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Redentoristas - Pe. Viol

REDENTORISTAS

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História Vocacional

Pe. Carlos Viol, C.Ss.R.

“Tudo isso vem de Deus, que nos reconciliou consigo, por Cristo, e nos confiou o ministério dessa reconciliação.”

(2 Cor 5,18)

Ao escrever esse depoimento, pensei que poderia se parecer com a genealogia de Jesus segundo o evangelista Mateus (Mt 1, 1-17) por conta da extensa lista de nomes que fazem parte da minha história vocacional. Sou grato aos Redentoristas da Província do Rio pela acolhida e pelo investimento tão generoso em minha formação humana, intelectual e espiritual. Escolhi, como filho de agricultores que sou, algumas palavras que me ajudam a escrever sobre meu itinerário.

Raízes: nasci em 9 de abril de 1969 no seio de uma família católica, cujos pais e avós tinham migrado da região italiana do Friuli - Venezia Giulia para o Brasil em busca de condições melhores de vida. Meus pais, Angelin Viol e Dozolina Moraes Viol, eram viúvos e tinham já crescido duas famílias (meu pai: 12 filhos e minha mãe: 3 filhos). Juntos, crescemos João Batista (primogênito), Natalino (caçula) e eu. Desde pequeno, a diversão era precedida pela devoção e pela obrigação, isto é, aprendemos desde pequenos os valores da religião e do trabalho. Padre Mozart Pereira, padrinho e amigo, e cônego Leandro de Carvalho, um leal conselheiro, foram os primeiros promotores de minha vocação, convidando-me e ajudando-me em minha ida para o Seminário Arquidioce-

sano de Mariana com apenas 11 anos, onde fiquei por um ano.

Companheiro de estudos neste período foi meu sobrinho, atualmente bispo auxiliar de Belo Horizonte, D. Nivaldo Ferreira. Em outubro de 1984, visitou-me o Redentorista Pe. Geraldo Lima e convidou-me para iniciar o acompanhamento vocacional com o então formador da Comunidade Vocacional Santo Afonso, Pe. Dalton Barros. Após algumas correspondências, estava eu no Seminário da Floresta para o Estágio Vocacional, no início de 1985.

Cultivar: Convidado para ingressar no processo formativo, segui rumo à cidade mineira de Juiz de Fora. Nesse período inicial, marcou-me a presença do Pe. Dalton e do Ir. Pedro Aniceto. O lema era “Crescer e florescer como gente”, com um programa formativo bastante consistente.

Um padre da Diocese de Roma (Fabio Rosini) escreveu algo que me ajuda a definir o que significou meu processo na formação: “Educar, de fato, é trazer à tona o mistério da pessoa, é fazer florescer sua beleza, cultivando-a. Mas tem algo mais na educação cristã, e apenas nela: a educação cristã tem a missão de fazer emergir a beleza de cada pessoa na sua relação com Deus. Não se trata apenas de levar a pessoa a si mesma - como se isso fosse pouco - mas de fazê-la descobrir e possuir aquilo que nela é para Deus e com Deus”. Sinto que participei de um processo educativo que preparou as bases do que sou como pessoa e como religioso presbítero.

Equipes e processos formativos mantiveram a mesma proposta nas etapas seguintes: Comunidade Vocacional São Clemente, com os PP. Jésu Assis e Antônio Luiz; SPES, com Pe Dalton; Noviciado, com Pe. José Augusto e Comunidade Vocacional Dom Muniz, com os PP. Luciano Ivo e Antunes. Desde os primeiros meses, pude contar com a orientação espiritual de uma beneditina que nos deixou em 2018 e, que além da partilha, intercedeu pela minha vocação: Madre Paula Iglesias, do Mosteiro da Santa Cruz em Juiz de Fora. Considero como muito importante ao longo de todo este caminho a oração de intercessão de tantos amigos na fé.

Frutificar: em um mesmo ano (1997) fiz a profissão perpétua no dia 15 março, a ordenação diaconal no dia 27 de abril e a ordenação presbiteral em 06 de dezembro. A ordenação foi preparada com uma semana vocacional em todas as paróquias de Barbacena e contou com a participação de 49 padres e a presidência do bispo Redentorista Dom Lélis Lara.

Em fevereiro de 1998, iniciei o ministério na Pró-Paróquia de Santos Reis da Arquidiocese de Montes Claros (MG), onde vivi por dois anos um tempo maravilhoso de presença formativa-missionária. Nos 9 anos sucessivos (2000 a 2008), a missão foi junto com a comunidade Redentorista da Glória em Juiz de Fora, com o ministério de pároco. Ser “ministro da unidade” em uma paróquia tão importante (primeira fundação Redentorista no Brasil) foi um grande desafio e, ao mesmo tempo, uma grande oportunidade: ali aprendi a administrar e confirmei com a comunidade a importância de cuidar da formação e do acompanhamento dos fiéis leigos.

Em janeiro de 2009, fui enviado a Roma para atualização nos estudos em teologia moral. Um chamado para um serviço novo aconteceu no final de 2009, como Ecônomo/Administrador da Casa Geral, que naquele momento abrigava cerca de 100 confrades de todo o mundo. Tive a oportunidade de cursar nesse período um MBA em administração em entidades eclesiásticas. O planejamento era retornar ao Brasil no final de 2014, mas o Superior Geral convidou-me para servir como Ecônomo Geral, função que desempenhei até dezembro de 2020. Nem mesmo em sonho tinha passado pela minha mente servir a Congregação Redentorista durante 12 anos em Roma. Algumas viagens de trabalho permitiram-me ver lugares e modos de atuação diversos, mas sobretudo, a riqueza de um carisma encarnado em culturas diferentes. Retornando ao Brasil, fui chamado a servir como Ecônomo Provincial e vigário paroquial no Santuário Arquidiocesano de São José, em Belo Horizonte.

Semear: O cantor-poeta Milton Nascimento diz que “chegar e partir são só dois lados da mesma viagem; o trem que chega é o mesmo trem da partida; a plataforma dessa estação é a vida…”. Foram e são muitas experiências existenciais, com chegadas e partidas, que me fizeram mudar, apurando o olhar desde o momento em que saí de casa, passando por transferências de lugares, conhecendo os amigos novos que se tornaram o cêntuplo de irmãos que Deus escolhe e se tornam companheiros da caminhada de fé, acolhendo e reconhecendo habilidades para aprender em cada dia a servir onde Deus me coloca. REDENTORISTAS

Uma palavra para os jovens:

Algo me inquietava nos primeiros anos de formação: várias pessoas me diziam que “eu não tinha cara de padre”. Então, me foi dito que eu não precisaria repetir e nem copiar o jeito de ser padre dos outros, mas tinha que ser eu mesmo. Creio que muitos jovens podem pensar o mesmo e concluir que não são adequados para esse ministério. A eles eu digo: se vocês se sentem amados por Deus e têm um desejo de seguir os passos de Jesus, permitam-se fazer o discernimento vocacional, conheçam a espiritualidade e o testemunho de tantos missionários que estão doando suas vidas pela evangelização. Pe. Carlos Viol,C.Ss.R.

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