101 CAPÍTULO VIII – Etnobotânica e o desenvolvimento bioeconômico da Amazônia: uma abordagem bibliográfica Andressa Jaqueline Viana De Souza1 Patricia Chaves de Oliveira2 RESUMO O presente estudo consiste em uma abordagem em contexto bibliográfico sobre a temática da etnobotânica como importante ferramenta para o desenvolvimento bioeconômico da região amazônica. Ao se considerar a alta diversidade biológica da região amazônica, sendo muitas vezes a principal fonte de subsistência os povos tradicionais que ocupam esse bioma, como povos indígenas, ribeirinhos, quilombolas, observa-se a riqueza do conhecimento destes povos no manejo dos recursos naturais, ressaltando-se o potencial de uso múltiplo de espécies vegetais sem que seja necessária sua derrubada, aspecto importante na agenda do desenvolvimento bioeconômico, que busca aliar aspectos econômicos com a sustentabilidade. Neste estudo foram utilizados 29 publicações científicas que enquadradas dentro da temática da etnobotânica e bioeconomia na região amazônica, distribuídas entre artigos científicos, artigos de revisão bibliográfica, tese de doutorado, dissertações de mestrado e capítulos de livro. Ressalta-se ao fim do estudo a importância da etnobotânica para o desenvolvimento bioeconômico da região amazônica, porém, destaca-se também a importância sociocultural e histórica do conhecimento tradicional dos povos da Amazônia. 1. INTRODUÇÃO A etnobotânica, enquanto ciência, busca o conhecimento e registro das interações entre as comunidades humanas e a flora de modo contextualizado, sendo uma característica humana a reunião e preservação de informações concernentes à sua interação com o ambiente ao redor, de onde muitas vezes retira o necessário para sua subsistência (DA SILVA, et al., 2015). A região amazônica é caracterizada pela heterogeneidade de seus ecossistemas e consequente diversidade biológica, que na maioria das vezes representa a principal fonte para a subsistências das comunidades tradicionais ali presentes, como povos indígenas, caboclos, quilombolas e ribeirinhos, que embasam sua sobrevivência na exploração dos recursos da floresta através do sistema extrativista vegetal e animal, e a produção agrícola de pequena escala, caracterizada pela produção para consumo próprio e venda do excedente (SOUZA, 2010). Para Da Silva (2015), a diversidade de ecossistemas, como encontrado no bioma Amazônia, deve ser estudada e conservada, mas também utilizada visando a melhoria de qualidade de vida da 1
Engenheira Florestal pela Universidade Federal do Oeste do Pará (2018); Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais da Amazônia da Universidade Federal do Oeste do Pará (2021). / E-mail: andressaviana8@hotmail.com. 2 Doutora em Ciências Agrárias com área de concentração em Sistemas Agroflorestais pela Universidade Federal Rural da Amazônia (2005), Professora Associada ao Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais da Amazônia/UFOPA.