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Os joões no poço
GaUdênCio torqUato*
*Jornalista, professor titular da USP é consultor político e de comunicação
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Começo pinçando uma parábola de Carlus Matus, o especialista em planejamento estratégico situacional que foi ministro de Salvador Allende no Chile: “não vê que não vê, não sabe que não sabe”.
João cai em um profundo poço de paredes verticais. Usa por horas a fio suas forças para escalar as paredes. Não consegue e dorme para recuperar as energias. Acorda e volta a fazer sua tentati-
Ética e Cidadania
lUiz alExandrE Solano roSSi*
7 Milh Es
de pessoas em todo o mundo morrem por causa de doenças provocadas pela contaminação do ar
Apesas das promessas dos candidatos ao Palácio do Planalto, as dificuldades deverão continuar principalmente em 2019. A recuperação da economia passa pela retomada dos investimentos. E, segundo os especialistas, é lamentável que o ajuste fiscal esteja ocorrendo em detrimento dos investimentos, especialmente na área da saúde. Estudos mostram que, comparando 2016 com 2017, é possível observar a redução orçamentária em programas estratégicos como o de “Estrutu- ração da Rede de Serviços de Atenção Básica” (R$ 616 milhões a menos) e o de “Implantação Construção e Ampliação de Unidades de Pronto Atendimento - UPAs” (queda de R$ 42 milhões). Por outro lado, os estudos do Conselho Federal de Medicina revelam, ainda, que dos recursos autorizados no orçamento do Ministério da Saúde entre 2003 e 2017, quase R$ 125 bilhões deveriam ter sido destinados a melhoria da infraestrutura (realização de obras e aquisição de equipamentos) em saúde. No entanto, apenas R$ 51 bilhões foram pagos e outros R$ 80 bilhões deixaram de ser investidos.Na verdade, a frieza desse números deixam expostos os demandos das autoridades com o dinheiro público. O sucateamento das unidades de saúde espalhadas pelo Brasil e falta de leitos hospitalares escancaram as mazelas de um país que está demasiadamente doente.
*Professor de Teologia do Centro Universitário Internacional Uninter
“De boas intenções o inferno está cheio”, diz o ditado popular.
Isso quer dizer que não basta ter disponível uma série de normas e regras se não há a boa intenção de segui-las. É fato que as va de subir a parede. Cai toda hora. O desespero aumenta. Obcecado pelo trabalho, não olha em direção à claridade externa abertura do poço. Dia seguinte, um desconhecido, ouvindo o barulho, aproxima-se da borda, vê a cena, busca uma corda e joga-a para João. Que não a enxerga. A pessoa grita: “pegue a corda”. E atira uma pedra nas costas de João. Que sente a dor e olha para cima. Irritado, vocifera: “não vê que estou ocupado?”. O desconhecido insiste: “pegue a corda e suba”. Furioso, João responde: “não vê que estou ocupado, trabalhando? Não tenho tempo para me preocupar com sua corda”. E recomeça seu trabalho. Milhões de brasileiros, como João, caíram no poço e não sabem dele sair. Perderam a noção de tempo e espaço, não conseguem estabelecer nexo entre o ontem e o hoje. normas morais, assim como a própria construção da sociedade, não são frutos de uma ordem transcendente, mas sim, de ações dos seres humanos como agentes da história. Ética é o nome dado ao ramo da Filosofia dedicado aos assuntos morais. A palavra “ética” é derivada do grego, e significa “aquilo que pertence ao caráter”. A ética tem sido o principal regulador do desenvolvimento histórico-cultural da humanidade. No entanto, a ética não garante o seu progresso moral.
A responsabilidade de caráter da sociedade é coletiva e, por isso mesmo, assustadora.
Uma camada de insensibilidade atrapalha seu senso de realidade. Densa névoa turva seus olhos. Milhões perderam o emprego, obrigando-os a fazer um bico aqui e ali para sobreviver. Sob o teto da incultura, não conseguem descobrir a causa do infortúnio, a razão das angústias, o motivo que esvaziou seus bolsos. Se há alguém responsável por isso são políticos, “cambada de ladrões”.
Milhões de brasileiros, como João, caíram no poço e não sabem dele sair
Mas, para muitos, há gente santa, como Lula, que lhes deu Bolsa Família, acesso ao consumo, água do São Francisco, “minha casa, minha vida”.
E assim, na paisagem devastada da política, emerge o fulgurante “Salvador da Pátria”, Luiz Inácio, reverenciado por ter jogado dinheiro no bolso do povo, eternizado pela forma coloquial com que se comunica com as massas, longe das falcatruas que sujam o manto dos políticos. O mensalão, aquele escandaloso episódio de seu primeiro mandato, ah, isso é coisa dos políticos. A maior recessão econômica de nossa história foi fruto do descalabro do governo Dilma, responsável pelos milhões de Joões que caíram no poço. Mas isso passa ao largo do lulodilmismo. Explicar que a desgraça que atinge milhões de brasileiros é da conta Rousseff não entra na cachola popular. Tanto que MG deve agraciá-la com o cargo de senadora da República. Triste é uma Nação cujos governos deixam milhões de cidadãos ao léu, vivendo sob o grilhão das grandes carências.
Mais triste é constatar que a tragédia que se abate sobre o país foi plasmada nos próprios laboratórios do lulopetismo. Eis o preço que se paga quando um líder carismático tem o condão de enganar as massas com verve populista. Triste sina a nossa, de ver que o Brasil ameaça andar para trás cenários turbulentos forem confirmados nas urnas: a eleição de um candidato fantoche, que segue as diretrizes do padrinho, esse que “será o que quiser no governo do PT”, ou a escolha de um capitão, aplaudido como mito, cujo livro de cabeceira é “A Verdade Sufocada”, de Brilhante Ustra, coronel da ditadura, considerado um torturador. Se isso ocorrer, seremos condenados a habitar um território assolado pela barbárie, rachado ao meio, com duas bandas destilando bílis e atirando uns contra ou - tros. Voltar a conviver sob o mando de uma casta, que se considera vestal, a dominar uma máquina partidarizada e com quadros despreparados e comprometidos com o ideário do Foro São Paulo (guinada à esquerda dos países da AL), é fechar as portas a um futuro radiante. Ver na cadeira central do país um radical, cuja expressão afronta os valores da Cidadania, é viver sob a ameaça permanente de golpe em nossa democracia. Há saída para fugir dessa trágica dualidade? Jogar uma corda para os milhões de joões que caíram no poço e tentar convencê-los a mudar os cenários. Sob pena de passarmos longa temporada no caos.
Twitter: @gaudtorquato E-mail: danielle.borges@gtmarketing.com.br
É muito mais fácil acreditar que as nossas vidas já foram predestinadas pela vontade divina, ou ainda pelo destino, ao invés de nos responsabilizarmos pelas nossas escolhas.
Não há como negar que somos construtores da nossa história. Todavia, preocupa-me como administramos nossas escolhas. Quais os critérios que utilizamos a fim de construir uma sociedade saudável? E para viabilizar relações solidárias e cidadania planetária?
Ética é o nome dado ao ramo da Filosofia dedicado aos assuntos morais te seja a valorização da vida. Toda vez que esse princípio for ameaçado por uma norma, seja ela moral, política, econômica ou religiosa, esta norma deve ser alterada. Cabe ressaltar nesse momento a necessidade de cada cidadão conhecer as regras de funcionamento das mais diversas instituições, para saber se elas estão, ou não, respeitando o direito à vida de cada ser humano.
Creio que o mais importan-
Afinal, poderia ser aceito como preceito de vida em comum aquilo que é desumano
EXPEDIENTE diretora-presidente ADILES DO AMARAL TORRES diretora-superintendente BLANCHE TORRES diretora executiva JUNE ANGELA TORRES editor-chefe VANDER VERÃO fundador (1951-1969) WEIMAR TORRES
(1969-1985)
DO AMARAL e que claramente prejudica e fere o ser humano? A reflexão indica que a resposta deveria ser um sonoro “não” e nos indica caminhos de peregrinação comum, tais como: profunda convicção da família, da igualdade e dignidade de toda a sociedade, e valorização de todo os seres que habitam o planeta. este jornal expressa sua opinião pelo editorial. a s demais opiniões são de responsabilidade de seus autores.
A reflexão sobre o humano nos permite recuperar a dimensão do homo sapiens que foi ofuscada quase que mortalmente pelos desejos infinitos e irrefreáveis do homo economicus.
Para isso, podemos seguir os ensinamentos de Aristóteles.
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O filósofo apostava que toda a racionalidade prática visa a um fim ou um bem e a ética tem como propósito estabelecer a finalidade suprema que está acima e justifica todas as outras, e qual a maneira de alcançá-la. Essa finalidade suprema é a felicidade, e não se trata dos prazeres, riquezas, honras, e sim de uma vida virtuosa, sendo que essa virtude se encontra entre os extremos e só é alcançada por alguém que demonstre prudência.