipino e o dólar taiwanês. Essas moedas cobrem bem mais de 90% do mercado de NDFs. AA: Há quanto tempo o ForexClear está em desenvolvimento? GW: Começamos a desenvolver o serviço de NDF em maio passado. Entretanto, ele foi desenvolvido com base em um serviço de opções que já tínhamos construído, portanto, um pouco do trabalho subjacente já tinha sido feito. No total,


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devemos ter levado cerca de dois anos e meio para projetar o serviço de ponta a ponta, mas ele tem opções de compensação e futuros em todos os aspectos, menos para liquidação. AA: Quando você planeja fornecer um serviço completo de compensação para os clientes dos membros de compensação? GW: Lançaremos a compensação por clientes em meados do ano. Estamos analisando os requisitos finais do lado do comprador. Temos de nos certificar de que ele seja apropriado para eles, em especial as estruturas das contas, que são muito diferentes nos EUA e na Europa no que diz respeito à regulamentação. Também temos de considerar as leis de falência de diferentes jurisdições e estamos trabalhando nisso agora. AA: Quando o lançamento do ForexClear foi anunciado no ano passado, foi reportado amplamente que ele seria um serviço para opções de moeda. Por que houve esse mudança de foco para NDFs? GW: Nas discussões com CLS e bancos centrais, ficou claro que a importância sistêmica do câmbio era tanta, que uma análise muito robusta do risco de liquidez no câmbio deveria der realizada em todo o mercado, em vez de qualquer CCP único. É provável que haverá apenas uma solução recomendada para o risco de liquidez, e a questão é qual é o melhor meio de liquidar? Isso é muito complexo – o risco de liquidez tem estado no mercado de câmbio desde que começou e é atualmente gerido de modo bilateral. Movê-lo da gestão bilateral para um CCP e, portanto, concentrar esse risco de liquidez à medida que ele cresce, requer uma compreensão detalhada da escala desse risco de liquidez e como os CCPs vão gerenciá-lo. Costumava-se ter a percepção de que a compensação era de operações ou processamento, mas as quebras do Lehman Brothers e da MF Global mostraram que a compensação trata, na verdade, de gerenciamento de risco – nós somos gestores de riscos. Nós nunca oferecemos um serviço até que estejamos satisfeitos com o gerenciamento de risco e, então, o estudo do risco de liquidez é absolutamente essencial – temos de nos assegurar de que isso esteja certo antes de podermos compensar opções de câmbio. AA: Mas você ainda planeja compensar opções? GW: Oferecemos serviços para produtos onde há uma demanda de mercado. Se você criar algo e tentar vendê-lo em um mercado, em particular para os mercados financeiros, raramente ele é aceito. É um modelo muito melhor buscar uma necessidade do mercado e desenvolver algo que atenda a essa necessidade. Hoje, as opções são um produto regulado pela Lei Dodd-Frank e, provavelmente, serão reguladas pelo European Market Infrastructure Regulation (EMIR). Portanto, percebemos que haverá uma necessidade de mercado e uma vez que houver orientação de agências reguladoras e bancos centrais sobre o modo certo para os

CCPs funcionarem com e se conectarem a CLS, lançaremos um serviço de opções. AA: Você acredita que hoje há maior compreensão do mercado de moedas estrangeiras por parte das agências reguladoras? GW: Sim, acredito – as agências reguladoras atrasaram a publicação de regras para poderem realizar consultas com os mercados. Elas procuraram consultar o mercado para considerar, revisar e reemitir regras em potencial. É importante fazer isso direito e isso pode levar algum tempo. Os redatores das regras compreendem que é importante consultar o mercado. As mudanças que as pessoas estão planejando são enormes. Portanto, pode ter levado mais tempo do que o planejado, mas é melhor que tenha sido feito de modo robusto. Se você analisar o grande volume de comentários a esse respeito, poderá ver quão ativamente o mercado tem respondido à oportunidade de fazer comentários sobre as políticas. Houve oportunidade para discutir as coisas de modo bastante detalhado com as agências reguladoras. AA: Em termos de timing para a introdução da regulamentação dos mercados financeiros, a perspectiva ainda não parece ser clara. Por que você acha isso? GW: Nos EUA, eles estão perto de concluir as regras, mas é crucial acertar da primeira vez. Portanto, decidir quais serão os participantes e produtos que serão cobertos é de extrema importância. Isso garante enorme consideração quando se vê o número de produtos e participantes que serão afetados. Estamos perto de chegar a uma conclusão e esperamos que haja maior clareza até o meio do ano. AA: Você acha que existe perigo de regulamentação excessiva? GW: Não acredito mais nisso. Se as regras não forem publicadas quando esperado, para mim isso significa que estão considerando cada aspecto para terem certeza de que farão a coisa certa, ao invés de tentar cumprir um prazo e acabar produzindo regras excessivas. O número de participantes do mercado e a amplitude de pessoas que foram autorizadas a tecer comentários e o interesse em manter os mercados financeiros em ordem, uma vez que o crescimento trará benefícios globais, é tal que não acredito que haverá excesso de regulamentação. Ideias originais para regulamentação foram um ponto de partida que tinha de ser discutido para avançar em direção a uma regulamentação apropriada. É melhor começar com muita firmeza e refinar essas regras e isso tem sido o tema durante todo o desenvolvimento das leis Dodd-Frank e EMIR. AA: Quais produtos de câmbio você acha que serão isentos das regras finais? GW: No câmbio, acho que enquanto opções e NDFs são produtos regulados, haverá compensação voluntária de swaps www.profit-loss.com I Profit & Loss I Segundo semestre de 2012 I 13


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com o número de bancos existentes, se um deles decidisse não fazer, estaria dando oportunidades aos seus concorrentes. Você precisa de operações de corretagem prime e compensação.

e futuros. Os usuários do mercado frequentemente perguntam se serão capazes de compensar futuros e swaps. Isso ocorre pela visão de que será mais barato compensar do que manter o capital regulamentado para essas operações. A compensação em si provará oferecer benefícios comerciais ao mercado. AA: Como você acha que o setor de câmbio dos bancos enfrentará uma era de compensação? GW: Acredito que isso permitirá que se concentrem nas negociações com menos preocupação com o risco da contraparte e os riscos de pré-liquidação, o que, por sua vez, permitirá que o mercado de câmbio cresça. Todos estamos conscientes dos números do BIS de 1997 em diante e, embora ainda estejam crescendo, o estudo recente mostra que o mercado atingiu o pico de $5 trilhões no semestre passado e está em $4,7 trilhões agora. Agora precisamos de um novo habilitador, e o CLS está certamente trabalhando para isso com aumento de escala e capacidade de volume. A compensação é outro habilitador para o mercado. O foco se desloca para as negociações dos riscos de mercado e não do risco subjacente. AA: A compensação dá mais possibilidades para os formadores de mercados não bancários? GW: Sim. Como o presidente da [CFTC] Gary Gensler diz, a compensação democratiza o mercado. Ela nivela o campo de jogo, proporcionando um limiar mínimo de capital, de capacidade operacional e de capacidades de gerenciamento de risco. O crédito é mitigado pela câmara de compensação, desde que você dê garantia. Não há nenhum motivo pelo qual você não possa acessar os mesmos preços como qualquer outro. AA: Daqui pra frente, você acha que um banco pode ser um líder em câmbio sem uma operação forte de corretagem prime/compensação? GW: Acho que seria muito desafiador por que quando eu me encontro com usuários finais, membros do lado comprador, eles falam sobre ter muitos PBs e FCMs. O apetite dos usuários finais é fazer com que seus bancos ofereçam isso e 14 I Segundo semestre de 2012 I Profit & Loss I www.profit-loss.com

AA: Existe a possibilidade de haver interoperabilidade entre as câmaras de compensação nos mercados de derivativos? GW: Vejo como possibilidade, pois a interoperabilidade entre as câmaras de compensação oferece aos participantes do mercado mais flexibilidade no uso do CCP. O desafio é que as câmaras de compensação de balcão teriam de usar a mesma metodologia de risco para poderem interoperar. Embora isso tenha sido conseguido em algumas classes de ativos, os modelos de risco são um fator de diferenciação para os CCPs, portanto, tentar fazer com que duas câmaras de compensação usem exatamente o mesmo gerenciamento de risco seria como tentar fazer com que dois bancos adotassem os mesmos modelos de preços para opções de câmbio. Certamente, com a EMIR é improvável que a interoperabilidade seja introduzida para derivativos de balcão no futuro previsível. Entendemos que há o desejo do mercado por isso e pode ser algo que as câmaras de compensação terão de examinar no futuro. Mas a prioridade agora é compensar operações de câmbio de modo que seja apropriado e comercialmente viável para os participantes do mercado, e que traga os benefícios que a compensação deve trazer – mitigação de riscos, segurança e garantia nas operações. AA: Então, analisando o mercado de compensação como um todo, qual aspecto da compensação você espera que apresente os maiores desafios ao mercado e, por sua vez, as maiores oportunidades? GW: Gerenciamento de garantias. O advento da compensação no mercado mitiga um grande número de riscos existentes e, quando fornecido com eficiência, traz economias de custo para o capital regulamentado e proporciona garantias multilaterais em oposição às garantias bilaterais existentes realizadas sob a égide das CSAs do ISDA. O uso intensificado da compensação será acompanhado de uma elevação na demanda por garantias e o montante de garantias a ser fornecido será considerado como dimensionável de acordo com várias estimativas do mercado – provavelmente será de trilhões de dólares e não de bilhões de dólares para os mercados financeiros globais. Certamente, existe uma demanda pela garantia mais líquida e segura, mas há um suprimento finito de garantias da mais alta qualidade. Na verdade, muitos daqueles que querem compensar podem não ter acesso fácil ou mesmo optem por possuir aquela garantia. Portanto, a compensação proporciona uma oportunidade para ajudar os participantes do mercado a transformar um tipo de garantia em outro – a otimização da garantia. I


“De olho no cliente”

PROFIT & LOSS DIGITAL FX AWARDS:

“De olho no cliente” Todos os anos, a Profit & Loss avalia as plataformas de negociação de operações cambiais dos bancos para o Digital FX Awards anual. Este ano, os destaques desses prêmios incluem os vencedores da melhor plataforma de operações cambiais e da melhor plataforma de operações de mercados emergentes.

T

alvez por que o câmbio seja amplamente visto como uma classe de ativo “fácil” de automatizar ou talvez por que o cenário regulatório seja menos perigoso para o mercado de câmbio do que para outras classes de ativos, os bancos continuaram empreendendo sérios esforços para aperfeiçoar suas ofertas de câmbio ao longo dos últimos anos. Então, o que faz um vencedor? A resposta é a excelência em cada nível da experiência cambial. Desde índices analíticos pré-negociação, fornecimento de ideias de pesquisa e hedging, a mais ampla gama de serviços de execução, até uma suíte de produtos de processamento flexível e abrangente pós-negociação – um banco tem de oferecer tudo. Os principais players nesse âmbito continuam sendo Barclays e Citi, com JPMorgan logo atrás. As potências tradicionais são Deutsche Bank e UBS – que estão a meio caminho de aperfeiçoar sua oferta, portanto, embora não estejam exatamente no nível dos outros, estão alcançando-os rapidamente. Afinal de contas, eles têm o fluxo e a franquia e, sendo assim, os aperfeiçoamentos em curso de tecnologia significam que é apenas uma questão de tempo até que eles representem um desafio em todos os níveis. A plataforma Barx continua a ser o destaque – e uma área que sentíamos estar um pouco defasada no passado – a corretagem prime – está melhorando com rapidez. A verdadeira excelência da Barx, do ponto de vista de uma plataforma de câmbio, está na execução, onde o Powerfill+, apesar de ser uma versão reduzida da oferta original, ainda continua a manter a sua popularidade entre os usuários. A flexibilidade na execução, juntamente com a fácil gestão de posições e ordens, ajuda a fazer da Barx um excelente recurso, em especial para operadores. Inclua os benefícios do Barclays Capital Live, uma plataforma de opções classificada entre as melhores, e o novo FX Trade Centre, e você terá uma oferta completa para atender às necessidades da maioria dos usuários. Em outros locais, o JPM continua a marcar todos os pontos, embora, mais uma vez, tenhamos que mencionar os gráficos ligeiramente difíceis da IGU (que foram melhorados). O JPM tem excelentes qualidades de execução

no MorganDirect, assim como fortes funcionalidades pré- e pós-negociação. No entanto, é provável que as duas plataformas mais interessantes sejam o Autobahn do Deutsche e o Trader+ do UBS. Dos dois, o Deutsche parece ser o mais avançado para finalizar a nova plataforma – o conceito de mercado de aplicativos está funcionando a todo vapor e a realidade é tão estimulante quanto acreditávamos. Grande parte do trabalho do UBS tem sido o desenvolvimento de ferramentas de gestão de e-risco, o que significa que a funcionalidade para o cliente – ao mesmo tempo em que foi aperfeiçoada e agregada – não foi ampliada na mesma velocidade que a de alguns de seus concorrentes. Para muitos, isso poderia ser um problema; entretanto, o UBS tem a vantagem de instalações soberbas de pós-negociação e uma excelente reputação no setor. Duas outras plataformas merecem menção. Primeiramente, o Credit Suisse lançou seu novo portal, o Credit Suisse Plus, que representa um passo gigantesco para tornar o banco um player

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“De olho no cliente”

de multiativos. No portal, o CS continuou a trabalhar na reconhecida funcionalidade de seus serviços de câmbio e é largamente elogiado entre seus usuários pela robustez e precisão de sua formação de preços. Duas áreas que, provavelmente, ajudariam o CS a se posicionar no próximo estágio seriam um conjunto de ferramentas de execução algorítmica que ficasse fora do AES (ou seja, ferramentas controladas pelo cliente e não pelo banco), e uma oferta mais forte de corretagem prime. O outro concorrente é o Royal Bank of Scotland. O RBS MarketPlace tem passado por algumas iterações ao longo da última década, pois era, primeiramente, um grupo de plataformas reunidas que depois foram sistematicamente integradas em uma só. Hoje, ela está próxima de uma oferta completa.

Vencedor - Citi É notável a jornada do Citi nos últimos anos. Em todos os aspectos das operações de câmbio, desde a pré-negociação, que inclui o serviço FXWire (escrito de um modo que faz com que você queira lê-lo), todas as ferramentas de execução que você requer, até a estrela perene nas operações de câmbio do Citi, a plataforma de corretagem prime FX Click, a plataforma Velocity 2.0 exibe excelência. Você pode chamar de sorte em termos de timing ou bom planejamento e previsão, o fato é que o Citi tem conseguido tirar proveito da experiência de outros bancos até um certo ponto. Os novos recursos incluem um monitor de spreads no meio do painel de preços; a capacidade de flutuar e congelar janelas para construir sua própria tela; e, o mais impressionante, eles adotaram o conceito de “cubo” criado pelo Societe Generale no ano passado e o fizeram funcionar no espaço das opções cambiais. Desenvolvimentos adicionais foram uma ilustração gráfica melhor de ordens e mercado, criação de gráficos facilitada, a capacidade de dividir operações em bloco e rolar. É evidente que algumas das inovações anteriores do banco ainda continuam sólidas para proporcionar uma base firme à plataforma. O FX Pulse continua sendo uma ferramenta corporativa de destaque, assim como o Click no espaço da corretagem prime e os algoritmos de execução da agência em Ordens Inteligentes. O banco também reteve sua força recente na funcionalidade de gestão de ordens e agora tem o campo de câmbio de varejo (banking) para si. Um aspecto bastante popular do novo Velocity é a sua “leveza”. O Citi apenas proporciona a “loja” e os clientes selecionam e escolhem o que querem ver. Isso significa que um cliente pode ter formação de preços, FXWire, índices analíticos PB de nível superior, rascunho de ordens e estar efetuando uma operação de agência, tudo na mesma tela. No espaço pré-negociação, os usuários podem ter um streaming de preços incorporado em seu FXWire e criar tags em tempo real no Wire para vincular ações de preço a notícias. Se quiser, o usuário pode passar o mouse sobre o gráfico para ver as notícias em um dado momento. Da mesma forma, o Velocity on the Web é um uso muito intuitivo e inovador das equipes de pesquisa e estratégia do banco, pois ele permite realçar o que está por trás dos ruídos do mercado por meio da publicação de conversas das mesas e de materiais de pesquisa e estratégia mais formais. Todas as 16 I Segundo semestre de 2012 I Profit & Loss I www.profit-loss.com

ferramentas de pré-negociação são vinculadas retroativamente à execução por meio da capacidade dos usuários de visualizar preços ao lado dessas ferramentas. Além de execuções de um e dois cliques, o Citi adicionou ao seu sistema de negociação as altas e baixas do dia em formato gráfico (mais uma vez, isso foi testado antes em outros países) e os usuários podem inserir ordens nessa barra. As ordens algorítmicas de primeira geração estão disponíveis como parte do conjunto de ferramentas básicas de gestão de ordens. O Citi também introduziu o conceito de slippage garantido em ordens limitadas e permite que os clientes definam distinções em outras ordens. Um aspecto que se provará popular com operadores de IGU é o sistema de alertas de pop-up. Isso alerta o cliente, de forma gráfica, para ordens iminentes no mercado e a conclusão de ordens algorítmicas. A funcionalidade de opções de câmbio é um padrão do setor, com uma modificação. Esta é o uso mencionado acima do conceito de cubo. Os usuários podem visualizar um streaming de preços de opções em vários formatos diferentes, visualizar a superfície de volume e outros índices analíticos e executar suas próprias análises – tudo isso em uma janela pequena ao girar as faces do cubo. Se necessário, o cubo pode ser minimizado, permitindo ao usuário ver todas as janelas relacionadas à opção simultaneamente. A base de tudo é a tecnologia que realmente inseriu o Citi em sua jornada para a excelência em operações de câmbio – a plataforma Click. Embora continue sendo uma oferta de corretagem prime, vários aspectos do Click foram incorporados em outros locais, o que significa que clientes de todos os tamanhos e formas (e segmentos) podem realizar análise pós-negociação, bem como ter as suas negociações processadas em um ambiente totalmente automatizado. O Velocity 2.0 é o resultado de uma reconstrução completa da tecnologia da plataforma de operações de câmbio do Citi e mostra os benefícios de ter bases sólidas sobre as quais adicionar uma lista de desejos solicitados por clientes. Melhor plataforma de mercados emergentes Neste estágio, podemos elogiar o setor bancário por sua disposição e habilidade de reagir às demandas dos clientes com rapidez. Há dois anos ressaltávamos o que os clientes já estavam dizendo aos seus bancos – o nível de e-service e funcionalidade nos mercados emergentes era inadequado. O setor respondeu dando continuidade ao seu bom princípio em 2011, adicionando mais moedas, melhor funcionalidade e serviços mais abrangentes. Isso só vai melhorar mais se o Goldman Sachs e depois o Barclays (e temos certeza de que outros seguirão essa tendência) começarem a oferecer streaming de preços de contratos a termo de moeda sem entrega física (NDF, non-deliverable forward) para EBS, o que significa dados melhores e mais consistentes disponíveis para modelos de preços. No ano passado, foi bastante sinalizado que os mercados emergentes se tornariam uma área de concorrência intensa quando nove bancos nos disseram que procuravam se diferenciar por meio da oferta de NDF! Certamente, isso se provou impossível, mas o nível de concorrência significou que os níveis de serviço tinham evoluído muito – e não mostravam sinal de desaceleração. O vencedor deste prêmio no ano passado, o Deutsche


P&L Digital FX Awards Dinner, London, April 18 2012

Bank, continuou a impressionar com o Autobahn onshore, assim como diversos serviços em NDFs, e foi acompanhado por bancos como BNP Paribas, Citi, UBS, RBS e JP Morgan ao permitir que clientes negociassem com uma contraparte onshore. Na realidade, isso não parece ser mais do que um exercício de contabilidade, mas automatizar o processo não foi tarefa pequena e, com tal, aqueles que o fizeram podem estabelecer uma posição de liderança inicial. Como observado, hoje é difícil encontrar alguém que não ofereça preços de NDF em inúmeras moedas, portanto, essa não é mais uma área de diferenciação, mas significa que os líderes são aqueles que oferecem alguns itens extras, como ordens em NDFs, opções e swaps sem entrega física. O provedor realmente popular nos mercados emergentes continua a ser o Goldman Sachs, que entrou de forma definitiva nesse segmento em anos recentes e que demonstra seu comprometimento com preços realmente apertados com bons volumes. O Goldman também adicionou escalas de liquidez em NDFs, aperfeiçoou a funcionalidade de colocação de ordens e gestão e, é claro, seus recursos de commodities à plataforma. Vencedor – Barclays Capital Há alguns anos, acho que surpreendemos até mesmo o pessoal do Barclays quando lhes concedemos o prêmio de mercados emergentes. Eram dias mais obscuros, quando o leque de serviços disponíveis era universalmente criticado por usuários de plataformas e o Barx francamente fez o que fez nos mercados emergentes com uma vantagem de voz. Mal sabíamos que

o modelo se provaria o mais bem-sucedido e que a maioria o copiaria simplesmente fornecendo preços e ordens de NDF do mesmo modo que eles o fazem nos mercados desenvolvidos. O nível de concorrência desse ano foi grande, mas o Barclays foi capaz de apontar como um pioneiro. Embora não esteja sozinho ao oferecer ordens em NDFs, o Barclays se adiantou ao oferecer depósitos de CNH, DCIs, opções e swaps no Barx – ele também começou a oferecer streaming de RUB e swaps sem entrega de BRL. O fato de esses produtos estarem disponíveis na comprovada e popular plataforma Barx – que os usuários sabem como funciona, por que funciona e quão bem funciona – serviu apenas para impressionar ainda mais. Mas, certamente, sendo o Barclays, não se trata apenas de câmbio. No lado da renda fixa, o banco adicionou um leque de produtos de taxas de mercados emergentes, novamente com a mesma funcionalidade que a dos mercados desenvolvidos. Em muitas partes do mundo, esse produtos são suportados por meio dos vários ECNs no espaço das taxas, entretanto, nas Ásia, onde a penetração de ECNs é baixa, o banco está recebendo avaliações boas por seus serviços em mercados emergentes asiáticos. De certa forma, é difícil definir exatamente por que o Barclays se sai tão bem nesse prêmio, mas daí nos damos conta de que é justamente por que não notamos suas ofertas em mercados emergentes que elas são tão boas. O banco tem uma reputação merecida e estabelecida pela excelência do Barx, portanto, faz sentido enxergar os mercados emergentes como novos produtos em uma plataforma já bem-sucedida. Simples, mas devastadoramente eficaz. I www.profit-loss.com I Profit & Loss I Segundo semestre de 2012 I 17


Sala de mercados

Governos latinos combatem pressão em alta no mercado de câmbio A maioria das moedas latinas está empurrando novamente o consumo interno e elevando os preços das commodities leves, que amenizam o efeito das commodities pesadas mais fracas. A grande incógnita é a intervenção do governo, que impede o aumento tanto do BRL como do CLP.

A

s moedas latinas começam a sentir uma leve tendência de queda. No início de agosto, o Morgan Stanley reexaminou suas previsões para o mercado de câmbio estrangeiro, com destaque para a América Latina. “De modo geral, esperamos ver as moedas dos MEs oscilando bastante nos próximos meses... achamos que as valorizações são atraentes, enquanto o posicionamento em moedas dos MEs está, no geral, fraco”, declara James Lord, estrategista de

mercados emergentes em Londres, no Morgan Stanley. O real brasileiro provavelmente irá ganhar forças partindo dos níveis atuais, conforme a economia se recupera e os preços das commodities leves continuam a subir. “Esperamos que o real brasileiro se fortaleça para 1,90 ao fim do ano, com base na visão de nossa equipe econômica, que diz que a China irá mostrar uma recuperação mais tarde neste ano”, disse Lord. O real era comercializado a

18 I Segundo semestre de 2012 I Profit & Loss I www.profit-loss.com

2,016 frente ao dólar americano em 20 de agosto. Esse aumento pode parecer contraditório. Acima de tudo, a gigante do petróleo Petrobras apresenta dificuldades bem divulgadas em sua exploração das vastas porém profundas descobertas do pré-sal do Brasil, enquanto os preços do minério de ferro, uma commodity pesada chave do Brasil, ainda está sob pressão. Em agosto, o minério de ferro caiu do que é frequentemente mencionado como a “base” de comercialização chave de US$


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120 por tonelada, e seu declínio se acelerou, com os preços caindo para baixos US$ 111 em meados de agosto. Existe, no entanto, outra história de commodities que pinta uma visão mais otimista e uma história do consumidor que melhora gradualmente. A seca nos EUA tem levado o preço das commodities leves para cima, beneficiando os agricultores brasileiros. O agronegócio é uma força cada vez mais importante para o Brasil, uma vez que o país se destaca para a posição de segundo maior exportador mundial de soja: o Brasil pode exportar até 15 milhões de toneladas de soja neste ano, enquanto as exportações de milho deram um salto, embora a partir de uma base muito inferior. Lord destaca que: “Com os preços das commodities leves nas alturas, as condições brasileiras de comércio já se tornaram mais positivas ao longo das últimas semanas, mas esses ganhos não se refletiram na moeda.” Nos últimos meses, houve sinais de que os consumidores estão começando a gastar mais, apesar do crescimento do PIB permanecendo moderado. O fato de a moeda já não ter subido em relação ao dólar dos EUA se deve em grande parte pelas políticas governamentais. As pressões de alta sobre o real vindas das commodities leves foram mitigadas pelos controles de capital e cortes de taxas agressivos do Banco Central, observa Lord. O diretor do banco Alexandre Tombini cortou repetidamente a taxa Selic referencial, que desceu de uma alta de 12,5% em agosto para o atual nível de 8%. Alexander Gorra, estrategista sênior na BNY Mellon ARX, acredita que as taxas cairão ainda mais conforme o governo busca estimular a economia. Lord também destaca que como o real não valorizou muito, o Brasil poderia importar inflação graças aos preços mais altos dos alimentos. Ele prevê que este risco de inflação poderia minar as

tentativas do governo de conter a ascensão da moeda. Argumenta, ainda, que a pressão inflacionária estrutural, especialmente relacionada com os custos trabalhistas e melhorias nas condições do comércio, irá conduzir a valorização da taxa de câmbio, ele argumenta. Taxas de juros mais baixas vão reduzir essa força conforme os investidores estrangeiros deixam os mercados de títulos. As políticas monetárias do Banco Central já tiveram um efeito substancial sobre os fluxos de carteira, observa Felipe Pianetti, estrategista de mercados emergentes do JP Morgan. Fundos japoneses, que há muito tempo são investidores substanciais em renda fixa brasileira graças ao diferencial das altas taxas, estão deixando o país, pois além da redução das taxas, a moeda perde a força. Pianetti observa que US$ 52 milhões foram sacados em cinco dias até 8 de agosto. “Do ponto de vista de valorização, o BRL ainda está em defasagem se comparado às moedas de commodities do G-10 e ao peso chileno. O crescimento continua uma barreira importante para um real mais forte no curto prazo, mas o risco ascendente para o índice de preços ao consumidor poderia argumentar para uma variação maior”, diz Pianetti. Se a inflação acelerar, o governo pode buscar reduzir as intervenções para conter a moeda, estima Pianetti. O Banco Central tem uma posição líquida vendida em dólares dos EUA de US$ 6,2 bilhões em contratos de swap, ele observa.

Chile No Chile, a moeda já conta uma recuperação notável desde seu enfraquecimento em setembro e outubro do ano passado, apesar de uma queda em maio. De fato, a valorização recente

significa que o peso chegou a um nível que no passado provocou uma forte intervenção do Banco Central, diz Pianetti. O nível de 475-480 frente ao dólar americano desencadeou um programa de intervenção de US$ 12 bilhões, “cujas lembranças ainda estão frescas”, observa ele. Além disso, a atividade econômica continuou a surpreender com a tendência positiva de 6,2% em junho contra a previsão geral de 5,2%. A inflação, por sua vez, se mantém em baixa, permitindo que a taxa de juros de referência seja mantida em 5%. O governo chileno está fazendo malabarismos. Ele reconhece que a economia é vulnerável a tendências globais, porém, ao mesmo tempo, observa sua resistência até o momento. O Ministro das Finanças, Felipe Larrain, destacou recentemente a dinâmica: “Nossa economia irá desacelerar, embora a um ritmo mais lento do que a grande maioria dos países”, diz ele. “É impossível que uma economia imersa em um mundo globalizado não seja afetada.” O desejo do governo de intervir para conter a força da moeda é bem conhecido na região. Peru e Colômbia também precisaram intervir para suavizar a taxa de valorização da moeda. Neste cenário de moedas em ascensão, um grande país latino se destaca. A Argentina enfrenta um cenário bem diferente: Lord vê o país enfrentando uma “aterrizagem forçada, pois a atividade estagnou” e prevê uma desvalorização significativa para níveis de sete para o dólar dos EUA. O peso era negociado a 4,61 frente a moeda americana em 18 de agosto, então uma queda para sete frente ao dólar representaria um grande declínio, mesmo com a alta taxa de inflação da Argentina, que muitos economistas privados chegam a definir em até 25%. I

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Brasil assina contrato de derivativos com o Chile Brasil transfere know-how para o mercado crescente de derivativos do Chile.

“Os atuantes no mercado gostariam de ver melhorias nas regras de liquidez para os derivativos no Chile.”

A

bolsa de valores do Brasil, BM&FBovespa, e a bolsa de valores de Santiago assinaram recentemente um contrato para desenvolver o mercado de derivativos do Chile, que irá levar a práticas mais eficientes, reduzindo, assim, os custos e os riscos. A negociação de tecnologia e know-how faz parte de uma iniciativa de longa perspectiva que visa mais colaboração entre as bolsas de valores da América Latina e demonstra como agora o Brasil é um centro reconhecido de melhores práticas, principalmente na mitigação de riscos. O Brasil já passou por diversas crises e o modelo de negociação de títulos mobiliários do país superou todos esses testes e se desenvolveu, tornando-se um local lógico para buscar exemplos, observa Andre Hubner, líder de mercados emergentes na América Latina, do HSBC em Nova York. O contrato é: “um passo bom e útil em nível técnico, mas não leva a uma evolução mais ágil do mercado”, comenta Hubner. Os participantes brasileiros têm capacidade para liberar as negociações

por meio de uma contraparte central, um modelo que agora está sendo apreciado por diversos outros mercados, observa ele. Ao aumentar a confiança, uma contraparte central para os derivativos negociados no balcão pode levar a mercados mais profundos, acrescenta Hubner. Se o contrato levar a uma

RODRIGO COUTO, BNP PARIBAS

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combinação do sistema de gestão de colaterais entre os mercados de balcão e o de futuros, o resultado poderia levar a custos menores de colaterais para os participantes do mercado. O Chile possui um modelo de negociações de balcão para as suas negociações mais comuns: forwards de câmbio e swaps de juros, diz Rodrigo Couto, diretor de negociações de renda fixa para a América Latina do BNP Paribas em Nova York. Tratam-se de títulos negociados dealer-a-dealer ou dealer-a-investidor e o mercado desenvolveu alguns produtos padronizados, criando problemas que incluem uma falta de transparência e riscos de contraparte. O modelo brasileiro mudaria esse conceito, acredita Couto. Algumas vezes os investidores chilenos esgotam o crédito com os seus corretores e enfrentam uma situação em que não conseguem negociar. “É muito mais fácil garantir o colateral por meio de uma câmara de compensação central. Aumenta-se a transparência do preço e remove-se o risco do crédito”, observa Couto. Só não fica claro com que rapidez os mercados de derivativos do Chile poderão se desenvolver. Hubner vê o contrato entre as duas bolsas de valores como um desenvolvimento regulatório e técnico. “Não vejo muitas mudanças no

ANDRE HUBNER, HSBC


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mix de produtos. Trata-se mais de mudanças infraestruturais”, acrescenta. Uma grande vantagem de o Chile adotar este modelo será no cálculo das margens iniciais: “Os participantes no mercado gostariam de ver melhorias nas regras de liquidez para os derivativos no Chile”, acrescenta Couto. Couto acha que o contrato poderia realmente ajudar a desenvolver o mercado de derivativos do Chile. A troca criou um novo comitê de produtos e estará desenvolvendo futuros de câmbio, a grande maioria no momento em negociações em peso chileno para dólar americano, que deverá ser lançado no segundo semestre do ano. “No momento não há volume, portanto, esperamos que este produto seja muito bem recebido”, diz Couto. Os volumes de negociações no mercado local de peso chileno/dólar americano flutuam entre US$ 1-2 bilhões por dia, observa ele. O Chile se diferencia em alguns aspectos do Brasil: o Chile é muito mais um mercado de ações do que de renda fixa. Na verdade, o mercado de ações do Chile vem crescendo rapidamente e agora está quase equiparado ao mercado do México. No Brasil, não apenas as ações como também os derivativos de renda fixa deslancharam e os futuros em dólar americano negociam em volume e comprovaram ser populares entre os investidores estrangeiros como são os futuros de swap de juros. Esse processo levará mais tempo no Chile, onde há a probabilidade de os futuros de títulos se comprovarem populares, embora não sejam lançados até 2013. Independentemente dos distintos perfis de mercados, o relacionamento entre as duas bolsas latinas está se solidificando. Uma aliança entre as duas bolsas teve início em 2010 e outros projetos estratégicos estão no cronograma, como conectividade e encaminhamento de ordens e distribuição de dados sobre o mercado. A BM&FBovespa anunciou no mês passado que está em negociações para participar do mercado latino-americano integrado, o MILA, que a aproximaria mais das bolsas do Chile, Colômbia, Peru e México. I

Projeto em andamento para compensação de opções de câmbio O projeto de opções de câmbio tem como finalidade garantir a magnitude do risco a que uma contraparte central de compensação poderia se expor e garantir que as soluções de compensação abordem as características do mercado. Reportagem de Kirsten Hyde.

divisão global de câmbio (GFXD) da Global Financial Markets Association (GFMA) assumiu um projeto que tem como finalidade garantir que qualquer solução de compensação desenvolvida para opções de câmbio aborde apropriadamente as características do mercado, em especial a liquidação de negociações em base fisicamente liquidada. O projeto de compensação e liquidação de opções de câmbio, que começou seriamente em fevereiro como uma iniciativa liderada pelo setor que colabora com reguladores e outas partes interessadas no mercado, como as CCPs (contrapartes centrais) e o CLS Bank, tem como objetivo garantir a magnitude do risco a que uma contraparte central de

A

compensação poderia ter sido exposta em um determinado dia. Para poder entender se as opções de câmbio podem ser compensadas, a primeira etapa é entender a magnitude do risco, dizem os especialistas. A GFXD está no processo de coletar cinco anos de dados históricos a respeito do mercado de opções de câmbio de cada uma de suas respectivas 22 firmas associadas, que, coletivamente, representam mais de 90% do mercado global de câmbio, para quantificar o crédito potencial e os riscos da liquidez. A iniciativa tem como objetivo ser satisfatória para os requerimentos de compensação aplicados às opções de câmbio de balcão que surgem dos compromissos assumidos pelo Grupo dos

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“Uma solução de compensação que não aborde apropriadamente a liquidação poderia resultar em uma gama de riscos adicionais.”

20 de reformar os mercados de derivativos de balcão. As opções de câmbio estão sob o escopo de compensação nos EUA, uma tendência que provavelmente ocorrerá na Europa. O desafio que surgiu para os centros de compensação em relação à liquidação garantida de negociações. Falando amplamente, os ‘princípios para as infraestruturas do mercado financeiro’, emitidos para fins de consulta pública pelo Comitê de Sistemas de Pagamentos e de Liquidação e pela Organização Internacional das Comissões de Valores Mobiliários (CPSS-Iosco, Committee on Payment and Settlement Systems and the International Organization of Securities Commissions) em março de 2011, requerem que as CCPs garantam liquidação total e final de maneira oportuna. O mercado interpretou que, para ser uma CCP, não apenas seria necessário coletar margem para compensar a exposição da marca ao mercado, como também deveria garantir que há um processo de liquidação transparente e sem risco vinculado com a compensação, uma obrigação que potencialmente poderia tolerar as CCPs com risco adicional em uma situação padrão. O princípio sobre a finalidade da liquidação ainda aparece no documento mais recente da CPSS-Iosco, que foi publicado pela CPSS-Iosco em 16 de abril. Em uma nota explicativa, a CPSSIosco relata: “Este princípio exige que as FMIs definam claramente quando a liquidação de um pagamento, a instrução de uma transferência ou outra obrigação é final, e para concluir o processo de liquidação até o final da

data de valor e, de preferência, antes da data de valor”. Falando sobre o projeto para a Profit & Loss, James Kemp, diretor geral da GFXD, disse que “várias câmaras de compensação criaram soluções para compensar as opções de câmbio que focam no risco da marca para o mercado. Os reguladores não se sentem confortáveis com a ideia de que uma CCP somente lide com a marca para o mercado e não lide com o aspecto físico da entrega. Há preocupações de que se houver uma ruptura na liquidação, como é possível reverter uma negociação previamente compensada? “Como o câmbio é um mercado de financiamento, a liquidez precisa ser fornecida no dia. A moeda geralmente respalda um conjunto completo de negociações secundárias, portanto, se não entregar a moeda no dia, ocorre uma lacuna no sistema. Uma solução de compensação que não aborde apropriadamente a liquidação poderia resultar em uma gama de riscos adicionais – risco da liquidez, risco operacional, risco de Herstatt, etc. – ao sistema financeiro durante épocas de turbulências.” Kemp continua: “Um dos grandes problemas é a falta de dados. Onde podemos atuar como uma agência do setor é para executar um projeto e observar as opções do mercado nos últimos cinco anos para saber qual é o risco no mercado em um determinado dia. Se o primeiro ou segundo participante perde, quais são os requerimentos da liquidez em qualquer moeda? Qual é a magnitude do risco? E isso responderá à pergunta do teste que

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os reguladores farão: como o setor irá lidar com essa falha na liquidez em um determinado dia? “Isso, então, permite que as CCPs trabalhem com a pergunta do teste com a finalidade de demonstrar aos reguladores que elas possuem um modelo seguro e sensato capaz de lidar com o risco do crédito e com a questão da liquidez. Não é até que se faça a pergunta e a análise, no entanto, que é possível começar a oferecer uma solução.” A GFXD pretende publicar na metade deste ano um resumo do seu teste e análise da situação e, daí em diante, começar a discutir com as CCPs interessadas e, no curso devido, com CLS, a respeito das potenciais soluções de opções de câmbio para as CCPs. Isso será seguido por uma análise do impacto de cada uma e, potencialmente, um projeto para fins de implementação. “Estamos mantendo diálogos com os participantes do mercado de câmbio em diversas jurisdições para garantir que esse trabalho seja transparente e coordenado com as principais partes interessadas. Estamos nos envolvendo com bancos centrais interessados, reguladores com a autonomia sobre as CCPs, as próprias CCPs, fóruns regionais do setor de câmbio e participantes secundários. Desejamos que todos os principais participantes do mercado tenham uma participação no projeto”, disse Kemp. “Este é um bom exemplo da liderança do setor. Não se diz isso sem provas, porque coletar os dados não é uma tarefa fácil, mas ajudará os reguladores a formular regras e os bancos centrais estão dispostos a entender isso”, acrescentou. A GFMA representa três das maiores associações de comércio do mundo para instituições financeiras na Europa, América do Norte e Ásia: a Association for Financial Markets in Europe (Afme), a Asia Securities Industry and Financial Markets Association (Asifma), e, na América do Norte, a Securities Industry and Financial Markets Association (Sifma). I


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Brasil controla sua moeda

“T

emos uma guerra monetária”, bradou o Ministro das Finanças brasileiro, Guido Mantega, em março. O “tsunami” de dólares que havia lavado a costa brasileira foi causado por uma “depreciação no valor das moedas de países em desenvolvimento, prejudicando, assim, o crescimento” em mercados emergentes, concordou a presidente Dilma Rousseff. Se há uma guerra monetária, o Brasil está vencendo as últimas batalhas. O real tem oscilado nos últimos anos. Ele atingiu níveis abrasadores em 2008, de quase 1,50 com relação ao dólar dos EUA, logo antes da crise chegar, antes de uma aguda desvalorização, quando caiu para 2,45 com relação ao dólar dos EUA. No último ano, a moeda aumentou novamente e atingiu 1,58 com relação ao dólar. Nesse nível, o Brasil era um dos lugares mais caros do planeta. Em julho do ano passado, o índice Big Mac do The Economist apontou o real como a moeda mais supervalorizada do mundo ao considerar o PIB per capita, com uma superavaliação de 149% com relação ao dólar dos EUA. Os salários de executivos eram os mais altos do mundo, de acordo com uma pesquisa da Mercer. Os custos de vida em São Paulo tornaram-se os mais altos das Américas. O declínio do real desde agosto passado foi impressionante também. A moeda caiu da sua alta de 1,55 com relação aos dólares dos EUA, em 2011, para cerca de pouco mais de 1,90, em 7 de maio.

O que causou toda essa turbulência? Em grande parte, os movimentos vieram de uma série de políticas do governo brasileiro, elas mesmas uma reação ao efeito serrote no mercado de câmbio. Anteriormente, a resposta do Brasil ao real alto veio predominantemente via intervenções de mercado no mercado imediato e um acúmulo de reservas. A primeira linha de defesa contra uma moeda em fortalecimento não é diferente daquela da maioria dos países. O Banco Central focou em intervenção nos mercados de trocas e imediato. No último ano, o BC implementou duas e até três

“O governo está comprometido com o combate à pressão monetária utilizando uma variedade de medidas, algumas das quais não são ortodoxas.” intervenções diárias no mercado de câmbio imediato. O país também buscou moderar a moeda, acumulando rapidamente reservas internacionais. Elas saltaram de US$ 288,6 bilhões, no final de 2010, para US$ 352 bilhões, no final do último ano. Até o momento, muito convencional. Mas o país também está testando medidas menos comprovadas para controlar seus mercados de câmbio desde 2008. Elas incluem uma série de controles de capital não ortodoxos cada vez mais profundos e de amplo alcance. As vigorosas intervenções tornaram o Brasil uma área muito observada pelos especialistas em câmbio como um terreno de teste para tais políticas e sua eficácia. “O governo está comprometido com o combate à pressão monetária utilizando uma variedade de medidas, algumas das quais não são ortodoxas”, afirma Ilan Goldfajn, economista-chefe baseado em São Paulo do Itaú BBA, o braço bancário de investimento do banco epônimo. O Brasil precisou recorrer a medidas não convencionais devido a pressões inflacionárias. O país não conseguiu

reduzir as taxas de juros do real tanto quanto o mundo desenvolvido porque a hiperinflação dos anos 1980 somente foi vencida recentemente, em 1994. Isso tornou o Banco Central hipersensível a cortar taxas rapidamente, temendo que um ambiente de taxas baixas pudesse reacender a alta inflação. Com uma política monetária estritamente limitada, o Brasil recorreu a uma série de controles de capital. Em 2009, impôs uma taxa financeira de 2% sobre investimentos em obrigações estrangeiras. Isso foi estendido em outubro para cobrir participações acionárias públicas e privadas. No último ano, o governo aboliu a detestada taxa de 2% sobre participações acionárias, mas expandiu a taxa de obrigações progressivamente para 6%, um nível atingido em março do ano passado. O governo recusou-se a indicar quais seriam seus próximos passos. A falta de transparência foi uma escolha deliberada. Para tornar suas ações mais eficazes: “O governo optou por não revelar suas intenções. Isso manteve o mercado adivinhando o que mais poderia

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“Muitos têm retornos almejados de 6% mais inflação”, observa ele. Com taxas nominais de 9% e inflação maior que 5%, os retornos reais já estão abaixo de 4%. O carry trade, normalmente usando o iene japonês, não é mais tão atraente e ajuda a explicar a queda no real. Os investidores têm mais probabilidade de investir em mercados de participações acionárias públicas e privadas e alternativas, afirma Gorra. A redução da moeda ajudará a facilitar uma série de distorções que estavam levando a economia em direção aos setores extrativistas e de consumo e afastando-a da manufatura. Alessandra Ribeiro, chefe de análise econômica na Tendências Consultoria em São Paulo, argumenta que o alto custo da mão de obra, especialmente quando convertida em termos de dólares dos EUA, ajuda a explicar os baixos níveis de competitividade internacional dos produtos brasileiros. No início deste ano, a produção industrial brasileira estava diminuindo e os fabricantes estavam pedindo proteção. Agora que a pressão monetária foi aliviada, a manufatura provavelmente Uma rápida série de cortes nas taxas de juros obteve sucesso em baixar a moeda. receberá um impulso. As taxas baixaram 3,5% desde agosto passado, quando estavam em 12,5%. Há lições para outros países latinos que também estando mantendo altos níveis monetários, como a determinação por escrito. “Se fossem indicou que mais cortes nas taxas podem Colômbia e o Peru? Provavelmente não. mais explícitos no Banco Central do ocorrer. O Peru e a Colômbia não precisaram Brasil, seria mais fácil para todos”, afirma Os cortes nas taxas de juros deram recorrer a macromedidas de cautela em ele. origem a preocupação, bem como a função dos seus mercados de câmbio Os rápidos cortes nas taxas de juros elogios. A política segue a indicação, no muito menores, se em rápido elevaram o espectro de pressões ano passado, de Alexandre Tombini como crescimento. Os bancos centrais de ambos inflacionárias renovadas no médio prazo. presidente, sob o novo governo de Dilma os países podem obter mais efeito com No início do ano, as expectativas de Roussef, e vários gerentes de ativos intervenção direta no mercado de troca e inflação para 2013 estavam subindo temem que a determinação do governo de imediato, tanto através de intervenções continuamente, afirma Gorra. Entretanto, reduzir taxas tenha minado a autonomia quanto de acúmulo de reservas desde então as condições econômicas duramente conquistada do Banco Central internacionais. globais fracas justificaram as políticas de e possa causar um pico inflacionário mais Anos de intervenção heterodoxa nos corte de juros do Banco, e os últimos adiante. mercados monetários do Brasil, através de dados mostram uma inflação ao “O Banco Central está trabalhando taxação sobre fluxos de entrada consumidor de 5,24% no Brasil em mais de perto com o Ministério das estrangeiros, mostraram-se inconclusivos. março, o que é menos do que havia sido Finanças do que jamais ocorreu nos É somente um esforço determinado para previsto. últimos 15 anos”, afirma Alexander reduzir a política monetária que pagou O efeito de taxas de juros mais baixas Gorra, estrategista sênior na BNY Mellon dividendos no Brasil. Taxas mais baixas está se disseminando para várias áreas ARX no Rio de Janeiro, que acrescenta poderiam, por fim, ajudar o Brasil a fora do mercado de câmbio também e que vê mais cortes de taxas com o Banco reequilibrar sua economia longe de uma pondo um fim ao atrativo do carry trade. Central tentando derrubar as taxas de saudável dependência excessiva dos Taxas de juros mais baixas estão levando curto e longo prazos. setores extrativistas e resgatar seu setor de os investidores a analisarem com muito Ronaldo Patah, chefe de renda fixa em manufatura. Isso se a política monetária cuidado suas alocações de ativos com a São Paulo no Itaú Asset Management, um não levar ao pior cenário de todos de alta taxa de juros do real na faixa de 3 a 4%. dos maiores gerentes de ativos do Brasil, inflação, improvável por enquanto, dadas “Estamos atingindo o limite sensível para com R$ 300 bilhões sob gerenciamento, as condições atuais de recessão global. I investidores institucionais”, afirma Gorra. acredita que o Banco Central tornou-se estar por vir e desencorajou fluxos de entrada”, afirma Goldfajn. Demover investidores estrangeiros é uma estratégia arriscada: O Brasil tem uma macrossituação que é diferente daquela de outros mercados emergentes, uma vez que as economias domésticas são baixas, tornando o país dependente de investimentos estrangeiros, observa ele. Goldfajn concorda que os economistas globais estão mais propensos a perdoar controles de capital do que historicamente costumavam estar, mas acredita que a natureza imprevisível das ações do governo brasileiro pode se mostrar prejudicial a investimentos de longo prazo. Além disso, mesmo essas taxas não puderam impedir que o real subisse e um pico fosse atingido em agosto passado. Foi somente naquele mês que o real marcou uma reviravolta abrupta, e então uma nova ferramenta entrou em ação: a política monetária. Uma rápida série de cortes nas taxas de juros obteve sucesso em baixar a moeda. As taxas baixaram 3,5% desde agosto passado, quando estavam em 12,5%, e o Banco Central

muito mais difícil de interpretar sob a nova presidência. “Para gerentes de renda fixa, a vida tem sido muito difícil nos últimos 18 meses, especialmente na curva de renda do governo. Não conseguimos decifrar o Banco Central de maneira eficiente”, afirma ele. Uma pesquisa recente realizada pela Bloomberg destacou o Banco Central do Brasil como o mais imprevisível entre as 10 principais economias mundiais. Patah preocupa-se que o Banco tenha se afastado do seu mandado de controle da inflação para considerar o crescimento do PIB em suas decisões. Oficialmente, o Banco afirma que está focado somente na inflação, mas muitos economistas e investidores acreditam que ele também está considerando o crescimento do PIB em sua política de definição de taxas, afirma ele. Ele não vê o Banco Central como tendo uma meta fixa para tal crescimento, mas acredita que o Banco tirou uma folha do livro do Federal Reserve, que tem uma consideração de crescimento explícita. A diferença é que o Banco Central do Brasil não tem tal

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Mercados digitais

Aqui estão as notícias - Mais rápido do que nunca O jogo de latência está se disseminando para além das transações, à medida que a colocalização pela mídia on-line cresce em popularidade. Colin Lambert examina as implicações para os mercados de um serviço de notícias de duas velocidades.

N

egociação com informações privilegiadas é uma das questões mais sensíveis para os mercados financeiros, especialmente quando envolve eventos importantes. Recentemente, o Ministério do Trabalho dos EUA anunciou que iria mudar a maneira como divulgava os dados centrais sobre emprego dos EUA na primeira sexta-feira de cada mês. O Ministério está fazendo isso para fortalecer os procedimentos para tornar o processo mais justo para todos os participantes do mercado, e, embora tenha havido críticas ao novo processo, há temores em certos segmentos de mercado de que um problema ainda maior, mas muito dentro da lei, esteja sendo negligenciado. O problema está relacionado ao maior uso dos algoritmos de execução de leitura de notícias em mercados financeiros. A habilidade de operar algoritmos de leitura de notícias está disponível há alguns anos, mas apenas recentemente passou para as operações de câmbio, especialmente em função de que as principais organizações de notícias podem ir além da publicação de dados básicos de ganhos da empresa para incluir técnicas de publicação mais sofisticadas. Isso levou a reclamações de alguns setores do mercado de operações de câmbio sobre “vazamentos de dados” e, ainda pior, “negociação com informação privilegiada”. A prática tem sido destacada em função de uma ou duas surpresas nos dados que levaram a fortes movimentos do mercado. Os negociadores entrevistados pela Profit & Loss alegam que, em três ou quatro ocasiões nos últimos dois meses, dados econômicos do Reino Unido, EUA e Austrália “estavam disponíveis mais cedo que o devido”, como disse um corretor. As acusações surgem de qualquer coisa até uma movimentação de 50 pontos no mercado quando os dados foram divulgados, porém, investigações mais profundas parecem indicar que, em vez de as notícias terem sido divulgadas mais cedo, foi simplesmente o caso de algoritmos de notícias tomarem a dianteira, e a combinação de um mercado estreito ao redor de divulgações de dados e a tentativa de venda agressiva pelos algoritmos exacerbou o que provavelmente seria uma movimentação forte de qualquer forma. Os corretores que atualmente usam a tecnologia de leitura de notícias afirmam que recebem as notícias ao mesmo tempo que o restante do mundo, porém, sua infraestrutura faz com que estejam mais bem equipados para reagir. “Co-localizamos com os servidores de notícias, o que significa que a mensagem chega aos nossos algoritmos de execução mais rapidamente”, afirma um corretor e produtor de mercado baseado nos EUA. “Estamos tão vinculados às regras quanto todos os demais, e alegar que

estamos recebendo informações mais cedo não faz sentido – apenas reagimos melhor.” O corretor indica, ainda, que sob as regras, qualquer um pode co-localizar nos serviços de notícias pelo mesmo preço, “então não vejo como isso pode ser injusto”.

Escala e recursos É um pouco irônico que, embora os corretores manuais estejam focando em serem “derrotados” por corretores de algoritmos como o alvo da sua raiva, o pip (ou mesmo uma fração de um pip) ímpar pareceria ser nada em comparação ao problema maior que está se desenvolvendo, ou seja, que as máquinas podem movimentar o mercado uma grande distância antes de os corretores manuais sequer agirem. Várias fontes familiarizadas com a questão argumentam que esses eventos mostram, em termos de mercado, quão mais rápidas que os humanos as máquinas são. Obviamente, um algoritmo com uma conexão de baixa latência será mais rápido que um humano, que precisa usar os olhos, o cérebro e os dedos para executar. O último é expressado em segundos, o primeiro, em milissegundos, e o resultado em pontos pareceria estar entre 30 e 50, dependendo do mercado. Isso sugeriria que qualquer organização que ainda conte com o atendimento de corretores presenciais para lucrar ou proteger o banco de eventos econômicos inesperados precisa analisar como opera – mas isso leva à questão dos recursos. Bancos de câmbio maiores, com recursos de algoritmos, já estão operando algoritmos de notícias como parte da sua tecnologia de definição de preço e risco ou estão analisando urgentemente a questão. O problema, uma vez que parece ser cada vez mais o caso no mercado de câmbio de hoje, é para aqueles fora no nível superior dos bancos, em que os recursos são mais limitados. Já incumbido da tarefa de desenvolver plataformas de banco único que possam atender adequadamente a base de clientes central e manter esses clientes fora das mãos dos grandes bancos, vários desses bancos provavelmente serão desafiados a encontrar os recursos extras para desenvolver algoritmos de leitura de notícias. Não é tanto uma questão de poder fornecer proteção para o fluxo de preço do banco em torno de dados econômicos – www.profit-loss.com I Profit & Loss I Segundo semestre de 2012 I 25


Mercados digitais

frequentemente esses bancos fora do nível superior têm uma base de clientes que é menos (ou não mais) sofisticada que o banco em si – mas de fornecer oportunidades para o banco. “As divulgações de dados sempre foram boas oportunidades de ganhar dinheiro, uma oportunidade para conseguir pelo menos uma parte da movimentação”, explica um corretor presencial em um banco regional. “Se não tivermos essas oportunidades porque as máquinas já movimentaram o mercado, o futuro parece muito desanimador.” Esses sentimentos sombrios podem ser supervalorizados, já que outros os veem como parte de uma evolução natural na função de um corretor. “O corretor presencial perdeu o controle da função de determinação de preço há muito tempo, seguida pela função de gerenciamento de risco”, afirma um corretor eletrônico em um banco na Europa. “Eles ainda são valiosos para bilhetes maiores, ou quando o cliente deseja falar com o atendimento e executar lá, mas, para o negócio do dia a dia, esse trabalho já era. “O que está acontecendo agora é que a habilidade do corretor presencial de empregar os dados também se foi, mas isso não significa que não há oportunidades”, continua o corretor eletrônico. “As máquinas reagem a dados, e nada mais. Se houver um evento surpreendente, não relacionado à norma esperada, em outras palavras, declarações de política ou atos de Deus, os corretores presenciais ainda têm a vantagem. Eles, na verdade, criam os dados aos quais as máquinas reagem, portanto, lideram a ação. Assim, a questão toda é realmente redefinir a função do corretor presencial.” Várias pessoas afirmaram acreditar que a maioria dos bancos pode arcar com os custos da tecnologia de leitura de notícias, porém, alguns podem entravar no custo de redes e hospedagem; afinal, argumentam, se uma organização não bancária relativamente pequena pode arcar com os custos de implantar tal infraestrutura, por que um banco não pode? Outros acreditam que uma solução mais simples seria afastarse do mercado durante a divulgação dos dados. “Se você acredita que será interceptado, não dê um preço após os dados”, afirma um corretor e produtor de mercado baseado nos EUA. “Se a questão é apenas que você acredita que não consegue lucrar com esses eventos, então estabeleça a tecnologia para competir.” O que, é claro, é mais fácil falar do que fazer, porque, como a experiência mostra, quando você está no jogo da velocidade, as demandas sobre a sua tecnologia raramente diminuem. Como muitos descobriram, esforços constantes para reduzir a latência e para atingir as velocidades mais rápidas do mercado são muito reguladas pela lei de retornos menores sobre dólares gastos. Muito poucos estarão preparados para entrar em uma corrida similar para obter as notícias.

Na alegria e na tristeza? A ação do Ministério do Trabalho é interessante porque aparentemente coloca a vantagem nas mãos da mídia de rádio e televisão, em vez de na mídia online, e, portanto, de volta nas mãos do corretor presencial. O Ministério anunciou que, no futuro, todos os jornalistas da imprensa poderão apenas apresentar recursos em papel, como documentos de pesquisa – inclusive canetas e lápis serão banidos. Atualmente, jornalistas certificados recebem os dados 30 minutos antes da divulgação, de modo que possam formatar e 26 I Segundo semestre de 2012 I Profit & Loss I www.profit-loss.com

escrever suas matérias para publicação no horário definido. Todas as comunicações por Internet e telefone na sala são cortadas durante esse período, e uma luz indica quando o momento chega e eles podem clicar no botão “enviar”. Há, é claro, um grau de latência nesse processo, especialmente quanto tempo leva para um ser humano clicar no botão “enviar”, mas, no futuro, os jornalistas terão de usar computadores do Ministério, o que significa que as matérias precisarão ser reformatadas para envio nas várias redes. A ideia por trás dessa ação é, aparentemente, nivelar o campo de jogo, de acordo com o porta-voz do Ministério do Trabalho, mas, durante uma coletiva de imprensa para explicar as mudanças, Carl Fillichio, consultor sênior para comunicações e assuntos públicos no Ministério, foi ambíguo e evasivo ao explicar que no passado o Ministério teve duas infrações “graves” das regras, recusando-se a esclarecer melhor. Fillichio repetidamente recusou-se a responder às perguntas dos repórteres sobre os detalhes das infrações, deixando a clara impressão de que em uma ou duas ocasiões dados ou informações vazaram antes do prazo. Organizações de imprensa acreditam que o novo processo poderia adicionar segundos ou, em casos extremos, minutos, ao tempo necessário para as notícias online levarem a matéria ao domínio público e indicam que a mídia de rádio e TV pode ir ao vivo com os detalhes imediatamente. Alguns no setor acreditam que isso não é ruim, porque, como um corretor presencial diz, “iria me colocar de volta no jogo”, sendo o raciocínio que a quantidade de latência introduzida no sistema usado pelos algoritmos de leitura de notícias seria pelo menos equilibrada, se não melhorada, pela habilidade humana de dissecar informações visuais e auditivas. Outros são mais viscerais sobre a ação, argumentando que a concorrência natural que existe no mundo das notícias significará que diferentes organizações logo desenvolverão processos para transmitir os dados mais rápido do que nunca. De qualquer forma, o primeiro uso dos produtores de divulgações de notícias será o relatório de dados de emprego de junho na primeira sexta-feira de julho. É difícil definir com precisão quanto impacto os algoritmos de leitura de notícias estão causando sobre as condições de mercado reais com relação a divulgações de dados. Vários corretores acreditam que eles são “mais ruidosos do que a realidade”, sugerindo que os algoritmos de definição de preço estão sempre executando na frente, portanto, tudo o que acontece são as lacunas de mercado de 30 a 50 pontos sem ninguém negociando. Isso dito, como um corretor observou, “se você puder obter um milhão à frente do mercado, vale a pena”. Certamente, a maior implantação de algoritmos no espaço de notícias cria uma nova dimensão no mercado, e é provavelmente uma falta de entendimento com relação ao seu impacto que leva à acusação ocasional de vazamentos de dados. Pode haver ocasiões em que há liquidez disponível em torno de dados, e isso significa que os algoritmos, sem dúvida, têm vantagem sobre o corretor humano. Porém, no geral, parece mais provável que os participantes privem os algoritmos de liquidez 10 segundos em qualquer lado das divulgações de dados, ou, de maneira mais pertinente, os algoritmos consumam a si mesmos – e o mercado de câmbio apenas terá um ajuste de preço mais rápido que anteriormente – sem ninguém negociando. I


Mercados digitais

Agregação forex sem o agravamento A Profit & Loss realizou recentemente um webinar em associação com a Progress Software.

Profit & Loss realizou a sua discussão inaugural por webinar no final de maio. “Agregação forex sem o agravamento” reuniu um painel de peritos para examinar a importância da tecnologia corporativa no ambiente de hoje. Os palestrantes foram conduzidos pelo editor da Profit & Loss, Colin Lambert, atuando como moderador. Os palestrantes foram Ben Ernest-Jones, arquiteto de soluções para mercados de capitais da Progress Software; Stamos Fokianos, chefe global de negócios forex on-line na RBC Capital Markets; Sang Lee, sócio gerente na empresa de pesquisa, Aite Group; e Mark Meredith, chefe de análise quantitativa de negócios forex na UBS. A conversa teve início com a pergunta a Ernest-Jones sobre alguns dos desafios que os comerciantes enfrentam nos mercados de hoje. Ernest-Jones destacou a fragmentação da liquidez como um dos principais problemas, principalmente quando os comerciantes estão trabalhando no mesmo par de divisas em várias jurisdições. Ele notou que os comerciantes tinham que distinguir entre diferentes profundidades de mercados, preços, números de cotas, bem como se preocupar com custos de corretagem em diferentes jurisdições. “A partilha de locais e diferentes APIs que não são padronizadas também são um problema”, ele disse. “Deve-se considerar, também, o livro fragmentado, o que significa que existem várias taxas que vão se cruzar que podem estar obsoletas, de forma que se pode ter uma miragem de liquidez.” Ernest-Jones também destacou que os comerciantes agora têm que monitorar a exposição de risco tanto interna quanto dos seus clientes se eles estão trazendo um fluxo direto de clientes. Em um nível organizacional mais amplo, ele assinalou que fatores relacionados a TI, tais como, reconciliação de comerciantes, STP integral e manter a posição automatizada também entram na equação. Voltando ao ponto, Lee, um cofundador do Aite Group, disse que ele viu o cenário regulatório mutável como um desafio para os comerciantes, mas ressaltou que, atualmente, Dodd-Frank estava orientado somente para as opções forex e NDFs, uma porção relativamente pequena do mercado. Dito isso, ele também argumentou que os requerimentos mais estritos em informação e algumas das outras regulações em torno das opções e NDFs “penetrarão” no resto do mercado forex e terão um último impacto no modo que a comercialização, a informação e o cumprimento precisam ser abordados. Meredith pensava que o mercado continuaria a ver a liquidez

A

fragmentada em muitas plataformas, “o que oferece desafios aos bancos que estão tentando criar um preço decente”. Além disso, ele destacou que o fluxo de cobertura de clientes também se tornou muito mais complexo em um ambiente onde não há mais uma plataforma interbancária para cada par de divisas. Enquanto a fragmentação das ofertas de plataforma pode fornecer clientes com uma maior escolha à medida que as condições de concorrência se tornam mais equitativas, a agregação pode oferecer suporte aos bancos que possam estar ingressando no mercado a partir do nível mais alto. ErnestJones diz: “Você precisa ter habilidade não somente para ter um sistema que lhe dê uma opinião sobre todas as diferentes jurisdições com as quais você está comercializando e normalizar tudo isso, mas também é preciso equilibrá-las com as diferentes características que algumas delas oferecem para distinguir-se”. A fragmentação traz desafios aos bancos em todos os níveis do mercado e os palestrantes viram a agregação como uma função chave para negociar o labirinto ampliado de plataformas. Para os bancos fora do primeiro nível, Ernest-Jones destacou que a agregação pode ajudá-los a competir com organizações maiores e manter a sua base central de clientes ao dar aos comerciantes bancários uma visão melhor do mercado e, consequentemente, permitir-lhes agilizar melhores preços. Como um banco de nível um, Meredith notou que, nos últimos dois anos, ele tem visto bancos abaixo do primeiro www.profit-loss.com I Profit & Loss I Segundo semestre de 2012 I 27


Mercados digitais

nível deixarem a competição por fluxo agregado e retrocedendo, também se tornando mais conservadores, e focando-se mais em fluxo corporativo e comercial, onde eles podem sentir que têm uma vantagem comparativa. Isso significa, disse ele, que estão se envolvendo muito mais de perto com os fornecedores de liquidez bancária, então o relacionamento tem se tornado mais próximo. Lee concordou que tem havido uma mudança importante na dinâmica do relacionamento entre fornecedores de liquidez e aqueles que as agrega. Ele disse: “Se você tiver uma ideia de participação de uma perspectiva de comércio eletrônico, quer seja você um banco ou um diferente segmento de cliente, (se tiver) a habilidade de ver o mercado de uma maneira agregada onde os dados são normalizados, você será capaz de tomar a decisão certa na hora certa. Este é um requisito mínimo para a participação em todos os mercados gerais, mas esta peça do relacionamento continua a ser muito importante e a capacidade de confiar no fornecedor de liquidez se tornará ainda mais importante à medida que o mercado progride”. Fokianos concordou que a agregação é a resposta à fragmentação do mercado, destacando: “É a única forma de sobreviver... não é um luxo, mas uma essência para um negócio forex pronto”. Todos os palestrantes concordam que a agregação, quando controlada corretamente, é um potencializador de relacionamentos. Foi sugerido que um efeito colateral da agregação poderia ser uma abordagem mais padronizada, querendo dizer que, para manter e construir números de clientes, um banco de agregação tem que se diferenciar. Quando perguntado sobre o nível de dificuldade de se fazer isso, Ernest-Jones declarou que: “Acima de tudo é a capacidade de se priorizar certas jurisdições. Uma vez que você começar a construir estes relacionamentos com os bancos individuais, você precisará da capacidade de direcionar o fluxo em direção ao banco primeiramente, ou, se eles tiverem o mesmo preço que outras jurisdições, então, de uma maneira especial que os priorize”. A análise do raio de alcance, taxas de rejeição e da direção do 28 I Segundo semestre de 2012 I Profit & Loss I www.profit-loss.com

fluxo também deveriam ser usadas integralmente para otimizar o processo de tomada de decisão do sistema, ele adicionou, continuando que a análise deveria ser em tempo real e que o comerciante deveria ter a capacidade de priorizar o controle, se necessário, por exemplo, se um fornecedor de liquidez estivesse emitindo uma taxa ruim. Apesar da crescente velocidade na qual nos movemos em direção a um suporte eletrônico, os relacionamentos permanecem uma parte imperativa da indústria de câmbio estrangeiro, e a utilização da agregação forex, principalmente quando há muitas soluções personalizáveis disponíveis, pode oferecer suporte às empresas quando elas entram no mercado pela primeira vez ou trabalham para aumentar o seu serviço atual. Parece que pode ser possível nivelar o campo de atuação nesta área e permitir aos bancos “lutar contra os adversários” ao adotar a agregação forex, sem o agravamento. Meredith destacou que algumas ferramentas ajudam o banco fornecedor de liquidez a avaliar o seu próprio desempenho, bem como monitorar as atividades dos clientes para garantir que o relacionamento permaneça benéfico para ambas as partes. Foi aceito que a agregação não era para todos na indústria de forex e que há um limiar quantitativo, abaixo do qual a solução tem menos valor. Dito isso, também foi discutido que a agregação pode ajudar um banco a elevar o seu negócio de forex ao próximo nível e ajudá-lo a escalar, de forma que seja capaz de mostrar aos seus clientes um “corte”, principalmente nos mercados de G10. O webinar encerrou com perguntas dos presentes em relação à quantidade de fornecedores únicos de bancos e o potencial para um nível dois muito maior na indústria bancária de forex, assim como o potencial de agregação em várias classes de ativos e produtos. I Se você quiser ouvir a gravação do webinar, acesse: http://www.profit-loss.com/?q=node/25133 Para mais informações sobre este ou um futuro webinar, entre em contato com Michelle Hemstedt pelo e-mail michelle@profit-loss.com ou pelo telefone +(0207) 377 6324. www.profit-loss.com Find us on Facebook: facebook.com/profitandloss


Gestão de dinheiro

Citadel acusa a Jump Trading de “roubar” código Duas empresas de fundos de cobertura estão enfrentando acusações de que o seu pessoal roubou o código corporativo em uma disputa que poderia ter ramificações mais importantes, conforme explica Colin Lambert. gigante empresa de fundos de hedge, Citadel, acusou o pessoal da concorrente Jump Trading de roubar o código de algoritmo que dirigia algumas das estratégias comerciais da Citadel. Em uma volta interessante, no entanto, a empresa ainda tem que processar os empregados, 10 dos quais diz a Citadel que passaram a trabalhar na Jump nos últimos sete anos. Mais exatamente, isto recai sobre uma lei exclusiva do estado de Illinois, que permite a solicitação de documentos antes de registrar um processo. A Citadel está tentando que a Jump libere informações de propriedade sobre os seus programas de comercialização, supostamente para averiguar se eles são os mesmos da Citadel ou, talvez, se eles estão voltados para estratégias corporativas usadas na Citadel. Um porta-voz da Jump falou para a mídia que as acusações são “frívolas e sem mérito”. A Citadel afirma que, desde que os funcionários começaram a trabalhar na Jump, em 2005, os programas corporativos do antigo Tactical Trading Group tornaram-se menos lucrativos e afirma que eles estão se comportando de uma maneira coerente como se tivessem sido copiados de outra empresa. Em outras palavras, a Jump está desenvolvendo estratégias criadas pela Citadel lado a lado com a empresa no mercado, tornando o comércio mais “carregado” e, consequentemente, menos lucrativo. Fontes familiares com o caso dizem que, embora a Citadel provavelmente não acuse os seus ex-empregados de romper cláusulas de não-concorrência em seus contratos, pode afirmar que eles romperam acordos de confidencialidade. Isto levanta um ponto interessante e permanentemente controverso: quem possui o código? É amplamente aceito que a empresa possui o capital intelectual criado pelos seus funcionários, mas como uma empresa pode afirmar possuir os recursos

A

A proteção de algoritmos confidenciais será, e tem que continuar sendo, uma prioridade para empresas que retêm uma margem competitiva intelectuais dos mesmos funcionários? Como um conselho jurídico recentemente afirmou: “Sem uma lobotomia frontal é impossível”. Em geral, “levantar” diretamente o código para um disco rígido pessoal e baixá-lo em uma nova empresa é moralmente incorreto, mas há muitas maneiras de disfarçar, ao levar somente um par de peças ou levar o código “antigo” que é facilmente atualizado, por exemplo. Mas, novamente, pergunta-se como uma pessoa pode dizer a um funcionário para esquecer tudo o que os faz atraentes a um empregador ou futuros empregadores? As táticas da Citadel são interessantes. Parece que estão procurando comparar o código fonte e as táticas diretamente com a Jump, e se a Jump for forçada a passar os documentos adiante, a empresa procurará novamente estudar os próprios algoritmos da Citadel como parte da sua defesa. Em outras palavras, ambas as empresas poderiam ter acesso completo aos segredos da outra. Falando com um advogado com um pouco de experiência neste ramo, a Profit & Loss entende que

uma determinada quantidade de código, talvez 80%, terá que ser idêntica para se abrir um processo, mas, naturalmente, diferentes tribunais terão diferentes visões. Se a Jump estiver realmente copiando as estratégias da Citadel, ela terá que responder a um processo, mas é improvável que se abra um processo se algum dos seus programas levaram vantagem sobre o modo como a Citadel opera no mercado, os então chamados algoritmos “caçadores-matadores”. Uma grande parte do que se compra ao se contratar um funcionário de uma empresa concorrente é o conhecimento e o entendimento do funcionário de como a empresa trabalha. Isto poderia ser para ajustar procedimentos de operação e a estrutura de administração. Poderia ser porque a empresa que emprega quer renovar as suas estratégias corporativas. De qualquer forma, é uma maneira genuína de melhorar ou construir uma empresa. Parte da vantagem de entender os negócios de um concorrente é explorar oportunidades resultantes deste conhecimento e, embora, ele possa não

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Gestão de dinheiro

ser específico, certos comerciantes na Jump poderiam teoricamente ter criado estratégias para “engatilhar” as estratégias da Citadel. Nem mesmo isto, uma característica do comércio, carece de complexidade, no entanto, para as autoridades jurídicas de alguns tribunais, poderia ser visto como “frontrunning”, embora de uma maneira levemente diferente daquela geralmente aceita.

Águas turvas O processo levantou temores de que, se a Citadel vencer, o mercado estará em águas turvas em termos de empregabilidade. Os temores são tantos que, como resultado, as pessoas poderiam mais não trocar mais de emprego, e não somente no ambiente de comércio automatizado. Os principais bancos geralmente empregam vendedores sênior de suas concorrentes por causa da sua carteira de clientes e do entendimento do mercado. Isto poderia

significar que um vendedor que sair de um banco e for trabalhar em outro não pode falar com seus ex-clientes. Se as pessoas não forem capazes de alavancar a sua experiência e relacionamento, isto as torna praticamente inúteis no mercado de trabalho e têm, aos olhos de muitos, que ser afastadas do comércio. Naturalmente, isto não é um problema somente para as empresas de fundos de cobertura. O mesmo se aplica às empresas que dirigem negócios forex online nos principais bancos. As estratégias serão semelhantes, principalmente por causa da substancial porção do trabalho que o mercado está fazendo às massas, mas não há dúvidas de que há alguns profissionais de destaque neste segmento de mercado, e eles deveriam estar, e estarão, em demanda. É isto o que faz a afirmação da Citadel um passo potencialmente perigoso para o futuro da indústria, por mais inovações que sejam obtidas de uma mistura de novas ideias e novos terrenos para fertilizá-las. Se forem eliminadas, a indústria será um lugar mais pobre.

O julgamento para decidir se a Citadel pode acessar os dados de propriedade da Jump ainda está por vir, mas, se isto for concedido, haverá uma pergunta sobre quem realmente estuda o código. Em um recente workshop da Profit & Loss, em Chicago, James Fischer, um sócio da empresa jurídica Drinker and Biddle, explicou que uma terceira parte independente seria apontada provavelmente do mundo acadêmico. De qualquer maneira, o caso destaca uma bomba relógio potencial com consequências para todos no mercado financeiro. No entanto, para os comerciantes em particular, a Fischer tem uma advertência: “À medida que o espaço de alta frequência se torna altamente competitivo, a proteção de algoritmos confidenciais será e tem que continuar a ser uma prioridade para empresas a fim de manter uma vantagem. Para comerciantes e todos aqueles afins a concorrência significa oportunidade, mas, também, significa que eles devem usar cautela e juízo ao passar de empresa a empresa”. I

Radar do varejo

Grupo GFI estende o contrato com a Quick Corp GFI Market Data, uma subsidiária do Grupo GFI, estendeu o atual relacionamento que mantém com a Quick Corp. O contrato de colaboração reforçado, em que a GFI fornece dados sobre o mercado de opções de câmbio para a empresa sediada no Japão, está vigente desde 2005. A Quick oferece uma gama de superfícies de volatilidade de opção de moeda cruzada para o iene japonês, relevante para os seus clientes japoneses. A cobertura do par de moedas da GFI Market Data aumentou desde que os dados foram originalmente adicionados em 2005 e agora abrange 20 moedas cruzadas para o iene. O contrato também foi estendido em 2009, com novos termos introduzidos, bem como um pacote de vendas e distribuição para fins de uso com o aplicativo entre as duas empresas (o Squawkbox da P&L, 7 de setembro de 2009).

A

Gakuji Takahashi, gerente geral executivo da Quick, disse que “este contrato com a GFI permitirá que a nossa empresa continue a fornecer aos nossos clientes dados autoritativos sobre o mercado no Japão e no mundo todo”. Philip Winstone, líder global de dados sobre o mercado da GFI, declarou que “desde 2005, fornecemos os nossos dados sobre o mercado de opções de câmbio para a Quick e seus

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respectivos clientes e é com muita satisfação que estendemos esse contrato. Nunca houve tanta necessidade por opções de câmbio ao preço real do mercado e de alta qualidade como no momento e, ao estender este relacionamento de longo prazo, os clientes da Quick continuarão a ter acesso a mais de 100 pares de moedas para opções de câmbio fornecidos a partir dos nossos dados”.


Mercado do mês

Sobre a adoração (e os riscos) do peso mexicano Por Alejandro Cuadrado, Chefe da Estratégia de Câmbio na América Latina, BBVA O tempero dos negócios de risco em 2012 O peso mexicano era uma das principais opções para todo o mundo no início de 2012. No geral, a liquidez mais flexível no G4, os indícios crescentes de recuperação dos EUA e uma maior resiliência ao risco principal da Zona do Euro encorajaram o retorno dos investidores para realizar negócios, incluindo peso mexicano. Mas o excelente ganho de peso – melhor desempenho global em 2012, até a primeira semana de fevereiro – também foi o resultado de vários outros fatores, incluindo baixos riscos de intervenção, fundamentos macroeconômicos melhorados e, reconhecidamente, a abundância de espaço para se recuperar depois de ter sido esgotado no final de 2011. Mas atualmente, após a apreciação significativa do peso mexicano, a incerteza contínua na perspectiva global e as próximas eleições presidenciais no México, existe espaço para ganhos adicionais com o peso mexicano? Há vários fatores que sustentam a fé no peso mexicano, mas alguns riscos importantes também precisam ser ponderados.

Sete motivos para adorar o peso mexicano Liquidez, liquidez, liquidez. Somente a contaremos como um dos motivos para adorar o peso mexicano, mas este é, sem dúvida, um dos mais relevantes. O início do ano foi marcado por um aumento na sobrecarga de liquidez no mercado em comparação com o tema de risco que acompanha políticas globais ainda mais expansionistas e a probabilidade de injeções adicionais no futuro. O aumento do fluxo em direção a ativos de risco em busca de maior rendimento impulsionou o peso mexicano, um dos ativos mais baratos (em relação a medidas de valor justo) no final de 2011. Embora existam alguns sinais de esgotamento de preços, é provável que a liquidez continue sendo um fator chave para o peso mexicano, especialmente com a falta de sinais de conclusão dos programas de liquidez dos bancos centrais do G4. Com a Zona do Euro enfrentando recessão e, provavelmente, permanecendo a principal fonte de risco a nível global, as melhores possibilidades de demanda industrial e interna dos EUA favoreceram o interesse no seu vizinho do sul e em sua moeda. Os EUA respondem por 80% das exportações do México (23% do PIB do México) e, apesar do crescimento da China, esta quota de mercado manteve-se constante e até mesmo melhorou em algumas categorias de exportação, especialmente na manufatura. Além disso, os EUA também são a principal fonte de tur-

ismo e remessas, que em 2011 chegaram a cerca de USD 23 bilhões, outros 2% do PIB. Uma continuação consistente e um apelo ao peso mexicano, apesar de algumas inversões de tendência. Fluxos estrangeiros para ativos de renda fixa mexicanos têm crescido constantemente desde 2010, quando o México se juntou ao World Government Bond Index (WGBI), exceto por uma pequena queda quando a aversão ao risco disparou em setembro de 2011. As posições estrangeiras na dívida pública mexicana atingiram níveis em torno de 40% (acima de 70% em determinados segmentos da curva de juros local) em comparação aos quase 30% do ano passado. Na verdade, em termos relativos, os influxos de renda fixa no México foram maiores do que no resto dos seus colegas da América Latina, incluindo o Brasil e, nos últimos cinco anos, também foram maiores do que na maioria das grandes economias de mercado emergentes. Enquanto algumas posições parecem “superpovoadas” e os níveis de influxo do S1 2011 serão difíceis de manter, o apelo ao risco ainda pode favorecer a estabilização do peso mexicano. Além disso, o banco central do México (Banxico) já relatou uma leve reversão nos influxos estrangeiros no início de fevereiro visto que o risco diminuiu e os participantes de mercado tiveram lucros. Entretanto, o peso mexicano não acompanhou sua correlação de três meses com o MBono de 10 anos (0,72) e continuou a diminuir. Além disso, a volatilidade do peso mexicano ajustado melhorou, visto que os volumes diminuíram de níveis próximos a 30%, em setembro de 2011, para 13% em 2012. Enquanto isso, a inflação relativamente alta provavelmente ajudará a manter as diferenças da taxa, com o Banxico e o Fed em espera por um longo período. Baixo risco de contágio. O sistema financeiro do México foi minimamente afetado pela crise europeia, tendo passado por uma diminuição de custos de financiamento em 2011 e no início de 2012 em relação a 2010. Elevados níveis de capitalização, provisionamento preventivo, baixos níveis globais de influência e financiamento local obrigatório para subsidiárias estrangeiras limitam significativamente o canal de contágio financeiro. Requisitos financeiros limitados também limitam o fornecimento. Comparativamente, os níveis da dívida do México continuam a ser relativamente baixos em 39% do PIB, com menos de um terço em moeda estrangeira. Mesmo em um ano eleitoral, as regras fiscais mexicanas deixam pouca margem para surpresas. Além disso, a duração média continua a aumentar (7,5 em comparação a 1,5 em 2000), enquanto o México tem sido capaz de emitir obrigações de 100 anos. Um contexto fiscal relativamente www.profit-loss.com I Profit & Loss I Segundo semestre de 2012 I 31


Mercado do mês

podemos esperar do peso mexicano para o restante de 2012? A equilibrado deve se traduzir em uma fonte de obrigações limiperspectiva de longo prazo moderadamente positiva, juntamente tada, mas constante, ajudando a manter o apelo pelos ativos de com as avaliações ainda relativamente baratas, favorecem o peso renda fixa e também ao peso mexicano. mexicano. De fato, apesar da corrida pelo peso mexicano no iníCertamente este não é um jogo de petróleo, mas preços de cio de 2012, as posições não comerciais persistentes em competróleo moderadamente mais elevados não causam (muitos) paração com os recordes observados em meados de 2011 problemas. Preços de petróleo mais altos prendem o peso mexisugerem que deve haver espaço para maior apreciação do peso cano entre fatores de incentivo (menor procura externa) e desinmexicano; no entanto, há pelo menos dois riscos relevantes que centivo (preços de exportação mais elevados, aumento de podem impedir o alcance dos recordes de 2011. Primeiro, o valor impostos). O México é percebido como um grande produtor de beta do peso mexicano tende a ser maior durante quedas na bolsa petróleo, embora o petróleo represente uma parte relativamente e, assim, uma deterioração maior que a esperada nas condições pequena de suas exportações (13% na última década) em relação econômicas globais, principalmente eventos desordenados na à fabricação de produtos (80%). Assim, o peso mexicano não UEM, poderia levar a uma grande cessão de ativos de renda fixa deve necessariamente se fortalecer como resultado do aumento mexicanos, juntamente com uma depreciação acentuada do peso. dos preços do petróleo. De fato, em meio a choques petrolíferos, Em segundo lugar, as eleições presidenciais no México previstas o peso mexicano exibiu um maior valor beta, especialmente com para o dia 1º de julho também poderiam adicionar volatilidade a o S&P500 (mesmo quando esses choques poderiam ter sido imcurto prazo aos mercados internos e ao peso mexicano e, ao pulsionados pela demanda). Sendo assim, o fator mais relevante mesmo tempo, poderiam ser um fator de atraso da emissão dipara os preços do petróleo face ao peso mexicano será a extensão reta. As expectativas de mercado para o progresso significativo da competição dos preços do petróleo e, por fim, se isso causa das grandes reformas políticas e econômicas já são baixas, dada uma desaceleração significativa na atividade industrial ocidental. a improbabilidade de uma maioria no Congresso. As eleições Um banco central não ativista. Ao contrário de muitos de seus governamentais, as pesquisas recentes e uma moderação notável colegas regionais, as autoridades mexicanas permitiram que o na mensagem política de certos candidatos reduzem as chances peso flutuasse com uma intervenção mínima, em geral apenas de surpresas e podem resultar em menor volatilidade do peso limitando a intervenção ao amortecimento dos picos de volatilimexicano. Ainda assim, como as preferências dos eleitores mudade ou evitando deslocamentos em condições de liquidez dos daram significativamente em relação às outras eleições, os mermercados de baixo movimento (ou seja, proteção face a quedas cados poderiam se tornar altamente sensíveis às políticas, como do peso mexicano). O exemplo mais recente ocorreu no final de um impulsionador a curto prazo do peso mexicano. I 2011, quando o Banxico estabeleceu leilões diários de USD 400 milhões das reservas, caso o peso viesse a enfraquecer em mais de 2% em relação ao dia anterior. Notavelmente, o ativismo do Banxico é baixo, mesmo quando há uma 1: USDMXN AND VOLATILITY: TREND AND AVERAGE VALUES SINCE 2005 razão mais sólida para acumular mais reservas do que HIGHLIGHTING PREVIOUS ELECTION (2005-) seus colegas, visto que o nível de reservas externas do México (USD 147 bilhões no final de 2011 ou 12% do PIB) é relativamente baixo em comparação com outros bancos centrais regionais que continuam a comprar dólar americano. Parte dessa lacuna é preenchida pela Linha de Crédito Flexível (Flexible Credit Line, FCL) de USD 72 bilhões que o México mantém com o FMI, limitando o acúmulo de reservas do México a operações com a Petróleos Mexicanos (Pemex, a empresa estatal de petróleo). Além disso, os riscos inflacionários na verdade fazem com que o Banxico acolha a robustez relativa do peso mexicano. Todos os itens acima justificam de forma geral a recente melhora no desempenho do peso, mas o que 3: 3-MONTH CORRELATIONS TO S&P 500, OIL AND 10YR MBONO (2006-)

2: DEMAND FOR MXN FI (MEX, LATAM, EM)

32 I Segundo semestre de 2012 I Profit & Loss I www.profit-loss.com


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