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DIA 2 Salmo 11 O que o justo pode fazer?
DIA 2
O que o justo pode fazer? Salmo 11
Um dos meus lugares preferidos em Israel é o monte das Oliveiras, com sua vista abrangente de Jerusalém. Voltaremos a este lugar diversas vezes durante nosso tempo juntos nos salmos. Ao descermos do ônibus, tente me seguir pela multidão de pessoas — e de vendedores ambulantes! Não se distraia com os cartões postais, com os cartazes panorâmicos, marcadores de livros, com os xales de pashmina “genuína” ou com as ofertas para um passeio de camelo. Em vez disso, caminhe comigo rumo a um lugar onde possamos contemplar a cidade de Jerusalém. Agora, junte-se à multidão para afastar os vendedores ambulantes e ligue seus fones de ouvido para que possa ouvir minha voz mesmo em meio ao burburinho das pessoas.
Fiquemos em pé no cume do monte das Oliveiras, em frente de Jerusalém e da cúpula dourada do Domo da Rocha [N.E.: Mesquita mulçumana.], uma das construções mais icônicas do mundo. Porém, quero que você apague da mente todas as construções, todas as plataformas que as sustentam e tente vislumbrar esta cena como se estivesse no tempo de Davi. O Domo da Rocha está edificado sobre o monte Moriá. Nos dias de Davi, havia uma eira no topo deste monte. E Jerusalém, a cidade de Davi, não era a grande cidade que se contempla hoje.
Olhe para a esquerda. Você vê aquele minúsculo pedaço de terra fora dos muros da Cidade Antiga de Jerusalém hoje? Aquela é a cidade fortificada original de Jebus, o lugar que Davi se apossou e tornou sua capital.
Agora, imagine Davi lá de pé, fora dos muros da cidade, com um pequeno grupo de conselheiros. Quase não podemos ouvir
Vista de Jerusalém do monte das Oliveiras.
o que eles estão dizendo a essa distância. Portanto, vamos descer o monte das Oliveiras e atravessar o vale de Cedrom para nos juntarmos ao grupo. À medida que nos aproximamos, vemos os agitados conselheiros de Davi balançando os braços e apontando para o local onde estávamos.
“Sua majestade, o inimigo está se aproximando, vindo do Sul e do Oeste! Sua única esperança de escapar é fugir pelo monte das Oliveiras em direção ao deserto. Corra para a montanha enquanto há tempo para escapar!”
Chegamos num momento de pânico e indecisão. A vida de Davi está sendo ameaçada, e seus conselheiros apavorados veem apenas um curso de ação. Correr! Fugir! Procurar a segurança de algum esconderijo distante! Não nos dizem qual é a ameaça específica, mas é óbvio que se trata de um momento de medo e perigo… e incerteza. E, em meio a esses conselheiros
Vista do Domo da Rocha
aterrorizados, encontra-se Davi, totalmente calmo; ele está escrevendo num pedaço de pergaminho. Nossa curiosidade consegue extrair o melhor de nós; assim, caminhamos para ver o que ele está escrevendo. À medida que lemos suas palavras, reconhecemos o Salmo 11, um salmo de Davi.
O primeiro versículo reflete a resposta de Davi às palavras de pânico de seus conselheiros. “No SENHOR me refugio. Como dizeis, pois, à minha alma: Foge, como pássaro, para o teu monte?” Os conselheiros de Davi normalmente eram muito sábios e prudentes. O que os assustara tanto a ponto de quererem que Davi fugisse para salvar a vida? Nos dois versos seguintes, Davi repete as palavras de pânico de seus conselheiros. “Porque eis aí os ímpios, armam o arco, dispõem a sua flecha na corda, para, às ocultas, dispararem contra os retos de coração. Ora, destruídos os fundamentos, que poderá fazer o justo?” (vv.2,3).
As palavras deles estavam repletas de medo e advertência. Eles podem também ter dito: “Davi, os ímpios estão preparados para atacar sem aviso. A sua vida corre perigo mortal. Se eles o matarem, tomarão o reino. Sua única esperança é fugir agora!”.
Porém, em vez de olhar por cima do ombro nervosamente, ou de ficar agitado igual aos seus conselheiros, Davi calmamente levanta os olhos para o céu. E começa a escrever enquanto fala com seus conselheiros, registrando as palavras assim que estas lhe saem da boca. “O SENHOR está no seu santo templo; nos céus tem o SENHOR seu trono; os seus olhos estão atentos, as suas pálpebras sondam os filhos dos homens” (v.4). O inimigo pode estar em algum lugar fora da cidade, mas Deus ainda está
assentado calmamente em Seu trono no Céu — e nada pega o Deus do Céu de surpresa.
Davi lembra seus conselheiros que Deus sabe lidar tanto com o justo quanto com o ímpio. “O SENHOR põe à prova ao justo e ao ímpio” (v.5). A expressão traduzida como põe à prova transmite a ideia de examinar ou escrutinar. Deus não é apenas onipotente, assentado em Seu trono celestial. Davi relembra aos seus assustados conselheiros de que Deus também é onisciente. Ele pode examinar e escrutinar tudo o que se passa. Nada escapa ao Seu olhar!
Deus é onipotente e onisciente, mas Davi também encontra tranquilidade em meio ao caos ao lembrar-se de que Deus é justo e reto. Ele é o Deus que julgará o mal e recompensará o reto. “…mas, ao que ama a violência, a sua alma o abomina. Fará chover sobre os perversos brasas de fogo e enxofre, e vento abrasador será a parte do seu cálice. Porque o SENHOR é justo, ele ama a justiça; os retos lhe contemplarão a face” (vv.5-7). O salmista se recusa a entrar em pânico porque pode confiar no caráter de Deus, o justo juiz.
Os ímpios achavam que armariam uma cilada para Davi e o matariam. Porém, Davi sabe que, na realidade, eles cairão na armadilha armada por Deus. O Senhor derramaria sobre eles armadilhas como chuvas, ciladas que eles não poderiam ver nem esperar. Trocando de metáfora, Davi descreve Deus enviando sobre os ímpios o calor extremo de carvões em brasa e enxofre ardente, uma alusão à destruição repentina e completa que o Senhor trouxe sobre Sodoma e Gomorra.
De que forma Davi conseguia ter tanta confiança? Sua confiança estava no caráter absoluto de Deus. O Senhor é justo e reto. Com razão, nós o vemos como o Deus de amor. Mas Davi também o descreve como o Deus que “odeia” aqueles que seguem a violência e a maldade. A palavra traduzida como odiar contém a ideia de ser incapaz ou não ter vontade de tolerar algo a ponto de ser inimigo. Deus tem grande afeição por aqueles que confiam nele e que buscam segui-lo, mas violentamente se oporá àqueles que se rebelam contra Seus caminhos e buscam prejudicar os Seus seguidores. Davi permaneceu calmo em meio ao caos porque compreendia o caráter essencial do Deus a quem servia.
Caminhando por nossa terra
ENQUANTO COMEÇAMOS nossa subida de volta ao monte das Oliveiras, que lição podemos extrair das palavras confiantes e calmas de Davi no Salmo 11? Talvez, possamos começar analisando os paralelos entre a nossa própria época e os problemas que Davi enfrentava. Estamos abalados e consternados pelos acontecimentos mundiais, nos quais os ímpios parecem tratar sem consideração aqueles que não podem detê-los. Vemos líderes maus crescendo em poder e influência enquanto os que tentam defender os padrões de certo e errado ditados por Deus são ridicularizados e marginalizados. É o suficiente para nos fazer desejar voar como um pássaro para algum esconderijo numa montanha!
Mas não ceda ao pânico ou ao medo! Em vez disso, lembre-se das três verdades sobre Deus, extraídas do Salmo 11, que mantiveram o salmista firme mesmo em tempos instáveis. Deus ainda está em Seu trono. Ele é onipotente; tem todo poder. Deus também vê todas as coisas que ocorrem no mundo. Ele é onisciente; sabe de tudo. E Deus ainda é o justo juiz que, a Seu tempo, julgará os ímpios e demonstrará Seu amor e Suas bênçãos aos justos. Ele é justo. Conte com isso!