Obesidade Infantil

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Projecto Bebé + Temática da Saúde Infantil Psicóloga Linda Candeias

Obesidade Infantil: qual o papel da família? Segundo a Organização Mundial de Saúde (O.M.S.), o excesso de peso e a obesidade dizem respeito a uma acumulação anormal ou excessiva de gordura, que pode pôr em causa a saúde do indivíduo. Esta condição constitui, para a O.M.S., um problema de saúde agudo, estimando-se que cerca de 10 a 30% das crianças e entre 8 a 25% dos adolescentes europeus possuam excesso de gordura corporal. Tais dados revelam-se especialmente preocupantes quando se enumeram as diversas consequências físicas e psicológicas que podem advir do excesso de peso. Numa vertente física, as crianças com excesso de peso e obesidade apresentam uma maior probabilidade de desenvolver hiperlipidemia, hipertensão e doenças cardiovasculares, bem como problemas endócrinos (como a resistência à insulina, associada à Diabetes Tipo II), gástricos, pulmonares (p.e., apneia do sono, associada a efeitos negativos na aprendizagem e memória), ortopédicos e neurológicos (Committee on Nutrition, 1967; Zametkin et al., 2004; Dehghan et al., 2005). A investigação tem, ainda, demonstrado a existência de implicações psicossociais ligadas ao excesso de peso e da obesidade (Mills & Andrianopoulos, 1993; Strauss, 2000; Zametkin et al., 2004; Dehghan et al., 2005). Assim, é possível identificar um aumento da predisposição para o desenvolvimento de problemas psicológicos e psiquiátricos (tais como depressão, ansiedade…), assim como problemas comportamentais e emocionais. Há, também um aumento da probabilidade de desenvolver comportamentos de risco (consumo de álcool e tabaco), estigmatização e discriminação sociais, desenvolvimento de uma imagem corporal negativa, insatisfação com a aparência física e, consequentemente, efeitos negativos na auto-estima. Dada esta multiplicidade de efeitos da obesidade e do excesso de peso, torna-se urgente intervir já durante a infância, uma vez que crianças com excesso de peso tendem a tornar-se adultos com excesso de peso, nos quais a inversão do processo é, já, extremamente difícil. Contudo, não será difícil concluir que a melhor estratégia para combater a obesidade é a prevenção. Os estudos mostram que o excesso de peso e a obesidade infantis podem ter diversas causas, nomeadamente: 1. Uma delas será a dieta: uma ingestão superior ao gasto, porções desadequadas, uma ingestão exagerada de gorduras e a disponibilidade e acessibilidade a alimentos altamente calóricos podem contribuir, em grande parte, para o desenvolvimento desta condição (Dehghan et al., 2005).

Av. da República nº 872, 2º andar – sala 2.6 / 4430-190 V.N.Gaia T: 966 470 355geral@projectobebemais.com www.projectobebemais.com projectobebemais.blogs.sapo.pt


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2. Outra causa será a actividade física (Dehghan et al., 2005). A preferência por actividades de entretenimento, tendo por base a televisão, as consolas e os computadores, traduz-se no desenvolvimento de hábitos cada vez mais sedentários. 3. A genética, por sua vez, estabelece um limite biológico para o metabolismo, sabendo-se que pais com obesidade terão, com maior probabilidade, filhos com obesidade. 4. Existem, também, factores orgânicos ligados ao excesso de peso. Por exemplo, o mau funcionamento hormonal pode levar à dificuldade de inibição do apetite, culminando, por sua vez, num aumento da ingestão. Concentremo-nos, agora, numa causa não menos importante e de grande relevância na prevenção da obesidade: os factores familiares. Os comportamentos parentais influenciam grandemente os hábitos da criança, existindo práticas muito comuns, que podem afectar a capacidade da criança para adquirir hábitos saudáveis (Rhee, 2008). Exemplos disso são: - Obrigar a criança a comer quando esta recusa fazê-lo; -Oferecer recompensas para que ela coma; - Limitar o acesso a determinados alimentos “proibidos” ou oferecer porções desadequadas. A adopção de comportamentos deste tipo implicam retirar autonomia à criança, reduzindo a sua capacidade para reconhecer os sinais internos de saciedade e de fome. Para além disso, afecta o desenvolvimento das suas preferências alimentares e leva à valorização de alimentos não acessíveis, uma vez que a criança terá uma tendência para consumir este tipo de alimentos em maior quantidade quando se tornarem acessíveis (“o fruto proibido é o mais apetecido”). Por outro lado, há uma série de comportamentos que os pais podem adoptar para fomentar os hábitos saudáveis nos seus filhos (Epstein & Wing, 1987; Robinson, 1999; Golan & Weizman, 2001): - Os alimentos saudáveis, como a fruta, por exemplo, devem estar expostos e disponíveis, já que aumenta a probabilidade de ingestão e de preferência por alimentos saudáveis; - As refeições em família devem ser privilegiadas, bem como a resposta positiva a comportamentos saudáveis demonstrados pela criança. Para além disso, a adopção de hábitos saudáveis por parte dos pais, levará ao desenvolvimento de hábitos saudáveis nos filhos, uma vez que as crianças aprendem muito por imitação. Olhando para as consequências da obesidade e para a relativa facilidade com que podemos evitá-la, é notória a necessidade de desenvolver estratégias de prevenção, começando pelo próprio lar. Av. da República nº 872, 2º andar – sala 2.6 / 4430-190 V.N.Gaia T: 966 470 355geral@projectobebemais.com www.projectobebemais.com projectobebemais.blogs.sapo.pt


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____________________________________________________________________________ Tema desenvolvido por: Linda Candeias Psicóloga do Desenvolvimento Mestranda em Temas de Psicologia: Psicologia do Desenvolvimento e Educação da Criança

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