Textos be filosofia

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PALAVRA Semente de Sol


Introdução

Palavra Semente de Sol é um projeto que se realiza em articulação com a BE, desde o ano letivo de 2013/2014. O referido projeto tem como subtema, este ano, A Caminho das Ideias. O objetivo primeiro foi incentivar os alunos do 10º ano a cultivarem o gosto pela leitura e a tentarem fazer incursões no mundo da escrita. Assim, tomado como modelo o escritor Gonçalo M. Tavares, e a partir da leitura dos seus livros, Senhor Brecht e Senhor Valéry, os alunos foram convidados a produzirem as suas próprias histórias. A leitura das histórias teve lugar nas aulas de Filosofia tanto como forma de as iniciar como de as finalizar. Resultou desta estratégia um conjunto de textos produzidos pelos alunos do 10º ano do ensino regular. 24/5/15 mcs


A Biblioteca dos Desejos

Os desejos passeavam de estante em estante. Eles viviam naquele compartimento onde a lua e o sol habitam. A luz naquele compartimento irradiava dos imensos livros, que ali estavam. Os livros brilhavam cada um à sua maneira, uns pareciam tímidos, outros marcavam presença com outro brilho… Todos tinham luz. Variava a intensidade e o tom… mas todos eram apelativos. Todos conviviam saudavelmente e cultivavam uma verdadeira amizade. Um dos livros tímidos aproximou-se de um grupo que estava na prateleira verde e começou a fazer perguntas: - O que é a vida? - Qual a origem do mundo? - O que é a morte? O silêncio dos livros foi revelador do espanto causado pelo livro perguntador. Este animou um diálogo infindável nesse espaço de luz, lua e sol. Maria Martins


O Escudo da Amizade

A amizade é muitas vezes objeto de inveja. O bem e a felicidade dos outros, não raras vezes, é alvo de um prazer destruidor por parte de alguns seres humanos. Esta história da amizade entre duas raparigas teve início no primeiro dia de aulas. Falaram pouco apesar de se terem sentado na mesma mesa. Nunca se tinham visto, mas algo as juntou para toda a vida. A convicção forte das duas - fruto das muitas vivências conjuntas – era de que aquela amizade as tinha transformado em Amigas de coração, para os bons e maus momentos. Mas, como na vida há sempre alguém a estragar o que os outros têm de melhor, com elas não foi diferente. Um dia a Maria, que era outra colega, apareceu e juntou-se às duas amigas do peito. Agora… inseparavelmente eram três: a Maria, a Fabíola e a Eliana. O muito tempo que passaram juntas, gerou fortes laços de amizade e de confiança umas nas outras. Foi um tempo em que a felicidade era uma constante. Mas o tempo encarregou-se de criar uma maior aproximação entre duas delas. E tudo mudou… A enveja bateu à porta da Maria e esta acolheu-a, como se de uma amiga se tratasse. A Maria não suportava a ideia de que a Fabíola se desse melhor com a Eliana, o que a levou a contar mentiras, para destabilizar a amizade delas. O que veio gerar algumas discussões. As duas amigas - Fabíola e Eliana - começaram a perceber as intenções da Maria e por isso foram-se afastando progressivamente, sinal de que já não confiavam nela. E assim se foi perdendo uma “grande amiga”. Não vale a pena sermos egoístas ou falsos, isso vai sempre acabar por nos prejudicar. O amor e a amizade autênticos, que existem entre pessoas, prevalecem sempre, resistindo a tudo. Joana Carolina Batista e Joana Marina Batista


A Menina Filosofia

Quando eu andava na escola primária, tinha uma colega que se chamava Filosofia. Sempre achei o seu nome um pouco invulgar e estranho. Certo dia, percebi que o nome dela fazia todo o sentido. Ela era uma menina amável e muito curiosa, que queria saber sempre mais e não se cansava de procurar o que queria. Pela vida encontrou diversos obstáculos, mas sempre os ultrapassou com sabedoria. O seu lema, adotado de Sócrates, era: “A vida, sem desafios, não vale a pena ser vivida”. E realmente era verdade, ela, face aos inúmeros obstáculos, dúvidas e desconhecimento, acabava por encontrar sempre um caminho por onde seguir. E sempre foi feliz assim. Lembro-me perfeitamente do dia em que a Filosofia me explicou o porquê do seu nome. Contou-me que a sua mãe gostava do nome “Sofia”, e que o seu pai achou que ela se iria tornar em alguém que gostaria muito de conhecer e saber, e assim, escolheram o nome “Filosofia”, que significa “amor à sabedoria”, e que contém o nome “Sofia”. E a menina vai vivendo a sua vida, procurando e tentando saber sempre mais para dar uma resposta às suas dúvidas, pois “existe apenas um bem, o saber, e apenas um mal, a ignorância” (Sócrates). Catarina Duarte e Celeste Maia


A Nossa História - Admirar as qualidades

Num certo dia de inverno, um grupo de amigos decidiu ir passear pelo bosque, mas sem se aperceberem perderam-se. De repente, começou uma grande tempestade e para se abrigarem tiveram que construir um abrigo. Apesar da chuva já não lhes cair em cima, tinham ainda que suportar o frio. Para vencerem o frio decidiram abraçarem-se, pois, assim esqueceriam o frio graças ao calor humano. Só que a solução encontrada para superarem o frio não foi a melhor, pois entre eles havia um menino que era hiperativo, não parava de se mexer, estava sempre a pisar alguém ou a dar uma cotovelada. Esta situação inesperada obrigou-os a fazer uma escolha: ou continuarem abraçados, ou marginalizarem o colega. O grupo optou por voltar a juntar-se em abraço. Esta opção evidencia que a melhor amizade é aquela onde cada um aprende a conviver com a individualidade do outro e a admirar as suas qualidades.

João Nogueira e Sílvia Carvalho


Uma verdadeira mudança

Mónica era uma menina com 16 anos que pertencia a uma família de classe alta. Os seus pais ficaram desempregados, Mónica ficou triste com a situação da sua família. Foram muitas as mudanças no seu dia-a-dia, mas soube aceitar a situação. Teve de mudar de escola e passar a viver numa casa com menos condições. Passou a dar importância às verdadeiras amizades, percebeu que os seus antigos amigos só queriam a sua companhia devido à sua riqueza, sabendo que ficou pobre, acabaram por desprezá-la. Com esta lição, Mónica percebeu que na vida as verdadeiras amizades e o carinho familiar são mais importantes, que apenas o dinheiro.

Sofia Jesus e Joana Carvalho


Efeitos da Arrogância

Era uma vez um senhor muito arrogante e egocêntrico que pensava que todo o conhecimento que tinha era o único possível que existia e não aceitava ouvir outras ideias ou críticas que o contradissessem. Sempre que sonhava, todos os seus sonhos eram incompletos e com lacunas, como uma estrada esburacada. Um dia, uma menina, vendo que ele andava sempre sozinho decidiu perguntar-lhe o porquê de andar sempre tão só. Ele respondeu-lhe que as pessoas não gostavam dele porque estas não entendiam que o seu conhecimento era o único verdadeiro e aceitável. Então a menina perguntou-lhe porque é que ele não tentava compreender também o lado das outras pessoas, aceitando também as suas ideias e opiniões. Alterado, pela influência da menina, o senhor decidiu começar a tentar ouvir e respeitar também as ideias e críticas, propostas pelos outros, ficando assim um homem mais enriquecido. A partir daí, as lacunas dos seus sonhos encheram-se e a estrada ficou sem buracos, tornando-se ele um homem mais feliz e completo. Tiago Ferreira e Jorge Pereira


História

A informação assalta-nos desde o nosso nascimento, quer através da televisão, dos livros de histórias, ou através da troca de vivências com quem nos relacionamos. Querer saber mais é condição do ser humano enquanto ser insatisfeito. Este enquanto eterno aprendiz, pesquisa, estuda … conhecimento fonte inesgotável que se percorre e persegue. Em nós, a noção de quanto mais sabemos, mais queremos saber e com tudo isto não paramos…. É este o sentido da vida? Viajar… outros países … outras culturas?! O espanto instala-se! Deparamo-nos com seres humanos que vivem o dia-a-dia respondendo, apenas, às necessidades básicas, isto é, eternos sobreviventes. Nascem, comem, dormem, enfim… a rua é a casa e a reflexão um luxo. Que sentido para a vida? Inês Pinheiro e Gabriela Fonseca


Nunca se Deve dizer Nunca

Ela era envergonhada, tinha alguns amigos, mas mesmo assim tinha uma pessoa que não suportava, pois já lhe tinha feito uma coisa da qual ela não tinha gostado muito. Ela achava que ele era arrogante, maniento, mas apesar de tudo era lindo. Não o conhecia bem, mas quando falavam nele ela ficava estranha e começava a dizer que nunca iria acontecer, nem haver nada entre eles. Certo dia, ficaram juntos num trabalho de grupo e ela ficou um pouco desmotivada, mas teve de o fazer. No final da aula, desabafou com uma amiga, dizendolhe que se calhar ele nem era tão mau rapaz como o aparentavam. Pouco tempo depois, conheceram-se melhor e começaram a sentir uma amizade especial um pelo outro, até que começaram a namorar. A amiga ficou feliz por ela, mas relembrou- lhe que não deveria ter dito que nunca iria acontecer nada, e que não o deveria ter julgado pelas aparências nem pelo que as outras pessoas diziam dele. Elas aprenderam que não se deve julgar as pessoas pelas aparências, nem pelo que as outras pessoas dizem. Primeiro devemos conhecer as pessoas e só depois julgálas. Nunca devemos dizer nunca, pois muito o que nos acontece na vida não é previsível, nem controlável. Carolina Brás e Andreia Oliveira


O Tempo Fugiu

Horácio era um senhor normal. Com uma profissão normal. O seu dia-a-dia era caraterizado pela vontade de sair e pela pressa de chegar. Certo dia, Horácio passou por uma relojoaria e ficou intrigado com a publicidade que esta apresentava: “Podíamos ter uma casa sem teto, uma caneta sem tinta, mas já imaginou ter um relógio sem ponteiros?”. Para que serve um relógio sem ponteiros? – questionava-se o Sr. Horácio. Um relógio sem ponteiros não serve para absolutamente nada – pensava ele. No dia seguinte, ao passar novamente pela loja, resolveu entrar. Acabando por sair com um relógio sem ponteiros no pulso. A partir daí a sua vida nunca mais foi a mesma. O seu relógio tinha a capacidade de transformar uma hora num minuto e um minuto numahora. Os segundos pareciam dias e as noites pareciam segundos. Os seus dias deixaram de ser monótonos, o preto do seu dia-a-dia transformou-se no espetro mais colorido de todos. Horácio estava feliz como nunca antes estivera. Se até aqui Horácio tinha palavras por dizer ou atos por cumprir, com o seu relógio isso deixou de acontecer. Horácio ficou em silêncio, vivendo o seu momento presente, deixando que as coisas boas da vida ocupassem o espaço vazio que a correria da vida deixara. Carolina Pereira e Diana Simões


Pensamento

Acordo, olho em volta… Nada vejo senão realidade, triste ou feliz pouco importa. Será possível adormecer sem sonhar? O sonho é a visão do dormir. Acordado vejo o que tenho e posso, e a dormir o que quero e recuso acima de tudo e todos. Encosto-me á cadeira. Gosto dela. Penso sobre o que sei hoje e anseio saber amanhã. Á minha frente vejo um espelho embaciado com o vapor do chá. No fundo do espelho vejo alguém a pensar, sobre alguém a pensar, sobre alguém a pensar… gosto disto. Faz-me companhia saber que eu não sou apenas um, mas várias pessoas iguais e diferentes, todas com o mesmo objetivo... viver. A vida parece um ciclo. “Do pó vieste e ao pó voltarás” é uma frase horrenda que nos lembra que depois de nascer esperamos a morte, e que a vida não é mais do que uma passagem. Depois de morrer apodreço na terra e pouco importa o resto da história. Pouco importa se descobri alguma coisa que interesse ou se vivi sentado com um copo vazio na mão. Se é assim porque nos esforçamos? Todos os dias sento-me e penso sobre esta pergunta “porque nos esforçamos”… se não vale a pena nos esforçarmos, porque penso eu nela? Eu penso que há algo dentro da minha cabeça que me empurra para a frente quando penso demais sobre alguma coisa. Eu sou assim…gosto de divagar sem me perder. Não deixa de ser um ciclo… Acordo, olho em volta… o chá arrefeceu!

Leandro Silva e Soraia Simões


A corrida dos sentimentos

Na cidade de Lisboa havia uma aldeia onde moravam os sentimentos: o amor, a coragem, o orgulho, a vaidade, a saudade e muitos outros. Certo dia, estes habitantes decidiram fazer uma corrida de carros. No momento, estavam todos preparados no local de partida, mas sentiam-se um pouco apertados visto que, a vaidade, tentando dar mais nas vistas, levou um camião novo. A corrida iniciou-se e passado poucos minutos destacava-se o amor em primeiro lugar, o que se alterou logo na quinta curva dado que o carro deste capotou. Como se estava a magoar e temia a morte, o amor começou a pedir ajuda a quem passava. Começou pelo orgulho que se rejeitou a ajudar pois queria ganhar aquela prova. Prosseguiu pela saudade que também o abandonou pois estava com pressa para ver alguém que já não via algum tempo. Seguidamente tentou com a alegria, mas esta ia tão feliz que nem o ouviu. Quando olhou para ver quem seria o próximo viu a vaidade dentro do seu camião, que era tão grande, que o mais provável era passar-lhe por cima. O amor entrou em pânico e começou a gritar. De repente, apareceu um carro na pista que facilmente conseguiu ultrapassar o camião e salvá-lo. Depois de estar a salvo, o amor perguntou para a sabedoria: - Quem era aquele? E a sabedoria respondeu: - Era o tempo. - O tempo? Mas porque é que só o tempo me salvou? – Interrogou. - Porque só o tempo é capaz de entender o amor. (Nota: só o tempo é capaz de entender o amor pois amar não é só dizer que se gosta. Para amar é preciso tempo para conhecer a pessoa e ter a certeza do que se sente.). Joana Fernandes


Receita para uma boa amizade

Toma-se um quilo de amor Com um cálice de alegria Um frasco cheio de beijos Tudo em boa companhia. Com o pacote de ternura E os sentimentos em banho-maria

Prepara-se o ponto de caramelo E ficará tudo em sintonia. Em forma bem untada De sorrisos derretidos Vai cozer a confiança Em todos os sentidos.

Polvilhado de paciência Fica bem decorado E com um sopro de fantasia Fica mais encantado. Beatriz


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