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18 a 24 de novembro de 2015 Especial Enoturismo
Se os vinhos têm importância reconhecida a bordo de aeronaves, o que dizer dos cruzeiros marítimos? Sempre destacados, os vinhos agora têm virado protagonistas de muitas viagens marítimas e fluviais. O diretor da Qualitours, operadora especializada na venda de cruzeiros, Ilya Hirsch, acredita que tanto a necessidade de fidelizar clientes quanto a concorrência entre as empresas de cruzeiros têm motivado a criação de viagens temáticas. “Todas as empresas se preocupam em oferecer algo a mais ao cliente que já viajou com ela, por isso temos visto muitos cruzeiros temáticos e saídas especiais, com enfoque na gastronomia e na degustação de vinhos”, conta. Abaixo, entrevista com o diretor da Qualitours sobre o tema.
Silver Explorer, com programações especiais para cruzeiristas que apreciam vinhos
Espaço La Reserve, nos navios Marina e Riviera, da Oceania
Jornal PANROTAS – Há demanda para cruzeiros e produtos enogastronômicos no Brasil? Qual é o perfil do passageiro que procura cruzeiros desse tipo? ILYA HIRSCH – Há um crescente interesse em vinhos em geral no Brasil, o que resultou na formação de confrarias de degustação de vinhos de todo o mundo, inclusive os produzidos no Brasil, com alguns se colocando em destaque. Os vinhos, em geral, têm rivalizado com a cerveja nas melhores mesas, nas residências e nos restaurantes. Vários restaurantes também apresentam cardápios harmonizando pratos com vinhos específicos. Quem gosta de comer bem e degustar bons vinhos é que procura os navios e cruzeiros com foco nesse segmento. JP – A Oceania lançou o Culinary Creations Land Tours, com a oferta de viagens gastronômi-
cas em terra, antes ou depois do cruzeiro. Há interesse do público brasileiro por esse produto? HIRSCH – Não conseguimos avaliar ainda se há clientes que selecionam seu cruzeiro em função desses programas específicos. Os programas do espaço Bon Appétit, a bordo dos navios Riviera e Marina (Oceania), oferecendo a possibilidade de ir às compras em feiras e mercados locais com preparação dos alimentos comandada por um chef, a bordo, são argumentos a mais para a decisão de escolha de um cruzeiro, mas não constituem motivação essencial. JP – Os navios Marina e Riviera contam com o La Reserva, espaço oferecido em par-
ceria com a publicação Wine Spectator. Que outros navios têm espaços dedicados exclusivamente a vinhos, além das adegas? HIRSCH – O La Reserve é limitado a 22 hóspedes que vivem uma experiência única enogastronômica, com harmonização de pratos preparados pelo chef dos navios e vinhso selecionados. Outros navios premium e de luxo oferecem programas semelhantes em restaurante alternativos, com os da Seaborun, Silversea, Hapag Lloyd, Regent Seven Seas, Crystal e outros. Outras companhias oferecem alguns cruzeiros com convidados especiais, como vitivinicultores e sommeliers a bordo para apresentação de produtos e degustações. Esses programas são lançados como motivação adicional – às vezes, principal – em determinados cruzeiros, oferecendo também valor agregado a seus passageiros fiéis.
Riviera, da Oceania, que lançou o Culinary Creations Land Tours
JP – Considerando sua expertise, que dicas daria para um passageiro de cruzeiro que
tenha interesse especial em vinhos? O que ele deve observar, tanto na embarcação quanto no roteiro? HIRSCH – O cliente-cruzeirista deve buscar, na categoria de cruzeiros em que está acostumado a viajar, as opções que se apresentam como temáticas em enogastronomia. Outra dica é procurar cruzeiros que passem por áreas conhecidas pela produção de vinhos, estudar o itinerário e acessar as excursões nos portos de escala. Nessas viagens, é certo que haverá passeios específicos com degustação de vinhos. É importante, no entanto, uma vez adquirido determinado cruzeiro, solicitar a reserva prévia para passeios e excursões com ênfase na produção e degustação de vinhos.
Ilya Hirsch, diretor da Qualitours