DOURADOS MS ANO 69 Nº 13.692
O PROGRESSO
18 de setembro de 2021
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Governo quer transferir gestão de hospitais para organizações sociais
CULTURA Tradição
Semana Farroupilha comemora o Dia do Gaúcho
Unidades de saúde de Dourados e Três Lagoas podem passar a ter outra administração se Assembleia Legislativa aprovar Projeto de Lei. PÁG. A4 VOVAN13
PÁG. B2
Patrimônio
Teatro Municipal foi esquecido por 23 anos
ISOLAMENTO TEVE EFEITO NOCIVO PARA A SAÚDE MENTAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES Para prevenção da saúde mental dos filhos, o psicólogo escolar e educacional de Dourados Davi de Jesus Borges Dias recomenda que “sempre que perceber qualquer mudança de humor sem nenhum motivo aparente nos filhos procure um profissional para investigar o que pode estar acontecendo e iniciar o tratamento, se for necessário”. PÁG. D1
AJI
Associação de Jovens Indígenas oportuniza trabalho na Reserva A AJI foi fundada no ano de 2001, pela antropóloga Maria de Lourdes Beldi de Alcântara. Com sede na Aldeia Bororó, a organização vem oportunizando desde então que indígenas das etnias Kaiowá, Ñandeva e Terena de toda a Reserva Indígena da cidade possam ter acesso a formação política e social fortalecimento da cultura tradicional indígena, socialização entre subgrupos, luta contra o preconceito social e moral. PÁG. D2
PÁG. B1
Saúde
AJI oferece oficinas multidisciplinares e sobre direitos indígenas
Projeto de Marçal cria campanha para incentivar doações de órgãos PÁG. A3
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Dourados, 18.9.2021 O PROGRESSO
Opinião EDITORIAL
INFORME C
Perigo do álcool
A
s rodinhas de amigos bebendo e conversando nas calçadas de bares, as turmas amontoadas em mesinhas de botecos lotadas de garrafas de cerveja ou bolachas de chopp desapareceram do dia a dia do Brasil nos primeiros meses da pandemia de Covid por conta do isolamento social e fechamento desses estabelecimentos. Mas a consequente diminuição do consumo de álcool na rua não fez com que os brasileiros bebessem menos. Eles passaram a beber em casa. E muito. Pesquisas mostram que 70% do consumo de álcool no Brasil é feito na rua. Mas, com a pandemia, houve um desvio do padrão. As pessoas que bebiam fora de casa passaram a beber dentro de casa. Criou-se
CÍCERO FARIA cicerolfaria@gmail.com
uma nova prática. Esse novo padrão de consumo foi acompanhado de uma gigantesca campanha não regulada pelo governo para vender cerveja. E de uma consequente desproteção à população, já que aumentaram as vendas e o consumo em casa. O Brasil está acima de outros países em todos os indicadores de consumo de álcool. Aqui houve um consumo bem maior durante a pandemia, especialmente no padrão que a gente chama de beber pesado episódico. A forma como os brasileiros estão bebendo em tempos de pandemia aparece na pesquisa “Álcool e Covid 19”, realizada pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), com mais de 12 mil pessoas de 33 países da América Latina e Caribe. Os índices brasileiros preo-
cupam. Estamos acima de outros países em todos os indicadores de consumo de álcool. Aqui houve um consumo bem maior durante a pandemia, especialmente no padrão que a gente chama de ‘binge drinking’ [beber pesado episódico – BPE], que são cinco doses ou mais em uma só ocasião (isso equivale a quase 2 litros de cerveja ou uma garrafa de vinho – 750 ml). O excesso de álcool afeta praticamente todos os órgãos do corpo. Ele pode enfraquecer o sistema imunológico, lesar o fígado, danificar o coração, aumentar a ansiedade, estimular comportamentos violentos etc. Não à toa, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, os casos de feminicídio cresceram no País. Precisamos estar mais atentos sobre a velha frase: tomar uma.
Setembro Amarelo: é preciso praticar amor ao próximo SÉRGIO GIACOMELLI* Escritor, engenheiro eletricista e um apaixonado por pesquisas
U
m domingo ensolarado é um dia perfeito para exercitar a felicidade, passear no parque, levar as crianças na piscina ou encontrar os amigos com seus sorrisos largos e escancarados. Um dia expressivo em que a vida clama a ser vivida para a maioria das pessoas. Para outras é apenas mais um triste e deprimente mórbido domingo e, talvez, um fatídico dia para tirar a própria vida. Essa realidade antagônica já faz parte do dia a dia. Nossa atenção deve estar voltada para aquelas pessoas que cogitam extinguir sua existência, que estão camufladas atrás de rostos tristes e apáticos com mentes transtorna das e que em silêncio suplicam por socorro. Sejam quais foram as circunstâncias, os motivos ou suas jus-
tificativas que as levaram a essa condição, não requerem julgamentos, mas suporte emocional. É fato que para indivíduos em sã consciência é difícil entender a possibilidade de alguém tirar a própria vida. Indiferente a este raciocínio, é imprescindível perceber as evidências. Mesmo que possa ser complicado de identificar, se você conhece alguém que seja introspectivo e melancólico, oriente a procurar ajuda de um profissional capacitado. É possível que aquela pessoa por si não tenha disposição suficiente para procurar auxílio e, nesse caso, cabe a insistência em não desistir de encorajá-la. Segundo dados da OMS a cada ano cerca de 800 mil pessoas cometem suicídio no mundo, sendo a segunda maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos, em 2016. Esses dados nos instigam a perguntar, sem imprimir a culpa, se as pessoas que cercavam aqueles potenciais suicidas fizeram
o bastante em momento oportuno para evitar tal tragédia? Houve julgamento ou apoio emocional? Indiferente das respostas a verdade é que após o fato consumado famílias inteiras são afetadas com traumas insuperáveis. Todo ano os holofotes iluminam esse assunto no palco da campanha Setembro Amarelo, um período para elucidar sobre o suicídio. É necessário mais que isso. É preciso atitude de cada um de nós. Praticar o amor ao próximo, compreensão, generosidade e subsídios que contribuam para afastar a tristeza constante. O mundo seria melhor se apenas a alegria fizesse parte de nossas vidas, mas a tristeza permanente esconde tragédias que podem ser evitadas. Fazer a diferença na vida de alguém que precisa não lhe tornará um herói, mas o prazer de poder olhar para aquela pessoa e ver seu sorriso espalhado no rosto em uma tarde de domingo ensolarado.
Colhendo os bons frutos da vacinação A vacinação em massa nos 13 municípios de fronteira foi mais uma conquista do governo de Mato Grosso do Sul junto ao Ministério da Saúde. A liberação de 5% a mais de doses da vacina (dose única) da Janssen, permitiu imunizar as populações da fronteira e criar um cinturão de proteção ao próprio Estado e ao país. Agora, chegou a boa conta: seis cidades fronteiriças estão há 60 dias sem morte pelo coronavírus. “A notícia reforça a importância de vacinar, esse é o antídoto para a Covid-19” comemorou o governador Reinaldo Azambuja (PSDB).
Virou freguês O presidente Jair Bolsonaro deverá visitar Bonito em 1º de outubro. Se confirmada a agenda, será o segundo presidente a visitar Bonito. O ex-presidente Lula inaugurou Aeroporto de Bonito em 2004. A visita atende pedido do vereador Irson Casanova que também foi o responsável pela visita de Lula. O deputado estadual Carlos Alberto David (sem partido) confirmou durante a sessão de terça-feira passada da Assembleia que possivelmente o presidente Jair Bolsonaro irá retornar ao Mato Grosso do Sul no próximo mês. Seria a terceira visita presidencial neste ano. Bolsonaro já esteve em Terenos e Ponta Porã em 2021. Espião ambiental Neste mês, houve o lançamento de uma nova ferramenta para atuar na fiscalização e no monitoramento de incêndios. O sistema Pantanal em Alerta, montado por equipe de informática do Corpo de Bombeiros, com apoio do Ministério Público de Mato Grosso do Sul vai permitir que holofotes estejam ligados para fiscalizar diretamente as 3 mil propriedades rurais existentes em todo o Pantanal, tanto no Estado como em Mato Grosso. Punida A Justiça de São Paulo condenou uma auxiliar de enfermagem por improbidade administrativa depois que ela fingiu ter aplicado a vacina contra a covid-19 em um idoso. O caso aconteceu em março em Votuporanga, no
noroeste paulista, e foi filmado pela família da vítima. Após o episódio vir a público, ela foi demitida por justa causa. A decisão foi do juiz Reinaldo Moura de Souza, da 1.ª Vara Cível da Comarca de Votuporanga, para quem a funcionária foi ‘negligente e imprudente’. Na frente O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, deixou Mato Grosso do Sul como o favorito entre os que têm votos de maior peso nas prévias do PSDB dentro do Estado. A diferença em favor de Leite ocorre por causa dos tucanos que estão com o bico fora do ninho, mas poderão votar nas prévias antes de seguirem seus planos para 2022. O Correio do Estado apurou que a tendência de Leite ter maior adesão em Mato Grosso do Sul ocorre entre os filiados que mais se alinham ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Falha nossa O deputado federal por Santa Catarina Hélio Costa (Republicanos) afirmou que o Mato Grosso do Sul fica na região Sul. A afirmação equivocada foi feita durante a sessão da Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público da Câmara na terça-feira. O vídeo com a fala viralizou nas redes sociais. Em nota, o deputado admitiu o equívoco: “Fiz uma fala pensando na divisão do Banco Regional de Desenvolvimento (BRDE), que envolve 4 estados: Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. Acabei incluindo o Mato Grosso do Sul na região Sul, mas na verdade pertence à região Centro-Oeste. Coisas do improviso. Acontece”, afirmou Costa.
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Dourados, 18.9.2021 O PROGRESSO
Política
Simone Tebet defende criminalização do lobby ilegítimo no Brasil Senadora resgata o assunto e sugere que o tema seja apresentado no relatório final do colegiado como projeto de lei DIVULGAÇÃO/SENADO
A senadora Simone Tebet sugeriu resgatar a ideia de regulamentação do lobby no Brasil para criminalizar a prática ilegítima. Ela defendeu esta pauta na CPI da Pandemia, que ouviu o lobista da Precisa medicamentos, Marconny Albernaz Faria. “Vamos encarar de frente, até para valorizar os lobbies legítimos. Para que a gente possa separar o joio do trigo e dizer, lobista ilegítimo, que visa corrupção, que visa levar dinheiro à custa da dor e da saudade de muitos, tem de estar na cadeia. Mas não estão porque não criminalizamos o lobby ilegítimo no Brasil”, disse. Simone Tebet lembrou que o tema era bandeira do então senador, Marco Maciel, que foi vice-presidente no governo de Fernando Henrique Cardoso. Ele apresentou o PLS 203/1989. O texto foi aprovado no Senado, mas ficou na gaveta na Câmara dos Deputados e acabou sendo arquivado.
O Senado, o Congresso e o País, precisam regulamentar a figura do lobby, defende a senadora Simone Tebet Agora, diante de tantas suspeitas envolvendo lobistas desvendadas pela CPI da Pandemia na aquisição de vacinas, a senadora resgata o assunto e sugere que o tema seja apresentado no relatório final do colegiado como projeto de lei. “O Senado, o Congresso e o País, precisam regulamentar essa figura do lobby”, defendeu, ressaltando que
Senadora defende pauta na CPI da Pandemia, que ouviu o lobista da Precisa medicamentos, Marconny Albernaz Faria Marco Maciel viveu e morreu empunhando esta bandeira. Para Simone, aprovar matéria neste sentido é fazer justiça à memória de Maciel, morto este ano, bem como à sociedade civil organizada. “Queremos os lobbies legítimos dos servidores públicos que nos abordam, dos empresários, comerciantes, ambientalistas, feministas, de quem pensa diferente de nós, por-
Projeto de Marçal Filho cria campanha para incentivar doações de órgãos DIVULGAÇÃO
Deputado Marçal Filho Sensibilizar a população sobre a importância da doação de órgãos, reduzindo a fila de espera por um transplante. É com este objetivo que o deputado estadual Marçal Filho (PSDB) apresentou Projeto de Lei
que institui o “Setembro Verde” como mês dedicado à conscientização sobre a importância da doação de órgãos. Mais de 400 pessoas aguardam na fila por transplante em Mato Grosso do Sul.
que isso é a beleza da democracia. Mas há o lobby corrupto, imoral, antiético que é o de atravessadores e intermediários que se aproveitam dos meandros do poder para se beneficiar com superfaturamento, corrupção, contratos escusos e ilegítimos”, disse. Lobby é uma atividade em que empresas, entidades, pessoas físicas, segmentos da sociedade lutam
Co n f o r m e o Pro j e t o d e L e i 270/2021 apresentado pelo deputado, todos os anos do dia 1º ao dia 30 de setembro, será realizado ações de conscientização sobre a importância da doação de órgãos. A justificativa da proposta prevê que o Poder Executivo, em conjunto com as entidades afins, realize debates, palestras, seminários, audiências públicas, campanhas educativas e de conscientização, entre outras iniciativas, no intuito de esclarecer e alertar a população sobre a importância da doação de órgãos. “Crendices somadas à falta de informações e oposição da família são os maiores responsáveis pelo insuficiente número de doadores”, destacou Marçal Filho. Segundo a proposta, a campanha Setembro Verde tem por objetivo celebrar o Dia Nacional da Doação de Órgãos, em 27 de setembro. A pandemia fez diminuir o número de cirurgias e as doações também. Só para transplante renal, são cerca de 150 pessoas aguardando na fila, outras 248 esperam por uma doação de córnea e 4 buscam por um novo coração.
para viabilizar seus interesses perante o governo, seja no Congresso, seja no Executivo. Isso nada tem a ver com o que hoje se acostumou a associar o lobby – com atividades escusas, ilegais, ilícitas. Essa associação em grande parte se deve pelo efeito da mídia, mas é necessário saber que em um trabalho de lobby dentro da legalidade e ético existe a defesa de interesses legítimos.
COLONO - Ô cumpadi, eu disse a mim mesmo pra parar de beber...
ZÉ PINGA - E você dá ouvido pra bêbado que fala sozinho, ic, ic, ic...
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Dourados, 18.9.2021 O PROGRESSO
Política
Governo quer transferir gestão de hospitais regionais para organizações sociais Unidades de saúde de Dourados e Três Lagoas podem passar a ter outra administração se Assembleia Legislativa aprovar Projeto de Lei DIVULGAÇÃO/SES
Hospital Regional de Dourados está em construção às margens da BR-463, saída para Ponta Porã O Governo de Mato Grosso do Sul quer entregar as administrações dos hospitais regionais de Três Lagoas e Dourados para OS (Organização Social). A discussão foi levantada durante reunião entre o governador Reinaldo Azambuja (PSDB), o secretário de Saúde, Geraldo Resende, e os deputados estaduais. “A proposta originou-se da necessidade de aprimoramento da Lei nº 4.698, de 20 de julho de 2015, a qual dispõe sobre a regulamentação dos requisitos para qualificação das pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, em organizações sociais, cujas atividades sejam dirigidas à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e à preservação do meio ambiente, à cultura, à saúde, à assistência social e ao atendimento à produção e à agricultura familiar, com o objetivo de estabelecer parceria para a prestação dos serviços públicos afetos às áreas retromencionadas”, justifica governador Reinado Azambuja. Segundo a proposta, após seis anos da sanção, foi constatado que
alguns dispositivos da lei em questão necessitam de aprimoramento redacional, visando a segurança e o atendimento às exigências dos órgãos de controle externo. Também deve ser alterado o texto, garantindo a proibição de contratos com organizações que estão com as contas rejeitas por municípios e pelo Estado, nos últimos cinco anos.
Projeto é fundamental para o novo modelo de funcionamento da Caravana da Saúde, que irá realizar serviços de alta complexidade em relação a exames e cirurgias no MS O deputado estadual Pedro Kemp (PT) criticou a proposta do governo. “As empresas assumem a um custo elevado e acompanhamos notícias de muitas vezes até ter desvio de recursos, a exemplo de Ponta Porã, com processos de irregularidades. Temos essa preocupação, mas é claro que é uma decisão do Governo, que tem competência para
fazer esse tipo de contratação, mas nós aqui, na Assembleia Legislativa, temos o dever de acompanhar e fiscalizar as ações do Governo. Sou defensor da administração direta do Estado, por ser um sistema essencial e a pandemia mostrou o quão é importante o serviço de Saúde”, explicou o petista. Vale destacar que o projeto é fundamental para o novo modelo de funcionamento da Caravana da Saúde, que irá realizar serviços de alta complexidade em relação a exames e cirurgias no Estado neste ano. Conforme tem anunciado o Governo, a Caravana deve começar até o final deste mês. “Nós estamos contratando por credenciamento todas as clínicas que fazem diagnóstico e estamos pagando valor para prestarem esse serviço para a regulação. Em consequência disso, teremos as cirurgias. Serão R$ 100 milhões para zerar a fila de espera e faremos a regulação, que será de trás pra frente, do mais antigo na fila para o mais novo. Esperamos que em 10 meses, a gente possa zerar a fila”, afirmou o gover-
nador Reinaldo Azambuja. O texto tramita na Assembleia Legislativa, em regime de urgência e a expectativa é que em no máximo 15 dias, seja votado e devolvido para o Executivo. Ficha suja Em fevereiro do ano passado, o TCE-MS (Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul) recebeu um pedido de liminar para afastar a OS Instituto Acqua contratada pelo Governo do Estado para administrar o Hospital Doutor José de Simone Netto, em Ponta Porã. Entre os argumentos listados, consta série de denúncias que tramitam na Justiça em diversos estados brasileiros onde o instituto já atuou. Improbidade, superfaturamento, desvio, ausência de qualidade técnica e até ações trabalhistas integram a denúncia contra a entidade, contratada em março de 2019 por processo de dispensa de licitação. Encerrado o prazo de 180 dias da contratação, que custou R$ 27 milhões aos cofres públicos, o Acqua sagrou-se vencedor da licitação.
Caminhoneira recomeçou a vida na estrada: “Me devolveu alegria de viver”. PÁG. 5
DOURADOSAGORA Dourados, 18.9.2021 O PROGRESSO AGÊNCIA BRASIL
Para o psicólogo escolar Davi de Jesus Borges Dias, sociedade deve valorizar a escola e os profissionais envolvidos na promoção, não só a escolarização, mas da formação cidadã
Isolamento teve efeito nocivo para a saúde mental de crianças e adolescentes Psicólogo educacional observa que na escola já é possível perceber as consequências do distanciamento: “Apesar de necessário, os danos foram inevitáveis”
Gracindo Ramos Na pandemia, crianças e jovens foram muito afetados pelo isolamento, principalmente pela falta das aulas presenciais. Para prevenção da saúde mental dos filhos, o psicólogo escolar e educacional de Dourados Davi de Jesus Borges Dias recomenda que “sempre que perceber qualquer mudança de humor sem nenhum motivo aparente nos filhos procure um profissional para investigar o que pode estar acontecendo e iniciar o tratamento, se for necessário”. Segundo Davi, a depressão cada vez mais tem atingido crianças e adolescente. “Os principais cuidados que a família deve ter são: ficar atenta a mudanças drásticas e repentinas no comportamento e humor dos filhos; sempre que possível reconhecer o que os adolescentes fazem em casa e motivá-los positivamente, demonstrando que o que eles fazem é importante; demonstrar afeto, carinho, amor principalmente por meio da presença; e tente não substituir a presença por presentes, pois é muito comum, principalmente por consequência da culpa pela ausência no dia a dia da criança”, orienta. O profissional também alerta para
problemas relacionados à ansiedade. “Afeta quase 19 milhões de brasileiros e desses uma boa parte são crianças e jovens. Com a pandemia, há uma piora no quadro e, possivelmente, um aumento considerável de crianças e jovens sofrendo com esse transtorno. Na escola, com o retorno das aulas presenciais, já é possível perceber os danos causados pelo isolamento social durante a pandemia. Apesar de necessário, os danos foram inevitáveis”, analisa o psicólogo. Além da ansiedade e da depressão, Davi chama a atenção para outros transtornos que são recorrentes atualmente, como síndrome do pânico e Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG). “Pude observar, nesse último ano, surgir um número crescente de adolescentes e jovens com transtorno de despersonalização/desrealização”, também alerta. Conforme o Manual MSD, se trata de um tipo de transtorno dissociativo que consiste em sentimentos recorrentes ou persistentes de distanciamento do próprio corpo ou processos mentais, geralmente com uma sensação de ser um observador externo da própria vida (despersonalização) ou de estar desconectado de um ambiente (desrealização). Para Davi Dias, “adolescentes e jovens em casa e sem poder sair aca-
Psicólogo escolar e educacional douradense, Davi de Jesus Borges Dias
bam se apropriando das mídias sociais para manter as relações ativas. E, apesar de ser algo interessante, as relações virtuais jamais substituirão as relações físicas. As ausências das relações físicas constantes provocam sentimentos de solidão nesses jovens e consequentemente empurrando-os ainda mais para as mídias e os games, que por consequência retroalimenta o vazio, deteriorando cada vez mais a saúde mental dos jovens e adolescentes”. A falta das aulas presenciais afetou diretamente o desenvolvimento dos jovens. O psicólogo explica que “a escola acaba cumprindo um papel extremamente importante para esse adolescente, porque é na escola que ele se encontra e se identifica com seu grupo, por afinidade musical, esportiva, religiosa dentre
outras, que acaba favorecendo a superação da confusão comum da fase”. O psicólogo educacional esclarece que “os desafios das crianças e adolescentes serão a readaptação ao que chamamos de ‘novo normal’, com muito mais restrições e menos espaços para eles criarem seus grupos de afinidades e amizade na escola. É preciso ficarmos atentos às questões emocionais e psicológicas para intervir sempre que for necessário”. “A formação da identidade acontece na adolescência e esse fenômeno ocorre, principalmente, com ajuda da escola, que promove a pluralidade dos encontros, tornando possível o contato entre os grupos de alunos. Quando questiono os alunos em sala de aula se eles gostam de ir à escola, a resposta é unânime: eles gostam muito de ir à escola, não gostam tanto de estudar, mas estar lá é importante para eles. Reconhecer o papel social e emocional da escola é importante para que a sociedade possa olhar para esses ambientes e valorizar seus profissionais e todos que estão envolvidos para promover, não só a escolarização (foco ensino aprendizagem), mas, a formação cidadã de cada indivíduo que passa por ela”, conclui o educador.
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Dourados, 18.9.2021 O PROGRESSO
DouradosAgora
Indígenas que passaram pela AJI retribuem com trabalho na reserva indígena Entidade atende anualmente cerca de 30 jovens em situação de vulnerabilidade AJI
AJI oferece oficinas multidisciplinares e sobre direitos indígenas Gracindo Ramos A AJI (Ação dos Jovens Indígenas de Dourados-MS) foi fundada no ano de 2001, pela antropóloga Maria de Lourdes Beldi de Alcântara. Com sede na Aldeia Bororó, a organização vem oportunizando desde então que indígenas das etnias Kaiowá, Ñandeva e Terena de toda a Reserva Indígena da cidade possam ter acesso a formação política e social, fortalecimento da cultura tradicional indígena, socialização entre subgrupos, luta contra o preconceito social e moral, apoio a comunidade indígena e sobre direitos humanos e indígenas. “Os jovens indígenas que passaram pela AJI, hoje, estão atuando como professores, na saúde, na assistência social. Então isso é um ganho para a comunidade. A AJI foi uma escola para muitos jovens que hoje estão atuando dentro da comunidade”, conta Indianara, vice-presidente da AJI e voluntária. Formada em enfermagem, ela já atuou como enfermeira assistencial no Hospital da Missão e na unidade básica de saúde da Aldeia Bororó. Hoje, a profissional é mestranda em Fisiopatologia Experimental pela Faculdade de Medicina da USP. Indianara ingressou na AJI aos 12 anos de idade. “Tudo que eu vivenciei na AJI, toda a formação, todo empoderamento, eu sempre tento
replicar isso para a juventude que passa pela ação”, explica. Segundo a ativista, a AJI tem como missão empoderar os jovens e crianças indígenas, por meio de atividades interdisciplinares, interculturais e transversais. “Todo mundo que passa pela AJI, de fato, leva uma esperança, de sempre estar buscando melhorias para a comunidade e, consequentemente, melhorias para a sua vida e para a sua família. Infelizmente, a gente não tem perna para atender muitos jovens. A gente gostaria muito de estar atendendo mais pessoas. A gente sabe o quanto precisa, o quão vulnerável é a aldeia. Mas a gente consegue atender anualmente de 25 a 30 jovens. São jovens que estão em extrema vulnerabilidade. Esse é o perfil da juventude atualmente”, explica a indígena. A vice-presidente da AJI relata que duas irmãs também participaram da entidade. “Hoje, uma trabalha na educação. Uma outra irmã minha que faleceu se formou em Biologia”, diz. “A gente tem oficinas de fotografia, vídeo, direitos indígenas e todo o processo de formação a gente tenta realizar durante o ano”, complementa. Nas oficinas, são produzidos vídeos, fotografias, rádio, gibis, livros de fotografias, oficinas de capoeira, teatro, circo, artes cênicas, português, informática, direitos humanos, esportes entre outros.
De acordo com Indianara, para que tudo isso aconteça, contam com apoiadores, como o GAPK (Grupo de Apoio aos Jovens Indigenas), Faculdade de Medicina da USP-Laboratório de Patologia, InternationalWorkGroup for Indigenous Affairs-IWGIA, entre outros apoiadores com projetos específicos em órgãos públicos, coletivos ou individuais. “Sem eles poucos avanços teriam sido realizados”, reconhece. Atuação na Pandemia “Na pandemia a gente deu uma parada, assim como as escolas aqui dentro da aldeia. A gente retomou as atividades gradualmente, em agosto, realizando as oficinas seguindo todos os protocolos de distanciamento, fazendo escalas de alunos para as oficinas. Todo esse cuidado que a gente tenta trazer”, afirmou Indianara. Sobre a vacinação, a indígena alertou, em entrevista ao O PROGRESSO no dia 1° de setembro, que, “embora tenha iniciado na cidade para juventude de 12 a 17 anos, aqui na aldeia ainda não começou. Então é algo que é preocupante, porque no município iniciou dia 23 de agosto e aqui a gente ainda não tem notícias de quando iniciará a vacinação para a juventude indígena. A gente já deixa o nosso recado para as autoridades para tentar dar a resposta para a comunidade”.
“Nós temos um trabalho de conscientização em relação à pandemia. Fizemos vários vídeos, podcast, para circular no WhatsApp, nas redes sociais da AJI. Em guarani e em português, com falas e depoimentos da própria comunidade. O trabalho da AJI foi primordial, teve um impacto muito grande dentro da comunidade. A gente sempre busca trazer a comunicação aqui dentro da aldeia, trazer os comunicadores que são os próprios jovens indígenas. Muita participação na conscientização, na prevenção da Covid-19. No início da vacinação fizemos a campanha “Vacina Parente” e todo esse trabalho teve impacto na pandemia”, ressalta. A AJI é uma organização de base local. Mas Indianara cita que há uma mobilização nacional por meio da APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), que engloba as organizações. Também há outras organizações como a Aty Guassu, a Asssembleia de Mulheres, Conselho de Terena e Fórum de Caciques. “A própria pandemia aumentou esse diálogo com outros Estados, com outros parentes de outras regiões. Até porque muitas realidades são parecidas, as problemáticas, a questão dos territórios, da saúde, da educação. É aonde a gente acaba dialogando bastante para buscar de fato melhorias para as comunidades indígenas”, conta.
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Dourados, 18.9.2021 O PROGRESSO
DouradosAgora
Projeto do IMAD cria centro para desenvolvimento socioambiental Instituto já desenvolve hortas e sistema agroflorestal na área cedida pela família Weber e agora expande o trabalho de arte e permacultura para a Aldeia Bororó IMAD
Reunião de membros do instituto com a comunidade indígena da Aldeia Bororó
Gracindo Ramos Em um terreno em comodato com o Sítio Agroecológico Luciana, O IMAD (Instituto de Meio Ambiente e Desenvolvimento) de Dourados (MS) está desenvolvendo uma base para apoiar atividades junto a cerca de 20 famílias no lado sudoeste da aldeia Bororó. “A parte mais esquecida da Reserva Indígena de Dourados (RID)”, analisa Vito Comar, membro fundador do instituto. O sítio pertence à família Weber, produtores agroecológicos que transformaram um pasto de braquiária num sistema agroflorestal biodiversos. E o projeto tem como participantes a UFGD, IMAM, EMBRAPA, RIHU (Rede Integrada de Hortas Urbanas), APOMS (Associação de Produtores Orgânicos do MS). “Eventualmente, em etapas progressivas, com técnicas de bioarquitetura, pretendemos erguer um prédio rústico, mas funcional, que irá se articular num Centro de Capacitação e Treinamento para o desenvolvimento da comunidade Guarani”, explica o ambientalista Comar. O projeto da edificação prevê oficina de vendas e produção de artes; restaurante de comida tradicional guarani; escola de artesanato e móveis; cursos internos, níveis básico, médio e profissional; ateliê criativo de música nativa; e artes plásticas. Além de dormitórios; biblioteca e internet; áreas de descanso; áreas de trabalho em grupo; e uma pequena sala de atendimento médico. “Nossa atuação na reserva indí-
gena tem mais de 12 anos, quando realizamos levantamentos e chegamos a propostas concretas de programas socioculturais e ambientais”, explica o pesquisador Vito. Dentre os vários projetos realizados, estão convênios com o Ministério do Meio Ambiente, contratos com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome para o Cadastramento das mais de 5 mil famílias nucleares das terras indígenas para oferecer sugestões de políticas públicas indigenistas; implantação do ‘Quintais Agroflorestais’, para melhorar a dieta, melhorar as condições de solo e microclima local e retenção de água ao redor das nascentes e cursos d´água; projeto de qualificação em trabalhos manuais e artesanato para capacitar mulheres indígenas em situação de miséria; com apoio da Fundação Banco do Brasil, foi realizada produção de roças familiares para 76 famílias da aldeia de Panambizinho, com bons resultados de trabalho produtivo de agricultura. “No momento, o melhor exemplo a ser oferecido são as hortas e o sistema agroflorestal sendo implantados na área sudoeste da aldeia Bororó, juntamente com o apoio à produção e comercialização de artesanato das famílias envolvidas e seus vizinhos”, avalia o membro do IMAD. “Nossas múltiplas experiências em diferentes comunidades indígenas vieram a nos ajudar a identificar as carências, necessidades e demandas destas populações, a partir de um processo extensivo
Indígena desenvolvendo trabalhos manuais
de consulta com famílias, grupos de mulheres, lideranças espirituais e políticas. O que facilita nosso diálogo com estas populações e a capilaridade que isto implica quando da aplicação de possíveis soluções e recursos”, complementa. O IMAD O instituto tem 19 anos de atividades e busca contribuir para o desenvolvimento sociocultural e econômico, procurando equilíbrio na relação ser humano e ambiente, com equidade social e viabilidade econômica. O IMAD promove pesquisa, estudo, estruturação e implementação de planos, programas e
projetos nas áreas cultural, social e do desenvolvimento econômico, de combate à pobreza e do equilíbrio ambiental. A entidade também divulga, publica e comercializa pesquisas, estudos, material audiovisual como: livros, revistas, jornais, boletins, programas de rádio, televisão e cinema; promove cursos, seminários, conferências e palestras. O IMAD atua em diversas frentes, como o Fórum de Cultura, o Núcleo Gestor Participativo (NGP) para a Revisão do Plano Diretor de Dourados, a Equipe Técnica Municipal (ETM), Comitê de Bacia do Rio Ivinhema (CBI),Conselho Municipal da Defesa do Meio Ambiente-COMDAM, Conselho do Parque Estadual das Ilhas e Várzeas do Rio Ivinhema; Participando do Plano de Manejo da 1° unidade de conservação do município de Dourados, o Parque Natural Municipal do Paragem (PNMP); o Programa Cidades Sustentáveis (PCS); participando de vários processos de consulta e estudo das questões indígenas em Dourados e região, atuando junto ao Ministério Público Federal, à FUNAI e a Prefeitura; premiado com o Prêmio Marco Verde por atividade de plantio de mudas frutíferas na aldeia Passo Piraju; presentes nos processos de consulta para a elaboração do Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) do MS; e para a Lei para Proibição de Pulverização Aérea de Agrotóxicos no município de Glória de Dourados (MS) e o zoneamento do cultivo da cana-de-açúcar em Rio Brilhante (MS).
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Dourados, 18.9.2021 O PROGRESSO
DouradosAgora
Consumo de álcool cresceu vertiginosamente na pandemia Pesquisas também apontam para aumento da frequência do uso de cigarro, ansiolíticos e drogas ilícitas ISTOCK
Homens na faixa etária de 30 a 39 anos são os que mais aumentaram o consumo de álcool Gracindo Ramos A edição especial do Global Drug Survey (GDS) para a pandemia da Covid-19 revelou que o Brasil teve um aumento de 13,1% no consumo de álcool. O número ficou um pouco abaixo da média global, que foi de 13,5%. Sobre a ampliação do consumo de bebida alcoólica, o levantamento aponta que 42% dos entrevistados consideram que o que mais impactou foi o tempo livre. Já 27% afirmam estarem mais estressados durante a pandemia. E 20% se sentem mais sozinhos, o que leva ao abuso de álcool para suprir a falta de companhia. A análise global foi feita com 55 mil pessoas ouvidas em todo o mundo, incluindo brasileiros. Outra pesquisa mundial, da OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde), feita em 33 países entre maio e junho de 2020, mostra que quase metade dos brasileiros entrevistados (42%) disse que consumiu muito mais álcool na pandemia. Para 52,8% das pessoas entrevistadas o medo da Covid e a ansiedade eram os principais fatores. E a
maioria relatou que não buscaram ajuda profissional para diminuir o consumo. A psicóloga Letícia Oliveira Silva alerta que “existem diversas pesquisas mostrando o aumento do álcool na pandemia. Dados do IBGE afirmam que a produção de bebida alcoólica cresceu 17,6% nos primeiros quatro meses de 2021, em comparação ao mesmo período de 2020. Mostrando aumento do consumo de álcool no Brasil no último ano. Além disso, sabemos que a pandemia trouxe grandes agravos na saúde mental, o que leva muitos ao uso de drogas e álcool”. Roberto*, de 35 anos, autônomo de Dourados, conta que passou a consumir mais cerveja com a pandemia. Ele conta que por morar sozinho e não ter podido visitar familiares durante muito tempo e não ver amigos com tanta frequência, passou a ter mais tempo sem companhia, o que levou ao uso mais recorrente de álcool. “Eu costumava beber somente no final de semana ou quando estava com amigos. Mas, quando percebi, já estava bebendo sozinho, quase todos os dias um
pouco”, observa. As bebidas alcoólicas passaram a ser mais consumidas por 17,6% dos entrevistados. Os homens (18,1%) são os que mais aumentaram a consumação em relação às mulheres (17,1%). Homens (24,6%) da faixa etária de 30 a 39 anos são os que mais revelaram aumento da frequência do uso de álcool. 24,2% das pessoas da pesquisa relataram que consumiram mais bebida alcoólica por se sentirem tristes ou deprimidos. A rede de vendas pela internet Compre & Confie viu quase dobrar (93,9%) as vendas de bebidas alcoólicas entre fevereiro e maio do ano passado em comparação ao mesmo período do ano de 2019. Consumo de outras drogas também aumentou na pandemia Outro levantamento, a “ConVid - Pesquisa de Comportamentos”, realizada pela Fiocruz em 2020, em parceria com a UFMG e a Unicamp, com mais de 44 mil adultos já mostrava esse crescente aumento do consumo de álcool, cigarro e outras drogas. 34% dos entrevistados fumantes apontaram que o consumo de cigarros aumentou na pandemia.
Esse número é maior entre as mulheres, já que 29% delas passou a fumar mais ante 17% entre os homens. Fumante há 16 anos, *Sandra, professora de 42 anos, também passou a fumar mais cigarros por dia. “Eu tive sobrecarga de trabalho e também em casa. Acho que eu passei a fumar bem mais pelo estresse, a rotina”, acredita. Ela ainda conta que teve preocupação com a sua saúde mental e de pessoas próximas por conta dos efeitos da pandemia. Já o consumo de maconha no país, segundo a Pesquisa Global de Drogas, aumentou 17,2%. Para uso de remédios para ansiedade os benzodiazepínicos como diazepam, clonazepam e alprazolam -, o crescimento do uso segundo os entrevistados foi de 12,7%. E o consumo de cocaína, de acordo com o levantamento, cresceu 7,4%. Para usuários de maconha, o aumento teria se dado também pelo fato de terem mais tempo livre e 57% justificam estarem chateados com o isolamento. (*Nomes fictícios utilizados para os entrevistados, que preferiram manter o anonimato).
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Dourados, 18.9.2021 O PROGRESSO
DouradosAgora
Caminhoneira recomeçou a vida na estrada: “Me devolveu alegria de viver” Débora Ubial diz que trabalhando ao volante é a 1ª vez que se sente feliz e realizada FOTOS: ARQUIVO PESSOAL/DÉBORA UBIAL
“Eu colecionava revista 4 Rodas, gostava de direção” explica Débora sobre a paixão de dirigir Gracindo Ramos “O que mais marcou foi a gentileza das pessoas, de todos que conversaram comigo. Foram muito simpáticos. E também a comida. Mesmo comendo nos lugares mais simples, era tudo uma delícia”, conta a caminhoneira Débora Ubial sobre sua passagem pelo Mato Grosso do Sul, quando carregou celulose em Três Lagoas. Segundo a CNT (Confederação Nacional do Transporte), mulheres são apenas 0,5% do total de caminhoneiros no país. Hoje, 180 mil mulheres estão aptas a dirigir caminhões no Brasil, conforme o Conselho Nacional de Trânsito. Débora tem 37 anos e mora em Foz do Iguaçu (PR). Ela está na estrada há quatro anos. Autônoma, dirige sozinha há pouco mais de um mês. Não conseguia trabalho em transportadoras por ter condenação na justiça, mesmo passando em entrevistas de emprego e testes de direção e aptidão. Ela dividia o volante com o namorado, também caminhoneiro, e chegou dirigir até mesmo no Chile. “Na Cordilheira dos Andes foi um dos momentos mais tensos de todas as viagens até aqui”, avaliou a caminhoneira em entrevista ao O PROGRESSO quando estava em Penápolis (SP), a 700 km de casa. Ela é motorista 6 eixos e trabalha com uma Scania modelo 124, com 420cv de potência e câmbio manual, uma carreta graneleira com lona. “Experiência eu tenho, mas emprego mesmo eu não conseguia. Esse tipo de caminhão é difícil ter mulher, porque é muito pesado abrir tampa, lona etc. Lógico, se eu pudesse escolher eu queria trabalhar com tanque ou
câmara fria. Dá um terço do serviço que esse daqui. Mas só aqui que eu consegui serviço”, esclarece. “Eu venho de uma família muito conturbada. Abusos, espancamento, fui vendida. Meu pai era dono de uma oficina mecânica. Isso influenciou na questão de gostar de automobilismo. Eu colecionava revista Quatro Rodas, gostava de direção, mas eu nunca pude dirigir. Ele dizia que mulher nasceu para pilotar fogão”, contou Débora. Por conta dos traumas de infância, ela teve depressão e passou por dificuldades, incluindo tentativa de suicídio. Acabou sendo presa como ‘mula’ e, após cumprir pena e ter o processo arquivado, decidiu recomeçar a vida. “O caminhão me proporciona o direito de erguer minha cabeça de novo. Me devolveu essa alegria de viver, me dá alguma coisa pra eu ter orgulho. Olho pro meu passado e não tenho nada para me orgulhar. Chegar com esse caminhão, encostar ele de ré num galpão, num lugar um pouco mais difícil, e fazer tudo com perfeição, é muito satisfatório. Isso me dá uma alegria. É a primeira vez na vida que eu posso dizer que estou me sentindo feliz e realizada”, disse. “O dono de uma transportadora me falou que por ele só contrataria mulheres, que a mulher tem uma enorme redução nos índices de acidentes”, enfatiza Débora. Ubial já foi babá, estagiária, recepcionista, auxiliar administrativa e vendedora. E com ajuda de ex-patrões conseguiu a carteira de habilitação D e E. A carreteira possui quase todos os cursos (cargas perigosas, indivisível, transporte de passageiro e emergência, ônibus, ma-
Débora tem 37 anos e mora em Foz do Iguaçu (PR). Ela está na estrada há quatro anos
nobrista de empilhadeira). O único que não tem é o de transporte escolar. Sobre a crise econômica e a pandemia ela diz: - “esse prejuízo acaba ficando com o dono do caminhão. Meu salário continua igual. Não compro mais tudo que comprava antes, mas não posso reclamar do salário de motorista. É o melhor que já tive. Eu moro sozinha, não tenho filho, só resgato cachorro e gato de rua. Se for olhar que tudo aumentou e o salário não, é de certa forma injusto sim. E a nossa cara está a tapa. A gente encontra muito motorista bêbado, muita gente inconsequente. Qualquer erro, é nossa vida que vai. Não é como num escritório onde eu podia errar e corrigir ou perder o meu emprego”. Hoje, se errar, a consequência é um pouco maior”. Durante os recentes protestos, ela diz que encostou o caminhão. Ficou parada porque o namorado dono dos veículos teve receio de eventuais situações de truculência. “Da outra vez foi pedido o valor mínimo da tabela do frete. Eu falei que não ia funcionar e não funcionou. Porque nosso país não tem fiscalização. Assim como o bafômetro
que eu nunca vi, não sei nem como é que funciona. Com isso, o frete é declarado de forma errada. Os próprios motoristas aceitam frete abaixo para não andar com o caminhão vazio em algumas situações. Se for levar em conta o desgaste do caminhão, o frete ainda está muito baixo. Se o motorista não for responsável, acaba dando prejuízo. É igual carro, se não cuidar, acaba dando muito mais manutenção”, analisa. Dificuldades na estrada “A gente sofre. Muitos lugares só tem banheiro para homens e a gente é obrigada a usar. Eu tenho um pinico na cabine. As colegas que eu converso também têm. Mas tem banheiro que não tem porta para tomar banho. Tem porta que dá direto para a rua, sem tranca, em lugar vulnerável”, alerta. Ela diz que ouve a frase ‘tinha que ser mulher’. “A gente não tem direito de errar. É normal errar, todo mundo erra, mas se eu errar é porque sou mulher, entende? E os caras ficam zuando, gritando, quando estou manobrando”, observa. “Mas quando estou passando perrengue os homens acabam ajudando. E eu sou muito grata pelas ajudas que recebo. Tem muita coisa que não conseguiria fazer sozinha. Carreguei uma carga de tijolo uma vez que deu um problema muito grande, ia cortando e arrebentando as cintas. Um motorista subiu nove vezes na carreta para me ajudar a amarrar a carga. Eu encontro muito mais gente boa que ruim. Seria muito injusto da minha parte falar que os homens fazem isso. A gente encontra um ou outro mau caráter onde a gente vai, mas são poucos”, reconhece.
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Dourados, 18.9.2021 O PROGRESSO
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Dourados tem o 1º crematório para animais do Mato Grosso do Sul O Crematório Pet é 100% ecológico e não degrada o meio ambiente DIVULGAÇÃO
Urna com as cinzas do pet são entregues à família
O amor e cuidados pelos animais de estimação tem sido maior a cada dia. Até mesmo após a morte, os tutores tem buscado o melhor para o seu pet. Com isso, em Dourados, foi inaugurado o 1º Crematório Pet de Mato Grosso do Sul. O serviço, em Dourados, é realizado pela Pax Primavera. A cremação é realizado em quaisquer animal de estimação com até 100 quilos. A opção também é considerada por conta da proteção ao meio ambiente, já que o sepultamento incorreto pode provocar poluição do solo, das águas e até do ar, através da liberação de afluentes tóxicos, o que não ocorreria na cremação. A cremação é 100% ecológica, não liberando odor, nem fumaça, sendo que a opção por esta prática não acarreta nenhuma consequência aos donos. “Todo o procedimento será realizados por profissionais capacitados, com o compromisso de pro-
mover aos associados um amparo, fazendo com que todo o cuidado, respeito e preocupação com os associados alcance também aquele que é seu companheiro do dia a dia, o seu animal de estimação”, relata o marketing da empresa. Os associados podem fazer uso da ‘sala de homenagem’ para se despedir do seu animalzinho, em um ambiente aconchegante, climatizado e intimista, onde poderá ser transmitido um vídeo com os melhores momentos de seu pet. O tutor ainda pode optar pela cremação com ou sem resgate das cinzas. Caso ele opte pelo recolhimento, a empresa fornecerá uma urna com as cinzas do animal, porém se ele escolher a outra opção, elas serão espalhadas pela natureza. O Pet Primavera conta ainda com um columbário, que consiste em espaço de oração e reflexão, onde o associado pode guardar e visitar as cinzas do seu amável pet a qualquer momento.
ANNETTE SHAFF
Comemoração do Dia do Gaúcho com missa crioula PÁG. 2
Confira fotos do jantar de abertura da Semana Farroupilha. PÁG. 6
CULTURA Dourados 18.9.2021 O PROGRESSO DIVULGAÇÃO
“Trocado” pelo Shopping, Teatro Municipal foi esquecido por 23 anos Desde a inauguração em 1998, espaço não recebeu sequer pintura. Emendas parlamentares, fundos municipais, sobras de duodécimos e Fonplata são alternativas para obtenção de recursos para a reforma Resultado de uma das primeiras Parcerias Público Privadas (PPPs) firmadas pela Prefeitura e inaugurado em abril de 1998 ao som da Orquestra Sinfônica do Paraguai, com a presença do então presidente do país vizinho , Juan Carlos Wasmosy, do governador do estado na época, Wilson Martins e o auditório com capacidade para 420 pessoas lotado, o Teatro Municipal de Dourados é um exemplo de que a cultura, embora figure sempre como prioridade nas campanhas eleitorais, na gestão o vitorioso (a) acaba por deixar o setor no que em futebol seria “de escanteio”. A PPP que resultou na construção do teatro foi uma engenhosa ideia levada a cabo pelo ex-prefeito Braz Melo e o grupo controlador do Shoping Avenida Center. “A sugestão inclusive foi feita pelo Grupo, que é do Paraná e já tinha feito parcerias do tipo com prefeituras de lá”, contou o ex-prefeito em entrevista a O Progresso. Justiça seja feita, mui-
to se deve, em se falando de teatro municipal, a Braz. A parceria se deu por objetividade: o Grupo queria construir o Shopping e não tinha o terreno. A prefeitura tinha o terreno e a construção de um espaço para apresentações artísticas era um clamor tanto dos produtores culturais como da cidade em geral. Foi nesse cenário que se formatou a parceria: a prefeitura cederia o terreno ao lado da Rodoviária e o Grupo construiria o teatro. No edital, uma perspicácia do então prefeito: a construção do teatro teria que anteceder a construção do Shopping. A construção do espaço cultural levou em torno de cinco anos, com interrupções ocasionais e finalmente, como relatado acima, inaugurado na segunda gestão de Braz Melo. De lá para cá não recebeu sequer uma pintura. No final da gestão anterior foi feito um orçamento e se chegou à cifra de 2 milhões para ser executada a necessária reforma, sem a qual em breve pode fi-
car totalmente sem condições de uso devido ao desgaste de todas as estruturas: acústica, iluminação, hidráulica, elétrica, piso, forro, assentos e pintura, dentre outros inúmeros problemas. Há poucos dias o prefeito Alan Guedes anunciou que a reforma do teatro será incluída no pacote de obras s serem executadas com recursos de um empréstimo que será buscado junto ao Fonplata (Fundo Financeiro para o Desenvolvimento da Bacia do Prata) no valor de até 40 milhões de dólares com garantia da União para aplicação no “Programa de Desenvolvimento de Dourados – Desenvolve Dourados”. A iniciativa é louvável, mas segundo Braz enquanto esse projeto não sai do papel seria de bom tom que se buscasse outras alternativas para obtenção dos recursos necessários para a reforma. “Claro que torço para que o prefeito tenha sucesso e vença a burocracia no mais breve tempo possível, mas temos que lembrar que por ser uma
quantia vultosa e ter a União como fiadora o processo terá que passar pela Comissão de Relações Exteriores do Senado e outras instancias e isso pode levar até dois anos e meio”, ponderou o ex-prefeito, que apresentou alternativas que, a seu ver, podem viabilizar com mais rapidez os recursos para a reforma. “Temos os recursos do Fundo gerado pelas multas aplicadas pelo Procon e de outros Fundos cuja aplicação não tem destinação obrigatória como o Fundeb. Temos as emendas parlamentares estaduais e federais, individuais ou de bancada. E temos ainda o duodécimo da Câmara Municipal, que via de regra é devolvido para a Prefeitura”, elencou. “Acredito que precisamos de uma força-tarefa para devolver esse patrimônio cultural à população, com condições de uso e o mais breve possível”, conclamou Braz Melo. Essa é, também, a expectativa dos produtores culturais da cidade.
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Dourados, 18.9.2021 O PROGRESSO
Cultura
Semana Farroupilha comemora o Dia do Gaúcho
Festividades tiveram missa crioula, sessão solene, futebol de bombacha e churrasco FOTOS: OLHAR 43
Entrega de imagem de Nossa Senhora ao padre Otair, durante a missa crioula Conta a História que as primeiras botas que pisaram na região que hoje é conhecida como Grande Dourados e em Dourados propriamente dita foram as dos gaúchos, que é como são chamados os nascidos no Rio Grande do Sul. Vindos de um estado de tradições culturais muito fortes, a princípio causaram certa estranheza naqueles que chegaram de outros estados, como os mineiros e os nordestinos. “Realmente o pessoal estranhava um pouco nossas vestimentas, as músicas, danças e costumes. As mulheres com os vestidos de prenda e os homens com botas e bombachas, por exemplo. Mas fomos bem recebidos e incorporamos à nossa cultura os costumes daqui, como o tereré”, conta a atual “patroa” do Centro de Tradições Gaúchas Querência do Sul Rosane Pederiva. Os CTGs são as “casas” dos gaúchos que deixaram o Rio Grande do Sul e estão presentes na maioria das cidades do país. Rosane, natural de Cruz Alta, é a primeira mulher a presidir o CTG de Dourados, inaugurado no dia 14 de janeiro de 1979. Durante esta semana o local sediou vários eventos em comemoração ao Dia do Gaúcho, que é comemorado domingo, 22 de setembro. As comemorações são inseridas em todo o país na “Semana Farroupilha”, nome dado em alusão à Guerra dos Farrapos contra o Império, de 1835 a 1845. Esse movimento revolucionário,
que tinha como ideal liberdade, igualdade e humanidade, e durou cerca de dez anos, foi a mais longa revolução do Brasil. As comemorações foram iniciadas na terça-feira, 14, com a realização de uma missa crioula. A Missa Crioula é uma missa católica, que segue os mesmos ritos de uma missa tradicional, porém adaptada em linguagem, ritmo, estilo e símbolos tradicionalistas gaúchos. Em frente ao altar, por exemplo, são utilizados símbolos do campo, da campanha, do uso costumeiro do gaúcho, como laços, selas e outros instrumentos usados na lida diária. A missa foi celebrada pelo padre Otair, do Seminário Diocesano de Dourados. Na terça-feira também foi acesa a “chama crioula”, uma pira que fica acesa durante toda Semana Farrroupilha. Na quinta-feira a Câmara Municipal realizou, na sede do CTG, uma sessão solene para entregar a Rosane Pederiva o título de Cidadã Douradense. Na sexta-feira, 17, aconteceu o “Grenal de bombacha”, um dos pontos divertidos das comemorações. O Grenal de Bombacha reúne os torcedores dos dois principais times do Rio Grande do Sul (Grêmio e Internacional) em um animado jogo de futebol com os jogadores trajados a rigor: de bota e bombacha. No domingo, 19, um churrasco, prato tradicional da culinária gaúcha, comemora o Dia do Gaúcho e encerra as festividades.
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Dourados, 18.9.2021 O PROGRESSO
Cultura
Mestre Guerreiro e os 36 anos da Associação de Capoeira Baiana Professor já recebeu prêmios como o “Viva meu mestre”, oferecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) Se disserem Mário Alves dos Santos certamente vamos demorar um pouco para associar o nome à pessoa. Mas quando se fala em “Mestre Guerreiro” grande parte dos que atuam com esporte, cultura e ações sociais certamente vai lembrar do sergipano que aportou por aqui em 1985 e desde então, através da sua Associação de Capoeira Baiana, realiza um trabalho que é exemplo de persistência e amor ao que faz. Em sua academia, Mestre Guerreiro dá aulas a pessoas de todas as idades e desenvolve projetos sociais com crianças e jovens carentes e indígenas.
NATHANA LOUREIRO
Mestre explica que a capoeira é uma expressão cultural brasileira que mistura arte marcial, atividade física, cultura popular, dança e música O esforço tem valido a pena e o reconhecimento vem acontecendo. Ao longo destes 36 anos, Mestre Guerreiro já recebeu homenagens municipais, estaduais e federais. Ele foi, por exemplo, o único sul-mato-grossense a ser homenageado com o prêmio “Viva meu mestre”, oferecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O prêmio é um reconhecimento ao trabalho realizado pelos mestres de capoeira em todo o país. Pela Academia e ensinamentos de Mestre Guerreiro já passaram várias gerações. Inclusive o saudoso Francisco José Paulino, o “Seo” Paulino, que participou de mais de 13 “São Silvestres”. Francisco José Paulino começou a correr em 1991, quando entrou para a Academia do mestre Guerreiro. “Seo”” Paulino na época tinha 72
Mestre Guerreiro: Capoeira como instrumento de transformação pessoal e coletiva
anos. Parou de correr aos 95 anos. Faleceu em 2017, aos 98 anos de idade. Mestre Guerreiro sempre foi o mentor/professor de “seo” Paulino. Mestre Guerreiro pondera que través das brincadeiras presentes no ensino da Capoeira para crianças, se favorece a coordenação motora, o campo visual, a criatividade, autoestima, automatização de movimentos e educa as crianças na administração do tempo e espaço dentro de um movimento. O resultado é uma criança mais desinibida e com mais segurança. Já a capoterapia (que praticava “seo” Paulino) é uma vertente da capoeira e utiliza alguns dos seus elementos em atividade física orientada para idosos. Ainda sobre as características da capoeira, Mestre explica que a capoeira é uma expressão cultural brasileira que mistura arte marcial, atividade física, cultura popular, dança e música. “Vale lembrar que a maioria das pessoas não pratica a capoeira como luta. Cada um faz aquilo que se permite e, por isso, a atividade é aconselhável para pessoas de todas as idades e portes físicos”, enfatiza. Para continuar na atividade e manter aberta a Associação de Capoeira Baiana com os mesmos objetivos de quando abriu (ser um espaço de treinamento e de socialização e opção de vida saudável) Mestre Guerreiro recorre a rifas e a apoios culturais, como os que obtém do deputado estadual Barbosinha e de empresas como a Moper, Auto Peças Modelo,Cartório do 1º Oficio, Lubfil, Matpar, Ourótica, Andaimes Dourados e Sicoob. A Associação de Capoeira Baiana está sediada na Rua Independencia, nº 285, no Jardim Londrina. Os telefones para contatos são (67) 99936 1148 e 98132 0596.
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Cultura
Zé Pretim tocou em
Dourados, com o “Euphoria”, há 43 anos Falecido no último dia 16, uma das últimas apresentações de Zé Pretim em Dourados, foi no “Festival Música Em Meio a Natureza”, promovido pelo Jabotá Café e Lazer CRÉDITO: REPRODUÇÃO/TV MORENA
Zé Pretim, que faleceu na última quinta-feira, era considerado o “bluesman pantaneiro” Vander Verão O guitarrista Zé Pretim, que morreu nesta quinta-feira (16), em Campo Grande, aos 67 anos, fez parte do lendário grupo de rock “Euphoria”, no final dos anos 70 e início dos anos 80. José Geraldo Rodrigues, o Zé Pretim, nasceu em Inhapim, interior de Minas Gerais, em 16 de maio de 1954. O “Euphoria” surgiu em 1976, em Campo Grande. E dividia as atenções com o também lendário grupo “Zutrik”. No dia 2 de junho de 1978, o Euphoria fez o seu primeiro show em Dourados, no Clube Nipônico. A
banda era formada por Zé Pretim (na guitarra e vocal), Bosco (bateria), Lázaro (teclados) e Claúdio Prates (baixo), conforme noticiou na época o jornal O Progresso. Na mesma noite, no Clube Nipônico, se apresentaram também o cantor Ravel (da dupla Dom e Ravel) e o conjunto S.O.S., liderado pelo baixista Tim, de acordo com O Progresso. O “Euphoria” era especializado em rock raiz e mandava ver também o punk-rock que causou furor naquela época com a banda inglesa “Sex Pistols”. Aliás, neste show-baile em Dourados, o “Euphoria” não deixou por menos e alegrou o pessoal com “Pretty Vacant”, dos Pistols.
No entanto, o “Euphoria” também gostava de rock nacional e MPB. Sempre alegrava a moçada, tanto em Campo Grande quanto no interior do Estado, com músicas de Rita Lee, Made In Brazil, Jorge Benjor e até João Gilberto, dentre outros nomes consagrados. Com o fim do “Euphoria”, em meados dos anos 80, Zé Pretim partiu para a carreira solo, fazendo sucesso em Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e em outros estados, principalmente pela versão em blues do clássico “Asa Branca”, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. Em 1976, Zé Pretim foi entrevistado por Jô Soares, na Globo, como
o “bluesman pantaneiro”. Em 2017, ele foi destaque no programa de calouros de Raul Gil, no SBT, onde interpretou várias músicas, dentre elas, a própria versão de “Asa Branca”, e ainda, “Metamorfose Ambulante” (Raul Seixas), a imortal “What a Wonderfull World” (Louis Armstrong) e “Tristeza do Jeca (Angelino de Oliveira”. Uma das últimas apresentações de Zé Pretim, em Dourados, foi no “Festival Música Em Meio a Natureza”, promovido pelo Jabotá Café e Lazer, em dezembro de 2019. Também participaram Giani Torres, Dagata e Os Aluízios, Werther Fioravanti e Simão Gandhy, e Porangatu.
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(?) Sul, bairro nobre de Brasília
(?) Baianos: conjunto de Moraes Moreira e Pepeu Gomes Dele, em inglês
Significado formal do preto no Ocidente
Mágoa de curta duração
Recipiente reciclável Construção bíblica
Vibração gravada no arquivo MP3
(?) boreal, fenômeno do Polo Norte
Forma da régua do arquiteto (?) sumário: a mais rápida tramitação (Dir.) Raiz de Veste de sopas médico
"Cem (?) de Solidão", romance
Encontrar a solução de (charada)
Operação (?): esconde escândalos Proporção de algo num todo Bobo
Atração de Santa Teresa (RJ)
Desagrado Maiores glândulas femininas
Estado de Sobral e Crato (sigla) Os dois criadores do trio elétrico Nos, em inglês O homenageado na maior basílica do mundo, no Vaticano
Resultado de vários fatores (fig.)
Distúrbio noturno que afeta casais
Moeda "rival" do dólar A favor
"(?) assim", modismo linguístico Olívio Dutra, político gaúcho
Solo de ópera (?) Tsétung, líder
Droga pesada que faz "sonhar acordado"
Unidade de medidas agrárias Joana d'(?), a santa padroeira da França Indicação da bula O tecido do esqueleto
Estímulo que ativa a célula olfativa
2/us. 3/his. 4/dirt — rito — tipo. 5/rasar. 6/finito. 9/somatório.
BANCO
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Solução Q S U E D A D D E P R B O D U Ç S Ã O
R F U A D R I B S T A N R A S I O L A T A U R O I R T S C O N J A A B A A T O L E N D E C O D O E O S R S T O P I O P E D R D O R O
S E I O S A R R U F O N T
N H O S I V O S O M S A A T I T O R A R A I M O A A T M A R U R O O N A C R S E O
HORÓSCOPO DA SEMANA ÁRIES - 21/03 a 20/04
Esta semana vai bombar! Os astros destacam a Lua no eixo espiritual-crise, passando pela fase crescente no início desse período. E aí essa tour vai deixar sua capacidade de superação bem pulsante. Especialmente na hora de revisar suas metas e a estratégias pra colocar tudo em prática.
LIBRA - 23/09 a 22/10
Esta semana começa com os astros sinalizando a importância de construir ideias em grupo, amiga. Papo de aprimorar várias situações do dia a dia que afetam a sua rotina. Isso porque a Lua transita no eixo comunicação-cotidiano no Signo de Libra, iniciando a fase em estado crescente.
TOURO - 21/04 a 20/05
A semana começa com a Lua entre o setor íntimo e o de amizades, taurina, iniciando esse período na fase crescente. Você vai colar em boas parcerias, já que essa tour motiva você a pensar no rolê todo. Só se liga que podem rolar brigas com frequência com Marte entrando a área do cotidiano no Signo de Touro.
ESCORPIÃO - 23/10 a 21/11
A semana começa com os astros destacando o trânsito lunar no eixo material-prazeres, estando crescente no início dessa fase, escorpiana. Esse trânsito evidencia a importância de zelar pelas finanças. Equilíbrio é tudo na vida, viu. Consumo consciente! Se reserve pra ter forças pra melhor avaliar os desafios.
GÊMEOS - 21/05 a 20/06
A semana começa com o trânsito dos astros sinalizando a Lua no eixo relacionamentos-trabalho, partindo da sua fase crescente, geminiana. E se liga: muitas parcerias serão favorecidas por isso, especialmente aquelas com pessoas que vcoê já tem mais afinidade!
SAGITÁRIO - 22/11 a 21/12
O céu da semana aponta o autoconhecimento como caminho para aprimorar sua relação com o entorno imediato, de modo a elevar a qualidade do cotidiano, pois a Lua transita entre o Signo de Sagitário e o setor familiar, estando crescente no início dessa fase. Marte adentra a área de amizades.
CÂNCER - 21/06 a 21/07
A semana começa com os astros dando mais destaque pra importância de cuidar dos aspectos básicos da vida. É que tem a Lua no eixo cotidiano-espiritualidade em estado crescente no início dessa fase no Signo de Câncer. Marte entra na área doméstica, deixando a proatividade ativa.
CAPRICÓRNIO - 22/12 a 20/01
Os astros destacam o trânsito da Lua entre os setores de crise e comunicativo, começando essa fase em estado crescente. Isso sugere autoaper feiçoamento frente aos desafios e também no dia a dia viu. Marte ingressa na área de trabalho deixando sua proatividade elevada.
LEÃO - 22/07 a 22/08
A semana começa com os astros evidenciando a importância da seletividade pra elevar a qualidade da vida social e privada, amiga. Isso porque a Lua transita entre o setor de prazeres e o íntimo, partindo da sua fase crescente no Signo de Leão. Marte dá vigor ao discurso ao entrar na área comunicativa.
AQUÁRIO - 21/01 a 19/02
A semana começa com os astros sugerindo um importante aprendizado na gestão coletiva dos aspectos práticos da vida, viu, aquariana? Isso porque a Lua transita no eixo amizades-material, crescente no início dessa fase. Por isso, é importante somar esforços e respeitar o território alheio.
VIRGEM - 23/08 a 22/09
Tempo de aperfeiçoar o jeito que você se comporta com a galera e, consequentemente, de olhar bem para as pessoas que você mais confia, tá? Isso porque a Lua transita no eixo família-relacionamentos s no Signo de virgem, iniciando a fase em estado crescente. Marte te motiva a batalhar pelas ambições.
PEIXES - 20/02 a 20/03
A semana começa com os astros avisando que sua capacidade de gestão no trabalho e na vida privada vai estar o que? Potencializada! Isso porque a Lua transita entre o setor profissional e o Signo de Peixes, iniciando esse período em estado crescente. Marte deixa você mais instintiva ao adentrar a área intima.
Dourados, 18.9.2021 O PROGRESSO
COLUNA DA ADILES
“O amor não se vê com os olhos mas com o coração”. William Shakespeare
DIA DO GAÚCHO
Adiles do Amaral Torres adiles@progresso.com.br
Flashs de casais que participaram do jantar de abertura da Semana Farroupilha, que acontece até domingo, dia 22, quando se comemora o Dia do Gaúcho. A semana foi marcada por diversas atividades realizadas no CTG.
A patroa Rosane Pederiva e o esposo Edvan, junto com Cleucir e Sheila
Rose e Sinval Vincenzi
PANTANAL Como é lindo o Pantanal! Quanta Beleza selvagem De esplendor tão natural A passarada que voa Em música sonora entoa Seu trinado sem igual Os peixes singrando as águas A bicharada faceira Por entre a ramada passeia Como reis da região E o homem impassível assiste Cenas deveras triste Que é a sua destruição Jogando detritos nas águas Sem pensar no resultado Esse é um grande pecado Pois Deus nos deu de presente E pode acabar de repente E só na saudade ficar Esse pedaço de paraíso Para salvá-lo é preciso Muito amor e dedicação! Adiles do Amaral Torres
Cristian e Daniela Ranzi
Sidinei e Neusa Cechele
A poetiza e escritora Odila Lange e Adelar Henckmaker
Cleusa Zornita e Hermes
Ronise e Nestor Ebehart e a filha Barbara Ebehardt e a amiga Carol Pederiva
PARABÉNS E FELICIDADES AOS
ANIVERSARIANTES DA SEMANA
MARIA GORETTTI DAL BOSCO Domingo (19/9)
FERNANDA ARAÚJO Segunda-feira (20/9)
ÂNGELO XIMENES
Segunda-feira (20/9)
PARABÉNS E FELICIDADES aos aniversariantes, Do dia 22/setembro: • Arlindo Mariano, João Azambuja, Luiz Fernando Meirelles, Lorival Chaves, Antonio Pereira Neto, Milton Ary Frantz, Luzia Coca Pinto, Domingos Alves da Silva, Gervasio Scheidt, Pedro Reinaldo Reis, Claudio Mendonça, Odete Cardozo Correia, Irineu Rocha, Cinthia Barbosa, Keila Castro, Julia da Cunha, Maria Letícia Cordeiro, José Pedro Zanardini, Dionisio Pereira Soares, Vanessa Naomi Endo, Margareth Armond. Do dia 23/setembro: • Nilza Soares dos Reis, Sebastião Pereira da Silva, Mario Barbosa de Souza, Sergio Aguiar, Maristela de Oliveira França, Marcírio Barbosa de Souza, Cersi Machado, Marcio Suzuki, Eulenir Cardoso ALbertoni, Gabriel Fernandes Gonçalves, Jonir Figueiredo, Sergio Alcara, Irene Francelino Dias, Junior Rossati, Marly Teixeira Santos, Maria Fernandes Ferreira, Bianca Venâncio Gomes, Maria Leonora Diniz, Brian Roth, Osvaldo Pinheiro de Azevedo, Sirlene Paschoal, Werlaine Basso, Maria Mercedes Jardim. Do dia 24/setembro: • Manoel Américo, Raquel Abraão, Geraldo Dias Brito, Sidney Volpe, Giovana Holsback, Idenor Vilar, Lucas Santos Lima, Claudinei Rosa, Wagner Teixeira Gomes, Paulo Ricardo B. Ferreira, Maria Mercedes F. Jardim.
AURÉLIO AUGUSTO FARNESI Terça-feira (21/9)
(67) 3421-0018
DOUGLAS BEZERRA Terça-feira (21/9)
GERVÁSIO SCHEIDT Quarta-feira (22/9)
JONIR FIGUEIREDO Quinta-feira (23/9)
MARIA MERCEDES FREITAS
Sexta-feira (24/9)