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CATEQUISTAS FRANCISCANAS SE REORGANIZAM

Como Congrega O E Voltam S Origens

Era o dia 14 de janeiro de 1915, na Igreja de São Virgílio, no bairro Rodeio 50, em Rodeio (SC), quando três jovens manifestaram a Frei Polycarpo Schuen, pároco da Paróquia São Francisco de Assis, em Rodeio (SC), que não ficariam apenas um ano como catequistas e professoras nas escolas paroquiais, frequentadas pelos filhos e filhas dos imigrantes italianos, mas abraçariam para sempre esse serviço evangelizador. Naquele momento era lançada a semente da Congregação das Irmãs Catequistas Franciscanas.

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No dia 14 de janeiro de 2023, 108 anos depois daquele “sim” das três jovens - Amábile Avosani, Maria Avosani e Liduína Venturi -, as Irmãs da Província Imaculado Coração de Maria se reuniram para celebrar essa data histórica na Casa-Mãe de Rodeio. Cheio de simbolismo, esse momento também marcou o início do Noviciado na Comunidade Rodeio 50, onde quatro jovens repetem o “sim” exatamente no local onde tudo começou há mais de um sé- culo: a “Capela do Sim”. No dia 14, às 10 horas, o Mestre Frei Samuel Ferreira de Lima presidiu a Celebração Eucarística deste Jubileu. Esse retorno às fontes com o Noviciado em Rodeio, não é a principal mudança, mas podemos dizer que se trata da “ponta do iceberg” de uma grande transformação que já começou na Congregação. Formada hoje por seis Províncias no Brasil e uma coordenadoria em Angola, na África, além das presenças no Chile, na Bolívia, na Argentina, na Guatemala e na República Dominicana, a Congregação deixará de ter essa estrutura com os governos provinciais e passará a ter somente o governo da Congregação.

Segundo explica a Ministra Provincial da Província Imaculado Coração de Maria, Ir. Ivonete Gardini, esse processo já começou em 2018 e terá dois sexênios para ser concluído (2018-2024, 20242030). “Desde 2018, no Capítulo Geral, aprovamos a unificação, ou seja estamos num processo de reorganização. Com isso, haverá um redimensionamento das casas, dos serviços internos, das presenças, ficando somente a estrutura geral”, explica Ir. Ivonete. Atualmente, a Ministra Geral é Ir. Ana Pereira de Macedo, da Província Santa Teresa do Menino Jesus.

A partir de 1967, a Congregação estava no auge e via a necessidade de se expandir. Foi então que se criou quatro Províncias e, em 2000, mais duas. “Agora estamos fazendo outro movimento, o de retorno aos primórdios da Congregação”, avaliou Ir. Ivonete.

Como ela explica, a diminuição no quadro das religiosas, seja no ingresso ou através de desistências, assim como o número de idosas e falecimentos, levou as Irmãs Catequistas a esta reflexão. “O objetivo principal é responder melhor à questão missionária, fortalecendo as principais áreas de atuação do nosso carisma”, observou a Ministra Provincial. Além do redimensionamento de espaços, Ir. Ivonete destaca o fato positivo de se ter liberdade de transitar em outros territórios que não seja exclusivo de uma Província. “A gente já está fazendo experiências em algumas comunidades com irmãs de diversas Províncias. A formação já não é mais de uma determinada Província, mas da Congregação”, citou a religiosa.

Mas a Congregação pode-se dizer que é privilegiada em relação a muitas, porque tem 40 jovens sendo acompanhadas no processo formativo. “Temos esperança com muitas vocações da região do Amazonas e de Angola. Em compensação, no Sul e Sudeste, não temos nenhuma vocacionada”, observou a Irmã.

Ir. Ivonete ressalta que hoje o carisma, que é educação e catequese, tem uma compreensão mais abrangente, e responde aos apelos atuais através de trabalhos em redes e parcerias, para o aprofundamento da espiritualidade francisclariana e atualização do carisma. As Irmãs Catequistas, conhecidas carinhosamente como “mestras”, continuam sendo “mestras” no meio de alguns interlocutores, porque não podemos abraçar a tudo. “Então, não vamos perder de vista os pobres. E dentro desses pobres, os povos originários, os indígenas, as mulheres, afrodescendentes, os ribeirinhos, as crianças e adolescentes”, ressalta a religiosa, lembrando que no planejamento estratégico da Congregação, as Irmãs assumem as áreas sócio-ambiental, educação e eclesial. “Por exemplo, em Rodeio, naquela época, o nosso clamor era a catequese e a educação formais, hoje a grande resposta que podemos dar, neste espaço que temos, é na questão ambiental”, assinalou. Para ela, no Capítulo Geral no próximo ano, certamente “vamos bater o martelo para estabelecer uma data da unificação”. Ir. Ivonete revela que hoje a Província que está à frente tem 62 irmãs e é a mais idosa. “Posso dizer sem medo que 88% têm acima de 70 anos”, disse.

Natural de Camboriú, Ir. Ivonete tem 52 anos e 28 anos de vida religiosa. Além do trabalho na Congregação, ela ficou sete anos no Serviço Franciscano de Solidariedade (Sefras) da Província da Imaculada Conceição. Para ela, esse tempo foi uma escola. “Dois aspectos fortes eu destaco: trabalhar com os pobres, mas aqueles que estão nas periferias da periferia. A gente diz que busca resgatar a humanidade deles, mas eles resgataram a minha humanidade.

Eu ganhei muito mais do que ofereci. Aprendi valorizar pequenas coisas, valorizar o humano. E uma outra coisa que aprendi, e que me é muito útil aqui nesta Casa, é administrar, coordenar, aprender a lidar com os colaboradores, já que nesta Província temos 26 contratados”, contou a religiosa, que é graduada em Psicologia. Foi Vice-Provincial (2005-2009) e conselheira Geral.

NOVICIADO: BEBER NA FONTE

O Noviciado Interprovincial das Irmãs Catequistas Franciscanas teve início no dia 8 de dezembro, na sede da Província Santa Terezinha do Menino Jesus, no Mato Grosso. No dia 9 de janeiro, as quatro noviças - Leila Freitas Aguiar, Leandra E. Oliveira de Oliveira, Jordânia de Oliveira Azevedo e Patrícia Costa Cardoso -, chegaram na Casa do Noviciado em Rodeio 50, para serem acolhidas pela mestra Maria Aparecida Marques Fernandes, ou simplesmente Irmã Cidinha. Com ela na Comunidade Formadora terão: Ir. Lúcia Vegini, com a disposição de 5ª noviça aos 82 anos, Ir. Rosali Paloschi e Ir. Deondina Girardi. Com a experiência de mestra de duas turmas, Ir. Cidinha fala desse retorno às fontes: “Uma coisa é falar sobre esse local, outra é vivê-lo aqui. Que essa volta à fonte ajude o coração a ser cada vez mais congregacional”.

Moacir Beggo

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