PROJETOS CODHAB
2015-2018
P R OJ E TO S 2015
2018
EDITORIAL por Marcelo Pimenta
4
A partir de 2015, a Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal [Codhab/DF] iniciou um processo de mudança de paradigmas na forma de tratar o tema da habitação de interesse social. A execução da política habitacional, que até então muito estava voltada à provisão de unidades através do Programa Morar Bem, o MCMV no DF, no fim das contas privilegiava o desenvolvimento de um setor econômico sem lidar com outras questões tão importantes quanto, tais como o déficit qualitativo das habitações existentes, fruto de autoconstrução, e a proposição de soluções alternativas - tanto no âmbito do desenho urbano quanto da arquitetura - para o complexo problema. Esse sistema, ainda, não apresentava, em seus processos e produtos, alguns valores que consideramos importantes enquanto arquitetos e urbanistas, tais como a integração urbana das edificações e o uso misto nos novos conjuntos, além de questões próprias de arquitetura, como plantas flexíveis e ventilação cruzada, e, ainda, a experiência de imersão nas áreas de regularização de interesse social, promovendo a Lei de Assistência Técnica em Arquitetura e Urbanismo (Lei 11.888/08). Percebeu-se, então, a necessidade de alterar o modelo vigente no sentido de ampliar o espectro de abordagens no campo da habitação de interesse social e da produção da cidade. Nesse contexto, foram introduzidas, gradativamente, três novidades na estrutura da Codhab: 1) os Concursos de Projeto de Arquitetura e/ou Urbanismo; 2) a Diretoria de Assistência Técnica em Arquitetura e Urbanismo, com postos avançados em Áreas de Regularização de Interesse Social; e 3) Equipes de Projetos, que possibilitaram uma produção interna de soluções para habitação de interesse social e para regularização fundiária.
uma área da Companhia capaz de produzir projetos de arquitetura, assim como de estruturas, instalações e infraestruturas, e de urbanismo para regularização fundiária. A partir das sucessivas experiências com as situações de projeto, começamos a empreender uma série de discussões internas e externas que possibilitaram, além de algumas revisões conceituais dentro da Companhia, alimentar discussões no âmbito da revisão do COE/DF. Fator de especial relevância que permitiu avanços nesse sentido foi termos a ampla presença de arquitetos e urbanistas comprometidos com a agenda urbana na Companhia de Habitação do Distrito Federal [Codhab] e na Secretaria de Gestão Territorial e Habitacional [Segeth]. Os projetos apresentados nesta revista são um recorte da produção interna das Equipes de Projetos para novas edificações e para regularização fundiária da Codhab no período entre 2015 a 2018. Estão organizados segundo tipos e escalas: inicialmente residências unifamiliares, logo multifamiliares e por fim projetos urbanísticos. Vale ressaltar que durante os processos de projeto, as equipes de arquitetura, engenharia e urbanismo estiveram em constante diálogo, de modo a buscar melhor integração das propostas e maior discussão das possibilidades de desenho. Esperamos, com esta publicação, contribuir no debate das soluções de projeto para habitação de interesse social, entendendo, ainda, que habitação não é apenas a residência, mas o conjunto de espaços, construídos ou não, que compõem a vida urbana de uma cidade.
As Equipes de Projetos, com arquitetos e engenheiros em seu quadro, começaram a se formar no segundo semestre de 2015. O objetivo era consolidar
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2
10
4 3
14 7
6
12
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8
13
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ÍNDICE 1_ projeto na medida 2_ casas 3,75 3_ casa t8 protótipo 4_ casa t8 5_ casa m6 6_ casa s12 protótipo 7_ casa s12 8_ casa s7,5 9_ lajes cobertas 10_ urbanização linear para santa luzia 11_ protótipo santa luzia 12_ edifício m1 13_ edifício m2
08 18 28 36 46 56 64 72 82 90 102 114 124
POR QUE UM ATELIÊ DE PROJETOS DE REGULARIZAÇÃO DENTRO DA CODHAB?
134
14_ sol nascente 15_ pontas de quadra 16_ nova planaltina
138 146 154
equipes expediente
164 166
8
info Cidade | Samambaia Área | variável ARQ | Jéssica Spehar, Mariana Bomtempo, Luiz Sarmento, Marcelo Pimenta, Daniel Koji, Caterina Ferrero, Paulo Cavalcante, Marcela Zago, Niele Pires, Erick Welson, Sandra Marinho e Isabel Alencar
PROJETO NA MEDIDA
Esta foi uma das primeiras experiências práticas do eixo Projeto na Medida, um dos cinco eixos do Programa Habita Brasília, a Política Habitacional do Governo de Brasília. Doze arquitetos de diferentes áreas da Codhab foram direcionados a doze famílias atendidas pela Companhia inicialmente no eixo Lote Legal, em que se oferta lotes urbanizados. A equipe organizou reuniões coletivas e individualizadas para elaborar, junto às famílias, seus projetos do começo ao fim, desde os programas de necessidades, passando pelos estudos preliminares e anteprojetos. Aprovaramse os projetos no órgão competente e reuniu-se toda a documentação necessária para a emissão dos respectivos alvarás de construção. Por fim, os projetos executivos de arquitetura, instalações e estruturas foram entregues às famílias em um caderno técnico que ia anexo às escrituras dos terrenos que haviam acabado de adquirir.
Acreditamos que o fomento de trabalhos dessa natureza é importante na desconstrução da figura do arquiteto enquanto profissional restrito a resoluções de problemas das elites. Após esta primeira experiência foi possível aprimorar os métodos de projeto e atendimento, culminando em um trabalho em que foi possível, em período de cerca de três meses e com uma equipe reduzida, atender a 140 famílias, entregando, por fim, a cada uma delas, um caderno A4 com os projetos executivos de arquitetura, instalações e estruturas de suas casas.
1
QR 1033
N 0
10
20
Planta de Situação Planta de Situação Qd. 1033 Conj. 6 Lotes 1 a 10 e 27 e 28 Samambaia Qd. 1033 Conj. 5 Lotes 1 a DF 10 e 27 e 28 - Samambaia DF
Perspectiva isomética do conjunto
10
0
1
2
Planta baixa PLANTA BAIXA Proposta arq. arq. Mariana Mariana Bomtempo Proposta Bomtempo Lote 02
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0
1
2
Planta baixa PLANTA BAIXA Propostaarq. arq. Jéssica Jéssica Spehar Spehar Proposta Lote 01 01 Lote
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0
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2
Planta baixa PLANTA BAIXA Propostaarq. arq. Luiz Luiz Sarmento Sarmento Proposta Lote Lote 03 03
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2
Planta baixa PLANTA BAIXA Proposta arq. arq. Marcelo Pimenta Proposta Lote 04 Lote 04
0
1
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PLANTA BAIXA Planta baixa Proposta Proposta arq. arq. Daniel Daniel Koji Lote Lote 05 05
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0
1
2
PLANTA BAIXA Planta baixa Proposta Proposta arq. arq. Caterina Caterina Ferrero Lote Lote 06 06
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1
2
PLANTA BAIXA Planta baixa Proposta Proposta arq. arq. Paulo Cavalcante Lote 07 07 Lote
0
1
2
Planta baixa PLANTA BAIXA Proposta arq. arq. Marcela Marcela Zago Proposta Lote Lote 08 08
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Planta baixa PLANTA BAIXA Proposta arq. arq. Niele Niele Pires Proposta Lote Lote 09 09
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PLANTA BAIXA Planta baixa Proposta Proposta arq. arq. Erick Erick Welson Welson Lote Lote 10 10
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Planta baixa PLANTA BAIXA Proposta arq. arq. Sandra Sandra Marinho Proposta Lote Lote 27 27
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1
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Planta baixa PLANTA BAIXA Proposta arq. arq. Isabel Alencar Proposta Lote 28 28 Lote
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info Cidade | Brazlândia Áreas | Casa Térrea - 56,7m² Casa Sobreposta - 113,4m² Casa 2 pavimentos - 102,6m²
2
ARQ | Erick Welson, Marcelo Pimenta e Guilherme Araújo _ estag.: Lorrane Lourençone, Júlia Vilanova, Lucas Bernardes e Pâmela Barros INS | Diego Cruz _ estag.: Wagner Nascimento
CASAS 3,75
Os parâmetros convencionais para novos parcelamentos urbanos, estabelecidos na Lei de Parcelamento do Solo Urbano (Lei nº 6.766/79, Art. 4º), assim como, em Brasília, no PDOT (Lei Complementar nº 854/12, Art. 43º), definem um padrão em que a área mínima de um lote qualquer seja de 125m² e sua frente mínima de 5m de comprimento. Embora as respectivas leis flexibilizem tais medidas para situações de interesse social, a serem previamente aprovadas pelo órgão competente, a práxis urbanística e de licenciamentos ainda se posiciona de modo bastante reticente quando sugeridas dimensões alternativas mais justas que aquelas. Culturalmente, ainda estamos pouco habituados a lotes mais compactos. Entendemos, porém, que dimensões menores que essas são viáveis e importantes na proposição de cidades menos esparsas que busquem solucionar a questão da demanda pelo solo urbano. Para demonstrar
isso, foram desenvolvidas três soluções habitacionais unifamiliares com frente de 3,75m de comprimento e que cabem em lotes de área menor do que 125m². Vale ressaltar que as propostas estão de acordo com os parâmetros estabelecidos pelo Código de Obras, assim como pela NBR 9050/15, de Acessibilidade. O contraponto foi feito a fim de fomentar propostas alternativas e adequadas com um melhor adensamento urbano, favorecendo a economia urbana no sentido da otimização da infraestrutura local e da dinamização social. As três soluções, todas com 3,75m de fachada, são: a) uma casa térrea unifamiliar, com maior profundidade; b) uma solução de casas sobrepostas, com acesso independente; e c) uma casa de dois pavimentos, com menor profundidade. Nas três propostas valeu-se de pátios internos para ventilação e iluminação direta em todos os cômodos.
19
EQ.55/58
PRAÇA
Casas sobrepostas
Casas 2 pavimentos
CONJ. K
EQ.55/58
INST
PRAÇA CONJ. I
CONJ. I
CONJ. J
CONJ. D CONJ. B
CONJ. H
QUADRA 55
CONJ. F
Casas 2 pavimentos
QD.55
EQ.55/56
CONJ. G
CONJ. C
Casas 2 pavimentos
Casas térreas
CONJ. A
CONJ. E
N 20
0
10
20
30
40
50
Planta de Situação RA IV IV -- Brazlândia/DF Brazlândia DF RA
2
3 1
1. Casa tĂŠrrea
2. Casa sobreposta
3. Casa 2 pavimentos
21
% %
22
Planta baixa 4PERXE FEM\E Casa térrea 'EWE XɰVVIE
23
Corte AA
24
4PERXE FEM\E Planta baixa 'EWEW WSFVITSWXEW Casas sobrepostas
Corte AA 25
26
Planta ocupação 4PERXE SGYTEɮɪS Casas 2 pavimentos 'EWE TEZMQIRXSW Térreo 8ɰVVIS
Planta ocupação 4PERXE SGYTEɮɪS Casas 2 pavimentos 'EWE TEZMQIRXSW 1º pavimento { 4EZMQIRXS
Corte AA
27
28
info Cidade | Sol Nascente, Ceilândia Área | 66,23m²
3
ARQ | Marcelo Pimenta e Guilherme Araújo _estag.: Luciano Salomão, Serena Ferreira e Júlia Vilanova INS | Diego Cruz EST | Leandro Farinha e Leonardo Katori _ estag.: Vinícius Mihsen, Amanda Borges e Tharcio Castro
CASA T8 PROTÓTIPO
realidade aumentada passo-a-passo 1. Baixe o app AUGmentecture 2. Clique em “Scan a new model” e aponte a câmera para o QR Code abaixo
3. Após finalizar o download, aponte a câmera para o blueprint presente no verso da revista e visualize a maquete eletrônica
Este é um projeto de casa térrea unifamiliar desenvolvido para lotes com 8m frente no Sol Nascente, em Ceilândia. Na área determinada, havia 162 lotes disponíveis para a implantação de tal unidade. Foi definido pela gestão que a contratação de tal obra se faria através do programa MCMV. Nesse sentido, analisou-se inicialmente todo o regramento pertinente e as Especificações Técnicas mínimas que regem os projetos para unidades habitacionais no programa1. Entendendo que uma série de parâmetros faziam-se demasiadamente restritivos ou eram negativos, mantivemos determinadas soluções que considerávamos mais justas e adequadas para o projeto, tal como a substituição da laje obrigatória pela utilização de telha isotérmica no sistema de cobertura, complementada internamente com forro de gesso acartonado. Sub-
metemos o projeto à análise do agente financeiro e a resposta que recebemos foi negativa para as soluções técnicas alternativas às apresentadas naquele manual de Especificações Técnicas. Dada urgência em licitar-se a obra, associada à falta de recursos humanos, financeiros e técnicos para eventualmente elaborar os ensaios necessários às proposições de sistemas alternativos, a decisão foi por executar, com recursos próprios, 01 unidade de acordo com a solução inicial e, com recursos do agente financeiro do PCMMV, 161 unidades ajustadas àqueles requisitos técnicos.
1 http://www.cidades.gov.br/habitacao-cidades/programa-minhacasa-minha-vida-pmcmv/especificacoes-tecnicas
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Nesse sentido, este projeto, denominado Casa T8 Protótipo, é uma alternativa que utiliza algumas soluções construtivas não compreendidas pelo sistema de análise e financiamento convencional do PMCMV. Colocase, assim, como experiência que visa demonstrar a viabilidade de utilizarem-se soluções alternativas àquelas e, ainda assim, chegar-se a um bom resultado. Em termos espaciais, a proposta origina-se a partir de uma divisão em três partes da largura de 8 metros, de forma a gerar um conjunto geminado que propicie a conformação de uma fachada urbana. Concentra-se um núcleo rígido ao centro e liberam-se as porções laterais, permitindo nelas uma continuidade entre as fachadas frontal e posterior. Dessa forma, flexibiliza-se o uso dado ao espaço, facilitando também uma possível expansão da edificação nesse sentido. Funcionalmente, compõe-se de sala e cozinha conjugadas, três quartos, banheiro e lavanderia. Toda a ventilação e iluminação são realizadas pelas fachadas frontal e posterior, que contam com beirais de proteção à insolação direta e demais intempéries. Internamente, utiliza-se alvenarias apenas no núcleo que reúne as instalações hidráulicas - banheiro, cozinha e lavanderia. Na vedação dos quartos utiliza-se dry-wall, o que permite maior flexibilidade em eventual reconfiguração desses ambientes. As esquadrias dos ambientes de permanência prolongada possuem folhas de correr em vidro e veneziana ventilada, permitindo controle e adequação de iluminação e ventilação.
30
Em termos de acessibilidade, a proposta é adaptável a pessoas com deficiências locomotoras – cadeirantes. As dimensões dos cômodos, circulações e a configuração do banheiro permitem, com uma simples instalação de um kit de barras e a inversão do sentido de abertura de portas, uma completa adaptação. Em termos de acabamentos, a proposta utiliza o mínimo de materiais possível. O piso é em cimento alisado, e as alvenarias internas serão aparentes. Receberão pintura específica as vedações leves – tinta PVA - e as paredes de áreas molhadas - pintura epóxi diretamente sobre o bloco. O sistema de cobertura compõe-se de telhas de desempenho termoacústico, apoiadas em estrutura metálica e forro interno em gesso acartonado. Todas as instalações da casa serão aparentes quando não passarem pelo forro. Dessa forma, pretende-se uma execução mais econômica, limpa e rápida, ainda que de qualidade. Justifica-se ainda essa decisão pela necessidade de neutralidade nos acabamentos, ou mesmo a inexistência de uma especificação inicial, o que seria importante em uma edificação como esta – uma casa a ser replicada e ocupada por famílias diversas.
B B
A A
B B
A A
0 0
1 1
2 2
Planta baixa Planta baixa baixa Planta
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Vista frontal
Interior do protรณtipo
32
Perspectiva isomĂŠtrica explodida
33
34
0
1
2
Corte AA
0
1
2
Corte BB
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info Cidade | Sol Nascente, Ceilândia Área | 67,35m²
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ARQ | Marcelo Pimenta e Guilherme Araújo. _ estag.: Luciano Salomão, Serena Ferreira e Júlia Vilanova INS | Diego Cruz EST | Leandro Farinha e Leonardo Katori _estag.: Amanda Borges e Tharcio Castro
CASA T8
Desenhou-se este projeto enquanto variação do apresentado anteriormente [Casa T8 Protótipo], a partir de adequações das soluções técnicas não compreendidas pelo sistema de análise e financiamento convencional do PMCMV. Alterou-se aqui, também, a forma do sistema de cobertura, agora com inclinação única para a frente do terreno, gerando uma forma prismática trapezoidal em que é possível abrigar sob o telhado a caixa d’água e o boiler, além de ventilar-se o colchão de ar presente entre a laje – obrigatória neste caso - e o telhamento, já que, no reequilíbrio orçamentário, optou-se por utilizar-se aqui telhas de fibrocimento. Com a ventilação da cobertura pretende-se favorecer um melhor desempenho térmico da edificação. Conta-se, ainda, com sistema de aquecimento solar de água, favorecendo um menor consumo energético da unidade. Sendo uma adaptação do projeto anterior – Casa T8 Protótipo - a casa apresenta a mesma distribuição funcional já descrita, com um núcleo central rígido onde se concentram as instalações hidráulicas e as demais vedações em divisórias de dry-wall. Diferen-
ça, porém, perceptível está na quantidade de quartos. Aqui, são dois quartos, diferentemente da proposta anterior, que conta com três. Tal divergência surgiu devido a um entendimento - no mínimo curioso - do sistema de aprovação do agente financeiro relativo a um requisito de layout da sala. Segundo este entendimento, deve-se contar com um número de lugares no sofá correspondente ao cálculo da população da casa, de dois habitantes por quarto. Assim sendo, em uma casa com três quartos, há de se apresentar um layout com dois sofás de três lugares, ou três sofás de dois lugares, por exemplo. Com três quartos, porém, a casa não permite, em sua configuração, um layout de qualidade com essa quantidade de sofás. Desse modo, teve-se de apresentar a proposta com um quarto a menos – que, todavia é potencial – a fim de atender ao citado requisito. Por último, as esquadrias apresentadas inicialmente também foram substituídas por formatos mais convencionais, uma vez que não foi aprovada a solução de porta-balcão, por uma suposta questão de segurança. A casa, assim, configura-se de um modo mais convencional em termos de soluções e acabamentos.
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PRAÇA CONJ.T2
CONJ.T1
CONJ.U
CONJ.C
5
Q
CO
PRAÇA
CONJ.D
CONJ.S2
CONJ.R
CONJ.S1
0 D.1
PRAÇA
CO Implantação do conjunto
N 0
10
20
30
40
T802, Protótipo Sol Nascente, Casa Trecho Etapa 02, Quadra 105 - Ceilândia/DF
50
N 0
10
20
30
40
50
Conjunto Móduloem emconstrução construção
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PRAÇA PRAÇA
CONJ.S2
CONJ.S1
CONJ.T1
CONJ.T2 CONJ.R
CONJ.U
Implantaçãododoconjunto conjunto Implantação Sol Nascente, Trecho 02, Etapa 02, Sol Nascente, Trecho 02, Etapa Quadra 105 - Ceilândia DF 02, Quadra 105 - Ceilândia/DF
Módulo pronto Conjunto em construção
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implantação do conjunto
Implantação do conjunto
Isométricae esistema sistemas Isométrica de de vedações vedaçãoflexíveis flexível
42
B
B A
A
A
B
B
Layout adaptado
0
1
2
Planta Plantabaixa baixa
43
44
0
1
2
Corte AA
0
1
2
Corte BB
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info Cidade | diversas Área | 20,47m² + 20,47m²
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ARQ | Marcelo Pimenta _ estag.: Luciano Salomão e Serena Ferreira
CASAS M6
Nos últimos anos, a habitação de interesse social no país foi, em sua maioria, proporcionada, definida e financiada pelo Programa Minha Casa Minha Vida - PMCMV. Produziu-se um número representativo de unidades Brasil afora, o que não significou, porém, uma experiência de diversidade em tipologia habitacional – apesar da diversidade social, urbana e bioclimática ao longo do território.
tada com seus respectivos materiais de acabamento – nem sempre de boa qualidade - a uma unidade que poderia ter uma área maior ou uma compartimentação mais livre embora sem acabamentos finais. Desconsideram-se, com isso, as necessidades mais próprias de cada família na compartimentação da casa, assim como seu potencial enquanto partícipe na solução da questão habitacional.
Pode-se sugerir a tese de que o programa tem tratado a habitação social mais como objeto econômico para fomento da indústria da construção civil que como elemento de dinamização e qualificação urbana e acesso à cidade. Diversos estudos e publicações tratam do PMCMV e indicam, quase unissonamente, lacunas urbanísticas deixadas pelo programa. Apesar do relevante aporte econômico público investido, a face pública da cidade na construção de unidades através do Programa poucas vezes tem sido solucionada.
Podem-se observar algumas experiências exitosas que tratam de sistemas residenciais abertos. No Chile1, já foram executados diversos conjuntos utilizando-se o que se chamou “sistema incremental”. Nele, a partir de uma perspectiva de necessidade de crescimento das cidades com muito pouco recurso, incluise no processo as pessoas como parte da solução e não somente do problema habitacional. Soma-se como recurso a capacidade de construção da própria população, focando os esforços iniciais nos itens mais problemáticos, de difícil execução individual e que garantam um bem comum no futuro, tal como as instalações hidrossanitárias.
O MCMV prevê e provê um sistema fechado de habitação, em que o empreendedor é obrigado a apresentar um modelo habitacional que privilegia, frente a uma proposta flexível [aberta], um sistema acabado [fechado], ou seja, privilegia-se, com um determinado orçamento, uma unidade rigidamente compartimen-
1
http://www.elementalchile.cl/projects/abc-of-incremental -housing/
47
Acredita-se, no sentido do exposto, que o programa MCMV tem defendido um conceito restritivo de habitação, o que não é positivo em um contexto socioeconômico como o brasileiro. Do ponto de vista do urbanismo, o monofuncionalismo, assim como as densidades tão baixas que se têm praticado nos complexos uni ou multifamiliares, são de uma postura irresponsável quando se leva em conta todos os custos sociais, econômicos e ambientais de infraestruturas (saneamento, mobilidade, água e luz, etc.) em implantações desse tipo. Nesse sentido, entendendo-se que, no Programa Morar Bem no Distrito Federal, o sistema MCMV de provimento habitacional em casas ou apartamentos tipo não responde qualitativamente à diversidade funcional das famílias no que diz respeito aos seus programas de necessidades, particularmente para as faixas de renda mais baixa, buscou-se um desenho alternativo à casa padrão. O Código de Obras e Edificações do DF – COE/DF, documento que baliza a aprovação de projetos no DF, até pouco tempo não contemplava sistemas residenciais alternativos para habitação social. Com o Decreto nº 38.099/17, porém, avançou-se no sentido da possibilidade de certa pluralização de tipos e propostas para HIS. Considerando, ainda, o potencial de atuação da Assistência Técnica em Arquitetura e Urbanismo para as famílias atendidas pelo Programa Habitacional do DF – Habita Brasília, defende-se como forma complementar de combate ao déficit habitacional qualitativo e quantitativo o provimento de sistemas habitacionais abertos. 48
Definiu-se um sistema de unidades que permitem justaposição horizontal e vertical sem configurar necessariamente um condomínio. Os acessos são diretos por escadas e corredores externos, vinculados às habitações contíguas. Cada unidade possui 6 metros de frente, e está dividida em duas faixas paralelas, um núcleo inicial edificado e outro de livre ocupação. Acredita-se que o conceito de habitação abranja mais do que uma construção com quarto, sala, banheiro, área de serviço e cozinha. O sistema habitacional aberto permite à família ocupar sua unidade com funções complementares aos do programa de uma casa genérica. Essa situação de uso misto é típica na historiografia da sociedade e da casa brasileira, particularmente nas casas das classes trabalhadoras, a maior parcela da população. Reinventa-se, ainda, nos dias atuais com as novas tecnologias, a internet e as situações de trabalho a distância. A diversidade e o uso misto enriquecem a vida urbana e fomentam a economia local.
M처dulo padr찾o
Proposta de expans찾o
Conjunto dos m처dulos
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&
%
&
%
50
Planta baixa 4PERXE FEM\E
& & %
% %
&
&
%
4VSTSWXE HI SGYTEɮɪS
4VSTSWXE HI
Proposta de ocupação SGYTEɮɪS
51
52
Corte AA
Corte BB
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54
Perspectiva explodida
55
56
info Cidade | Sol Nascente, Ceilândia Área | 410,34 m²
6
ARQ | Marcelo Pimenta e Guilherme Araújo _ estag.: Natália Rios, Serena Ferreira, Júlia Vilanova, Lucas Bernardes, Diego Cardoso, Cleiton do Carmo e Isadora Artiaga INS | Diego Cruz EST | Leandro Farinha _ estag.: Tharcio Castro
CASA S12 PROTÓTIPO
Este projeto foi desenvolvido a partir de um conceito de sistema habitacional aberto, em que as unidades não estão compartimentadas a priori. São, portanto, módulos estruturais (supraestrutura e vedações de divisa, assim como pontos de entrada de água e energia e saída de esgoto) que permitem à família beneficiada ter, inicialmente, o que em geral é mais crítico em situações de autoconstrução – a estrutura e as infraestruturas. Nesse sentido, são previstos elementos de estrutura e instalações, definidos de modo a estarem presentes na unidade, que apresenta, porém, uma planta de livre ocupação e compartimentação pela família. Diferentemente, porém, do projeto anterior (Casa M6), este é mais radical e configura-se em uma área contínua de piso dotada de shafts com pontos de água e eletricidade, assim como um ponto para saída de esgoto. As unidades são como lotes, que não estão, porém, diretamente sobre o solo, mas um sobre o outro. Objetiva-se, com a replicação da proposta, atender com um recurso limitado a mais famílias com os elementos mais necessários em contextos precários: estrutura (segurança) e infraestrutura (saneamento/ saúde).
Propõe-se uma edificação de uso misto potencial, em térreo mais dois pavimentos, com 12 metros de fachada divididos em duas unidades de 6 metros por pavimento. Apresenta fachadas laterais cegas, uma vez que pressupõe a geminação do módulo. O edifício será em estrutura de concreto armado, com divisórias em alvenaria e uma escada frontal externa metálica. Cada unidade possui 1/4 de sua laje de piso rebaixada, de modo a possibilitar a instalação de áreas molhadas de forma independente no sentido vertical. As unidades são vazadas e possuem varandas nas fachadas frontal e posterior, de modo a melhorar o desempenho térmico da edificação assim como proteger essas fachadas de intempéries que venham a incidir diretamente.
57
Laje rebaixada e shaft para passagem de instalaçþes da cozinha e do banheiro
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)HMJɴGMS IQ GSRWXVYɮɪS
Edifício em construção - vista posterior )HMJɴGMS IQ GSRWXVYɮɪS :MWXE TSWXIVMSV
Vista frontal do protótipo
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B
B A
A
A
B
B
A
0
1
0
60
Planta baixa
2
1
2
Planta baixa
Planta baixa
B
B A
A
A
B
B
A
0
1
Proposta Planta baixa
2
0
1
2
de ocupação
Proposta ocupação
61
62
0
1
2
Corte AA
0
1
2
Corte BB
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info Cidade | Sol Nascente, Ceilândia Área | 413,03 m²
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ARQ | Marcelo Pimenta e Guilherme Araújo _ estag.: Cleiton do Carmo, Diego Cardoso, Isadora Artiaga e Rebeca Nunes INS | Diego Cruz _ estag.: Wagner Nascimento. EST | Leandro Farinha e Tharcio Castro
CASA S12
Após a edificação da unidade Protótipo da Casa S12, em que foi exitosa a solução de sistema aberto de habitação, desenhou-se esta proposta para outros lotes daquela região. Em termos gerais, trata-se, assim como o projeto anterior, de edificação multifamiliar geminada com 6 unidades, em planta livre, com varandas frontais e posteriores e uma escada de acesso externa e frontal. Aqui também se utilizou o recurso da laje rebaixada para áreas molhadas e shafts independentes para as instalações. Optou-se, porém, em se desenhar edifícios com estrutura (pilares, vigas, lajes e escada) pré-moldada em concreto armado, dada a repetição da solução em mais de 50 lotes. As lajes aqui utilizadas são alveolares, de modo que, ao contrário da solução anterior, vencem o vão de toda a unidade, dando mais liberdade a seu futuro layout.
65
CO
NJ
CO
.E
NJ
CO
.H
NJ
CO
NJ
.K
.I
EPU
CO
NJ
.J
EPC N 66
0
10
20
30
40
50
Casa S12 Protótipo
Planta de Situação SHSN Trecho 2 Etapa 2 Quadra 105 Conjuntos E, H, I, J e K- Ceilândia DF
Laje rebaixada e shaft para passagem de instalaçþes da cozinha e do banheiro
67
B A
B
sobe
A
0
68
1
2
Planta tĂŠrreo Planta baixa
B A
B
A
0
1
2
Sugestão de layout Proposta de ocupação
69
70 0
1
2
Corte AA
0
1
2
Corte BB
71
72
info Cidade | Samambaia Área | 108,8 m²
8
ARQ | Marcelo Pimenta _ estag.: Luciano Salomão, Serena Ferreira e Júlia Vilanova INS | Diego Cruz EST | Leonardo Katori _ estag.: Vinicius Mihsen
CASA S7,5
Projeto de casa sobreposta em dois pavimentos, com 7,5 metros de fachada. Mais uma vez, parte-se do conceito de sistema residencial aberto. Compõe-se, portanto, de lajes contínuas dotadas de shafts em que chegam ou saem as instalações. Pretende-se enquanto conjunto geminado, em que as unidades são espelhadas entre si. O edifício será em estrutura de concreto armado, com divisórias em alvenaria e uma escada externa frontal de acesso ao pavimento superior. As unidades são vazadas, permitindo ventilação cruzada, com cômodos posteriores abertos para um pátio, e possuem um beiral frontal de modo a melhorar o desempenho térmico da edificação assim como proteger a fachada de intempéries.
73
56
74
Planta de Situação Quadra 1033 Conjunto 5 Lotes 11 a 26 e Conjunto 6 Lote 1 a 28 - Samambaia DF
Corte BB - longitudinal
75
&
%
&
%
76
Planta baixa térreo 4PERXE FEM\E XɰVVIS
&
%
&
%
4VSTSWXE HI SGYTEɮɪS XɰVVIS Proposta de ocupação térreo
77
78
Corte AA - transversal
0
1
2
Fachada frontal
79
82
info Cidade | Diversas Área | UH=35,58m²
9
ARQ | Marcelo Pimenta e Guilherme Araújo _ estag.: Isadora Artiaga, Cleiton do Carmo, Luiz Lopes e Rebeca Nunes INS | Diego Cruz _ estag.: Wagner Nascimento EST | Leandro Farinha, Tharcio Castro e Lucas Rincon _ estag.: Klaus Ribeiro
LAJES COBERTAS
Este projeto partiu da demanda de ter-se uma alternativa que pudesse ser eventualmente utilizada em casos de necessários reassentamentos ou provimento de abrigos de forma emergencial. Nesse sentido, desenvolveu-se uma proposta de edificação pré-moldada com uma variação mínima de peças e dimensões enxutas que pudesse ser implantada em situações diversas, seja em novas urbanizações ou em áreas em processo de regularização fundiária. Apresenta-se enquanto edificação com 5 metros de fachada, em 3 pavimentos, alinhada à calçada, e que, geminada, forma um conjunto urbano. Metade da fachada concentra a circulação vertical e todos os elementos comuns ao edifício – shaft de instalações, etc. Na outra metade da fachada, avança a janela ou acesso à unidade, que se expande para o fundo, sendo vazada. No térreo, possibilita-se a configuração de unidades comerciais, dando variabilidade para o conjunto.
Neste projeto, desprendeu-se do comum instinto e normativo projetual que prevê vagas para veículos dentro do lote em edificações multifamiliares. Quis mostrar-se que, em lotes estreitos, para a escala trabalhada, ante um eventual recuo frontal para acomodar um veículo, obtém-se maior qualidade urbana alinhando-se a edificação à calçada. No layout sugerido, apesar das pequenas dimensões, apresenta-se uma solução factível em que todos os cômodos possuem ventilação e iluminação naturais.
83
B
B
A
B
A
0
84
1
2
Planta baixa Casa térrea
B
A
A
0
1
2
Proposta de ocupação
Possibilidades de uso e shaft de instalaçþes
85
1_
4_
2_
5_
3_
86
Esquema de montagem do prĂŠ-moldado
Perspectiva isomĂŠtrica explodida dos componentes
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88 0
1
2
Corte AA
0
1
2
Corte BB
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90
info Cidade | Estrutural Extensão | 3,2km Área | 4,2Ha
10
URB | Niele Pires, Isabel Alencar e Lucas de Abreu _ estag.: Udson de Aguiar, João Augusto Guedes e Rebeca Nunes. INFRA | Tharcio Castro _ estag.: Lorrane Lourençone e Sâmia Kimberly
URBANIZAÇÃO LINEAR PARA SANTA LUZIA
ARQ | Haroldo Pinheiro, Marcelo Pimenta e Guilherme Araújo _ estag.: Júlia Vilanova, Lucas Bernardes, Isadora Artiaga, Diego Cardoso e Cleiton Carmo INS | Diego Cruz _ estag.: Wagner Nascimento EST | Leandro Farinha e Lucas Rincon _ estag.: Klaus Ribeiro
Esta é uma proposta de regularização com reassentamento, em urbanização linear nas bordas mais a norte da Cidade Estrutural. Dentro de uma nova poligonal proposta, é implantado um conjunto edilício linear em térreo mais três pavimentos. A função principal desse conjunto é abrigar cerca de 2500 unidades sobrepostas independentes, de uso predominantemente residencial, com potencial de uso misto e com módulos de equipamentos públicos comunitários, a fim de relocar a população do assentamento conhecido como Santa Luzia. Essa ocupação, fruto de parcelamento irregular às margens do Parque Nacional, é perceptível há mais de 15 anos, permanecendo e crescendo mesmo após a definição da zona em que se encontra como Área de Relevante Interesse Ecológico – ARIE - no processo de regularização da Vila Estrutural, em 2011. Em 2017, no âmbito da Ação Civil Pública 2015.01.1.057244-4, movida pelo MPDFT contra o GDF, IBRAM, TERRACAP e DER, determina-se a remoção das moradias e a recuperação florestal da ARIE da Vila Estrutural, prevendo-se considerável multa em caso de omissão.
A Codhab, presente na comunidade através do Posto de Assistência Técnica em Arquitetura e Urbanismo, apresenta uma proposta que visa como objetivos: 1. Proteger a ARIE e proporcionar, ante a degradação existente, desobstrução que permita a implantação de projeto de manejo e recuperação ambiental. 2. Promover de forma regular o reassentamento adequado das famílias que ocupam a ARIE sem deslocamento a regiões distantes. 3. Integrar o novo assentamento à dinâmica urbana existente da Cidade Estrutural. 4. Intervir sobre a menor área de solo possível, dada a exaustão de solo livre edificável na Cidade Estrutural. 5. Proporcionar uma ocupação que aproveite ao máximo as infraestruturas urbanas e serviços urbanos já existentes na Vila Estrutural, evitando a necessidade de investimentos muito vultosos nesse sentido.
91
Apresenta-se, então, uma solução de ocupação linear do território, na margem oposta livre de sua via de contorno, que, diante da realidade urbana saturada da Cidade Estrutural e da complexa situação de Santa Luzia, propõe-se a conciliar respostas para uma série de problemas de âmbitos social, urbano, ambiental, político, dentre outros que essa ocupação agrega. A solução, portanto, margeia a poligonal urbana, implantando edificações geminadas ao longo de seus 3.200m de extensão. Sendo linear, a execução pode ser pensada enquanto linha de montagem, racionalizando-se o processo construtivo do conjunto e a logística de reassentamento das famílias. Essa linha de edifícios geminados é composta de térreo mais três pavimentos, acessados por escadas e corredores externos, evitando-se a conformação de condomínios fechados em si e trazendo a rua para os níveis do edifício. Forma-se um conjunto unitário, criando um marco do limite urbano, de forma a proteger sua parte posterior de novas ocupações irregulares. Além de habitação, são previstos módulos para equipamentos e serviços públicos, além da possibilidade de comércios. Fomenta-se, assim, a dinâmica urbana e o melhor uso de espaços existentes como o Parque Urbano, que hoje apresenta pouco uso e encontra-se às margens da maior parte da cidade. Ao longo do conjunto, à sua frente, é proposta uma linha de transporte coletivo,
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de modo a tornar mais acessíveis os usos diversos dispostos em todo o seu comprimento e conectar a cidade de leste a oeste de forma contínua. Apesar de incomum no contexto de Brasília, a história da habitação no Brasil é marcada por conhecidos edifícios lineares, vale citar o Conjunto Residencial Pedregulho, assim como o Conjunto Residencial Marquês de São Vicente (conhecido como “Minhocão”), no Rio de Janeiro, de autoria do arquiteto Affonso Eduardo Reidy; o Conjunto Residencial Presidente Getúlio Vargas (Deodoro) no Rio de Janeiro, RJ, de autoria do arquiteto Flávio Marinho Rego; e ainda mais recentemente o conjunto Parque Novo Santo Amaro V, em São Paulo, do escritório Vigliecca e Associados. A diferença fundamental da presente proposta em relação a estas outras citadas é o sentido de independência das unidades, buscando-se a conformação de acessos independentes, além da solução de planta flexível, que, com somente um núcleo rígido, permite a diversa apropriação de seus espaços. Ressalta-se que toda a iluminação comum da edificação será obtida a partir de energia fotovoltaica. Com esses e outros recursos de projeto, buscou-se desonerar os custos comuns de uso do edifício e flexibilizar seu potencial de ocupação, permitindo diferentes apropriações dos espaços pelas naturalmente diferentes pessoas que o ocuparão.
N
93 Ocupações irregulares na Vila Estrutural em 2014
ARIE do Córrego da Cabeceira do Valo
Antigo Aterro Controlado
ARIE da Vila Estrutural
SCIA
Santa Luzia
Parque Nacional de Brasília
1_ Ocupação de Santa Luzia
1
7
2
3 4
5
6
7
6 1
5 2
4 3
2_ Reassentamentos da etapa 1 (84 módulos)
94
8
9 9
8
12
13
11
10
10 12 11
13
3_ Reassentamentos da etapa 2 (70 módulos)
Equipamento Público Comunitário
Módulo Habitacional
Espaço livre de uso público
Equipamento Público Comunitário (EPC) dentro do edifício linear
Centro olímpico
4_ Conjunto linear Santa Luzia
95
50 100 150 200 0
N
96
Módulo habitacional Equipamento Público Comunitário
Vias principais da Estrutural ARIE = Área de Relevante Interesse Ecológico
Planta de situação da proposta
N N
N N
Implantação com calçada típica 0
5
10
15
0
5
10
15
0
5
10
15
0
5
10
15
Implantação com área de atividades
97
1 2
3
1. Módulo habitacional
98
2. Módulo de EPC, com térreo permeável e terraço com vista 360° livre
3. Rua posterior de acesso controlado
Banheiros com laje rebaixada para independência de instalações
Corte isométrico do módulo habitacional
Elemento pré-fabricado de fachada em argamassa armada
99
00
11
22
Planta baixa tĂpica do mĂłdulo habitacional
100
00
1 1
22
Proposta de ocupação em uso misto do módulo habitacional
101
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info Cidade | Estrutural Área | 1.050,06 m²
11
ARQ | Marcelo Pimenta e Guilherme Araújo _ estag.: Serena Ferreira, Júlia Vilanova, Lucas Bernardes, Isadora Artiaga, Luiz Lopes, Cleiton do Carmo, Diego Cardoso e Rebeca Nunes INS | Diego Cruz _ estag.: Wagner Nascimento
PROTÓTIPO SANTA LUZIA
Este edifício está no contexto do projeto Urbanização Linear para Santa Luzia anteriormente descrito, sendo um módulo dele e servindo de protótipo a fim de iniciar-se uma intervenção na área de Santa Luzia. Caracteriza-se enquanto edifício institucional, uma vez que, ainda não alterada legalmente a poligonal urbana que possibilitaria a implantação de usos diversos, deve-se atender aos previstos no Plano de Manejo da ARIE da Vila Estrutural. Dessa forma, o edifício disporá de usos e serviços públicos de interesse da ARIE e da comunidade de Santa Luzia, no sentido da viabilização do projeto de regularização com reassentamento. A edificação compõe-se de lajes sobrepostas em térreo mais três pavimentos, com 20 metros de fachada que são divididos em 4 partes de 5m de fachada, gerando as unidades dos pavimentos. Cada unidade é independente, acessadas diretamente por uma circulação externa, que se configura enquanto calçada ou varanda. Uma escada frontal, assim como um elevador, dá acesso aos diferentes níveis. Toda a instalação está centralizada em uma torre-shaft que também é apoio da escada e marco visual do conjunto.
EST | Leandro Farinha e Tharcio Castro _ estag.: Klaus Ribeiro
Internamente, há apenas um núcleo rígido que configura o banheiro, cuja laje de piso é rebaixada a fim de promover a independência da unidade verticalmente. Um prisma de aeração e iluminação também ajuda a distribuir as instalações, e é peça fundamental na completa ventilação cruzada da unidade. Por estar assentado sobre antigo refugo de resíduos sólidos, elevou-se o piso térreo alguns centímetros do chão, criando-se um colchão de ar ventilado que impede a formação de bolsões de gás sob o edifício. A compartimentação do edifício, para ocupação por serviços públicos diversos, se deu a partir de um trabalho realizado em conjunto com as diversas secretarias e entidades que ali terão unidades avançadas. Foram adaptadas unidades escolares, de saúde, assistência social, dentre outras, nos planos da edificação base, criando-se um módulo multidisciplinar de atendimento àquela população.
105
N
Protótipo Protótipo Santa Luzia 0
50
100
150
200
Planta de situação ARIE da Vila Estrutural ARIE da Vila Estrutural - Santa Santa Luzia - Vila Estrutural/ DF Luzia - Vila Estrutural DF
3o_ CREAS Conselho Tutelar IBRAM Agência do Trabalhor
2o_ Unidade Básica de Saúde Estar / Copa
1o_ Posto Avançado da Codhab Secretaria de Segurança Pública Secretaria de Educação
T_ Secretaria de Educação
Serviços públicos presentes no protótipo
107
B
A
B
A
0
108
1
2
Planta do pavimento tĂŠrreo
B
A
B
A
0
1
2
Planta do 1o pavimento
109
B
A
B
A
0
110
1
2
Planta do 2o pavimento
B
A
B
A
0
1
2
Planta do 3o pavimento
111
0 112
1
2
Corte AA
0
1
2
Corte BB
113
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info Cidade | RA XII, Samambaia Área | 8.621,83 m²
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ARQ | Daniel Koji _ estag.: Matheus Miranda e Caio Fiuza INS | Diego Cruz EST | Jair Faria _ estag.: Vinícius Mihsen e Amanda Borges
EDIFÍCIO M1
Edifício multifamiliar residencial para implantação em diversos terrenos de 30m x 60m (1800m²) em Samambaia/DF.
se preveem nas janelas brises externos de correr que terão tanto a função de melhora do conforto térmico quanto de composição plástica.
Como premissa básica, priorizou-se a iluminação natural e a ventilação cruzada em todos os ambientes dos apartamentos. Dessa forma, o partido arquitetônico natural foi o de dispor as 108 unidades em 2 lâminas paralelas (de alturas diferentes em virtude do cone de afastamento de divisas) separadas pela torre central de circulação vertical, possibilitando a entrada de luz e livre circulação de ar em toda a extensão do edifício. O embasamento é composto por dois níveis de garagem, de modo a prover, segundo o exigido no até então parâmetro legal à época de sua aprovação, uma vaga de garagem por unidade.
A variação de 1, 2, e 3 quartos (36, 56 e 16 unidades, respectivamente) em um só empreendimento visa atender à maior pluralidade social possível de condôminos no edifício. Todo o edifício foi dimensionado de acordo com as especificações mínimas para empreendimentos financiados pela Caixa Econômica Federal e em conformidade com o Código de Edificações do DF. Também as circulações e banheiros possuem os parâmetros de acessibilidade definidos na NGB 9050/2015.
Quartos e salas foram especificados com janelas mais generosas que o convencionalmente utilizado em unidades de interesse social, com folhas fixa e basculante; cozinha, área de serviço e banheiro são ventilados através do corredor comum do edifício, que por sua vez é arejado por paredes em cobogós vazados.
A estrutura em concreto armado foi projetada em sistema de laje plana, a fim de minimizar a necessidade de vigas internas, o que significaria maior custo e tempo de obra considerando a maior complexidade de formas. Os pilares vencem toda a altura do edifício compatibilizando as dimensões dos cômodos dos apartamentos e das vagas e circulação da garagem. Evitam-se assim transições que também onerariam a execução da proposta.
Nos terrenos em que a orientação do prédio representará grande incidência solar nas fachadas com vidro,
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118
0
10
20
30
40
Planta de situação QN 305 Conjunto 7 - Samambaia DF
4IVWTIGXMZE I\TPSHMHE
Perspectiva explodida
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0 0
120
11
22
33
44
Planta tipo
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0
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1
2
Planta baixa 4PERXE FEM\E Apartamento 3 quartos %TEVXEQIRXS UYEVXSW
0
1
2
Planta baixa 4PERXE FEM\E 4PERXE FEM\E 4PERXE FEM\E Apartamento 2 quartos %TEVXEQIRXS UYEVXSW %TEVXEQIRXS UYEVXSW %TEVXEQIRXS UYEVXSW
0
1
2
Planta baixa 4PERXE FEM\E 4PERXE FEM\E 4PERXE FEM\E Apartamento 1 quarto
%TEVXEQIRXS UYEVXS %TEVXEQIRXS UYEVXS %TEVXEQIRXS UYEVXS
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info Cidade | RA XII, Samambaia Área | 7.008,06 m²
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ARQ | Daniel Koji _ estag.: Matheus Miranda e Caio Fiuza INS | Diego Cruz EST | Jair Faria _ estag.: Vinícius Mihsen e Amanda Borges
EDIFÍCIOS M2
Assim como a proposta anterior, essa é uma alternativa àquele tipo de lote, a fim de variar o tipo a ser implantado nos diversos lotes de mesma dimensão pertencentes à Codhab. Em dezembro de 2016, com uma mudança no Código de Edificações do DF, flexibilizou-se o número de vagas obrigatório em função da quantidade de apartamentos nos empreendimentos habitacionais de interesse social. Nesse contexto, em comparação com o edifício anterior (M1), foi possível diminuir pela metade o número de vagas de veículos, inserir 108 vagas em paraciclos, uma para cada unidade, eliminando assim um andar inteiro destinado a garagem, além de abrir espaço para reservatórios pré-fabricados em polietileno em substituição aos subterrâneos de concreto moldado in loco. Tais alterações reduziram significativamente os custos da obra e a manutenção do condomínio como um todo.
As premissas básicas seguiram as do modelo do prédio M1, mantendo-se o partido arquitetônico em 2 lâminas paralelas (de alturas diferentes em virtude do cone de afastamento de divisas) separadas pela torre central de circulação vertical, de modo a possibilitar entrada de luz e livre circulação de ar em toda a extensão do edifício. Salas foram concebidas para terem uma varanda e maior interação com a cozinha conjugada; adjacente a esta, a área de serviço e banheiro são ventilados pelo corredor comum do edifício, que é ventilado de forma permanente por cobogós. Assim como o edifício M1, apresenta variação de tipos de plantas, de modo a prover uma variedade social e na possibilidade de acesso às unidades.
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128
0
10
20
30
40
Planta de situação QS 602 Conjunto E - Samambaia DF
Perspectiva explodida
4IVWTIGXMZE I\TPSHMHE
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00
130
11
22
33
44
Planta tipo
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00
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Planta Planta baixa baixa Apartamento33quartos quartos Apartamento
00
1 1
2 2
Planta Plantabaixa baixa Apartamento 2 quartos Apartamento 2 quartos
00
11
22
Planta Plantabaixa baixa Apartamento quarto Apartamento 1 1quarto
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POR QUE UM ATELIÊ DE PROJETOS DE REGULARIZAÇÃO DENTRO DA CODHAB? por Caterina Ferrero
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Devido à complexidade dos projetos de regularização fundiária, durante muito tempo costumou-se licitá-los, abrindo mão de um controle sobre os valores urbanísticos que seriam considerados em sua produção. Sem uma participação ativa do governo, os projetos iam se arrastando no tempo sem conseguir superar em tempo hábil os diversos entraves que se apresentam diariamente nesse tipo de processo. A demora em conseguir aprovar e implantar os projetos apresenta graves consequências diante de uma realidade em evolução, de uma cidade que se transforma, se amplia e se redesenha quase diariamente. O Estado encontrava-se, portanto, dentro de um ciclo vicioso, uma vez que, devido à impossibilidade de implantar o projeto inicial, via-se obrigado a aditivar o prazo e o valor do contrato inicial, onerando os caixas em revisões e reaprovações do projeto que nunca acompanhavam a velocidade da evolução urbana.
básica aos lugares mais carentes, que muitas vezes são os ambientalmente mais frágeis.
Contratar servidores profissionais e qualificados para coordenar e conduzir os processos de regularização, portanto, não se limita à simples, embora significativa, economia de recursos devido à eliminação do processo licitatório, mas a partir do momento que o Estado se coloca como autor do projeto é possível transformar o processo, integrando os órgãos e entidades de governo e agindo diretamente sobre qualquer entrave. Permite-se, dessa forma, que o projeto seja executado em tempo hábil, conseguindo-se levar infraestrutura
As favelas, ou assentamentos informais, podem ser consideradas cidades adolescentes: já se implantaram há suficiente tempo para se reconhecerem como comunidade, para exigirem os direitos e a liberdade de uma cidade consolidada, adulta, mas ainda não há estabilidade suficiente para ser autônoma. A demanda para que sejam reconhecidas, para que sua comunidade tenha “direito à cidade” e a todos os serviços que os outros cidadãos têm é a luta que se vive diariamente. Por que adolescente? Porque a cidade
Favela: cidade viva Qualquer cidade é viva. As cidades se reinventam, se modificam, avançam e retrocedem naturalmente ao longo dos anos e isso é a garantia de sobrevivência delas. A transformação e a estratificação de processos intrínsecos faz com que cada lugar seja o espelho da sua história. Não toda cidade se encontra no mesmo estágio de evolução: não seria possível comparar a transformação de uma cidade europeia consolidada há centenas de anos com as dinâmicas de uma cidade com a idade de Brasília, por exemplo. As duas se transformam, mas o tempo e a intensidade do processo são variáveis determinantes.
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em crescimento vive e sente as transformações e os conflitos de forma intensa e radical, se rebelando frente às normas e autoridades competentes, mas ainda precisando da ajuda delas para sobreviver. Assim como qualquer adolescente essa cidade experimenta transformações rápidas e simultâneas que rendem processos complexos e delicados e que muitas vezes geram inclusive conflitos dentro da própria comunidade. O processo de regularização, apesar de ser o grande sonho de qualquer morador, não deixa de ser traumático. Novos parâmetros e imputações de responsabilidade que a urbanização inevitavelmente traz frente à situação original não são esperados e, portanto, podem gerar uma sensação de frustração para a comunidade. É contraprodutivo enfrentar o projeto de regularização fundiária como um processo estático e linear. A complexidade do processo e a quantidade de atores envolvidos faz com que periodicamente seja necessário rever a projeção que tinha sido pensada para uma determinada área: novas áreas são ocupadas, novas interferências surgem, novas soluções tem de ser pensadas para que a obra possa continuar. O fator tempo é a variável determinante do processo. Nesse sentido, licitar um projeto pode ser uma má opção, já que o produto a ser entregue se limita a um projeto que retrata uma situação fática e que acaba não tendo a flexibilidade necessária para acompanhar o pro-
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cesso de implantação, para se moldar à realidade em transformação. Outro aspecto importante a ser considerado durante o projeto de regularização fundiária são as consequências urbanas e sociais que a urbanização da área terá. A chegada do asfalto e a implantação de outras infraestruturas transforma a área em uma grande bolha de especulação imobiliária: as avenidas principais se transformam rapidamente em avenidas comerciais, os lotes que eram ocupados por casas unifamiliares com pequenos negócios familiares se transformam em prédios de uso misto com apartamentos para alugar. A promessa da regularização faz com que os terrenos valorizem e que haja uma mudança forte na composição social da comunidade. Uma cidade que tinha uma composição social e espacial horizontal conhece um processo de gentrificação, em que rapidamente as áreas mais valorizadas são compradas e reformadas e a população mais carente é empurrada para as áreas ainda irregulares. Portanto é importante que os parâmetros urbanísticos que são estabelecidos durante o processo de projeto não se limitem a fotografar a situação fática daquele momento, mas que seja feito um estudo sobre o potencial das áreas, uma pesquisa que analise como se deu a evolução urbanística de situações parecidas para estabelecer parâmetros que não nasçam já ul-
trapassados. Nesse sentido, é importante um conhecimento profundo e local da área a ser regularização, permitindo que seja feita uma avaliação da configuração urbana que ressalte o potencial de determinadas áreas para que os parâmetros urbanos possam guiar e incentivar uma organização espacial eficiente. Vários estudos de análises urbanísticas podem ser consultados: a sintaxe espacial (Bill Hiller,1984), por exemplo, tem teorizado a partir do estudo de várias cidade, qual é a tendência de organização espacial a partir do número de interseções numa determinada via, esquematizando a hierarquização das vias dentro dos assentamentos o que permite uma orientação dentro do espaço urbano. É importante encarar a definição de parâmetros como uma linha guia de evolução da cidade e não com a ilusão determinística de poder controlar a cidade. Este processo normalmente já se inicia espontaneamente e por isso é fundamental conhecer a fundo o lugar para o qual se projeta, interpretando os indícios de transformação que a cidade já nos fornece. Por último, mas não de menos importante, há o envolvimento da comunidade no processo de regularização. É dirimente para o sucesso da implantação do projeto que as lideranças sejam envolvidas, conheçam e possam opinar sobre o projeto. Todavia, o processo participativo é extremamente delicado e é importante saber escutar e interpretar as necessidades da comunidade.
Muitas vezes as lideranças apresentam um problema e propõem uma solução, cabe ao arquiteto avaliar se a proposta realmente pode ser efetiva para resolver o problema ou se há uma forma mais eficaz de proporcionar uma real melhora de vida para a comunidade. Escutar é importante para entender o local e, em particular, para conhecer as dinâmicas da comunidade e da cidade que para um ator externo muitas vezes muitas vezes podem ser difíceis de perceber e interpretar. É importante lembrar que as lideranças e a comunidade trazem problemáticas e necessidades a serem resolvidas e há a oportunidade na regularização fundiária de tentar resolver essas situações.
HILLIER, Bill; HANSON, Julienne. The social logic of space. Cambridge: Cambridge University Press, 1984
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info Cidade | Ceilândia
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ARQ | Caterina Ferrero, Marcela Zago Vilela, Wesley Waldemar Paranaíba, Niele Fernandes Pires, Paulo Silgueiro Cavalcante, Isabela Naiade N. Gardés, Rafaella da Silva Sampaio, Lara Araujo Garcia, Jessica Ferreira de Moraes e Maiara Lamas Breves. AMB | Fabio Oliveira e Silva
SOL NASCENTE
O Setor Habitacional Sol Nascente é hoje reconhecido como a maior favela da América Latina, superando o posto que até então era da favela da Rocinha no Rio de Janeiro. Apresenta um ritmo de crescimento muito veloz, cuja forma não planejada de expansão urbana, promovida por grileiros, não leva em conta a implantação de infraestruturas, promovendo riscos para os moradores e representando um grande perigo para o meio ambiente. O crescimento desordenado e a consequente impermeabilização generalizada do solo, sem a implantação de um sistema de drenagem pluvial, geram, nos períodos de chuva, correntezas e enchentes que atingem diversas habitações e produzem voçorocas que se expandem rapidamente. Da mesma forma, a falta de esgotamento sanitário em rede gera uma situação em que as casas solucionam essa questão de duas formas: instalando fossas sépticas, quase sempre rudimentares, ou então despejando o esgoto a céu aberto. As duas soluções contaminam o solo e expõem a população a riscos sanitários. Paralelamente, as ligações irregulares de água e energia fazem com que o Estado perca o controle do abastecimento e, junto com as numerosas nascentes e outros
corpos hídricos que vêm sendo aterrados pelos grileiros, agravam a crise hídrica que aflige o Distrito Federal. O processo de urbanização e regularização fundiária se põe como solução mais viável para mitigar os efeitos perversos dos avanços descontrolados no território, considerando as dimensões da ocupação e os níveis de dificuldade e custo de uma possível proposta de remoção e/ou realocação dessa população. O Setor Habitacional Sol Nascente foi instituído em 2008, sendo logo dividido em 3 trechos devido à grande extensão da ocupação. Entre 2009 e 2012 foram desenvolvidos projetos para regularização fundiária e oferta habitacional para cada trecho. Todavia, devido à demora na implantação, os projetos aprovados foram ficando defasados em relação ao crescimento da cidade. O desafio era, portanto, adequar o projeto à situação fática, garantindo que fossem proporcionados número suficiente de equipamentos públicos e qualidade urbana.
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As quadras 105 e 209 do Trecho 2 representavam uma exceção dentro do panorama do Setor Habitacional Sol Nascente, sendo umas das poucas áreas não ocupadas de forma irregular. Esse espaço era, portanto, muito valioso, uma vez que era o único local que poderia garantir, no processo de regularização, as relocações provenientes de ocupações em áreas de risco ou em conflito com a passagem de infraestruturas. Nesse sentido foi fundamental a escolha de separar o projeto de regularização em duas etapas: a Etapa 1 para a regularização das áreas consolidadas; e a Etapa 2 para as quadras ainda livres, escolha que deu a devida celeridade ao processo de projeto e aprovação, garantindo a possibilidade de implantação da proposta. O projeto para as duas quadras, todavia, não era livre de interferências e limitações. Na quadra 105 havia sido executada a tubulação de drenagem pluvial conforme o projeto original e, portanto, não era possível aportar grandes mudanças no sistema viário, enquanto na quadra 209, o projeto deveria considerar as ocupações lindeiras para não provocar uma ruptura prejudicial na malha urbana. Dessa forma, para a quadra 105 a atualização do projeto mirou prevalentemente a mudança nos parâmetros urbanísticos sem grandes alterações no desenho
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da malha urbana, enquanto para a quadra 209 foi possível propor um novo arruamento que se encaixasse com as ocupações existentes. O projeto anterior previa para essas duas quadras unicamente lotes unifamiliares, enquanto na atualização foi valorizada a variedade tipológica prevendo tanto lotes unifamiliares quanto prédios de até quatro pavimentos. Dessa forma, visou-se garantir uma paisagem urbana não monótona e aumentou-se a densidade de ocupação da área, promovendo acesso à moradia a um maior número de famílias e otimizando os custos de implantação de infraestrutura urbana, de forma a evitar o crescimento urbano horizontal numa área ambientalmente muito sensível. Tendo em vista que o sistema viário não podia ser mexido, decidiu-se criar uma determinada hierarquia viária variando as tipologias habitacionais e o uso do solo permitido. Além da Avenida principal que atravessa o trecho 2 inteiro, foram definidos como eixos principais: a) a via de penetração do bairro, a partir de um terreno para escola (polo gerador de trânsito) e b) a via de ligação com o parcelamento consolidado. Ao longo destas vias estruturantes foram previstos prédios de uso misto de 4 pavimentos com obrigatoriedade de comercio no térreo, reforçando assim o caráter principal da via.
Eixos principais
Posto de saúde
Posto policial
Ciclovia
Escola
Terminal
Casa T8 Protótipo
Casa S12 Protótipo
Casa T8
Casa S12
Eixos e equipamentos
Concurso Edifícios de Uso Misto, Quadra 105
Projeto na Medida
Projetos implantados
143
Na definição dos parâmetros de ocupação do solo foi estimulada a criação de fachadas ativas, reconhecendo o importante papel das aberturas diretas para a rua na criação de uma dinâmica urbana rica. A maioria dos prédios deverá, portanto, alinhar a fachada principal à frente do lote, enquanto, para as unidades unifamiliares, não foi previsto nenhum afastamento obrigatório. O projeto anterior previa 6 conjuntos em L que, por representarem um desafio de implantação mais complexo, foram destinados a concurso nacional de projetos de forma que fosse garantida a melhor solução possível para o tipo de lote. Os parâmetros ficaram menos restritivos, permitindo que os concorrentes tivessem maior liberdade de explorar o potencial do local. Todos os coeficientes foram longamente discutidos com a equipe de projeto que estava desenvolvendo os projetos arquitetônicos para os lotes unifamiliares e para as casas sobrepostas. Esse diálogo foi fundamental para testar os índices e garantir o melhor aproveitamento dos lotes, e também para mostrar de forma evidente como a obrigatoriedade de vagas de estacionamento dentro do lote limitava seu potencial construtivo e as tipologias possíveis. No código de obras era estabelecida a necessidade de uma vaga para cada apartamento, todavia, aplicando esta regra a lotes pequenos, típicos das áreas de baixa renda,
144
isso representava uma enorme limitação sendo que o número de vagas possíveis determinava o número de potencias apartamentos: muitas vezes era necessário diminuir o número de apartamentos por não haver condição de criar vagas de carro suficientes. Dessa forma, o potencial construtivo dos lotes era reduzido a 25%, chegando ao paradoxo de estar construindose abrigo para carros e não para as pessoas. Estes estudos serviram para reforçar a luta da Secretaria de Habitação que se concretizou no Decreto que permite a redução de vagas obrigatórias para as áreas de habitação de interesse social. O número de áreas destinadas a equipamentos públicos foi aumentado, considerando o aumento da densidade para o setor e compensando as áreas de equipamentos do resto do trecho que já foram ocupadas de forma irregular. Dessa forma, se garantiu no projeto o acesso ao atendimento básico sem que a população necessite se deslocar até áreas mais distantes em Ceilândia. Da mesma forma reservou-se um grande lote para permitir a construção de um terminal e garagem de ônibus, o que vai melhorar as condições de mobilidade e o atendimento do transporte público para a região como um todo.
Taxa de ocupação C.A.
GAB
Coeficiente de aproveitamento Gabarito Fornecimento de água
USO MISTO 1
USO MISTO 2
Escola CAESB (Fornecimento de Água) Posto de Saúde Terminal de Ônibus Posto Policial SEDEST
USO RESIDENCIAL
Multifamiliar
Multifamiliar
Comércio não obrigatório
Comércio obrigatório
GAB
8 metros
16 metros
C.A.
< 1000 m2 : 1
2
C.A.
> 1000 m2 : 0,8
16 metros
GAB
GAB
2
C.A.
1. 2. 3. 4. 5. 6.
C.A.
80%
Unifamiliar
80%
80%
1 3 6
5
4
2 3
1
EQUIPAMENTO URBANO CAESB GAB C.A.
EQUIPAMENTO COMUNITÁRIO GAB
12 metros 1
C.A.
16 metros 1 < 1000 m2 : 70%
< 1000 m : 70% 2
> 1000 m2 : 80%
> 1000 m2 : 80% Uso do solo
145
Praรงa central quadra 209
148
info Cidade | Sobradinho II
15
ARQ | Niele Fernandes Pires, Marcela Zago Vilela, Rafaella da Silva Sampaio, Wesley Waldemar Paranaíba, Caterina Ferrero, Paulo Silgueiro Cavalcante, Isabela Naiade N. Gardés, Lara Araujo Garcia, Jessica Ferreira de Moraes, Maiara Lamas Breves AMB | Fabio Oliveira e Silva
PONTAS DE QUADRA
O Governo de Brasília trabalha, atualmente, em numerosos projetos de regularização fundiária para pontas de quadra e becos ocupados. Ponta de quadra é a denominação que foi dada aos casos em que os moradores acrescentam lotes nas extremidades de determinados Conjuntos de forma irregular, ocupando áreas que originalmente eram públicas, destinadas a calçadas, largos ou praças. Os becos referem-se aos espaços livres entre dois lotes a fim de permitir a passagem de pedestres e que são, da mesma forma, ocupados em muitos casos. Essas situações nos dão importante oportunidade de fazer uma análise pós-ocupacional dos projetos urbanísticos que foram desenvolvidos a seu tempo para estas localidades. Como sabemos, a cidade é viva, cresce, desenvolve-se, e adapta-se às circunstâncias da dinâmica urbanas que se cria em seu contexto social e econômico. No momento do desenvolvimento de um projeto urbanístico, uma das maiores questões que se apresentam é a tentativa de entender as dinâmicas já presentes, avaliar se elas são saudáveis para a cidade, se estimulam o contato social e a vivência
ativa da cidade ou se, pelo contrário, estão proporcionando espaços segregados, favorecendo a guetização dos lugres e desestimulando o fortalecimento dos vínculos sociais. Uma vez identificadas e avaliadas essas dinâmicas, o desafio que se impõe, portanto, é o de produzir um projeto que consiga estimular as vivências positivas e fortalecer os laços sociais, assim como tentar reverter situações negativas. A literatura nos traz vários exemplos de como resolver determinados problemas, sendo possível visitar estudos de caso que nos mostram exemplos bem sucedidos ou não. Todavia, a cidade é uma combinação de elementos complexos, que envolvem não só o desenho urbano, mas a cultura local, a história dos seus habitantes, fatores climáticos e ambientais, dentre outros, que criam situações únicas e que podem ser determinantes no sucesso ou fracasso das soluções propostas. Não existe, assim, uma receita de bolo para a cidade. Assim como cada médico tem que avaliar cada paciente independentemente, assim o urbanista tem que conhecer de perto a realidade para a qual está projetando.
149
5
4
3
2
1
Áreas com situações semelhantes 1. 2. 3. 4.
Gama Taguatinga Ceilândia Brazlândia
Área do projeto 5. Sobradinho II
A avaliação pós-ocupacional de experiências urbanas que apresentam contextos socioeconômicos paralelos tem se colocado como umas das melhores ferramentas para melhorar os projetos de urbanismo e deixar de incorrer em soluções não exitosas. O que podemos aprender com a ocupação de becos e ponta de quadras? A ocupação de becos e pontas de quadra são exemplos de como a cidade se adapta às soluções urbanísticas adotadas, modificando situações que muitas vezes não foram apropriadas ao contexto social em que foram implantadas. O propósito de criar os becos, por exemplo, é nobre: as passagens para pedestres favoreceria a permeabilidade urbana entre os conjuntos permitindo melhor circulação de pedestres, ao mesmo tempo em que proporcionariam espaços livres de lazer para os moradores da quadra. Todavia, a falta de aberturas para esses espaços, associado a uma situação de desigualdade e conflito social, os tornaram pontos inóspitos que transmitiam sensação de insegurança. As empenas cegas dos muros que normalmente confrontam esses espaços fecharam “os olhos da rua” (JACOBS, 20001): a falta de aberturas impossibilita o
olhar dos moradores que observam a vida acontecendo na rua, exercendo uma vigilância coletiva natural do que acontece no espaço. A falta desse controle indireto faz com que as pessoas não se sintam confortáveis para transitar nesse espaço, criando um círculo vicioso em que a ausência de transeuntes reforça essa sensação, promovendo a transformação desse espaço em um ponto de conflito urbano. Essa situação, não sendo perceptível aos gestores urbanos, ou pelo menos não sendo modificada, fez com que a cidade se apropriasse informalmente desses espaços: esses vazios urbanos, pontos de violência dentro dos conjuntos, começaram a ser ocupados, o que, apesar da questão fundiária a ser resolvida, colaborou com a solução da dinâmica patológica que era gerada. Por outro lado, cada vez mais se reduzia a quantidade de espaços livres públicos no entorno urbano, e os conjuntos, muitas vezes bastante compridos no desenho das ruas nas cidades satélites de Brasília, formavam grande barreiras para a circulação dos pedestres.
1
JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades. São Paulo: Martins Fontes, 2000
151
O que nos resta é aprender a lição que a cidade nos proporcionou: é necessário permitir a permeabilidade urbana, mas diminuindo o tamanho dos conjuntos, incentivando com isso o uso seguro da cidade por pedestres. Todavia, para que isso possa realmente funcionar é necessário que as fachadas que confrontam os espaços de circulação urbana não sejam cegas, mas que se crie uma dinâmica ativa entre os moradores e os transeuntes. Também cabe aqui uma reflexão sobre o tamanho desses espaços: deixar uma passagem com as mesmas dimensões dos lotes incentiva a sua ocupação informal. O espaço público tem que apresentar conotação clara e se distinguir do espaço privado, permitindo uma rápida leitura de sua vocação. Nesse sentido, o tratamento paisagístico também é uma peça importante para o sucesso de espaços dessa natureza. Em paralelo, a ocupação das calçadas em pontas de quadra, na maior parte dos casos, se deu por deixarse terminar o conjunto com uma empena cega. Dessa forma, se criava mais um lote após o último, sobre a generosa calçada que foi deixada para o conforto do pedestre. Podemos, portanto, observar como a con-
152
figuração dos conjuntos pode influenciar a leitura do espaço público. É notável, dessa forma, que os lotes das extremidades dos conjuntos devem, sempre que possível, ser dispostos perpendicularmente aos demais: dessa forma se estimula a ativação de todas as ruas que margeiam o conjunto de casas. Com aberturas, se evita a conformação de longas empenas cegas que, como já falamos, acabam gerando espaços que aumentam a sensação de insegurança urbana. Do ponto de vista prático, a abertura do lote nesse sentido dificulta a invasão em casos de calçadas mais largas nas pontas de quadra. O projeto de urbanismo é complexo e delicado, uma vez que seu sucesso não depende unicamente das soluções técnicas, mas de sua interação com uma cultura e dinâmica local. As respostas, observadas nas dinâmicas especificas do lugar, são visíveis somente em uma avaliação pós-ocupacional. Só assim podemos aprender, com a análise de como os diferentes contextos respondem às diferentes soluções que lhe são inseridas.
N
0
500
1000
1500
2000 m
N
0
500
1000
1500
2000 m
N
0
500
1000
1500
2000 m
Pontas de quadras regularizadas - 1a etapa Pontas de quadras regularizadas - 2a etapa
Planta de Situação (Sobradinho II - DF)
153
USO RESIDENCIAL 1a ETAPA 22 Lotes regularizados 25 Lotes criados Unifamiliar GAB
8,5 metros
C.A.
1,4 90%
USO RESIDENCIAL 2a ETAPA 155 Lotes regularizados Unifamiliar
Taxa de ocupação C.A.
GAB
154
Coeficiente de aproveitamento Gabarito
GAB
8,5 metros
C.A.
1,4 90%
USO INSTITUCIONAL GAB C.A.
8,5 metros 2 90%
USO MISTO 1a ETAPA
USO MISTO 2a ETAPA
25 Lotes regularizados
19 Lotes regularizados
Unifamiliar GAB C.A.
8,5 metros 2 90%
Unifamiliar GAB C.A.
8,5 metros 2 90%
155
156
info Cidade | Planaltina
16
ARQ | Marcela Zago Vilela, Wesley Waldemar Paranaíba, Caterina Ferrero, Niele Fernandes Pires, Paulo Silgueiro Cavalcante, Rafaella da Silva Sampaio, Isabela Naiade N. Gardés, Lara Araujo Garcia, Jessica Ferreira de Moraes e Maiara Lamas Breves AMB | Fabio Oliveira e Silva
NOVA PLANALTINA
As quadras 19 e 20 da Área de Regularização de Interesse Social (ARIS) Mestre D’Armas I, mais conhecidas como Nova Planaltina, estão localizadas no Setor Habitacional Mestre D’Armas, na Região Administrativa de Planaltina/DF. Os estudos para o desenvolvimento do projeto de regularização começaram em 2004, porém englobavam todas as áreas ocupadas irregularmente na cidade de Planaltina. Esses estudos foram desenvolvidos com a participação direta da comunidade e a proposta de ocupação da área foi aprovada em Audiência Pública pela população de Planaltina. Essa proposta constituiu a base para elaboração do projeto aqui apresentado. Devido à situação fundiária apresentada, o projeto urbanístico foi dividido em duas poligonais, sendo que grande parte da ARIS Mestre D’Armas I está localizada em terras particulares e apenas o trecho de Nova Planaltina está inserida em terras do Distrito Federal. Portanto, somente os lotes totalmente inseridos dentro da poligonal de trerras públicas fazem parte do presente projeto.
O Projeto Urbanístico é resultado de estudos e análises técnicas desenvolvidas em conjunto com a comunidade, nas reuniões participativas realizadas ao longo do processo iniciado em 2004. Nesse sentido, leva em consideração toda a legislação que trata sobre a regularização fundiária de interesse social, assim como os interesses da comunidade da ARIS Mestre D’Armas I. O projeto criou 132 novos lotes residenciais com o objetivo de atender a demanda do programa habitacional do DF, além de relocar 6 famílias que se encontravam em interferência com a adutora da CAESB naquelas cercanias. Também regulariza um total de 184 lotes já ocupados, inclusive três Equipamentos Públicos Urbanos: uma escola de ensino fundamental, uma escola de ensino infantil e um centro de saúde. Foram criados mais dois lotes: um para Equipamento Público Comunitário, ainda sem destinação, e outro destinado a um Equipamento Público Urbano, a fim de atender a demanda da NOVACAP com a criação de um reservatório de detenção de águas pluviais.
157
Apesar do grande crescimento populacional no Distrito Federal anualmente, a ocupação preservou suas características gerais desde 2004, ocorrendo apenas outra ocupação na parte mais alta do parcelamento, que não foi considerado no projeto original. O sistema viário é constituído essencialmente por vias locais. A Avenida do DER é a via a partir da qual se estrutura o sistema do parcelamento ARIS Mestre D’Armas I e faz a ligação com as rodovias circundantes e com as áreas urbanas da vizinhança. Da Avenida DER partem as vias locais, por meio das quais se dá o acesso aos lotes residenciais do parcelamento. O acesso aos Equipamentos Públicos Comunitários dar-se-á por via local interligada à Avenida do DER. A via que faz o limite entre o parcelamento e o Parque DER é foi classificada como Via Parque. Essa via tem o objetivo de garantir acesso da população às áreas com sensibilidade ambiental e valorizá-las como elemento da paisagem urbana, configurando limite visível entre o ambiente público e privado. Foram propostos dois trechos de ciclovia, um que corta parte do parcelamento de leste a oeste e segue para a Avenida DER e outro em faixa segregada ao longo da Via Parque, dentro dos limites da poligonal, dando acesso aos Equipamentos Públicos. A proposta de ciclovia objetivou integrar o sistema viário existente e as reformulações propostas em projeto.
158
Poligonal de projeto Nova Planaltina
Eixos
Escola
Centro de saúde
Ciclovia
Equipamento público comunitário
Reservatório de detenção
Via parque
Eixos e equipamentos
159
Calรงadas e ciclovia
Poligonal do projeto Residencial Unifamiliar Misto EPC / EPU ร rea verde / Praรงa / ELUP
Mapa de usos do solo
162
Taxa de ocupação C.A.
GAB
Coeficiente de aproveitamento Gabarito
EQUIPAMENTO URBANO PROPOSTO
EQUIPAMENTO COMUNITÁRIO PROPOSTO
Reservatório de detenção
EQUIPAMENTO COMUNITÁRIO EXISTENTE
Novacap C.A.
1. 2. 3. 4.
Escola existente Equipamento urbano proposto Centro de saúde existente Equipamento público comunitário proposto
USO MISTO PROPOSTO Unifamiliar Comércio não obrigatório GAB
1
GAB C.A.
23 metros
C.A.
1
10 metros 2 80%
< 1000 m2 : 80% 1000 m2 < x < 2000 m2: 75% > 2000 m2 : 70%
USO RESIDENCIAL
USO RESIDENCIAL EXISTENTE
PROPOSTO
Unifamiliar
Unifamiliar
GAB
10 metros
10 metros
C.A.
< 200 m2 : 1
C.A.
< 200 m : 1
C.A.
> 200 m2 : 0,8
C.A.
> 200 m2 : 0,8
GAB
2
80%
80%
Projeto das novas unidades habitacionais Tipologias habitacionais
163
Rua compartilhada
EQUIPES
*em razão da grande quantidade de imagens e de autores envolvidos na realização dos projetos, solicitamos que eventuais erros e/ou desconformidades em relação à atribuição de autoria sejam informados por meio do email: marcelo.pimenta@codhab.df.gov.br
DIPRO – DIRETORIA DE PRODUÇÃO HABITACIONAL Júnia Salomão Federman (2015 a 2018) ESCRITÓRIO DE PROJETOS equipe atual ARQUITETURA Guilherme Araújo e Marcelo Pimenta _ estágio: Diego Cardoso, Isadora Artiaga, Luiz Lopes, Rebeca Nunes e Ana Giulia ESTRUTURA Leandro Farinha e Lucas Rincon _ estágio: Klaus Ribeiro INSTALAÇÕES Diego Santos _ estágio: Wagner Nascimento INFRAESTRUTURAS Tharcio Castro _ estágio: Sâmia Kimberly
DIATE – DIRETORIA DE ASSITÊNCIA TÉCNICA Carlos Nogueira (2016 a 2018) Haroldo Pinheiro (2018) ESCRITÓRIO DE PROJETOS DE URBANISMO DE REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA equipe atual URBANISMO Carolina Santos, Caterina Ferrero, Isabel Alencar, Isabela Gardés, Maiara Breves, Marcela Zago, Niele Pires, Rafaella Sampaio e Wesley Paranaíba _ estágio: Eduardo Araújo e Maria Isabela Alves AMBIENTAL Fábio Oliveira e Nilo Mota pessoas que já passaram pela equipe URBANISMO Henrique Rabelo, Lucas de Abreu, Paulo Cavalcante e Lara Araújo
ORÇAMENTO Agostinho Tosto pessoas que já passaram pela equipe ARQUITETURA Daniel Koji _ estágio: Luciano Salomão, Natália Rios, Serena Ferreira, Júlia Vilanova, Caio Fiuza, Jéssica Moraes, Lucas Bernardes, Marcia del Lama, Matheus Miranda, Igor Mineiro e Cleiton do Carmo ESTRUTURA Vinícius Balbino, Gabriel Alberton, Leonardo Katori, Jair Faria e Carolina Carvalho _estágio: João Felipe, Thayane Santana, Vinícius Mihsen, Amanda Borges, Jessyca Patrícia, Thainara Gomes e Antônio Hildenberg INFRAESTRUTURAS _estágio: Lorrane Lourençone
167
EXPEDIENTE
168
GDF – GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL Governador Rodrigo Rollemberg SEGETH – Secretaria de Gestão do Território e Habitação Secretário de Estado Thiago Teixeira de Andrade CODHAB – Companhia Habitacional do Distrito Federal Diretor–Presidente Gilson Paranhos Diretoria de Produção Habitacional [DIPRO] Júnia Federman Diretoria de Assistência Técnica [DIATE] Haroldo Pinheiro Diretoria Imobiliária [DIMOB] Carlos Nogueira Diretoria de Regularização de Interesse Social [DIREG] Flávio de Oliveira Diretoria de Administração e Gestão [DAGES] Jorge Gutierrez
Ficha Técnica – Catálogo de Projetos Organização Marcelo Pimenta Projeto Gráfico e Diagramação Luiz Ferreira, Luiz Sarmento, Serena Ferreira, Júlia Vilanova, Diego Cardoso, Rebeca Nunes e Luiz Lopes Revisão Técnica Marcelo Pimenta Capa Luiz Lopes Foto da Capa Marcelo Pimenta
A Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal (CODHAB-DF) autoriza a divulgação acadêmica e pública das experiências e programas desenvolvidos de 2015 a 2018, como Assistência Técnica, Concursos Públicos de Projetos, Catálogo de Projetos e CODHAB Uma Experiência, por intermédio de revistas ou livros – em meio físico ou via eletrônica –, pelos responsáveis técnicos devidamente registrados nos respectivos conselhos profissionais, que atuaram nos programas. Tais publicações têm como objetivo fomentar a assistência técnica para habitação de interesse social (ATHIS), os concursos de projetos e outros trabalhos realizados, como atividades a serem desenvolvidas pelos órgãos da administração pública, por tratar-se de benefício assegurado pela Constituição Federal e detalhado na Lei Federal nº 11.888/2008, Lei Distrital nº 5.485/2015, Lei nº 8.666/93 e demais legislações pertinentes.
A edição e reprodução das publicações citadas acima não utilizaram recursos públicos.
Brasília 2018 BRASIL 169
Apoio de financiamento da publicação:
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Versão digital da revista Projetos
Blueprint para visualização da Casa T8 Protótipo em realidade aumentada. Veja o passo-a-passo na página 29.