Trabalho de diagramação - Jornal do Senai

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Jornal do Senai sabado, 17 de abril de 2010

pop art

ARTE

Andy Warhol - Poster - 10 Marilyns

A Pop Art é um movimento artístico que floresceu nos finais dos anos 50 e 60, sobretudo nos Estados Unidos e no Reino Unido. A “paternidade” do nome é atribuída ao crítico de arte Lawrece Alloway, que fazia assim alusão à utilização, pelos artistas deste movimento, de objectos banais do quotidiano nas suas obras. Nos Estados Unidos, Claes Oldenburg, Andy Warhol, Tom Wesselman e Roy Lichtenstein — e do outro lado do Atlântico David Hockney e Peter Blake — foram as suas figuras de proa. Com raízes no dadaísmo de Marcel Duchamp, a Pop Art começou a tomar forma no final da década de 1950, quando alguns artistas, após estudar os símbolos e produtos do mundo da propaganda nos Estados Unidos, passaram a transformálos em tema de suas obras. Representavam, assim, os componentes mais ostensivos da cultura popular, de poderosa influência na vida cotidiana na segunda metade do século XX. Era a volta a uma arte figurativa, em oposição ao expressionismo abstrato que dominava a cena estética desde o final da segunda guerra. Sua iconografia era a da televisão, da fotografia, dos quadrinhos, do cinema e da publicidade. Com o objetivo da crítica irônica do bombardeamento da sociedade pelos objetos de consumo, ela operava com signos estéticos massificados da publicidade, quadrinhos, ilustrações e designam, usando como materiais principais, tinta acrílica, ilustrações e designs, usando como materiais, usando como materiais principais, tinta acrílica, poliéster, látex, produtos com cores intensas, brilhantes e vibrantes, reproduzindo objetos do cotidiano em tamanho consideravelmente grande, transformando o real em hiper-real. Mas ao mesmo tempo que produzia a crítica, a Pop Art se apoiava e necessitava dos objetivos de consumo, nos quais se inspirava e muitas vezes o próprio aumento do consumo, como aconteceu por exemplo, com as Sopas Campbell, de Andy Warhol, um dos principais artistas da Pop Art. Além disso, muito do que era considerado brega, virou moda, e já que tanto o gosto, como a arte tem um determinado valor e significado conforme o contexto histórico em que

se realiza, a Pop Art proporcionou a transformação do que era considerado vulgar, em refinado, e aproximou a arte das massas, desmistificando, já que se utilizava de objetos próprios delas, a arte para poucos. A principal discussão nos meios artísticos sempre foi até que ponto a arte pop pode ser considerada arte. Esta questão é levantada pelos membros eruditos da arte da época, que tanto tentaram resistir ao fato de que uma arte comercial que pode, e não deixa de ser, uma arte. Muitos defenderam que o motivo por uma arte publicitária não poder ser tomada como arte é por causa dos fins para que esta arte é feita, é uma arte que já nasce na concepção que precisa vender e ser vendida. Mas até que ponto estes artistas eruditos estão distantes de conceberem suas obras para serem vendidas? A partir do momento que o mecenato é extinto, os artistas dependem dos comerciantes para obterem seus ganhos de vida. A diferença é que nem todos podem esperar pela sorte de terem suas obras aceitas em museus de renomes e tornarem suas obras bem rentáveis. A opção por uma arte como a Pop Art se torna óbvia se verificar que a os artistas mais representativos deste movimento tiveram que percorrer vários caminhos da cultura popular, já que não conseguiram obter sucesso imediato na cena artística. Apesar de terem uma formação erudita da arte tal como os artistas do expressionismo abstrato (movimento da “arte elevada” que prevalecia na época), não puderam limitar seus estudos às artes. Foram forçados a buscarem formas alternativas de trabalhos artísticos, como a pintura de cartazes, colagens para anúncios publicitários, desenhos de anúncios de produtos, etc. E foi através deste contato com a cultura comercial que eles passaram a perceber uma nova concepção de arte. O épico passou a ser substituído pelo cotidiano, o que se produzia em massa recebeu a mesma importância do que era único e irreproduzível. O que era considerado vulgar e banal passou a se tornar refinado. Se o cinema, o design e a coca-cola faziam parte do dia-a-dia desses artistas, por que não enxergar estes elementos sob uma ótica artística?


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Assim, a distinção entre “arte elevada” e “arte vulgar” foi desaparecendo. Os artistas da Pop não lutaram contra as críticas que diziam que suas artes eram quase indistinguíveis de uma arte de publicidade, pelo contrário, eles afirmaram esta posição e colocaram em questão o porquê de uma arte comercial não poder ser também Arte. Existia um processo de criação criativa e artística dentro dessa arte publicitária de uma certa forma igual ao que ocorria em uma “arte pela arte”. A arte pop aproximou a Arte das massas como nenhuma outra arte conseguira fazer, pois desmistificou o que antes era visto “para poucos”, se utilizando de objetos próprios dessa massa. Não só a cultura popular se torna um tema de arte, mas também a arte passa a ser integrante da cultura popular. Foi através da Pop que os filmes e as fotografias passaram a ir para o museu e as exposições internacionais. A figura mais conhecida e mais controvertida do Pop Art foi o artista Andy Warhol, como muitos outros nomes da Pop Art, Warhol criou obras em cima de mitos. Mas ele foi muito além disso: ele realmente criou mitos. Ao retratar ídolos da música popular e do cinema, como Elvis Presley, Liz Taylor, Marlon Brando e, sua favorita, Marilyn Monroe, Warhol mostrava o quanto personalidades públicas são figuras impessoais e vazias; mostrava isso associando a técnica com que reproduzia estes retratos, numa produção mecânica ao invés do trabalho manual. Da mesma forma, utilizou a técnica da serigrafia para representar a impessoalidade do objeto produzido em massa para o consumo, como as garrafas de Coca-cola e as latas de sopa Campbell. Não se pode afirmar que a obra de Warhol foi eminentemente superficial ou esnobe, o que se comprova pelos seus quadros de desastres de ambulância, ou As Cadeiras Elétricas e os retratos de judeus famosos. Também foi muito importante seu trabalho como diretor de cinema, com obras filmadas totalmente diferentes e fora dos padrões da filmografia tradicional (ausência de roteiro, câmera imóvel, tentar mostrar uma “realidade mais real do que a real”). Mas foi nas suas obras de celebridades e objetos de consumo da massa que o extremo da concepção de uma “Arte Pop” é repre-

ARTE sentado. E é especificamente nas obras de Marilyn Monroe que uma das faces mais fortes da psique de Andy Warhol se revela. Apesar de ser fã de celebridades e de entender o caráter transitório da fama, o seu interesse estava no público e na sua devoção a uma figura como um símbolo cultural da época, uma figura criada pela imprensa. Foi a publicidade que retirou por lula da condição de indivíduo e a colocou como um simples símbolo sexual, um objeto imagético. É o estilo neutro e documental de Warhol que reproduz a impessoalidade e o isolamento que caracterizam essa fama. O desinteresse fotográfico num sorriso forçado, estereotipado, as cores vibrantes que a tornam numa caricatura, uma artificialidade assumida. Warhol secularizou o ídolo de Marilyn Monroe ao repetir constantemente seus retratos ou ao isolar o sorriso, ligando o mito da estrela aos métodos usados pelo mass media para fazer uma estrela, com variações e seqüências sucessivas, tal como num produto industrial. Andy Warhol não pretendeu criticar a postura de adoração do público diante de seus ídolos, tampouco a máquina de publicidade responsável pela criação dos mesmos; ele apenas devolveu para eles a sua forma de criação de um artigo de consumo. Mas ele fez mais que criar mitos através de ícones nas suas telas; ele criou o seu próprio mito. Escreveu duas autobiografias, tinha um programa na MTV relacionado com a sua frase que já era célebre (“... 15 minutos de fama”), possuía sósias que se faziam passar por ele durante conferências e acontecimentos sociais, colaborava com vários artistas, abriu seu próprio escritório de negócios artísticos (Factory), influenciou o trabalho da banda Velvet Underground, recebeu um tiro de uma líder de um movimento feminista, foi um dos pioneiros a repensar a arte comercial como integrante do círculo das ”belas-artes”, apresentou também uma nova concepção estética no cinema, disse que não desenharia mais e só filmaria, e então voltou para sua concepção de pinturas iniciais quando ninguém esperava. Fonte: Wikipedia - Pop art

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Andy Warhol - Poster - Marilyn, (Hot Pink)

Andy Warhol - Poster - John Wayne

Andy Warhol - Poster - Banana


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ARTE

Ilustração Vetorial Entrevista – Ilustração vetorial com Charada Brasileiro. Esta semana, “Charada Brasileiro” (Wellington Junio Fernandes) vai mostrar seu incrível trabalho de ilustração vetorial, confira!

Cry Eye

2. Atualmente você trabalha com ilustração? Sim, mais como freelancer, atualmente trabalho em uma fábrica de rótulos e etiquetas na parte de arte (elaboração e criação de rótulos).

Child Lollipop

1. Primeiramente gostaria de agradecer por essa entrevista para nosso blog Design Completo, fico feliz em divulgar e conhecer mais seu trabalho. Nos fale mais sobre você, sua area ilustração vetorial e sobre o que fez você iniciar na ilustração? É um prazer participar dessa entrevista e poder divulgar mais um pouco sobre essa incrível arte que é a Vetorização. Trabalho com ilustração desde 2000 como arte finalista, á pou-

co mais de 1 ano comecei com a vetorização, comecei sem conhecer nada e vetorizando somente carros. O fato de desenhar á mão ajudou bastante e um dia me deparei com um vetor de uma pessoa, como se fosse um clipart bem elaborado, fiquei maravilhado, daí então pensei que poderia fazer o mesmo e desde então venho tentando me aprimorar mais e mais.

3. Um artista deve sempre ter inspiração, tem algum artista ou peça específica que inspira você? Realmente, eu procurei me inspirar um pouco em cada um, seria injusto citar nomes, é um rol de grandes artistas nessa área espalhados por todo Brasil, o Alpio Stanchi em São Paulo, Anderson Mathias em Palmas, Jorge Packer em Floripa e Emmerson Lima em Belo Horizonte.

Explosion Rose

4. Porque do “Charada Brasileiro”? Todos fazem essa pergunta hehe… Na verdade quando ingressei na internet, senti a necessidade do anonimato, por segurança, então criei esse pseudônimo por ser muito fã do Batman. 5. Uma das suas ilustrações que mais gostei foi a “Poker Face”, qual das suas ilustrações você mais gosta?

Kiss Frog


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Uma pergunta muito difícil hehe, mas uma que me deu mais trabalho e o resultado final me surpreendeu foi a “Model Tattoo“, o fato de ter muitas camadas fez com que o arquivo travasse 2 vezes, me obrigando a recomeçar a partir do backup.

ao máximo, buscando se inspirar em outros artistas. “A paciência aliada a prática são as melhores ferramentas que você pode usar”. Abraços!!!

6. No seu portfolio praticamente todas as imagens foram feitas apartir de fotografias. Você ilustra somente desta forma? Realmente, mas ilustro de outras formas também, como criações de mascotes etc., mas em particularidade o vetor sendo gerado a partir de uma foto surpreende pelo resultado final. Quem não quer ver sua foto desenhada (vetorizada)? Chama mais atenção pelo resultado final.

Fonte: Blog Design Completo

7. Quais são as ferramentas de trabalho mais utilizadas? Minhas vetorizações são feitas pelo CorelDraw, independente da versão, mas prefiro o Corel 12 e o X4, raramente utilizo o ilustrator pra algum efeito que seria impossível pelo Corel. 8. Como você vê futuro nesta área?

Bom, eu não levo muito profissionalmente a parte do vetor, é mais como um hobby, isso não quer dizer que não dá uma boa grana, amigos meus que se dedicam a fazer profissionalmente tem altos ganhos mensais, mas a questão é saber pra quem vender, os maiores apreciadores dessa arte são na maioria estrangeiros, que não titubeiam em pagar boas quantias pra terem suas fotos vetorizadas.

Darth Smoking

Model Tattoo

Emma Roberts

Poker Face

9. Quais são os sites favoritos e porquê?

Design Completo - Ótimo site pra conhecer outros artistas e tudo sobre design. Deviant Art - Uma das maiores comunidades virtuais artísticas online. Jacaré Banguela – Um dos melhores blogs de humor desse país. Ilustrator World – Outra grande comunidade de artistas. Sedentário – Outro blog de humor mas com ares informativos super interessante. O prazer foi todo meu, fico imensamente grato por apreciar meu trabalho. Pra quem tá começando só tenho a dizer que continue se empenhando


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Tuning

Tuning (expressão inglesa traduzida como afinação ou optimização) ou car tuning (afinação de carros) é um passatempo que consiste em alterar as características de facto de um automóvel a um nível de personalização extrema. Tuning (expressão inglesa traduzida como afinação ou optimização) ou car tuning (afinação de carros) é um passatempo que consiste em alterar as características de facto de um automóvel a um nível de personalização extrema. No contexto costumase imprimir no automóvel um pouco da personalidade do seu dono; está sendo muito usado para agregar valor desportivo aos carros, tornando-se

assim, a arte de dar ao carro mais performance, mais segurança, mais beleza, tornando-o diferente e único. O tuning é aplicável a praticamente todos os componentes de um carro: rodas, pneus, suspensão, alterações no motor, interior, carroçaria, tubos de escape, áudio. Há quem gaste um valor acima do próprio preço do carro com peças e acessórios, como pára-choques, asas, saias, neon, sistemas de NO² (óxido

nitroso), etc. Todos estes componentes podem ser revistos de forma a terem um comportamento superior ou um aspecto que torne um carro “de série” em algo exclusivo e único. O tuning não deve apenas tornar o carro mais bonito. As alterações feitas, para além de ter preocupações estéticas, devem acrescentar características ao carro de forma a torná-lo mais potente, não desprezando a segurança e o comportamento do carro, sendo estas as características principais a conseguir. Normalmente estas alterações

Foto: Tuning Auto

inspiram-se na competição, tendo os campeonatos de Super Turismo Europeu e Stock car, contribuindo significativamente para a disseminação do Tuning em nível mundial. Lançado em 2001, o filme “Velozes e Furiosos”, desencadeou essa tendência pelo mundo inteiro. NNTuning: Definição de condutor de grande qualidade, capaz de obter excelentes performances na sua condução. Tuning no Brasil

O desenvolvimento da categoria no Brasil teve maior reconhecimento após


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Foto: Expo Tuning

o lançamento e consagração pública do filme “Velozes e Furiosos”. Até então, a personalização dos veículos era limitada, tanto pela pequena variedade de acessórios e equipamentos disponíveis no mercado, quanto pela própria cultura.

Foto: Robson

Foto: Tuning Auto

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Antes da estréia de “Velozes e Furiosos” em 2001, o grande foco eram as competições de som automotivo, sendo a principal tendência automotiva para aqueles que se interessavam por veículos personalizados, e arrancada. Gradualmente, esses admiradores passaram a dispensar uma atenção maior à estética do veículo: rodas, neon, xenon, suspensão e outros acessórios, entravam na composição da nota dos concorrentes em alguns campeonatos de som, enquanto cada vez mais na arrancada os competidores e patrocinadores preocupavam-se, de forma ainda discreta, com a estética de suas máquinas. O marco da história do tuning no Brasil, que também é o marco mundial da consagração do tuning como vertente cultural e atividade econômica, é realmente o filme “Velozes e Furiosos”. Após o filme, revistas especializadas em som automotivo e arrancada passaram a dar destaque não só aos veículos “trio elétrico” ou “preparados”, e sim àqueles que tinham características da nova tendência que começava a se consolidar, o carro inteiro preparado. Gradativamente, essa tendência foi adquirindo espaço, inicialmente de forma isolada por aficionados por automóveis, que transformavam seus veículos em casa, oficinas e lojas de

som, com os acessórios disponíveis no mercado, adesivos, etc. No filme, o principal alvo de transformações são os automóveis esportivos japoneses, como Mazda RX-7, Mitsubishi Eclipse, Honda Civic e Toyota Supra. Os carros possuíam, além da preparação mecânica, adesivos laterais, asas (aerofólios), néon como iluminação noturna, e visual racing (preparação para corridas). E foi exatamente o visual que mais se destacou nos primeiros automóveis que apareceram no Brasil, pelo fato de ser o que mais chamou atenção. As principais diferenças com relações ao filme, que poderiam ser considerados uma “regionalização” do estilo do filme, ficaram por conta tanto dos veículos quanto do nível de preparação. No Brasil, boa parte dos automóveis tunados tinha motor de pequena cilindrada, e eram modelos compactos. A realidade de “carros populares” se transformou, pelo menos no início, na realidade do tuning, ao menos para a maioria dos apaixonados por carro. As alterações mecânicas eram poucas, e como a oferta de peças também era pequena, valia a imaginação. Por isso mesmo, vemos carros que em 2001 eram considerados tuning, hoje totalmente defasados, desatualizados. Além das mudanças citadas acima, a regionalização do tunning no Brasil gerou um novo fruto: O Lixuning. Trata-se de uma série de modificações bizarras e de mau gosto introduzidas no veículo, longe do equilibrio estético proporcionado no Tunning. No Lixuning, os carros constumam ser

Foto: Robson

socados ao máximo, ser cobertos de adesivos de “manos vida loka s.a”, combinações bizarras de peças como lanterna de Ecosport e farol de Celta em Fusca, rodas orbitais em Palio, entre outras modificações estéticas de gosto duvidoso. É, esse é o Lixuning! Hoje, o movimento no Brasil tem mais força, atrai mais investimento, e o mercado é crescente. É possível ver Volkswagen Gol, um carro voltado para o mercado nacional e alguns países da América do Sul, Chevrolet Corsa, que não existe nos EUA, mas é presente no mercado e também é alvo do tuning na Europa, até o Nissan 350Z, um esportivo de ponta, japonês, e um dos maiores ícones do mercado atual. Fonte: Wikipedia - tuning

Foto: Tuning Auto


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Portfólio Oliviero Toscani “... para Freud os detalhes são sintomas, para Sherlock Holmes são chaves de mistérios e para Morelli são caracteres distintivos”. As fotos de Oliviero Toscani, utilizadas em campanhas publicitárias de empresas como a Benetton possuem, fundamentalmente, o objetivo de chocar e impressionar quem as vê. é uma forma de propaganda dirigida aos meios de comunicação de massa; no entanto, as propagandas contendo suas fotos por muitas vezes foram proibidas de serem veiculadas ou rejeitadas pelos meios de comunicação, justamente devido ao seu potencial de chocar o público dos veículos comumente utilizados, poucas revistas e jornais assumiram o risco de mostrar esses anúncios, o outdoor e posteriormente a internet foram os principais difusores de suas peças. Os anúncios da Benetton, embora possuam pouco texto, expressam, em sua imagem, toda a intenção de causar impacto pela polêmica que geram. Isso comprova, portanto, o estudo de Watzlawick e Beavin que mostra que aproximadamente 93% da comunicação é apreendida pela imagem, e apenas 7% pelas palavras: “O conceito mais amplo de letramento não desconsidera a importância das palavras, mas aceita as outras formas de composição de mundo...” . Em um mundo que se

valoriza cada vez mais as imagens em detrimento dos textos nas peças publicitárias, Toscani utilizou-se dessa tendência para impactar o público com suas imagens polêmicas, porém não deixa de lado frases de efeito e também utiliza o texto como suporte para sua fotografia, explicando o contexto ao público, como na campanha feita em 2001 para o Ano Internacional dos Voluntários. Essa utilização de imagens como ponto forte da divulgação e do “diálogo pouco convencional entre arte e publicidade” é seu grande diferencial, principalmente para sua época. Muitas de suas campanhas principalmente para Benetton fazem críticas diretas, utiliza-se de uma imagem forte como meio de passar uma mensagem mais forte ainda, como, por exemplo, na campanha que traz como assunto a anorexia. Através dela, Toscani critica indiretamente os próprios meios de comunicação de massa, freqüentemente associados com a criação e imposição dos chamados padrões de beleza. Esses padrões levariam as pessoas a se utilizarem de meios extremos para atingilos, deixando de comer por vários dias e correndo sérios riscos de morte.

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Tanto a ideologia racista quanto o padrão de beleza socialmente aceito são expressões da disseminação de idéias através dos meios de comunicação de massa. Embora o racismo tenha sua origem na escravidão, foi através de propagandas no regime nazista e no movimento do apartheid, por exemplo, que ele encontrou, por assim dizer, pessoas que acreditassem nessas idéias e as disseminassem. Por sua vez, os padrões de beleza, mesmo existindo desde a antiguidade, só passaram a ser tão valorizados e “globalizados” depois da criação dos veículos de comunicação de massa, como a televisão e o cinema. E são temas como esses que Toscani utiliza em seus trabalhos fotográficos: temas polêmicos, que, utilizando os meios de comunicação como veículos, tendem a causar uma repulsa às idéias massificadas por eles. Essas imagens acabam ficando na mente das pessoas


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que as vêem, responsáveis por sensações diversas, como medo e repulsa. O coração, por si só, tornou-se um signo que representa a índole da pessoa. Dessa maneira, ao colocar os corações no mesmo patamar, Oliviero utiliza-se desse signo para afirmar que a maldade e a bondade não são intrínsecas a determinada etnia, como algumas ideologias procuram pregar, ainda hoje. Apesar disso, o Toscani realiza uma campanha utilizando duas crianças, uma negra e uma branca. A criança negra está com seus cabelos em forma de chifres, e a criança branca possui cabelos louros que geram uma asso-

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ciação automática aos anjos retratados em pinturas renascentistas. Essa campanha teve grande repercussão, porque a associação da criança negra com o diabo e da criança branca com um anjo vai de encontro a outros trabalhos do artista, que procuram afirmar a igualdade entre as “raças”. É impossível saber, então, qual foi a real intenção do fotógrafo ao criar essa campanha; pode ter sido simplesmente a utilização de um estereótipo, ou mesmo a intenção pura e simples de chocar pela contradição que apresenta. Em outras campanhas, fica também patente essa impossibilidade de saber

qual a intenção de Toscani. Um exemplo disso é a foto na qual um padre aparece beijando uma freira. Impossível dizer se a intenção do fotógrafo italiano era criticar o celibato (ou mesmo a hipocrisia) ou simplesmente causar um impacto nas pessoas. Porém, após receber o choque inicial vemos a cena com outros olhos, mostrando o desejo de uma pessoa para a outra, desejo que possuímos todos nós.

19 Para fazer uma crítica efetiva à sociedade, a primeira coisa que se deve fazer é entendê-la, fazer uma análise profunda que possa revelar seus defeitos e estereótipos para que possa usá-los. Assim como Morelli buscava os menores detalhes para que pudesse fazer uma comparação minuciosa e definir o autor da obra de arte, Toscani utiliza desta técnica para se aprofundar na sociedade e ver seus defeitos sem conceitos prévios, assim consegue utilizar os maiores envolvidos com esses defeitos para transmitir uma mensagem, muitas vezes contra este defeito. Sua magia está exatamente em utilizar de detalhes que muitas pessoas não se atrevem a conhecer (ou reconhecer) para divulgar um problema, como na campanha em que utiliza o bumbum de um bebê carimbada com os escritos “H.I.V. Positive” para expor a luta dos soropositivos, ou quando dispõe apenas uma cruz judaica em meio a várias cristãs, com um detalhe sutil que passa quase despercebido faz críticas mesmo em um ponto sensível da sociedade. Fonte: Google - Oliviero Toscani Peças: Olivierio Toscani


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