pure/ Pure Magazine / Edição 002 / INVERNO 2008
Ana Cristina Oliveira em entrevista O Power Dressing Do Punk aos “Emos” Diana Vreeland Moda Cinema: “Flashdance”
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EDITORIAL
FICHA TÉCNICA
COLABORADORES
A moda mais que nunca está a tornar-se global, a miscelânea de tendências que surgem estação após estação é o espelho da fusão de culturas alimentada pelas novas tecnologias que permitem a circulação de informação pelos quatro cantos do mundo em tempo quase real. Uma onda de revivalismos apoiada noutras décadas levantam questões como: “Não haverá mais nada a inventar?” Independentemente das múltiplas respostas a esta questão, a verdade é que a primeira década do século XXI, é sobretudo uma década revivalista caracterizada por um revisitar do passado ou um “ressurgimento de ideias, modas ou tendências que fizeram parte do passado”, mas com a característica de não deixar de ser actual. Afinal é esse o papel da moda, ser o mais actual possível mesmo que se inspire no passado. Assim, decidimos dedicar este número aos anos 80, tendência que tem sido trabalhada há algumas estações por diferentes criadores e que continua mais presente que nunca para o próximo Out./Inv. Mas, nem só a moda tem abordado os anos 80, os valores da sociedade actual aproximam-se dos da década e áreas como o cinema ou a música têm ressuscitado imagens de super-heróis ao som de batidas rítmicas de MC Hammer. Do ponto de vista pessoal devo confessar que os anos 80 são uma das minhas décadas favoritas. Se por uma lado há histórias suculentas com sabor a “patchouli”, “tigresse” e “rose bonbon” (na mais kitsch versão), por outro lado temos referências vanguardistas de criadores orientais que marcaram esta década com ideias conceptuais e intelectualizadas. Estes dois extremos são de facto interessantes e no mínimo inspiradores. Alber Elbaz para Lanvin, Marc Jacobs para Vuitton, Ivana Omazic para Celine, Stefano Pilati para Yves Saint Laurent, entre outros, mostram-nos como os anos 80 podem reviver-se com sofisticação e bom gosto e… é impossível dizer que não!
DIRECÇÃO / EDIÇÃO Helga Carvalho DESIGN GRÁFICO Paulo Condez
SARA GOMES Nasceu em Lisboa em 82. Estudou pintura e design gráfico nas Belas Artes em Lisboa. Depois de um ano em Madrid a comer tortilha e estudar serigrafia decidiu trocar os computadores pelas câmeras. As suas paixões incluem um gato branco chamado Lula, discos de vinyl, serigrafia, iogurte grego, aeroportos e revistas.
www.designedbynada.com
www.thesecondbushome.com
www.helgacarvalho.com
COLABORADORES Edição/Texto Ana Rita Clara Brígida Ribeiros Carlos Natálio Ema Mendes Francisco Vaz Fernandes Joana Teodoro Milene Matos Michele Santos Patrícia Cruz Tiago Santos Rita Tavares Sandra Dias Sara Andrade Sónia Abrantes Fotografia Luís de Barros www.luisdebarros.com
Ricardo Cruz www.ricardo-cruz.com
Sara Gomes www.lecadavre.com/thesecondbushome
JOANA TEODORO O design de moda tem cumprido uma importante função ao longo da sua vida. Desenvolve actualmente uma colecção de peças recicladas de marca própria, Ladybug Recycled. Faz atendimento personalizado na reciclagem de peças únicas. A reciclagem e o design sustentável começaram a abrir-lhe outros horizontes há aproximadamente 2 anos. CARLOS NATÁLIO (Lisboa, Portugal, 1980) Licenciado em direito, frequenta actualmente o último ano do curso de cinema na Escola Superior de Teatro e Cinema. Escreve regularmente sobre cinema em diversos sites. As suas áreas de especialização são a montagem e o argumento. Actualmente estagia na Cinemateca Portuguesa no Departamento de Programação. EMA MENDES Nasceu em Lisboa em 1979. Cedo desenvolveu interesse pelas artes em geral mas nunca pela moda, tendo esta entrado quase ao acaso na sua vida em 1998 quando ingressou na Licenciatura em Design de Moda da Faculdade de Arquitectura de Lisboa. A moda passou a ser um ponto de interesse. Tem vindo a colaborar com várias publicações portuguesas e tem feito guarda-roupa de teatro, vídeo clips e publicidade. Actualmente está mais ligada à imprensa e publicidade, e estreia-se na Pure Magazine com um pequeno resumo de tendências para a estação de Inverno de 2008/09.
Helga Carvalho
foto capa: Ana Cristina veste vestido em cetim, ALEKSANDER PROTICH Ana CRISTINA fotograda por Ricardo Cruz / Styling Helga Carvalho
BRÍGIDA RIBEIROS Nasceu em Faro em 1975. Estudou design de moda na Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa e design e marketing de Vestuário (Pós-Graduação) na Universidade do Minho. Concluiu a licenciatura com um estágio em Paris, no gabinete de tendências Peclers, onde colaborou como freelancer. Esteve ligada a projectos de acessórios de moda e fez visitas guiadas ao Museu do Design (CCB). Lecciona desde 2002, design de moda e desenho, na Escola Superior de Artes Aplicadas do Instituto Politécnico de Castelo Branco, na licenciatura em Design de Moda e Têxtil. Vive em Lisboa e em Castelo Branco.
www.puremagazine.pt
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EDITORIAL
FICHA TÉCNICA
COLABORADORES
A moda mais que nunca está a tornar-se global, a miscelânea de tendências que surgem estação após estação é o espelho da fusão de culturas alimentada pelas novas tecnologias que permitem a circulação de informação pelos quatro cantos do mundo em tempo quase real. Uma onda de revivalismos apoiada noutras décadas levantam questões como: “Não haverá mais nada a inventar?” Independentemente das múltiplas respostas a esta questão, a verdade é que a primeira década do século XXI, é sobretudo uma década revivalista caracterizada por um revisitar do passado ou um “ressurgimento de ideias, modas ou tendências que fizeram parte do passado”, mas com a característica de não deixar de ser actual. Afinal é esse o papel da moda, ser o mais actual possível mesmo que se inspire no passado. Assim, decidimos dedicar este número aos anos 80, tendência que tem sido trabalhada há algumas estações por diferentes criadores e que continua mais presente que nunca para o próximo Out./Inv. Mas, nem só a moda tem abordado os anos 80, os valores da sociedade actual aproximam-se dos da década e áreas como o cinema ou a música têm ressuscitado imagens de super-heróis ao som de batidas rítmicas de MC Hammer. Do ponto de vista pessoal devo confessar que os anos 80 são uma das minhas décadas favoritas. Se por uma lado há histórias suculentas com sabor a “patchouli”, “tigresse” e “rose bonbon” (na mais kitsch versão), por outro lado temos referências vanguardistas de criadores orientais que marcaram esta década com ideias conceptuais e intelectualizadas. Estes dois extremos são de facto interessantes e no mínimo inspiradores. Alber Elbaz para Lanvin, Marc Jacobs para Vuitton, Ivana Omazic para Celine, Stefano Pilati para Yves Saint Laurent, entre outros, mostram-nos como os anos 80 podem reviver-se com sofisticação e bom gosto e… é impossível dizer que não!
DIRECÇÃO / EDIÇÃO Helga Carvalho DESIGN GRÁFICO Paulo Condez
SARA GOMES Nasceu em Lisboa em 82. Estudou pintura e design gráfico nas Belas Artes em Lisboa. Depois de um ano em Madrid a comer tortilha e estudar serigrafia decidiu trocar os computadores pelas câmeras. As suas paixões incluem um gato branco chamado Lula, discos de vinyl, serigrafia, iogurte grego, aeroportos e revistas.
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COLABORADORES Edição/Texto Ana Rita Clara Brígida Ribeiros Carlos Natálio Ema Mendes Francisco Vaz Fernandes Joana Teodoro Milene Matos Michele Santos Patrícia Cruz Tiago Santos Rita Tavares Sandra Dias Sara Andrade Sónia Abrantes Fotografia Luís de Barros www.luisdebarros.com
Ricardo Cruz www.ricardo-cruz.com
Sara Gomes www.lecadavre.com/thesecondbushome
JOANA TEODORO O design de moda tem cumprido uma importante função ao longo da sua vida. Desenvolve actualmente uma colecção de peças recicladas de marca própria, Ladybug Recycled. Faz atendimento personalizado na reciclagem de peças únicas. A reciclagem e o design sustentável começaram a abrir-lhe outros horizontes há aproximadamente 2 anos. CARLOS NATÁLIO (Lisboa, Portugal, 1980) Licenciado em direito, frequenta actualmente o último ano do curso de cinema na Escola Superior de Teatro e Cinema. Escreve regularmente sobre cinema em diversos sites. As suas áreas de especialização são a montagem e o argumento. Actualmente estagia na Cinemateca Portuguesa no Departamento de Programação. EMA MENDES Nasceu em Lisboa em 1979. Cedo desenvolveu interesse pelas artes em geral mas nunca pela moda, tendo esta entrado quase ao acaso na sua vida em 1998 quando ingressou na Licenciatura em Design de Moda da Faculdade de Arquitectura de Lisboa. A moda passou a ser um ponto de interesse. Tem vindo a colaborar com várias publicações portuguesas e tem feito guarda-roupa de teatro, vídeo clips e publicidade. Actualmente está mais ligada à imprensa e publicidade, e estreia-se na Pure Magazine com um pequeno resumo de tendências para a estação de Inverno de 2008/09.
Helga Carvalho
foto capa: Ana Cristina veste vestido em cetim, ALEKSANDER PROTICH Ana CRISTINA fotograda por Ricardo Cruz / Styling Helga Carvalho
BRÍGIDA RIBEIROS Nasceu em Faro em 1975. Estudou design de moda na Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa e design e marketing de Vestuário (Pós-Graduação) na Universidade do Minho. Concluiu a licenciatura com um estágio em Paris, no gabinete de tendências Peclers, onde colaborou como freelancer. Esteve ligada a projectos de acessórios de moda e fez visitas guiadas ao Museu do Design (CCB). Lecciona desde 2002, design de moda e desenho, na Escola Superior de Artes Aplicadas do Instituto Politécnico de Castelo Branco, na licenciatura em Design de Moda e Têxtil. Vive em Lisboa e em Castelo Branco.
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s n a a cri tina oliveira Uma agência de modelos japonesa descobriu-a aos 17 anos, em Portugal, através da Central Models. Desde então nunca mais parou. Trabalhou em cidades como Milão, Paris, Nova Iorque e Tóquio, mas escolheu Los Angeles para viver. Quem não se lembra da jovem irreverente do anúncio da Levi’s que entra numa casa de banho de uma estação de serviço e muda de visual? Ana Cristina Oliveira está agora a trabalhar como actriz onde também promete dar cartas. por Milene Matos Silva
Ana Cristina veste vestido em crepe com aplicação de lantejoulas ao nível do ombro, RICARDO PRETO
FOTOGRAFIA RICARDO CRUZ / STYLING HELGA CARVALHO / MAQUILHAGEM NÁNÁ BENJAMIM / ASSISTIDA POR CAROLINA ARCHER @A.R. ATELIER COM PRODUTOS HAKANSSON / CABELOS DAVID SIMÃO PARA GRIFFE HAIR STYLE / MODELO ANA CRISTINA OLIVEIRA - CENTRAL MODELS
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s n a a cri tina oliveira Uma agência de modelos japonesa descobriu-a aos 17 anos, em Portugal, através da Central Models. Desde então nunca mais parou. Trabalhou em cidades como Milão, Paris, Nova Iorque e Tóquio, mas escolheu Los Angeles para viver. Quem não se lembra da jovem irreverente do anúncio da Levi’s que entra numa casa de banho de uma estação de serviço e muda de visual? Ana Cristina Oliveira está agora a trabalhar como actriz onde também promete dar cartas. por Milene Matos Silva
Ana Cristina veste vestido em crepe com aplicação de lantejoulas ao nível do ombro, RICARDO PRETO
FOTOGRAFIA RICARDO CRUZ / STYLING HELGA CARVALHO / MAQUILHAGEM NÁNÁ BENJAMIM / ASSISTIDA POR CAROLINA ARCHER @A.R. ATELIER COM PRODUTOS HAKANSSON / CABELOS DAVID SIMÃO PARA GRIFFE HAIR STYLE / MODELO ANA CRISTINA OLIVEIRA - CENTRAL MODELS
Ana Cristina veste casaco em malha com capuz, PEDRO PEDRO
Ana Cristina veste vestido em cetim, RICARDO DOURADO
Ana Cristina veste casaco em malha com capuz, PEDRO PEDRO
Ana Cristina veste vestido em cetim, RICARDO DOURADO
Ana Cristina veste vestido em cetim, ALEKSANDER PROTICH
Ana Cristina veste vestido em malha e lurex, LUÍS BUCHINHO, €380
Ana Cristina veste vestido em cetim, ALEKSANDER PROTICH
Ana Cristina veste vestido em malha e lurex, LUÍS BUCHINHO, €380
Ana Cristina veste vestido assimĂŠtrico em lantejoulas, NUNO BALTAZAR
Ana Cristina veste vestido assimĂŠtrico em lantejoulas, NUNO BALTAZAR
Ana Cristina veste vestido em feltro, A-FOREST DESIGN
Ana Cristina veste vestido em feltro, A-FOREST DESIGN
Ana Cristina veste vestido em fazenda de lã com aplicações de botões em madrepérola, DINO ALVES, €300
Ana Cristina veste vestido com detalhes em lurex, ALEXANDRA MOURA, €135,69 / Chapéu em feltro, HOSS, €60
Ana Cristina veste vestido em fazenda de lã com aplicações de botões em madrepérola, DINO ALVES, €300
Ana Cristina veste vestido com detalhes em lurex, ALEXANDRA MOURA, €135,69 / Chapéu em feltro, HOSS, €60
Ana Cristina veste vestido em crepe com aplicação de lantejoulas ao nível do ombro, RICARDO PRETO
Aos 17 anos foste trabalhar para o Oriente, não sentiste um choque cultural? Quando saí de Portugal pensava que ir até ao Japão era bom. Mas lembro-me que nas primeiras duas semanas estava em choque. Andar de metro era labiríntico. Não conseguia identificar nada porque era tudo em caracteres. A primeira vez que vi Sushi foi no Japão, em 1991. Aqui nem sequer havia um MacDonalds, muito menos Sushi. Lembro-me que era horrível tentar ter uma conversa e na mais pequena palavra ter que se recorrer ao dicionário. O último ano que estive em Tóquio foi no início de 1993 e nunca mais lá voltei. Depois disso todo o teu percurso profissional esteve relacionado com o mundo da moda. Quando apareces no anúncio da Levi’s, com dimensão internacional e com bastante reconhecimento, é aí que procuras ser actriz? Até ter feito o anúncio da Levi’s, estive de um lado para o outro, entre Paris, Milão e Nova Iorque. Pontualmente, ia a Los Angeles. Uma cidade que eu sempre adorei. A Europa acalma sempre no Verão e em Nova Iorque reflecte-se também uma quebra. Mas, Los Angeles mantém-se sempre em funcionamento durante o todo o ano. Por isso, resolvi criar mais bases em Los Angeles. Aliás, o casting da Levi’s, que foi levado a cabo em várias cidades, como Nova Iorque, Londres, e eu fi-lo em Los Angeles. Na altura nem pensei muito, era mais um casting. Estava na Austrália a passar uma temporada quando me começaram a avisar que teria que regressar para fazer um segundo casting. Até aí não sabia se o anúncio iria ser internacional. Só tive a noção do impacto quando começou a passar. E o curso de representação e a vontade de representar surge com o anúncio? Sim, um pouco. Foi um empurrão. Como é que foi o regresso a Portugal e a participação em filmes como o Odete, de João Pedro Rodrigues, sendo que continuas a viver em Los Angeles? Como é que foi trabalhar aqui com realizadores portugueses? Não tenho qualquer problema em trabalhar em qualquer lado desde que goste do argumento.
Mas é muito diferente trabalhar em produções de Odete ou a de Miami Vice? É diferente ao nível da produção. Mas, tenho um carinho especial pelo filme Odete. É muito raro estar-se numa equipa em que se gosta de toda a gente. Adorei trabalhar com o realizador, João Pedro Rodrigues, porque acho que ele é uma pessoa especial. Apesar de ser uma produção pequena. E o filme Odete trouxe-te um reconhecimento internacional, em 2005? Estava em Los Angeles quando me telefonaram a avisar que tinha ganho o prémio de melhor interpretação “Janine Bazin”. É sempre bom ganhar um prémio, ter algum reconhecimento. Os teus projectos passam por trabalhar mais em Lisboa, com realizadores portugueses, ou preferes continuar em Los Angeles? Apesar de continuar a viver lá, sei sempre através da minha agente o que se faz por cá, o que está em pré-produção. E como actriz de teatro? O teatro e o cinema são mundos completamente diferentes. A maior parte dos actores diz que o teatro é que é a base. Não tenho nada contra o teatro e posso até fazer, mas prefiro muito mais fazer cinema. Prefiro a loucura do cinema ao snobismo do teatro. Dentro desses dois mundos de representação, as técnicas são muito diferentes. No teatro há princípio, meio e fim. No cinema filma-se com uma equipa. No teatro, estamos apenas com o encenador e os outros actores, o que se torna aborrecido. Ainda fazes algumas produções de moda? Ainda faço algumas. Não digo que não. Mas, entretanto, segui outros caminhos e como já não faço o circuito da moda, como estar nas cidades essenciais, não tenho tantas propostas. Mas estás em Los Angeles e isso permite-te uma aproximação ao mundo do cinema? Sim, mas hoje em dia já não está tudo centralizado. Com o cyberworld já não há centralidades.
Em relação à moda, sentes-te influenciada por aquilo que está na moda? Depois destes anos todos a trabalhar em moda, claro que vou vendo revistas e as tendências. Mas não sigo a rigor, por exemplo não tenho os must-haves. Só se ficar apaixonada por uma peça. Há algum criador internacional que se destaque para ti? Não tenho nenhum favorito. Consigo eleger algumas peças ou acessórios de alguns criadores. Nos últimos anos tenho encontrado muitas peças de Balencianga de que gosto imenso. E um criador que te tenha marcado na época em que trabalhavas como modelo? Houve uma altura em que era fiel a Calvin Klein porque vivia em Nova Iorque e fazia muito desfiles para ele. Tem um lado descontraído de que gosto. E nacionais? Não conheço os novos criadores. Os mais antigos são-me familiares, como Ana Salazar, António Tenente ou Nuno Gama. Mas já saí de Portugal há muitos anos. A última Moda Lisboa em que participei foi, julgo, em 2004. Perdeste-te nas compras? Não, odeio experimentar roupa. Sei mais ou menos o meu número. Se comprar um vestido normalmente penduro-o com o cabide no meu pescoço. Odeio experimentar roupa talvez porque trabalhei em moda e estava sempre a experimentar, a vestir e a despir. Em casa de ferreiro espeto de pau… Acho que se pode ir por dois caminhos. Pode-se escolher estar sempre atento e comprar a mala da X ou as calças de determinada marca. Ou pode-se escolher um caminho mais simples e não se ser refém da moda.
Ana Cristina veste vestido em crepe com aplicação de lantejoulas ao nível do ombro, RICARDO PRETO
Aos 17 anos foste trabalhar para o Oriente, não sentiste um choque cultural? Quando saí de Portugal pensava que ir até ao Japão era bom. Mas lembro-me que nas primeiras duas semanas estava em choque. Andar de metro era labiríntico. Não conseguia identificar nada porque era tudo em caracteres. A primeira vez que vi Sushi foi no Japão, em 1991. Aqui nem sequer havia um MacDonalds, muito menos Sushi. Lembro-me que era horrível tentar ter uma conversa e na mais pequena palavra ter que se recorrer ao dicionário. O último ano que estive em Tóquio foi no início de 1993 e nunca mais lá voltei. Depois disso todo o teu percurso profissional esteve relacionado com o mundo da moda. Quando apareces no anúncio da Levi’s, com dimensão internacional e com bastante reconhecimento, é aí que procuras ser actriz? Até ter feito o anúncio da Levi’s, estive de um lado para o outro, entre Paris, Milão e Nova Iorque. Pontualmente, ia a Los Angeles. Uma cidade que eu sempre adorei. A Europa acalma sempre no Verão e em Nova Iorque reflecte-se também uma quebra. Mas, Los Angeles mantém-se sempre em funcionamento durante o todo o ano. Por isso, resolvi criar mais bases em Los Angeles. Aliás, o casting da Levi’s, que foi levado a cabo em várias cidades, como Nova Iorque, Londres, e eu fi-lo em Los Angeles. Na altura nem pensei muito, era mais um casting. Estava na Austrália a passar uma temporada quando me começaram a avisar que teria que regressar para fazer um segundo casting. Até aí não sabia se o anúncio iria ser internacional. Só tive a noção do impacto quando começou a passar. E o curso de representação e a vontade de representar surge com o anúncio? Sim, um pouco. Foi um empurrão. Como é que foi o regresso a Portugal e a participação em filmes como o Odete, de João Pedro Rodrigues, sendo que continuas a viver em Los Angeles? Como é que foi trabalhar aqui com realizadores portugueses? Não tenho qualquer problema em trabalhar em qualquer lado desde que goste do argumento.
Mas é muito diferente trabalhar em produções de Odete ou a de Miami Vice? É diferente ao nível da produção. Mas, tenho um carinho especial pelo filme Odete. É muito raro estar-se numa equipa em que se gosta de toda a gente. Adorei trabalhar com o realizador, João Pedro Rodrigues, porque acho que ele é uma pessoa especial. Apesar de ser uma produção pequena. E o filme Odete trouxe-te um reconhecimento internacional, em 2005? Estava em Los Angeles quando me telefonaram a avisar que tinha ganho o prémio de melhor interpretação “Janine Bazin”. É sempre bom ganhar um prémio, ter algum reconhecimento. Os teus projectos passam por trabalhar mais em Lisboa, com realizadores portugueses, ou preferes continuar em Los Angeles? Apesar de continuar a viver lá, sei sempre através da minha agente o que se faz por cá, o que está em pré-produção. E como actriz de teatro? O teatro e o cinema são mundos completamente diferentes. A maior parte dos actores diz que o teatro é que é a base. Não tenho nada contra o teatro e posso até fazer, mas prefiro muito mais fazer cinema. Prefiro a loucura do cinema ao snobismo do teatro. Dentro desses dois mundos de representação, as técnicas são muito diferentes. No teatro há princípio, meio e fim. No cinema filma-se com uma equipa. No teatro, estamos apenas com o encenador e os outros actores, o que se torna aborrecido. Ainda fazes algumas produções de moda? Ainda faço algumas. Não digo que não. Mas, entretanto, segui outros caminhos e como já não faço o circuito da moda, como estar nas cidades essenciais, não tenho tantas propostas. Mas estás em Los Angeles e isso permite-te uma aproximação ao mundo do cinema? Sim, mas hoje em dia já não está tudo centralizado. Com o cyberworld já não há centralidades.
Em relação à moda, sentes-te influenciada por aquilo que está na moda? Depois destes anos todos a trabalhar em moda, claro que vou vendo revistas e as tendências. Mas não sigo a rigor, por exemplo não tenho os must-haves. Só se ficar apaixonada por uma peça. Há algum criador internacional que se destaque para ti? Não tenho nenhum favorito. Consigo eleger algumas peças ou acessórios de alguns criadores. Nos últimos anos tenho encontrado muitas peças de Balencianga de que gosto imenso. E um criador que te tenha marcado na época em que trabalhavas como modelo? Houve uma altura em que era fiel a Calvin Klein porque vivia em Nova Iorque e fazia muito desfiles para ele. Tem um lado descontraído de que gosto. E nacionais? Não conheço os novos criadores. Os mais antigos são-me familiares, como Ana Salazar, António Tenente ou Nuno Gama. Mas já saí de Portugal há muitos anos. A última Moda Lisboa em que participei foi, julgo, em 2004. Perdeste-te nas compras? Não, odeio experimentar roupa. Sei mais ou menos o meu número. Se comprar um vestido normalmente penduro-o com o cabide no meu pescoço. Odeio experimentar roupa talvez porque trabalhei em moda e estava sempre a experimentar, a vestir e a despir. Em casa de ferreiro espeto de pau… Acho que se pode ir por dois caminhos. Pode-se escolher estar sempre atento e comprar a mala da X ou as calças de determinada marca. Ou pode-se escolher um caminho mais simples e não se ser refém da moda.
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news Nike e Here I Am
Pestanas de Viktor & Rolf para Shu Uemura
Colecção de arte de Yves Saint Laurent
“Kapsule” de Karl Lagerfeld
1 2 3 4 5 de Sarah Moon
Trinta anos de História de YSL Beauté
No seguimento da campanha europeia “Here I Am”, iniciada no passado mês de Fevereiro, a Nike Women apresenta o livro com o mesmo nome. Composto por histórias reais e fotografias de várias atletas internacionais, “Here I am” pretende atrair mulheres de todas as formas e idades para o desporto. Baseado nos relatos pessoais de desportistas como Maria Sharapova, Vanessa Fernandes e Fabienne Nadarajah, esta publicação mostra o impacto que o desporto tem na vida das mulheres e que mesmo o hóquei e o judo não lhes retira o lado feminino. “Here I Am” foi criado pela agência de publicidade Wieden + Kennedy em Amsterdão, em colaboração com a equipa de relações públicas da marca, sendo que, de acordo com os directores criativos daquela agência, o livro consegue provar como a ginástica reforça a auto-estima física e psicológica das mulheres. De edição limitada e indisponível para compra, esta colectânea será oferecida a atletas e personalidades do meio cultural, estando exposto em todas as lojas Nike Women da Europa. As mais interessadas poderão ganhar uma cópia através da consulta do site da Nike Woman.
Uma edição limitada de pestanas falsas em forma de clips, com losangos ou de um comprimento irreal, está disponível na loja Colette em Paris. Criadas pelos costureiros Viktor & Rolf para o guru da cosmética Shu Uemura, a fusão entre alta costura e maquilhagem resulta nos modelos “Wing”, “Rhombus” e “Swirl”. De efeito dramático, a colecção de V&R para vestir os olhos foi inspirada nos personagens Arlequim e Pierrot e custam 124.92 € o par.
Vão ser vendidas as peças de arte do recentemente falecido YSL e do seu sócio Pierre Bergé. Os fundadores da casa de alta costura reuniram ao longo de 40 anos uma colecção estimada em 599 milhões de dólares. As peças serão leiloadas pela Christie`s em parceria com a Pierre Bergé & Associados, a leiloeira francesa de Pierre Bergé. O “Art Newspaper” anunciou que o espólio reúne peças de uma grande variedade de artistas contemporâneos e de mestres mais antigos. Estão em causa obras em esmalte, estatuetas da Renascença, móveis Art Déco e quadros de Picasso, Wharol, Matisse e Goya, entre outros. Quanto à data sabe-se que será em Fevereiro do próximo ano.
O costureiro que criou perfumes como KL, Photo e Lagerfeld Classic, irá lançar no final de Outubro as fragrâncias “Kapsule”. Da parceria entre Lagerfeld e a Casa Coty, nasceram três perfumes que podem ser usados individualmente ou combinados. “Light”, “Floriental” e “Woody” assentam no conceito do “roupeiro cápsula” (conjuntos de estilos e cores que criam um guarda-roupa básico adequado a qualquer ocasião). Assim, da mesma forma que de um roupeiro se podem retirar inúmeras combinações de roupa, estes aromas permitem criar perfumes à medida. Basta imaginação para misturá-los como e nas doses que se quiser. Para Lagerfeld, cujos aromas preferidos são o de pão fresco, baunilha e madeira, a moda depende dos perfumes e o número destes nunca será suficiente.
A fotógrafa de campanhas da Vogue, Comme de Garçons e Cacharel, reuniu em cinco volumes mais de 400 imagens impressionistas que revelam o seu mundo imaginário e estilo peculiar. Da experiência publicitária e pessoal, a também ex-modelo Sarah Moon criou estes livros a partir de fotografias de curtas e longas metragens realizadas pela autora, com destaque para o filme “Mississipi One”, de fotografias de moda e outras imagens captadas entre 1990 e 2000. Com textos de Alain Fleischer, Robert Delpire e da própria Sarah Moon, os volumes incluem ainda entrevistas e um DVD de 95 minutos. Publicado pela Thomas & Hudson, o conjunto destes volumes de capa mole serão vendidos numa caixa de cartão a partir do próximo dia 13 de Outubro.
Ao criar a marca YSL Beauté, em 1978, Yves Saint Laurent explicou: “faltava um rosto na mulher que visto”. Grafismo e côr em forma de blush, sombra ou batom, fez com que todos os produtos da marca se afirmassem pela sedução-emoção de que se faz a individualidade de cada mulher. Os trinta anos de história de maquilhagem contam-se através da personalidade YSL e das embalagens douradas que se assumiram como ícones da marca. Assim, a YSL Beauté faz uma retrospectiva dos produtos que marcaram as 3 últimas décadas, destacando o batom “Rouge Pur” lançado no fim da década de 70, o lápis “Dessin dês Lèvres” de 1980, o disfarçador de olheiras “Touche éclat” surgido em 1996 e o “Gloss Pur” nº 49 de côr preta para o Inverno de 2008. As modelos Coco Rocha e Kate Moss são os dois rostos bem diferentes das campanhas YSL para esta estação, os quais, segundo Val Garland, conselheira artística desta linha de maquilhagem, mostram como a YSL se adapta aos diferentes tipos de mulher. O sucesso explica-se pelo lançamento regular de novos produtos, imagem da marca e a confiança adquirida pelas clientes e traduz-se no slogan “em cada mulher, há uma mulher YSL”. É mais uma celebração que homenageia o criador no ano da sua morte.
www.nikewomen.com Maria Sharapova por Alyse Altikov
www.colette.fr
Monette pour Comme des Garçons, Por SARA MOON
Diferentes campanhas publicitárias de YSL Beauté
por Patrícia Cruz
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news Nike e Here I Am
Pestanas de Viktor & Rolf para Shu Uemura
Colecção de arte de Yves Saint Laurent
“Kapsule” de Karl Lagerfeld
1 2 3 4 5 de Sarah Moon
Trinta anos de História de YSL Beauté
No seguimento da campanha europeia “Here I Am”, iniciada no passado mês de Fevereiro, a Nike Women apresenta o livro com o mesmo nome. Composto por histórias reais e fotografias de várias atletas internacionais, “Here I am” pretende atrair mulheres de todas as formas e idades para o desporto. Baseado nos relatos pessoais de desportistas como Maria Sharapova, Vanessa Fernandes e Fabienne Nadarajah, esta publicação mostra o impacto que o desporto tem na vida das mulheres e que mesmo o hóquei e o judo não lhes retira o lado feminino. “Here I Am” foi criado pela agência de publicidade Wieden + Kennedy em Amsterdão, em colaboração com a equipa de relações públicas da marca, sendo que, de acordo com os directores criativos daquela agência, o livro consegue provar como a ginástica reforça a auto-estima física e psicológica das mulheres. De edição limitada e indisponível para compra, esta colectânea será oferecida a atletas e personalidades do meio cultural, estando exposto em todas as lojas Nike Women da Europa. As mais interessadas poderão ganhar uma cópia através da consulta do site da Nike Woman.
Uma edição limitada de pestanas falsas em forma de clips, com losangos ou de um comprimento irreal, está disponível na loja Colette em Paris. Criadas pelos costureiros Viktor & Rolf para o guru da cosmética Shu Uemura, a fusão entre alta costura e maquilhagem resulta nos modelos “Wing”, “Rhombus” e “Swirl”. De efeito dramático, a colecção de V&R para vestir os olhos foi inspirada nos personagens Arlequim e Pierrot e custam 124.92 € o par.
Vão ser vendidas as peças de arte do recentemente falecido YSL e do seu sócio Pierre Bergé. Os fundadores da casa de alta costura reuniram ao longo de 40 anos uma colecção estimada em 599 milhões de dólares. As peças serão leiloadas pela Christie`s em parceria com a Pierre Bergé & Associados, a leiloeira francesa de Pierre Bergé. O “Art Newspaper” anunciou que o espólio reúne peças de uma grande variedade de artistas contemporâneos e de mestres mais antigos. Estão em causa obras em esmalte, estatuetas da Renascença, móveis Art Déco e quadros de Picasso, Wharol, Matisse e Goya, entre outros. Quanto à data sabe-se que será em Fevereiro do próximo ano.
O costureiro que criou perfumes como KL, Photo e Lagerfeld Classic, irá lançar no final de Outubro as fragrâncias “Kapsule”. Da parceria entre Lagerfeld e a Casa Coty, nasceram três perfumes que podem ser usados individualmente ou combinados. “Light”, “Floriental” e “Woody” assentam no conceito do “roupeiro cápsula” (conjuntos de estilos e cores que criam um guarda-roupa básico adequado a qualquer ocasião). Assim, da mesma forma que de um roupeiro se podem retirar inúmeras combinações de roupa, estes aromas permitem criar perfumes à medida. Basta imaginação para misturá-los como e nas doses que se quiser. Para Lagerfeld, cujos aromas preferidos são o de pão fresco, baunilha e madeira, a moda depende dos perfumes e o número destes nunca será suficiente.
A fotógrafa de campanhas da Vogue, Comme de Garçons e Cacharel, reuniu em cinco volumes mais de 400 imagens impressionistas que revelam o seu mundo imaginário e estilo peculiar. Da experiência publicitária e pessoal, a também ex-modelo Sarah Moon criou estes livros a partir de fotografias de curtas e longas metragens realizadas pela autora, com destaque para o filme “Mississipi One”, de fotografias de moda e outras imagens captadas entre 1990 e 2000. Com textos de Alain Fleischer, Robert Delpire e da própria Sarah Moon, os volumes incluem ainda entrevistas e um DVD de 95 minutos. Publicado pela Thomas & Hudson, o conjunto destes volumes de capa mole serão vendidos numa caixa de cartão a partir do próximo dia 13 de Outubro.
Ao criar a marca YSL Beauté, em 1978, Yves Saint Laurent explicou: “faltava um rosto na mulher que visto”. Grafismo e côr em forma de blush, sombra ou batom, fez com que todos os produtos da marca se afirmassem pela sedução-emoção de que se faz a individualidade de cada mulher. Os trinta anos de história de maquilhagem contam-se através da personalidade YSL e das embalagens douradas que se assumiram como ícones da marca. Assim, a YSL Beauté faz uma retrospectiva dos produtos que marcaram as 3 últimas décadas, destacando o batom “Rouge Pur” lançado no fim da década de 70, o lápis “Dessin dês Lèvres” de 1980, o disfarçador de olheiras “Touche éclat” surgido em 1996 e o “Gloss Pur” nº 49 de côr preta para o Inverno de 2008. As modelos Coco Rocha e Kate Moss são os dois rostos bem diferentes das campanhas YSL para esta estação, os quais, segundo Val Garland, conselheira artística desta linha de maquilhagem, mostram como a YSL se adapta aos diferentes tipos de mulher. O sucesso explica-se pelo lançamento regular de novos produtos, imagem da marca e a confiança adquirida pelas clientes e traduz-se no slogan “em cada mulher, há uma mulher YSL”. É mais uma celebração que homenageia o criador no ano da sua morte.
www.nikewomen.com Maria Sharapova por Alyse Altikov
www.colette.fr
Monette pour Comme des Garçons, Por SARA MOON
Diferentes campanhas publicitárias de YSL Beauté
por Patrícia Cruz
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s ano 80 1
O Power Dressing, e o regresso dos anos 80. por Rita Tavares Se a moda dos anos 70 fica marcada por um desejo de autenticidade, de regresso ao natural e de auto-realização, nos anos 80 o culto do êxito e a ideia de que tudo era possível, que se manifesta também em todos os outros domínios da sociedade, vai marcar profundamente a moda e introduzir novos conceitos nesta área. A demografia mudou a face da sociedade. O mercado dominante estava a tornar-se mais velho e era também financeiramente mais seguro. As pessoas viviam mais e faziam por parecer mais novas ao mesmo tempo. O boom económico marca esta década a todos os níveis. As velhas indústrias morreram, enquanto as novas tecnologias desenvolviam e explodiam. O cartão de crédito encorajava ao consumo depois de anos de recessão. Comprar tornou-se a palavra de ordem. A moda transforma-se. Passa a ser definitivamente internacional. A Alta-Costura francesa deixa de ser a tendência dominante. Em todos os países do mundo começam a desenvolver-se estilos próprios, que se estendem para além das próprias fronteiras. Inglaterra, Itália e Alemanha tornam-se verdadeiros países produtores de moda. Os EUA enviam para a Europa um vestuário clássico e desportivo, enquanto que do Japão chegam tendências vanguardistas. No dia a dia, a elegância simples e funcional ganha força e torna-se a tendência dominante. No entanto, o traço mais característico da moda dos anos 80 é a coexistência dos mais diversos estilos. É nesta década que o mundo da moda se despede finalmente da ideia de que moda significava um só estilo, uma só tendência. Impõe-se a partir daqui a diversidade de estilos. Yuppies, punks, novo romantismo, power dressing, vestuário desportivo… A originalidade artística, tal como já acontecia em outras áreas, consiste em saber utilizar as citações e relacioná-las umas com as outras. Assim, o indivíduo deixa de ser uma entidade claramente definida para ser colocado num contexto histórico variável. A onda nostálgica de outras décadas perde-se nos anos 80 e dá lugar à introdução de elementos lúdicos e inspiração em épocas passadas, agora de forma evidente e simultaneamente irónica. A abordagem de estilos de moda históricos adquiriu uma nova qualidade, o que deu origem a uma espécie de historicismo híbrido: já não se tratava de recriar um estilo, pois nenhum estilo era citado no seu todo. Antes pelo contrário, pegava-se em elementos de diferentes
origens que eram montados de forma nova e davam origem a algo de extremamente moderno. A moda começou a desenvolver-se no mesmo sentido que a arquitectura e as belas artes. O passado deixa de ser eternizado para ser reanimado. Madonna é um óptimo exemplo de conjugação de vários elementos de forma original. Consegue jogar com todos os tabus e preconceitos, utilizando o seu corpo como objecto altamente sexualizado e simultaneamente “domesticado”. O seu corpo não é feminino no sentido natural do termo, resulta de sessões de aeróbica, musculação e dietas, um facto que não é dissimulado, antes pelo contrário, é exibido abertamente. A mulher ideal dos anos 80 era esguia, musculada e ambiciosa, com êxito a nível profissional e pessoal. Enquanto Madonna ou Grace Jones propagavam uma imagem de feminilidade nova, bastante mais dura, as estrelas da música pop masculinas cultivavam um estilo de ambiguidade sexual. Artistas como Boy George, Prince ou Michael Jackson acentuavam o lado mais feminino com vozes agudas e suaves e a cara muito maquilhada. Era uma imagem completamente nova e muito erótica da masculinidade, encarada como provocação, mas ao mesmo tempo muito copiada. Não só recriou a moda fetiche e o brilho algo frívolo dos clubes nocturnos e das estrelas de Hollywood, Madonna contribuiu também para introduzir elementos desportivos na moda dos anos 80. A aeróbica torna-se o desporto da moda e com ela surge toda uma indumentária muito própria: calças de lycra coloridas e brilhantes, maillots justos, faixas para a testa, legwarmers e calçado especializado. Esta moda desportiva não tardou a chegar às ruas. O vestuário desportivo era muitas vezes combinado com sapatos de salto alto ou blazers. Os ténis tornaram-se no calçado de lazer por excelência e eram usados com calças de ganga em quase todas as ocasiões. Além da moda desportiva que deixou de estar reservada para os momentos de lazer e do vestuário luxuoso para a noite, apareceu ainda outra variante de vestuário destinada às mulheres de sucesso cujo lema era “Dress for Success”. As mulheres conseguiam conquistar de forma natural quase todos os domínios da vida profissional e empenhavam-se em atingir o topo das suas carreiras. O vestuário masculino era a inspiração e a mulher tornava-se invisível como ser sexual para exaltar antes a sua competência profis-
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O Power Dressing, e o regresso dos anos 80. por Rita Tavares Se a moda dos anos 70 fica marcada por um desejo de autenticidade, de regresso ao natural e de auto-realização, nos anos 80 o culto do êxito e a ideia de que tudo era possível, que se manifesta também em todos os outros domínios da sociedade, vai marcar profundamente a moda e introduzir novos conceitos nesta área. A demografia mudou a face da sociedade. O mercado dominante estava a tornar-se mais velho e era também financeiramente mais seguro. As pessoas viviam mais e faziam por parecer mais novas ao mesmo tempo. O boom económico marca esta década a todos os níveis. As velhas indústrias morreram, enquanto as novas tecnologias desenvolviam e explodiam. O cartão de crédito encorajava ao consumo depois de anos de recessão. Comprar tornou-se a palavra de ordem. A moda transforma-se. Passa a ser definitivamente internacional. A Alta-Costura francesa deixa de ser a tendência dominante. Em todos os países do mundo começam a desenvolver-se estilos próprios, que se estendem para além das próprias fronteiras. Inglaterra, Itália e Alemanha tornam-se verdadeiros países produtores de moda. Os EUA enviam para a Europa um vestuário clássico e desportivo, enquanto que do Japão chegam tendências vanguardistas. No dia a dia, a elegância simples e funcional ganha força e torna-se a tendência dominante. No entanto, o traço mais característico da moda dos anos 80 é a coexistência dos mais diversos estilos. É nesta década que o mundo da moda se despede finalmente da ideia de que moda significava um só estilo, uma só tendência. Impõe-se a partir daqui a diversidade de estilos. Yuppies, punks, novo romantismo, power dressing, vestuário desportivo… A originalidade artística, tal como já acontecia em outras áreas, consiste em saber utilizar as citações e relacioná-las umas com as outras. Assim, o indivíduo deixa de ser uma entidade claramente definida para ser colocado num contexto histórico variável. A onda nostálgica de outras décadas perde-se nos anos 80 e dá lugar à introdução de elementos lúdicos e inspiração em épocas passadas, agora de forma evidente e simultaneamente irónica. A abordagem de estilos de moda históricos adquiriu uma nova qualidade, o que deu origem a uma espécie de historicismo híbrido: já não se tratava de recriar um estilo, pois nenhum estilo era citado no seu todo. Antes pelo contrário, pegava-se em elementos de diferentes
origens que eram montados de forma nova e davam origem a algo de extremamente moderno. A moda começou a desenvolver-se no mesmo sentido que a arquitectura e as belas artes. O passado deixa de ser eternizado para ser reanimado. Madonna é um óptimo exemplo de conjugação de vários elementos de forma original. Consegue jogar com todos os tabus e preconceitos, utilizando o seu corpo como objecto altamente sexualizado e simultaneamente “domesticado”. O seu corpo não é feminino no sentido natural do termo, resulta de sessões de aeróbica, musculação e dietas, um facto que não é dissimulado, antes pelo contrário, é exibido abertamente. A mulher ideal dos anos 80 era esguia, musculada e ambiciosa, com êxito a nível profissional e pessoal. Enquanto Madonna ou Grace Jones propagavam uma imagem de feminilidade nova, bastante mais dura, as estrelas da música pop masculinas cultivavam um estilo de ambiguidade sexual. Artistas como Boy George, Prince ou Michael Jackson acentuavam o lado mais feminino com vozes agudas e suaves e a cara muito maquilhada. Era uma imagem completamente nova e muito erótica da masculinidade, encarada como provocação, mas ao mesmo tempo muito copiada. Não só recriou a moda fetiche e o brilho algo frívolo dos clubes nocturnos e das estrelas de Hollywood, Madonna contribuiu também para introduzir elementos desportivos na moda dos anos 80. A aeróbica torna-se o desporto da moda e com ela surge toda uma indumentária muito própria: calças de lycra coloridas e brilhantes, maillots justos, faixas para a testa, legwarmers e calçado especializado. Esta moda desportiva não tardou a chegar às ruas. O vestuário desportivo era muitas vezes combinado com sapatos de salto alto ou blazers. Os ténis tornaram-se no calçado de lazer por excelência e eram usados com calças de ganga em quase todas as ocasiões. Além da moda desportiva que deixou de estar reservada para os momentos de lazer e do vestuário luxuoso para a noite, apareceu ainda outra variante de vestuário destinada às mulheres de sucesso cujo lema era “Dress for Success”. As mulheres conseguiam conquistar de forma natural quase todos os domínios da vida profissional e empenhavam-se em atingir o topo das suas carreiras. O vestuário masculino era a inspiração e a mulher tornava-se invisível como ser sexual para exaltar antes a sua competência profis-
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sional. O Power Dressing pôs as mulheres a usar tailleurs, blazers compridos com os ombros largos e acentuados por enchumaços, a combinar com saias justas à altura do joelho, ou calças com pregas, e sapatos de salto alto simples e elegantes. Séries como Dinastia e Dallas são também forte influência para formar a imagem tipo da mulher dos anos 80. A roupa é utilizada para definir o carácter, as personagens mais fortes usam um vestuário que acentua as formas, a “verdadeira senhora” usa cores discretas e vestidos elegantes e que quase não marcam o corpo. Todas estas influências fazem com que surja uma nova silhueta que marca impreterivelmente toda a década de 80. Os ombros do vestuário feminino tornam-se cada vez mais largos, indicador claro da masculinização da moda. Desportivismo, êxito e espírito de iniciativa eram características marcantes da sociedade americana nos anos 80. É a grande década da moda americana, pois esta corresponde em pleno ao espírito da época. Donna Karan, Calvin Klein ou Ralph Lauren tornam-se nomes com êxito mundial. Com um vestuário que vai de encontro às necessidades das mulheres da década de 80, Donna Karan é considerada a essência do estilo discreto, mas também confortável e simultaneamente correcto. As ideias conceptuais de Donna Karan tinham como base simplificar a vida com a ajuda do vestuário. A criadora dedica o seu trabalho às “young urban professionals”, mulheres independentes que vivem e trabalham nas grandes metrópoles. Calvin Klein é o primeiro criador a comercializar calças de ganga com o seu nome. Com a crescente importância do estilo desportivo, era necessário adquirir umas calças de ganga para estar na moda e este facto por si só serviria de justificação para o crescente êxito da marca nos anos 80. Mas nesta década, a marca decide alargar as suas colecções e começa a criar vestuário para escritório num estilo simultaneamente clássico, desportivo e elegante. “Não acredito no bom gosto”. A frase é de Gianni Versace e ilustra bem aquilo que se passa na moda europeia nos anos 80. Não há regras para as variações no estilo, vale tudo, sempre com a mulher como centro das atenções. Thierry Mugler desenvolve um trabalho de silhuetas extremamente elaboradas, com cinturas muito finas e acentuadas por aplicações
de cor nos lados, bustos que lembram esculturas e calças e saias muito justas. Um estilo hiperfeminino que frequentemente se inspira na moda fetichista, mostrando mulheres fortes e dominadoras. Nenhum outro criador tem tão pouco receio do kitsch e do que é considerado mau gosto como Jean Paul Gaultier. Provocador e com um sentido de humor apurado, brinca descaradamente com os sexos, criando a partir daí ideias novas. Lagerfeld é o responsável pela nova imagem da Chanel nos anos 80. Conseguiu rejuvenescer o estilo da casa, conservando os elementos tradicionais do típico estilo Chanel, mas adicionando uma elegância muito lúdica e um perfeccionismo absoluto. “Um cortejo fúnebre a seguir a uma guerra nuclear.” Esta foi a definição da imprensa para o primeiro desfile da marca Comme des Garçons em Paris, em 1981. Além da marca de Rei Kawakubo, estabelecem-se também nesta altura em Paris nomes como Issey Miyake, Yohji Yamamoto e Kenzo. A chegada dos criadores japoneses à Europa nos anos 80 marca o início de uma revolução do conceito ocidental de corpo e de vestuário. Caracterizada por silhuetas completamente surpreendentes e por efeitos especiais, a moda japonesa coloca em primeiro plano materiais invulgares e vive em função do corpo. Esta mescla de influências e estilos da década de 80 pode bem ser a explicação para a constante reinterpretação de pormenores desta época na moda actual. Apesar de vivermos tempos em que a tendência é não limitar as colecções a uma única tendência, certo é que os anos 80 têm sido tema recorrente nos desfiles das últimas estações de várias casas de moda. Os ombros largos e marcados em Nina Ricci, a silhueta marcada e agressiva em Lanvin e Yves Saint Laurent, as formas extremamente geométricas em Louis Vuitton, são exemplos claros do regresso aos anos 80 para Outono/Inverno 2008/09. A isso não será alheio o facto de vivermos de novo uma época em que as mulheres assumem o lado profissional com cada vez mais protagonismo. Depois de algumas temporadas em que a mulher aparecia com um aspecto frágil e naif, cria-se agora uma nova imagem para a mulher actual, com o culto do corpo a ganhar de novo importância, ainda que de uma forma menos masculina, e o assumir de uma nova força e agressividade, tanto no trabalho como a nível pessoal.
1 Colecção Outono/Inverno 08/09, Paris, Nina Ricci / 2 “Keep Fit” Welness Studio, 1983. “Icons of Fashion, The 20th Century”. Prestel / 3 Rei Kawakubo designs, 1981. B.T. Batsford - London. Fashions of a Decade the 1980’s / 4 Campanha publicitária de Giorgio Armani Senhora, Outono/Inverno 84/85. “Icons of Fashion, The 20th Century”. Prestel / 5 Yohji Yamamoto, vestido com pormenor em tule. Campanha Publicitária, Outono/Inverno 86/87. “Icons of Fashion, The 20th Century”. Prestel 6 Look “Fauve”, Yves Saint Laurent Beauté, Outono/Inverno 1986/87 / 7 Colecção Outono/Inverno 08/09, Paris, Lanvin / 8 Colecção Outono/Inverno 08/09, Paris, Louis Vuitton / 9 Madonna. B.T. Batsford - London. Fashions of a Decade the 1980’s / 10 Comme dEs Garçons, Daytime wear’ 1981. “Icons of Fashion, The 20th Century”. Prestel / 11 Colecção Outono/Inverno 08/09, Paris, Yves Saint Laurent
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de cor nos lados, bustos que lembram esculturas e calças e saias muito justas. Um estilo hiperfeminino que frequentemente se inspira na moda fetichista, mostrando mulheres fortes e dominadoras. Nenhum outro criador tem tão pouco receio do kitsch e do que é considerado mau gosto como Jean Paul Gaultier. Provocador e com um sentido de humor apurado, brinca descaradamente com os sexos, criando a partir daí ideias novas. Lagerfeld é o responsável pela nova imagem da Chanel nos anos 80. Conseguiu rejuvenescer o estilo da casa, conservando os elementos tradicionais do típico estilo Chanel, mas adicionando uma elegância muito lúdica e um perfeccionismo absoluto. “Um cortejo fúnebre a seguir a uma guerra nuclear.” Esta foi a definição da imprensa para o primeiro desfile da marca Comme des Garçons em Paris, em 1981. Além da marca de Rei Kawakubo, estabelecem-se também nesta altura em Paris nomes como Issey Miyake, Yohji Yamamoto e Kenzo. A chegada dos criadores japoneses à Europa nos anos 80 marca o início de uma revolução do conceito ocidental de corpo e de vestuário. Caracterizada por silhuetas completamente surpreendentes e por efeitos especiais, a moda japonesa coloca em primeiro plano materiais invulgares e vive em função do corpo. Esta mescla de influências e estilos da década de 80 pode bem ser a explicação para a constante reinterpretação de pormenores desta época na moda actual. Apesar de vivermos tempos em que a tendência é não limitar as colecções a uma única tendência, certo é que os anos 80 têm sido tema recorrente nos desfiles das últimas estações de várias casas de moda. Os ombros largos e marcados em Nina Ricci, a silhueta marcada e agressiva em Lanvin e Yves Saint Laurent, as formas extremamente geométricas em Louis Vuitton, são exemplos claros do regresso aos anos 80 para Outono/Inverno 2008/09. A isso não será alheio o facto de vivermos de novo uma época em que as mulheres assumem o lado profissional com cada vez mais protagonismo. Depois de algumas temporadas em que a mulher aparecia com um aspecto frágil e naif, cria-se agora uma nova imagem para a mulher actual, com o culto do corpo a ganhar de novo importância, ainda que de uma forma menos masculina, e o assumir de uma nova força e agressividade, tanto no trabalho como a nível pessoal.
1 Colecção Outono/Inverno 08/09, Paris, Nina Ricci / 2 “Keep Fit” Welness Studio, 1983. “Icons of Fashion, The 20th Century”. Prestel / 3 Rei Kawakubo designs, 1981. B.T. Batsford - London. Fashions of a Decade the 1980’s / 4 Campanha publicitária de Giorgio Armani Senhora, Outono/Inverno 84/85. “Icons of Fashion, The 20th Century”. Prestel / 5 Yohji Yamamoto, vestido com pormenor em tule. Campanha Publicitária, Outono/Inverno 86/87. “Icons of Fashion, The 20th Century”. Prestel 6 Look “Fauve”, Yves Saint Laurent Beauté, Outono/Inverno 1986/87 / 7 Colecção Outono/Inverno 08/09, Paris, Lanvin / 8 Colecção Outono/Inverno 08/09, Paris, Louis Vuitton / 9 Madonna. B.T. Batsford - London. Fashions of a Decade the 1980’s / 10 Comme dEs Garçons, Daytime wear’ 1981. “Icons of Fashion, The 20th Century”. Prestel / 11 Colecção Outono/Inverno 08/09, Paris, Yves Saint Laurent
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onde estavas… Num período de mudança, em que os jovens viviam intensamente e unidos pela música, um boom de criatividade invade Portugal, são os anos 80!! Para percebermos melhor como aconteceu, conversámos com quatro individualidades. por Sandra Dias O que representaram para ti os 80’s? Uma época muito marcante na minha juventude, de excessos a todos os níveis, de boa música e de viragem de valores. Fazíamos tudo como se não houvesse amanhã.
Tiveste alguma peça ou acessório que representasse a tua individualidade? O “Perfecto”, comprado em Paris, que pesava imenso. E mesmo depois de já ter comprado outros, mais recentemente, ainda o tenho guardado.
Que importância teve a moda nos anos 80? Sempre gostei de roupa, e foi nos anos 80 que começou a minha grande história de amor com a moda.
Se se fizesses uma ilustração tua dessa década como estarias vestida? Com um “Perfecto” sexy, uma saia muito rodada, com tule por baixo, e com All Star.
Quais foram as tuas influências na altura? O Pedro Luz, que conheci aos 16 anos na inauguração do Frágil e com quem comecei a trabalhar para a Mashe, e o Manuel Reis pelo seu trabalho e como impulsionador das artes.
O que recuperarias dessa década? O estar com os amigos, mas sem os excessos de bebida e drogas.
Helena Assédio 44 anos, Editora de Moda da revista Máxima
Sentes alguma nostalgia dos 80’s? Sinto saudades. O tempo parecia interminável ao ouvir música e a dançar.
Profissão nos Anos 80: Estudante e fiz de tudo um pouco: fui aderecista; fiz roupa; vendi roupa; tive um showroom…
Mudavas muito de visual? Vestia roupa de criadores nacionais e sempre a rigor para sair à noite. Sempre fui adepta dos jeans e tinha o cabelo muito comprido, pela cintura, que usei até aos 30 anos. Notavas algum preconceito, por parte das pessoas que não eram do teu círculo de amizades, relativamente ao teu visual? Algumas pessoas fascinavam-se pela minha aparência mas os meus antigos amigos do Restelo deixaram de falar comigo. E os teus pais aceitavam a tua irreverência? Importavam-se muito, mas acabaram por desistir e aceitar. Fui uma boa rebelde.
O que representaram para ti os 80’s? A adolescência, os meus 15 anos. Foi uma fase de pura diversão, em que não tinha qualquer tipo de preocupação para além da escola. Que importância teve a moda nos anos 80? Muita, mesmo sem ter consciência da moda como indústria mas sim como conceito. Os vídeos que via, e nisso o que mais adorava era a roupa, a makeup, a direcção artística, a imagem no seu todo, mais do que a moda.
Ídolo nos anos 80: Madonna, Bryan Ferry Ídolo actual: Madonna e Dai Lai Lama (pela escolha de vida espiritual)
Quais foram as tuas influências estéticas na altura? Algumas revistas de moda, a primeira Vogue que vi foi no final dos anos 70, uma Vogue Paris – fiquei fascinado com as fotos de Guy Bourdin! E a música! Mudavas muito de visual? Enquanto vivi no Porto visualmente era muito normal, mas quando vim para Lisboa, nos finais dos anos 80, e comecei a trabalhar como manequim, mudava muito de visual. Produzíamo-nos muito para sair à noite. Cada noite era uma personagem diferente, não era nada convencional. Qual foi a tua maior ousadia ou loucura em relação à tua imagem? Houve tantos visuais, se saísse 100 dias tinha 100 visuais diferentes. Comprava roupa vintage, vestia roupa dos anos 60 do meu pai, alguns designers davam-me roupa. Lembro-me que comprei uns sapatos clássicos com a pele perfurada, mas rosa choque e brancos. Notavas algum preconceito, por parte das pessoas que não eram do teu círculo de amizades, relativamente ao teu visual?
Não, não me lembro e os meus pais achavam muita graça, tal como os meus amigos do Porto, que continuavam “betinhos”, mas respeitavam-me imenso. E pessoas que não me conheciam perguntavam-me de onde era e onde tinha comprado as peças. Nos 80’s já se identificavam (em Portugal) as diferentes tribos urbanas? Não era muito visível, creio que as diferenças eram mais notáveis ao nível das classes. Pertencias a alguma? Qual? Na escola era um “nerd betinho” (risos).
Paulo Macedo 41 anos, Director de moda da revista Vogue Portugal
Tiveste alguma peça ou acessório que representasse a tua individualidade? Nunca tive. A maior parte das coisas que tive, as roupas que comprei eram para compor um visual. Ainda hoje não tenho um estilo, vou tendo estilos mediante as peças que adquiro durante uma estação.
Profissão nos anos 80: Estudante e manequim
Há alguma peça de roupa ou acessório que te lembres particularmente? Lembro-me de um colete em tweed e encanastrado do José António Tenente, que talvez tenha mudado a minha apreciação das peças de moda enquanto peças de design. O que recuperarias dessa década? O lado pop de tudo! O lado divertido e sofisticado da questão. Nos 80’s dava-se grande atenção aos detalhes. Havia uma sofisticação muito grande. Cada ano era uma década. Sentes alguma nostalgia dos 80’s? Não. Sinto que me diverti muito, mas de facto a melhor época para viver é a presente, isso sem desvalorizar o passado.
Ídolo nos anos 80: Tantos, na música, cinema, fotografia, moda… Ídolo actual: Muitos
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onde estavas… Num período de mudança, em que os jovens viviam intensamente e unidos pela música, um boom de criatividade invade Portugal, são os anos 80!! Para percebermos melhor como aconteceu, conversámos com quatro individualidades. por Sandra Dias O que representaram para ti os 80’s? Uma época muito marcante na minha juventude, de excessos a todos os níveis, de boa música e de viragem de valores. Fazíamos tudo como se não houvesse amanhã.
Tiveste alguma peça ou acessório que representasse a tua individualidade? O “Perfecto”, comprado em Paris, que pesava imenso. E mesmo depois de já ter comprado outros, mais recentemente, ainda o tenho guardado.
Que importância teve a moda nos anos 80? Sempre gostei de roupa, e foi nos anos 80 que começou a minha grande história de amor com a moda.
Se se fizesses uma ilustração tua dessa década como estarias vestida? Com um “Perfecto” sexy, uma saia muito rodada, com tule por baixo, e com All Star.
Quais foram as tuas influências na altura? O Pedro Luz, que conheci aos 16 anos na inauguração do Frágil e com quem comecei a trabalhar para a Mashe, e o Manuel Reis pelo seu trabalho e como impulsionador das artes.
O que recuperarias dessa década? O estar com os amigos, mas sem os excessos de bebida e drogas.
Helena Assédio 44 anos, Editora de Moda da revista Máxima
Sentes alguma nostalgia dos 80’s? Sinto saudades. O tempo parecia interminável ao ouvir música e a dançar.
Profissão nos Anos 80: Estudante e fiz de tudo um pouco: fui aderecista; fiz roupa; vendi roupa; tive um showroom…
Mudavas muito de visual? Vestia roupa de criadores nacionais e sempre a rigor para sair à noite. Sempre fui adepta dos jeans e tinha o cabelo muito comprido, pela cintura, que usei até aos 30 anos. Notavas algum preconceito, por parte das pessoas que não eram do teu círculo de amizades, relativamente ao teu visual? Algumas pessoas fascinavam-se pela minha aparência mas os meus antigos amigos do Restelo deixaram de falar comigo. E os teus pais aceitavam a tua irreverência? Importavam-se muito, mas acabaram por desistir e aceitar. Fui uma boa rebelde.
O que representaram para ti os 80’s? A adolescência, os meus 15 anos. Foi uma fase de pura diversão, em que não tinha qualquer tipo de preocupação para além da escola. Que importância teve a moda nos anos 80? Muita, mesmo sem ter consciência da moda como indústria mas sim como conceito. Os vídeos que via, e nisso o que mais adorava era a roupa, a makeup, a direcção artística, a imagem no seu todo, mais do que a moda.
Ídolo nos anos 80: Madonna, Bryan Ferry Ídolo actual: Madonna e Dai Lai Lama (pela escolha de vida espiritual)
Quais foram as tuas influências estéticas na altura? Algumas revistas de moda, a primeira Vogue que vi foi no final dos anos 70, uma Vogue Paris – fiquei fascinado com as fotos de Guy Bourdin! E a música! Mudavas muito de visual? Enquanto vivi no Porto visualmente era muito normal, mas quando vim para Lisboa, nos finais dos anos 80, e comecei a trabalhar como manequim, mudava muito de visual. Produzíamo-nos muito para sair à noite. Cada noite era uma personagem diferente, não era nada convencional. Qual foi a tua maior ousadia ou loucura em relação à tua imagem? Houve tantos visuais, se saísse 100 dias tinha 100 visuais diferentes. Comprava roupa vintage, vestia roupa dos anos 60 do meu pai, alguns designers davam-me roupa. Lembro-me que comprei uns sapatos clássicos com a pele perfurada, mas rosa choque e brancos. Notavas algum preconceito, por parte das pessoas que não eram do teu círculo de amizades, relativamente ao teu visual?
Não, não me lembro e os meus pais achavam muita graça, tal como os meus amigos do Porto, que continuavam “betinhos”, mas respeitavam-me imenso. E pessoas que não me conheciam perguntavam-me de onde era e onde tinha comprado as peças. Nos 80’s já se identificavam (em Portugal) as diferentes tribos urbanas? Não era muito visível, creio que as diferenças eram mais notáveis ao nível das classes. Pertencias a alguma? Qual? Na escola era um “nerd betinho” (risos).
Paulo Macedo 41 anos, Director de moda da revista Vogue Portugal
Tiveste alguma peça ou acessório que representasse a tua individualidade? Nunca tive. A maior parte das coisas que tive, as roupas que comprei eram para compor um visual. Ainda hoje não tenho um estilo, vou tendo estilos mediante as peças que adquiro durante uma estação.
Profissão nos anos 80: Estudante e manequim
Há alguma peça de roupa ou acessório que te lembres particularmente? Lembro-me de um colete em tweed e encanastrado do José António Tenente, que talvez tenha mudado a minha apreciação das peças de moda enquanto peças de design. O que recuperarias dessa década? O lado pop de tudo! O lado divertido e sofisticado da questão. Nos 80’s dava-se grande atenção aos detalhes. Havia uma sofisticação muito grande. Cada ano era uma década. Sentes alguma nostalgia dos 80’s? Não. Sinto que me diverti muito, mas de facto a melhor época para viver é a presente, isso sem desvalorizar o passado.
Ídolo nos anos 80: Tantos, na música, cinema, fotografia, moda… Ídolo actual: Muitos
…nos anos 80’s? O que representaram para ti os 80’s? Os anos 80 foram muito importantes para Portugal e Espanha, com o devido distanciamento da ditadura. Foi quando apropriámos os conceitos e valores da liberdade. Como líder de um grupo achas que esse facto pode ter influenciado o vestuário jovem dessa década? Os Heróis do Mar apareceram em 1981, e nessa data havia muito provincianismo no país e não se conheciam influências. Actualmente vivemos uma época em que tudo está diferente, agora com o Google, por exemplo, todos têm acesso a mais informação. Contudo quando se é criativo, tem-se a obrigação de conhecer tudo o que é feito para poder fazer mais culturalmente. Mudavas muito de visual? Como grupo, dávamos muita importância ao Show Business, à roupa, à cenografia e ao videoclip. O Paulo Gonçalves e eu éramos os mais preocupados com a imagem, delineávamos os traços mestres e depois delegávamos aos outros. No “Amor” quisemos usar calçado infantil anos 40, calças de pescadores da Nazaré e casacos tiroleses. Notavas algum preconceito, por parte das pessoas que não eram do teu círculo de amizades, relativamente ao teu visual? A fama traz isso para a ribalta, tudo é permitido, passas a ser um role model. Ao vestir-me assim não tentava chocar mas sim expressar-me de uma forma diferente tanto social como culturalmente. Marcámos pela positiva como pela negativa, pela falta de referências que a uns chocou e a outros fez confusão.
O que representaram para ti os 80’s? O excesso em tudo, quer em termos de comportamento quer em moda. Foi a década de todas as fantasias em que tudo era permitido e que vivi durante a minha adolescência e início da idade adulta.
Quais foram as tuas influências estéticas na altura? Não posso apontar ninguém como ídolo. Não posso dizer que queria ter sido alguém. Éramos muito “redondinhos” conceptualmente e, “para isso ser muito coeso”, todos nós tínhamos de ver os mesmos filmes e ler os mesmos livros. Não existe o “não haver influências”, ou então é-se um ermita. Há alguma peça de roupa ou acessório que te lembres particularmente? Tive uns All Star em lamé, uns às riscas e outros aos quadrados, em 83 ou 84, comprados em França, e curiosamente a marca reeditou-os recentemente. Gostas de moda? Imenso. Sempre tive contacto com a moda, desde de miúdo que ia aos desfiles do prêt-à-porter a Paris e a feiras de moda. Dediquei-me a fazer colecções de roupa durante 3 anos. Para ti, o que foi mais marcante nos anos 80? Foi nos anos 80 que foi feita a melhor música (de expressão electrónica) do século XX, que influenciou toda a minha geração, e falo a nível mundial. É um período fascinante! Estávamos numa altura em que a música era “UAU”! O Disco anda em transformação há 30 anos. Vamos acrescentando. Já não se cria, há quem diga, mas há reinvenções incríveis. Quem te inspira? Tantos… Saltito de preferência em preferência, das coisas que eu gosto. Preciso disso para respirar. Pessoas criativas.
Rui Pregal da Cunha 45 anos, Produtor de Publicidade e Pai a tempo inteiro Profissão nos 80’s: Músico, Designer de moda, Art Director e Jornalista Ídolo nos anos 80: Música Ídolo actual: Música
Que importância teve a moda nos anos 80? O meu melhor amigo, José António Tenente e eu crescemos juntos, e com essa amizade surgiu um despertar para a moda. Comecei a trabalhar como maquilhadora de moda nessa altura, que coincidiu com o início da Manobras de Maio, com o lançamento das revistas Máxima e Elle, e a Moda Lisboa, dando início a um mercado de moda que até então não existia. Quais foram as tuas influências estéticas na altura? A música sem dúvida teve muita importância tal como os videoclips. Assim como a Marie Claire Bis (uma publicação semestral), que era uma das maiores referências de moda, para nós. E os designers, Jean Paul Gaultier, Thierry Mugler e os Japoneses. Notavas algum preconceito, por parte das pessoas que não eram do teu círculo de amizades, relativamente ao teu visual? Fantasiava-me todos os dias, por exemplo de pirata, e fazia-o sempre de uma forma muito sofisticada. Mas apesar de sentir uma certa vergonha, e perceber que as pessoas criticavam o meu visual, continuava a insistir. Era a minha informação e os meus pais defendiam-me. As pessoas reagiam de forma diferente e não podemos esquecer que eu era de Cascais.
Qual foi a tua maior ousadia ou loucura em relação à tua imagem? Via tudo como natural. Pintei o cabelo de várias cores, mas não o fazia para ser ousada. Sempre fui uma pessoa muito discreta. Nos 80’s já se identificavam (em Portugal) as diferentes tribos urbanas? Na Faculdade de Arquitectura, onde estudei, encontrei outras pessoas iguais, com os mesmos gostos e aí percebi que era uma provinciana, afinal havia mais pessoas iguais a mim e até mais exuberantes. Pertencias a alguma? Qual? Nunca me preocupei a tentar perceber isso, simplesmente descobri que havia mais pessoas que gostavam do mesmo que eu. Era tudo tão exuberante, tudo era um look total. Nicholas Cage em “Wild at Heart” quando sai da prisão veste um casaco em pele de cobra e diz que este representa a sua individualidade. Tiveste alguma peça ou acessório com o mesmo simbolismo? Não, nenhuma peça especificamente. A única coisa que perdura é o cabelo ruivo. Nasci com cabelo escuro, apesar te ter a pele muito clara e coberta de sardas, mas quando o pintei de ruivo, encontrei a côr que se identifica comigo. O que recuperarias dessa década? O divertimento, pelo conjunto de circunstâncias. Sentes alguma nostalgia no que respeita à moda dos anos 80? Não. Quem não me conhecia nos anos 80, sente muita dificuldade em imaginar como eu era na altura.
Cristina Gomes 42 anos, Maquilhadora Profissão nos anos 80: Maquilhadora Ídolo dos anos 80: David Sylvian Ídolo actual: Casava-me com o David Bowie (risos)
…nos anos 80’s? O que representaram para ti os 80’s? Os anos 80 foram muito importantes para Portugal e Espanha, com o devido distanciamento da ditadura. Foi quando apropriámos os conceitos e valores da liberdade. Como líder de um grupo achas que esse facto pode ter influenciado o vestuário jovem dessa década? Os Heróis do Mar apareceram em 1981, e nessa data havia muito provincianismo no país e não se conheciam influências. Actualmente vivemos uma época em que tudo está diferente, agora com o Google, por exemplo, todos têm acesso a mais informação. Contudo quando se é criativo, tem-se a obrigação de conhecer tudo o que é feito para poder fazer mais culturalmente. Mudavas muito de visual? Como grupo, dávamos muita importância ao Show Business, à roupa, à cenografia e ao videoclip. O Paulo Gonçalves e eu éramos os mais preocupados com a imagem, delineávamos os traços mestres e depois delegávamos aos outros. No “Amor” quisemos usar calçado infantil anos 40, calças de pescadores da Nazaré e casacos tiroleses. Notavas algum preconceito, por parte das pessoas que não eram do teu círculo de amizades, relativamente ao teu visual? A fama traz isso para a ribalta, tudo é permitido, passas a ser um role model. Ao vestir-me assim não tentava chocar mas sim expressar-me de uma forma diferente tanto social como culturalmente. Marcámos pela positiva como pela negativa, pela falta de referências que a uns chocou e a outros fez confusão.
O que representaram para ti os 80’s? O excesso em tudo, quer em termos de comportamento quer em moda. Foi a década de todas as fantasias em que tudo era permitido e que vivi durante a minha adolescência e início da idade adulta.
Quais foram as tuas influências estéticas na altura? Não posso apontar ninguém como ídolo. Não posso dizer que queria ter sido alguém. Éramos muito “redondinhos” conceptualmente e, “para isso ser muito coeso”, todos nós tínhamos de ver os mesmos filmes e ler os mesmos livros. Não existe o “não haver influências”, ou então é-se um ermita. Há alguma peça de roupa ou acessório que te lembres particularmente? Tive uns All Star em lamé, uns às riscas e outros aos quadrados, em 83 ou 84, comprados em França, e curiosamente a marca reeditou-os recentemente. Gostas de moda? Imenso. Sempre tive contacto com a moda, desde de miúdo que ia aos desfiles do prêt-à-porter a Paris e a feiras de moda. Dediquei-me a fazer colecções de roupa durante 3 anos. Para ti, o que foi mais marcante nos anos 80? Foi nos anos 80 que foi feita a melhor música (de expressão electrónica) do século XX, que influenciou toda a minha geração, e falo a nível mundial. É um período fascinante! Estávamos numa altura em que a música era “UAU”! O Disco anda em transformação há 30 anos. Vamos acrescentando. Já não se cria, há quem diga, mas há reinvenções incríveis. Quem te inspira? Tantos… Saltito de preferência em preferência, das coisas que eu gosto. Preciso disso para respirar. Pessoas criativas.
Rui Pregal da Cunha 45 anos, Produtor de Publicidade e Pai a tempo inteiro Profissão nos 80’s: Músico, Designer de moda, Art Director e Jornalista Ídolo nos anos 80: Música Ídolo actual: Música
Que importância teve a moda nos anos 80? O meu melhor amigo, José António Tenente e eu crescemos juntos, e com essa amizade surgiu um despertar para a moda. Comecei a trabalhar como maquilhadora de moda nessa altura, que coincidiu com o início da Manobras de Maio, com o lançamento das revistas Máxima e Elle, e a Moda Lisboa, dando início a um mercado de moda que até então não existia. Quais foram as tuas influências estéticas na altura? A música sem dúvida teve muita importância tal como os videoclips. Assim como a Marie Claire Bis (uma publicação semestral), que era uma das maiores referências de moda, para nós. E os designers, Jean Paul Gaultier, Thierry Mugler e os Japoneses. Notavas algum preconceito, por parte das pessoas que não eram do teu círculo de amizades, relativamente ao teu visual? Fantasiava-me todos os dias, por exemplo de pirata, e fazia-o sempre de uma forma muito sofisticada. Mas apesar de sentir uma certa vergonha, e perceber que as pessoas criticavam o meu visual, continuava a insistir. Era a minha informação e os meus pais defendiam-me. As pessoas reagiam de forma diferente e não podemos esquecer que eu era de Cascais.
Qual foi a tua maior ousadia ou loucura em relação à tua imagem? Via tudo como natural. Pintei o cabelo de várias cores, mas não o fazia para ser ousada. Sempre fui uma pessoa muito discreta. Nos 80’s já se identificavam (em Portugal) as diferentes tribos urbanas? Na Faculdade de Arquitectura, onde estudei, encontrei outras pessoas iguais, com os mesmos gostos e aí percebi que era uma provinciana, afinal havia mais pessoas iguais a mim e até mais exuberantes. Pertencias a alguma? Qual? Nunca me preocupei a tentar perceber isso, simplesmente descobri que havia mais pessoas que gostavam do mesmo que eu. Era tudo tão exuberante, tudo era um look total. Nicholas Cage em “Wild at Heart” quando sai da prisão veste um casaco em pele de cobra e diz que este representa a sua individualidade. Tiveste alguma peça ou acessório com o mesmo simbolismo? Não, nenhuma peça especificamente. A única coisa que perdura é o cabelo ruivo. Nasci com cabelo escuro, apesar te ter a pele muito clara e coberta de sardas, mas quando o pintei de ruivo, encontrei a côr que se identifica comigo. O que recuperarias dessa década? O divertimento, pelo conjunto de circunstâncias. Sentes alguma nostalgia no que respeita à moda dos anos 80? Não. Quem não me conhecia nos anos 80, sente muita dificuldade em imaginar como eu era na altura.
Cristina Gomes 42 anos, Maquilhadora Profissão nos anos 80: Maquilhadora Ídolo dos anos 80: David Sylvian Ídolo actual: Casava-me com o David Bowie (risos)
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p s s n m do u k ao “e o ” 1 / 2
estilos de vida
por Patrícia Boto Cruz “Não sinto prazer nem dor, nem físico nem emocional. Já se sentiram assim? Quando não consegues sentir nada, nem queres?”, foi o que Iggy Pop disse sentir ao tocar punk. Para os punks clássicos, o Estado, a Sociedade, Deus e a Família, eram conceitos nulos por só se preencherem através da subordinação do Homem. Os erros da História, a opressão das instituições, os problemas sociais e os tabus sexuais, criavamlhes uma revolta tão genuína, que só negando toda a forma de autoridade se afigurava possível voltar a entender cada pessoa como uma realidade anterior e maior que o sistema instalado. Só assim acreditavam alcançar a desejada liberdade individual, uma existência feita apenas do respeito por normas e escolhas próprias. Foi neste contexto de vazio e anarquia que uma cultura que começou como género musical na década de 70, deu, na década de 80, lugar a um dos maiores movimentos sociais conhecidos. Com a referida atitude, dois dos grupos pioneiros de referência, Sex Pistols e Siouxsies and the Banshees, apresentaram-se ao povo inglês, ou não fosse oportuno num programa de televisão em fim de dia gritarem “Fuck Off”! ao apresentador. Criadas editoras independentes e fanzines lançadas por fãs, foi na música que os punks encontraram o modo ideal de subversão. Êxitos como “Career opportunities” e “God save the Queen” (acho que não no sentido de que Ele a proteja, mas antes que a impeça de fazer mais asneiras), criticaram avassaladoramente os efeitos económicos e políticos do Governo. Mais… mostravam ao mundo que cada um deve ser tão livre e espontâneo quanto quiser. Através da agressividade de canções com muita pressa, cantadas em volume máximo e feitas de letras cruas e pessimistas, o som reflectia na perfeição o espírito contestatário. A zanga era igualmente óbvia na dança, se assim se pode chamar, quando ao som de guitarras estridentes, multidões se alienavam em concertos de uma forma tão peculiar quanto se sabe: o moshing (tecnicamente pulos e empurrões colectivos), o headbanging (safanões violentos de cabeça), o crowd surf (transporte de pessoas sobre as mãos e cabeças da audiência) e o stage diving (saltos com balanço do palco sobre o público) porque um vocalista também não se fica, reflectem a fome de catarse. Assim, bem andou um seguidor do movimento ao afirmar que “até alguém se magoar é engraçado…, a partir daí é hilário”. Também a moda agrupava os punks. O impacto visual por eles criado nos anos 80 foi inesquecível, prolongando-se até hoje as braceletes com picos metálicos, calças e blusões justos de cabedal e os piercings. E a imagem de marca: os cabelos! A contrastar com o look preto integral, as cabeças
pediam-se “à moicano”, ou seja, rapadas nos lados e com imponentes cristas espetadas e pintadas de fluorescente. À época, a excentricidade permitiu-lhes, à laia de atracção turística, fazerem-se pagar para serem fotografados. Como se para alguns deles ainda não bastasse, surge, ainda em 80, o punk na sua versão mais inconformista e furioso - o hardcore. Com influências dos The Ramones, na proporção do aumento da frustração individual, em Inglaterra, as músicas tocadas por punks como os Black Flag, tornaram-se mais agrestes e as cristas nos cabelos inacreditavelmente altas. Já nos E.U.A, o vestuário adoptado foi mais despojado. O novo estilo das praias da Califórnia, levou parte de uma geração a rapar cabelos e a receber influências do skate. À parte da ira sonora, esta vaga tinha uma postura mais construtiva, não à violência e drogas, sim ao veganismo e libertação animal. Surpresa maior acontece quando, já cansados de tanta violência acústica e lírica, outro grupo derivado dos punks cria, no fim da década, o emocore, de “emotional hardcore”. Contraditória nos seus termos, a expressão representava os que sem querer abandonar o núcleo dos duros, pretendiam mostrar o seu lado sentimental (sim porque também o têm). Diz-se que o termo “emo” resultou de actuações fortemente emotivas dos elementos de certas bandas como os Rites of Spring, que juntaram o som pesado com letras românticas. De facto, enquanto as letras hardcore queriam manifestar-se para o exterior, falando do ódio face a problemas da sociedade, o emocore traduzia-se em poemas voltados para o interior. Neste quadro, mais uma vez a música servia de expiação, agora para sentimentos de auto-vitimização e busca de bem estar contra o isolamento, instabilidade interior, e amores sofridos. O verão de 1985 ficou então conhecido pelo verão da mudança, em que através de sucessos musicais se trocavam experiências pessoais e desabafos. Com o tempo, este soft core deixa de ser só um tipo de música, para passar a ser mais uma forma de estar de quem precisava de dizer ao mundo que não tinha vergonha de ser sensível. Nesta altura, ou porque o conceito se tornara vago ou porque não se queriam incluídos no punk piegas, os vocalistas das bandas consideradas “emos” diziam-se ofendidos por tal denominação. Mas foi a partir de 2000 que os “emos” se tornaram um verdadeiro culto, associado a um visual muito seu. A condizer com a introspecção e intensidade dos comportamentos, mantêm o preto, mas combinado com vermelho e branco. As cristas dão lugar a franjas escorridas, geometricamente penteadas para tapar totalmente um dos lados da cara. Os
olhos são esfumados e dramaticamente pintados de preto por raparigas e rapazes, o que dificulta bastante distinguir-lhes o sexo. Os mais sossegados acrescentam mais côr nas t-shirts manchadas e ténis All Star. The Smiths e Joy Division fazem-lhes muita companhia e “Welcome to the Black Parade” dos My chemical Romance é o hino. Há um ou dois anos surgiram novas facções de “emos”. Uma delas reúne aqueles que lutam por um aspecto doente e tão magro quanto possível (já que para eles gordura não liga com desesperança). São jovens que falam muito lentamente, arrastando a voz com um ar muito chateado e andam de maneira a que ninguém veja que existem. A propósito destes, os pais têm sido alertados para a necessidade de distinguir sinais de tristeza de atitudes suicidas nos seus filhos. É que têm aparecido adolescentes que não abandonando os seus quartos sombrios, se automutilam e exibem cicatrizes em sites, acabando alguns por morrer. É a tendência da romantização da morte. No outro extremo surgem os que levaram à letra a ideia de demonstrar sentimentos, principalmente o carinho. Preferem passear-se de mãos dadas, com atitudes infantis e em bandos cujos comportamentos já levaram (no Brazil) donos de lojas a colocar avisos com a inscrição “Proibido “emos” encostaremse às montras”, por espantarem a clientela. Abusam dos diminutivos e tratam-se entre amigos por “marido/a”. As raparigas distinguem-se por misturar o aspecto gótico da cara com o ar lolita no corpo. Isto porque, se por um lado pintam olheiras artificiais, por outro usam mini saias de xadrez, ganchos com lacinhos cor-de-rosa, colares Hello Kitty e …peluches. São os que esperam que o mundo acabe aos abraçinhos. Enfim um punk fofinho…
1 Fotografado por Joel Aron www.joelaron.com / 2 Ramones 1977, Fotografado por Ian Dickson ian@late20thcenturyboy.com
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estilos de vida
por Patrícia Boto Cruz “Não sinto prazer nem dor, nem físico nem emocional. Já se sentiram assim? Quando não consegues sentir nada, nem queres?”, foi o que Iggy Pop disse sentir ao tocar punk. Para os punks clássicos, o Estado, a Sociedade, Deus e a Família, eram conceitos nulos por só se preencherem através da subordinação do Homem. Os erros da História, a opressão das instituições, os problemas sociais e os tabus sexuais, criavamlhes uma revolta tão genuína, que só negando toda a forma de autoridade se afigurava possível voltar a entender cada pessoa como uma realidade anterior e maior que o sistema instalado. Só assim acreditavam alcançar a desejada liberdade individual, uma existência feita apenas do respeito por normas e escolhas próprias. Foi neste contexto de vazio e anarquia que uma cultura que começou como género musical na década de 70, deu, na década de 80, lugar a um dos maiores movimentos sociais conhecidos. Com a referida atitude, dois dos grupos pioneiros de referência, Sex Pistols e Siouxsies and the Banshees, apresentaram-se ao povo inglês, ou não fosse oportuno num programa de televisão em fim de dia gritarem “Fuck Off”! ao apresentador. Criadas editoras independentes e fanzines lançadas por fãs, foi na música que os punks encontraram o modo ideal de subversão. Êxitos como “Career opportunities” e “God save the Queen” (acho que não no sentido de que Ele a proteja, mas antes que a impeça de fazer mais asneiras), criticaram avassaladoramente os efeitos económicos e políticos do Governo. Mais… mostravam ao mundo que cada um deve ser tão livre e espontâneo quanto quiser. Através da agressividade de canções com muita pressa, cantadas em volume máximo e feitas de letras cruas e pessimistas, o som reflectia na perfeição o espírito contestatário. A zanga era igualmente óbvia na dança, se assim se pode chamar, quando ao som de guitarras estridentes, multidões se alienavam em concertos de uma forma tão peculiar quanto se sabe: o moshing (tecnicamente pulos e empurrões colectivos), o headbanging (safanões violentos de cabeça), o crowd surf (transporte de pessoas sobre as mãos e cabeças da audiência) e o stage diving (saltos com balanço do palco sobre o público) porque um vocalista também não se fica, reflectem a fome de catarse. Assim, bem andou um seguidor do movimento ao afirmar que “até alguém se magoar é engraçado…, a partir daí é hilário”. Também a moda agrupava os punks. O impacto visual por eles criado nos anos 80 foi inesquecível, prolongando-se até hoje as braceletes com picos metálicos, calças e blusões justos de cabedal e os piercings. E a imagem de marca: os cabelos! A contrastar com o look preto integral, as cabeças
pediam-se “à moicano”, ou seja, rapadas nos lados e com imponentes cristas espetadas e pintadas de fluorescente. À época, a excentricidade permitiu-lhes, à laia de atracção turística, fazerem-se pagar para serem fotografados. Como se para alguns deles ainda não bastasse, surge, ainda em 80, o punk na sua versão mais inconformista e furioso - o hardcore. Com influências dos The Ramones, na proporção do aumento da frustração individual, em Inglaterra, as músicas tocadas por punks como os Black Flag, tornaram-se mais agrestes e as cristas nos cabelos inacreditavelmente altas. Já nos E.U.A, o vestuário adoptado foi mais despojado. O novo estilo das praias da Califórnia, levou parte de uma geração a rapar cabelos e a receber influências do skate. À parte da ira sonora, esta vaga tinha uma postura mais construtiva, não à violência e drogas, sim ao veganismo e libertação animal. Surpresa maior acontece quando, já cansados de tanta violência acústica e lírica, outro grupo derivado dos punks cria, no fim da década, o emocore, de “emotional hardcore”. Contraditória nos seus termos, a expressão representava os que sem querer abandonar o núcleo dos duros, pretendiam mostrar o seu lado sentimental (sim porque também o têm). Diz-se que o termo “emo” resultou de actuações fortemente emotivas dos elementos de certas bandas como os Rites of Spring, que juntaram o som pesado com letras românticas. De facto, enquanto as letras hardcore queriam manifestar-se para o exterior, falando do ódio face a problemas da sociedade, o emocore traduzia-se em poemas voltados para o interior. Neste quadro, mais uma vez a música servia de expiação, agora para sentimentos de auto-vitimização e busca de bem estar contra o isolamento, instabilidade interior, e amores sofridos. O verão de 1985 ficou então conhecido pelo verão da mudança, em que através de sucessos musicais se trocavam experiências pessoais e desabafos. Com o tempo, este soft core deixa de ser só um tipo de música, para passar a ser mais uma forma de estar de quem precisava de dizer ao mundo que não tinha vergonha de ser sensível. Nesta altura, ou porque o conceito se tornara vago ou porque não se queriam incluídos no punk piegas, os vocalistas das bandas consideradas “emos” diziam-se ofendidos por tal denominação. Mas foi a partir de 2000 que os “emos” se tornaram um verdadeiro culto, associado a um visual muito seu. A condizer com a introspecção e intensidade dos comportamentos, mantêm o preto, mas combinado com vermelho e branco. As cristas dão lugar a franjas escorridas, geometricamente penteadas para tapar totalmente um dos lados da cara. Os
olhos são esfumados e dramaticamente pintados de preto por raparigas e rapazes, o que dificulta bastante distinguir-lhes o sexo. Os mais sossegados acrescentam mais côr nas t-shirts manchadas e ténis All Star. The Smiths e Joy Division fazem-lhes muita companhia e “Welcome to the Black Parade” dos My chemical Romance é o hino. Há um ou dois anos surgiram novas facções de “emos”. Uma delas reúne aqueles que lutam por um aspecto doente e tão magro quanto possível (já que para eles gordura não liga com desesperança). São jovens que falam muito lentamente, arrastando a voz com um ar muito chateado e andam de maneira a que ninguém veja que existem. A propósito destes, os pais têm sido alertados para a necessidade de distinguir sinais de tristeza de atitudes suicidas nos seus filhos. É que têm aparecido adolescentes que não abandonando os seus quartos sombrios, se automutilam e exibem cicatrizes em sites, acabando alguns por morrer. É a tendência da romantização da morte. No outro extremo surgem os que levaram à letra a ideia de demonstrar sentimentos, principalmente o carinho. Preferem passear-se de mãos dadas, com atitudes infantis e em bandos cujos comportamentos já levaram (no Brazil) donos de lojas a colocar avisos com a inscrição “Proibido “emos” encostaremse às montras”, por espantarem a clientela. Abusam dos diminutivos e tratam-se entre amigos por “marido/a”. As raparigas distinguem-se por misturar o aspecto gótico da cara com o ar lolita no corpo. Isto porque, se por um lado pintam olheiras artificiais, por outro usam mini saias de xadrez, ganchos com lacinhos cor-de-rosa, colares Hello Kitty e …peluches. São os que esperam que o mundo acabe aos abraçinhos. Enfim um punk fofinho…
1 Fotografado por Joel Aron www.joelaron.com / 2 Ramones 1977, Fotografado por Ian Dickson ian@late20thcenturyboy.com
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diana vreeland Mrs. V… Why Don’t You? Por Ana Rita Clara Actualmente poderia não existir o conceito de editora de moda se Diana Vreeland não tivesse vivido. Esta poderá parecer uma afirmação exagerada, mas a figura esguia e de temperamento difícil da americana, aliadas ao seu bom gosto e sentido crítico, tornou-a num verdadeiro ícone da moda e permitiu a consagração da Vogue América enquanto bíblia fashion mundial. Diana Dalziel muda-se de Paris aos oito anos de idade para a cidade de Nova Iorque, crescendo na vontade de marcar simbolicamente o seio familiar, onde era assumida como o membro menos capaz, até mesmo como aquele a quem a beleza não deu muita atenção. Talvez por causa desse mesmo motivo tenha desenvolvido, estimulado, o seu lado mais criativo, juntando estilos, acrescentando pormenores, exibindo um visual exótico na idade adulta, com direito a cabelos negros, batom e esmalte encarnado forte, contrastando com a pele cheia de pó de arroz e bijutaria extravagante. Deixou de lado as comparações de beleza com a irmã que teria sofrido na infância quando se casou com o banqueiro Thomas Vreeland em 1924 e com a Grande Depressão e a quebra da Bolsa de Nova Iorque em 1929 mudaram-se para Londres, onde iniciou um negócio de lingerie, criando ainda um círculo pessoal interessante de personalidades como Wallis Simpson, Cecil Beaton ou Cole Porter. Regressa aos Estados Unidos em 1937 e invade o panorama da moda pela mão de Carmel Snow, directora da Harper’s Bazaar que, impressionada com o seu carisma a convida para colunista dessa mesma publicação, dando início a um dos mais interessantes e marcantes percursos na área, instituindo a palavra estilo e sobretudo o arriscar para novos segmentos, quebra de estereótipos, infusão de novos comportamentos, numa América “normatizada” e regida pelo conservadorismo e estigmas sociais. Diana Vreeland substituía as damas da sociedade que posavam para as fotos, por mulheres reais, realmente interessantes. As leitoras assumiam desta forma proximidade a um universo pouco supérfluo, de padrões de beleza e de estilo aspiracionais. Fez um trabalho brilhante e deixou a revista 25 anos depois, ocupando posteriormente a posição de directora da Vogue Americana. Diana Vreeland marcou definitivamente o olhar sobre as tendências. A criação de uma tendência não teria essa denominação sem ela. Dona de uma capacidade incrível em descobrir talentos, imortalizou figuras como Twiggy, Marisa Berenson ou Lauren Hutton e nos editoriais sabia como ninguém captar a beleza de rostos fora do comum, como de Barbara Streisand ou Anjelica Huston, conferindo-lhes a transparência e honestidade que pretendia na fotografia. Aboliu as regras existentes sobre imagem e pose, transformando a
fotografia de moda num exercício de força feminina, de inteligência e personalidade. A sua personalidade traria a simpatia dos outros para consigo, se em trabalho abriu portas para um diferente tipo de poder, ao nível pessoal ía aumentando a fama de autoritária, com comportamentos de comando austeros e exagerados. Exigia ainda às suas colaboradoras que usassem bijutaria excessiva para saber quando se aproximavam. Adorava fazer drama e conseguia levar à loucura os seus funcionários… provavelmente o termo diva terá surgido nesta altura. A dose de whiskey e a sanduíche de manteiga de amendoim ao almoço (could you be more american?) completavam os rituais diários, do alto do seu escritório em tons de vermelho, com vista para a cidade que se lhe rendeu. A excentricidade de Diana Vreeland atingiu níveis insustentáveis pela Vogue América dando espaço à rescisão do contrato da publicação com esta e pondo fim a uma carreira única. Mulher de manias, ficou célebre igualmente pelas relíquias verbais que defendia, como quando exaltou “O biquíni foi a invenção mais importante deste século, depois da bomba atómica”. Se não tivesse existido teria de ser inventada, mulher dona de um percurso marcante e que ainda hoje inspira trendsetters e suscita interesse e curiosidade. Na sua morte também fez questão de ser diferente ou pelo menos não ir ao encontro do comum e em 1989, quase na pobreza decidiu abandonar-nos, como que no limite proclamando para si o desligar das convenções instituídas, do que seria suposto acontecer. Disse adeus e nada deixou para trás a não ser a diferença sobre tudo o que existia. Curiosidade: Why Don’t You Este era o nome da coluna que Diana Vreeland tinha na revista Harper’s Bazaar. Tratava-se quase como uma provocação às leitoras para se atreverem a mudar algo em si mesmas, conjugarem peças diferentes e estilos. E sobretudo procurarem criar a sua identidade. Pessoal e intransmissível.
Ilustração Steven Le Priol
www.stevenlepriol.fr
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diana vreeland Mrs. V… Why Don’t You? Por Ana Rita Clara Actualmente poderia não existir o conceito de editora de moda se Diana Vreeland não tivesse vivido. Esta poderá parecer uma afirmação exagerada, mas a figura esguia e de temperamento difícil da americana, aliadas ao seu bom gosto e sentido crítico, tornou-a num verdadeiro ícone da moda e permitiu a consagração da Vogue América enquanto bíblia fashion mundial. Diana Dalziel muda-se de Paris aos oito anos de idade para a cidade de Nova Iorque, crescendo na vontade de marcar simbolicamente o seio familiar, onde era assumida como o membro menos capaz, até mesmo como aquele a quem a beleza não deu muita atenção. Talvez por causa desse mesmo motivo tenha desenvolvido, estimulado, o seu lado mais criativo, juntando estilos, acrescentando pormenores, exibindo um visual exótico na idade adulta, com direito a cabelos negros, batom e esmalte encarnado forte, contrastando com a pele cheia de pó de arroz e bijutaria extravagante. Deixou de lado as comparações de beleza com a irmã que teria sofrido na infância quando se casou com o banqueiro Thomas Vreeland em 1924 e com a Grande Depressão e a quebra da Bolsa de Nova Iorque em 1929 mudaram-se para Londres, onde iniciou um negócio de lingerie, criando ainda um círculo pessoal interessante de personalidades como Wallis Simpson, Cecil Beaton ou Cole Porter. Regressa aos Estados Unidos em 1937 e invade o panorama da moda pela mão de Carmel Snow, directora da Harper’s Bazaar que, impressionada com o seu carisma a convida para colunista dessa mesma publicação, dando início a um dos mais interessantes e marcantes percursos na área, instituindo a palavra estilo e sobretudo o arriscar para novos segmentos, quebra de estereótipos, infusão de novos comportamentos, numa América “normatizada” e regida pelo conservadorismo e estigmas sociais. Diana Vreeland substituía as damas da sociedade que posavam para as fotos, por mulheres reais, realmente interessantes. As leitoras assumiam desta forma proximidade a um universo pouco supérfluo, de padrões de beleza e de estilo aspiracionais. Fez um trabalho brilhante e deixou a revista 25 anos depois, ocupando posteriormente a posição de directora da Vogue Americana. Diana Vreeland marcou definitivamente o olhar sobre as tendências. A criação de uma tendência não teria essa denominação sem ela. Dona de uma capacidade incrível em descobrir talentos, imortalizou figuras como Twiggy, Marisa Berenson ou Lauren Hutton e nos editoriais sabia como ninguém captar a beleza de rostos fora do comum, como de Barbara Streisand ou Anjelica Huston, conferindo-lhes a transparência e honestidade que pretendia na fotografia. Aboliu as regras existentes sobre imagem e pose, transformando a
fotografia de moda num exercício de força feminina, de inteligência e personalidade. A sua personalidade traria a simpatia dos outros para consigo, se em trabalho abriu portas para um diferente tipo de poder, ao nível pessoal ía aumentando a fama de autoritária, com comportamentos de comando austeros e exagerados. Exigia ainda às suas colaboradoras que usassem bijutaria excessiva para saber quando se aproximavam. Adorava fazer drama e conseguia levar à loucura os seus funcionários… provavelmente o termo diva terá surgido nesta altura. A dose de whiskey e a sanduíche de manteiga de amendoim ao almoço (could you be more american?) completavam os rituais diários, do alto do seu escritório em tons de vermelho, com vista para a cidade que se lhe rendeu. A excentricidade de Diana Vreeland atingiu níveis insustentáveis pela Vogue América dando espaço à rescisão do contrato da publicação com esta e pondo fim a uma carreira única. Mulher de manias, ficou célebre igualmente pelas relíquias verbais que defendia, como quando exaltou “O biquíni foi a invenção mais importante deste século, depois da bomba atómica”. Se não tivesse existido teria de ser inventada, mulher dona de um percurso marcante e que ainda hoje inspira trendsetters e suscita interesse e curiosidade. Na sua morte também fez questão de ser diferente ou pelo menos não ir ao encontro do comum e em 1989, quase na pobreza decidiu abandonar-nos, como que no limite proclamando para si o desligar das convenções instituídas, do que seria suposto acontecer. Disse adeus e nada deixou para trás a não ser a diferença sobre tudo o que existia. Curiosidade: Why Don’t You Este era o nome da coluna que Diana Vreeland tinha na revista Harper’s Bazaar. Tratava-se quase como uma provocação às leitoras para se atreverem a mudar algo em si mesmas, conjugarem peças diferentes e estilos. E sobretudo procurarem criar a sua identidade. Pessoal e intransmissível.
Ilustração Steven Le Priol
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s s n n e e v ti do co vicçõ Vestindo convicções. por Brígida Ribeiros Temos nos últimos tempos assistido a uma tendência de revivalismo da década de 1980. Exemplo disso é a renovada predilecção pelas T-shirts com slogans activistas, “criadas” por Katharine Hamnett e copiadas por muitos. A T-shirt, inicialmente uma peça interior, foi depois usada por militares e operários. Como peça independente, tornou-se popular na década de 1950 através de actores como Marlon Brando e James Dean. Avanços tecnológicos nos anos 1960, vieram impulsionar a difusão e o uso desta peça de malha jersey de algodão, como meio de expressão e de comunicação de massas. Nela se inscrevem, slogans, piadas, citações, ilustrações, quadros famosos, nomes e imagens de bandas rock, publicidade, logótipos de marcas e universidades, e comentários sociais e políticos. Os punks cultivavam um visual singular, incluindo o uso de T-shirts rasgadas. Vivienne Westwood e Malcom McLaren indelevelmente ligados ao movimento, criaram entre outras, as T-shirts “Destroy” e “Anarchy in the UK” da década de 1970, subvertendo elementos iconográficos. O activismo de Katharine Hamnett, patente nas suas T-shirts com slogans pacifistas e ecologistas, tornaram-na famosa e marcaram a moda dos anos 1980. A T-shirt “Choose Life”, lançada aquando de uma exposição budista em 1983, viu o seu slogan ser utilizado por grupos anti-aborto. Uma destas T-shirts foi usada por George Michael, dos Wham!, no vídeo de “Wake Me Up Before You Go Go” de 1984. Foi recentemente reeditada, por Hamnett em algodão 100% orgânico, ética e ambientalmente fabricada na Índia e estampada no Reino Unido com tintas à base de águas, amigas do ambiente. Também de 1983 temos, entre outras a “Worldwide Nuclear Ban Now”, igualmente
reeditada. Há registos fotográficos de Boy George, usando uma destas T-shirts. O espectáculo Live Aid, realizado a 13 de Julho de 1985, a partir do estádio de Wembley, em Londres e do estádio JFK em Filadélfia, uniu músicos, apostados em acabar com a fome na Etiópia. Enquanto em África se morria de fome, na Europa e nos EUA, o consumo ostentatório estava ao rubro. Aproveitando o facto de “milhares de pessoas desejarem ver um desfile de moda” e com o mesmo intuito do Live Aid, a 5 de Novembro do mesmo ano, realizou-se em Londres, “o primeiro desfile beneficente de sempre”. O Fashion Aid, reuniu diversas personalidades, como Grace Jones, Jerry Hall, Tina Turner, Annie Lennox, Boy George e Freddy Mercury, que ofereceram a sua participação. Yves Saint Laurent, Giorgio Armani, Calvin Klein, Katherine Hamnett e Issey Miyake, contam-se entre os 18 designers de moda participantes. Cada um dos designers criou T-shirts “Fashion Aid”, vendidas também para angariar fundos para a causa. Em 1989 Hamnett lançou a T-shirt com o slogan “Clean Up Or Die”, tendo também sido reeditada. Ao longo dos anos 1990, Hamnett continuou o seu activismo, dando palestras e tentando “limpar” a indústria. Depois do 11 de Setembro de 2001, produziu as T-shirts “No War”, “Stop And Think” e “Life Is Sacred”. Em 2004 cancelou as licenças da sua marca por não conseguir controlar as condições éticas e ambientais em que as suas colecções eram produzidas. Duas décadas passadas e com o problema da pobreza por resolver, de novo músicos uniram-se na realização do LIVE 8, sob o lema “Make Poverty History”, a 2 de Julho de 2005. Os espectáculos que constituíram o evento realizaram-se nos países integrantes do G8
pag da esq: T-shirt de Catherine Hamnett “Stay
em cima: T-shirt de Maison Martin Margiela na luta contra a SIDA
alive
in
85”
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s s n n e e v ti do co vicçõ Vestindo convicções. por Brígida Ribeiros Temos nos últimos tempos assistido a uma tendência de revivalismo da década de 1980. Exemplo disso é a renovada predilecção pelas T-shirts com slogans activistas, “criadas” por Katharine Hamnett e copiadas por muitos. A T-shirt, inicialmente uma peça interior, foi depois usada por militares e operários. Como peça independente, tornou-se popular na década de 1950 através de actores como Marlon Brando e James Dean. Avanços tecnológicos nos anos 1960, vieram impulsionar a difusão e o uso desta peça de malha jersey de algodão, como meio de expressão e de comunicação de massas. Nela se inscrevem, slogans, piadas, citações, ilustrações, quadros famosos, nomes e imagens de bandas rock, publicidade, logótipos de marcas e universidades, e comentários sociais e políticos. Os punks cultivavam um visual singular, incluindo o uso de T-shirts rasgadas. Vivienne Westwood e Malcom McLaren indelevelmente ligados ao movimento, criaram entre outras, as T-shirts “Destroy” e “Anarchy in the UK” da década de 1970, subvertendo elementos iconográficos. O activismo de Katharine Hamnett, patente nas suas T-shirts com slogans pacifistas e ecologistas, tornaram-na famosa e marcaram a moda dos anos 1980. A T-shirt “Choose Life”, lançada aquando de uma exposição budista em 1983, viu o seu slogan ser utilizado por grupos anti-aborto. Uma destas T-shirts foi usada por George Michael, dos Wham!, no vídeo de “Wake Me Up Before You Go Go” de 1984. Foi recentemente reeditada, por Hamnett em algodão 100% orgânico, ética e ambientalmente fabricada na Índia e estampada no Reino Unido com tintas à base de águas, amigas do ambiente. Também de 1983 temos, entre outras a “Worldwide Nuclear Ban Now”, igualmente
reeditada. Há registos fotográficos de Boy George, usando uma destas T-shirts. O espectáculo Live Aid, realizado a 13 de Julho de 1985, a partir do estádio de Wembley, em Londres e do estádio JFK em Filadélfia, uniu músicos, apostados em acabar com a fome na Etiópia. Enquanto em África se morria de fome, na Europa e nos EUA, o consumo ostentatório estava ao rubro. Aproveitando o facto de “milhares de pessoas desejarem ver um desfile de moda” e com o mesmo intuito do Live Aid, a 5 de Novembro do mesmo ano, realizou-se em Londres, “o primeiro desfile beneficente de sempre”. O Fashion Aid, reuniu diversas personalidades, como Grace Jones, Jerry Hall, Tina Turner, Annie Lennox, Boy George e Freddy Mercury, que ofereceram a sua participação. Yves Saint Laurent, Giorgio Armani, Calvin Klein, Katherine Hamnett e Issey Miyake, contam-se entre os 18 designers de moda participantes. Cada um dos designers criou T-shirts “Fashion Aid”, vendidas também para angariar fundos para a causa. Em 1989 Hamnett lançou a T-shirt com o slogan “Clean Up Or Die”, tendo também sido reeditada. Ao longo dos anos 1990, Hamnett continuou o seu activismo, dando palestras e tentando “limpar” a indústria. Depois do 11 de Setembro de 2001, produziu as T-shirts “No War”, “Stop And Think” e “Life Is Sacred”. Em 2004 cancelou as licenças da sua marca por não conseguir controlar as condições éticas e ambientais em que as suas colecções eram produzidas. Duas décadas passadas e com o problema da pobreza por resolver, de novo músicos uniram-se na realização do LIVE 8, sob o lema “Make Poverty History”, a 2 de Julho de 2005. Os espectáculos que constituíram o evento realizaram-se nos países integrantes do G8
pag da esq: T-shirt de Catherine Hamnett “Stay
em cima: T-shirt de Maison Martin Margiela na luta contra a SIDA
alive
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e na África do Sul. No rescaldo dos atentados em Londres, Vivienne Westwoood, designer entretanto consagrada, lançou a T-shirt em 2005 “I Am Not a Terrorist Please Don’t Arrest Me’”, que critica as leis anti-terrorismo adoptadas no Reino Unido e cujas vendas reverteram a favor da Liberty, uma associação britânica de defesa de direitos civis. Desde Setembro de 2006, Hamnett apresenta a sua linha criada em 2004 e simbolicamente rebaptizada de “Katharine E. Hamnett na Estethica”, evento incluído na London Fashion Week e dedicado a marcas de moda sustentáveis. Continua a sua luta, incitando à compra de peças de algodão orgânico certificado, livre de pesticidas e fertilizantes químicos, e transformando respeitando os trabalhadores. A 7 de Julho de 2007 realizou-se o Live Earth. Desta vez músicos deram a sua voz na luta contra as alterações climatéricas, com concertos em Nova Iorque, Londres, Sidney, Tóquio, Xangai, Rio de Janeiro, Joanesburgo e Hamburgo. Tratou-se de um acontecimento global, pretendendo iniciar um movimento de mudança comportamental. T-shirts proclamando “Green Is The New Black” foram vendidas associadas ao evento e à causa e o slogan amplamente copiado. Katharine Hamnett foi uma das personalidades participantes na colecção de T-shirts, sweatshirts e tank tops em algodão biológico da H&M, “Fashion Against AIDS”, resultante da aliança da marca sueca com o colectivo Designers Against AIDS. Também Rihanna, Chicks on Speed, Good Charlotte, Henrik Vibskov, Jade Jagger, My Chemical Romance, Rufus Wainwright, Scissor Sisters, The Cardigans, Tiga,
Timbaland e Ziggy Marley, colaboraram gratuitamente e deram a cara na campanha lançada a 31 de Janeiro de 2008. 25% dos lucros da colecção reverteram para projectos de prevenção da SIDA em todo o mundo. Também ligada à causa da SIDA, a Maison Martin Margiela inclui em todas as suas colecções, desde o Outono/Inverno 1993/4, uma T-shirt com o texto “There Is More Action To Be Done To Fight AIDS Than To Wear This T-Shirt But It´s A Good Start”. Uma percentagem das vendas destas T-shirts é dada à AIDES, uma associação francesa de luta contra o VIH/SIDA. O cancro é outra doença a que aparecem ligadas T-shirts solidárias. Marc Jacobs lançou T-shirts de prevenção do cancro de pele. Sob slogans como “Protect The Skin You´re In” personalidades como Naomi Campbell e Julianne Moore deram o corpo à estampa. Parte da mesma campanha, Marc Jacobs e Rufus Wainwright (entre outros) aparecem nus em T-shirts que proclamam “Protect Your Largest Organ”. Para além do alerta para a doença, os lucros alcançados revertem a favor do NYU Cancer Institute. Fica também uma referência e às T-shirts da campanha “Fashion Targets Breast Cancer” presente em diversos países, incluindo Portugal desde 2006, vendidas nas lojas Lanidor e revertendo a favor da associação Laço. Para a história da moda portuguesa ficou a T-shirt “Who´s Afraid Of John Galliano”, lançada em Outubro de 1993. A ModaLisboa convidou Galliano a apresentar a sua colecção juntamente com os criadores portugueses. Estes opuseram-se e o convite foi retirado. Carla Sousa recorda que «na altura, em Outubro de 1993, estava a inaugurar a minha loja Bazar Paraíso, na Rua do Norte e a Catarina Portas e o Paulo Gomes,
em cima: T-shirt “Who’s Afraid of John Galliano” de Carla Sousa, Catarina Portas e Paulo Gomes
pag da dir: T-shirt de Vivienne Westwood em crítica às leis anti-terrorismo
fizeram-me uma visita na qual comentámos o dramático “acontecimento”. Um deles disse a frase, talvez a Catarina, e eu e o Paulo dissemos que era giro fazer T-shirts mas sem grande intenção de o fazer. Mais tarde a ideia não me saia da cabeça e fiz 50 T-shirts brancas com a frase a encarnado e a azul. Como não as podia vender dentro da ModaLisboa, por razões óbvias, fui para o parque de estacionamento em frente aos Jerónimos e todos os jornalistas estrangeiros compraram-na deliciados com o episódio.» As referidas T-shirts tornaram-se peças de coleccionador… Os designers ingleses, mesmo que indirectamente, produzem T-shirts memoráveis. Da House of Holland temos as T-shirts das colecções “Fashion Groupies” e “One Trick Pony”. Fazendo rimas com personalidades ligadas à moda, Henry Holland recuperou a estética das T-shirts com slogans de Katharine Hamnett, não por uma causa pacifista ou ambientalista, mas para lançar a sua carreira como designer de moda. As mais recentes campanhas e T-shirts de Hamnett, são a “Free Burma” (actual, Mianmar, antiga Birmânia) em colaboração com a associação Prospect
Burma e “Save The Sea”, em colaboração com a Environmental Justice Foundation, contra a pesca ilegal. Para além do glamour, a moda pode ser um veículo incitador de mudanças políticas, ambientais e comportamentais. Desde as primeiras T-shirts activistas de Hamnett em 1983, a moda transformou-se ao sabor dos tempos, mas a sua capacidade de nos fazer reflectir continua actual e é desejável. Uma T-shirt pode ser uma arma poderosa na difusão de uma ideia, um ideal estético ou ético, uma crítica política ou social e é usada pela moda como parte de campanhas de responsabilidade social. Gillo Dorfles, referindo-se à T-shirt, reconhece-lhe uma dupla acção, auto e “heteropublicitária”. A que está inscrita na mensagem literal e aquela implícita na atitude e reconhecimento de quem a veste, ou, digo ainda, assina… Músicos e designers usam a sua notoriedade e associam-se às mais diversas causas. Há agora marcas que combinam estética com sólidas preocupações ambientais e éticas, mas simultaneamente temos ciclos de consumo cada vez mais rápidos, colecções “torpedo” e afins. Onde vamos parar?
e na África do Sul. No rescaldo dos atentados em Londres, Vivienne Westwoood, designer entretanto consagrada, lançou a T-shirt em 2005 “I Am Not a Terrorist Please Don’t Arrest Me’”, que critica as leis anti-terrorismo adoptadas no Reino Unido e cujas vendas reverteram a favor da Liberty, uma associação britânica de defesa de direitos civis. Desde Setembro de 2006, Hamnett apresenta a sua linha criada em 2004 e simbolicamente rebaptizada de “Katharine E. Hamnett na Estethica”, evento incluído na London Fashion Week e dedicado a marcas de moda sustentáveis. Continua a sua luta, incitando à compra de peças de algodão orgânico certificado, livre de pesticidas e fertilizantes químicos, e transformando respeitando os trabalhadores. A 7 de Julho de 2007 realizou-se o Live Earth. Desta vez músicos deram a sua voz na luta contra as alterações climatéricas, com concertos em Nova Iorque, Londres, Sidney, Tóquio, Xangai, Rio de Janeiro, Joanesburgo e Hamburgo. Tratou-se de um acontecimento global, pretendendo iniciar um movimento de mudança comportamental. T-shirts proclamando “Green Is The New Black” foram vendidas associadas ao evento e à causa e o slogan amplamente copiado. Katharine Hamnett foi uma das personalidades participantes na colecção de T-shirts, sweatshirts e tank tops em algodão biológico da H&M, “Fashion Against AIDS”, resultante da aliança da marca sueca com o colectivo Designers Against AIDS. Também Rihanna, Chicks on Speed, Good Charlotte, Henrik Vibskov, Jade Jagger, My Chemical Romance, Rufus Wainwright, Scissor Sisters, The Cardigans, Tiga,
Timbaland e Ziggy Marley, colaboraram gratuitamente e deram a cara na campanha lançada a 31 de Janeiro de 2008. 25% dos lucros da colecção reverteram para projectos de prevenção da SIDA em todo o mundo. Também ligada à causa da SIDA, a Maison Martin Margiela inclui em todas as suas colecções, desde o Outono/Inverno 1993/4, uma T-shirt com o texto “There Is More Action To Be Done To Fight AIDS Than To Wear This T-Shirt But It´s A Good Start”. Uma percentagem das vendas destas T-shirts é dada à AIDES, uma associação francesa de luta contra o VIH/SIDA. O cancro é outra doença a que aparecem ligadas T-shirts solidárias. Marc Jacobs lançou T-shirts de prevenção do cancro de pele. Sob slogans como “Protect The Skin You´re In” personalidades como Naomi Campbell e Julianne Moore deram o corpo à estampa. Parte da mesma campanha, Marc Jacobs e Rufus Wainwright (entre outros) aparecem nus em T-shirts que proclamam “Protect Your Largest Organ”. Para além do alerta para a doença, os lucros alcançados revertem a favor do NYU Cancer Institute. Fica também uma referência e às T-shirts da campanha “Fashion Targets Breast Cancer” presente em diversos países, incluindo Portugal desde 2006, vendidas nas lojas Lanidor e revertendo a favor da associação Laço. Para a história da moda portuguesa ficou a T-shirt “Who´s Afraid Of John Galliano”, lançada em Outubro de 1993. A ModaLisboa convidou Galliano a apresentar a sua colecção juntamente com os criadores portugueses. Estes opuseram-se e o convite foi retirado. Carla Sousa recorda que «na altura, em Outubro de 1993, estava a inaugurar a minha loja Bazar Paraíso, na Rua do Norte e a Catarina Portas e o Paulo Gomes,
em cima: T-shirt “Who’s Afraid of John Galliano” de Carla Sousa, Catarina Portas e Paulo Gomes
pag da dir: T-shirt de Vivienne Westwood em crítica às leis anti-terrorismo
fizeram-me uma visita na qual comentámos o dramático “acontecimento”. Um deles disse a frase, talvez a Catarina, e eu e o Paulo dissemos que era giro fazer T-shirts mas sem grande intenção de o fazer. Mais tarde a ideia não me saia da cabeça e fiz 50 T-shirts brancas com a frase a encarnado e a azul. Como não as podia vender dentro da ModaLisboa, por razões óbvias, fui para o parque de estacionamento em frente aos Jerónimos e todos os jornalistas estrangeiros compraram-na deliciados com o episódio.» As referidas T-shirts tornaram-se peças de coleccionador… Os designers ingleses, mesmo que indirectamente, produzem T-shirts memoráveis. Da House of Holland temos as T-shirts das colecções “Fashion Groupies” e “One Trick Pony”. Fazendo rimas com personalidades ligadas à moda, Henry Holland recuperou a estética das T-shirts com slogans de Katharine Hamnett, não por uma causa pacifista ou ambientalista, mas para lançar a sua carreira como designer de moda. As mais recentes campanhas e T-shirts de Hamnett, são a “Free Burma” (actual, Mianmar, antiga Birmânia) em colaboração com a associação Prospect
Burma e “Save The Sea”, em colaboração com a Environmental Justice Foundation, contra a pesca ilegal. Para além do glamour, a moda pode ser um veículo incitador de mudanças políticas, ambientais e comportamentais. Desde as primeiras T-shirts activistas de Hamnett em 1983, a moda transformou-se ao sabor dos tempos, mas a sua capacidade de nos fazer reflectir continua actual e é desejável. Uma T-shirt pode ser uma arma poderosa na difusão de uma ideia, um ideal estético ou ético, uma crítica política ou social e é usada pela moda como parte de campanhas de responsabilidade social. Gillo Dorfles, referindo-se à T-shirt, reconhece-lhe uma dupla acção, auto e “heteropublicitária”. A que está inscrita na mensagem literal e aquela implícita na atitude e reconhecimento de quem a veste, ou, digo ainda, assina… Músicos e designers usam a sua notoriedade e associam-se às mais diversas causas. Há agora marcas que combinam estética com sólidas preocupações ambientais e éticas, mas simultaneamente temos ciclos de consumo cada vez mais rápidos, colecções “torpedo” e afins. Onde vamos parar?
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plus Tour de Ricardo Tisci
Fashion Game Book
Com a tournée de Madonna, os fãs mais fashionistas têm uma mais valia adicionada ao preço do ingresso: a raínha da pop vai ser vestida pelo designer Ricardo Tisci. O actual director criativo da Givenchy partilhou: “Sinto-me incrivelmente sortudo por ter a oportunidade de associar o univeros da Alta costura de Givenchy ao ícone que é a Madonna, a mulher pela qual não tenho senão respeito e admiração”. O espectáculo supõe várias partes com diferentes ambientes e os coordenados reflectem cada uma das atitudes – inspirações mais dark para o cenário “Gangsta’s Pim-Art Déco”; influências folk para a sua entrada “Gipsy”; revivalismo dos anos 80 para “80’-Old Schoo”l; e um lado mais japonês para a performance “Futuristic rave”. Com Tisci a desenhar alguns dos looks para estas ambiências, a mediatização à volta do guarda-roupa cresce, e já circulam esboços das peças do designer para a diva da música. A apresentação da colecção ao público português foi feita a 14 de Setembro, quando Madonna subiu ao palco no Parque da Bela Vista.
Muitos livros se fizeram sobre a Moda do séc. XX – autênticas bíblias em informação e no tamanho, para falar a verdade. Mas sem dúvida que há espaço no mercado para acolher a perspectiva sobre o assunto de Florence Müller. Historiadora de arte, professora no Institut Français de la Mode, especialista em moda contemporânea e sua História, e editora da revista parisiense Surface, a palavra de Müller é, para dizer o mínimo, obrigatória. Tal como o livro que edita agora com o apoio da Assouline, o Fashion Game Book – um guia do quem é quem, e quem faz quê, no mundo de moda do séc. XX: quais os designers que vale a pena conhecer, as silhuetas que fizeram história… enfim, os bastidores e o spotlight da arte de fazer vestuário. De Claire McCardell a Zac Posen, de jeans a vestidos de noite, o volume compreende ainda uma série de testes de conhecimento com perguntas, jogos de pares e também inquéritos. Fantásticas fotografias ilustram e revelam os looks que marcaram o século XX, tudo encadernado num projecto que oferece as directrizes necessárias para compreender a arte das aparências e que pretende ser um indicador do que foi e como evoluiu a moda no século passado. Disponível a partir de Setembro. www.assouline.com
por Sara Andrade
Uniqlo e Grand Prix de criatividade
MyModels.com de Costume National
Não supõe a velocidade da Fórmula 1, mas a adrenalina é a mesma. Pelo menos para os jovens que aspiram a ganhar estatuto de designers de moda. Na sua 5ª edição, a marca japonesa Uniqlo volta a lançar o UT GP 2009 – o prémio Uniqlo T-shirt Grand Prix 2009, que pretende desafiar jovens criadores a costumizarem a peça chave da marca e um básico do guarda-roupa: a t-shirt. Aberto a todas as idades e nacionalidades, os inscritos terão de passar pelo aval de um júri constituído por 8 pessoas, entre as quais o director criativo da marca, Kashiwa Sato, e o artista contemporâneo, Yayoi Kusama. Uma vez conseguindo passar as várias eliminatórias, que deverão decorrer até, sensivelmente, Março do próximo ano, o vencedor será anunciado numa cerimónia posterior e galardoado com uma bolsa de cerca de € 20.000. Aliciante o suficiente para uma enchente de inscrições? Muito pouco expressivo, na verdade, quando se junta ao prémio monetário a possibilidade de vender o projecto vitorioso nas lojas Uniqlo – que já ultrapassou as 800, desde a fundação da marca, em 1984. Para os que ficarem muito perto do pódio, ainda há recompensas financeiras que, mesmo sendo mais singelas que o 1º galardão, não deixam de ser honrosas.
É verdade que se está a assistir a um regresso de modelos veteranas nas grandes campanhas publicitárias - é impossível não reparar em Linda Evangelista nas rendas de Miuccia Prada, Naomi Campbell nas novas silhuetas de Yves Saint Laurent ou o grande plano the Christy Turlington nos anúncios para Escada - mas a Costume National pode estar a mudar a tendência e também a lançar um novo modo de fazer castings. Ainda que a procura de promissores rostos não seja novidade, a Internet conseguiu dar um significado totalmente novo ao conceito de scouting… ou pelo menos, Ennio Capasa conseguiu dar essa nova dimensão ao conceito. O director criativo da marca escolheu fazer a recruta de manequins através do MySpace e 12 completamente desconhecidas caras foram fotografadas, em Nova Iorque, por Stephan Ruiz para a propaganda do Outono/ Inverno 2008-09 da C’N’C Costume National. “As comunidades sociais online são um dos mais interessantes fenómenos na Internet, hoje em dia”, explica Capasa, “representa a grande mudança e dinamismo de uma sociedade que é, cada vez mais, consumidora compulsiva de comunicação e contactos”. Inteligentemente, apenas explorou essa sede de consumismo e, confortavelmente, escolheu pessoalmente online as estrelas da nova publicidade. A questão impõe-se: será que as Sashas e as Cocos da vida terão motivos para se preocupar?
www.uniqlo.com.
Cavalli Cola
Annie Leibovitz em exibição
Veste a elite cinematográfica de Hollywood e é conhecido por não ser tímido quando se trata de curvas femininas – pelo menos no que diz respeito a acentuá-las e revelá-las. Por isso, presume-se que vestir as curvas de uma garrafa de Coca-Cola é uma brincadeira de crianças para Roberto Cavalli. Já habituado a relacionar-se com grandes nomes no mundo da moda e do cinema, também não é novidade vê-lo associado ao negócio da sede: depois de lançar um Vodka sob a égide do seu próprio nome – Roberto Cavalli Vodka, o criador concebe agora três vestimentas diferentes para o mais mediático refrigerante adequadamente à situação, na sua versão light, para ser mais correcta. “Foi muito divertido desenhar três vestidos para esta legendária silhueta”, confessa o autor. “Todos são sedutores e femininos, tipicamente Cavalli”. Não era preciso apontá-lo: as hipóteses em escolha são o padrão leopardo, o tigrado com pormenores dourados ou o zebra, todos gritantes do nome que os criou. Com a edição de 300.000 exemplares – 100.000 de cada modelo, as novas Coca-Colas só serão distribuídas em Itália, no período de Setembro a Dezembro. E com aquela que parece ser a bebida mais chique para o Outono-Inverno (ou pelo menos, com a embalagem mais sensual), a nova parceria pode ser até uma boa estratégia de mercado para o designer… quiçá com a possibilidade de se apropriar de um cocktail totalmente “patrocinado” pelo próprio: Roberto Cavalli’s Vodka & Coke, talvez?
A fotógrafa que é tão famosa como os artistas que fotografa, passa para o outro lado da objectiva. Metaforicamente falando, na verdade – Annie Leibovitz não consta de todas as fotografias, mas é ela o centro das atenções. Pela primeira vez na Europa, é apresentado na Maison Européenne de la Photographie, em Paris, uma retrospectiva do trabalho editorial da célebre americana que fotografa celebridades para revistas como a Rolling Stone, a Vanity Fair e a Vogue. Organizada pelo Brooklyn Museum de Nova Iorque, a exposição Annie Leibovitz: A Photographer’s Life, 1990-2005 compreende mais de 200 fotografias do plano profissional de Leibovitz, com imagens editoriais de referência, mas também da sua família e amigos chegados, um lado muito pouco explorado de uma fotógrafa que é conhecida pelo seu low-profile. “Eu não tenho duas vidas”, justifica. “Esta é a minha vida, a única, e as fotografias pessoais bem como as de trabalho fazem parte dela”. Uma hipótese de ver a reconciliação das duas metades que compõem a artista norte-americana, patente até 14 de Setembro, na capital francesa. E já está agendada a sua apresentação de 16 de Outubro de 2008 a 1 de Fevereiro de 2009, na National Portrait Gallery, em Londres. Se ambas as cidades ficarem fora do caminho, o livro com o mesmo nome da exposição está à venda em www.amazon.co.uk.
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plus Tour de Ricardo Tisci
Fashion Game Book
Com a tournée de Madonna, os fãs mais fashionistas têm uma mais valia adicionada ao preço do ingresso: a raínha da pop vai ser vestida pelo designer Ricardo Tisci. O actual director criativo da Givenchy partilhou: “Sinto-me incrivelmente sortudo por ter a oportunidade de associar o univeros da Alta costura de Givenchy ao ícone que é a Madonna, a mulher pela qual não tenho senão respeito e admiração”. O espectáculo supõe várias partes com diferentes ambientes e os coordenados reflectem cada uma das atitudes – inspirações mais dark para o cenário “Gangsta’s Pim-Art Déco”; influências folk para a sua entrada “Gipsy”; revivalismo dos anos 80 para “80’-Old Schoo”l; e um lado mais japonês para a performance “Futuristic rave”. Com Tisci a desenhar alguns dos looks para estas ambiências, a mediatização à volta do guarda-roupa cresce, e já circulam esboços das peças do designer para a diva da música. A apresentação da colecção ao público português foi feita a 14 de Setembro, quando Madonna subiu ao palco no Parque da Bela Vista.
Muitos livros se fizeram sobre a Moda do séc. XX – autênticas bíblias em informação e no tamanho, para falar a verdade. Mas sem dúvida que há espaço no mercado para acolher a perspectiva sobre o assunto de Florence Müller. Historiadora de arte, professora no Institut Français de la Mode, especialista em moda contemporânea e sua História, e editora da revista parisiense Surface, a palavra de Müller é, para dizer o mínimo, obrigatória. Tal como o livro que edita agora com o apoio da Assouline, o Fashion Game Book – um guia do quem é quem, e quem faz quê, no mundo de moda do séc. XX: quais os designers que vale a pena conhecer, as silhuetas que fizeram história… enfim, os bastidores e o spotlight da arte de fazer vestuário. De Claire McCardell a Zac Posen, de jeans a vestidos de noite, o volume compreende ainda uma série de testes de conhecimento com perguntas, jogos de pares e também inquéritos. Fantásticas fotografias ilustram e revelam os looks que marcaram o século XX, tudo encadernado num projecto que oferece as directrizes necessárias para compreender a arte das aparências e que pretende ser um indicador do que foi e como evoluiu a moda no século passado. Disponível a partir de Setembro. www.assouline.com
por Sara Andrade
Uniqlo e Grand Prix de criatividade
MyModels.com de Costume National
Não supõe a velocidade da Fórmula 1, mas a adrenalina é a mesma. Pelo menos para os jovens que aspiram a ganhar estatuto de designers de moda. Na sua 5ª edição, a marca japonesa Uniqlo volta a lançar o UT GP 2009 – o prémio Uniqlo T-shirt Grand Prix 2009, que pretende desafiar jovens criadores a costumizarem a peça chave da marca e um básico do guarda-roupa: a t-shirt. Aberto a todas as idades e nacionalidades, os inscritos terão de passar pelo aval de um júri constituído por 8 pessoas, entre as quais o director criativo da marca, Kashiwa Sato, e o artista contemporâneo, Yayoi Kusama. Uma vez conseguindo passar as várias eliminatórias, que deverão decorrer até, sensivelmente, Março do próximo ano, o vencedor será anunciado numa cerimónia posterior e galardoado com uma bolsa de cerca de € 20.000. Aliciante o suficiente para uma enchente de inscrições? Muito pouco expressivo, na verdade, quando se junta ao prémio monetário a possibilidade de vender o projecto vitorioso nas lojas Uniqlo – que já ultrapassou as 800, desde a fundação da marca, em 1984. Para os que ficarem muito perto do pódio, ainda há recompensas financeiras que, mesmo sendo mais singelas que o 1º galardão, não deixam de ser honrosas.
É verdade que se está a assistir a um regresso de modelos veteranas nas grandes campanhas publicitárias - é impossível não reparar em Linda Evangelista nas rendas de Miuccia Prada, Naomi Campbell nas novas silhuetas de Yves Saint Laurent ou o grande plano the Christy Turlington nos anúncios para Escada - mas a Costume National pode estar a mudar a tendência e também a lançar um novo modo de fazer castings. Ainda que a procura de promissores rostos não seja novidade, a Internet conseguiu dar um significado totalmente novo ao conceito de scouting… ou pelo menos, Ennio Capasa conseguiu dar essa nova dimensão ao conceito. O director criativo da marca escolheu fazer a recruta de manequins através do MySpace e 12 completamente desconhecidas caras foram fotografadas, em Nova Iorque, por Stephan Ruiz para a propaganda do Outono/ Inverno 2008-09 da C’N’C Costume National. “As comunidades sociais online são um dos mais interessantes fenómenos na Internet, hoje em dia”, explica Capasa, “representa a grande mudança e dinamismo de uma sociedade que é, cada vez mais, consumidora compulsiva de comunicação e contactos”. Inteligentemente, apenas explorou essa sede de consumismo e, confortavelmente, escolheu pessoalmente online as estrelas da nova publicidade. A questão impõe-se: será que as Sashas e as Cocos da vida terão motivos para se preocupar?
www.uniqlo.com.
Cavalli Cola
Annie Leibovitz em exibição
Veste a elite cinematográfica de Hollywood e é conhecido por não ser tímido quando se trata de curvas femininas – pelo menos no que diz respeito a acentuá-las e revelá-las. Por isso, presume-se que vestir as curvas de uma garrafa de Coca-Cola é uma brincadeira de crianças para Roberto Cavalli. Já habituado a relacionar-se com grandes nomes no mundo da moda e do cinema, também não é novidade vê-lo associado ao negócio da sede: depois de lançar um Vodka sob a égide do seu próprio nome – Roberto Cavalli Vodka, o criador concebe agora três vestimentas diferentes para o mais mediático refrigerante adequadamente à situação, na sua versão light, para ser mais correcta. “Foi muito divertido desenhar três vestidos para esta legendária silhueta”, confessa o autor. “Todos são sedutores e femininos, tipicamente Cavalli”. Não era preciso apontá-lo: as hipóteses em escolha são o padrão leopardo, o tigrado com pormenores dourados ou o zebra, todos gritantes do nome que os criou. Com a edição de 300.000 exemplares – 100.000 de cada modelo, as novas Coca-Colas só serão distribuídas em Itália, no período de Setembro a Dezembro. E com aquela que parece ser a bebida mais chique para o Outono-Inverno (ou pelo menos, com a embalagem mais sensual), a nova parceria pode ser até uma boa estratégia de mercado para o designer… quiçá com a possibilidade de se apropriar de um cocktail totalmente “patrocinado” pelo próprio: Roberto Cavalli’s Vodka & Coke, talvez?
A fotógrafa que é tão famosa como os artistas que fotografa, passa para o outro lado da objectiva. Metaforicamente falando, na verdade – Annie Leibovitz não consta de todas as fotografias, mas é ela o centro das atenções. Pela primeira vez na Europa, é apresentado na Maison Européenne de la Photographie, em Paris, uma retrospectiva do trabalho editorial da célebre americana que fotografa celebridades para revistas como a Rolling Stone, a Vanity Fair e a Vogue. Organizada pelo Brooklyn Museum de Nova Iorque, a exposição Annie Leibovitz: A Photographer’s Life, 1990-2005 compreende mais de 200 fotografias do plano profissional de Leibovitz, com imagens editoriais de referência, mas também da sua família e amigos chegados, um lado muito pouco explorado de uma fotógrafa que é conhecida pelo seu low-profile. “Eu não tenho duas vidas”, justifica. “Esta é a minha vida, a única, e as fotografias pessoais bem como as de trabalho fazem parte dela”. Uma hipótese de ver a reconciliação das duas metades que compõem a artista norte-americana, patente até 14 de Setembro, na capital francesa. E já está agendada a sua apresentação de 16 de Outubro de 2008 a 1 de Fevereiro de 2009, na National Portrait Gallery, em Londres. Se ambas as cidades ficarem fora do caminho, o livro com o mesmo nome da exposição está à venda em www.amazon.co.uk.
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Trends Outono/Inverno 08/09 por Ema Mendes A moda apesar de efémera, perpetua-se de ano para ano e de estação para estação onde são adquiridos e actualizados elementos de colecções passadas. Assim como o ser humano é feito de memórias, todo o mercado da moda é influenciado pelas mesmas. Este Outono/Inverno não é excepção à regra com a predominância do revivalismo dos anos 80, entre outras épocas mais longínquas, mas de uma forma mais actual e sofisticada.
Marni Milão
Alexandra Moura Lisboa
A-Forest Design Lisboa
arquivo moda lisboa/estoril / Fotografado por Rui vasco
Christian Dior Paris
Celine Paris
Ann Demeulemeester Paris
Viktor & Rolf Paris
Sobressai a silhueta de ombros largos, cintura vincada e anca marcadamente feminina. Tal como Chanel disse “Moda é arquitectura. É uma questão de proporções”. No entanto, esta é uma estação feita de antagonismos: a silhueta curvilínea contrapõe a silhueta longa e delgada, os detalhes boémios e luxuosos em oposição ao minimalismo total, e a elegância da heroína de BD futurista a contradizer o ruralismo campestre.
Louis Vuitton Paris
Rodarte Nova Iorque
Fotografado por DAN LECCA
Fendi Milão
Dries Van Noten Paris
Balenciaga Paris
Proenza Schouler Nova Iorque
Alexander Protich Lisboa
Clhoé Paris
Chanel Paris
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Trends Outono/Inverno 08/09 por Ema Mendes A moda apesar de efémera, perpetua-se de ano para ano e de estação para estação onde são adquiridos e actualizados elementos de colecções passadas. Assim como o ser humano é feito de memórias, todo o mercado da moda é influenciado pelas mesmas. Este Outono/Inverno não é excepção à regra com a predominância do revivalismo dos anos 80, entre outras épocas mais longínquas, mas de uma forma mais actual e sofisticada.
Marni Milão
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arquivo moda lisboa/estoril / Fotografado por Rui vasco
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Fotografado por DAN LECCA
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Chanel Paris
Lidija Kolovrat Lisboa
arquivo moda lisboa/estoril / Fotografado por Rui vasco
Jil Sander Milão
Maison Martin Margiela Paris
Prada Milão
Luís Buchinho Lisboa
arquivo moda lisboa/estoril / Fotografado por Rui vasco
Yves Saint Laurent Paris
Lara Torres Lisboa
arquivo moda lisboa/estoril / Fotografado por Rui vasco
Stella MCCartney Paris
Yoji Yamamoto Paris
Marc Jacobs Nova Iorque
Alexander MCQueen Paris
Nina Ricci Paris
White Tent Lisboa
Ricardo Dourado Lisboa
Pedro Pedro Lisboa
arquivo moda lisboa/estoril / Fotografado por Rui vasco
Givenchy Paris
Felipe Oliveira Batista Paris
Lanvin Paris
Hussein Chalayan Paris
Fotografado por Chris Moore
Lidija Kolovrat Lisboa
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10 1 Eau de Parfum, “Bois de Gaiac et Poire”, 50ml, MILLER ET BERTAUX, €99,22 / 2 Lip Balm, “Very Sexy Nourishing”, SPF 15, SEPHORA, €7 / 3 Blush Bronze Expert , BY TERRY / 4 Verniz Fluid shine, nº27, GIORGIO ARMANI, €21 / 5 Lápis para lábios, SHU UEMURA / 6 Sombra de olhos, GIORGIO ARMANI, €28 / 7 Verniz CRHISTIAN DIOR, €20,50 / 8 Sombra de olhos em pó, “Naughty Eye”, M.A.C. / 9 Batom “Sensual silk” nº2, YSL / 10 Pincel para pó tamanho XL, nº49, SEPHORA, €9
FOTOGRAFADO POR RICARDO CRUZ / MAQUILHAGEM E CABELOS MIGUEL MOLENA / MODELO INÊS SANTOS, CENTRAL MODELS
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1 Fio em metal dourado com pendentes, DIESEL / 2 Gel para olhos, BENEFIT / 3 Baton, “Rouge Dior”, CHRISTIAN DIOR / 4 Óculos com armações coloridas, “Wayfarer”, RAY BAN / 5 Máquina fotográfica, DIANA, à venda na COLETTE / 6 Bandolete em pele de cobra, CHRISTIAN DIOR / 7 Saco em pele com monograma gravado, LOUIS VUIITON / 8 Eau de Parfum, “Ma Dame”, JEAN PAUL GAULTIER / 9 Gel de banho “Musk Shower Gel”, KIELH’S SINCE 1851 / 10 Duo de sombras “The color”, nº7 e nº8, HAKANSSON
1 Cadeira em plástico desenhada por Charles Eames, 1950, ©VITRA / 2 Óculos com armações em tartaruga, PERSOL / 3 Anel em metal envelhecido, BOSS ORANGE / 4 T-shirt em algodão estampado, STELLA MCCARTNEY para ADIDAS / 5 Conjunto de jarras em cerâmica, CHRISTIAN DIOR MAISON / 6 Óleo para o corpo, HAKANSSON / 7 Bailarina em pele metalizada, PATRÍZIA PEPE / 8 Almofada “Textiles of the 20th Century” desenhada por Alexander Girard, 1954, ©VITRA / 9 Pestanas postiças, VIKTOR & ROLF para SHU UEMURA / 10 Eau de Parfum vaporizador, “Jeanne Lanvin”, 50ml, LANVIN, €47,60
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1 Cadeira em alumínio, desenhada por Charles & Ray Eames, 1958, ©VITRA / 2 Alfinete em metal lacado, SONIA RYKIEL / 3 Sombra de olhos “ombres lumières” Nº5, YVES SAINT LAURENT, €50,36 / 4 Sabonete líquido perfumado, 300ml, ROGER & GALLET, €14,60 / 5 Jarra em vidro colorido, CHRISTIAN DIOR MAISON / 6 Bebida energética, MOTLEY BIRD / 7 Cinto com laço, PATRÍZIA PEPE / 8 Sapato com sola compensada, SONIA RYKIEL / 9 Cinto em pele, MANGO / 10 Carteira em plexiglas com corrente em metal, CHANEL
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1 Chaise Longue, desenhada por Maarten Van Severen, 2000, ©VITRA / 2 Vela “Bailes”, DYPTIQUE / 3 Crema Nera, GIORGIO ARMANI / 4 Abyssine Serum, KIELH’S SINCE 1851 / 5 Sapato em cunha com sola compensada, em pele envernizada e pele aveludada, LOUIS VUITTON / 6 Top em cetim, NUNO BALTAZAR / 7 Pochette “Dior Evening” em pele pespontada, CHRISTIAN DIOR / 8 Eau de Parfum “Antidote”, VICTOR & ROLF / 9 Pulseira “Dior Tinkles” em metal dourado e com cristais Swarovski, CHRISTIAN DIOR / 10 Máscara de pestanas, “Phenomen’Eyes”, nº1 Black, GIVENCHY, €25,53
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Danuta veste vestido em malha de algodão, €29,90, H&M / Casaco em algodão com capuz, €71,25, NIKE sportswear / Óculos “Wayfarer”, RAY BAN / Argolas, €25, PEDRA DURA / Perneiras, €22, DIM / Punho, LACOSTE / Ténis “All Star”, CONVERSE
FOTOGRAFADO POR LUÍS DE BARROS / ASSISTIDO POR DINIS SANTOS, Pedro Machado Borges e Tomás Nogueira / STYLING HELGA CARVALHO / MAQUILHAGEM E CABELOS MIGUEL MOLENA / AGRADECIMENTOS AO A.C.M. (pelo espaço concedido para a realização deste editorial)
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Danuta veste marcel em algodão, €34,75, NIKE sportswear / Body, €45, DIESEL / Fio, €5,90, H&M / Argolas, €25, PEDRA DURA / Perneiras em lã, €40, EL CABALLO / Ténis com sola compensada, €170, RICARDO DOURADO
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moda lisboa 30ª Edição Inverno 2008/09
FOTOGRAFIA sara gomes
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moda lisboa 30ª Edição Inverno 2008/09
FOTOGRAFIA sara gomes
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s fla hdance Cinema
Dançar ao som das imagens por Carlos Natálio O cinema enquanto fenómeno cultural e artístico mostra sempre, por natureza, mais História que aquela a que os seus autores se propuseram. Essa “transparência”, em maior ou menor medida documental, acaba por ser um critério de discussão paralelo, ou por vezes em sobreposição, face às linhas dominantes da valorização estética, levadas a cabo pela história da sétima arte. Ao percorrer estes mais de 110 anos de cinema, verificamos que não são escassas as obras que, sendo medíocres do ponto de vista do medium audiovisual, acabaram por entrar por essas outras “portas” (do reconhecimento mediático, do espelhamento dos tempos, da identificação icónica, etc, etc) para o imaginário colectivo da sociedade contemporânea. Um dos mais expressivos exemplos dessa alternativa é o culto gerado em torno da obra “Flashdance”, de Adrian Lyne (1983). O filme, o qual muito sugestivamente é reconhecido com um dos mais atraentes e bem sucedidos “nadas” da história do cinema, é ainda hoje um fenómeno de culto e nostalgia para todos os que nos anos 80 o viram, ou para os que ainda hoje o descobrem. Situado historicamente num momento de afirmação do lifestyle e look MTV (estes eram os anos em que o famoso canal de música mostrava às pessoas que a música popular moderna, além de estar na moda, podia ser arte), “Flashdance” aproveitava uma história real sobre uma jovem em busca dos seus sonhos e afirmação. Alex (Jennifer Beals) é uma adolescente de 18 anos que qual “cinderela dos eighties“ trabalha durante o dia numa fábrica de melatúrgia (!) e à noite numa boite como dançarina. No entanto, o seu verdadeiro sonho é ser bailarina. Esta é a história da sua auto-afirmação. Visualmente, “Flashdance” era uma espécie de extensão da estética MTV com sequências de montagem rápidas, canções orelhudas encaixadas na sua totalidade, com as peripécias e estilo dos videoclips em formato de grande ecrã. É curioso verificar que esta estética MTV envelheceu rapidamente e mal e que tal coincidiu com a transformação da importância do referido canal na sociedade ocidental. A MTV em pouco mais de uma década passa de plataforma de revelação de uma nova realidade, inovadora, atractiva, a um espaço decadente e massificado, bandeira dos excessos de uniformização comercial dos actuais sistemas de entretenimento. A par deste look irremediavelmente enclausurado no tempo, as representações fracas ou as imprecações e superficialidades do argumento (este foi mesmo nomeado para um Razzie Award, os contrapontos negativos dos óscares), são comumente apontados como os principais defeitos da obra, os quais fazem hoje de “Flashdance” um discutível objecto kitsch
dos anos 80: por um lado, a nostalgia de uma época próxima, por outro, o anedótico e caricatural da inocência dos eighties. Independentemente desta desvalorização, quase unâmine, da qualidade de “Flashdance”, a importância do mesmo é um dado indesmentível. Se dúvidas houvesse bastaria perguntar a qualquer mulher que por alturas da estreia do filme andasse pela sua adolescência e ela certamente, com um brilho nos olhos, recordará a célebre sequência final da audição ou as célebres canções “ Maniac” ou “Flashdance... What a Feeling”. Parece certamente ser mesmo uma questão de “feeling”, aquela que imortalizou “Flashdance”. A sua protagonista encarnava uma outra mulher emancipada, sem receios de lutar pelos seus objectivos. E estes não passavam, como antes, pela felicidade amorosa e familiar, muito retratada no cinema, mas sim pela realização profissional e concretização de sonhos. Pela primeira vez no cinema era dada a oportunidade à mulher de exprimir o que até então era exclusivamente masculino: o desejo de mobilidade e ascensão social. Ora, “Flashdance” mantém-se, por este prisma, como um hino à perseverança e libertação femininas. Mas o filme convoca ainda outros “universos de fascínio”, muito em voga nos anos 80: o mundo da dança pop urbana, dos night clubs, a expressão livre do corpo - o mote a ser dado por “Let’s Get Physical” de Olivia Newton John, ouvido até à exaustão - aliados à sedução de um estilo de vida saudável. Desta forma, obras como “Flashdance”, “Footloose”, “Fame” herdam o mundo e o sucesso de “Saturday Night Fever” e põem as pessoas a dançar, num contexto de afirmação de uma nova youth culture urbana. O trunfo comercial que faz o sucesso destas obras tem evidentemente por arrasto todo um look, uma moda e “gadgeteria” próprias, que hoje, a quase trinta anos de distância se confundem com o espírito e a moda dos próprios anos 80. Aos leggings, perneiras e sweatshirts rasgadas a mostrar os ombros de “Flashdance”, podem juntar-se as meias de rede e brincos ousados de Madonna, as calças largas de MC Hammer, os penteados plenos de cores e volume das “Bananarama” ou os enchumaços das personagens femininas de “Dallas”. A ideia era celebrar uma nova streetwear que desse uma face visível a uma nova juventude urbana, rebelde, sem medo de lutar pelos seus ideais e sobretudo de se afirmar nessa diferença. Por todas estas razões, “Flashdance” é um objecto cinematográfico que vale a pena recordar. Mesmo que tenhamos na memória os detalhes inverosímeis da história, os personagens pouco desenvolvidos ou os fatos ridículos, o certo é que “what a feeling”...
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s fla hdance Cinema
Dançar ao som das imagens por Carlos Natálio O cinema enquanto fenómeno cultural e artístico mostra sempre, por natureza, mais História que aquela a que os seus autores se propuseram. Essa “transparência”, em maior ou menor medida documental, acaba por ser um critério de discussão paralelo, ou por vezes em sobreposição, face às linhas dominantes da valorização estética, levadas a cabo pela história da sétima arte. Ao percorrer estes mais de 110 anos de cinema, verificamos que não são escassas as obras que, sendo medíocres do ponto de vista do medium audiovisual, acabaram por entrar por essas outras “portas” (do reconhecimento mediático, do espelhamento dos tempos, da identificação icónica, etc, etc) para o imaginário colectivo da sociedade contemporânea. Um dos mais expressivos exemplos dessa alternativa é o culto gerado em torno da obra “Flashdance”, de Adrian Lyne (1983). O filme, o qual muito sugestivamente é reconhecido com um dos mais atraentes e bem sucedidos “nadas” da história do cinema, é ainda hoje um fenómeno de culto e nostalgia para todos os que nos anos 80 o viram, ou para os que ainda hoje o descobrem. Situado historicamente num momento de afirmação do lifestyle e look MTV (estes eram os anos em que o famoso canal de música mostrava às pessoas que a música popular moderna, além de estar na moda, podia ser arte), “Flashdance” aproveitava uma história real sobre uma jovem em busca dos seus sonhos e afirmação. Alex (Jennifer Beals) é uma adolescente de 18 anos que qual “cinderela dos eighties“ trabalha durante o dia numa fábrica de melatúrgia (!) e à noite numa boite como dançarina. No entanto, o seu verdadeiro sonho é ser bailarina. Esta é a história da sua auto-afirmação. Visualmente, “Flashdance” era uma espécie de extensão da estética MTV com sequências de montagem rápidas, canções orelhudas encaixadas na sua totalidade, com as peripécias e estilo dos videoclips em formato de grande ecrã. É curioso verificar que esta estética MTV envelheceu rapidamente e mal e que tal coincidiu com a transformação da importância do referido canal na sociedade ocidental. A MTV em pouco mais de uma década passa de plataforma de revelação de uma nova realidade, inovadora, atractiva, a um espaço decadente e massificado, bandeira dos excessos de uniformização comercial dos actuais sistemas de entretenimento. A par deste look irremediavelmente enclausurado no tempo, as representações fracas ou as imprecações e superficialidades do argumento (este foi mesmo nomeado para um Razzie Award, os contrapontos negativos dos óscares), são comumente apontados como os principais defeitos da obra, os quais fazem hoje de “Flashdance” um discutível objecto kitsch
dos anos 80: por um lado, a nostalgia de uma época próxima, por outro, o anedótico e caricatural da inocência dos eighties. Independentemente desta desvalorização, quase unâmine, da qualidade de “Flashdance”, a importância do mesmo é um dado indesmentível. Se dúvidas houvesse bastaria perguntar a qualquer mulher que por alturas da estreia do filme andasse pela sua adolescência e ela certamente, com um brilho nos olhos, recordará a célebre sequência final da audição ou as célebres canções “ Maniac” ou “Flashdance... What a Feeling”. Parece certamente ser mesmo uma questão de “feeling”, aquela que imortalizou “Flashdance”. A sua protagonista encarnava uma outra mulher emancipada, sem receios de lutar pelos seus objectivos. E estes não passavam, como antes, pela felicidade amorosa e familiar, muito retratada no cinema, mas sim pela realização profissional e concretização de sonhos. Pela primeira vez no cinema era dada a oportunidade à mulher de exprimir o que até então era exclusivamente masculino: o desejo de mobilidade e ascensão social. Ora, “Flashdance” mantém-se, por este prisma, como um hino à perseverança e libertação femininas. Mas o filme convoca ainda outros “universos de fascínio”, muito em voga nos anos 80: o mundo da dança pop urbana, dos night clubs, a expressão livre do corpo - o mote a ser dado por “Let’s Get Physical” de Olivia Newton John, ouvido até à exaustão - aliados à sedução de um estilo de vida saudável. Desta forma, obras como “Flashdance”, “Footloose”, “Fame” herdam o mundo e o sucesso de “Saturday Night Fever” e põem as pessoas a dançar, num contexto de afirmação de uma nova youth culture urbana. O trunfo comercial que faz o sucesso destas obras tem evidentemente por arrasto todo um look, uma moda e “gadgeteria” próprias, que hoje, a quase trinta anos de distância se confundem com o espírito e a moda dos próprios anos 80. Aos leggings, perneiras e sweatshirts rasgadas a mostrar os ombros de “Flashdance”, podem juntar-se as meias de rede e brincos ousados de Madonna, as calças largas de MC Hammer, os penteados plenos de cores e volume das “Bananarama” ou os enchumaços das personagens femininas de “Dallas”. A ideia era celebrar uma nova streetwear que desse uma face visível a uma nova juventude urbana, rebelde, sem medo de lutar pelos seus ideais e sobretudo de se afirmar nessa diferença. Por todas estas razões, “Flashdance” é um objecto cinematográfico que vale a pena recordar. Mesmo que tenhamos na memória os detalhes inverosímeis da história, os personagens pouco desenvolvidos ou os fatos ridículos, o certo é que “what a feeling”...
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nuno ramos Arte
Acidentes das matérias por Francisco Vaz Fernandes A arte Brasileira vive um novo fulgor, com vários artistas a captar atenção internacional. Este sucesso pode ser explicado em parte pelo investimento dos seus artistas no objecto plástico e na sua expressividade enquanto objecto artístico, caminhos em geral abandonados pela contemporaneidade europeia e norte-americana. Os ditos países “ocidentais” levariam a arte por caminhos da desintegração que passaram pela negação do objecto artístico enveredando pelo cinismo. A arte brasileira, a partir de uma releitura das vanguardas, percorre trilhos que passam pela empatia e a afectividade com que olham a vida, por mais dura que ela seja. De alguma forma, e mais afastada de um espírito tecnológico produzido pelos centros urbanos do capitalismo avançado, o Brasil manteve-se mais perto da materialidade e da natureza dos elementos optando por técnicas mais próximas do craft. Tomaremos como exemplo o trabalho de Nuno Ramos, artista nascido em São Paulo. Numa análise rápida ao seu trabalho, verifica-se como é possível construir uma obra a partir da reinterpretação das vanguardas mantendo questões alusivas à forma e matéria, centrado na ideia de corpo e fluido. Essas novas perspectivas, ainda não esgotadas, fazem com que o artista possa ainda contribuir para questões relacionadas com o informe, um diálogo aberto por Bataille percorrido por Robert Smithson, Jackson Pollock, Josef Beuys e a Arte Povera em geral Nuno Ramos mostrou pela primeira vez o seu trabalho em Portugal na Galeria Bernardo Marques (Julho de 2008) onde foi possível ver um conjunto de trabalhos recorrendo a várias técnicas: vídeo, instalação e desenhos. Toda a exposição era subordinada a um denominador comum “Foda/Foice”, alusivo ao título do registo vídeo de uma performance onde se podia ver duas mulheres de foice em punho, murmurando repetidas vezes, “foda”, “foi-se(foice)”. A importância das palavras, a ambiguidade de sentidos,
como veremos mais à frente, são elementos essenciais para a construção do sentido geral da obra do artista. Contra a ideia de uma “literalidade”, a obra do artista lê-se com um conjunto de signos, que se oferecem como um mapa, onde a junção das partes possibilita ao público indícios de uma interpretação sempre em estado aberto. Ou seja, o som vídeo entra em estado de contaminação com as duas peças da sala seguinte. De maiores dimensões, essas obras estão na sequência de uma série de trabalhos realizados a partir de placas de vidro. Não se pode olhar para esta peça e abstrairmo-nos da articulação sonora das palavras “foda” e “foice” que nos chegam. Este tipo de estratégias faz com que os trabalhos de Nuno Ramos estejam sempre num processo de ampliação e acumulação de sentidos. Oferecem diferentes formas de abordá-las. Neste caso, o vidro enquanto material, corpo, é apercebido através de sentidos antagónicos. O olhar autoriza atravessálo, mas para o tacto, as paredes frias do vidro, constituem uma barreira. Por outro lado, os limites do vidro podem estabelecer linhas aéreas que lhe dão uma dimensão de desenho. Essas peças ganham ainda maior complexidade pelo facto de serem atravessadas por tubos de ensaio de grandes dimensões contendo líquidos. No mais escuro, mistura-se petróleo e coca-cola, símbolos do imperialismo; no outro transparente, mistura-se soro e formol dois materiais com natureza e objectivos díspares. São peças que são fixas lateralmente por um sistemas de dobradiças que fazem entender que estas esculturas se podem mover a partir desse eixo. A possibilidade de mobilidade, a junção de materiais antagónicos, sem lógicas definidas, o jogo dos opostos, tudo faz parte de uma gramática essencial do artista. Cada um deles contribui com a sua materialidade própria, a sua opacidade, a sua história e valor sócio cultural para a construção de um sentido narrativo. Juntos produzem uma alquimia que amplia o entendimento do
Pagão, pedra sabão e instrumentos, Igreja do Rosário, Ouro Preto, 2002
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nuno ramos Arte
Acidentes das matérias por Francisco Vaz Fernandes A arte Brasileira vive um novo fulgor, com vários artistas a captar atenção internacional. Este sucesso pode ser explicado em parte pelo investimento dos seus artistas no objecto plástico e na sua expressividade enquanto objecto artístico, caminhos em geral abandonados pela contemporaneidade europeia e norte-americana. Os ditos países “ocidentais” levariam a arte por caminhos da desintegração que passaram pela negação do objecto artístico enveredando pelo cinismo. A arte brasileira, a partir de uma releitura das vanguardas, percorre trilhos que passam pela empatia e a afectividade com que olham a vida, por mais dura que ela seja. De alguma forma, e mais afastada de um espírito tecnológico produzido pelos centros urbanos do capitalismo avançado, o Brasil manteve-se mais perto da materialidade e da natureza dos elementos optando por técnicas mais próximas do craft. Tomaremos como exemplo o trabalho de Nuno Ramos, artista nascido em São Paulo. Numa análise rápida ao seu trabalho, verifica-se como é possível construir uma obra a partir da reinterpretação das vanguardas mantendo questões alusivas à forma e matéria, centrado na ideia de corpo e fluido. Essas novas perspectivas, ainda não esgotadas, fazem com que o artista possa ainda contribuir para questões relacionadas com o informe, um diálogo aberto por Bataille percorrido por Robert Smithson, Jackson Pollock, Josef Beuys e a Arte Povera em geral Nuno Ramos mostrou pela primeira vez o seu trabalho em Portugal na Galeria Bernardo Marques (Julho de 2008) onde foi possível ver um conjunto de trabalhos recorrendo a várias técnicas: vídeo, instalação e desenhos. Toda a exposição era subordinada a um denominador comum “Foda/Foice”, alusivo ao título do registo vídeo de uma performance onde se podia ver duas mulheres de foice em punho, murmurando repetidas vezes, “foda”, “foi-se(foice)”. A importância das palavras, a ambiguidade de sentidos,
como veremos mais à frente, são elementos essenciais para a construção do sentido geral da obra do artista. Contra a ideia de uma “literalidade”, a obra do artista lê-se com um conjunto de signos, que se oferecem como um mapa, onde a junção das partes possibilita ao público indícios de uma interpretação sempre em estado aberto. Ou seja, o som vídeo entra em estado de contaminação com as duas peças da sala seguinte. De maiores dimensões, essas obras estão na sequência de uma série de trabalhos realizados a partir de placas de vidro. Não se pode olhar para esta peça e abstrairmo-nos da articulação sonora das palavras “foda” e “foice” que nos chegam. Este tipo de estratégias faz com que os trabalhos de Nuno Ramos estejam sempre num processo de ampliação e acumulação de sentidos. Oferecem diferentes formas de abordá-las. Neste caso, o vidro enquanto material, corpo, é apercebido através de sentidos antagónicos. O olhar autoriza atravessálo, mas para o tacto, as paredes frias do vidro, constituem uma barreira. Por outro lado, os limites do vidro podem estabelecer linhas aéreas que lhe dão uma dimensão de desenho. Essas peças ganham ainda maior complexidade pelo facto de serem atravessadas por tubos de ensaio de grandes dimensões contendo líquidos. No mais escuro, mistura-se petróleo e coca-cola, símbolos do imperialismo; no outro transparente, mistura-se soro e formol dois materiais com natureza e objectivos díspares. São peças que são fixas lateralmente por um sistemas de dobradiças que fazem entender que estas esculturas se podem mover a partir desse eixo. A possibilidade de mobilidade, a junção de materiais antagónicos, sem lógicas definidas, o jogo dos opostos, tudo faz parte de uma gramática essencial do artista. Cada um deles contribui com a sua materialidade própria, a sua opacidade, a sua história e valor sócio cultural para a construção de um sentido narrativo. Juntos produzem uma alquimia que amplia o entendimento do
Pagão, pedra sabão e instrumentos, Igreja do Rosário, Ouro Preto, 2002
mundo. Em última instância, esse caos de matérias transbordantes em conflito com o meio em que o artista os integra, e com capacidade de reacção, criam um perfil similar a tragédia quotidiana que vivemos. O artista que começou a sua carreira como pintor, tendo inclusivamente participado na bienal de S. Paulo de 1985 com seis grandes telas, acabaria por se dedicar à tridimensionalidade. No entanto, a sua pintura, que vinha a par da pintura Neo-Expressionista, caracterizava-se por um excesso de camadas que apelava a um sentido táctil e criava volumes que punham à prova as leis da bidimensionalidade. Esse lado orgânico das matérias e dos objectos seria uma constante nas suas criações. No entanto, a terceira dimensão permitiu-lhe ganhar em narratividade e encenação subindo o grau do dramatismo que alvejava. A sua primeira instalação, “111”, realizada em 1992, continha uma alusão directa ao massacre dos presos da Casa de Detenção do Carandiru, que tinha ocorrido naquele ano. Pedaços de jornal e folhas da Bíblia, colados com alcatrão sobre paralelepípedos tomam o lugar dos mortos, lembrados por seus nomes impressos em chumbo. Poemas ocupam as paredes, escritos com vaselina e, numa segunda sala anexa, tubos de vidro disformes contendo fumaça branca estão dispostos entre fotos aéreas tiradas na data da chacina. Refere-se à violência das prisões como um reflexo do sistema do próprio país. A par do uso recorrente de matérias opostas, da ideia de fluidos que percorrem corpos estranhos e que estão sempre em estado de transição, a partir desta data, as instalações e a narratividade foram ganhando maior dimensão. É de referir a título de exemplo a exposição, “Morte das Casas”, realizada no CCBB em São Paulo em 2004 ou a exposição no CCBB de Brasília em 2008, duas das mais representativas exposições individuais do artista. Ambas apresentavam várias peças onde o texto e o som eram relevantes. Na primeira, um som de chuva provo-
Black and Blue, areia comprimida vidro e óleo queimado, Museum of Contemporary Art San Diego, 2000
cado por uma queda de água que se precipitava a mais de 20 metros de altura num vasto hall, misturava-se com o declamar do poema “Morte das Casas de Ouro Preto”, de Carlos Drummond de Andrade. Já em Brasília, a instalação “Bandeira Branca” era constituída por três caixas de som de vidro escuro, cobertas por mortalhas pretas. O público encontra-se separado desta “cena” por uma grade, ou rede. Destas caixas de som saem três “vozes”, como numa peça de teatro, que vão conversando entre si. Numa, Mariana Aydar canta “Carcará”; Arnaldo Antunes, “Bandeira Branca”; e a sambista Dona Inah, “Acalanto”, de Dorival Caymmi. A epopeia trágica tem na base um “código de vitalidade”. Os versos alternam-se compassados no tempo dos recordes de corrida: 100 m rasos, 200 m, até completar o tempo de uma maratona. Os sambas e as palavras de grandes escritores brasileiros como Nelson Cavaquinho, Cartola e Carlos Drummond de Andrade ganham novos contextos e novos sentidos ao mesmo tempo que servem de matéria identitária. São como uma rede tratada como uma qualquer outra matéria de eleição do artista. Elas ganham a viscosidade confrontam-se com diferentes naturezas, adversas até saírem do seu enquadramento convencional para ganharem na sua percepção uma nova dimensão. São fluídas como a vaselina líquida a que recorre várias vezes, ou voláteis como os fumos provocadas pelas combustões que cria. Ao serem expropriadas dos autores, as palavras oferecem-se com os restantes materiais ao exercício dos acasos, porque como Nuno Ramos bem entende, a lei serve para esconder a existência do crime, as regras da natureza para esconder os acidentes e mutações constantes.
mundo. Em última instância, esse caos de matérias transbordantes em conflito com o meio em que o artista os integra, e com capacidade de reacção, criam um perfil similar a tragédia quotidiana que vivemos. O artista que começou a sua carreira como pintor, tendo inclusivamente participado na bienal de S. Paulo de 1985 com seis grandes telas, acabaria por se dedicar à tridimensionalidade. No entanto, a sua pintura, que vinha a par da pintura Neo-Expressionista, caracterizava-se por um excesso de camadas que apelava a um sentido táctil e criava volumes que punham à prova as leis da bidimensionalidade. Esse lado orgânico das matérias e dos objectos seria uma constante nas suas criações. No entanto, a terceira dimensão permitiu-lhe ganhar em narratividade e encenação subindo o grau do dramatismo que alvejava. A sua primeira instalação, “111”, realizada em 1992, continha uma alusão directa ao massacre dos presos da Casa de Detenção do Carandiru, que tinha ocorrido naquele ano. Pedaços de jornal e folhas da Bíblia, colados com alcatrão sobre paralelepípedos tomam o lugar dos mortos, lembrados por seus nomes impressos em chumbo. Poemas ocupam as paredes, escritos com vaselina e, numa segunda sala anexa, tubos de vidro disformes contendo fumaça branca estão dispostos entre fotos aéreas tiradas na data da chacina. Refere-se à violência das prisões como um reflexo do sistema do próprio país. A par do uso recorrente de matérias opostas, da ideia de fluidos que percorrem corpos estranhos e que estão sempre em estado de transição, a partir desta data, as instalações e a narratividade foram ganhando maior dimensão. É de referir a título de exemplo a exposição, “Morte das Casas”, realizada no CCBB em São Paulo em 2004 ou a exposição no CCBB de Brasília em 2008, duas das mais representativas exposições individuais do artista. Ambas apresentavam várias peças onde o texto e o som eram relevantes. Na primeira, um som de chuva provo-
Black and Blue, areia comprimida vidro e óleo queimado, Museum of Contemporary Art San Diego, 2000
cado por uma queda de água que se precipitava a mais de 20 metros de altura num vasto hall, misturava-se com o declamar do poema “Morte das Casas de Ouro Preto”, de Carlos Drummond de Andrade. Já em Brasília, a instalação “Bandeira Branca” era constituída por três caixas de som de vidro escuro, cobertas por mortalhas pretas. O público encontra-se separado desta “cena” por uma grade, ou rede. Destas caixas de som saem três “vozes”, como numa peça de teatro, que vão conversando entre si. Numa, Mariana Aydar canta “Carcará”; Arnaldo Antunes, “Bandeira Branca”; e a sambista Dona Inah, “Acalanto”, de Dorival Caymmi. A epopeia trágica tem na base um “código de vitalidade”. Os versos alternam-se compassados no tempo dos recordes de corrida: 100 m rasos, 200 m, até completar o tempo de uma maratona. Os sambas e as palavras de grandes escritores brasileiros como Nelson Cavaquinho, Cartola e Carlos Drummond de Andrade ganham novos contextos e novos sentidos ao mesmo tempo que servem de matéria identitária. São como uma rede tratada como uma qualquer outra matéria de eleição do artista. Elas ganham a viscosidade confrontam-se com diferentes naturezas, adversas até saírem do seu enquadramento convencional para ganharem na sua percepção uma nova dimensão. São fluídas como a vaselina líquida a que recorre várias vezes, ou voláteis como os fumos provocadas pelas combustões que cria. Ao serem expropriadas dos autores, as palavras oferecem-se com os restantes materiais ao exercício dos acasos, porque como Nuno Ramos bem entende, a lei serve para esconder a existência do crime, as regras da natureza para esconder os acidentes e mutações constantes.
Instalação na Galeria Bernardo Marques, Lisboa, 2008-08-25
Instalação na Galeria Bernardo Marques, Lisboa, 2008-08-25
Vista parcial da instalação 111. Galeria Raquel Arnaud, São Paulo, 1992
Vista da instalação no MAM, Museu de Arte Moderna Brasileira, Rio de Janeiro, 1997
Vista parcial da instalação 111. Galeria Raquel Arnaud, São Paulo, 1992
Vista da instalação no MAM, Museu de Arte Moderna Brasileira, Rio de Janeiro, 1997
Morte das casas, CCBB, S達o Paulo, 2004
Matac達o, granito terra e cimento, Orl但ndia S達o Paulo 1996
Morte das casas, CCBB, S達o Paulo, 2004
Matac達o, granito terra e cimento, Orl但ndia S達o Paulo 1996
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s s c e n m h rói o o ó Música
por Tiago Santos Corremos as notícias à procura do Mundo, à espera que na gritaria de gordas em parangonas, nos diga de que é feita a matéria dos dias. Nesse impulso, de ânsia do tempo que nos foge todos os dias, em que as vozes gritam as mesmas histórias de miséria, exploração, guerra e demais detritos da chamada civilização, percebemos então que nada disto é novo, que esse é o ruído da mesma canção de sempre. Mas entretanto... encontramos a tempos, apenas em alguns lugares especiais, um som de uma canção que nos parece fazer lembrar que o sol um dia ainda vai voltar a brilhar, que podemos respirar e sentir a música da vida no meio da terra de sombras. Esta podia ser a legenda para a introdução de quarenta segundos do álbum de estreia dos Part-Time Heroes, o nome de uma dupla inglesa que se dedica à arte da fuga através da música, das palavras e do groove. Uma introdução que no meio do caos abre uma porta para descobrir o que pode ser um mundo imaginário, onde a música tem ainda o poder de curar os males do Mundo. A surpresa começa então a tomar forma, através de canções que mais não são do que hinos à vida, ao amor, ao conforto de uma segunda oportunidade. É disto que se trata em “Meanwhile”, o título do álbum destes heróis em part-time, que dos subúrbios de Southampton se dedicam a salvar os espíritos contemporâneos através da música. Shopboy e SandwichMan, são os disfarces sob os quais têm marcado o passado recente do submundo da soul. Divididos entre a escrita de canções memoráveis e o alter–ego para as pistas de dança (PTH PROJECTS), muitas têm sido as aventuras desta dupla que se prepara para conquistar o Mundo. Depois de remisturarem nomes como Citizen Cope, Monday Michiru ou Mj Cole, de editarem vários maxis e um e.p ainda em 2006, de dinamitarem as noites de Londres com dj sets ecléticos e de conquistarem fãs exigentes como MrScruff, chega finalmente este ano o álbum de estreia.
Com dez títulos, onde a electrónica e os instrumentos reais se confundem num som orgânico capaz de trazer a memória de uns Zero 7 ou dos 4Hero, o álbum “Meanwhile” cria, do título até ao último acorde, uma atmosfera que não parece ser deste tempo. Transporta-nos para um estado poético de contemplação, onde tudo é simples, grandioso e belo, num conjunto de canções a roçar a perfeição. A magia de “Meanwhile” está, em primeiro lugar, na apropriação inteligente do jazz como ponto de partida para a busca de profundidade no meio de uma indústria marcada pelas fórmulas e tendências descartáveis, ao sabor do ritmo das registadoras. A arte dos músicos, o calor do som, a linguagem do ritmo, são lugarescomuns do jazz que os Part-Time Heroes souberam convocar para colorir o espaço onde se desenvolve a acção desta fuga memorável. Um espaço onde os sons da música se confundem com a natureza dos sonhos. Mas o jazz aqui está tão presente que se confunde na paisagem. Como os próprios dizem, a sua música não é tão “esotérica” como o jazz mais real. Ela é antes marcada pela escrita límpida de canções soul, onde cada nota, sílaba ou pausa são rigorosamente estudadas para atingir a mais sedutora perfeição da beleza harmónica. Aqui não há liberdade e improviso. Essa é deixada para os voos de cada um ao longo da audição das dez canções de “Meanwhile”. Aqui há um encontro da arte da escrita com o encanto da voz, um gesto tão simples que é impossível não deixar de pensar onde foi que ouvimos pela última vez um disco, de uma ponta a outra, que nos falasse assim, numa linguagem que todos podemos entender. E entretanto...
Part-TimeHeroes- “Meanwhile...”, WahWah45s 2008 Myspace.com/theparttimeheroes www.wahwah45s.com
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s s c e n m h rói o o ó Música
por Tiago Santos Corremos as notícias à procura do Mundo, à espera que na gritaria de gordas em parangonas, nos diga de que é feita a matéria dos dias. Nesse impulso, de ânsia do tempo que nos foge todos os dias, em que as vozes gritam as mesmas histórias de miséria, exploração, guerra e demais detritos da chamada civilização, percebemos então que nada disto é novo, que esse é o ruído da mesma canção de sempre. Mas entretanto... encontramos a tempos, apenas em alguns lugares especiais, um som de uma canção que nos parece fazer lembrar que o sol um dia ainda vai voltar a brilhar, que podemos respirar e sentir a música da vida no meio da terra de sombras. Esta podia ser a legenda para a introdução de quarenta segundos do álbum de estreia dos Part-Time Heroes, o nome de uma dupla inglesa que se dedica à arte da fuga através da música, das palavras e do groove. Uma introdução que no meio do caos abre uma porta para descobrir o que pode ser um mundo imaginário, onde a música tem ainda o poder de curar os males do Mundo. A surpresa começa então a tomar forma, através de canções que mais não são do que hinos à vida, ao amor, ao conforto de uma segunda oportunidade. É disto que se trata em “Meanwhile”, o título do álbum destes heróis em part-time, que dos subúrbios de Southampton se dedicam a salvar os espíritos contemporâneos através da música. Shopboy e SandwichMan, são os disfarces sob os quais têm marcado o passado recente do submundo da soul. Divididos entre a escrita de canções memoráveis e o alter–ego para as pistas de dança (PTH PROJECTS), muitas têm sido as aventuras desta dupla que se prepara para conquistar o Mundo. Depois de remisturarem nomes como Citizen Cope, Monday Michiru ou Mj Cole, de editarem vários maxis e um e.p ainda em 2006, de dinamitarem as noites de Londres com dj sets ecléticos e de conquistarem fãs exigentes como MrScruff, chega finalmente este ano o álbum de estreia.
Com dez títulos, onde a electrónica e os instrumentos reais se confundem num som orgânico capaz de trazer a memória de uns Zero 7 ou dos 4Hero, o álbum “Meanwhile” cria, do título até ao último acorde, uma atmosfera que não parece ser deste tempo. Transporta-nos para um estado poético de contemplação, onde tudo é simples, grandioso e belo, num conjunto de canções a roçar a perfeição. A magia de “Meanwhile” está, em primeiro lugar, na apropriação inteligente do jazz como ponto de partida para a busca de profundidade no meio de uma indústria marcada pelas fórmulas e tendências descartáveis, ao sabor do ritmo das registadoras. A arte dos músicos, o calor do som, a linguagem do ritmo, são lugarescomuns do jazz que os Part-Time Heroes souberam convocar para colorir o espaço onde se desenvolve a acção desta fuga memorável. Um espaço onde os sons da música se confundem com a natureza dos sonhos. Mas o jazz aqui está tão presente que se confunde na paisagem. Como os próprios dizem, a sua música não é tão “esotérica” como o jazz mais real. Ela é antes marcada pela escrita límpida de canções soul, onde cada nota, sílaba ou pausa são rigorosamente estudadas para atingir a mais sedutora perfeição da beleza harmónica. Aqui não há liberdade e improviso. Essa é deixada para os voos de cada um ao longo da audição das dez canções de “Meanwhile”. Aqui há um encontro da arte da escrita com o encanto da voz, um gesto tão simples que é impossível não deixar de pensar onde foi que ouvimos pela última vez um disco, de uma ponta a outra, que nos falasse assim, numa linguagem que todos podemos entender. E entretanto...
Part-TimeHeroes- “Meanwhile...”, WahWah45s 2008 Myspace.com/theparttimeheroes www.wahwah45s.com
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s s ç u u m dan a tentável Anos 80, A mudança sustentável por Joana Oliveira Teodoro Nos dias de hoje somos confrontados com transformações complexas, tanto ao nível dos mercados como das tecnologias, modos de organização, redes de informação, fruto do processo conhecido por Globalização. Vivemos tempos de mudança permanente e profunda. O fenómeno da moda conquistou um lugar privilegiado nesta cultura global. A década de 80 do século passado teve um papel determinante para a sua afirmação, transformando as passerelles em espectáculos, as top models mais famosas que as actrizes, o consumo, anteriormente criticado, livre e descomplexado. O acto das compras era como que um desporto e a moda uma competição. Enquanto que os anos 70 foram caracterizados como um período de declínio económico, político e de desfragmentação social, os anos 80 definiram-se como a era da prosperidade e do optimismo. As casas de Alta-Costura, as suas marcas e designers tornaram-se objecto de culto. Os media, os Yuppies (Young, Urban Professional), os Punks e uma enorme diversidade de estilos propagaram-se. Tal como a história nos ensinara antes, os excessos trazem pontos opostos e os anos 80 não são excepção. De facto, o Homem tem mesmo a capacidade de procurar esse equilíbrio e em resposta, novos conceitos afirmaram-se durante esta década, como o Desenvolvimento Sustentável, a Reciclagem e o Comércio justo. Em Inglaterra, uma fracção de designers começava a confrontar temas contemporâneos para as suas colecções. Exemplo disso foi a designer Katharine Hamnett, que trouxe para a arena da moda a paz mundial e questões ambientais. Na estação de Outono/ Inverno de 1983-84 lançou a colecção de t-shirts com slogans como “58% Don´t Want Pershing” (míssil americano de médio alcance usado estrategicamente na guerra fria), “Preserve the Rainforests”, “Worldwide Nuclear ban now”, “Education not Missiles” - uma parte das vendas era dirigida para acções de solidariedade. Katharine Hamnett efeminou a sua T-shirt “58% Don´t Want Pershing” quando a vestiu em 1984, num encontro com a primeira-ministra da altura, Margaret Thatcher. A imagem deste aperto de mão assim como os slogans das T-shirts foram difundidas pelos media, que conquistavam o seu papel crucial e actual na sociedade. Os media, ou seja a imprensa, foi também responsável pela propagação do termo “reciclagem”. A palavra já existia mas a sua difusão só se deu a partir do final da década de 1980, quando foi constatado que as fontes de petróleo e de outras matérias-primas não renováveis estavam a esgotar-se rapidamente, e que havia falta de espaço para a deposição de lixo e de outros dejectos na natureza. Um novo período de alta dos valores ambientais surge, tendo como símbolo a
entrada do partido político Os Verdes em 1983 para o Parlamento Alemão. Na sequência de uma conferência da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e desenvolvimento da Organização das Nações Unidas emerge em 1987 o conceito de “Desenvolvimento Sustentável”. O termo foi desenvolvido e adoptado pela primeira vez no relatório resultante deste encontro, intitulado “Our common Future” (O Nosso futuro comum), também conhecido como Relatório Brundtand. O Desenvolvimento Sustentável é definido como “aquele que atende às necessidades presentes sem comprometer a possibilidade das gerações futuras em satisfazerem as suas próprias necessidades”. É um desenvolvimento que considera e relaciona factores como o ambiente, o desenvolvimento económico, social e cultural. Uma das ferramentas para atingir o Desenvolvimento Sustentável é o “Comércio justo”. Enquanto conceito vem existindo há já uns 40 anos, no entanto, o esquema da primeira etiqueta formal só foi lançado em 1988. A partir daí, este movimento social difundiu-se um pouco por todo o mundo, fazendo com que o produtor receba a remuneração justa pelo seu trabalho, eliminando ao máximo o número de intermediários. Definiu também certos padrões sociais e ambientais nas cadeias produtivas de vários produtos, de modo a proteger todos os trabalhadores, comunidades e meio envolvente. Actualmente, vivemos numa sociedade em que o consumo é de abundância. As práticas industriais convencionais não consideram os riscos e impactos ambientais na produção de bens e serviços, recorrendo a recursos naturais finitos. O desperdício torna-se uma questão maior assim como a degradação de ecossistemas e da biodiversidade. O desequilíbrio sócio-económico entre os países desenvolvidos e os que se encontram em vias de desenvolvimento aumenta. Assistimos a mudanças climáticas e ao aquecimento global. Contudo, a sustentabilidade não propõe uma meta mas um processo contínuo de aprendizagem e adaptação. Torna-se, acima de tudo, um tema crucial de importância crítica para os designers e para a sociedade como um todo. Teremos que redefinir papéis essenciais como o dos consumidores, dos designers, das empresas e de seus governantes? Poderemos ver o consumo para além da compra de um bem, como um acto de civismo, cidadania ou mesmo um acto de voto? Novos desafios irão surgir, criando novos mercados e certamente uma mão cheia de oportunidades.
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s s ç u u m dan a tentável Anos 80, A mudança sustentável por Joana Oliveira Teodoro Nos dias de hoje somos confrontados com transformações complexas, tanto ao nível dos mercados como das tecnologias, modos de organização, redes de informação, fruto do processo conhecido por Globalização. Vivemos tempos de mudança permanente e profunda. O fenómeno da moda conquistou um lugar privilegiado nesta cultura global. A década de 80 do século passado teve um papel determinante para a sua afirmação, transformando as passerelles em espectáculos, as top models mais famosas que as actrizes, o consumo, anteriormente criticado, livre e descomplexado. O acto das compras era como que um desporto e a moda uma competição. Enquanto que os anos 70 foram caracterizados como um período de declínio económico, político e de desfragmentação social, os anos 80 definiram-se como a era da prosperidade e do optimismo. As casas de Alta-Costura, as suas marcas e designers tornaram-se objecto de culto. Os media, os Yuppies (Young, Urban Professional), os Punks e uma enorme diversidade de estilos propagaram-se. Tal como a história nos ensinara antes, os excessos trazem pontos opostos e os anos 80 não são excepção. De facto, o Homem tem mesmo a capacidade de procurar esse equilíbrio e em resposta, novos conceitos afirmaram-se durante esta década, como o Desenvolvimento Sustentável, a Reciclagem e o Comércio justo. Em Inglaterra, uma fracção de designers começava a confrontar temas contemporâneos para as suas colecções. Exemplo disso foi a designer Katharine Hamnett, que trouxe para a arena da moda a paz mundial e questões ambientais. Na estação de Outono/ Inverno de 1983-84 lançou a colecção de t-shirts com slogans como “58% Don´t Want Pershing” (míssil americano de médio alcance usado estrategicamente na guerra fria), “Preserve the Rainforests”, “Worldwide Nuclear ban now”, “Education not Missiles” - uma parte das vendas era dirigida para acções de solidariedade. Katharine Hamnett efeminou a sua T-shirt “58% Don´t Want Pershing” quando a vestiu em 1984, num encontro com a primeira-ministra da altura, Margaret Thatcher. A imagem deste aperto de mão assim como os slogans das T-shirts foram difundidas pelos media, que conquistavam o seu papel crucial e actual na sociedade. Os media, ou seja a imprensa, foi também responsável pela propagação do termo “reciclagem”. A palavra já existia mas a sua difusão só se deu a partir do final da década de 1980, quando foi constatado que as fontes de petróleo e de outras matérias-primas não renováveis estavam a esgotar-se rapidamente, e que havia falta de espaço para a deposição de lixo e de outros dejectos na natureza. Um novo período de alta dos valores ambientais surge, tendo como símbolo a
entrada do partido político Os Verdes em 1983 para o Parlamento Alemão. Na sequência de uma conferência da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e desenvolvimento da Organização das Nações Unidas emerge em 1987 o conceito de “Desenvolvimento Sustentável”. O termo foi desenvolvido e adoptado pela primeira vez no relatório resultante deste encontro, intitulado “Our common Future” (O Nosso futuro comum), também conhecido como Relatório Brundtand. O Desenvolvimento Sustentável é definido como “aquele que atende às necessidades presentes sem comprometer a possibilidade das gerações futuras em satisfazerem as suas próprias necessidades”. É um desenvolvimento que considera e relaciona factores como o ambiente, o desenvolvimento económico, social e cultural. Uma das ferramentas para atingir o Desenvolvimento Sustentável é o “Comércio justo”. Enquanto conceito vem existindo há já uns 40 anos, no entanto, o esquema da primeira etiqueta formal só foi lançado em 1988. A partir daí, este movimento social difundiu-se um pouco por todo o mundo, fazendo com que o produtor receba a remuneração justa pelo seu trabalho, eliminando ao máximo o número de intermediários. Definiu também certos padrões sociais e ambientais nas cadeias produtivas de vários produtos, de modo a proteger todos os trabalhadores, comunidades e meio envolvente. Actualmente, vivemos numa sociedade em que o consumo é de abundância. As práticas industriais convencionais não consideram os riscos e impactos ambientais na produção de bens e serviços, recorrendo a recursos naturais finitos. O desperdício torna-se uma questão maior assim como a degradação de ecossistemas e da biodiversidade. O desequilíbrio sócio-económico entre os países desenvolvidos e os que se encontram em vias de desenvolvimento aumenta. Assistimos a mudanças climáticas e ao aquecimento global. Contudo, a sustentabilidade não propõe uma meta mas um processo contínuo de aprendizagem e adaptação. Torna-se, acima de tudo, um tema crucial de importância crítica para os designers e para a sociedade como um todo. Teremos que redefinir papéis essenciais como o dos consumidores, dos designers, das empresas e de seus governantes? Poderemos ver o consumo para além da compra de um bem, como um acto de civismo, cidadania ou mesmo um acto de voto? Novos desafios irão surgir, criando novos mercados e certamente uma mão cheia de oportunidades.
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novas tecnologias Vestuário e tecnologia Nesta edição revivemos um pouco o passado, os fabulosos anos 80, e algumas das suas tecnologias têxteis. A maior parte das descobertas científicas acontecem muito antes de chegarem ao nosso quotidiano e à produção em massa. Muitas destas descobertas ficam uns anos à espera de uma ideia de aplicação até as conhecermos. As inovações na área do vestuário não se verificam só nos têxteis, existem outras áreas transversais que promovem estes avanços, como o marketing e as suas estratégias. A soma das duas também deu os seus frutos na década de 80. por Michele Santos Elastano ou Spandex (em inglês)
Tyvek®
Roupa interior Calvin Klein
Lurex
O elastano foi inventado 1959 por Joseph Shivers, da DuPont, mas o seu grande boom de utilização deu-se durante os anos 80. Esta fibra é composta maioritariamente por poliuretano (85%), um filamento sintético de grande elasticidade, com alguma resistência e durabilidade. A entrada desta fibra no mercado do vestuário veio revolucionar muitas áreas. O corte, a aparência das peças, o peso e as inúmeras possibilidades de utilização, mudaram o modo como as pessoas se vestiam. Aliando o gosto pela prática da ginástica aeróbica, também característica desta época, alguns elementos do vestuário desportivo passaram a fazer parte do dia-a-dia como as fitas na cabeça, leggings, bodys e maillots.
Tyvek® é um não tecido da marca Dupont™. Pode ser aplicado aos mais variados produtos desde casacos, malas, aventais, etiquetas, envelopes, entre outros. É um material de grande durabilidade e resistência, fino como uma folha de papel a um preço acessível. A fibra foi descoberta nos anos 50 pelo cientista Jim White, mas só em 1967 foi introduzida para comercialização, Durante a década de 80 teve uma grande aceitação, sobretudo pelas marcas que veiculavam a sua publicidade em produtos feitos de tyvek, como sacos e blusões. O tyvek® pode ser reciclado e tem sido reciclado pela Dupont™ durante os últimos 20 anos.
Em 1982 Calvin Klein fundou a Calvin Klein Underwear, inicialmente só com roupa interior para homem e um ano mais tarde com a linha de senhora. A roupa interior deixou de ser um produto utilitário e passou a ser um produto de desejo. As campanhas publicitárias comunicavam uma mensagem actual, sexy e com uma sensibilidade diferente de todas as outras marcas. Desde então todos os anos surgem novas linhas, do básico aos básicos com côr, às linhas mais elaboradas. A Calvin Klein tem liderado o mercado com o seu design de ponta, novos tecidos e excepcional corte e qualidade.
Lurex é o nome de tipo de fio de aparência metálico. Este fio é composto por uma fibra sintética, onde uma das camadas é vaporizada com alumínio ou prata, conferindo-lhe o aspecto metálico. A côr, o brilho e o efeito da incidência da luz neste tipo de tecidos foi um sucesso nos anos 80, onde tudo brilhava e quanto mais brilhava mais poder simbolizava.
www.lycra.com
http://www.lesliejordan.com/
Lycra e La Perla Beachwear
Casaco em Tyvek®, Colecção Primavera/Verão 2008, White Tent
Calvin Klein Underwear, Primeira campanha da marca, 1983
Peça em Lurex, Colecção Outono/Inverno 2008/09, Alexandra Moura
Arquivo Moda Lisboa/Estoril / Fotografia Rui Vasco
FotografIA Bruce Webe
Arquivo Moda Lisboa/Estoril / Fotografia Rui Vasco
www.lurex.com
www.cku.com
http://www2.dupont.com/DuPont_Home/en_US/index.html
Saia em Lurex, Colecção Outono/Inverno 2008/09, Luís Buchinho Arquivo Moda Lisboa/Estoril / Fotografia Rui Vasco
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novas tecnologias Vestuário e tecnologia Nesta edição revivemos um pouco o passado, os fabulosos anos 80, e algumas das suas tecnologias têxteis. A maior parte das descobertas científicas acontecem muito antes de chegarem ao nosso quotidiano e à produção em massa. Muitas destas descobertas ficam uns anos à espera de uma ideia de aplicação até as conhecermos. As inovações na área do vestuário não se verificam só nos têxteis, existem outras áreas transversais que promovem estes avanços, como o marketing e as suas estratégias. A soma das duas também deu os seus frutos na década de 80. por Michele Santos Elastano ou Spandex (em inglês)
Tyvek®
Roupa interior Calvin Klein
Lurex
O elastano foi inventado 1959 por Joseph Shivers, da DuPont, mas o seu grande boom de utilização deu-se durante os anos 80. Esta fibra é composta maioritariamente por poliuretano (85%), um filamento sintético de grande elasticidade, com alguma resistência e durabilidade. A entrada desta fibra no mercado do vestuário veio revolucionar muitas áreas. O corte, a aparência das peças, o peso e as inúmeras possibilidades de utilização, mudaram o modo como as pessoas se vestiam. Aliando o gosto pela prática da ginástica aeróbica, também característica desta época, alguns elementos do vestuário desportivo passaram a fazer parte do dia-a-dia como as fitas na cabeça, leggings, bodys e maillots.
Tyvek® é um não tecido da marca Dupont™. Pode ser aplicado aos mais variados produtos desde casacos, malas, aventais, etiquetas, envelopes, entre outros. É um material de grande durabilidade e resistência, fino como uma folha de papel a um preço acessível. A fibra foi descoberta nos anos 50 pelo cientista Jim White, mas só em 1967 foi introduzida para comercialização, Durante a década de 80 teve uma grande aceitação, sobretudo pelas marcas que veiculavam a sua publicidade em produtos feitos de tyvek, como sacos e blusões. O tyvek® pode ser reciclado e tem sido reciclado pela Dupont™ durante os últimos 20 anos.
Em 1982 Calvin Klein fundou a Calvin Klein Underwear, inicialmente só com roupa interior para homem e um ano mais tarde com a linha de senhora. A roupa interior deixou de ser um produto utilitário e passou a ser um produto de desejo. As campanhas publicitárias comunicavam uma mensagem actual, sexy e com uma sensibilidade diferente de todas as outras marcas. Desde então todos os anos surgem novas linhas, do básico aos básicos com côr, às linhas mais elaboradas. A Calvin Klein tem liderado o mercado com o seu design de ponta, novos tecidos e excepcional corte e qualidade.
Lurex é o nome de tipo de fio de aparência metálico. Este fio é composto por uma fibra sintética, onde uma das camadas é vaporizada com alumínio ou prata, conferindo-lhe o aspecto metálico. A côr, o brilho e o efeito da incidência da luz neste tipo de tecidos foi um sucesso nos anos 80, onde tudo brilhava e quanto mais brilhava mais poder simbolizava.
www.lycra.com
http://www.lesliejordan.com/
Lycra e La Perla Beachwear
Casaco em Tyvek®, Colecção Primavera/Verão 2008, White Tent
Calvin Klein Underwear, Primeira campanha da marca, 1983
Peça em Lurex, Colecção Outono/Inverno 2008/09, Alexandra Moura
Arquivo Moda Lisboa/Estoril / Fotografia Rui Vasco
FotografIA Bruce Webe
Arquivo Moda Lisboa/Estoril / Fotografia Rui Vasco
www.lurex.com
www.cku.com
http://www2.dupont.com/DuPont_Home/en_US/index.html
Saia em Lurex, Colecção Outono/Inverno 2008/09, Luís Buchinho Arquivo Moda Lisboa/Estoril / Fotografia Rui Vasco
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expos Gothic: Dark Glamour É a primeira exposição de moda dedicada ao gótico e é apresentada pelo Fashion Institute Technology em Nova Iorque desde o dia 5 de Setembro até 21 Fevereiro de 2009. O tema Gótico é um epíteto que evoca imagens de morte, destruição e decadência. Estas conotações fazem deste estilo um símbolo ideal de rebelião e cultura marginal. Criadores como Alexander McQueen, John Galliano, Rick Owens, Gareth Pugh, Anne Demeulemeester, Anna Sui, Olivier Theyskens, Ricardo Tischi, Jun Takahashi de Undercover e Yohji Yamamoto fazem-se representar na exposição por 75 coordenados que variam por estilos e que ilustram a sub-cultura; o gótico old school; o ciber-gótico; e o estilo japonês elegant gothic lolitas. www.fitnyc.edu Inspiração gótica Alexander McQueen
por
Billy: Bill Gibb’s Moment in Time
Vanity Fair: Photographs 1913-2008
Sonia Rykiel, “Exhibition”
Hello! Fashion: Kansai Yamamoto, 1971–1973
O Fashion & Textile Museum em Londres apresenta entre 23 Outubro e 16 Janeiro do próximo ano Billy: Bill Gibb’s Moment in Time, a retrospectiva da carreira de um dos designers de moda mais criativos do século XX na capital inglesa. Bill Gibb trabalhou conceitos de beleza e fantasia na década de 70 e a imaginação extrema que projectava no papel, foi transposta para o nível da alta-costura. A sua inspiração, romântica e histórica, está presente nas impressões texturadas, nos padrões, nas aplicações de contas e estampados e nas peles, que dão ao seu trabalho um estilo único e inconfundível. Com Kaffe Fassett elevou o tricô a uma forma de arte. Fashion & Textile Museum, 83 Bermondsey Street, London. Billy: Bill Gibb’s Moment in Time- 23 Outubro 2008 16 Janeiro 2008
Entre Outubro e Março de 2009 o LACMA apresenta a primeira grande exposição que acolhe não só o arquivo raro e vintage da revista Vanity Fair, como também fotografias contemporâneas da mesma, que exploram a forma como os fotógrafos e as celebridades fotografadas interagiram e mudaram ao longo dos tempos. São representados retratos desde os primórdios da revista até aos dias de hoje (1013-1936). Cecil Beaton, Harry Benson, Annie Leibovitz, Man Ray, Mary Ellen Mark, Steven Meisel, Helmut Newton, Irving Penn, Herb Ritts, Mario Testino e Bruce Weber são alguns dos fotógrafos representados. Esta exposição é uma colaboração entre a Vanity Fair e a National Portrait em Londres com o patrocínio da Burberry, e será a única paragem da tour internacional em território americano. LACMA- Los Angeles County Museum of Art, 5905 Wilshire Boulevard. Vanity Fair: Photographs 19132008- 26 Outubro 2008 01 Março 2009 | Hammer Building
A propósito do quadragésimo aniversário da sua Casa, Les Arts Décoratifs em Paris, consagram, em retrospectiva, o trabalho de Sonia Rykiel, a partir de 20 de Novembro até 19 de Abril de 2009. Esta exposição conta com peças de roupa, fotografias (Sarah Moon e Isserman), vídeos e desfiles de moda. Dedicada e inspirada na sua Era, onde foi pioneira, Sonia Rykiel, no final anos 60, abusou do preto, utilizou roupa do avesso, apresentou baínhas inacabadas e atreveu-se a usar materiais tão insólitos como a esponja, nas suas criações. Musée de la Mode et du Textile, 107, rue de Rivoli, Paris
www.ftmlondon.org Página da frente do livro de Bill Gibs, Printed leather sequin 1972, British Vogue 1972, Clive Arrowsmith
RUDI GERNREICH, BOLD
China Design Now
A exposição Rudi Gernreich: BOLD permite aos visitantes testemunhar em primeira mão a aproximação modernista deste designer californiano. Imergido na Pop Art e Op Art, Gernreich olhou para a rua e não para as elites e produziu roupa funcional e informal. Homem de grande talento e activista, revelou o seu lado feminista, viu nas mulheres os seus pontos fortes e projectou a igualdade entre os sexos através do seu trabalho. Confortável, colorida, minimal e ocasionalmente chocante,a roupa criada por Rudi Gernreich é experimental e representativa do seu tempo. Fascinado por uma performance de Marha Graham, depois da sua chegada à Califórnia, a dança mudou o seu conceito de design e passou a ser o foco da sua crença. É caracterizado pela simplicidade de linhas, um amor forte por cores saturadas e um atrevido senso de design gráfico, usando quer o corpo quer a roupa como media. O seu trabalho revelou-se e ultrapassou, muitas vezes, os limites sociológicos. Ken State University Museum. RUDI GERNREICH, BOLD. 3 Julho 2008-31 Maio 2009
China Design Now é uma exposição organizada pelo pelo Victoria & Albert Museum, e poderá ser visitada de 18 de Outubro de 2008 a 11 de Janeiro de 2009. Captura o extraordinário momento em que a China se tornou permeável às influências globais e responde aos sonhos e esperanças do novo urbanismo de classe média. Aqui apresentase a explosão do design contemporâneo na China e a primeira tentativa para compreender o impacte do rápido desenvolvimento económico na arquitectura e design nas grandes cidades. Projectos como o estádio Nacional Olímpico até aos últimos trabalhos gráficos e de moda, podem ser observados nesta exposição sob forma de “um dia de visita” às três cidades com mais rápida expansão na China - Beijing, Shangai e Shenzhen. São representados uma centena de designers expondo em área diversas como a arquitectura, moda e design gráfico, bem como filmes, fotografia, produtos e design de equipamento, cultura jovem e media digital.Cincinnati Art Museum, 953 Eden Park Drive. China Design Now.
www.lacma.org
O Philadelphia Museum Art apresenta até à primavera do próximo ano, Kansai Yamamoto, um dos fundadores da moda contemporânea japonesa com Hello! Fashion: Kansai Yamamoto (19711973). Conhecido pelo trabalho que desenvolveu nas décadas de 70 e 80, as inspirações de Kansai residem na arte colorida do período Momoyama no Japão (1568-1615) e no teatro tradicional Kabuki. O seu design exuberante contrasta com a simplicidade do estilo Zen e das silhuetas descontraídas sustentadas por Yohji Yamamoto e Issey Miyake. Kansai Yamamoto foi o primeiro criador japonês a desfilar em Londres, ocasião em que foi notado por David Bowie, para quem, mais tarde, criou o guarda-roupa do seu stage persona Ziggy Stardust. Todas as peças apresentadas nesta galeria desfilaram em NY e anteriormente em Londres.Regressado recentemente à moda, apresentou peças de roupa japonesa num idioma contemporâneo, tais como o Kimono (2004). Continua a produzir super desfiles com o intuito de fazer vigorar as artes do Japão e sugerir o turismo e assuntos culturais do seu país de origem.
Gloria Swanson, Vanity Fair
www.philamuseum.org
http://dept.kent.edu/museum/
Man, cedido por Victoria & Albert
Kansai Yamamoto, 1971
exhibit/gernreich/main.htm
Museum
www.lesartsdecoratifs.fr ”Tailleur et Chapeau”, 1980 © Fotografia de Dominique Issermann
www.cincinnatiartmuseum.org Chen Man, capa de Vison Magazine, Fevereiro de 2004, copyright Chen
The Essential Art of African Textiles: Design without End Patente até dia 29 de Março no Metropolitan Museum of Art de Nova Iorque, a exposição The Essential Art of African Textiles: Design without End, representa uma viagem pelas artes de África, Oceânia e as Américas onde existem deslumbrantes tradições de têxteis que constituíram uma inegável expressão da história africana e da paisagem cultural. Os têxteis foram em tempos, o foco principal de trocas comerciais entre continentes e ligaram África ao resto do mundo. Levaram artistas contemporâneos a reflectir a distinta herança cultural africana e a sua relação com o mundo, representando a imagética dos tecidos em áreas artísticas distintas como escultura, pintura, fotografia, instalações, vídeo entre outros. Esta exposição ilustra os inúmeros géneros clássicos dos tecidos criados por artistas do Oeste africano através dos seus primeiros e melhores trabalhos. Serão apresentados 20 trabalhos que fazem parte da colecção do British Museum desde o início do século XX e representam variações inventivas de grandes temas clássicos do género. The Metropolitan Museum of Art, 1000 Fifth Avenue, New York. www.metmuseum.org
por Sónia Abrantes
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expos Gothic: Dark Glamour É a primeira exposição de moda dedicada ao gótico e é apresentada pelo Fashion Institute Technology em Nova Iorque desde o dia 5 de Setembro até 21 Fevereiro de 2009. O tema Gótico é um epíteto que evoca imagens de morte, destruição e decadência. Estas conotações fazem deste estilo um símbolo ideal de rebelião e cultura marginal. Criadores como Alexander McQueen, John Galliano, Rick Owens, Gareth Pugh, Anne Demeulemeester, Anna Sui, Olivier Theyskens, Ricardo Tischi, Jun Takahashi de Undercover e Yohji Yamamoto fazem-se representar na exposição por 75 coordenados que variam por estilos e que ilustram a sub-cultura; o gótico old school; o ciber-gótico; e o estilo japonês elegant gothic lolitas. www.fitnyc.edu Inspiração gótica Alexander McQueen
por
Billy: Bill Gibb’s Moment in Time
Vanity Fair: Photographs 1913-2008
Sonia Rykiel, “Exhibition”
Hello! Fashion: Kansai Yamamoto, 1971–1973
O Fashion & Textile Museum em Londres apresenta entre 23 Outubro e 16 Janeiro do próximo ano Billy: Bill Gibb’s Moment in Time, a retrospectiva da carreira de um dos designers de moda mais criativos do século XX na capital inglesa. Bill Gibb trabalhou conceitos de beleza e fantasia na década de 70 e a imaginação extrema que projectava no papel, foi transposta para o nível da alta-costura. A sua inspiração, romântica e histórica, está presente nas impressões texturadas, nos padrões, nas aplicações de contas e estampados e nas peles, que dão ao seu trabalho um estilo único e inconfundível. Com Kaffe Fassett elevou o tricô a uma forma de arte. Fashion & Textile Museum, 83 Bermondsey Street, London. Billy: Bill Gibb’s Moment in Time- 23 Outubro 2008 16 Janeiro 2008
Entre Outubro e Março de 2009 o LACMA apresenta a primeira grande exposição que acolhe não só o arquivo raro e vintage da revista Vanity Fair, como também fotografias contemporâneas da mesma, que exploram a forma como os fotógrafos e as celebridades fotografadas interagiram e mudaram ao longo dos tempos. São representados retratos desde os primórdios da revista até aos dias de hoje (1013-1936). Cecil Beaton, Harry Benson, Annie Leibovitz, Man Ray, Mary Ellen Mark, Steven Meisel, Helmut Newton, Irving Penn, Herb Ritts, Mario Testino e Bruce Weber são alguns dos fotógrafos representados. Esta exposição é uma colaboração entre a Vanity Fair e a National Portrait em Londres com o patrocínio da Burberry, e será a única paragem da tour internacional em território americano. LACMA- Los Angeles County Museum of Art, 5905 Wilshire Boulevard. Vanity Fair: Photographs 19132008- 26 Outubro 2008 01 Março 2009 | Hammer Building
A propósito do quadragésimo aniversário da sua Casa, Les Arts Décoratifs em Paris, consagram, em retrospectiva, o trabalho de Sonia Rykiel, a partir de 20 de Novembro até 19 de Abril de 2009. Esta exposição conta com peças de roupa, fotografias (Sarah Moon e Isserman), vídeos e desfiles de moda. Dedicada e inspirada na sua Era, onde foi pioneira, Sonia Rykiel, no final anos 60, abusou do preto, utilizou roupa do avesso, apresentou baínhas inacabadas e atreveu-se a usar materiais tão insólitos como a esponja, nas suas criações. Musée de la Mode et du Textile, 107, rue de Rivoli, Paris
www.ftmlondon.org Página da frente do livro de Bill Gibs, Printed leather sequin 1972, British Vogue 1972, Clive Arrowsmith
RUDI GERNREICH, BOLD
China Design Now
A exposição Rudi Gernreich: BOLD permite aos visitantes testemunhar em primeira mão a aproximação modernista deste designer californiano. Imergido na Pop Art e Op Art, Gernreich olhou para a rua e não para as elites e produziu roupa funcional e informal. Homem de grande talento e activista, revelou o seu lado feminista, viu nas mulheres os seus pontos fortes e projectou a igualdade entre os sexos através do seu trabalho. Confortável, colorida, minimal e ocasionalmente chocante,a roupa criada por Rudi Gernreich é experimental e representativa do seu tempo. Fascinado por uma performance de Marha Graham, depois da sua chegada à Califórnia, a dança mudou o seu conceito de design e passou a ser o foco da sua crença. É caracterizado pela simplicidade de linhas, um amor forte por cores saturadas e um atrevido senso de design gráfico, usando quer o corpo quer a roupa como media. O seu trabalho revelou-se e ultrapassou, muitas vezes, os limites sociológicos. Ken State University Museum. RUDI GERNREICH, BOLD. 3 Julho 2008-31 Maio 2009
China Design Now é uma exposição organizada pelo pelo Victoria & Albert Museum, e poderá ser visitada de 18 de Outubro de 2008 a 11 de Janeiro de 2009. Captura o extraordinário momento em que a China se tornou permeável às influências globais e responde aos sonhos e esperanças do novo urbanismo de classe média. Aqui apresentase a explosão do design contemporâneo na China e a primeira tentativa para compreender o impacte do rápido desenvolvimento económico na arquitectura e design nas grandes cidades. Projectos como o estádio Nacional Olímpico até aos últimos trabalhos gráficos e de moda, podem ser observados nesta exposição sob forma de “um dia de visita” às três cidades com mais rápida expansão na China - Beijing, Shangai e Shenzhen. São representados uma centena de designers expondo em área diversas como a arquitectura, moda e design gráfico, bem como filmes, fotografia, produtos e design de equipamento, cultura jovem e media digital.Cincinnati Art Museum, 953 Eden Park Drive. China Design Now.
www.lacma.org
O Philadelphia Museum Art apresenta até à primavera do próximo ano, Kansai Yamamoto, um dos fundadores da moda contemporânea japonesa com Hello! Fashion: Kansai Yamamoto (19711973). Conhecido pelo trabalho que desenvolveu nas décadas de 70 e 80, as inspirações de Kansai residem na arte colorida do período Momoyama no Japão (1568-1615) e no teatro tradicional Kabuki. O seu design exuberante contrasta com a simplicidade do estilo Zen e das silhuetas descontraídas sustentadas por Yohji Yamamoto e Issey Miyake. Kansai Yamamoto foi o primeiro criador japonês a desfilar em Londres, ocasião em que foi notado por David Bowie, para quem, mais tarde, criou o guarda-roupa do seu stage persona Ziggy Stardust. Todas as peças apresentadas nesta galeria desfilaram em NY e anteriormente em Londres.Regressado recentemente à moda, apresentou peças de roupa japonesa num idioma contemporâneo, tais como o Kimono (2004). Continua a produzir super desfiles com o intuito de fazer vigorar as artes do Japão e sugerir o turismo e assuntos culturais do seu país de origem.
Gloria Swanson, Vanity Fair
www.philamuseum.org
http://dept.kent.edu/museum/
Man, cedido por Victoria & Albert
Kansai Yamamoto, 1971
exhibit/gernreich/main.htm
Museum
www.lesartsdecoratifs.fr ”Tailleur et Chapeau”, 1980 © Fotografia de Dominique Issermann
www.cincinnatiartmuseum.org Chen Man, capa de Vison Magazine, Fevereiro de 2004, copyright Chen
The Essential Art of African Textiles: Design without End Patente até dia 29 de Março no Metropolitan Museum of Art de Nova Iorque, a exposição The Essential Art of African Textiles: Design without End, representa uma viagem pelas artes de África, Oceânia e as Américas onde existem deslumbrantes tradições de têxteis que constituíram uma inegável expressão da história africana e da paisagem cultural. Os têxteis foram em tempos, o foco principal de trocas comerciais entre continentes e ligaram África ao resto do mundo. Levaram artistas contemporâneos a reflectir a distinta herança cultural africana e a sua relação com o mundo, representando a imagética dos tecidos em áreas artísticas distintas como escultura, pintura, fotografia, instalações, vídeo entre outros. Esta exposição ilustra os inúmeros géneros clássicos dos tecidos criados por artistas do Oeste africano através dos seus primeiros e melhores trabalhos. Serão apresentados 20 trabalhos que fazem parte da colecção do British Museum desde o início do século XX e representam variações inventivas de grandes temas clássicos do género. The Metropolitan Museum of Art, 1000 Fifth Avenue, New York. www.metmuseum.org
por Sónia Abrantes
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